Teorias de Aprendizagem - UFRS
Teorias de Aprendizagem - UFRS
Teorias de Aprendizagem - UFRS
Evangraf
Porto Alegre | 2011
dos autores
1a edio
Direitos reservados desta edio:
Universidade Federal do Rio Grande do Sul
Fernanda Ostermann:
Licenciada em Fsica pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul e tem Mestrado e
Doutorado na rea de ensino de Fsica, ambos tambm pela Universidade Federal do Rio
Grande do Sul. Por concurso pblico, ingressou como professora, em 1994, no Departamento
de Fsica dessa universidade e, atualmente, ocupa o cargo de Professora Associado II.
Foi coordenadora do Programa de Ps-Graduao em Ensino de Fsica. lder de grupo de
pesquisa, atuando principalmente nos seguintes temas: formao de professores, Fsica
Moderna e Contempornea, abordagem sociocultural no ensino de Fsica.
Cludio Jos de Holanda Cavalcanti:
Possui graduao em Bacharelado Em Fsica pela Universidade Federal do Rio Grande do
Sul (1989), mestrado em Fsica pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (1993) e
doutorado em Fsica pela mesma universidade (2001). Por aprovao em concurso pblico,
desde junho de 2006 professor adjunto da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, em
regime de dedicao exclusiva. Tem experincia na rea de Fsica e Ensino de Fsica com
nfase em Modernizao Curricular, atuando principalmente nos seguintes temas: insero
de tpicos de Fsica Moderna e Contempornea no ensino mdio e outros temas relevantes
em Ensino de Fsica.
Ostermann, Fernanda
Teorias de Aprendizagem / Fernanda Ostermann e Cludio Jos de Holanda
Cavalcanti. - Porto Alegre: Evangraf; UFRGS, 2011.
58 p. : il.
ISBN: 978-85-7727-325-6
1. Teoria da aprendizagem. 2. Ensino e aprendizagem. I. Cavalcanti, Cludio
Jos de Holanda. II. Ttulo.
CDU 37.01
Elaborada pela Biblioteca Central da
Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)
Teorias de Aprendizagem
SUMRIO
INTRODUO .................................................................................... 9
CAPTULO 1
CAPTULO 6
LISTA DE FIGURAS
Figura 1: Ivan Pavlov .................................................................................................................. 15
Figura 2: Exemplo de estmulo incondicionado e resposta nas experincias de Pavlov
com ces. Um estmulo natural existente no meio (presena de alimento)
provoca uma resposta quase automtica no co (salivao) ................................. 16
Figura 3:
Exemplo de pareamento. Um estmulo incondicionado (presena de alimento), pareado com um estmulo neutro (som da campainha), provoca uma
resposta de salivao nos ces .................................................................................. 17
Figura 4: O som da campainha provoca a salivao nos ces sem a presena do estmulo
incondicionado (presena de alimento que originalmente eliciava a
salivao). Aqui, o som da campainha passa a se chamar estmulo condicionado e essa fase recebe o nome de condicionamento ............................................. 17
Figura 5: John B. Watson ........................................................................................................... 18
Figura 6: Edward Thorndike .................................................................................................... 20
Figura 7: Burrhus Frederic Skinner ........................................................................................ 20
Figura 8: Robert Gagn. ............................................................................................................ 22
Figura 9: Edward Tolman ......................................................................................................... 24
Figura 10: Da esquerda para a direita: Max Wertheimer, Wolfgang Khler e Kurt Koffka. . 26
Figura 11: A pintura Uma tarde de domingo na illha de La Grande Jatte, de Georges-Pierre
Seurat, feita por meio de pontos coloridos (da o nome pontilhismo para
esse estilo). No detalhe fica clara a estrutura dos pontos, que criam iluses
de tonalidades em quem a observa a partir de uma distncia adequada. Essas
tonalidades no necessariamente fazem parte do quadro e so inseridas pela
observao e decorrente interpretao do nosso crebro. ................................... 27
Figura 12: Os quadrados A e B no parecem ter o mesmo tom de cinza (o quadrado B
parece ser mais claro). No entanto, ambos possuem exatamente o mesmo tom.
O sistema visual humano bastante complexo e realiza algumas armadilhas
para perceber detalhes em regies sombreadas. Essa figura foi feita baseada
em dois trabalhos de Edward H. Adelson (1993; 2000). ..................................... 28
Figura 13: Norwood Russell Hanson. ........................................................................................ 29
Figura 14: Jerome Bruner. .......................................................................................................... 30
Figura 15: Jean Piaget ................................................................................................................. 33
Figura 16: David Ausubel. .......................................................................................................... 35
Figura 17: Carl Rogers ................................................................................................................ 37
Figura 18: George Kelly. ............................................................................................................. 38
Teorias de Aprendizagem
INTRODUO
Recentemente, tem sido admitido cada vez mais que h um corte
epistemolgico entre o conhecimento com o qual o professor aprende na
universidade e o que ele ter que ensinar no ensino mdio. A pouca discusso
do significado conceitual e da interpretao qualitativa do formalismo
matemtico no curso de Fsica, essencial para o professor de nvel mdio, e
a falta de relao deste contedo com a realidade escolar, levam-no a deixlo de lado e a ter como referncia o contedo dos livros didticos de nvel
mdio.
A possibilidade de se aprofundar o contedo de Fsica na formao,
relacionando-o interdisciplinarmente a contedos pedaggicos e aos
resultados da pesquisa em ensino de Fsica para gerar as metodologias de
ensino, tem sido perdida. Sem desvalorizar o conhecimento do contedo
cientfico, Graeber et al. (2001) enfatizam o fato de que este no seja suficiente
para a formao do professor e que a atividade docente est longe de ser
inferior, vocacional ou improvisada. Ao contrrio daqueles que consideram
a discusso dos aspectos metodolgicos ameaadora para o ensino, temendo
o esvaziamento do contedo cientfico, a ideia defendida aqui a de que
no h como discutir metodologias de ensino e aprendizagem sem a devida
articulao com o contedo cientfico, e que por isso mesmo esse tipo de
discusso incrementa o conhecimento disciplinar do professor.
A prpria legislao referente formao de professores da educao
bsica (BRASIL, 2002), ao estabelecer o perfil do professor de Fsica a ser
formado, aponta para a falta de identidade e de integrao entre o
conhecimento do objeto do ensino e a transposio didtica, o que
constituiria em um distanciamento entre os cursos de formao e o exerccio
da profisso de professor no ensino mdio. Erroneamente, a atividade
docente encarada como vocacional, que permitiria grande dose de
improviso e autoformulao do jeito de dar aula.
Uma primeira ruptura necessria na formao do professor, apontada
nas pesquisas, a que se refere a vises simplistas acerca do processo ensino-
Teorias de Aprendizagem
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Introduo
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Captulo1
UM POUCO DE HISTRIA
TEORIAS BEHAVIORISTAS
O behaviorismo pode ser grosseiramente classificado em dois tipos: o
behaviorismo metodolgico e o radical. O criador da vertente do
behaviorismo metodolgico (tambm denominado como comportamentalismo) John B. Watson (1878-1958).
O behaviorismo metodolgico tem carter empirista. Para Watson todo
ser humano aprendia tudo a partir de seu ambiente (o homem estaria
merc do meio). Tambm no possua nenhuma herana biolgica ao
nascer, ou seja, nascia vazio no que se referia a qualquer informao (era
uma tbula rasa). Foi nessa poca que o behaviorismo emergiu como uma
oposio ao mentalismo europeu1. Watson rejeitava os processos mentais
como objeto de pesquisa - ele no considerava como passvel ser objeto de
estudo aquilo que no fosse consensualmente observvel. A introspeco
no poderia, segundo ele, ser aceita como prtica cientfica (SRIO, 2005).
O Behaviorismo Metodolgico tem tambm carter determinista. Sendo
uma teoria muito baseada em estmulo-resposta (E-R), nela h uma indicao
de que o comportamento humano previsvel. Se um antecedente X ocorre,
o evento Y ocorrer como consequncia (PRIMO, 2009). Alguns enunciados
de Watson evidenciam essa caracterstica.
Outra vertente o behaviorismo radical, criada por Burrhus Frederic
Skinner (1904-1990). Ao contrrio do behaviorismo metodolgico, essa
vertente no pressupe que o ser humano seja uma tbula rasa, desprovido
de qualquer dote fisiolgico e gentico. Essa era uma das principais diferenas
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Captulo 1
3 - Estmulo incondicionado:
Evento que elicia naturalmente uma certa resposta reflexa. Tal
estmulo no necessita de nenhuma histria de pareamento vivida
por um indivduo para provocar o reflexo. Por exemplo, a irritao
nasal (estmulo incondicionado) causa naturalmente o espirro
(resposta reflexa ou reflexo incondicionado).
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4 - Estmulo neutro:
Evento que no provoca nenhuma espcie de resposta reflexa.
5 - Estmulo condicionado:
Estmulo inicialmente neutro, que passa a eliciar uma resposta
reflexa a partir de uma sucesso bem sucedida de pareamentos.
Um estmulo neutro, depois de ser emparelhado um nmero
suficiente de vezes com um estmulo incondicionado, passa a eliciar
a mesma resposta que este, podendo substitu-lo.
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Captulo 1
Figura 4: O som da campainha provoca a salivao nos ces sem a presena do estmulo
incondicionado (presena de alimento que originalmente eliciava a salivao). Aqui, o
som da campainha passa a se chamar estmulo condicionado e essa fase recebe o nome de
condicionamento.
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Captulo 1
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Captulo 1
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Captulo 2
TEORIAS DE TRANSIO ENTRE O
BEHAVIORISMO CLSSICO E O
COGNITIVISMO
2.1 Robert Gagn (1916-2002)
Gagn situa-se entre o behaviorismo e o cognitivismo por falar, de um lado,
em estmulos e respostas e, por outro, em processos internos da aprendizagem
(parece ser o pioneiro da teoria de processamento de informao).
De acordo com esse autor, a
aprendizagem uma modificao na
disposio ou na capacidade
cognitiva do homem que no pode
ser simplesmente atribuda ao processo de crescimento. Ela ativada
pela estimulao do ambiente exterior (input) e provoca uma modificao do comportamento que observada como desempenho humano
(output). Mas, ao contrrio de
Skinner (e outros behavioristas),
Gagn se preocupa com o processo
de aprendizagem, com o que se realiza dentro da cabea do indivduo.
Figura 8: Robert Gagn.
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Captulo 2
respostas. Tolman chama de cognio um construto terico o que intervm entre estmulos e respostas.
Define esse termo tanto no sentido de estmulos como de recompensas
(reforos), e a experincia com eles leva ao desenvolvimento de cognies
que dirigem o comportamento.
Certas necessidades produzem demandas para certos objetivos. A partir
das suposies bsicas da proposta de Tolman, podemos extrair algumas
implicaes para o ensino-aprendizagem:
A inteno e a meta dirigem o comportamento, e no a
recompensa (reforo) em si. Assim, mais importante o professor
evidenciar ao estudante a meta que ele pode atingir caso responda
corretamente a um dado estmulo do que recompens-lo pelo
comportamento exibido.
As conexes que explicam o comportamento envolvem ligaes
entre estmulos e conexes, ou expectativas, as quais se
desenvolvem como funo de exposio a situaes nas quais o
reforo possvel. Para que o aluno apresente um comportamento
desejado, o professor dever reforar o maior nmero de vezes as
conexes entre estmulos e expectativas.
O que aprendido uma relao entre sinal e significado, o
conhecimento de uma ligao entre estmulos e expectativas de
atingir um objetivo. O professor deve promover a aprendizagem
do aluno atravs do fortalecimento da ligao entre um sinal
(estmulo) e um significado, confirmando a expectativa de
recompensa do aluno.
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Figura 10: Da esquerda para a direita: Max Wertheimer, Wolfgang Khler e Kurt Koffka.
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Figura 11: A pintura Uma tarde de domingo na illha de La Grande Jatte, de Georges-Pierre
Seurat, feita por meio de pontos coloridos (da o nome pontilhismo para esse estilo).
No detalhe fica clara a estrutura dos pontos, que criam iluses de tonalidades em
quem a observa a partir de uma distncia adequada. Essas tonalidades no
necessariamente fazem parte do quadro e so inseridas pela observao
e decorrente interpretao do nosso crebro.
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Captulo 2
Captulo 3
TEORIAS COGNITIVISTAS
A corrente cognitivista enfatiza o processo de cognio, atravs do qual
a pessoa atribui significados realidade em que se encontra. Preocupa-se
com o processo de compreenso, transformao, armazenamento e uso da
informao envolvido na cognio e procura regularidades nesse processo
mental. Nessa corrente, situam-se autores como Brunner, Piaget, Ausubel,
Novak e Kelly. Alguns deles so construtivistas com nfase na cognio
(Brunner, Piaget, Ausubel e Novak), ou enfatizam o afetivo (como Kelly e
Rogers).
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Captulo 3
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Captulo 4
TEORIAS HUMANISTAS
4.1 Carl Rogers (1902-1987)
Rogers segue uma abordagem humanista, muito diferenciada das anteriores, pois seu objetivo no o controle do comportamento, o desenvolvimento cognitivo ou a formulao de um bom currculo e sim o crescimento
pessoal do aluno. Essa abordagem considera o aluno como pessoa e o ensino deve facilitar a sua autorrealizao, visando aprendizagem pela pessoa
inteira, que transcende e engloba as aprendizagens afetiva, cognitiva e
psicomotora. Para Rogers, s uma mudana muito grande na direo bsica
da educao pode atender s necessidades da cultura de hoje. O ponto final
de nosso sistema educacional, de acordo com Rogers, deve ser o desenvolvimento de pessoas plenamente atuantes. O objetivo educacional deve ser a
facilitao da aprendizagem.
Por esse ponto de vista, o nico homem educado o homem que aprendeu a aprender; o homem que aprendeu
a adaptar-se e mudou, que
percebe que nenhum conhecimento seguro e que s o
processo de buscar conhecimento d alguma base para
segurana. Para que o professor seja um facilitador, segun37
Teorias de Aprendizagem
do Rogers, ele precisa ser uma pessoa verdadeira, autntica, genuna, despojando-se do tradicional papel, mscara, ou fachada de ser o professor
e tornar-se uma pessoa real com seus alunos.
Uma segunda atitude que deve existir na relao entre o facilitador e o
aprendiz a que nasce de duradoura confiana e aceitao. E a aceitao do
outro como uma pessoa separada, como sendo digna por seu prprio direito
e como merecedora de plena oportunidade de buscar, experimentar e
descobrir aquilo que engrandecedor do eu. E, finalmente, em qualquer
relao que deva ocorrer aprendizagem, precisa haver comunicao entre
as pessoas envolvidas. Comunicao, por natureza, s possvel em um clima
caracterizado por compreenso emptica. Os estudantes precisam ser
compreendidos, no avaliados, no julgados, no ensinados. Facilitao exige
compreenso e aceitao emptica.
Para Rogers, a aprendizagem significante envolve a pessoa inteira do
aprendiz (sentimentos, assim como intelecto) e mais duradoura e
penetrante. Alm disso, aprender a ser aprendiz, isto , ser independente,
criativo e autoconfiante mais facilitado quando a autocrtica e a
autoavaliao so bsicas e a avaliao por outros tem importncia secundria.
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Captulo 5
TEORIAS SCIO-CULTURAIS
5.1 Lev Semenovitch Vygotsky (1896-1934)
O conceito central da teoria de Vygotsky o de atividade, que a unidade
de construo da arquitetura funcional da conscincia; um sistema de
transformao do meio (externo e interno da conscincia) com ajuda de
instrumentos (orientados externamente; devem necessariamente levar a
mudanas nos objetos) e signos (orientados internamente; dirigidos para o
controle do prprio indivduo). Uma atividade entendida como mediao
em que o emprego de instrumentos
e signos representa a unidade
essencial de construo da
conscincia humana, entendida
como contato social consigo
mesmo e, por isso, constituda de
uma estrutura semitica (estrutura
de signos) com origem na cultura.
Para Vygotsky, o desenvolvimento
humano est definido pela
interiorizao dos instrumentos e
signos; pela converso dos sistemas
de regulao externa em meios de
autorregulao.
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2 - Finalidade da discusso:
Levar o grupo a discutir sobre a situao do salrio dos camponeses;
Discutir com eles sobre o valor e a remunerao do trabalho;
Levar o grupo a perceber o dever que cada um tem em exigir um
salrio justo.
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3 - Orientao da discusso:
O qu se v neste quadro? (professor mostrando um quadro
comparativo de faixa salarial)
Qual a situao do salrio dos camponeses? Por qu?
O que salrio?
Como deve ser o salrio? Por qu?
O que ns sabemos a respeito das leis sobre o salrio?
O que podemos fazer para conseguirmos um salrio justo?
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O termo sociocultural, no
entanto, resulta mais adequado uma
vez que se refere forma com que o
legado de Vygotsky e de seus
colaboradores tem sido apropriado
em debates contemporneos em
cincias humanas no ocidente
(WERTSCH, DEL RIO PEREDA e
ALVAREZ, 1998). Wertsch (1993;
1995) delineou a teoria de Vygotsky a
partir de trs temas gerais que esto
presentes em todas as suas obras: (a)
a confiana no mtodo gentico ou
evolutivo; (b) a afirmao de que as
funes mentais superiores no
indivduo derivam da vida social; (c)
a afirmao de que a ao humana,
Figura 21: James V. Wertsch.
tanto no plano individual como no
social, mediada por instrumentos e signos. De acordo com Wertsch (1996),
os estudos de tradio vygotskyana conduzidos no ocidente tm-se centrado
em grande medida no segundo desses trs temas, especialmente no modo
como ele se relaciona com a noo de zona de desenvolvimento proximal
(VYGOTSKI, 2003). A aproximao sociocultural de Wertsch, por sua vez,
desloca o foco das origens sociais das funes mentais superiores para o
terceiro tema relativo mediao. Segundo Wertsch (1995), a mediao de
instrumentos e signos analiticamente mais interessante porque fornece a
chave para compreender as mudanas quantitativas e qualitativas no
desenvolvimento, assim como a transio das formas de funcionamento
interpsicolgico em intrapsicolgico.
Ao explicar e estender a teoria de Vygotsky, Wertsch recorreu s ideias
de diversos outros tericos, em especial aos estudos de Bakhtin (1981; 2006)
sobre translingustica. Wertsch empregou as noes de gneros
discursivos, definidos como tipos de enunciados produzidos em situaes
tpicas de comunicao verbal, e de linguagens sociais, relativas aos tipos
de falante (WERTSCH, 1993). Wertsch tambm se apoiou firmemente nas
ideias de Burke (1969) sobre o dramatismo, principalmente no que se refere
s mltiplas perspectivas da ao humana.
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Captulo 6
CONSIDERAES FINAIS
Esse texto teve como objetivo sintetizar algumas teorias de aprendizagem
(behavioristas, de transio, cognitivas, humanistas e socioculturais) e
explicitar algumas de suas implicaes para o ensino e a aprendizagem. Essa
discusso est baseada no pressuposto de que a qualidade do ensino em sala
de aula est intimamente relacionada ao conhecimento de referenciais
tericos que orientem o planejamento, a implementao e a avaliao de
prticas educacionais.
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REFERNCIAS
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