Ruanda e Sua Independencia
Ruanda e Sua Independencia
Ruanda e Sua Independencia
Duas etnias sempre foram s majoritrias em Ruanda. Sua presena no Pas se deu a partir
do sculo XIV quando os tutsis, em sua origem, criadores de animais, imigraram pa
ra a rea e subjugaram os hutus que baseavam sua economia no plantio. A partir de
ento se estabeleceram alguns estados. At fins do sculo XIX a regio seria dominada po
r uma monarquia liderada por diversos vassalos, todos da etnia tutsi.
A histria do armamento de uma parcela dominante pelo imperialismo em Ruanda remon
ta ao incio do sculo XIX, com os reinos de Mutara II e Kigeri IV. O segundo reinou
o pas de 1853 a 1895, e seu governo foi considerado o auge do poder monrquico naq
uela regio, no qual foi estabelecida uma autocracia militar. O reino mantinha aco
rdos comerciais para conseguir armamentos com os mercadores na costa Leste da fri
ca.
A histria da colonizao de Ruanda se inicia em 1890 quando esta foi entregue Alemanh
a em 1890, numa conferncia em Bruxelas, sendo suas fronteiras sido estabelecidas
oficialmente em 1900.
Em 1890, o reinado acordou com a Alemanha a entrega de seu territrio ao pas sem ne
nhuma resistncia, tornando-se parte da frica do Leste Germnica.
Em 1911, a Alemanha j ajudaria os tutsis a reprimir uma revolta hutu no Norte de
Ruanda.
Durante a Primeira Guerra, em 1916, depois da derrota da Alemanha, foras belgas o
cuparam Ruanda e em 1919 esta se tornou parte da Liga Belga das Naes.
Durante este perodo os tutsis e hutus tornaram-se indistinguveis. O imperialismo b
elga, necessitando um esquema racial definido para a sua dominao estabeleceram artif
icialmente uma etnia tutsi para servir como base de apoio sua dominao contra a maior
ia do pas, catalogado como hutu . Toda pessoa que tivesse mais de 10 vacas e um nari
z europeu era considerado como tutsi e assim registrado.
A Blgica estabeleceu uma ditadura ainda pior que a dos alemes e apoiando-se na Igr
eja Catlica os belgas criaram com os tutsis , uma elite do pas, um governo de dura re
presso aos hutus . Os acordos incluam impostos altssimos e o trabalho forado, o que fez
abrir um abismo econmico ainda maior entre ambas as partes da populao no pas africa
no.
Outros expedientes dos belgas mostravam a poltica consciente de diviso do povo de
Ruanda. A partir de 1933 as carteiras de identidade comearam a vir com carimbos q
ue diferenciavam a populao entre hutus e tutsis. Os hutus que acendiam socialmente
e conseguiam um determinado nmero de riquezas eram considerados em seus cartes de
identidade como tutsis. A Igreja catlica impunha instituies de ensino para os tuts
is em separado dos hutus. Entre 1940 e 1950, a imensa maioria dos estudantes era
m tutsi devido situao de ensino pssima para os hutus. Foi a Igreja Catlica europeia
a que mais difundiu, pela educao, a ideia de separao entre as duas etnias por suas a
tribuies fsicas.
Em 1959, o primeiro levante da parcela mais subjugada da populao foi o est
opim de todo um processo que seria utilizado posteriormente pelos imperialismos
francs e belga para lanar uma parte da populao contra a outra em uma guerra civil ge
nocida.
Ruanda foi dominada por um sculo e meio pelas mesmas aristocracias tutsis apoiada
s pelo imperialismo belga, que s foram derrubadas pela onda de independncia de tod
o o povo africano e pela onda revolucionria em todo o mundo.
Em 1957 abre-se uma crise no pas gerando uma mobilizao popular contra a aristocraci
a tutsi, influenciada pela crise geral da colonizao da frica nos anos de 1950.
Dezenas de pases pelo mundo estiveram convulsionados, em particular as colnias. Ap
enas para citar alguns casos mais importantes, desde 1954, houve o movimento de
independncia da Arglia contra a colonizao francesa, que depois de uma dura guerra ci
vil, veio abaixo. Marrocos e a Tunsia tornaram-se independentes da Frana em 1956.
Houve tambm a revoluo socialista Cubana na Amrica Central que foi vitoriosa em 1959
contra o colonialismo do imperialismo norte-americano.
Finalmente em 1962, a Frana seria obrigada a reconhecer a independncia da maioria
das suas colnias africanas.
Surgiram lderes pela independncia como Julius Nyerere na Tanznia e Patrice Lumumba
no Congo, que expressavam a onda revolucionria em toda a frica, como resultado da
crise imperialista.
Em Ruanda, a colonizao havia se enfraquecido assim como a francesa e em 1954 o rei
de Ruanda requisitava a independncia da Blgica e havia concordado em abolir o sis
tema de trabalho forado contra os hutus, sofrendo presso da onda pela independncia
e sendo obrigado a tomar uma medida defensiva.
No ano de 1959 assassinado o rei Mutara III e este sucedido por Kigeri V.
Os hutus protestaram contra a indicao de Kigeri. Diversos partidos hutus haviam si
do formados.
Entre eles estava o Partido pelo Movimento da Emancipao Hutu (Parmehutu), um parti
do burgus nacionalista, que escreveu o Manifesto Hutu in 1957, reivindicando maior
representao no governo e melhorias para a populao hutu. O grupo rapidamente transfor
mou-se em um exrcito armado e em 1959 em resposta foi formado o Unar pelos Tutsis
, que reivindicavam independncia por meio de um acordo para manter a monarquia.
Em novembro de 1959, surgiram rumores de que foras tutsis teriam assassinado Domi
nique Mbonyumutwa, um poltico hutu, o que fez com que explodisse no pas uma revolt
a hutu, conhecida como ventos da destruio , onde milhares de Tutsis eram mortos e mai
s milhares se refugiaram.
Em 1960, o governo belga aceitou organizar eleies municipais em Ruanda-Burundi nas
quais Hutus foram eleitos.
Houve ento um levante hutu contra os tutsis, diversos violentos conflitos pelo pas
, o que expulsou 100 mil tutsis do territrio de Ruanda, incluindo Kigeri V, que f
ugiram para pases vizinhos como o Congo belga e Uganda. Naquele pas, levantes anti
europeus na cidade de Leopoldville mataram 71 em janeiro de 1960.
Um esforo para criar uma Ruanda independente com hutus e tutsis no poder falhou e
alimentou uma onda de violncia, a qual Blgica aproveitou para dividir Ruanda e Bu
rundi e para a realizao nos dois territrios em 1961 em uma transio para a independncia
formal e por um referendo apoiado pela Blgica, foi abolida a monarquia.
Dominique Mbonyumutwa, que havia sobrevivido foi nomeado o primeiro presidente d
o governo de transio e em Burundi, ao contrrio, foi estabelecida uma monarquia cons
titucional com o governo de Louis Rwagasore, filho de monarcas tutsis e um poltic
o popular e agitador anticolonialista como primeiro ministro que, no entanto, fo
i assassinado. No entanto, naquele Pas pela presso popular tambm houve eleies a parti
r de 1965.
Ainda em 1960, Grgoire Kayibanda se tornou o primeiro ministro interino, tendo em
1962 proclamado a republica no Pas.
A revolta hutu havia sido vitoriosa e expressava a situao de revolta da parcela ma
is explorada da populao. No entanto, a burguesia africana, assim como as burguesia
s de todos os pases capitalistas atrasados, por sua prpria condio se alia ao imperia
lismo para conter a revoluo popular.
ASPECTOS POLTICOS
A conquista colonial interrompeu brutalmente os processos que, em numerosos pont
os do continente africano, vinham conduzindo ao nascimento de Estados protonacio
nalistas. E o fez utilizando outras violncias, pois a colonizao constituiu apenas u
ma modalidade de violncia, cujas consequncias explicariam, em parte, os conflitos
e antagonismos irredutveis vividos pela frica de hoje e cujas sadas so extremamente
complexas e difceis.
Contam os mitos de origem que Ruanda era um pas inicialmente habitado pelo povo t
wa, denominado pigmeu por causa de sua baixa estatura. Em seguida, em tempos mui
to remotos, vieram os hutus, oriundos do sul e do oeste do continente, e finalme
nte os tutsis, povo niltico, vindo do norte e do leste. Os twas, hoje cerca de 1%
da populao, so caadores, coletores e nomadizantes. Apesar da mestiagem com os hutus,
eles constituem atualmente a minoria mais marginalizada e sem a plenitude de se
us direitos de cidadania.
Numa mesma estrutura social dominada pelos tutsis, no sculo XVII, os hutus conviv
iam de forma estratificada e hierarquizada. Era um sistema social que os estudio
sos consideram de castas, de classes ou posies sociais, mas que apesar de tudo iss
o foi construdo numa mesma e nica cultura partilhada por todos: twas, hutus e tuts
is. O que significa que todos viviam num mesmo territrio, falavam a mesma lngua, c
modelo presidencial e elege como primeiro lder um Hutu, Gregire Kayibanda. Segue
a represso geral aos Tutsis, em preldio ao genocdio de 1994.
Em 1973, devido instabilidade dentro das diversas classes de Hutus, o ministro d
a Defesa Juvnal Habyarimana destitui o presidente Kayibanda e dissolve os partido
s polticos formados ao fim do "ubuhake", com o apoio de Tutsis e Hutus moderados.
Muitos Tutsis perseguidos retornam ao pas. Em 1978, ocorrem novas eleies, sendo Ha
byarimana confirmado como presidente. At 1994, ele se mantem no poder, sendo nota
dos conflitos mais intensos entre Hutus e Tutsis a partir de 1990. fundada por P
aul Kagame a Frente Patritica Ruandesa (FPR), formada por Tutsis exilados, gerand
o resposta armada do governo Habyarimana. Um cessar-fogo assinado na Tanznia em 1
992. ento formado um governo de transio, tendo novamente Habyarimana como lder, e co
mo misso da ONU, organizar um processo de paz.
Em 6 de abril de 1994, Habyarimana e Cyprien Ntaryamira, presidente da nao vizinha
e irm de Burundi, foram assassinados aps atentado que atingiu o avio em que viajav
am, prestes a pousar em Kigali, capital de Ruanda. Logo aps o atentado que vitimo
u Habyarimana, uma terrvel onda de violncia a partir da capital Kigali, liderada p
ela guarda presidencial e milcias, assolou o pas. Autoridades e personalidades Tut
sis, como a primeira-ministra Agathe Uwilingiyimana e a viva do "Mwami" Mutara II
I, Rosalie Gicanda, foram executadas com suas famlias. Estaes de rdio inflamavam os
Hutus contra os Tutsis, barreiras eram criadas nas estradas para evitar a fuga d
e Tutsis ou Hutus moderados (tidos como "traidores"). Qualquer Tutsi capturado e
ra quase sempre sumariamente executado.
Aps esforo conjunto dos exilados da FPR liderada por Paul Kagame, esta ocupou part
e do territrio ruands, e em 4 de julho de 1994, as tropas de Kagame entraram na ca
pital Kigali, sendo que a essa altura, a ONU j havia retirado suas tropas de todo
o territrio. Alguns dos lderes do genocdio fugiam do pas, o governo provisrio era de
posto e muitas prises efetuadas.
Foi criado um novo governo de coalizo. O genocdio oficialmente chegava ao fim, mas
os refugiados Tutsis nos pases vizinhos demorariam a retornar ao pas depois do ho
rror. Em 2000, devido a problemas internos e intervenes em algumas guerras de pases
vizinhos, Paul Kagame tornou-se presidente, sendo eleito pelo voto popular em 2
003 e reeleito em 2010.
A atual constituio foi adotada na sequncia de um referendo nacional em 2003, substi
tuindo a constituio de transio que j estava em vigor desde 1994. A constituio determin
um sistema multipartidrio de governo, com polticas baseada na democracia e escolh
a dos representantes atravs de eleies. No entanto, a constituio coloca condies sobre a
forma como os partidos polticos podem operar, onde afirma que "organizaes polticas e
sto proibidas quando baseadas na raa, etnia, tribo, cl, regio, sexo, religio ou qualq
uer outra diviso que pode dar origem a qualquer discriminao". O governo tambm aprovo
u leis criminalizando a ideologia genocida, que inclui manifestaes de intimidao, dis
cursos difamatrios, negao do genocdio e ridicularizao das vtimas.
O presidente de Ruanda o chefe de estado, e tem amplos poderes, incluindo a criao
de polticas pblicas em conjunto com o gabinete ministerial, concede perdo judicial,
comanda as foras armadas, negocia e ratifica tratados, assina ordens presidencia
is, e ainda pode declarar guerra ou estado de emergncia. O presidente eleito por
voto popular a cada sete anos, e nomeia o primeiro-ministro e todos os outros me
mbros do gabinete.
O Parlamento consiste de duas cmaras. Ele faz as leis e est habilitado pela consti
tuio a fiscalizar as atividades do presidente e de seu gabinete. A cmara baixa a Cma
ra dos Deputados, com oitenta membros que cumprem mandatos de cinco anos. Vinte
e quatro destes assentos so reservados para as mulheres, eleitas atravs de uma ass
embleia conjunta de funcionrios do governo local; outros trs assentos so reservados
para os membros jovens e pessoas com deficincia, os outros 53 so eleitos por sufrg
io universal sob um sistema de representao proporcional. Aps a eleio de 2008, h 45 dep
utadas, tornando Ruanda o nico pas com uma maioria feminina no parlamento nacional
. A cmara superior o Senado, com 26 cadeiras. Seus membros so selecionados por uma
variedade de corpos, e tem mandato de oito anos. A quantidade mnima obrigatria de
senadoras de 30%.
O sistema legal de Ruanda amplamente baseado nos sistemas de direito civil alemo
e belga, e no direito consuetudinrio. O judicirio independente do poder executivo,
REFERENCIAS BIBLIOGRFICAS
MENDONA, Marina Gusmo de. O genocdio em Ruanda e a inrcia da comunidade internaciona
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BATISTA, Cleival Kisney da Silva. Ruanda: Uma Anlise da Ingerncia Internacional em
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GEORGE, Terry. Filme: Hotel Ruanda. Reino Unido, 2004.