Texto Ordenação Feminina - TOKASHIKI
Texto Ordenação Feminina - TOKASHIKI
Texto Ordenação Feminina - TOKASHIKI
Introduo
A questo
Porque no ordenamos mulheres para o exerccio dos ofcios
de liderana? Esta uma questo que precisa ser respondida. A
nossa posio deve ser livre das acusaes de machismo,
obscurantismo e de que somos alienados s mudanas sociais da
ps-modernidade. Pelo menos trs argumentos gerais so usados
pelos que advogam a ordenao feminina:
1. As mulheres maioria nas igrejas, por que devem ser
lideradas por uma liderana minoritria de homens?
2. notrio que as mulheres cada vez mais participam em
funes de liderana na sociedade, por que no nas igrejas?
3. As denominaes protestantes histricas esto ordenando
mulheres. Sabemos que denominaes com abertura ao
liberalismo teolgico como a Igreja Metodista do Brasil, a
Igreja Evanglica de Confisso Luterana e a Igreja
Episcopal Anglicana do Brasil tm ordenado mulheres.
Ultimamente a Igreja Presbiteriana Independente do Brasil
e a Conveno Batista Brasileira ordenam mulheres ao
cargo de pastor.
Diante desta presso, primeiramente precisamos nos
perguntar qual deve ser o critrio para decidirmos, ou no,
ordenar as nossas irms. Deve ser a presso social, onde a
opinio pblica encontra-se seduzida pelo movimento feminista,
em moldes de igualdade, seno superioridade aos homens? Seria
o critrio do pragmatismo, reconhecendo que muitas mulheres
tm assumido a responsabilidade de liderar, mesmo sem
ordenao, enquanto os homens so omissos em seus deveres na
famlia, na igreja e na sociedade? Ou, ainda deveramos
considerar as estatsticas que apresentam mudanas quanto ao
nmero de denominaes que tm ordenado mulheres?
Uma trplice resposta
Para responder esta fatdica pergunta necessrio
extrairmos a nossa concluso a partir de trs fontes:
1. O testemunho da histria da Igreja crist. Os cristos em
perodos consecutivos ou espordicos ordenaram mulheres?
Perguntas como, quando, por que e quem certamente
esclarecer a ocorrncia da prtica e possibilitar uma
avaliao da prtica da ordenao feminina no desenvolver
Gordon J. Spykman declara que a tradio o sangue da teologia. Separada da tradio a teologia como uma
flor cortada que sem suas razes e sem o solo, que murchar na mo. Uma teologia s nunca nasce do novo. Ao
honrar a s tradio assegura-se a continuidade teolgica com o passado. Ao mesmo tempo que a tradio cria a
possibilidade de abrir novas portas para o futuro in: (Jenison, Teologia Refomacional, 1994), pg. 5.
ndice
A ordenao feminina
uma perspectiva reformada
1. Um exame histrico da ordenao feminina
A breve anlise histrica verificar se houve mulheres
exercendo reconhecidamente a liderana ordenada como
liderana desde o sculo I. Iniciando com os escritos nocannicos do primeiro sculo esta anlise se estender at ao
movimento feminista cristo, descrevendo como ocorreu o
processo de incluso de mulheres na liderana crist. A herana
literria dos escritores e documentos da igreja o testemunho
quanto prtica da ordenao de sua liderana.
Os Pais da Igreja
Vide* excursus on the Deaconesses of the Early Church in:
Nicene and Post-Nicene Fathers, vol. 14, p. 41.
Martin Dreher, A Igreja no Imprio Romano, vol. 1, pgs. 38-46
A Didaqu (escrito entre 80-90 d.C.)
Este pequeno livro foi o primeiro manual de preparao
para batismo e instruo na f da comunidade crist. Ele contm
princpios e ordenanas simples para moral crist, falsos lderes,
heresias, orientaes litrgicas e de ordem eclesistica. Quanto
liderana da igreja local ele prescreve aos seus leitores que
6. Carta a Policarpo
Atendei ao bispo, para que Deus vos atenda. Ofereo minha vida
para os que submetem ao bispo, aos presbteros e aos diconos.14
10
Justino de Roma, I e II Apologia in: Patrstica (So Paulo, Editora Paulus, 1995), vol. 3, pp.82-83.
Ante-Nicene Fathers (Peabody, Hendriksen Publishers, 1994) vol. 8, pp. 611-612.
22
Para se ter acesso ao texto do conclio veja em http://www.newadvent.org/fathers/3803.htm consultado 07/03/20.
23
No Livro VIII, 20. www.piney.com/DocAposConstitu3.html consultado em 24/09/2007.
21
11
A.H. Newman, A Manual of Church History (Philadelphia, The American Baptist Publication Society, 1953), vol.
1, pgs. 293-294.
12
13
14
O movimento feminista
As razes do movimento se encontram entre mulheres
crists! Ao contrrio do que muitos pensam no foi o secularismo
que fomentou o surgimento do movimento feminista, mas as
mulheres crists. Em 1837, Sarah Grimk declarou que acredito
que o dever solene de toda mulher examinar as Escrituras por
conta prpria, com a ajuda do Esprito Santo, e no ser
governada pelas opinies de homens ou grupos de homens. 29 A
segunda parte de sua afirmao desencadeou uma mentalidade
igualitarista, que mais tarde resultaria em oposio liderana
masculina.
Durante os dois grandes Despertamentos que ocorreram
nos Estados Unidos da Amrica ocorreu a feminizao do
Cristianismo.30
Numa crtica ao movimento feminista, B.B. Warfield analisa
um dos seus pressupostos e, declara que
talvez, devesse acrescentar um esclarecimento do ltimo ponto
para que se faa a diferena entre Paulo e o movimento feminista
de hoje [1919], que est arraigado numa diferena fundamental em
suas perspectivas em relao constituio da raa humana. Para
Paulo, a raa humana composta de famlias, e todos os diversos
organismos inclusive a igreja esto compostos de famlias,
unidos por este, ou outro vnculo. Portanto, a relao dos sexos na
famlia continua na igreja. Para o movimento feminista a raa
humana composta de indivduos; uma mulher simplesmente
outro individuo comparado ao homem, e no podemos considerar
nenhum motivo para que existam diferenas ao tratar os dois. Se
no podemos ignorar a grande diferena fundamental e natural dos
sexos, e destruir a grande unidade social fundamental da famlia a
favor do individualismo, parece no existir razo para que devamos
eliminar as diferenas estabelecidas por Paulo entre os sexos na
igreja; exceto, se supor-se, a autoridade de Paulo. Em tudo isto,
27
15
31
B.B. Warfield, Paul on Women speaking in Church in: John W. Robbins, ed., The Church Effeminate (Unicoi, The
Trinity Foundation, 2001), p. 215.
32
O site oficial da CMI http://www.oikoumene.org/es/home.html .
33
F e Constituio do Conselho Mundial de Igrejas - Batismo, Eucaristia, Ministrio (So Paulo, CONIC,
KOINONIA, ASTE, 3.ed., 2001), p. 67.
16
17
2. Um exame
feminina
exegtico
da
ordenao
A hermenutica feminista
O primeiro obstculo do caminho
praticamente impossvel a tentativa de se realizar uma
anlise abrangente da Teologia Feminista. Algumas questes
geram expressivas dificuldades para se avaliar o movimento sem
cometer injustias. Eis algumas dificuldades:
1. Cada teloga expe a sua prpria verso desta
teologia.38No s divergncias de contexto denominacional,
mas de perspectiva teolgica. Cada escritora tem o seu
compromisso teolgico orientado pelo seu contexto social e
experincia de opresso.
2. A articulista Helen Schngel-Straumann nota que nem
todas as telogas feministas adotam a mesma perspectiva
em relao interpretao da Bblia. Ela declara que em
relao Bblia
Carolyn Osiek (em Collins 93s) distingue cinco atitudes: 1. A de
uma rejeio total da Bblia, de que exemplo a obra de Mary
Daly. 2. A de uma interpretao leal, que v a Bblia como
revelao/palavra de Deus e que no admite dvida a este respeito.
Uma 3 abordagem a que ela denomina de revisionista. Nela
criticado unicamente o enfoque androcntrico, voltando a ser
prestigiadas as tradies feministas esquecidas. Como exemplo
desta linha a autora menciona Phyllis Trible. A 4 abordagem
38
As telogas mais expressivas do movimento subscreveram que no pretendemos oferecer uma dogmtica
feminista unificada, e esperamos que tal coisa nunca venha a existir. Tambm no nos foi possvel, nem foi
pretenso nossa, chegar a uma perfeita homogeneidade dos diferentes artigos in: Elisabeth Gssmann, et.al., orgs.,
Dicionrio de Teologia Feminista (Rio de Janeiro, Editora Vozes, 1997), pgs. 10-11.
18
Helen Schngel-Straumann, Bblia in: Elizabeth Gossmann et al., orgs., Dicionrio de Teologia Feminista
(Petrpolis, Editora Vozes, 1997), pp. 210-214.
40
Rosemary R. Ruether, Feminist Interpretation: A Method of Correlation, in: Feminist Interpretation of the Bible,
ed. Letty M. Russel (Philadelphia, Westminster Press, 1985), pg. 114.
19
Loren Wilkinson, A Hermenutica e a Reao Ps-Moderna Contra a Verdade in: Elmer Dyck, ed., Ouvindo a
Deus (So Paulo, Shedd Publicaes, 2001), p. 160.
42
Christine Schaumberger, Experincia in: Elizabeth Gossmann et al., orgs., Dicionrio de Teologia Feminista
(Petrpolis, Editora Vozes, 1997), p. 183.
43
Robert H. Stein, Guia Bsico para a Interpretao da Bblia (Rios de Janeiro, CPAD, 1999), p. 23.
44
Augustus Nicodemus Lopes, A Bblia e seus intrpretes (So Paulo, Editora Cultura Crist, 2004), pg. 232.
20
Moiss Silva, Vises Contemporneas da Interpretao Bblica in: Walter C. Kaiser, Jr. & Moiss Silva,
Introduo Hermenutica Bblica (So Paulo, Editora Cultura Crist, 2002), p. 233.
46
Norman L. Geisler, org., A Inerrncia da Bblia (So Paulo, Editora Vida, 2003).
47
Quem deseja conhecer em teoria e prtica o mtodo gramtico-histrico consulte Walter C. Kaiser, Jr. & Moiss
Silva, Introduo Hermenutica Bblica (So Paulo, Editora Cultura Crist, 2002).
21
Mulheres
exercendo
Testamento
autoridade
no
Antigo
...
John Murray, Romanos Comentrio Bblico Fiel (So Jos dos Campos, Editora Fiel, 2003), p. 588.
F. Godet, Commentary on the Epistle to the Romans (Grand Rapids, Zondervan Publishing House, 1956), p. 488.
22
Pondo prova
Kenneth S. Wuest sugere que o termo grego diakonos
uma palavra que poderia ser usada tanto para o gnero
masculino como feminino.50Mas, a questo central neste texto
se o substantivo deveria ser traduzido como diaconisa, ou
poderia se optar por serva?51Ou seja, o seu uso em Rm 16:1
tcnico, referindo-se a um oficial feminino na comunidade crist
do sculo I, ou Paulo est usando o substantivo apenas para
mencionar o compromisso que Febe tinha de servir na sua igreja
de origem?
O substantivo grego usado por Paulo como um termo
tcnico que descreve um ofcio? Neste texto isto no pode ser
provado. Um pouco antes ele declara pois eu lhes digo que
Cristo se tornou servo [diakonon] dos que so da circunciso, por
amor verdade de Deus, para confirmar as promessas feitas aos
patriarcas (Rm 15:8, NVI). No podemos ignorar que o termo
diakonon usado para descrever parte da obra de Cristo, sem
atribuir-lhe um ofcio que somente seria institudo aps
Pentecostes.
William Hendriksen sugere que o servio de Febe seria a
hospitalidade na cidade de Cencria.52Como h um jogo de
palavras do apstolo Paulo nos versos 1 e 2, a ideia seria de que
pelo fato dela ter se dedicado ser uma zelosa hospedeira em sua
casa, agora os cristos romanos deveriam recebe-la com o
mesmo cuidado.
Kenneth S. Wuest, Romans in the Greek New Testament (Grand Rapids, Wm. B. Eerdmans Publishing Co., 1956),
p. 257.
51
A traduo da ARA no acurada. A NVI oferece a seguinte traduo Recomendo-lhes nossa irm Febe, serva da
igreja em Cencria. Brbara Friberg e Timothy Friberg optam pelo substantivo in: O Novo Testamento Grego
Analtico (So Paulo, Edies Vida Nova, 1987), p. 508. Adota a mesma opinio William D. Mounce, The Analitical
Lexicon to the Greek New Testament (Grand Rapids, Zondervan Publishing House, 1993), p. 138.
52
Guilhermo Hendriksen, Romanos Comentrio del Nuevo Testamento (Grand Rapids, Libros Desafio, 1994), pgs.
557-558.
23
24
25
Herman Ridderbos, El Pensamiento del Apstol Pablo (Grand Rapids, Libros Desafo, 2000), p. 596.
Joo Calvino, Pastorais: 1 Timteo, 2 Timteo e Filemon (So Paulo, Editora Paracletos, 1998), p. 94.
61
Newport J.D. White sugere que elas realizavam para as mulheres da Igreja primitiva o mesmo tipo de
ministrao que os diconos faziam para os homens in: Newport J.D. White, The First and Second Epistles to
Timothy and The Epistle to Titus in: W. Robertson Nicoll, ed., THE EXOSITORS GREEK TESTAMENT (Grand
Rapids, Wm.B. Eerdmans Publishing Co., 1961), p. 115. Entretanto, White comete um erro de anacronismo, pois,
no h evidncia histria, nem textual, de que de fato, mulheres tenham sido diaconisas desde o primeiro sculo,
como ocorreu a partir do sculo III e IV.
62
J.N.D. Kelly, I e II Timteo e Tito introduo e comentrio (So Paulo, Edies Vida Nova, 1986), p. 85.
60
26
3. Uma reflexo
feminina
teolgica
da
ordenao
63
Embora, Gordon D. Fee no afirme que estas mulheres sejam a classe de vivas descritas posteriormente na
epstola por Paulo (1 Tm 5:5-10), ele mais cauteloso que J.N.D. Kelly ao sugerir que uma vez que no havia no
grego nenhuma palavra para diaconisa (melhor, ajudadora feminina, conforme GNB), provvel, que aqui a
palavra mulheres tivesse sido entendida com o significado de mulheres que serviam igreja em algum cargo. in:
Gordon D. Fee, Novo Comentrio Bblico Contemporneo 1&2 Timteo, Tito (So Paulo, Editora Vida, 1994), p.
99.
64
William Hendriksen, 1 Timteo, 2 Timteo e Tito (So Paulo, Editora Cultura Crist, 2001), p. 169.
27
28
29
A doutrina da ordenao
67
Thomas R. Schreiner, Mulheres no Ministrio da Igreja in: Homem e Mulher seu papel bblico no lar, na igreja e
na sociedade, orgs, John Piper & W. Grudem, (So Jos dos Campos, Editora Fiel, 1996), pg. 86.
30
Referncia bibliogrfica
Autores contra a ordenao feminina
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Novo Testamento Tem a Dizer? In: Fides Reformata vol. II,
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Autores a favor da ordenao feminina
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Feminista (Petrpolis, Editora Vozes, 1997).
. Craig S. Keener, Paul, Women & Wives (Peabody, Hendrickson
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. Elizabeth A. Johnson, Aquela que (Petrpolis, Editora Vozes,
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. Elizabeth A. Johnson, She Who Is (New York, Crossroad
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Obras de referncia
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