ARTIGO Hiperplasia Fibrosa Inflamatória
ARTIGO Hiperplasia Fibrosa Inflamatória
ARTIGO Hiperplasia Fibrosa Inflamatória
INTRODUO
LITERATURA
REVISO
DE
Professor Associado do Departamento de Propedutica e Clnica Integrada- Faculdade de Odontologia UFBA. Salvador.
Doutora em Radiologia Odontolgica UFBA/UFPB; Professora Adjunta- Faculdade de Odontologia da UFBA.
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Especialista em Radiologia.-Faculdade de Odontologia da UFBA; Professor de Radiologia e Estomatologia- Faculdade de Odontologia
UFBA.
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Acadmicos de Odontologia da UFBA.
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(NEVILLE et al., 2004); segundo o estudo
realizado por Alves e Gonalves (2005), a regio
predominante o sulco vestibular.
Alves e Gonalves (2005) encontraram
casos de hiperplasia fibrosa inflamatria em todas
as faixas etrias, com prevalncia na quinta
dcada de vida. Observando a varivel raa, a
concentrao de ocorrncias foi soberana em
indivduos leucodermas, em relao aos
xantodermas. Segundo estudos de Torreo e
colaboradores (1999), houve predominncia
pela sexta dcada de vida, seguida pela quarta e
quinta dcadas.
A HFI pode se apresentar como um
processo exoftico, ou como uma placa bem
definida. Considerando a consistncia, a leso
pode variar de firme a flcida quando submetida
palpao. A base pode ser sssil ou pediculada,
com colorao semelhante mucosa ou
eritematosa, de crescimento lento, sendo
geralmente assintomtica (SANTOS; COSTA;
SILVA NETO, 2004). A superfcie caracterizase como lisa, podendo se apresentar como um
molde negativo da cmara de suco. Essa
tambm pode apresentar superfcie vegetante,
semelhante hiperplasia papilar, a qual pode
estar associada hiperplasia fibrosa inflamatria
(FRANA; SOUZA, 2003). Comumente, a
prtese adapta-se entre as pregas de tecido
hiperplsico no vestbulo alveolar (NEVILLE et
al., 2004).
A leso apresenta as seguintes
caractersticas histopatolgigas: epitlio
pavimentoso estratificado, que envolve tecido
conjuntivo fibroso hiperplsico, com nmero
elevado de fibras colgenas, apresentando
tambm alto grau de clulas inflamatrias
crnicas e quantidade varivel de vasos
sanguneos, sendo que o epitlio pode ser
ceratinizado ou no (BASSI; VIEIRA;
GABRIELLI, 1998; COUTINHO; SANTOS,
1998). De acordo com Neville e colaboradores
(2004), reas ulceradas no so incomuns nas
fissuras entre as pregas. Neville e colaboradores
(2004), e Sapp, Eversole e Wysocki (1997)
ressaltam tambm que, quando h o
envolvimento de glndulas salivares menores na
leso, pode-se observar usualmente sialodenite
crnica.
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A HFI pode estar relacionada a infeces
fngicas, devido ao uso inadequado de prteses
(BASSI; VIEIRA; GABRIELLI, 1998). De
acordo com Moreira e colaboradores (2002), o
uso de prtese um fator predisponente ao
surgimento dessas infeces. A candidase
associada prtese um tipo de candidose
eritematosa, sendo referida por candidase
atrfica crnica ou estomatite por dentadura.
Clinicamente, apresenta-se como uma regio
eritematosa, que pode estar acompanhada por
petquias hemorrgicas nas bordas de
dentaduras de uma prtese superior removvel.
Para o tratamento das infeces fngicas, o uso
de Nistatina e Itraconazol, na forma de
suspenso oral e soluo oral, respectivamente,
indicado (NEVILLE et al., 2004).
O procedimento teraputico indicado
para o tratamento da HFI a remoo cirrgica
da leso (NEVILLE et al., 2004; SANTOS;
COSTA; SILVA NETO, 2004). Outras
teraputicas, sugeridas por Santos, Costa e Silva
Neto (2004), que podem ser adotadas em
determinados casos, so a microabraso, o uso
do laser ou a crioterapia. A realizao da bipsia
importante para confirmar o diagnstico de
hiperplasia fibrosa inflamatria, visto que essa
leso faz diagnstico diferencial com
lipofibroma, neurofibroma, rabdomioma,
leiomioma e tumores de glndulas salivares
menores (COUTINHO; SANTOS, 1998) e
tambm com o granuloma piognico e o
fibroma ossificante perifrico (COLEMAN;
NELSON, 1996).
O sucesso do tratamento depende
tambm da correo da prtese mal adaptada,
ou confeco de uma nova prtese, quando esse
o fator etiolgico (NEVILLE et al., 2004;
SANTOS; COSTA; SILVA NETO, 2004).
Acrescenta-se que, de acordo com Castro e
colaboradores (1995) e Bassi, Vieira e Gabrielli
(1998), possvel haver regresso de leses
iniciais pouco elevadas com a remoo da
prtese. Alm da interveno prottica,
orientaes a respeito da higiene oral e da prtese
so indispensveis (COELHO; SOUSA; DAR,
2004).
Tendo em vista a associao do uso de
prteses mal adaptadas com a ocorrncia de
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remoo cirrgica da leso, foi realizado o exame
histopatolgico. Atravs desse, observou-se uma
camada de epitlio pavimentoso estratificado
com acantose, paraqueratinizado, com projees
epiteliais em direo ao tecido conjuntivo, o qual
apresentava grossos feixes de fibras colgenas com
fibroblastos, vasos sanguneos e um infiltrado
inflamatrio crnico, confirmando assim, o
diagnstico de hiperplasia fibrosa inflamatria
(Figura 5; Figura 6).
No ps-operatrio, observou-se um timo
processo de reparo tecidual (FIGURA 7). Alm
dessas teraputicas institudas, foi recomendada
a no-utilizao da prtese antiga, sendo a
paciente encaminhada, aps a regresso da
candidase, para a confeco de uma nova prtese,
bem como para o servio de urgncia da faculdade
para a exodontia da unidade dentria fraturada.
DISCUSSO
Os achados clnicos referidos no caso
clnico relatado condizem com a maioria dos
dados apresentados na literatura. As
caractersticas clnicas correspondem a um
quadro tpico de hiperplasia fibrosa inflamatria,
visto que ela geralmente localizada na regio
anterior da maxila e de cor semelhante mucosa,
exoftica, de crescimento lento, podendo ser
pediculada. (BASSI; VIEIRA; GABRIELLI,
1998; COUTINHO; SANTOS, 1998;
SANTOS; COSTA; SILVA NETO, 2004;
NEVILLE et al., 2004).
A leso acomete preferencialmente
indivduos do sexo feminino, de meia idade ou
mais velhos e leucodermas, segundo Alves e
Gonalves (2005) e Neville e colaboradores
(2004), apresentando o paciente, acompanhado
no ambulatrio de Estomatologia I da
FOUFBA, esse perfil. Discordando das
descries de Coutinho e Santos (1998), de
Neville e colaboradores (2004) e de Santos,
Costa e Silva Neto (2004), o caso clnico
apresenta uma leso ocasionalmente sintomtica.
H um consenso em relao ao fator
predisponente mais associado ao aparecimento
da leso, dentre as possveis etiopatogenias. Alves
e Gonalves (2005), Bassi, Vieira e Gabrielli
(1998), Neville e colaboradores (2004), Sapp,
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Figura 1. Leso adaptada ao bordo da prtese.
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vasos e um epitlio pavimentoso estratificado,
hiperplsico, ceratinizado (NEVILLE et al.,
2004; SAPP; EVERSOLE; WYSOCKI, 1997).
Diversos autores, como Neville e
colaboradores (2004), Coutinho e Santos (1998),
Santiago, Gusmo e Silva (2003), estabelecem
como teraputica de eleio a bipsia excisional.
Aliado a essa teraputica, recomenda-se o reajuste
ou a confeco de uma nova prtese, assim como
orientaes referentes higiene oral e prottica
(COELHO; SOUZA; DAR, 2004). O plano
de tratamento do caso clinico incluiu a opo
teraputica e as orientaes supracitadas.
Coelho, Souza e Dar (2004) consideram
o prognstico excelente, o que est de acordo
com o paciente em acompanhamento.
CONSIDERAES FINAIS
A hiperplasia fibrosa inflamatria uma
leso proliferativa de tecidos mole, no
neoplsica, prevalente na cavidade oral.
Acomete mais frequentemente indivduos
do sexo feminino e leucodermas que fazem uso
de prteses mal adaptadas. importante
tambm estar atento para outros fatores
traumticos que podem desencadear a leso.
Para o sucesso teraputico,
imprescindvel, alm da remoo cirrgica, a
eliminao do agente traumtico.
necessrio que o cirurgio-dentista esteja apto
a fazer um correto diagnstico e instituir um
tratamento eficiente, assim como confeccionar
e orientar adequadamente o uso de prteses.
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REFERNCIAS
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