Arte Org Terapia
Arte Org Terapia
Arte Org Terapia
Texto de contexto:
Algumas consideraes sobre
a Arte Org Terapia.
O texto aqui descrito uma pequena compilao de alguns captulos e trechos do livro
Aproximaes ao mtodo teraputico da Arte Org de Jovino Camargo Junior.
Jovino Camargo Junior
Junho de 2013.
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Funcionamento virtual.
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nalismo paralelo); com seu corpo de procedimentos prticos e de conhecimentos tericos, constituindo-se assim numa nova abordagem terapeuta.
Na Arte Org atual, o desenvolvimento do processo teraputico se d de acordo com duas modalidades ou caminhos teraputicos paralelos.
O primeiro caminho seguindo os caminhos da ausncia est de acordo
com o modelo vertical pendular da conexo ausente e com o funcionamento
polar e cclico do funcionamento virtual; sendo que neste caso sua metodologia foi composta de acordo com a estratificao da ausncia; e de acordo
com o territrio fronteirio e se refere Arte Org da ausncia.
O segundo caminho os caminhos de si-mesmo no - aqui est de acordo
com modelo horizontal polar da conexo com o aqui e com funcionamento das presses do aqui do funcionamento virtual com a vida cotidiana
pressionada; sendo que sua metodologia foi composta de acordo a estratificao do aqui; e de acordo com o territrio intermedirio; e se refere
Arte Org paralela que se desenvolveu a partir do projeto reciclagem da Arte
Org.
Na prtica da Arte Org atual este dois caminhos so paralelos e a terapia
caminha oscilando e alternando entre os dois.
Quanto a sua orientao disciplinar; a Arte Org terapia no uma terapia
lingustica como no uma terapia psicolgica, nem sequer uma psicoterapia corporal; mas sim uma metodologia teraputica ou uma terapia corporal de tendncia reichiana e de orientao arteorguiana que abarca tanto
a organizao da corporalidade como a organizao da percepo; incluindo a percepo de campo, o campo perceptivo, a percepo difusa e a percepo de campo sobreposta.
Seu corpo de procedimentos teraputicos (em sua grande maioria; ou em
99% dos casos) composto por exerccios-procedimentos (cada qual com
uma ou mais pautas na maioria das vezes contrapostas); portanto, na prtica, o que temos como procedimentos teraputicos so movimentos corporais e perceptivos relacionados com a arte de se mover por si-mesmo. Na
Arte Org terapia inclusive a compreenso passa (em parte) pela arte de se
mover ou est a ela relacionada.
A Arte Org terapia est centrada na relao da pessoa com ela-mesma o
que significa que o importante no que interpretamos ou o significado
que damos para qualquer aspecto da pessoa; nem a interpretao ou significado que a pessoa se d para si-mesma; mas sim como a pessoa sente
(sentir) e se percebe (perceber) a si-mesma e ao seu entorno, quando est
parada e principalmente quando entra em movimento.
Alm disto; grande parte do que est envolvido com o homem de nosso
tempo (virtuais) e com seu funcionamento ausente (com suas percepes
de campo, com seu campo perceptivo, com sua percepo difusa, e com
sua percepo sobreposta) se encontra no limite da linguagem ou alm dele e se constitui no incoerente e contraditrio linguajar virtual.
Do ponto de vista prtico; a Arte Org foi criada, inventada e desenvolvida
pelas prprias pessoas que foram passando por seus exercciosprocedimentos (criando, modificando-os ou tendo insights sobre o seu funcionamento); foi elaborada por uma equipe de profissionais ligados a Asso-
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Em termos gerais, o objetivo da Arte Org lidar com o funcionamento virtual em geral. Em termos especficos o objetivo da metodologia da Arte Org
acompanhar trabalhar com o processo ou procedimentos envolvidos
com o ausentar-se de si-mesmo e do mundo.
Ou seja, sua proposta central ou seu foco de trabalho lidar (investigar, acompanhar e trabalhar terapeuticamente) com o processo da ausncia sendo que esta trs consigo o ato de ausentar-se (de si-mesmo e do mundo
que nos rodeia); o ato de voltar (para si-mesmo e para o mundo que nos
rodeia) a estar presente; e, os conflitos e consequncias destes conflitos
(que se manifestam em diversos nveis da relao da pessoa com elamesma) gerados pelo processo ausente e internalizados a partir desta ausncia e desta presena.
A forma da Arte Org terapia recapacitar a pessoa a lidar com a sua capacidade de se ausentar de si-mesmo e do mundo e de voltar para si-mesmo e
ao mundo reorganizando a corporalidade e a percepo de campo da
pessoa em questo; capacitando-a a se acompanhar, sendo que este proceder e estes procedimentos se encontram centrados na relao da pessoa
com ela-mesma; o que significa que a pessoa seu prprio agente (para
no dizer seu prprio terapeuta); isto , a prpria pessoa quem se encarrega ou quem deve se encarregar de se colocar em movimento e se acompanhar. O mesmo valido para todas s situaes colaterais (estas que so
chamadas de atores coadjuvantes ou sintomas) que costumam acompanhar
o funcionamento virtual; ou melhor; que costumam comear a aparecer
quando o funcionamento virtual comea a se desorganizar.
Veja que na Arte Org, as principais caractersticas de um virtual a caminho
da desorganizao; ou quando ele se desorganiza (quando rompe a barreira
de si-mesmo); ou ainda quando ele fica pressionado no meio do caminho
(presses do aqui); ou quando se reorganiza novamente como juntando
os pedaos (de forma nativa, naturalmente ou de acordo com as vicissitudes da vida) compondo-se como uma pseudoestrutura ou como uma estrutura virtual; so todas consideradas como um desdobramento de uma
mesma condio inicial; a saber, a perda da capacidade de se distanciar ou
se ausentar de si-mesmo e do mundo a seu redor e de voltar para si-mesmo
e para o mundo a seu redor.
De acordo com a Arte Org; s impresses (sejam impresses sensoriais ou
impresses sensoriais difusas), os mal-estares, os sintomas, as presses e
as fixaes, os estados anmicos, a ressaca virtual, a sobre-excitao do
campo e a desorganizao da identidade; e demais elementos que costumam acompanhar a desorganizao do funcionamento virtual; geralmente
acompanhados dos mais diversos tipos de desconexo: so todos eles engatilhados por um descompasso, por uma perda da graduao ou por um desarranjo promovido pelos processos e procedimentos que a pessoa usa ou
usou para ausentar-se, principalmente para voltar para si-mesma,
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Portanto, o prprio processo teraputico quem deve se encarregar de introduzir uma pauta de organizao constante de tal forma que permita a
pessoa ir recuperando sua capacidade de se ausentar sem tantas desconexes.
O conceito de estratificao que usamos como referncia do modelo reichiano e vem da anlise do carter. Significa o caminho que o processo teraputico deve percorrer como seguindo um fio vermelho do incio ao final
da terapia. Sendo este fio vermelho o que diferenciava uma estrutura de
carter da outra.
A estratificao da couraa est intimamente relacionada com o conceito de
couraa, de acordo com o processo teraputico centrado nas defesas; onde
um elemento na posio de contacto substituto revela o outro na posio
de contacto numa camada mais profunda; que por sua vez se transforma na
prxima defesa ou num novo contacto substituto.
assim que Reich propunha a estratificao teraputica de cada carter; de
acordo com a estrutura de funcionamento da couraa caracterolgica de
cada carter; de defesa em defesa comeando pelos traos de carter mais
superficiais, depois para os traos ou atitudes carregados emocionalmente;
seguindo se aprofundando de uma emoo para outra at encontrar as expresses emocionais fora do universo da linguagem relacionadas com a entrega e com o reflexo orgstico. Passando assim pelas trs camadas da couraa, a superficial a mdia e a profunda.
Este forma de estratificao chamada de estratificao natural. construda pelas prprias defesas quem vo revelando o caminho a ser seguido pelo processo teraputico.
A estratificao que segue o caminho da couraa corporal mais ou menos
parecida; sendo que: quando se consegue flexibilizar uma defesa corporal
ou mesmo quando se expressa uma emoo adequadamente: a pessoa
descarrega.
Agora, uma descarga (emocional) estimula uma nova carga, isto , aumenta
a carga disponvel no organismo como um todo, que se direciona para a
periferia do organismo. Conforme isto vai acontecendo, a mesma emoo
vivida como descarga comea a se transformar na prxima defesa e aparece
de forma mesclada com uma prxima emoo.
Ou seja, a couraa (muscular) se v obrigada a se defender deste aumento
de carga; e com isto ela se revela a si mesma como couraa, se manifestando como uma contrao muscular, como uma atitude corporal ou como
uma expresso emocional; e assim por diante.
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Agora, a dinmica estrutural do funcionamento virtual no funciona de forma linear, nem sequer remotamente.
Em primeiro lugar o fio vermelho do funcionamento virtual a prpria ausncia, sendo que esta funciona por ciclos, hora obrigando a pessoa a se
desenraizar do corpo e da percepo organizada, hora obrigando a pessoa
a se enraizar novamente. Mesmo com a direo da ausncia de voltar para
si-mesmo, portanto para o corpo; o processo funciona por saltos com vazios intercalados; indo de um domnio para o outro, sem a menor sequencia e
nem a menor ordem (pelo menos no a sequencia ou a ordem linear que
esperamos). Os nveis da experincia tambm no so graduados; isto , a
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Quando Joo volta para si-mesmo, para o mundo e para Maria, ele j
no sabe de sua ausncia; s sabe de seu estar e de seu estado desolado, abandonado e solitrio.
assim de transtocado que Joo volta a se encontrar com Maria; somente que Maria ficou no mesmo lugar, e segue na mesma onda da
briga com Joo, com algo para ser resolvido, que geralmente se trata
da queixa de Maria sobre a falta de compromisso afetivo de Joo; e
Joo j est em outra muito diferente.
E o pior, quando perguntamos para o Joo se ele sabe de onde est
vindo o seu estado desolado, solitrio e transtocado, ele diz que de
Maria, enquanto esta no sabe pensar em outra coisa que em fritar o
Joo por sua falta de compromisso e desconsiderao.
Enquanto Joo no sabe pensar em outra coisa do que como resolver
seu estado desolado e solitrio com a presena de Maria; sendo que
Maria no tem e no pode ter absolutamente nada a ver com a desolao solitria de Joo, pois esta foi promovida por ele mesmo, visitando lugares de sua prpria ausncia inacessveis para Maria.
Agora, se Joo consegue encontrar-se com Maria com um destes recursos malditos onde uma boa briguinha consegue restabelecer a
presena de Joo, Maria vira um verdadeiro perigo, pois agora Joo
depende de Maria para recuperar sua prpria presena.
E Maria, mais cedo ou mais tarde, se cansa da falta de compromisso
afetivo de Joo e acaba se ausentando de verdade, abandonando Joo literalmente, ou de forma virtual, seguindo o caminho de sua prpria ausncia.
Em funcionamentos polares e cclicos com episdios ausentes intercalados
impossvel seguir qualquer desenvolvimento histrico que corresponda verdadeiramente realidade vivida, pois os elementos histricos no se relacionam mais com a experincia que a pessoa realmente viveu; mas sim esto a servio de encontrar uma explicao ou uma interpretao para dar
um sentido interpretativo qualquer aos estados e frequncias anmicas que
se apoderam da pessoa, e estes no se relacionam com a experincia vivida
de corpo presente, mas sim com os universos ausentes individuais de cada
um, vividos de corpo ausente.
Da mesma maneira, nenhum trao de comportamento ou atitude corporal
pode ser adequadamente trabalhado, desencouraado, flexibilizado ou
mesmo diludo se este no se mantm (mesmo que de forma intermitente)
no tempo, simplesmente porque eles no podem receber a carga necessria
para que a prpria pessoa se encarregue de flexibiliz-los.
No existe uma forma de trabalhar terapeuticamente de forma adequada,
com traos de comportamento e atitudes corporais cclicas (que se modificam de uma para outra de acordo com a lua) intercaladas pela ausncia,
aonde a prpria ausncia que se encarrega de resolver a situao desaparecendo com a carga em questo.
O mais maluco ou inslito que se no fosse ausncia, esta seria a forma
de funcionar saudvel, isto modificando a forma de se defender a cada
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sas e nem como tomar em considerao o que est ocorrendo com elamesma; menos ainda que lhe permita ajudar seu metabolismo de forma
adequada, principalmente quando este metabolismo fala a linguagem das
sobre-excitaes e das ressacas; isto , ela pode at descobrir que est pagando um custo por ter passado por sobre si-mesma; mas no sabe que ao
mesmo tempo est se defendendo e nem do que se defende.
Todos estes atributos se manifestam na superfcie do funcionamento virtual,
mas no fazem parte da superfcie do funcionamento virtual, eles no so
nativos, o que significa dizer que a prpria estratificao com os procedimentos envolvidos quem devem se encarregar de contrapor e pautar estes
eventos sem perder a coerncia do processo.
Justamente considerando os atributos, os contrapontos coerentes com a
ausncia e com o funcionamento virtual que no se manifestam na prpria
experincia de se ausentar e do voltar para o aqui e agora que foi sendo
composta estratificao proposta pela metodologia da Arte Org; que se
chama estratificao paralela da ausncia; organizada como um caminho
paralelo (tanto ao se ausentar de si-mesmo e do mundo, como ao voltar
para si-mesmo e para o mundo), com tambm paralela ao funcionamento
natural, nativo, ou automtico da ausncia.
Sendo que o primeiro que devemos esclarecer sobre a estratificao paralela da ausncia que ela no natural; isto , no est de acordo com o
processo ausente conforme ele se manifesta e nem est graduada de acordo com o voo nativo da ausncia, pois este no tem limites e pode apontar
para qualquer lugar, inclusive para o centro da loucura.
A estratificao paralela da ausncia opera como um sistema de referncias
que junto com o bom senso e o sentido comum permite ir equilibrando e
sequenciando, pautando e contrapondo os prprios procedimentos usados
pela metodologia da Arte Org.
Tambm devemos saber que fundamental para a sade e para o equilbrio
do indivduo virtual se ausentar e voltar para si-mesmo de vez em quando.
O que significa dizer que devemos ter na estratificao paralela da ausncia
prpria ausncia como procedimento intercalado com tantas outras coisas
que precisam ser trabalhadas em cada fase do trabalho teraputico.
Se a ausncia se manifesta como um se distanciar de si-mesmo e do mundo
para ir entrando num bloco de experincias difusas no limite da linguagem
(de natureza no linear que se afasta inclusive da organizao tempo espacial) onde a pessoa se mescla com a experincia vivida.
Considerando que o primeiro passo do processo teraputico que pretende
lidar com a ausncia e com o funcionamento virtual compor um entorno;
onde a pessoa possa aprender a se acompanhar em seu ausentar-se e em
seu retorno para si mesma; e que neste processo use as mesmas formas
perceptivas presentes na experincia do seu ausentar-se. Sendo que a normativa bsica aqui justamente no interferir diretamente no bloco de experincias ausentes incluindo o contacto ausente (pois isto somente liberaria uma crise de angustia de contacto que a pessoa definitivamente no sa-
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beria como lidar com ela, a no ser se precipitando de volta para si-mesma
aumentando o mbito da desconexo); o mais sensato aqui capacitar a
pessoa a se aproximar do seu bloco de experincias ausente o mais defendida possvel, da forma mais graduada possvel; e a se distanciar do estado
ausente para voltar para si-mesma e para o mundo da forma mais defendida e graduada possvel.
Aqui est outra diferena entre a forma de se ausentar nativa que pode acontecer em qualquer momento e em qualquer lugar; e a ausncia proposta
pela estratificao da ausncia; onde se deve percorrer um caminho para
chegar a ela, e percorrer outro caminho para sair dela.
Agora este sentido comum cheio de bom senso no algo que podemos
gravar a ferro e fogo na conscincia racional da pessoa ou em seu funcionamento; simplesmente porque quando a pessoa se ausenta, sua racionalidade e seu sentido comum saem de frias, e muitos elementos de sua forma de funcionar e de ser tambm.
Portanto, o nico que podemos fazer com uma estratificao paralela deste
processo pautar estes elementos exatamente como pautas, como passos,
ou como procedimentos que compe a prpria dana de se aproximar e se
distanciar do bloco de experincia ausente.
Isto significa assumir em primeiro lugar que o pensamento e a conscincia
no so efetivos para lidar com a ausncia; que as compreenses, as recomendaes, o conhecimento e mesmo o sentido comum tambm no so
efetivos. Que tudo aquilo que realmente importante, principalmente no
que se refere aos cuidados consigo-mesmo precisam ser transformados em
pautas concretas inseridas dentro e como parte dos procedimentos prticos; isto , devem ser inseridas como partes em todos os exercciosprocedimentos compostos para lidar tanto com o ausentar-se como com o
voltar para si-mesmo e para o mundo.
Da mesma maneira que os antigos indgenas que tomavam vrios procedimentos para ir conversar com seus ancestros e logo tomavam outros procedimentos como ir sozinhos por trs dias para um bosque somente tomando ervas e chs para sair da frequncia dos ancestros e voltar para frequncia de suas vidas cotidianas com famlias e vida social. Algumas culturas desenvolveram prticas como os banhos de vapores justamente para intermediar o transe com seus ancestros e o voltar para a vida cotidiana.
O trabalho teraputico ou a estratificao do bloco de experincias ausentes, inclusive do contacto ausente mais gradual e gradativo ainda e passa
justamente por ir transformando ou corporificando aspectos desse bloco de
experincia ausente em procedimentos (pautas, atividades ou tarefas a serem realizadas acompanhadas de si-mesmo e em pleno territrio ausente).
E isto Arte Org, ou melhor, esta a forma de operar da estratificao paralela da ausncia proposta pela Arte Org.
O processo teraputico da Arte Org terapia para os assuntos da ausncia
estratificado de forma global; e a estratificao da presena ou do voltar
para si mesmo e para o mundo tambm estratificado de forma global; isto
, o se distanciar de si-mesmo e o voltar para si-mesmo funcionam de forma global e so vlidos de igual maneira para todos os virtuais. Quanto
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mais global e igual para todos podem ser os procedimentos mais pessoa
pode encontrar sua prpria forma de se mover e com sua prpria identidade.
Agora, a relao consigo-mesmo diferente; esta tem suas prprias especificaes que precisam ser levadas em considerao desde o incio do trabalho teraputico, e disto se encarrega o caminho paralelo que trata da arte
de se mover de acordo com os caminhos de si-mesmo no aqui.
A Arte Org da ausncia est dividida por ciclos e estes so compostos por
vrios procedimentos sequenciados de forma gradual. Nestes ciclos, os exerccios funcionam como um conjunto montando uma dinmica prpria a
cada ciclo; onde se procura trabalhar tanto com a ausncia e a organizao
da percepo de campo, como com a presena e a organizao da corporalidade; e com a relao consigo-mesmo; sendo que cada ciclo se refere a
mais uma etapa na arte de acompanhar a ausncia e est de acordo com a
estratificao da mesma ausncia.
Isto ; no prximo ciclo se trabalha com os mesmos elementos do ciclo anterior num nvel mais profundo. Isto independe do mal que esteja sofrendo
cada um ou do tipo de identidade de cada um.
Isto no significa dizer que a forma nativa de se ausentar de cada um seja
graduada ou mesmo gradativa, pois no ; da mesma maneira que as experincias estimuladas pelo ausentar-se tambm no so nem gradativas e
nem graduadas. Sendo que o funcionamento virtual e a forma de se ausentar nativa de cada um costumam andar adiante e muito na frente de qualquer projeto teraputico.
Somente significa que qualquer projeto de reparao e reorganizao precisa se ordenado e gradativo, principalmente se a desordem tem a ver com
um funcionamento catico; o problema que qualquer projeto de reparao e reorganizao para ser efetivo precisa necessariamente ser coerente
com os processos que ele est se propondo a organizar e reparar, neste caso com o prprio funcionamento ausente e virtual, caso contrario ele nem
funcionaria.
Neste caso, a reorganizao da ausncia no se encontra na organizao
estruturada perceptiva e nem corporal, no se encontra na presena, mas
sim na prpria ausncia.
Neste caso de nada adianta contrapor a ausncia com a presena, de nada
adianta pedir para um virtual que ele resolva seu estado ausente ficando
presente, pois isto vai contra a prpria natureza de seu funcionamento.
Neste caso ou o processo teraputico segue em direo do distanciamento
ausente, ou a pessoa vai fazer isto por sua prpria conta.
Mas sim o que a metodologia teraputica pode fazer e ser efetiva com seus
procedimentos: se distanciado de si-mesmo sim, mas desconectado e perdido de si-mesmo no.
Com isto a metodologia teraputica coloca outro elemento que naturalmente no faz parte do processo ausente, a capacidade de se acompanhar,
e a consequncia vai ser justamente voltar para si mesmo mais presente.
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nem como est mantendo um estado ativo como, por exemplo, um estado
depressivo se afundando.
O que comumente chamada de estruturas virtuais (quando o funcionamento virtual ausente j se desorganizou, e as pessoas andam de um lado a
outro juntando seus prprios pedaos, se fixando e se endurecendo) apesar
de seu parecido com os antigos caracteres; funciona da mesma maneira que
a manuteno dos estados e das presses; isto , se utilizam de um conjunto de fixaes corporais e perceptivas; isto , uma combinao de fixao,
sobre-excitao e ressaca: e refletem um esforo da pessoa juntar seus prprios pedaos depois que seu funcionamento virtual j se desorganizou.
Neste caso, o que a pessoa precisa aprender como desamarrar seu sistema perceptivo e corporal; como recuperar a funcionalidade de sua ausncia;
como aprender e recuperar a capacidade de acompanhar a si-mesma, de
acompanhar seus processos; e como recuperar a confiana de que pode
seguir caminhando; neste caso se movendo.
Em termos da relao consigo-mesma, alm da capacidade de se reorganizar e de se reparar, existem muitos assuntos para serem resolvidos consigomesmo, e cada um necessitam de um contexto e de uma frequncia especial; sendo que a relao entre eles se d atravs de um caminho que a
prpria pessoa quem deve desenvolver e percorrer.
Tanto a ausncia como a presena, como a relao consigo-mesmo; manifestam-se num ir e vir constante; para longe e para perto; para dentro e para fora; para cima e para baixo; mais aberto ou mais fechado; e isto no tem
outro jeito; funciona assim. A pessoa pode ir melhorando a cada exerccio,
mas que ela vai afundar ou se fechar de novo, disto, no se tm dvidas.
Da mesma maneira que o caminho percorrido pela pessoa vai sendo parcialmente ou globalmente apagado, conforme a pessoa vai mudando de polo
ou vai se desconectando.
Portanto, o que temos um constante recomear. Para que este constante
recomear possa se transformar num caminho que segue adiante tambm
precisa de procedimentos para a pessoa possa ir recuperando o caminho
percorrido a cada passo.
A forma que a Arte Org lidar na pratica com este vai e vem incluindo as
diferentes direes como pauta de seus exerccios-procedimentos.
Mesmo do ponto de vista das compreenses necessrio de alguns cuidados; como por exemplo: o cuidado constante que ns devemos ter com
nossas proposies; de tal forma a no propor coisas que no vo acontecer.
melhor, em todos os sentidos, que a pessoa saiba desde o princpio que
ela vai ter que lidar tanto com sua ausncia como com sua presena; e com
sua relao consigo-mesma e com suas diferentes presses; e isto para o
resto de sua vida e que ter seus altos e baixos; apesar de que isto pode
estar completamente contra suas secretas ou manifestas intenes virtuais.
Agora, a Arte Org terapia, apesar de ser um processo teraputico longo,
apresenta resultados em cada exerccio, somente que estes resultados no
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xemplo, a forma que deveria ser ou atuar diante de qualquer situao externa; como no com nenhuma mudana que possa ocorrer no entorno da
pessoa ou em seu simples viver; toda e qualquer modificao externa ou interna deve ser consequncia do trabalha realizado da pessoa com elamesma; portanto o compromisso tico de um terapeuta arteorguiano com
a pessoa e com a relao que a pessoa estabelece com ela-mesma.
Na Arte Org; o terapeuta no deve induzir os processos diretamente. Por
exemplo, os terapeutas org; intermediadores ou monitores; quando no domnio da Arte Org; no devem fazer massagem de qualquer nvel, nem massagens de corpo e nem massagens de campo. Todos os processos devem
fluir atravs dos exerccios-procedimentos que a pessoa faz com ela mesma;
inclusive os processos de campo perceptivo.
Isto no significa que os terapeutas arteorguianos no devem propor, em
muitos casos, que a pessoa busque outros recursos, com outros profissionais; como, por exemplo, quando as fixaes se deslocam para o prprio
espao corporal e se agarram em sintomas; pelo contrrio, pois costume
(e recomendvel) fazer isto com bastante frequncia. Porm, este no o
territrio da Arte Org, nem seu objetivo, nem seu mtodo.
Simplesmente, tanto o trabalho com a ausncia; como o trabalho com a relao consigo-mesmo exigem este nvel de autonomia; exigem que seja a
prpria pessoa quem esteja a cargo.
Vrios so os elementos que operam na profundidade do funcionamento
virtual. Alguns destes elementos inclusive conseguem atravessar a barreira
da desconexo e aparecem na conscincia como insights. Outros so muito
difceis que os virtuais consigam pensar sobre eles de alguma forma.
Entre estes que so difceis de serem digeridos temos tudo o que se relaciona com a defesa ao prazer; realmente difcil para a maioria das mentes
virtuais compreenderem que a defesa ao prazer seja algo racional, razovel
e que tenha um sentido.
Da mesma maneira que os elementos relacionados com os limites, de qualquer natureza, so de difcil compreenso; portanto aceitar que possa existir
um sbio dentro de cada um que vai pautando at onde cada um pode
chegar chins puro. Aceitar o medo ento como um sentimento dos mais
capazes quando se trata de dizer - pare, no ultrapasse este limite, nem
pensar. Os virtuais preferem usar a depresso como seu prprio freio sem
ter ideia de que esto se freando a si-mesmo quando se deprimem.
Tambm difcil de uma mente virtual conceber que existe uma forma de se
relacionar consigo-mesmo que no nem ditatorial e nem competitiva. Ele
prefere funcionar com metas propsitos como se estivesse vencendo a simesmo em cada etapa; como se assim ele estivesse seguro e autoconfiante
que pode dominar a si-mesmo.
Entre os elementos de mais fcil acesso a conscincia de um virtual esto
queles relacionados com mudar o prprio ser. Qualquer projeto de mudana muito bem vindo, principalmente quando o indivduo est em crise
ou desconforme consigo-mesmo; o que na maioria das vezes a maioria do
tempo.
A pessoa pode ser um completo inconsciente no que se refere a si-mesmo,
mas uma coisa ela sabe; que o responsvel de seu prprio desastre e de
sua prpria infelicidade. Mesmo sem saber que isto se refere com a forma
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Quanto mais desorganizada est a pessoa; mais sua autoestima est danificada; mais a pessoa est aberta para pedir socorro para qualquer pessoa, de
qualquer jeito, com qualquer tcnica, desde que isto interfira em seu mbito
interno; quanto mais a pessoa sente sua prpria necessidade de contacto, e
de contacto consigo-mesma; menos a pessoa acredita que pode fazer qualquer coisa de si-mesma para si-mesma, que possa se ajudar; mais ela est
internamente trancada para aceitar de verdade qualquer ajuda externa.
isto o que entendemos como sendo um indivduo paralisado.
Quando algum busca ajuda em um momento de crise, desorganizado e
com sua vida desorganizada, precisando juntar seus prprios pedaos,
mesmo que sem uma formao clara de sintomas, a pessoa, muitas vezes,
no tem possibilidades de examinar o que lhe est sendo proposto como
mtodo de trabalho. A sua desorganizao, seus mal-estares e seus sintomas esto fixados como foco em sua conscincia; enquanto que a pessoa
est direcionada a fazer qualquer coisa para acabar com estes mal-estares e
sintomas. isso que ocupa o espao das preocupaes e das ponderaes
das pessoas. Outras vezes e ao mesmo tempo; a pessoa pode estar direcionada a tocar fundo, como se o fato de tocar mais fundo a salvasse de passar
por isso novamente ou a ensinasse, a ferro e fogo, a como viver.
A poltica da Arte Org no entrar nos nveis de profundidade de uma pessoa se ela no estiver organizada; sendo que a organizao envolve a capacidade de se distanciar e de voltar para si-mesmo em cada um dos nveis ou
etapas do processo teraputico.
Para a Arte Org a capacidade de se reorganizar e de se retomar prioritria
e funciona de forma diferente em cada nvel do desenvolvimento do prprio trabalho teraputico.
Geralmente, quando uma pessoa se encontra em crise ou desorganizada, e
vem em busca de ajuda teraputica, ela no tem a menor possibilidade de
assumir ou rever os compromissos que tem consigo-mesma, simplesmente
est desesperada para sair da situao em que se encontra. At para poder
assumir novos compromissos consigo-mesma a pessoa precisa, em primeiro
lugar, se reorganizar.
O mtodo de trabalho da Arte Org prope que a pessoa deveria sair da crise em que se encontra antes de poder tomar uma deciso, antes de con-
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cordar ou discordar inclusive dos procedimentos que lhe esto sendo propostos como porta de sada; inclusive sobre o desenvolvimento de sua prpria terapia.
No nosso propsito trabalhar com a dinmica profunda com a pessoa
metida de corpo e alma, em seu cotidiano, ou nas profundezas de seu funcionamento.
Por exemplo, se uma pessoa est deprimida, ela primeiro precisa sair de sua
depresso para poder conhecer o fundo de sua depresso. Trabalhar a dinmica da depresso com algum deprimido no faz parte das propostas
da Arte Org. No se lanando no poo e vamos ver o que ocorre.
Alm do mais, escarafunchar as profundidades s ensina sobre a dinmica
da profundidade e esta simplesmente um aspecto da vida viva. E sair da
depresso envolve o deslocar-se para outro polo; onde tudo aquilo que foi
aprendido quando a pessoa estava deprimida no serve para atuar e funcionar no outro polo saindo da depresso.
Mesmo quando se trata de examinar o prprio funcionamento depressivo;
de averiguar o que passa no fundo do poo; para entrar nas profundidades
a pessoa precisa estar disposta e capacitada para se acompanhar: e algum
descapacitado, desorganizado, cheio de mal estares e sintomas no est
disponvel para acompanhar-se, no mximo para cuidar-se e olhe l; sendo
que na verdade a maior parte de sua energia esta direcionada para sair da
situao em que se encontra.
Da mesma forma, na Arte Org no se deve propor soltar e nem soltar nenhum bloco emocional sem que a pessoa esteja ao mesmo tempo se capacitando ou capacitada para lidar com ele.
O conceito que usamos para toda esta fase da terapia direcionada a juntar
os pedaos, a se organizar, a cuidar de si-mesmo o de intermediao. Isto
, a relao da pessoa consigo-mesma no pode ser enfrentada diretamente enquanto a pessoa estiver necessitando de cuidados intensivos. Como
tambm no se pode deixar a necessidade de contacto da pessoa com elamesma nas mesmas condies que se encontra, pois isto somente significa
aumentar a necessidade e a fome de si-mesmo o que s pode resultar no
aumento da fobia de si-mesmo. Quanto mais fobia a pessoa tem de simesma menos ela capaz de se autorreparar, mais ela necessita de forma
dependente dos outros e mais baixa sua autoestima.
Intermediar neste caso significa encontrar procedimentos indiretos relacionados com percepes, impresses, sensaes ou mesmo emoes que atuem como a conexo consigo-mesmo e que consigam diminuir a presso e
a necessidade de si-mesmo (como exemplo o todo perceptivo, o som do
silncio e o sentimento de tristeza).
Sendo que estas recomendaes e cuidados postulados at agora se encontram nas portas da relao consigo-mesmo e tratam justamente de conseguir manter a relao consigo-mesmo como o centro processo teraputico; e corresponde a uma etapa de cuidar-se ou reparar-se e, dependendo
do estado que a pessoa se encontra pode ser bem longa.
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O restante, que costumamos chamar de desenvolvimento da relao consigo-mesmo, entra num territrio desconhecido para a maioria das pessoas
que buscam terapia; e se trata justamente de ir amistando-se consigomesmo conforme a vida segue seu curso. Afinal a relao consigo-mesmo,
como qualquer outra relao, necessita se desenvolver. Isto , precisa sair
do mbito dos cuidados intensivos, do cuidar-se, para entrar no mbito do
amistar-se, do acompanhar-se, do se levar em considerao, do investir em
si-mesmo. E isso completamente antagnico a camadas e camadas de
presses e exigncias que costumam habitar o funcionamento virtual; e,
geralmente envolve crescimento e comprometimento consigo-mesmo; o
que significa que no um passo simples e fcil de ser dado; pelo contrrio,
baseando-se no processo teraputico dos virtuais, um passo bastante difcil de ser dado; parece inclusive que as pessoas preferem ficar agarradas na
fase dos cuidados intensivos.
Quando o tema se trata de saldar antigas dvidas consigo-mesmo ou de
investir em si-mesmo, a pessoa precisa de mais reorganizao ainda, como
precisa de mais vitalidade, de mais energia disponvel. Para que uma pessoa
consiga ter dvidas acumuladas consigo-mesma; ou para que esteja com o
investimento em si-mesmo bloqueado; somente significa que os acordos
internos anteriores j foram feitos baixo a presso da desorganizao e da
desconexo; o que significa que aqui temos negociaes internas e externas
acumuladas sem tomar a si-mesmo em considerao (ou com o no comprimento das promessas feitas a si-mesmo no decorrer dos dias, dos meses
e dos anos); e que apesar disto, o si-mesmo (como boa gente que ) acaba
cedendo e cumprindo o seu papel.
Somente que at si-mesmo uma hora perde a pacincia; e quando isto ocorre s coisas podem se complicar e bastante.
Tambm significa que muito provavelmente quando as coisas se acalmem,
si-mesmo vai ser deixado novamente de lado, e isto, do ponto de vista da relao consigo-mesmo, um muito mau negcio; por isto mesmo as novas
negociaes e compromissos consigo-mesmo pedem certa organizao anterior.
Alm disto; o prprio desenvolvimento do processo teraputico costuma ir
desenterrando situaes mais complexas conforme a terapia caminha; no
necessrio complicar mais a questo do que ela j ; pelo contrrio; necessrio ir descomplicando.
Do ponto de vista da teraputica dos virtuais, o desenvolvimento da relao
consigo-mesmo se constitui num dos temas mais difceis de todo o processo teraputico, pois reflete justamente a essncia do proceder teraputico; a
saber: a capacidade de um virtual lidar com seu prprio funcionamento virtual; e a isto chamamos autonomia.
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trito aos seus territrios; ou seja, ao territrio ausente e ao territrio de simesmo no aqui. Isto , a partir da Arte Org ns no podemos interferir
diretamente nem na vida cotidiana da pessoa e nem no ser ou na identidade cotidiana (eu-cotidiano) da pessoa e nem na maneira da pessoa lidar
com seu prprio cotidiano. Os virtuais j costumam estar terrivelmente
pressionados para ser ou agir desta ou daquela maneira, e isto envolve das
mais simples at as mais complicadas formas de manipulao de si-mesmo.
Portanto, seu processo teraputico, no pode estar direcionado e manipulado da mesma maneira.
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sim afirmava que estas diferentes abordagens no serviam para compreender e lidar com recuperar e compreender a capacidade humana ou da prpria vida se entregar ao seu prprio fluxo de energia.
O prprio termo terapia corporal reichiana j marca a diferena, pois prope
um marco de referncia corporal na base da compreenso e dos procedimentos que envolvem os processos teraputicos, caso contrrio, o que temos a psicologizao, a mistificao ou a mecanizao do corpo.
Deste ponto de vista nem sequer conseguimos entender um conceito amplamente e profissionalmente utilizado, a saber: Psicoterapia Reichiana. Pois
ele literalmente significa que o modelo Reichiano pode ser aplicado como
sendo uma psicoterapia.
Do ponto de vista Reichiano, compreender o funcionamento do homem de
forma unitria e integrada to complexo quanto compreender o funcionamento do homem de forma fragmentada.
Simplesmente somos seres unitrios que h muito tempo no funcionamos
de forma unitria. O que significa que at para considerar o funcionamento
humano de forma global e unitria necessitamos de ferramentas que nos
guie ou nos oriente. No universo Reichiano esta ferramenta se chama funcionalismo orgonmico ou pensamento funcional, e este trata justamente
de compreender o funcionamento humano em particular e o desenvolvimento da vida em geral a partir de seu desenvolvimento funcional. Um bom
exemplo o prprio desenvolvimento do ramo corporal e do ramo perceptivo, que vo apresentando diferentes nveis de contradio e antagonismo
dependendo do momento do desenvolvimento da pessoa, ou dependendo
do tipo de funcionamento da pessoa em questo.
De acordo com o pensamento funcional, na base destes dois ramos (corporal e perceptivo) ns temos como princpio funcional comum o funcionamento de uma energia vital (orgone) que no desenvolvimento da vida vai se
diferenciando em dois pares de funes. Nos humanos, este desenvolvimento se manifesta mais claramente, por um lado temos a organizao do
corpo ou corporal e por outro lado temos a organizao percepo ou perceptiva. Este desenvolvimento tanto se manifesta de forma unitria, no princpio de seu desenvolvimento, ou mesmo na profundidade do funcionamento organsmico, como se manifesta com diferentes graus de contraposio ou antagonismo nas etapas finais do desenvolvimento.
Alm disto, as investigaes funcionais permitem seguir por duas direes,
uma em direo aos princpios funcionais, mais abrangentes e globais, menos especficos. E outra mais especfica e desenvolvida, mais diferenciada,
com mais antagonismo entre si. No incio uma mesma funo global e unitria que se diferencia em dois ramos que segue se desenvolvendo de forma paralela, que vai se desenvolvendo e se especificando e se contrapondo
e com isto montando um tipo de sntese funcional. Sendo o exemplo desta
intrincada sntese o fechamento das estruturas de carter.
Repetindo, quando dizemos que a Arte Org uma terapia corporal de
tendncia reichiana e orientao arteorguiana, ns estamos querendo
dizer que na base de nosso corpo de conhecimentos, ns mantemos os
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com a funo objetiva de ver a partir dos olhos s vamos conseguir despertar, mais cedo do que tarde, a angstia de ver. E como a pessoa, enquanto
estiver se organizando, no est nem capacitada nem preparada para lidar
com sua angustia de ver (que por sinal, nos virtuais no pouco e nem coisa pouca); o mximo que podemos conseguir que a pessoa se ausente de
forma desconectada para qualquer lugar, que tanto pode ser o nenhum
lugar da ausncia como pode ser algum lugar do passado mais remoto, ou
do futuro mais seco (dependendo da sobre-excitao de campo); ou que
esconda sua funcionalidade de ver em algum lugar dentro de si-mesma;
mas que definitivamente no ser o simplesmente ver a partir dos prprios
olhos aqui e agora.
O trabalho global (como um todo) com a corporalidade e com as percepes de campo se mostrou como sendo a forma mais efetiva de reorganizar
a percepo objetiva. Quando colocamos a corporalidade e as percepes
de campo em movimento despressionando as percepes objetivas, estas
voltam a se organizar por si mesmas.
Em termos prticos e de acordo com a metodologia da Arte Org; toda a
parte inicial de sua proposta teraputica est orientada a organizao da
corporalidade e das percepes de campo de maneira global, e isto significa que a pessoa precisa ir saindo de sua forma desorganizada de funcionar
com suas presses, fixaes, seus mal-estares e sintomas para ir retomando
a forma mais global do funcionamento virtual. Caso a pessoa no esteja
muito agarrada em seu funcionamento, ou j no esteja comprometida organicamente, essa forma de trabalhar tem se mostrado - bastante efetiva em sua proposta.
Quanto efetividade dos casos mais crnicos depende em primeiro lugar
da pessoa conseguir se mover com os exerccios-procedimentos sendo que
esses casos pedem uma quantidade maior de tarefas de casa e mais tempo de terapia para conseguir colocar os processos em movimento.
Agora, a retomada da forma mais global do funcionamento virtual no resolve (por si s) algumas das questes fundamentais que esto operando
na profundidade do funcionamento virtual e da ausncia, porm coloca o
indivduo em condies de comear a lidar com essas questes.
De acordo com a Arte Org o cerne do problema dos virtuais desorganizados ou da pseudo-organizao forada (estruturas virtuais) dos virtuais a
desorganizao da ausncia; e, para recapacitar a capacidade da pessoa se
distanciar ou se ausentar se acompanhando e sem tantas desconexes
necessrio recapacitar e sincronizar uma boa parte da organizao das percepes difusas (percepes de campo, campo perceptivo e percepo difusa); pelo menos a parte que se refere atividade da ausncia simples.
Portanto, a recapacitao da ausncia de si-mesmo e do voltar para simesmo e o restabelecimento da relao consigo-mesmo ocupam um lugar
fundamental na organizao do funcionamento virtual. O que significa dizer
que a pessoa s se adiantou em seu trabalho consigo-mesma quando se
manifesta a sua capacidade de lidar com seu ausentar-se e com seu retornar
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mais, para se acompanhar no territrio ausente necessrio certo treinamento perceptivo, ou pelo menos de estimular a percepo difusa que
quem pode realizar esta tarefa; portanto, uma grande parte do processo
teraputico (que denominamos organizao da corporalidade e da percepo campo) tambm est direcionada para capacitar a pessoa a se acompanhar. Tambm significa dizer que o acompanhar-se tem um caminho; tem
etapas e fases; tal qual o ausentar-se.
Em outras palavras, de acordo com os postulados da Arte Org; para que o
homem de nosso tempo possa voltar a funcionar globalmente em primeiro
lugar a pessoa necessita ter o processo de ausentar-se de si-mesmo e de
voltar para si-mesmo em andamento. Caso a pessoa esteja em crise, fixada
ou inundada em algum dos polos de seu funcionamento, ela necessita soltar-se deste polo e junto com isto reorganizar-se.
Por outro lado, um salto abrupto do funcionamento em crise, desorganizado, inundado, fixado, cheio de mal-estares e de sintomas para um funcionamento global que retoma o proceder da ausncia pode gerar altos nveis
de angstias e ansiedade e mesmo crises de identidade.
Novamente o regulador aqui a capacidade de acompanhar-se. Afinal acompanhar-se significa manter diferentes nveis de contacto consigomesmo tanto se distanciando como se retomando; e por alguma razo a
pessoa se encontra como se encontra; ou melhor, por alguma estranha razo a pessoa prefere se lanar no voo ausente navegando sem se preocupar
com coisa alguma. O que de certa forma tem algum sentido, pois se a pessoa for se preocupar, ela no consegue se ausentar; portanto, o acompanhar-se neste caso deve utilizar os mesmos elementos que participam da
ausncia; e exatamente aqui que deve entrar em operao a percepo
difusa.
Na maioria das vezes, ir retomando o ausentar-se e o voltar para o aqui e
agora organizador e tranquilizador, desde que a pessoa no entre diretamente (sem defesas e desprotegida) no bloco de experincias coordenadas
pelo contacto ausente; ou ento que a pessoa, quando de volta para simesma, no saia diretamente plasmando as frequncias estimuladas pela
ausncia na sua relao com o seu mundo.
Afinal, algo aconteceu com o seu ausentar-se e com o seu voltar para simesmo que a totalidade da ausncia ficou perigosa. Seja qual for natureza
deste algo, ele capaz de fazer com que a pessoa se manipule a si-mesma
e que passe por sobre si-mesma mesclando as experincias de seu mundo
ausente com sua vida cotidiana, sendo que o resultado; alm da sobreexcitao e da ressaca, ir perdendo a capacidade de se ausentar. Novamente aqui o acompanha-se cumpre um papel fundamental, pois a nica
ao perceptiva que pode manter um elo entre estas experincias.
O prprio funcionamento polar e cclico (natural ou nativo do funcionamento do homem do nosso tempo) por si mesmo assustador, afinal mudar de
um polo a outro modifica radicalmente a realidade vivida, a viso de mundo
e os compromissos internos e externos relacionados com cada estado em
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cada polo. O que significa que acompanhar-se na mudana de um polo para outro ou de um nvel para outro j se constitui numa tarefa bem mais
difcil para a capacidade de se acompanhar.
Nestes casos a compreenso externa pode ajudar a pessoa a diminuir o antagonismo entre os polos ou diminuir o efeito salto, principalmente quando
a pessoa no est organizada o suficiente para poder acompanhar a simesma. Neste caso, ou a pessoa aprende a se acompanhar ou a pessoa no
aprende a negociar e intermediar consigo-mesma e com suas prprias presses e fixaes.
Agora, a capacidade de se acompanhar, independente da compreenso
que a pessoa desenvolve, reparadora por natureza; simplesmente porque
o se acompanhar pode envolver tanto o perceber como o sentir e logo pode envolver tambm a arte de se relacionar consigo-mesmo.
Das diversas formas envolvidas na capacidade de se acompanhar, podemos
diferenciar pelo menos trs formas diferentes de se acompanhar:
O se acompanhar se percebendo, geralmente executada pela posio do
observador distante (eu-observador), que pode se por to distante que no
participa dos processos.
O se acompanhar sentindo, geralmente executado pelo experimentador
(eu-perceptivo ativo). Veja que na posio de experimentador a pessoa pode conjugar pelo menos trs tipos de aes: A reflexiva (que antigamente,
na era dos caracteres era representada pelo eu-racional, que na atualidade
no funciona mais como tal). A sensorial ou de experimentar sentindo (algo
assim como o eu-emocional). E a de coordenar atividades. Sendo que o experimentador tanto pode se colocar mais existencialista se inundando de
impresses, sensaes, e at mesmo de emoes; como pode se colocar
mais executivo potencializando o fazer por sobre todas as coisas.
E o se acompanhar a partir da forma como vai se dando sua prpria relao
consigo-mesmo que, como todo mundo j sabe, pode entrar em fases de
total falta de comunicao interna; este no tem uma caracterstica de eu,
mas sim de sombra.
A capacidade de acompanhar-se que realmente funciona tem um pouco de
cada uma destas tendncias; sendo que no desenvolvimento do processo
teraputico vai sendo associada com a funo de terapeuta interno, este
que existe em algum lugar de cada um de ns.
Agora, seja como for, a capacidade de se acompanhar tem um sistema perceptivo prprio que nomeada como sendo as ressonncias perceptivas;
que costuma se manifestar entre as sensaes e impresses e que operam
como eco; sem elas fica muito difcil, quase que impossvel acompanhar as
vicissitudes do funcionamento virtual.
Como tambm tem seu prprio sentido perceptivo de campo; nomeado
como sendo as sombras de si-mesmo que se manifestam no campo perceptivo; que tambm se manifestam como rastros ou pegadas imprimidas
como impresses difusas de campo no prprio campo perceptivo.
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Porm, a forma que as ressonncias perceptivas se manifestam outra histria, pois elas tanto podem estar presentes como sensaes e impresses
que realmente incomodam, como nas diversas formas de inundaes e ressacas. Como pode aparecer de forma mais sutil e afinada, quando a pessoa
se encontra menos ressacosa e sobre-excitada e mais organizada. De uma
forma ou outra, nas ressonncias perceptivas se encontra a capacidade de
reconhecer o prprio tocar-se a si-mesmo.
evidente que a capacidade de se acompanhar, para que seja efetiva, ela
precisa tanto de ser coerente com o funcionamento virtual, como de se
contrapor a este. Isto significa que ela leva junto consigo mesma suas prprias dificuldades.
Em primeiro lugar est a sua subjetividade:
Veja bem, pois quando falamos de subjetividade estamos sendo literais.
Aqui se trata literalmente de conjugar o verbo como uma ao. Eu sinto isto
e eu percebo aquilo. A subjetividade nica, unitria e individual. No se
repete em duas pessoas, pois depende da capacidade de perceber e de sentir de cada um individualmente.
Isto , a capacidade de se acompanhar subjetiva por natureza; a pessoa
precisa aprender a despertar, desenvolver e confiar em suas prprias impresses de si-mesmo e isto se contrape tanto com a percepo centrada
no outro como a imitao perceptiva ou sincronismo difuso, inclusive ao sincronismo social.
Em outras palavras, no d para se acompanhar a partir dos outros; nem a
partir do sincronismo de qualquer tipo com os outros; principalmente
quando isto anda junto com perder uma parte da percepo de si-mesmo.
E geralmente este perder-se de si-mesmo se refere a uma parte da percepo de campo ou do campo perceptivo; ou pior ainda, do volume corporal e
perceptivo. Isto , desaparece a noo do prprio campo pessoal, ou do
campo do lugar, ou desaparece a noo de volume do corpo, principalmente na periferia.
O ato de uma pessoa se focar no outro, no que o outro percebe, interpreta
ou julga da pessoa em questo; portanto, de fora para dentro; para que a
pessoa possa se reconhecer a si-mesma; alm de ser vampirismo narcisista;
que exerce uma fora atrativa para capturar a ateno do outro, ou para fazer com que ou outro dirija sua ateno para a prpria pessoa (manipulao); geralmente anda de mos dadas com a perda de uma parte da conexo com o campo do lugar, com o campo pessoal, ou com a noo de volume do prprio corpo.
Com o sincronismo um tanto diferente, pois em termos perceptivos, duas
ou mais pessoas esto sincronizadas entre si, atravs de um sintonizador
externo que geralmente qualifica o contato. No importa a natureza do sincronizador, pois o que importa que uma pessoa pensa na outra ou vice
versa no mesmo instante. Ou se encontrem; ou ainda que tenham os mesmo interesses ou os mesmos gostos, que tenham afinidades. Ou que pensem ao mesmo tempo sobre um mesmo tema. Tomemos como exemplo o
caso da lua cheia. Todos ns sabemos que a lua pode emanar os mesmos
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anseios, impresses e sensaes em pessoas diferentes. O que significa dizer que duas ou mais pessoas podem se sintonizar e sincronizar entre si atravs da lua cheia. Quando o processo estiver em andamento, j no necessrio que as se conectem com a lua cheia, como tambm no necessrio que as pessoas se conectem entre si.
O sincronismo mais mgico e determinista, pois ele por existir j qualifica
a conexo; j da um valor maior que determina a conexo entre duas pessoas, inclusive quando esta conexo no existe de fato. As pessoas sincronizadas jan no precisam checar seus sentimentos, uma em relao outra;
pois o sincronismo j determinou suas afinidades como almas gmeas.
Agora o custo o mesmo que o anterior; o sincronismo tambm geralmente anda de mos dadas com a perda de uma parte da conexo com o campo do lugar, com o campo pessoal, ou com a noo de volume do prprio
corpo.
Em segundo lugar est o seu posicionamento ativo e intermediador: A capacidade de se acompanhar no pode se constituir no centro dos acontecimentos caso contrrio ela se transforma na prpria experincia e a pessoa
perde a capacidade de se acompanhar; mas tambm ela no pode ser passiva, caso contrrio perde um de seus principais atributos que o de se manifestar com uma companhia.
Como exemplo ns temos a percepo do todo e o som do silncio, que
tanto esto na base da capacidade de se acompanhar; como atuam tranquilizando, acalmando e mesmo desangustiando; como so capazes de imprimir uma longnqua impresso de companhia de si-mesmo que por sua vez
capaz de intermediar com um dos maiores fantasmas de nosso tempo, a
solido ou fobia solitria.
Em terceiro lugar est o seu posicionamento gestltico: A capacidade de se
acompanhar opera com impresses, produz insights e compe uma ou
mais gestalts das experincias vividas, tanto no mundo da ausncia, como
no territrio intermedirio, como na vida cotidiana no planeta terra; o problema que as impresses podem ser difusas, isto , de fora do territrio
da linguagem e da conscincia normal; os insights podem inundar principalmente quando sobrepassam a corporalidade ou a capacidade da pessoa
se mover; e as gestalts podem ser terroristas e nefastas principalmente
quando se trata de compreenses que a pessoa no pode ainda lidar ou
que precisa de se livrar, e para isto sai buscando interpretaes de todos os
tipos.
Resumindo, a capacidade de se acompanhar um atributo da conscincia
que se contrape a nossa conscincia normal (objetiva abstrata e superiora).
Apesar de ser de certa forma distanciada e observadora se contrape a abstrao, pois opera a partir de um sentir. Tambm se contrape a organizao objetiva da percepo, pois opera com impresses sensoriais e com a
percepo do todo e quanto mais se desenvolve mais se manifesta como
perceber sentindo. Tambm se organiza como uma linguagem, inclusive
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idade em seu funcionamento; esta vai estar relacionada com o mundo externo; o que ajuda a aumentar os conflitos intrapessoais, pois a pouca capacidade de continuidade, de manter os compromissos, acaba sendo desgastada com o mundo e com os outros; no sobrando quase nada para simesmo.
O que significa dizer que a continuidade de fato e sua correspondente
noo um problema que afeta em primeiro lugar a relao da pessoa com
ela mesma e se refere capacidade da pessoa manter uma continuidade
nos afazeres e compromissos relacionados a ela-mesma. Est diretamente
relacionado com a autoestima e somente se transforma numa incapacidade
de manter a continuidade e os compromissos com o mundo exterior depois
que a pessoa j est estressada, esgotada e desgastada. E sem continuidade
simplesmente no existe caminho, nem sequer o caminho j percorrido.
Em termos da relao da pessoa com ela-mesma; a incapacidade de se
acompanhar e a incapacidade de ser contnuo so problemas maiores
que habitam o plano de fundo do funcionamento virtual; bem maiores
do que todo o desastre que pode ser encontrado na superfcie do funcionamento das pessoas.
O que significa dizer que a relao consigo-mesmo, como todo tipo de relao, exige e pede um desenvolvimento. Nem sequer a coordenao do
ausentar-se e do voltar para si-mesmo pode ajudar muito se a pessoa mantm sua forma de relacionar-se consigo-mesma inalterada; sendo que no
funcionamento virtual este inalterado costuma ser cclico; entre uma forma
pseudoexpansiva descuida de si-mesmo e uma forma pseudocorporal, dura,
restrita e exigente consigo-mesmo; comeando por manter constante o
mesmo tom falando consigo-mesmo. Pode parecer contraditrio; porm
apesar de toda flexibilidade e abertura do funcionamento virtual, as formas
de relacionamento consigo-mesmo costumam ser as que mais tempo permanecem fixadas ou padronizadas.
Em todo caso esta mais outra situao que o desenvolvimento do processo teraputico precisa arrumar; a capacidade de se acompanhar e a noo
de continuidade do trabalho consigo-mesmo precisam (de alguma maneira) seguir seus cursos independentes da montanha russa presente no funcionamento virtual.
O que significa dizer que a pessoa, apesar de continuar funcionando virtualmente, pode ir recuperando sua capacidade de se acompanhar e de ser
mais contnua com a relao consigo-mesmo incluindo os compromissos
consigo-mesmo.
Sendo que aqui, alm da parte cognitiva e sua correspondente gestalt que
no fcil, o principal componente sem dvida nenhuma a recuperao
da capacidade de sentir. Sem colocar o sentir em movimento acompanhado
da capacidade de se perceber, inclusive e principalmente em territrio difuso; sem colocar a relao consigo-mesmo pautada pelo recuperar a relao
consigo-mesmo ( amistar-se consigo-mesmo); acompanhar-se e restabelecer a relao consigo-mesmo se transforma em misso impossvel.
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Agora, tanto a capacidade de se acompanhar como a noo de continuidade do trabalho consigo-mesmo envolve contato consigo-mesmo. E aqui,
o erro comum, na maioria dos casos, pensar que o contacto consigomesmo est relacionado com o adentrar-se (para dentro de si-mesmo), numa estranha viajem de um lugar para outro dentro do prprio corpo.
Mais do que pensamento, aqui temos uma infinidade de prticas envolvendo todo tipo de imaginao, algumas juntas com a prpria ausncia e outras com a desconexo de si-mesmo. Resultado, a pessoa pode ir parar em
qualquer lugar de seu funcionamento virtual, menos conectada consigomesmo.
Desculpem, mas contra todas estas crenas e atividades afirmamos que no
funcionamento virtual o contacto consigo-mesmo no est se direcionado
para dentro de si-mesmo, muito pelo contrrio. Est na capacidade de direcionar o perceber sentindo para fora de si-mesmo, em primeiro lugar para o
prprio campo perceptivo, e depois para o campo do lugar onde o corpo
da pessoa se encontra neste exato instante. exatamente isto que precipita
como ressonncia sensorial e perceptiva o que nomeamos como sendo o
contacto consigo-mesmo, e mais, o que abre espao para o tocar-se a simesmo. Tambm devemos esclarecer que aqui, qualquer tipo de imaginao simplesmente inadequado. O simples som do silncio e a percepo
como um todo, basta e sobra.
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O que significa dizer que a proposta da Arte Org terapia usar os movimentos corporais e perceptivos (exerccios-procedimentos) tanto para investigar o funcionamento da ausncia e das pessoas que se ausentam; como para lidar terapeuticamente com o ato de ausentar-se de si-mesmo e de
voltar para si-mesmo e com suas consequncias; como tambm para entrar
e lidar com a dinmica da relao consigo-mesmo; ou mesmo para construir um domnio paralelo, um caminho parte, pontuado por espaos preservados coligados aos seus devidos polos (fechado, intermedirio e aberto)
onde o indivduo possa entrar no espao de relao com ele-mesmo e lidar
com as diversas presses e conflitos presentes em seu funcionamento.
Com isto podemos dizer que a metodologia da Arte Org em primeiro lugar
pratica e experiencial. Sendo que a arte de mover-se concretamente (com
exerccios-procedimentos) est to inserida em sua metodologia que dificilmente conseguimos pens-la de forma separada. Dizer para um arteorguiano que ele tem que lidar com qualquer aspecto do funcionamento virtual sem os exerccios equivalente a pedir para um agricultor para ele arar
e plantar vrios alqueires de terra sem nenhuma ferramenta.
Como aqui tudo tem dois ou mais lados, quando a pessoa est direcionada
a perder-se de si-mesma, a primeira coisa que ela faz justamente comear
a boicotar seus exerccios-procedimentos se esquecendo dos prprios procedimentos. Da mesma forma que a pessoa fica fbica de si-mesmo ela pode ficar fbica dos exerccios-procedimentos.
Aqui no tem jeito, no to simples como parece. Se os exerccios esto
direcionados como um caminho, mais sedo ou mais tarde eles vo abrir as
portas do futuro, ou do prprio desenvolvimento. Isto envolve crescimento
e responsabilidade consigo-mesmo, envolve compromisso consigo-mesmo.
O territrio desconhecido da expanso, da abertura, e do crescimento como
pessoa, real e verdadeiro, costuma se transformar num buraco negro, mais
um passo e a pessoa pode mudar de verdade, e isto pode promover modificaes verdadeiras em todo seu funcionamento. justamente aqui que o
boicote a si-mesmo vira crnico. E a maneira mais efetiva de se boicotar, de
desmontar o caminho percorrido, de manter o velho funcionamento, parando de se mover. Esta uma das portas de entrado no funcionamento
pressionado no aqui. E revela mais uma destreza do funcionamento virtual; quando eles esto abertos e em movimento, so capazes de olhar para
seu prprio futuro e descobrir que o seu prprio futuro est se abrindo para
o desconhecido, e isto pode ser bem diferente do que eles imaginam.
Agora o que eles imaginam neste tipo de situao realmente elaborado.
Pois so capazes de pensar que esto seguindo por um caminho que vai
acabar por separ-los do resto dos humanos, isto , sozinhos e solitrios.
bem maluco, pois quando revemos nossas anotaes do que foi passando
no processo teraputico desta pessoa foi justamente o oposto. A cada passo dado em direo a realmente estar sozinha consigo-mesmo, isto , para
estar acompanhada de si-mesmo, mais foi abrindo a possibilidade de sair
da posio da solido crnica e fbica de si-mesmo para poder estar com
os outros. Mais sozinho do que a pessoa j era do que quando comeou
seu processo teraputico centrado em si-mesmo no pode ser. O que signi-
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fica que o caminho percorrido pela pessoa no decorrer de seu processo teraputico com ela mesma desaparece de vista.
O que podemos pensar aqui que est tal capacidade de se ver a futuro acaba mostrando para pessoa aspectos de si-mesma que ela no aceita, como
por exemplo, estar mais aberto (a) e feliz, ou mesmo velho (a), amigo (a) de
si-mesmo (a) e realizado consigo-mesmo (a). Em todo caso o que temos
aqui um algo l na frente, no vir a ser, que no cabe no aqui e agora,
simplesmente porque a pessoa no caminhou ainda passo por passo para
chegar l na frente e ver como ela pode lidar com a nova situao.
O que aprendemos com este tipo de situao que os virtuais pensam que
podem controlar seus processos teraputicos aumentando ou diminuindo a
fora e a frequncia que eles se movem com seus exerccios procedimento;
se a coisa esta ensimesmada, escura e fechada, mais exercciosprocedimento; e se a coisa est mais aberta, andando e se desenvolvendo,
menos exerccios-procedimentos. Somente o que eles no levam em considerao que esta justamente a forma de inundar a vida cotidiana, as relaes com as coisas e com os outros, com situaes, sentimentos, anseios,
e impresses que a pessoa ainda no resolveu no mbito de si-mesmo.
Tambm aprendemos que neste tipo de situao em nada resolve racionalizar. E as ferramentas para ir lidando como isto passo a passo s foram aparecendo nos caminhos de si-mesmo no aqui da Arte Org paralela.
Outro tipo de situao que costuma paralisar a capacidade de seguir se
movendo com os exerccios procedimento, costuma ocorrer frequentemente com os viciados em cuidar dos outros. Isto , aqueles que costumam ter
contato somente quando cuidando dos outros. o caso dos terapeutas onde o cuidar dos outros vai substituindo o contato consigo-mesmo, e o contato na vida cotidiana; como se a vida e a capacidade de se mover de seus
clientes j fosse suficiente movimento, para ter ainda que se mover para simesmo consigo-mesmo. E com isto muito provavelmente vai acabar inundando seu prprio campo de uma pseudovitalidade virtual que somente
paralisa cada dia mais a capacidade da pessoa se mover consigo-mesma
para si-mesma. Outro tipo de situao que em nada resolve as racionalizaes, e menos ainda o conhecimento. Sendo que as ferramentas para ir lidando como isto passo a passo tambm s foram aparecendo nos caminhos de si-mesmo no aqui da Arte Org paralela.
Os exerccios procedimentos da Arte Org esto divididos em dois domnios,
em dois caminhos paralelos; os que esto relacionados com a Arte Org da
ausncia, pautados de acordo com a reorganizao da corporalidade e das
percepes de campo e direcionados para acompanhar a ausncia e o voltar para si-mesmo; e os que esto relacionados com a arte Org paralela,
pautados de acordo com os polos do aqui (fechado, intermedirio, aberto)
e direcionados para despressionar a vida cotidiana.
Sendo que por sua vez os exerccios so diferenciados em trs modalidades,
os organizadores da corporalidade, os organizadores do campo perceptivo
e os intermediadores do contacto consigo-mesmo.
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Da para frente eles se diferenciam em grupos, famlias e logo em nveis organizados de acordos com ciclos ou fases (na Arte Org da Ausncia), ou de
acordo com mdulos ou etapas (na Arte Org paralela).
A sobre-excitao.
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O que nos obriga a estabelecer diferenciaes, assim usamos o termo sobre-excitao energtica para nos referir a sobre-excitao do campo orgone proposta por Reich e usamos o termo sobre-excitao de campo para
nos referir sobre-excitao que se apresenta no funcionamento virtual.
O fenmeno da sobre-excitao energtica foi descoberto por Reich, junto
com a descoberta da energia dr {D. Or.} ou energia orgone mortal e da doena dr {D. Or.}, a propsito das investigaes do projeto Oranur.
As relaes que identificamos entre o funcionamento ausente, o funcionamento virtual, os estados emocionais, os estados de sobre-excitao e os
estados de ressaca nos permitem formular uma pergunta histrica relativa
ao prprio desenvolvimento da Arte Org:
Porque os terapeutas emocionais deviam se preocupar com a sobre-excitao
do planeta e das pessoas?
E a resposta : simplesmente porque a sobre-excitao altera o metabolismo da descarga dos indivduos.
No existe uma terapia emocional centrada nas defesas do indivduo que
possa ser efetiva numa pessoa sobre-excitada, pois a estratificao das emoes simplesmente necessita do fator de descarga. justamente a descarga de uma emoo (como defesa) quem permite uma prxima volta no
metabolismo emocional com mais carga disponvel; quem permite revelar o
contacto oculto (funo de contacto modificado pelo contacto substituto
ou forma de contacto como defesa) que por sua vez, conforme recebe mais
carga se transforma na prxima defesa.
O relevante aqui que j naquela poca (primrdios da Arte Org dcada
de 90) a maioria das pessoas que buscavam terapia apresentava uma oscilao entre sobre-excitao e ausncia; apresentando de forma mais ou menos clara o que podia ser classificado como sintomas da doena dr {D. Or.}.
O que significava que as proposies de Reich (na dcada de cinquenta)
estavam presentes nos quadros atuais dos virtuais sobre-excitados (dcada
de 90); sendo que a sobre-excitao era um tipo de reao da excitao
bem anterior reao {D. Or.} A presena da sobre-excitao de forma generalizada indicava que a sobre-excitao tinha crescido enormemente nos
ltimos 40 anos, tinha se tornado mais ampla, mais severa e mais prxima
da reao {D. Or.}.
Courtney Backer (jornal de orgonomia) tinha chegado mesma concluso
comparando os testes de sangue feitos por Reich e por ele mesmo numa investigao sobre as biopatias flogsticas (inflamatrias).
Courtney encontrou que o campo energtico das clulas sanguneas dessas
pessoas com biopatias inflamatrias era maior do que o campo das clulas
sanguneas das pessoas normais; porm, contraditoriamente e apesar disto
o tempo de deteriorao destas clulas em formaes de bions (primeiras
unidades energticas vivas, anteriores aos organismos celulares) era equivalente ao das pessoas com biopatia carcinomatosa (cncer).
A concluso de Courtney foi que a excitao do planeta tinha se modificado,
simplesmente atmosfera do planeta j apresentava mais dr {D. Or.} que na
poca do Reich e que isto estava mutando o funcionamento celular das pessoas.
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O encouraamento de campo.
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Tambm sabemos que a percepo de campo e o campo perceptivo se alteram de acordo com a sobre-excitao e com as fixaes, portanto eles interagem na formao da couraa de campo.
Tambm sabemos que para se constituir uma couraa necessrio contraposio de fora, de forma que uma fora bloqueia a outra, e disto resultam
escapes, portanto o nosso ponto de partida para compreender a couraa de
campo o antagonismo entre a sobre-excitao de campo e a percepo
de campo enquanto tal.
Tambm sabemos que a percepo de campo interage e depende do campo real (sem o campo real a percepo de campo e o campo perceptivo no
se manifestam), mas ela no atua ou entra em movimento a partir do prprio campo, mas sim a partir das funes dos sentidos perceptivos distanciada dos rgos perceptivos; ou da percepo difusa, ou ainda a partir dos
prprios movimentos corporais no espao.
Tambm sabemos que pela percepo de campo que ausncia flui, portanto temos uma parte da percepo de campo comprometida com a ausncia e outra parte comprometida com o campo real e com a sobreexcitao, portanto com a couraa de campo.
Sabemos que alguns tipos de encouraamento do campo permitem a ausncia e outras simplesmente param a ausncia ou dificultam o processo de
ausentar-se. Tambm sabemos que quando a percepo de campo, a sobreexcitao de campo ou a couraa de campo desaparecem, mesmo que para
dentro do organismo; a sensao de desproteo e de exposio imediata; portanto a couraa de campo cumpre outras funes no funcionamento
virtual do que se contrapor a ausncia.
Vale esclarecer que qualquer forma de encouraamento rgido, isto , que
mantm por um perodo de tempo o mesmo padro de resposta para os
perigos internos e externos, independente da natureza dos perigos internos
e dos perigos externos; e que tem sua prpria forma autnoma de se manter a si mesmo como couraa; em sua base temos a contraposio de foras.
Sendo que a primeira observao e diferenciao que temos aqui que a
couraa de campo dos virtuais se fixa, se mantm por algum tempo, mas
no se fecha como se fechava a antiga couraa do carter; isto , o funcionamento virtual tem uma forma de couraa flexvel e aberta. Ela extremadamente dinmica e pode ir se reformulando ou mudando de direo e de
organizao da noite para o dia e sem aviso prvio. O que significa que ainda no temos uma noo clara de quem coordena e nem o que determina
as modificaes da couraa de campo dos virtuais.
Nossa hiptese para o encouraamento de campo dos virtuais que essa
couraa de campo virtual unifica de forma contraposta cinco processos diferentes.
O prprio campo pessoal (campo de energia real da pessoa e do lugar).
A sobre-excitao propriamente dita.
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As percepes de campo.
A percepo difusa,
O campo perceptivo,
O campo perceptivo virtual (sobreposto).
Sendo que a base para a organizao da couraa de campo dos virtuais o
prprio funcionamento ausente, que induz certo anestesiamento ou paralisia da periferia perifrica; alm disto, temos o deslocamento e as fixaes
de campo e da sobre-excitao. Sendo que este anestesiamento perifrico
tambm pode ser promovido pela sobre-excitao e se encontra entre o
corpo e seu campo prprio.
Agora uma coisa compreender estas funes atuando individualmente,
outra coisa bem diferente compreender estas funes interagindo como
couraa.
Diante de todas as traquimanhas que j conhecemos da couraa de campo
e das que no conhecemos ainda; a sobre-excitao a mais fcil de ser
abordada, sendo que ela j trs consigo certa dose de encouraamento de
campo; porm tambm sabemos que a sobre-excitao no abarca nem
uma parte de tudo do que est em envolvido com a couraa de campo; o
restante das compreenses das interaes do funcionamento da couraa
de campo ainda est em compasso de espera. Estamos mais longe ainda de
estabelecer uma compreenso funcional da couraa de campo, pois para
isto necessitamos uma prvia compreenso dinmica.
Principalmente quando entre em jogo o campo perceptivo e o campo perceptivo sobreposto; neste caso, os esquemas e os acontecimentos fogem da
lgica linear, principalmente quando estamos tentando compreender o que
ocorre desde fora dos acontecimentos, como neste caso.
O que significa que os fenmenos que giram em torno da couraa de campo (incluindo sua linguagem sensorial e os elementos envolvidos com a
prtica) so mais ricos e diversificados do que a nossa capacidade de abordar entes fenmenos de forma racional e compreensiva ou mesmo funcional.
Como em muitos outros casos, nossa pratica inserida e composta como exerccios procedimentos organizados de acordo com o pensamento paralelo
da Arte Org pode nos levar muito adiante da compreenso dinmica ou
funcional destes processos. Estas s costumam se manifestar muito tempo
depois.
O que significa que j temos um corpo de exerccios procedimentos para
lindar tanto com a sobre-excitao de campo como com a couraa de campo. Porm, vamos nos limitar nossa abordagem aqui a uns poucos fenmenos relacionados com a couraa de campo dos virtuais a partir do que
compreendemos da prpria sobre-excitao.
Veja que at onde sabemos a sobre-excitao mesmo no campo de natureza energtica; precipitada do corpo, parem se manifesta no campo, e,
muito provavelmente ela tambm coordenada desde o corpo.
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A corporalidade (Mim) tambm pode cumprir um papel ativo neste processo; O Mim como identidade corporal tambm pode assumir a posio de
defesa e liberar a sobre-excitao para o campo; mas isto s manifesta de
forma mais clara quando a dinmica das defesas e das identidades envolvidas j pode aparecer na superfcie; pois at este momento o processo parece ser aleatrio e automtico; mais parecido com a ressaca; bebeu alm da
conta: tome ressaca.
Sendo que at onde podemos acompanhar estes processos praticamente,
podemos afirmar que a sobre-excitao de campo no ocorre em todos os
casos concomitantes com a ausncia ida, mas um pouco depois (a no ser
que a pessoa tente se ausentar quando j est sobre-excitada). Neste caso
como se a pessoa comeasse a emanar sobre-excitao do corpo para o
campo logo depois da ausncia; isto , depois do contacto ausente. Portanto, a sobre-excitao se encontra mais prxima do voltar para si-mesmo do
que do ausentar-se de si mesmo.
Agora dependendo do nvel de sobre-excitao, da desorganizao da ausncia, e de outros fatores como na ausncia sobreposta, a sobre-excitao
sim se manifesta antes da ausncia e literalmente como defesa. Alm disto,
em outros casos, quando a pessoa comea a se aproximar muito do contacto ausente o nvel de sobre-excitao costuma aumentar e bastante. So
poucos os procedimentos que podem paralisar a ausncia, a sobreexcitao um deles, as presses do aqui outra destas defesas.
Deste ponto de vista, a sobre-excitao encontra-se no princpio de toda e
qualquer ressaca virtual e se manifesta como sendo a principal defesa contra a prpria ausncia (ido distante desconectado). Tambm se encontra
presente como um dos principais fatores do encouraamento de campo.
Isto no significa dizer que este processo j esteja satisfatoriamente compreendido; pois ainda faltam muito para compreender do funcionamento da
sobre-excitao em si e da couraa de campo em particular.
importante esclarecer aqui que estamos falando de um processo com
muitas e muitas camadas sobrepostas e fundidas e que aqui estamos colocando somente um esboo das foras e contra foras nele envolvido.
Para comear, muito difcil investigar o desenvolvimento tanto da sobreexcitao de campo como da ausncia, quando as pessoas j se encontram
desorganizadas (alm da desorganizao normal presente em todo e qualquer funcionamento virtual) ou mesmo ressacosas, estressadas e com desconexes por todos os lados. Para esta investigao, o nosso ponto de partida deveria ser quando as pessoas ainda conseguem se colocarem simplesmente ausentes; e, isto est cada vez mais difcil.
Em segundo lugar a pessoa deve estar capacitada a acompanhar perceptivamente e sensorialmente tanto sua ausncia como sua sobre-excitao; e
isto requer de um largo caminho teraputico j recorrido.
De acordo com nossa experincia teraputica, o processo da sobreexcitao de campo pode ser divido em trs partes e no necessariamente
sequenciadas ou separadas.
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O que significa dizer que a sobre-excitao do planeta sim pode criar condies propcias para a proliferao do funcionamento virtual, e que muitas
das impresses, sensaes, insights das pessoas corresponde sim a algum
tipo de realidade externa; portanto, quando propomos que tudo isto deve
ser lidado de acordo com a prpria relao do indivduo consigo-mesmo;
estamos querendo dizer que, de acordo conosco, esta a nica posio de
onde a pessoa pode fazer alguma coisa, ou tomar algum procedimento
(que lhe permita voltar a se relacionar consigo e com seu entorno, que lhe
permita voltar a fluir) e que no aumente ainda mais o conflito com elamesma.
Funcionalmente falando, antes do campo se manifestar como uma couraa
de campo, sua funo manter cada organismo vivo vibrando numa mesma frequncia, nica e unitria. Do ponto de vista energtico isto quem
determina que todo o organismo com todas as suas partes funcione como
uma unidade, ou comunidade. justamente esta funo que entra em risco
quando o campo do indivduo precisa funcionar como uma couraa. Por
outro lado, quando o indivduo perde sua couraa de campo, a prxima linha defensiva se encontra nos rgos individualmente, e isto se chama couraa de rgos, que pode alcanar o prprio sistema vegetativo. Outra condio bastante perigosa para a prpria manuteno da vida. Com tudo isto,
no de se estranhar que os diferentes tipos de doenas autoimunes (o
organismo atacando a si-mesmo) estejam se proliferando como nunca.
A ressaca e os ressacados.
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to das pessoas como um todo e que colocam as pessoas funcionando pressionadas em seu cotidiano.
Portanto, a presso do aqui um estar ou um estado pressionado (pressionando a pessoa e o aqui e agora cotidiano); que costuma manifestar sensaes e sentimentos relacionados com o estar que se manifestam como
sintomas corporais ou como sintomas psicossomticos.
Entre as sensaes corporais as mais comuns so: a presso no peito, a falta
de ar, a ansiedade, dores nos msculos pertos dos ossos, nos nervos, nas veias
e nas juntas.
Entre os sentimentos ou estados de esprito que se expressam como uma
atitude generalizada est o de prisioneiro das circunstncias (prisioneiro de
si-mesmo disfarado) que nos imprime uma sensao de que a pessoa se
encontra como um animal enjaulado querendo escapar a qualquer custo;
Por uma parte, ocultamente ansiando, nostlgico e com saudades de simesmo e de um lugar tranquilo e inalcanvel para si-mesmo; em busca de
estmulos externos que a salve destas sensaes (que possibilite sua volta
conexo ausente) onde a pessoa se mostra disposta a modificar a qualquer
custo seu ser e sua existncia para conseguir estar com os outros. Isto
quando a pessoa no est cansada e esgotada; desgastada e estressada; o
que pode desaparecer com todas as outras manifestaes. Por outra parte,
a pessoa est decidida a permanecer agarrada no aqui, direcionada para
conectar-se com as coisas e os outros a qualquer custo, refratria a distrao difusa e a qualquer procedimento intermediador. Pressionando as funes focais para alm dos limites, e por isto, sem sem contexto e sem o
todo.
Isto , quando vemos uma pessoa num estado emanando uma impresso
de presso; e que corporifica ou que apresenta aspectos corporais desta
presso como, por exemplo, a impresso de que a pessoa est enjaulada;
sem conseguir ficar mais no lugar onde se encontra ou com uma necessidade de sair escapando em qualquer direo, junto com a deciso de no
sair do lugar; esta pessoa bem pode estar neste estado que chamamos
presso do aqui.
Nos momentos mais crticos a sua respirao pode se mostrar suspensa no
momento inspiratrio e ao mesmo tempo empurrando o ar para fora com
os demais rgos, como se estivesse bufando, afogada; como se o ar do
meio ambiente tivesse ficado rarefeito; sendo que muitas vezes manifesta
esta presso literalmente com dores no peito como se fosse ter um ataque
cardaco.
Uma pessoa pressionada no aqui geralmente est perdendo os limites naturais e separadores de sua vida cotidiana. Isto , esto desaparecendo as
diferenciaes mais bsicas como noite e dia; local de trabalho e casa; momento de trabalhar e restante da vida cotidiana; amigos pessoais e companheiros de trabalho; momento de trabalhar; momento para estar com a
famlia; momento de laser; momentos de estar consigo-mesmo. Vira tudo
um puro bloco.
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Sendo que a percepo de uma pessoa pressionada no aqui s pode cuidar de uma coisa por vez; geralmente relacionado com os afazeres cotidianos. Isto ; desaparece a esperana; os projetos e os anseios ligados ao horizonte e para alm dele; como tambm desaparece a capacidade virtual de
lidar com vrias atenes ao mesmo tempo; e mais, a pessoa se coloca refratria quando necessita dividir sua ateno.
Em termos gerais podemos dizer que, na presso do aqui, a pessoa costuma reduzir seu universo e perder seu horizonte (a perda do contacto com o
horizonte e com o cu literal); sua vida vai ficando plana e achatada; muitas vezes quando combina com alguma crise, como a de separao, a pessoa costuma assumir uma posio desolada e depressiva se restringindo
ainda mais; somente consegue dar ateno para as preocupaes mais comuns, como por exemplo, as tarefas do aqui, com metas curtas e reduzidas,
e no consegue lidar com temas que acha transcendente.
Toda sua flexibilidade virtual tambm se reduz.
Cresce em igual proporo presso da autonomia e a presso de simesmo e a presso de se expor e a exigncia a si-mesmo. Aumentam as
dificuldades para estar consigo-mesmo e para realizar projetos onde a pessoa dependa de si-mesma e as dificuldades para tomar decises, isto , aumenta a dependncia seja de pessoas, das coisas, das drogas ou dos lugares.
Na presso do aqui a necessidade da aprovao externa, principalmente
das outras pessoas que ocupa um lugar central nas preocupaes e fixaes
(comumente os chefes ou chefas ou os parceiros) cresce em igual proporo com as presses, isto , quanto mais pressionada no aqui est uma
pessoa, mas ela depende da aprovao externa.
Na presso do aqui, tanto a baixa autoimagem como a baixa autoestima
pode alcanar pontos crticos e na mesma velocidade com que se instala a
presso do aqui; independente do que a pessoa fez ou deixou de fazer
para derrubar ou para levantar a autoimagem e a autoestima.
Em termos de fixao, apesar de que o comum de todas as fixaes apresentar sempre uma situao ou outra onde fixao projetiva est mais localizada; nas presses do aqui como se a pessoa tivesse fixado sua existncia inteira e, junto com ela, seu cotidiano, e seu corpo.
por isto que falamos que uma pessoa fixada na presso do aqui perdeu
seu funcionamento paralelo (imprimido pelo ausentar-se de si-mesmo);
perdeu ou compactou seus espaos intermedirios, seja o espao intermedirio geral entre o funcionamento virtual ausente e a vida cotidiana, sejam
os intervalos intermediadores em sua prpria vida cotidiana. Neste momento a pessoa costuma parar de fazer seus hobbys; seus exerccios; sejam estes
de qualquer tipo e junto com eles tambm desaparecem suas atividades
intermediadoras e /ou animistas.
A seguir colocamos alguns elementos descobertos pela Arte Org relacionados com o funcionamento e com a compreenso das presses do aqui.
Porm e necessrio esclarecer que estes elementos no esto a simples vista; isto , so subjacentes; pois o que aparece de forma manifesta na pres-
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ou faam referencias sobre sua pessoa, sua forma de ser, seu comportamento ou mesmo sobre sua identidade; mesmo que estes comentrios sejam
pesados, invasores ou destrutivos, tipo fale mal, mas fale de mim; da mesma
maneira que aumenta a necessidade de receitas de vida; ou de formas de
atuar nesta ou naquela situao.
Quando estas mesmas pessoas (que esto comeando a se despressionar)
falam de si, costumam ser extremadamente duras com elas-mesmas, ou
mesmo maldosas consigo-mesmas. Alm da suposio de que a fixao
comeou a ceder, mas a presso continua operando, tambm supomos que
a desfixao revela algumas camadas de apreenso; sendo que tal apreenso na maioria das vezes no aparece de forma manifesta, deixando a ideia
que a pessoa est se defendendo (como na antiga couraa) sem conseguir
formar uma ideia que est se defendendo e nem do que.
O que realmente interessante, pois as manifestaes das defesas no funcionamento virtual normal no apresentam nada de parecido com as antigas couraas.
O que ainda no sabemos e se estas tendncias esto sempre operando por
baixo das presses do aqui, se elas s aparecem com a desfixao ou se
so procedimentos que a pessoa usa quando est compondo seu quadro
pressionado no aqui e logo desaparecem para aparecerem novamente
quando a pessoa est se desfixando.
O que est claro que os pressionados no aqui, ao que parece, no gostam muito de se livrar de suas fixaes e presses; sendo que as sensaes
de alvio por estar relativamente fora das presses do aqui s aparecem
depois de algum caminho andado; e mesmo quando um tanto fora da presso do aqui retomar a ausncia no to fcil.
Quando a pessoa consegue se soltar um pouco mais de suas presses e
fixaes do aqui ela nos revela um conflito desnorteador, estranho, sem
sentido e bvio ao mesmo tempo, como caracterstico do funcionamento
virtual.
Quando as demais fixaes cedem; o tema da presso do aqui se transforma na relao que as pessoas estabelecem com alguns lugares de suas
vidas, particularmente com suas casas. A presso a estar consigo, encontrar-se consigo-mesmo. O conflito se d entre o poder estar consigo em
qualquer lugar ou ter um lugar especial e nico para estar consigo-mesmo,
onde uma fora definitivamente anula a outra e vice-versa.
A estranheza que nos referimos ao paradoxo proposto por toda a situao, a pessoa est ao mesmo tempo completamente fbica de si-mesmo e
dos lugares, sem possibilidades de estar conectado com ela mesma seja
aonde for que estiver; decidida a permanecer no mesmo lugar e direcionada a escapar de qualquer forma de si-mesma e do lugar em questo. Enquanto que por baixo; nos bastidores da presso do aqui por assim dizer;
presso sobre si-mesmo a estar consigo-mesmo; num lugar fsico especial; de um jeito especial.
E o mais estranho que a passagem do estar pressionado de forma genrica para estar pressionado de forma especfica consigo-mesmo num lugar
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ocorre de forma direta sem passar pela ausncia, mesmo que a pessoa esteja se ausentando. O que significa que uma sobreposio do voltar para simesmo e para o mundo quem sobrepe e direciona as presses e fixaes
para a o aqui.
Agora, o mais estranho de tudo isto que muitas pessoas as quais acompanhamos este processo terapeuticamente; a conexo consigo-mesmo num
lugar especial tinha ocorrido de fato; isto , a pessoa, num determinado
momento de sua vida, por necessidade e moto prpria, conseguiu achar um
jeito de estar consigo-mesma num determinado lugar e sozinha; e este contacto foi to importante que a conexo consigo-mesma neste lugar ficou
gravada como direo, mesmo que depois a pessoa teve que achar um jeito
de apagar de sua memria tudo isto.
por isto que ns propomos que na base das presses do aqui temos a
direo do voltar para si-mesmo (do mundo ausente) sobreposta pelo contacto consigo-mesmo num determinado lugar. Em outras palavras, para que
a pessoa volte a poder estar consigo-mesma em qualquer lugar ela precisa
soltar a conexo consigo-mesma fixada a um lugar fsico e concreto.
Neste mesmo polo da terra, de volta para si-mesmo; oposto a ausncia; a
presso do aqui convive com outras formas de funcionar ou de se organizar; comeando pela sobre-excitao de campo e logo a ressaca virtual que
se encontram interligas, sendo que podemos ter sobre-excitao sem ressaca, mas no ressaca sem sobre-excitao. Sendo que tanto a sobreexcitao de campo como a ressaca virtual ainda convive com o funcionamento virtual normal.
Depois disto, se a pessoa segue a direo do agarrar-se ou ancorar-se no
lado de c, do aqui e do agora, a coisa j se coloca na categoria dos pesos
pesados; a pessoa e seu funcionamento deixam de ser caracterizados como
funcionamento virtual para se constituir ou se manifestar como sendo do
tipo pressionado no aqui ou numa das formas da estruturao virtual (estruturas virtuais).
A presso do aqui no se constitui num estado onde temos os nveis mais
altos de sobre-excitao e de ressaca, principalmente da sobre-excitao de
campo. Muito pelo contrrio, a pessoa quando est pressionada no aqui
parece que guardou sua sobre-excitao e sua ressaca em algum lugar; seja
este um lugar externo (como o prprio quarto, onde neste caso cresce as
dificuldades de manter o quarto ventilado, claro, limpo, e ordenado) ou
dentro de si-mesmo, no corpo ou pegado ao sistema de ressonncia (e neste caso a sobre-excitao aparece como irrupes alternadas tipo hora na
cabea, hora no peito e hora na barriga).
Quanto s funes perceptivas de campo, na presso do aqui a pessoa
est mais prxima de perder as defesas de campo; se j no perdeu; seja
por retirada para dentro de si-mesma, seja por desgaste das percepes de
campo: seja por ter suas funes de campo fixadas em algum outro polo.
Agora, para o funcionamento virtual em geral seja de que tipo for; perder as
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Em outras palavras, ns supomos que a presso do aqui antes de se manifestar na conexo da pessoa nos lugares como polos ela tem um largo recorrido; supomos que ela tem seu incio numa crise de contacto ausente,
isto , do territrio ausente, voltado da ausncia; e neste voltar passa pelos
espelhos do campo, ou sobreposio do campo do lugar (escuro do campo
do lugar) de onde se direciona para o campo do lugar; e deste para os lugares fsicos; e deste para os outros, o que est de acordo com nossas suposies e observaes que no funcionamento virtual, na maioria das vezes
esses processos so gerados de forma sobreposta; isto ; primeiro so
compostos nas funes de campo e logo se ancoram nas funes mais objetivas.
Com isto tambm propomos que nos pressionados no aqui a polarizao
vertical (ausncia de cima, presena do meio, ausncia de baixo) est inibida
ou obstruda. Isto no significa que as foras que se movem nas polaridades
verticais no estejam presentes na presso do aqui, afinal uma presso
justamente assim, tendncia de um lugar empurrando em outro lugar para
se dirigir para outro lugar. E, ao que parece, a presso do aqui justamente isto, uma forma de estar pressionando por todos os lados e pressionando
a si-mesmo em direo ao prprio lugar; o que resulta numa contra presso
para os demais polos.
Uma fora agarrada no aqui, dizendo daqui eu no saio: outra fora empurrando para um dos polos da vida (aberto) dizendo e l que as grandes mudanas devem acontecer; e outra fora puxando para o polo fechado como
o ltimo e nico reduto de descanso que diz que a pessoa precisa se cuidar,
estar consigo, se reparar o que transforma o polo fechado num pequeno
escuro do campo do lugar.
Para cima, com o teto fechado; como nestes dias que no podemos levantar
voo; mas tambm pressionando com anseios dos tempos idos, dos momentos livres vagando sem compromisso; e para baixo outra fora de atrao
que nos lembra de que a vida est passando e que no estamos realizando
nada, que na verdade estamos secos, densos, sem vitalidade, envelhecendo
e no vivendo.
Enquanto isto a pessoa anda fixada em algum ponto (na maioria das vezes
em seu trabalho, seu chefe, ou numa relao eu-outro; ou na ausncia deles) como se esse fosse o centro de sua existncia que compromete e consomem tantos os sonhos de realizaes como a capacidade de se realizar;
enquanto a pessoa anda de um lugar para o outro; de um lado para o outro; como um cachorro correndo atrs do rabo sem sair do lugar.
A presso do aqui foi um dos ltimos quadros crnicos que tivemos que
aprender a lidar com a Arte Org terapia. Ela custou mais de 10 anos de investigaes, e uma reformulao maior em toda a metodologia da Arte Org.
Na verdade, foi a para lidar com as presses do aqui que desenvolvemos
o caminho paralelo da Arte Org, ou projeto reciclagem.
Por outro lado, foi justamente o que nos possibilitou lidar de forma mais
clara com a dificuldade de criar um momento paralelo e separado, dentro
do mbito da relao consigo-mesmo, entre a ausncia e o voltar para o
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cotidiano. A constituio deste espao paralelo desenvolvido como um caminho na relao consigo-mesmo possibilita lidar com questes e dificuldades inseridas no funcionamento virtual que vo muito alm das tais presses do aqui.
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Na Arte Org, como no nossa inteno anda comercializando diagnsticos de todos os tipos, e nem andar aliviando as pessoas externamente, de
fora para dentro, s podemos dizer que somos contra.
Para a Arte Org, depois do advento da ausncia, temos um tipo de funcionamento que abarca, engloba e represente o funcionamento do homem
contemporneo. E este ns o chamamos de funcionamento virtual. Alm
disto, temos dois tipos de direo para o funcionamento virtual.
Por um lado, temos um tipo de funcionamento virtual que ainda consegue
se distanciar e se ausentar efetivamente e sem tantas desconexes.
E por outro lado os virtuais que sua capacidade de se distanciar e se ausentar vai ficando menos efetiva e desconectada, sendo que o seu funcionamento comea a se dirigir para diferentes tipos de desorganizao de sua
corporalidade e de sua percepo. E esta desorganizao pode transformarse num bloco endurecido muito parecido com os antigos caracteres.
Mesmo assim, s observar com ateno que ainda podemos perceber os
antigos sinais do funcionamento virtual, e nele o funcionamento cclico e
contraditrio e as desconexes. E por trs delas, escondida no sei onde, a
ausncia. Da mesma maneira que podemos discernir a sobre-excitao e a
ressaca atuando no corpo ou nas profundidades. por isto que falamos
numa depresso virtual, de uma loucura virtual, ou de um masoquismo virtual; e afirmamos que eles so diferentes da depresso, da loucura ou do
masoquismo.
evidente que j no estamos to sozinhos neste posicionamento. Vrios
profissionais (aqui e ali) j vm manifestando sua desconformidade com a
forma de encarar o funcionamento dos homens contemporneos. Mesmo
assim, so vozes aqui e ali perdidas na multido. O resto do planeta prefere
continuar divulgando os mesmo quadros clnicos do passado.
A questo que na Arte Org ns somos mais radicais. Decidimos postular
um s funcionamento na base de todo este caos. A saber, o distanciamento
ausente.
E s vezes encontramos um ou outro marco terico que em parte concorda
com nossas postulaes, para no dizer crenas. Como o caso dos conceitos sociais que diferenciam o funcionamento do homem contemporneo
entre moderno e ps-moderno.
Associamos os virtuais simples, ou plenos, com a tendncia moderna na
qual o homem acredita que pode realizar tudo, sendo que o mundo e as
dificuldades no constituem limites capacidade de o homem realizar
qualquer coisa. Neste caso est manifesto o contato com o absoluto, incluindo o distanciamento ausente para longe de si-mesmo e do mundo. Territrio dos super-homens. Este perodo esteve socialmente vigente, por mais
ou menos trinta anos, at a dcada de 90.
Associamos os demais virtuais com a tendncia ps-moderna. Esta tambm
deveria durar trinta anos maios ou menos. E est marcada pelo consumismo
desenfreado, pela perda de sentido, pela desesperana, pelo vazio, pela secura, pelo estresse, incluindo s organizaes ou desorganizaes que gi-
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ram em torno do voltar para si-mesmo da viaje ausente. Territrios dos micros homens.
Acreditamos que aqui temos os dois lados de uma mesma moeda que se
manifestou de forma social e global, s no podemos explicar muito bem
como isto ocorreu e nem por que. Isto , como esta coisa pode tomar conta
do funcionamento do planeta, rompendo com qualquer tipo prvio desenvolvimento histrico e ao mesmo tempo, se manifestar por ciclos.
Somente sabemos que em termos gerais isto concorda com a populao de
clientes em busca de terapia.
Como tambm sabemos que os virtuais individualmente, independente do
perodo em que vivem, acabam passando pelos dois lados, isto , hora se
apresentam da forma mais moderna e hora da forma mais ps-moderna.
Como tambm no podemos negar que o crescimento do funcionamento
ps-moderno vem crescendo exponencialmente nos ltimos anos.
Como nos encontramos em pleno perodo ps-moderno, e como ainda no
sabemos o que mesmo vai ocorrer no prximo ciclo, podemos nos estender
um pouco mais, propondo que de uma forma ou outra a coisa vem se direcionando para prender ou encerrar os virtuais livres num funcionamento
virtual estruturado.
Resumindo, neste mesmo perodo ps-moderno tivemos a sobre-excitao
simples, a ressaca virtual simples.
Logo as presses do aqui que de alguma forma anulam e consomem
inclusive a sobre-excitao e a ressaca; ou as colocam a servio do esgotamento, do estresse e do cansao crnico;
Tambm as estruturas virtuais desorganizadas ou personalidades limtrofes ou fronteirias, comumente nomeadas como: borderline, como si, fatdicos, esquizoides, psicopatas, (sociopatas e caracteropatas), impulsivos,
perversos, narcsicos, confusionais, ambguos, abandonados.
Seguindo com as ressacas virtuais sobrepostas (loucura virtual; depresso
virtual; masoquismo virtual; e ataques destrutivos contra si-mesmo); a secura vazia de si-mesmo (com a moderna sintomatologia dos esgotados, estressados; desgastados; e os incendirios de si-mesmo que se queimam
por dentro) que se manifestam como algo alm das presses do aqui; e as
desintegraes virtuais (biopatias inflamatrias flogsticas ou autoimunes
e as biopatias degenerativas).
Sendo que cada um destes grupos oferecem tanto elementos comuns como
diferenas significativas qualitativas e quantitativas entre si. O que significa
dizer que a desorganizao do funcionamento virtual no uma questo
simples, pelo contrrio, seu panorama bastante escuro.
justo esclarecer que estes elementos j estavam potencialmente presentes
no perodo moderno, da mesma forma que o funcionamento virtual simples
ou pleno tambm estava potencialmente presente no perodo psmoderno. Da mesma maneira que estas diversas tendncias presente no
caminho da desorganizao do funcionamento virtual no foram se manifestando necessariamente nesta ordem.
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Sendo que a pauta geral que marca a metodologia da Arte Org sair ou
escapar das especificidades de cada caso individual para conseguir lidar
com a ausncia e como funcionamento virtual como um todo. Isto no significa dizer que no tomamos em conta em nosso plano geral de trabalho
os elementos comuns; como o caso das dificuldades envolvidas com o
voltar para si-mesmo e para o mundo; como a sobre-excitao e a ressaca;
como o funcionamento das presses do aqui. Mas sim que estes elementos so considerados (projeto reciclagem) justamente para conseguir sair da
polarizao reduzida e fixada e voltar; para despressionar; ou retomar a funcionalidade do funcionamento virtual.
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Muitos investigadores do funcionamento perceptivo acreditam que a autopercepo um atributo da conscincia. E de acordo com Reich, nisto esto
completamente equivocados.
A autopercepo um sistema global e unitrio que foi se desenvolvendo a
partir da percepo primitiva unicelular, est enraizada no prprio plasma
(movimento plasmtico: matria viva e energia se movendo como uma unidade), isto , no movimento do plasma vivo, portanto no biossistema, e por
traz disto, no prprio fluxo de energia dos seres vivos.
Para Reich, o que marca o limite do funcionamento vivo, que os seres vivos, desde os mais primitivos, se movem de forma autnoma e sentem.
Neste caso, o sentir e o perceber so uma mesma coisa.
Nos seres vivos desenvolvidos compreendida como sendo a percepo
dos rgos, portanto que funciona de forma independente dos nervos o do
sistema nervoso organizado.
Independente de quo desenvolvido seja um organismo vivo, ele no somente uma somatria de clulas e rgo; um organismo, e como tal um
s rgo, com sua correspondente autopercepo. E esta tambm se desenvolve conforme o organismo se desenvolve.
Portanto, autopercepo o nome que damos para funcionamento perceptivo anterior ao desenvolvimento da conscincia, e esta (a conscincia), nos
seres vivos mais organizados, como nos seres humanos, se desenvolve junto
com a fala. Sendo que a autopercepo se completa como sistema nos animais superiores e se encontra no limite do desenvolvimento dos animais
superiores e o homem.
Portanto, a autopercepo quem rege a organizao perceptiva antes do
desenvolvimento da fala e do pensamento com palavras. De acordo com
Reinvestigando, redescobrindo e reinterpretando W. Reich.
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no precisava fazer nenhum esforo, que a couraa se encarregava de manter a pessoa funcionando assim ou assado.
Isto j no assim no funcionamento virtual direcionado para a desorganizao. Varias das atividades automatizadas precisam ser ativadas voluntariamente pela prpria pessoa. Sendo que no funcionamento virtual, se manter numa mesma direo consome muita energia. Nisto os virtuais so mais
parecidos com os esquizofrnicos; pois estes tambm viviam controlando
seu prprio funcionamento voluntariamente. Neles tambm, o encouraamento superficial e mdio estava desativado.
Outra semelhana entre o funcionamento virtual e o desdobramento esquizofrnico a prpria ausncia. Os esquizofrnicos tambm manifestam um
tipo especial de ausncia que os desloca para um mundo prprio separado
do mundo do aqui.
Somente que no prprio ato de ausentar-se, na forma com que o distanciamento ausente se manifesta, est toda a diferena que separa o funcionamento virtual do desdobramento esquizofrnico. Os esquizofrnicos no
suportam a excitao suave e fina (como por exemple a tristeza) movendose em seu prprio corpo, ou em seu sistema perceptivo. Eles preferem precipitar o desdobramento com sua correspondente loucura que a excitao
fina flua de um lado para o outro.
Agora, o distanciamento ausente virtual composto pelo deslocamento de
excitaes finas de um lado para o outro. Entre elas a prpria percepo de
campo em geral e a percepo difusa em especial. Alm disto, os virtuais
podem sim manifestar sua tristeza; e estamos falando da tristeza, como um
sentimento anseio (global) que se manifesta como um estado e no somente da emoo tristeza movendo-se no corpo. Justamente do sentimento da
tristeza que se encontra na porta de entrada da conexo consigo-mesmo.
Pode ser difcil recapacitar um virtual desorganizado com seu distanciamento ausente bloqueado a ficar simplesmente triste, e sem motivos, mais
possvel. E sem entrar no mundo da loucura. E mais, este tipo de tristeza
justamente o antdoto contra do desdobramento, portanto um dos remdios que pode diminuir com a desorganizao da autopercepo.
Alm disto, sabemos que o distanciamento ausente virtual para fora do
corpo. Supomos que o lapso ausente presente na esquizofrenia, por sua
semelhana com os elementos autoperceptivos, que este para dentro do
prprio corpo.
O elemento comum entre as diferenas tendncias da desorganizao virtual, alm da desorganizao da capacidade de se ausentar na base de todos eles, que a pessoa comea a no conseguir viver de acordo com seu
prprio ritmo e nem acompanhar o ritmo dos processos. Sendo o mais daninho a projeo da conscincia a futuro; isto , a pessoa comea a ocupar
sua conscincia com uma atividade que vai realizar daqui a pouco e se perde do aqui e do agora e com isto interrompe tanto os processos da ausncia com os processos da presena no aqui e agora, o que aumenta a necessidade das desconexes.
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Nos tempos antigos do imprio caracterolgico, depois do desenvolvimento da conscincia objetiva e abstrata, a autopercepo costumava desaparecer de vista, e somente dava sinais de vida em alguns casos especiais como
no desdobramento esquizofrnico, na desorganizao do carter, o mesmo
no orgasmo pleno com a devida entrega ao prprio fluxo de energia, com
seu correspondente rebaixamento da conscincia.
No funcionamento virtual ela est sem dvida mais acessvel; e s podemos
pensar que o responsvel por isto a modificao do funcionamento da
couraa nos virtuais.
Sem falar do distanciamento ausente que nos tempos das estruturas de carter tambm somente se manifestava em casos especiais, temos ainda outro tipo da organizao da conscincia; que denominamos como conscincia operativa, que desaparecia de vista com o fechamento do carter; e com
o desenvolvimento do pensamento abstrato e matemtico.
A conscincia operativa, apesar de ser algo aqui percebendo algo ali, ainda
operava de acordo com o perceber sentindo. Entre outras coisas mais animista, e tem uma capacidade de estabelecer contato infinitamente maior
do que a conscincia objetiva e abstrata.
Como sua localizao se encontra entre a autopercepo e a conscincia
objetiva e abstrata, sua capacidade de interagir com os elementos autoperceptivos sem tantos curtos circuitos, como no caso das noes e impresses
sensoriais de rgos maior e mais fluda.
Justamente porque opera de acordo com o perceber sentindo, os elementos funcionais autoperceptivos ou emanadas da autopercepo no so to
estranhos ou aliengenas.
A conscincia operativa tambm est potencialmente presente no funcionamento virtual, e tanto pode nos ensinar a como lidar com o mergulho no
mundo autoperceptivo, como pode servir como elemento de transio entre o mundo autoperceptivo e o voltar para o aqui e agora; ou mesmo
entre a autopercepo e a conscincia objetiva abstrata e linear.
Em todo caso, a autopercepo como um todo est a quilmetros de distancia da linguagem falada, incluindo o pensamento por palavras, ou dito
racional.
Do ponto de vista teraputico, se quisermos decifrar remotamente o que
percebemos com nossas imitaes plasmticas (outro atributo autoperceptivo), sem construirmos um mundaru de interpretaes que no servem
para nada, precisamos de um mnimo de orientao espacial, para poder
perceber e acompanhar o corpo em movimento no espao; e suas modificaes e corporificaes na prpria corporalidade; e sem se afastar do perceber sentindo. O que significa dizer uma boa capacidade de perceber como um todo.
Alm disso, temos outro sistema relacionado mais diretamente com a autopercepo, a saber: o sistema de ressonncias, que tambm fala a linguagem indireta e no linear das sensaes e impresses, e que pode ir dando
muitas indicaes de como anda a sade autoperceptiva do indivduo.
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Aqui no temos muito onde errar, pois a observao nos diz que o caminho
da desorganizao dos virtuais idntico ao desenvolvimento de severos
conflitos e contradies no mbito da relao consigo-mesmo e isto inclui
conflitos entre as identidades de todos os nveis, em todos os nveis.
Desde a identidade social, cultural, ou profissional: sou isto ou aquilo de
acordo com o papel e exero socialmente; ou do mundo da linguagem: sou
aquilo que falam de mim; passando pela identidade corporal e a identidade
emocional: sou aquilo que eu sinto.
Porm, a maior contradio est entre a manifestao na vida de um eudifuso que se manifesta atravs de um eu-descorporificado que costumamos chamar de super-homem; e sua contraparte o "Mim" (de "comigo")
corporal que tambm se manifesta na vida cotidiana atravs de um representante o micro-homem; e entre um e outro, pressionado como um sanduche, ns temos o eu-cotidiano.
Alm disto, temos uma pessoa descontente consigo-mesma, descontente
com suas prprias capacidades e potencialidades; disposta a seguir a corrente do funcionamento virtual; isto , disposta por qualquer motivo a passar por sobre si-mesma, a romper a barreira de si-mesma; com a inteno
secreta, ou manifesta, de mudar o prprio "Self"; o que prope uma identidade em constante crise; e esta crise se manifesta como uma constante
presso e exigncia sobre si-mesmo; e isto em tal proporo que a normativa da Arte Org a respeito que o compromisso da terapia e dos terapeutas
arteorguianos est com o restabelecimento da relao da pessoa com elamesma, com a amistar-se consigo-mesmo e no com qualquer uma das
tendncias ou presses que a pessoa apresenta para ser desta ou daquela
maneira.
No desenvolvimento da terapia da Arte Org ns simplesmente no podemos e nem devemos apoiar e nem induzir nenhuma ao ou inteno que
signifique modificar ou pressionar o ser que vive o cotidiano a agir desta ou
daquela maneira; sim podemos ajudar o indivduo a se organizar e a se
despressionar; e que o seu ser cotidiano encontre seu prprio caminho.
A ambiguidade e a contradio atravessam as estruturas fronteirias em todas as direes, e com fora o suficiente para manter o funcionamento virtual nua espcie de modificao constante; por isto os virtuais so nomeados como mutantes camalees como si fossem.
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