O Homem Que Virou Suco: A Síntese Reestruturada Do Trabalho
O Homem Que Virou Suco: A Síntese Reestruturada Do Trabalho
O Homem Que Virou Suco: A Síntese Reestruturada Do Trabalho
DO TRABALHO
INTRODUO
Ao abordar o trabalho, fala-se numa atividade que est diretamente
relacionada prpria concepo de humanidade e de natureza: a atuao do indivduo
sobre esta, modificando-a em seu benefcio e instrumentalizando sua ao no seu
ambiente como mecanismos para a obteno de meios de existncia.
No decorrer da existncia humana, o trabalho teve sua origem e
desenvolvimento intrnseco aos passos da prpria evoluo da humanidade, tomando
configuraes diferenciadas e complexidades at o estgio atual. Nas mais diferenciadas
formataes que assumiu esta atividade na historicidade do indivduo, a exemplo, o
modelo feudal, o modelo escravo, etc, o ponto mais crtico se mostra atravs da
explorao do homem pelo homem, que toma intensidade crescentemente mais aguda.
Assim sendo, na busca pelo entendimento do mundo do trabalho, o
presente artigo possui como base a tentativa de compreenso da centralidade que tomou
o trabalho na sociedade: Como possvel atribuir tanta importncia a apenas um fator
constituinte da humanidade? Teria de fato o trabalho a centralidade indicada por Marx?
O que torna o trabalho to essencial para o surgimento, a manuteno e o
desenvolvimento das sociedades humanas? Na elucidao dessas questes, os
apontamentos feitos por Marx trazem consigo bases para construo do pensamento
acerca do trabalho na atualidade neste texto, tentando uma aplicabilidade dessas
consideraes para a configurao que tomou o trabalho ao longo do curso histrico,
especialmente no contexto atual. Nesse sentido, a inteno de demonstrar como tais
perspectivas esto sendo representadas no filme O homem que virou suco, de Joo
Batista de Andrade, onde a trama se desenvolve a partir do personagem que no se
adequa forma de trabalho que lhe imposta, tentando se manter enquanto trabalhador
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que paream possuir estratgias para capturar suas presas, agem primordialmente,
seguindo seus instintos imediatos. Quando arquitetam mentalmente seus produtos, os
homens visam atender alguma necessidade. Tal necessidade, ou a forma pela qual esse
produto ser utilizado/consumido, chamada de valor de uso. A utilizao destes frutos
do trabalho humano no pode ser separada do processo de produo, pois se algo
mesma (por mais imediata ou suprflua que esta possa parecer). Partindo destas bases
referentes ao trabalho, Marx, ao analis-lo no mundo moderno, baseado em como ele se
d dentro das relaes capitalistas de produo, far um estudo profundo e crtico sobre
o mesmo. Enquanto o nico meio de gerar valor, o trabalho, na sociedade capitalista,
assume uma forma que passa a corresponder no aos interesses do ser humano que o
realiza, mas sim ao capital, submetendo-se a lgica de gerar lucro, independentemente
das conseqncias que isso possa trazer para a sociedade.
Assim sendo, importante entender como se possvel trocar duas ou
mais mercadorias entre si para a compreenso das relaes capitalistas. Tendo em vista
que o que definir o valor de cada mercadoria a quantidade de trabalho nela inserida e
conservada, e que para isto acontecer, necessrio que haja trabalho, o caminhar agora
deve ser feito no sentido de buscar compreender de quais maneiras e a partir de quais
mecanismos isso se d sob o regime do capital.
Para que uma sociedade seja capitalista, o trabalho dela deve ser o
trabalho assalariado. Ou seja, duas classes devem obrigatoriamente (mas no
unicamente) constituir as relaes econmicas: a classe burguesa, que proprietria dos
meios de produo e a classe proletria, que nada possui alm da prpria fora de
trabalho para vender. A burguesia, por ser dona dos meios que facilitam/permitem a
produo das mercadorias e tambm por possuir capital suficiente para fazer andar o
processo produtivo, enxerga-se no total direito de comprar a fora de trabalho do
proletrio, que aparece enquanto sujeito livre, uma vez que tem a liberdade para
escolher para quem trabalhar, ou, em outras palavras, para quem, para sobreviver,
dever vender a sua fora de trabalho:
Na medida em que a troca mercantil regulada por uma lei que
no resulta do controle consciente dos homens sobre a produo, na
medida em que o movimento das mercadorias se apresenta
independentemente da vontade de cada produtor, opera-se uma inverso:
a mercadoria, criada pelos homens, aparece como algo que lhes alheio
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diversificadas
formataes
que
assumiu
sociedade,
acesso de uma grande massa de pessoas a esses setores empregatcios, que so,
importante frisar, bastante numerosos.
Quanto a grande quantidade de trabalhadores que para obter seus meios
de sobrevivncia adentram no cada vez menos crescente rol dos trabalhadores
industriais, sofre aquilo que Marx chamou de alienao, ou seja, tais trabalhadores no
se sentem responsveis pela produo de determinado elemento, de determinado
produto. Esse estranhamento por parte dos trabalhadores pelas mercadorias que eles
mesmos produzem, numa dinmica industrial, pode gerar um sentimento de frustrao
pela inacessibilidade e pelo no-desenvolvimento de suas potencialidades em sua
atividade, j que seu trabalho no fornece subsdios para que o indivduo que fez
determinada mercadoria tenha acesso a ela. Por exemplo, se um trabalhador que executa
suas atividades numa montadora de carros, montando peas de automvel num modelo
de produo difundido a partir do toyotismo, seu emprego no lhe pagar o suficiente
para que esta pessoa possua um carro cujas partes foram feitas por este mesmo
trabalhador. Alm de, obviamente, este no conseguir identificar quais carros so
compostos pelas peas que ele monta.
Com isso, constata-se que no trabalha para si, mas para o grande
industrial. Todavia, a manuteno da falsa iluso de que o trabalhador livre para
escolher para quem trabalhar, acaba por criar a propagao de uma liberdade irreal,
falsa: o trabalhador no livre, mesmo tendo certa mobilidade quanto aos ambientes
em que pode executar suas atividades, ele estar inserido num processo de alienao
constante. Tal fato bastante evidente na atual sociedade.
A centralidade do trabalho na sociedade atual est situada num plano de
constante competitividade e mecanizao da produo. Esse fato no exclui a mo-deobra humana, mas isso gera um uso cada vez menor desta, que passa a ser mais
criteriosamente selecionada.
A est o cerne desta competitividade desigual, pois como ter
qualificao se isso se torna cada vez mais inacessvel, impossibilitado para o
trabalhador? Esse e outros fatores problematiza crescentemente a complexidade e
disparidade da relao entre a (nova) organizao do trabalho e o capital.
CONCLUSO
REFERNCIAS
http://www.itcp.usp.br/drupal/files/itcp.usp.br/ANTUNES%20TRAB
%20SENTIDOS%20LUIZINHO.pdf
MARX, Karl. O Capital. Vol 1
MARX, Karl. A Ideologia Alem. So Paulo: Hucitec
MARX, Karl. Para a crtica da economia poltca/Introduo. So Paulo: Abril