REFRATARIOS
REFRATARIOS
REFRATARIOS
ESCOLA DE ENGENHARIA
PROGRAMA DE PS-GRADUAO EM ENGENHARIA DE MINAS,
METALRGICA E DE MATERIAIS PPGE-3M
Fabiano de Andrade
Engenheiro Metalrgico
Porto Alegre
2009
Fabiano de Andrade
Engenheiro Metalrgico
Porto Alegre - RS
2009
II
Banca Examinadora:
Prof. Dr. Fbio Domingos Pannoni Grupo GERDAU
Prof. Dr. Nestor Heck - UFRGS
Prof. Dr. Antnio Cezar F. Vilela - UFRGS
III
IV
AGRADECIMENTOS
SUMRIO
1. INTRODUO...............................................................................................1
2. OBJETIVO.....................................................................................................5
3. REVISO BIBLIOGRFICA..........................................................................6
3.1 METALURGIA DAS PANELAS.NA ACIARIA ELETRICA..................6
3.1.1 Panela Formato e Revestimento Refratrio.............................8
3.1.1.1 Revestimento Permanente...................................................10
3.1.1.2 Revestimento de Borda Livre (ou Free Board).....................11
3.1.1.3 Revestimento de Linha e Escria.........................................11
3.1.1.4 Revestimento de Linha de Metal..........................................12
3.1.1.5 Revestimento de Fundo.......................................................13
3.1.1.6 Sedes de Plugs e Vlvulas .................................................13
3.2 DEGRADAO DE REFRATRIOS EM PANELAS.......................13
3.2.1 Origem das solicitaes.............................................................13
3.2.1.1 Fatores Operacionais...........................................................14
3.2.1.2 Fatores Associados ao Projeto e Montagem.......................16
3.2.2 Tipos de Degradao dos Materiais Refratrios........................17
3.2.2.1 Desgaste .............................................................................17
3.2.2.2 Termoclase...........................................................................18
3.2.2.3 Corroso...............................................................................18
3.3 REFRATRIOS DOLOMTICOS.................................................... .20
3.3.1 Propriedades...............................................................................21
3.4 REFRATRIOS MGO-C...................................................................23
3.4.1 Propriedades...............................................................................24
4. MATERIAIS E MTODOS...........................................................................27
4.1 MATERIAIS......................................................................................27
4.2 MTODOS.......................................................................................27
4.2.1 Densidade e Porosidade Aparente............................................27
4.2.2 Resistncia a Compresso a Temperatura Ambiente...............29
4.2.3 Mdulo de Elasticidade .............................................................30
4.2.4 Teste de Refratariedade sob Carga...........................................31
4.2.5 Resistncia ao Ataque de Escria ............................................33
4.2.6 Resistncia ao Choque Trmico e Termoclase.........................34
VI
VII
LISTA DE FIGURAS
Figura 1.1 Evoluo do consumo de ao no Brasil ao longo dos anos. Fonte: Steel
Statistics Archives.
Figura 3.1 Panela nas etapas de produo do ao, utilizada como reservatrio, e no
caso do forno panela e desgaseificador como reator.
Figura 3.2 Desenho esquemtico de uma panela, em corte, indicando as zonas/partes
constituintes.
Figura 3.3 Esquematizao do processo de dissoluo do refratrio pela escria em
funo da microestrutura
Figura 3.4 Diagrama de fase CaO MgO que representam os refratrios dolomticos.
Figura 3.5 Molhamento dos refratrios com e sem C em sua composio qumica.
Figura 3.6 Comparao entre estruturas com GE (Gro Eletrofundido) e GS (Gro
Sinterizado). Aumento da lupa em (A) 20x e (B) em 50x.
Figura 3.7 Diagramas de fase do sistema MgO-xido de ferro. (A) em contato com
ferro metlico e (B) em contato com o ar.
Figura 3.8 Gros com e sem impurezas na matriz
Figura 3.9 Formao da zona densa de MgO no tijolo refratrio.
Figura 4.1 Tipos de porosidade fechada, no-transpassante e transpassante.
Figura 4.2 Determinao da resistncia mecnica compresso.
Figura 4.3 Corpo-de-prova submetido a ensaio para a determinao da resistncia
mecnica compresso, segundo a norma NBR 6224.
Figura 4.4 Determinao do mdulo de elasticidade por ultra-som.
Figura 4.5 Curva tpica de refratariedade sob carga de um material refratrio.
Figura 4.6 Determinao de resistncia ao ataque por escria.
Figura 4.7 Determinao da resistncia ao choque trmico em materiais refratrios.
Figura 4.8 Montagem do revestimento refratrio para efeito do clculo por elementos
finitos do perfil trmico da panela com os materiais refratrios investigados.
VIII
Figura 5.1 Micrografias por MEV das microestruturas dos materiais dolomtico e
magnsia-carbono investigados, antes (face fria) e aps (face quente) submisso a
temperaturas de servio no revestimento de fornos panela.
Figura 5.2 Refratariedade sob carga para o material refratrio dolomtico investigado.
Figura 5.3 Refratariedade sob carga para o materiais refratrio MgO-C investigado
Figura 5.4 Variao do mdulo de elasticidade em funo dos nmeros de ciclos de
choque trmico a que os materiais dolomticos e MgO-C investigados foram
submetidos
Figura 5.5 Resistncia ao ataque de escria para ensaio em forno de escorificao
rotativa
Figura 5.6 Regies das panelas onde foram medidos os residuais finais e iniciais dos
refratrios MgO-C e dolomticos. Os pontos indicados por 1, 2, 3 e 4 so relativos aos
pontos utilizados como referncia na panela (ver Tabela VI).
Figura 5.7 Perfil trmico apresentado para as panelas construo mecnica, montadas
com refratrios dolomitcos e MgO-C, para as temperaturas de 1550C e 1680C.
IX
LISTA DE TABELAS
LISTA DE SMBOLOS
T = temperatura
ri = raio Interno do revestimento
L = comprimento do lado reto da carcaa (zero para as panelas circulares)
Dh = altura de escria valor funo do comprimento de arco
escria
= densidade da escria
XII
RESUMO
Os materiais base de MgO-C e CaO.MgO so utilizados como refratrios de
trabalho nas panelas da aciaria, por sua excelente refratariedade em condies de
servio. O emprego de materiais de melhor desempenho no revestimento refratrio
acarreta no aumento da produtividade dos equipamentos e uma reduo dos riscos
operacionais vinculados aos desgastes localizados em pontos especficos do contato
entre o refratrio e o ao lquido, e o refratrio e escria. Este trabalho realizou um
comparativo entre dois diferentes materiais refratrios: MgO-C (Grafinox PA LM) e
dolomtico (Dolmag 100), ambos fornecidos pela empresa Magnesita Refratrios S.A.
As caractersticas avaliadas foram as propriedades mecnicas e termomecnicas
(mdulo de elasticidade, resistncia mecnica compresso, refratariedade sob carga
e resistncia ao choque trmico), fsicas (densidade e porosidade aparentes) e
qumicas (composio qumica, resistncia a escrias e anlise microestrutural postmortem por microscopia eletrnica de varredura). Tambm foi estimado por elementos
finitos o perfil trmico de uma panela com revestimentos dos materiais refratrios
investigados. Os resultados obtidos indicaram o material refratrio de MgO carbono
como o que rene melhores propriedades para fazer frente s condies de processo
da Aos Especiais Brasil Unidade Charqueadas, com potencial para melhorar o
desempenho e a segurana operacional da aciaria.
XIII
ABSTRACT
Materials based on MgO-C and CaO.MgO are used as refractory in the
steelmaking ladles due to its excellent refractoriness. The use of materials with
improved performance in the refractory lining leads to an increased productivity and a
reduction of operational risks linked to wear located at specific points of contact
between the refractory and liquid steel/slag. This study has compared 2 different
refractories: MgO-C (Grafinox PA LM) and dolomitic (Dolmag 100), both supplied by
the company Magnesita Refratrios S.A. The evaluated characteristics were the
mechanical
and
thermal
properties
(elastic
modulus,
compressive
strength,
refractoriness under load and thermal shock resistance), physical (density and
porosity) and chemical (chemical composition, resistance to slag and post-mortem
microstructural analysis by scanning electron microscopy). It was also estimated by
finite element methodology the thermal gradient of a ladle using these refractory
materials. The results show that the MgO-C refractory can potentially achieve the best
results during service at Aos Especiais Brasil - Unidade Charqueadas, improving the
performance and operational safety of the melting shop.
XIV
1. INTRODUO
A evoluo nos ltimos anos do consumo mundial de ao per capita teve
uma correspondncia na produo das indstrias siderrgicas brasileiras,
conforme pode ser visto pelo grfico da Figura 1.1 (ALAFAR, 2008).
40000
35000
30000
25000
20000
15000
10000
5000
2008
2006
2004
2002
2000
1998
1996
1994
1992
1990
1988
1986
1984
1982
1980
Anos
Figura 1.1: Evoluo da produo de ao no Brasil ao longo dos anos.
Fonte: Steel Statistics Archives 2008 World Steel Association
Caractersticas
uniformidade dimensional,
frio
(temperatura
resistncia mecnica,
ambiente):
acabamento,
composio e
textura
2 OBJETIVO
O objetivo deste trabalho de realizar um comparativo entre as
propriedades fsicas, qumicas e estruturais, de dois materiais refratrios, um
dolomtico e outro de MgO-C, com potencial de emprego nas panelas para a
produo de ao de construo mecnica da aciaria da Aos Especial Brasil Unidade Charqueadas. Para isso buscou-se desenvolver os seguintes itens:
i) caracterizao de propriedades qumicas e mineralgicas;
ii) caracterizao de propriedades fsicas como densidade, porosidade e
condutividade trmica;
iii) caracterizao de propriedades mecnicas (resistncia compresso)
e termomecnicas (choque trmico e refratariedade sob carga);
iv) anlise microestrutural e controle dimensional, antes e aps uso, por
microscopia ptica e eletrnica;
v) levantamento do perfil trmico das panelas por simulao por
elementos finitos.
vi) comparar as propriedades analisadas em laboratrio, via simulaes e
amostragens, com os resultados industriais verificados a partir da analise de
espessura residual do refratrio em duas regies da panela:
- regio das fiadas 5 a 10 (revestimento do arranque);
- regio das fiadas 11 a 20 (revestimento da linha de metal).
3 REVISO BIBLIOGRFICA
3.1 METALURGIA DAS PANELAS NA ACIARIA ELTRICA
A crescente exigncia do mercado por produtos de melhor qualidade
com baixo custo fez com que os processos de produo do ao evolussem.
Assim, os fabricantes de ao viram-se obrigados a implementar novos
processos de controle da composio do ao, utilizando para tanto a panela
como recipiente (ARAUJO, 1997).
Segundo International Iron and Steel Institute, as panelas utilizadas em
aciaria vm sofrendo mudanas, no que se refere ao emprego de materiais
refratrios (Figura 3.1). De uma modesta panela de vazamento superior
passou-se a panelas com vazamento inferior. As primeiras panelas vazadas
pelo fundo tinham um mecanismo de haste tampo. As atuais panelas tm
sistemas de vazamento baseados em vlvulas-gavetas, talvez pelo fato de
serem agora um vaso-reator, capaz de suportar um novo conjunto de
solicitaes,
os
materiais
utilizados
na
panela
modificaram-se
substancialmente.
Figura 3.1 Panela nas etapas de produo do ao, utilizada como reservatrio, e no
caso do forno panela e desgaseificador como reator (IISI , 2009).
produo
de
(OREHOSKI,
1986
RELLERMEYER, 1986).
Alm dos processos citados acima, na metalurgia secundaria tambm
foram instalados equipamentos que permitem a eliminao do hidrognio
expondo o ao a presses reduzidas. Este procedimento denominado
desgaseificao a vcuo (*).
(*) Ambiente fechado, livre da presena de O2, onde as presses no interior da
campnula so inferiores a presso externa.
3.1.1 PANELA FORMATO E REVESTIMENTO REFRATRIO
De acordo com Coutinho (2000), as panelas so geralmente cilndricas
ou em tronco de cone, com a base maior para cima (para facilitar a retirada dos
casces de metal solidificado). Algumas vezes, as panelas so de seo oval,
devido ao aumento da capacidade original, mantendo-se o afastamento entre
os garfos de gancho da ponte rolante.
A armao da panela em chapa grossa, soldada de ao ao carbono.
Possui um anel de reforo preso ao fundo para basculamento por meio de
gancho e um orifcio no fundo por onde ir fluir o ao. Possui, ainda, um reforo
para sustentao dos munhes, pelos quais transportada.
Uma panela de grande capacidade tem a seguinte distribuio de peso:
i) carcaa 16%;
ii) refratrios 12%;
iii) ao lquido 70%;
iv) escria 1%.
Consideraes energticas e de custo baseiam uma diretriz de minimizar
o peso da panela em tudo o que se refere montagem (COUTINHO, 2000 e
HANDBOOK OF REFRACTORY PRATICE, 1998). O revestimento refratrio
das panelas deve resistir s temperaturas elevadas do ao lquido, entre
1580C e 1700C, e eroso mecnica provocada pela turbulncia do metal
durante o enchimento.
A Figura 3.2 apresenta esquematicamente uma panela em corte,
indicando as diferentes regies do revestimento refratrio. A panela compe-se
de uma carcaa metlica cilndrica, coberta por uma camada de isolante,
constituda de tijolos, placas, mantas ou ainda papel isolante.
10
escria
Equao 3.1
14
a densidade da
escria.
-Tempo de forno ligado:
Quanto maior o tempo de forno ligado, maior ser a taxa de aquecimento
da escria e, como conseqncia, a sua agressividade sobre os refratrios. A
prtica das aciarias demonstra um aumento nas taxas de desgaste dos
refratrios medida que se aumentam os tempos de forno ligado, ou seja, o
consumo de energia eltrica.
-Regulagem da rinsagem ou do agitador eletromagntico:
Todo o processo de homogeneizao qumica e trmica em um forno
panela obtido atravs da agitao de banho metlico e escria. Os mtodos
mais tradicionais e amplamente usados so a rinsagem de gases inertes, via
plugs ou lanas e agitadores eletromagnticos. A energia de agitao
expressa em W/t ou W/m3 e os valores tpicos dessa energia em um forno
panela so da ordem de 200 a 1000 W/m3.
O desgaste de refratrios, principalmente da linha de escria, sofre efeito
direto dessa energia de agitao. Quanto maior essa energia, maior ser a
agitao da escria em relao aos refratrios, provocando solicitaes de
eroso e corroso qumica mais intensa.
O uso da injeo de gases mais comum na operao dos fornos
panela. Alm dos cuidados operacionais de controle de vazo e de presso da
rinsagem, a posio do plugs no fundo da panela deve obedecer Equao
3.2:
r < D< 2/3 r
Equao 3.2
16
17
3.2.2.2 Termoclase
Termoclase uma degradao por perda de fragmentos das faces dos
refratrios atravs de um processo de formao de trincas em sua estrutura,
quando submetidos a um gradiente trmico.
O gradiente trmico o perfil de temperaturas no interior de um refratrio
desde a face quente at a face fria. Assim sendo, revestimentos mais finos
apresentaro menores taxas de desgaste que os mais espessos, pois o
gradiente trmico se apresenta mais pronunciado e variaes bruscas de
temperaturas implicaro em gradientes trmicos no uniformes, o que
contribuir na gerao de fortes tenses trmicas caracterizando o fenmeno
de choque trmico (OLIVEIRA, 1997).
3.2.2.3 Corroso
o conjunto de reaes entre um material e seu ambiente, que produz
deteriorao do material e de suas propriedades.
Para que haja corroso, necessrio que existam agentes corrosivos. As
reaes ocorrem entre o refratrio, a escria fundida e os agentes fluxantes que
tenham sido empregados. A eroso do refratrio geralmente acompanha a
corroso por uma movimentao do lquido em contato com o refratrio. Assim,
para que ocorra a corroso so necessrias trs etapas: contato dos agentes
corrosivos, reao na interface com o refratrio e remoo dos produtos
formados. A Figura 3.3 apresenta quatro diferentes situaes a que o material
refratrio est sujeito em funo de sua microestrutura. A influncia da tenso
superficial entre o refratrio e a escria uma das variveis mais importantes
do processo de corroso, pois controlam as reaes entre o refratrio, o lquido
e o gs presente no ambiente. No caso de tijolos de MgO-C, o carbono por sua
elevada tenso superficial diminui a molhabilidade a metais e a escria lquida,
dificultando a penetrao no interior do material refratrio.
18
19
Equao 3.3
(%)
CaO
57
MgO
41
SiO2
0,7
Al2O3
0,5
Fe2O3
0,80
2-3
Propriedades fsicas
Densidade
Porosidade aberta
Resistncia hidratao (ASTM C-492)
3,25 g/cm
4%
< 5%
20
% Massa
Figura 3.4: Diagrama de fase CaO MgO que representam os refratrios dolomticos.
(Fonte: ACI-510 Gerdau Refratrios Aplicados a Aciaria Eltrica).
refratrios
dolomticos
apresentam
tambm
tendncia
da
Figura 3.5: Molhamento dos refratrios com e sem C em sua composio qumica.
(Fonte: ACI-510 Gerdau Refratrios Aplicados a Aciaria Eltrica).
22
23
3.3.1 PROPRIEDADES
Os materiais refratrios que apresentam gros de periclsio, de 500 a
1000 m, fundidos por eletrofuso das matrias-primas, possuem maior
resistncia eroso e perda de massa que os materiais refratrios com gros
sinterizados.
Os gros eletrofundidos so tambm mais resistentes escria. Isso
ocorre devido menor porosidade intragranular. A Figura 3.6 apresenta um
comparativo entre as microestruturas de materiais refratrios com gros
eletrofundidos e com gros sinterizados. A maior resistncia do gro
eletrofundido especialmente importante na presena de carbono, pois acima
de 1650C o MgO tende a ser reduzido, segundo a Equ ao 3.4:
MgO + C
Mg (vaporiza) + CO
Equao 3.4
24
Figura 3.7: Diagramas de fase do sistema MgO-xido de ferro. (A) em contato com ferro
metlico e (B) em contato com o ar. (Fonte: Materiais Refratrios Bsicos)
Figura 3.8: Gros com e sem impurezas na matriz. (Fonte: Materiais Refratrios Bsicos)
26
4 MATERIAIS E MTODOS
4.1 MATERIAIS
Os materiais refratrios investigados neste trabalho foram:
i) Dolmag-100. Fornecidos pela empresa Magnesita Refratrios S.A.
um tijolo refratrio base de dolomita sinterizada, quimicamente ligada a piche
e impregnado. Com composio qumica base de CaO (50 54%) e MgO (43
47%). empregado na montagem das linhas de metal e escria das panelas.
ii) Grafinox PA LM, Fornecidos pela empresa Magnesita Refratrios S.A.
um tijolo refratrio de MgO-C, quimicamente ligado, base de MgO
sinterizado e /ou eletrofundido, com adies de antioxidantes. Com composio
qumica constituda por MgO (90 95%), C (5 8%) e outros (mx. 4,8%).
empregado na montagem das linhas de metal das panelas.
4.2 MTODOS
4.2.1 DENSIDADE E POROSIDADE APARENTE
A densidade aparente uma medida da relao entre a massa e o
volume de um refratrio. O mtodo utilizado para determinao da densidade
foi o da balana hidrosttica e geomtrica (norma NBR 6220). A Equao 4.1
calcula o valor da densidade de massa aparente (D.M.A.).
Equao 4.1
onde:
ms = massa seca;
mu = massa mida;
mi = massa imersa;
dL = densidade do lquido.
A Figura 4.1 ilustra os tipos de porosidades possveis em um material
refratrio. A porosidade aparente, muitas vezes referida como aberta, uma
27
Equao 4.2
28
Equao 4.3
29
Equao 4.4
onde:
E = mdulo de elasticidade;
V = velocidade ultrassnica;
= coeficiente de Poisson;
= densidade mdia aparente;
Para a determinao da velocidade ultrassnica, foi utilizado um
equipamento de ultrassom da James Instruments Modelo C-4902 V Meter
de 150 kHz. Previamente medio, os corpos-de-prova foram secos em
estufa a 110 C 10C. As superfcies dos corpos-d e-prova foram umectadas
com graxa para melhor contato com os transdutores. Foi tomado o tempo de
30
(Fonte:
onde
se
avaliam
as
temperaturas
correspondentes
Figura 4.6. Determinao de resistncia ao ataque por escria (Fonte: Refratrios para
Siderurgia- Aciaria Eltrica- ABM 2000).
32
Material
% em
peso
12
18
Cal hidratada
55
15
Total
100
33
D.L.E.
(MI-1 - MFE-1)
= ------------------------------- (mm/h)
TP
Equao 4.5
onde:
MI-1= medida Inicial na ponta da pea correspondente a parte superior
do cadinho (mm)
MFE-1= medida final correspondente linha de escria (mm)
TP= tempo de patamar (h)
O desgaste na linha de contato com o metal (D.C.M.) foi calculado a
partir da Equao 4.6.
(MI-2 + MI-3)/2 - (MFM-1 + MFM-2 + MFM-3 + MFM-4) /4
D.C.M =----------------------------------------------------------------------------x100
Equao 4.6
(MI-2 + MI-3)/2
onde:
MI-2= Medida Inicial de espessura na posio central da pea;
MI-3= Medida Inicial de espessura da ponta da pea correspondente
parte inferior do cadinho.
4.2.6 RESISTNCIA AO CHOQUE TRMICO E TERMOCLASE
Para a avaliao da resistncia ao choque trmico dos materiais
refratrios investigados, foi empregada uma metodologia desenvolvida pela
empresa Magnesita Refratrios S/A, baseada na avaliao do mdulo de
elasticidade residual da amostra aps 5, 10, 15 e 20 ciclos de choque trmico
entre as temperaturas de 1200C e a temperatura amb iente, medido por ultrasom (item 2.2.3). A extrapolao da reta traada entre os pontos para o valor de
mdulo de elasticidade residual igual a zero ( RCTE), permite estimar o nmero
de ciclos de choque trmico necessrios para se ter E igual a zero (Figura 4.7).
O mdulo de elasticidade dos corpos-de-prova (medindo 160 x 40 x 40
3
GPa
35
N campanhas (*)
MgO-C
13
57
Dolomtico
58
42
(*) Nmero de vezes em que a panela saiu para troca do refratrio o retornou para
operao.
(**) N de corridas em cada ciclo do refratrio da panela, sem troca do refratrio.
36
Tabela 4.3. Materiais utilizados para anlise do perfil trmico da panela, em suas
respectivas regies e espessuras.
Regio
Dolomtico
MgO-C
Espessura
Inicial dos
Tijolos (mm)
10
Sial - 45
Sial - 45
25
Alukor 70 CP
Alukor 70 CP
76
Permanente: LE
Grafimag 10 T GX
Grafinox 2006/02
76
Back-Fill
Basimix BFP
Basimix - BFP
10
Trabalho LM
Dolmag 100
Grafinox PA LM
127
LE
Magnox PA AEP
Magnox PA AEP
127
Isolante Parede
37
114 mm SOBRELINHA
152 mm LINHA DE ESCRIA
Regio de Estudo
127 mm LINHA DE METAL
Figura 4.8. Montagem do revestimento refratrio para efeito do clculo por elementos
finitos do perfil trmico da panela com os materiais refratrios investigados. (Fonte:
Desenho Tcnico fornecido pela empresa Magnesita Refratrios S.A.).
38
5 RESULTADOS E DISCUSSES
A seguir, sero apresentados e discutidos comparativamente os
resultados da caracterizao qumica, microestrutural, fsica e (termo)mecnica,
bem como resistncia a escria, residual aps campanha e perfil trmico dos
materiais refratrios dolomticos e os MgO-C investigados.
39
5.1.2 MICROESTRUTURA
A Figura 5.1 apresenta micrografias da microestrutura dos materiais
refratrios investigados, antes (face fria) e aps (face quente) submet-los a
temperaturas de servio no revestimento de fornos panela. Com base nas
anlises qumicas por microssonda acoplada ao MEV, apresentadas na Tabela
5.2 para a face quente e face fria, pode-se verificar no material dolomtico uma
predominncia do elemento CaO na face quente do tijolo e uma melhor
distribuio no MgO-C. Isso aumenta sua sensibilidade em relao
hidratao, causando perda de resistncia mecnica durante o processo.
J o material MgO-C, por possuir em sua matriz mais homognea, tem
uma melhor resistncia s solicitaes advindas das condies de servios da
panela na aciaria.
40
Tabela 5.2: Anlise qumica por microssonda EDS dos pontos analisados via MEV nas
faces quentes e frias dos refratrios dolomticos e MgO-C investigados.
Dolomtico
MgO-C
FACE QUENTE
Ponto analisado
MgO
Al2O3
SiO2
CaO
Fe2O3
94,8
0,7
1,3
2,7
0,5
6,7
0,2
0
93
0,1
FACE FRIA
Ponto analisado
MgO
Al2O3
SiO2
CaO
Fe2O3
5.2
PROPRIEDADES
TERMOMECNICAS
95
3
1,3
0,1
0,5
12,8
0,3
37,6
49,2
0
NA
NA
NA
NA
NA
FSICAS,
MECNICAS
MgO-C
3,08
3,34
Dolomtico
2,94
4,14
41
42
Gpa
Gpa
Figura 5.3. Refratariedade sob carga para o materiais refratrio MgO-C investigado.
43
44
Figura 5.6. Regies das panelas onde foram medidos os residuais finais e iniciais dos
refratrios MgO-C e dolomticos. Os pontos indicados por 1, 2, 3 e 4 so relativos aos pontos
utilizados como referncia na panela (ver Tabela VI).
46
Tabela 5.4. Espessura final residual dos tijolos MgO-C e dolomticos investigados
(espessura inicial 127 mm). A tabela abaixo no considera as fiadas de 1 a 4, por estarem
abaixo do fundo.
Fiada
Dolomtico
MgO-C
20
61
65
63
66
Potencial
Corridas
70
59
67
65
67
Potencial
corridas
64
19
59
61
60
62
68
64
73
67
73
69
18
62
63
63
63
71
71
74
70
73
76
17
64
65
66
65
73
74
77
72
74
79
16
65
67
67
67
75
73
75
73
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81
15
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68
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72
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80
14
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70
80
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77
75
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84
13
70
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79
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71
71
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76
81
82
86
10
68
66
70
70
76
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78
82
82
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63
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64
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83
83
78
85
90
64
75
77
78
74
89
89
92
92
116
Dolomtico
MgO-C
MD Linha de Metal
73
85
MD Fiadas de 5 a 10
70
94
47
Figura 5.7. Perfil trmico apresentado para as panelas construo mecnica, montadas
com refratrios dolomitcos e MgO-C, para as temperaturas de 1550C e 1680C.
temperatura ao longo da carcaa, no momento do desmanche da panela, notase que os tijolos MgO-C possuem um residual similar ao dos dolomticos, para
uma vida maior da panela. Logo, a diferena de temperatura deve-se
quantidade de carbono, que est em quantidade maior no material MgO-C.
49
6 CONCLUSES
A avaliao comparativa entre os materiais dolomticos e MgO-C quanto
a suas propriedades e desempenho permitiu inferir as seguintes concluses
quanto a uma melhor montagem refratria para o processo da Aos Especiais
Brasil
Unidade
Charqueadas,
visando
segurana
operacional
desempenho:
que o material MgO-C deve possuir maior integridade interna o que reflete no
comportamento mecnico;
carcaa metlica, visto que essa temperatura, na maioria das vezes mantm-se
dentro de um padro aceitvel pelo projeto da panela.
possvel concluir que o refratrio MgO-C potencialmente proporcionaria
um melhor desempenho em processo e eliminaria o principal problema que hoje
caracteriza as panelas construo mecnica da Aos Especiais Brasil
Unidade Charqueadas, que o desgaste acentuado no rodap da panela. A
substituio do refratrio dolomtico pelo MgO-C, tecnicamente, apresenta-se,
assim, vantajoso.
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52
REFERNCIAS
1.
ASSOCIACIN
LATINO
AMERICANA
DE
FABRICANTES
DE
53
MODERN
REFRACTORIES
PRACTICE.
USA:
Harbison-Walker
Refractories, 1992.
20 ROUTSCHKA, G., Pocket Manual; Refractories Materials. v.1, ed. Essen:
Vulkan-Verlag, Alemanha, 1997.
21 DUARTE, A. K., Mecanismos Gerais de Desgaste em Refratrios, p. 77-95,
Curso de Refratrios para Aciaria Eltrica, 20 a 21 de maro 2000, Belo
Horizonte, Brasil.
22 OLIVEIRA, S. P., Escrias e Mecanismos de Desgaste de Refratrios para
Forno Panela. In: Curso sobre Fundamentos, Operacin y Refractories
Para Horno Cucharas, ALAFAR, San Nicolas, Argentina, 1997.
23 Magnesita, Ensaios Fsicos e Propriedades Mecnicas dos Refratrios,
www.magnesita .com.br, acessado em 10/04/09
24 Materiais Refratrios Bsicos, Materiais Refratrios DEMAT-UFRGS;
Laboratrio de Cermicos, 2008. www.ufrgs.br/lacer, acessado em 20/10/09.
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