Legião de Maria
Legião de Maria
Legião de Maria
primordial importncia, no recebendo, no entanto, a ateno que devia receber. H alguns anos
ousei consagrar um artigo a este tema na Maria Legionis.
Nosso Senhor amou Maria com toda a sua natureza, mais do que todas as outras criaturas
juntas. Os telogos dizem que obteve dela maior consolao do que de todos os outros seres
criados, passados, presentes e futuros. O cristo deve imitar a Cristo. Por isso deve consagrar a
Maria um amor que imite o de Jesus por ela; deve consagrar-lhe uma devoo que venha no s do
corao mas tambm do entendimento, vendo nela a Mulher Forte da Redeno: a Advogada, a
Cooperadora,a Companheira, a Medianeira, dotada de f e dum conjunto de qualidades que a
tornaram capaz de desempenhar esta funo.
Deste modo o comportamento da Legio para com Maria, que muitos consideram excessivo,
quase ofensivo, nasce inevitavelmente do Corpo Mstico e , por isso, Cristocntrico. A isto somos
agora obrigados pela nossa f, em virtude da promulgao do Decreto De Ecclesia Mysterio, de
21 de Novembro de 1964. Todo aquele que persiste em minimizar Maria est fora, num ramo que
em breve pode partir debaixo dele, e arrast-lo para o abismo dos que esto fora da Igreja.
O APOSTOLADO DA LEGIO CRISTOCNTRICO
O apostolado da Legio, por seu turno, deriva da mesma doutrina do Cristo completo. O
apostolado d'Ele tem de exercer-se por ns. Ele que vive em ns, aqui e ali, fazendo bem,
ensinando o Seu Evangelho, empenhando-se por atingir todos os homens com a inteno de os
converter. Por esta associao com a Sua Pessoa somos mergulhados na Sua influncia. Isto , com
certeza, Cristocntrico.
Um outro trao caracterstico da Legio reside na associao de Maria ao seu trabalho.
Devemos fazer este em companhia de Maria e animados de confiana nela. Mas, porque dever a
Legio identificar assim Nossa Senhora com o seu apostolado, se ela no acompanhou o Filho na
sua misso apostlica, seno excepcionalmente? Entendamo-nos. A cooperao de Maria em todas
as fases da Redeno duma ordem mais elevada do que acompanh-l'O sempre. Consistiu alm
e acima do dom que lhe fez da Sua Humanidade, por meio da qual realizou a Sua obra numa
unio moral e espiritual com o Redentor, unio que se estendia a cada um dos momentos das suas
vidas e que qualquer separao fsica jamais interrompeu. Esta unio continua-se no Corpo Mstico;
Maria continua necessariamente associada ao Seu trabalho salvfico. O seu concurso deve ser
procurado.
OS ANJOS E OS PADROEIROS DA LEGIO
Os Anjos, de forma uma tanto imprevista, passaram a figurar proeminentemente no esquema
da Legio. que eles so uma parte do exrcito da salvao s ordens de Cristo. Encontramos uma
significativa referncia a esta celestial seco, em S. Mateus, 26, 53: Pensas que eu no posso
pedir ao Pai e Ele me enviar imediatamente mais de doze Legies de Anjos? A Legio
procurando compartilhar os pensamentos de Cristo, ergue os olhos para estes celestes aliados e
invoca-os nas suas oraes: S. Miguel, S. Gabriel e toda a Legio Celeste.
A escolha, pela Legio, dos restantes padroeiros, foi determinada pelo princpio da sua
associao misso terrena de Nosso Senhor. Todos foram contemporneos de Jesus, exceto um,
desempenhando na Sua vida partes importantssimas. S. Paulo um pouco tardiamente.
A exceo S. Lus Maria de Montfort, o qual honrado pela Legio em virtude de ter
contribudo para a formao da prpria Legio. Foi ele que levou a Legio a ver o lugar de Maria na
salvao e daqui veio depois o resto.
A LEGIO E A LITURGIA
O Cristocentrismo da Legio espalha-se por todos os canais das suas atividades. Tomemos a
seco de que tanto se fala hoje, a Liturgia. Seria um grave erro supor que s oramos em Cristo
quando estamos tomando parte nos ritos litrgicos propriamente ditos. Para ter qualquer valor, todas
as oraes tm de ser feitas em Cristo. Privadas da virtude d'Ele, as nossas pobres falas no seriam
mais do que gritos de tarambola. Alm disso, a ao de Cristo revela-se em cada uma das aes da
Igreja. Mas ao mesmo tempo existe uma virtude especial, de que podemos participar, nos exerccios
litrgicos da Igreja, participao que tanto maior quanto mais conscientemente mergulhamos
nesta atividade de Cristo.
Quanto a isto, a Legio acentua a Missa e a Sagrada Comunho. Suplica a seus membros
que recorram diariamente a esta fontes de graa, luz e segundo o esprito do Corpo Mstico.
Depois apresenta aos seus membros os graus de Pretoriano e Adjutor,que envolvem a reza diria
dum Ofcio. este um gesto imprevisto da parte duma organizao olhada como puramente ativa.
Est, todavia, completamente dentro da linha do seu universal Cristocentrismo procurar deste modo
ser to litrgica com a Igreja como com ela procura ser apostlica.
No que diz respeito Missa e Sagrada Comunho, o Manual esfora-se seriamente por
instruir os legionrios no pleno sentido desta realidades supremas. No permite que os seus
membros suponham que a Missa apenas um cerimonial de oraes rezadas por algum revestido
de certos paramentos. H na Missa um sentido interior que o sentido real e que proposto, a
tempo e fora de tempo, aos legionrios.
A Eucaristia a Ceia do Senhor e tambm o Seu Sacrifcio. No algo exterior a ns. Ns
estamos dentro destes supremos acontecimentos, porque estamos em Cristo. N'Ele, pela unio do
Corpo Mstico, estamos tomando parte no Sacrifcio do Senhor. Mais uma vez, isto com certeza
Cristocentrismo.
CRISTO E OS NOSSOS SOFRIMENTOS DIRIOS
Mas no s na Missa, no Calvrio, que vivemos e sofremos no Senhor. H tambm todos
os nossos sofrimentos pessoais ordinrios. Ns estamos sempre em Cristo, sempre envolvidos com
Ele. isto que d valor ao sofrimento. Este Cristocentrismo mostra de forma clara porque que a
Legio, sendo uma organizao ativa, consagra tanto espao no Manual idia de sofrimento que
parece deveria antes pertencer ao domnio da vida privada e no a vida legionria. primeira vista
dir-se-ia uma idia deslocada, mas no . Porque o sofrimento foi um aspecto essencial da vida de
Nosso Senhor, tornou-se o elemento pelo qual ele completou a Redeno. Assim deve ser tambm
na vida do legionrio. Aqui mais uma vez temos um Cristocentrismo completo.
SEMPRE DE SERVIO POR CRISTO
O legionrio deve estar sempre de servio. No se trata com isto de melhorar ou antes
alargar o trabalho da Legio. uma lgica consequncia da nosa condio Cristocntrica. Estamos
sempre em Cristo. Devemos, por isso mesmo, estar sempre unidos ao Seu pensamento e ao a
favor das almas. Devemos estar sempre interessados pelas almas como Ele o estava. E no s acerca
das nossa volta, aquelas que vemos e tocamos, mas acerca das almas em toda a parte, inteiramente
para alm dos nossos conhecimentos; acerca das almas, com as quais, em circunstncia alguma
imaginvel jamais estabeleceremos contato. A Legio no se aquieta com esta separao das almas,
pela distncia, e faz gestos simblicos na sua direo. A Peregrinatio pro Christo e os Viatores
Christi so expresses do peregrinar pelas almas. Se no podemos sair sua procura, num
apostolado regular, f-lo-emos simbolicamente uma ou duas semanas. Esta a resposta do Corpo
Mstico ordem de Cristo: Ide at aos confins da terra, buscai todos os homens e dai-lhes o meu
Evangelho. Batizai os que vos ouvirem. Mais uma vez, Cristocentrismo.
REUNIES CHEIAS DE ESPRITO SOBRENATURAL
As reunies so um trao dominante em todo o esforo apostlico. Para dirigir as atividades
h que fazer reunies regularmente. Muitas associaes fala de Cristocentrismo mas no
comunicam qualquer carter deste Cristocentrismo s suas reunies, que muitas vezes incluem
pouca orao e no possuem atmosfera sobrenatural. Consideram talvez isso como garantido, o que
me parece imprudente em coisas humanas. Ou ento encaram, talvez, a reunio como um assunto de
somenos importncia, como um complemento do trabalho. Pelo contrrio, a Legio concentra-se
nas suas reunies e considera-as de essencial importncia. V nelas um exerccio de comunidade do
Corpo Mstico, em que Cristo, Sua Me e os membros de ambos tratam dos negcios do Pai. A f, a
orao, e a caridade devem correr por cada uma das partes da reunio, de modo que todos os
assuntos tratados participem deste carter. Cada ponto da reunio ajuda os outros e todos eles se
combinam para formar um produto caracterstico.
O ponto de vista da Legio sobre o esprito que deve animar as suas reunies, vem exposto
na seco do Manual, intitulada Mstico Lar de Nazar. Desta mentalidade resultam as reunies
da Legio, que no so reunies como as outras. So ajuntamentos impregnados de orao e
harmonia. Contribuem ao mesmo tempo para um aumento do rendimento do trabalho; facultam um
modelo do modo como se deve dirigir uma reunio e executar um trabalho. Deste modo, como
vedes, mesmo o mtodo corrente da Legio reduzido ao Cristocentrismo.
SENTIDO DE OBEDINCIA
A doutrina do Corpo Mstico envolve especialmente a compreenso e prtica das rela~eos
que devem existir entre os prprios membros. Primeiro as relaes com o Senhor e Sua Me, depois
as consequentes relaes de uns com os outros. Refiro-me caridade, obedincia e ao sentido de
correta subordinao. Estas relaes fluem do Cristocentrismo, pois Jesus esteve submisso a Maria
e a Jos e sempre procurou cumprir o Seu dever at ao fim. Eu vim para cumprir a vontade do meu
Pai. A este respeito a Legio tem sido Cristocntrica e obediente at ao ponto de conquistar, por
isso, um especial elogio do Santo Padre. Pede ele a todos os legionrios para continuarem com o
mesmo amor Igreja, sempre em estreitssima dependncia dos Bispos nos trabalhos de apostolado,
e em esprito de colaborao com todas as outras associaes catlicas. Depois o Papa fala da
maravilhosa disciplina da Legio, em que ele pode sempre confiar; da forte vida interior dos seus
membros; da sua dedicao salvao do prximo; da sua inflexvel lealdade Igreja.
No espantoso? Este sentido de subordinao, de obedincia e de reta disciplina
essencial em religio. Mas o fracasso fcil to fraca a humana natureza, to forte a tentao.
Por isso uma alegria imensa ouvir o Papa dizer que a Legio possui este sentido de subordinao.
Procuramos unir-nos a Nosso Senhor e amar a nossa Me com tudo quanto em ns existe, e eis que
nos achamos estreitamente unidos s autoridades do Corpo Mstico e uns aos outros.
Esta questo de subordinao toca no sacerdcio. Escreve-nos um Bispo, afirmando que na
Legio se d uma funo vasta demais ao sacerdote; que a Legio leiga e por isso deveria
caminhar mais ou menos independente do sacerdote. Isto, porm, no se harmoniza com o
Cristocentrismo da Legio, que considera o lugar do sacerdcio anlogo quele que Cristo ocupa no
Corpo Mstico e por isso dotado de funes de chefia.
FRIAS LEGIONRIAS
A Legio leva o seu Cristocentrismo a domnios que podem surpreender. Talvez seja um
pouco chocante, por exemplo, ouvir dizer que orienta este Cristocentrismo para os passatempos e as
frias. Mas as Frias Legionrias no so apenas as frias de um grupo de legionrios. A Legio
procura comunicar o seu cunho cristo e legionrio a essas empresas, especificamente classificadas
como Frias Legionrias, e que esto sujeitas a uma srie de regras.
As Frias Legionrias so um esforo para criar umas frias de qualidade superior e traar
assim uma linha diretriz. Incluem, de onde se der, missa e comunho dirias. Se tivssemos de
excluir estas por causa das circunstncias locais, isso indicaria que o local no convinha para tais
frias. Todos os atos regulares do dia devem ser feitos dentro do esprito da Legio. Todas as
excurses, passatempos, conversas, devem ser encarados, ao menos de um modo gral, luz da idia
do Corpo Mstico, isto , devem ser feitos com Jesus e Maria. Este programa nada tem de irreal;
com efeito, devemos imaginar Nosso Senhor entregue tambm a certas distraes, no s na
juventude, mas mais tarde com os seus discpulos. Quando procuramos imagin-los assim
ocupados, depois de terem carregado o fardo do dia, descontrados em conversa e divertimento
singelo, o quadro que se nos apresenta ao esprito assemelha-se muito ao de um dia de Frias
Legionrias.
ABERTA AO FUTURO
medida que o tempo vai correndo, ho de revelar-se outros meios de pr logicamente em
ao este Cristocentrismo legionrio, meios que procuraro ser aplicados. A Legio continuar a
seguir o seu rumo caracterstico, tentando sujeitar cada um dos aspectos da vida ao domnio e poder
animador de Cristo, Nosso Senhor, e sempre em companhia de Maria, Me d'Ele e Me nossa.
A Legio assim Cristocntrica no mais perfeito grau em que o pode ser.