Contemplando o Invisvel

Salmos

Livro IV

Silvio Dutra

NOV/2015

Sumrio
Salmo 111
Salmo 112
Salmo 113
Salmo 114
Salmo 115
Salmo 116
Salmo 117
Salmo 118
Salmo 119
Salmo 120
Salmo 121
Salmo 122
Salmo 123
Salmo 124
Salmo 125
Salmo 126
Salmo 127
Salmo 128
Salmo 129
Salmo 130
Salmo 131
Salmo 132
Salmo 133
Salmo 134
Salmo 135
Salmo 136
Salmo 137
Salmo 138

4
6
8
10
11
13
17
18
23
64
66
67
69
70
71
73
74
76
77
79
84
85
87
89
90
92
94
96
2

Salmo 139
Salmo 140
Salmo 141
Salmo 142
Salmo 143
Salmo 144
Salmo 145
Salmo 146
Salmo 147
Salmo 148
Salmo 149
Salmo 150

98
102
104
107
112
116
119
122
124
126
127
128

Salmo 111

Aleluia!
De todo o corao renderei graas ao SENHOR, na
companhia dos justos e na assembleia. Grandes so as
obras do SENHOR, consideradas por todos os que nelas
se comprazem.
Em suas obras h glria e majestade, e a sua justia
permanece para sempre.
Ele fez memorveis as suas maravilhas; benigno e
misericordioso o SENHOR.
D sustento aos que o temem; lembrar-se- sempre da
sua aliana.
Manifesta ao seu povo o poder das suas obras, dandolhe a herana das naes.
As obras de suas mos so verdade e justia; fiis,
todos os seus preceitos.
Estveis so eles para todo o sempre, institudos em
fidelidade e retido.
Enviou ao seu povo a redeno; estabeleceu para
sempre a sua aliana; santo e tremendo o seu nome.
O temor do SENHOR o princpio da sabedoria;
revelam prudncia todos os que o praticam.
O seu louvor permanece para sempre.
O salmista est alegre no esprito, e por isso se disps a
render graas ao Senhor na comunho dos santos.
Ele exaltou as grandes obras do Senhor, que so
entendidas somente por aqueles que nelas se
comprazem.

As obras de Deus possuem glria e majestade e a Sua

justia eterna.
O Senhor fez Suas obras de tal maneira, que o Seu povo
pode e deve traz-las em memria, especialmente para
terem sempre a convico de quanto Ele benigno e
misericordioso.
Ele prov todo o necessrio para todos os que O temem,
especialmente no que tange sua transformao
imagem de Cristo, porque sempre fiel Sua aliana
com eles.
As obras do Senhor so estveis porque so verdade e
justia, e so conformes a fidelidade e estabilidade dos
Seus preceitos.
Por tudo isto tem revelado que tem estendido a Sua
redeno, ou seja, libertao do Seu povo, para entrar
em aliana com ele.
Isto se alcana pelo temor do Senhor, que o princpio
da sabedoria, ou seja, a base e a condio para que seja
sbio segundo Deus.

Salmo 112

Aleluia!
Bem-aventurado o homem que teme ao SENHOR e se
compraz nos seus mandamentos.
A sua descendncia ser poderosa na terra; ser
abenoada a gerao dos justos.
Na sua casa h prosperidade e riqueza, e a sua justia
permanece para sempre.
Ao justo, nasce luz nas trevas; ele benigno,
misericordioso e justo.
Ditoso o homem que se compadece e empresta; ele
defender a sua causa em juzo; no ser jamais
abalado; ser tido em memria eterna.
No se atemoriza de ms notcias; o seu corao
firme, confiante no SENHOR.
O seu corao, bem firmado, no teme, at ver
cumprido, nos seus adversrios, o seu desejo.
Distribui, d aos pobres; a sua justia permanece para
sempre, e o seu poder se exaltar em glria.
O perverso v isso e se enraivece; range os dentes e se
consome; o desejo dos perversos perecer.
Como o anterior, este salmo tambm comea com
aleluia, que significa no hebraico, louvado seja
Deus, e declara ser bem-aventurado, ou seja,
verdadeiramente feliz segundo o plano de Deus, o
homem que teme ao Senhor e que se compraz nos Seus
mandamentos.
Os que andam assim com o Senhor tambm tero uma
descendncia abenoada, porque no somente a
6

ensinaro a andar nos seus mesmos caminhos, como

contaro com a bno de Deus na vida de seus
descendentes, por causa do bom testemunho dos seus
pais.
Na casa do justo h a verdadeira prosperidade e riqueza,
porque tem o favor do Senhor que quem o justifica.
O justo achar luz nas trevas, e isto o capacitar a ser
benigno, misericordioso e justo.
O Esprito Santo o fortalecer em suas fraquezas, e
calcar a seus ps Satans e todos os demnios.
Ele feliz porque pode se compadecer e emprestar,
porque no avarento, e gentil e misericordioso para
com o seu prximo, conforme a graa de Deus o impele
a no somente a agir, mas a ser tal qual o Seu Senhor.
A quem tem misericrdia do prximo Deus defender a
sua causa em juzo, e jamais ser abalado, e sua
memria ser lembrada eternamente.
Ele tambm no fica alarmado e atemorizado com ms
notcias, porque sua confiana est no Senhor, que faz
com que o seu corao fique firme, a ponto de no
temer, at ver cumprido nos seus adversrios
espirituais, o seu desejo de ser livre pelo p0oder do
Senhor das suas investidas malignas.
Nada retm para si mesmo, e generoso em dar aos
pobres, de maneira que isto lhe no somente contado
para justia para o seu galardo, como tambm faz parte
da justia que implantada na sua natureza, e pela qual
ser exaltado em glria.
O perverso inveja a integridade dos justos e se
encoleriza, a ponto de ranger os dentes, consumindo-se
no seu prprio dio, mas o desejo deles perecer.

Salmo 113

Aleluia!
Louvai, servos do SENHOR, louvai o nome do SENHOR.
Bendito seja o nome do SENHOR, agora e para sempre.
Do nascimento do sol at ao ocaso, louvado seja o
nome do SENHOR.
Excelso o SENHOR, acima de todas as naes, e a sua
glria, acima dos cus.
Quem h semelhante ao SENHOR, nosso Deus, cujo
trono est nas alturas, que se inclina para ver o que se
passa no cu e sobre a terra?
Ele ergue do p o desvalido e do monturo, o
necessitado, para o assentar ao lado dos prncipes, sim,
com os prncipes do seu povo.
Faz que a mulher estril viva em famlia e seja alegre
me de filhos.
Aleluia!
Como os dois salmos anteriores, este tambm comea
com aleluia, sendo que tambm termina com a
mesma palavra.
Isto indica que eram salmos usados especialmente para
a adorao pblica, estando a assembleia reunida.
As letras destes salmos elevam a alma a considerar na
grandeza de Deus e de Suas obras, dispondo o esprito
adorao.
lamentvel que muito do louvor atual das igrejas no
tenha mais esta caracterstica de levar o adorador a
meditar nos feitos e atributos do Senhor para ador-lo

consoante aquilo que Ele e faz, conforme convm para

uma adorao em esprito e em verdade.
Os servos de Deus so convocados no salmo a louvar o
Seu nome e a bendizer-Lhe o nome no presente e para
sempre.
E que o louvem desde o nascer do sol at a noite.
Porque grande e excelente o Senhor, acima de todas
as naes, e a Sua glria maior do que a dos prprios
cus.
No h quem possa ser comparado a Ele, que tendo o
Seu trono no terceiro cu, inclina-se para ver o que se
passa no cu e sobre a terra.
E o faz para erguer do p o desvalido, e do monturo o
necessitado, fazendo-lhes assentar-se ao lado dos
prncipes do Seu povo, porque no h acepo de
pessoas na famlia de Deus.
To grande o poder do Senhor que at mesmo faz com
que a mulher estril viva em famlia e seja alegre me de
filhos espirituais, ensinando-lhes a andar nos caminhos
do Senhor.

Salmo 114

Quando saiu Israel do Egito, e a casa de Jac, do meio

de um povo de lngua estranha, Jud se tornou o seu
santurio, e Israel, o seu domnio.
O mar viu isso e fugiu; o Jordo tornou atrs.
Os montes saltaram como carneiros, e as colinas, como
cordeiros do rebanho. Que tens, mar, que assim
foges?
E tu, Jordo, para tornares atrs?
Montes, por que saltais como carneiros?
E vs, colinas, como cordeiros do rebanho?
Estremece, terra, na presena do Senhor, na presena
do Deus de Jac, o qual converteu a rocha em lenol de
gua e o seixo, em manancial.
Este salmo destaca que quando Israel saiu do cativeiro
do Egito, a vocao de Jud era a de ser o centro do
santurio de Deus, assim como o poder poltico estava
espalhado pelas doze tribos de Israel.
Como se soubessem desta vocao de Jud e Israel, o
Mar Vermelho e o rio Jordo se abriram,
respectivamente, nos dias de Moiss, e nos de Josu,
para que o povo do Senhor passasse para o outro lado a
p enxuto, de maneira que as naes vissem que o
Senhor lutava pelo Seu povo, e cuidada dele.
Os montes da cordilheira do Sinai tremeram com a
presena do Senhor, e at gua da rocha Deus tirou para
o seu povo.

10

Salmo 115

No a ns, SENHOR, no a ns, mas ao teu nome d

glria, por amor da tua misericrdia e da tua
fidelidade.
Por que diriam as naes: Onde est o Deus deles? No
cu est o nosso Deus e tudo faz como lhe agrada.
Prata e ouro so os dolos deles, obra das mos de
homens.
Tm boca e no falam; tm olhos e no veem; tm
ouvidos e no ouvem; tm nariz e no cheiram. Suas
mos no apalpam; seus ps no andam; som nenhum
lhes sai da garganta.
Tornem-se semelhantes a eles os que os fazem e
quantos neles confiam.
Israel confia no SENHOR; ele o seu amparo e o seu
escudo.
A casa de Aro confia no SENHOR; ele o seu amparo e
o seu escudo. Confiam no SENHOR os que temem o
SENHOR; ele o seu amparo e o seu escudo.
De ns se tem lembrado o SENHOR; ele nos abenoar;
abenoar a casa de Israel, abenoar a casa de Aro.
Ele abenoa os que temem o SENHOR, tanto pequenos
como grandes.
O SENHOR vos aumente bnos mais e mais, sobre
vs e sobre vossos filhos.
Sede benditos do SENHOR, que fez os cus e a terra. Os
cus so os cus do SENHOR, mas a terra, deu-a ele aos
filhos dos homens.
Os mortos no louvam o SENHOR, nem os que descem
regio do silncio.
11

Ns, porm, bendiremos o SENHOR, desde agora e para

sempre. Aleluia!
O salmista exalta ao Senhor porque o nico Deus
verdadeiro e vivo que abenoa o povo de Israel, e
particularmente a casa de Aro, ou seja, os sacerdotes
de Israel que foram separados por Ele para o servio do
santurio.
Como o Deus vivo invisvel, o salmista pede ao Senhor
que desse glria ao Seu Nome, manifestando as Suas
obras, para que calasse as naes idlatras que
confiavam em dolos de prata e ouro, feitos pelas
prprias mos dos homens, e que no falam, no veem
e nem ouvem, e que deixam seus adoradores nas
mesmas condies deles, ou seja, incapazes de ouvirem,
verem e falarem com Deus.
Todavia Deus no somente se comunicava com Israel
como o amparo e escudo do Seu povo.
Ele nunca esqueceu o Seu povo e a Sua bno no
presente e no futuro, para o salmista, era uma certeza.
Uma bno que no faz acepo de pessoas, porque
destinada a todos os que O temem, tanto pequenos
como grandes.
provvel que este salmo tenha sido escrito por um dos
sacerdotes porque ele impetra a bno do Senhor
sobre o Seu povo.

12

Salmo 116

Amo o SENHOR, porque ele ouve a minha voz e as

minhas splicas.
Porque inclinou para mim os seus ouvidos, invoc-lo-ei
enquanto eu viver.
Laos de morte me cercaram, e angstias do inferno se
apoderaram de mim; ca em tribulao e tristeza.
Ento, invoquei o nome do SENHOR: SENHOR, livrame a alma.
Compassivo e justo o SENHOR; o nosso Deus
misericordioso.
O SENHOR vela pelos simples; achava-me prostrado, e
ele me salvou.
Volta, minha alma, ao teu sossego, pois o SENHOR tem
sido generoso para contigo.
Pois livraste da morte a minha alma, das lgrimas, os
meus olhos, da queda, os meus ps.
Andarei na presena do SENHOR, na terra dos viventes.
Eu cria, ainda que disse: estive sobremodo aflito. Eu
disse na minha perturbao: todo homem mentiroso.
Que darei ao SENHOR por todos os seus benefcios para
comigo?
Tomarei o clice da salvao e invocarei o nome do
SENHOR.
Cumprirei os meus votos ao SENHOR, na presena de
todo o seu povo.
Preciosa aos olhos do SENHOR a morte dos seus
santos. SENHOR, deveras sou teu servo, teu servo, filho
da tua serva; quebraste as minhas cadeias.

13

Oferecer-te-ei sacrifcios de aes de graas e invocarei

o nome do SENHOR.
Cumprirei os meus votos ao SENHOR, na presena de
todo o seu povo, nos trios da Casa do SENHOR, no
meio de ti, Jerusalm.
Aleluia!
O incio deste salmo muito parecido com o do Salmo
18, de maneira que possvel que seja tambm de
autoria de Davi.
O salmista declara o seu amor pelo Senhor porque Ele
ouve a sua voz e splicas, inclinando os Seus ouvidos
para atend-lo, motivo porque estava determinado a
invoc-lO enquanto vivesse.
Mesmo com os laos de morte que lhe haviam cercado
em grandes perigos, e as angstias do inferno que se
apoderaram da sua alma, fazendo-o cair em tribulao e
tristeza.
Ele invocou o nome do Senhor pedindo-Lhe que livrasse
a sua alma.
Ele sabia que Deus justo, mas tambm compassivo e
misericordioso, e por isso tinha sempre bom nimo em
Lhe dirigir clamores.
Sabia tambm que o Senhor vela pelos que so pobres
de esprito, como ele, o prprio salmista, de modo que
achando-se prostrado, foi salvo da sua angstia pelo
Senhor.
Quando Deus opera na alma ela volta ao seu sossego,
que a condio em que deve se encontrar, conforme o
propsito de Deus na criao do homem.
Assim, em sua confiana no Senhor, o salmista foi
livrado da morte que sentia em sua alma, das suas
lgrimas, e da queda na tentao e na runa.
14

Como sua segurana estava em andar na presena do

Senhor, ento estava determinado a faz-lo durante
todo o tempo da sua peregrinao neste mundo.
Ele mantinha a f, mesmo quando dizia que estava
sobremodo aflito.
Enquanto esteve perturbado em sua paz de mente e
esprito, disse que todo homem mentiroso.
Todavia o Senhor quebrou todas as cadeias que
acorrentavam a sua alma, e o libertou completamente,
de modo que se disps a ofertar ao Senhor, pelos
benefcios que havia recebido dEle, e percebeu que no
havia maior oferta do que tomar o clice da salvao e
invocar o nome do Senhor.
Por isso cumpriria todos os seus votos feitos ao Senhor
na presena de todo o Seu povo, para que lhes servisse
de testemunho da sua consagrao.
A citao do verso 15 de que Preciosa aos olhos do
Senhor a morte dos seus santos., merece uma reflexo
especial quanto ao seu significado, porque vista do
Senhor a morte dos Seus santos to preciosa, que no
satisfar aos desejos mpios de um Saul, de um Absalo,
nem de quaisquer inimigos de Davi, para que
triunfassem sobre ele, lhe tirando a vida.
Davi sabia, pelo Esprito Santo, que morreria em ditosa
velhice, em seu leito, para que o nome do Senhor fosse
glorificado, por t-lo poupado de tantos perigos de
morte, revelando assim o Seu poder para preservar os
Seus santos.
Se a alguns deles permite sarem deste mundo pelo
martrio, pelo mesmo motivo de ser glorificado neles,
pela total falta de temor que eles demonstram em face
da morte, porque so assistidos pelo Seu poder.
Mas nenhum santo, morrer sem que isto seja do
desgnio de Deus.
15

Ento esta citao de ser preciosa a morte dos santos

aos olhos de Deus, deve ser entendida no contexto
bblico em que se afirma que preciosa para Ele a vida
deles (II Rs 1.13), bem como o seu sangue (Sl 72.14).

16

Salmo 117

Louvai ao SENHOR, vs todos os gentios, louvai-o,

todos os povos.
Porque mui grande a sua misericrdia para conosco, e
a fidelidade do SENHOR subsiste para sempre.
Aleluia!
Este salmo convoca os povos gentios a louvarem a Deus,
por ser muito grande a Sua misericrdia tanto quanto
para judeus quanto para os gentios, e porque a Sua
fidelidade subsiste para sempre.
Nele se declara, mesmo no perodo da Antiga Aliana
com Israel, que o Senhor no somente Deus dos
judeus, mas de todas as naes.

17

Salmo 118

Rendei graas ao SENHOR, porque ele bom, porque

a sua misericrdia dura para sempre.
Diga, pois, Israel: Sim, a sua misericrdia dura para
sempre.
Diga, pois, a casa de Aro: Sim, a sua misericrdia dura
para sempre.
Digam, pois, os que temem ao SENHOR: Sim, a sua
misericrdia dura para sempre.
Em meio tribulao, invoquei o SENHOR, e o SENHOR
me ouviu e me deu folga.
O SENHOR est comigo; no temerei.
Que me poder fazer o homem?
O SENHOR est comigo entre os que me ajudam; por
isso, verei cumprido o meu desejo nos que me odeiam.
Melhor buscar refgio no SENHOR do que confiar no
homem.
Melhor buscar refgio no SENHOR do que confiar em
prncipes.
Todas as naes me cercaram, mas em nome do
SENHOR as destru.
Cercaram-me, cercaram-me de todos os lados; mas em
nome do SENHOR as destru.
Como abelhas me cercaram, porm como fogo em
espinhos foram queimadas; em nome do SENHOR as
destru.
Empurraram-me violentamente para me fazer cair,
porm o SENHOR me amparou.
O SENHOR a minha fora e o meu cntico, porque ele
me salvou.
18

Nas tendas dos justos h voz de jbilo e de salvao; a

destra do SENHOR faz proezas.
A destra do SENHOR se eleva, a destra do SENHOR faz
proezas.
No morrerei; antes, viverei e contarei as obras do
SENHOR.
O SENHOR me castigou severamente, mas no me
entregou morte.
Abri-me as portas da justia; entrarei por elas e
renderei graas ao SENHOR.
Esta a porta do SENHOR; por ela entraro os justos.
Render-te-ei graas porque me acudiste e foste a
minha salvao.
A pedra que os construtores rejeitaram, essa veio a ser
a principal pedra, angular; isto procede do SENHOR e
maravilhoso aos nossos olhos.
Este o dia que o SENHOR fez; regozijemo-nos e
alegremo-nos nele. Oh! Salva-nos, SENHOR, ns te
pedimos; oh! SENHOR, concede-nos prosperidade!
Bendito o que vem em nome do SENHOR.
A vs outros da Casa do SENHOR, ns vos abenoamos.
O SENHOR Deus, ele a nossa luz; adornai a festa
com ramos at s pontas do altar.
Tu s o meu Deus, render-te-ei graas; tu s o meu
Deus, quero exaltar-te.
Rendei graas ao SENHOR, porque ele bom, porque a
sua misericrdia dura para sempre.
Como no Salmo 115, neste, a casa de Aro tambm
citada particularmente a louvar ao Senhor juntamente
com o povo de Israel, porque cabia aos sacerdotes, que
eram daquela casa, a direo do culto do santurio do
Senhor, ou seja, do templo e das sinagogas.
19

So destacadas de modo especial a bondade e a

misericrdia de Deus, como objeto da proclamao
deles e da sua rendio de graas ao Senhor.
A grande lio que permeia quase todos os salmos e que
bem faramos em aprender no somente a do dever
constante do louvor e gratido a Deus, como tambm o
ato de invoc-lO no meio de nossas tribulaes, porque
o testemunho afirmado nos Salmos o de que Ele
sempre nos ouve e nos d livramento.
A ponto de se perder o medo do que nos possa fazer o
homem, porque temos a segurana de que o Senhor est
conosco.
H um grande princpio espiritual declarado neste
salmo, que bem faramos em observar, que o salmista
expressa nas seguintes palavras:
Melhor buscar refgio no SENHOR do que confiar no
homem. Melhor buscar refgio no SENHOR do que
confiar em prncipes..
A citao de naes que cercaram o salmista, mas que
foram destrudas por ele em nome do Senhor, pode
indicar uma possvel autoria de Davi deste salmo,
porque ele nunca perdeu qualquer batalha durante o
seu reinado, porque o Senhor sempre foi com ele, por
causa da sua piedade e f nEle, desde a sua juventude,
quando matou um leo, um urso, e Golias, o gigante.
Ele diz que o haviam empurrado violentamente para
faz-lo cair, mas o Senhor lhe havia amparado, porque
era a sua fora e o seu cntico, que o salvou.
Por isso se ouve nas moradas dos justos a voz de jbilo
e de salvao, porque a mo direita do Senhor faz
proezas.
De modo que os que confiam nEle podem dizer com
ousadia que no morrero antes do tempo determinado
20

pelo Senhor, para que possam dar testemunho das Suas

grandes obras.
Ele pode castigar severamente os seus filhos, mas no os
entregar morte, como faz com os mpios, porque
preciosa a vida de Seus filhos a Seus olhos, porque os
ama e so as Suas testemunhas na terra.
Isto concedido queles que tm entrado pela porta
estreita da justia de Deus, tal como o salmista entrara
por ela, e desejava continuar entrando continuamente.
Porque esta a porta do Senhor.
Ele mesmo a porta do redil das Suas ovelhas.
E por ela podem entrar somente os justos (os que foram
justificados pela f nEle).
Este salmo foi proferido dentro do contexto do
evangelho porque h citaes abundantes nele que se
referem obra de Cristo e ao nosso relacionamento com
Ele, como o que j comentamos anteriormente, e o que
o salmista dir adiante, quanto a render graas ao
Senhor porque lhe acudiu e foi a sua salvao.
Ele foi e , a pedra fundamental de esquina que os
construtores da religio de Israel rejeitaram.
Jesus foi eleito pelo Pai para ser tal rocha de esquina, de
maneira que no h outra que tenha sido dada aos
homens, sobre a qual possam ser edificados
espiritualmente.
Deus fez este dia de salvao, de graa, por meio de nos
ter dado tal Rocha firme, que Cristo.
Este o dia aceitvel do Senhor, que na verdade
composto de muitos dias correspondentes
dispensao da graa, e por este motivo, tal como o
salmista devemos regozijarmo-nos nele, ou seja, todos
os dias de nossas vidas, enquanto durar tal dispensao,
na qual Deus tem feito uma aliana com os pecadores
atravs do sangue de Jesus.
21

Esta salvao do Senhor para ser pedida com a boca,

porque somente pela f nEle que somos salvos.
Devemos pedir que o Senhor nos faa prosperar neste
caminho da salvao atravs da santificao de nossas
vidas, de modo que faa prosperar todos os Seus
desgnios relativos igreja
Por isso bendito o que vem em nome do Senhor, a
saber, o Messias, o Redentor, o Salvador, nosso Senhor
Jesus Cristo, porque vem para nos salvar dos nossos
pecados e nos tornar filhos de Deus.
Ento estes que fazem parte da Casa do Senhor so
abenoados, porque Deus a luz deles, e digno de que
seja adorado com aes de graas.

22

Salmo 119

Estamos apresentando este Salmo com a numerao

dos seus versculos, porque cada oito versculos foram
iniciados, respectivamente, com uma das letras do
alfabeto hebraico. Por exemplo, as primeiras palavras
dos versos 1 a 8 so iniciadas com alef (a), que a
primeira consoante das 22 do alfabeto hebraico; e dos
versos 9 a 16, cada versculo iniciado com bet, que a
segunda consoante, e assim sucessivamente. Da este
salmo conter 176 versculos (22 x 8= 176), assim
distribudos:
1 a 8 alef a
9 a 16 bet ou vt b
17 a 24 gimel g
25 a 32 dalet d
33 a 40 he h
41 a 48 vav w
49 a 56 zain z
57 a 64 ht x
65 a 72 tt j
73 a 80 yod y
81 a 88 kf k
89 a 96 lmed l
97 a 104 mem m
105 a 112 num n
113 a 120 samech s
121 a 128 ain [ 129 a 136 p ou f p
137 a 144 tzade c
145 a 152 kof q
23

153 a 160 resh r

161 a 168 shin v
169 a 176 tav t
Tendo em vista a grande extenso deste salmo,
estaremos comentando o mesmo, por versculo ou
grupos de versculos:
1 Bem-aventurados os irrepreensveis no seu caminho,
que andam na lei do SENHOR.
2 Bem-aventurados os que guardam as suas prescries
e o buscam de todo o corao;
3 no praticam iniquidade e andam nos seus
caminhos.
As pessoas que se encaixam nas bem-aventuranas
citadas por Jesus no incio do Sermo do Monte, no
quinto captulo de Mateus, so aquelas que so
irrepreensveis no seu caminho, porque este consiste na
lei do Senhor. Elas andam por ele guardando as
prescries do Senhor e Lhe buscando de todo o
corao, e parte disto consiste em no praticar a
iniquidade.
4 Tu ordenaste os teus mandamentos, para que os
cumpramos risca.
5 Tomara sejam firmes os meus passos, para que eu
observe os teus preceitos.
6 Ento, no terei de que me envergonhar, quando
considerar em todos os teus mandamentos.
Os mandamentos do Senhor no so para serem
meramente elogiados ou apreciados, mas cumpridos de
fato. Eles devem receber da nossa parte a devida
seriedade como as ordens expedidas por um Grande Rei,
que prestar contas conosco quanto nossa obedincia
24

s Suas ordenanas. No se pode guardar tais

mandamentos sem que se ande de maneira ordenada e
firme na presena do Senhor, e somente assim fazendo
no teremos do que nos envergonhar diante dEle.
7 Render-te-ei graas com integridade de corao,
quando tiver aprendido os teus retos juzos.
8 Cumprirei os teus decretos; no me desampares
jamais.
No possvel render graas ao Senhor com integridade
corao, caso no se conhea os seus retos juzos e
mandamentos para que sejam cumpridos. Nisto
consiste um viver que no desaponta a Deus e que lhe
inteiramente agradvel. No basta termos sido
justificados pela graa, mediante a f para tal viver
vitorioso. necessrio buscar continuamente a
santificao pelo cumprimento dos mandamentos de
Deus, no poder do Esprito, porque a Sua Palavra
aplicada em nossas vidas, pelo Esprito Santo, o que nos
santifica. A palavra juzos do verso 7, vem do hebraico
mishpat e significa sentena, julgamento, justia,
juzo. Ns encontramos esta mesma palavra neste
salmo, tambm nos versos 23, 20, 30, 39, 43, 52, 62, 75,
84, 91, 102, 106, 108, 120, 121, 132, 137, 149, 156, 160,
164, 175.
9 De que maneira poder o jovem guardar puro o seu
caminho? Observando-o segundo a tua palavra.
No h outro modo de algum guardar o seu caminho
em pureza, mesmo no caso de jovens, a no ser por se
cumprir a Palavra de Deus. por ela que podemos
distinguir os que e o que no a verdade, e tambm
as virtudes espirituais.
25

10 De todo o corao te busquei; no me deixes fugir

aos teus mandamentos.
Os mandamentos de Deus s podem ser cumpridos
quando ns O buscamos de todo o nosso corao.
11 Guardo no corao as tuas palavras, para no pecar
contra ti.
O modo de se manter o corao purificado do pecado,
por t-lo cheio da Palavra de Deus.
12 Bendito s tu, SENHOR; ensina-me os teus
preceitos.
necessrio ter a iluminao do Esprito Santo para que
possamos aprender de fato os mandamentos de Deus.
13 Com os lbios tenho narrado todos os juzos da tua
boca.
No somente devemos temer e nos sujeitar aos juzos
do Senhor, como tambm proclam-los a outros, para
que tambm eles temam a Deus.
14 Mais me regozijo com o caminho dos teus
testemunhos do que com todas as riquezas.
15 Meditarei nos teus preceitos e s tuas veredas terei
respeito.
16 Terei prazer nos teus decretos; no me esquecerei
da tua palavra.
Quando se tem a riqueza do testemunho do Senhor
habitando em ns, as riquezas deste mundo se nos
tornam desprezveis em face da riqueza da Sua graa. De
modo que meditar na Palavra do Senhor e na Sua
vontade passa ser todo o nosso prazer.

26

17 S generoso para com o teu servo, para que eu viva

e observe a tua palavra.
O desejo do salmista era o de viver para cumprir a
Palavra de Deus. E este o mesmo desejo de todos os
que amam verdadeiramente ao Senhor.
18 Desvenda os meus olhos, para que eu contemple as
maravilhas da tua lei.
O salmista sabia que no possvel ter prazer na lei do
Senhor, e conhecer quo maravilhosa ela , sem que os
nossos olhos espirituais sejam abertos pelo Esprito
Santo. S podemos conhecer o valor da nossa redeno,
quando estivermos redimidos.
19 Sou peregrino na terra; no escondas de mim os
teus mandamentos.
O salmista sabia que estamos apenas em peregrinao
neste mundo como forasteiros, de modo que o que h
de melhor e mais importante para se fazer aqui
aprender de Deus os Seus mandamentos e vontade.
20 Consumida est a minha alma por desejar,
incessantemente, os teus juzos.
Todo aquele que desejar incessantemente conhecer e se
submeter aos juzos de Deus, para que possa andar no
caminho bom e direito, consumir toda a sua alma nisto,
porque se esforar para ser achado sempre no caminho
estreito da salvao.
21 Increpaste os soberbos, os malditos, que se
desviam dos teus mandamentos.
Os que se desviam de cumprir os mandamentos do
Senhor, por se manterem numa atitude de rebeldia
contra Ele, so tidos por soberbos e malditos, porque
27

permanecem debaixo da maldio da lei, e isto faz com

que permaneam debaixo da repreenso do Senhor,
sem poderem contar com o Seu favor e os benefcios da
salvao que h em Cristo Jesus, que so para aqueles
que tm f NEle.
22 Tira de sobre mim o oprbrio e o desprezo, pois
tenho guardado os teus testemunhos.
Somente podem contar em serem ouvidos em seu
clamor a Deus para tirar de sobre si o oprbrio e o
desprezo, aqueles que tm se esforado com
sinceridade para guardarem os Seus testemunhos.
Enfim, Deus no livrar a ningum que no esteja de
fato se voltando para Ele.
23 Assentaram-se prncipes e falaram contra mim,
mas o teu servo considerou nos teus decretos.
Aqueles que tm guardado os mandamentos do Senhor,
no precisam temer as perseguies injustas dos
grandes da terra, porque o Senhor ser a fortaleza deles.
24 Com efeito, os teus testemunhos so o meu prazer,
so os meus conselheiros.
O homem sbio se aconselha com a Palavra de Deus e
por ela que dirige os seus passos, de maneira que ela
todo o seu prazer.
25 A minha alma est apegada ao p; vivifica-me
segundo a tua palavra.
Somente Deus pode nos vivificar segundo os critrios da
Sua Palavra, quando nossa alma se encontra abatida.
26 Eu te expus os meus caminhos, e tu me valeste;
ensina-me os teus decretos.
28

Aquele que andar em sinceridade diante de Deus, no

lhe escondendo os seus caminhos, achar graa da parte
do Senhor, que lhe far conhecer a Sua vontade.
27 Faze-me atinar com o caminho dos teus preceitos,
e meditarei nas tuas maravilhas.
Somente o Senhor pode conduzir o nosso corao a ter
prazer nas coisas espirituais, celestiais e divinas, porque
a nossa natureza carnal se ope e resiste Sua vontade.
28 A minha alma, de tristeza, verte lgrimas;
fortalece-me segundo a tua palavra.
29 Afasta de mim o caminho da falsidade e favoreceme com a tua lei.
A alma consumida pela tristeza s pode achar
verdadeira fortaleza permanecendo na verdade e na f,
e sendo fortalecida pela Palavra do Senhor.
30 Escolhi o caminho da fidelidade e decidi-me pelos
teus juzos.
necessrio tomar posio, tal como o salmista, para
uma vida consagrada e santificada. E isto consiste em
escolher o caminho da fidelidade e dos juzos de Deus.
31 Aos teus testemunhos me apego; no permitas,
SENHOR, seja eu envergonhado.
Aquele que se apegar a uma vida de verdadeiro
testemunho segundo a Palavra e a vontade de Deus,
jamais ser envergonhado, porque ter a aprovao do
Senhor.
32 Percorrerei o caminho dos teus mandamentos,
quando me alegrares o corao.
29

Enquanto o corao no fortalecido com a graa, ele

no tem o poder necessrio para dar testemunho da
Palavra de Deus, que fogo e poder.
33 Ensina-me, SENHOR, o caminho dos teus decretos,
e os seguirei at ao fim.
34 D-me entendimento, e guardarei a tua lei; de todo
o corao a cumprirei.
necessrio perseverana e diligncia para cumprir os
mandamentos de Deus, mas isto demanda que se tenha
um verdadeiro entendimento da Sua vontade, e isto
somente o prprio Senhor pode nos conceder por
iluminao do Esprito Santo.
35 Guia-me pela vereda dos teus mandamentos, pois
nela me comprazo.
36 Inclina-me o corao aos teus testemunhos e no
cobia.
O salmista tinha experincia de que no se pode viver a
vida que do cu com os recursos da terra. necessrio
que o prprio Deus nos guie pela vereda da justia.
Como Paulo temos prazer com a mente na lei de Deus.
Mas a lei do pecado que opera nos nossos membros
resiste a tal vontade, e por isso necessrio a
mortificao contnua do pecado, para que se possa
viver e andar no Esprito. Porque Ele quem inclina o
nosso corao aos testemunhos de Deus, e que nos livra
da cobia, que a me de todos os pecados, ao lado da
incredulidade.
37 Desvia os meus olhos, para que no vejam a
vaidade, e vivifica-me no teu caminho.
o poder de Deus que guarda o nosso corao puro e
que nos impede de cair em tentaes. Somente o Seu
30

poder pode nos livrar do poder do mal que h no

pecado, no mundo e em Satans. Por isso se nos ensina
na orao do Pai nosso que devemos pedir-Lhe para que
no nos deixe cair em tentao e que nos livre do mal,
porque dEle o poder para tal, e no propriamente
nosso.
38 Confirma ao teu servo a tua promessa feita aos que
te temem.
Somente os que temem ao Senhor podem reivindicar
perante Ele o cumprimento de Suas promessas.
39 Afasta de mim o oprbrio, que temo, porque os
teus juzos so bons.
O salmista considera que os juzos do Senhor so bons e
justos, mas Lhe pede que afaste dele o oprbrio que
temia, baseando-se na Sua misericrdia. No podemos
achar misericrdia da parte do Senhor considerando que
os Seus juzos que visam nossa correo e
arrependimento, no sejam justos e perfeitos.
40 Eis que tenho suspirado pelos teus preceitos;
vivifica-me por tua justia.
41 Venham tambm sobre mim as tuas misericrdias,
SENHOR, e a tua salvao, segundo a tua promessa.
Como o salmista amava os preceitos do Senhor e se
empenhava sinceramente em guard-los, ele Lhe pede
ento, com confiana, que o vivificasse no segundo a
sua justia humana falha, mas segundo a justia divina
que perfeita. De maneira que desfrutasse das
misericrdias e da salvao do Senhor, segundo a
promessa que tem feito a todos os que O buscarem com
um corao sincero.
31

42 E saberei responder aos que me insultam, pois

confio na tua palavra.
Sendo objeto da misericrdia e da salvao do Senhor,
porque confiava na Sua Palavra, o salmista teria
sabedoria para responder aos que lhe injuriavam.
43 No tires jamais de minha boca a palavra da
verdade, pois tenho esperado nos teus juzos.
44 Assim, observarei de contnuo a tua lei, para todo o
sempre.
O salmista orava para que o Senhor nunca tirasse da sua
boca a palavra da verdade, porque esperava nos Seus
juzos, e sabia que somente assim poderia continuar
observando para sempre a lei do Senhor. Muitos se
desviam dos caminhos de Deus porque no tm o
mesmo posicionamento do salmista quanto a nada
acrescentar ou retirar da Palavra de Deus, e por no se
estribar no prprio entendimento e capacidade para
permanecer na verdade. Deus mesmo preserva o Seu
testemunho fiel em ns.
45 E andarei com largueza, pois me empenho pelos
teus preceitos.
46 Tambm falarei dos teus testemunhos na presena
dos reis e no me envergonharei.
47 Terei prazer nos teus mandamentos, os quais eu
amo.
48 Para os teus mandamentos, que amo, levantarei as
mos e meditarei nos teus decretos.
O salmista no se envergonhava de dar testemunho do
Senhor e da Sua palavra, mesmo na presena de reis,
porque sabia quo excelentes so os mandamentos de
Deus, e devem ser proclamados a todos, no por timidez
ou vergonha, mas com determinao e grande honra.
32

49 Lembra-te da promessa que fizeste ao teu servo, na

qual me tens feito esperar.
Deus no se esquece de nenhuma de Suas promessas,
mas nosso dever lembrarmos delas e pedir ao Senhor
pelo Seu cumprimento enquanto nos esforamos com
diligncia para permanecermos fiis, e firmes na f em
tudo quanto tenha nos prometido.
50 O que me consola na minha angstia isto: que a
tua palavra me vivifica.
Esta a experincia de todo cristo fiel que sofre.
Quando tem um espinho na carne. Quando se encontra
angustiado em sua alma. No perde a f e no se
desespera, porque sabe que ser vivificado pela Palavra
do Senhor, mediante o Seu poder operante em ns,
porque no se esquece de consolar a nenhum de Seus
filhos, que buscam fazer a Sua vontade.
51 Os soberbos zombam continuamente de mim;
todavia, no me afasto da tua lei.
Somente os justos podem exultar no sofrimento das
perseguies e das injrias que sofrem da parte dos
mpios, e dos ataques que sofrem diretamente dos
principados e potestades das trevas, e no permitem
que sejam afastados da lei do Senhor por causa destas
tribulaes. Ao contrrio a f deles aumentada e
aprendem pacincia, experincia e esperana cada vez
maiores no Deus em que tm colocado toda a sua
confiana.
52 Lembro-me dos teus juzos de outrora e me
conforto, SENHOR.
33

Devemos trazer recordao os grandes juzos do

passado realizados pelo Senhor, como por exemplo
como agiu contra a impiedade dos homens nos dias de
No, em Sodoma e Gomorra, no Egito nos dias de
Moiss, e contra o Seu prprio povo quando andou
contrariamente Sua vontade no deserto. Isto nos ajuda
a achar conforto para nossas almas atribuladas, porque
sabemos que sofremos no por sermos malfeitores, mas
exatamente por causa do nosso amor ao Senhor e ao
Seu evangelho.
53 De mim se apoderou a indignao, por causa dos
pecadores que abandonaram a tua lei.
Aqueles que amam a Deus odeiam o pecado tanto em si
mesmos, quanto nos outros. Jamais justificaro os que
andam no pecado, ainda que sejam eles prprios.
54 Os teus decretos so motivo dos meus cnticos, na
casa da minha peregrinao.
A casa da nossa peregrinao este mundo de trevas,
mas por causa da Palavra do Senhor podemos achar
motivo de cnticos de alegria num mundo corrompido
como o nosso, por causa do pecado. Cantamos porque
sabemos que estamos em viagem para a nossa
verdadeira ptria celestial, e que no somos do mundo,
apesar de estarmos nele.
55 Lembro-me, SENHOR, do teu nome, durante a
noite, e observo a tua lei.
56 Tem-se dado assim comigo, porque guardo os teus
preceitos.
Aquele que guardar sinceramente os preceitos de Deus,
nunca se esquecer do Senhor, e ter o seu pensamento
34

e corao continuamente voltados para Ele, mesmo

durante a noite.
57 O SENHOR a minha poro; eu disse que
guardaria as tuas palavras.
Quando nos posicionamos para guardar a Palavra do
Senhor, Ele passa a ser a nossa poro, ou seja, a nossa
nica herana e riqueza, tanto nesta vida, quanto na do
por vir.
58 Imploro de todo o corao a tua graa; compadecete de mim, segundo a tua palavra.
O salmista sempre recorreu misericrdia do Senhor em
clamores e oraes, porque Ele sempre lhe respondeu e
o livrou de todos os seus temores e tribulaes, porque
no confiava em si mesmo, na sua prpria justia, seno
somente na graa e na Palavra do Senhor.
59 Considero os meus caminhos e volto os meus
passos para os teus testemunhos.
60 Apresso-me, no me detenho em guardar os teus
mandamentos.
O salmista sempre pedia ao Senhor que sondasse o seu
corao. Ele se examinava continuamente segundo os
testemunhos do Senhor, para andar consoante a Sua
vontade. E no era lento em fazer isto. Ele se apressava
e nada podia det-lo, porque estava determinado a
guardar os mandamentos do Senhor.
61 Laos de perversos me enleiam; contudo, no me
esqueo da tua lei.
O salmista no negociava com os mpios quanto estes o
enredavam. Ele no lutava com as mesmas armas deles.
Ele sempre agia em conformidade com a Lei do Senhor
35

e esperava somente nEle para que fosse liberto dos

laos com os quais o prendiam. Davi nunca pde ser
prendido definitivamente por nenhum destes laos
porque o Senhor os desatou totalmente para ele, de
maneira que o vemos morrendo em ditosa velhice, e no
nas mos de quaisquer dos seus muitos inimigos.
62 Levanto-me meia-noite para te dar graas, por
causa dos teus retos juzos.
O salmista comeava a louvar e a dar graas ao Senhor
por causa da retido dos Seus juzos, no primeiro minuto
do iniciar de cada dia. Era com o Senhor que ele desejava
passar os primeiros momentos do dia.
63 Companheiro sou de todos os que te temem e dos
que guardam os teus preceitos.
H uma comunho santa entre aqueles que amam o
Senhor e a Sua Palavra. Este o lao misterioso do
Esprito Santo que une num s corao todos os que
creem em Cristo. No so uma confraria de amigos. No
so um clube fechado, mas uma porta que est sempre
aberta para dar a destra de companhia a todo e
qualquer que se converta, porque esta a sua vocao
comum, a de se amarem uns aos outros assim como
Cristo os ama, porque isto promovido, como j
dissemos, pelo Esprito Santo que neles habita.
64 A terra, SENHOR, est cheia da tua bondade;
ensina-me os teus decretos.
Os cus e a terra manifestam a glria e a bondade de
Deus, mas o salmista desejava aprender os Seus
decretos diretamente dEle, por uma revelao
espiritual, a qual no se pode aprender do testemunho
da bondade de Deus que h nas obras da criao.
36

65 Tens feito bem ao teu servo, SENHOR, segundo a

tua palavra.
66 Ensina-me bom juzo e conhecimento, pois creio nos
teus mandamentos.
O salmista vinha desfrutando da bondade de Deus em
sua vida, conforme a Sua Palavra, ou seja, tanto pelas
promessas que ela contm, quanto por ser praticada.
Todavia, ele buscava crescimento espiritual pelo
aprendizado do bom juzo e conhecimento. O mesmo se
espera dos cristos em Cristo, porque devem crescer na
graa e no conhecimento de nosso Senhor.
67 Antes de ser afligido, andava errado, mas agora
guardo a tua palavra.
Este versculo comprova que as provaes visam ao
crescimento espiritual do cristo. Deus nos corrige por
meio das aflies, para que guardemos a Sua Palavra e
sejamos participantes da Sua santidade.
68 Tu s bom e fazes o bem; ensina-me os teus
decretos.
Um Deus que bom e que s faz o bem, espera que
aprendamos a ser tal como Ele, por aprender a Sua
vontade. Afinal, no podemos amar aquilo que no
conhecemos, da a necessidade de se crescer no
conhecimento de Deus e da Sua vontade, para que
possamos ser transformados de glria e glria, Sua
prpria semelhana.
69 Os soberbos tm forjado mentiras contra mim; no
obstante, eu guardo de todo o corao os teus
preceitos.
37

70 Tornou-se-lhes o corao insensvel, como se fosse

de sebo; mas eu me comprazo na tua lei.
A gordura no tem terminaes nervosas, e por isso
insensvel. Um corao espiritual s de gordura aquele
que insensvel para a vontade de Deus. E deste modo
se entregar mentira, e a perseguir os justos. Todavia,
estes, quando perseguidos, devem continuar guardando
de todo o corao os preceitos de Deus, tal como o
salmista costumava fazer. No devem permitir ser
vencidos pelo mal, mas devem vencer o mal com o bem.
No devem se tornar insensveis tal qual os seus
perseguidores, mas devem amar at mesmo os seus
inimigos.
71 Foi-me bom ter eu passado pela aflio, para que
aprendesse os teus decretos.
Este versculo semelhante ao 67 e comprova que as
aflies visam ao crescimento espiritual do cristo. Deus
nos corrige por meio das aflies, para que guardemos a
Sua Palavra e sejamos participantes da Sua santidade,
aprendendo a ser pacientes, longnimos, perdoadores e
amorosos, tal como Ele.
72 Para mim vale mais a lei que procede de tua boca
do que milhares de ouro ou de prata.
As riquezas terrenas que passam e que se gastam pelo
uso, no podem ser comparadas com as riquezas
celestiais, que nos so concedidas como bnos
espirituais. Nada trouxemos conosco para este mundo,
e nada poderemos levar quando sairmos dele pela
morte, no que se refere a bens materiais. Ento no
sbio ajuntar tesouros na terra. No se pode, portanto,
comparar o valor da Palavra de Deus, que permanece
38

para sempre, com o das coisas terrenas que perecem, e

cuja glria passageira como a fumaa.
73 As tuas mos me fizeram e me afeioaram; ensiname para que aprenda os teus mandamentos.
Se Deus no tivesse criado o homem, ningum teria no
que se gloriar, nem mesmo na prpria existncia. Ento
no em nada deste mundo ou em ns mesmos que
devemos nos gloriar seno somente no Senhor. Fomos
criados para o propsito de aprender os caminhos de
Deus, e a crescer nEle at a estatura de homem perfeito,
conforme foi projetado por Ele desde antes da fundao
do mundo. Enquanto peregrinamos aqui embaixo
estamos em processo de transformao progressiva,
que deve aumentar em graus, at o dia em que seremos
tanto perfeitos no corpo, quanto no esprito, quando da
volta de nosso Senhor para arrebatar a Sua igreja.
74 Alegraram-se os que te temem quando me viram,
porque na tua palavra tenho esperado.
H alegria na comunho dos santos. Um santo se alegra
vista de outro santo. A base desta alegria e santidade
a guarda e confiana na Palavra de Deus, e o mover do
Esprito Santo, que neles habita, que unidade de f, de
amor e de esprito.
75 Bem sei, SENHOR, que os teus juzos so justos e
que com fidelidade me afligiste.
Mais uma vez o salmista declara que a aflio com a qual
estava sendo atingido pela potente mo do Senhor era
justa, e era o resultado da fidelidade de Deus Sua
promessa de corrigir a todos os Seus filhos, porque os
ama.
39

76 Venha, pois, a tua bondade consolar-me, segundo a

palavra que deste ao teu servo.
77 Baixem sobre mim as tuas misericrdias, para que
eu viva; pois na tua lei est o meu prazer.
Como o salmista vivia buscando guardar sinceramente a
lei de Deus, ento sentia-se encorajado pelo Esprito a
orar pela manifestao da Sua bondade consoladora,
segundo as Suas boas promessas, e misericrdia, porque
sem isto impossvel ter a vida plena do Esprito, pela
qual temos prazer na lei de Deus. a nova natureza
obtida no novo nascimento do Esprito, que tem prazer
na lei de Deus, porque a antiga natureza (terrena) no
tem no somente nenhum prazer na lei de Deus, como
tambm se ope a ela.
78 Envergonhados sejam os soberbos por me haverem
oprimido injustamente; eu, porm, meditarei nos teus
preceitos.
79 Voltem-se para mim os que te temem e os que
conhecem os teus testemunhos.
O salmista entregava-se ao Senhor, para que julgasse a
sua causa contra aqueles que lhe oprimiam
injustamente. Ele dava lugar ira de Deus, ou seja, ao
Seu atributo de juzo que opera segundo a Sua justia,
que d o pago a todos aqueles que agem impiamente. O
salmista sabia que o caso dos seus inimigos era um
assunto para Deus e no para ele prprio se ocupar dele.
Ele buscaria a comunho dos que temiam ao Senhor e
conheciam os Seus testemunhos. Esta era a sua orao:
que Deus movesse os tais a estarem em sua companhia.
80 Seja o meu corao irrepreensvel nos teus
decretos, para que eu no seja envergonhado.
40

O desejo de Deus para todos os Seus filhos que tenham

uma vida irrepreensvel, ou seja, que nada se ache no
comportamento deles que seja digno de reprimenda.
somente quando se diligente na busca deste alvo da
santificao, que Deus o concretiza paulatinamente em
nossas vidas, de modo que no sejamos motivo de
vergonha ou escndalo, por vivermos de modo diferente
daquele que esperado, segundo a nossa vocao no
Senhor, a saber, a de sermos filhos da luz, para
andarmos na luz.
81 Desfalece-me a alma, aguardando a tua salvao;
porm espero na tua palavra.
82 Esmorecem os meus olhos de tanto esperar por tua
promessa, enquanto digo: quando me havers de
consolar?
Grande era a angstia do salmista, a ponto de sentir a
alma desfalecida. Todavia, ele no se afastava da
esperana da Palavra, que nos assegura a vitria pela
permanncia na f no Senhor, e por continuarmos na
prtica
da
justia,
independentemente
das
circunstncias em que estivermos vivendo, e que
estejam causando este grande abatimento espiritual. O
salmista estava esperando h muito tempo pelo
livramento do Senhor, mas no desistia de esperar
somente nEle, aguardando e clamando pelo dia em que
finalmente seria consolado. Ele no estava em estado de
passividade, esperando que o livramento viesse por
acaso. No. Ele estava bem instrudo pelo Senhor que
devemos clamar na hora da angstia, para que Ele possa
nos livrar, de modo que venhamos a glorificar o Seu
santo nome.

41

83 J me assemelho a um odre na fumaa; contudo,

no me esqueo dos teus decretos.
84 Quantos vm a ser os dias do teu servo? Quando me
fars justia contra os que me perseguem?
O salmista estava velho e enfraquecido, e ainda havia
muitos inimigos que o perseguiam. Ele se sentia como
um odre que fora deixado na fumaa, e que se enchera
de fuligem e ressecara. Isto pode ser uma referncia ao
estado de sua pele enrugada e ressecada pelos anos.
Todavia ele declara que jamais se esqueceria da Palavra
de Deus, e no deixaria tambm de aguardar somente
nEle que fizesse justia contra os seus perseguidores,
ainda que fossem poucos os seus dias de vida neste
mundo. Ele desejava manter um testemunho fiel at ao
fim, para a exclusiva glria do Senhor.
85 Para mim abriram covas os soberbos, que no
andam consoante a tua lei.
Quando os soberbos, ou seja, aqueles que andam
segundo o seu prprio conceito e entendimento, e que
no tm o temor do Senhor, percebem que os servos
fiis do Senhor esto enfraquecidos, eles lhes
amaldioam para que morram de vez.
86 So verdadeiros todos os teus mandamentos; eles
me perseguem injustamente; ajuda-me.
Quando se ama a verdade da Palavra, a consequncia
imediata disto que seremos perseguidos
injustamente. Contudo, no devemos recuar no nosso
bom testemunho, e pedir a Deus que nos ajude e nos
guarde do mal com o qual procuram nos atingir os
nossos perseguidores.

42

87 Quase deram cabo de mim, na terra; mas eu no

deixo os teus preceitos.
Mesmo em face de perigos de morte os cristos no
devem abandonar a sua fidelidade em viverem em
conformidade com a Palavra de Deus.
88 Vivifica-me, segundo a tua misericrdia, e
guardarei os testemunhos oriundos de tua boca.
pela graa e misericrdia do Senhor que somos
vivificados espiritualmente para sustentar os Seus
testemunhos, no poder do Esprito.
89 Para sempre, SENHOR, est firmada a tua palavra
no cu.
90 A tua fidelidade estende-se de gerao em gerao;
fundaste a terra, e ela permanece.
91 Conforme os teus juzos, assim tudo se mantm at
hoje; porque ao teu dispor esto todas as coisas.
A Palavra de Deus no deste mundo, ela nos foi
revelada desde o cu, e ela permanece inaltervel,
imutvel, tal como o prprio Deus. Se a vida continua na
terra porque isto da vontade do Senhor que tudo
sustenta pelo poder da Sua Palavra. Mas chegar o dia
em que Ele abalar os fundamentos da terra e os
elementos se desfaro pelo fogo do Seu juzo. De
maneira que devemos andar em santo trato e piedade
em nossa peregrinao terrena, por sabermos que tudo
sustentado exclusivamente pela vontade do Senhor.
Ento nosso dever conhecer e viver de acordo com tal
vontade divina.
92 No fosse a tua lei ter sido o meu prazer, h muito
j teria eu perecido na minha angstia.
43

Quem mantm o esprito fortalecido na angstia o

nosso prazer na Palavra do Senhor, que prazer nEle
mesmo.
93 Nunca me esquecerei dos teus preceitos, visto que
por eles me tens dado vida.
Deixar de lado os preceitos de Deus significa o mesmo
que buscar a morte espiritual, porque o pendor da carne
d para a morte, e somente o pendor do Esprito d para
a vida e paz (Rom 8.6).
94 Sou teu; salva-me, pois eu busco os teus preceitos.
A convico de que pertencemos ao Senhor e de que
temos buscado guardar os Seus preceitos, o que nos
encoraja a confiar que seremos libertados de nossas
tribulaes quando clamamos por livramento ao
Senhor.
95 Os mpios me espreitam para perder-me; mas eu
atento para os teus testemunhos.
Vivemos num mundo onde h tambm lobos vorazes,
tal como nosso Senhor nos ordenou que nos
acautelssemos deles com prudncia, e eles nos
espreitam para nos devorar, mas nada podero contra
ns enquanto nos mantivermos ligados Palavra de
Deus. Provamos que amamos a Jesus por guardarmos os
Seus mandamentos, tal como Ele prprio afirmou.
96 Tenho visto que toda perfeio tem seu limite; mas
o teu mandamento ilimitado.
Todo conhecimento que temos neste mundo limitado,
parcial. Toda perfeio terrena tambm limitada, e
nisto se inclui o prprio homem. Somente na Palavra de
Deus e no prprio Deus h plenitude de perfeio.
44

97 Quanto amo a tua lei! a minha meditao, todo o

dia!
Os que buscam sinceramente ao Senhor no somente se
esforam para guardar os Seus mandamentos, como so
inspirados por Ele a am-los, de modo que ser neles
que estar o nosso corao todos os dias de nossas
vidas.
98 Os teus mandamentos me fazem mais sbio que os
meus inimigos; porque, aqueles, eu os tenho sempre
comigo.
99 Compreendo mais do que todos os meus mestres,
porque medito nos teus testemunhos.
100 Sou mais prudente que os idosos, porque guardo
os teus preceitos.
A verdadeira e permanente sabedoria no encontrada
em nenhuma cincia deste mundo, porque tudo que h
nele passar. Todavia a sabedoria que segundo a
Palavra de Deus infinita e eterna. Aqueles que crescem
no conhecimento e na prtica da Palavra de Deus so
tornados sbios. No sbios segundo o mundo, mas
sbios segundo Deus, transformados em suas prprias
naturezas, deixando de ser carnais, para serem
espirituais. Esta sabedoria ultrapassa e superior dos
mestres e dos idosos deste mundo. E por ela, se chega a
conhecer a verdadeira prudncia. Quando Deus fundar
os novos cus e nova terra, usando novos princpios
fsico-qumicos-mecnicos, e at mesmo podendo
modificar toda a estrutura da matria na qual a
encontramos presentemente, para onde ir todo o
conhecimento adquirido pelos sbios das coisas deste
mundo? Qual ser a sua utilidade? Em que ento se
gloriaro? Deus tem dito que envergonhar os sbios
45

deste mundo que se gloriam no seu conhecimento, e

certamente o far, porque se recusaram a dar glrias
somente a Ele.
101 De todo mau caminho desvio os ps, para
observar a tua palavra.
No possvel guardar a Palavra do Senhor enquanto
no se mortifica a carne, enquanto no se mortifica o
pecado, enquanto no desviamos nossos ps dos
caminhos que no so os caminhos do Senhor.
102 No me aparto dos teus juzos, pois tu me
ensinas.
Se estivermos aprendendo de fato os juzos de Deus, por
sermos ensinados pelo Esprito Santo, jamais nos
desviaremos deles.
103 Quo doces so as tuas palavras ao meu paladar!
Mais que o mel minha boca.
104 Por meio dos teus preceitos, consigo
entendimento; por isso, detesto todo caminho de
falsidade.
A verdade da Palavra aplicada ao corao pelo Esprito,
em crescimento em santificao, traz um sentido de
doura vida que desconhecido por aquele que no se
aplica de tal forma. Aquele que estiver se santificando
odiar cada vez mais a falsidade, e no se achar a
mentira e o engano em sua boca.
105 Lmpada para os meus ps a tua palavra e, luz
para os meus caminhos.
A lmpada que contem a luz que nos faz enxergar o
caminho da verdadeira espiritualidade a Palavra de
Deus. Ela ilumina tanto os nossos ps quanto o prprio
46

caminho no qual devemos andar. o sol que brilha e nos

permite caminhar neste mundo de trevas espirituais
sem tropear.
106 Jurei e confirmei o juramento de guardar os teus
retos juzos.
O salmista no somente jurara, como vinha
confirmando em sua vida o juramento que fizera de
guardar os retos juzos do Senhor. Ele havia tomado uma
deciso, uma posio, que mais cedo ou mais tarde todo
verdadeiro cristo deve tomar, a saber, de viver
somente para honrar o Senhor guardando a Sua Palavra.
107 Estou aflitssimo; vivifica-me, SENHOR, segundo a
tua palavra.
Mais uma vez o salmista se voltou para o Senhor na sua
grande aflio para que fosse vivificado por Ele, em seu
nimo e esprito.
108 Aceita, SENHOR, a espontnea oferenda dos meus
lbios e ensina-me os teus juzos.
O salmista sabia que o amor verdadeiro voluntrio.
Por isso o louvor dos seus lbios era espontneo,
conforme inspirado pelo Esprito, por isso tinha a
convico de que o Senhor atenderia a sua orao
pedindo-Lhe que aceitasse o seu louvor e que lhe
ensinasse os Seus juzos.
109 Estou de contnuo em perigo de vida; todavia, no
me esqueo da tua lei.
110 Armam ciladas contra mim os mpios; contudo, no
me desvio dos teus preceitos.
Como j comentamos anteriormente, no so perigos
de vida ou qualquer outra forma de tribulao que
47

devem desviar o cristo de guardar os mandamentos de

Deus. Ao contrrio so oportunidades para crescimento
espiritual e fortalecimento da f, que no devem ser
desprezados, quando permitido por Deus que nos
sobrevenham.
111 Os teus testemunhos, recebi-os por legado
perptuo, porque me constituem o prazer do corao.
112 Induzo o corao a guardar os teus decretos, para
sempre, at ao fim.
O salmista havia se determinado a guardar os
mandamentos do Senhor por todos os dias da sua vida,
sem dar qualquer dia de folga para a prtica da
iniquidade. Este mesmo posicionamento convm a todo
cristo que desejar se consagrar ao Senhor e santificar a
sua vida.
113 Aborreo a duplicidade, porm amo a tua lei.
Todo servo do Senhor deveria agir como o salmista, ou
seja, aborrecendo a duplicidade qual o apstolo Tiago
se referiu em sua epstola, que nos torna
incompatibilizados a agradarmos a Deus: 5 Ora, se
algum de vs tem falta de sabedoria, pea-a a Deus, que
a todos d liberalmente e no censura, e ser-lhe- dada.
6 Pea-a, porm, com f, no duvidando; pois aquele
que duvida semelhante onda do mar, que
sublevada e agitada pelo vento. 7 No pense tal homem
que receber do Senhor alguma coisa, 8 homem
vacilante que , e inconstante em todos os seus
caminhos. (Tg 1.5-8)
114 Tu s o meu refgio e o meu escudo; na tua
palavra, eu espero.
48

No h fortaleza que possa nos abrigar no dia da

calamidade seno somente o Senhor. Ele um refgio
seguro para todos os Seus filhos. Para todos os que
esperam nEle e na Sua Palavra.
115 Apartai-vos de mim, malfeitores; quero guardar
os mandamentos do meu Deus.
No se pode guardar os mandamentos do Senhor
enquanto se anda na companhia daqueles que praticam
males, praticando as mesmas obras que eles praticam.
116 Ampara-me, segundo a tua promessa, para que eu
viva; no permitas que a minha esperana me
envergonhe.
117 Sustenta-me, e serei salvo e sempre atentarei para
os teus decretos.
A esperana do cristo jamais ser frustrada porque est
ancorada no cu, no Santo dos Santos celestial, no qual
Jesus entrou como nosso precursor. A garantia da nossa
salvao est nos ombros do Senhor e por isso jamais
seremos confundidos ou envergonhados por termos
colocado nEle a esperana de que seremos salvos da
condenao eterna. pela fora do Seu prprio poder, e
mediante o Esprito Santo, que faz com que
perseveremos na verdade, de maneira que
evidenciemos durante toda a nossa vida que somos de
fato filhos de Deus.
118 Desprezas os que se desviam dos teus decretos,
porque falsidade a astcia deles.
119 Rejeitas, como escria, todos os mpios da terra;
por isso, amo os teus testemunhos.
120 Arrepia-se-me a carne com temor de ti, e temo os
teus juzos.
49

Deus honra somente queles que O honram. Ele

somente concede graa a quem se humilha diante dEle
e se reconhece pecador destitudo de qualquer justia e
que depende portanto, inteiramente da justia de Jesus
para que possa ser reconciliado com Deus. Ento os que
no tm o temor do Senhor, que se desviam da Sua
presena, fugindo sempre da Sua luz, que recusam a Sua
salvao, e que vivem na falsidade e na astcia, sero
por fim rejeitados totalmente por Deus e entregues a
uma condenao eterna.
121 Tenho praticado juzo e justia; no me entregues
aos meus opressores.
122 S fiador do teu servo para o bem; no permitas
que os soberbos me oprimam.
O salmista vinha procedendo em justia e juzo, mas
debaixo da opresso no se confiou apenas nisto, mas
clamou ao Senhor para que fosse livrado dos seus
opressores, e lhe pediu tambm que fosse o Seu fiador
para o bem, ou seja, quando lhe faltassem as foras para
continuar na prtica do bem, que o Senhor garantisse
Ele mesmo, pelo Seu prprio poder, que ele continuasse
em tal prtica, de modo que no permitisse que os
soberbos prevalecessem na opresso que lhe estavam
fazendo.
123 Desfalecem-me os olhos espera da tua salvao
e da promessa da tua justia.
O salmista esta desfalecido pela longa espera do
livramento do Senhor e de fazer justia sua causa,
todavia, continuava esperando, ou seja, na expectativa
em f de que o Senhor o livraria.

50

124 Trata o teu servo segundo a tua misericrdia e

ensina-me os teus decretos.
125 Sou teu servo; d-me entendimento, para que eu
conhea os teus testemunhos.
O salmista era pobre de esprito, ou seja reconhecia que
era dependente de Deus para tudo, especialmente para
conhecer os Seus mandamentos e testemunhos. De
modo que Lhe orava suplicando que o tratasse segundo
a Sua misericrdia, porque de si mesmo, no tinha como
agradar ao Senhor e corresponder Sua expectativa de
perfeio em relao a ele. Ento orava tambm para
que recebesse de Deus entendimento quanto ao ensino
que Lhe desse dos Seus decretos eternos. Se no
chegamos a conhecer o que est determinado por tais
decretos, jamais teremos uma f que descanse
completamente na soberana vontade de Deus, por no
reconhecermos que tudo est debaixo do Seu controle.
126 J tempo, SENHOR, para intervires, pois a tua lei
est sendo violada.
A tal ponto chegou a iniquidade nos dias do salmista,
que ele orou por um avivamento, para que a lei do
Senhor no continuasse sendo to grandemente
violada.
127 Amo os teus mandamentos mais do que o ouro,
mais do que o ouro refinado.
128 Por isso, tenho por, em tudo, retos os teus
preceitos todos e aborreo todo caminho de falsidade.
Estes versos so semelhantes ao verso 72, e o
comentrio deste se aplica tambm aos versos em
apreo.

51

129 Admirveis so os teus testemunhos; por isso, a

minha alma os observa.
A alma santificada e instruda nos caminhos de Deus
ama os testemunhos do Senhor, no por mero dever ou
obrigao, mas por am-los, porque so admirveis e
maravilhosos, e encantam a alma santificada. Para o
cristo consagrado a obra de Deus e o Seu culto no so
um peso, mas um prazer.
130 A revelao das tuas palavras esclarece e d
entendimento aos simples.
justamente aos pequeninos que Deus revela a Sua
grandeza, porque estes tm um corao contrito e
humilde que faz com que se aproximem do Senhor. Os
sbios segundo o mundo, e grandes a seus prprios
olhos no se permitem tal coisa, porque se julgam
muito elevados para necessitarem de Deus. Ento a
revelao do Senhor para os simples, para aqueles que
confiam inteiramente nEle, como uma criana confia nos
seu pais.
131 Abro a boca e aspiro, porque anelo os teus
mandamentos.
O salmista tinha grande ousadia no falar porque o poder
do Esprito estava sobre ele, porque amava os
mandamentos de Deus, e cumpri-los era todo o seu
desejo.
132 Volta-te para mim e tem piedade de mim,
segundo costumas fazer aos que amam o teu nome.
Por experincia prpria, e pelo testemunho do que via o
Senhor fazer em relao aos demais que O amavam, o
salmista clamava para que o Senhor estivesse em
comunho com ele e tivesse misericrdia dele, porque
52

sabia que era o que Ele costumava fazer com todos os

que O amam.
133 Firma os meus passos na tua palavra, e no me
domine iniquidade alguma.
A santidade consiste basicamente em duas coisas:
rejeitar o mal e praticar o bem. Praticar a palavra de
Deus e no se deixar dominar por qualquer tipo de
iniquidade. Ento era por isso que o salmista orava a
Deus para que lhe fosse dado por Ele.
134 Livra-me da opresso do homem, e guardarei os
teus preceitos.
O salmista no guardaria os preceitos de Deus caso
somente Ele o livrasse da opresso dos homens. Ele
ento Lhe pediu neste verso para que o livrasse da
opresso dos homens porque guardava os Seus
preceitos.
135 Faze resplandecer o rosto sobre o teu servo e
ensina-me os teus decretos.
a presena do Senhor que nos santifica. diante da Sua
glria que somos transformados. Por isso o salmista Lhe
pedia que fizesse resplandecer o Seu rosto sobre Ele,
porque assim que se aprende como convm os
decretos de Deus, a saber, em ntima experincia
pessoal com Ele.
136 Torrentes de gua nascem dos meus olhos,
porque os homens no guardam a tua lei.
Entristecia o salmista o pecado que via nos homens que
no guardavam a lei de Deus. Todo cristo que estiver
santificado ter o mesmo sentimento, por ver o nome
do Senhor sendo desonrado na terra.
53

137 Justo s, SENHOR, e retos, os teus juzos.

138 Os teus testemunhos, tu os impuseste com retido
e com suma fidelidade.
Os testemunhos e juzos do Senhor so retos, porque o
prprio Deus perfeitamente justo. A Sua lei no
portanto uma imposio mas uma consequncia daquilo
que Ele prprio . De modo que no impor a Sua
retido por obrigao involuntria, porque amor em
Sua prpria essncia, e o amor demanda
relacionamento e obedincia voluntrios.
139 O meu zelo me consome, porque os meus
adversrios se esquecem da tua palavra.
Quando a Palavra de Deus esquecida por aqueles que
se nos opem, o Esprito Santo faz com que o nosso zelo
aumente muito, para que defendamos a Palavra diante
da negao deles. Isto faz com que fiquemos ainda mais
apegados verdade, e que o testemunho seja dado com
o esprito de ousadia, amor e moderao com o qual
convm ser dado.
140 Purssima a tua palavra; por isso, o teu servo a
estima.
No h erro na Palavra de Deus. Sua verdade absoluta.
Por isso digna de inteira aceitao.
141 Pequeno sou e desprezado; contudo, no me
esqueo dos teus preceitos.
O homem nada diante do Senhor. Todavia lhe est
imposto o dever de buscar a semelhana de Deus, e isto
feito por meio da prtica da Palavra. Da o nosso dever
de nunca esquec-la. Porque a Palavra que d
testemunho de Deus, e por meio de quem nos vem a f.
54

142 A tua justia justia eterna, e a tua lei a

prpria verdade.
A justia com a qual somos justificados a de Cristo, que
sendo eterna, jamais poder nos ser tirada. A prpria
justia de Ado foi perdida por ele quando pecou no
den. Mas a justia de Cristo com a qual estamos
vestidos no ser maior ou melhor do que a que temos
agora, porque perfeita e eterna, conforme a Palavra de
Deus testifica dela, sendo a Palavra, a verdade.
143 Sobre mim vieram tribulao e angstia; todavia,
os teus mandamentos so o meu prazer.
144 Eterna a justia dos teus testemunhos; d-me a
inteligncia deles, e viverei.
O salmista tinha to elevado apreo pela Palavra de
Deus, que ela continuava sendo o seu prazer mesmo
quando lhe sobrevinha a tribulao e a angstia. Ele
vivia pela justia dos testemunhos de Deus, e por isso
Lhe pedia que lhe desse um conhecimento cada vez
maior deles, para que tivesse uma vida espiritual cada
vez mais plena, cheia da Sua presena.
145 De todo o corao eu te invoco; ouve-me,
SENHOR; observo os teus decretos.
146 Clamo a ti; salva-me, e guardarei os teus
testemunhos.
o mesmo ensino que se repete em todo o livro dos
Salmos: os salmistas invocavam o Senhor com plena
inteireza de f e de corao, na certeza de serem
ouvidos, porque guardavam com sinceridade os
decretos de Deus. No se tratava de uma simples
observncia externa dos mandamentos de Deus,
55

conforme costumavam fazer os escribas e fariseus, mas

obedincia voluntria de corao.
147 Antecipo-me ao alvorecer do dia e clamo; na tua
palavra, espero confiante.
148 Os meus olhos antecipam-se s viglias noturnas,
para que eu medite nas tuas palavras.
Antes que o dia raiasse, o salmista se levantava e
clamava segundo a Palavra de Deus, e ficava em espera
confiante, sabendo que a esperana dos santos no ser
frustrada jamais. E antes de dormir ele sempre meditava
na Palavra do Senhor. este apego Palavra que
mantm o corao puro. No a simples leitura, mas a
meditao e prtica, conforme iluminao recebida do
Esprito Santo, em nossa comunho com Ele.
149 Ouve, SENHOR, a minha voz, segundo a tua
bondade; vivifica-me, segundo os teus juzos.
O salmista sabia que era ouvido e vivificado pelo Esprito
de Deus, no por causa da sua prpria justia, mas por
causa da Sua bondade e misericrdia divina. No entanto,
tambm sabia que sem um viver reto perante Ele, no
se pode ter a certeza de ser ouvido.
150 Aproximam-se de mim os que andam aps a
maldade; eles se afastam da tua lei.
151 Tu ests perto, SENHOR, e todos os teus
mandamentos so verdade.
H muitos telogos liberais no mundo que afirmam
pregar e ensinar a Palavra de Deus, mas negam a Sua
verdade. Estes so os que praticam a iniquidade, e aos
quais Jesus se referir que nunca os conheceu, porque
no andam de fato segundo a Palavra. O fruto deles no
bom. Todavia, o Senhor est perto, em comunho com
56

todos aqueles que andam segundo a verdade dos Seus

mandamentos.
152 Quanto s tuas prescries, h muito sei que as
estabeleceste para sempre.
A Palavra de Deus eterna, e durar para sempre. Tudo
passar, mas no a Sua Palavra. Ento no para ser
guardada por um tempo, mas por toda a vida e por toda
a eternidade.
153 Atenta para a minha aflio e livra-me, pois no
me esqueo da tua lei.
154 Defende a minha causa e liberta-me; vivifica-me,
segundo a tua promessa.
Cabe aqui o mesmo comentrio relativo ao verso 149.
Conforme se afirma constantemente nos Salmos, pela
graa e misericrdia de Deus que somos libertados, mas
h uma condicional se que deve ser atendida para que
a graa seja eficaz. A saber, que guardemos os
mandamentos do Senhor. Jesus mesmo ensinou isto
claramente, quando dizia que se guardssemos a Sua
Palavra, se cumprssemos os Seus mandamentos, ento
pediramos a petio que quisssemos (ou seja,
independente do grau de impossibilidade) e que
seramos atendidos pelo Pai.
155 A salvao est longe dos mpios, pois no
procuram os teus decretos.
A afirmao deste verso confirma o que foi dito antes.
Os mpios no podem contar com a fidelidade dos
livramentos de Deus justamente por no se
submeterem Sua vontade. Isto fundamental (se
submeter a Deus) se desejamos ser ouvidos por Ele,
porque somente honra quem Lhe honra. E tem dito que
57

se algum no honra a Jesus Cristo, Seu Filho unignito,

consequentemente tambm no poder honr-lo.
Honra-se portanto a Deus Pai, honrando-se a Deus Filho.
156 Muitas, SENHOR, so as tuas misericrdias;
vivifica-me, segundo os teus juzos.
O salmista sempre buscava ser vivificado em esprito
baseado nas misericrdias de Deus, e segundo os
critrios estabelecidos por Ele, e no segundo os seus
mritos, justia prpria ou por quaisquer outras
convices. Este de fato o nico caminho para sermos
vivificados pelo Senhor, porque sempre o far pelos
mritos de Cristo, e consoante a Sua misericrdia,
porque jamais o far por causa das nossas boas obras.
Elas so necessrias como condio para que a graa
seja eficaz, conforme j temos comentado, mas
isoladamente, nada podero fazer por ns diante de
Deus, que exige uma justia perfeita para nos abenoar,
e somente em Cristo podemos achar tal justia.
157 So muitos os meus perseguidores e os meus
adversrios; no me desvio, porm, dos teus
testemunhos.
Cabe aqui o mesmo comentrio relativo aos versos 69 e
70.
158 Vi os infiis e senti desgosto, porque no guardam
a tua palavra.
Cabe aqui o mesmo comentrio relativo ao verso 136.
159 Considera em como amo os teus preceitos;
vivifica-me, SENHOR, segundo a tua bondade.
Cabe aqui o mesmo comentrio relativo aos versos 153,
154 e 156, dentre outros deste mesmo salmo.
58

160 As tuas palavras so em tudo verdade desde o

princpio, e cada um dos teus justos juzos dura para
sempre.
Cabe aqui o mesmo comentrio relativo aos versos 89 a
91, 142 e 152.
161 Prncipes me perseguem sem causa, porm o que
o meu corao teme a tua palavra.
Quem tem o temor do Senhor e da Sua Palavra no
temer a perseguio injusta dos poderosos da terra,
porque tero ao Senhor por Seu refgio e proteo.
162 Alegro-me nas tuas promessas, como quem acha
grandes despojos.
H riquezas escondidas nas promessas da Palavra que
so cavadas e achadas pela f e pela prtica desta
mesma Palavra. E o ser alvo do cumprimento destas
promessas traz grande alegria tal como quem acha
grandes riquezas escondidas.
163 Abomino e detesto a mentira; porm amo a tua
lei.
Quem ama verdadeiramente a Palavra de Deus, detesta
e abomina toda forma de mentira. Tal pessoa sabe que
Satans o pai da mentira e que tudo que passa do sim,
sim, no, no, procede do diabo, e no de Deus. Por isso
se afirma que os mentirosos no herdaro o reino do
cu.
164 Sete vezes no dia, eu te louvo pela justia dos teus
juzos.
O salmista separava sete momentos especficos durante
cada dia, para louvar a Deus pela justia dos Seus juzos.
59

Era uma forma de agradecimento constante por todos

os livramentos que recebia de Deus. Da haver fortes
evidncias de que este Salmo seja de autoria de Davi,
porque no se conhece nenhum salmista que tenha sido
to afligido e perseguido, quanto ele.
165 Grande paz tm os que amam a tua lei; para eles
no h tropeo.
O efeito da prtica da justia a paz. nos que tm
sobre si o jugo da obedincia de Jesus, que se cumpre a
Sua promessa de acharem paz e descanso para suas
almas. Estes no tropearo andando em dvidas e em
mau procedimento porque tero a instruo e o poder
do Esprito Santo, para andarem somente nas veredas
aplanadas. O caminho que conduz ao cu estreito mas
perfeitamente aplanado, de forma que aqueles que
andam por ele, no tropearo em alguma pedra.
166 Espero, SENHOR, na tua salvao e cumpro os
teus mandamentos.
Como j comentado fartamente o salmista sempre
esperava no livramento do Senhor, guardando os Seus
mandamentos. Ele no permitia que o abatimento de
sua alma, por causa das aflies, o afastasse do caminho
da verdade.
167 A minha alma tem observado os teus
testemunhos; eu os amo ardentemente.
168 Tenho observado os teus preceitos e os teus
testemunhos, pois na tua presena esto todos os
meus caminhos.
O salmista chama ao prprio Senhor como testemunha
de que andava na Sua presena e nos Seus caminhos,
porque tinha a testificao do prprio Esprito, em
60

aprovao em paz e alegria em sua conscincia e

corao, de que tudo ia bem com a sua alma, porque
guardava de fato a vontade e os mandamentos de Deus,
o que se comprovava tambm no seu grande amor por
eles. Quando a alma no santificada, as ordenanas da
Palavra, especialmente aquelas que consistem em
verdadeira crucificao do nosso ego e vontade, so um
fardo, um peso, mas os mandamentos no so nada
penosos para aqueles que andam no Esprito.
169 Chegue a ti, SENHOR, a minha splica; d-me
entendimento, segundo a tua palavra.
170 Chegue a minha petio tua presena; livra-me
segundo a tua palavra.
A base de livramento que o salmista usava era a prpria
Palavra, os critrios de Deus estabelecidos nela, e no
seus sentimentos, mritos, emoes, obras, etc. Era por
isso que tinha firme convico de que suas splicas
seriam ouvidas pelo Senhor, porque agia em
conformidade com a Palavra, e por isso tambm orava
pedindo-Lhe um entendimento cada vez maior desta
Palavra, uma vez que era por ela que era abenoado.
171 Profiram louvor os meus lbios, pois me ensinas
os teus decretos.
O salmista louvava ao Senhor quando era ensinado por
Ele quanto aos Seus decretos. De fato coisa
maravilhosa ter revelaes da parte de Deus quanto
Sua vontade, especialmente no caso de Davi, a quem
Deus revelou coisas futuras, especialmente as que se
cumpririam no ministrio do Messias. O grande General
do cu, confiou os Seus segredos ao seu general na terra.
Quo grande honra havia nisto, e por isto Davi no
61

somente se alegrava, como tambm louvava a Deus por

tais revelaes.
172 A minha lngua celebre a tua lei, pois todos os
teus mandamentos so justia.
No h nenhuma lei na terra, produzida pelos homens,
que seja to sucinta e ao mesmo tempo to perfeita
como a Lei do Senhor. Caso a humanidade se aplicasse
de fato a amar e a cumprir a Lei de Deus, teramos um
paraso na terra, caso os praticantes dos Seus
mandamentos se sujeitassem ao principal deles de
crerem em Cristo e mortificarem a natureza terrena pelo
Esprito.
173 Venha a tua mo socorrer-me, pois escolhi os teus
preceitos.
174 Suspiro, SENHOR, por tua salvao; a tua lei todo
o meu prazer.
A escolha que o cristo, e qualquer pessoa deve fazer
a de guardar a Palavra do Senhor, cumprir os Seus
mandamentos, fazer a Sua vontade, e no propriamente
buscar a Deus para somente resolver seus problemas.
Com isto se inverte a ordem das coisas, porque Deus tem
determinado que busquemos antes o Seu reino e a Sua
justia, e tudo mais que nos for necessrio ser
acrescentado por Ele. Devemos lembrar que antes de
tudo, quem deve ser buscado o prprio Rei deste reino
celestial e divino, a saber, nosso Senhor Jesus
Cristo. Quando o Senhor e a Sua Palavra forem todo o
nosso prazer, at mesmo deixaremos de buscar aquelas
coisas que antes ocupavam tanto a nossa mente e
corao, porque veremos o quo insignificantes so
quando Jesus estabelece o Seu domnio completo sobre
o nosso corao e vontade.
62

175 Viva a minha alma para louvar-te; ajudem-me os

teus juzos.
176 Ando errante como ovelha desgarrada; procura o
teu servo, pois no me esqueo dos teus
mandamentos.
Este extenso salmo termina com uma grande nota de
humildade. O salmista reconhece que todos somos
como
ovelhas
desgarradas
que
necessitam
continuamente estarem sendo procuradas pelo Senhor,
porque, de outro modo, em razo da natureza terrena,
fugiremos da Sua santa presena. por esta procura
contnua do Esprito Santo, que no desiste e no abre
mo da nossa presena por um s dia, que
perseveramos e podemos fazer a vontade de Deus. Se
no fosse isto, no poderamos permanecer firmes
diante dEle, vivendo de modo digno na Sua presena.
Fomos criados para o louvor da glria da graa de Deus,
que nos foi concedida abundantemente em Cristo. Isto
um dever que deve ser realizado voluntariamente e
por amor. Para tanto, necessitamos ser ajudados pelo
prprio Senhor, o qual tem prometido, para tal
propsito, estar conosco todos os dias, at a
consumao dos sculos. Se no nos esquecermos da
Palavra do Senhor, Ele sempre nos encontrar, e no
andaremos errantes. Por isso nunca devemos deixar de
meditar na Palavra e de nos esforarmos em plena
diligncia, para cumprirmos os Seus mandamentos,
porque ainda que fracos, o Senhor nos fortalecer,
porque a Palavra tem este poder de vivificar os nossos
coraes. Mas se deixarmos o remdio de lado, o qual
a Palavra, no podemos contar com a cura.
precisamente isto que o salmista quis deixar registrado
ao fechar este precioso salmo.
63

Salmo 120

Na minha angstia, clamo ao SENHOR, e ele me

ouve. SENHOR, livra-me dos lbios mentirosos, da
lngua enganadora.
Que te ser dado ou que te ser acrescentado, lngua
enganadora?
Setas agudas do valente e brasas vivas de zimbro.
Ai de mim, que peregrino em Meseque e habito nas
tendas de Quedar.
J h tempo demais que habito com os que odeiam a
paz.
Sou pela paz; quando, porm, eu falo, eles teimam pela
guerra.
Este salmo o primeiro dos quinze, contados a partir
dele, at o Salmo 134, sob o ttulo Cntico dos Degraus,
ou Cntico de Romagem.
H vrias conjecturas para o significado deste ttulo.
Alguns afirmam que sendo salmos muito curtos, foram
compostos para serem cantados quando se subia para
as festas em Jerusalm; outros afirmam que para serem
cantados quando se subia os quinze degraus que
conduziam ao interior do templo.
A nota dominante dos salmos se repete neste Salmo
120, em que o salmista declara que na sua angstia
clamava ao Senhor na certeza de ser ouvido por Ele.
Sua petio em orao era a de que Deus o livrasse dos
lbios mentirosos e da lngua enganadora.
Como ele carregava o testemunho de Deus, era injuriado
e atacado com calnias, injrias e difamaes por parte
64

dos habitantes mpios das regies em que se encontrava

peregrinando e habitando por fora das circunstncias,
que ele nomeia neste salmo como sendo Meseque e
Quedar.
Os habitantes destas terras odiavam a paz e somente
pensavam na guerra.
possvel que este salmo tenha sido escrito por Davi
quando fugia de Saul.
Ele encontrava-se aflito pelos muitos falsos
testemunhos, que estavam sendo levantados contra a
sua vida, mas sabia que no final Deus destruiria tais
lnguas infamadoras com o fogo do Seu juzo.

65

Salmo 121

Elevo os olhos para os montes: de onde me vir o

socorro?
O meu socorro vem do SENHOR, que fez o cu e a terra.
Ele no permitir que os teus ps vacilem; no
dormitar aquele que te guarda.
certo que no dormita, nem dorme o guarda de
Israel.
O SENHOR quem te guarda; o SENHOR a tua sombra
tua direita.
De dia no te molestar o sol, nem de noite, a lua.
O SENHOR te guardar de todo mal; guardar a tua
alma.
O SENHOR guardar a tua sada e a tua entrada, desde
agora e para sempre.
Este salmo afirma a perfeita proteo de Deus para
aqueles que buscam socorro nEle.
O salmista, quando necessitado de auxlio costumava
elevar sua viso para o cume dos montes, especialmente
para o monte Mori onde se encontrava a arca do
Senhor, o tabernculo e depois de Davi, o templo.
Isto lhe ajudava a lembrar que todo socorro eficaz no
nos vem dos recursos da terra, mas do alto, de Deus
desde a Sua habitao nas alturas dos cus.
E a vigilncia do Senhor perfeita, porque Ele nunca
dorme e vigia permanentemente os Seus servos, para
guard-los de todo o mal.

66

Salmo 122
Salmo de Davi

Alegrei-me quando me disseram: Vamos Casa do

SENHOR.
Pararam os nossos ps junto s tuas portas,
Jerusalm! Jerusalm, que ests construda como
cidade compacta, para onde sobem as tribos, as tribos
do SENHOR, como convm a Israel, para renderem
graas ao nome do SENHOR.
L esto os tronos de justia, os tronos da casa de Davi.
Orai pela paz de Jerusalm! Sejam prsperos os que te
amam.
Reine paz dentro de teus muros e prosperidade nos
teus palcios.
Por amor dos meus irmos e amigos, eu peo: haja paz
em ti!
Por amor da Casa do SENHOR, nosso Deus, buscarei o
teu bem.
Quando este salmo foi escrito por Davi a arca j se
encontrava em Jerusalm, e o culto ao Senhor havia sido
restaurado no tabernculo que ele mandara construir
para abrigar a arca, e para que oficiassem nele os
sacerdotes e levitas.
Nas datas das festas fixas o povo de todas as demais
tribos de Israel vinha a Jerusalm, para adorar ao
Senhor.
Davi se alegrava como rei em ver o povo do Senhor Lhe
rendendo culto de adorao.
67

Por isso ele conclamava o povo a orar pela paz de

Jerusalm, para que se desse continuidade ao culto de
adorao que era devido a Deus, e conforme previsto na
Lei de Moiss.

68

Salmo 123

A ti, que habitas nos cus, elevo os olhos!

Como os olhos dos servos esto fitos nas mos dos seus
senhores, e os olhos da serva, na mo de sua senhora,
assim os nossos olhos esto fitos no SENHOR, nosso
Deus, at que se compadea de ns.
Tem misericrdia de ns, SENHOR, tem misericrdia;
pois estamos sobremodo fartos de desprezo.
A nossa alma est farta da zombaria dos arrogantes e
do desprezo dos soberbos.
Quando este salmo foi escrito Israel estava debaixo de
grande aflio sob a ameaa de povos inimigos que
escarneciam deles e do Seu Deus.
Ento elevavam os seu olhos espirituais para os cus,
para clamarem pela misericrdia do Senhor, para que
lhes desse livramento.

69

Salmo 124
Salmo de Davi

No fosse o SENHOR, que esteve ao nosso lado,

Israel que o diga; no fosse o SENHOR, que esteve ao
nosso lado, quando os homens se levantaram contra
ns, e nos teriam engolido vivos, quando a sua ira se
acendeu contra ns; as guas nos teriam submergido,
e sobre a nossa alma teria passado a torrente; guas
impetuosas teriam passado sobre a nossa alma.
Bendito o SENHOR, que no nos deu por presa aos
dentes deles.
Salvou-se a nossa alma, como um pssaro do lao dos
passarinheiros; quebrou-se o lao, e ns nos vimos
livres.
O nosso socorro est em o nome do SENHOR, criador
do cu e da terra.
Neste salmo Davi exalta o nome do Senhor por ter
estado ao lado de Israel para salv-lo de um grande
perigo de destruio, por parte de uma nao inimiga,
cujo nome no citado no salmo.
Assim, como sempre, ele afirma que o socorro de Israel
est em o nome do Senhor, a quem eles clamavam na
angstia e na aflio.

70

Salmo 125

Os que confiam no SENHOR so como o monte Sio,

que no se abala, firme para sempre.
Como em redor de Jerusalm esto os montes, assim o
SENHOR, em derredor do seu povo, desde agora e para
sempre.
O cetro dos mpios no permanecer sobre a sorte dos
justos, para que o justo no estenda a mo
iniquidade.
Faze o bem, SENHOR, aos bons e aos retos de corao.
Quanto aos que se desviam para sendas tortuosas,
leva-los- o SENHOR juntamente com os malfeitores.
Paz sobre Israel!
Este salmo proclama a firmeza em que se encontram na
graa do Senhor, todos os que verdadeiramente nEle
confiam, porque so tornados inabalveis tal como o
monte de Sio, que era um monte continuamente
guardado pelo Senhor.
Jerusalm era guardada pela cordilheira de montes de
Sio, e tal como estes montes o Senhor em relao ao
Seu povo, para sempre.
Os justos no estaro para sempre debaixo do governo
dos mpios, porque no podem participar da mesma
iniquidade deles, de modo que o Senhor far o bem aos
retos de corao, e quanto aos que se desviam para
caminhos tortuosos, o Senhor lhes dar o mesmo fim
que est reservado para todos os malfeitores.

71

O salmista impetra paz sobre Israel no final deste salmo,

porque a vocao de Deus para Israel paz eterna e no
tormentos eternos.

72

Salmo 126

Quando o SENHOR restaurou a sorte de Sio, ficamos

como quem sonha.
Ento, a nossa boca se encheu de riso, e a nossa lngua,
de jbilo; ento, entre as naes se dizia: Grandes
coisas o SENHOR tem feito por eles.
Com efeito, grandes coisas fez o SENHOR por ns; por
isso, estamos alegres.
Restaura, SENHOR, a nossa sorte, como as torrentes no
Neguebe.
Os que com lgrimas semeiam com jbilo ceifaro.
Quem sai andando e chorando, enquanto semeia,
voltar com jbilo, trazendo os seus feixes.
provvel que este salmo tenha sido escrito quando o
Senhor trouxe os judeus de volta de Babilnia para a
prpria terra deles sob Zorobabel.
Israel havia semeado ventos e portanto, colhido
tempestades, por causa da idolatria de seus
antepassados, mas esta nova gerao que veio de
Babilnia ora para ser plenamente restaurada, porque
semeariam a paz e a verdade, com as lgrimas do
arrependimento, e o resultado disto seria uma colheita
de bons frutos com alegria, e no de runas como
consequncia de uma semeadura de ms obras, tal
como haviam feito os seus pais.

73

Salmo 127
Salmo de Salomo

Se o SENHOR no edificar a casa, em vo trabalham os

que a edificam; se o SENHOR no guardar a cidade, em
vo vigia a sentinela.
Intil vos ser levantar de madrugada, repousar tarde,
comer o po que penosamente granjeastes; aos seus
amados ele o d enquanto dormem.
Herana do SENHOR so os filhos; o fruto do ventre,
seu galardo.
Como flechas na mo do guerreiro, assim os filhos da
mocidade.
Feliz o homem que enche deles a sua aljava; no ser
envergonhado, quando pleitear com os inimigos
porta.
Os membros de um lar devem trabalhar em prol da sua
edificao, mas se no estiverem debaixo da graa e do
temor do Senhor, todo o esforo deles ter sido em vo,
porque quem edifica o lar o prprio Deus, pela
restaurao de tudo que foi perdido por Ado, por meio
da operao de nosso Senhor Jesus Cristo.
De igual modo, se Deus entregar alguma cidade ao
poder de um povo inimigo de nada adiantar ter
sentinelas para alertar sobre a aproximao do exrcito
inimigo.
Em tudo o mais na vida necessrio contar com a
providncia, o cuidado, instruo e proteo de Deus
para que no nos empenhemos inutilmente.
74

O homem que abenoado por Deus, recebe dEle o

favor de ver seus negcios prosperarem pela
interveno da Sua graa, at mesmo enquanto est
dormindo, como o agricultor no campo que no precisa
se preocupar com o crescimento de seus animais e
plantaes, enquanto dorme.
necessrio reconhecer a boa mo do Senhor em todas
as coisas, porque de fato isto o que sucede.
Sabendo que tudo est debaixo do Seu domnio e que
tudo Lhe pertence, at mesmo nossos prprios filhos,
sero vistos como herana no propriamente nossa,
mas dEle, e que os tem colocado debaixo do nosso
cuidado para que faamos deles homens e mulheres de
Deus, para estarem com Ele por toda a eternidade, e no
propriamente conosco.
Todavia, estes mesmos filhos podem ser feitos bnos
para os pais, pela providncia do Senhor, convertendolhe os coraes mutuamente, de modo que sero um
amparo para os pais, especialmente na velhice deles.

75

Salmo 128

Bem-aventurado aquele que teme ao SENHOR e anda

nos seus caminhos!
Do trabalho de tuas mos comers, feliz sers, e tudo
te ir bem.
Tua esposa, no interior de tua casa, ser como a videira
frutfera; teus filhos, como rebentos da oliveira, roda
da tua mesa.
Eis como ser abenoado o homem que teme ao
SENHOR!
O SENHOR te abenoe desde Sio, para que vejas a
prosperidade de Jerusalm durante os dias de tua
vida, vejas os filhos de teus filhos. Paz sobre Israel!
Como o salmo anterior, este tambm dedicado
prosperidade de nossas famlias, e nos ensina que tal
prosperidade depende da beno do Senhor.

76

Salmo 129

Muitas vezes me angustiaram desde a minha

mocidade, Israel que o diga; desde a minha mocidade,
me angustiaram, todavia, no prevaleceram contra
mim.
Sobre o meu dorso lavraram os aradores; nele abriram
longos sulcos.
Mas o SENHOR justo; cortou as cordas dos mpios.
Sejam envergonhados e repelidos todos os que
aborrecem a Sio!
Sejam como a erva dos telhados, que seca antes de
florescer, com a qual no enche a mo o ceifeiro, nem
os braos, o que ata os feixes!
E tambm os que passam no dizem: A bno do
SENHOR seja convosco!
Ns vos abenoamos em nome do SENHOR!
Este salmo foi escrito por uma pessoa pblica,
provavelmente Davi, porque afirma ter sido angustiado
muitas vezes desde a sua mocidade, e que isto era do
conhecimento da nao de Israel.
E que tais angstias consistiram principalmente na ao
de perseguidores que intentaram tirar-lhe a vida, e que
no entanto, no puderam prevalecer contra ele porque
Deus havia cortado as cordas destes mpios que
tentaram destru-lo.
A causa do salmista era a prpria causa de Sio, sob a
perspectiva da vontade de Deus para ela, e no segundo
os interesses egostas dos homens poderosos.

77

Ele orou para que os tais fossem envergonhados e que

no viessem sequer a florescer, por no contarem com
a bno do Senhor.

78

Salmo 130

Das profundezas clamo a ti, Senhor.

Senhor, escuta a minha voz; estejam os teus ouvidos
atentos voz das minhas splicas.
Se tu, Senhor, observares as iniquidades, Senhor, quem
subsistir?
Mas contigo est o perdo, para que sejas temido.
Aguardo ao Senhor; a minha alma o aguarda, e espero
na sua palavra.
A minha alma anseia pelo Senhor, mais do que os
guardas pelo romper da manh, sim, mais do que os
guardas pela manh.
Espera, Israel, no Senhor! pois com o Senhor h
benignidade, e com ele h copiosa redeno;
e ele remir a Israel de todas as suas iniquidades.
Mesmo uma alma piedosa, depois de muita comunho
com Deus, pode, por causa do pecado, ser trazida a um
estado de perplexidade como a que o salmista expressa
no incio deste salmo.
Mesmo na aliana da graa no h uma proviso de
permanente consolao para qualquer pessoa debaixo
da culpa de grandes pecados, nos quais elas caram.
Assim, pelo que significam, tais pecados vm terrificar a
conscincia, quebrar os ossos da alma, e coloc-la em
trevas, e lan-la em profundezas insondveis, apesar
do alvio que provido pelo perdo do sangue de Cristo.
Mas a fora de todo e qualquer pecado pode ser
debilitada pela graa, contudo a raiz de nenhum pecado
ser completamente arrancada nesta vida.
79

Assim, no ser algo estranho que em algumas vezes o

prprio cristo fiel se encontre nestas profundezas de
alma a que se refere o salmista.
A alma regenerada pelo Esprito possui um princpio de
graa que opera e trabalha continuamente para
preserv-la do pecado.
Ento o prprio Esprito Santo que habita no cristo h
de incit-lo a buscar socorro na graa de Cristo, para ser
arrancada deste abatimento de esprito.
Quando a presena de Cristo perdida, pelos sinais
visveis de falta de paz no esprito, devemos nos esforar
com todo empenho para encontr-lo, porque nisto
que est a cura da nossa angstia.
preciso crer na sua bondade, graa e misericrdia, e
manter o corao firme na f, ainda que debaixo da
fraqueza produzida pelo pecado, porque disto depende
a nossa cura.
Este esforo para curar as feridas da alma deve ser
empreendido, seno elas se ampliaro at a morte
espiritual.
Os ferimentos do pecado devem ser tratados pelo
Mdico divino, mas Ele no operar se no for
procurado.
E esta procura espiritual em orao e entrega do
esprito ao Senhor.
Davi conhecia bem este segredo, e nunca se permitiu
ficar nas profundezas por motivo de indolncia ou
acomodao s enfermidades produzidas pelo pecado.
Ele partia em busca de alvio e de cura nAquele que o
nico competente para tratar com os males da alma.
Uma recuperao das profundezas como uma nova
converso. O Esprito Santo d s almas um senso
renovado para que se apliquem no propsito de buscar
80

a Deus. O trabalho inteiro dele, mas nosso dever orar

e crer.
Por isso necessrio ter um senso sincero do pecado. E
nesta sinceridade devemos reconhecer a nossa culpa no
que fazemos, deixamos de fazer ou pensamos, e sem
este autoexame e julgamento em razo do pecado no
podemos contar com uma confisso sincera que nos
habilite ao perdo de Deus.
A condio para o nosso perdo a confisso. Sem
confisso no pode haver perdo. Sem a confisso
ficaramos insensveis e faramos pouco caso do pecado.
Mas, ao termos que declarar as nossas faltas e culpa
reconhecemos que Deus santo e exige santidade de
ns. E tratamos o pecado com a devida seriedade com
que deve ser tratado.
Devemos nos sujeitar debaixo da potente mo do
Senhor, e receber de bom grado os juzos corretivos, por
mais que estes nos doam, porque assim que se acha
graa em ocasio oportuna.
Quanto mais tentarmos justificar a ns prprios,
maiores abismos se abriro e engoliro ainda mais o
nosso esprito em suas profundezas.
A mo poderosa do Senhor tem o controle de tudo e
todos. Ele pode fazer a alma esperar pelo Seu perdo em
profundezas pelo tempo que bem Lhe aprouver, de
modo que se cumpra todo o Seu propsito.
A misericrdia e o perdo no vm adiante de Deus
como a luz do sol e as ondas do mar, que seguem um
curso fixo e pr-determinado.
Isto mais um fator para reforar a necessidade do
nosso temor e reverncia diante dEle. A andarmos
humildemente na Sua presena enquanto aguardamos
pelo Seu favor.
por isso que o seu nome Senhor.
81

Ele tem o governo de nossas vidas, e cabe a Ele e no a

ns conduzir o nosso caminhar.
Todos os frutos da bondade e graa de Deus so
mantidos exclusivamente pela sua prpria vontade
soberana.
Esta a Sua grande glria.
Por isso Ele afirmou o que disse em x 33.19, quando
Moiss lhe pediu que lhe mostrasse a Sua glria (x
33.18).
A glria do Senhor est em manifestar a Sua graa e
bondade.
No de maneira indiscriminada que Ele concede o Seu
perdo. Com isto d grande valor Sua graa. Ela no
barata porque graa. Ela no comum. E faramos bem
em atribuir a ela o mesmo valor que o Senhor lhe d.
Ela preciosa para ns, j que Deus tem misericrdia de
quem quer ter misericrdia.
Quo grande e permanente gratido devem demonstrar
os cristos por terem sido alvo de to precioso favor.
Glrias so dadas a Deus no cu e na terra quando Ele
manifesta a Sua bondade e misericrdia ao pecador.
Por isso devemos ter pacincia e f, enquanto
aguardamos pelo livramento do Senhor, em nos retirar
das profundezas em que nos encontramos.
no prprio Cristo, na comunho com Ele, que seremos
livrados.
Assim, o que o salmista busca o prprio Deus, o
prprio Jeov que sua alma espera. No apenas a
graa, a misericrdia ou o alvio considerados de modo
absoluto, mas o Deus de toda a graa que devemos
esperar com grande expectativa.
O salmista esperava em Deus, e esperava na Sua
Palavra, especialmente nas promessas da Palavra e nas
82

suas demonstraes da bondade, misericrdia, graa,

generosidade e amor de Deus.
Quando as dificuldades surgem, e em nossos dilemas,
tentaes e desertos, devemos nos entreter com tais
pensamentos sobre o carter de Deus.
Isto remover de a impacincia e a ansiedade.

83

Salmo 131
Salmo de Davi

Senhor, o meu corao no soberbo, nem os meus

olhos so altivos; no me ocupo de assuntos grandes e
maravilhosos demais para mim.
Pelo contrrio, tenho feito acalmar e sossegar a minha
alma; qual criana desmamada sobre o seio de sua
me, qual criana desmamada est a minha alma para
comigo.
Espera, Israel, no Senhor, desde agora e para sempre.
Este lindo salmo de Davi expressa quo profunda era a
Sua humildade perante o Senhor, e quo despojado era
das coisas deste mundo, apesar de ser rei em Israel.
Ele havia crucificado o seu ego (alma) de maneira que
no se deixava impelir por seus pensamentos, vontade,
sentimentos e emoes, mas pelo esprito, debaixo do
governo do Senhor, tal como uma criana de colo
depende inteiramente dos cuidados de seus pais.
Ele destaca o seu exemplo de espera no Senhor como
algo a ser seguido por todo Israel, porque de fato, sua
vida, como a de Samuel e tantos outros, havia sido dada
por Deus para eles, e para a Igreja de Cristo, como um
modelo para ser imitado quanto ao modo de servi-lo e
viver em santidade neste mundo.

84

Salmo 132

Lembra-te, Senhor, a bem de Davi, de todas as suas

aflies;
2 como jurou ao Senhor, e fez voto ao Poderoso de
Jac, dizendo:
3 No entrarei na casa em que habito, nem subirei ao
leito em que durmo;
4 no darei sono aos meus olhos, nem adormecimento
s minhas plpebras,
5 at que eu ache um lugar para o Senhor uma morada
para o Poderoso de Jac.
6 Eis que ouvimos falar dela em Efrata, e a achamos no
campo de Jaar.
7 Entremos nos seus tabernculos; prostremo-nos ante
o escabelo de seus ps.
8 Levanta-te, Senhor, entra no lugar do teu repouso, tu
e a arca da tua fora.
9 Vistam-se os teus sacerdotes de justia, e exultem de
jbilo os teus santos.
10 Por amor de Davi, teu servo, no rejeites a face do
teu ungido.
11 O Senhor jurou a Davi com verdade, e no se
desviar dela: Do fruto das tuas entranhas porei sobre
o teu trono.
12 Se os teus filhos guardarem o meu pacto, e os meus
testemunhos, que eu lhes hei de ensinar, tambm os
seus filhos se assentaro perpetuamente no teu trono.
13 Porque o Senhor escolheu a Sio; desejou-a para sua
habitao, dizendo:

85

14 Este o lugar do meu repouso para sempre; aqui

habitarei, pois o tenho desejado.
15 Abenoarei abundantemente o seu mantimento;
fartarei de po os seus necessitados.
16 Vestirei de salvao os seus sacerdotes; e de jbilo
os seus santos exultaro
17 Ali farei brotar a fora de Davi; preparei uma
lmpada para o meu ungido.
18 Vestirei de confuso os seus inimigos; mas sobre ele
resplandecer a sua coroa.
Este salmo pode ter sido escrito provavelmente por
Salomo para a dedicao do templo, que havia
construdo ao Senhor, como complemento da orao
que ele havia feito, e que se encontra registrada em I
Reis.
Ele recorda em memria de seu pai, que havia sido Davi
quem intentara construir um templo para o Senhor.
E que havia sido a ele, Davi, que Deus fizera as boas
promessas para a sua casa, e de dar sua descendncia
o reino de Israel.
Ento Salomo ora para que o Senhor entrasse e
habitasse na casa que havia feito para Ele, de modo que
os Seus sacerdotes pudessem ser vestidos com a Sua
justia e que exultassem de alegria os Seus fiis.
E que fizesse isto por amor de Davi, no desprezando o
seu filho, que havia sido ungido como seu sucessor no
trono, conforme a promessa e vontade do prprio Deus.

86

Salmo 133
Salmo de Davi

Oh! quo bom e quo suave que os irmos vivam

em unio!
2 como o leo precioso sobre a cabea, que desceu
sobre a barba, a barba de Aro, que desceu sobre a
gola das suas vestes;
3 como o orvalho de Hermom, que desce sobre os
montes de Sio; porque ali o Senhor ordenou a bno,
a vida para sempre.
Davi escreveu este salmo sob plena inspirao do
Esprito Santo, apontando especialmente para a
comunho e unidade que seria realizada pela uno do
prprio Esprito na Igreja de Cristo, levando os cristos
ao cumprimento do propsito de Deus para eles de
viverem como um corpo harmnico sob a liderana
espiritual da cabea deles, que Cristo.
Esta unio espiritual preciosa para Deus como a
prpria uno do Esprito que a promove.
Uno esta que havia sido figurada na Lei pelo leo que
consagrou o sumo sacerdote Aro para o exerccio do
seu ofcio.
Os cristos so sacerdotes de Deus e no podem realizar
a sua funo sem tal uno que os conduzir a viverem
como um corpo unido, para poderem interceder com
eficcia em favor do bem de toda a humanidade.
Quando esta uno desce sobre a igreja, vinda do alto,
do cu, ela promove uma atmosfera espiritual como o
87

refrigrio do orvalho que descia do monte Hermom

sobre os demais montes de Sio.
Isto gera alegria nos coraes dos cristos.
Eles percebem um jardim espiritual de belos frutos ao
redor deles, que lhes trazido por Deus, como uma
bno que uma forma de recompensa para a unio e
obedincia deles.
E esta bno produz em seus coraes a manifestao
daquela vida que para sempre, a saber, a manifestao
da vida de nosso Senhor Jesus Cristo, que no somente
orou por tal unidade dos cristos, como morreu na cruz
para que ela pudesse ser promovida, com o derramar do
Esprito Santo desde o dia de Pentecostes.

88

Salmo 134

Eis aqui, bendizei ao Senhor, todos vs, servos do

Senhor, que de noite assistis na casa do Senhor.
2 Erguei as mos para o santurio, e bendizei ao
Senhor.
3 Desde Sio te abenoe o Senhor, que fez os cus e a
terra.
Este o ltimo dos quinze salmos intitulados Cnticos
de Romagem ou Cnticos de Degraus.
Talvez isto explique a sua brevidade, por ter tal carter
conclusivo.
Ele convoca os fiis a bendizerem ao Senhor, a saber
todos aqueles que so servos e que frequentam o Seu
templo.
Que estes se lembrassem de erguer durante a noite as
suas mos na direo do santurio para bendizerem o
Senhor, de maneira que este trouxesse a Sua beno
desde o local da Sua habitao em Sio, apesar de ser o
criador do cu e da terra.

89

Salmo 135

Louvai ao Senhor. Louvai o nome do Senhor; louvaio, servos do Senhor,

2 vs que assistis na casa do Senhor, nos trios da casa
do nosso Deus.
3 Louvai ao Senhor, porque o Senhor bom; cantai
louvores ao seu nome, porque ele bondoso.
4 Porque o Senhor escolheu para si a Jac, e a Israel
para seu tesouro peculiar.
5 Porque eu conheo que o Senhor grande e que o
nosso Senhor est acima de todos os deuses.
6 Tudo o que o Senhor deseja ele o faz, no cu e na
terra, nos mares e em todos os abismos.
7 Faz subir os vapores das extremidades da terra; faz os
relmpagos para a chuva; tira os ventos dos seus
tesouros.
8 Foi ele que feriu os primognitos do Egito, desde os
homens at os animais;
9 que operou sinais e prodgios no meio de ti, Egito,
contra Fara e contra os seus servos;
10 que feriu muitas naes, e matou reis poderosos:
11 a Siom, rei dos amorreus, e a Ogue, rei de Bas, e a
todos os reinos de Cana;
12 e deu a terra deles em herana, em herana a Israel,
seu povo.
13 O teu nome, Senhor, subsiste para sempre; e a tua
memria, Senhor, por todas as geraes.
14 Pois o Senhor julgar o seu povo, e se compadecer
dos seus servos.

90

15 Os dolos das naes so prata e ouro, obra das

mos dos homens;
16 tm boca, mas no falam; tm olhos, mas no veem;
17 tm ouvidos, mas no ouvem; nem h sopro algum
na sua boca.
18 Semelhantemente a eles se tornaro os que os
fazem, e todos os que neles confiam.
19 casa de Israel, bendizei ao Senhor; casa de Aro,
bendizei ao Senhor;
20 casa de Levi, bendizei ao Senhor; vs, os que
temeis ao Senhor, bendizei ao Senhor.
21 Desde Sio seja bendito o Senhor, que habita em
Jerusalm. Louvai ao Senhor.
Este salmo exalta o Senhor como o nico Deus e Criador,
sendo, portanto, o nico digno de adorao e de ser
louvado.
O texto do salmo relativo aos adoradores de dolos
semelhante ao do Salmo 115.
O Senhor deve ser temido especialmente por causa dos
Seus juzos, que havia demonstrado abundantemente
no passado, quer na destruio das naes pags de
Cana, quer nos juzos que trouxe sobre os egpcios nos
dias de Moiss.
Ele tambm julgava a Seu prprio povo Israel, no
entanto se compadece daqueles que so Seus servos.

91

Salmo 136

Dai graas ao Senhor, porque ele bom; porque a

sua benignidade dura para sempre.
2 Dai graas ao Deus dos deuses, porque a sua
benignidade dura para sempre
3 Dai graas ao Senhor dos senhores, porque a sua
benignidade dura para sempre;
4 ao nico que faz grandes maravilhas, porque a sua
benignidade dura para sempre;
5 quele que com entendimento fez os cus, porque a
sua benignidade dura para sempre;
6 quele que estendeu a terra sobre as guas, porque a
sua benignidade dura para sempre;
7 quele que fez os grandes luminares, porque a sua
benignidade dura para sempre;
8 o sol para governar de dia, porque a sua benignidade
dura para sempre;
9 a lua e as estrelas para presidirem a noite, porque a
sua benignidade dura para sempre;
10 quele que feriu o Egito nos seus primognitos,
porque a sua benignidade dura para sempre;
11 e que tirou a Israel do meio deles, porque a sua
benignidade dura para sempre;
12 com mo forte, e com brao estendido, porque a
sua benignidade dura para sempre;
13 quele que dividiu o Mar Vermelho em duas partes,
porque a sua benignidade dura para sempre;
14 e fez passar Israel pelo meio dele, porque a sua
benignidade dura para sempre;

92

15 mas derrubou a Fara com o seu exrcito no Mar

Vermelho, porque a sua benignidade dura para
sempre;
16 quele que guiou o seu povo pelo deserto, porque a
sua benignidade dura para sempre;
17 quele que feriu os grandes reis, porque a sua
benignidade dura para sempre;
18 e deu a morte a reis famosos, porque a sua
benignidade dura para sempre.
19 a Siom, rei dos amorreus, porque a sua benignidade
dura para sempre;
20 e a Ogue, rei de Bas, porque a sua benignidade
dura para sempre;
21 e deu a terra deles em herana, porque a sua
benignidade dura para sempre;
22 sim, em herana a Israel, seu servo, porque a sua
benignidade dura para sempre;
23 que se lembrou de ns em nossa humilhao,
porque a sua benignidade dura para sempre;
24 e nos libertou dos nossos inimigos, porque a sua
benignidade dura para sempre;
25 que d alimento a toda a carne, porque a sua
benignidade dura para sempre.
26 Dai graas ao Deus dos cus, porque a sua
benignidade dura para sempre.
Este salmo praticamente o mesmo salmo precedente,
sendo que includa no final de cada verso, a repetio
da frase: porque a sua misericrdia dura para sempre.

93

Salmo 137

Junto aos rios de Babilnia, ali nos assentamos e nos

pusemos a chorar, recordando-nos de Sio.
2 Nos salgueiros que h no meio dela penduramos as
nossas harpas,
3 pois ali aqueles que nos levaram cativos nos pediam
canes; e os que nos atormentavam, que os
alegrssemos, dizendo: Cantai-nos um dos cnticos de
Sio.
4 Mas como entoaremos o cntico do Senhor em terra
estrangeira?
5 Se eu me esquecer de ti, Jerusalm, esquea-se a
minha destra da sua destreza.
6 Apegue-se-me a lngua ao cu da boca, se no me
lembrar de ti, se eu no preferir Jerusalm minha
maior alegria.
7 Lembra-te, Senhor, contra os edomitas, do dia de
Jerusalm, porque eles diziam: Arrasai-a, arrasai-a at
os seus alicerces.
8 Ah! filha de Babilnia, devastadora; feliz aquele que
te retribuir consoante nos fizeste a ns;
9 feliz aquele que pegar em teus pequeninos e der com
eles nas pedra.
Este salmo foi escrito por algum que fez parte da
gerao que estivera no cativeiro em Babilnia, e que
lamenta por se encontrar distante de Jerusalm, e no
poder mais entoar os cnticos de louvor de alegria ao
Senhor que eram l entoados, antes de terem sido
levados para o cativeiro.
94

O salmista clama pela vingana de Deus contra aqueles

que haviam oprimido Israel, especialmente Edom, que
havia se coligado a Babilnia com grande fria visando
destruio dos judeus.

95

Salmo 138
Salmo de Davi

Graas te dou de todo o meu corao; diante dos

deuses a ti canto louvores.
2 Inclino-me para o teu santo templo, e louvo o teu
nome pela tua benignidade, e pela tua fidelidade; pois
engrandeceste acima de tudo o teu nome e a tua
palavra.
3 No dia em que eu clamei, atendeste-me; alentasteme, fortalecendo a minha alma.
4 Todos os reis da terra de louvaro, Senhor, quando
ouvirem as palavras da tua boca;
5 e cantaro os caminhos do Senhor, pois grande a
glria do Senhor.
6 Ainda que o Senhor excelso, contudo atenta para o
humilde; mas ao soberbo, conhece-o de longe.
7 Embora eu ande no meio da angstia, tu me
revivificas; contra a ira dos meus inimigos estendes a
tua mo, e a tua destra me salva.
8 O Senhor aperfeioar o que me diz respeito. A tua
benignidade, Senhor, dura para sempre; no
abandones as obras das tuas mos.
Davi rende graas ao Senhor de todo o seu corao por
causa dos grandes livramentos que lhe havia dado
diante de naes poderosas, que haviam se levantado
contra ele, e que foram derrotadas pelo auxlio do
Senhor, de modo que ele continuaria louvando ao

96

Senhor na presena dos poderosos que Ele havia

subjugado.
Ele se humilharia se prostrando diante de Deus no Seu
santurio para louvar a Sua misericrdia e verdade,
porque estava cumprindo fielmente cada uma das
promessas que Lhe havia feito segundo a Sua palavra.
Sempre que Davi clamava ao Senhor Ele lhe acudia e
alentava a fora da sua alma atribulada pelas muitas
adversidades que teve que enfrentar.
Davi ficava extasiado com a sublimidade de Deus, que
apesar de ser excelso, glorioso, atentava para os
humildes, e resistia aos soberbos.
Por isso se humilhava perante Ele, porque sabia que
enquanto o fizesse Ele levaria a bom termo tudo o que
concernisse a ele, especialmente refazendo a sua vida
em meio s suas tribulaes, porque estenderia a Sua
mo poderosa contra a ira dos seus inimigos, e o livraria
deles.
Deus faria isto para com ele porque a Sua misericrdia
dura para sempre e no desampararia as obras que
estavam sendo feitas pelas Suas prprias mos atravs
da instrumentalidade de Davi.

97

Salmo 139
Salmo de Davi

Senhor, tu me sondas, e me conheces.

2 Tu conheces o meu sentar e o meu levantar; de longe
entendes o meu pensamento.
3 Esquadrinhas o meu andar, e o meu deitar, e
conheces todos os meus caminhos.
4 Sem que haja uma palavra na minha lngua, eis que,
Senhor, tudo conheces.
5 Tu me cercaste em volta, e puseste sobre mim a tua
mo.
6 Tal conhecimento maravilhoso demais para mim;
elevado , no o posso atingir.
7 Para onde me irei do teu Esprito, ou para onde
fugirei da tua presena?
8 Se subir ao cu, tu a ests; se fizer no Seol a minha
cama, eis que tu ali ests tambm.
9 Se tomar as asas da alva, se habitar nas extremidades
do mar,
10 ainda ali a tua mo me guiar e a tua destra me
suster.
11 Se eu disser: Ocultem-me as trevas; torne-se em
noite a luz que me circunda;
12 nem ainda as trevas so escuras para ti, mas a noite
resplandece como o dia; as trevas e a luz so para ti a
mesma coisa.
13 Pois tu formaste os meus rins; entreteceste-me no
ventre de minha me.

98

14 Eu te louvarei, porque de um modo to admirvel e

maravilhoso fui formado; maravilhosas so as tuas
obras, e a minha alma o sabe muito bem.
15 Os meus ossos no te foram encobertos, quando no
oculto fui formado, e esmeradamente tecido nas
profundezas da terra.
16 Os teus olhos viram a minha substncia ainda
informe, e no teu livro foram escritos os dias, sim,
todos os dias que foram ordenados para mim, quando
ainda no havia nem um deles.
17 E quo preciosos me so, Deus, os teus
pensamentos! Quo grande a soma deles!
18 Se eu os contasse, seriam mais numerosos do que a
areia; quando acordo ainda estou contigo.
19 Quem dera que matasses o perverso, Deus, e que
os homens sanguinrios se apartassem de mim,
20 homens que se rebelam contra ti, e contra ti se
levantam para o mal.
21 No odeio eu, Senhor, aqueles que te odeiam? e
no me aflijo por causa dos que se levantam contra ti?
22 Odeio-os com dio completo; tenho-os por inimigos.
23 Sonda-me, Deus, e conhece o meu corao; provame, e conhece os meus pensamentos;
24 v se h em mim algum caminho perverso, e guiame pelo caminho eterno.
Para muitos, este o mais belo e profundo salmo de
Davi, no qual ele exalta a oniscincia, onipresena e
onipotncia de Deus.
Ento ele ora para que o Senhor continuasse lhe
sondando, como era prprio da Sua divindade.
Davi tinha conscincia que toda a sua vida estava aberta
ao conhecimento profundo de Deus, a ponto de saber
99

at mesmo as palavras que ele proferiria, antes mesmo

de t-las pronunciado.
No havia como fugir da presena do Senhor, e nem era
este o seu desejo.
Sabia que o Senhor o cercava por todos os lados e
colocava sobre ele a Sua mo.
Este total conhecimento que h em Deus era
maravilhoso demais para ele, de tal modo elevado que
ele no podia atingi-lo.
Afinal, quem pode conhecer perfeitamente a tudo e a
todos, como somente o Senhor conhece?
Como Davi poderia fugir do alcance do poder do Esprito
Santo?
Como poderia escapar do controle de Deus, cuja face
estava voltada continuamente para a sua vida.
E no h nenhum lugar neste mundo ou fora dele no
qual possamos nos esconder da vigilncia de Deus.
Do Deus que sonda o nosso corao e pensamentos e
tudo julga.
Para Deus no h distncias, de maneira que, onde quer
que Ele nos colocar, ali Ele nos suster.
Homens podem se ocultar de outros homens nas trevas,
mas ningum pode se esconder de igual maneira de
Deus, porque at mesmo pode ver o que h nos rgos
interiores de tudo o que criou, at mesmo quando forma
o homem no ventre de sua me.
Davi dava graas a Deus pelo modo assombrosamente
maravilhoso pelo qual foi formado de maneira invisvel
ao olho humano no ventre materno; e mesmo quando
ainda era uma substncia informe os olhos do Senhor
no somente o viam, como tambm j havia registrado
todos os dias em que ele viveria neste mundo, antes
mesmo de t-lo trazido existncia.
100

Um Deus to profundo e excelente, de pensamentos

preciosos incontveis nada pode ter a ver com os que
so perversos e sanguinrios.
O Deus que formou a vida de forma to maravilhosa no
teria por alvo extingui-la.
Ento estes que se ocupam de destruir as obras de Deus
e particularmente a vida que Ele criou, poderiam ter
como certa a prpria destruio deles pelo Senhor.
De modo que todos os que se levantam contra a vontade
de Deus, e que falam maliciosamente contra Ele, como
seus inimigos, no podero prevalecer diante do
Senhor, ainda que Ele os suporte por longo tempo por
causa da Sua longanimidade.
Todavia, tal como Davi, os que amam o Senhor,
aborrecem queles que O aborrecem, ou seja, no os
tm na conta de amigos ntimos.
Por isso Davi orava para que no fosse achado em
nenhum dos caminhos destes que se opem a Deus,
pedindo-Lhe que fosse sondado por Ele, de maneira que
provasse o seu corao e pensamentos, para lhe revelar
se havia nele algum caminho mau, para que pudesse
abandon-lo, e permitir que fosse guiado por Ele pelo
caminho eterno, que o caminho da justia, da
bondade, da verdade e da santidade.

101

Salmo 140
Salmo de Davi

Livra-me, Senhor, dos homens maus; guarda-me

dos homens violentos,
2 os quais maquinam maldades no corao; esto
sempre projetando guerras.
3 Aguaram as lnguas como a serpente; peonha de
spides est debaixo dos seus lbios.
4 Guarda-me, Senhor, das mos dos mpios; preservame dos homens violentos, os quais planejaram
transtornar os meus passos.
5 Os soberbos armaram-me laos e cordas; estenderam
uma rede beira do caminho; puseram-me armadilhas.
6 Eu disse, ao Senhor: Tu s o meu Deus; d ouvidos,
Senhor, voz das minhas splicas.
7 Senhor, meu Senhor, meu forte libertador, tu
cobriste a minha cabea no dia da batalha.
8 No concedas, Senhor, aos mpios os seus desejos;
no deixes ir por diante o seu mau propsito.
9 No levantem a cabea os que me cercam; cubra-os a
maldade dos seus lbios.
10 Caiam sobre eles brasas vivas; sejam lanados em
covas profundas, para que no se tornem a levantar!
11 No se estabelea na terra o caluniador; o mal
persiga o homem violento com golpe sobre golpe.
12 Sei que o Senhor manter a causa do aflito, e o
direito do necessitado.
13 Decerto os justos louvaro o teu nome; os retos
habitaro na tua presena.
102

Davi ora por livramento dos homens perversos e

violentos cujos coraes sempre maquinam iniquidades
busca de contendas.
Estes no usavam somente a fora fsica para fazer
violncia mas especialmente a lngua para forjarem
falsidades, injrias, calnias e insdias.
Suas lnguas carregavam o poder do veneno mortal das
cobras peonhentas.
Davi pede ento ao Senhor que o livrasse das armadilhas
e ciladas que tais homens lhe preparavam s ocultas, ou
seja, sorrateiramente.
Davi sabia que Deus jamais defenderia a causa dos
opressores, seno a dos oprimidos por eles.
Ento se entregou inteiramente ao cuidado de Deus,
porque sabia que o direito do necessitado seria
garantido por Deus, e que os justos herdariam a terra, e
no os violentos, e que estes justos renderiam graas ao
nome do Senhor, porque habitaro para sempre na Sua
presena.

103

Salmo 141
Salmo de Davi

Senhor, a ti clamo; d-te pressa em me acudir! D

ouvidos minha voz, quando a ti clamo!
2 Suba a minha orao, como incenso, diante de ti, e
seja o levantar das minhas mos como o sacrifcio da
tarde!
3 Pe, Senhor, uma guarda minha boca; vigia a
porta dos meus lbios!
4 No inclines o meu corao para o mal, nem para se
ocupar de coisas ms, com aqueles que praticam a
iniquidade; e no coma eu das suas gulodices!
5 Fira-me o justo, ser isso uma benignidade; e
repreenda-me, isso ser como leo sobre a minha
cabea; no o recuse a minha cabea; mas continuarei
a orar contra os feitos dos mpios.
6 Quando os seus juzes forem arremessados duma
penha abaixo, sabero que as palavras do Senhor so
verdadeiras.
7 Como quando algum lavra e sulca a terra, so os
nossos ossos espalhados boca do Seol.
8 Mas os meus olhos te contemplam, Senhor, meu
Senhor; em ti tenho buscado refgio; no me deixes
sem defesa!
9 Guarda-me do lao que me armaram, e das
armadilhas dos que praticam a iniquidade.
10 Caiam os mpios nas suas prprias redes, at que eu
tenha escapado inteiramente.

104

Os salmos escritos por Davi comprovam que ele foi de

fato um homem de dores e de muitas aflies, porque
ns o vemos clamando continuamente ao Senhor para
ser livrado dos seus muitos inimigos.
Todavia, mais do que temer a morte nas mos dos
mpios, ele tinha o temor de pecar contra o Senhor.
No desejava desapont-lo ou desonr-lo em nada.
Por isso tambm orava para que Ele colocasse um
guarda porta da sua boca e que no permitisse que o
seu corao se inclinasse para o mal, para a prtica da
perversidade na companhia dos malfeitores, nem
mesmo comendo das suas iguarias.
Para alcanar o seu propsito de se santificar mais e
mais, Davi preferia ser ferido e repreendido pelo justo
caso andasse errado, porque isto seria para ele como
uma misericrdia, e como leo de uno derramado
sobre a sua cabea, o qual ele no rejeitaria jamais.
Ele tambm continuaria perseverando na orao
constante enquanto os perversos praticassem a
maldade.
Os juzes mpios que sustentassem a causa destes
perversos seriam precipitados no abismo, mas antes,
ouviriam as palavras agradveis de Davi, segundo a
Palavra do Senhor, mesmo depois que os seus ossos
estivessem na sepultura, e isto tem se cumprido de fato,
atravs de sculos, por tudo que podemos ler do que ele
escreveu e que se encontra registrado na Bblia, que o
livro mais lido do mundo, especialmente o livro de
Salmos, cuja maioria de autoria de Davi.
Ele tinha tal confiana porque os seus olhos espirituais
estavam sempre fixados no Senhor, e a Sua f nEle era
inabalvel.

105

Por isso podia se entregar totalmente ao cuidado do

Senhor para que fosse livrado dos seus muitos inimigos,
que eram tambm inimigos de Deus.

106

Salmo 142
Salmo de Davi

Com a minha voz clamo ao Senhor; com a minha voz

ao Senhor suplico.
2 Derramo perante ele a minha queixa; diante dele
exponho a minha tribulao.
3 Quando dentro de mim esmorece o meu esprito,
ento tu conheces a minha vereda; no caminho em que
eu ando ocultaram-me um lao.
4 Olha para a minha mo direita, e v, pois no h
quem me conhea; refgio me faltou; ningum se
interessa por mim.
5 A ti, Senhor, clamei; eu disse: Tu s o meu refgio, o
meu quinho na terra dos viventes.
6 Atende ao meu clamor, porque estou muito abatido;
livra-me dos meus perseguidores, porque so mais
fortes do que eu.
7 Tira-me da priso, para que eu louve o teu nome; os
justos me rodearo, pois me fars muito bem.
Quando este salmo foi escrito Davi ainda no reinava, e
estava sendo perseguido por Saul, e encontrava-se
escondido dele numa caverna.
Ele se encontrava completamente desamparado e no
havia nenhum lugar de refgio que fosse seguro, nem
mesmo a caverna em que encontrava, tal o grande
nmero de espies que estavam a servio de Saul.
No entanto, ele sabia que o seu clamor seria atendido
porque fizera do Senhor o Seu refgio, e no pusera a
107

sua confiana para ser livrado, na fora do homem,

seno no poder de Deus.
Podemos cometer dois grandes erros na aflio. O
primeiro est na acomodao ao mal.
Na nossa descrena pensando que Deus no est
interessado em fortalecer o nosso corao e alegrar a
nossa alma.
Com isto, no clamamos por socorro como fez Davi. No
oramos. No confiamos. No cremos.
O segundo grande erro o de subestimar a dor.
E tocarmos a vida com o corao atribulado julgando
que somos mais fortes do que qualquer problema.
Davi no tinha vergonha de assumir e reconhecer que h
situaes que o nosso inimigo, seja ele qual for, e venha
na forma que for, mais forte do que ns.
E no temos outra alternativa seno a de recorrer ao
auxlio do Altssimo, do Todo Poderoso.
H um mistrio nisto, que Paulo bem conheceu: quando
somos fracos ento somos fortes.
A graa do Senhor se revela poderosa na nossa fraqueza.
O ato de prosseguir tentando parecer ser mais fortes do
que as foras que nos oprimem e deprimem, pode fazer
com que ns, nesta nossa autoconfiana venhamos a
ficar amargurados, endurecidos, obstinados e frios.
O poder no nosso e nem das foras que nos assolam,
mas exclusivo de Jesus Cristo.
Todo o poder Lhe foi dado nos cus e na terra, Ele tem
autoridade sobre tudo e todos. seu prazer ajudar-nos
quando clamamos por socorro.
Assim nossa primeira ocupao a de recorrer a Deus.
Faamos conhecidas de Deus nossas dvidas e temores.
Quando estamos na caverna da aflio no so palavras
religiosas que iro nos ajudar. No so meras palavras
que temos que falar, mas colocar toda nossa angstia
108

diante de Deus. Tal como uma criana devemos dizer ao

Senhor todas as nossas angstias, nossas queixas,
nossas misrias, temores. Se lhe confessarmos tudo, Ele
dar ao nosso esprito um grande alvio, pois tem
prometido libertar do cativeiro a alma que lhe clama por
socorro na angstia (Sl 50.15).
Vo o socorro humano quando estamos na caverna.
Deus pode levantar homens para virem em nosso
auxlio, mas devemos reconhecer que eles no viriam e
no agiriam bem em nosso favor se o Senhor no os
dirigisse em tal sentido.
importante destacar que quando Davi fez esta orao
ele se encontrava num grande refgio que era a caverna
de Adulo, e estava em companhia de seus familiares e
de quatrocentos homens que haviam feito dele o seu
chefe, mas Davi sabia que no h segurana confivel
em nada neste mundo. E disps-se a buscar o nico e
verdadeiro e seguro refgio, o Senhor nosso Deus.
preciso reconhecer como Davi que somente no Senhor
h esperana e interesse em socorrer a nossa alma. Por
isso ele orou assim nos versos 4 e 5:
4. Olha minha direita e v, pois no h quem me
reconhea, nenhum lugar de refgio, ningum que por
mim se interesse.
5. A ti clamo, Senhor; e digo: Tu s o meu refgio, o meu
quinho na terra dos viventes.
As tribulaes aprisionam a nossa alma, colocam-na no
crcere. Ali perdemos a alegria da salvao, porque a
alma como um pssaro que s canta em liberdade. Os
grilhes da maldade, da perseguio do inimigo que
busca aprisionar a nossa alma, no podem resistir ao
poder de Jesus que quebra todas as cadeias que nos
prendem, e nos d perfeita liberdade. Podemos
caminhar livremente em Jesus. E por isso Davi orou:
109

6. Atendes ao meu clamor, pois me vejo muito fraco.

Livra-me dos meus perseguidores, porque so mais
fortes do que eu.
7. Tira a minha alma do crcere, para que eu te d graas
ao teu nome: os justos me rodearo, quando me fizeres
esse bem.
Quando os homens so livrados da priso, eles
agradecem e louvam pessoa que os libertou. Muito
mais ns devemos adorar e louvar a Jesus pela liberdade
que Ele nos d. Devemos glorificar o seu santo nome
porque somente ele digno de adorao.
H uma coisa para ser conhecida em relao s
tribulaes que sofremos:
Quando Deus quer fazer grande a uma pessoa, ele
primeiro a quebra em pedaos.
Agora Davi seria rei sobre todo Israel. Por onde passava
o caminho para o trono de Davi? Pela caverna de
Adulo. Deveria ir para l, perseguido por Saul, como
um pria, um proscrito, porque esse era o caminho que
o levaria a ser o rei que era segundo o corao de Deus.
Vocs no tm reparado em suas prprias vidas, que
cada vez que Deus vai dar-lhes um crescimento, para
lhes levar a uma esfera maior de servio, ou nvel mais
elevado na vida espiritual, que primeiro vocs so
derrubados? Por isso a Palavra diz que devemos ter por
motivo de toda a alegria o passar por vrias provaes.
Porque esta a maneira de Deus trabalhar conosco. Faz
com que tenhamos fome antes de dar-nos de
comer. Desnuda-nos antes de vestir-nos. Faz de ns
nada, antes de fazer algo de ns.
Na aflio da caverna aprendemos a chorar com os que
choram. Aprendemos a valorizar o sofrimento dos
nossos irmos e compartilhamos com eles as suas lutas,
110

intercedendo por eles e socorrendo-os em suas

tribulaes.
Sem a caverna no aprenderamos nenhuma destas
coisas, e por isso somos exortados a sermos gratos a
Deus por tudo, e a entender que todas as coisas
cooperam juntamente para o bem dos que amam a
Deus.
Lembremos que quando Deus nos retirar da caverna,
uma vez cessado o perigo, ou por termos recebido foras
para enfrent-lo, devemos vigiar para no sairmos nos
lamentando da experincia que passamos, ao contrrio
o Senhor quer que o louvemos pelo Seu poderoso
livramento, porque os que cantam so os que seguem
adiante. Fora com todo o pessimismo e nuvens de
tristeza que venham sobre ns, depois que temos sido
libertados por Deus. Que se encontrem somente
palavras de louvor e gratido em nossos lbios, e outros
se juntaro a ns, para receberem da mesma alegria e
uno. Davi agia assim e devemos agir do mesmo modo,
orando juntamente com ele:
7. Tira a minha alma do crcere, para que eu te d graas
ao teu nome: os justos me rodearo, quando me fizeres
esse bem.

111

Salmo 143
Salmo de Davi

Senhor, ouve a minha orao, d ouvidos s minhas

splicas! Atende-me na tua fidelidade, e na tua retido;
2 e no entres em juzo com o teu servo, porque tua
vista no se achar justo nenhum vivente.
3 Pois o inimigo me perseguiu; abateu-me at o cho;
fez-me habitar em lugares escuros, como aqueles que
morreram h muito.
4 Pelo que dentro de mim esmorece o meu esprito, e
em mim est desolado o meu corao.
5 Lembro-me dos dias antigos; considero todos os teus
feitos; medito na obra das tuas mos.
6 A ti estendo as minhas mos; a minha alma, qual
terra sedenta, tem sede de ti.
7 Atende-me depressa, Senhor; o meu esprito
desfalece; no escondas de mim o teu rosto, para que
no me torne semelhante aos que descem cova.
8 Faze-me ouvir da tua benignidade pela manh, pois
em ti confio; faze-me saber o caminho que devo seguir,
porque a ti elevo a minha alma.
9 Livra-me, Senhor, dos meus inimigos; porque em ti
que eu me refugio.
10 Ensina-me a fazer a tua vontade, pois tu s o meu
Deus; guie-me o teu bom Esprito por terreno plano.
11 Vivifica-me, Senhor, por amor do teu nome; por
amor da tua justia, tira-me da tribulao.
12 E por tua benignidade extermina os meus inimigos,
e destri todos os meus adversrios, pois eu sou servo.
112

Quando lemos o livro de Salmos, e nos deparamos

especialmente com os salmos em que Davi rasga o seu
corao e alma atribulados diante de Deus, em busca de
refrigrio, socorro e livramento, como este, por
exemplo, ficamos a pensar at que ponto temos
transformado o prprio culto de adorao ao Senhor,
em muitas de nossas igrejas, numa espcie de bezerro
de ouro sagrado, que usamos na adorao, em vez de
adorarmos em esprito e em verdade, que a nica
forma de adorao aceitvel por Deus.
Esta verdade no apenas a verdade da prpria Palavra,
mas tambm a verdade relativa s nossas reais
condies, especialmente de corpo, alma e esprito.
Como lidar com um Deus verdadeiro, sem que seja nesta
base de verdade, tal como encontramos em todos os
personagens da Bblia que lograram agradar a Deus?
Se o nosso alvo em nossos cultos o de agrad-lo e no
propriamente a ns mesmos, estamos obrigados a
seguir o mesmo critrio de verdade que eles seguiram,
no ocultando de Deus a sua real condio, e no
impondo-Lhe algo formal que no viesse da prpria
experincia pessoal deles e do profundo dos seus
coraes.
Por isso os salmos no so meras produes poticas,
compostas com a finalidade de atender a um
determinado propsito religioso, seno a expresso da
prpria vida do salmista, e do mover do Esprito Santo
sobre ela, nas experincias reais que eles viveram.
Este o motivo porque falam to profundamente a ns.
Lembremos que Deus nos ordena a pregao da Palavra,
mas no necessariamente na forma de sermes.
Por este motivo, devemos ter muito cuidado para no
construirmos bezerros de ouro em nossos cultos,
113

fazendo por exemplo do momento de louvor um dolo,

do sermo outro dolo, e assim sucessivamente, quanto
a tudo o que for apresentado no culto, porque
estaremos adorando no ao Senhor, mas ao momento
de louvor e ao sermo propriamente ditos.
E quo perigoso isto para uma verdadeira adorao.
Substituirmos o grande objetivo dela que o prprio
Deus, pelos meios que usamos para ador-lo.
Quantos estariam dispostos a fazerem uma orao
como a que Davi fez neste salmo, em pleno culto
pblico?
Veja que ele pede a Deus que atendesse s suas splicas,
no confiado na sua prpria justia, mas na fidelidade e
na justia do prprio Senhor.
Ele pede humildemente para que o Senhor no entrasse
em juzo com ele com base na sua perfeio na justia,
porque sabia que vista do Senhor nenhum homem
perfeitamente justo.
E ele declara que o diabo estava se aproveitando disto,
perseguindo a sua alma e assolando a sua vida, fazendolhe sentir-se como aqueles que haviam morrido h
muito tempo.
Ele confessa que o seu esprito est abatido, e que o seu
corao estava turbado.
Todavia, ele trazia memria o que podia lhe dar
esperana, lembrando dos dias passados em que Deus
havia manifestado o Seu grande poder, realizando
grandes obras.
Ento se esforava levantando as suas mos para o
Senhor, para que Ele o segurasse e apoiasse, e passava
a sentir sede em sua alma pela presena de Deus, tal
como uma terra seca que aguarda ansiosamente pelas
chuvas.
114

Ele pede que o Senhor no demorasse em responder-lhe

porque o seu esprito estava a ponto de desfalecer, e
que no sucedesse de o Senhor lhe ocultar a Sua face,
porque ento ele se sentiria como aqueles que j
morreram.
Ele clama ento para que o Senhor lhe manifestasse a
Sua graa, porque apesar do seu abatimento no deixou
de confiar nEle um s momento, e que Lhe mostrasse o
caminho pelo qual deveria andar, porque havia elevado
a sua alma at a Sua presena.
Ele pediu que Deus o livrasse dos seus inimigos, porque
fizera dEle o seu nico refgio.
E que lhe continuasse ensinando a fazer a Sua vontade,
porque somente Ele era o Seu Deus, de maneira que
sabia que o Esprito Santo haveria de gui-lo por um
terreno plano, sem pedras, nas quais pudesse tropear.
Finalmente, ele pede a Deus que o vivificasse no por
causa dele, Davi, mas por causa do amor do Seu nome,
por amor Sua justia, tirando a sua alma da tribulao.
E que por misericrdia desse cabo de todos os seus
inimigos, de todos os que lhe atribulavam a alma,
porque afinal era servo do Senhor, e tinha dEle a
promessa de ser livrado da angstia por Ele, sempre que
Lhe clamasse por socorro.
Este o efeito da ligao da alma com Deus, quando
libertada dos seus opressores, ela no somente
livrada, como os seus opressores, ou seja, todos os
agentes do inferno que a oprimiam, so subjugados por
Deus.

115

Salmo 144
Salmo de Davi

Bendito seja o Senhor, minha rocha, que adestra as

minhas mos para a peleja e os meus dedos para a
guerra;
2 meu refgio e minha fortaleza, meu alto retiro e meu
e meu libertador, escudo meu, em quem me refugio;
ele quem me sujeita o meu povo.
3 Senhor, que o homem, para que tomes
conhecimento dele, e o filho do homem, para que o
consideres?
4 O homem semelhante a um sopro; os seus dias so
como a sombra que passa.
5 Abaixa, Senhor, o teu cu, e desce! Toca os montes,
para que fumeguem!
6 Arremessa os teus raios, e dissipa-os; envia as tuas
flechas, e desbarata-os!
7 Estende as tuas mos desde o alto; livra-me, e
arrebata-me das poderosas guas e da mo do
estrangeiro,
8 cuja boca fala vaidade, e cuja mo direita a destra
da falsidade.
9 A ti, Deus, cantarei um cntico novo; com a harpa
de dez cordas te cantarei louvores,
10 sim, a ti que ds a vitria aos reis, e que livras da
espada maligna a teu servo Davi.
11 Livra-me, e tira-me da mo do estrangeiro, cuja boca
fala mentiras, e cuja mo direita a destra da
falsidade.
116

12 Sejam os nossos filhos, na sua mocidade, como

plantas bem desenvolvidas, e as nossas filhas como
pedras angulares lavradas, como as de um palcio.
13 Estejam repletos os nossos celeiros, fornecendo
toda sorte de provises; as nossas ovelhas produzam a
milhares e a dezenas de milhares em nossos campos;
14 os nossos bois levem ricas cargas; e no haja
assaltos, nem sortidas, nem clamores em nossas ruas!
15 Bem-aventurado o povo a quem assim sucede! Bemaventurado o povo cujo Deus o Senhor.
Este salmo foi escrito por Davi quando j se encontrava
reinando. Nos salmos comentados anteriormente ele
ainda no havia assumido o trono de Israel.
Todavia ns o vemos continuando a recorrer ao socorro
de Deus para livr-lo dos seus inimigos.
O Senhor lhe havia adestrado para a guerra, porque foi
seu escolhido para livrar Israel das opresses que vinha
sofrendo dos povos inimigos, tais como os filisteus,
moabitas, amonitas, edomitas, jebuseus e srios.
Saul havia falhado nesta misso e ento o Senhor
levantou Davi para execut-la, e isto explica em boa
parte a razo de ter sofrido tantas tribulaes.
Ele foi bem sucedido porque fizera do Senhor a sua
rocha, fortaleza, refgio, libertador e escudo.
Vinha tambm do Senhor a obedincia que o povo de
Israel tinha a Davi.
Ele era rei, mas reconhecia que o homem nada vista
de Deus.
Que sua vida como um sopro.
Alm disso o homem est corrompido pelo pecado e
somente o Senhor pode resgat-lo de tal condio de
misria.
117

De modo, que aqueles que no se submeterem a tal

restaurao, sero destrudos.
Davi ento se disporia sempre a louvar ao Senhor,
inclusive com o uso de instrumentos de cordas.
Ele continuaria clamando por livramento e para que o
Senhor desse plena proviso ao reino de Israel, no
somente em seus dias, mas em todas as geraes,
porque Israel era o povo do Senhor.
Deus tinha demonstrado toda a Sua bondade para com
Israel, especialmente nos dias de Davi, ento ele declara
que bem-aventurado era o povo a quem sucede tal
cuidado e proviso do Senhor, a saber Israel, cujo Deus
era o Senhor.

118

Salmo 145

Eu te exaltarei, Deus, rei meu; e bendirei o teu nome

pelos sculos dos sculos.
2 Cada dia te bendirei, e louvarei o teu nome pelos
sculos dos sculos.
3 Grande o Senhor, e mui digno de ser louvado; e a
sua grandeza insondvel.
4 Uma gerao louvar as tuas obras outra gerao, e
anunciar os teus atos poderosos.
5 Na magnificncia gloriosa da tua majestade e nas
tuas obras maravilhosas meditarei;
6 falar-se- do poder dos teus feitos tremendos, e eu
contarei a tua grandeza.
7 Publicaro a memria da tua grande bondade, e com
jbilo celebraro a tua justia.
8 Bondoso e compassivo o Senhor, tardio em irar-se,
e de grande benignidade.
9 O Senhor bom para todos, e as suas misericrdias
esto sobre todas as suas obras.
10 Todas as tuas obras te louvaro, Senhor, e os teus
santos te bendiro.
11 Falaro da glria do teu reino, e relataro o teu
poder,
12 para que faam saber aos filhos dos homens os teus
feitos poderosos e a glria do esplendor do teu reino.
13 O teu reino um reino eterno; o teu domnio dura
por todas as geraes.
14 O Senhor sustm a todos os que esto a cair, e
levanta a todos os que esto abatidos.

119

15 Os olhos de todos esperam em ti, e tu lhes ds o seu

mantimento a seu tempo;
16 abres a mo, e satisfazes o desejo de todos os
viventes.
17 Justo o Senhor em todos os seus caminhos, e
benigno em todas as suas obras.
18 Perto est o Senhor de todos os que o invocam, de
todos os que o invocam em verdade.
19 Ele cumpre o desejo dos que o temem; ouve o seu
clamor, e os salva.
20 O Senhor preserva todos os que o amam, mas a
todos os mpios ele os destri.
21 Publique a minha boca o louvor do Senhor; e
bendiga toda a carne o seu santo nome para todo o
sempre.
Davi exalta e bendiz a Deus neste salmo, a quem ele
chama de seu Rei.
Ele sabia que a presidncia de Israel no era
propriamente dele, mas do Senhor, at mesmo porque
ele morreria e outros passariam a reinar em seu lugar, e
assim sucessivamente, mas o Senhor permaneceria
sendo o grande Rei de Israel para sempre.
Ento ele havia se determinado a louvar e a bendizer o
Senhor por todos os dias da sua vida, porque o Senhor
era digno de ser louvado de tal maneira, por causa da
Sua grandeza insondvel.
Davi afirma que o Senhor seria louvado por todas as
geraes pela grandeza dos seus feitos tremendos, e por
causa da Sua muita bondade e justia.
Afirma tambm ao lado da benignidade e misericrdia
do Senhor, a Sua longanimidade (tardio em se irar) e
perdo.
120

Davi havia aprendido que Deus bom para todos os

homens, e que as suas obras em relao a eles so
permeadas pelas suas ternas misericrdias.
Por isso lhe renderiam graas por Suas obras, e todos os
Seus santos Lhe bendiriam.
Ele profetizou especialmente sobre o que tem sucedido
no perodo da Igreja de Cristo, no qual a glria e o reino
de Deus tm sido proclamados, e pelo qual muitos tm
confessado o poder do Senhor, para testemunho para
todos os homens.
Afinal o que se proclama no um reino e um Rei
passageiros, mas eternos.
E isto suceder sem falta porque o Senhor fiel em
todas as suas palavras e todas as suas obras so de
santidade, ou seja, no podem ser desfeitas, porque
tudo o que santo tem o carter da eternidade e deve
permanecer para sempre.
Os que se acham prostrados e que vacilam seriam
sustentados pelo poder do prprio Deus.
E a todos que esperarem na proviso do Senhor, Ele os
sustentar.
Os caminhos do Senhor so justos, de maneira que os
mpios que praticam a iniquidade no andaro por eles,
nem sequer os conhecero.
Por isso o Senhor somente est perto daqueles que O
invocam em verdade, no propriamente na verdade
deles, mas consoante a verdade revelada por Ele na Sua
Palavra, quanto ao modo como devem se aproximar
dEle.
Ento acudir aqueles que O temem atendendo-lhes o
clamor por livramento.
Ele guarda a esses que O amam por guardarem os Seus
mandamentos. Mas os mpios sero exterminados no
dia do juzo.
121

Salmo 146

Louvai ao Senhor. minha alma, louva ao Senhor.

2 Louvarei ao Senhor durante a minha vida; cantarei
louvores ao meu Deus enquanto viver.
3 No confieis em prncipes, nem em filho de homem,
em quem no h auxlio.
4 Sai-lhe o esprito, e ele volta para a terra; naquele
mesmo dia perecem os seus pensamentos.
5 Bem-aventurado aquele que tem o Deus de Jac por
seu auxlio, e cuja esperana est no Senhor seu Deus
6 que fez os cus e a terra, o mar e tudo quanto neles
h, e que guarda a verdade para sempre;
7 que faz justia aos oprimidos, que d po aos
famintos. O Senhor solta os encarcerados;
8 o Senhor abre os olhos aos cegos; o Senhor levanta os
abatidos; o Senhor ama os justos.
9 O Senhor preserva os peregrinos; ampara o rfo e a
viva; mas transtorna o caminho dos mpios.
10 O Senhor reinar eternamente: o teu Deus, Sio,
reinar por todas as geraes. Louvai ao Senhor!
Os fiis so chamados a louvarem ao Senhor com suas
almas e durante toda a vida. So alertados para no
colocarem a sua confiana em prncipes, ou em
quaisquer homens, para que sejam livrados,
especialmente porque a vida do homem breve, e na
sua morte, se vo com eles todos os seus desgnios.
Ento bem-aventurados so os que tm no Deus de
Israel o seu auxlio e esperana, porque alm de ser o

122

Criador de tudo, mantm para sempre a Sua fidelidade,

porque eterno.
Ele que faz justia aos oprimidos e sustenta os que tm
fome.
dEle o poder de libertar os encarcerados pelos poderes
das trevas.
Ele restaura a vista aos cegos e levanta os abatidos,
porque ama os justos.
Ele protege os peregrinos e ampara os rfos e as vivas
do Seu povo, porm transtorna o caminho dos mpios.

123

Salmo 147

Louvai ao Senhor; porque bom cantar louvores ao

nosso Deus; pois isso agradvel, e decoroso o
louvor.
2 O Senhor edifica Jerusalm, congrega os dispersos de
Israel;
3 sara os quebrantados de corao, e cura-lhes as
feridas;
4 conta o nmero das estrelas, chamando-as a todas
pelos seus nomes.
5 Grande o nosso Senhor, e de grande poder; no h
limite ao seu entendimento.
6 O Senhor eleva os humildes, e humilha os perversos
at a terra.
7 Cantai ao Senhor em ao de graas; com a harpa
cantai louvores ao nosso Deus.
8 Ele que cobre o cu de nuvens, que prepara a chuva
para a terra, e que faz produzir erva sobre os montes;
9 que d aos animais o seu alimento, e aos filhos dos
corvos quando clamam.
10 No se deleita na fora do cavalo, nem se compraz
nas pernas do homem.
11 O Senhor se compraz nos que o temem, nos que
esperam na sua benignidade.
12 Louva, Jerusalm, ao Senhor; louva, Sio, ao teu
Deus.
13 Porque ele fortalece as trancas das tuas portas;
abenoa aos teus filhos dentro de ti.
14 Ele quem estabelece a paz nas tuas fronteiras;
quem do mais fino trigo te farta;
124

15 quem envia o seu mandamento pela terra; a sua

palavra corre mui velozmente.
16 Ele d a neve como l, esparge a geada como cinza,
17 e lana o seu gelo em pedaos; quem pode resistir
ao seu frio?
18 Manda a sua palavra, e os derrete; faz soprar o
vento, e correm as guas;
19 ele revela a sua palavra a Jac, os seus estatutos e
as suas ordenanas a Israel.
20 No fez assim a nenhuma das outras naes; e,
quanto s suas ordenanas, elas no as conhecem.
Louvai ao Senhor!
Como os salmos anteriores, este mais um salmo que
exalta o cuidado providencial de Deus para com o Seu
povo, especialmente para com os humildes, com os que
O temem, confiam nEle, e esperam na Sua misericrdia,
motivo pelo qual Israel convocado a louv-lo.
Deus preside sobre todas as obras da criao, mas
somente a Israel revelou a Sua Palavra e preceitos, coisa
que no havia feito a nenhuma outra nao da terra,
motivo pelo qual Israel deveria louv-lo para sempre,
por ter tido to grande honra de ser a nao eleita de
Deus, para fazer conhecida a Sua vontade at que viesse
o Messias, quando a partir de ento, tambm se voltaria
para os gentios.

125

Salmo 148

Louvai ao Senhor! Louvai ao Senhor desde o cu,

louvai-o nas alturas!
2 Louvai-o, todos os seus anjos; louvai-o, todas as suas
hostes!
3 Louvai-o, sol e lua; louvai-o, todas as estrelas
luzentes!
4 Louvai-o, cus dos cus, e as guas que esto sobre
os cus!
5 Louvem eles o nome do Senhor; pois ele deu ordem,
e logo foram criados.
6 Tambm ele os estabeleceu para todo sempre; e lhes
fixou um limite que nenhum deles ultrapassar.
7 Louvai ao Senhor desde a terra, vs, monstros
marinhos e todos os abismos;
8 fogo e saraiva, neve e vapor; vento tempestuoso que
excuta a sua palavra;
9 montes e todos os outeiros; rvores frutferas e todos
os cedros;
10 feras e todo o gado; rpteis e aves voadoras;
11 reis da terra e todos os povos; prncipes e todos os
juzes da terra;
12 mancebos e donzelas; velhos e crianas!
13 Louvem eles o nome do Senhor, pois s o seu nome
excelso; a sua glria acima da terra e do cu.
14 Ele tambm exalta o poder do seu povo, o louvor de
todos os seus santos, dos filhos de Israel, um povo que
lhe chegado. Louvai ao Senhor!
Neste salmo todas as criaturas de Deus, quer nos cus,
quer na terra, so chamadas a louv-lo.
126

Salmo 149

Louvai ao Senhor! Cantai ao Senhor um cntico

novo, e o seu louvor na assembleia dos santos!
2 Alegre-se Israel naquele que o fez; regozijem-se os
filhos de Sio no seu Rei.
3 Louvem-lhe o nome com danas, cantem-lhe louvores
com adufe e harpa.
4 Porque o Senhor se agrada do seu povo; ele adorna
os mansos com a salvao.
5 Exultem de glria os santos, cantem de alegria nos
seus leitos.
6 Estejam na sua garganta os altos louvores de Deus, e
na sua mo espada de dois gumes,
7 para exercerem vingana sobre as naes, e castigos
sobre os povos;
8 para prenderem os seus reis com cadeias, e os seus
nobres com grilhes de ferro;
9 para executarem neles o juzo escrito; esta honra ser
para todos os santos. Louvai ao Senhor!
Se o salmo anterior um hino de louvor ao Criador, este
um hino de louvor ao Redentor. um salmo de triunfo
do Deus de Israel sobre os inimigos do Seu povo.

127

Salmo 150

Louvai ao Senhor! Louvai a Deus no seu santurio;

louvai-o no firmamento do seu poder!
2 Louvai-o pelos seus atos poderosos; louvai-o
conforme a excelncia da sua grandeza!
3 Louvai-o ao som de trombeta; louvai-o com saltrio e
com harpa!
4 Louvai-o com adufe e com danas; louvai-o com
instrumentos de cordas e com flauta!
5 Louvai-o com cmbalos sonoros; louvai-o com
cmbalos altissonantes!
6 Tudo quanto tem flego louve ao Senhor. Louvai ao
Senhor!
Este ltimo salmo tanto quanto o primeiro, possuem o
mesmo nmero de versculos (6 versos).
O primeiro salmo comea com ordenaes quanto ao
modo de se caminhar neste mundo na presena de Deus
e dos homens. E este ltimo encerra o livro com uma
convocao a se louvar ao Senhor de todas as formas
possveis.
Uma vez aprendido o dever de como se deve andar na
presena do Senhor tambm agora no somente um
dever, mas uma consequncia deste aprendizado, que
louvaremos ao Senhor de todo o nosso corao e com
todas as nossas foras, no somente com os lbios, mas
com instrumentos e com danas.

128