Metamerismo
Metamerismo
Metamerismo
Resumo: O presente trabalho teve como objetivo realizar um estudo sobre a interferncia de algumas
variveis que esto comumente presentes em revestimentos cermicos sobre o fenmeno metamrico. Para tanto,
avaliou-se o efeito da variao de iluminante, correlacionado com as seguintes caractersticas referentes ao esmalte
utilizado no revestimento cermico: i) tipologia de esmalte; ii) base, engobe esmaltes; iii) variao de camada;
iv)utilizao de quartzo, caulim e zirconita; v) variao de corantes. Os resultados mostraram que esmaltes, como
o branco-brilhante, se destacam no aparecimento da caracterstica metamrica, tanto maior quanto mais espessa a
camada. J, quando se aumenta a camada do mate, este fenmeno ameniza. A zirconita, por ser um opacificante,
ameniza a reflexo da luz, gerando uma diminuio do metamerismo. O quartzo promove o metamerismo, j
que influencia no aparecimento do brilho. A adio de corantes nos esmaltes um fator que na maioria das vezes
aumenta a caracterstica metamrica, salvo corantes escuros que possuem uma reflectncia baixa.
Palavra-chave: esmalte, metamerismo, iluminante.
1. Introduo
Um dos grandes atrativos dos produtos cermicos, sem dvida,
a ampla possibilidade de cores e efeitos decorativos que podem ser
desenvolvidos e que no sofrem deteriorao com o tempo. Isto faz
com que o produto, alm da caracterstica funcional, tenha a funo
decorativa cada vez mais em destaque.
Normalmente, a avaliao da tonalidade dos revestimentos
cermicos feita atravs de um local adequado com um iluminante
(fonte de luz), padronizado pela empresa, ou propriamente com a
utilizao de colormetros ou espectrofotmetros, sendo que estes
normalmente tambm possuem a padronizao de um iluminante
para a avaliao da tonalidade dos produtos.
Esta padronizao pode ser um erro crucial para as empresas no
quesito de variao de tonalidade, pois os revestimentos fabricados
por essas indstrias podem estar sobre um efeito metamrico, ou
metamerismo, que nada mais do que a variao de tonalidade das
placas cermicas de acordo com a troca de iluminante.
A Figura 1 apresenta um fluxograma tpico para a fabricao de
um revestimento cermico tradicional. A etapa de esmaltao assume
importncia fundamental no processo de fabricao, pois nessa
etapa que agregada a cobertura da base cermica do revestimento.
Cada vez mais, no esmalte que esto definidas as caractersticas
mercadolgicas do produto cermico, sejam de carter tecnolgico,
como resistncia ao desgaste e ao manchamento, ou estticas, como
cor, brilho e design.
Os esmaltes cermicos so uma mistura de vrias matrias-primas,
tendo como constituintes principais, fritas, caulim e gua. Esses
componentes ao serem misturados e modos formam uma suspenso
aquosa que aplicada na superfcie do suporte cermico, formando o
vidrado aps a queima, o qual responsvel pelo aspecto vtreo dos
revestimentos. As matrias-primas complementares aos constituintes
principais podem ter diferentes funes, como, reguladores de
fundncia, opacificantes, matezantes, reguladoras das caractersticas
reolgicas e corantes.
1.1. Cor e metamerismo
A cor uma sensao recebida pelos olhos, e que interpretada
pelo crebro humano quando se observa um objeto que interagem com
Cermica Industrial, 14 (1) Janeiro/Fevereiro, 2009
0REPARAO DE MASSA
#ONFORMAO
3ECAGEM
Amostras coincidem
Amostras diferem
Mesmo
observador
%SMALTAO
Queima
Figura 1. Fluxograma das etapas de fabricao de um revestimento cermico.
2EFLECTNCIA
Mesmo
iluminante
Amostras coincidem
#OMPRIMENTO DE ONDA NM
2OXO
!ZUL
!MARELO
Bege
Amostras diferem
Observador
distinto
6ERMELHO
Verde
2. Parte Experimental
Primeiramente, foi realizado um mapeamento das referncias
monocolores produzidas na empresa Eliane Revestimentos
Cermicos, sendo em seguida efetuadas as medies de metameria.
A tcnica utilizada foi pelo clculo de diferenas de cor (E),
sobre diferentes combinaes de iluminante. Para determinao
das coordenadas colorimtricas foi utilizado um espectrofotmetro
BYK-Gardner, modelo Spectro-guide, com faixa de leitura de
400nm a 700 nm e resoluo de 10 nm, pertencente empresa Eliane
Revestimentos Cermicos. O procedimento de medio adotado
o constante da norma NBR 13.818 anexo R de 1997, que utiliza o
sistema de coordenadas retangulares L* a* b* ou seja, determinao
da diferena de tonalidade, definido em 1976 pela CIE.
Os iluminantes utilizados foram o iluminante Padro D65
(corresponde luz mdia do dia, incluindo a radiao ultravioleta);
o iluminante Padro F11 (corresponde luz branca fria luz
fluorescente) e o iluminante Padro A (corresponde luz de lmpadas
incandescentes).
Para o desenvolvimento do estudo, foram escolhidos dois
esmaltes, denominados de acordo com sua tipologia: branco-brilhante
de monoporosa e mate de porcelanato. O procedimento experimental
seguiu a sequncia do fluxograma da Figura 4. A Tabela 1 apresenta o
34
!PLICAO EM CAMPANA
%NGOBE
%SMALTE
3. Resultados e Discusses
3.1. Anlise das referncias
As Figuras 5 e 6 apresentam, respectivamente, as variaes
colorimtricas das cores (E), em trs iluminantes (D65, F11 e A)
de quatro amostras brancos-brilhantes de monoporosa e quatro peas
mates de porcelanato.
As peas brilhantes de monoporosa apresentaram uma maior
influncia na variao de tonalidade por troca de iluminantes em
relao s peas de porcelanato, pois obteve uma amplitude mxima
de E entre seus iluminantes de 0,22 contra 0,05 do esmalte mate.
Deve-se isso provavelmente pelo fato dessas peas de porcelanato
apresentam uma quantidade relativamente maior de materiais
opacificantes, que obstruiriam a reflexo da luz, diminuindo
gradativamente o fenmeno de metamerismo. Pelos parmetros
industriais, uma E 0,30 j acarreta em abertura de uma nova
tonalidade.
Cermica Industrial, 14 (1) Janeiro/Fevereiro, 2009
Queima
!NLISE ESPECTROFOTOMTRICA
ILUMINANTES $ & E !
Figura 4. Sequncia do procedimento experimental adotado neste trabalho.
Processo
Tipologia de
esmalte
Quantidade de
amostras
Monoqueima
Monoqueima
Monoporosa
Monoporosa
Monoporosa
Porcelanato
Brilhante
Branco-brilhante
Branco-brilhante
Brilhante
Mate
Mate
1
1
3
1
3
4
1,87
1,87
1,87
1,87
90
110
130
150
1,87
1,87
1,87
1,87
1,87
1,87
1,87
1,87
50
60
70
90
1,87
1,87
1,87
1,87
D65/10
L
Padro
90,00
5,00
5,00
89,51
4,50
4,75
0,743
89,75
4,75
4,50
0,612
89,90
4,80
4,55
0,502
$%
Peas
!MOSTRA
$
3
&
F11/10
Figura 6. Metameria do esmalte mate de porcelanato.
Padro
89,90
4,88
4,95
89,42
4,40
4,63
0,750
89,72
4,71
4,39
0,612
89,81
4,70
4,49
0,502
$E
Peas
A/10
Peas
Padro
89,50
4,90
4,90
89,09
4,39
4,53
0,752
89,31
4,73
4,35
0,606
89,39
4,79
4,45
0,476
!MOSTRA
$
3
&
Tabela 7. Diferena e mdia dos valores de E.
Diferena dos Es
Valor
0,008
0,006
0,026
Mdia
0,013
$%
Pea
!MOSTRA
$
&
$%
!MOSTRA
$
&
$%
!MOSTRA
$
&
$%
!MOSTRA
$
3
&
$%
!MOSTRA
$
3
&
$%
!MOSTRA
$
3
&
Engobe
Camada (g)
(g.cm3)
55
55
55
55
1,87
1,87
1,87
1,87
Mdia da amplitude do E
1,87
1,87
1,87
1,87
0,006
0,012
0,019
0,019
Engobe
Camada (g)
(g.cm3)
70
70
70
70
1,87
1,87
1,87
1,87
Teor de zirconita
(%)
Padro
1
2
4
Mdia da amplitude do E
Branco-brilhante
Mate porcelanato
monoporosa
0,027
0,22
0,11
0,13
1,87
1,87
1,87
1,87
Padro
1
2
4
Variaes no
esmalte
0,023
0,021
0,007
0,008
Mdia da amplitude do E
Branco-brilhante
Mate porcelanato
monoporosa
0,027
0,034
0,034
0,037
0,031
0,018
0,015
0,013
Teor de quartzo
(%)
Mdia da amplitude do E
(g.cm3)
0,023
0,033
0,030
0,031
Mdia da amplitude do E
Branco-brilhante:
monoporosa
Mate porcelanato
Padro
0,054
0,023
Maxi 1
0,186
0,066
Maxi 2
0,085
0,106
Maxi 3
0,039
0,026
Maxi 4
0,086
0,035
Maxi 5
0,060
0,057
Maxi 6
0,198
0,138
Maxi 7
0,031
0,015
Maxi 8
0,089
0,037
Maxi 9
0,096
0,135
Maxi 10
0,047
0,047
Maxi 11
0,051
0,888
Maxi 12
0,097
0,036
Maxi 13
0,073
0,053
Teor de caulim
(%)
Padro
1
2
4
38
Mdia da amplitude do E
Branco-brilhante
Mate porcelanato
monoporosa
0,027
0,022
0,020
0,020
0,023
0,023
0,022
0,030
2EFLECTNCIA
#OMPRIMENTO DE ONDA NM
Figura 13. Curva espectral para o Maxi 3 em esmalte branco-brilhante de
monoporosa.
Cermica Industrial, 14 (1) Janeiro/Fevereiro, 2009
2EFLECTNCIA
2EFLECTNCIA
#OMPRIMENTO DE ONDA NM
2EFLECTNCIA
2EFLECTNCIA
#OMPRIMENTO DE ONDA NM
Figura 15. Curva espectral para o Maxi 7 em esmalte branco-brilhante de
monoporosa.
2EFLECTNCIA
9
3
#OMPRIMENTO DE ONDA NM
Figura 20. Curva espectral para o Maxi 6 em esmalte branco-brilhante de
monoporosa.
4. Concluso
#OMPRIMENTO DE ONDA NM
Figura 16. Curva espectral para o Maxi 7 em esmalte mate de porcelanato.
2EFLECTNCIA
#OMPRIMENTO DE ONDA NM
#OMPRIMENTO DE ONDA NM
Figura 17. Curva espectral para o Maxi 6 em esmalte mate de porcelanato.
2EFLECTNCIA
Referncias
#OMPRIMENTO DE ONDA NM
Figura 18. Curva espectral para o Maxi 11 em esmalte mate de porcelanato.
Cermica Industrial, 14 (1) Janeiro/Fevereiro, 2009