Igreja Luterana 1999 Nº2

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(

NDICE

VOUJME58 "

SE~1INA.RlO CONCRDIA
Diretor
Paulo Moiss Nerbas
Professores
Acir Raymann, Ely Prieto, Gerson Lus Linden, Leopoldo Heimann,
Norherto Heine (CAAPP), Orlando N. Ott, Paulo Gerhard Pietzsch,
Paulo Moiss Nerhas, Vilson Scholz.

Professores emdtos
Amaldo J. Schrnidt, Donaldo Schueler,
Johannes ti. Rottmann, Martim C. Warth

ii.;nEJA.
~.
fi_ ~_ ~~
LU~T~RANA
_

FRUM
Trapalhadas em final de sculc
AcruzdaIELB
.
ARTIGOS
Sugesto

de mtodo para esn.:ic.:

Vlson Scholz

ISSN 0103-779X
Revista semestral de Teologia publicada em junho a novembro pela
Faculdade de Teologia do Seminrio Concrdia, da Igreja Evanglica
Luterana do Brasil (IELB), So Leopoldo, Rio Grande do Sul, Brasil.

"Pericopite"

Acir Raymann (editor), Vilson Scholz

Assistncia Administrativa

Rafael Juliano Nerbas e Or!,_~:.:'


Elementos

Janisse M. Schindler

de umaeclesio1cgi:::

Igreja e sacramentos
A Revista Igreja Luterana est indexada em Bibliografia Bblica
Latino-Americana - Old Testament Abstracts .
Os originais dos artigos sero devolvidos

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'Ne request exchange

" '::i~rbitten

Austaus~

I
/

Correspondncia
Rev'..staIGREJALUTERANA
Seminrio Concrdia
Caixa Postal 202
93.00 1-970 - So Leopoldo, RS

~- .c-",::

em \Volr,.:::--

Manfred Krespsky Zeuch .....


AUXLIOS HOMILTICOS

.,

DEVOES

".,'

de envelope com endereo e selado.

/ ~ Solicita-se permuta -

Consideraes
da tica crist qc:.c...:-:::;
tcnica de reproduo humana 2.2:.:

Conselho Editorial

quando acompanhados

i_

e sua cura: anlis'

Vlson Scholz

~:-.--

NDICE

IGREJA LUTERANA

58 - NOVEMBRO 1999 - NMERO 2

VOLUME

?ietzsch,

FRUM
Trapalhadas em final de sculo
A cruz da IELB
o

149
151

ARTIGOS
Sugesto

de mtodo para estudar as parbolas

Vlson Scholz
ubro pela
.anglica
.~J.o

"Pericopite"

153

e sua cura: anlise da narrativa

Vlson Scholz ....

161

Brasil.
Consideraes

da tica crist quanto ao uso da fertilizao

tcnica de reproduo

humana

in vitro como

assistida

Rafael Juliano Nerbas e Orlando Nestor Ou

167

Elementos de uma ec1esiologia luterana contempornea:


Igreja e sacramentos em Wolfhart Pannenberg
:::'U[ICa

Manfred Krespsky Zeuch

181

AUXLIOS HOMILTICOS

202

DEVOES

296

147

Igreja Luterana - N 2 - 1999

fRUM

TRAPALHADAS

EM FINAL DE SCULO

1999 foi um ano de muitas trapalhadas entre os "profetas" da destruio. Houve quem anunciasse a destruio de Paris, com milhes de mortos em uma catstrofe nuclear. At em fim do mundo se falou. Talvez estes movimentos escatolgicos,
prprios de um final de sculo e milnio (independente da questo se o milnio de
fato comea em 2000 ou 2001), poderiam ser vistos com uma viso positiva. Afinal,
permitiram um campo para anncio da viso bblica sobre o fim. No entanto, h
aspectos preocupantes para os quais, penso, deveramos estar atentos, como pastores e lderes na Igreja.

o que acontecer diante da frustrao havida ante as falsas profecias? Impossvel responder com segurana. J houve, na histria no to distante, situaes
em que falsas profecias sobre as coisas do fim serviram para, com certas adaptaes, institucionalizar o erro. Exemplo 1- as expectativas geradas pelos discursos
de William Miller, que calculou a vinda de Jesus para 22 de outubro de 1844. Seu
erro acabou sendo reinterpretado, viabilizando o incio do Adventismo do Stimo
Dia. Exemplo 2- semelhante ao anterior, agora com Charles T. Russel, que anunciou
o fim do mundo para 1914. Apesar do engano, vem dele a seita "Testemunhas de
Jeov." Falsas profecias podem, quem sabe, seguir o roteiro destas citadas e gerar
novos grupos escatolgicos, a engrossar as fileiras dos j existentes. Segundo o
Instituto Millennium Watch, que pesquisa os fanticos milenaristas, h cerca de
1200 "profetas" nos Estados Unidos, declarando serem Cristo. (Revista Isto 04/08/
99, p. 110)

Outra reao possvel diante da falta do cumprimento das "profecias" citadas


a concluso, pelo mundo, de que a mensagem dos religiosos engano e superstio. Esta seria uma generalizao ampla, para o que deveria ser aplicado aos
milenaristas. Para alguns pode parecer que os "cristos" esto por a, com Bblias
debaixo do brao, anunciando catstrofes, que falham! muito fcil, para o mundo,
colocar os religiosos no mesmo bolo. O antroplogo Ari Pedro Oro, da Universidade Federal do RS, faz a anlise: "Quando as sociedades parecem ter chegado a uma
encruzilhada, comum a populao olhar para o cu esperando que um fato sobrenatural substitua este mundo por um melhor." (Zero Hora 08/08/99,p.36)
Faz-se necessria uma contnua e profunda nfase no ensino bblico da
Escatologia, e seu testemunho fiel ao mundo. A IELB dedicou boa parte do tempo
de suas atividades nacionais e regionais em 1999 para o estudo das coisas do fim.
149

Igreja Luterana - N 2 . 1999

preciso manter o ensino equilibrado, sbrio e claro da Escritura sobre este assunto
cativante e tantas vezes abordado com sensacionalismo. Sem negar a realidade da
Lei, que anuncia condenao aos descrentes, preciso continuar enfatizando a
centralidade do Evangelho, tambm no ensino da Escatologia. Afinal, a Lei anunciada para que haja arrependimento e, pelo Evangelho, salvao. Corno Igreja, no
estamos a simplesmente esperando um fim, mas a revelao plena do reino do Senhor Jesus Cristo, o que aguardamos com alegria e esperana.
Escatologia mensagem de esperana e consolo. "As quatro atividades da
inumervel companhia dos salvos, nas celebradas palavras finais de A Cidade de
Deus [de Agostinho] recapitulam temas centrais na escatologia bblica. "Paz" descreve o repouso perfeito em Deus daqueles que no tempo terreno foram justificados por graa, por causa de Cristo, mediante a f. "Viso" denota o cumprimento
do intelecto humano no seu observar a verdade, que o prprio Deus. "Amor" que
brota de Deus, para encher Seu povo, e voltar a Ele, satisfaz o corao e a vontade
de homens e mulheres, feitos para a comunho pessoal com seu Criador e uns com
os outros. "Louvor" tanto a resposta da criatura misericrdia divina, que de boa
vontade rende a Deus o que dele, como tambm a voz de Cristo em ns, falando
ao Pai ..... O antigo testemunho do bispo de Hipona, no 5 sculo, permanece atual
at hoje, visto que o mistrio de Deus em Cristo e permanecer eterna fonte de
vida: L ns teremos paz e veremos; veremos e amaremos; amaremos e louvaremos. Vede o que ser no fim, que no tem fim! Pois qual o nosso fim, seno chegar
quele reino que no tem fim?" (JohnR. Stephenson, EscathoZogy - ConfessionaZ Lutheran
Dogmatics - voZ. XIII, editor: Robert D. Preus, Fort Wayne, The Luther Academy, 1993,

Como anda a cruz da lEI..::

por esse vasto territrio "iel- ~


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Gerson Luis Linden

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150

Igreja Luterana - N 2 - 1999


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- Confessional Lutheran
The Luther Academy, 1993,

Gerson Luis Linden

A CRUZ

DA

IElB

Como anda a cruz daIELB? Pelo visto ela anda bem, obrigado! Basta andarmos
por esse vasto territrio "ielbiano" para constatarmos essa verdade. Pois esses dias
andei refletindo sobre ela e quero aproveitar esse espao para partilhar com os
leitores alguns pensamentos.
Esta logomarca j est conosco desde 1991. Creio que um tempo razovel para
se avaliar a sua validade ou no. Quando o Conselho Diretor (23-26 de maio de
1991) aprovou a "Cruz daIELB", estava na verdade cumprindo uma resoluo da 50"
Conveno Nacional (1986), a qual havia determinado que se criasse uma identificao fcil para as congregaes da Igreja Evanglica Luterana do Brasil. No seu
lanamento, ficou claro o que significava essa identificao fcil. A logomarca da
IELB prpria para utilizao em papelaria (papel ofcio, envelopes, cartes), painis (placas de identificao, out-doors), trabalhos em escultura e outros (cf. Mensageiro Luterano, julho de 1991, p.5).
J se passaram quase dez anos, e a cruz da IELB est a. Podemos v-Ia em
vrios tamanhos e nos mais variados e inusitados lugares. Alm da tradicional
explicao: "L" para Luterana e o "B" estilizado, sugerindo do Brasil. J h quem
veja outras explicaes para a mesma. O "1" para Igreja e o "M e L" de Martinho
Lutero! A cri atividade grande e certamente seremos surpreendidos com outras
explicaes.
Mas qual o ponto? A cruz da IELB no cumpriu o seu papel? Sim. Certamente
que sim. Hoje essa logomarca sinnimo de IELB. Ningum duvida que ela ajudou
(e ainda ajuda) na divulgao do nome da igreja e tambm na sua identificao.
Para explicar o meu ponto, quero retomar uma frase colocada acima, quando
mencionei que a cruz da IELB pode ser vista "em vrios tamanhos e nos mais
variados e inusitados lugares".
Tenho observado que no af de se utilizar a cruz da IELB, se perdeu de vista o
seu primeiro propsito - identificar a instituio. E nesse particular, a cri atividade
tem sido grande. J se pode ver a "cruz da IELB" encimando altares de igrejas, nos
paramentos do altar e do plpito, em estolas pastorais e at gravadas em utenslios
da Santa Ceia. Quem sabe se tenha dado um novo significado ao "L" da cruz da
IELB = "litrgico"?
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Igreja Luterana - N 2 - 1999


Aqui h que se fazer uma distino. A logomarca da IELB um smbolo da
instituio. Seu papel identificar e divulgar a denominao. uma cruz, verdade,
mas uma marca de identificao da IELB. Isso no quer dizer que ela no pode
estar presente nos templos da IELB (especialmente nos cartazes de divulgao das
nfases anuais da igreja), mas jamais deveria tomar o lugar do crucifixo! e dos
smbolos Iitrgicos da igreja crist, os quais so universais e pertencem Igreja de
todos os tempos e pocas.
Vinculado a isso, gostaria ainda de chamar ateno para os destaques e nfases
anuais daIELB. A cada ano a igreja prope uma temtica, e sugere que a mesma seja
estudada nos grupos do PEM, nos estudos bblicos e utilizada como tema de sermes dominicais. Aqui h que se cuidar para que o texto do Domingo no se torne
um pretexto para se falar do destaque do ano. Cada texto proposto pela Srie Trienal
tem o seu prprio destaque, bem como de resto todo o domingo do Ano Eclesistico. A srie de leituras foi elaborada com muito cuidado, pois no busca somente o
interrelacionamento dos textos, mas procura refletir todo o desgnio de Deus (Atos
20.27) e quer manter um ano Iitrgico Cristocntrico. No quero dizer com isso que
os destaques anuais da IELB no devam ser estudados ou mesmo anunciados do
plpito. Neste caso, o bom senso deve imperar. Quando o texto do domingo
oportunizar pregar sobre referido destaque, que assim seja feito. Agindo assim, o
"Cristo para Todos" (e os destaques anuais) certamente no ir soar apenas como
um lema ielbiano, mas com certeza como um lema bblico e altamente relevante.
A cruz da IELB est a. E parece que veio para ficar. O seu valor, ningum
questiona. O que se espera que ela seja de fato utilizada para o fim a que foi
destinada - identificar a IELB! Tendo dito isso, espero ter contribudo para que seu
uso na IELB seja feito de forma adequada e coerente, bem como seu lema e destaques anuars.

ARTIGOS

SUGESfC
ESTUDAJ

Nenhum mtodo, nem m~o-::-quada compreenso de um l~


-=
hermenutica ou exegese a;:,:,oc- procura entender um texto.
princpios este: a gente r:~:
contrrio, a gente segue os rr terico da hermenutica, o 0_ - ~intepretativo, existe uma t.;;~,~__ - =
receptor ou intrprete, expIe ..
A sugesto de mtodo q_~ :,
se, entender as parbolas. ?::.
e ainda assim ficar sem ent:,,": _cA estrutura do mtodo

co'':' :-_

I. G?~~

ElyPrieto

1. Segmentao do DisClU'
diferentes edies da E::- Ttulos em Bblias tcr..:.~Ia. Por outro lado, os tf,'.:: _c -

mais importante ornamento do altar o crucifixo. O crucifixo enfatiza a humanao de


Cristo e seu sacrifcio perdoador. Uma cruz lisa e vazia carece dessa nfase. Todavia h quem
afirme que a cruz vazia representa a ressurreio.
Particularmente,
creio que a cruz vazia
apenas lembra que Cristo foi tirado dela - ainda morto I Se queremos falar de smbolo da
ressurreio, teremos que inevitavelmente
apontar para a tumba vazia (Cf. Lc 24.1-12). Em
contraposio
queles que querem ver um Cristo espiritualizado,
a Igreja Luterana
cr e
confessa que " parte desse homem no h Deus" (PC, DS - Da Pessoa de Cristo, Vll1, 81).
Sendo assim, o crucifixo pode tornar-se matria confessional. A tradio luterana prefere o
crucifixo cruz vazia. Todavia, possvel utilizar o crucifixo em cima do altar e a cruz
(vazia) por detrs da mesa-fixa ou suspensa.

152

DI: Vilson Scholz


Professor de Te.ologi" ,..
Traduo da Sociedcld" =
1 Lonergan,
2

Method I!: :;prpria.


Lategan, "Hermeneut:~: -,
Horzons: Part 1 . Pc.:.
Papers,

Number

8. p ::

Igreja Luterana - N" 2 - 1999


~~ =ELB um smbolo da
uma cruz, verdade,
c dizer que ela no pode
_:,::a.zes de divulgao das
_<;ar do crucifixo I e dos
_, e pertencem Igreja de

ARTIGOS

SUGESTO DE MTODO PARA


ESTUDAR AS PARBOLAS

~:-:los destaques e nfases


__ e sugere que a mesma seja
_:,lZada como tema de serDomingo no se torne
:::oposto pela Srie Trienal
_::"1ngo do Ano Eclesisti::<)isno busca somente o

:: JO

_ J desgnio de Deus (Atos

'_- quero dizer com isso que


::u mesmo anunciados do
::--do o texto do domingo
feito. Agindo assim, o
:co ir soar apenas como
e altamente relevante.

;e-a

O seu valor, ningum


:::lda para o fim a que foi
c":ontribudo para que seu
- e:::,como seu lema e desta-

Vlson Scholz
Estudo apresentado no Oitavo Simpsio Teolgico do
Concordia Seminary, St. Louis, USA, em maio de 1998.

Nenhum mtodo, nem mesmo o mais abrangente e complexo, pode garantir a adequada compreenso de um texto. Bernard J. F. Lonergan explica que "princpios de
hermenutica ou exegese apresentam os tpicos que vale a pena considerar quando se
procura entender um texto. (...) No entanto, o ponto fundamental acerca de todos esses
princpios este: a gente no entende o texto porque seguiu os princpios, mas, ao
contrrio, a gente segue os princpios para chegar compreenso do texto. 1" Outro
terico da hennenutica, o sul-africano Bernard C. Lategan, explica que, no processo
intepretativo, existe uma tenso entre o dinmico e o esttico. Do ponto de vista do
receptor ou intrprete, explicar o aspecto esttico; entender, o dinmic02.

- _ :el'.

A sugesto de mtodo- que segue quer ajudar o leitor a explicar e, assim esperase, entender as parbolas. Mas fica o aviso que possvel seguir todos os passos
e ainda assim ficar sem entender.
A estrutura do mtodo est baseada no trivium medieval: gramtica, lgica, retrica_

ElyPrieto

I. GRAMTICA(: Texto)
1. Segmentao do Discurso (Os contornos da percope no LeGionrio e em
diferentes edies da Bt'blia.)
Ttulos em Bblias tendem a revelar como os tradutores e editores lem a parbola. Por outro lado, os ttulos formam uma moldura interpretativa. Exemplo: Lucas

--'.\J enfatiza

a humanao de
~"ssa nfase.Todavia h quem
~;--,ente, creio que a cruz vazia
: - ~ueremos falar de smbolo da
_~-~} vazia (Cr Lc 24.1-12). Em
___cada, a Igreja Luterana
cr e
- ::Ja Pessoa de Cristo, V1I1, 81).
A tradio Iuterana prefere o
__. :::(-] em cima do altar e a cruz

Dr. Vilson Scholz professor de exegese do Novo Testamento no Seminrio Concrdia,


Professor de Teologia na Universidade Luterana do Brasil e membro da Comisso de
Traduo da Sociedade Bblica do Brasil
I Lonergan,
Method in Theology.
New York: Herder and Herder, 1972, p_ 159. Traduo
prpria.
2 Lategan,
"Hermeneutics:
Discovering the Dynamics of the Text", Expanding Homiletical
Horizons: Part 1 - Reaching into the Text. Concordia Seminary Publications.
Symposiul11
Papers, Number 8, p. 33-34.

153

Igreja Luterana - N 2 - 1999


15.11-32 seria "O Filho Prdigo" (ARA), "O Pai Amoroso" (J. Jeremias), "O Pai
Compassivo e o Irmo Irado" (Peter R. Jones), "Dois Filhos" (Contemporary English
Version), ou "Uma Famlia Desajustada e seus Vizinhos" (Richard L. Rohrbaugh)?
Poderia ser tudo isso ao mesmo tempo? Outra questo: Ser que tanto Mt 18.10-14
quanto Lc 15.1-7 so "A Parbola da Ovelha Perdida", como aparece no The Greek
New Testament?, ou seria Mt 18 muito mais "A Parbola da Ovelha Desgarrada"?
2. Crtica Textual (Podemos at concordar com os editores do texto grego, mas
temos o direito de saber que opes eles tinham.)
Aqui o exegeta se pergunta: Que "verso" est sendo lida como texto? Existe
alguma variante? O que explica o surgimento da( s) variante(s)? Faz alguma diferena? Mesmo que no se esteja disposto ou capacitado a discordar dos editores do
texto grego, o exame das variantes textuais ajuda pelo menos a perceber o que
inusitado ou difcil, o que incomodou os leitores do texto no passado. No entanto,
a questo fundamental sempre esta: Que diferena faz? Como seria o texto se
adotssemos a variante? claro que, se o exegeta no consegue ver a diferena
entre texto e variante, ter de suprimir este passo.
3. Textura (A parbola como obra de arte ou vitral.)
"Textura" e "texto" tm muito em comum, a comear pela mesma raiz latina. Um
texto uma seleo de signos lingsticos, que so tecidos ou entrelaados numa
teia ou rede de relaes. Aqui, pois, cabe ver o padro que resulta da combinao
dos diferentes elementos ou signos. Infelizmente, no passado as parbolas foram
vistas antes de tudo como janelas atravs das quais se pode enxergar algo diferente, seja o conceito "reino de Deus", seja a pregao do assim-chamado Jesus histrico, seja o contexto eclesistico do evangelista. Em tempos recentes, no entanto,
depois do que Bernard C. Lategan chama de "Onda Estruturalista", as parbolas
passaram a ser vistas como vitrais que tm sua beleza prpria.
Atentar para a textura do texto, contemplar a beleza do vitral, implica evitar a
atitude do tipo "eu j sei o sentido, por que me preocupar com os detalhes da
parbola?". Cumpre perguntar: Em que sentido este texto singular ou nico?
Nunca demais atentar para termos raros, conexes, padres que surgem, etc. Aqui
tambm cabe ir das partes para o todo, e voltar do todo para as partes.
Igualmente interessante observar o "tempo" ou aspecto verbal. As parbolas
so narrativas que tm um "tempo" ou aspecto verbal bsico, geralmente aoristo ou
presente. Qualquer alterao no "tempo" ou aspecto, como, por exemplo, a passagem
do aoristo para o presente, pode ser significativa em termos de confirmao do "ponto" da parbola. Alis, em estudos recentes sobre o aspecto verbal da lngua grega
passou-se a falar em "planos de discurso". Seriam trs planos: "pano-de-fundo"
(Background), "realce" (Foreground), e "destaque" (Frontground).3 O "pano-de-

fundo" o aspecto prirr:i.-: presente serve para dar "'c .'.'..


dar "destaque". Exemp li:-::. c
a no aspecto presente.:'. :'e:.
"tinha"). No v. 7, passa-s:-" '.
respondendo diz (YEL :2::"':':- _
traduzido por "disse". A;::.:: _ :-.:.c~
ao que dito. Em outras f':':'
parece ser confirmado
cautela, para no querer e".::' =.
ria ser baseada unicame:,::- -.
"interpretaes do aspe:::
claramente apoiadas pele::--::
Outra coisa que se ped-: -:..- .
to se sabe, foi formulada v- >.': - _prefiram o termo "extra' . .:.;:..-_
a) Exagero ou hiprbole: t ::: --:-contraste para apresentar " :..
vencionais. Huffman con::'. :_:para revelar que a vinda c.: -:4. Gnero ou Forma Uri?!'~= _

sabido que oNovo T:,:,.=--:-:--:


sentido amplo ou genri:: .. : .
os (Lc 4.23), ditos sapienci.:::
embora Tapaf3o~ apare~c. :significa que existem 50
parbolas no aparecem id-::.:- _
Ao se querer defini: f:'
Aristteles (Topica, VIII. ~ _:-: _:- :
formuladas. James W. Yc':-.c
no-literais destinadas a e:.'
definio, "histria temer::. :.
coloc-Ia de ponta cabe;:::
teITena". Isto assim pCl':_=
antes, e s ento se formul:e..: mao" da histria terrena ~.~.
4

fi

Stanley E. Porter, ldioms of the Greek New Testament, Sheffield Academic

154

Press, 1996, p. 23.

Silva, Explorations in E:'."l.


Book House, 1996, p. 7';
Norrnan Huffrnan, "Atypl~": ;=,:
97 (1978), 207-220.
Paul Ricoeur, "Biblical :-:'o~~-,
James W. Voelz, Whar D.,,: :-

Igreja Luterana - N 2 - 1999


, ., (1. Jeremias), "O Pai
: s" (Contemporary English
Rohrbaugh)?
Richard
~~~que tanto Mt 18.10-14
: : mo aparece no The Greek
,~ da Ovelha Desgarrada"?

, ,'i:tores do texto grego, mas

,C:.::: lida como texto? Existe

::I~(S)? Faz alguma diferen_ . .:.discordar dos editores do


',lenos a perceber o que
I.I no passado. No entanto,
,_ :::7.: Como seria o texto se
=

'consegue

ver a diferena

fundo" o aspecto primrio, que tende a ser expresso pelo aoristo. A insero de um
presente serve para dar "realce". J o perfeito, por ser menos freqente, usado para
dar "destaque". Exemplifiquemos com a Figueira Estril (Lc 13.6-9). A histria comea no aspecto presente, ou seja, dois imperfeitos no v. 6 (fAEYEV, "dizia", e EIXElJ,
"tinha"). No v. 7, passa-se para o aoristo (EL-1TflJ, "disse"). A surpresa vem no v. 8: "E
respondendo diz (AYEL) para ele n." Este "diz" cert<l111ente um presente histrico,
traduzido por "disse". Agora, a passagem do aoristo ao presente ajuda a dar "realce"
ao que dito. Em outras palavras, o clmax ou ponto da parbola est no v.8, o que
parece ser confirmado pelo contexto e pelo "contedo" da parbola. Alis, preciso
cautela, para no querer extrair demais do aspecto verbal. Nenhuma concluso deveria ser baseada unicamente no aspecto verbal. Moiss Silva nos lembra de que
"interpretaes do aspecto verbal tm pouco ou nenhum valor a menos que sejam
claramente apoiadas pelo contexto"4.
Outra coisa que se pode fazer notar elementos atpicos. Esta expresso, quanto se sabe, foi formulada por Norman A. Huffman5, embora outros, como Paul Ricoeur,
prefiram o termo "extravagncia"6. Huffman lista os seguintes elementos atpicos:
a) Exagero ou hiprbole; b) elementos muito pouco freqentes; c) uso de acentuado
contraste para apresentar os dois lados de uma situao; d) concluses no-convencionais. Huffman conclui que Jesus geralmente se vale desses elementosatpicos
para revelar que a vinda do reino de Deus no um fenmeno deste mundo .

. _:: :ela mesma raiz latina. Um


',: Idos ou entrelaados numa
=: .:;ueresulta da combinao
- - : J.ssado as parbolas foram
_: ::de enxergar algo diferen:>sim-chamado Jesus hist:::- ::mpos recentes, no entanto,
-, =s:ruturalista", as parbolas
::: ::pria.
. , ::: do vitral, implica evitar a
:-:curar
com os detalhes da
, " I~XW singular ou nico?
: :::::3es que surgem, etc. Aqui
:: ?a~a as partes.
:<~cto verbal. As parbolas
-- .. : .:.sico,geralmente aoristo ou
. :::::. por exemplo, a passagem
:-::.:5 de confirmao do "pon:- :~cto verbal da lngua grega
_o;
s planos: "pano-de-fundo"
::C::,ntground).3 O "pano-de-

4. Gnero ou Forma Literria (Como sabemos que uma parbola?)

sabido que o Novo Testamento emprega o termo TTa:pa:f30~ ("parbola") num


sentido amplo ou genrico, incluindo no somente parbolas mas tambm provrbios (Lc 4.23), ditos sapienciais (Mc 7.15,17), e at smbolos (Hb 9.9; 11.19). Assim,
embora TTa:pa:f30~ aparea exatamente 50 vezes no Novo Testamento, isto no
significa que existem 50 parbolas no sentido estrito do termo. Ademais, muitas
parbolas no aparecem identificadas como "parbolas" .
Ao se querer definir "parbola", quase somos levados a concordar com
Aristteles (Topica, VIII.5) de que definies so mais facilmente refutadas do que
formuladas. James W. Voelz oferece a seguinte definio: "Parbolas so histrias
no-literais destinadas a ensinar uma verdade ou lio"7 Que dizer da surrada
definio, "histria terrena com sentido celestial"? No m, embora seria melhor
coloc-Ia de ponta cabea: "uma mensagem celestial na forma de uma histria
terrena". Isto assim porque o "sentido celestial", aquilo que se quer dizer, vem
antes, e s ento se formula a histria terrena. Disso resulta, por vezes, uma "deformao" da histria terrena, algo que acima foi descrito como "elementos atpicos".
4

-::old Academic

Press, 1996, p. 23.

Silva, Explorations in Exegetical Method:


Galatians as a Test Case, Grand Rapids, Baker
Book House, 1996, p. 79.
Norman Huffman, "Atypical Features in the Parables of Jesus", Journal of BibUcal Literature
97 (1978), 207-220.
Paul Ricoeur, "Biblical Hermeneutics",
Semeia 4 (1975), 114-118.
James W. Voe1z, What Does This Mean? St. Louis, Concordia, 1997, p. 303.

155

Igreja Luterana - N 2 - 1999


Existem, nos Evangelhos, trs tipos de parbolas: "7TapapoAaL-smile" (em nmero de doze, segundo Madeleine Boucher8); "7TapapoA1X-parbola" (em nmero
(em nmero de quatro,
de dezesseis, segundo Boucher); e "7TapapoAa-ilustraes"
todas em Lucas). Esta classificao remonta, no mnimo, a Adolf J1icher, cuja obra
publicada em 1899 teve grande influncia na interpretao das parbolas no sculo
XX. Jlicher popularizou a diferena entre "Gleichnisse" (smiles), "Parabeln" (parbolas), e "Beispielerzahlungen" (ilustraes). Para Jlicher, o bom samaritano (Lc
10), o rico insensato (Lc 12), o rico e Lzaro (Lc 16), e o fariseu e o publicano (Lc 18)
so ilustraes. Parbolas envolvem comparao entre dois planos ("o reino dc
Deus semelhante a ...."). Uma ilustrao no envolve comparao, pois apenas
excmplifica um princpio ou um valor (o amor ao prximo, por exemplo).
As 7TapapoAa-parbola, que so parbolas narrativas, tendem a seguir algumas
das "leis" que norteiam narrativas populares: a. conciso; b. ponto de vista
unitrio; c. o carter dos personagens revelado pelo modo de agir (e no por meio
de descrio); d. pouca nfase nas emoes; e. nfase nos personagens principais; f. no-revelao do que levou a determinado modo de agir; g. omisso de
concluses bvias ou irrelevantes; h. linguagem concreta; i. discurso direto e
monlogo; j. repetio; l. clmax no final.
5. Tradues (No precisamos fazer de conta que o texto nunca foi traduzido.)
Nenhuma traduo substitui o original, e raramente uma s traduo consegue
reproduzir toda a beleza do texto. Por isso, quanto mais verses do texto se puder
ler, melhor.

n. LGICA (= Histria

e Teologia)

6. Contexto Literrio (Onde aparece a nossa parbola no contexto amplo da


narrativa?)
Este passo parece to bvio, mas no . Em geral se ignora ou manipula o
CJntexto literrio. Procede-se corno se as parbolas tivessem vida independente,
formando um "quinto evangelho". Para os crticos, ento, o contexto meramente
redacional e precisa ser substitudo pelo "contexto vivencial" (Sitz im Leben) original. Em anos recentes, no entanto, voltou-se a valorizar o contexto cannic09.
Por que existe essa tendncia de ignorar o contexto literrio? Talvez porque
essa moldura literria contribui significativamente para o seguinte dado estatstico:
75% das parbolas de Jesus aparecem interpretadas nos Evangelhos! Para propor
interpretao diferente, preciso em boa parte desprezar esse contexto.

, Madeleine L Boucher, The Parables.


Wilmington, Michael Glazier, 1983.
v Um exemplo
disso o livro de John Drury, The Parables flI the Cospels (New York, Crossroad,
1989). Leva em conta o contexto literrio, embora esteja por demais preocupado com a
assim,chamada
"crtica da redao"

156

Ao se levar o conte':':
"histrias dentro da hist"c.
A preciso ver se existe, :~.
narrativa menor) e do e\c.~.~::
parbola do Filho Prdi;
atitude o filho mais velhc "

na narrativa maior, que o L:-.: .. .:


o pai (que representa Je5,:;
7. Contexto Histrico f

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Uma parbola, por HEi, ,


no pode ser isolada de sc;,- ,
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Outro perigo tentar ["<.:e
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o texto deve moldar o ml'::.

Joachim Jeremias, As Pc: .


" Kenneth Bailey, A Poesi;;
ttulo: As Parbolas de '-.
10

Igreja Luterana - N 2 - 1999


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_' . i em nmero de quatro,
..dolfJ1icher, cuja obra
:ias parbolas no sculo
omiles), "Parabeln" (pa.er.o bom samaritano (Lc
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- c J"is planos ("o reino de
~zmparao, pois apenas
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.endem a seguir algumas
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;f:rto nunca foi traduzido.)

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verses do texto se puder
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',-essem vida independente,
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c-.::i,;\" (5itz im Leben) origiz=o~ o contexto cannicoY
:.:: literrio? Talvez porque
- :..::,J seguinte dado estatstico:
-s Evangelhos! Para propor
-'c zar esse contexto.

- Glazier, 1983.
Cospels (New York, Crossroad,
por demais preocupado com a

Ao se levar o contexto literrio a srio, bom lembrar que as parbolas so


"histrias dentro da histria", ou seja, nmTativas menores dentro da narrativa maior.
A preciso ver se existe conexo entre o enredo e os personagens da parbola (a
nan'ativa menor) e do evangelho (a narrativa maior). Por exemplo, sabido que a
parbola do Filho Prdigo (Lc 15) termina em aberto, ou seja, no nos dito que
atitude o filho mais velho tomou. J houve quem sugerisse, luz do que acontece
na narrativa maior, que o filho mais velho (que representa escribas e fariseus) matou
o pai (que representa Jesus)!
7. Contexto Histrico e Cultural
Uma parbola, por mais que se acentue a importncia dos elementos textuais,
no pode ser isolada de seu contexto cultural. Faz-lo seria incorrer no que se
convencionou chamar de "falcia potica".
Para este passo, graas ao mtodo histrico, no nos faltam recursos. Um
exemplo o popularssimo livro de Joachim JeremiaslO, cujo valor maior reside exatamente nas informaes de natureza histrico-cultural.
Aqui cabe perguntar se o que se conhece do contexto, a partir de outras fontes,
tem algo a contribuir para a nossa compreenso da parbola. Por outro, se a parbola tem algo a contribuir para o conhecimento do contexto cultural. Mateus 20.1-16
um exemplo tpico. Constitui-se, at prova em contrrio, na nica fonte para afirmar
o valor relativo do denrio (moeda romana de prata): era o salrio pago por dia a um
trabalhador do campo na Palestina do primeiro sculo.
preciso cautela para no se acabar fazendo o papel de "limpador de vidraas".
Isto acontece particularmente em crculos onde se faz aplicao rigorosa do mtodo
histrico-crtico, e se considera a parbola como uma espcie de vidraa atravs da
qual se enxerga o contexto da igreja do evangelista e/ou o contexto do ministrio de
Jesus. O mesmo vale para o mtodo alegrico de interpretao, que tambm olha
atravs da parbola para aquilo que supostamente Deus est dizendo por trs ou
acima (ou abaixo) do texto. A funo do intrprete, neste caso, a de mero "limpador de vidraa", tornando a parbola mais transparente.
Outro perigo tentar rescrever a parbola e o contexto literrio em nome de uma
reconstruo do contexto cultural. Por exemplo, a "exegese oriental" de Kenneth
Baileyll por vezes desrespeita o texto em nome do contexto cultural. Como sempre,
o texto deve moldm' o mtodo, e no o contrrio.

10
11

Joachim Jeremias, As Parbolas de Jesus. So Paulo, Paulinas, 1977.


Kenneth Bailey, A Poesia e o Campons. So Paulo. Edies Vida Nova.
ttulo: As Parbolas de Lucas.

Reeditado sob novo

157

Igreja Luterana . N 2 1999


8. lntertextualidade

(todo texto , num certo sentido, afuso de textos anteriores.)

Que textos esto refletidos ou ecoam na parbola? Em geral, a lista de passagens paralelas no to extensa assim, nem mesmo numa edio Nestle-Aland.
Nem sempre todas as passagens pertinentes so citadas. Por exemplo, a parbola
do semeador j foi descrita como "um midraxe de 1saas 55". No entanto, NestleAland no apresenta 1s 55.10-11 como paralelo.
Tambm cabe perguntar se h algum "tema parablico". Temas parablicos so
palavras ou conceitos que, por sua freqncia (no AT e nas parbolas), acabam
virando tema. Rei, dono de casa, semeador, vinha, so exemplos de temas parablicos.
Outra questo a investigar se a parbola pode ser descrita como parbola do
Reino. Caso afirmativo, qual a relao? No faltam estudos das parbolas em que
se procura relacionar todas elas com o reino de Deus, mesmo aquelas em que tal
conexo no tornada explcita. Neste caso, algumas tratam da vinda do Reino
agora, outras falam da consumao do Reino, outras falam do Deus do Reino, da
graa do Reino, das pessoas do Reino, etc.
Uma questo interessante, neste particular, se devemos privilegiar o mtodo
dedutivo ou o indutivo. Em outras palavras, devemos formular uma teologia do
reino a partir dos evangelhos como um todo e aplicar isto s parbolas (dedutivo),
ou devemos partir das parbolas e entender o conceito de reino de Deus a partir
delas? Talvez tenhamos que fazer as duas coisas. No entanto, a hermenutica
luterana, adotando o princpio de que as passagens mais claras (neste caso, nofiguradas) devem iluminar as menos claras (no caso, as parbolas), d preferncia
ao mtodo dedutivo.
Ainda neste passo, cabe fazer uma comparao sintica (sempre que houver um
paralelo em outro evangelho). No entanto, luz da recente nfase nos evangelhos
como narrativas ("Narrative Criticism"), passou-se a preferir a leitura sintagmtica
(o lugar da parbola na narrativa maior) leitura paradigmtica (as semelhanas e
diferenas da parbola em relao verso paralela em outro sintico).

lU.
9. A Mensagem

RETRICA

(= Impacto

Long12
Mais recente:T:~~~:. ~.
A imagem usada :l d~ _
simplesmente reduzi~ :: ::_~~ningum questionou:, "
quanto a que vamos j"'~~z.::.:
b. Quantos pontos-de<ter? A maioria dos e5'..'::: do, que a pergunta e< :.:
tertium ou ponto-de-:::-:~
coro com Adolf Jliche: __
Aristteles, insistiu n: _
questionado, passand:~se ~ ~:ponto. Craig L. Blombe:; .: - ~
ou ponto por person::;~
comparationisl4 Om::' ::.:z.:::
pontos-de-comparafi:. -;afirmar que o mtodo de ~:..".:era na verdade melhor d: .:
problema de Agostinh: :~: do cdigo errado. Nfi:
fossem histria da igre' :::.~

10. O Propsito e o ImpCic


coisas". ]ohn L. Austin
Mais uma vez cabe f:lz~~
a. A quem Jesus se diri;~
b. Qual o propsito da
Segundo Jacques Dut=.:~:
truir pontes" que penE:::-, ~- _
rios para o ponto de "is:: .: _
a cruzar a ponte, mas e-:: :::..:c. Por que, humanamen:e -:.
d. D para saber como e5::::' .::: _
pelos Pais da igreja an:;_ -

e Aplicao)

da Parbola

Aqui cabe fazer uma srie de perguntas:


Thomas G. Long, Prec,_"
O termo latino tertium qcc:
entre os dois outros: a :"i.cio
comparao".
14 Craig L. Blomberg,
lnter.15 Jacques
Dupont, Por qZit
12

a. As parbolas transmitem uma mensagem, que precisa ser destilada das mesmas,
ou seriam elas prprias a mensagem? Tradicionalmente se tem visto a parbola
como trazendo uma mensagem. Neste caso ela pode ser comparada a um
"cdigo" ou "vasilha", para ficar com a terminologia empregada por Thomas G.
158

13

Igreja Luterana - N" 2 - 1999


.~fuso de textos anteriores.)
, Em geral, a lista de passa,cuma edio Nestle-Aland.
_':'~5 Por exemplo, a parbola
-',:3555". No entanto, Nestle-

- ' :::0". Temas parablicos so


-"~T e nas parbolas), acabam
; ~: exemplos de temas parab-

,: '~r descrita como parbola do


-, ~5tudos das parbolas em que
:: , ~o. mesmo aquelas em que tal
_'.2S tratam da vinda do Reino
. _, :'.llam do Deus do Reino, da

., :~\emos privilegiar o mtodo


,-:',::'S formular uma teologia do
. .'::isto s parbolas (dedutivo),
.~:o de reino de Deus a partir
::\0 entanto, a hermenutica
, :-'eaisclaras (neste caso, no'. 2S parbolas), d preferncia

:.,5tiea (sempre que houver um


:~:ente nfase nos evangelhos
, :, C'referir a leitura sintagmtica
. :,,~digmtica (as semelhanas e
, :~:n outro sintieo).

Longl2.
Mais recentemente se passou a enfatizar que a parbola a mensagem.
A imagem usada a de uma "obra de arte". Posto em outros termos, pode-se
simplesmente reduzir a parbola a uma "verdade central"? Por muito tempo
ningum questionou a legitimidade de tal procedimento, mas fica a pergunta
quanto a que vamos pregar: a parbola oua verdade central da mesma?
b. Quantos pontos-de-comparao
(tera comparationis) pode uma parbola
ter? A maioria dos estudiosos vai responder, quase que por reflexo condicionado, que a pergunta est mal formulada, pois uma parbola tem apenas um
tertium ou ponto-de-comparao1J. Nisto, mesmo sem saber, esto fazendo
coro com Adolf J1icher, que, opondo-se ao mtodo alegrico e recolTendo a
Aristteles, insistiu no "um s ponto". Nos ltimos anos tambm isto tem sido
questionado, passando-se a admitir que uma parbola pode ter mais do que um
ponto. Craig L. Blomberg, por exemplo, defende a tese de que existe um tertium
ou ponto por personagem,
o que geralmente
resulta em trs tertia
comparationisl4.
Outros argumentam que impossvel limitar o nmero de
pontos-de-comparao, pois varia de parbola a parbola. Blomberg chega a
afirmar que o mtodo de Agostinho (i.e. alegrico, com pluralidade de pontos)
era na verdade melhor do que o de J1icher (no-alegrico, com um s ponto). O
problema de Agostinho foi decifrar detalhes que no so relevantes e valer-se
do cdigo eITado. No raras vezes Agostinho explica as parbolas como se
fossem histria da igreja e teologia em cdigo.

10. O Propsito e o Impacto da Parbola ("Palavras so usadas para fazer


coisas", lohn L. Austin)
Mais uma vez cabe fazer uma srie de perguntas:
a. A quem Jesus se dirige, aos discpulos, multido, ou a seus adversrios?
b. Qual o propsito da parbola, ou seja, que quer Jesus alcanar com a mesma')
Segundo Jacques Dupontl5, Jesus contou parbolas com o intuito de "construir pontes" que permitissem a passagem do ponto-de-vista dos seus adversrios para o ponto de vista que ele trazia. A parbola no era apenas um convite
a cruzar a ponte, mas era a prpria ponte .
c. Por que, humanamente falando, esta parbola est na Bblia?
d. D para saber como esta parbola foi lida ao longo dos tempos, especialmente
pelos Pais da igreja antiga?

:.::cto e Aplicao)

. - --::isa ser destilada das mesmas,


::,:mente se tem visto a parbola
-:'2 pode ser comparada a um
, , : ;:ia empregada por Thomas G.

" Thomas G. Long, Preaching and lhe Lilerary Forms of lhe Bible, Fortress Press, 1989.
13 O termo
latino lerriwn quer dizer "terceiro".
Designa o terceiro elemento, que faz a ligao
entre os dois outros: a imagem ou figura e o assunto de que se fala. Equivale a "ponto-decomparao" .
14 Craig
L. Blomberg, Inlerpreling lhe Parables
InterVarsity Press, 1990.
15 Jaeques
Dupont, Por que parbolas? Petrpolis, Vozes, 1980.

159

Igreja Luterana - N 2 - 1999


e. A parbola teve alguma influncia na formulao de alguma doutrina? Ainda se
aplica o princpio theologia parabolica /10/1argume/1tativa est (que equivale a
dizer que parbolas no podem ser usadas para fundamentar doutrinas)? O
exemplo clssico neste caso o uso que Agostinho fez da parbola do joio (Mt
13.24-30), em sua luta contra os donatistas. Segundo Agostinho, a parbola
ensina que a igreja um corpus mixtum, incluindo bons e maus. Acontece que
a parbola deixa claro que o campo o mundo, no a igreja! Outro exemplo
tirado de Craig Blomberg, que apela para Mt 20 como "uma das mais claras
passagens didticas da Escritura contra a noo de que existem graus de glria
no CUI6". Dum ponto-de-vista luterano, questionvel basear tal afirmao
unicamente numa parbola.
f. Que podemos aprender de nossos contemporneos, especialmente outros pregadores?
g. De que modo Deus nos fala nesta parbola em lei e evangelho?
h. O que "relevante" em nosso contexto (se que nos cabe decidir o que
relevante) ?
1. Qual o contexto litrgico da parbola?
j. Como posso pregar o evangelho a partir desse texto?
A ltima pergunta j nos encaminha para a homiltica, que a arte de pregar as
parbolas. Mas isto outro departamento.

Igrejas crists, em eSf'e::~ _


seus cultos, correm o risc.~c :
apenas percopes ou pcqc:e-.l- _
todo. Currculos de esccl:e -.
mal. Um certo nmero de :..,:~:que vida prpria. As h;,,~
salvao (que narrativa e'se estudar o Bom Sam3r:::::-. levar em conta que, em Lc.: .
efeito dessa justaposio e _ ~prximo (Bom Samaritan:
Uma outra maneira deie:,::-c
para tomar emprestado um:
narrativa, mas por diversas :-2.2 -'0
dc verdades teolgicas qc:e:=-:-e::
Mtodo Dogmtico, de
tamento, o Mtodo Hist6:-:: - <
XVIII, no representou "'~:.. :-:'-lidos em seus prprios te~: para a reconstruo do (,'::-':0
texto tende a ser visto:::'
pode contemplar uma 1'e::::::_:.o
Mais recentemente. _ -:
Unidos, o que se conh~:. -_~
palavra "crtica" soa pc:- :.~se da leitura das nalTat:..c, ~-

16

160

Craig L. Blomberg,
1997, p. 302.

Df: Vilson Scho/z p!'c"o


Jeslls and lhe Cospe/s.

Nashville.

Broadman

and Holman

Publishers,

Professor de Teolog'.~
Traduo da Socied:;:='E

Igreja Luterana - N 2 - 1999


~~ :.lzuma doutrina? Ainda se
.,.'itCltiva est (que equivale a
..:1damentar doutrinas)? O
, ='ez da parbola do joio (Mt
, ,; .,:~doAgostinho, a parbola
, =='nse maus. Acontece que
, ~ = 3. igreja!
Outro exemplo
: Jmo "uma das mais claras

=~:;ue existem graus de glria


., 'nvel basear tal afirmao

"PERICOPITE"

E SUA CURA.:

ANLISE DA NARRATIVA
VlsOI1Scholz

s. especialmente outros preevangelho?


~ :.:.e nos cabe decidir o que
~:

~ ,~tQ?

.~:ica, que a arte de pregar as

Igrejas crists, em especial aquelas que adotam um sistema de percopes em


seus cultos, COlTemo risco de sofrer de "pericopite". Este mal consiste em enxergar
apenas percopes ou pequenas unidades, sem levar em conta a nalTativa como um
todo. CUlTculos de escola bblica ou escola dominical so acometidos do mesmo
mal. Um certo nmero de histrias bblicas, tiradas de seu contexto, assumem como
que vida prpria. As histrias so removidas do contexto maior da histria da
salvao (que narrativa) e podem facilmente ser moralizadas. Por exemplo, podese estudar o Bom Samaritano num dia e a histria de Marta e Maria noutro, sem se
levar em conta que, em Lueas, a segunda aparece imediatamente aps a primeira. O
efeito dessa justaposio algo que valeria a pena explorar em termos de amor ao
prximo (Bom Samaritano) e amor a Deus (Marta e Maria).
Uma outra maneira de descrever a situao falar do eclipse da narrati va bblica,
para tomar emprestado uma expresso de Hans Frei. A Bblia essencialmente
narrativa, mas por diversas razes, foi, por muito tempo, vista apenas como repositrio
de verdades teolgicas que precisam ser extradas, interpretadas e aplicadas. Se o
Mtodo Dogmtico, de longa tradio na igreja, tem culpa no cartrio neste departamento, o Mtodo Histrico-Crtico, que filho do Iluminismo e surgiu no sculo
XVIII. no representou nenhum progresso. Tambm aqui os textos bblicos no so
lidos em seus prprios termos. Ao contrrio, so vistos primariamente como fontes
para a reconstruo do contexto do autor ou do contexto dos leitores originais. O
texto tende a ser visto como meio para outro fim, como janela atravs da qual se
pode contemplar uma realidade diferente da realidade do prprio texto.
Mais recentemente, a partir de meados da dcada de 70, surgiu, nos Estados
Unidos, o que se conhece por "Crtica da Narrativa" (Nanative Criticism). Se a
palavra "crtica" soa por demais negativa, a opo "Anlise da Narrativa", Tratase da leitura das nalTativas bblicas (livros inteiros ou at um conjunto de livros)

:. Broadman

and Holman

Publishers.

DI: Vi/son ScllOlz professor de exegese do Novo Testamento no Seminrio Concrdia,


Professor de Teologia na Universidade Luterana do Brasil e membro da Comisso de
Traduo da Sociedade Bblica do Brasil

161

Igreja Luterana

- N 2 - 1999

luz de conceitos tirados da moderna crtica literria. Como no existe a teoria literria, mas diferentes mtodos e sistemas, adota-se em geral uma postura ecltica, ou
seja, toma-se emprestado de diferentes enfoques ou linhas. Privilegia-se, no entanto, o valor esttico da Bblia. Os textos so vistos como vitrais, belos em si, e no
mais como simples janelas que pennitem ver outra realidade.

entra, no apenas o que se :'.c:


(idias). O enredo a es:=-.:=__-'
colocando-os numa seqiEr:_ "
rativo, que interpretam se'..:
mesma histria, mas o er:rei ..
__
anncio do nascimento de I: 5. - -

i:;

A Crtica ou Anlise da Narrativa apresenta trs caractersticas bsicas:


1. O texto bblico visto como um fim em si, e no como um meio para outros fins.
vitral e no janela.
2. O objeto de anlise o texto em sua forma finaL Pouco imp0l1a como o texto veio
a existir, se o autor real se valeu de fontes ou no, etc. O que importa o produto
acabado. Neste sentido, o enfoque sincrnico, em contraposio ao aspecto
diacrnico que privilegiado pelo Mtodo Histrico. 3. Enfatiza-se a unidade
do texto como um todo. Leva-se em conta toda a narrativa, e no apenas um ou
dois pargrafos.
Este mtodo tem sido aplicado a ambos os testamentos. Afinal, mais de uma
tera parte da Bblia narrativa. No Novo Testamento, os quatro evangelhos e o
livro de Atos so os que mais se prestam anlise da narrativa. Dentre as obras
mais conhecidas esto Matthew as Story (Mateus como Histria), de Jack D.
Kingsbury, publicada em 1986; The Narrative Unity ofLuke-Acts (A Unidade Narrativa de Lucas-Atos), de Robert C. Tannehill, publicada em 1986; e Anatomy ofthe
Fourth Cospel (Anatomia do Quarto Evangelho), de R. Alan Culpepper, publicada
em 1983. Alm disso, existe um grande nmero de artigos e ensaios tratando do
assunto. Salvo equvoco, pouco ou nada desse material acessvel ao leitor de
lngua portuguesa. A exceo o Guia Literrio da Bblia, uma traduo do original
ingls The Literary Cuide to the Bible (1987), publicado em 1997 pela Editora Unesp,
de So Paulo. Esse Guia uma coletnea de quarenta ensaios, escritos por autores
protestantes, catlicos e judeus, a maior parte deles tratando de um livro ou conjunto de livros bblicos. O enfoque literrio, ou seja, mais amplo do que a anlise da
narrativa. Assim sendo, inclui ensaios sobre literatura sapiencial (Provrbios e
Eclesiastes) e epstolas, que no se prestam muito a uma anlise de narrativa no
sentido estrito do termo. O grande nmero de autores, cada um com sua
idiossincrasia, contribui para a impresso de que se trata de um "saco de gatos".
Mesmo assim, este volumoso Guia, de 725 pginas, merece ser examinado, entre
outras coisas por ser o nico em portugus.
Para benefcio dos no-iniciados, apresentamos alguns dos conceitos empregados pela Anlise da Nanativa. Antes de tudo, fala-se muito de narrativa. Nanativa
toda obra literria que conta uma histria. Por vezes se distingue entre a histria
da nanativa, o assunto ou aquilo que nanado, e o discurso da narrativa, a retrica
ou como o assunto nanado. Uma mesma histria pode ser narrada de formas
diferentes, com discursos diferentes. o que acontece com os Evangelhos.
Uma narrativa feita de eventos, que so os acontecimentos da histria. Aqui
162

Um enredo geralmence :r. __


idias, vontades. O conL:.
_
pontos de vista conflitar:e;
autOlidades, bem como c::~.:-- .
que o conflito no resol \jj.
feliz. A Parbola do Filho 2r C.c _
pai e o filho mais velho este':: =-e'
16.8, tem um final "trgico"
negao, fuga) ainda no f: -e
orculo de salvao, tem tir",-lr
Ligado noo de conr; '. e..
o conjunto de padres pe >:: .c_
eventos, e personagens da h.:s:_,' .:
vista diferentes. Nos EVQn;:e
to. Jesus representa este p,::"':: .ce
autoridades representam o ~. r.. __
pensamentos so "pensame",:' ;
dois pontos de vista anteri::-:"
16.17 -17) capaz de ex pr;:,; :.'
Os atores da histria. 2':; '
parte do enredo, so os pe",:
nanador diz como eles so :~\:: .
>'

,~

o nanador apresenta o pe:;: -,';: - :


caractersticas do mesmo. C, e
preferem mostrar a descre,;;:: ':.:.
da histria (maior), mui:o ::-'
Personagens tm trao'5 .
.-=
nos (com caractersticas pre' :.;:
de caractersticas potene121"'.er.e _:
racterstica marcante que 3.i=2-e.: __
gem estereotipada. Os Hd;:;-e i:e teso No Evangelho de ;"12r::;
incompreenso consiste:,-e
(Lc 8.10) e baixos (Le 9 ...;....:.-_~
obra de fico moderna. - s e .c- ;;
mento ou O mundo inter::-

Igreja Luterana - N 2 - 1999

=:mo no existe a teoria liter;~ral uma postura ecltica, ou


-_nas. Privilegia-se, no entan. _:mo vitrais, belos em si, e no
-o:e:idade.

c ~

entra, no apenas o que se faz (aes), mas tambm o que se diz (discursos) e pensa
(idias). O enredo a estrutura dos eventos. O enredo interpreta os eventos,
colocando-os numa seqncia (temporal e causal), num contexto, num mundo narrativo, que interpretam seu significado. Cada evangelista conta basicamente a
mesma histria, mas? enredo de cada um deles diferente. Lucas comea com o
anncio do nascimento de Joo Batista. Joo comea "no princpio".

_, : :uactersticas bsicas:
- : :mo um meio para outros fins.
importa como o texto veio
e:c. O que importa o produto
:::mcontraposio ao aspecto
- ::1CO. 3. Enfatiza-se a unidade
:, ,: nalTativa, e no apenas um ou
.=

-'JCO

Um enredo geralmente inclui o elemento de conflito. Este o choque de aes,


idias, vontades. O conflito se d, em geral, entre personagens que expressam
pontos de vista conflitantes. Nos Evangelhos, existe conflito entre Jesus e as
autoridades, bem como conflito entre Jesus e seus discpulos. H momentos em
que o conflito no resolvido. Neste caso tem-se um final "trgico" ou final nofeliz. A Parbola do Filho Prdigo (Lc 15.11-32) termina sem que o conflito entre o
pai e o filho mais velho esteja resolvido. O Evangelho de Marcos, terminando em
16.8, tem um final "trgico", pois o conflito entre Jesus e seus discpulos (traio,
negao, fuga) ainda no foi resolvido. O livro de Ams, que termina com um
orculo de salvao, tem um final "cmico", ou seja, um final feliz.

c: :ementos. Afinal, mais de uma

eDto, os quatro evangelhos e o


o ja narrativa. Dentre as obras
_,
como Histria), de Jack D.
- "lfLuke-Acts (A Unidade Nar- _-c:ida em 1986; e Anatomy ofthe
:e R. Alan Culpepper, publicada
:e artigos e ensaios tratando do
-::}terial acessvel ao leitor de
: _.3:0 lia, uma traduo do original
- _ - : :e"-o em 1997 pela Editora Unesp,
.'0: -a ensaios, escritos por autores
_: ::'atando de um livro ou conjun_ :: 'nais amplo do que a anlise da
:',lLurasapiencial (Provrbios e
_ -: a uma anlise de narrativa no
:::: 2,utores, cada um com sua
-o 5~ trata de um "saco de gatos".
- _::.:::5. merece ser examinado, entre
_ --C-,

: 5

alguns dos conceitos emprega-

':. >5e muito de narrativa. Narrativa

- .. ~zes se distingue entre a histria


o : jiscurso da narrativa, a retrica
<ria pode ser nalTada de formas
_: : "ltece com os Evangelhos.
" acontecimentos da histria. Aqui

Ligado noo de conflito est o conceito de ponto de vista. O ponto de vista


o conjunto de padres pelos quais os leitores so levados a avaliar os cenrios,
eventos, e personagens da histria. O conflito resulta da existncia de pontos de
vista diferentes. Nos Evangelhos, o ponto de vista de Deus verdadeiro e correto. Jesus representa este ponto de vista. O leitor se identifica com o mesmo. As
autoridades representam o ponto de vista contrrio e se opem a Jesus. Seus
pensamentos so "pensamentos de homens". J os discpulos oscilam entre os
dois pontos de vista anteriores. O mesmo Pedro que faz a grande confisso (Mt
16.17-17) capaz de expressar os pensamentos dos homens (Mt 16.22-23).
Os atores da histria, aqueles que executam as diferentes atividades que fazem
parte do enredo, so os personagens. Personagens podem ser descritos, isto , o
nalTador diz como eles so (Mt 1.19; Lc 1.6). Podem tambm ser mostrados, ou seja,
o narrador apresenta o personagem em ao e cabe ao leitor decidir quanto s
caractersticas do mesmo. Os evange1istas preferem o segundo mtodo, ou seja,
preferem mostrar a descrever. Nas parbolas, que so histrias (mais breves) dentro
da histria (maior), muito raro o personagem que descrito.
Personagens tm traos ou caractersticas. Dependendo disso podem ser planos (com caractersticas previsveis e consistentes), redondos (com uma variedade
de caractersticas potencialmente conflitantes), e estereotipados (com uma s caracterstica marcante que aparece de forma consistente). A viva pobre personagem estereotipada. Os lderes religiosos so planos, isto , previsveis e consistentes. No Evangelho de Marcos, os discpulos de Jesus tendem a ser planos, pois sua
incompreenso consistente. J em Lucas os discpulos so redondos, com altos
(Lc 8.10) e baixos (Lc 9.44-45). No entanto, bom lembrar que, diferentemente da
obra de fico moderna, os evangelistas no esto preocupados com o desenvolvimento ou o mundo interior dos personagens.

~._-

163

Igreja Luterana - N 2 - 1999

Vale a pena mencionar mais dois conceitos: autor implcito (ou autor modelo) e
leitor implcito (ou leitor modelo). O autor implcito o retrato do autor real que
emerge do texto. , como se diz, um epifenmeno do texto. o autor que o leitor
reconstri a partir do texto. Est implcito, ou seja, seu perfil e ponto-de-vista pode
ser determinado apenas a partir do texto.
Esta noo de autor implcito permite afirmar, por exemplo, que os livros dos
profctas menores, embora escritos por autores reais, autores de carne e osso, diferentes, revelam um autor implcito semelhante. O ponto de vista expresso e o autor
implcito que emerge quase o mesmo em todos eles. Por outro lado, um mesmo
autor real pode escrever obras diferentes, cada uma delas com um autor implcito
diferente. H quem argumente que isto explica as diferenas entre, digamos, 1
Timteo e Romanos. Ambas foram escritas pelo mesmo autor real, Paulo, mas o
autor implcito que emerge das duas epstolas diferente. Tambm obras formalmente annimas, como a carta aos Hebreus, tm um autor implcito.
J o leitor implcito (ou modelo) o leitor que o texto ou seu autor implcito
pressupe c que pode ser reconstrudo a partir do prprio texto.
O autor de
Hebreus, por exemplo, "constri" o seu leitor em termos de algum que conhece
(e conhece relativamente bem) a lngua grega, cristo, tem interesse em personagens e instituies do Antigo Testamento, etc. Outro exemplo o evangelho
de Joo. Discute-se, principalmente base de Jo 20.31, se o evangelho foi escrito
para evangelizar no cristos ou para fortalecer a f daqueles que j crem. Em
outras palavras, quem so os primeiros leitores reais do evangelho: cristos ou
no-cristos?
Em parte o argumento depende da questo textual, a opo entre
o aoristo e o presente do verbo crer. Pode parecer uma picuinha, mas uma
interessante questo histrica. Se Joo foi originalmente escrito para evangclizar,
ento talvez o nico livro do Novo Testamento escrito expressamente para tal
finalidade. No entanto, outra leitura possvel. Culpepper, em Anatomy of the
Fourth Gospel, valendo-se do conceito do leitor implcito, chega concluso de
que o evangelista se dirige a cristos. Isto porque, entre outras coisas, o autor
pressupe que o leitor conhea a maioria dos personagens, no espera que ele
esteja familiarizado com os ritos de purificao, etc.
Antes de concluir com algumas palavras de avaliao, seria interessante mos
trar como essa anlise da narrativa funciona na prtica. Para tanto, reproduzo
trechos da leitura que Mark A. Powell faz de Lucas 3.1-20, no ensaio que integra a
obra Hearing the New Testament, p. 248-253.
Em primeiro lugar, Powell examina como o trecho se relaciona com a narrativa em
seu todo. Observa que o leitor de Lucas teve um encontro anterior com Joo
Batista, no captulo primeiro (vv. 5-25, 57-80). Muitas das expectativas ali expressas
se cumprem agora. O leitor ouvira que Joo seria profeta (1.76), e isto se confirma em
Lc 3.2. Joo prepararia o caminho do Senhor (1.76), e agora o nanador cita Isaas
para mostrar que este , de fato, o caso (3.4). Joo daria ao seu povo "conhecimento
da salvao, no redimi-Io dos seus pecados" (1.77) e, de fato, Joo agora prepara o
164

povo para a salvao ck D,.:


remisso de pecados" 13.3
Mark Powell tambm :==-:-. _
de Lc 3.1-20 dentro do me o':", .-.
plano divino de levar sa>.::~:'.
falsa confiana ou autojus::;:: ::
da salvao que Deus ore:::,::
(5.30-32; 7.29-30; 18.9: "t:o:'
Lucas 3, na afirmao de '. _.
estranha admoestao de J: :'..
por pai a Abrao" (3.8), apr-:.:: ::'-'':: __
essa admoestao parece T:".
medida que a histria se de s e:-.
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Pode-se perceber que :~:,Cpercope em particular, mas r-::::. ~. :.
Isto contraria nossa tradi:
Dito isto, cabem mais
basicamente a leitura
Enfatiza aqueles aspectcs
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teolgico continuar le"':. Lucas prega assim, por que ;.:'.

Igreja Luterana - N" 2 - 1999


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~::r exemplo, que os livros dos


,mtores de carne e osso, dife, "':W de vista expresso e o autor
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jelas com um autor implcito
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, : -:to, tem interesse em perso=)utro exemplo o evangelho
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.:..:.::'Jesto textual, a opo entre
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: <rito expressamente para tal
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::o~::nagens, no espera que ele

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.'.: -: 1-20, no ensaio que integra a

, ce relaciona com a narrativa em


_:::, encontro anterior com Joo
'.:.' das expectativas ali expressas
Ce:1 (1.76), e isto se confirma em
e agora o narrador cita Isaas
.:.:,~iaao seu povo "conhecimento
- - ~. de fato, Joo agora prepara o

povo para a salvao de Deus (3.6), "pregando batismo de arrependimento


remisso de pecados" (3.3).

para

Mark Powell tambm tem um pargrafo sobre o enredo de Lucas-Atos e o papel


de Lc 3.1-20 dentro do mesmo. Afirma que o enredo de Lucas-Atos gira em torno do
plano divino de levar salvao a todos os povos. O maior obstculo a tal plano a
falsa confiana ou autojustia dos lderes religiosos, que julgam no necessitarem
da salvao que Deus oferece, e no querem que a mesma seja oferecida a outros
(5,30-32; 7.29-30; 18.9). Este tema de Lucas-Atos j vem expresso claramente em
Lucas 3, na afirmao de que "toda a carne ver a salvao de Deus" (3.6). A
estranha admoestao de Joo, "No comeceis a dizer entre vs mesmos: Temos
por pai a Abrao" (3.8), aponta para um conflito em potencial. No contexto imediato,
essa admoestao parece gratuita, pois ningum est dizendo tal coisa. Mas,
medida que a histria se desenvolve, o leitor percebe que l no incio Joo percebeu
o que viria a ser um importante conflito ao longo da narrativa.
Pode-se perceber que na Crtica da Narrativa a nfase recai, no tanto sobre a
percope em particular, mas na forma como se relaciona com a narrativa em seu todo.
Isto contraria nossa tradio, que tende para a "pericopite".
Dito isto, cabem mais algumas palavras de avaliao. A Crtica da Narrativa
a leitura do texto nos termos propostos pelo prprio texto.
Enfatiza aqueles aspectos do processo de leitura levados em conta por um
leitor "marinheiro de primeira viagem", aquele a quem ainda no se disse que
preciso desacelerar e atentar para as pequenas unidades (pargrafos, frases,
palavras). Por outro lado, a Crtica da Narrativa oferece o risco de se tratar o
texto bblico como mera fico. Para evitar a assim-chamada "falcia referencial"
(que s se interessa por aquilo a que o texto se refere) incorre-se na "falcia
estruturalista".
Tudo que interessa o mundo do texto. Verdade que a Crtica
da Narrativa aplicada antes de tudo a obras de fico, mas deduzir da que
nanativa sinnimo de fico resulta mais da agenda hermenutica dos crticos do que do mtodo em si. Em resumo, a narrativa bblica referencia!, isto
, refere-se a algo que est fora do mundo do texto, mas nem por isso deixa de
ser narrativa. Quemj abriu mo da dimenso histrica da f bblica tem a a sua
grande chance. Mas, como sempre, o abuso no impede o uso.

basicamente

Se se perguntar pela aplicabilidade desse enfoque, uma das respostas que o


mesmo tem muito a ver com a tcnica de "contar histrias" (Story Telling), que
uma das nfases da assim-chamada "Nova Homiltica". Contar histrias no
simplesmente ilustrar as idias da pregao por meio de histrias, mas pregar
contando uma ou vrias histrias. Richard A. Jensen (Telling Luke's Story), alm de
lembrar que as histrias bblicas so poderosas em e de si mesmas, argumenta que
Lucas prega contando histrias. Lucas explica uma histria contando outras histrias. Assim, se um texto no faz sentido, melhor do que consultar o dicionrio
teolgico continuar lendo Lucas. E a pergunta que Jensen nos deixa esta: se
Lucas prega assim, por que no podemos ns fazer o mesmo?
165

Igreja Luterana - N 2 - 1999


Bibliografia:
Robert Alter e Frank Kermode,
Unesp, 1997.

Guia Literrio da Bblia.

So Paulo, Editora

CONSIDERAES

Richard A. Jensen, "Telling Luke's Story: A Narrative Approach to Preaching on


the Third Gospel". Currents in TheologyandMission
21 (1994),444-451.

DA

USO DA FERTIL.r;
TCNICA DE REPROr

Walter C. Kaiser e Moiss Silva, An lntroduction to Biblical Hermeneutics. Grand


Rapids, Zondervan, 1994.
William W. Klein, Craig L. Blombefg, Robert L. Hubbard, lntroduction to Biblical
Interpretation. Dallas, Word, 1993.

A tcnica de fertilizao
mente nos grandes centros '.Ir::::~sonho da paternidade biolg:, 2. r:_'::

Mark Allan Powell, What is Narrative Criticism? Minneapo1is, Fortress Press,

o crescente uso da tcnic" .~. _.__


sem preocupao com as q'.Ies:~ e
da escolha deste tema para :0:::: _ rC'

1990.

Mark Allan Powel, "Narrati ve Criticism", in H earing the New Testament: Strategies
for Interpretation. Editado por Joel B. Green. Grand Rapids, Eerdmans, 1995, p.
239-255.

Nosso objetivo no tra;:, fertilizao in vitro, nem nos, ,;_


ou dos problemas sociais (':3.;::22
vista teolgico o uso da t::-, _
ajudar casais cristos infrtei:::: _;:
formas atravs das quais SU:l _ -,::

A fertilizao in vitroj :.;:': ..


siste na fertilizao de um V'..:.: como um recipiente de vidro. gerar bebs de proveta.

o percentual de sucesso d"


sucedida no passa de vinte;:::
de quinze por cento.2

:_

Hoje, estima-se que exista:":.r:::...


Brasil, sendo que o custo aprox ,.,

Rev. RafaeL JuLiano Nerbas ::_.


professor de TeoLogia Prei::,'.C'
BrasiL. Este artigo wnCi
primeiro em 1998 e orien :.-'-.- ~,
I
2

166

Doravanle FIV
VIDAL, Macarena.
I998, pAG.
I. Ibi., p. 42-3.

De Lc~:,c c _

Igreja Luterana - N" 2 - 1999

:.: Bblia. So Paulo, Editora

CONSIDERAES
_ -

~::

.. ;

Approach to Preaching on

DA TICA CRIST QUANTO AO

USO DA FERTILIZAO IN VITRO COMO

on 21 (1994),444-451.

TCNICA DE REPRODUO HUMANA ASSISTIDA


3'blical Hermeneutics.

Grand

_ .-:..'~bard, lntroduction to Biblical

\1inneapolis, Fortress Press,

,-'!le New Testament: Strategies


~:-'-2dRapids, Eerdmans,1995, p.

Rafael Juliano Nerbas e Orlando Nestor Ott

A tcnica de fertilizao in vitro tem se tornado cada vez mais comum, especialmente nos grandes centros urbanos, como um grande avano cientfico em prol do
sonho da paternidade biolgica para casais infrteis.

o crescente uso da tcnica de fertilizao in vitro por casais cristos e luteranos


sem preocupao com as questes ticas levantadas por tal tcnica foi a motivao
da escolha deste tema para nossa pesquisa.
Nosso objetivo no traar normas definitivas que probam ou no o uso da
fertilizao in vitro, nem nos ocuparemos com as questes ticas a partir da cincia
ou dos problemas sociais causados. Nossa preocupao analisar do ponto de
vista teolgico o uso da tcnica e apontar orientaes importantes que possam
ajudar casais cristos infrteis a julgar se conveniente utiliz-Ia ou buscar outras
formas atravs das quais sua unio seja manifesta e frutfera.

o QUE

FERTIUZAO

IN VITRO?

A fertilizao in vitrol uma tcnica de reproduo humana assistida que consiste na fertilizao de um vulo fora do corpo humano, num ambiente artificial, tal
como um recipiente de vidro. popularmente conhecida como a tcnica para se
gerar bebs de proveta.

o percentual de sucesso da tcnica varia muito, mas a mdia de gravidez bem


sucedida no passa de vinte por cento dos casos, e de nascimento de bebs vivos
de quinze por cento.2
Hoje, estima-se que existam mais de sessenta clnicas de reproduo assistida no
Brasil, sendo que o custo aproximado do uso da FIV est entre quatro e seis mil reais. )

Rev. Rafael Juliano Nerbas pastor em Parob, RS Rev. Proi Orlando Nestor Ott
professor de Teologia Prtica no Seminrio Concrdia e na Universidade Luterana do
Brasil. Este artigo uma sntese da monografia de concluso de curso escrita pelo
primeiro em 1998 e orientada pelo segundo.
I Doravante
2

FIV

VIDAL. Macarena.
1998, pAO.
Id. Ibid., p. 42-3.

De Louise a Dolly, 20 anos de avanos. Zero Hora, Porto Alegre, 2S jul.

167

Igreja Luterana - N 2 - 1999


PRINCIPAIS VARIAES E APERFEIOAMENTOS
DA TCNICA DE fERllUZAO
IN V17RO
Fecundao In Vitro Homloga - este o procedimento em que o smen usado
na inseminao proveniente do marido e os vulos que sero fecundados foram
extrados da esposa, sem a participao de terceiros no processo.
Fertilizao In Vitro Heterloga - neste caso, h a utilizao de smen ou
vulos extrados de um ou mais doadores. Pode ocorrer tambm de o embrio fecun-

Refletindo sobre ess2. '::.:0


usados ao longo da histri.:: '::=--os hebreus, impressionaj-;
'.
filho, usaram uma pala\T3.:'::: impressionados com o d'c
gerao e decadncia, ch3.:--.2.~r
modernismo, impressionad __ :-.
"procriao". O mundo de
larga escala, emprega a meti:' :rr :

dado e implantado na esposa ser resultado da fuso de ambos, smen e vulos,


provenientes de doadores.
Me-de-aluguelnesta variao da tcnica, uma mulher voluntria ou contratada submete-se a ter os vulos fecundados in vitro implantados em seu corpo,
comprometendo-se a entregar a criana, ao final da gravidez, ao casal que contratou
o uso da tcnica.
Criogenia - na maioria dos casos, quando se procede a FIV, no se fecunda um
vulo de cada vez, mas um certo nmero deles, j que o percentual de sucesso no
processo de implantao limitado, sendo assim mais econmico e prtico para o
casal. Para conservao dos embries fecundados in vitro, eles so congelados e
podem ser usados no caso de fracasso no processo de implantao ou numa futura
tentativa de FIV para uma nova gravidez.
Banco de Smen, vulos e Embries - tanto smen como vulos, bem como
embries j fecundados e congelados, provenientes de doadores annimos remunerados, podem ser escolhidos e/ou adquiridos junto a clnicas de reproduo
assistida, abrindo possibilidades novas no apenas para casais infrteis, mas tambm para solteiros terem filhos, bem como casais homossexuais.
Bipsia de Embries - com o auxlio de um microscpio, numa anlise feita no
segundo ou terceiro dia de vida do embrio, possvel detectar doenas
cromossmicas, tais como a Sndrome de Down, possibilitando a eliminao de
embries indesejveis,
Clonagem. esta uma possibilidade ainda no concretizada em seres humanos,
mas muito discutida a partir do nascimento da ovelha Dolly, em fevereiro de 1997,
clonada a partir de uma clula mamria de outra ovelha adulta.

PROCRIAO OU REPRODUO?

o CONCEITO

A questo ento definir: . _- _::


com o uso moderno do terr:-_='0
usadas no processo de FI\'.
Helmut Thielicke posi:i: c.c
captulos de Gnesis, no est3.:::.:'.
do-se efetiva quando os prime::
.
de serem uma s carne (Gn 1.::- - -"Sede fecundos, multiplica>.:
A Comisso de Teologi2. :: :: _
Synod afirma que dentro de L"
pre vinculada ao amor mtuc r r :
A paternidade humana ei;- ..
ao (Gn 1.28). Assim, sexu3.}:'::':.
sexo, a comunicao do aTIlGc::: Isto no significa que to de
verdadeiro: toda procriao ec....
De acordo com a descri 3.: :
"Sede fecundos, multiplicai-,- ::
apenas ao relacionamento d ::;::-... _
to completa e nica encarr:2. 2._
4

Estes dois termos, procriao e reproduo, aparentemente podem parecer referir-se ao mesmo evento: a gnesis da vida humana, o surgimento de uma nova vida.
E muitas vezes so empregados como sinnimos, sem se preservar a distino
necessria quanto ao que significa e envolve a aplicao de um ou de outro.
168

!=<t

KASS, Leon apud Rumo}: ec':.


THEOLOGY ANO CHURCi-i c-=
SYNODJ. p. 37.
THIELlCKE, Helmut. Theo
.
p. 251.
Ruman Sexuulity: A Theoic'c._.
ANDERSON,
J. Kerby. "A:-::r .. _
bsLbible.org/galaxie/jouma:'
,-Christiuns
Procreutive
O:'
THEOLOGY AND CHURC--;
SYNODJ, p. 26.

Igreja Luterana - N" 2 - 1999


F":illIOAMENTOS
;:'!..:O IN VImO
,~nto em que o smen usado
. j'je sero fecundados foram
. _ . :. processo.
~.:ia utilizao de smen ou
:-:-~
tambm de o embrio fecun: je ambos, smen e vulos,

Refletindo sobre essa diferenciao, o telogo Leon Kass analisa os termos


usados ao longo da histria para descrever a origem da vida humana. Ele afirma que
os hebreus, impressionados com o fenmeno da transmisso da vida de pai para
filho, usaram uma palavra que hoje traduzimos por "gerar" ou "procriar". Os gregos,
impressionados com o desenvolvimento de uma nova vida no processo cclico de
gerao e decadncia, chamaram isto de "gnesis", significando o "vir a ser". O prmodernismo, impressionado com o mundo, uma ddiva do Criador, usou o termo
"procriao". O mundo de hoje, impressionado com a mquina e com a produo em
larga escala, emprega a metfora da fbrica: "reproduo".4

o CONCEITO BBLICO DE PROCRIAO


_ :-:ulhervoluntria ou contrataimplantados em seu corpo,
.idez, ao casal que contratou

:.~de a FIV, no se fecunda um


:. jje o percentual de sucesso no
:'.s econmico e prtico para o
: ',itro, eles so congelados e
~~ implantao ou numa futura

'~:-:-iencomo vulos, bem como

A questo ento definir o conceito bblico de procriao, para ento comparar


com o uso moderno do termo reproduo, especialmente em relao s tcnicas
usadas no processo de FIV.
Belmut Thielicke posiciona o termo procriao no contexto dos dois primeiros
captulos de Gnesis, no estabelecimento da ordem divina do matrimnio, tornando-se efetiva quando os primeiros seres humanos so criados um para o outro a fim
de serem uma s carne (Gn 1.27; 2.23-24). Nesta unio seria ento cumprida a ordem:
"Sede fecundos, multiplicai-vos, enchei a terra e sujeitai-a" (Gn 1.28).5
A Comisso de Teologia e Relaes Ec1esiais da Lutheran Church-Missouri
Synod afirma que dentro de uma perspectiva crist, a procriao humana est sempre vinculada ao amor mtuo na aliana do matrimnio.6

: ':'e doadores annimos remu.:1IO a clnicas de reproduo


. .c.. ::::ra casais infrteis, mas tam :":;ossexuais.

- . :~:.scpio, numa anlise feita no


~ possvel detectar doenas
- :::.ssihilitando a eliminao de

:.ncretizada em seres humanos,


c.Dolly, em fevereiro de 1997,
iha adulta.

A paternidade humana envolve estas duas esferas: a unio (Gn 2.24) e a procriao (Gn 1.28). Assim, sexualidade, amor e procriao esto vinculados. O prazer do
sexo, a comunicao do amor e o desejo de ter filhos esto conectados num s ato.
Isto no significa que todo o ato sexual deve ser procriativo, mas o inverso
verdadeiro: toda procriao envolve um relacionamento sexuaI.7
De acordo com a descrio bblica do que procriao, no mandamento divino
"Sede fecundos, multiplicai-vos" (Gn 2.24), a unio de uma s carne no se refere
apenas ao relacionamento de esposo e esposa, mas tambm ao filho que de maneira
to completa e nica encarna a unio de uma s carne entre os cnjuges.8

0.

;~ODUO?

_. :":::--;temente
podem parecer refe: surgimento de uma nova vida.
>em se preservar a distino
c.co de um ou de outro.

-<

KASS. Leon apud Human Sexuality:


A Theological
Perspective.
(COMISSION
ON
THEOLOGY
AND CHURCH RELATlONS OF THE LUTHERAN CHURCH-MISSOURI
SYNOD), p. 37.
THlELlCKE, Helmut. Theological Ethics - Sex. Grand Rapids, William B. Eerdmans, 1979,
p. 251.
Human Sexuality: A Theological Perspective, op. ciL, p. 37.
ANDERSON,
J. Kerby. "Artificial Reproduction:
Biblical Appraisal", julho 1998. <<http://
bsf bible. org/galaxie/j ournals/sample/bibsac/8594/86a.6.htm
(10/07/98).
Christians
Procreative
C/lOices - How do God's Chosen Choose?
(COMISSION
ON
THEOLOGY AND CHURCH RELATlONS OF THE LUTHERAN CHURCH-MISSOURI
SYNOD),

p. 26.

169

Igreja Luterana - N 2 . 1999


Assim sendo, o mistrio da unio de uma s carne entre homem e mulher estabelecidos por Deus dentro do matrimnio, tornada fsica e representada no filho
como resultado do poder criativo do prprio Deus.9

Assim, a criana gere:. -o


entre marido e esposa. r:'':~.::,
comodidade a ser buscacL -:-c .

neste contexto de amor e unio abenoada por Deus que a procriao verdadeira acontece, sendo que a criana gerada, e no produzida, incorpora a unio de
seu pai e sua me. No mera reproduo, causa e efeito, mas a criana fruto de um
amor que superou a separao entre eles e os uniu em 'uma s carne', que os guiou
para fora de si mesmos e na direo um do outro. Sua doao de amor resultou em
doao de vida."lO
Estando a procriao inserida no contexto da unio de uma s carne dentro do
matrimnio institudo por Deus, e uma vez que esta unio torna-se frutfera pela
ao do poder criativo do mesmo Deus, pois ele quem proporciona a origem de
uma nova vida, pode-se ento afirmar que a concepo est nas mos de Deus, ou
seja, o gerar uma nova vida, procriar, antes de tudo uma prerrogativa divina.11
CRTICAAO

CONCeITO

Gilbert Meilander aincL .c:r~


est se determinando seu
que todo o casal que utiliz:: e = ~
suficientes para temer que c-re:::
mum, esteja-se definindo e
realizao em detrimento dc::re

o perigo ento fazer d:: rr'


o, removendo-a do contex: :.
amor mtuo doado dentro de ::.:' -. ~.
realizao dos pais imposs:bi:._l:.'
~.
A PARTICIPAO
DE Ti
HUMANAATRAVES
D

DE REPRODUO

o simples uso da tcnica cientfica ou de mtodos artificiais no pode ser razo


de opor-se a um procedimento mdico, mas no caso da reproduo, a FIV invade um
campo perigoso que a manipulao da vida humana na busca de um produto. 12

A tcnica da FIV e tode c' .. _- .


participao de terceiros na rerr'
bem como doadores de vu]:'

A gerao de um filho uma doao de Deus para os pais (SI 127.3). A paternidade biolgica no implica a posse da criana, mas confere uma tarefa histrica,
dada por Deus, de criar, nutrir e educar a gerao seguinte.13

Estas possibilidades espec:::_:'


divina da procriao dentro d:: "r.
condenvel pela tica crist ..

o Dr. Martim Warth reafirma esta viso bblica de que os filhos so uma ddiva
de Deus dentro de uma famlia onde a procriao e o nascimento so frutos de uma
unio em que o casal se serve, apia e realiza em amor sexual diante Deus.14

Em vista disso, a tcnica de :-" .


substitutiva (me-de-aluguel :: ::.

A procriao ordenada por Deus acontece ento no matrimnio atravs de outra


doao tambm - a doao de amor entre pai e me. Os filhos so o sim de Deus a
essa mtua doao. Ao se gerar um filho, dse de si mesmo e assim forma-se um
novo ser que, embora outro, compartilha da mesma natureza e igual aos pais em

A partir do ponto de vista c'r' .. :


da me-de-aluguel ainda que,-::'
humano para a satisfao de C:.::r r ~
a um objeto e umamercadori:: ..:,
dade de procriar instrumemc' ::: .

dignidade.15

Human Sexuality: A Theological Perspective, op. cit, p. 18.


MEILANDER, Gilbert. Biotica - um Guia para os Cristos. So Paulo, Vida Nova, 1997.
p. 29-30.
11 KLOTZ,
John W. A Christian vtew Df Abortioil. Saint Louis, Concordia, 1973, p. 34.
12 MEILAENDER,
op. cit, p. 26.
13 Id. Ibid., p. 29.
14 WARTH.
Martim Carlos. Me de AlugueL Revista Mensageiro Luterano, Porto Alegre, 73
(11) :5-8, novo 1990, p. 7.
15 MEILANDER,
op. cit, p. 29.

-=-

10

" WEISE, Robert W. Begot:~ ,'..


:6-9, jun. 1997, p. 9.
17 MEILANDER,
op. cit, p. ::5
18 In- Vitro Fertilization.
(Dil';si.: '.
s.d.). p. 31.
19

20

170

::

Christians

Procreative

MEILANDER,

op. cit.,

Ch" __,
p

:'

Igreja Luterana - N 2 - 1999


~-' : ::-'-3 homem e mulher estabeuoi.::ae representada no filho

Assim, a criana gerada pela obra de Deus atravs do compartilhar do amor


entre marido e esposa, nunca um produto nem um projeto, muito menos uma
comodidade a ser buscada, um fim que justifique todo e qualquer meio. 16

, - . :-Seus que a procriao verda_ :-:-~j uzida, incorpora a unio de


c, ::. mas a criana fruto de um
Jma s carne', que os guiou
joao de amor resultou em

Gilbert Meilander ainda acrescenta que, se um filho produzido em laboratrio,


est se determinando seu significado e utilizao futura. Meilander no quer afirn1ar
que todo o casal que utiliza a FIV assume este pensamento, mas ele v motivos
suficientes para temer que aceitando-se esta prtica como algo corriqueiro e comum, esteja-se definindo o valor humano como algo a ser alcanado para autorealizao em detrimento do direito intrnseco de cada criana. I?

_-"..::' de uma s carne dentro do


.c.lnio torna-se frutfera pela

o perigo ento fazer da procriao um mero procedimento tcnico, reproduo, removendo-a do contexto de doao da parte de Deus ao casal, bem como do
amor mtuo doado dentro do casamento, para apenas satisfazer um desejo de autorealizao dos pais impossibilitados de procriar naturalmente .

.::_em

proporciona a origem de

. ~:-.::".J est nas mos de Deus, ou

_.::_,;ma prerrogativa divina.ll


A PARTICIPAO DE TERCEIROS NA REPRODUO
HUMANA ATRAVS DA FERTIUZAO l'N VITRO

: REPRODUO

. .::::' artificiais no pode ser razo


~2. reproduo, aFIV invade um
'::-,'::na busca de um produto.12

A tcnica da FIV e todo o seu aperfeioamento permite hoje a possibilidade da


participao de terceiros na reproduo humana, tanto como doadores de esperma,
bem como doadores de vulos.

...::: os pais (SI 127.3). A paterni--c., .::onfere uma tarefa histrica,

Estas possibilidades especficas de FIV entram em choque direto com a ordem


divina da procriao dentro da unio de uma s carne no casamento, sendo por isto
condenvel pela tica crist.18

.: zuinte.13

~: que os filhos so uma ddiva


.::: nascimento so frutos de uma
~ ,,:-:',Jf sexual diante Deus.14

_:.J matrimnio atravs de outra


".e Os filhos so o sim de Deus a
_: ,i mesmo e assim forma-se um
. .::natureza e igual aos pais em

Em vista disso, a tcnica de FIV com posterior gestao de aluguel por uma me
substitutiva (me-de-aluguel) condenvel da mesma forma. 19
A partir do ponto de vista bblico da doao que existe na procriao, a questo
da me-de-aluguel ainda questionvel pelo fato de que algum concebe um ser
humano para a satisfao de outra pessoa que deseja um filho, tornando-se a criana um objeto e uma mercadoria. A me-de-aluguel faz de seu corpo e de sua capacidade de procriar instrumentos da vontade alheia e no uma relao de doao.20

~ 18.
_ -.:-:os. So Paulo, Vida Nova,

1997,
WEISE, Robert W. Begotten, not Made. Revista The Lutheran Witness, Saint Louis, \16 (6)
:6-9, jun. 1997, p. 9.
17 MEILANDER,
op. ciL, p. 35.
18 In- Vitro Fertilization.
(Division of Theological Studies of the Lutheran Council in the USA,
s.d.), p. 3 I.
l' Christians Procreative Choices - How do God's Chosen Choose?, op. ciL, p. 18.
20 MEILANDER,
op. cit., p. 39.
16

-- _ouis, Concordia,

"':sageiru Luterano,

1973, p. 34.

Porto Alegre,

73

171

Igreja Luterana - N 2 - 1999


A REPRODUO

HUMANA ATRAVS DA FERllUZAO


MANDAMENTO

o Dr. Warth acreSCCIT:.:: _.


haver filhos no casam ente ::::.=-:.

IN VITRO lUZ DO PRIMEIRO

A explicao de Martinho Lutero do primeiro mandamento sintetiza a obedincia ao mesmo a: "temer e amar a Deus e confiar nele acima de todas as coisas."21

A procriao um dos =:.='


de ser de uma unio de am., = total e suficientemente sigr.: ~ ,
mem e mulher no casament.: '.:r.. :' ,

Certamente, os casais cristos impossibilitados de conceber um filho pelos meios naturais devem respeito e obedincia para com o que Deus ordenou neste mandamento.
A partir desta concluso, e tendo em vista que a reproduo humana atravs da
FIV distorce o sentido bblico de reproduo e coloca a concepo de uma criana
fora do contexto da unio de uma s carne ordenada por Deus, torna-se necessrio
questionar o uso de tal tcnica como sendo uma possvel idolatria - um filho a
qualquer preo, no uma ddiva de Deus.""
Usar de quaisquer meios para obter um fim desejado questionveI ainda que
este fim seja o desejo de conceber um filho. Isto vale tanto para a cincia no seu
intuito de assistir os casais infrteis, bem como para os prprios casais que buscam
a FIV Imaginar que devemos fazer tudo o que necessrio para realizar mesmo o
mais digno dos desejos comear a pensar que somos deuses, criadores do mundo,
responsveis pela vitria do bem contra o mal, sendo esta uma responsabilidade
que compete unicamente a Deus.23
Lutero adverte os homens afogados em sua cegueira espiritual, que usam de todos
os bens e dons de Deus unicamente para a sua soberba, avareza, prazer e diverso, sem
atentar em Deus, para agradecer-lhe e reconhec-lo como Senhor e Criador."24
A Comisso de Teologia e Relaes Ec1esiais da Lutheran Church- Missouri Synod
compara o convite do diabo no momento da tentao em Gnesis 3.1: " assim que
Deus disse ...?", com o convite razo humana para abandonar a confiana plena em
Deus e em sua Palavra a respeito da vida humana e substituir por meios supostamente
wperiores Palavra de Deus na busca pelo objetivo a ser alcanado.25
Diante desta tenso entre os meios de reproduo assistida oferecidos pela
cincia e medicina atravs da FIV e a orientao da Palavra de Deus quanto
procriao humana, Gilbert Meilander afirma que o casa! incapacitado de ter filhos
pode e deve encontrar outras maneiras por meio das quais sua unio seja manifesta
e frutfera.26

Entre as diversas mane:r::, '


infrtil est inserida, certarne r....
digno de nota que a
criana fora do contexto pr= c ='
unio de uma s carne no m::':::r:EMBRIO OU PRE-

MANIPU~}~
Pr-embrio uma class' ..
aproximadamente quatorze ire.:
dado na parede uterina, quar;j. c.:.'::
Tal classificao pressup:=
humano, mas de uma assim
um potencial para a vida.

Christians Procreative Choices - How do God's Chosen Choose 1, op. cit., p. 4.


" MEILANDER,
op. cit., p. 41.

A partir desta definio. :. - .


manipulao, pesquisa e eEmi- =-=
~
liares ao processo de FIV
__.
fecundao, o que existe
ARGUMENTOS~
AOCONCEITC

o Dr. Jrme Lejeune. g=_.::::'


descoberta do cromossomo C.C, :: .
cia a veracidade da classific::=~' .
faz sentido cientificamente. p:'s .'
esperma, e a menos que
opinio do Dr. Lejeune, o em=r:.".- .
27

WARTH, op. cit., p. 7.

31

Human Sexuality: A Theo '. 5,,-Christians Procreative Ch .':, o' _


LEJEUNE, Jrme. The C.:."-Christians Procreative Ch.-

12

LEJEUNE,

18
29
30

15

172

::_.

c.,. _"

"Cm I, 2.
" MEILANDER,
op. cit., p. 40.
23 ln Vitro Fertilizatioll,
op. cit., p. 21.
24 CM I, 21.

:.J

op. cit., p. lI.

Igreja Luterana

"'~s DA FERTILIZAO
~:"'

. ANDAMENTO

::,:"ento sintetiza a obedinde todas as coisas."21

, _..::r:1a

nceber um filho pelos mei..:~e Deus ordenou neste man-

c _ '

- N 2 - 1999

o Df. Warth acrescenta que a infertilidade no uma doena, nem necessrio


haver filhos no casamento para haver um casal cristo felizY
A procriao um dos objetivos do casamento, mas no o nico nem a razo
de ser de uma unio de amor e bno diante de Deus. A unio de uma s carne
total e suficientemente significativa em si mesma, no devendo ser a unio de homem e mulher no casamento unicamente um meio de procriao.28
Entre as diversas maneiras em que Deus pode abenoar a relao de um casal
infrtil est inserida, certamente, a possibilidade da adoo.

, :"~:'oduo humana atravs da


. .:.concepo de uma criana
,:_ -:r Deus, torna-se necessrio
: ' svel idolatria - um filho a

digno de nota que a prtica da adoo no envolve a opo de conceber uma


criana fora do contexto prescrito por Deus para a procriao humana, ou seja, a
unio de uma s carne no matrimnio.29
EMBRIO OU PR-EMBRIO - PRESERVAR OU
MANIPULARA VIDA HUMANA?

:,:.jo questionvel ainda que


:.e tanto para a cincia no seu
s prprios casais que buscam
,_ esrio para realizar mesmo o
, s deuses, criadores do mundo,
- ::'0 esta uma responsabilidade

; _::~.:espiritual, que usam de todos


"vareza, prazer e diverso, sem
"'.::'Senhor e Criador."24
:"~:heran Church-Missouri Synod
_..:.'.:em Gnesis 3.1: "E assim que
.:.oandonar a confiana plena em
: ..:"::stituirpor meios supostamente
" ser alcanado.25
:j~o assistida oferecidos pela
. ',: da Palavra de Deus quanto
:asal incapacitado de ter filhos
:.:.s quais sua unio seja manifesta

Pr-embrio uma classificao cientfica adotada para definir o perodo de


aproximadamente quatorze dias entre a fecundao e a fixao de um vulo fecundado na parede uterina, quando aparecem as primeiras clulas diferentes. 30
Tal classificao pressupe que o status deste pr-embrio no de um ser
humano, mas de uma assim chamada entidade humana, que simplesmente possui
um potencial para a vida.
A partir desta definio, torna-se aparentemente justificvel, tica e legal, a
manipulao, pesquisa e eliminao de pr-embries em certas circunstncias peculiares ao processo de FIV, visto que at aproximadamente quatorze dias aps a
fecundao, o que existe algo subumano ou potencialmente humano.31
ARGUMENTOS CIeNTfIcos CONTRRIos
AO CONCEITO DE PR-EMBRIO

o Dr. J rme Lejeune, geneticista mundialmente conhecido, especialmente pela


descoberta do cromos somo base do mongolismo, o trissoma 21, nega com veemncia a veracidade da classificao cientfica de pr-embrio. Para ele, este termo no
faz sentido cientificamente, pois antes de um embrio existem apenas um vulo e um
esperma, e a menos que haja fertilizao, nenhum novo ser existe. Portanto, na
opinio do Df. Lejeune, o embrio a primeira forma de vida humana.32
27
28
29
30

'~.'r Choose?, op. cit., p. 4.

31

32

WARTH, op. cit., p. 7.


Human Sexuality: A Theological Perspective, op. cit., p. 18.
Christians Procreative Choices - How do God's Chosen Choose?, op. cit., p. 33.
LEJEUNE, Jrme. The Concentration Cano San Francisco, Ignatius, 1992, p. 149.
Christians Procreative Choices - How Do God's Chosen Choose?, op. cit., p. 36.
LEJEUNE, op. cit., p. 11.

173

Igreja Luterana - N 2 . 1999


A Comisso de Teologia e Relaes Eclesiais da Lutheran Church-Missouri
Synod, em seu parecer sobre o aborto, tambm posiciona-se a favor do momento da
fertilizao como o incio do desenvolvimento de um novo ser individual, uma clula
totalmente nova que carrega as caractersticas genticas de pai e me e que estabelece muitas caractersticas de um novo ser humano.33

A Frmula de Concrdi3.. ~.:


a favor do momento da cone,,: : ':
Salmo 51: "Deus no cria !1:':-'
ainda hoje cria e faz nos hom~:-.
minosa, pela concepo e na,<:~-.c-:

Se do ponto de vista cientfico no h necessidade para se criar o termo prembrio, por que ento ele existe?

Em relao encamao de T~.' __


"se tomou homem, foi concebidpecado, a fim de que fosse Senhe: .' :
te com o ser humano, Jesus foi CO",.
homem desde o momento de SU3.:

A manipulao da linguagem cientfica para justificar procedimentos tcnicos


questionveis do ponto de vista tico no novidade.

o mesmo parecer sobre a questo do aborto, citado anteriormente, afirma que na


poca do aparecimento do Dispositivo Intra-Uterino (DIU) no mercado, este era
conhecido como mtodo contraceptivo. A partir do momento em que o DIU foi
reconhecido como abortivo e a questo tica comeou a ser questionada, a Academia Americana de Obstetras e Ginecologistas mudou em seus documentos oficiais
a definio de gravidez, que anteriormente era "o perodo de tempo entre a concepo e o parto", para "o perodo desde a implantao at o parto". De acordo com a
nova definio, os efeitos do DIU ocorrem antes do incio da gravidez, tentando
justificar assim seu USO.34
Quanto ao fato de se definir a pessoalidade ou ausncia da mesma baseado nas
potencialidades humanas, como no caso do pr-embrio, Gilbert Meilaender afirma
que este critrio no enquadra todos os seres humanos vivos como pessoas, pois
no leva em conta que nossa histria pessoal no exige a presena permanente de
nossas capacidades pessoais, pois esta histria pessoal comea com dependncia,
no tero matemo e depois como recm-nascidos, e muitas vezes termina na dependncia da velhice e na perda das capacidades que se possua anteriormente.35
ARGUMENTOS TEOLGICOS coNTRRIos
MANIPULAO DE EMBRIeS
O momento da fecundao (concepo) o incio de uma nova vida humana,
como demonstra o Dr. John Klotz em sua obra sobre o aborto, onde ele cita duas
passagens bblicas: J 10.10-12 e tambm o Salmo 51.5. Com base nestas duas
passagens, fica claro ser o momento da concepo o incio da vida humana, visto
que Davi refere-se a si mesmo como pessoa desde o momento da concepo, e J
descreve claramente seu desenvolvimento embrinico.36

O Dr. Martim Warth, num 3.~ ".


posio luterana baseada na Esc=-:._
O Dr. Warth usa como argum~r. _.
tambm o texto de Lucas 1.3; c:-:ligada ao nome de Jesus com: - c.

Derek Kidner, em seu Corr,,,.-enfatiza a formao divina da '. :::3. - _


ao ser humano, mesmo sendo,,". _:-:Outra passagem marcante :~::c ::.:
a palavra hebraica dly para des::~
conseqncia da briga entre de:s Em um artigo muito interess::.:-.Russel FulIer afirma que este tc=:
aplicado tambm a recm-nasc:.:: __
Gnesis 21.15, referindo-se a Is:--_
concluso de FulIer ressalta qU' .:.:=
os de desenvolvimento da vida ~._
o diante de Deus do embri;;: c 3.O momento do encontro e:-.::-=
Evangelho de Lucas (Lc ].41
Isabel. O mais interessante, no ~:-.:.'
fJpcpo para registrar a refern::.: :'c
37

FC DS t. 7.

"CM
" Abortion in Perspective. (COMISSION ON THEOLOGY AND CHURCH
THE LUTHERAN CHURCH-MISSOURI
SYNOD), p. 7.
34 KOOP,
C. Everett apud Abortiol1 in Perspective, op. cit., p. 10-1.
35 MEILAENDER,
op. cit., p. 19-20.
" KLOTZ, op. cit., p. 48.

174

RELATIONS

OF

39
40

lI, 3l.

WARTH, op. cit., p. 7.


KIDNER, Derek. Psalms 73-

t ~

Downcrs Grave, Inter- Varsi t:,.


41 FULLER,
Russel. Exodus 21:':'':'-':',:
the Fetus. Journal of the EVGng,

184.

Igreja Luterana - N 2 - 1999


A Frmula de Concrdia, falando da doutrina
a favor do momento da concepo, referindo-se

~_ Lutheran Church-Missouri
:,'la-se a favor do momento da
- :\0 ser individual, uma clula

Salmo 51: "Deus no cria nem faz pecado em ns, mas com a natureza, que Deus
ainda hoje cria e faz nos homens, o pecado original propagado de semente pecaminosa, pela concepo e nascimento carnais de pai e me."37

.: }) de pai e me e que estabe-

Em relao encamao de Jesus Cristo, Martinho Lutero, no Catecismo Maior, afmna:

.::,~;;: para se criar o termo pr-

: :.:ficar procedimentos

do pecado original, posiciona-se


tambm s palavras de Davi no

"se tomou homem, foi concebido e nasceu do Esprito Santo e da Virgem, sem qualquer
pecado, a fIm de que fosse Senhor sobre o pecado."J8 Segundo esta explicao, em contraste com o ser humano, Jesus foi concebido sem pecado, sendo verdadeiro Deus e verdadeiro

tcnicos

homem desde o momento de sua concepo por obra do Esprito Santo.

"-_.: (DIU) no mercado, este era


. _. momento em que o DIU foi

Dr. Martim Warth, num artigo sobre a questo da me-de-aluguel,


reafirma a
posio luterana baseada na Escritura de que a vida humana comea na concepo.
O Df. Warth usa como argumento escriturstico,
alm do Salmo 51 e do Salmo 139,

:; :,u a ser questionada,


a Acade_:: .: em seus documentos
oficiais

tambm o texto de Lucas 1.31, em que Maria recebe a notcia de que conceber
ligada ao nome de Jesus como pessoa.J9

__: ::mteriormente,

afirma que na

: 0-; odo de tempo entre a concep-

~: at o parto". De acordo com a


incio da gravidez, tentando
::.

. .:sncia da mesma baseado


"o"

nas

::io, Gilbert Meilaender afirma


':,::os vivos como pessoas, pois
o\ige a presena permanente
de
: _" Jal comea com dependncia,
: ::",ui tas vezes termina na depen-

: _ o

o~

possua

anteriormenteY

-:io

Outra passagem marcante a de xodo 21.22- 23. O texto bblico original usa aqui
a palavra hebraica dly para descrever o embrio ou feto que poderia ser abortado em
conseqncia
da briga entre dois homens.
Em um artigo muito interessante

sobre esta passagem,

o comentarista

americano

Russel Fuller afirma que este termo hebraico utilizado em outras passagens bblicas
aplicado tambm a recm-nascidos,
adolescentes
e jovens, como por exemplo em
Gnesis 21.15, referindo-se
a Ismael; e em Gnesis 37.30, referindo-se
a Jos. A
concluso de Fuller ressalta que a Escritura aplica este termo sem distinguir estgios de desenvolvimento
da vida humana e assim confma a pessoalidade
e valorizao diante de Deus do embrio e do feto humano.4J

:05 coNTRRIos
E E~1BRIES

; ::re

Derek Kidner, em seu comentrio ao Salmo 139, diz que este trecho do Salmo
enfatiza a formao divina da vida humana pr-natal, realando o valor que Deus d
ao ser humano, mesmo sendo este um embrio ainda.40

de uma nova vida humana,

aborto, onde ele cita duas


: _:~~,J 51.5. Com base nestas duas
~: o incio da vida humana, visto
~"J momento da concepo, e J
:j:O.J6
(>

O momento do encontro entre Isabel e Maria, me de Jesus, registrados


no
Evangelho de Lucas (Lc 1.41), nos mostram que j havia vida plena no tero de
Isabel. O mais interessante; no entanto, que o evangelista utilizou a palavra grega
{3pq;o para registrar a referncia
de Isabel ao fruto do ventre de Maria.
FC OS 1,7.
CM 1I,3I.
39 WARTH,
op. cit., p. 7.
40 KIONER,
Oerek. Psalms 73-150 - a
Oowners Grave, Inter- Varsity, 1973,
" FULLER, Russel. Exodus 21 :22-23:
the Fetus. Journal of the Evangelical
184.
37

38

_ : ::Y ANO CHURCH


p. 101.

RELATIONS

OF

Commentary. In: Tyndale Old Testament Commentaries.


p. 466.
The Miscarriage Interpretation and the Personhood of
Theological Sociei)', 37 (2) :169-84, jun. 1994, p. 169-

175

Igreja Luterana - N 2 - 1999


Arthur Just, em seu comentrio de Lucas, ressalta que esta palavra grega
usada para bebs antes e aps o nascimento. A Escritura testifica assim, no fazendo distino dos termos, que uma criana, mesmo antes de nascer uma pessoa
humana de maneira completa, e a santidade da vida humana presente desde o momento da concepo.42 (3pc/!OC; pode ser traduzida tambm por embrio em referncia a uma criana que ainda no nasceu.43

criao continuada de DeI';'.


Cristo comprou o ser hum2I~.~ .:._
Ressaltando a import2,,~:':: sal, como fundamental na \':::. :.,:,,:'"
Mais importante ainL .::.de que Deus viveu eT;'. -c: _. os seus momentos i:-c::::::
temos diante de Deu: _"
apresentamo-nos ceIT. ::-

Em seu parecer oficial sobre o aborto, a Lutheran Church- Missouri Synod reafirma que todo ser humano valioso porque Deus o valoriza. A criana antes de seu
nascimento, como qualquer outro ser humano em todos os seus estgios de desenvolvimento, feito imagem de Deus, feito para a vida com Deus, para responder em
amor e obedincia misericrdia c graa divina.44

o Dr. Robert Kolb, professor de Sistemtica do Concordia Seminary - Saint Louis,


ressalta trs aspectos importantes ligados dignidade da vida humana, estabelecidos
pela doutrina da criao: a minha prpria dignidade como cllatura de Deus, visto que a
cliatura humana colocada em destaque no projeto de Deus para o universo; a doutrina da cliao estabelece tambm a base para a re-cliao, pois o ser humano cliado
novo imagem da Palavra que, como imagem do Deus invisvel, criou todas as coisas
e reconcilia todas as coisas trazendo paz no sangue derramado na cruz; e por ltimo, a
cllao estabelece a dignidade de todas as outras cliaturas humanas, por causa da
dignidade que Deus tem colocado na vida de cada um, exigindo total amor e cuidado
de uns pelos outros dentro de uma humanidade comum.45
A Lutheran Church-Missouri Synod, atravs de uma Comisso especial sobre a
santidade da vida humana, afirma clara e publicamente que a vida humana reconhecida por Deus e objeto de seu amor em qualquer estgio de seu desenvolvimento ou conscincia, pois ela no uma realizao ou conquista, mas um dom concedido por Deus. Por isto, ningum a quem Deus tenha criado e por quem Jesus Cristo
morreu, desprezvel por qualquer motivo que seja.46
Helmut Thielicke, em sua obra que trata da tica na sexualidade humana, fala de
uma dignidade da vida humana qu'e no intrnseca, no pertence ao homem, mas
lhe alheia, atribuda por Deus a ele. Isto se expressa no fato de que os esforos e
feitos humanos no tm valor diante de Deus, seno aquela dignidade que provm
do amor sacrificial do prprio Deus por ns. Sendo assim, Thielicke ressalta que a
vida humana, desde sua origem, torna-se sagrada no s por causa da ordem da

JUST, Arthur A. ]r. Luke 1: 1-9:50. 1n: Concordia Commentary. Saint Louis, Concordia,
1996, p. 72-3.
4.J
BROWN, Colin, ed. Dicionrio internacional de Teologia do Novo Testamento. So Paulo,
Vida Nova, 1981. VI, p. 548.
44 Abortioll
ill Perspective, op. cit., p. 27-8.
45 KOLB,
Robert. The Christiall Faith. Saint Louis, Concordia, 1993, p. 58-9.
46 That They May Have Life.
(THE PRESIDENT'S
COMISSION ON THE SANCTITY OF
LIFE - LUTHERAN CHURCH-MISSOURI
SYNOD), p. 1.
42

176

sa vida foi atingida p::'


boa razo teolgic8. ~.:.
primeiros momento:,

o Batismo o momemc -:-.::'.


uma nova identidade que 'o'::: ::
Deus por graa atravs da :'~ .:.- Weise est diretamente cor::'::
humana, uma vez que Crist~ ~:-:::
assim a ordem da criao co:-:A obra da criao e da r: ~:': =
diante de Deus e atribuda I':'
humana. Esta valorizao de s:: sua concepo, quando aind:; :-. .:.:Sagradas, pelas Confisses L-.::::- -.:.c
isto leva a escolher a presen ::~::ta dentro da tica bblica e cr,.::
A MANIPULAO DE EMBPJ
IN VITRO LUZ 0.,)
A explicao do quinto ::.
alerta no apenas contra o h.:.r:servao da vida do prxim::' '
No Catecismo Maior. Lu:::~_
livre de perseguio e tranqt:. que este mandamento envoh" .:..:.~.
que nenhum mal ou dano se
q

47
48
49
50
51

THIELICKE,
op. cit., p. ::
MEILANDER,
op. cit., p . .:
WEISE, op. cit., p. 9.
Cm I, 10.
CM I, 185.

Igreja Luterana - N 2 - 1999


criao continuada de Deus, mas tambm por causa da ordem da redeno, quando
Cristo comprou o ser humano de volta para Deus.47

que esta palavra grega


~ra testifica assim, no fazen:cretesde nascer uma pessoa
::::-"Jmana presente desde o mo--tm por embrio em refern;:C:::l

Ressaltando a importncia da obra da redeno em Cristo e seu carter universal, como fundamental na valorizao da vida humana, Gilbert Meilander afirma:
Mais importante ainda, ao menos para o cristo, o ensinamento cristolgico
de que Deus viveu em Jesus de Nazar e redimiu toda a vida humana, desde
os seus momentos iniciais at a morte que nos aguarda a todos (...) No
temos diante de Deus quaisquer direitos ou realizaes de que nos gabar;
apresentamo-nos com confiana diante dele unicamente porque toda a nossa vida foi atingida pela morte e ressurreio de Jesus. Temos, portanto, uma
boa razo teolgica para defender a continuidade da vida desdc os seus
primeiros momentos at o ltimo suspiro.48

- C:1Urch-Missouri Synod reafir, , c.lJriza. A criana antes de seu


, :::JS os seus estgios de desen::'2 :: om Deus, para responder em

~-r,::ordia Serninary - Saint Louis,


___c ja vida humana, estabelecidos
: -r-,o criatura de Deus, visto que a
, :: Deus para o universo; a doutri:,~o,pois o ser humano criado
invisvel, criou todas as coisas
- _, :i c'-:-amadona cruz; e por ltimo, a
; ::-:',aturashumanas, por causa da
_r:, exigindo total amor e cuidado
=-

:_,

r,~m,45

:i: 'lma Comisso especial sobre a


-'.ente que a vida humana reco::_-:: estgio de seu desenvolvimen, :onquista, mas um dom conce, .,.'c.criado e por quem Jesus Cristo

, :, "a sexualidade humana, fala de


-:::c.,nso pertence ao homem, mas
::: :; 5a no fato de que os esforos e
, :': aqucla dignidade que provm
:- :i: assim, Thielicke ressalta que a
.c. "o s por causa da ordem da

-':nentary.

Saint Louis,

,ia do Novo Testamento,

Concordia.

o Batismo o momento em que Deus coloca sua marca no homem e lhe d uma
uma nova identidade que vai alm de sua carga gentica, por causa da justia de
Deus por graa atravs da f por causa de Cristo. Esta afirmao do Df. Robert
Wcise est diretamente conectada com o conceito de dignidade alheia da vida
humana, uma vez que Cristo ordenou o Batismo a todas as criaturas, conectando
assim a ordem da criao com a ordem da redeno.49
A obra da criao e da redeno so portanto a base da dignidade humana
diante de Deus e atribuda pelo prprio Deus, que d o status de sagrado vida
humana. Esta valorizao do ser humano, mesmo nos momentos iniciais logo aps
sua concepo, quando ainda no perodo embrionrio, testificada pelas Escrituras
Sagradas, pelas Confisses Luteranas e encontra apoio na cincia tambm. Tudo
isto leva a escolher a preservao ao invs da manipulao como uma atitude coneta dentro da tica bblica e crist.
A MANIPULAO DE EMBRIeS NA TCNICA DE FERTILlZAO
IN VITRO LUZ 00 QUI!\'TO MANDAMENTO
A explicao do quinto mandamento no Catecismo Menor de Martinho Lutero
alerta no apenas contra o homicdio, mas tambm para a responsabilidade da preservao da vida do prximo. 50
No Catecismo Maior, Lutero amplia essa viso: "que cada um esteja protegido,
livre de perseguio e tranqilo quanto maldade e violncia dos demais, e quer
que este mandamento envolva o prximo como muro, fortaleza e asilo sagrado, para
que nenhum mal ou dano se lhe cause no corpO."51

So Paulo.
47
48

~c,:Jrdia,
1993, p, 58-9.
= ='-lISSION
ON THE SANCTITY
1.

49

OF

50
SI

THIELlCKE,
op. cit, p. 231.
MEILANDER,
op, cit, p, 47,
WEISE, op. cit, p, 9,
Cm r, 10,
CM I, 185.

177

Igreja Luterana

- N 2 - 1999

o Dr. Warth

Lutero v a necessidade de proteger a vida humana no apenas proibindo o


homicdio, mas preservando-a de qualquer perigo ou dano e evitando a possibilidade do homicdio: "Porque onde se probe matar, a se probem, outrossim, todas as
causas que possam dar origem ao homicdio."52

em laboratrio, afirmando q:.:~:; .


ou pessoas humanas, levam,,:.::' _
to: No matars.57

alerta contE, .::::0:

A utilizao e o consentimento com o uso de qualquer meio que crie situaes


de risco vida humana tambm condenado pelo reformador: "que no usemos
nem consintamos nenhum meio ou procedimento com que se possa maleficiar al-

A questo da criopreser::,::'.: _
prprias clnicas de reprodu;::'
sobrevivem ao processo de :::-. ~~ __

gum."53
A vida humana merece e deve ser preservada pois ela muito valorizada e
estimada por Deus, por causa da sua obra de criao e redeno. E esta valorizao
e dignidade se estende a qualquer estgio de desenvolvimento da vida humana,
inclusive o estgio embrionrio, logo aps a concepo.

o Dr. Lejeune tambm se :-:-.::'


- -_':
pois estes esto totalmente ,j~::-~:__.:- .:
da pessoa que supervisiona c .:- ..; c
com uma fortaleza segura. afu-:::-_::.:-.::': ::
digno para abrigar uma nO\2' ~

Partindo deste ponto de vista, o embrio humano inclui-se no rol daqueles que
devem ser preservados de acordo com a explicao e aplicao do quinto mandamento.

o telogo americano Se:': R.


da, acrescenta que um proble:-:-.::::-:-:que os embries congelados "i'.: :
nati vas seriam destruir os em ti. o e

A tcnica da FIV pode ser altamente questionada ento, visto que cria situaes
de risco para a vida humana, em que efetivamente h uma possibilidade grande de
perda de vulos fecundados no processo de manipulao. Alm disso, h a prtica
comum de se destruir embries se eles parecerem anormais. Existe ainda a

los para outros casais infrtei, :._


avaliada do ponto de vista tece c;. _.

hiperfertilizao, quando so fertilizados muitos vulos simultaneamente,


alguns selecionados para implantao e outros descartados.54

sendo

Por esta causa, a DivisO' ~::.::. recomenda que todos os 6\:.:1_:


destrudos, mas voltem para: ..>:

O uso da tcnica de FIV nas clnicas de reproduo assistida prev como uma

Mas esta soluo tambm ~ :: . : .::


no se implantaro e sero des.::.-- - c
tas vezes no processo natural de .:- - . ei
tece em conseqncia da mani;:-',:::. '.
dade humana sobre o uso da FI',,'

das etapas anteriores implantao dos embries, a chamada seleo de embries


atravs de uma bipsia e um diagnstico gentico do embrio. A partir de ento, os
embries que tenham em sua carga gentica alguma probabilidade de doenas
cromossmicas conhecidas, so descartados, selecionando-se apenas os embries
mais viveis.5

Uma das conseqncias da Fl'


o em conseqncia do nmer:: e e:-:
problemas como nascimentos r:.:.
de ocasionar por vezes uma gr::-:::e - j

Os riscos, ainda que pequenos, mas existentes, de perda de vidas humanas pela
mal formao dos embries durante a FIV, e o uso desta tcnica mesmo estando-se
consciente deste risco, questionvel a partir da tica crist.55

CM 1,186 .
CM I, 188.
" ANDERSON.

\2

j7

'.1

.\8

frozen embryos?",

op. cit., <<http://bsf.bib]e,org/galaxie/journals/samp1e/bibsac/8594/86a.6.htm>>

178

outubro

199~

10/98).

(10/07/98).

" RAMSEY. Paul. On In Vitro Fertilization. In: LAMMERS, Stephen E. e VERHEY, Allen. ed.
Dn Moral Medicine - Theologica! PersfJectives in Medica! Ethics. Grand Rapids, WiJliam B.
Eerdmans,
]989, p. 340-l.
56 "Diagnstico
Gentico de Pr-Implantao".
PROFERT - Reproduo Assistida, outubro
1998. <<http://www.profert.com.br/diagnost054.htm>>
(23/1 0198).

WARTH, op. cit., p. 6-7.


1995 ART FERTILITY CLI'\IC

59

60

LEJEUNE, op. cit., p. 129.


RAE. ScoU B. "Brave New Fer._

textlcri/cri-jrnl/web/crjO
125a.h:,.,..
111 Vitm Fertilization,
op. cit..
62 GREENHALGH,
Laura et a1ii.. -", 61

Igreja Luterana - N 2 - 1999

- c

; :-:-,anano apenas proibindo o


.~dano e evitando a possibilida_. o~probem, outrossim, todas as

o Dr, Warth alerta contra a destruio consciente de embries na manipulao


em laboratrio, afirmando que isto significa a manipulao ou eliminao de vidas
ou pessoas humanas, levantando uma pergunta muito sria diante do 5 mandamento: No matarsY

:~}lquer meio que crie situaes


reformador: "que no usemos
~:m que se possa maleficiar al-

A questo da criopreservao dos embries tambm problemtica, pois as


prprias clnicas de reproduo assistida alertam que alguns dos embries no
sobrevivem ao processo de congelamento e posterior descongelamento.58

::..: pois ela muito valorizada e


, '.: e redeno. E esta valorizao
:cenvolvimento da vida humana,
- ~epo.

."r'ia inclui-se no rol daqueles que


. _. i,r e aplicao do quinto manda-

-r.i" ento, visto que cria situaes


_ r h uma possibilidade grande de
_-. ~'Jlao. Alm disso, h a prtica
_~:-em anormais, Existe ainda a
_o Jvulos simultaneamente, sendo
:'escartados.54

- .'. de perda de vidas humanas pela


_, " desta tcnica mesmo estando-se
tica crist.55
.'duo assistida prev como uma
'o. a chamada seleo de embries
~, do embrio. A partir de ento, os
Jguma probabilidade de doenas
:ecionando-se apenas os embries

o Df. Lejeune tambm se manifesta contrrio criopreservao de embries,


pois estes esto totalmente dependentes do aparato tecnolgico e da boa vontade
da pessoa que supervisiona o congelamento. Ele ento compara o tero materno
com uma fortaleza segura, afirmando que o mesmo o nico lugar verdadeiramente
digno para abrigar uma nova vida humana.59

o telogo americano Scott Rae, num artigo sobre a tica na reproduo assistida, acrescenta que um problema importante em relao criopreservao o fato de
que os embries congelados no podem ficar estocados indefinidamente, e as alternativas seriam destruir os embries, us-los para experimentao cientfica ou doIas para outros casais infrteis, numa nova forma de adoo que teria de ser melhor
avaliada do ponto de vista teolgico e legal. 60
Por esta causa, a Diviso para Estudos Teolgicos da Lutheran Council USA
recomenda que todos os vulos fertilizados no sejam criopreservados
nem
destrudos, mas voltem para o tero da me.61
Mas esta soluo tambm problemtica, pois um maior nmero de embries
no se implantaro e sero descartados pelo organismo da me. Isto acontece muitas vezes no processo natural de concepo tambm, mas no caso da FIV, ele acontece em conseqncia da manipulao dos embries, o que acarreta a responsabilidade humana sobre o uso da FIY.
Uma das conseqncias da FIV que tem-se tornado comum a mltipla gestao em conseqncia do nmero de embries implantados. Isto aumenta o risco de
problemas como nascimentos prematuros e bebs com seqelas neurolgicas, alm
de ocasionar por vezes uma gravidez de alto risco.62

57
58

- . ,urnals/sample/bibsac/8594/86a.6.htm

WARTH, op. cit., p. 67.


1995 ART FERTILlTY
CLlNIC REPORTS. "What are the suceess rates for ART using
(231
frozen embryos?", outubro 1998. <<http://www.ede.gov/necdphp/drh/arts/section3.htm>>
10198) .

. ::::RS, Stephen E. e VERHEY, Allen, ed.


',:!lcal Ethics. Grand Rapids, William B.
c ~_-1::RT- Reproduo
(23/1 0/98).

Assistida,

outubro

LEJEUNE, op, cit., p. 129,


'0 RAE, Seott B. "Brave New Families?", julho 1998. <<http://www.iclnet.org/pub/resources/
text/cri/cri-jrnl/web/crjO
125a.html (15107/98).
" [n H'tra Fertilization, op. cit., p, 31.
2 GREENHALGH,
Laura et alii, A Fbrica da Vida. Revista poca, 1 (9) :406, jul. 1998, p. 46.
59

179

Igreja Luterana

- N 2 - 1999

Este outro peligo para a vida humana provocado pela manipulao dos embries na FIV

o uso da tcnica de fertilizao in vitm torna-se assim, por causa da manipulao dos embries humanos e suas possveis e muitas vezes inevitveis conseqncias, algo extremamente questionvel, pois coloca em risco a vida humana e por
vezes seu uso consente com o homicdio, sendo assim uma atitude contrria ao que
Deus prescreveu como sua vontade no quinto mandamento.

ELEMENTOS ~
LUTERANA

IGREJA E SACRAMENTO

CONCLUSO
No h como negar quo impressionante o avano cientfico humano em todas
as reas, especialmente no campo da medicina. Os grandes avanos e descobertas
na rea da reproduo humana assistida em laboratrio, especialmente aps o xito
da tcnica da fertilizao in vitm, so igualmente espantosos.

Os dois pontos fundamentais de questionamento tico analisados neste trabalho,


a saber, os contrastes entre a viso bblica de procriao e da origem e dignidade da
vida humana, e os conceitos cientficos de reproduo humana e de pr-emblio, nos
levam a concluir que h srias razes para casais Clistos optarem por no usar a
tcnica de fertilizao in vitm, especialmente quando tais problemas ticos so confrontados com a vontade divina expressa no primeiro e no quinto mandamentos.

Mais um livro sobre ecleSlc:- _


Wolfhart Pannenberg no exa:2--:-.
=- ._
to na teologia europia e amer:~-destaca em sua identidade prpr.:-'.~obra sistemtica que se prope 2.:
que j assaz surpreendente eI :-,Ademais, a f crist no ali sC:"c-de um sistema, um sistema epis:=:cientfico e filosfico. Sim, Pa:-"c- ==-i
sistema teolgico. Sistema 21.1T:-'.2.
sintetizado na mais recente de;::: c .
volume dedicado inteiramente:: :,.
pesso dos trs, com suas quase s=:=.--.-lhado em notas de rodap. As'_:
esperana-amor, Igreja, sacrarr,e:-.:_.

A Palavra de Deus bem clara ao estabelecer a procriao humana no contexto


da unio de uma s carne dentro do matrimnio ordenados e abenoados por Deus
desde o incio da humanidade. Qualquer tentativa de reproduo humana que
desvincule procriao desta unio de uma s carne est se desviando da orientao
divina e torna-se idolatria, ao colocar o desejo da auto-realizao atravs da paternidade biolgica antes da obedincia e confiana no Senhor.

Estudo cientfico, dizia eu. E;


atrs de si. Mainz, Wuppertal. E= principais, sem citar suas estad.--c:'--~ perincia, eu tambm dizia. Ref: --:um livro com sermes, Gegen,:;=
no. Publicou reflexes sobre ='::_-

Da mesma forma, o uso de uma tcnica de reproduo assistida que manipula e


coloca em risco vidas humanas que, segundo a revelao bblica, so valorizadas e
amadas por Deus em qualquer estgio de seu desenvolvimento, est se colocando em
franca oposio ao quinto mandamento que probe qualquer espcie de atentado
vida e ordena preservar em vez de manipular.

publicando sobre o pastoreio d-'.= 5

Mas, do ponto de vista da tica crist, os fins nem sempre justificam os meios, e
necessrio, antes de celebrar tais avanos cientficos e fazer uso deles para auxiliar
casais cristos infrteis, analisar alguns aspectos importantes relativos tcnica a
partir de uma tica bblica e crist.

A realidade da infertilidade certamente no agradvel, muito menos insignificante, e casais cristos tambm sofrem por causa dela, Mas, como Deus mesmo o instituiu,
o matrimnio no depende da procriao para se tornar completo, feliz e abenoado. A
procriao no o nico nem fundamental objetivo de uma unio em casamento.
Certamente Deus abenoa de diversas e variadas formas tambm o matrimnio
de casais cristos impossibilitados da paternidade biolgica, sendo uma destas
formas a adoo, que no envolve questionamentos ticos de nenhum dos dois
pontos ticos levantados.
180

Manfred K. Zeuch. Doutor E'


pmfesso/; Coordenador de PE'.
LlIlerana do Brasil, Cal1oGS..
Faculdade de Teologia do Se
um artigo anteriormente
r::-1996, pp. 77-90. A verso "'::,'
I Wolfhart Pannenberg, SYEE-traduo em ingls foi CO[2:;'::':
2

Em 1998 publicou por exemplG = _ ,_


in Zeitweruie 69, 1998, 13-25: ~ __;:c_~.
- Communion. Essais ill Ruw"
-Die lutherische Tradition u:~ _..:--:
Primato de! Successore Die:, F
Vaticano: Libreria Editrice \s..:::,--.:
igreja e ministrios de unid:;~:: =.: -, - Strasbourg. Vox Concord,c;:.:

_-:

:-

Igreja Luterana

- N 2 - 1999

"::'.,cnipulaodos embries na HV.


e ""sim, por causa da manipula, 'ezes inevitveis conseqn,: =:TIrisco a vida humana e por
::~1uma atitude contrria ao que
_J.mento.

ELEMENTOS DE UMA ECLESIOLOGIA


lUTERANA

CONTEMPORNEA:

IGREJA E SACRAMENTOS

EM WOlFHART

PANNENBERG
Manfred Krespsky Zeuch

,:':,0 cientfico humano em todas


~' ,::randes avanos e descobertas
c "lO, especialmente
aps o xito
~spantosos.

- e"n sempre justificam os meios, e


: os e fazer uso deles para auxiliar
,::lportantes relativos tcnica a
o::ticoanalisados neste trabalho,
::o e da origem e dignidade da
_", ~;ohumana e de pr-embrio, nos
n' oristos optarem por no usar a
, _:~,:btais problemas ticos so cone,.O' e no quinto mandamentos.
" :: procriao humana no contexto
, : rdenados e abenoados por Deus
: - :,:i\'a de reproduo humana que
, '~c:est se desviando da orientao
~, auto-realizao atravs da pater_:: no Senhor.
'=orodl'o assistida que manipula c
'~\e1ao bblica, so valorizadas e
,'~~:"olvimento, est se colocando em
-- :-~e qualquer espcie de atentado

,::":idvel,muito menos insignifican\las, como Deus mesmo o instituiu,


'nar completo, feliz e abenoado. A
: de uma unio em casamento.
_~:2das formas tambm o matrimnio
'_~:lde biolgica, sendo uma destas
,-~~entos ticos de nenhum dos dois

Mais um livro sobre eclesiologia? O terceiro volume de Systematische Theologie1de


Wolfhart Pannenberg no exatamente isto. Na abundncia literria que aborda o assunto na teologia europia e americana das ltimas dcadas este livro de Pannenberg se
destaca em sua identidade prpria por pelo menos duas razes: primeiro faz parte de uma
obra sistemtica que se prope a tratar o conjunto global da f crist, em trs volumes, o
que j assaz surpreendente em nossa poca. Rara coragem de se expor assim ao risco.
Ademais, a f crist no ali somente tratada de maneira sistemtica, mas exposta dentro
de um sistema, um sistema epistemolgico bem particular, um sistema de pensamento
cientfico e filosfico. Sim, Pannenberg prope comunidade acadmica mundial um
sistema teolgico. Sistema amadurecido em quarenta anos de estudo e experincia, e
sintetizado na mais recente dogmtica. Surpreende tambm por ser o terceiro e ltimo
volume dedicado inteiramente a assuntos de eclesiologia, sendo alm disso o mais espesso dos trs, com suas quase setecentas pginas de texto mido e amplamente trabalhado em notas de rodap. Assuntos de eclesiologia so: ao do Esprito Santo, fesperana-amor, Igreja, sacramentos, ministrio(s), escatologia.
Estudo cientfico, dizia eu. Este telogo tem uma brilhante carreira universitria
atrs de si. Mainz, Wuppertal, Heidelberg, e especialmente Mnchen so os marcos
principais, sem citar suas estadas em universidades americanas como convidado. Experincia, eu tambm dizia. Refiro-me ao viver a Igreja, ao dialogar na Igreja. Publicou
um livro com sermes, Gegenwart Gottes (=presena de Deus), traduzido para o italiano. Publicou reflexes sobre espiritualidade crist, sobre viver o sacramental. Est
publicando sobre o pastoreio da Igreja, a questo ecumnica dos ministrios.2 Esteve
Manfred K Zeuch, Doutor em Teologia Protestante (Universidade
de Strasbourg, Frana)
professO/; Coordenador de Pesquisa do Centro de Teologia e Assessor de Teses na Universidade
Luterana do Brasil, Canoas, RS, e professor convidado no curso de mestrado em teologia da
Faculdade de Teologia do Seminrio Concrdia, Este estudo retoma, numa reviso e ampliao,
um artigo anteriormente
publicado,
em portugus.
na Caesura (ULBRA), n fi, jan./jun.
1996, pp. 77-90. A verso anterior foi publicada tambm na Frana, Alemanha e Argentina
1

Wolfhart Pannenberg, Systematische


Theologie, voI. 1-3. Gbttingen, 1988, 1991, 1993. A
traduo em ingls foi concluda e publicada em 1997, em Grand Rapids (Eerdmanns).
Em 1998 publicou por exemplo: <<Evangelischeberlegungen zum Petrusdienst des rbmischen Bischofs,
in Zeitwende 69, 1998, 13-25; <<Lutheransand Episcopy, in Colin Podmore (ed): COlllmunity - Unity
- Cmnmunion, Essais in Honnor of Mary Tanner. Londres: Church House Publishing, 1998, 183-188;
Die lutherische Tradition und die Frage eines Petrusdienstes an der Einheit der Christen, in II
Prima to dei Successore Dieu Pietro. Atti dei Simposio teologico, Roma, diciembre 1996, Citt de!
Vaticano: Libreria Editrice Vaticana, 1998, 472-475. Cfe. tambm meu artigo de 1995; Unidade da
igreja e ministrios de unidade: Esperana ou utopia? Aspectos de um colquio internacional em
Strasbourg. Vox Concordiana [Suplemento teolgico], n 2 (1995), pp. 58-71.

181

Igreja Luterana

- N 2 - 1999

o starting

sempre engajado nas discusses ecumnicas eclesisticas e acadmicas no mais


alto nvel, tratando muitas vezes dos temas aqui citados.]
Pannenberg ocupa um lugar de destaque no mosaico teolgico contemporneo.
Indicou um novo rumo teologia europia a partir de 1961,4 tanto pela sua
redescoberta e revalorizao da cincia histrica para a hermenutica teolgica descreditada h muito nessa disciplina por causa da influncia devastadora da
crtica iluminista - como pela sua impressionante interdisciplinaridade e disponibilidade em dialogar com outras cincias do esprito e com as cincias naturais. Desenvolve, no interesse da f crist, uma teologia argumentativa, que tem por objetivo
re-descobrir a sua auto-conscincia de ento de ser a cincia por excelncia, enquanto compreende a realidade sem excluir a possibilidade Deus. Somente uma
cincia que inclui Deus capaz de chegar a uma compreenso real e global do
existente.
Quanto ao nosso tema: os meios da graa, ou meios de salvao, fazem parte
constitutiva da Igreja, para Pannenberg, o que explica que o seu estudo esteja
includo no captulo da Igreja. Em sua viso histrica da revelao divina, Pannenberg
se decidir pela apresentao mais rara na histria da dogmtica, que coloca a
eclesiologia antes da doutrina dos meios da graa e da apropriao individual da
salvao da parte daquele que cr.5
Pannenberg v, com uma certa ala da teologia catlica,6 a eclesiologia como
sendo uma varivel do estudo do Reino de Deus, (Gottesherrschaft) uma vez que
este Reino determina, por eleio (Erwiihlung), a histria do povo de Deus enquanto Israel e enquanto Igreja. A Igreja est em uma continuidade atual em relao
a IsraeL Nessa relao a Igreja a comunidade escatolgica - o que corresponde
viso histrico-teolgica geral de Pannenberg - e como tal, ela um estgio mais
avanado no caminho da histria da humanidade em direo ao seu cumprimento
totaL A Igreja um sinal mais claro na antecipao do fim, mas no pode se separar
da sua continuidade veterotestamentria. Israel e a Igreja so elementos de uma s
e coerente histria que est revelando Deus, at o dia em que, no fim, reinar de
maneira imediata.

i Panncnberg colabora ativamente no crculo ecumnico de telogos protestantes e catli


cos, tendo contribudo, entre outros, para a srie Lehrverurteilungen,
KirchenTrennend?,
vol. 1-4.
, com a publicao de Pannenberg, Wolfhart; Rendtorff, Rolf; Rendtorff, Trutz; Wilkens, Ulrich.
Offenbarung aIs Geschichte. (Kerygma und Dogma Beiheft). Giittingen, 1961', 19825[com um
prefcio novo)), traduzido em ingls: Revelation as History. (New York, 1968), edio inglesa:
(London, 1969), italiano (trad. da Ia 3' edio: Rivelazione come storia. (Bologna, 1969),
espanhol: La revelacion como historia. Caparros, Antonia, trad. (Salamanca, 1977).
5

Do lado protestante, Werner Elert, por exemplo, optara tambm por essa ordem de apresentao. Do lado catlico, esta ordem foi seguida especialmente depois do conclio do Vaticano
lI, na dogmtica coletiva Mysterium Salutis: J. Feiner et M. Liihrer, ed. Mysterium Salutis.
GrundriB heilsgeschichtlicher
Dogmatik, nos volumes 4/1 (1972) e 4/2 (1973).
Especialmente
com a assim chamada escola de Tbingen, cf. Systematische
Theologie, 3,

p.38.
182

block teolc~

Aquij tocamos no::p,c~.=-ou estrutura da antecipa2:.


chave, o princpio ou
Deus, da Trindade, de Cri,:ou antropolgicas, como t:-~~-:
eno forem vistas ou tratad::.' ; . :
sacramentologia se enqusj-.:.~
Fundamentalmente em':::.:.
e com a exegese bblica cL:
conhecimento da realidade':
fim da mesma: olhando ,,:c:.:. .
e a Igreja ilustram que o ILc" _
reinado final de Deus. O,.'. c'::
incorporado e antecipado. '.:
conhecer este fim, este esc":::, .
fim da histria universal. bs;
que Deus tem com os home:,;:
ressurreio ser geral. Se:'':::
decidir sua situao diame:c _ ; _'
A compreenso globc:: "
Cristologia. A histria, a te:2: .'_
endidas seno a partir de. c ~ .. '::
uma afirmao de seu tra[.'.
divindade de Deus realizo!.: c::
Jesus de Nazar, enquant.: ~...
dos os eventos.1O
O conceito da proleps:: ::
e o presente, - dos dois
Gadamer, filsofo de He::L ~;~,:
contingente e particular TI.' ~.:.::
ser conhecido se no a
o trata da relao entre.' ,_

Cf. Denis Mller. Parol ,: ~. __


33, e Philip Clayton. A~... __"
Pannenberg.
Carl Braa:e~, ::: "
R.D. Pasquariello, Panr::. co:,; .
(1976), pp. 338347.

Cf. Clayton, op. cil. p. l>


Tratei este assunto em ..._.
Pannenberg.
Igreja L.'(
10 Offenbarung
ais GescU:
8

Igreja Luterana

o starting

:".i~as e acadmicas no mais

.. ' : teolgico contemporneo.


:ir de 196I,4 tanto pela sua
. ~3. a hermenutica teolgica _ ~., influncia devastadora da
c iisciplinaridade
e disponibili: _:':1 as cincias naturais. Desen_::Hativa, que tem por objetivo
: - J. cincia por excelncia, en'-ilidade Deus. Somente uma
. ~Jmpreenso real e global do

.:10S de salvao, fazem parte

::,lica que o seu estudo esteja


'.J. revelao divina, Pannenberg
. -:J. da dogmtica, que coloca a
.: ~ : da apropriao individual da

~atlica,6 a eclesi010gia como


~]ttesherrschaft) uma vez que
.=.o:ria do povo de Deus enquan_~-.3.continuidade atual em relao
. ;": :,tolgica - o que cOlTesponde
_ . ~'mo tal, ela um estgio mais
_:: ::11 direo ao seu cumprimento
ia fim, mas no pode se separar
:, Igreja so elementos de uma s
jia em que, no fim, reinar de

:: de telogos protestantes e catli'.'Temrteilungen,


Kirchentrenllelld?
~.,:,jf; Rendtorff, Trutz; Wilkens, Ulrich.
~dt). Gottingen, 19611, 1982S[com um
(New York, 1968), edio inglesa:
.:Iolle come storia. (Bo1ogna, 1969),
~ia, trad. (Salamanca, 1977).
c::. tambm por essa ordem de apresen- : _.:.;:nente depois do conclio do Vaticano
=, c: et M. Lohrer, ed, Mysterium
Salutis.
-,' -'-/1 (1972) e 4/2 (1973).
. _: .:.gen, cf. Systematische Theologle, 3,
c

- N 2 - 1999

block teolgico

Aquij tocamos no epicentro do pensamento teolgico de Pannenberg. a temia


ou estrutura da antecipao, ou prolepse, no termo tcnico. Ela considerada como a
chave, o princpio ou impulso subjacente de sua teologia.? Tanto a sua concepo de
Deus, da Trindade, de Cristo, da ressurreio, ou suas consideraes mais filosficas
ou antropolgicas, como tambm metodolgicas e hermenuticas, no tm sentido se
no forem vistas ou tratadas sob o aspecto da prolepse.8 Tambm a sua eclesiologia e
sacramentologia se enquadram nessa estrutura de pensamento.
Fundamentalmente em dilogo crtico com a filosofia (Hegel, Dilthey, Heidegger)
e com a exegese bblica do Antigo e do Novo Testamento, o telogo conclui que o
conhecimento da realidade da histria (individual e global) s pode ser atingido no
fim da mesma: olhando para trs que se compreende o sentido de uma vida. Israel
e a Igreja ilustram que o mundo caminha dentro de uma histria que culmina com o
reinado final de Deus. Ora, Jesus Cristo no pode ser seno este momento final
incorporado e antecipado. No Cristo ressurreto Deus antecipou o fim, e nos d a
conhecer este fim, este eschaton, por antecipao. Para conhecermos o objetivo e o
fim da histria universal, basta olharmos para Jesus Cristo reSSUlTeto.Esta a meta
que Deus tem com os homens: viver na comunho com eles numa nova realidade. A
ressurreio ser geral, sendo que na postura do indivduo diante de Jesus se
decidir sua situao diante de Deus.9
A compreenso global da prolepse est, pois, intimamente ligada sua
Cristologia. A histria, a totalidade da realidade, e a teologia no podem ser compreendidas seno a partir de, e em Jesus Cristo em sua vida, morte e ressurreio. Cito
uma afirmao de seu trabalho programtico de 1961: A revelao universal da
divindade de Deus realizou-se, no na histria de Israel, mas somente no destino de
Jesus de Nazar, enquanto nesse destino irrompeu, antecipadamente, o fim de todos os eventos.10
O conceito da prolepse uma tentativa de descrever a relao entre o passado
e o presente, - dos dois horizontes, como Pannenberg o compreende segundo
Gadamer, filsofo de Heidelberg . e o futuro, bem como a relao entre o que
contingente e particular no passado e o sentido de toda a realidade, que no pode
ser conhecido se no a partir do futuro, tambm aberto e contingente. A antecipao trata da relao entre a parte e o todo, na histria universal. Jesus Cristo o

Cf. Denis Mller. Parole el Hisloire. Dialogue avec IVoifhart Pannenberg. Genebra, 1983, p,
33, e Philip Clayton. Anticipation and Theological Method, in The Theology of Woifhart
PannenberR. Carl Braaten et Philip Clayton, ed. Minneapolis,
1988, pp. 122-152 (128), e
R.D. Pasquariello, Pannenberg's philosophical foundations
in The Joumal of Religion 56
(1976), pp. 338-347.
, Cf. Clayton, op. cit. p. 128.
Y Tratei
este assunto em A salvao universal e a escatologia no pensamento de Wolfhart
Pannenberg.
Igreja Luterana, voi. 56, n 1 (7/1997), pp. 39-58 .
10 Offenbarung
ais Geschichte, p. 103.
7

183

Igreja Luterana - N 2 - 1999


evento particular significativo no qual o todo da realidade foi antecipado. Ele a
irrupo prolptica do fim, no curso da histria da humanidade. A prolepse encontra-se, ento, numa tenso entre o j, e o ainda no. A batalha final j foi travada,
mas o armistcio ainda est por vir, conforme uma expresso do recm-falecido e
grande Oscar Cullmann, ex-professor em Strasbourg e na Basilia.ll
O conceito de antecipao de Pannenberg no tenciona servir filosofia, e tambm
no deriva-se simplesmente de suas leituras filosficas - mesmo se ele um dos telogos que mais intensamente dialogaralll com a filosofia - mas tenciona antes expressar
a estrutura fundamental deste evento (considerado historicamente verificvel, alis!)
central do clistianismo, a saber, a ressurreio de Jesus Cristo. 12 O conceito da unidade
da histria, e de sua antecipao a partir do fim, no novo. Comeou j com Hegel.
Mas ele no ultrapassava, no pensamento hegeliano de filsofos como Dilthey e
Heidegger, o muro ou abismo intransponvel da finitude humana, a morte. Pannenberg
escreveu em 1967: O conceito de Heidegger, segundo o qual a totalidade do ser no
pode ser obtida ou compreendida seno a partir de uma antecipao que corresponda
ao primado do futuro sobre a temporalidade [...] precisa somente ser livrado do erro de
querer compreender a totalidade do ser a partir da morte. A conscincia do carter
inevitvel da prpria morte pode despertar no ser humano a seriedade da questo pelo
seu destino, mas no pode ela mesma ser o conhecimento do destino ltimo do homem,
que constitui o todo do ser.13Neste caso, o destino ltimo do ser o nada. O nihil.
Mas o no-ser no um destino que faa sentido. antes uma ameaa, como dizia
Paul Tillich. Pannenberg atravessa o impasse filosfico, e vai achar o fim e o sentido
alm desse muro ou abismo ameaador. O fim e o sentido de toda realidade humana so
dados naquele evento que ultrapassa a morte, e no qual o ser humano encontra o seu
destino, e o sentido da histria universal: a ressurreio da morte e a chegada do
reinado imediato e universal de Deus.

A Igreja e os sacramentos indicam


antecipadamente o Rein(ad)o de Deus
A prolepse determina, assim, igualmente a viso dc Pannenberg da Igreja e sua
relao com o Reino de Deus. A essncia da Igreja, bem como seu destino ou o seu
alvo, esto estreitamente ligados noo de Reino de Deus.14 Essa relao se

" Amold, Matthieu. <<In Memoriam Oscar Cullmann. (25 fvrier 190216 janvier 1999).
L'exgese du Nouveau Testament au service de Ia Thologie. Positions Luthriennes,
47e
anne, n01 (Janvier-Mars
1999), p. 5. Abordo a diferena entre Pannenberg e Cullmann
neste particular na minha tese de doutorado: Signes du Royaume de Dieu. L'Eglise
et les
sacrements
dans Ia thologie de Wolfhart Pannenberg
(Strasbourg,
1997, 423 p. Lille
Theses, 1998, microficha),
p. 42.
" como bem o resume Clayton, op. cit. p. 129.
13ber historische und theologische Hermeneutik, in Grundfragen Systematischer Theologie.
Gesammelte
Aufsatze, vol. 1. Gottingen, 1967', pp. 123158 (146-147).
14Cf. Die Kirche und das eschatologische Gottesreich, in W.Pannenberg, C.Braaten, A.Dulles.
Kirche ohne Konfessionen?
H-J.Pesch,
trad. Mnchen,
1971, pp.119-135
(119) c W.
Pannenberg, Thesen zur Theologie der Kirche. Mnchen, 1970, p.9.

184

compreende, no seu pen,::::. =_ ..


escatolgica15: A Igreja (; ,:-.::.::_~_ :
no Reino de Deus. Esta cr.-essncia em seu destine .'.
Reino de Deus.l Seu ser _
agora. Nesta representa:c:
Agostinho, Pannenberg ir:,
Zeichen, sinal.
E os sacramentos? Tamto:'
pao. Vejamos: no batismc ::.r' . vorweggenommen) pelo fate ::c :: - '.
participao na morte de Cri::::
tambm, doravante, da vida '':0 rc
dado como garantia. Vere:>
Pannenberg: Se a revelae ~ ::..- .
cumprimento, que se poder c .
acontece no caso do batismc' .'-"r _
to com Cristo pelo batismo. :
vida do cristo, como j pode ::er ~:
outras palavras: a histria'::
concretizao histrica do e'.c-'
vida crist, ento, no ser Cl:r::. _
Cristo, no qual todavia a r:'c::'
vida de ressulTeio no crisc::
Semelhantemente

acontece:

constitutiva para o ser da Igrc."::'


celebra a ceia do Senhor. um c.==
humanidade. Esse destino a i' .C:-:C.
A tradio apocalptica j udi:::':: ~_.
imagem do banquete, um:. r'
ltimo, e que se confirma n: c'comensalidade que pratica-. 2._ : recebeu, no entanto, uma dime":
qual os seus discpulos tomar::::. i' ::.
pontos mais detalhados qU2:F.. _ ..

" Cf. M.E.Brinkmann.


De,
Theol. Tijdschrift, 1 (197'
li, Systematische
Theologi
17Ibid. p.272.
181bid.
" Ibid. p.323s.
Ibid. pp 317.

20

.__.,

Igreja Luterana - N 2 - 1999


-::~,:jade foi antecipado, Ele a
- ~:-:-,anidade.A prolepse encon-\ batalha final j foi travada,
::\rresso do recm-falecido e
_:;: :: na Basilia.ll
;:.::-taservir filosofia, e tambm
- mesmo se ele um dos telo- mas tenciona antes expressar
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_- :::risto.12 O conceito da unidade
:: :,.Jvo. Comeou j com Hegel.
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, _- ::: .J qual a totalidade do ser no
__ :',;:'antecipao que corresponda
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C-.:: do destino ltimo do homem,
.iltimo do ser o nada. O nihil.
-:.:~rltesuma ameaa, como dizia
-:: ::. e vai achar o fim e o sentido
- ..ja de toda realidade humana so
:~::.l o ser humano encontra o seu
, ,c..s

compreende, no seu pensamento, quando se toma em considerao a sua ontologia


escatolgica15: A Igreja chamada a ser a antecipao da sociedade consumada
no Reino de Deus. Esta ontologia escatolgica significa que o ser (ontos) tem sua
essncia em seu destino (eschaton). A Igreja a representao provisria do
Reino de Deus.16 Seu ser consiste em representar o destino final da humanidade j
agora, Nesta representao a Igreja sinal. Em laos intelectuais estreitos com
Agostinho, Pannenberg incorpora em sua eclesiologia intensamente o conceito de
Zeichen, sinal.
E os sacramentos? Tambm no batismo existe a estrutura ontolgica da antecipao. Vejamos: no batismo a morte futura do batizado antecipada (zeichenhaft
vonveggenommen) pelo fato de ser ali o indivduo associado morte de Cristo. Esta
participao na morte de Cristo lhe dar igualmente a certeza de que ele participar
tambm, doravante, da vida de ressurreio de Cristo, pelo que o Santo Esprito lhe
dado como garantia. Vemos aqui o starting bloch do programa teolgico de
Pannenberg: Se a revelao a histria, ento a partir do fim da histria, do seu
cumprimento, que se poder compreender a unidade do percurso histrico. o que
acontece no caso do batismo. 17A participao na morte de Cristo, ou o sepultamento com Cristo pelo batismo, o fundamento da relao do batismo com o caminho da
vida do cristo, como j pode ser percebido pelo seu cumprimento final, futuro. Em
outras palavras: a histria da vida do cristo entre o batismo e a morte a
concretizao histrica do evento prolptico do batismo: morte e ressurreio. A
vida crist, ento, no ser outra coisa do que um processo contnuo dc morte com
Cristo, no qual todavia a presena do Esprito Santo garante a realidade da nova
vida de ressurreio no cristo. I! O batismo , assim, constitutivo ao ser da Igreja.

_:-:::~o da morte e a chegada do

:.JS

ie Pannenberg da Igreja e sua


em ,como seu destino ou o seu
.." de Deus.14 Essa relao se
=

:5 fvrier 1902-16 janvier 1999).


,:gie," Positions Luthriennes, 47e
,:~:;,aentre Pannenberg e Cullmann
?"\'Gume de Dieu. L'Eglise
et les
Strasbourg,
1997,423
p. Lille-

Semc1hantemente acontece com a santa ceia. Como no caso do batismo, ela


constitutiva para o ser da Igreja.19 A Igreja , na qualidade de comunidade que
celebra a ceia do Senhor, um sinal e um instrumento do destino escatolgico da
humanidade. Esse destino a participao do homem no Reino de Deus no eschaton.
A tradio apocalpticajudaica, que via o futuro da comunho no Reino de Deus na
imagem do banquete, um sinal, na histria, que permite reconhecer este destino
ltimo, e que se confirma no comportamento e na prtica de Jesus,20 a saber, na
comensalidade que praticava com os pequenos e excludos. Esta comensalidade
recebeu, no entanto, uma dimenso totalmente nova na ltima ceia, - a eucaristia - na
qual os seus discpulos tomaram parte na sua vida e morte. Vejamos a seguir alguns
pontos mais detalhados quanto Igreja e os sacramentos.

cr M.E.Brinkmann. De plaats van de Kerk in w.Pannenbergs


Theol. Tijdschriji, 1 (1978), pp.31-41 (35).
l Systematische
Theologie 3, p.385 .
!7 Ibid, p.272.
I' Ibid.
15

-:dfragen Systematischer Theologie.


. :::-158 (146-147).
',\'Pannenberg, C.Braaten, A.Dulles.
]971,
pp.119-135
(119) e W.
1970, p.9.

10
10

Theologie

in Nederlands

lbid. p.323s.
Ibid. pp 317.

185

Igreja Luterana - N 2 1999

Igreja e Rein(ad)o de Deus


Como indicado acima, Pannenberg comea suas consideraes eclesiolgicas
pelo elo estreito entre a Igreja e o Reino de Deus. Referindo-se ao Pestecostes,
afirma que a Igreja a conseqncia do passo dado em direo proclamao
[pblica] da ressurreio e elevao de Jesus Cristo,21 A Igreja recebeu provas, ou
sinais escatolgicos, de que o reinado de Deus j est iniciado (im Anbruch). Essas
provas so a realidade escatolgica da ressurreio dos mortos j realizada em
Jesus, e o fenmeno do dom do Esprito Santo, prometido para os ltimos tempos ,22
A Igreja somente um aspecto parcial desse reinado de Deus que comea na nossa
histria, uma reunio provisria da comunidade que aguarda a vinda de Deus,
Assim, Pannenberg no identifica - com razo - a Igreja com o Reino de Deus,
Segundo ele no existe tambm uma diferena somente quantitativa entre ambos, como se o Reino de Deus fosse apenas maior do que a Igreja.
Qual , ento, a natureza e o destino da Igreja? A partir da antologia eschatolgica
de Pannenberg possvel afirmar que a essncia ou a natureza de toda existncia
no nos conhecida agora, mas que o futuro revelar a verdadeira natureza de
todas as coisas, O telogo holands Brinkmann conclui, ento, que a questo pela
essncia no uma questo de origem, mas antes uma questo de fim, de futuro.
Segundo esta viso, a essncia da Igreja teria a ver com o cumprimento do reinado
de Deus, em que tudo dever encontrar sua vocao, seu destino.23
Pannenberg no v, portanto, a Igreja como uma instituio consumada, terminada. Para ele a Igreja se encontra, antes, num movimento, e os seus atributos essenciais,
como a sua santidade, sua catolicidade e apostolicidade so critrios desse movimento, nesse movimento que a Igreja tenta realizar a sua essncia, a qual, segundo essa
tese, ao mesmo tempo o destino e o alvo da Igreja.24 Pannenberg faz aqui justa
referncia a Gerhard Ebeling, Ebeling explica, no volume terceiro de sua Dogmtica da
F Crist, porque os atributos da unidade, da santidade, da apostolicidade e catolicidade
da Igreja (credo Niceno) devem ser enfatizados: [...] existe, apesar de tudo, uma relao inegvel entre estes atributos e uma certa realidade da Igreja, realidade esta que, ao
invs de confirm-Ios, lhes totalmente contraditria. Mas por isso mesmo que se
tem de afirmar to enfaticamente a unidade da Igreja: porque ela to radicalmente
contestada e ameaada, Tambm a apostolicidade da Igreja deve ser realada to enfaticamente: porque sentimos tanto como a Igreja est sendo arrastada para longe de sua
fonte [origem] apostlica e como ela est indo em direo de um futuro incerto. A
santidade da Igreja to importante porque nela se acumulam intensivamente tantos
traos pecaminosos [Unheiligkeit], E a universalidade torna-se to central para a
Igreja porque sua prpria tendncia para o particularismo lhe d tanto trabalho.25 No

" lbid. pAG.


22 Ibid, pA2.
23 Brinkmann,
art. cil. p. 32,
24 Ibid, p.37.
25 Gerhard
Ebeling, Dogmatik

186

des christlichen

Glallbens

voI. 3. Tbingen,

1979, p.369s.

pensamento pannent~~~
que Deus d IgreJa. ~.ec::
mesclas do pecado, on::.~.
fim derradeiro, Dados ;:",:>:
da Igreja, Ela em Crise:. ~
a imagem da situao I:::::
Deus.
O movimento e o aI'.

contexto prolptico, ant~:: -:._


douro de Deus. Aqui preOIC::';
ou funo do sinal <'.mcs'.::-~
ser rigorosamente disting-,,:_.
de sinal em dois sentidos ,j'f~~~-'
o sinal chamado sacramEC'
to de sinal aplicado Igrej 2:. :?'::~-: I'
tar uma identificao ou lI:' :' ..' _ -:-=
objeto - o Reino de Deus - s=~::.
- a Igreja. Reino de Deus se:.
Entre os reformador~, _~_
tambm era comum26 L',,:~:
to instituio externa, nE: '~.::_
=;:dade de Reino de Deus:',.
Palavra. Claro que no ;:''::~-'

cr Systematische The,
como Da Autoridade Se:'::,
27 Von dem Papstthllm
Z!i Fi'
6, 293: "[H'] aufz wilche", <,.-das reich gottis (szo nenroe: ":
wider hie noch da, sond",,::
26

iiberchristlich, iibergeisr':,'.
WA 7, 683: "Ich meyn \he
yn wilchen gott lebt und :o;c28 Lutera,
numa carta a Sp.L::605: Regnllm Dei est Ec'
29 Praelectio
D. Martini L:::'

I::'

Ego sum Princeps virae.


mecum, adhaerete mih: o' e:' .. _
sitis. Talem igitur haber:.C' .c;c
amem imperfectum reg;-,cc. u
autem perficietur, cum ':;-0 :"<
facie ad faciem (Num :c
.
pessoa imortal, a morte c. ~.
mente a mim, e onde e;:c'~ ._ ._
vida comea esse rein;.':
comeando. Mas quandc e:~
o seu Reino: comear ...:~'

Igreja Luterana - N 2 . 1999

_c.>consideraes eclesiolgicas
,_: Referindo-se ao Pestecostes,
:c.:io em direo proclamao
: A Igreja recebeu provas, ou
.' :!, iniciado (imAnbruch). Essas
:~:' dos mortos j realizada em
-: :-:-,eridopara os ltimos tempos 22
- .i:. de Deus que comea na nossa
: ~ue aguarda a vinda de Deus.
. J. Igreja com o Reino de Deus.
; . mente quantitativa entre am.: io que a Igreja.
.~ Dartirda ontologia eschatolgica
c. :u a natureza de toda existncia
-'., elar a verdadeira natureza de
: :nciui, ento, que a questo pela
.-' uma questo de fim, de futuro.
:-,.com o cumprimento do reinado
_c.,ia, seu destino.23

_-.c. instituio consumada, tennina:-::-~i[O, e os seus atributos essenciais,


,. c..deso critrios desse movimen~- c.>ua essncia, a qual, segundo essa
:;:-eja.24Pannenberg faz aqui justa
= :ume terceiro de sua Dogmtica da
,: J.je. da apostolicidade e catolicidade
._existe, apesar de tudo, uma rela~ .ic.de da Igreja, realidade esta que, ao
., na. Mas por isso mesmo que se
. :;-:-",;a:porque ela to radicalmente
_:-:.Igreja deve ser realada to enfa. :-::.: sendo arrastada para longe de sua
. .'. direo de um futuro incerto. A
_ ':- 1cumulam intensivamente tantos
.:::iade torna-se to central para a
. _,J...c"lsmo
lhe d tanto trabalho.25 No

. \01. 3. Tbingen,

1979, p.369s.

pensamento pannenbergiano pode-se compreender estes atributos como a essncia


que Deus d Igreja, mas que somente ser realidade evidente e absoluta (sem as
mesclas do pecado, onde o simul da expresso de Lutero deixar lugar ao solus iustus) no
fim derradeiro. Dados em Cristo j agora, por antecipao, estes atributos guiam a marcha
da Igreja. Ela em Cristo, e ao mesmo tempo precisa tornaI-se. O alvo guia o movimento.
a imagem da situao individual do cristo, cuja vida constante luta no Esprito de
Deus.
O movimento e o alvo da Igreja no podem ser confundidos ou identificados. No
contexto prolptico, antecipativo, Pannenberg designa a Igreja de sinal do Reino vindouro de Deus. Aqui precisa-se dar cautelosa ateno ao conceito de sinal. A natureza
ou funo do sinal mostrar ou indicar alguma coisa. Normalmente o sinal deve
ser rigorosamente distinguido do objeto sinalizado. Mas Pannenberg usa o conceito
de sinal em dois sentidos diferentes. O sinal chamado Igreja de outra natureza do que
o sinal chamado sacramentos. Voltarei a isso, mais adiante. No que se refere ao conceito de sinal aplicado Igreja, Pannenberg chama a ateno ao perigo que pode representar uma identificao ou mistura entre o sinal e o objeto sinalizado. No caso da Igreja: o
objeto - o Reino de Deus - ser confundido com a pequenez e fragilidade do seu sinal
- a Igreja. Reino de Deus ser confundido com Igreja .
Entre os reformadores uma certa identificao entre
tambm era comum26 Lutero no identificava a Igreja com
to instituio externa, mas enquanto comunho de crentes.
dade de Reino de Deus27. A Igreja o Reino de Deus2x
Palavra. Claro que no podemos dizer que para Lutem

Igreja e Reino de Deus


o Reino de Deus enquanDeus chama sua cristane governada por sua
o Reino de Deus estava

Cf. Systematische
Theologie 3, p. 47, onde Pannenberg indica alguns escritos de Lutcro,
como Da Autoridade Secular (1523), WA 11.
27 Von dem Papstthum
zu Rom wider den hochberhmten Romanisten zu Leipzig (1520), WA
6, 293: "[ ... ] aufz wi1chen <Sprchen> [Jn 18,86: Lc 17,20s] klerlich yderman vorstet, das
das reich gottis (szo nennet er seine Christenheit) ist nit zu Rom, aueh nit an Rom gebunden,
wider hie noch da, sondern wo da inwendig der glaub ist", e respondia a Emser em Auf das
berchristlich, bergeistlich und berknstlich Buch Bocks Emsers zu Leipzig Antwort (1521),
WA 7, 683: "Ich meyn yhe, du heyssist das reych gottis die Christenliehe kirche odder uns,
yn wilehen gott lebt und regiert", sendo que Lutero concordava aqui.
28 Lutero, numa carta a Spalatin,
de 4.10.1522, refere-se aqui aRam 14.17, WA Br. N 541, p .
605: Regnum Dei est Ecc/esia Christi .
29 Praelectio
D. Martini Lutheri in Psalmum XLV (1532), WA 40/Il, 517s: "Qui dicit [Christus]:
Ego sum Prineeps vitae, persona immortalis, a morte invineibilis. Nune ergo conglutinemini
mecum, adhaerete mihi et effieiamini membra mea, tune fiet, ut, ubi ego sum, ibi etiam vos
sitis. Talem igitur habemus regem, qui sie regnat in hae vi ta incipiens aeternam vitam. Est
autem imperfeetum regnum quod ad nos, quia inehoatum tantum est, non est perfectum, tum
autem perfieietur, cum 'tradet regnum Patri' (1 Kor 15,24). Ibi perfeete cernetur Deus de
facie ad faeiem (Numa traduo do alemo: "Pois o prprio Cristo diz: 'Eu sou Deus, uma
pessoa imortal, a morte no pode me vencer, por isso vocs devem unir-se o mais intensamente a mim, e onde estou, l tambm estaro vocs'. Assim ele reina etemamente, e nessa
vida comea esse reinado. O quanto depender de ns, o reino imperfeito, est somente
comeando. Mas quando ele 'entregar o Reino ao Pai' (1 CO. ]5.24), vai ser diferente. Isto
o seu Reino: comear aqui o reino da vida, destruir a morte, e um dia estar nele sempre.").
26

187

Igreja Luterana . N 2 - 1999


realizado e cumprido na Igreja. Ele est somente esboado29, mesmo se j est neste
mundo.30 Tambm as confisses luteranas conheciam este tipo de equao entre os
dois conceitos, quando Melanchthon por exemplo diz na Apologia, art. VII, que a
verdadeira Igreja o Reino de Crist03!, e que este Reino se resume exclusivamente
nos verdadeiros crentes da Igreja32. Bugenhagen sabia dizer que os eleitos so o
Reino de Cristo33, assim como Lutero tambm afirmava que os cristos podem
cstar seguros de serem o Reino de Deus34. Seguindo esta concepo, o luteranismo
tem tradicionalmente mantido esta tendncia para uma certa equao entre Reino de
Deus e Igreja. O dogmtico americano F. Pieper, por exemplo, podia identificar a
Igreja Crist com o Reino de Deus sobre a terra35.
Pannenberg convida para uma reflexo globaj dos cristos sobre estes conceitos e argumentaes, sendo que em sua reflexo no esto ausentes categorizaes
filosficas fundamentadas especiahncnte sobre Agostinho. O sinal no o objeto
sinalizado. Quando h simples identificao entre os dois conceitos, ou quando a
prpria igreja no fizer clara distino entre ambos, isso s pode ter como conseqncia o descrdito de sua mensagem de esperana, porque esta estar em contradio com o lado pobre, imperfeito e contraditrio de sua humanidade. 36A Igreja no

30

WA XV, 542, num sermo sobre Jo. 16.5ss: "Hie horst du, daS sein Reich auf Erden sei, und
sei nicht sichtlich, sondem stehe im worte [--T. Existe na viso de Pannenberg uma modi
ficao clara de nfase: enquanto que Lutero e a teologia luterana antiga compreendiam
o
Reino de Deus como estando presente neste mundo, escondido na Palavra, Pannenberg o
compreende como estando somente antecipado neste mundo e representado no sacramento.
A Palavra leva o cristo a este sacramento.

BSLK, Apologia CA VI,16, p. 237: Ad haec ecclesia est regnum Christi, distinctum contra
regnum diaboli, cr aussi Martim Warth: "O reino de Deus". Palestra, 49' conveno nacional
da !ELB, So Leopoldo, 19-25 janeiro de 1984, datilografado, p. 8.
10 Ibid.,
Apologia CA VII, 18s: Nec propterea impii sunt regnum Christi, quia revelatio nondum
facta est. semper enim hoc est regnum Christi, quod spiritu suo vivificat, sive sit revelatum,
sive sit tectum cruce. (<<Nem so os mpios o Reino de Cristo, por isso que a revelao ainda
no ocorreu. Pois que Reino de Cristo sempre aquilo que ele vivifica por seu Esprito, quer
esteja revelado. quer esteja encoberto pela cruz. Traduo emprestada de A. Schueler em
Livro de Concrdia. So Leopoldo - Porto Alegre: Sinodal, Concrdia, 1980, p. 179s.)
13 Annotationes,
p. 98, cf. Wemer ELERT, Morphologie des Luthertums, Bd. 1, p. 436.
'4 Sermon: Die Epistel am ersten S01Jtag ynn der Fasten 2. Corin. 6 (1525), WA 17 lI, 185:
"Christenleute sollen gewis seyn, das sie Gotts reich sind", indicado por Elert, op. cit., p. 436.
;s "Das ist die Lehre Luthers
und der lutherischen Kirche. Um scharf hervorzuheben, daS keine
auSere Gemeinschaft mit Christen und kein auSerer Gebrauch der Gnadenmittel, sondem nur
der personliche Glaube an das Evangelium in das Himmelreich
auf Erden, das ist, in die
christliche Kirche bringe, sagt Luther: 'Sonst ware ein Mensch eben im Himmelreich,
ais
wenn ich einen Klotz oder Block unter die Christen wrfe [__.]''' <citado por Pieper de Walch'
XI, cal 490, sermo de 1523 sobre Mt 8,113>, Francis Pieper, Christliche Dogmatik, VaI.
m. SI. Louis, 1920, p. 460 (a nfase est no original). Eu abordo a questo da relao entre
os conceitos de reino do poder, reino da graa e reino da glria, na teologia luterana, em
minha dissertao de doutorado, citada supra, pp. 96ss.
36 Ver na Igreja o rosto da pecadora
uma tradio luterana, enraizada no conceito patrstico
da casta meretrix, cr H. Fries em M.v-,terillm Salul-" 4, p. 229. Luther dizia: non est tam
magna peccatrix ut christiana ecclesiae (no h pecadora to grande quanto a Igreja), citado
por Eberhard
Jngel: Die Kirche aIs Sakrament, in Zeltschrift fr Theologie und Kirche
(1983), p. 453.
31

a forma definitiva de R~
simboliza - vivendo em C:- ,..
de Deus. Ela tem, portan:.:
de vida individual e cc:rcc::-.:::
proclamaY A esperan a d :=: c . expressar na maneIra pei: -=_
Deus a capacitou.38
Igreja

Um dos problemas
Igreja sua relao com Cris:
catlica Mysterium Saiu tis t::,~'~
conceito da Igreja como IlLc:::' _'.:
pela vulgata do termo neotes:.:.'
Igreja, ou deve ele ser exclusi \l.--:-.:':-_
quando se trata do conceito de
sua concepo de revelao: : :--":"
o divina, atravs dos testen:_:-.'-..
Jesus Cristo, o seu sentido def:-.
to comunidade de Jesus Cri,: .. _
realidade.40
Pannenberg insiste ness:: :-.:.
cristocentricidade da Igrej a fc:"
mistrio da vontade divina d~ s.:.:
esse mistrio tomou forma n"
17

lbid, p. 38. Um documentc ':c ~~:_.


nesse sentido: A carateriE;~:
:.
uma determinao de sua ~':~:_:~-:

muito imperfeitamente
aqui I: ~_=
Ela a nova comunho daq::e, . _.
justificativa para as expectati-.:..' c c
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devem se tr3;;S=":~.
somos simplesmente confcr7T::
ao mesmo tempo a unic d Por isso ela no pode se; :~ _.
reconciliados em Cristo. E ;::.
deve realmente ser, e por 2:;:::.'
Zeichen der Einheit. TeXle
Gottingen,
1979, p. 11s.
38

3Y

40
41
42

188

e Jesus Cristo

cr Brinkmann, art. cit. p.


volume de Systel1'latische T::,.
Kirche, p. 56 e W. PanneC~":;
den Fragen der Gegem, (ir:. ,,--,-.
Systematische
Theologie. :
._
cr O resumo de Brinkmc.r ...
Telogo sistemtico de H~::..c.-c';
S.vstematische Theologie
:

Igreja Luterana - N 2 - 1999

a forma definitiva do Reino de Deus, ela tem antes uma funo simblica: ela
simboliza - vivendo em Cristo - o cumprimento final do destino humano, no reinado
de Deus. Ela tem, portanto, a tarefa de vigiar e cuidar da sua fOlTIlade organizao e
de vida individual e comunitria, para que nada obscurea a esperana que ela
proclama.37 A esperana do Reino por vir est ligada f e ao amor. F e amor vo se
expressar na maneira pela qual a Igreja estabelece e vive comunho, para a qual
Deus a capacitou.38

,~i=,:;, mesmo se j est neste

~~le tipo de equao entre os


:'3. Apologia, art. VII, que a
- ~eresume exclusivamente
'.::' dizer que os eleitos so o
-a que os cristos podem
c <, concepo, o luteranismo
::..erta equao entre Reino de
.. 'lemplo, podia identificar a
==

A Igreja

, :ristos sobre estes concei~ o ,o ausentes categorizaes


. :'nho. O sinal no o objeto
iais conceitos, ou quando a
_o'='
s pode ter como conseq- -:'que esta estar em contradi. '.l humanidade.36 A Igreja no

..
c

~.}

daI) sein Reich auf Erden sei. und


viso de pannenberg uma modi-

:::c luterana antiga compreendiam


',:ndido
na Palavra, Pannenberg
.:~jo e representado

o
o

no sacramento.

,': regnum Christi, distinctum contra


49' conveno nacional

_ c. " Palestra,

- ;:~fado, p. 8.
-epum Christi, quia revelatio nondum
:::,1 suo vivificat, sive sit revelatum,
~;csto. por isso que a revelao ainda
::C.c ele vivifica por seu Esprito, quer
,,:io emprestada de A. Schueler em
::21, Concrdia,
1980, p. 179s.)
- LlIth"rtums, Bd. 1, p. 436.
: Corin. 6 (1525), WA 17 lI. 185:
'. indicado por E1ert, op. cit., p. 436.
m scharf hervorzuheben, daI) keine
- c: :3uch der Gnadenmittel, sondem nur
_ .::-,melreich auf Erden, das ist, in die
\1ensch eben im Himmelreich.
ais
=

'.'

-:0 [ ... ]'" <citado

por Pieper de Walch'


Pieper, Christliche Dogmatik, Vol.
E'J abordo a questo da relao entre
da glria, na teologia luterana, em

-"s

_:":'ana, enraizada no conceito patrstico


.:.. p. 229. Luther

dizia: non est tam


a Igreja), citado
Zeirschriji fr Theologie und Kirche

~2 to grande quanto

e Jesus Cristo

Um dos problemas ligados a uma compreenso adequada do que a essncia da


Igreja sua relao com Cristo. O conclio do Vaticano n, e em seguida tambm a dogmtica
catlica Mysterium Salutis bem como uma parte da teologia protestante tm integrado o
conceito da Igreja como j.1U0r77PWv,ou sacramentUln39, que a traduo latina introduzida
pela vulgata do termo neotestamentrio. Este conceito apropriado quando aplicado
Igreja, ou deve ele ser exclusivamente aplicado a Cristo? Qual o elo entre a Igreja e Cristo
quando se trata do conceito de j.1UOr7jpwv? Pannenberg o explica dentro do prisma de
sua concepo de revelao: a histria, na qual todo ser humano pode perceber a revelao divina, atravs dos testemunhos escritursticos, recebe e demonstra, na histlia de
Jesus Cristo, o seu sentido definitivo e a sua unidade, por antecipao. A Igreja, enquan
to comunidade de Jesus Cristo, o lugar onde este sentido pode ser percebido em nossa
realidade.40

Pannenberg insiste nesse ponto, com Eberhard Jngel41alis, porque para ele a
cristocentricidade da Igreja fundamental, sua unio com ele essencial e vital. Se o
mistrio da vontade divina de salvao foi revelado ou manifestado em Jesus Cristo,
esse mistrio tomou forma na Igreja, porque ela o corpo de Cristo.42 O j.1uorijpwv
" Ibid, p. 38. Um documento de estudos sobre a unidade da Igreja, publicado em 1979, affirmava
nesse sentido: A caratetizao das deformaes da Igreja mostra que assim no se pode obter
uma determinao de sua natureza e sua misso. Manifestamente
a Igreja emprica espelha
muito imperfeitamente aquilo que ela deveria ser, de acordo com a vontade de seu Senhor. Ela a nova comunho daqueles que foram reconciliados com Deus em Cristo. Aqui est a
justificativa para as expectativas que se tem para com a Igreja. [H'] verdade que todas estas
expectativas
devem se transformar
a partir da reconciliao
em Cristo; porque ns no
somos simplesmente confoffi1ados e saciados em nossos desejos a partir da cruz. Esta Igreja
ao mesmo tempo a unio de homens cheios de capacidade de errar, de fraqueza, de pecado.
Por isso ela no pode ser reconhecida
automaticamente
como uma nova comunho dos
reconciliados em Cristo. E por isso tambm ela precisa orientar-se sempre por aquilo que ela
deve realmente ser, e por aquilo deixarse avaliar e medir. Niels Hasselmann, d. Kirche im
Zeichen der Einheil. Texte und berlegungen
zur Frage der Formen kirchlicher Einheit.
Gottingen, 1979, p. 11s.
38 CL Brinkmann,
art. cil. p. 36. Quanto ao tema f, esperana e amor, ver tambm, neste
volume de Systematische
Theologie, pp. 156ss, como tambm Thesen zur Theologie der
Kirche, p. 56 e W. Pannenberg Das Glaubensbekenntnis.
Ausgelegt und verantlvortet vor
den Fragen der Gegellwart. Hamburg, 19721, 19956 [edio revista], p. 134.
3' Systematische
Theologie, 3, p. 52 .
40 CL o resumo
de Brinkmann, art. cil. p.3 L
" Telogo sistemtico de Heidelberg.
'2 Systematische
Theofogie, 3, p. 58.

189

Igreja Luterana - N 2 - 1999


o desgnio do plano histrico de Deus43, um desgnio escondido, mas ao mesmo
tempo revelado para os que crem. O termo central Col. 1.26-27. Na opinio de
Pannenberg, a teologia catlica, depois do Vaticano II, no atingiu toda a compreenso bblica do conceito de Igreja como sacramento quando ela v a Igreja somente
como um mistrio divino inacessvel aos conceitos e representaes humanas44.
Ao mesmo tempo em que resume ou empobrece o conceito de mistrio, atribui
Igreja um conceito maior do que ela : identifica Cristo com a Igreja.

em Cristo que esse mistrio foi revelado, E esse mistrio em Cristo manifestase, ento, agora, na Igreja, porque esta inseparvel daquele, mesmo se distinta
dele, sendo ele a cabea do corpo. A Igreja no pode, pois, ser considerada por ela
mesma como sendo o mistrio da salvao, ou como o sacramento da unidade para
a humanidade, em sua condio de sinal, insiste Pannenberg em sua discusso com
uma parte de teologia catlica. Ela o somente porque ela est em Cristo, e Cristo
est ativo nela.45 Pannenberg o expressa assim: A Igreja , enquanto corpo de
Cristo, o povo escatolgico de Deus oriundo de todas as naes. Assim ela um
sinal da reconciliao que sinaliza e indica a unidade futura da humanidade regenerada no Reino de Deus. Jesus Cristo a revelao do mistrio divino da salvao,
porque a reconciliao da humanidade desemboca, a partir da morte e ressurreio
dc Cristo, no Reino de Deus. E pela participao do plano de salvao de Deus
revelado em Jesus Cristo, que a Igreja torna-se um sinal do futuro da humanidade
sob o Reinado de Deus. Ela participa nesse plano quando existe enquanto corpo de
Cristo.4
Comunho

dos santos

Falando da relao entre a comunidade do Messias e o indivduo (captuloI3),


Pannenberg aborda uma questo atual na discusso em teologia ecumnica sobre a
ec1esiologia de comunho, que se considera a si mesma um questionamento da
definio tradicional da Igreja como a totalidade de indivduos que crm, e que se
considera, em conseqncia disso, uma viso nova da Igreja. Essa viso considera
- de forma bastante abstrata - a Igreja como uma entidade anterior e prioritria aos
indivduos que crem.47 Pannenberg lembra que a Igreja no pode ser considerada

4.1

Ibid. p. 53.

M Ibid. p. 58.
4' Ibid. p. 54. Uma passagem

neotestamentria
fundamental para essa compreenso Ef. 3.49. Pannenberg afirma sobre esse relao: "O pico da afirmao de Cristo como sendo o
mistrio da salvao est na universalidade
de Cristo como o reconciliador
do mundo, na
histria da salvao (Col. 1.20), universalidade que se manifesta na vida da Igreja. sendo que
para os cristos esta manifestao se d especialmente no abolimento do abismo entre judeus
e no-judeus quando se passou misso entre os gentios, p.54s.
4' Ibid, p.57.
47 Veja por exemplo
o trabalho de Eugene Brand. Auf dem Wege ZlI einer lutherischen
Cemeinschaft:
Kanzel- und Abendmahlsgemeinschaft.
LWB-Report
26,1989. A edio
paralela em ingls: Toward a Lutheran Communion: Pulpit and Altar Fellowship. LWBReport 26 (1988).

190

como prioritria ao indivL. '_


ele tambm v o perigo in'-e:"
manifestao ou conseqn,: '.
ele o conceito de COl1lmUmc. ,.
Pannenberg apia-se na C- gia patrstica, e afirma com <) ::-:;
o puro evangelho proclamsi .
nica Igreja, uma Igreja samir: ~
sua misso apostlica.49 A '2:C:::~manifesta-se essencialmente
manifestao atinge seu pODr: :''':
tia, pois ser Igreja significa e5:2_-: ~ E essa participao de Cristo, q..:ese - como sinal sacramental _ ::-.0.
participa do sacramento da ce::: e.
sacramento. A Igreja , entG
duos participam de maneira i,.":::
sangue) de Cristo. Ela encorl t,., _
Ela encontra a, tambm, a sue _
uma conseqncia da presen;:: :
realidade invisvel, e no pode:
palavras, a unidade da Igreja ..::-.
tal, ela procede da participac.
mente na vida cltica e sacrame:'
L

4' Systematische

Theolugie 3, p.
Individuen gebildet? 1st nicht '.durch die Kirche vermittelt zc _,Christen zukame? Was aber \'''~Cc _.,
glaubenden einzelnen? Die Ki'2~.=
Glauben vorangehend
gedJct:
Gemeinschaft der Kirche aIs et\'.:os ,, __
zu denken [ ... ] Ein Zugang 2 c
erschlie!3t sich aus der fr dJS '.'.,
Gottesherrschaft
[ ... ]
49 Ibid. p.126:
<<!njedem GOL: ."
Sakramente gefeiert werder, ..
zurckgehende
und in ihrc, 2 ~
Igualmente quando fala dos J'",_
50 Veja especialmente
Systemc ..'
51
Ibid. p.125.
" Notar-se- todavia que Par::: 'c. - ,- ~
antemo (vurgegebene
EI.'
Einheit).
53

Cf. Theulogie und Reiclz Cor',-of Cud. R.l. Neuhaus, ed., Ph:=='

~_

Igreja Luterana

escondido, mas ao mesmo


:::Col. 1.26-27. Na opinio de
"o atingiu toda a compreen: ~}I1doela v a Igreja somente
. , :::representaes humanas"" .
. .:I1ceito de mistrio, atribui
.' com a Igreja.
c~

.,,:mistrio em Cristo manifesta. :::1daquele, mesmo se distinta


- ::":.pois, ser considerada por ela
. ;) sacramento da unidade para
- .::,enberg em sua discusso com
. . : '1ue ela est em Cristo, e Cristo
.-'\.Igreja , enquanto corpo de
:::ias as naes. Assim ela um
~:::futura da humanidade regene:iD mistrio divino da salvao,
., partir da morte e ressuneio
do plano de salvao de Deus
.:-:: sinal do futuro da humanidade
:.~ando existe enquanto corpo de

l:::ssias e o indivduo (captulo 13),


em teologia ecumnica sobre a
mesma um questionamento da
::::de indivduos que crm, e que se
. '.1 da Igreja. Essa viso considera
: :::ntidade anterior e prioritria aos
: _:::.'.Igreja no pode ser considerada
o::':'

'i

cc

,tal para essa compreenso Ef. 3.4afirmao de Cristo como sendo o


201110 o reconciliador
do mundo, na
:1nnifesta na vida da Igreja, sendo que
no abolimento do abismo entre judeus

, __,:os, p.54s.
_ ".iif dem Wege zu einer /utherischen
.:fl. LWB-Report 26,1989. A edio
Pu/pit and A/tar Fe/lawship. LWB

- N 2 - 1999

como prioritria ao indivduo de maneira absoluta e gera1.48 Mas ao mesmo tempo,


ele tambm v o perigo inverso de se considerar a Igreja simplesmente como uma
manifestao ou conseqncia secundria da f do indivduo. O que significa para
ele o conceito de communio? No posso seno dar algumas indicaes .
Pannenberg apia-se na Confisso de Augsburgo, no pano de fundo da teologia patrstiea, e afirma com o artigo VII que em cada culto [da igreja 10calJ no qual
o puro evangelho proclamado e onde os sacramentos so celebrados, aparece a
nica Igreja, uma Igreja santificada por Cristo, oriunda dos apstolos, c catlica em
sua misso apostlica.49 A unidade da Igreja, ou a presena da Igreja universal
manifesta-se essencialmente na reunio da comunidade local para o culto. Esta
manifestao atinge seu ponto culminante na participao dos cristos na eucaristia, pois ser Igreja significa estar em Cristo, na comunho de seu corpo (e sangue) .
E essa participao de Cristo, que fundamenta a Igreja, concretiza-se ou exteriorizase - como sinal sacramental - mais intimamente quando a comunidade de Cristo
participa do sacramento da ceia eucarstica.50 Sim, a Igreja no pode existir sem o
sacramento. A Igreja , ento, a comunho dos santos na medida em que os indivduos participam de maneira indissocive! do mesmo Senhor, ou seja, do corpo (e
sangue) de Cristo. Ela encontra a a sua identidade de ser Igreja e ser povo de Deus.
Ela encontra a, tambm, a sua unidade. A unidade da Igreja, que por essa razo
uma conseqncia da presena de Cristo na Palavra e nos sacramentos, uma
realidade invisvel, e no pode ser percebida a no ser na f e pela fY Em outras
palavras, a unidade da Igreja um artigo de f.52 Ela dada de antemo c, como
tal, ela procede da participao com Cristo. No entanto ela se manifesta necessariamente na vida cltica e sacramental da Igreja.
Mas para Pannenberg a essncia da igreja no pode consistir somente na unio
de indivduos com vistas prtica e piedade comunitrias.53 A definio de Igreja
48

Systematische Thea/ogie 3, p. 115: Wird die Kirche durch den ZusammenschluJ3 der glaubigen
Individuen gebildet? 1st nicht vielmehr umgekehrt der Glaube des einzelnen aIs immer schon
durch die Kirche vermittelt zu denken, so daJ3 der Kirche dic Prioritat vor dcn einzclnen
Christen zukame? Was aber ware die Kirche, wenn nicht Gemeinschaft von an Jesus Christus
glaubenden einzelnen? Die Kirche kann offenbar nicht in jeder Hinsicht aIs dem individuelIen
Glauben vorangehend
gedacht werden. Andererseits
ware es aber auch verfehlt,
die
Gemeinschaft der Kirche aIs etwas sekundar zum Glauben des einzelnen Christen hinzutretendes

zu denken [ ... ] Ein Zugang zu diesem die ganze Ekklesiologie durchziehenden


Fragenkreis
erschlieJ3t sich aus der fr das Wesen der Kirche konstitutiven Beziehung auf die Zukunft der
Gottesherrschaft
[ ... ]
49 Ibid. p.] 26: !n jedem
Gottesdienst, in welchem das lautere Evangelium verkndigt und die
Sakramente gefeiert werden, tritt die eine, durch Jesus Christus gehei]igte, auf die AposteI
zurckgehende
und in ihrer apostolischen
Sendung katholische
Kirehe in Erscheinung.
Igualmente quando fala dos atributos essenciais da Igreja, pp. 442ss.
'o Veja especialmente
Systematische Theo/agie 3, p. 120, fim do 2 .
51 Ibid. p.125.
" Notar-se- todavia que Pannenberg faz a importante distino entre a unidade dada de
antemo (vorgegebene Einheit) e a unidade dada como tarefa ou misso (aufgegebene
Einheit).
53

Cf. Thealogie und Reich G(Jltes. Gters/oh, 1971 (traduo alem de The%gy and the Kingdom
af Gad. RJ. Neuhaus, ed., Philadelphia, 1969), p. 34 et Kirche ahne K(mfessionen?, p. 119.

191

Igreja Luterana - N 2 - 1999


como sendo a communio sanctorum lhe parece descrever simplesmente o que
essencial para a sua vida interior, mas insuficiente para descrever por ela mesma o
que a essncia da Igreja. Pois nessa definio no se deve perder de vista o seu
movimento dupl054que se carateriza por um lado em seu aspecto eclesial e cltico,
ou seja, seu aspecto de comunidade chamada para fora deste mundo, e separada
(= santa), e por outro lado em seu aspecto missiorio, ou seja, o de ser comunidade chamada a transmitir a f a outros homens, s geraes futuras; o que seria sua
vida e atividade exterior. A relao com todos os homens, no somente com os que
hoje crm, faz parte integrante e constitutiva da prpria essncia da Igreja.55 Isso
corresponde ao que dissemos acima sobre os atributos essenciais que a Igreja
constantemente chamada a realizar, no seu movimento determinado pelo fim e pelo
destino da histria da Igreja. O fundamento cristolgico e universal-soteriolgico
desse argumento parece evidente, e no necessita aqui de maiores explicaes. A
comunidade no pode, pois, achar o sentido de sua existncia somente em si mesma
e sua vida interior e comunitria, mas o sentido de sua existncia visa este evento
universal-soteriolgico. Nesse sentido, a Igreja o sinal e instrumento de Reino
de Deus para o benefcio de toda a humanidade.56 Pannenberg insiste no fato de que
essa instrumentalidade ou sacramentalidade da Igreja no real seno na condio
de sinal. Ela no realiza a unidade da humanidade com Deus, ela no produz o Reino
de Deus em si, mas ela instrumental em sua funo sinalizadora. Ela indica a, chama
ateno e convida para a vinda do Reino de Deus e sua irrupo na vida do
indivduo e da comunidade eclesistica.57 Isto tanto pela sua comunho sacramental, quanto pela sua atuao no testemunho neste mundo em favor de valores do
Reino de Deus que so o direito (divino), a justia e a paz, sendo o direito possibilitador da justia c da paz - compreendido corno Cristo o reinterpretou: no
amor por ele pregado e vivido. A funo simblica da Igreja implica comunho
sacramental, a misso que anuncia o evangelho salvador, e a ao de amor neste
mundo em favor do Reino que vem e em que a humanidade conhecer cnfim vida
abundante, comunho perfeita com os outros e com Deus, a realidade da ressurrei058. Esta ao no est desvinculada de uma atitude moral humana e altrusta em
geral. Antes, a presena do Esprito vem a transfigurar a tica humana e lhe dar
verdadeiro sentido. Poderia ser como o exprimiu Roberto Zwetch no final de seu
.::omentrio de um conto de Joo Guimares Rosa, o espelho, publicado no livro
primeiras estrias, de 1962, no mbito mais individual, que se aplica no entanto
Igreja como corpo(rao): O conto de G. Rosa fico de alta qualidade. Porque
remete o leitor ou leitora s mais profundas realidades da vida humana [...]. Deus fala
e age na vida, muitas vezes, atravs de fracassos e sofrimentos vrios, despertando

Segundo E.Schlink, cf. Pannenberg Systematische Theologie 3, p. 58.


Ibid. p, 58.
56 Ibid. pp. 58 et 61.
57
Ibid. p. 6l.
58 Note-se
que os valores do Reino de Deus, presentes na Igreja, esto tambm presentes na
ordem secular, no Estado. H algo em comum entre a Igreja e o Estado secular em sua relao
comum ao Reinado de Deus. Tambm este assunto abordado em minha tese que, alis,
aprofunda todos os assuntos abordados neste artigo.

em ns compaixo. 2:';', ~ _,
amor [de Deus, n.d,a,' S~ '_
Esta a dialtica conSL<:
aquela liberdade que lib~6.12).59
A problemtica

o conceito de sacraTT.
conceito mais abrangen:'~ :
o sistemtica entre O"
saber qual essa relao
esta relao seno na esf::r'
dos rituais que foram
sua definio, parecem-Ih~ . , _- '
pressa por K. Rahner e TTT.
fundamentais da Igreja',. g> , -:_
da Igreja, essa designa2.:
definir sacramento, e pod~
compreenso dos sacrarne".:' :
de Jesus Cristo do que cof'~ ..:=-:' ~
sacramentos tambm no
da instituio divina pode :i~csistico, uma vez que tod::
membros da igreja.

r' _.

Pannenberg pode distin;_~


que entram nessa cetegori::c sobre um mandatum Dei,
questo da ordem divif"<:
Tudo se decide, para P::c,,:'uma origem em ou institui~:-,
vel. Por qu? Porque os S2e:

54

59

55

192

da i'iO: c

Roberto E. Zwetch: Es;.:


Estudos Teolgicos, v, 3~,

60 Systematische
" Ibid. p. 369.
62
63

Theologi .. : _

Nachtragliche
zusamme,.:':,:
K. Rahner, Kirche ulld 5 ...
Grundri/3 der Sakrameli'(

370.

Igreja Luterana

_.. _'ever simplesmente o que


-::.~"descrever por ela mesma o
se deve perder de vista o seu
,el aspecto eclesial e cltico,
::.: :ra deste mundo, e separada
_._.=. ou seja, o de ser comunida;e-"es futuras; o que seria sua
::'":ens,no somente com os que
'pria essncia da Igreja.55 Isso
~.ltos essenciais que a Igreja
determinado pelo fim e pelo
- gico c universal-sotcriolgico
de maiores explicaes. A
\lstncia somente em si mesma
. sua existncia visa este evento
sinal c instrumento de Reino
-::::.nnenberg insiste no fato de que
=~eJ a no real seno na condio
. _, : ::-:,Deus, ela no produz o Reino
sinalizadora. Ela indica a, chama
- e :Jeus e sua irrupo na vida do
- tJ pela sua comunho sacramente mundo em favor de valores do
-

. =

_, tia e a paz, sendo o direito :amo Cristo o reinterpretou: no


.::a da Igreja implica comunho
'.llvador, e a ao de amor neste
_ ~.:manidade conhecer enfim vida
-:-.-:Deus, a realidade da ressurrei_;demoral humana e altrusta em
;:l~urar a tica humana e lhe dar
_ Roberto Zwetch no final de seu
{(oespelho, publicado no livro
::..:dual, que se aplica no entanto
~ fico de alta qualidade. Porque
:::.:iesda vida humana [...]. Deus fala
s e sofnmentos vrios, despertando

-i'ologie

3, p. 58.

-:" na Igreja, esto tambm presentes na


_ I;reja e o Estado secular em sua relao
~ abordado em minha tese que, alis,

- N 2 - 1999

em ns compaixo, amor, dos quais nascem a reciprocidade, a solidariedade. E no


amor [de Deus, n.d.a.] se fundamenta a f, que por sua vez atua pelo amor (015.6).
Esta a dialtica constante, exigente, verdadeiramente criadora da f e do amor.
aquela liberdade que liberta o cativo de si mesmo para servir justia do Reino (Rm
6.12).59

A problemtica

da noo de sacramento

o conceito de sacramento sempre foi plurivalente,60 e Pannenberg prefere o


conceito mais abrangente de sacramento, porque ele comporta uma estreita relao sistemtica entre os sacramentos e o conceito de Igreja.6] A questo est em
saber qual essa relao. Digamos mais uma vez que Pannenberg no pode pensar
esta relao seno na esfera cristocntrica. A partir da, tanto a questo do nmero
dos rituais que foram designados a jortiori de sacramentos,62 como a questo de
sua definio, parecem-lhe secundrias. Se a teologia catlica, como tem sido expressa por K. Rahner e Th. Schneider,63 designa os sacramentos como rituais
fundamentais da Igreja, que se realizam em situas fundamentais dos membros
da Igreja, essa designao muito insuficiente aos olhos de Pannenberg, para
definir sacramento, e pode no mximo ser uma parfrase aproximativa da situao. A
compreenso dos sacramentos tem mais a ver com a questo da instituio original
de Jesus Cristo do que com uma questo antropolgica dos rituais eclesisticos. Os
sacramentos tambm no podem ser auto-realizaes da Igreja. Somente o fato
da instituio divina pode destinguir os sacramentos de qualquer outro ritual eclesistico, uma vez que todos os rituais podem ser fundamentais para a vida dos
membros da igreja.
Pannenberg pode distinguir, com as confisses luteranas, somente trs rituais
que entram nessa cetegoria: o batismo, a santa ceia e a absolvio. Estes repousam
sobre um mandatum Dei.
A questo da ordem divina
Tudo se decide, para Pannenberg, nessa distino. Ele afirma que a prova para
uma origem em ou instituio especfica dos sacramentos por Cristo indispensvel. Por qu? Porque os sacramentos so uma ao divina, transmitem uma fora ou

Roberto E. Zwetch: Espiritualidade


e antropologia:
um dilogo com Leonardo Boff.
Estudos Teolgicos, v. 38, n02 (1998), pp. 141-155 (147).
60 Systematische
Theologie, 3, p. 398.
61 Ibid. p. 369.
6' Nachtragliche
zusammenfassende
Kennzeichnung,
ibid. p. 371.
63 K. Rahner,
Kirche llnd Sakramente,
1960, e Th. Schneider. Zeichen der Niihe G(Jltes.
Grllndrifi der Sakramententheologie,
1979, cf. Pannenberg Systematische
Theologie 3, p.
59

370,

193

-~----------Igreja Luterana

- N 2 - 1999

graa divina (teilen Gnade mit). esta a funo do sacramento.64 Portanto, somente
Deus pode instituir um sacramento da nova aliana.65 Pannenberg tenta escapar do
impasse no qual a exegese histrico-crtica chegou com respeito instituio dos
sacramentos. A origem histrica dos sacramenta maiora (batismo e santa ceia) no
prprio Jesus no causa dvida alguma para Pannenberg - seja qual for a natureza
dessa origem, segundo uma viso histrico-crtica66 Sem um elo direto entre os
sacramentos e Cristo, no se poderia falar em meios da graa, argumenta Pannenberg.
Esse elo entre os sacramentos e Cristo vital no somente para a vida da Igreja, mas
para a sua prpria constituio, para a sua essncia.
Pannenberg ope duas tendncias que procuram contornar o problema que
surgiu com a exegese histrico-crtica dos textos que relatam a instituio dos sacramentos. Uma tendncia, catlica, consiste em deduzir os sacramentos do grande
sacramento original, a Igreja. Uma outra tendncia, de uma parte do protestantismo, consiste em deduzir os sacramentos da palavra eficaz. No ltimo caso,
Pannenberg receia, os sacramenrtos correm o risco de se tornarem simples aspectos da Palavra. Pela crtica de Pannenberg a Ebeling67um dilogo intra-luterano se
anuncia. Porque segundo Pannenberg, Ebeling estaria negligenciando, como a teologia catlica tambm, a origem cristolgica dos sacramentos. Parece que Pannenberg
ope um certo realismo sacramental de Lutero viso mais reformada de Ebeling.
Ele conclui que Ebeling dilui o sacramento na Palavra. Ele receia, com razo, que
essa atitude possa levar ao raciocnio seguinte: quemj tem a Palavra, no necessita

do sacrament068 Para Pan,c~-.c.~-__ .:..


elementos do batismo e de: 5~sinalizado. No sacrameme, . :.
diz Pannenberg, tpica d2 ,::
calvinista e sua concepil:
Pannenberg opta mais pela :r ..
tir um proprium sacramema' .:::
No que se refere teol:)~::. .
ses de O. Semmeleroth. K 5.:'acharem esta forma especfl.:::. ~.:
tos, ligam os diferentes sac;.:=-.~_
como uma forma de deri\:..::
Igreja, ou como frutos-, ':::
(Wurzelsakrament). Parece. ,.
captulo 12,2,b, p.51, a nuance :::'::"_' :._
dos telogos luteranos nesse ;:-_:
=-.' .
entre o sacramento original
_'_. _ .
mental (Grund.sakrament), q'J :":brado. Birmel afirma que
cristocntrico, Cristo sendo

O telogo francs Andr Birr:.~

tantes, referindo-se,
num arte;
como evento da Palavra de .-::__.
suprieur de pdagogie,
53
pregao e o sacramento, mas

Pannenberg no tem dvida alguma quanto vis effectva dos sacramentos. Com E. Jngel
ele est aqui na tradio de Lutero, da qual Jngel diz: offensichtlich
ist es die in dcr
schbpferischcn Kraft seines Verheillungswortes vollzogene, Glauben provozierende und Glauben
strkende Selbstvergegenwrtigung
Jesu Christ in Brot und Wein, die Luther im Sakrament
so hoch schtzte [ .. ,], Jngel, art. cit. p, 438,
(" Pannenberg argumenta indutivamente aqui, Compare-se o raciocnio dedutivo de Lutero nos
artigos de Marburgo: Sonder weil Gottes Wort darbei ist und sie auf Gottes Wort gegrundet,
so ists (di e Taut) ein heilig, lebendig, krftg Ding, und wie Paulus sagt, Titus 3 und Eph,5, ein
Bad der Wiedergeburt und Vomeuerung des Geistes etc, und dall solche Tauf auch den Kindlein
zu reichen und mitzuteilen sei (<<Mas porque a Palavra de Deus nele est, e por estar ele
fundamentado
na Palavra de Deus, o batismo uma coisa santa, viva, e poderosa [H'])'
Marburger Artikel, Art. 9, BSLK (1952'), p.63.
06 Tenhamos
sempre em mente que Pannenberg recusa a facilidade da afirmao dogmtica
pura e simples e argumenta num quadro em que a cincia pode contestar qualquer realidade da
f crist. Esse , na verdade, o desafio que a teologia precisa encarar se quiser convencer o
mundo da universalidade desta f.

lentes do mesmo dom do e\'ar:;~::


pregao, em outras situaes ~ __. _
para permitir a vinda da Pah-r~ _,
resposta da f, a confisso de f = ._
os meios da graa, em sua Ch'" cEscritura e a experincia mostrJ:.
ram seus pecados, do que crer _.: _
variada [palavra e sacramento. _
corresponde a uma necessidad~i ..
Lutem sobre a relao entre o ,,_::..: ._
e Cristo, veja-se o excelente es:.:. =.

f4

67

194

Ambos luteranos, mas de tendncia teolgica opostas: Pannenberg representando a tendncia nova, cL acima, e Ebeling, conhecido luterlogo, representando a escola ps-bultmaniana
existencialista que negligenciava a histria em benefcio de um evento existencial de palavra
e linguagem, para escapar s crticas da cincia histrica.

zu Luthers Theologie. Forscb:.:-:~=Wolf, ed. Zehnte Reihe, vol. \I


69

7()

Systematische

Theologie, 3.;:

-__

tambm Gunther Wenz. Ein",.


1988, p. 69 bem como as pp . .;-::
A, Birmel, art. cit. p.48,

contexto, no toma em cons;dc:':'_~'


_
ibid, Mas Jngel mais resen ~=: .
sua opinio, Rahner no atin;~ :.:.c _tempo: A Igreja realment .." _
sentido prprio do termo. ci:.:.='

Igreja Luterana - N" 2 - 1999

" :::nento.64 Portanto, somente


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Sem um elo direto entre os
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contornar o problema que


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..::3. negligenciando, como a teo-

.:: :,::;entos. Parece que Pannenberg


.: '. r mais reformada de Ebeling.
~_~;.\ra. Ele receia, com razo, que
j tem a Palavra, no necessita

do sacrament068 Para Pannenberg trata-se de uma correlao entre a promissio e os


elementos do batismo e da santa ceia, ou uma correlao entre o sinal e o objeto
sinalizado. No sacramento, o sinal e o objeto sinalizado coincidem. Esta correlao,
diz Pannenberg, tpica da reforma luterana, e falta no sistema mais reformado,
calvinista e sua concepo de uma subordinao dos sacramentos Palavra69 .
Pannenberg opta mais pela interpretao forte dos sacramentos no sentido de admitir um proprium sacramental com relao Palavra.
No que se refere teologia catlica, Pannenberg no concorda com as concluses de O. Semmeleroth, K. Rahner et R. Schulte, os quais, na incapacidade de
acharem esta forma especfica da ordem divina para pelo menos 4 dos 7 sacramentos, ligam os diferentes sacramentos eclesiologia, ou seja, vm os sacramentos
como uma forma de derivados da Igreja, ou ramificaes subseqentes da
Igreja, ou como frutos do sacramento fundamental
que seria a Igreja
(Wurzelsakrament). Parece, no entanto que Pannenberg no faz aqui, como no
captulo 12,2,b, p.5l, a nuance que Andr Birmel fez, aproximando mais Karl Rahner
dos telogos luteranos nesse ponto. Birmel lembra da diferena que Rahner faz
entre o sacramento original (Ur-sakrament), que seria Cristo, e o sacramento fundamental (Grund-sakrament), que seria a Igreja, na qual o primeiro sacramento celebrado. Birmel afirma que o o ponto de partida de Rahner radicalmente
cristocntrico, Cristo sendo o sacramentum e ares sacramenti.70 Talvez a distin-

_ o :',

"c :va dos sacramentos. Com E. Jngel


C1Z: offensichtlich
ist es die in dcr

. 2C.

: ;r.';. Giauben provozierende und Glauben


.: und Wein. die Luther im Sakrament
-c.'c o raciocnio dedutivo de Lutero nos
ist llnd sie allf Gottes Wort gegrundet,
_ ,.,jc Paulus sagt, Titus 3 und Eph.5, ein
c - 2 und daB solche Tauf auch den Kindlein
c ::}\Ta de Deus nele est, e por estar ele
_~: coisa santa, viva, e poderosa [ ... ]).

O telogo francs Andr Birmel fez uma nuance entre essas diferentes concepes protestantes, referindo-se,
num artigo, a uma ala do protestantismo
que considera o sacramento
como evento da Palavra de Deus, na Revue de I' Institut Catholique de Paris. Institut
suprieur de pdagogie.
53 (1995), p. 47: No existe, pois, nenhuma oposio entre a
pregao e o sacramento, mas ambos so compreendidos como sendo duas maneiras equivalentes do mesmo dom do evangelho. Em alguns casos e em alguns momentos, preferir-se- a
pregao, em outras situaes a forma sacramental ser mais apropriada do que a pregao
para permitir a vinda da Palvra nica de Deus. As duas celebraes pedem, alm disso, a
resposta da f, a confisso de f. Francis Pieper tambm falava de um idem effectus de todos
os meios da graa, em sua Christliche Dogmatik. vol. 3, Sl. Louis, 1920, p.133. Ele diz: A
Escritura e a experincia mostram que no h nada mais difcil para pessoas que reconheceram seus pecados, do que crer no perdo de seus pecados. Assim a proclamao repetida e
variada [palavra e sacramento, n.d.a.] do perdo dos pecados atravs dos meios da graa
corresponde a uma necessidade dos cristos , p. 135. Para uma compreenso do conceito de
Lutero sobre a relao entre o sinal sacramental e a Palavra, bem como a relao entre o sinal
e Cristo, veja-se o excelente estudo do dinamarqus Regin Prenter Spiritus Creator. Studien
zu Luthers Theologie. Forschungen
zur Geschichte und Lehre des Protestantismus.
Emst
Wolf, ed. Zehnte Reihe, voI. VI. Mnchen, 1954.

Systematische
Theologie,
3, p. 377. Para a diferena entre as duas tendncias,
veja-se
tambm Gunther Wenz. Einfhrung
in die evangelische
Sakramentenlehre.
Darmstadt,
1988, p. 69 bem como as pp. 47ss.
70 A. Birmel,
art. cil. pA8. verdade que Birmel, contrariamente
a Pannenberg
nesse
contexto, no toma em considerao
a compreenso
da relao entre a Igreja e Cristo,
ibid. Mas Jngel mais reservado ou ctico quanto distino que faz Rahner. De acordo com
sua opinio, Rahner no atinge realmente o ceme cristocntrico,
quando afirma ao mesmo
tempo: A Igreja realmente o sacramento original, o ponto de origem dos sacramentos no
sentido prprio do termo. citado por JngeI, arl. cil. p. 436.
69

_51

a facilidade

da afirmao

dogmtica

_ ~r,~ia pode contestar qualquer realidade da


_;:} precisa encarar se quiser convencer o
:,s: Pannenberg

representando

a tendn-

representando a escola ps-bultmaniana


.:io de um evento existencial de palavra
__~:5rica.
=

195

Igreja Luterana - N" 2 - 1999

o de Rahner no convencesse nem Pannenberg nem Jngel? Pannenberg teme


que para uma parte da teologia catlica os sacramentos s estejam ligados a Cristo
atravs do elo que a Igreja tem com Cristo.

guia. O cumprimento ,,:: e'


Jesus Cristo, mesmo 5e
parousia77. Nesse sentide
alvo, e a proclamao c,~~ alvo. Os dois sacramente' , " ..
mento duplo e na realiz::~5.
movimento ao outro: o mo', :'~e -.

Mas no tocante essncia da Igreja, tanto Pannenberg como a teologia catlica


do fundamental importncia ao elo que existe entre ela e os sacramentos. Conforme
Pannenberg, Ebeling no teria a mesma opinio.7l Pannenberg chama a ateno para
o fato de que na opinio de Ebeling uma eliminao hipottica dos sacramentos
prejudicaria a essncia da Igreja na concepo teolgica catlica, mas no necessariamente na concepo teolgica protestante. Parece ser essa, com efeito, a viso de
Ebeling: Se, num procedimento hipottico, se tirasse da Igreja catlica Romana os
sacramentos, destruir-se-ia a sua natureza (essncia). Se se tentasse o mesmo procedimento dentro do protestantismo, ningum ousaria, verdade, afirmar que isso
no teria grandes conseqncias, mesmo se, exteriormente, quase se poderia chegar a tal concluso. Mas no podc haver dvida de que as conseqncias [...] disso
seriam outras, e no a de ter destrudo a essncia da Igreja72
Na viso de Pannenberg, a relao entre a palavra e os sacramentos tem, por
assim dizer, a forma de um percurso, de um caminho, de um movimento ou de uma
relao entre ponto de partida e ponto de chegada: A palavra da proclamao do
evangelho, que aceita pela f, chega ao seu destino pelo elo realizado pelo batismo
e santa ceia entre os cristos e Jesus Cristo.73 Ele faz referncia reforma luterana
que, segundo ele, no compreendeu os sacramentos como sendo apenas uma
imagem e concretizao (Verleibliehung) de uma salvao que de qualquer jeito j
est presente na proclamao da palavra da promessa,74 e afirma em seguida que o
batismo e a santa ceia acrescentam realmente algo proclamao oraI,75E penso
que o sentido aqui o da chegada ao alvo, ao destino: a incorporao em Cristo
no se realiza definitivamente a no ser pelo batismo, e somente na santa ceia que
[os batizados] se sabem e confessam ser membros da Igreja de Cristo. Aquele
que apesar da proclamao do evangelho no chega ao batismo nem santa ceia mesmo se, individualmente, ele se sente ligado tradio e f crists - ainda no
compreendeu a promessa da proclamao crist, e no efetuou ainda, na prtica,
sua qualidade de membro da Igreja.76Pannenberg toma a srio a ordem divina ligada
aos sacramentos: batizai! Sede batizados!, tomai, comei, bebei, fazei isto todas
as vezes ... Porque os sacramentos so os meios, pelos quais o ser humano j pode
chegar concretamente ao alvo provisrio do seu destino, para o qual a palavra o

Concluso e avaliao
Mesmo se Pannenberi' 'e
antiga,78o seu conceito de Ii'Te':' .
refere ao carter missionr::-= c :;r-=
fora das circunstncias dE =: =:.:.
ceito da eommunio sane>::"
Pannenberg quanto para L~:=r'
somente parcial porque s':'=',',
expressa suficientemente
25:=.
instrumento e antecipao.:.: em seu movimento em
'0.

encontra hoje numa outr" ::=-,T::.


ligada dimenso ecumnir:: =_
e a misso so esforos de O_C:.:'::
edade ps-moderna que h r::_
pelo contrrio, est se descr:,;:.:.ciar o evangelho de maneiE 0-; _.
gos protestantes mais anti~=, ,
mundo no-cristo entrou :-:'2j=r'
Por outro lado a eclesi::= z
contribuio original dis'::":5~:
fundamenta no ponto de p:::r::.:.:.

J7

Ibid. Concluo aqui que ?~=.=.


alvo, que tratou em C'~:C'

Gottesgedanke sobre "Beg':::' _- ,


preciso explicitar de que c :--: c'
o mistrio neotestamentr:.
o
Systematische
Theologie, 3, p.377.
G. Ebeling, op. ciL, p.308.
7.1 Systematische
Theologie 3, p. 379. (nfase minha).
74 lbid. p. 385ss. Aqui se encontram
certamente as explicaes mais claras de Pannenberg sobre
a tese de um proprium sacramental, ou seja, que os sacramentos tm uma ao ou eficacidade
prpria, diferente da palavra proclamada,
75Ibid.
71

J7

76

196

vollzieht

aber nicht sein Leben aIs Glied der Kirche, Ibid. p. 385.

7R

79
80

tese. O espao aqui no c c '


Na Sua obra sistemtica. c.c c
Essay ' W. Pannenberg ~'." . o
vaI. IV, n03 (1995), ppY , . .: c
confisses luteranas,

cr Ulrich
Assim por
tambm de
objetivo de

Khn, Kirche C.:...


exemplo Paul
um ministrio c.
que 'o mude '''' ..

;:

Igreja Luterana - N 2 - 1999


~.cm Jngel? Pannenberg teme
.. .'s s estejam ligados a Cristo

.' c

- - c",oerg como a teologia catlica


--c cla e os sacramentos. Conforme
~ :.:1nenberg chama a ateno para
:.; J.D hipottica dos sacramentos
'._gica catlica, mas no necessa. _. ser essa, com efeito, a viso de
:.>seda Igreja catlica Romana os
. - . _} !. Se se tentasse o mesmo pro. <:ria, verdade, afirmar que isso
~~:)rmente, quase se poderia che.:jue as conseqncias [...] disso
:.ia Igreja 72
~:'.:1\'ra e os sacramentos tem, por
de um movimento ou de uma

_~._~llo,

. ~... :.: A palavra da proclamao do


,'::nD pelo elo realizado pelo batismo
-=: c faz referncia
reforma luterana
:,,,,entos como sendo apenas uma
:':-:-.:'salvao que de qualquer jeito j
:':'essa,74e afirma em seguida que o
, ~,lgo proclamao oral.75E penso
:.,tino: a incorporao em Cristo
:.::smo, e somente na santa ceia que
. n"Jros da Igreja de Cristo. Aquele
:.;-:egaao batismo nem santa ceia:.:. tradio e f crists - ainda no
':J.. e no efetuou ainda, na prtica,
: :'gtoma a srio a ordem divina ligada
:Jmai, comei, bebei, fazei isto todas
- :5, pelos quais o ser humano j pode
_ seu destino, para o qual a palavra o

__ ~:'Plicaes mais claras de Pannenberg sobre


sacramentos
tm uma ao ou eficacidade

guia. O cumprimento <~est presente porque as promessas foram cumpridas em


Jesus Cristo, mesmo se o cumprimento final ainda est por vir quando da
parousia77 Nesse sentido, a proclamao missionria visa sempre o batismo como
alvo, e a proclamao comunitria pressupe o batismo, visando a eucaristia como
alvo. Os dois sacramentos correspondem assim essncia da Igreja em seu movimento duplo e na realizao do seu destino, realizao que sempre leva de um
movimento ao outro: o movimento missionrio e o movimento comunitrio e cltico.
Concluso e avaliao
Mesmo se Pannenberg se refere, nestes assuntos, tradio luterana mais
antiga,78o seu conceito de Igreja se diferencia do de Lutero, por exemplo no que se
refere ao carter missionrio da Igreja, algo um pouco secundrio em Lutero (pela
fora das circunstncias da poca), conforme Ulrich Khn.79 verdade que o conceito da communio sanctorum essencial para a definio da Igreja, tanto para
Pannenberg quanto para Lutero, mas na opinio do telogo de Munique ele
somente parcial porque s descreve o aspecto interno da existncia da Igreja, e no
expressa suficientemente o aspecto da tarefa que foi dada Igreja na qualidade de
instrumento e antecipao do Reino vindouro de Deus, tarefa que a Igreja cumpre
em seu movimento em direo do mundo. Essa dimenso que evidentemente se
encontra hoje numa outra perspectiva do que no sculo XVI, est intimamente
ligada dimenso ecumnica em que a Igreja do sculo XX se encontra. A ecumene
e a misso so esforos de quase todas as dominaes crists diante de uma sociedade ps-moderna que h muito no mais uma reaiidade crist global mas que,
pelo contrrio, est se descristianizando a passos grandes, e qual preciso anunciar o evangelho de maneira credvel. Pannenberg encontra-se na tradio de telogos protestantes mais antigos, desse sculo, para os quais o ambiente de um
mundo no-cristo entrou na definio da essncia da Igreja por essa razo.80
Por outro lado a eclesiologia de Pannenberg pode ser considerada como uma
contribuio original discusso teolgica e ecumnica, na medida em que ela se
fundamenta no ponto de partida mais amplo de sua teologia, como indiquei acima,

Ibid. Concluo aqui que Pannenberg incorpora a idia aristotlica


do movimento
e do
alvo, que tratou em outro contexto. Vejase suas consideraes
em Metaphysik
und
Gottesgedanke sobre "Begriff und Antizipation",
pp. 66ss, especialmente
76ss. Alm disso,
preciso explicitar de que o presente estudo no pde contemplar a questo da relao entre
o mistrio neotestamentrio
e o matrimnio na concepo de Pannenberg, fato abordado na
tese. O espao aqui no o permitiu.
" Na sua obra sistemtica, na qual aparece o seu saber enciclopdico cf. J. Buckley, Review
Essay . W. Pannenberg Systematic Theology, vol. 2. Grand Rapids, 1993, in Pro Ecclesia,
vol. IV, n03 (1995), pp.364-369
(p. 365), Pannenberg
cita abundantemente
Lutero e as
confisses luteranas .
77

7Y

80

<',che,

Ibid. p. 385.

cr

Ulrich
Assim por
tambm de
objetivo de

Khn, Kirche.
exemplo Paul
um ministrio
que 'o mundo

Carl Heinz Ratschow, ed. Gtersloh, 1980, pp. 21-38.


Althaus, que no fala somente de um ministrio na Igreja, mas
de toda a comunidade, que fala da 'Igreja como ministrio', com o
inteiro torne-se Igreja [comunidade]',
Khn, op. cit., p. 151.

197

Igreja Luterana - N 2 - 1999

quanto ao conceito da antecipao ou prolepse na sua relao com a revelao


enquanto histria. De acordo com este ponto de partida, a Igreja no pode ser
pensada seno como estando fundamentada sobre o Cristo ressuscitado, em quem
o Reino divino j irrompeu. Nesse sentido, Pannenberg est conduzindo um intenso
dilogo com a teologia catlica. Khn tem razo quando diz que no se pode escrever atualmente nenhum captulo sobre eclesiologia sem que isso se faa num dilogo intenso com o interlocutor catlico-romano.81

Lutero a Palavra e os sacf3.C:. _.'


protestantes modernos, nos j':.:c
no passa de um apndice a.::',,: ..
meios da graa, Palavra e sa(::-a:rentes, mas faziam parte de .::~.
sempre a Palavra pregada a h:
batismo e que celebram consta:-.:"
Palavra, no verbum vocale, 11:::
valoriz-Ios porque ela um e:::
Pannenberg sintoniza-se aqui :_. :-:-

No tocante ao sacramento, Pannenberg desenvolveu um conceito raro para um


telogo protestante,82 enraizado no conceito bblico-patrstico e expresso especialmente pelo termo dejJvar'jpwv. Tambm aqui Pannenberg discute vivamente com a
teologia catlica. Notamos com interesse a originalidade do seu conceito de sacramento que tambm se encontra inserido no quadro do cumprimento da histria de
Deus com esse mundo j realizado antecipadamente. 83Numa aproximao tipolgica,
Pannenberg compara os sacramentos a Cristo, isto , como sendo uma realidade,
neste mundo, que antecipa o eschaton por vir.84 A relao estreita entre a Igreja e os
sacramenta maiora, na vida concreta da Igreja, ressaltada nesta viso prolptica.
No leque protestante Pannenberg ocupa uma posio singular, que do lado
catlico s pode ser parcialmente encontrada em J.B. Metz ou L. Boff.X5Existem
duas concepes alternativas viso dos sacramentos como sendo uma antecipao do Reino por vir: de um lado a concepo de Ebeling do sacramento como
sendo um evento de palavra, tendo como conespondente catlico W. Kasper,S6e de
outro lado a concepo de E. Jngel87 do nico sacramento Jesus Cristo, tendo
como correspondente catlico K. Rahner.88 Na discusso com essas correntes teolgicas, Pannenberg encoraja a teologia luterana a um srio exame da questo do
proprium sacramental. Trata-se da relao entre Palavra e sacramentos, que muitas
vezes no est bem clara na conscincia luterana. Trata-se, com Pannenberg, mais
de uma sacramentalisao da pregao, como R. Prenter afirmou de Lutero, do que
uma espiritualizao dos sacramentos?89 Parece-me que a concepo de Pannenberg
corresponde aqui ao conceito de Lutero, segundo o qual a proclamao e a absolvio oferecem o Cristo contido nas promessas, estando assim ligados aos sinais que
Deus mesmo instituiu para o cumprimento dessas promessas no indivduo. Em

" Isso por causa da abertura ecumnica da igreja catlica, da sua oferta eclesiolgica, como o
Conclio Vaticano o formulou, da sua entrada nos dilogos ecumnicos bilaterais e multilaterais, e da renovao da sua teologia, Khn, op. ciL p. 138.
" como Pannenberg diz em seus prprios termos, numa carta de pessoal de 1995.
'.1 cf
lembra Andr Birmei, arL ciL p. 50.
B4 lbid.
p. 49.
" Ibid. p. 50.
86 Por exemplo
W. Kasper Wort und Sakrament in Glaube und Geschlchte. Mainz, 1970.
"' Por exemplo E. jngel, K. Rahner. Was 1st eln Sakrament? Freibug, 1971.
" Birmel, arL cil. p.50.
RO

198

R. Prenter, op. cil. Cr. assunto que abordei em '''O Esprito embrulhado na carne': o choque
entre Lutero e os entusiastas e espiritualistas da Reforma". Vox Concordlana, ano lI, NI,
(1996), p. 8-19.

Digamos, para terminar, qUO' ~ (:


ceito de sacramento. Com efei:: '.
do mistrio da salvao de DO'.:
histria da humanidade e da Ig:-".
suas explicaes sobre o conc,,;. _ .
preendido desta maneira, o ccr:(:"
desse mistrio mais ampla d: ~_.
stica, e contribui assim para _~
realidade da vinda do Reinad: :,
que se trata de um usus lingliC' .':no perder de vista os limites::meios dos quais Deus se serve [>:.:c
e real de Cristo, ou pela unio re:
prprio, isto no pode ser Outra (:
meu ver, um desafio para a tecl: ;.a
mao clara e inequvoca do e'.;;:;:
das menores nem das ltimas.

Systematische Theologie. '\~:]: .


Thesen zur Theologie der Ki"::,
PANNENBERG,
Wolfuart, DL'1..:''''.
Philadelphia 1970. - tradu;:'.: .
ihrer Knftgen Gestalt. P:::- _
Ethik und Ekklesiologie. G,.,-.:
glesa: The Church. Philade ..',_
Christian Spirituality. PI,::.:c c
Spiritualitat: Theologisch~.:. ..
90

Ibid.

91Systematische Theologle
longe de ter terminado.

3. p.':

Igreja Luterana - N 2 - 1999


_ S'.la relao com a revelao
-.,tida, a Igreja no pode ser
:>isto ressuscitado, em quem
: _~ est conduzindo um intenso
_.:-.i:, diz que no se pode escre:- _ s::" que isso se faa num dilo-

,~u um conceito raro para um


--:,atrstico e expresso especial- - ~:-J)ergdiscute vivamente com a
Jade do seu conceito de sacraic, cumprimento da histria de
. ::\uma aproximao tipolgica,
~, como sendo uma realidade,
_ -~.ao estreita entre a Igreja e os
c -:'
saltada nesta viso prolptica.
::'Jsio singular, que do lado
-3, Metz ou L. Boff.85 Existem
~:-.:cscomo sendo uma antecipa_: Ebeling do sacramento como
-:-iente catlico W. Kasper,86e de
sacramento Jesus Cristo, tendo
:2'lsso com essas correntes teoe.:: um srio exame da questo do
. :=.:lavra e sacramentos, que muitas
- Trata-se, com Pannenberg, mais
. -=:-enterafirmou de Lutero, do que
..'- ~que a concepo de Pannenberg
: qual a proclamao e a absolvi<::-;do assim ligados aos sinais que
:.' se,s promessas no indivduo. Em

:~, da sua oferta ec1csiolgica,


_. _"os ecumnicos
~

bilaterais

como o

e multilate-

138,

~-~ carta de pessoal de 1995.

~;oube und Geschichte,


Freibug, 1971.

Mainz,

1970.

Lutero a Palavra e os sacramentos no se relacionam como em alguns recantos


protestantes modernos, nos quais por exemplo o sacramento da eucaristia s vezes
no passa de um apndice acrescentado ao culto de pregao, Para Lutero, os dois
meios da graa, Palavra e sacramentos, no eram separveis e muito menos concorrentes, mas faziam parte de um s todo salvfico, de um s evento: a Palavra
sempre a Palavra pregada a homens e mulheres que vivem constantemente o seu
batismo e que celebram constantemente a eucaristia. 90 Para Lutero, a insistncia na
Palavra, no verbum vocale, no visa minimizar os sacramentos, mas, pelo contrrio,
valoriz-los porque ela um elemento essencial dos sacramentos. O conceito de
Pannenberg sintoniza-se aqui com o de Lutero.
Digamos, para terminar, que Pannenberg milita para um uso mais largo do conceito de sacramento. Com efeito, este conceito permite apreciar melhor a profundeza
do mistrio da salvao de Deus em Jesus Cristo, e os sinais desse mistrio na
histria da humanidade e da Igreja. Aqui tambm dever se tomar em considerao
suas explicaes sobre o conceito da diversidade sacramental e o matrimnio. Compreendido desta maneira, o conceito de sacramento permite mostrar que a presena
desse mistrio mais ampla do que uma simples circunscrio institucional eclesistica, e contribui assim para um testemunho mais incisivo no mundo, sobre a
realidade da vinda do Reinado de Deus. Mas Pannenberg insiste sobre o fato de
que se trata de um usus linguae (Sprachgebrauch).91
Convm, nesse uso lingstico,
no perder de vista os limites do contedo do assunto (Sachgehalt) referente aos
meios dos quais Deus se serve para comuniear a graa divina pela presena salvfica
e real de Cristo, ou pela unio real com ele na sua morte e ressurreio. E no sentido
prprio, isto no pode ser outra coisa do que o batismo e a santa ceia. A est, ao
meu ver, um desafio para a teologia, cuja tarefa de ajudar as igrejas para uma proclamao clara e inequvoca do evangelho perante o mundo e a razo cientfica, no
das menores nem das ltimas.

Bibliografia seletiva de Pannenberg sobre eclesiologia:


Systematische Theologie. VoI. 3. Gottingen, 1993.
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Christian Spirituality. Philadelphia,
1983. - traduo alem: Christliche
Spiritualitdt: Theologische Aspekte. Gottingen, 1986.

-"ient?

:::,prito embrulhado na carne': o choque


c ,:':rma", Vox Concordiana, ano lI, N!.

90Ibid.
9lSystematische Theologie
longe de ter terminado.

3, p.398,

Aqui, tambm,

o dilogo

com a teologia

catlica

est

199

Igreja Luterana - N 2 - 1999


PANNENBERG,
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PANNENBERG,
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zur Lehre von den Sakramenten und vom kirchlichem Amt (Dialog der Kirchen,
voI6.). Freiburg - Gottingen, 1990.
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Kirchenlexikon, voU, pp. 6-11.
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ln: Theologische Literaturzeitung, Ano 94 (1969), n02, coI. 97-112. - Tambm em
Katholizitat und Apostolizitat. Theologische Studien einer gemeinsamen
Arbeitsgruppe zwischen der romisch-katholischen Kirche und dem ORK. ln:
Kerygma und Dogma (Beiheft), Gottingen, 1971, pp.92-1 09, - traduo francesa:
La signification de I'Eschatologie pour Ia comprhension de I' apostolicit et
de Ia catholicit de I'Eglise. lstina na 14 (1969), pp.154-170.
Das Abendmahl - Sakrament der Einheit. ln: Christen wollen das eine
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Luthers Lehre von den zwei Reichen und ihre Stellung in der Geschichte der christlichen
Reichsidee. ln: Gottesreich und Menschenreich. 1hr Spannungsverhaltnis in
Geschichte und Gegenwart. Regensburg, 1971, pp.73-96,
Die Problematik
der Abendmahlslehre
aus evangelischer
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Die Einheit der Kirche und die Einheit der Menschheit. ln: Um Einheit und Heil
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Okumenische Rundschau Ano 22, Heft 3 (Juli 1973), pp. 297-308.
Lebensraum der ehristlichen Freiheit. Die Einheit der Kirche ist die Vollendung
der Reformation. Evangelische Kommentare 8 (1975), pp.587-593.
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Neukirchen, 1996, p. 31-49.
Das Christentum - eine Religion unter anderen?. Theologische Schriftenreihe
des Johanniterordens 1, 1996.
A first Step Toward Restoring Ecclesial Communion. Response to Avery Dulles.
ln: Dialog. A Journal ofTheo1ogy 36, (1997), p. 62-64.
Papiez i ekumenica. ln: ZNAKXKIX, Krakw, 1997,503, p. 46-49.
Evangelische berlegungen zum Petrusdienst des romischen Bischofs. ln: P.
Hnermann, ed. Papsamt und Okumene. Zum Petrusdienst an der Einheit aller
Getauften. Regensburg, 1997, p. 43-60.
La tarea de Ia escatologia cristiana. ln: Selectiones de teologia, 144, 1997, p.
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Lutherans and Episcopy. ln: Colin Podmore, ed: Community - Unity Communion. Essais in Honour of Mary Tanner. London: Church House
Publishing, 1998,p. 137-148.
Di e lutherische Tradition und die Frage eines Petrusdienstes an der Einheit der
Christen. ln: Il primato deI Successore di Pietro. Atti del Simposio teologico
Roma, dicembre 1996. Citt deI Vaticano: Libreria Editrice Vaticana, 1998, p. 472475.

=gen um die Einheit der Christen.


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der HOCHKIRCHLICHEN
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'::'ng, 1984, pp.58-65.


,-,,'Q

32 (1986), pp. 35-51.


201

Igreja Luterana - N 2 - 1999

AUXLIOS HOMIlTICOS

PRIMEIRO DOMINGO NO ADVENTO


28 de novembro de 1999
Marcos 11.1-10

CONTEXTO
Com muita propriedade a percope da entrada triunfal de Jesus em Jesusalm tem
sido colocada como uma das leituras no incio do ano eclesistico como evangelho
do primeiro domingo de advento. Assim como Jesus entrou humilde, mas como rei,
justo e salvador, em Jerusalm, a filha de Sio, assim ainda hoje vem a sua igreja, a
filha de Sio do Novo Testamento, trazendo justia e salvao, pela sua palavra e
sacramentos. A percope serve assim como preparao, no tempo do advento, para
a sua vinda espiritual aos nossos coraes, a fim de que possamos avanar com
gratido a Deus, conforme o lema de nossa igreja para o novo ano eclesistico. A
percope encontra-se nos quatro Evangelhos com algumas diferenas na narrao
que, porm, no so conflitantes. Aps haver passado a noite em Jeric, na casa de
Zaqueu, Jesus dirigiu-se a Betnia, aonde deve ter chegado sexta, tardinha. Passou o sbado com seus amigos Lzaro, a quem recentemente ressuscitara dos moro
tos, Marta, Maria e outros seguidores, que ali moravam. No dia seguinte, domingo,
ps-se em marcha rumo de Jerusalm com seus discpulos e outros peregrinos.
Quando muitos peregrinos, j em Jerusalm para a festa da Pscoa, ouviram de sua
chegada, saram da cidade para encontrar-se com ele, com ramos de palmeiras,
unindo as suas vozes ao cortejo, procedente de Betnia.
TEXTO
Quanto s aldeias de Betfag e Betnia, s podemos localizar a ltima, tendo a
primeira desaparecido. Betnia situava-se no lado leste do Monte das Oliveiras,
onde se encontra hoje a aldeia El Azarigeh (cidade de Lzaro). Betfag deve ter-se
encontrado entre Betnia e Jerusalm. Seu significado casa de figos e o de Betnia,
casa de tmaras. At o ano de 70 A.D. aquela regio era coberta de rvores frutferas
e o Monte das Oliveiras, de oliveiras, quando os romanos mandaram cort-Ias,
sendo at hoje seu nmero escasso.
V 1- Jesus enviou dois de seus discpulos, que talvez fossem os mesmos de Lc
22.8, Pedro e Joo. Se o Evangelho de Marcos registrou de fato as memrias
de Pedra, ento um dos enviados deve ter sido Pedro, devido exatido dos
dados fornecidos. R.A.Cole chama a ateno sobre o fato de que foram de
dois em dois. Jesus costumava confiar uma tarefa a ser realizada em conjunto, a um grupo, no mnimo de dois em dois. A ao solitria do cristo nunca
foi um ideal bblico. Apenas entrou mais tarde na igreja com o surgimento
dos monges e eremitas.
202

V2- A aldeia que est2::: ::


deveria ser um
ainda no tinha slc .'
de instrumento j~ ::::-::-:-:
primcias. Passage-' .. I'
esta interpretas ::_ainda no usads ': ..
_
bem planejado.
V 3- O Senhor precisa ,de:.;; animal o liberasse,~_ .' .
as maiores barrelr.:.' .
vontade seja feita", .::
V4 Os discpulos enviad::: :
porto, certamente d" ::::. ltima palavra I:fl:.:::
rua), originalmente.::: ..:.-.
sentido de quarteir2c:. c. _
sariamente de uma L:: =:
Vv. 5-6- Diz o nosso text,:::::
discpulos estavam s:: :::. :
nos (Lc 19.33). Esse'
chegaram a conhec~-:-e:::
e, por isso, permitirzc. ::_:
conforme a ltima fr::.::
Os que no admitem a
prvio de Jesus feito com: s ::.
encontram dificuldade ei!': ::::::_
sugerido em Lc19.33 em c::
passagens em que a onisc.2:-.
1.48; Jo 2.4,25; Mc 10.33.3.:
Merece destaque o pr.::: _.:::: -para eles obscura da qual "l:-::=
comprometer a sua honestl::::::::
desafio e so coroados de
as tarefas penosas, muitas \ ",Ze::
as mesmo com fISCO,sem;::: .:: concedido pela fidelidade:::.: V 7- uma das caracter::::::.
histrico peio que ,~~.':: _
nos pnmeIrOS ve:-:!=.

Igreja Luterana

- N 2 - 1999

V2- A aldeia que estava diante deles pode ter sido a prpria Betfag. Por que
deveria ser umjumentinho oqual ainda ningum montara? Talvez porque
ainda no tinha sido usado para executar trabalhos indignos e deveria servir
de instrumento de primeira mo para o Senhor. Deveria ser urna espcie de
primcias. Passagens como Nm 19.2; Dt 21.3 e 1 Sm 1.7 parecem confinuar
esta interpretao. Para executar propsitos sagrados no A.T. s animais
ainda no usados poderiam ser empregados. Cada detalhe tinha sido muito
bem planejado.

_:.ial de Jesus em Jesusalm tem


_:0 ~ eclesistico como evangelho
_: entrou humilde, mas como rei,
0-0'0 ainda hoje vem a sua igreja, a
,:,
'c salvao, pela sua palavra e
':,3.0, no tempo do advento, para
,'o ie que possamos avanar com
: :'ara o novo ano eclesistico. A
o

:.lgumas diferenas na nanao

V 3- O Senhor precisa dele. Como essa palavra era decisiva para que os donos do
animal o liberassem, assim ainda hoje uma palavra do Senhor pode romper
as maiores barreiras e dar fora e direo ao cristo a fim de que a sua
vontade seja feita e os planos de seu reino possam ser executados.
V4- Os discpulos enviados foram e encontraram o jumentinho amanado junto ao
porto, certamente da propriedade dos donos, do lado de fora, na rua. Essa
ltima palavra uJJcjJo6ov,a combinao de D:JJcjJL
(em torno) e o6 (caminho,
rua), originalmente uma rua indo em torno de algo, podendo tambm ter o
sentido de quarteiro, aqui provavelmente tem o sentido de rua e no necessariamente de urna rua cercando a casa.

_" :'::0 a noite em Jeric, na casa de

c:' :hegado sexta, tardinha. Pasel1temente ressuscitara dos mor:':''' amoNo dia seguinte, domingo,
. _; discpulos e outros peregrinos.
resta da Pscoa, ouviram de sua
ele, com ramos de palmeiras,
: 3etnia.

, o:'

:.

~,

:. ' jemos localizar a ltima, tendo a


:.i:, leste do Monte das Oliveiras,
__~c de Lzaro). Betfag deve ter-se
:.:.do casa de figos e o de Betnia,
c:: 3.:,era coberta de rvores frutferas
:.5 romanos mandaram cort-Ias,

:.:e talvez fossem os mesmos de Lc


":<,:os registrou de fato as memrias
'e, sido Pedro, devido exatido dos
:e::o sobre o fato de que foram de
_::-a tarefa a ser realizada em conjun,: lS. A ao solitria do cristo nunca
::s tarde na igreja com o surgimento

Vv. 5-6- Diz o nosso texto que alguns dos que ali estavam reclamaram quando os
discpulos estavam soltando o jumentinho. Lucas os identifica com os donos (Lc 19.33). Esses donos deviam ter sido bons amigos de Jesus ou o
chegaram a conhecer recentemente, talvez atravs da ressuneio de Lzaro
e, por isso, penuitiram que o levassem, confiando na sua pronta restituio
conforme a ltima frase do V. 3.
Os que no admitem a oniscincia e onipotncia dc Jesus insistem num acordo
prvio de Jesus feito com os donos, mas os que aceitam a divindade de Jesus no
encontram dificuldade em ver aqui um procedimento sobrenatural, que parece ser
sugerido em Lc19.33 em que os donos expressam a sua surpresa. Confira outras
passagens em que a oniscincia de Jesus claramente se evidencia (Mt.l7.27; Jo
1.48; Jo 2.4,25; Mc 10.33,34).
Merece destaque o procedimento dos discpulos que executaram uma tarefa
para eles obscura da qual ainda no entendiam o sentido (Jo 12.16) e que poderia
comprometer a sua honestidade, mas confiantes na palavra do Senhor enfrentam o
desafio e so coroados de pleno xito (cp. Lc 5.5). Assim tambm ns no temamos
as tarefas penosas, muitas vezes obscuras para ns, no reino de Deus e, realizandoas mesmo com risco, sempre de novo experimentaremos com gratido o sucesso
concedido pela fidelidade das promessas do Senhor.
V 7- uma das caractersticas do estilo vvido de Marcos o emprego do presente
histrico pelo que seu Evangelho j foi chamado o Evangelho da ao. J
nos primeiros versculos constatamos em verbos sucessivos o presente,
203

Igreja Luterana - N 2 - 1999


indicando aes passadas yyL( OUOLV, tXTOOtV,EL (v. 1),
(v.2). No v. 7
encontramos de novo os dois primeiros verbos no presente: cpPOUOLV,
TIL~.OUOLV. Na traduo se perde essa nuana estilstica, sendo todos os
verbos traduzidos no passado. Mas assim mesmo podemos perceber a sucesso rpida das aes. Em Mateus e Lucas a maioria desses verbos se
encontra no aoristo.
Apenas Mateus relata que trouxeram a Jesus dois animais: o jumentinho e sua
me. Os outros evangelistas citam somente o jumentinho, pondo toda a nfase no
animal que foi usado como montaria. No h necessidade de ver nisso uma contradio. A jumenta no pertence essncia do relato. Ela foi levada junto talvez
apenas para tornar o jumentinho mais dcil, quando dela acompanhado.
Vv. 8-10- E muitos estendiam as suas vestes pelo caminho. As vestes postas sobre
o jumentinho tinham uma finalidade prtica: amaciar o assento. As que foram
espalhadas pelo caminho serviam como tributo de homenagem que se prestava no Oriente a um rei (cf. 2 Rs 9.13). Era tambm uma demonstrao de
submisso e sacrifcio, oferecendo o que tinham de mais indispensvel para
o prprio uso. Alm disso, para expressar a sua intensa alegria, espalhavam
ramos de rvores pelo caminho. Que tipo de ramos eram? Mateus usa os
termos K.OOU eXT tWV ovopwv (ramos das rvores); Marcos, oH~.oa
Klj!av,E
eX1T,WV eXypwv (ramos que haviam cortado dos campos); Lucas s
menciona as vestes que estendiam pelo caminho e Joo fala em ~ata ,wv
cpOLVLKWV (ramos de palmeiras) que tomaram para sair a seu encontro. Como
parece, serviram-se de ramos de diferentes plantas, tanto de rvores como
de plantas rasteiras, tudo para expressar a mesma simbologia: alegria, esperana, vitria.
Essa diversidade de ramos usados coaduna-se bem com o v. 9 que fala de dois
grupos: os que iam adiante dele como os que vinham depois. Os que iam adiante
dele eram com certeza o grupo do qual fala Joo. Numerosa multido que j tinha
vindo festa e se encontrava em Jerusalm, tendo ouvido que Jesus estava de
caminho a Jerusalm, tomou ramos de palmeira e saiu a seu encontro, talvez agitando-os (Jo 12.12,13). Era costume dos judeus de agitar ramos de palmeiras na festa
dos tabernculos como expresso de alegria. Encontraram-se com o grupo que
vinha acompanhando a Jesus na descida do Monte das Oliveiras, do lado de Jerusalm, onde toda a multido passou, jubilosa, a louvar a Deus em alta voz, por todos
os milagres que tinham visto (Lc 19.37). As palavras jubilosas no so todas as
mesmas nos quatro relatos. A multido pode ter proferido todas elas, sendo que
cada evangelista registrou o que lhe foi transmitido por divina inspirao. Uma frase
comum aos quatro: EU.\OYllIlvO o PXIlEVO v oVllan KupLou (bendito o que
vem em nome do Senhor). 'EpXIlEVO um ttulo estritamente messinico (cf. Mt
11.3). Designava o nome do Messias que deveria vir para tornar o nome de Deus
conhecido aqui na tena e salvar a humanidade dos seus pecados. A palavra hosana
foi registrada por trs, com exceo de Lucas. uma transliterao de ~)?;-,)!'\Ui;-,
(Salva-nos, ns te pedimos). uma combinao ao mesmo tempo de splica e de um
204

grito de homenagem ou
o incio para o uso litrgi:'~ : -Tanto a frase Bendito c c c
extrados do SI 118.25,26 E .:-:- 113-118), cantados duran:=.:. :=
com o Messias esperado.
_
dos: hosana ao Filho de Do"
(Joo) e Marcos, em lugar d= ::._
Rei e reino se completam e 2r:' c.: ~ .
um reino deste mundo. Iss: 2:0: _.
morada de Deus para onde: o.:
ainda so mais explcitas: pC.:
paz que s Jesus poderia dar = .:._

intil especular quant:s


entrada de Jesus em Jerusalr:: = 2 - .
s o compreenderam plenam=~:o _c'
bm At 1.6). No importa (' ir2.
triunfal foi o cumprimento d= Z _ :
movido pelo poder do Espri:: ~.:.
voz por todos os milagres quo ::r.-:
recente milagre da ressurrei~2=.;
corao, boca e mos, numa f~-,-,
tambm aceitou o seu lom'or. - - _ '.
escribas de silenciar as vozes::::
mais longe ainda, dizendo que _ . o
o que as pedras iriam proteS:2: c'PROPOSTA HOMILTIC-\

Tema
A entrada de Jesus em Je:'..:.:o'igreja atravs da palavra e sacr:::--:1. Ele vem humilde, porm c::-.' := .
2. Ele deve ser recebido cc:-:.
louvor e testemunho) e cc:-:- .: :-:-~

Igreja Luterana

(v.1),
(v.2).Nov.7
presente: <jJpouow,
-_.~':i estilstica, sendo todos os
: '-no podemos perceber a su__:.' " maioria desses verbos se
.c

~'::<:,S no

:mimais: o jumentinho e sua


':-.no, pondo toda a nfase no
~Jde de ver nisso uma contraEla foi lcvada junto talvez
~ela acompanhado.
. ,:'::iinho. As vestes postas sobre
:'~_::iciaro assento. As que foram
de homenagem que se pres. :lmbm uma demonstrao de
-~,:m de mais indispensvel para
'.:a intensa alegria, espalhavam
~ ramos eram? Mateus usa os
~as rvores); Marcos, onpba
. :ortado dos campos); Lucas s
_.::'.:J.ho e Joo fala em pa( :wv
::ara sair a seu encontro. Como
. :' ::lantas, tanto de rvores como
:-;' -ma simbologia: alegria, espe-

~m com o v. 9 que fala de dois


-~.:.m depois. Os que iam adiante
'<umerosa multido que j tinha
~~J ouvido que Jesus estava de
, . :.iu a seu encontro, talvez agitan. :'~::3.rramos de palmeiras na festa
~>:.:ntraram-se com o grupo que
.~ das Oliveiras, do lado de Jeru, :."'''' a Deus em alta voz, por todos
:,\TaS jubilosas no so todas as
. ~ ::roferdo todas elas, sendo que
.' ::cor divina inspirao. Uma frase
V!-1aHKUPLOU (bendito o que
, estritamente messinico (cf. Mt

- N 2 - 1999

grito de homenagem ou saudao, equivalente a "Viva!" ou "Glria!" Passou desde


o incio para o uso litrgico como uma interjeio de alegria e louvor.
Tanto a frase Bendito o que vem em o nome do Senhor como o hosana foram
extrados do SI 118.25,26. um salmo messinico que faz parte do grande hallel (Sls
113-118), cantados durante a Pscoa pelos judeus. A multido identificou a Jesus
com o Messias esperado, o que expressam tambm os outros termos acrescentados: hosana ao Filho de Davi (Mateus), Bendito o Rei (Lucas), Rei de Israel
(Joo) e Marcos, em lugar de Rei, fala no reino que vem, o reino de Davi, nosso pai.
Rei e reino se completam e ambos foram prometidos e estavam para vir. Mas no era
um reino deste mundo. Isso atestam as palavras nas maiores alturas, indicando a
morada de Deus para onde Jesus em breve seria exaltado. As palavras de Lucas
ainda so mais explcitas: paz no cu e glria nas maiores alturas, aludindo quela
paz que s Jesus poderia dar e a uma glria no profana, mas celestial.

intil especular quantos da multido entenderam o verdadeiro sentido da


entrada de Jesus em Jerusalm e a natureza de seu reino espiritual. At os discpulos
s o compreenderam plenamente depois que Jesus foi glorificado (J012.16; cf. tambm At 1.6). No importa o grau de compreenso, o que importa que a entrada
triunfal foi o cumprimento de Zc 9.9 e que o entusiasmo do povo era autntico,
movido pelo poder do Esprito Santo. A multido estava louvando a Deus em alta
voz por todos os milagres que tinham visto (Lc 19.37), entre os quais figurava o
recente milagre da ressurreio de Lzaro (Jo 12.17). Receberam a Cristo com o
corao, boca e mos, numa f alegre e confessante, ativa pela amor. Por isso Cristo
tambm aceitou o seu louvor, no atendendo ao pedido dos principais sacerdotcs c
escribas de silenciar as vozes dos meninos no tcmplo (Mt 21.15) e em Lc 19.40 vai
mais longe ainda, dizendo que o silenciar de tais homenagens seria um crime contra
o que as pedras iriam protestar em altos brados.
PROPOSTA HOMILTICA
Tema
A entrada de Jesus em Jerusalm, uma imagem de sua vinda ainda hoje a sua
igreja atravs da palavra e sacramentos.
1. Ele vem humilde, porm como Rei, trazendo salvao e paz.
2. Ele deve ser recebido com o corao (f verdadeira), com a boca (confisso,
louvor e testemunho) e com as mos (obras que sejam frutos autnticos da f) .

Paulo F. Flor
Dois Irmos, RS

"ir para tornar o nome de Deus


:.:, ,eus pecados. A palavra hosana
:=: uma transliterao
de XJ?:1l7't.:i;:1
, , :-'iesmo tempo de splica e de um
205

Igreja Luterana - N" 2 1999

SEGUNDO DOMINGO NO DVENTO


5 de dezembro de 1999
Marcos

J,1-8

1.1) "areh" = incio, origem, princpio. Neste texto, descreve o comeo do evangelho de Cristo, segundo Marcos.
Evangelho significa boas novas. Marcos usa esse termo para se referir aos fatos
histricos, palavra e obra de Jesus Cristo, como plenamente de acordo com as
profecias do AT.
UlOU
theou" = Filho de Deus. Essa designao aps o nome Jesus Cristo
encontra-se somente aqui em todo o NT. Assim, Marcos apresenta Jesus Cristo
como o eterno Filho de Deus. Jesus (cujo significado Salvador, cf Mt 1.21), de
fato pode salvar inteiramente dos pecados, por ser ele de natureza divina (ct. Hb
7.23-28). A natureza divina de Cristo o fundamento do evangelho.

"kats ggratetai" = assim como est escrito. uma frmula confirmatria


para o relato que segue. Tudo o que segue aconteceu de acordo com o que foi
anunciado previamente pelo profeta, Os profetas anunciaram. Por isso, o que
segue devia ser assim, BLH: "A boa notcia~.. comeou como o profeta Isaas
tinha dito".

1.2,3)

"ngelos " = Joo Batista mensageiro de Deus. Essa uma das poucas
ocasies no NT em que o termo usado para referir-se a mensageiro humano e no
a anjos. Alm deste texto, encontramos o vocbulo com o mesmo sentido de mensageiro humano emLc 7.24; 9.52; Tg 2.25 e Mt 11.10.

do pecado mas tambr;~,


pregao de arrependimcr~::
Edmund, The Doetr!ne
IA) Na pregao de JciL ~~::-~
do pecado, visande - -:-C
de mente e atitud" ~ ,~-~~

Batismo como mel;: "':-:~-:_


na atitude dos batin:-',
poder ser a cita;:
_
mento.

o texto traz "batismo d~~c::-~-"


arrependimento? No se tE:'::
uma purificao cltico-ceri'''.:r
__
o seu encontro com o juiz ',:r: c
pregao, tomando-se comc:~c_
O batismo de Joo relaci:rc
livrar-se do julgamento. Arr: f: _ ~
anependimento e, por caus:: c~ _
salvao no juzo vindouro. '.;:
a purificao e renovao es:c: ~
tido pelos profetas (Me 1.S: '<:
arrependimento, dirige ao c'''" c" - _
escatologicamente vlido, :-~~::':
como um selo eficaz do arrep',,:::-~ .
1.7,8) Joo anuncia a vin:: c" '.
Esprito Santo". No S'rc~~Esprito Santo sua igE,
o que faz pensar no dia ::~ :

A citao de 1s 40.3 e Ml 3.1. Joo Batista , por conseguinte, o mensageiro,


aquele que foi enviado para anunciar ao povo a necessidade e meio de preparao
do caminho para a chegada de Cristo.

Aps a morte e ressurrei.; ".:


e desde ento atua em tod:'
Aliana nos profetas, reis e::.:'
sua plenitude, Cada membr: __

Da, a citao de preparador do caminho. Logo, Joo Batista foi porta-voz e


preparador do caminho para Cristo. Ele o Precursor do Messias vindouro.

conseguinte, alistado peic ::: c :-7.39; 2 Co 3.6), para ser me"o::~

"Consciente de ser ele o porta voz e preparador do caminho para Aquele que
estava para vir, o "mais poderoso" (l'vIc1.7), Joo o proclamou como sendo o executor do julgamento divino. Ao mesmo tempo, Joo via nele o cumprimento da promessa proftica sobre a outorga do Esprito (Me 1.8). Porquanto o juzo de Deus
iminente, exigido o imediato arrependimento. Joo no exigia apenas a confisso
206

PARA A I\1ENSAGR\ I
Quatro sculos se passar2.:-:-~
~de silncio proftico. A relig:3:
_
as de purificao exteriores
e conformidade com a lei.

Igreja Luterana

- N 2 - 1999

do pecado mas tambm um afastamento do mesmo (Mt 3.8,10). Baseado nessa


pregao de alTependimento, Joo convidava as pessoas para o Batismo." (SCHLINK,
Edmund. The Doctrine of Baptism. St. Louis, CPH, p.17) .

. descreve o comeo do evan-

, c:: :enno para se referir aos fatos

::lenamente de acordo com as

~~:.;o aps o nome Jesus Cristo


-- \larcos apresenta Jesus Cristo
_::10 Salvador, cf. Mt 1.21), de
~ "le de natureza divina (cf. Hb
<:0 do evangelho.
uma frmula confirmatria
_-nteceu de acordo com o que foi
Ctas anunciaram. Por isso, o que
:omeou como o profeta Isaas

_:-_'0

: Deus. Essa uma das poucas


_::::'-se a mensageiro humano e no
_.- : om o mesmo sentido de mensa-

__ . Dor conseguinte, o mensageiro,


~:essidade e meio de preparao

:"':go, Joo Batista foi porta-voz e


: _:~sor do Messias vindouro.

1.4) Na pregao de Joo temos Lei e Evangelho. Aqui a lei aplicada na denncia
do pecado, visando o arrependimento ("rnetnoia" = converso, mudana
de mente e atitude, voltar-se para Deus). O Evangelho est vinculado ao
Batismo como meio "para a remisso dos pecados". O resultado se apresenta
na atitude dos batizados confessando os seus pecados (v.S). Excelente auxlio
poder ser a citao da Confisso de Augsburgo, Artigo XII: Do Arrependimento.
O texto traz "batismo de arrependimento". Qual o significado desse batismo de
arrependimento? No se tratava apenas de uma limpeza exterior do corpo, nem de
uma purificao cltico-cerimonial. Era, antes, uma preparao do homem todo para
o seu encontro com o juiz vindouro. Esse um aspecto que pode ser destacado na
pregao, tomando-se como auxlio a epstola do dia (2 Pe 3.7-14).
O batismo de Joo relacionava-se com uma converso total, a nica maneira de
livrar-se do julgamento. Atravs desse Batismo, o pecador penitente era inserido no
alTependimento e, por causa dele, produzia frutos do alTependimento e aguardava a
salvao no juzo vindouro ... No coube a Joo, mas sim ao que vir aps ele, operar
a purificao e renovao escatolgica mediante o Esprito Santo, conforme prometido pelos profetas (Mc 1.8; Mt 3.11; Lc 3.16; At 1.5 ). O Batismo de Joo exige
arrependimento, dirige ao arrependimento e reconhece o arrependimento como
escatologicamente vlido. Nesse aspecto, o batismo de Joo pode ser caracterizado
como um selo eficaz do arrependimento. (SCHLINK, op.cit., pp. 18,19).
1.7,8) Joo anuncia a vinda de Jesus Cristo como seu superior. Este batizar "no
Esprito Santo". No se refere aqui ao batismo com gua, mas outorga do
Esprito Santo sua igreja. Mateus acrescenta o fogo ao se referir ao Esprito,
o que faz pensar no dia de Pentecostes.
Aps a morte e ressurreio de Jesus, o Esprito Santo foi enviado ao seu povo
e desde ento atua em todos os crentes. Embora o Esprito j agisse na Antiga
Aliana nos profetas, reis e outros mensageiros de Deus, agora ser derramado em
sua plenitude. Cada membro da igreja de Cristo recebe o Esprito. Cada um, por
conseguinte, alistado pelo Esprito como um instrumento do Cristo exaltado (Jo
7.39; 2 Co 3.6), para ser mensageiro e precursor daquele que h de vir para o juzo.
PARA A MENSAGE.l\1

- ~:r do caminho para Aquele que


oroclamou como sendo o execu._::\ia nele o cumprimento da proPorquanto o juzo de Deus
- -}o no exigia apenas a confisso

Quatro sculos se passaram em que no se ouvia a voz de Deus. Foi um perodo


de silncio proftico. A religio deteriorara em meros rituais, formalismos, exigncias de purificao exteriores (batismos nas comunidades de Qurnran, Essnios, ctc.)
e conformidade com a lei.
207

Igreja Luterana - N 2 - 1999

o povo esperava a manifestao de Deus para o juzo. Parecia, no entanto, que


Deus estava distante, alheio realidade e necessidades do cotidiano de seu povo.
As vozes que se faziam ouvir no eram dignas de crdito, visto no terem sido
enviadas por Deus. Sua mensagem no era a mensagem divina de lei e evangelho.
Por conseguinte, no preparavam para o "encontro com o Juiz".
A voz de Deus, no entanto, se faz ouvir atravs do seu ltimo mensageiro e
tambm precursor de Deus - Joo Batista. Sua mensagem Palavra de Deus amparada na voz dos profetas outrora enviados. Ele proclama Cristo, o Filho de Deus,
como Aquele que est para vir. Nele h remisso de pecados e a outorga do Esprito
Santo.
Que tipos de vozes clamam e clamaro nesses domingos que precedem o terceiro
milnio? Sero, de fato, a voz de Deus? Pense nos esotricos e suas exigncias de
purificao, nos pentecostais e outros legalistas confundindo o rito de Batismo com
uma conformidade a leis eclesisticas, etc. No parece ao povo de Deus que ele se
calou por dois milnios, deixando seus filhos sem a sua companhia e orientao? E, se
Deus continua ativo, onde podemos ouvi-Io e de que maneira nos comunicamos com
ele? So fidedignas as tantas vozes que clamam e exigem do pobre pecador? A pergunta da Idade Mdia continua atual: "Como encontrar um Deus gracioso?"

TERCEI:RO

CONTEXTO
O
Jesus
Estes,
Deus,

Evangelho de k:"
diante dos discpc:;.: : _.
porm, foram f;,.~
e para que, crend: . .:::".

Nossa percope se "L':-=-'


que o Verbo (Jesus) ete:'
(Jesus) a redeno ( 19-:respeito de Jesus Cristo. -.
No v. 6 Joo (o Bati:::-=-:: :--,tem autoridade dada per D,
idosos (Zacarias e Isabe 1 ::. - ::
nascimento de Joo afim,.'.

Essa reflexo prpria para conduzir ao tema da pregao:


Deus nos fala pelo Evangelho de seu Filho. (v.I)

Esprito Santo, j no vem'::


"E a mo do Senhor est::'-=Rudi Thoma
So Borja, RS

Promessa Divina, de algu:':. era um representante pe",'


vv. 7 e 8- dito quc Je:"
estava no mundc ,:: _
presente. E mais t,,- ~_
"Eis o Cordeiro de D::_:
a luz, como bem eliso", ~" _
5.35); ou seja, Jose ::
verdadeira. A fun:L =-=-

vv.19-23 - Umade1ega~-"- -=-.:


sobre quem ele cr:: e . -=-.:"- '-,~
promessa de D::c:' _
Elias, antes que \er.:--.-=. ~.
ele era o profeta qu:: :::lhes-ei um profeta:: - r'::
as minhas pala '-r,' .: ..
ponde: No. A
208

Igreja Luterana - N 2 - 1999


.ufzo. Parecia, no entanto, que
::::::es do cotidiano de seu povo.
~ :: ~rdito, visto no terem sido
;em divina de lei e evangelho.
::,:mo Juiz".
~s do seu ltimo mensageiro e
:-:,s::gem Palavra de Deus ampa:::, ::lama Cristo, o Filho de Deus,
:::-pecados e a outorga do Esprito

:::'Tlingos que precedem o terceiro


" " esotricos e suas exigncias de
",'Jndindo o rito de Batismo com
::::::-:e ao povo de Deus que ele se
'J,i companhia e orientao? E, se
:: J:- maneira nos comunicamos com
. \:igem do pobre pecador? A per'-"rar um Deus gracioso?"
:;2

pregao:

:l seu Filho. (v.I)

Rudi Thoma
So Borja, RS

TERCEIRO DOMINGO NO ADVENTO


j2 de dezembro de 1999
Joo 1.6-8, 19-28

CONTEXTO
O Evangelho de Joo expressa claramente o seu propsito: "Na verdade fez
Jesus diante dos discpulos muitos outros sinais que no esto escritos neste livro.
Estes, porm, foram registrados para que creiais que Jesus o Cristo, o Filho de
Deus, e para que, crendo, tenhais vida em seu nome" (20.30-31).
Nossa percope se situa no prlogo do Evangelho de Joo, onde testificado
que o Verbo (Jesus) eterno (1.1-2); estava junto ao Pai na criao (1.3); e o Verbo
(Jesus) a redeno (1.9-14), e se estende pelos testemunhos de Joo Batista a
respeito de Jesus Cristo, o Filho de Deus que tira o pecado do mundo (1.29-34).
No v. 6 Joo (o Batista) apresentado como "enviado" por Deus. Algum que
tem autoridade dada por Deus para falar. Deus intervm na vida de um casal de
idosos (Zacarias e Isabel) e lhes concede um filho na velhice, e o anjo ao anunciar o
nascimento de Joo afirma: "Este ser grande diante do Senhor ... ser cheio do
Esprito Santo, j no ventre materno" (Lucas 1.15); e aps o seu nascimento dito:
"E a mo do Senhor estava com ele" (Lucas 1.66). E Joo o cumprimento da
Promessa Divina, de algum para preparar o caminho do Senhor (Mateus 3.3). Joo
era um representante pessoal de Deus no seu plano de salvao.
vv. 7 e 8- dito que Joo veio como "testemunha". Joo foi o "profeta final", que
estava no mundo testemunhando, apontando para o Salvador que j est
presente. E mais tarde, face a face com Jesus, Joo d o grande testemunho:
"Eis o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo" (Joo 1.29). Joo no era
a luz, como bem disse Jesus: "Ele era a lmpada que ardia e alumiava"( Joo
5.35); ou seja, Joo era um instrumento na mo de Deus para mostrar a luz
verdadeira. A funo da lmpada mostrar a luz, e Joo fez isso muito bem.
vV.19-23 - Uma delegao dos lderes religiosos judeus foram at Joo para especular
sobre quem ele era e o que pregava. Perguntaram se era ele Elias, uma referncia
promessa de Deus em Malaquias 4.5: "Eis que eu vos enviarei o profeta
Elias, antes que venha o grande e terrvel Dia do SENHOR". Questionaram se
ele era o profeta que Deus prometeu enviar em Deuteronmio 18.18: "Suscitarlhes-ei um profeta do meio de seus irmos, semelhante a ti, em cuja boca porei
as minhas palavras, e ele lhes falar tudo o que eu lhe ordenar". E Joo responde: No. A delegao persiste em seus questionamentos, pois o que iriam
209

Igreja Luterana - N 2 . 1999


dizer aos que os enviaram? E Joo responde dizendo que o cumprimento da
promessa de Isaas 40.3: "Voz do que clama no deserto: Preparai o caminho do
Senhor; endireitai no ermo vereda ao nosso Deus". Sua misso era preparatria.
Joo era a voz que anunciava a redeno, que j estava presente no mundo.
VV.24-27- Os fariseus que foram interrogar Joo tinham um interesse maior na
atividade que ele estava fazendo - Batizar. Para os fariseus o Batismo era um
rito escatolgico, que deveria ser realizado por personagens do fim dos tempos. Joo ao dizer: "Eu batizo com gua", deixa claro que vir outro que
batizar com o Esprito Santo ( Joo 1.33). E Joo desfaz-se de toda autoridade
e dignidade pessoais e diz que j est presente no meio do povo algum
especial que ele no era "digno de desatar-lhe as correias das sandlias"(v.27).
Desamarrar e carregar sandlias era o dever dos escravos. Joo se coloca na
condio de escravo, servo do Senhor, que ele batizaria mais tarde.
V.28 - Este versculo serve para confirmar e localizar o leitor do Evangelho sobre
onde se passaram estes acontecimentos .

QUARTO

~J

Nota: Contexto e Aii.~

INTRODUO
Um jornalista disse: "Um ,',"
cheio". Pode nossa vida do dia-::-::. ~
com extraordinrios significad::' .~,
sim. Ela mostra-nos o que accm,:<:"
... quando o comum torna-S

;','

PROPOSTA HOMILTICA
I - Quando Deus providencia tu!
Advento: queremos esperar com fidelidade a Deus testemunhando a respeito da
Luz: Jesus.

Paulo Henrique Voltz


So Jos do Rio Claro, MT

A - Deus providenciou Jes> C' ,


B - Deus providenciou Jescs cC - Deus providenciou na Es __,
Cristo (2 Pe 1.21). Deus usou c .:.~,
A virgem Maria experimem: _
ela tornou-se o embrio dos 'I - concebido pelo Esprito Sant,cP
grande privilgio em sua "insign,,:_

A- Somos tentados a peroo-1- Muitas vezes queremos ,':'::.-,


2- Muitas vezes queremos :::-:-d
padres.
B- O reconhecimento ((
1- Como Maria que creu :-.::"
2- Esta misso salvador" ;c::":-

c-

O reconhecimento

(lc --'

CONCLUSO
Deus ainda muda o cornu:-:'
210

L-:~

Igreja Luterana - N 2 - 1999


c~,jo que o cumprimento da
:-7s~rto:Preparai o caminho do
_ . _ Sua misso era preparatria.
.. :- estava presente no mundo.
=

QUARTO DOMINGO NO ADVENTO


19 de dezembro de 1999
Lucas 1.26-38

..-.ham um interesse maior na


-:. ..s fariseus o Batismo era um
::'.. :.'ersonagens do fim dos tem:.c:\a claro que vir outro que
~: desfaz-se de toda autoridade
. ~:e no meio do povo algum
, _.,:c:meias das sandlias"(v.27).
_.' escravos. Joo se coloca na
::o:nizaria mais tarde.
=::'f

o leitor do Evangelho sobre

Nota: Contexto e Anlise do texto: ver Igreja Luterana, vaI. 49, n 2, ano 1990.

INTRODUO
Um jornalista disse: "Um fato como um saco - s fica em p quando est
cheio". Pode nossa vida do dia-a-dia, agitada com a preparao do Natal, ser enchida
com extraordinrios significados? A experincia de Maria responde com um forte
sim. Ela mostra-nos o que acontece ...
... quando o comum torna-se extraordinrio
I - Quando Deus providencia tudo

= C..lS testemunhando a respeito da

Paulo Henrique Voltz


So Jos do Rio Claro, MT

A - Deus providenciou Jesus Cristo no mistrio da encarnao (v.31)


B - Deus providenciou Jesus Cristo na sua morte e ressurreio (v. 31; Mt 1.21).
C - Deus providenciou na Escritura Sagrada um registro do seu amor em Jesus
Cristo (2 Pe 1.21). Deus usou o anjo para anunciar a Boa Notcia, o Evangelho!
A virgem Maria experimentou a total providncia de Deus. Duma humilde galilia,
ela tornou-se o embrio dos sonhos e da esperana de toda a humanidade: "Foi
concebido pelo Esprito Santo". Maria, tambm, ilustra a maravilha de receber um
grande privilgio em sua "insignificncia, humildade, pobreza e inferioridade". (Lutero)

n- Quando

Deus capacita-nos a receber o que ele providenciou

A- Somos tentados a perder-nos no comum (v.34).


1- Muitas vezes queremos transformar as ddivas de Deus em nossas realizaes.
2- Muitas vezes queremos limitar as ddivas de Deus de acordo com os nossos
padres.
B- O reconhecimento do extraordinrio necessita de aceitao (v.38)
1- Como Maria que creu na misso salvadora de Jesus (v.37).
2- Esta misso salvadora preencheu e satisfez a sua vida (v.37).

c- O reconhecimento do extraordinrio necessita de uma resposta (v.38)


CONCLUSO
Deus ainda muda o comum em extraordinrio? Simples gua, po e vinho, palavras
211

Igreja Luterana - N 2 - 1999


num livro (Bblia), corpo e sangue, isso tudo so coisas comuns, mas transformadas
em extraordinrias por Deus!
As palavras do anjo Gabriel: 'Tara Deus no haver impossveis", ainda
permanecem verdadeiras. Pode Deus preencher a nossa vida do dia-a-dia com seu
significado extraordinrio? Em Jesus Cristo a resposta SIM: ontem, hoje e para
sempre! Nossa "contribuio" para este milagre? A alegre resposta da f, que
exclama: "Deixe isso para mim conforme tua Palavral"

Osvino Vorpagel
lndaial,

se

I. CONSIDERAES I,iRe
Normalmente inicia-s_=exegticas que consideram
estrutura do texto, a gramtic::. -:
repartir alguma experincia e " ~
contri buio uma coletnea de -:-_
refletiram sobre o texto. Esc!'e
pregao relevante nesses rIC', :, Krst, Lindolfo Weingartner. e

:e,~

Enfim, fiz o trabalho d,,:~


oferecer o mel saboroso do E>.:.
de nossas vidas.

n. CONSIDERAES GER '; T';;


AS EXPECTATIVAS DA CO"':;l
DO PREGADOR
A histria do Natal em 51 '~
outros tipos de prdicas, c::-~'
sociedades de consumo. sobre .:.'
posto ao lixo e misria de n:',.:c: - ~
Mas, falar e ouvir o b\lC e :
presta ateno no profundarc.e'
ro de Deus precisa fazer ao pre -: ':'.-

pregador precisa leIT,::':': : __


mais freqentados do anO __
todas as idades. Viro av6s -:_ .
mria natalina est viva g:.:c.::':
comunicao de massa que e~'
Mas, apesar de tudo. c..' ~::
parar, por um instante. Te=- ce::."
alegria e amor. E se a festa :: ~',~c
o que est acontecendo r:2 SL.:::' -: .'
212

Igreja Luterana - N 2 - 1999


;: ~Jmuns, mas transformadas

';aver impossveis", ainda


. ,,} vida do dia-a-dia com seu
. O'" SIM: ontem, hoje e para
-". alegre resposta da f, que

Osvino Vorpagel
lndaial, se

DIA DE NATAL
25 de dezembro de 1999
Lucas 2. 1-20

I. CONSIDERAES INTRODUTRIAS
Normalmente inicia-se um estudo homiltico com reflexes isagglcas e
exegticas que consideram termos, verbos, palavras chaves na lngua original, a
estrutura do texto, a gramtica, etc. Decidi ir por outro caminho, numa tentativa de
repartir alguma experincia e vivncia como pregador do Evangelho. Trago como
contribuio uma coletnea de pensamentos de mais de uma dezena de autores que
refletiram sobre o texto. Escrevo o que julguei ser o mais significativo para uma
pregao relevante nesses novos tempos. Os autores consultados foram: Nelson
Krst, Lindolfo Weingartner, entre outros.
Enfim, fiz o trabalho de uma abelha. Fui a muitas flores colher o nctar para
oferecer o mel saboroso do Evangelho de modo compreensvel e aplicado ao hoje
de nossas vidas.
ll. CONSIDERAES GERAIS SOBRE O EVENTO DO NATAL,
AS EXPECTATNASDACONGREGAOEOS
CUIDADOS
DO PREGADOR
A histria do Natal em si no causa mais tanto impacto, razo porque surgiram
outros tipos de prdicas, como os sermes sociais, polticos de protesto contra
sociedades de consumo, sobre as diferenas sociais e os exageros do luxo contraposto ao lixo e misria de nossas multides.
Mas, falar e ouvir o bvio e o normal do Natal cansa!? De tanto repetir ainda se
presta ateno no profundamente radical do Natal? So perguntas que o mensageiro de Deus precisa fazer ao preparar seu recado natalino.
O pregador precisa lembrar que provavelmente o culto neste dia ser um dos
mais freqentados do ano, e que Natal um acontecimento para as pessoas de
todas as idades. Viro avs, pais, jovens, crianas, especialmente crianas. A memria natalina est viva graas a muitos fatores, entre os quais esto os meios de
comunicao de massa que exploram esse momento para seus fins de lucro.
Mas, apesar de tudo, as pessoas querem ter um momento celebrativo. Querem
parar, por um instante. Tem sede e fome por consolo, esperana, paz, harmonia,
alegria e amor. E se a festa do Natal ficou to normal, preciso que algum nos diga
o que est acontecendo na sua essncia.
213

Igreja Luterana - N 2 - 1999


Ao refletirmos sobre essas expectativas de nosso povo, teremos levado a srio
o pblico alvo da mensagem de Natal, e isso compromisso de todo pregador e
mensageiro de Deus.
Por ser um dia com boa freqncia e com chances de reaparecerem os "membros
relapsos", o pastor tentado a usar mais a lei do que realmente partir do evangelho
- a verdadeira fora Iibertadora. De igual modo o pregador no pode esquecer que
nesse dia as crianas vivenciam a tenso dos presentes, e portanto, esto impacientes e agitadas, o que requer dele um esforo e preparo especial como comunicador
sensvel e atento realidade de seu povo.

m. CONSIDERAES

HISTRICAS E HOMILTICAS
A histria mais recontada do mundo a do Natal. Um levantamento da populao, em todo o imprio, visando atualizar e melhorar a arrecadao de impostos
movimentou um marceneiro chamado Jos e sua esposa Maria, da cidade de Nazar
para a cidade de Belm, cidade de seus antepassados, e ali fazer seu registro.
Quando chegaram a Belm, souberam que no havia mais lugar nas hospedarias, e Maria estava em adiantado estado de gravidez. Acomodados numa estrebaria,
Maria deu luz a seu primeiro filho, e colocou o beb num cacho de animais.
At aqui uma histria normal. Meros fatos corriqueiros. O que d um significado nico histria desse menino deitado num cacho que a alguns quilmetros
dali, naquela mesma noite, nos campos ao redor da cidade, um grupo de pastores de
ovelhas estava batendo um papo, enquanto cuidavam das ovelhas, e algo de extraordinrio aconteceu: apareceu-lhes um mensageiro de Deus e lhes disse que tinha
uma notcia maravilhosa para eles, a saber, que nesse momento acabara de nascer,
ali na cidade, o Messias to esperado! Deus intervm para dizer, atravs do mensageiro, um absurdo: naquele beb est o Salvador de vocs, o Cristo. Deus esclarece
com sua palavra. E receberam o convite para ir l e conferir. E eles foram e viram. Essa
a essncia da alegria do Natal: ver o Messias.
O objetivo da mensagem de Natal a encarnao: o Verbo se tornou carne. Deus
entra na aflio do mundo para que todos vejam sua glria. Sua misso como Messias recolocar em ordem as relaes entre os homens e Deus. Por si prprios os
homens no tm condies de reatar as relaes com seu Criador. Esta criana a
nica chance de salvao para a humanidade.
No entanto, Ele se revela contra toda a expectativa humana. Identifica-se com os
humildes, como um Deus aparentemente fraco. Sua fragilidade impede Seu reconhecimento. o milagre e mistrio da humanao divina.
Onde em todos os registros das divindades que os humanos criaram pode encontrar-se um Deus como esse que criou as criaturas humanas e ele mesmo tornouse um humano? Ele no se esconde atrs do vu de sua glria majestosa, mas deitase numa manjedoura.
214

o Evangelho
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IV -OUTROS PENS~\

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Igreja Luterana . N 2 - 1999

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,: ,:.lade, um grupo de pastores de
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. ' : :,Ierir. E eles foram e viram. Essa

o Verbo se tornou carne. Deus


: glria. Sua misso como Mes, : Tlens e Deus. Por si prprios os
, :m seu Criador. Esta criana a

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c.C' os humanos criaram pode en:: ....


s humanas e ele mesmo tornou, :c sua glria majestosa, mas deita-

o Evangelho simples, modesto, to diferente daquilo que a inteligncia humana teria arquitetado para solucionar os problemas que afligem a humanidade: manjedoura, oficina de carpintaria, um barco, um deserto, umjumentinho, uma cruz so
sinais da aparente fraqueza e loucura de Deus.
PERSONAGENS DA HISTRIA:
A cincia de obstetrcia no conhece tais coisas como a gravidez da virgem e a
concepo pelo Esprito Santo. Alguns chamam isso de fbula, mas para Lucas e
para o que cr o milagre, o mistrio .
Maria - me sem leito. Para dar luz, Maria provavelmente teve que se deitar no
cho da estrebaria, pois no havia lugar para eles na penso. O romantismo europeu
encobriu o lugar escandaloso do nascimento do Filho de Deus: um cocho num
estbulo fedorento. Deus se humilha mesmo .
Maria reflete e medita sobre tudo que vivenciou e ouviu. Ela liga os fatos. a ao do
Esprito Santo na serva do Senhor. O diabo separa, cria confuso (diabolein). Essa sua
especialidade: separar. O Esprito de Deus liga, une, ilumina. E certa.'TIenteiluminou at o
fim da vida aquela que foi instrumento especial nesse evento nico da histria humana,
E Maria pensa, reflete, aprofunda sua compreenso sobre os acontecimentos.
O anjo que anunciou o nascimento de Jesus para os pastores nos campos de
Belm foi um mensageiro de poucas palavras. Esse primeiro sermo de Natal foi uma
maravilha de simplicidade. Nessas simples palavras tudo que era necessrio ser dito
foi dito. mensagem transformadora.
Da estrebaria ao campo. Os primeiros ouvintes da melhor boa notcia do mundo
foram os simples pastores, que prontamente dizem: "Vamos at Belm"! A disponibilidade, o despojamento visvel. Esto envolvidos no evento histrico decisivo. Eles
creram com os coraes e com os ps, pois eles foram apressadamente para o lugar
indicado pelo anjo. No fazem uma reunio de anlise dos fatos para depois decidirem
o que e como fazer. Vo para ver. ao espontnea de quem est contagiado. A
mensagem recebida os pe em movimento. No versculo 17 diz que os pastores viram.
So testemunhas oculares do mistrio da encarnao do prprio Deus. mistrio que
contradiz tudo o que a razo humana capaz de captar pelo esforo prprio.
E a mensagem foi adiante, se espalhou, nas visitas e nas conversas de olho no olho,
de amigo para amigo. E isso maravilhoso, pois foi e desse jeito que a notcia do Amor
de Deus se espalhou e se espalha, no contato humano, no testemunho espontneo
pessoal simples e verdadeiro. Esses contatos, essas visitas, esses dilogos precisam ser
incrementados entre ns humanos da era do contato e comunicao virtual eletrnica.
IV - OUTROS PENSAMENTOS PARA A PRDICA
Por ocasio do Natal cabe a pergunta sobre os critrios de escolha de Deus: a
me de Jesus, porque no uma mulher das fileiras da nobreza? Seu lugar de nascimento, porque no Jerusalm, a antiga capital de Israel? A mensagem primeiramente
215

Igreja Luterana - N" 2 - 1999


anunciada e festejada entre pastores nos campos de Belm, por que no para a elite
religiosa, os fariseus, saduceus, sacerdotes e levitas?
PRlMEIRO

Esse o jeito de Deus. Ele escolheu as coisas loucas do mundo para confundir
os sbios, as coisas fracas para confundir os poderosos. Nenhuma carne pode
gloriar-se na Sua presena. Manjedoura e cruz o seu jeito de atuar e agir no mundo.
Entra em cena como Servo sofredor e no como conquistador de naes. Aparentemente fraco. Deus tornou-se homem - o homem que aceita os homens, que no
julga conforme os mritos nem os ama por causa de eventuais boas obras.

o problema

com essa histria de Natal que ela to conhecida. Quando ouvimos, vamos logo pensando: Ah, j sei o que vem e deixamos de ouvir muita coisa
importante, que precisamos ouvir sempre de novo, como alimento dirio.
No temais! - a primeira parte do recado do anjo. Ele sabe que h medo no corao
humano. O ser humano por natureza tem medo e raiva de Deus. No temais recado,
ordem e oferta. mo estendida do Deus amoroso, pronto para perdoar e aceitar.
No temais - Cada pregao crist precisa ter esse carter de convite, de atrair,
acolher, atrair pessoas assustadas, apavoradas, aterrorizadas. Deus convida a todos, seja quem for e seja l o que tenha feito.
Jesus no a nica criana que nasceu em condies to humildes. Nascem
crianas em condies bem mais pobres e com menos chances de vida do que
Jesus. Hoje muitas vezes no h lugar para muitas Marias, para muitos Joss, para
muitos meninos e meninas. A causa dessa desarmonia social, existencial e espiritual
Jesus veio tratar, a saber, o pecado.
Deus amou e deu Seu Filho. Deus no s falou. Ele agiu. E com o nascimento de
seu Filho tudo mudou e mudar. Ns somos desafiados a nos tornarmos testemunhas natalinas, como os pastores.
Na Santa Ceia temos nosso encontro com o Cristo. o mistrio do Cristo presente no
po e vinho nos convidando a vir a Ele com f e celebrar Sua presena em ns - o seu bero.
Uma das curiosidades desta histria natalina o fato que o primeiro natal no
esteve ligado ao templo, igreja organizada, Tudo aconteceu em meio rotina do
quotidiano e profano. Foi l que Cristo se manifestou e nesse dia a dia da vida
secular que Ele quer ser reconhecido e identificado.
Os momentos importantes, decisivos no acontecem na igreja, mas no dia a dia
da vida. A se pe em prtica o que se recebe e oferece na igreja, a saber, Palavra e
Sacramento e o nosso louvor e adorao.
Gerhard Grasel
Capelo Geral da ULBRA Canoas / RS

216

CONTEXTO
Lc 2 apresenta a histri2. ~.
do A. Testamento. Era o s,::~::
verdadeiro Deus, desde teci::.
verdadeiro homem, em car::.~~
acordes do primeiro Natal.
Jesus, agora sendo levado
TEXTO

Lc 2.25-27 apresenta 3
Sirneo.

,~=.

Simeo, geralmente, vis:: _


da idade da profetisa Ana (8.12.::':
de ver o Cristo do Senhor". C::Nn entende salvao
braos de Simeo.
Etnoon no tem propris=~::
misso, no s entre os judeus
mais tarde em Atos dos Aps::
Keitai passivo, "est d~s::-: .
PROPOSTA HOMILTIC\
Texto: Lc 2.25-40
Tema: Jesus Cristo, Sina]~.
INTRODUO
O Natal passou, mas o se"..'
mensagem. Os pastores sars-:-__
acompanhado de Maria e Jos~ ~_, _
Casa de orao, a Igreja. Jesus '::.
piedoso, que canta feliz o seu ,\
servo, porque os meus olhos '.':.::..-.

Igreja Luterana - N 2 - 1999


- ~ c.~m, por que no para a elite
PRIMEIRO

_::s do mundo para confundir


- ":.:: sos, Nenhuma carne pode
_. =~:ode atuar e agir no mundo,
- ..:..:~s:adorde naes. Aparente,- :.= aceita os homens, que no
_~ -:-';entuais boas obras.
conhecida. Quando ouvie ::~ixamos de ouvir muita coisa
: :mo alimento dirio.
e :!io

~:e sabe que h medo no corao


::ie Deus. No temais recado,
'1to para perdoar e aceitar.

.0: carter de convite, de atrair,


_'c:-:-orizadas. Deus convida a to-

. : :.jies to humildes. Nascem


'-';enos chances de vida do que
_.' "larias, para muitos Joss, para
. : :.. 3 social, existencial e espiritual

DOMINGO

APS O NATAL

26 de dezembro de J 999
Lc 2.25-40, ou Lc 2.25-38

CONTEXTO
Lc 2 apresenta a histria do 1()Natal. Cumpriam-se, desta maneira, as profecias
do A. Testamento. Era o amor de Deus se encarnando no Verbo (Lagos). Jesus,
verdadeiro Deus, desde toda a eternidade, passa, a partir de Lc 2, a ser tambm
verdadeiro homem, em carne e sangue, para ser Emanuel- Deus-conosco. Com os
acordes do primeiro Natal, como pano de fundo, o texto de Lc 2.25-40 apresenta
Jesus, agora sendo levado Sua Casa, casa de orao e adorao, a igreja.
TEXTO
Lc 2.25-27 apresenta 3 vezes a ao forte e direta do Esprito Santo na vida de
Simeo.
Simeo, geralmente, visto como sendo idoso, em parte como inferncia, a partir
da idade da profetisa Ana (84 anos), e do v.26 que diz: "no passaria pela morte antes
de ver o Cristo do Senhor". Contudo, no h provas de Simeo ser idoso.
Nn entende salvao "agora", "aqui", na pessoa desta criana: Jesus, nos
braos de Simeo .

. ~le agiu. E com o nascimento de


-::-iados a nos tornarmos testemu-

o mistrio do Cristo presente no


. -:: Sua presena em ns - o seu bero.

Etnoon no tem propriamente o sentido de naes, mas gentios. Antecipa a


misso, no s entre os judeus, mas entre os gentios tambm, como revelada logo
mais tarde em Atos dos Apstolos.

:==:

rato que o primeiro natal no


_::_ aconteceu em meio rotina do
-e':ou e nesse dia a dia da vida
e

-.:~em na igreja, mas no dia a dia


:c:ece na igreja, a saber, Palavra e

. '-f'50

Gerhard Grasel
Geral da ULBRA Canoas / RS

Keitai passivo, "est destinado" por Deus, j desde antes dos tempos eternos .
PROPOSTA HOMILTICA
Texto: Lc 2.25-40
Tema: Jesus Cristo, Sinal destinado por Deus
INTRODUO
O Natal passou, mas o seu clima paira no ar com as suas melodias e a sua
mensagem. Os pastores saram dos campos e foram at Belm. Agora Jesus,
acompanhado de Maria e Jos, que sai de Belm e vai a Jerusalm. Vai para sua Casa,
Casa de orao, a Igreja. Jesus ali tomado nos braos por Simeo, homem justo e
piedoso, que canta feliz o seu Nunc Dimitis: "Agora, Senhor, despedes em paz o teu
servo, porque os meus olhos viram a Tua salvao" .
217

Igreja Luterana

. N 2 . 1999

Guiado pelo Esprito Santo, Simeo faz, ento, uma grandiosa profecia: "Eis que
este Menino est destinado tanto para runa como para levantamento de muitos em
Israel e para ser alvo de contradio (tambm uma espada traspassar a Tua prpria
alma), para que se manifestem os pensamentos de muitos coraes". Lc 2.34,35.

SEGUNDO

1- Jesus Cristo, como Sinal Vivo e pessoal


a) Primrio: Enviado para salvar a todos: judeus, gentios, pretos e brancos, pobres
e ricos, letrados e iletrados, doentes e sos, todos. Jo 3.16
b) Secundrio: Onde a vontade primria sumariamente rejeitada, entra a "vai untas
Dei consequens", como dizem os telogos: runa
CONTEXTO
n- Jesus Cristo, como sinal destinado
a) No por homens
b) Mas por Deus: 1 Co 3.11; 2 Tm 2.19; Is 43.11,12
- Por isso mesmo so tornados sem efeito e vazios todos os fundamentos e sinais
postos pelos homens. Nossos sinais no passam de vento e palha. Is 26.18
c) Por isso mesmo tem eternidade.

1-

Contexto Bblico:
Estes 18 primeiros vero:: __
considerados um hino de :lf:'
claro em Joo 20.31 e em ::::=
pois os milagres em Joo sE.'
o Cristo, o Filho de Deus.

lU- Jesus Cristo, sinal destinado


a) Para runa (secundrio). Como pedra de tropeo: Is 8.14,15; Mt 21.42,44; Jo
3.36eRm9.33
b) Para levantamento (ressurreio)
- Como rocha de salvao: SI 18.2; Is 28.16; SI 118.21-23; Jo 10.10 eJo 12.47
c) Para se alvo de contradio, para que se manifestem os pensamentos de muitos
coraes. Lc 2.35.
CONCLUSO

Simeo "esperou com fidelidade a Deus". Deixou se guiar pelo Esprito do Senhor
e foi muito feliz. Tomou a seu Senhor e Salvador nos braos, ou melhor, em sua
mente e corao.
Jesus Cristo, para ele, no foi sinal de contradio e muito menos de runa, mas
de levantamento e salvao.
Frente a Jesus Cristo no h neutralidade, nem coluna do meio, nem jeitinho
brasileiro. Ou Jesus Cristo "runa", ou "levantamento". Esperemos, por isso, com
fidelidade a Deus at o fim deste Milnio, at a entrada do Novo Milnio e sempre.
Felizes aqueles que ainda hoje se deixam guiar pelo Esprito a Jesus. Eles podem
cantar alegres: "Agora, Senhor, despedes em paz o teu servo, porque os meus olhos
j viram a Tua Salvao". Amm.
Gennano Neumann
Tapes, RS

218

2 - Contexto Litrgico:
Estamos no segundo d:::-. - ~.
humanao do Filho de Deus :'." mas na "glria do Unignit,=:: = ::-=Mas, com certeza, o ambier:re c:
que para o Natal. Devemos :l-:rcorretas bases para o nove, C.r
leituras do domingo:
Salmo 147.12-20, Is 61
ao de graas pelas bniics
continuamente. Reconhecere::: e - _
a luz do mundo, avanand:. - c_com gratido em nossos c'
TEXTO

Vv. 1-3: a origem de le'u: re-Filho de Deus sempre e-, ,Sua eternidade segurc:..-:.=-o princpio racional que ~ . __
_<
termoaDeus.Joo.d2~:r=
de forte significado ]:'2-:. :=-- r
Vv. 4,5: "vida" aparece 3" . ece
morte. "Luz": a r,::=- c.
somos a luz (Mt 5, 1"".
entre trevas e luz cl:'.s:._ -

Igreja Luterana - N 2 - 1999


;" :,,'idiosa profecia: "Eis que
._ ~',antamento de muitos em
~:..~:. traspassar a Tua prpria
, coraes". Lc 2.34,35.

SEGUNDO DOMINGO

APS O NATAl

2 de janeiro de 2000
Joo 1.1-18

:s. pretos e brancos, pobres


:,,:s.Jo3.l6

o' -

:"~.:~rejeitada, entra a "voluntas


CONTEXTO

1 - Contexto Bblico:
'dos os fundamentos e sinais

ie vento e palha. Is 26.18

.. , Is 8.14,15; Mt 21.42,44; Jo

. S.21-23; Jo 10.10 eJo 12.47


c:stem os pensamentos de muitos

- _ se guiar pelo Esprito do Senhor


_ - ::10Sbraos, ou melhor, em sua

_:.. 5.J

e muito menos de runa, mas

- :~: coluna do meio, nem jeitinho


c:-:.~::1to".
Esperemos, por isso, com
:~.:~ada do Novo Milnio e sempre.
::. cela Esprito a Jesus. Eles podem
[eu servo, porque os meus olhos

-= :

Germano Neumann
Tapes, RS

Estes 18 primeiros versculos do Evangelho segundo Joo, - o Prlogo - so


considerados um hino de afirmao da divindade de Jesus. Este objetivo fica bem
claro em Joo 20.31 e em todos os sinais registrados no Evangelho segundo Joo;
pois os milagres em Joo so sempre comentados como sendo sinais de que Jesus
o Cristo, o Filho de Deus.

2 - Contexto Litrgico:
Estamos no segundo domingo aps o Natal. Da este relato diferente da
humanao do Filho de Deus: No na simplicidade da manjedoura (como em Lucas),
mas na "glria do Unignito do Pai" que "se fez carne e habitou entre ns" (v 14).
Mas, com certeza, o ambiente est todo mais voltado para a entrada do ano 2000 do
que para o Natal. Devemos aproveitar as expectativas e os festejos para lanar as
corretas bases para o novo ano, "Avanando com Gratido a Deus". As demais
leituras do domingo:
Salmo 147.12-20, Is 61.10-62.3, Ef 1.3-6, 15-18 so palavras de gratido, louvor e
ao de graas pelas bnos da salvao e por outras bnos que Deus nos d
continuamente. Reconhecendo estas bnos, reafirmamos nossa f em Jesus Cristo
a luz do mundo, avanando neste novo ano confiantes e alegres, servindo a Deus
com gratido em nossos coraes!
TEXTO
Vv. 1-3: a origem de Jesus remonta ao princpio de todas as coisas (Gn 1.1). O
Filho de Deus sempre existiu e no surgiu apenas a partir do Natal em Belm.
Sua eternidade segurana no novo ano. "O verbo" para os gregos significava
o princpio racional que governa todas as coisas. Os judeus aplicavam este
termo a Deus. Joo, dirigindo-se tanto ajudeus como a gregos, usa um termo
de forte significado para ambos ao falar de Jesus.
Vv. 4,5: "vida" aparece 36 vezes em Joo. Ele a vida e Ele d a vida. Sem Ele h
morte. "Luz": a nica qualidade referida a Jesus e a ns: Jesus a luz, ns
somos a luz (Mt 5.14). Lutero fala que somos "pequenos cristas". O contraste
entre trevas e luz clssico na Bblia. Jesus volta ao tema em Jo 8.12: "Eu sou a
219

Igreja Luterana - N 2 - 1999


luz do mundo, quem me segue no andar nas trevas" e em Ia 12.35,36: "Andai
enquanto tendes a luz ... crede na luz para que vos toneis fiihos da luz ..."
Vv. 6-8: "como testemunha para que testificasse". Parece redundncia, mas a
nfase do Evangelho: testemunho, testemunhar. O substantivo aparece 14
vezes e o verbo 33 vezes. Lembramos novamente Jo 20.31: O testemunho leva
f salvadora. Joo Batista instrumento nas mos de Deus para testemunhar
da luz.
Vv. 10-13: retomado o tema do versculo 3, introduzindo os conceitos de rejeio
e aceitao. O lamento de Deus, em Is I ,3, confirmado aqui: "O boi conhece
o seu possuidor e o jumento, o dono da sua manjedoura; mas Israel no tem
conhecimento, o meu povo no entende." Enquanto a rejeio uma atitude
humana, a aceitao graa divina. Os que aceitam so nascidos de Deus e
no da vontade humana (v. 13). Cf. Ef2.8-9.
V. 14: "Habitou entre ns" ou "Armou a sua tenda de acampamento entre ns",
uma aluso ao tabernculo no deserto que marcava a presena de Deus no
meio do seu povo. "Vimos a sua glria": Joo se refere experincia pessoal
no monte da transfigurao. semelhana de Pedra (2 Pe 1.16-18) ele
testemunha ocular da glria do verbo eterno, o Filho de Deus: Jesus Cristo!
Tambm o sinal das Bodas de Can pode ser relacionado aqui: Jo 2.11:
"Manifestou a sua glria e os seus discpulos creram nele."
PROPOSTA HOMILTICA
Tema: Uma luz para o ano 2000.
Objetivo: Reafirmar Jesus como a verdadeira e nica luz, que nos conduz com
segurana durante o novo ano e sempre.
Empecilhos na busca do objetivo: Inmeras luzes se apresentam; qual seguir?
Qual a verdadeira? Por natureza ramos filhos das trevas; e elas nos atraem (tentao).
Queremos trilhar nossos prprios caminhos sem olhar para Jesus.
A soluo de Deus: Jesus, a luz, desfaz as trevas e nos leva pelo caminho
iluminado at o Pai.
INTRODUO
- Os fogos de artifcio na passagem do ano: belos, impressionantes,
transitrios. Depois tudo volta a ser trevas.

mas

- Ou: a polmica sobre o novo milnio/sculo: incerteza, insegurana.


- Ou: voc j andou no escuro? Por exemplo, dentro de casa quando acaba a luz;
ou no trnsito, noite, quando se apagam as luzes e os semforos; ou no meio do
mato noite ... qual a sensao?
220

I - Jesus: luz e a via" lI- Jesus: luz e as tre'.as


III - Jesus: luz e o res::::-;IV - Jesus: luz e a f ,-CONCLUSO
Um relato diferente de :-:. ~.'
Ou: Novo ano: com Jo_o -

Igreja Luterana - N 2 - 1999


-'.s"eemJo 12.35,36: "Andai
s toneis filhos da luz ..."
Parece redundncia, mas a
O substantivo aparece 14
c Jo 20.31: O testemunho leva
-.:'.. s de Deus para testemunhar

I - Jesus: luz e a vida (vv. 4, 1-3)


II- Jesus: luz e as trevas (vv. 5,10-11)
III - Jesus: luz e o testemunho (vv. 7a-8)
IV - Jesus: luz e a f (7b, 9,12,13)

_ - ~. c::.

CONCLUSO
Um relato diferente do Natal: v. 14: festa de luz.
Ou: Novo ano: com Jesus podemos seguir confiantes.

_..=mdo os conceitos de rejeio


.. -.:rrnado aqui: "O boi conhece
...edoura; mas Israel no tem
= _"Dto a rejeio uma atitude
. c:=am so nascidos de Deus e

Carlos Walter Winterle


Porto Alegre, RS

.:" de acampamento entre ns",


.:rcava a presena de Deus no
'e refere experincia pessoal
:e Pedra (2 Pe 1.16-18) ele
.' Filho de Deus: Jesus Cristo!
__ ser relacionado aqui: Jo 2.11:
_.. ' creram nele."
o

. e

nica luz, que nos conduz com

_. "..:zesse apresentam; qual seguir?


_.e'-as; e elas nos atraem (tentao).
:11arp~ra Jesus.
_ :";:\'as e nos leva pelo caminho

belos, impressionantes,

mas

:ncerteza, insegurana.
ientro de casa quando acaba a luz;
.=es e os semforos; ou no meio do

221

Igreja Luterana . N 2 - 1999

vida. O inusitado, o nc'tambm fizessem aquilo q..:cc


dos pecados para Deus.

PRIMEIRO DOMINGO APS EPIFANIA

Joo, com isso, mostre,'.

09 de janeiro de 2000
Marcos 1.4-11

sua pregao. Joo Batis::: :": .


Jesus como o Messias libc:-'::cmensagem que Jesus pregc
nova aliana que transfofIT.:: _
e agora movidas pela f.

CONTEXTO.
Quando Jesus tinha em torno de 30 anos foi apresentado ao povo de Israel,
iniciando, assim, seu ministrio de Salvador, Messias de toda a humanidade. Joo
Batista, filho de Zacarias, foi precursor de Jesus em conformidade com a profecia de
Isaas: "Eis a envio diante da tua face o meu mensageiro, o qual preparar o teu
caminho ..."(Mc 1.2).
Conforme o evangelista Lucas (3.1,2), esses fatos aconteceram "no dcimo quinto
ano do reinado de Tibrio Csar, sendo Pncio Pilatos governador da Judia, Herodes
tetrarca da Galilia, seu irmo Pelipe tetrarca da regio da Ituria e Traconites, e
Lisnias tetrarca de Abilene, sendo sumo-sacerdotes Ans e Caifs ...", no deixando,
assim, nenhuma dvida quanto ao fato histrico em si, a exemplo da narrativa do
nascimento de Jesus.

o autor do evangelho no qual se insere o presente texto Joo Marcos. Alguns


estudiosos supe que o cenculo onde Cristo comemorou a Pscoa com seus discpulos
na vspera de sua crucificao ficava na casa de Maria, me de Joo Marcos, e que foi
nessa casa, tambm, que os discpulos se reuniram aps a ascenso do Senhor Jesus
ao cu. Assim, com certeza Joo Marcos ouviu muitas histrias de Jesus dos lbios
dos prprios discpulos, com os quais convivia proximamente em sua mocidade.
lEXTO
vv.4,5: Joo Batista surge no deserto. Por sculos, a voz dos profetas ficara em
silncio. De repente, se quebra o silncio. O deselto, geograficamente, se localiza
no vale inferior do Jordo, adjacncias de Jeric e da foz do rio do Mar Morto.
Joo surge como arauto, anunciador, "pregando batismo de arrependimento
para remisso de pecados", ou seja, CONVERSO a Deus, retorno fonte da vida.
O comeo, o ponto de partida da salvao, da paz, da comunho com Deus,
exatamente o processo, o pacote: ARREPENDIMENTO e PERDO dos pecados.
A proclamao de Joo Batista era clara e sucinta: arrependimento,
dos pecados e batismo. Para todos.

confisso

Os judeus estavam familiarizados com o batismo. xigiam o mesmo dos gentios


convertidos f judaica. Simbolizava a purificao, a converso do antigo modo de
222

v. 6: Joo Batista se \'e5L


camelo amarrado ao::,

sua misso plenamer,::


gafanhotos e mel si1\e,:::

-=--

..:_

v. 7: Joo Batista foi figura :=-.: _."o povo para o arrependi--:::;' ..


que o mais poderoso .. : _
v. 8: "Eu vos tenho batizad
que se tratam de dois [:c:::'
luteranos mais antigo' _s . , .
evangelista relata que J: :':'
dos pecados", prec:s::--=-.:
Pentecostes, seguind.:
dos pecados" (Atos 2.:'
Joo idntico ao que Cc:s:'
vv. 911: O batismo de Jes..:'
ateno se concentra :'.'
nvel dos pecadores e ::: -,
e como filho de Deus. ir
Jesus aparece como c
forma maravilhosa. re.:. c-.
de Jesus mostra, em ~c:=-,:-'
toda lei. Em segundc _~c
povo, e em terceiro
PROPOSTA HOMILTIC.'"
: .
O arrependimento, a C"
VIDA que surge em Crise:. ::. ~

Igreja Luterana

- N 2 - 1999

vida. O inusitado, o novo, o desafiador era Joo Batista querer que os judeus
tambm fizessem aquilo que exigiam dos gentios. Joo os convidava para se voltarem
dos pecados para Deus.

1,:>::5 EPIFANIA

Joo, com isso, mostrava os equvocos da religio de seus dias. E era radical na
sua pregao. Joo Batista preparava o caminho no s para que o povo aceitasse
Jesus como o Messias libertador prometido pelos profetas, mas tambm para a
mensagem que Jesus pregaria a todos quanto O ouvissem: a mensagem de uma
nova aliana que transforma os convertidos em NOVAS CRIATURAS, arrcpendidas
e agora movidas pela f.
_-:~ sentado ao povo de Israel,
:k toda a humanidade. Joo
, :',Iormidade com a profecia de
c ~~eiro, o qual preparar o teu

:,: onteceram "no dcimo quinto


~Jvernador da Judia, Herodes
.~~io da Ituria e Traconites, e
c: ,-",nse Caifs ...", no deixando,
::-:-si, a exemplo da narrativa do

~~,:etexto Joo Marcos. Alguns


.. :'u a Pscoa com seus discpulos
':':-:2. me de Joo Marcos, e que foi
a ascenso do Senhor Jesus
.:'J.S histrias de Jesus dos lbios
':,.,lamente em sua mocidade.

. _ :5. a voz dos profetas ficara em


::.~serto, geograficamente, se localiza
::.:5 e da foz do rio do Mar Morto.
;~:ndo batismo de arrependimento
::',] a Deus, retorno fonte da vida.
.~ paz, da comunho com Deus,
',ENTO e PERDO dos pecados.

v. 6: Joo Batista se vestia como profeta, usava um simples manto de pelos de


camelo amarrado ao corpo com um cinto de couro, Joo dedicava-se a cumprir
sua misso plenamente. Fugiu de uma vida confortvel, alimentava-se de
gafanhotos e mel silvestre.
v. 7: Joo Batista foi figura impactante, bem como sua mensagem: queria despertar
o povo para o arrependimento e prepar-Ia para reconhecer em Jesus "aquele
que o mais poderoso ... e que deveria, tinha de vir".
v. 8: "Eu vos tenho batizado ... ele, porm, vos batizar ...". A primeira impresso
que se tratam de dois batismos distintos: o de Joo e o de Jesus. Os dogmticos
luteranos mais antigos os consideraram idnticos, pelo simples motivo que o
evangelista relata que Joo pregou o "batismo de a.rrependimento para remisso
dos pecados", precisamente
como o apstolo Pedro por ocasio de
Pentecostes, seguindo instrues de Jesus, pregou o "batismo para remisso
dos pecados" (Atos 2.38). Por esta razo deve-se considerar o batismo de
Joo idntico ao que Cristo instituiu tempos depois.
'1'1.9-11: O batismo de Jesus: o Messias introduzido abruptamente no relato e a
ateno se concentra exclusivamente nEle. Jesus, que no batismo desce ao
nvel dos pecadores e ao mesmo tempo se apresenta repleto do Esprito Santo
e como filho de Deus, inicia sua misso de SERVO DE DEUS. No versculo dez
Jesus aparece como o nico beneficirio da extraordinria viso, quando, de
forma maravilhosa, revela-se a Santssima Trindade. O significado do batismo
de Jesus mostra, em primeiro lugar, sua disposio de cumprir toda justia,
toda lei. Em segundo lugar pode ser visto como um ato de identificao com o
povo, e em terceiro lugar, um ato de entrega e consagrao ao seu ministrio.
PROPOSTA HOMILTICA

'.:nta:

arrependimento,

confisso

::',,0. xigiam o mesmo dos gentios


: 5.:'.a converso do antigo modo de

O arrependimento, a confisso dos pecados, o batismo, a conseqente NOVA


VIDA que surge em Cristo, fundamentam o firme "avanar com gratido a Deus".

Norberto Ernesto Heine


223

Igreja Luterana - N 2 - 1999

SEGUNDO DoMINGO

APS EPIFANIA

16 de janeiro de 2000
Joo 1.43-51

CONlEXTO
1. No perodo da Epifania (manifestao) queremos, junto com Filipe, apresentar o
Senhor Jesus. Esta no a apresentao do "Rabi" ou do "Rei de Israel", apenas,
mas a apresentao do "Senhor dos senhores", do "Mestre dos mestres", e do
"Rei dos reis", aquele sobre o qual os anjos esto descendo e subindo, o Cristo,
o Ungido, escolhido pelo Senhor, o Mediador entre Deus e os homens, a prpria
escada que liga os homens a Deus.
2. Junto com Filipe, desempenhando o papel de apstolos, convidamos a todos
para conhecer o Messias, pois tambm ns estamos vidos por compartilhar a
experincia da nossa f, pois nesta f descobrimos o nosso Salvador.
3. Junto com Filipe, na Epifania, convidamos a todos para conhecer Jesus e
reconhecer nEle pela f, o Cristo. Temos este objetivo pois tambm, seguindo o
lema para este ano, queremos "Avanar com fidelidade a Deus", e s podemos
avanar com fidelidade quando estamos conhecendo e reconhecendo o Messias,
neste ponto a percope se toca com o nosso lema. Este "avanar" seguir com
passos seguros, na nica e verdadeira f em Deus, o ser fiel. s a Ele amar e
s nEle confiar. Para permanecer e avanar nesta fidelidade, sempre de novo
precisamos apresentar e reapresentar o Cristo. Sempre de novo precisamos repetir
as palavras de Filipe, "Vem e v" o que tambm o testemunho da nossa f.
4. Nossa percope se coloca no incio desta manifestao aos primeiros discpulos.
N as palavras do evangelho, podemos perceber a alegria, o entusiasmo e a
disposio em aceitar o chamado de Jesus, percebendo nEle mais do que um
"Rabi", mas aquele anunciado por "Moiss e pelos profetas" (v. 45). Percebendo
em Jesus, o Cristo, os discpulos se mobilizam para estarem com Ele e para
seguirem com Ele, percebemos neles o movimento da f em direo ao Sal vador,
pelo qual aguardavam e esperavam. Ao entrarem em contato com Jesus, no
resta dvidas, " Ele". Uma pequena amostra de sua oniscincia como verdadeiro
Deus o suficiente para convencer o ctico Natanael sobre "se de Nazar poderia
sair alguma coisa boa" (v. 46).
5. A verdadeira f dos discpulos, deve apoiar-se no fato de que Jesus, o Filho do
homem, de Nazar, o Filho de Deus, que desceu do cu e se humanou. Isto o
que Natanael os discpulos veriam nas manifestaes de sua glria, cuja primeira
224

foi o milagre em (2- :,


manifestao de su~,
que veria o Filho de- ,.. _
amplia a viso parti:u,:::
_
no mundo. Sua conf., _- .
quem no h dolo"
Jesus amplia sua
sua reconciliao cerT. =_
6. Percebemos em tude':.
israelitas, mas para tei:
TEXTO
I. Nossa percope, dentre
_
do chamado dos primei.-., _.
Joo aponta "Eis o corj~.rdespertado em Andr. ~ : .
pergunta: "Onde assiste;:
Senhor Jesus: "Vinde e '.fi.
Podemos sentir a atra~.".aguardavam o Messias.
2. Na seqncia imediata ae :~da glria de Jesus como .~ _
discpulos no Messias.
3. O texto apresentado e'propsito de tratar do ch.::-:-__.
do Messias no mundo.
4. Observaes no texto:
a -) Antes de ir para a Gal.l2
ao acaso; neles esta".: .: :..
direo a Jesus e a
b -) Filipe chama Natanael
com Bartolomeu no;: _:r
c -) Natanael parece que' 'e __
destaque dada ao ver: Filipe e Natanael j h.
revela tambm toda.: ::
d -) Podemos observar.: 1- __ ,
ei um profeta do me:: _.
minhas palavras. e eI::

Igreja Luterana - N 2 - 1999

..!..;rJSEPIFANIA

foi o milagre em Can. Jesus lhe promete uma viso ainda maior do que a
manifestao de sua oniscincia, quando o viu debaixo da figueira. Promete
que veria o Filho do homem como o elo entre o cu e toda a humanidade, o que
amplia a viso particularizada de Natanael, e at limitada, sobre a ao do Messias
no mundo. Sua confisso sobre o Messias foi a "de um verdadeiro israelita em
quem no h dolo" (v. 47). Esta declarao limita a ao do Messias a Israel.
Jesus amplia sua ao e sua viso para a salvao de toda a humanidade e de
sua reconciliao com Deus.
6. Percebemos em tudo isso a importncia do "Vem e v", no apenas para os
israelitas, mas para todo o mundo .

. . unto com Filipe, apresentar o


'JU do "Rei de Israel", apenas,
=-.=. "Mestre dos mestres",
e do
:: descendo e subindo, o Cristo,
::'e Deus e os homens, a prpria

.: ::pstolos, convidamos a todos


: '::mos vidos por compartilhar a
: - .:-:'1OS o nosso Salvador.
. . ; ~ todos

para conhecer Jesus e


: - "jetivo pois tambm, seguindo o
c:Jelidade a Deus", e s podemos
: :endo e reconhecendo o Messias,
.::11a.Este "avanar" seguir com
=:eus, o ser fiel. s a Ele amar e
:: :.esta fidelidade, sempre de novo
Sempre de novo precisamos repetir
:.: ~m o testemunho da nossa f.
.:.:.ifestao aos primeiros discpulos.
-:eber a alegria, o entusiasmo e a
; :,ercebendo nEle mais do que um
: pelos profetas" (v. 45). Percebendo
.:zam para estarem com Ele e para
:mento da f em direo ao Salvador,
:.:rarem em contato com Jesus, no
'': de sua oniscincia como verdadeiro
"dtanael sobre "se de Nazar poderia

:,>se no fato de que Jesus, o Filho do


::esceu do cu e se humanou. Isto o
:'estaes de sua glria, cuja primeira

TEXTO
1. Nossa percope, dentro do Evangelho de Joo, colocada na seqncia imediata

do chamado dos primeiros discpulos e da manifestao do Cristo a eles. Quando


Joo aponta "Eis o cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo" (v. 36)
despertado em Andr, e possivelmente em Joo, o interesse por Jesus, e
pergunta: "Onde assistes?" J vemos o primeiro chamado e convite do prprio
Senhor Jesus: "Vinde e vede" (v. 39), que ecoa em Filipe quando chama Natanael.
Podemos sentir a atrao que Jesus exerceu nestes homens, que de fato
aguardavam o Messias .
2. Na seqncia imediata ao texto, vemos o milagre em Can da Galilia, manifestao
da glria de Jesus como verdadeiro Deus, visando confirmar e fortalecer a f dos
discpulos no Messias.
3. O texto apresentado em apenas um pargrafo, o que vai ao encontro do seu
propsito de tratar do chamado de Filipe e Natanael e da abrangncia da misso
do Messias no mundo.
4. Obsen;aes no texto:
a -) Antes de ir para a Galilia Jesus chama Filipe (v. 44). No foram escolhas feitas
ao acaso; neles estava a ansiosa espera pelo Messias, o movimento de f em
direo a Jesus e a disposio em segui-Io.
b -) Filipe chama Natanael, cujo nome s aparece em Joo; ele tem sido identificado
com Bartolomeu nos outros evangelhos.
c -) Natanael parece que se aplicava ao estudo das Escrituras. A posio de
destaque dada ao verbo grapsen, aor. de grafo - escrever, pode indicar que
Filipe e Natanaelj haviam discutido o cumprimento destas Escrituras, o que
revela tambm toda a expectativa em torno do assunto.
d -) Podemos observar a passagem citada de Moiss em Dt 18.18 "Suscitar-Ihesei um profeta do meio dos seus irmos, semelhante a ti, em cuja boca porei as
minhas palavras, e ele Ihes falar tudo o que eu Ihes ordenar."
225

Igreja Luterana

- N 2 - 1999

e -) Notamos o ceticismo de Natanael (v. 46) ti agatn - alguma coisa boa - uma
pergunta com desprezo.

4-) Quem no aceita o con'.i:;, -:


a Deus.
5-) Quem no aceita o con ...

f -) O convite de Filipe foi o convite que Jesus fez a Andr e possivelmente ao


prprio Joo (v. 39) "Vinde e vede" e depois Filipe no v. 46 "Vem e v".
g -) Jesus v em Natanael a sinceridade de um verdadeiro israelita. A frase en h
dolos ouk estin - indica uma integridade religiosa e moral.
h -) Quando Jesus diz que viu Natanael debaixo da figueira, significativo notar
que a figueira era usada pelos rabinos para estudar, ou para ensinar. Foi uma
amostra ...
da oniscincia divina do Cristo, o suficiente para convencer Natanael
que vena COIsasmmores.
i -) A promessa da viso do cu aberto e dos anjos subindo e descendo sobre o
Filho do homem uma referncia ao sonho de Jac em Gn 28.10. S quc na
passagem do evangelho, Jesus a prpria "escada" que liga terra e cus, os
homens com Deus. A comunicao com Deus torna-se uma realidade
pennanente para os que abraam a f.

PROPOSTA HOMILTICA
Tema - "Vem e v," v. 46
INTRODUO

Sugiro algo didtico, como a apresentao de convites e cartazes para introduzir


o assunto do convite de Jesus e depois o de Filipe.
1 CRISTO DIZ: "VEM E V"

1-) o convite a cada discpulo.


2-) o convite para quem quer ser discpulo.
3-) o convite para quemj discpulo.
4- ) o convite para a f no Cristo, para ser fiel, para avanar com fidelidade e na
fidelidade a Deus, para o perdo, para a nova vida, para a salvao e para a
vida eterna.
5-) Transio: O convite de Cristo nos leva a sermos portadores do mesmo, no

testemunho.
2 COM FILIPE

DIZEMOS:

"VEM E V"

1-) o nosso testemunho de f e fidelidade.


2-) Testemunhos o Cristo na Palavra, na pregao, no evangelho da salvao.
3-) Quem no aceita o convite no pode ver o "cu aberto" e os "anjos subindo
e descendo sobre o Filho do homem".
226

os homens.
6- ) Mas quem aceita o con \i:~ ....
CONCLUSO

- Rejeite o convite do mun:':


- Aceite o convite de Crist:.

Igreja Luterana

_2atn - alguma coisa boa - uma

_; ~ez a Andr e possivelmente ao


-=llipeno v. 46 "Vem e v".
erdadeiro israelita. A frase en h
.21Dsae moral.
. da figueira, significativo notar
ou para ensinar. Foi uma
;':f:ciente para convencer N atanael

- N 2 - 1999

4-) Quem no aceita o convite no pode avanar e nem permanecer na fidelidade


a Deus.
5-) Quem no aceita o convite, no tem mediador, Cristo, a escada entre Deus e
os homens.
6 ) Mas quem aceita o convite tem a graa, vida, perdo, salvao e reconciliao .
CONCLUSO

- Rejeite o convite do mundo, do diabo e da prpria carne


- Aceite o convite de Cristo, "Vem e v" .

.= ~ ;; studar,

Rubens J. Ogg
So Loureno do Sul, RS

subindo e descendo sobre o


. de Jac em Gn 28.10. S que na
'escada" que liga terra e cus, os
':-:-.Deus torna-se uma realidade
~",lOS

=-;;

=-

Jnvites e cartazes para introduzir

para avanar com fidelidade e na


_ -,'va vida, para a salvao e para a

__

=-

>"rmos portadores do mesmo, no

':; :.~o, no evangelho da salvao.


"cu aberto" e os "anjos subindo
227

..

Igreja Luterana - N 2 - 1999


A "pesca" de pessoa' ~ ~~
_
Mt. 13.47 mostra que a ..~~::~ ~.-_
TERCEIRO DOMINGO APS EPIFANIA
23 de janeiro de 2000
Marcos 1. 14-20

v.18: SimoeAndr

2'.'.:

como discpulos. Eles ade::-.c.:..-:_~_


bblica para ser discpulo: ,~, '=_v. 19: Karapn(ov,o::;
-, :-_:-~as redes prontas para ou:-::..~~

CONTEXTO
Esse texto marca o incio do ministrio de Jesus na Galilia ( v.14 ). Logo aps
esse texto comeam os relatos dos milagres de Jesus, que a nfase do evangelho
de Marcos.
Interessante: Jesus no inicia seu ministrio sozinho. Ele "chama" quatro de
seus discpulos para irem com ele.
Dentro do ano da igreja estamos vivendo o perodo de Epifania, onde lembramos
de forma especial a manifestao de Jesus para os gentios, para os povos e para os
discpulos. Essa poca e esse texto so timos para enfatizar o "Cristo para Todos",
a misso da igreja.

o texto mostra que de ' ..


equipamento de pesca, as :-~=~
chama para serem discpu: ;
Podemos tirar daqui Ulli ~:-_::::-..:..material de pesca, bem cuid2d _

..

v. 20: Tanto esse versL,:' .


como a caminhada do dis.:i::-.: a frente. Os discpulos segu~='_
PROPOSTA HOMILTIC_,Tema: Pescando para J ~, .. ;

Podemos tambm dizer que "Avanamos com gratido a Deus" , realizando a


misso, pois Jesus nos leva ao arrependimento e nos transforma em seus discpulos.
para isso que Jesus se manifesta entre os povos.

muito importante citar a relao ntima do texto do AT desse domingo ( Jn. 3. 1-5,
10) com o evangelho. Os ninivitas levaram a srio a Palavra de Deus, mesmo que em um
segundo momento. Arrependeram-se, por causa da pregao de Jonas, e Deus se
agradou muito da situao.
'IEXTO
v. 14: K7]puaawv - proclamar.
O ministrio de Jesus proclamar o Evangelho de Deus. Essa proclamao
que leva ao arrependimento e que faz discpulos.
v. 15: f-1,fTaVOfLTf" arrepender e TWrfUfTf .. crer.
Essas formas so dois imperativos de Deus aos homens, e o tempo presente
enfatiza o que Deus quer dos homens a cada dia: arrependimento da vida de erros/
pecado ef no Cristo Salvador, o Evangelho encarnado.
v. 17: Tm7)aw

farei.

Deus quem torna discpulos, atravs de seu chamado e da mudana de vida


que ele realiza. Deus que faz com que Andr e Simo, bem como todos os
discpulos, se tornem pescadores de homens.
228

INTRODUO
Nas "guas do mar da \::..:
lanada para capturar as p~ss
queremos pescar outros m2.:o

L Jesus quer "pescador~:: ::~

A. Ele nos torna, n:;


1) Deixam ru::" ..
B. Para proclamar 2,,--=-~::-~"=.=
1) Mensag~::.:: lI. Da melhor forma pc:'
A. Palavra e Sacr;:c.::'-::"
1) De forma:.~:::':
2) Atravs d~";
para a rec::' ::_
CONCLUSO
Nas "guas do mar da '. :::2.
gratos por ele nos ter rei:: '
Cristo para Todos.

.. -

Igreja Luterana - N 2 - 1999


A "pesca" de pessoas profetizada desde o AT (Jr. 16.16, Ez. 47.10 ). O texto de
Mt. 13.47 mostra que a "rede" para serlanada sobre todas as pessoas, sem excees .
.APS EPIFANIA

v. 18:Simo e Andr deixaram - aifm7lJ.L - tudo para trs e seguiram - aKOAOOOf{;) - a Jesus,
como discpulos. Eles aderiram, ligaram-se intimamente com Jesus. Essa uma exigncia
bblica para ser discpulo: necessrio estar intimamente ligado com o Mestre Jesus.

10

v. 19: KIXTlXpn( OVTIX - consertar, pr em ordem, remendar, limpar, dobrar, deixar


as redes prontas para outra pescaria.

,; .~:'na Galilia (v.14 ). Logo aps


~~';'.lS. que a nfase do evangelho

O texto mostra que dois discpulos estavam pescando e dois consertando o


equipamento de pesca, as redes, no momento do chamado de Jesus. E Jesus os
chama para serem discpulos a exemplo do que estavam fazendo.

';Jzinho. Ele "chama" quatro de

Podemos tirar daqui um ensinamento muito importante: precisamos ter hoje um bom
material de pesca, bem cuidado, em ordem, para sermos bons "pescadores de pessoas".
v. 20: Tanto esse versculo como o v.17 trazem o advrbio

Jdo de Epifania, onde lembramos


. ; gentios, para os povos e para os
:..~,; ~nfatizar o "Cristo para Todos",

c:-.

orr

ww enfatizando

como a caminhada do discpulo com o Mestre: aps ele, sempre. Jesus quem faz
a frente. Os discpulos seguem os seus passos .
PROPOSTA HOMILTICA
Tema: Pescando para Jesus.

iratido a Deus" , realizando a


: - -s transforma em seus discpulos.

~do AT desse domingo (ln. 3. 1-5,


?:..lavrade Deus, mesmo que em um
:.. 23. pregao de Jonas, e Deus se

_ . 0-' de Deus. Essa proclamao

homens, e o tempo presente


ooependimento da vida de erros/

:"J';

. __ ~-. }CIo.

.:iamado
e da mudana de vida
_~ e Simo, bem como todos os

.c

INTRODUO
Nas "guas do mar da vida" onde estamos, h muita armadilha sendo
lanada para capturar as pessoas. Ns fomos pescados pela rede de Deus e
queremos pescar outros mais.
I. Jesus quer "pescadores de homens" na misso.
A. Ele nos torna, nos faz pescadores, a exemplo dos discpulos.
1) Deixam tudo para trs e seguem a Jesus, vo aps ele.
B. Para proclamar arrependimento e f.
1) Mensagem do "Cristo para Todos".
11.Da melhor forma possvel, com os melhores equipamentos de "pesca".
A. Palavra e Sacramentos: equipamentos dados por Deus
1) De forma atrativa, contextualizada e dinmica
2) Atravs desses meios o Esprito Santo traz os "peixes/homens"
para a rede do reino de Deus.

CONCLUSO
Nas "guas do mar da vida" ns vamos avanando como pecadores de Jesus,
gratos por ele nos ter feito seus pescadores e cada vez com mais vontade de levar
Cristo para Todos .
Aurlio Leandro Dali'Onder
Ribeiro Preto - SP
229

Igreja Luterana - N 2 1999

QUARTO DOMINGO APS EPIFANIA


30 de janeiro de 2000
Marcos 1.1-28

INTRODUO
A percope inicia com o primeiro versculo (V) do Evangelho de So Marcos.
Com isso oportuno sublinhar, no contexto maior, algumas informaes sobre a
pessoa e o Evangelho de Marcos. Adiantamos, tambm, que escolhemos a pregao
de Cristo como tema do sermo. No texto da mensagem do dia, examinaremos,
especialmente, os conceitos de pregao, ensino, autoridade, arrependimento,
evangelho e perdo.

CONlEXTO
Marcos um personagem bonito, querido e com os ps no cho. Ele merece
destaque na abertura da histria da igreja do Novo Testamento. Marcos o autor do
Evangelho que leva seu nome. Ao lado de Mateus, Lucas e Joo, pois, um dos
quatro evangelistas. Mas Marcos no faz parte dos 12 apstolos escolhidos por
Cristo. Era de Jerusalm, a capital religiosa e teolgica de Israel, e na casa de sua me
Maria, a igreja do Novo Testamento realizava ofcios religiosos (At 12.12). Foi
companheiro de Paulo e Barnab na primeira viagem missionria (At 12.25). Houve
um atrito com Paulo, e Marcos voltou para casa. Desaparece por um perodo de dez
anos. Euzbio, em sua Histria Eclesistica, faz uma colocao interessante: "Marcos,
tendo-se feito intrprete de Pedra, escreveu com exatido, se bem que sem respeitar
a ordem dos fatos, quando ele se lembrava das coisas que o Senhor disse e fez".
No se sabe o tempo, o lugar e o modo de sua morte. Quando Paulo se encontra na
priso de Roma, manda chamar "Marcos porque me til para o ministrio" (2 Tm
4.11). Houve reconciliao. Pois este Marcos "um dos homens que falaram da
parte de Deus movidos pelo Esprito Santo" (2 Pe 1.21), ao escrever o Evangelho de
Marcos.
O Evangelho de Marcos tido como o primeiro livro do Novo Testamento. o
mais breve dos quatro Evangelhos. Tem um estilo vivo e vigoroso, de frases curtas
e precisas. No um historiador preocupado com biografias, mas um narrador que
usa um '~ornalismo moderno e dinmico". Algum que conta fatos, sempre tendo
pressa. Mas ele extremamente exato, respondendo sempre as grandes perguntas
diretivas: Quando? Onde? Que? Como? Quem? Por qu? Para qu? Marcos tem
pressa e corre - com urgncia que precisa divulgar sua mensagem. Marcos no
escreve para judeus, mas para gentios. Provavelmente de Roma para os romanos.
Acredita-se que foi escrito antes de 70, ano da destruio de Jerusalm. Lendo todo
o Evangelho, fica muito claro que Marcos teve um grande propsito com o seu
230

Evangelho: mostrar qJ~ .~e c_


mais uma das "sagrad::, _
em Cristo Jesus" (2 Tm :
'IEXTO
Como a percope ::
encontramos, no mnim~
Batismo de Jesus; 3. A t~~
5. O chamado dos prime::-evangelho de hoje. H ;::,

_
e

Como, porm em tC~ ~


pregao de Jesus. Diank
nfase no sermo:

I-

Filho de Deus (v.


i"~ ~
Cristo, o Messias, o Prcrne::::'
Trindade. Aponta para a d:', .~.~ _
Marcos. Filho do Homem. ::,.
Filho de Deus, Salvador de ~.'_~::.
Art. III da CA: Do Filho de De_
Pregar (v.4,7,14,17,3S - "
proclamar, transmitir, avisa:-.:::.:Sempre como algo oficiaL C'
pblico, para todos, para c
16.15). Na igreja, tornoU-Se ._
Pregao, a Mensagem, c De. _Ensinar (v. 21,22 - dii:.: ..
conotao de apresenta.:: ;:. -'-'
contedos, lies, dourrini"s ::~
se mais em pregao; quJ.':c:
fala-se mais em ensinar. d.;:Autoridade (v. 22,27 - 2.>
desculpas. O termo aparece :'~ >:e ordenadas por rabinos. ,2C'::: ~. "
interessantes: ter o direito e:: ~:'., ~
e dizer, sem interferncia de Je""
com o poder e o direito de i2:','
Tambm pode ter o sentido ~e :::
coisa. Os escribas eram au:: _~ce
e medocres. Jesus pregiJU e ~.
Filho de Deus (Natureza:::
de Filho do Homem (N ",t'J::e:,:: :-: '
e

Igreja Luterana - N 2 - 1999


Evangelho: mostrar que Jesus Cristo o Filho de Deus! O Evangelho de Marcos
mais uma das "sagradas letras que nos podem tornar sbios para a salvao pela f
em Cristo Jesus" (2 Tm 3.15).
'IEXTO
Como a percope longa (28v.) e Marcos breve e conciso em suas narrativas,
encontramos, no mnimo, seis blocos diferentes (1. Joo Batista e sua pregao; 2.
Batismo de Jesus; 3. A tentao de Jesus; 4. O incio da pregao de Jesus na Galilia;
5. O chamado dos primeiros discpulos; 6. A cura de uma pessoa endemoninhada) no
evangelho de hoje. H, pois, seis assuntos distintos para sermes.
_: Evangelho de So Marcos.
:c~gumasinformaes sobre a
: c:':',. que escolhemos a pregao
, :'Lgem do dia, examinaremos,
Lutoridade, arrependimento,

_,

os ps no cho. Ele merece


,tamento. Marcos o autor do
: .,'. Lucas e Joo, pois, um dos
:::, 12 apstolos escolhidos por
, ;::" de Israel, e na casa de sua me
:.:ios religiosos (At 12.12). Foi
. ;~:T'.missionria (At 12.25). Houve
=: ~ ,aparece por um perodo de dez
, :c:olocao interessante: "Marcos,
: :i:tido, se bem que sem respeitar
: :isas que o Senhor disse e fez".
, -te. Quando Paulo se encontra na
~ ..-..-,e
til para o ministrio" (2 Tm
:'um dos homens que falaram da
~ 1.21), ao escrever o Evangelho de
-:11

-=- ~

,~iro livro do Novo Testamento. o


'o vivo e vigoroso, de frases curtas
::: biografias, mas um narrador que
.:~m que conta fatos, sempre tendo
:~Ddo sempre as grandes perguntas
" Por qu? Para qu? Marcos tem
ulgar sua mensagem. Marcos no
~lmente de Roma para os romanos.
.estruio de Jerusalm. Lendo todo
~ um grande propsito com o seu

Como, porm em todo o texto a anunciao recebe destaque, optamos pela


pregao de Jesus. Diante disso, a anlise de alguns termos que devero receber
nfase no sermo:
Filho de Deus (v. 1 - uiou tou Theu): Jesus, a Salvao, o Salvador, o Redentor.
Cristo, o Messias, o Prometido, o Ungido. Filho de Deus, a segunda pessoa da
Trindade. Aponta para a divindade de Jesus. o tema principal do Evangelho de
Marcos. Filho do Homem, ttulo que s Jesus aplicava a si mesmo. Jesus Cristo,
Filho de Deus, Salvador do mundo. o Emissor ou o Pregador em nosso estudo. Ct.
Art. III da CA: Do Filho de Deus.
Pregar (vA,7,14,17,38 - keerssu - kerugma): Anunciar publicamente.
proclamar, transmitir, avisar, publicar, comunicar, falar ao outro, "pescar gente"(v.17).
Sempre como algo oficial, em nome de algum com autoridade; com o sentido de ser
pblico, para todos, para o longe - "todo o mundo, todas as naes" (Mt 28.19; Mc
16.15). Na igreja, tornou-se termo tcnico para designar o "Sermo de Plpito", a
Pregao, a Mensagem, o Discurso Sacro, no exerccio do ministrio pastoral.
Ensinar (v. 21,22 - didasku - didaxe): quase sinnimo de pregar. Tem uma
conotao de apresentao mais informal, mas didtica e pedaggica. transmitir
contedos, lies, doutrinas aos outros. Quando Jesus se dirige s multides, falase mais em pregao; quando se dirige a seus discpulos, seguidores, apstolos,
fala-se mais em ensinar. dar lies, transmitir doutrinas, instrues.
Autoridade (v. 22,27 - ezusfa): No com fraqueza ou vergonha, como que pedindo
desculpas. O termo aparece no NT para falar de atividades recomendadas, autorizadas
e ordenadas por rabinos, sacerdotes ou o prprio Deus. Tm dois significados bem
interessantes: ter o direito e a liberdade para fazer e dizer o que tem vontade de fazer
e dizer, sem interferncia de quem quer que seja, ter o poder e o direito de fa;.-:eralgo
com o poder e o direito de fazer algo com o poder e o direito que recebeu de outro.
Tambm pode ter o sentido de capacidade, habilidade e jeito de fazer bem alguma
coisa. Os escribas eram autoridades, mas em relao a Jesus eram pequenos, pobres
e medocres. Jesus pregou e ensinou com a sua prpria autoridade, na qualidade de
Filho de Deus (Natureza Divina) e com a autoridade recebida do Pai, na qualidade
de Filho do Homem (Natureza Humana). Ct. Mt 28.18.
231

Igreja Luterana - N 2 - 1999


Arrependimento (v. 4,15 - metnoia): No desespero, mas arrependimento,
isto , reconhecimento de um mal praticado e a inteno de mudar de vida.
regenerao, renascimento e mudana interior, moral e espiritual. renovao da
alma, do corao e da mente. dar meia-volta. retomar. mudar de estrutura, de
postura e de conduta. ter uma atitude nova, correta, divina e abenoada. Este um
dos contedos doutrinrios do sermo de Cristo. Sem arrependimento no existe
salvao. Cf. Art. XII da CA: Do Arrependimento.
Evangelho (v. 14,15 - euagglion): uma boa, agradvel e feliz notcia. o
contrrio de derrota, de prejuzo, de tristeza. sempre um grito de vitria, de
conquista, de ganho. Tambm significa falar, proclamar e di vulgar as boas, grandes
e graciosas obras de Jesus em favor dos pecadores - os delTotados. a mensagem
da salvao em Cristo. Curiosidade: 7 tido como nmero da perfeio; em Mc, o
termo "evangelho" aparece 7 vezes; o contedo do evangelho - "Cristo" aparece 7
vezes e "Filho de Deus" aparece 7 vezes. Este o segundo contedo do sermo de
Cristo - o evangelho. Cf. Art. IV de Art. de Esmalcalde: Do Evangelho.
Remisso (v. 4,25 - fesis): perdo dos pecados. Livramento da culpa. Libertao
dos males. Soltura de algemas, de prises, de inimigos. riscar e apagar dvidas,
manchas e chagas. A remisso sempre conferida por Deus. O homem no pode se
remir (pagar, comprar) ou perdoar-se a si mesmo. O perdo resultado final da morte
de Cristo. a maior bno: ser absolvido do pecado, libertado do diabo e salvo do
inferno. Cf. Mt 26.28; Lc 1.77; 3.3; Ef 1.7. Hb 9.22; Explicao do 2 Art. do Credo
Cristo.
Maravilhas (v. 22,24,28 - eekpleessu): ficar admirado e perplexo com um fato
presenciado. ficar atnito e assombrado com algo que se viu ou ouviu. ficar
abismado e emocionado com algum ou alguma coisa que esplendoroso, forte,
diferente. A pregao s multides, o ensino na sinagoga e o milagre da cura do
endemoninhado fez com que "a fama de Jesus corresse c1ere em todas as dire
es"(v.28) e deixava a todos maravilhados, admirados, atnitos e perplexos.
DISPOSIO
INTRODUO
Os Trs Ofcios de Cristo

Cristo exerceu trs ofcios:

Oficio Sumo-sacerdotal: como Sumo Sacerdote (Hb 7.26,27), Cristo cumpriu


a lei em nosso lugar, sacrificou-se a si mesmo por ns e continua orando e nos
defendendo diante do trono da graa de Deus.
2 Ofcio Real: Como Rei, Cristo sustenta, governa e protege a sua igreja (reino
do poder, graa, glria)
3 Ofcio Proftico: Como Filho de Deus (v.1), Cristo pregou a palavra e continua o ministrio da proclama'o atravs de sua igreja.
232

Em nossapercope.

J~,~: -

pois:

o qu?
I. A Mensagem do Al'!'i'c~c

1.
2.
3.

Contexto da percc~~
Pregao e AutoricL<:~
Arrependimento

4.

Mini-aplicao: ".~~~::~- .

lI. A Mensagem
1.
2.
3.

do Du;'"
Ilustrao: Paulo ~m R:' Evangelho e seus ':;:- .. c .
Mini-aplicao: D~:.::.; ,
(cf. Art. Esma1cald" ..:~

llI. A Mensagem da Remi,ic.~'


1. Ilustrao: Remissc., _:::-,
2. Remisso, perdo, lit~:-
3. Mini-Aplicao: 2 .-'~: ::-

CONCLUSO
Nossa misso como igrej.::. - Mt 26.18-20
-Mc16.15
- Fp 2.5-11

Os outros precisam ficar.::~:-:-:-_nho e pregao.

Igreja Luterana

~,5pero, mas arrependimento,


~'no de mudar de vida.
. -::..:: espiritual. renovao da
- ~:1ar. mudar de estrutura, de
.: .. ina e abenoada. Este um
~:::-:,arrependimento no existe

- N 2 - 1999

Em nossa percope, Jesus Cristo, o Filho de Deus, exerce o Ofcio Proftico,


pozs:
TEMA

JESUS PREGA VA COM AUTORIDADE


(v. 4,7,14,15,17,22,38,39)

o qu?
_ .~~radvel e feliz notcia. o
- ::::-,-,preum grito de vitria, de
~:-:~Jre divulgar as boas, grandes
-::"5 derrotados. a mensagem
~.5.meroda perfeio; em Me, o
: . ::.angelho - "Cristo" aparece 7
: ::~undo contedo do sermo de
_::.iie: Do Evangelho.

: _: Livrarnento da culpa. Libertao


. :-:.:~os. riscar e apagar dvidas,
::.::.::.Jr Deus. O homem no pode se
= ::::rdo resultado final da morte
_::,2.J.libertado do diabo e salvo do
= = Explicao do 2 Art. do Credo

__ 2mirado e perplexo com um fato


<p que se viu ou ouviu. ficar
2'Jisa que esplendoroso, forte,
- ::.5:nagoga e o milagre da cura do
_::,'rresseclere em todas as dire~
:-:-:~3.dos,atnitos e perplexos.

I. A
1.
2.
3.
4.

Mensagem do Arrependimento (v. 4,15)


Contexto da percope: Marcos e Evangelho
Pregao e Autoridade
Arrependimento
Mini-aplicao: "Arrependei-vos ..."(Cf. Livro de Concrdia, 324)

I!. A
1.
2.
3.

Mensagem do EvangelhoJv. 14,15)


Ilustrao: Paulo em Rm 2.18 e 1Co 1.23-25
Evangelho e seus significados
Mini-aplicao: "Deus exuberantemente rico em sua graa"
(cf. Art. Esmalcalde, Art. IV)

lI!. A Mensagem da Remisso

(Y.4,25)

1. Ilustrao: Remisso, compra, resgate e sangue: Ef 5.16; Hb 9


2. Remisso, perdo, libertao
3. Mini-Aplicao: 2 Art. do Credo/Lutero

CONCLUSO

Nossa misso como igreja: "Toda lngua confesse que Jesus Cristo o Senhor".
- Mt 26.18-20
-Mc16.15
- Fp 2.5-11

Os outros precisam ficar admirados e perplexos com o nosso ensino, testemunho e pregao.

.: dote (Hb 7.26,27), Cristo cumpriu


-or
ns e continua orando e nos
c

Dr. Leopoldo Heimann


So Leopoldo, RS

; ~\erna e protege a sua igreja (reino

..

: . Cristo pregou a palavra e conti:~reJa.


233

Igreja Luterana - N 2 - 1999

QUINTO

DOMINGO APS EPIfANIA


6 de fevereiro de 2000
Marcos 1.29-39

CONTEXTODAPERCOPE
Este texto situa-se no ministrio de Jesus na Galilia. Chamam ateno os diversos
milagres de Jesus no incio do seu ministrio nesta regio. Jesus faz uma pregao
de impacto e cura um endemoninhado, causando grande admirao em Cafarnaum
(Mc 1.21-28), segue a isto a cura da sogra de Pedro e de muitos outros (vv. 32-34),
a cura de um leproso (vv. 40-45), e a cura de um paraltico (Mc 2.1-12). O pecado traz
consigo o squito do sofrimento e da morte fsica, como diz Paulo em Rm 6.23: "O
salrio do pecado a morte, mas o dom gratuito de Deus a vida eterna, em
Cristo Jesus, nosso Senhor". Com estas curas Jesus est mostrando que as
muitas enfermidades, fsicas, morais e espirituais desta regio e do mundo inteiro
so conseqncia do pecado, e, como o povo necessita de um Salvador! Porm
quando o povo se prende ao que temporal, i. , a cura do corpo, Jesus deixa claro
o seu poder e coloca a pregao acima dos milagres, retirando-se dali e indo a
outros lugares a fim de pregar (vv.38, 39).

TEXTO
Olhando este texto, da forma como o Dr. Martinho Lutero aconselha a orar os
Dez Mandamentos, percebemos que temos uma bblia que fala. Ele diz: "Pego um
ponto depois do outro, para que fique inteiramente livre para orao (o quanto
isso for possvel), fazendo de cada mandamento um quadrado ou uma coroa
tranada quatro vezes, ou seja: tomo cada mandamento primeiro como um
ensinamento, como ele na realidade o em si mesmo, e reflito sobre o que o nosso
Senhor Deus nele exige de mim com tanta seriedade; em segundo lugar, fao dele
uma ao de graa; em terceiro lugar, uma confisso, e em quarto, uma orao ... "
(Obras de Lutem Vai. 5. p.140). Recomendamos uma leitura do texto deste modo.
Destacando em cada v. a doutrina, ao de graa, confisso e orao, dependendo
do tempo da nossa meditao, teremos algo semelhante a isto:
V 29 - "E, saindo eles da sinagoga,joram,
a casa de Simo e Andr."

com Tiago e Joo, diretamente para

1) Doutrina: Jesus acompanha os seus discpulos para fora do templo. Jesus est
sempre conosco, no s na igreja, mas tambm fora dela. Jesus quer entrar em
nossas casas. Jesus foi fazer uma visita a uma mulher enferma. (Sabemos,
atravs da leitura corrida da percope, que a sogra de Simo estava doente).
234

2) Ao de graa: les:>
Sou grato pela sua. ~,
procurado ou solicil2.~, ,-_~ __.
3) Confisso: Reconne~Senhor aps o culto e = '-:- - '
como se Cristo tivesse :, :',_ para as pessoas necess::~~_
4) Orao: Senhor, ajud3.-r:e c_<
tua presena. Quere \',::
palavras certas para c
_
no ter dado atenc ~
=

V30 - "A sogra de

Sim[j;,

respeito dela."
1) Doutrina: Simo e Ar,i:-: c __
uma intercesso. Ora:!::
2) Ao de graa: Que ;T,':'::'
quem podemos recor: ';r c
necessidades. Louvad: 'e
3) Confisso:
Sou fiel::::
-- desempregados, neces,:::, preguioso em minhas ::.:.~- -: 4) Orao: Rogo-te, meu De _:
despertes em mim o es;:f-:-pelo prximo. Amm.
V 31 - "Ento, aproximalu:kela a servi-tos." (Pode-:::..-=
1) Doutrina: Jesus atend-: :.:
pelo Senhor: servir. O, ';em resposta natural d.:. ::c::
2) Ao de graa: No te:,~__
me livrou da morte e d~ : minhas foras que ele ~_-:'; - 3) Confisso: Confess,irmos que me trouxerl:~_ nos meus prprios af"zer:: : __
ingratido e minhas d-::':'; =
4) Orao: Agradeo-'e :::c
restabeleceste a minn::
que oram por mim.
servir a ti e ao meu pr"Poderamos prosseg-.;-

Igreja Luterana

?:6 EPIFANIA

o~" Chamam ateno os diversos


'o iio. Jesus faz uma pregao
;.:~.jeadmirao em Cafarnaum
~o je muitos outros (vv. 32-34),
:~~o(Mc 2.1-12). O pecado traz
_ . ::no diz Paulo em Rm 6.23: "O
de Deus a vida eterna, em
~esus est mostrando
que as
:esta regio e do mundo inteiro
. o.ossita de um Salvador! Porm
:: :'jra do corpo, Jesus deixa claro
:.z:es, retirando-se dali e indo a

,:c:-::nhoLutero aconselha a orar os


'blia que fala. Ele diz: "Pego um
,'''te livre para orao (o quanto
um quadrado ou uma coroa
.c--:.ndamentoprimeiro como um
,,"no, e reflito sobre o que o nosso
,.:.--:.de;em segundo lugar, fao dele
-".:50, e em quarto, uma orao ... "
. ,jma leitura do texto deste modo.

c :

:::. confisso e orao, dependendo


--:'.elhantea isto:
)m Tiago e Joo, diretamente para

.:ios para fora do templo. Jesus est


tm fora dela. Jesus quer entrar em
:. uma mulher enferma. (Sabemos,
a sogra de Simo estava doente).

- N 2 - 1999

2) Ao de graa: Jesus quer entrar em minha casa. Ele vem espontaneamente.


Sou grato pela sua misericrdia e bondade, oferecendo-se a mim sem ser
procurado ou solicitado. Agradeo ao Senhor Jesus pelo seu interesse por mim.
3) Confisso: Reconheo que sou ingrato e tenho desprezado a companhia do
Senhor aps o culto e o tenho desprezado de modo vergonhoso. Tenho agido
como se Cristo tivesse ficado na igreja. No visitei os enfermos e no tirei tempo
para as pessoas necessitadas.
4) Orao: Senhor, ajuda-me a aceitar a tua companhia. Que eu no menospreze a
tua presena. Quero visitar os enfermos. Concede-me a tua companhia e as
palavras certas para o doente. Ajuda-me, Senhor amado, e perdoa-me por eu
no ter dado ateno aos doentes. Amm.

V30 - "A sogra de Simo achava-se acamada, com febre; e logo lhe falaram a
respeito dela."
1) Doutrina: Simo e Andr falaram a Jesus a respeito da mulher doente. Houve
uma intercesso. Orao.
2) Ao de graa: Que maravilha! Temos um Senhor presente, ao nosso lado, a
quem podemos recorrer em orao. Temos a quem recorrer em nossas
necessidades. Louvado seja Deus por escutar os nossos anseios .
3) Confisso:
Sou fiel na intercesso?
Lembro-me dos doentes, aflitos,
desempregados, necessitados, em minhas oraes? Confesso que tenho sido
preguioso em minhas oraes pelo prximo.
4) Orao: Rogo-te, meu Deus, pelas pessoas que esto doentes ... e para que
despertes em mim o esprito de intercesso. Que eu no seja preguioso em orar
pelo prximo. Amm.
V 31 - "Ento, aproximando-se, tomou-a pela mo; e afebre a deixou, passando
ela a servi-los." (Poderamos dividir este v. ao meio)
1) Doutrina: Jesus atende as oraes. A atitude daqueles que so beneficiados
pelo Senhor: servir. O servir aqui uma prova de que estava curada e se torna
em resposta natural da cura. O significado de "servo".
2) Ao de graa: No tenho o suficiente para agradecer e bendizer o Senhor. Ele
me livrou da morte e da condenao eterna. Agora quero servi-Io com todas as
minhas foras que ele me concedeu.
3) Confisso: Confesso que no tenho servido ao Senhor e aos discpulos e
irmos que me trouxeram o Senhor e intercederam por mim. Tenho pensado mais
nos meus prprios afazeres servindo a mim mesmo. Confesso meus pecados de
ingratido e minhas deficincias no servir ao Senhor e ao meu prximo.
4) Orao: Agradeo-te, Senhor, porque ouviste as oraes dos teus servos e
restabeleceste a minha vida mediante o teu poder. Agradeo porque h pessoas
que oram por mim. Ajuda-me a orar tambm pelos outros. Quero, em gratido,
servir a ti e ao meu prximo, assim como a tua palavra me ensina. Amm.
Poderamos prosseguir at o final da percope deste modo. Assim percebemos
235

Igreja Luterana - N 2 . 1999


que a Bblia um livro que fala conosco e nos leva a serv-lo, confessar os nossos
pecados e a falar com Deus em orao.
SEXTO DC'H
SUGESTO DE TEMA (pROPOSTA HOMILTICA)
TEMA

"Cristo para todos - avanando com gratido a Deus".


a) Levando Cristo para todos, inclusive aos doentes.
- visitando, v.29

CONTEXTO
Incio do ministrio de .T,,: _: como quem tem autoridade". TO; ~
nho com o Pai e seu mini:[~:
realiza na regio de Cafarnaur:'
que causa cimes e medo na: ::...:'

b) Com aes de graa.


- intercedendo, v.30, e servindo, v.31
c) Confessando os nossos pecados.
- os quais nos tornam doentes e impedem de servi-lo.

TEXTO
v. 40 : Um homem "coberto

d) Orando com gratido (avanando)


- fomos perdoados (curados) dos nossos pecados.

Dari Trisch Knevitz


Pela tas, RS

i"

de seus milagres, de joellL:


podes purificar-me". C :c:o;::-:'
total confiana no poder o; - ~ ,
humildemente aos desgr:: _: :.
tica a terceira petio do F
com mais facilidade no D: Uo;'
O leproso no pede apenJ.: '.::-'
ra e do corpo doente. SI 51.2. "L::.':'
do". Afinal, "o sangue de .Te'> ''_'
LEPRA: doena de pele do; -,'
pecado. A consideravamjulg::.rde Deus". Ensinavam que serr. -'--=0;

da. Acreditavam que a lepra t,,: -: __ ,-,


a de participar das atividades :0; _
LEPROSO: As leis que regu,~
te rgidas. Aps ser examina:, Do;
rado impuro, imundo. Era is:L:, _,
V. 41: Jesus no apenas se:'.':; ,
a causa e as conseq:::'::,o
salvadora mais profuni"
"estendeu a mo, tocou-: '
5.3). Este tocar revela a
236

Igreja Luterana - N 2 - 1999


--l-10, confessar os nossos

SEXTO DOMINGO

APS EPIFANIA

13 de fevereiro de 2000
Marcos 1.40-45

CONTEXTO
Incio do ministrio de Jesus. Encontra-se na regio da Galilia, onde "ensina
como quem tem autoridade", realiza curas e expele demnios, e fortalece sua comunho com o Pai e seu ministrio, orando. Grande parte do ministrio de Jesus se
realiza na regio de Cafarnaum. A fama de Jesus se espalha em todas as direes, o
que causa cimes e medo nas autoridades religiosas dos judeus.
, c-- ..i-lo.

TEX1D

Dari Trisch Knevitz


Pelatas, RS

v. 40 : Um homem "coberto de lepra" (Lc 5.12), que tinha conhecimento de Jesus e


de seus milagres, de joelhos, prostrado, faz seu pedido de ajuda: "Se quiseres,
podes purificar-me". O mesmo revela profunda humildade, mas sobretudo,
total confiana no poder e na compaixo de Jesus. No duvida, mas submete-se
humildemente aos desgnios divinos. Revela uma f submissa e confiante_ Pratica a terceira petio do Pai Nosso. Conforme A. B. Bruce "Os homens crem
com mais facilidade no poder milagroso do que no amor milagroso".
O leproso no pede apenas uma cura fsica, mas cura completa, da alma pecadora e do corpo doente. SI 51.2: "Lava-me completamente .... purifica-me do meu pecado". Afinal, "o sangue de Jesus, seu Filho, nos purifica de todo pecado" (1 Jo 1.7).
LEPRA: doena de pele, de natureza duvidosa. Para os judeus, smbolo do
pecado. A consideravam julgamento divino contra o pecado, chamando-a de "dedo
de Deus". Ensinavam que sem arrependimento a lepra no poderia jamais ser curada. Acreditavam que a lepra tornava a pessoa cerimonialmente imunda, impedindoa de participar das atividades religiosas dos judeus.
LEPROSO: As leis que regulavam a vida do leproso (Lv 13,14) eram extremamente rgidas. Aps ser examinado pelo sacerdote e constatada a doena, era considerado impuro, imundo. Era isolado do convvio da sociedade, famlia e igreja.
V. 4 l: Jesus no apenas sente compaixo, mas revela desej o profundo de remover
a causa e as conseqncias do sofrimento do leproso. Compaixo a virtude
salvadora mais profunda, rica e confortadora do Salvador.
"estendeu a mo, tocou-o" - Era contrrio lei mosaica tocar um leproso (Lv
5.3). Este tocar revela a profunda compaixo, o desejo sincero de ajudar, curar e
237

Igreja Luterana

. N 2 . 1999

consolar de Jesus. Tambm pode ter sido o 'meio' que Jesus usou para transferir o
poder curador ao leproso.

PROPOSTA HOl\Ul.TIC.-'-.
INTRODUO

"quero" - O verbo querer revela concordncia com o pedido, e uma palavra de


consolo. No resta qualquer dvida quanto ao desejo de aliviar o sofrimento. Jesus
no veio para dar espetculo, mas para socorrer e aliviar tanto o esprito como o
corpo.

Diante do descspere I' _- nrios e profetas oferecer.:: s:L .._


especialmente os que est;';: -:c
de Jesus diante do sofrrne:-.-

"fica limpo" - Est no imperativo do aoristo, que expressa um nico ato de


purificao. Ao completa e definitiva.
V. 42: cura milagrosa, instantnea, completa e benfica. Purificao no s para o
corpo, mas tambm para a alma. Limpo para adorar e servir a Deus no culto
pblico, e voltar a viver em sociedade, sem restries nem preconceitos. Que
maravilha: h pouco, um homem prostrado, "coberto de lepra"; agora, o homem
mais saudvel e limpo dos que l se encontravam.
Vv. 43,44: "veemente advertncia" - Que mudana radical nas palavras de Jesus.
Antes, uma voz que revelava compaixo, amor e consolo. Agora, um tom de voz
spero, duro, severo. Qual a razo para esta advertncia?
Possivelmente, para que o sacerdote, encarregado de dar o laudo, pudesse atestar
a cura definitiva, no sabendo como a mesma tinha ocorrido. Por outro, revela o
cuidado de Jesus em cumprir toda a lei. Outro aspecto a destacar nesta "proibio" de
Jesus a sua misso messinica. Como Filho de Deus no era um milagreiro sensacionalista, mas o MESSIAS, o Mestre da Lei e da verdadeira religio (Mt 12.15-21; Jo
2.11), o que "veio para buscar e salvar o perdido" (Lc 19.10; Mc 10.45).
CERIMNIAS

DE PURIFICAO

Ia Cerimnia: devolvia o leproso curado vida em sociedade; simbolizava a


purificao fsica, corporal. Conforme Lv 14.5-8, nesta ocasio era ofertado:
duas aves puras, um pedao de madeira de cedro, l tingida de vermelho e um
galho de hissopo.
za Cerimnia: oito dias aps a 1a, devolvia ao leproso curado seus direitos religiosos; simbolizava a purificao espiritual. Conforme L v 14.10-22, se fosse pobre, ofereceria um carneirinho, um quilo de farinha misturada com azeite, um
quarto de litro de azeite e duas rolinhas ou dois pombinhos; se tivesse posses,
ofereceria dois carneirinhos e uma ovelhinha de um ano, trs quilos de farinha
misturada com azeite e mais um quarto de litro de azeite.
V. 45: Parece que a ordem de Jesus de no contar a ningum o ocorrido, teve o
efeito contrrio. Ao invs de calar, o ex-leproso comeou a falar muito e a
espalhar a notcia. No deve ser nada fcil algum que experimentou tamanho
milagre em sua vida, tanto para a alma como para o corpo, guardar para si o
acontecido (At 4.20).
238

I-est pronto para omir

e 8.:c"~

II - o nico que tem todo


III - espera que divulguerrL
CONCLUSO

O pecado trouxe graves _:separao, doena, terror. m::- _


trouxe soluo definitiva p:.:: mos mais viver em desesper: _'..__
cidos a boa notcia do SaL22 ..
a livr-Io agora e para sempre

Igreja Luterana - N" 2 - 1999


__~ Jesus usou para transferir o

-:-:c

o pedido, e uma palavra de


o sofrimento. Jesus

i~ aliviar

,iar tanto o esprito como o

PROPOSTA HOMILTICA
INTRODUO
Diante do desespero humano, em dias de crise e dificuldade, no faltam missionrios e profetas oferecendo solues milagrosas para todo e qualquer sofrimento,
especialmente os que esto relacionados sade, famlia e emprego. Qual a reao
de Jesus diante do sofrimento humano?
TEMA
JESUS, EM SUA PROFUNDA COMPAIXO

:le expressa um nico ato de

~fica. Purificao no s para o


- 2imar e servir a Deus no culto

I - est pronto para ouvir e atender nossos pedidos, segundo sua vontade

-c':ri~es nem preconceitos. Que


- -e110de lepra"; agora, o homem

II - o nico que tem todo poder para curar a lepra espiritual e corporal

- c

':':'-'-1.

radical nas palavras de Jesus.


- c :onsolo. Agora, um tom de voz
ertncia?

__ - ; 2

_' _ de dar o laudo, pudesse atestar


-: ..' ocorrido. Por outro, revela o
2 destacar nesta "proibio" de
~_, no era um milagreiro sensaci. -_.deira religio (Mt 12.15-21; Jo
_: 19.1O;Mc 10.45).

III - espera que divulguemos a boa notcia da salvao aos sofredores.


CONCLUSO
O pecado trouxe graves conseqncias para a vida de todos: sofrimento, dor,
separao, doena, teITor, morte e condenao. Em sua profunda compaixo Jesus
trouxe soluo definitiva para o pecado: perdo, nova vida e salvao. No precisamos mais viver em desespero. Aliviados, perdoados e salvos, proclamemos agradecidos a boa notcia do Salvador que se compadece do ser humano e est disposto
a livr-Io agora e para sempre.

Otomar Walter Schlender


Porto Alegre, RS

:: em sociedade; simbolizava a
- 5-8, nesta ocasio era ofertado:
oi"). l tingida de vermelho e um
_or":so curado seus direitos religi-::':rme Lv 14.10-22, se fosse poo :'.::-:nhamisturada com azeite, um
-., pombinhos; se tivesse posses,
-: i~ um ano, trs quilos de farinha
ie azeite.
-2:3. ningum o ocorrido, teve o
: - - 'o comeou a falar muito e a
_ ;:~m que experimentou tamanho
rara o corpo, guardar para si o
239

Igreja Luterana - N 2 - 1999

STIMO DOMINGO APS EPIFANIA


20 de fevereiro de 2000
Marcos 2.1-12
LEITURAS DO DIA
Salmo 41: Ligado ao texto do Evangelho do dia, esto presentes os ensinos claros
do AT (especialmente vV.l - 4). Vv. 1- 3: As bem-aventuranas e bnos derramadas
pelo Senhor Deus sobre aqueles que so caridosos para com o seu semelhante necessitado. Em referncia aos amigos que trouxeram o paraltico at Jesus. V 4: A doena,
o estar enfermo e a morte so a conseqncia da condio de ser pecador de todo o
homem. Por isso a confisso: "...sara a minha alma, porque pequei contra ti".
/saas 43.18-25: Apesar de toda a transgresso e total ingratido de seu povo,
Deus o perdoa. " ...eu mesmo sou o que apago as tuas transgresses por amor de
mim e dos teus pecados no me lembro" (v.25). Deus restaura a integridade de seu
povo exilado na Babilnia. Entre outras, destacamos as seguintes analogias no
texto com referncia restaurao promovida pela graa de Deus:
1 - A misericrdia de Deus to profunda que s Ele pode fazer esquecer o
passado de idolatria e rebeldia (v.18);
2 Deus pe um caminho (salvao) no deserto (pecado) e rios (salvao), no
ermo (pecado);
3 - "Terras secas" e "lugares ermos ou desertos" = "vidas secas", i., vidas
destitudas de qualquer esperana. A este povo, que assim anda sem esperana no mundo, para com eles que no merecem seno somente a condenao eterna, Deus d de beber de sua misericordiosa salvao;
4 - Este povo da parte de Deus "meu escolhido, povo que formei para mim, para
celebrar o meu louvor" (vv.20 e 21)
Por certo, aqui encontramos algumas das mais belas analogias que projetam
demonstrar a graa e a misericrdia de um Deus perdoador. Este amor divino a
confirmao e certeza de sua fidelidade, assim igualmente o amor incondicional de
Deus a fonte e o motivo da fidelidade de seu povo.
2 Corntios 1.18-22: A maior prova da fidelidade de Deus est no fato de enviar
seu Filho, Jesus Cristo, como o seu sim, o seu selo redentor, a confirmao do seu
penhor, o pagamento pelo resgate de todas as criaturas. Esta a mensagem que o
pecador arrependido necessita ouvir por nosso intenndio: "O SIM DE DEUS". Em
Cristo os teus pecados esto perdoados. Sim, Amm.

CONTEXTO
O evangelista tem o claro propsito de apresentar a Jesus como o Filho de Deus,
atravs de suas poderosas palavras e atos. A manifestao da glria de Jesus
240

Cristo (EPIFANIA) fica e\:~e "


va o povo e autenticada:, : ~ _
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TEXTO
A fama de Jesus correu:e'e~:
Cafarnaum. Apesar de ter
ter declarado aos discpulos C:cle ... s povoaes vizinhas. a f.~
vim"(Mc 1.38); ter solicitadc :::'
tendo ele (o leproso) sado. er,=-ponto de no mais poder leStE :.:~
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casa? "... anunciava-Ihes a
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designar o evangelho (douc:-_
Vv. 3,4 - Alguns homens :e"
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vencendo os obstculos sot-e:'
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Jesus, movidos por sua ::, - .'
certeza que Jesus podia : 'L::':
este paraltico padecia de 'clJesus com o peso de seus ::e::.::.:'

Igreja Luterana - N 2 - 1999


Cristo (EPIFANIA) fica evidente em sua pregao (ensino, doutrina) que maravilhava o povo e autenticada por seus milagres(muitas curas). O Evangelista tem em
mente que para as primeiras comunidades crists o mais significativo poder responder com convico que "Jesus Cristo o Filho de Deus" (l.l).

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c::io presentes os ensinos claros


cr:uranas e bnos derramadas
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."" manifestao

da glria de Jesus

Do primeiro ao ltimo captulo o Evangelho de Marcos tem como seu grande


propsito autenticar a divindade de Jesus Cristo. Na pregao do Batista, no batismo,
na tentao e na vocao ou chamado para seus discpulos, o destaque evidente:
mostrar a Jesus como o Filho de Deus. Assim, o contexto marcado por muitas curas
que Jesus realiza. Isto no deixa de ser o propsito na percope seguinte ao descrever
as curas realizados, autenticar a Jesus Cristo como verdadeiro Deus. Naturalmente
estes fatos extraordinrios no s chamaram a ateno do povo em geral, mas especialmente dos que manipulavam e dominavam toda e qualquer manifestao religiosa em
Israel, os fariseus e entre eles a maioria dos mestres da lei (escribas, cf. Lc 5.17). Dentro
deste clima, encontramos o Salvador Jesus Cristo de retorno a Cafarnaum. E neste
contexto que se insere o texto em estudo, a cura de um paraltico.
TEXTO

A fama de Jesus correu clere por toda a Galilia e especialmente na cidade de


Cafarnaum. Apesar de ter impedido o testemunho dos demnios expulsos (Mc 1.34);
ter declarado aos discpulos que o'procuravam, quando orava de madrugada: "Vamos
... s povoaes vizinhas, a fim de que pregue tambm ali, pois para isso que eu
vim"(Mc 1.38); ter solicitado ao leproso curado: "...no digas nada a ningum ... Mas,
tendo ele (o leproso) sado, entrou a propalar muitas cousas e a divulgar a notcia, ao
ponto de no mais poder Jesus entrar publicfullente em qualquer cidade, mas permanecia fora, em lugares ermos; e de toda parte vinham ter com Ele"(Mc 1.44 e 45).
Vv. 1,2 - No poderia ser diferente, estando Jesus novamente em Cafarnaum. A
notcia da sua presena, se espalha rapidamente e logo uma multido se encontrava
diante da casa, impedindo qualquer acesso pela porta .. O que fazia Jesus dentro da
casa? "... anunciava-1hes a palavra" (v.2 icll.b1.fl um imperfeito durativo de lalicw falar,
com sentido de proclamar, Mt 12.36; Jo 3.24; 1 Co 2.6ss., acompanhado de licyw(l6yolJ)
dar sentido ou significado ao que falado. Tomado no sentido superlativo, para
designar o evangelho (doutrina) que Jesus veio proclamar (Mc 8.32) .
Vv. 3,4 - Alguns homens tentavam se aproximar de Jesus, conduzindo um amigo paraltico. Na impossibilidade de chegar at o meio da casa atravs da porta, no desistem, e
vencendo os obstculos sobem ao eirado, em que abriram um buraco. Lucas menciona que
o eirado era de ladrilhos (Lc 5.19). Descem o amigo deitado em seu leito diante de Jesus.
"Vendo-lhes af, Jesus disse ao paraltico: Filho, os teus pecados esto perdoados" (v.5). Tanto seus amigos como o prprio paraltico vo ao encontro de
Jesus, movidos por sua absoluta confiana e certeza de ajuda. Os amigos tinham
certeza que Jesus podia curar o paraltico, pois j haviam visto faz-Io antes. Mas
este paraltico padecia de um mal maior que sua paralisia, e assim chegou diante de
Jesus com o peso de seus pecados.
241

Igreja Luterana - N 2 - 1999


Os responsveis pelo bem estar espiritual do povo de Israel no cumpriam suas
funes, no declaravam o blsamo do perdo divino aos coraes arrependidos.
Primeiro a paz d'alma, depois a preocupao com o corpo. Jesus verdadeiro Deus,
pois o nico que pode ver alm das aflies corporais. Jesus v o reconhecimento da
culpa e o arrependimento no corao daquele homem. Ele mesmo declara ao paraltico:
"Os teus pecados esto perdoados". A autoridade para proferir perdo e absolver os
pecados o ponto principal deste relato. muito significativo que a declarao evanglica do perdo dos pecados fosse a primeira pedra de contradio dos escribas e fariseus
contra Jesus. No poderia ser diferente, estes ltimos eram legalistas e sinergistas em seu
ensino. Desprezavam a graa salvadora, porque interpretavam mal a revelao do AT.
Cabe, agora, a pergunta dos escribas: "Quem pode perdoar pecados, seno um,
que Deus? (v.7) Jesus responde a mesma, em primeiro lugar, apontando para os seus
pensamentos (v.8). Aquele que conhece os coraes o nico que pode perdoar o
pecado. Em segundo lugar, Ele os submete a um teste. A pretenso de perdoar os
pecados no podia ser averiguada. Porm, a autoridade para curar podia ser demonstrada imediatamente. Se Ele fizer com que o homem ande, ento que saibam que "o Filho
do homem tem sobre a terra autoridade para perdoar pecados" (v.10).
"Filho do homem", ttulo exclusivo e adotado pelo prprio Jesus. Designa sua
messianidade, manifestando o Cristo verdadeiro Deus, do verdadeiro Deus, assumindo a completa natureza humana. A designao encontra-se referida em Dn 7.13 e 14. O
fato de o Filho do homem ter sobre a terra autoridade para perdoar pecados indica que
Ele no se esvaziou na encarnao de sua divindade, apenas no fez uso da mesma.
Os escribas acusaram a Jesus de blasfmia, pois apesar de seus muitos milagres
no o reconheceram como verdadeiro Deus. O povo em geral reconheceu em Jesus
o verdadeiro Deus, o que no reconheceram seus dirigentes. Com freqncia o
mesmo sucede, no somente em assuntos ligados f. O reconhecer e crer em Jesus
como verdadeiro Deus, que por grande amor assumiu a nossa natureza e todos os
nossos pecados, o grande milagre da salvao.
PROPOSTA HOMILTICA

lEMA
O Mdico Pelfeito
O milagre interno, a f que encontra seu grande conforto e se alegra e rejubila ao
ouvir a declarao absolvedora de seus pecados, maior e mais significativo que
qualquer outro milagre externo e visvel.

Mas, o milagre da cura externa (ex.: cura do paraltico), que autentica perante os
homens o nico capaz, Jesus Cristo, por fora de sua Palavra e Obra, de perdoar todos os
pecados, de todos os pecadores. O grande milagre da cura completa, nossa redeno.
O resultado deste perdo conquistado por Cristo que faz digno perante Deus
nosso culto, adorao e ao de graas.
Oriando Nestor Ou

242

OITAVO

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LEITURAS DO DIA
O salmista Davi, no SaIr;; "
dos que o temem. Deus m'S::-::
iniqidades" (v.3). Esta a: .
com gratido a Deus (vv 1 :?
No texto do AT, Os 2.1'"'--1;':
portanto eu vou deixar a Israel s" ._
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juzo e justia, mas no senti':: .::: .:_':
declarar justo o malfeitor arfe:' e - .
seu povo a viver (avanar)
Na leitura da epstola, _ .~"
Corinto como sendo uma c:::-:..:.e
pedra, no da letra (isto . n: ..
da lei), mas como carta de Cris:: ':
Os cristos de Corinto, COIT.: _.:.:_
Deus, mas tinham srios pr: ':' eu
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1- Anterior,

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discpulos na com;,::
criticado pelos escr:':,~ .:,
(v.17). Aos chamiconcordando comele' =.:
diante de Deus. c"'::':,, - e pecadores, realiz.:.:-;:.:..::c:

Igreja Luterana - N 2 - 1999

, J de Israel no cumpriam suas


aos coraes arrependidos"

"nD

corpo. Jesus verdadeiro Deus,


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OITAVO DOMINGO

APS EPIFANIA

~::.:s, Jesus v o reconhecimento da

Ele mesmo declara ao paraltico:


~c :::ra proferir perdo e absolver os
o;~rlcativo que a declarao evangoc _:ntradio dos escribas e fariseus
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oo:-,~i:idepara curar podia ser demons:nde, ento que saibam que "o Filho
~' :r pecados" (v,10).
_:: pelo prprio Jesus. Designa sua
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no fez uso da mesma.

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- ',D em geral reconheceu em Jesus
JS dirigentes. Com freqncia o
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.5SJmiu a nossa natureza e todos os

.:.ie conforto e se alegra e rejubila ao


:; maior e mais significativo que

: . paraltico), que autentica perante os


.: Palavra e Obra, de perdoar todos os
-;: da cura completa, nossa redeno.
:::risto que faz digno perante Deus

Orlando Nestor Ou

27 de fevereiro de 2000
Marcos 2,18-22

LEITURAS DO DIA

O salmista Davi, no Salmo 103.1-13, exalta a Deus pela benevolncia em favor


dos que o temem. Deus misericordioso, pois "Ele quem perdoa todas as tuas
iniqidades" (v.3). Esta ao imerecida de Deus leva o seu servo a viver (avanar)
com gratido a Deus (vv 1 e 2).
No texto do AT, Os 2.14-16,1920, a mensagem de Deus ao povo de Israel :
portanto eu vou deixar a Israel s, para no seguir a outras influncias (Baal), e
ento eu mesmo, o Deus da aliana, hei de falar-lhes, e de maneira suave, para captlos, pois eu os amo. Nos versculos 19 e 20 encontramos umas das palavras mais
consoladoras do livro de Osias: Deus quer contrair npcias novamente com Israel
(a parte ativa exclusivamente ele). Ele, de sua parte, faz aliana de durao ilimitada,
eterna. A primeira aliana tambm foi eterna. Quem quebrou o trato foi o povo
ingrato. Ele lembra o que a aliana implicava da parte de Deus. A outra parte da
mesma aliana, Israel, nada tinha a oferecer, apenas fraqueza, impureza e rebeldia.
Deus enumera vrios atributos, cheios de graa e de amor. Entre outros, encontramos
juzo e justia, mas no sentido de que o Senhor sempre est pronto para perdoar e
declarar justo o malfeitor arrependido. Este amor de Deus para com Israel levaria o
seu povo a viver (avanar) com gratido a Deus,
Na leitura da epstola, 2 Co 3.lb-6,0 apstolo Paulo fala da congregao de
Corinto como sendo uma carta escrita. No escrita com tinta, no em tbuas de
pedra, no da letra (isto , no como obra humana como resultado da observncia
da lei), mas como carta de Cristo, escrita nos coraes pelo Esprito do Deus vivente.
Os cristos de Corinto, como carta de Cristo, deveriam avanar com gratido a
Deus, mas tinham srios problemas, pois as duas cartas escritas por Paulo a esta
congregao revelam tenses e conflitos de toda ordem.
CONTEXTO

1- Anterior - Jesus estava jantando na casa de Mateus (Levi) com os seus


discpulos na companhia de publicanos e pecadores e, por esta atitude,
criticado pelos escribas dos fariseus. Jesus responde usando um provrbio
(v.17). Aos chamlos de sos e bons Jesus estava ironicamente
concordando com eles. Os fariseus se consideravam bons, saudveis, justos
diante de Deus, embora no fossem de fato. Por no comer com publicanos
e pecadores, realizar sacrifcios (Mt 9.13), jejuar, guardar o sbado ... os fariseus
243

Igreja Luterana - N 2 - 1999


no se enxergavam como espiritualmente doentes e, como conseqncia,
no sentiam a necessidade de um mdico (Jesus).
2 - Posterior - a observncia do sbado perdia em importncia, no judasmo,
apenas para a circunciso. Colheita e limpeza dos gros nos sbados estavam
entre as 39 principais violaes passveis de morte, de acordo com as
ordenanas judaicas. A lei cerimonial no contradizia o propsito messinico;
as restries dos fariseus, sim.
TEXTO
Jejum - as formas e os propsitos do jejum no AT eram numerosos. O jejum se
praticava em Israel como um preparativo para uma conversa com Deus. Era praticado
pelo indivduo quando se sentia oprimido por grandes cuidados. Era praticado pela
nao em perigos iminentes de guena e destruio; durante uma praga de gafanhotos;
para trazer sucesso no retomo dos exilados; etc ... A lei israelita ordenava o jejum tosomente no dia da expiao. No deconer do tempo, o significado mais profundo do
jejum, como expresso do humilhar-se do homem diante de Deus, foi perdido para
Israel. Sempre mais veio a ser considerado uma realizao piedosa (DTNT).
VIS. Atravs do evangelista Mateus sabemos que somente alguns dos discpulos
de Joo vieram perguntar a Jesus porque os seus discpulos no jejuavam
assim como eles e os fariseus (Mt 9.14). Joo Batista est na priso (Mc
1.14). Os discpulos que o haviam seguido esto ss. Sua pergunta no
motivada pela hostilidade, seno pela perplexidade.
Esto somente
perguntando a razo desta grande diferena a respeito do jejum. Os fariseus,
por iniciativa prpria, jejuavam duas vezes por semana com o objetivo de
fazer mais aparente sua atitude de santidade. Os discpulos de Joo levam
sua incompreenso a Jesus mesmo e no vo com as suas acusaes aos
seus discpulos, CorilO os fariseus fizeram(Mc 2.16). Vieram buscar
esclarecimento, uma vez que os fariseus procuravam desacreditar a Jesus.
V19. O ponto de vista inteiramente novo que o NT contribui questo do jejum se
expressa com a mxima clareza nas palavras de Jesus: "Podem, porventura,
jejuar os convidados para o casamento, enquanto o noivo est com eles?"
Porventura (llE) (acaso) pressupe uma resposta negativa: certamente que no!
O irrompimento do reinado de Deus, da presena do Messias, das boas novas
da salvao que independem das obras boas - tudo isso significa alegria, que uma
coisa excluda pelo jejum no sentido judaico. luz da pregao de Jesus, centralizado
no Messias, o jejum deste tipo coisa do passado, e pertence a uma era que j se foi.
V20. Jesus se refere sua paixo e morte.
V21. No um remendo novo, mas um vestido novo. O vestido velho o judasmo
de ento, ou melhor, o que os escribas e os fariseus haviam feito com com
suas doutrinas e prticas, todo o velho formalismo, as observncias exteriores,
a falsa santidade. Seria intil remendar tudo isso com uma parte dos ensinos
244

e/ou prticas d',-';'"


e vestir em seu

V22. Um odre era a pel': .-'que segue fermem:,,' ~.'. ';


resultado seria des:;s:.~-: '
as antigas prticas r:;e,.:.. __
necessrio lanar fc~:::.:.' :
somente as novas r;:~,,-,

ASPECTOS PRTICOS
Pensamento central, ..i. ::;,
obras da lei.
Objetivos: Viver a nm,. - ,~'- ~~
Molstia: A falsa santi.j::j:
Meio: O sofrimento e 2::-c:':-:'; :
que Deus manifesta o seu p :2: '
comunho com Cristo nos :~'--= '-::Deus. A comunho com C~:'
preciosos meios da graa: P,-:,-' ': ::'
Na Santa Ceia entramos em _ ,- -DISPOSIO / INTROm'C;c
Edifcio com o fundame:::

TEMA

necessrio desconstru:;- ::-.:...'_


I- Desconstruir o enSlr.: ';
II- Construir o ensino e :: - - ,
ill- Assim seremos verei,,:::.: _~:

CONCLUSO
Filme "Um drama em ::::-..
problema no corao. Outrc :'"~,, _ ,
crebro. Ambas as crianas :'': .- ::de corao com sucesso. Qu:::-:..:.:. ':o
avanar na vida com gratiei~:; .:
apenas doou o seu corac. ::-,:;::
Podemos agora avanar c:'::-, ;:-:::.
Ou
lEMA
Busquemos a Cristo
I- Para tirar as d\'id,,:.
II- Para receber orier.-:;::~,
ill- Para viver com ale;;:-::::.

Igreja Luterana - N 2 - 1999


c:ntes e, como conseqncia,
~ _ =:':1 importncia, no judasmo,
. ,- dos gros nos sbados estavam
=' de morte, de acordo com as
_ ~:radizia o propsito messinico;

.~~Teram numerosos. O jejum se


- __ -nversa com Deus. Era praticado
. <es cuidados. Era praticado pela
:Lrante uma praga de gafanhotos;
.:."lc:iisraelita ordenava o jejum to'::. o significado mais profundo do
=:'.'. diante de Deus, foi perdido para
.zao piedosa (DTNT).
somente alguns dos discpulos
seus discpulos no jejuavam
Joo Batista est na priso (Mc
: ,io esto ss. Sua pergunta no
o c. perplexidade.
Esto somente
=~.:a a respeito do jejum. Os fariseus,
==c:s por semana com o objetivo de
',i.de. Os discpulos de Joo levam
'~) vo com as suas acusaes aos
-.=eram(Mc 2.16). Vieram buscar
" procuravam desacreditar a Jesus.
: .le

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. ::\T contribui questo do jejum se


,c.\Tas de Jesus: "Podem, porventura,
: c:nquanto o noivo est com eles?"
= 'posta negativa: certamente que no!

::-'c:senado Messias, das boas novas


:..lio isso significa alegria, que uma
..:zda pregao de Jesus, centralizado
.c.:,. e pertence a uma era que j se foi.

e/ou prticas de Jesus. Faz-se necessrio rechaar o velho vestido das obras,
e vestir em seu lugar o novo vestido da justia de Cristo.

v'22. Um odre era a pele completa de uma cabra. Jamais se pode deixar vinho novo,
que segue fermentando-se e causa presso, em odres velhos e secos, pois o
resultado seria desastroso. Jesus no nenhum insensato que trata de combinar
as antigas prticas farisaicas com a gloriosa nova doutrina da graa e f. Faz-se
necessrio lanar fora todo o velho farisasmo com toda a sua prtica, e aceitar
somente as novas normas de vida que enquadram dentro da nova doutrina .
ASPECTOS PRTICOS
Pensamento
obras da lei.

central: A salvao pela graa de Deus em Cristo Jesus, sem as

Objetivos: Viver a nova vida em Cristo com alegria e avanar com gratido a Deus .
Molstia: A falsa santidade, as observncias exteriores, todo o velho formalismo.
Meio: O sofrimento e a morte de Cristo. Somente atavs da pregao da cruz
que Deus manifesta o seu poder para a salvao naqueles que crem (Rm 1.16). A
comunho com Cristo nos traz alegria e, assim, podemos avanar com gratido a
Deus. A comunho com Cristo se d pela ao do Esprito Santo atravs dos
preciosos meios da graa: Palavra de Deus e Sacramentos (Batismo e Santa Ceia) .
Na Santa Ceia entramos em comunho com o corpo e o sangue de Cristo.
DISPOSIO / INTRODUO:
Edifcio com o fundamento arruinado
TEMA

necessrio desconstruir para construir


Desconstruir o ensino e a prtica farisaica
II- Construir o ensino e a obra de Cristo
III- Assim seremos verdadeiramente livres e felizes
T-

CONCLUSO
Filme "Um drama em famlias". Um casal estava esperando um filho, mas com
problema no corao. Outro casal estava esperando um filho, mas com problema no
crebro. Ambas as crianas teriam poucos minutos de vida. Foi feito o transplante
de corao com sucesso. Quanta alegria por parte da famlia beneficiada! Poderiam
avanar na vida com gratido famlia doadora, e foi o que fizeram. Jesus no
apenas doou o seu corao, mas toda a sua vida para nos dar a alegria da salvao .
Podemos agora avanar com gratido a Deus!
Ou
TEMA

Busquemos a Cristo
TPara tirar as dvidas
novo. O vestido velho o judasmo
, e os fariseus haviam feito com com
:~alismo, as observncias exteriores,
. 'udo isso com uma parte dos ensinos

II- Para receber orientao


III- Para viver com alegria
Lauri Pinnow
Palmitos, se
245

Igreja Luterana - N 2 1999

LTIMO DOMINGO APS EPIFANIA


A TRANSFIGURAO
DENosso SENHOR
Marcos 9.2-9

cena como uma maniy'~,


meio ao Seu ministrio 'e:~e
do Pai" (Io 1.14). ur: :-:--,
completada, na cruz e fi" e;: __
uma demonstrao ;:-e:~:':e:-__
ressurreio e especialn, e:,,', -=

5 de maro de 2000

CONTEXTO
A temtica do dia no Ano Eclesistico
A festa da Transfigurao marca a transio entre o perodo de Epifania (ao qual
pertence) e a Quaresma, que introduz de forma muito prpria. Na Epifania lembramos
a manifestao de Jesus ao mundo. A transfigurao mostra quem Jesus - o
glorioso Filho de Deus; com isto, ilumina todo o perodo da Quaresma, mostrando
que o "homem de dores e que sabe o que padecer" no uma "vtima" das
circunstncias. Ele o Senhor que deixa de usar plenamente os poderes, glria e
majestade que so Seus, para dirigir-se ao Calvrio. A Transfigurao de Jesus nos
ajuda a "ler" o tempo da Quaresma com a nfase prpria do "Deus na cruz meu
amado" (Hinrio Luterano, 82:1).

o texto

no seu contexto

O texto em estudo no incio da segunda grande parte de Marcos, que trata


basicamente da paixo, morte e ressuneio de Cristo. Pouco antes, Jesus ouvira a
confisso de Pedro e fizera o primeiro anncio de Sua morte e ressurreio e falara
da cruz do cristo. Pouco depois do texto Jesus novamente prediz Sua morte e
ressurreio (9.31; cf. 9.12). A Transfigurao , pois, um momento de grande glria
colocado bem em meio trajetria de Jesus a Jerusalm e cruz,
"A narrativa sobre a transfigurao de Jesus aparece imediatamente depois da
predio de que 'alguns' veriam a gloriosa vinda de Cristo e do reino. Uma observao
feita quanto ao tempo que se escoara, 'seis dias depois', serve de liame entre a
transfigurao e a predio ..... lgico concluirmos que a transfigurao cumpriu a
promessa de Jesus. 'Alguns' dos discpulos --Pedro, Tiago e Joo --foram testemunhas
oculares deste evento. E isto foi uma prelibao particular da glria do reino de
Deus sobre a tena, quando do retorno de Cristo." (Robert Gundry, Panorama do
Novo Testamento, 170.) H quem prefira outras explicaes para as palavras de
Jesus em 9.1 (por exemplo, uma referncia ressuneio de Jesus; etc.). De qualquer
forma, a transfigurao de Jesus um evento em que claramente o reino de Deus se
manifesta.
TEX1D
"Foi a transfigurado" - metamorfo

"mudar para outra forma", "transformar".

O verbo empregado no texto da Epstola do dia (2 Co 3.18). Pedro interpreta esta

246

Vivemos um tempc '-:n


um "Cristo csmico".::>'
popular, que v no se;',:::-:':-sofrimento de um pO'.C e'
vises equivocadas, a tL::-,::;- ,
para o fato de que Ele o D:_
de redimir a humanidade:
"Elias e Moiss"- poss":
profetas", o Antigo Testar::""
que os dois homens tiverac-:',-
Agora esto diante do D~'':' :-__
:-' _
dois tm importncia sin;.:
Ambos so mencionados :-:c: __'
E sabido que os judeus k
Tanto Moiss como Elias :autoritarismo pago (Fara:: ,~__, - :
de ambos, ficou evidenc':c __,
Suas promessas. A prese'-,;, ,
presena do reino de Deu' ,,_ ,
presena destes grandes
respeito de Jesus. E nos le::- --Cristo.
"Bom estarmos aqui"
de eternizar aquele momer:::
que um momento assim de:
Igreja, onde "Moiss e Fi.::'
e apostlica; mas sobre tu: , =: Sacramento. "Bom estarr:': :
Santa Ceia, celebrada aqui. =l _
bom estar e, melhor que a-o>

"A Ele ouvi"- "comi:-,.:c":


texto para os discpulos,:, ::
diante do fato maravilhes: :.::-_
Cristo. Por vezes correm:
sempre mais o ouvir a C',,:' :::-para a f e renovao da c,,=;,

Igreja Luterana - N 2 - 1999

p:
'5 EPIFANIA

. :'orodo de Epifania (ao qual


:,I1a. Na Epifania lembramos
.:::~ mostra quem Jesus - o
~,~.io da Quaresma, mostrando
: ~r" no uma "vtima" das
. -. ~r.amente os poderes, glria e
." Transfigurao de Jesus nos
", :,ria do "Deus na cruz meu

:~ parte de Marcos, que trata


.~, Pouco antes, Jesus ouvira a
~.2 mOlte e ressurreio e falara
r.:,,.amente prediz Sua morte e
.', um momento de grande glria
_; .:cm e cruz.
.::Jrece imediatamente depois da
.: :::isto e do reino. Uma observao
; iepois', serve de liame entre a
s que a transfigurao cumpriu a
Tiago e Joo - foram testemunh,as
:,articular da glria do reino de
i Robert Gundry, Panorama
do
~xplicaes para as palavras de
.~eio de Jesus; etc.). De qualquer
::e claramente o reino de Deus se

:,[ :'ara outra forma", "transformar".


:2 Co 3.18). Pedro interpreta esta

cena como uma manifestao da "Sua majestade, ... honra e glria" (2 Pe 1.17). Em
meio ao Seu ministrio terreno, mostra aos discpulos Sua "glria como do Unignito
do Pai" (Io 1.14). um momento passageiro, pois a misso est ainda por ser
completada, na cruz e na ressurreio. Isto torna este momento ainda mais especial.
uma demonstrao pequena e passageira da glria a ser revelada, depois da
ressurreio e especialmente em Sua segunda vinda (Mc 13.26).
Vivemos um tempo que combina paradoxalmente os exageros das idias de
um "Cristo csmico", distante da verdadeira humanidade; e da religiosidade
popular, que v no sofrimento de Jesus simplesmente um exemplo para o
sofrimento de um povo em busca de melhores condies de vida. Contra tais
vises equivocadas, a transfigurao de Jesus - valorizado seu contexto - aponta
para o fato de que Ele o Deus-homem, vindo ao mundo com a misso especfica
de redimir a humanidade .
"Elias e Moiss" - possivelmente ningum mais representaria to bem a "lei e os
profetas", o Antigo Testamento, que testifica de Cristo e Sua obra. significativo
que os dois homens tiveram revelao de Deus sobre montes (x 24.15; 1 Rs 19.8s) .
Agora esto diante do Deus humanado, em um monte. Vale lembrar tambm que os
dois tm importncia singular na perspectiva escatolgica do Antigo Testamento.
Ambos so mencionados nos ltimos versculos do Antigo Testamento (MI4.4-6).
E sabido que os judeus levavam a srio a palavra sobre a vinda de Elias (Mc 9.11).
Tanto Moiss como Elias proclamaram o reinar de Deus em meio a uma poca de
autoritarismo pago (Fara; Acabe), de ameaa contra a Igreja de Deus. Pelo ministrio
de ambos, ficou evidenciado ao povo que Deus reina, com poder e fidelidade s
Suas promessas. A presena dos dois homens no monte da transfigurao marca a
presena do reino de Deus na terra; no atravs deles, mas dEle, o Rei encarnado. A
presena destes grandes homens de Deus do Antigo Testamento testemunha a
respeito de Jesus. E nos lembram que precisamos ler o AT luz da vida e obra de
Cristo .
"Bom estarmos aqui" - a sugesto de Pedro, de fazer tendas, parece tentativa
de eternizar aquele momento. Antes de critic-Io, precisamos concordar com Pedro
que um momento assim deveria ser eterno. A frase de Pedro se aplica ao culto da
Igreja, onde "Moi ss e Elias" esto presentes na proclamao da palavra proftica
e apostlica; mas sobretudo, Cristo est presente, na Palavra, pela Palavra e no
Sacramento. "Bom estarmos aqui" particularmente significativo no contexto da
Santa Ceia, celebrada aqui, mas apontando para a Ceia celestial, onde ser sumamente
bom estar e, melhor que a transfigurao, ser eterno!
"A Ele ouvi"- "continuem a ouvi-lo", o que diz o Pai. Este o ponto alto do
texto para os discpulos (e os leitores e ouvintes). Deus se dirige a ns, que estamos
diante do fato maravilhoso da transfigurao. O que importa para a Igreja ouvir a
Cristo. Por vezes corremos o risco do ativismo. preciso, no entanto, valorizar
sempre mais o ouvir a Cristo. Em Sua palavra temos perdo dos pecados, alimento
para a f e renovao da alegria, esperana e amor.
247

Igreja Luterana - N 2 - 1999

PROPOSTA HOMILTICA
lEMA

PRIMEIRO

A importncia da transfigurao de Jesus para a Igreja


1.
Nos mostra quem Jesus realmente
1.1 - nele o reino de Deus se faz presente
1.2 - o Filho de Deus
1.3 - significativo: antes da paixo, a manifestao de Sua glria
2.
Nos conclama a que ouamos a Jesus, em qualquer situao
2.1 - a ordem do Pai: "a Ele ouvi"
22 - isto que realmente importa em nossa f - ouvir o que Jesus diz, na Sua Palavra
3.
Nos d uma idia da maravilha que ser o cu
3.1 - a manifestao de Pedro - "bom estarmos aqui"
3.2 - diremos o mesmo no cu, onde cada momento ser glorioso
3.3 - ns temos algo disto no culto - a presena de Jesus, na Palavra e Sacramento

CONTEXTO

O relato da tentao G:::


evangelhos o apresentam l.;:
intercala a tentao na ger, e ~ =
ministrio adulto, o Filho de =:'_
dizer que no tinha havid: c'
depois ( Mt 16.23; Lc 22, :~
tentativa de derrotar o :\le::
como o Salvador do mune:

Gerson Luis Linden

TEXTO E COMENTliC)
Jesus foi batizado e prc~.'.: c..
dele e o capacitou com o pede::
encontrou-se com o inimigc -

V. 12: cu8u; -"e logo - :::-:'c


ao imediata, pressa. L::':, ctraz um sentido de urg~::.
imediata. "Jesus lan::d: o enfrenta".
Nas trs verses da ter::.'._~
apenas, mas usa um termc Ci',_
mais suave: cxvllX8Y] - "fel le
(4.1). So termos que ns.: .'
EPllll0 - "para dentre .d c:'.
sem assistncia, lugar Ou:.e ';; :'
nenhum ser humano por t' e:-'
com a tentao.
Foram":'
V. 13: nHpcxollEvo

- .

solicitao real para a =-::.::'


Isto mostra que no C:e:':-:
Nossas tentaes tahe:: ':' .'
tentado pela sua pr6::~ :.::
248

Igreja Luterana - N 2 - 1999

PRIMEIRO DOMINGO NA QUARESMA


Marcos 1.12-15
12 de maro de 2000
__: ~ .:leSua glria
:.:alquer situao
- que Jesus diz, na Sua Palavra

., :qui"
ser glorioso
:" Jesus, na Palavra e Sacramento

::-,,:-,to

CONTEXTO
O relato da tentao de Jesus acontece no incio de seu ministrio, e os
evangelhos o apresentam logo aps o batismo, com exceo de Lucas, que
intercala a tentao na genealogia de Jesus. Aqui, bem no comeo de seu
ministrio adulto, o Filho de Deus luta contra o grande inimigo. Isto no quer
dizer que no tinha havido ataques anteriormente, e sabemos que os houve
depois ( Mt 16.23; Lc 22. 28). Mas este ataque foi algo de especial. Foi uma
tentativa de derrotar o Messias, bem no princpio de sua atividade pblica
como o Salvador do mundo.

Gerson Luis Linden

TEXTO E COMENT.RIO
Jesus foi batizado e preparado para assumir a sua obra. Seu Pai agradou-se
dele e o capacitou com o poder do Esprito Santo. Quando estava comeando a agir,
encontrou-se com o inimigo. Depois do batismo - a tentao.
V. 12: Eu8uC; - "e logo - imediatamente", mostra a urgncia, um sentido de
ao imediata, pressa. Tambm o verbo: EK~a,,o- "lanado fora, expulso",
traz um sentido de urgncia, no h tempo a perder, exige urna ao
imediata. "Jesus lanado para fora, expulso para o deserto onde Satans
o enfrenta".
Nas trs verses da tentao de Jesus, a de Marcos a menor, um resumo
apenas, mas usa um termo muito forte: "expulso". Mateus j usa outro termo,
mais suave: aVTlx8T1 - "foi levado at" (4.1) e Lucas usa: T1YE'W - "foi guiado"
(4. 1). So termos que no mostram tanta dureza.
EPTlIl0C; - "para dentro do deserto", lugar sem amigos, sem nenhum recurso,
sem assistncia, lugar onde se est a ss. Nota-se que deserto, solido, estar s,
nenhum ser humano por perto, somente animais selvagens, combina muito bem
com a tentao.
Foram 40 dias, exposto ao inimigo pior: Satans.

V. 13: TCElpaSOIlEvoC; - "sendo tentado, provar, testar", usado aqui para uma
solicitao real para a prtica do mal. O prprio Satans veio testar a Jesus.
Isto mostra que no devemos esperar caminho mais suave se formos fiis.
Nossas tentaes talvez sejam diferentes, em outras formas, pois cada um
tentado pela sua prpria cobia (Tg 1.14). A tentao real e potencialmente
249

Igreja Luterana - N 2 - 1999


devastadora, se no contarmos com a ajuda do Esprito. Parte da tentao
pode ter ocorrido na alma de Jesus, pois parte dela interna. Exteriormente
envolve as formas morais que nos circundam, isto , forte desejo ou vontade
de praticar o mal.
Cada um de ns experimenta tentaes todos os dias. Somos tentados para
o mal por Satans: Na falta de dinheiro, a fazer uso da desonestidade; na fartura,
cobia; nos perigos, a confiar nas prprias foras; perante o fracasso, a
desconfiar das promessas e ajuda de Deus. Somos tentados especialmente
quando estamos no "deserto". Jesus precisa dominar o diabo e libertar a
humanidade perdida da tirania dele. A vitria final e completa foi conseguida
na cruz, com o grito "Est consumado!"
Esta primeira batalha precisa ser
vencido. pelo Senhor para que a profecia de Isaas 61. 1 possa ser cumprida:
"libertao aos cativos, e a pr em liberdade os algemados". No deserto, a
tentao mostra Jesus em atividade redentora agressiva, isto , Ele est
perseguindo o diabo e no se defende ou simplesmente sujeito s tentaes
dele. O Pai o abenoa e tem seu prazer nele e em sua obra salvadora; o Esprito
o impele para batalhar com o tentador; Jesus, voluntariamente, aceita esta sua
imcumbncia. Se a Trindade no o tivesse querido, Satans nem poderia ter se
aproximado de Jesus, muito menos t-Ia tentado.
O primeiro Ado tentado e derrotado no jardim e perde o Paraso. O
segundo Ado tentado e vence a batalha no deserto para nos reconquistar
o Paraso.
V. 14: Depois que Joo foi entregue, Jesus voltou para Galilia. Estabeleceu
seu centro de atividades em Cafarnaum, importante cidade da regio.
Segundo os Evangelhos, da por diante ele passou a pregar o Evangelho
de Deus e a necessidade de arrependimento e de f.
K1lPU00JV
= proclamar como arauto o Evangelho de Deus. EUcx.yyc10V - as
alegres novas da salvao que vem de Deus, ou, a Boa-Notca do amor de
Deus em Jesus.

V. 15: "O tempo est cumprido, e o reino de Deus est prximo, arrependeivos e crede no evangelho." Almeida Revista e Atualizada.
"Chegou a hora, e o Reino de Deus est perto. Arrependam-se
pecados e creiam na mensagem da salvao." B.L.H.

dos seus

"O tempo est realizado e o Reino de Deus est prximo. Convertei-vos


crede no Evangelho." Bblia de Jerusalm.

Arrependimento me~.::.
no andar mais nos cai",;;_
evanglica, que descobre : :c:,
a pessoa a Deus. Atn,\ ~o .=:c
Deus em Jesus Cristo:
cristo a bandonar seus: .::r',
caminhos do perdo, da r:.:: _
Satans a nossa vitri.::, .:.
porque "o tempo est cure:,:,:.::
fala: "Arrependa-se e :r:::c
arrependimento e f.

PROPOSTA HOJ\1ILTIC-"~

O que nos d poder

'?

a vitria de Jesus sobre ~-"~


I - Para nos aITeper':::'
II - Para ter f no E\.:::,,~:
I - Sem a vitria

'::::

escravido no estaria g2L.;,:


gratido a Deus". Agora
no andar mais segundo a :::..
23), porque Jesus no li\Tc~ .=:c
II - A Boa-Notcia ass:Z'~'
sua primeira luta contra
proclamada e podemos
cada ser humano que creia r:s::: =
de ter f no Evangelho. ;::::_.0
fatos verdadeiros na
em e por Cristo. Ela, j :;:: -

l-LE"Ccx.VOEt"CE "mudana de mente, mudar de opinio". Na Bblia a palavra


arrependimento
tem a conotao de "voltar." A necessidade de voltar se
justifica porque o ser humano, por natureza, caminha em direo contrria a

250

Deus, para a perdio, p:u-:c


quando sonega, mente. ':'::::c

Igreja Luterana - N 2 - 1999

:i do Esprito.

Deus, para a perdio, para o inferno. Mesmo o cristo, seguidamente faz isso:
quando sonega, mente, odeia, inveja, corrompe ...

Parte da tentao
~:uce dela interna. Exteriormente
~-,--;-,.
isto , forte desejo ou vontade

Arrependimento meia volta, andar em direo a Deus, e, conseqentemente,


no andar mais nos caminhos que so contrrios a Deus. A f bblica a f
evanglica, que descobre e aceita a Boa-Notcia. Ela como um canal que une
a pessoa a Deus. Atravs da f, a pessoa recebe os benefcios do amor de
Deus em Jesus Cristo: perdo, salvao e vida eterna. ela que motiva o
cristo a bandonar seus caminhos de egosmo, traio, violncia, c andar nos
caminhos do perdo, da paz, do amor, da fraternidade. A vitria inicial sobre
Satans a nossa vitria. O colapso total do reino de Satans inevitvel,
porque "o tempo est cumprido e o reino de Deus est prximo." E Jesus ainda
fala: "Arrependa-se e creia no Evangelho". Isto significa que Jesus requer
arrependimento e f.

: ::.)s os dias. Somos tentados para


c" uso da desonestidade; na fartura,
~:J.s foras; perante o fracasso, a
Somos tentados especialmente
'? dominar o diabo e libertar a
~_'. final e completa foi consegui da
::sta primeira batalha precisa ser
Isaas 61. 1 possa ser cumprida:
_' os algemados". No deserto, a
cDtora agressiva, isto , Ele est
simplesmente sujeito s tentaes
c e em sua obra salvadora; o Esprito
_s. voluntariamente, aceita esta sua
~'Jerido, Satans nem poderia ter se
;;-ltado.

PROPOSTA HOMILTICA

o que nos d

poder?

a vitria de Jesus sobre Satans.

;.:' no jardim e perde o Paraso. O


no deserto para nos reconquistar

I - Para nos arrepender


II - Para ter f no Evangelho

voltou para Oalilia. Estabeleceu


2um, importante cidade da regio.
e ele passou a pregar o Evangelho
mento e de f.

1S

::\'angelho de Deus. Euayycwv - as


:eus, ou, a Boa-Notca do amor de

: de Deus est prximo, arrependei:Zevista e Atualizada.

est perto. Arrependam-se


, B.L.H.

dos seus

Deus est prximo. Convertei-vos

I - Sem a vitria de Jesus sobre as tentaes, a nossa libertao da


escravido no estaria garantida. Nem teramos motivo para "Avanar com
gratido a Deus". Agora o nosso Senhor quer que tornemos da escravido e
no andar mais segundo a carne (015.19,20), mas segundo o Esprito ( 015. 22,
23), porque Jesus no livrou da lei do pecado e da morte (Rm 8.1- 4).
II - A Boa-Notcia assegurada e absolutamente verdadeira e cumprida. Na
sua primeira luta contra Satans Jesus saiu vitorioso. A Boa Nova, a Redeno,
proclamada e podemos "Avanar com gratido a Deus." O que se requer de
cada ser humano que creia neste Evangelho. A vitria de Jesus nos d o poder
de ter f no Evangelho, porque o prprio Evangelho o chamado dele. So
fatos verdadeiros na proclamao de Jesus. Deus nos prometeu a vida eterna
em e por Cristo. Ela, j agora, nossa pela f.

e
Edemar
Zenkner
Schroeder,

se

dar de opinio". Na Bblia a palavra


:;Itar." A necessidade de voltar se
eza, caminha em direo contrria a
251

Igreja Luterana - N 2 - 1999

SEGUNDO DOMINGO NA QUARESMA


Marcos 8.31-38
19 de maro de 2000

CONTEXTO
Este texto exibe um quadro novo na revelao de Jesus Cristo. O seu propsito
tornar inteligvel o que significa ser o Messias e o que espera dos que querem
segui-Io. A origem desta inteno est na confisso de Pedro em Me 8.29: "Tu s o
Cristo!" Ao anunciar que no caminho da exaltao h os passos inevitveis da
humilhao, o nimo e a coragem dos discpulos do lugar ao vacilo e confuso
(8.32). Os discpulos recebem alimento slido. Nas outras duas ocasies em que
Jesus faz declaraes sobre a sua obra sacrificial (Me 9.30-37 ;10.32-45), ele aponta
os passos da renncia e da humildade tambm na vida crist.
TEXTO

Ao associar este texto com a declarao de Pedro em 8.29, pode se concluir que
a confisso por si s no garantia de nada e insuficiente para estabelecer a f
crist. Marcos traz Jesus mais perto de Jerusalm, onde o Filho do Homem cumprir
seu destino messinico, enquanto Jesus conduz seus discpulos a refletirem sobre
as dimenses desta misso, bem como das conseqncias em ser um cristo fiel.
V. 31: O que Jesus somente havia proclamado de maneira velada (2.20) e que
procurava esconder (1.44; 5.43; 7.36), mas que os demnios j sabiam (1.24;
3.11), agora ensinado explicitamente. O Filho de Deus comea a instruir seus
discpulos da necessidade de seu sofrimento, rejeio e morte. Na filosofia o
verbo El, necessrio, expressa a necessidade lgica ou cientfica, alm de
exprimir obrigaes religiosas ou ticas (Bromiley, Geoffrey. TDNT, p. 140). A
paixo a lgica de Deus e a obedincia irrestrita do Filho vontade do Pai.
Ao profetizar a iminente "tragdia", Jesus no est apenas fazendo um registro
antecipado da histria, nem prevendo um acidente de percurso, mas fornecendo
a certeza de que os eventos relacionados com ele so aqueles que Deus Pai
programou. Por trs do acontecimento histrico est um, s vezes imperceptvel,
plano de Deus.

o FILHO DO HOMEM
Este ttulo de uso exclusivo de Jesus tem como pano de fundo Dn 7.13-14. L,
o Filho do Homem descrito como um ser celestial investido de autoridade, glria e
cujo reino no tem fim. S que esta figura recebe agora cores extremamente paradoxais.
O homem da glria e domnio eterno se aproxima da vergonha e rejeio, uma
aparente runa, ainda que em seu vaticnio tambm transparea a vitria.
252

V 32: O protesto de Pedr:


uma incongruncia enrr:
.. _
discpulos desejam scgc::.f ..
quando este lder falEiel" -: _
fazer sentido. Pedrc c:..'.
incompatveis com ".I.C., _::c
.'
curto, do conforto. e [eco: V 33: Jesus no explica, ne,'
programao de Deus ..:~
tentativa de Satans e i", c
sua entronizao com: ::::.' ..
de Deus, que tentar ir:.'pe'::-:."

V 34: A audincia agora au:-:-.:'::C-. ~


Ao ehamar a multidc-. ,':' _.
relevantes para todos os::-,,:..'. .
estende somente aos lid:''''
como salvador. No ;:q:::-:c.' ::
(I Pe4.13-16; 1 Co 1. 26-:

A CRUZ DO CRISTO
A cruz do cristo pode ::"
sofrimento do dia a dia. As::::-:vergonha, a fraqueza e a ind:.;' _
assim a cruz do cristo no c :c::

A imagem da cruz usada :,'


tem como base as crucifica.,,:: c: .
de quem se dirige a esta exe.: ' ..'., " . '.
396). A cruz do cristo dizer :.:.-'-,';: ..:se a uma vida humilde e de e:'::: .:-,,' ,
segui-Io, que devem estar r',,
vidas. Do "Eu" para "Deus"

-.

L:.

Na anlise sobre a teolc2'::~:


o cristo sofre, a que a ;:::-:
manifestam neste mundo" EV. 35: Jesus expe em tra;>.~
em administrar de m3.:-=:~::.00(<..> a preserva?i
e eterna. O primeir~ c::::::.'
refere-se perda pele. :._:, .'C
discipulado pode resul-.:.: .~
perda que resulta em ge::-.'-.: -:.-

Igreja Luterana - N 2 - 1999


V. 32: O protesto de Pedro tem lgica do ponto de vista dos homens, pois ele percebe
uma incongmncia entre o Messias de 8.29 com a ltima afirmao de Jesus. Os
discpulos desejam seguir um lder vitorioso e esperam ganhar com isto, mas
quando estc lder fala em perder sua vida, esta expectativa desmorona, alm de no
fazer sentido. Pedra ento tenta reprogramar os planos de Deus, pois eles so
incompatveis com suas esperanas e convices. Ele deseja o caminho mais
curto, do conforto, e tenta impedir o vergonhoso caminho da cruz.

- "JS Cristo. O seu propsito

:le espera dos que querem


___

:='edro

em Me 8.29: "Tu s

os passos inevitveis da
_.:gar ao vacilo e confuso
_.:tras duas ocasies em que
~-';.30-37;10.32-45), ele aponta
_.: :::rist.

V. 33: Jesus no explica, nem justifica; ele simplesmente afirma que a cruz est na
programao de Deus. A "reprogramao" de Pedra considerada como uma
tentativa de Satans em frustrar os eventos que conduziro o Filho do Homem
sua entronizao como salvador e juiz. A morte de Jesus to central no plano
de Deus, que tentar impedi-Ia fazer a obra do prprio Satans.

-n1

e:118.29, pode se concluir que


_:-::::ientepara estabelecer a f
le :::Filho do Homem cumprir
; iiscpulos a refletirem sobre
__~:_=iasem ser um cristo fiel.

maneira velada (2.20) e que


demnios j sabiam (1.24;
- ie Deus comea a instruir seus
:ejeio e morte. Na filosofia o
le lgica ou cientfica, alm de
u:"y, Geoffrey. TDNT, p. 140). A
_;:rita do Filho vontade do Pai.

V. 34: A audincia agora aumenta, mas a mensagem outra vez alimento consistente.
Ao chamar a multido, Jesus demonstra que as condies para segui-Io so
relevantes para todos os cristos. A exigncia da auto-renncia e da cruz no se
estende somente aos lderes da igreja, mas a todos os que confessam Jesus
como salvador. No apenas assistir, mas crescer na f tambm no sofrimento
(l Pe 4.13-16; 1 Co 1. 26-29; 2 Co 12.7-10 e 1 Pe 4.12).
A

CRUZ DO CRISTO

A cruz do cristo pode ser mal entendida quando ela identificada corno um
sofrimento do dia a dia. Assim como a cruz em si no foi a cruz de Cristo, mas a
vergonha, a fraqueza e a indignidade que o acompanharam na trajetria ao Calvrio,
assim a cruz do cristo no qualquer at1io, mas o sofrer por amor a Cristo.

__ e JS

- est apenas fazendo um registro


e:lte de percurso, mas fornecendo
::: ele so aqueles que Deus Pai
. _ "st um, s vezes imperceptvel,

pano de fundo Du 7.13-14. L,


. 'nvestido de autoridade, glria e
::cores extremamente paradoxais.
~~J. da vergonha e rejeio, uma
transparea a vitria.
_o,

A imagem da cruz usada por Jesus para realar o comprometimento do cristo,


tem como base as cmcificaes feitas naquela poca. Tomar a cruz o preldio cruel
de quem se dirige a esta execuo e cujo veredicto inapelvel (Just, Arthur A. p.
396). A cruz do cristo dizer NO para seus desejos e SIM para Deus, submetendose a uma vida humilde e de auto-renncia. Jesus estipula para aqueles que desejam
segui-Io, que devem estar preparados para mudar o centro da gravidade em suas
vidas. Do "Eu" para "Deus" (Ef2.3; 4.17).
Na anlise sobre a teologia da cruz de Lutero, Paul Althaus escreve que "quando
o cristo sofre, a que a glria de Deus e o seu reino contraditoriamente se
manifestam neste mundo" (Ethics of Martin Luther, p.34).
V. 35: Jesus expe em traos claras a ambivalncia da vida e exibe toda importncia
em administrar de maneira sbia o aqui, para no ter prejuzo no l. O primeiro
o4>(w a preservao fsica neste mundo, o segundo a salvao espiritual
e eterna. O primeiro O'lt~UI-l-1. a perda da vida eterna e o segundo
refere-se perda pela auto-renncia por amor a Jesus e ao Evangelho. O
discipulado pode resultar em perda na satisfao fsica e material, mas uma
perda que resulta em ganho real e eterno.
253

Igreja Luterana - N 2 - 1999


Vv. 3637: Uma grande verdade est condensada em duas simples questes
retricas. Jesus mede o absurdo de algum dar preferncia aos ganhos materiais
c segurana de sua vida terrena e ignorar a salvao providenciada por Deus.
Rejeitar a vida eterna experimentar a perda em seu sentido mais profundo,
ainda que haja aprovao do mundo e sua vida seja permeada pelo conforto e
segurana material. Estes versculos lembram as palavras do SI 49, em cujo
contexto o salmista descreve o homem que falha ao procurar sua segurana nas
riquezas materiais. O ganho mximo imaginvel o mundo todo (suas riquezas
e o seu controle). Se isto fosse possvel, na "balana" de Deus a vida de
algum ainda possuiria valor maior. Arthur Just, (p. 398) escreve que este sucesso
no mundo poderia tambm ser aplicado do ponto de vista missionrio. Just
justifica que quando Jesus recebe os setenta missionrios e eles vibram pelo
seu xito, Jesus recomenda que a alegria maior deveria estar no fato de que seus
nomes esto escritos nos cus (Le 10.17-20).
V. 38: Esta sentena revela toda a seriedade envolvida em negar a cruz. O carter da
perda agora definida em traos eternos e definitivos. Este versculo
complementa o v. 35 e especifica a perda e o ganho assinalados naquela
declarao. Para a gerao adltera e pecadora (incrdula e infiel) e que se
envergonha de Jesus valer o "dente por dente, olho por olho": No dia do Juzo,
o Filho do Homem que se envergonhar dos envergonhados.
PROPOSTA HOMILTICA
O desafio deste texto pregar o verdadeiro Cristo e o cristo autntico. Muitos
falsos profetas tm sado mundo fora a pregar conceitos estranhos sobre o Filho de
Deus e sobre os cristos. De Cristo se faz apenas um libertador terreno e a fonte da
prosperidade material. Do cristo algum que pode ter tudo o que ele sempre desejou ter na vida, especialmente sucesso material e pessoal. Por natureza a expectativa
da maioria das pessoas ser bem sucedido, alcanar a felicidade e a liberdade. O ser
humano tem fascnio pelo conforto. A proposta de Jesus fere em parte esta esperana, pois no caminho de segui-Ia em fidelidade est a cruz, a renncia e a humildade.
Na cabea de ningum o sofrimento e o sacrifcio so vistos como normais, muito
menos como uma bno, a no ser que a cruz de Cristo abra seus olhos e ele possa
enxergar, com os olhos da f, a glria presente e eterna, ao tomar a cruz por amor a
Cristo e segui-Io sem olhar para trs.
Anselmo Ernesto Graf!
Barra do Garas, MT

LEITIJRASDO DH
SI 19.7-14 - O ttuL:
evidentemente, caracteriza", .:.
SENHOR" deve ser entendi,::.',_: - O motivo bvio: a lei no Te,:.:..
prpria do evangelho. A k: ,:::manual de Instruo de C:.~
espiritual natural do ser hu:n_'f._
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pensamentos agradveis r:.. rT.
Rocha e seu Redentor.
x 20.1-17 -O "locus~::,,,
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serve como norma/caminhe c=-__
evangelho do SENHOR. Ci'::
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1 Co 1.22-25 - Pregar :, C:-::.


povo que a vida eterna d.:..:.,:,
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como espelho. Ignora o e\a':;:.:
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por si mesmo atinar com ce' revelao e no filoscL:. S: loucura da pregao da sabe:i: :-:::
TEXTO
"Jesusvaiaotemplo"(BLH
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(A Bblia Anotada Ryrie): "Jes.:::~_

254

Igreja Luterana - N 2 - 1999


duas simples questes
~"cia aos ganhos materiais
_: providenciada por Deus.
. J sentido mais profundo,
J =,ermeada pelo conforto e
"':davras do SI 49, em cujo
;oracurar sua segurana nas
e . mundo todo (suas riquezas
::dana" de Deus a vida de
escreve que este sucesso
de vista missionrio. Just
"ionrios e eles vibram pelo
- J eria estar no fato de que seus

_::}em negar a cruz. O carter da


e definitivos. Este versculo
__ e :' ganho assinalados naquela
::: (incrdula e infiel) e que se
-lho por olho": No dia do Juzo,
envergonhados.

,to e o cristo autntico. Muitos


_-::eitos estranhos sobre o Filho de
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Je ter tudo o que ele sempre desee =essoal. Por natureza a expectativa
- .lI' a felicidade e a liberdade. O ser
Je Jesus fere em parte esta esperan: :.i a cruz, a renncia e a humildade.
::J so vistos como normais, muito
.e Cristo "bra seus olhos e ele possa
e eterna, ao tomar a cruz por amor a

Anse/mo Ernesto Graff


Barra do Garas, MT

TERCEIRO DOMINGO NA QUARESMA


Joo 2.13-22
26 de maro de 2000

LEITURAS DO DIA
SI 19.7-14 - O ttulo deste salmo em ARA bem apropriado. Os vv. 7-14,
evidentemente, caracterizam a "excelncia da palavra de Deus". A expresso "lei do
SENHOR" deve ser entendida como "a palavra de Deus", o que inclui lei e evangelho.
O motivo bvio: a lei no restaura o homem na presena de Deus, pois a restaurao
prpria do evangelho. A lei, como explica a pergunta n. 108 do nosso tradicional
manual de Instruo de Confirmandos, apenas diagnostica a deplorvel situao
espiritual natural do ser humano, e o condena. Por isso, apenas quem foi restaurado
pelo evangelho que pode esperar em Deus e ser-lhe fiel, tendo no corao
pensamentos agradveis na presena do SENHOR, pois este passou a ser sua
Rocha e seu Redentor.
x 20.1-17 - O "Iocus classicus" do Declogo nos faz pensar nas funes da lei
divina. Alm de servir como espelho revelador do problema espiritual humano,
serve como norma/caminho em que andar todo aquele que foi restaurado pelo
evangelho do SENHOR. Uma coisa certa: nem toda a pessoa que apresenta um
comportamento exemplar foi restaurada por Deus, pois pode tratar-se dum belo
hipcrita; mas todo aquele que vive longe do caminho dos Dez Mandamentos pode
ter certeza de que vive em "fel de amargura e lao de iniqidade" (At 8.23). Portanto,
esperar com fidelidade a Deus envolve duas coisas inseparveis: a f (confiana na
obra de Cristo em nosso favor) e o amor (obedincia, fidelidade a Deus).
1 Co 1.22-25 - Pregar a Cristo muito escandaloso. Imagine s: anunciar ao
povo que a vida eterna dada aos que confiam no sacrifcio que o Deus-Homem
realizou em nosso favor quando morreu e ressuscitou. O homem em seu estado
espiritual natural nada sabe nem quer saber disto. Pois o saber do homem natural
no admite que Deus seja Deus. No apenas ignora as conseqncias da lei divina
como espelho. Ignora o evangelho, transformando-o em veneno (a graa barata). E
ainda mais: mesmo quando a lei -lhe anunciada, desesperando-o, no consegue
por si mesmo atinar com o evangelho, pois a salvao no Cristo crucificado pertence
revelao e no filosofia. Ser fiel a Deus, portanto, significa permanecer com a
loucura da pregao da sabedoria de Deus.

TEXTO
"Jesus vai aotemplo" (BLH); "A apresentaodo Filhode Deus no templo em JelUsalm"
(A Bblia Anotada Ryrie); "Jesus purifica o templo" (Shedd): ttulos complementares.
255

Igreja Luterana - N 2 - 1999


Duas purificaes do templo hierosolimitano? (Mc 11.15-18). provvel, pois
os evangelhos sinticos situam uma purificao do templo nos estgios finais do
ministrio de Jesus. Muitos eruditos, no entanto, sentem que ou aqueles ou Joo
alteraram a ordem cronolgica por motivos tpicos. Mas, no inconcebvel que
Jesus tivesse iniciado seu ministrio com um protesto contra a corrupo oficializada
no templo, para servir de desafio ao arrependimento; tendo feito outro protesto,
antes do seu padecimento, como previso da destruio divinamente punitiva, que
haveria de sobrevir a Jerusalm e ao templo em 70 d. C. (GUNDRY, R. Panorama do
NT, p. 140, nota n. 12).
V. 13 - Pscoa Uudaica): era uma das trs grandes festas religiosas do povo do
Antigo Testamento, sendo as outras Pentecostes e Tabernculos. A pscoa
comemorava a obra realizada pelo SENHOR (Jav), libertando seu povo no e do
Egito. Na noite pascal Deus "passou por cima" das casas dos israelitas (no
entrou para ferir), - pois haviam confiado na promessa divina - durante o episdio
da morte dos primognitos dentre homens e animais egpcios (x 12.1-29). Jesus
foi festa que comemorava anualmente aquela obra de Deus. A religio de
Jesus a do Deus do AT, mesmo que alguns boiolas moderninhos digam que o
Deus do AT muito duro, at cruel, e que, por isso nada teria a ver com o Deus
de Cristo. (Jo 10.30; J 40.2; ls 45.9).
V v. 14-17 - O pano de fundo da purificao do templo foi o fato de que animais e
aves para os sacrifcios e holocaustos estavam sendo vendidos na rea do
templo (embora isto beneficiasse os peregrinos que, por causa da distncia,
no podiam trazer consigo os animais para os sacrifcios). Os cambistas trocavam moedas estrangeiras por judaicas, a fim de os peregrinos provenientes de
outros pases poderem comprar com "moeda sagrada" os referidos animais, ou
para poderem pagar o meio siclo anual, que os judeus maiores de vinte anos de
todo o mundo davam para a manuteno do templo. A nica moeda aceita para
o pagamento do meio sido era de Tiro, por causa da pureza de sua prata (BRUCE,
EE Joo, p. 76). Jesus fazia objees ao comrcio nos recintos sagrados, reservados para seres humanos. Parece tambm que, alm da profanao, os prprios preos e taxas de cmbio eram exorbitantes. E mesmo que no o tivessem
sido, ou mesmo que os animais tivessem sido cortesia de Abrao ou Jac,
Cristo teria purificado o templo, pois o lugar dos adoradores no vinha sendo
respeitado. Ans, o sumo-sacerdote, que controlava o dito esquema financeiro
(GlJNDRY, idem.) deve ter comeado ali as suas amabilidades contra Jesus.
(Se Gundry tem razo, na raiz da crucificao de Jesus est o amor de Ans ao
dinheiro).
Vv. 18-22 - Quando os judeus questionam as atitudes de Jesus com perguntas do
tipo: "Quem voc para fazer isso?", ou pior ainda: "Quem voc pensa que
para fazer cantar o chicote aqui no templo?" - o Verbo de Deus responde com a
promessa da Sua prpria ressurreio, chamando seu corpo de santurio. E de
cortesia ainda d as dicas para desconfiarem de que havia chegado um novo
256

tempo, o tempo da r::


quem reunir-se-o os ~:,- ,
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VEM
VEM
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Igreja Luterana

15-18). provvel, pois


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. "do seu corpo de santurio. E de
:ie que havia chegado um novo

- N 2 - 1999

tempo, o tempo da nova aliana, o tempo do santurio do corpo de Cristo - em


quem reunir-se-o os filhos de Deus. (O assunto retoma quando Jesus conversa
com a mulher samaritana: Jo 4.20-24). A resposta de Cristo apresenta um tom
parablico, evidenciando que Jesus queria que os judeus pensassem. No
queria arregimentar seguidores dentre candidatos de planto, pois Ele sabia o
que sucederia com gente do tipo "semente que caiu em solo rochoso" (Mt.13 .2021), como fica evidente em Jo 6.60-66).
E assim o Verbo de Deus est diante de ns, esperando que efetivamente
tambm reflitamos. Mas, nada das populares "gottseligen Gedanken"(pieguices),
que para outra coisa no servem, a no ser para alimentar as vaidades dum corao
carregado de autojustia. Dever ser um meditar agradvel a Deus, como almeja o
autor do Salmo 19.
Pois bem, Jesus' Que o teu Esprito nos guie ao meditarrnos nas tuas obras'
Que animais irs chicotear hoje em nossos templos e coraes? Que mesas
devero ser viradas? Que gaiolas de pombas vens tu abrir em nossas igrejas? Contra o que fazes brandir o chicote no limiar do sculo XXI? Que situaes fazem o teu
zelo se acender quando compareces s festas do povo que se chama pelo teu nome?
O que dirs dos nossos cultos, onde dificilmente vs uma prostituta ou um
homossexual penitente buscar guarida? Que dirs dos hinos dos herdeiros da Reforrna
luterana, cujos ritmos e formas jejuam rigorosamente em brasilidade? Que dirs da
forma (linguagem, etc.) do nosso "Catecismo Menor"? O que dirs da disciplina
eclesistica que se converte em autoritarismo vingativo e humilhador? O que fars
conosco, do clero, que tanto medo temos de pensar que preferimos papagaiar
frmulas doutrinrias como ventrloquos? (Cf. Mensageiro luterano, out/86:
Opinio). Se o juzo h de comear pela casa de Deus, o que ser do mpio, daquele
que no obedece ao evangelho de Deus? (1 Pe 4.17-18).

VEMANSTAMBM,JESUSl
VEM PURIFICAR!
VEM COM O TEU ZELO AMOROSO!
VEM COM O PODER DA TLJARESSURREIO!
VEM RESTAURAR, VEM TRANSFORMAR!

lvo Dreyer
Schroeder,

se

257

Igreja Luterana - N 2 - 1999

QUARTO DOMINGO NA QUARESMA


Joo 3. 14-21
02 de abril de 2000

INTRODUO
O Evangelho de Joo diferente dos outros. Neste Evangelho Jesus
apresentado como a Palavra de Deus, o Verbo divino, que existiu desde a eternidade
com Deus e que se fez um ser humano, mostrando assim o amor e a verdade de
Deus. O autor diz que o propsito deste Evangelho fazer que os leitores creiam
que Jesus o Messias, o Filho de Deus, e que, por meio desta f, tenham vida
(20.31).

Na primeira parte do livro, onde encontramos percope de nosso estudo, o autor


trata principalmente dos milagres de Jesus. Esses milagres so sinais, isto , mostram
quem Jesus e a razo por que ele veio ao mundo. O maior dos milagres a ressurreio
de Lzaro, pela qual mostra que ele ressurreio e vida. Outros milagres mostram
que ele po da vida, luz do mundo, aquele que d vida s pessoas e provam que
Ele recebeu autoridade de Deus para julgar todos os seres humanos.
Fala tambm de uma ligao que existe entre os seus seguidores e seus
ensinamentos. A percope a ser estudada encontra-se dentro de um bloco que
poderamos chamar de "O trabalho de Jesus na Galilia e na Judia" que vai do
captulo 2 ao captulo 12 de Joo.

DESTAQUES DO TEXTO
]. A percope indicada para este dia contm a continuao do dilogo entre Jesus
e Nicodemos, iniciado em Joo 3. 1 e ss. Um dilogo interessante do Mestre
Jesus com um Mestre em Israel- Nicodemos, que segue o episdio da purificao
do templo e as Bodas de Can, extremamente didticos para a igreja. O assunto
principal comea com a necessidade de "nascer de novo". Nicodemos no
compreendera o ensino sobre o novo nascimento. Jesus recorda um episdio
que certamente estava registrado na mente de todos e de Nicodemos tambm:
como os israelitas, na sua viagem pelo deserto, foram atacados por serpentes
abrasadoras. Moiss intercede por eles junto a Deus, so orientados a mirar uma
serpente de bronze e ento ficariam vivos. A serpente erguida no meio do arraial
figura do Filho que seria levantado na cruz. Mirando a serpente - nova vida comear de novo. Comear de novo, superar dificuldades, vencer barreiras
possibilidade oferecida pela ao da graa divina. Com a graa divina, a pessoa
humana pode iniciar nova existncia. A propsito do lema para este ano, s a
258

graa divina possibiEre.:c


direta e clara para os
"carne", e no conseg:.: :':'.
ingressar no Reino de D,,:.::
2. O nascer de novo accr,r"t
clara ao batismo, que ~
3. O resultado do nascer::" do texto. Vida eterna _u
comunho do Pai, e r:::':t

=- .

4. Joo 3.16 parte integr::r: .:


evangelstica, revelar,,:::
auto-entrega de Cri,,: c::' _
que amor verdadeir.:
5. Segundo Joo 3.16.
seu Filho a este mune:.
totalmente novo, pois J::,_:
salv-Ia. O amor de De_' -que Deus tinha para e:c . ::::.::.
um determinado grur.~
:-:_
os que pem a f nele. :- -o: a vida que verdade i:" ::::::e.- =
Deus. Perecer seria au~::
final para aqueles que s" ::::_
pecados" (Joo 8.2J.
6. A vinda do Salvadc:::_ ::::_' =-.
contrastes. Vv. 19-2: ::'"

- confiana em oposi~. _ :._


exigir posicionamem:o .:'
revelao. A conseqr::::. :.=:
no ajunta, espalha" e
a vinda da luz (Cristo) nete:;:.:-.-,--:-=-:
com prazer dos que a e.:~-:-. J'
realmente so. Bem ae' g: ..
=
mal, amor e dio, vida" ::::- -:
PROPOSTAS HO.\ill. TI C~...s
Muitas sugestes homil-:.::::.cJ .
de contedo da percope. S: .::-:"pregador a apresentao de :e=-:. e.- - _
objetiva e, ao mesmo temr' .
obra de Jesus Cristo:

Igreja Luterana - N" 2 - 1999

~J.QUARESMA

graa divina possibilita avanar frente com gratido a Deus. mensagem


direta e clara para os judeus, que dela tanto necessitam, pois vivem apenas na
"carne", e no conseguem compreender que "preciso nascer de novo" para
ingressar no Reino de Deus.
2. O nascer de novo acontece com "o nascer da gua e do Esprito", referncia
clara ao batismo, que o 2 nascimento, isto , o novo nascimento em Cristo.
3. O resultado do nascer de novo a vida eterna, contedo central da mensagem
do texto. Vida eterna um dos nomes que tem a salvao. Aquele que vive na
comunho do Pai, e nascido de novo, j tem "a vida eterna".

,:

\'este Evangelho Jesus


~'je existiu desde a eternidade
:cssim o amor e a verdade de

c ,'azer que os leitores creiam


- -: meio desta f, tenham vida

,;, :l-20pe de nosso estudo, o autor


u:cgresso sinais, isto , mostram
:-:'jor dos milagres a ressurreio
_l c ,-ida. Outros milagres mostram
:c:c vida s pessoas
e provam que
'; :s seres humanos.
::-,:re os seus seguidores e seus
, ,-"ra-se dentro de um bloco que
-:c Galilia e na Judia" que vai do

. :ntinuao do dilogo entre Jesus


:-:1 dilogo interessante
do Mestre
:;ue segue o episdio da purificao
lc didticos para a igreja. O assunto
::Jscer de novo". Nicodemos no
.Cllento. Jesus recorda um episdio
de todos e de Nicodemos tambm:
certo, foram atacados por serpentes
, a Deus, so orientados a mirar uma
c serpente erguida no meio do arraial
_z. Mirando a serpente - nova vida,rar dificuldades, vencer baneiras
:iivina. Com a graa divina, a pessoa
:'opsito do lema para este ano, s a
0_'

4. Joo 3 .16 parte integrante da percope. Texto-chave, supra-sumo da mensagem


evangelstica, revelando toda a inteno amorosa e misericordiosa de Deus. A
auto-entrega de Cristo revela todo o aspecto amoroso do Pai, ensinando-nos o
que amor verdadeiro.
5. Segundo Joo 3.16, o objeto da ao da graa divina o mundo. Deus envia o
seu Filho a este mundo. "Pelo amor ao mundo" uma expresso que traz algo
totalmente novo, pois Jesus no veio para julgar este mundo, mas sim, para
sal v-Ia . O amor de Deus no tem limites; engloba toda a humanidade. O melhor
que Deus tinha para dar, Ele o deu - seu nico Filho. Ele dado no apenas por
um determinado grupo de pessoas, mas foi dado para que todos, sem exceo,
os que pem a f nele, possam ser resgatados da destruio e abenoados com
a vida que verdadeira. Esta mensagem de salvao tem sua origem no amor de
Deus. Perecer seria a outra alternativa alm da vida eterna. Perecer o resultado
final para aqueles que se recusam a crer em Jesus. Perecer aqui "morrer nos
pecados" (Joo 8.24).
6. A vinda do Salvador ao mundo e sua mensagem trazem deciso e separao, criam
contrastes. Vv. 19-21 trazem luz em oposio s trevas - vida em oposio morte
- confiana em oposio desconfiana. A vinda do Filho, a sua mensagem vo
exigir posicionamentos das pessoas. O homem tomar uma posio diante de
revelao. A conseqncia deste posicionarnento ser vida ou morte. "Quem comigo
no ajunta, espalha" e "Quem no por mim, contra mim". Na viso do evangelista,
a vinda da luz (Cristo) necessariamente envolve a separao daqueles que a recebem
com prazer dos que a evitam por medo de que ela revele como eles e sua conduta
realmente so, Bem ao gosto do evangelista, ele utiliza termos contrastantes: bem e
mal, amor e dio, vida e morte, salvao ejuzo, luz e escurido, verdade e mentira.
PROPOSTAS HOMILTICAS
Muitas sugestes homilticas poderiam ser arroladas, principalmente pela riqueza
de contedo da percope. Selecionamos algumas que, julgamos, oportunizar ao
pregador a apresentao de uma boa mensagem, isto , uma mensagem clara, direta,
objetiva e, ao mesmo tempo, rica em contedo e reflexo e centralizada na pessoa e
obra de Jesus Cristo:
259

Igreja Luterana - N" 2 - 1999


a)

QUEM CREM CRISTO

1.

n.

No perece
Tem a vida eterna

a)

DEUS ENVIA JESUS

1.

No para julgar o mundo


Mas para salvar o mundo

n.

c) JESUSALUZDOMUNDO
1.

n.

o.:

QUINTO

TEXTO E CONTEXTO

Para manifestar as obras dos que praticam a verdade


Para julgar as obras dos que amam as trevas

Walter Jos Mormello


Esteio, RS

Talvez a primeira rea2c


compreensivelmente,
confe:-:~ _
promissoras. 5151.10-13, li'S.:: _ ~_
luterana, e Hb 5.7-9, comemi-: - ;;
perfeitamente no esprito ds ':;_~
Evangelho? Afinal, trata-se:::e
respostas. Talvezjustameme ","
tarefa justamente fazer eSte t,:',

primeira vista, a perfc:c:oe : ,.~e:


Jesus, ponto crucial da percq:e e
para adorar no templo durame " :o.:c. . :'
com Andr, Andr e Filipe f}l::::-:
fossem duas perguntas nosy :::_
ponde? 2) A que pergunta Je'.'
Os gregos C'EH7]lJf - p,:', "
pois estavam entre os que \1 e=-:::
outra passagem dos evangeL-,:,
ele pretende ir para os da
que vm at Jesus, como OC:e;;'
"vejam, o mundo est indo ,c L _ e
primeiro foram os discpulcs:::e "
Judia (3.26), os samaritano:, ..:.~
(4.46ss), o povo da Transjords:-_.'
Jerusalm (12.lls) - ou sej}, :::::
Claro, h excees -Jesus ,,':'O:::::::: '
esta rejeio atingira o seu clf:-:.:::
o confronto toma-se inevit2', e'
cmoKpvErctL

lXurol

' ..

Filipe e Andr? Aos grego: :.:


omitindo o objeto indireto fi' :_'
caso os gregos teriam, eStfsn:::c::-,
nunca deixa de receber os OC:e. 260

=-,

Igreja Luterana - N" 2 - 1999

QUINTO

DoMINGO NA QUARESMA
Joo 12.20-23
9 de abril de 2000

TEXTO E CONTEXTO
_:rn a verdade

:::,\as

Walter Jos Mormel/o


Esteio, RS

Talvez a primeira reao diante do texto do Evangelho para este Domingo seja,
compreensivelmente,
conferir as demais leituras sugeridas. Alis, todas muito
promissoras. S151.1 0-13, usado na liturgia, Jr 31.31- 34, que leva ao centro da teologia
luterana, e Hb 5.7-9, comentrio clssico sobre o sacrifcio de Cristo, todos encaixam
perfeitamente no esprito da quaresma. Diante de tantas opes, por que escolher o
Evangelho? Afinal, trata-se de uma percope que oferece mais perguntas que
respostas. Ta1vezjustamente esta seja uma boa razo para escolh-Ia - afinal, nossa
tarefa justamente fazer este texto falar para a Igreja!
primeira vista, a percope parece no fazer sentido. Antes da declarao de
Jesus, ponto crucial da percope, -nos dito que alguns gregos estavam em Jerusalm
para adorar no templo durante a pscoa e pediram a Filipe para ver Jesus. Filipe fala
com Andr, Andr e Filipe falam com Jesus ... e Jesus responde-lhes. Simples, no
fossem duas perguntas nossas que o texto no responde: 1) Para quem Jesus responde? 2) A que pergunta Jesus responde?
Os gregos ("EUi)Vf - provavelmente judeus da disperso ou ento proslitos,
pois estavam entre os que vieram para adorar durante a festa) s aparecem em uma
outra passagem dos evangelhos: Jo 7.35, onde os judeus perguntam-se "ser que
ele pretende ir para os da disperso, ensinar os gregos?" No entanto, so os gregos
que vm at Jesus, como que confirmando a observao dos fariseus no v. 19:
"vejam, o mundo est indo atrs dele!" A busca de Jesus pelos gregos climtica:
primeiro foram os discpulos de Joo (1.37), depois Nicodemos (3.1ss), o povo da
Judia (3.26), os samaritanos (4.30,40), o povo da Galilia (4.45), o oficial do rei
(4.46ss), o povo da Transjordnia (l0.40s), a multido que viera festejar a pscoa em
Jerusalm (l2.11s) - ou seja, todo o Israel e as naes buscam a Jesus (cf. Is 49.6).
Claro, h excees - Jesus rejeitado pelos lderes religiosos (5.40; 7.48). Tambm
esta rejeio atingira o seu clmax (11.47ss), deixando um clima tenso no ar, no qual
o confronto torna-se inevitvel.
CnToKpvaca
IXUro7. (v. 23) - A quem Jesus dirige as palavras que seguem? A
Filipe e Andr? Aos gregos que o buscavam? BLH tenta esconder a dificuldade
omitindo o objeto indireto lhes. Aparentemente Jesus fala aos discpulos, mas neste
caso os gregos teriam, estranhamente, desaparecido sem deixar pistas. Jesus, porm,
nunca deixa de receber os que o buscam (cf. passagens acima): "o que vem a mim, de

261

Igreja Luterana - N 2 - 1999


modo nenhum o lanarei fora" (6.37). Alm disso, o v. 29 sugere que h uma multido
ouvindo as palavras de Jesus, e podemos concluir que junto a esta multido estavam
os gregos, com quem Jesus falava.
'E,lrVeEV
r wpa (v. 23) - Por trs vezes ouvimos que a "hora" ainda no havia
chegado (2A; 7.30; 8.20). Mais duas referncias hora ter chegado so feitas adiante
(13.1 e 17.1). A chegada da hora faz desta passagem um ponto chave do quarto
evangelho (como Mc 8.27-9.1 no evangelho de Marcos). At aqui Jesus revelara-se
atravs de sinais para que cressem nele (Jo 2.11; 3.2; 20.29s); daqui para a frente,
Jesus cumpre a sua misso e a explica para os seus discpulos. O crculo de discpulos,
que at aqui crescia, parece agora reduzir-se aos doze.
r50 aaej (v. 23) - Este "ser glorificado" a chave da percope. Glria geralmente
lembra poder, honra, majestade. Seria de esperar que Jesus dissesse estas palavras
antes de entrar em Jerusalm, quando foi aclamado como o Messias. Ou ento, que
haveria mais aclamaes pela frente, quem sabe a consagrao pelos braos do
povo. Mas nada disso acontece. Jesus no honrado, mas acusado; no revestido
de poder, mas condenado pelos que detm o poder.

Esta aparente contradio eliminada quando observamos as pistas que o


contexto nos oferece. O v rou aVepW7TOV, em Joo, est ligado ao sacrifcio de
Jesus (3,14; 6A7-58). Ele no vem para receber honra, mas para dar a sua vida em
favor do mundo (3,16), A seqncia das palavras de Jesus deixa isto muito claro: o
gro de trigo precisa morrer, pois s assim dar muito fruto, Alis, os vv. 24-26 fazem
parte do discurso iniciado no v. 23, e o explicam; no deveriam ser omitidos na
leitura do Evangelho. Portanto, a glorificao de Jesus , paradoxalmente, tambm o
incio do seu sofrimento. atravs da obra redentora de Cristo que Deus pretende
ser glorificado, e tambm o Filho ser glorificado aps dar sua vida em resgate pelos
pecadores. No h glria sem passar pelo caminho da cruz; no h vida eterna sem
abrir mo desta vida.
Aqui desvela-se o contedo escatolgico da passagem. A glria possui duas
feces: diante do mundo, mostra-se como vergonha, fraqueza, derrota, aflio. Mas
como isto conseqncia da entrega total a Deus (15.19; ver SI 37.5; 2Co 8.5), Ele
promete revelar o outro lado da moeda, onde h honra, fora, vitria, jbilo - enfim,
a mesma glria que o Filho recebeu em sua ressurreio. Ento a lgica humana
invertida, e por isso Jesus responde aos gregos, que procuravam aquele que h
pouco fora saudado com hosanas, no com promessas de novos sinais, mas com a
necessidade de entregar sua vida, pois seu projeto no de glria individual, mas
uma glria em que muitos participam.
Na reta final da quaresma, a nossa percope ilumina boa parte da vida crist.
Estamos em uma contnua quaresma. E quaresma tempo de buscar a Jesus - no
apenas querer v-Io, mas estar ao seu lado, seja nas tentaes do deserto, seja no
Glgota, onde Cristo entregou sua vida, no em seu prprio interesse, mas para
beneficiar a muitos. Assim como Jesus em Jerusalm, tambm vemos frente o
262

caminho do sofrimento r
dar muito fruto. Neste :2--:-:::-perguntas, mas no nos T2:
nossa caminhada: a vit:'r:_. __
rumo ao qual avanamc',

:-:-.;:-:_:_

PROPOSTA HOl\IILTIC. ~

Queremos ver a Jesus:


Para que a sua jUSti'~il';::
Para que o seu sacrif::: :-..

Queremos seguir a Jesu",


Entregando nossa vida ,:i:2 ::.__
Confiantes na salva.:, -

Queremos estar com JtsU5


No servio aos peque!':::- . ;
Na glria eternajunw a: -:::..

Igreja Luterana - N 2 - 1999


_;re que h uma multido
: "esta multido estavam

: _ "

"hora" ainda no havia

. :egado so feitas adiante


_.... ponto chave do quarto
.-'~taqui Jesus revelara-se
~ :9s); daqui para a frente,
: _. 's. O crculo de discpulos,

_ rercope. Glria geralmente


. SUS dissesse estas palavras
, . ::,',c o Messias. Ou ento, que
. 'nsagrao pelos braos do
r:,as acusado; no revestido

:bservamos as pistas que o


'::. est ligado ao sacrifcio de
. -r::. mas para dar a sua vida em
_ c esus deixa isto muito claro: o
.. fruto. Alis, os vv. 24-26 fazem
_cr
'":io deveriam ser omitidos na

caminho do sofrimento por causa do Evangelho, onde entregamos nossa vida para
dar muito fruto. Neste caminho podemos no ter resposta para todas as nossas
perguntas, mas no nos faltar o essencial, se no perdemos de vista o destino de
nossa caminhada: a vitria, j conquistada para ns por Jesus, horizonte sereno
rumo ao qual avanamos com gratido a Deus .
PROPOSTA HOMILTICA

Queremos ver a Jesus!


Para que a sua justia revele o nosso pecado
Para que o seu sacrifcio nos purifique de todo pecado

Queremos seguir a Jesus!


Entregando nossa vida para que d frutos em favor de muitos
Confiantes na salvao conquistada na cruz de Cristo

Queremos estar com Jesus!


No servio aos pequeninos deste mundo
Na glria eterna junto ao Pai
Gerson L. Flor
Vila Progresso, Vem Cruz, RS

'.;:' . paradoxalmente, tambm o


. r:: de Cristo que Deus pretende
.. : s dar sua vida em resgate pelos
ia cruz; no h vida eterna sem

_ r.lssagem. A glria possui duas


'::. fraqueza, derrota, aflio. Mas
15.19; ver SI 37.5; 2Co 8.5), Ele
: rira, fora, vitria, jbilo - enfim,
::reio. Ento a lgica humana
'. que procuravam aquele que h
-r.essas de novos sinais, mas com a
,J no de glria individual, mas

, ilumina boa parte da vida crist .


.:: tempo de buscar a Jesus - no
'. nas tentaes do deserto, seja no
"', seu prprio interesse, mas para
:salm, tambm vemos frente o
263

Igreja Luterana N 2 - 1999

DoMINGO

DE

V. 33 - Aqui no se trata=-~ - ~
poupado de real sc:-~c:~:,-

RAMos

escapando da morte.
humano, sentindo

Marcos 14.1 - 15.47 ou 15I39


16 de abril de 2000

CONSIDERAES

fKeaf.1f3fL aem

CONTEXTUAIS

EXEGTICAS

E HOMILTICAS

SOBRE O TEXTO

Ao estudar e abordar este texto, o pregador pode fazer, para si e para sua
comunidade, um paralelo com a palavra de Deus a Moiss: "tira os teus sapatos de
teus ps, porque o lugar em que tu ests terra santa (x. 3.5). Encontramo-nos em
solo santo: a luta de Jesus no horto.
V. 32: "Chegaram a um lugar chamado Getsmani". O texto paralelo de Lucas acrescenta
a idia de que Jesus foi para este lugar "como de costume" (22.39). Ele no se
esconde, mas procura o lugar de recolhimento para a comunho espiritual com seu
pai, tambm, e especialmente, neste momento, pois no lugar costumeiro pode ser
achado (vejaJo 18.1-2). Sabe que o amigo traidor j est cumprindo seu desgnio.
No desvia da perspectiva da dor e do sofrimento, mas a encara de frente. Ela
pessoal, ela acena a morte, passagem a ser sofrida individualmente. Por isso, a
orao decisiva, a batalha decisiva travada a ss. Aos discpulos, cuja vocao
sempre foi a de "ficarem com ele" (Mc 3.14) diz: "Sentem-se aqui, enquanto vou
orar". Eles vo abandon-Io (v. 27). At os trs mais chegados o deixaro s. Jesus
dever beber sozinho o clice do sofrimento e da ira divina. Ele sabe disso.
264

KC:: ~~:
~

se de pavor e tristeza j~ "cc~


e aflio". E o senti::-.':;.- _

Escolhemos desta percope o trecho de Mc 14.32-37: Getsmani. O episdio


precedido pela ceia de pscoa que Jesus e os discpulos celebraram, e pela revelao
da nova aliana no sangue de Cristo, explicitado na instituio da Santa Ceia. Depois
de terem cantado hinos de louvor, vo para o monte da Oliveiras, sendo que Marcos
relata a conversa que os discpulos tiveram com Jesus no caminho: Jesus avisa e
adverte-os, especialmente Pedro: na hora da deciso todos o abandonaro. Ele
estar s. E nesta solido encontra-se a maior mensagem e consolo no s para a
comunidade crist, como tambm para todo homem que reconhece no poder vencer
a sua vida (e sua morte) por si s. A luta derradeira de Jesus em favor de todos ns
ocorreu aqui: a aceitao do destino que lhe reservado, conquistada aqui com
tremor, suor e lgrimas. O relato subseqente da priso, condenao e crucifixo a
confirmao gloriosa da aceitao voluntria de Jesus de descer aos abismos
insondveis do sofrimento e da oblao pelos seus irmos "fracos na carne" e
pecadores. "A cruz glorificao do amor de Deus no mundo [...] Morte e ressurreio
so apenas duas faces de um mesmo acontecer de amor; a glria manifesta da
pscoa, j se acha na glria velada da sexta-feira santa, como a coluna de Deus no
deserto, que aparecia ora obscura ora brilhante" (von Balthazar, p. 43).
CONSIDERAES

j~,_;

espiritual. O que o a:::~,:,,;c


poder de Satans, a"'::';. - - _ - ~
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o peso incalculvel de':" a~
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V. 34 - Esta a tentao:::: c -a. -_


Jesus ecoao Salmo 4.2:? ~~
~
mim?"VejaJo 12.27. ~-',-,::a:::.'
apoio e referncia, cc::-:.:
Elo, Elo: "Deus meu. [t:--':-;no momento de tent::.;3.:
escrito" (Mt 4). Que
para palavras ou estro: e,
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No podemos deixar d: ~~~._


tanto a humanidade qu,,:-.
"ofereceu com forte clam::-:, .. C
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dos seus irmos. E por iss: :,,:-;-"Ficai aqui e vigiai" um:' :~.
mal procuram conquistar,: .c
Nesta situao, somente::. c'..:,:
hora Deus quem est li: ::__.
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tentao, a saber, permanec: .
que nos conserve firmes C' ;
V. 35 - Os judeus costUITa-:
se em terra". f7TW:-f" .
cho, com o rosto na te:: c. ,:
raras vezes esta imag,::-.~" - ::__ .
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caminho da cruz. A
realidade. Pois este fel,,:: c:' Jesus no enfrentou se __ :' ~:da incerteza, da tenta;3.: guas turbulentas e::.:: ",
tenha-se como pano=-,: ~_~_ .
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Igreja Luterana - N 2 - 1999

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: O':O'
braram, e pela revelao
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--: ., no caminho: Jesus avisa e
_ ~: todos o abandonaro. Ele
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reconhece no poder vencer
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,,_, irmos "fracos na carne" e
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: '-,Balthazar, p. 43).
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ITLTICASSOBREOTEXTO
-: pode fazer, para si e para sua
.: ::\loiss: "tira os teus sapatos de
_::.-}(x. 3.5). Encontramo-nos em

o texto paralelo de Lucas acrescenta


=:: de costume" (22.39). Ele no se
. : para a comunho espiritual com seu
'.::. pois no lugar costumeiro pode ser
-:::dorj est cumprindo seu desgnio.
::':lento, mas a enCara de frente. Ela
- sofrida individualmente. Por isso, a
:: a ss. Aos discpulos, cuja vocao
. diz: "Sentem-se aqui, enquanto vou
:s mais chegados o deixaro s. Jesus
: e da ira divina. Ele sabe disso.

V. 33 - Aqui no se trata de nenhuma tristeza romntica de um heri de filme, heri


poupado de real sofrimento e assegurado de sua vitria soberana no final,
escapando da morte. Jesus de Nazar trava aqui um combate autenticamente
humano, sentindo o pavor e a angstia que a situao lhe inflige, DPxcao
heaflf3n cem Km (57)flovv(Vulgata: et coepit pavere et taedere). Trata-se
se de pavor e tristeza, de adrenalina, tremor e angstia. Na TLH: "grande tristeza
e aflio". o sentimento de ameaa contra a prpria integridade fsica, moral e
espiritual. O que o ameaa? O fardo das transgresses e culpas humanas, o
poder de Satans, a vergonha moral das acusaes e zombarias, os horrores da
execuo por crucifixo, e a violncia da morte. Na espera do que est para vir,
o peso incalculvel desta ameaa pressiona seu esprito com toda intensidade.
V. 34 - Esta a tentao da qual falam os Salmos do povo de Israel. Nas palavras de
Jesus ecoa o Salmo 42: "Porque ests abatida, minha alma, por que te perturbas em
mim?" Veja Jo 12.27. As palavras da Escritura so, tambm nesse momento, lugar de
apoio e referncia, como o sero no ponto culminate desta situao quando gritar o
Elo, Elo: "Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?" (SI2). Ou seja, tambm
no momento de tentao, sofrimento, medo e dor Jesus se coloca debaixo do "est
escrito" (Mt 4). Que riqueza tm aqueles que podem apelar, em momentos crticos,
para palavras ou estrofes aprendidas e meditadas dura.llte a vida!
No podemos deixar de fazer referncia aqui palavra de Hebreus, que enfatiza
tanto a humanidade quanto as tentaes de Jesus (Hb 4.15; 2.17s). Jesus, que
"ofereceu com forte clamor e lgrimas, oraes e splicas a quem o podia livrar da
morte" (Hb 5.7), conhece e compreende, por experincia, toda a tentao e fraqueza
dos seus irmos. E por isso tambm pode Ihes fornecer amparo e socorro (Hb 2.18).
"Ficai aqui e vigiai" um aviso: chegou a hora da tentao, em q.ue os poderes do
mal procuram conquistar e dominar Jesus e os discpulos. exrtao orao.
Nesta situao, somente o que ora pode subsistir (Lc liA). Porque tambm nesta
hora Deus quem est no poder, e vem ao encontro daquele que o procura em
orao. D. Bonhoeffer (p. 69): "H um nico comportamento do cristo diante da
tentao, a saber, permanecer vigilante contra o inimigo astuto e orar a Deus para
que nos conserve firmes em sua palavra e sob sua graa".
V. 35 - Os judeus costumam orar de p. Chama a ateno o fato de Jesus "prostrarse em terra". fTTL1TTfV fTTL T~ y~ "Caiu por terra". Talvez esteja estendido no
cho, com o rosto na terra e os braos estendidos, repleto de dor indizvel. No
raras vezes esta imagem tem parecido contraditria, para alguns, em relao a
uma imagem do Jesus que enfrenta onisciente e onipotente o seu destino e o
caminho da cruz. A imagem de um homem sobrenatural. Elevado acima da nossa
realidade. Pois este relato de Getsmani nos foi legado para nos lembrar de que
Jesus no enfrentou seu destino ao abrigo das ondas do sofrimento, do medo,
da incerteza, da tentao. Pelo contrrio, ele atravessou todas estas ondas e
guas turbulentas e turvas. Atrs de cada palavra confiante sobre sua paixo,
tenha-se como pano de fundo esta luta no horto. Sua confiana 'somente lhe
vem do pai, com quem "luta" em orao, prostrado no cho.
265

Igreja Luterana - N 2 - 1999


Jesus tambm no quer sofrer e morrer, como ns no o queremos. "Se possvel",
aquela hora devia lhe ser poupada. Ele treme diante da morte tal como ela , e como
a teremos de enfrentar. A morte no pode ser descrita, o que dela dizemos no a
verdade total. Cfe. Schabert (p. 290), muitos cticos tm ironizado a atitude de Jesus,
comparando-a a outras mortes na histria, muito mais "corajosas" e "serenas", e
por isso mais "exemplares". Cita-se o filsofo Scrates: condenado execuo,
conversava serenamente com seus amigos enquanto bebia o veneno, e quando seu
corpo foi tomado pela rigidez da morte, ainda exclamou: " Criton, estamos devendo
um galo a Asklpio!" Significa que ele considerava que .estava sendo "curado da
doena da vida", no querendo esquecer o sacrifcio de gratido, aos "deuses", ao
morrer e ser assim "curado". Existe um morrer assim? Certamente que sim. Umjovem
que vai batalha, pode ter outra atitude do que um homem que sabe o que se passa
l fora. Algum cuja conscincia foi iluminada pela palavra de Deus, e cujos olhos
foram abertos para ver o que significa a morte, no pode voltar serenidade de um
filsofo ateu face morte. Por que a maioria de ns no pode morrer como Scrates?
Porque sabe o que significa a morte. E, no entanto, nosso saber empalidece diante
daquilo que Jesus sabe dela, e especialmente de sua morte. Por isso est deitado no
p do jardim Getsman, e sua alma tomada de pavor. Mas aqui est o consolo do
texto: no isto puro evangelho para ns, o fato de Jesus ter enfrentado assim a
morte, e no como Scrates? evangelho o fato de ser descrito aqui cruamente o
que a morte. evangelho porque aquele que est enfrentando assim esta nossa
morte Jesus. Aquele que tomou sobre si nossa dor, nosso pavor, nossa transgresso.
S assim podemos realmente suportar a verdade sobre a morte. Este relato
evangelho para ns porque Jesus no teve de suportar o que o espera, mas porque
ele voluntariamente enfrentou o que o espera. Na obedincia ao Pai, no amor por
seus irmos e irms. No sua culpa que o joga ao cho, nossa culpa. Por isso
podemos enfrentar a morte consolados: a sua morte vicria: ela inclui a nossa.
Nosso morrer, um dia, estar incluso neste seu morrer. O que tambm garantia do
ressuscitar, conforme sua promessa.
V. 36 - Aqui temos descrito o contedo da orao. Primeiro "Aba". A forma sria ou
aramaica para "pai". O "Aba" de Jesus passou para as oraes das comunidades
de lngua grega, Rm. 8.15, Gl. 4.6. Ele, Jesus, o nico filho. Veja 1.1 e Mt 5.9; 6.9.
O filho submisso vontade do pai, como exemplo para ns. Na vontade do pai
h vida. Fora dela, toda vida s mscara da mais profunda e definitiva morte.
Quanto vontade do pai: 3.35; Mt. 6.10: sua vontade significava aqui para
Jesus o clice da ira divina e da morte. O paradoxo que nesta morte est sua
vitria para todos. Ela leva vida plena, ela possibilita para ns comunho com
Deus desde j, e perdo total. Ele gritou o "Elo, Elo. .." (15.34) e o "por qu" clamores que subiram e sobem aos cus na histria da humanidade devido ao
mal, injustia, doena, fome, guerra, ao pecado -, para que ns pudssemos
aprender um novo clamor: o "Aba", que brota de um corao filial, confiante
diante da vida e da morte.
V. 37 - "Voltando, achou-os dormindo". No h melhor ilustrao para o fato de
Jesus ter enfrentado a ss o seu destino. Ele carrega e "suporta" seus prprios
266

discpulos adormecido' deixaram s, na hora de _


fizemos por ele, ele tudo c
Mas a ns dada esta ::-c.: ~ praticar a orao e a subm:, o':
invocao, a terceira petic. ~ -' _ .
segundo a carta aos Hebreu,. : :
provao, o teste da fidelidad~ -'
13.14. somente na teIL';, ~.
"aperfeioado", Hb 5.9.
Em comunho com ele,:,
podemos viver vida vigilant~ ~ _
enfrentaremos nossa prpr:a
e tremor est incluso no de J~,;.:'
Orao: Senhor Jesus Cris"
aceitaste a vontade de Deus r.C .:- __
me sempre de que tu no s.::-um senhor e pastor sofredor _:-:- c
me para que eu no procure .:u
Preserva-me de pastores (j'.:e :-:-.e _
no confunda tua cruz com ':-:''',_
com conselhos dos homens. L'>da cruz. Eu te agradeo ;:-::- ,eI:'
sofrimento, a todos quanto, r
PROPOSTA HOMILTIC.-\

A orao do Senhor no e.o' ,


foi solitria: ele orou. cs d:, r foi
foi
foi
foi
foi

humilde: ele caiu por'::-:- c .:_de confiana filial: """'=':- .:


sria: ele orou, lutand' . : - _
perseverante: orou -:.~; . _.
submissa vontade d~ =- o

Literatura
- Balthazar, Hans Urs \0,
Sul: Paulinas, 1969.
- Bonhoeffer, Dietrich

1968.

- Dietzfelbinger, Herrra;:r. ser Verlag, 1956.


- Grundmann, \Valter. D.re ~ _
zum Neuen TestamenT. \.

''.

Igreja Luterana . N 2 . 1999


- :;ueremos. "Se possvel",
: ~:etal como ela , e como
eue dela dizemos no a
-nizado a atitude de Jesus,

discpulos adormecidos nesta hora. Eles nada podem fazer. Nada fizeram. O
deixaram s, na hora do choque e do escndalo, cf. Zc 13.7. Ns todos nada
fizemos por ele, ele tudo fez por ns.

:Jrajosas" e "serenas", e
condenado execuo,
:~: J o veneno, e quando seu
Criton, estamos devendo
: ce .estava sendo "curado da

Mas a ns dada esta palavra de exortao: "vigiai e orai". Nele, podemos


praticar a orao e a submisso ao pai. Sua orao estrutura-se no "pai nosso": a
invocao, a terceira petio, e a ltima petio (tentao). Esta, cf. v. 38, caracteriza,
segundo a carta aos Hebreus, como tambm Lc 22.28 e 4.13, toda a vida de Jesus. A
provao, o teste da fidelidade dos servos de Deus, cf. Gn 22.1; x 20.20; Dt 8.2,16;
13.14. somente na tentao que o filho se torna "obediente", Hb 5.8, e
"aperfeioado", Hb 5.9.

:'

ce gratido, aos "deuses", ao


-- ~eramente que sim. Umjovem
-:-:',emque sabe o que se passa
::.-:--,-lavrade Deus, e cujos olhos
_ -:-:je voltar serenidade de um
:'.: pode morrer como Scrates?
:-,c sso saber empalidece diante
::',erte. Por isso est deitado no
~~.Mas aqui est o consolo do
::e Jesus ter enfrentado assim a
_c ser descrito aqui cruamente o
c c:-,- enfrentando assim esta nossa
: - -..:sso pavor, nossa transgresso.
_ ::.::.e sobre a morte. Este relato
~-:-_-tar o que o espera, mas porque
.::. c,bedincia ao Pai, no amor por
~-'--,-Jcho, nossa culpa. Por isso
_: rIe vicria: ela inclui a nossa.
-- :-:-rer.O que tambm garantia do

Primeiro "Aba". A forma sria ou


-..-.para as oraes das comunidades
e e nico flho. Veja 1.1 eMt5.9; 6.9.
. \emplo para ns. Na vontade do pai
J-,- mais profunda e definitiva morte.
sua vontade significava aqui para
c::radoxo que nesta morte est sua
: possibilita para ns comunho com
Elo, Elo..." (15.34) e o "por qu"J histria da humanidade devido ao
::'J pecado -, para que ns pudssemos
-rJta de um corao filial, confiante

: h melhor ilustrao para o fato de


:le carrega e "suporta" seus prprios

Em comunho com ele pela f, e no santo sacramento da Ceia e do Batismo,


podemos viver vida vigilante e submissa ao pai, neste mundo, at a hora em que ns
enfrentaremos nossa prpria morte, orando e submissos, sabendo que nosso temor
e tremor est incluso no de Jesus, que foi, suportou, e venceu.
Orao: Senhor Jesus Cristo, eu te agradeo porque tu te deixaste ferir, e porque
aceitaste a vontade de Deus na cruz. Agradeo-te pelo teu sim para a cruz. Lembrame sempre de que tu no s um senhor que esquivou-se do sofrimento, mas que s
um senhor e pastor sofredor, um senhor e salvador na cruz e atravs da cruz. Ajudame para que eu no procure um pastor que me oferea outra coisa do que tua cruz.
Preserva-me de pastores que me apresentam caminhos enganadores, para que eu
no confunda tua cruz com pensamentos humanos, com sabedoria deste mundo, e
com conselhos dos homens. D-me o teu Esprito Santo, que me ensine na sabedoria
da cruz. Eu te agradeo por seres meu nico pastor, que aperfeioas, pelo teu
sofrimento, a todos quantos confiam somente em ti. Amm.
PROPOSTA HOMILTICA
A orao do Senhor no Getsmani:
foi solitria: ele orou, os discpulos dormiam
foi humilde: ele caiu por terra diante de Deus - SI. 22.6
foi de confiana filial: Abba, meu pai.
foi sria: ele orou, lutando com a morte - Lc. 22.44
foi perseverante: orou trs vezes
foi submissa vontade de Deus Pai.

Literatura
- Balthazar, Hans Urs von. O cristo na hora decisiva. C. Ferrrio, trad. Caxias do
Sul: Paulinas, 1969.
- Bonhoeffer, Dietrich. Tentao. E. Bernhoeft, trad. Porto Alegre: Metrpole,
1968.
- Dietzfelbinger, Hermann. Gottes Weg zum Kreuz im Alten Bund. Mnchen, Kaiser Verlag, 1956.
- Grundmann, Walter. Das Evangelium nnch Luka.s. Theologischer Handkommentar
zum Neuen Testament. VoI. m. Berlin: Evangelische Verlagsanstalt, 1984.
267

Igreja Luterana - N 2 . 1999

- Johnson, John F. Abandoned by God? Concordia Joumal, voI. 20, n 1 (January 1994),57.
- Pannenberg, Wo1fuart. Systematische Theologie. Vo12. Gottingen, Vandenhoek
& Ruprecht, 1991.
- Schabert, Amo1d. Das Markus-Evangelium. Eine Auslegung fr die Gemeinde.
Mnchen: Claudius Verlag, 1964.
- Schniewind, Julius. pas Evangelium nach Markus. Das Neue Testament Deutsch.
VoI. 1. Gottingen: Vandenhoeck&Ruprecht, 1958.

DI'. Manfred K. Zeuch

Canoas, RS

~.;
..
St:"VT~

CONTEXTO
O apstolo Joo onli:~
Jesus. O julgamento foi ~;:~_
ada: morte de cruz! A m,=:-:;:~ :::
da apenas aos piores crim::', .: .
no em suas mos, mas::';: _=' . :,
execuo da sentena, nc ~~, conforme o costume da
sempre presentes em tais: . .:.:..
TEXTO
V. 17 - Jesus carregou a ,-'
no menciona a ajuda =;: ::
dos outros evangelhc'
ou o lugar da caveir' -.
chamada de Glgota
V 18 - Ele foi crucificad
eram culpados dest.;:s = -'
Jesus se tornou um :I.o:='~.
Ele tomou sobre si a =_
que pode existir, a :I. .o::::=~
ns pudssemos ser s.::::.'
Vv. 19-22- Depois que J;:s..::
discusso a respeito d.-=., .
Nazar, o Rei dos Jud;:.:' .
em hebraico-aramaic,r, :::'':;:,
a lngua do comrcio. e ~~, :.o_=sacerdotes reclamaran-: r ., da cidade e todos
parecia que havia sid= ~_~
Apesar de toda a reclarr' , " __
algo normal, pois onde
ele o fazia. Mas tambm ,<,_ rr~ _ de Deus que este ttulo p;::-r:
crucificado pelos judeus ere, ~_

268

, _

Igreja Luterana - N 2 - 1999


. \01. 20, n 1 (Janu_ =:',ningen, Vandenhoek

SEXTA-fEIRA

Z'ingfiirdie Gemeinde.

Joo 19.17-30
21 de abril 2000

-_\-eueTestament Deutsch.

Dr. Manfred K. Zeuch


Canoas, RS

DA PAIXo

CONTEXTO
O apstolo Joo omite os insultos e crueldades que os soldados infligiram a
Jesus. O julgamento foi realizado conforme o costume e a sentena fora pronunciada: morte de cruz! A morte mais vergonhosa conhecida entre os romanos, aplicada apenas aos piores criminosos. E assim Jesus foi entregue aos lderes dos judeus,
no em suas mos, mas de acordo com a vontade deles para ser crucificado. A
execuo da sentena, no entanto, fora entregue aos soldados que a executaram
conforme o costume da poca, com todo o requinte de crueldades e indignidades
sempre presentes em tais ocasies.
TEXTO
V. 17 - Jesus carregou a sua cruz at, humanamente, lhe faltarem as foras. Joo
no menciona a ajuda de Simo, o Cirineu, pois este fato era conhecido atravs
dos outros evangelhos. A crucificao ocorreu num lugar chamado de Cal vrio,
ou o lugar da caveira (por causa do seu formato), que na forma aramaica era
chamada de Glgota.
V. 18 - Ele foi crucificado entre dois malfeitores. Homens que cometeram crimes e
eram culpados destes crimes cometidos e mereciam a pena de morte. Assim
Jesus se tornou um malfeitor, tomou o lugar dos malfeitores de todo o mundo.
Ele tomou sobre si a culpa dos nossos pecados e transgresses: a maior vergonha
que pode existir, a maldio e a condenao, tudo estava sobre Ele, para que
ns pudssemos ser absolvidos.
Vv. 19-22- Depois que Jesus havia sido crucificado surgiu uma dificuldade, uma
discusso a respeito do ttulo colocado por Pilatos no cimo da cruz: Jesus de
Nazar, o Rei dos Judeus! O ttulo foi escrito nas trs lnguas usadas na Palestina:
em hebraico-aramaico, que era usado pelas pessoas comuns; em grego, que era
a lngua do comrcio, e em latim, que era a lngua da corte, a oficial. Os principais
sacerdotes reclamaram porque o lugar onde Jesus fora crucificado ficava perto
da cidade e todos podiam ler esta inscrio. E assim como estava inscrito
parecia que havia sido aceito aquilo que Jesus afirmava ser.
Apesar de toda a reclamao, Pilatos no voltou atrs. Esta sua firmeza no era
algo normal, pois onde podia contemporizar para no prejudicar a sua popularidade,
ele o fazia. Mas tambm aqui precisamos enxergar a mo de Deus. Era da vontade
de Deus que este ttulo permanecesse no cimo da cruz. Pois este Jesus que foi
crucificado pelos judeus era, na verdade, o Rei dos judeus, o Messias de Israel. O
269

Igreja Luterana - N 2 - 1999


Messias que traria salvao para todos os povos da terra, cujas principais lnguas
estavam sendo usadas. A morte cruel e dolorosa nesta cruz era o resgate que todos
os povos precisam para a sua libertao. E este fato deveria ser conhecido por
todas as pessoas da terra. Para que todos possam colocar a sua confiana no seu
substituto que morreu no Cal vrio.
Vv. 23-24 - Os soldados, seguindo seu costume, despiram Jesus e dividiram entre
si as suas roupas, e sobre a tnica, que era sem costuras, lanaram a sorte para
ver com quem ficaria. A tnica, portanto, se transformou num prmio num jogo.
E aqui de novo, como tantos outros fatos relacionados histria da paixo, este
jogo no foi o resultaqo mero da ocasio, mas ocorreu para que se cumprisse a
profecia registrada no SI 22.18. Tudo o que Ele tinha, seu corpo, sua vida e
mesmo a sua prpria roupa ele entregou por amor aos pecadores. Mas os
soldados fazendo jogos ao p da cruz de seu Salvador podem, muito bem,
retratar a insensatez da humanidade, estando na sombra da cruz, que aponta
para cima, perdem a oportunidade de sua salvao.
Vv. 25-27 - Estes versculos apresentam uma cena como vente, no somente porque
teve compaixo de sua me, mas, tambm, porque ele o fez numa hora em que
ningum se importaria se ele no o fizesse, em meio a uma dor indescritvel, em meio
angstia, sangramento, sofrimento e morte pelos pecados do mundo inteiro. E,
contudo, ele se esquece das suas prprias dores e se preocupa com os outros!
Essa atitude de Jesus nos assegura que ele se preocupa conosco hoje.
Vv. 28-30 - Os ltimos momentos de Jesus na cruz foram momentos de agonia e triunfo.
Eram, mais ou menos, 3 horas da tarde, e chegando quase ao final de sua agonia,
clama: Tenho sede! Mas, em lugar de gua, lhe alcanaram uma esponja embebida
em vinagre, para lhe aliviar as muitas dores. Mas ele no bebeu. E, ento, veio a sua
hora. Sabendo que tinha cumprido perfeitamente a sua misso de salvar o mundo,
atravs do derramamento de seu sangue e sua morte, ele d um grito, o maior grito
que, provavelmente, j havia dado: "Est consumado!" - Com isto no queria dizer
que a sua dor e agonia haviam acabado, mas antes, que a sua misso estava
cumprida. ttCO't<Xl significa: est cumprida, com sucesso, uma obra. A mesma
palavra tambm era colocada nos recibos por ocasio do pagamento: est paga,
liquidada a dvida. Depois de tudo concludo, depois da declarao pblica de
vitria, ele, por amor, inclina a cabea e entrega o seu esprito.
PROPOSTA HOMILTICA
TEMA

A maior demonstrao de amor


I - Motivado pelo amor
II - O amor o fez suportar tudo
III - Por amor esquece--se de si e pensa nos outros
IV --Por amor inclina a cabea
Mario Lehenbauer
Porto Alegre, RS

270

10''-:::

CONTEXTO
Neste que o doming: ::: :
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TEXTO

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Igreja Luterana

, -',:asprincipais lnguas
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PRIMEIRO

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lanaram a sorte para


~-:-"u num prmio num jogo.
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_'ua misso de salvar o mundo,
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: ~J!" - Com isto no queria dizer
::':.:~S, que a sua misso estava
, :::, sucesso, uma obra, A mesma
:.lsio do pagamento: est paga,
.:-pois da declarao pblica de
:eu esprito.

Mario Lehenbauer
Porto ALegre, RS

DOMINGO DE PSCOA

RESSURREIO

00 SENHOR

Joo 20.1-9 (10-18) ou Marcos 16.1-8


23 de abril de 2000

- .:-:,S,

. :::uvente, no somente porque


..~ ~le o fez numa hora em que
. ::.urna dor indescritvel, em meio
. ' pecados do mundo inteiro. E,
. o ~ se preocupa com os outros!
, :::~ 'cupa conosco hoje.
:cr': momentos de agonia e triunfo.

- N 2 - 1999

CONTEXTO
Neste que o domingo dos domingos, o pregador tem a opo de pregar Marcos 16 ou Joo 20. Marcos 16.1-8 traz a mensagem da pscoa, mas no tem nenhuma
reao positiva por parte dos discpulos ou das mulheres. um texto com final
aberto ou "final no feliz". As mulheres nada disseram a ningum, "pois estavam
atemorizadas". J o texto de Joo 20 registra a f do "outro discpulo" (v.8). Sugerimos que, por este motivo, e tambm por ser a primeira opo, o pregador escolha
Joo 20 .
Existe a possibilidade de estender a leitura at ao v. 18. Isto bom, especialmente para um sermo mais expositvo ou narrativo. Por outro, sugerimos incluir tambm Jo 19.38-42, pois este pargrafo d o contexto e fornece alguns dos elementos
fundamentais para o captulo 20, a saber, o sepulcro (20.1), os lenis (20.5), e o
jardineiro (20.15).
TEXTO
Algumas "pitadas" exegticas, para "abrir o apetite":
V. 1 - a) Maria Madalena a primeira personagem do texto. Alis, uma das caractersticas de Jo 20 a nfase em indivduos (Maria, Pedro, o outro discpulo,
Tom). b) "Foi" traduz EPXErfXL (literalmente, "vai"). As tradues tm "foi",
por verem nisto um presente histrico, que o uso do presente onde se espera
um verbo no passado. O presente histrico empresta vivacidade narrativa.
como se o narrador estivesse vendo a ao no momento em que narra. Joo o
evangelista que mais emprega esse recurso (162 vezes), seguido de perto por
Marcos (151 vezes), geralmente com verbos de ao. c) A pedra no tinha sido
apresentada anteriormente,
V. 2 - a) "Correu" - Esta a primeira vez que algum corre, no evangelho de Joo.
Antes disso, outra Maria tinha se levantado "depressa" (Jo 11.29,31), tambm
num contexto de morte, tmulo, vida. O discpulo amado ganha na corrida (v.4)
e na f (v.8). Pedro, no entanto, a primeira testemunha a inspecionar o tmulo.
b) "Tiraram ....o Senhor" - Jos pediu e retirou o corpo de Jesus (19.38). Aqui
Maria anuncia que tiraram do sepulcro o Senhor. A formulao estranha, to
estranha quanto a de 19.42, onde se l (diferentemente do que traduzido): "ali
... puseram Jesus". c) O "no sabemos" (plural) serve para intensificar o senti271

Igreja Luterana - N 2 - 1999


mento de frustrao. como se ela estivesse falando por um grupo de pessoas
(o que, segundo relatos parelelos, no deixa de ser verdade).
V. 5 - a) O "abaixando-se, viu" faz sentido luz do fato de ser aquele um tmulo
"aberto em rocha" (Lc 23.53). b) Os "lenis" so aqueles de 19.40.
V. 6 - "Viu os lenis" - O texto no deixa claro o que por vezes se supe, a saber,
que os lenis ficaram no mesmo formato (estilo mmia) e que o corpo tinha, por
assim dizer, "evaporado".
V. 7 - a) O leno, segundo ARA, no estava com os lenis, mas "deixado num
lugar parte". Esta traduo se esquece do particpio EVTfTU. YI.1vov (do verbo
EVTuaaw "emolar"), reproduzido na BLH ("estava emolada ali ao lado"). Este
detalhe importante. A Madalena havia dado a entender que tinham roubado
o corpo. Agora, ladres no alTUmam acasa antes de sair. O leno (aoupwv),
portanto, indica que o corpo no havia sido roubado. (Na Bblia de Estudo
Almeida, nota a 20.6-7, falta um no: "indicava que o corpo no havia sido
roubado".) b) Por outro, esse leno tem as marcas de um "sinal" joanino (embora no seja explicitamente descrito como tal). Aponta para algo (ou algum) que
transcende aquilo que acontece ou que se v. A f (v.8) resulta, em parte ao
menos, da viso desse leno.
V. 8 - "Viu, e creu" - Aqui temos f. No diz em que(m) ele creu, mas o contexto deixa
claro que se trata da ressurreio (ou do Ressuscitado). Vale lembrar que este
o nico relato no Novo Testamento em que algum chega f pela contemplao do tmulo vazio, que, a rigor, nem estava to vazio assim. Agora, luz do
que vir no V. 29 ("Bem-aventurados os que no viram e creram"), esta uma f
at certo ponto "imperfeita", uma f que depende do que se v. Joo parece
sugerir que a f por excelncia aquela que surge a partir da leitura (no viso!)
dos sinais "escritos neste livro" (Jo 20.30). Esta a f que compreende a
Escritura (v.9).
V. 9 - a) Este verso ensina que a ressulTeio no foi deduo exegtica, fruto de
leitura das Escrituras. Esta compreenso veio depois. b) O "pois" explicativo,
no incio deste versculo, que traduz yp (na Almeida; no aparece na BLH),
levanta uma questo exegtica importante: que tem a falta de compreenso da
Escritura a ver com aquele "e viu, e creu"? Uma resposta a que foi dada h
pouco: a ressulTeio no "fruto" da leitura das Escrituras. Outra resposta
possvel que, naquele momento, era preciso ver para crer. Mais tarde entrariam as Escrituras. Em outras palavras, Joo parece sugerir indiretamente aquilo
que explicita no final do captulo: vir a hora em que ver, alm de no mais
possvel, ser a opo menos preferveL "Felizes os que crem sem ver!" (10
20.29, BLH).

272

PROPOSTA HOMILE li C.,.~


Como pregar esse te:.:::
o domingo em que o pre;~. _r r,~
milagre. Em outras oc::s: 0::< __
exemplo, pode simplesmere :r ,
no tem como fugir, a mer;-' c,'_

Sempre existe a tenta:':: .:


modo filosfico, teolgico. ru e:e _
_
o que foi descoberto na m2r,"~ .
ramo O clmax a f, cuj,,==:,,- _O objetivo do sermo p ==: e
quer levar o ouvinte f. eu :o _ -:--:
milagre da Pscoa, mas tame;,,-.,
ria vida, no haveria esperall ~ Pscoa.

Para tal objetivo de f, nade


nalTativo (ou expositivo) aind" e e -'"
o captulo 20 em considera;:
precisamos sair cOlTendo (eu := :
quando, na verdade, Joo ll':" ~_=e_
"vistos" atravs da leitura de .: __
preciso. Ele e Pedro so tes:er:: _- - _
crem sem ver, ouvindo e ler.,

Igreja Luterana - N 2 - 1999


~ por um grupo de pessoas
- 'erdade).
_~.-,de ser aquele um tmulo
~' .:queles de 19.40.
__" por vezes se supe, a saber,
-'.:-nia) e que o corpo tinha, por

lenis, mas "deixado num


(do verbo
','" enrolada ali ao lado"). Este
_ entender que tinham roubado
- c' ie sair. O leno (aouopwv),
'.::3.do. (Na Bblia de Estudo
",que o corpo no havia sido
; ie um "sinal" joanino (embo,:: . na para algo (ou algum) que
."",f (v.8) resulta, em parte ao
:

PROPOSTA HOMILTICA
Como pregar esse texto? Como pregar a ressurreio? Algumj disse que este
o domingo em que o pregador no tem escapatria, pois est confrontado com um
milagre. Em outras ocasies ele pode at atenuar o sobrenatural (o Natal, por
exemplo, pode simplesmente ser o nascimento de um menino, o Messias), mas hoje
no tem como fugir, a menos que se prefira falar do coelho.
Sempre existe a tentao de querer "explicar" a ressurreio de Cristo, seja de
modo filosfico, teolgico, ou at cientfico, O texto no explica nada, apenas relata
o que foi descoberto na manh daquele primeiro domingo e como as pessoas reagiram. O clmax a f, cuja obteno o grande interesse de Joo (20.31).

,,:::0 fVfErvLYf1VOI/

ele creu, mas o contexto deixa


:::ado). Vale lembrar que este
; _~m chega f pela contempla',,: \azio assim. Agora, luz do
"ram e creram"), esta uma f
- ,ie do que se v. Joo parece
_ -; e 3. partir da leitura (no viso 1)
=-[a a f que compreende a

O objetivo do sermo por certo haver de ser um propsito de f. O pregador


quer levar o ouvinte f, ou confirmao da f. No somente f na realidade do
milagre da Pscoa, mas tambm no que decone da. No haveria perdo, no haveria vida, no haveria esperana, no haveria orao, no haveria Cristianismo sem a
Pscoa.
Para tal objetivo de f, nada melhor do que deixar o texto bblico falar. Um sermo
narrativo (ou expositivo) ainda a melhor soluo. No entanto, preciso levar todo
o captulo 20 em considerao. Parar no v. 9 pode dar a impresso de que ainda hoje
precisamos sair correndo (ou ir a Jerusalm e tentar descobrir o tmulo de Jesus),
quando, na verdade, Joo nos direciona para o sinal ou os sinais que podem ser
"vistos" atravs da leitura do que ele relata. Que bom que Joo viu e creu. Era
preciso. Ele e Pedro so testemunhas oculares, so apstolos. Felizes so os que
crem sem ver, ouvindo e lendo o "sinal" inscrito no evangelho.

D,; Vlson Scholz


So Leopoldo, RS

~:ideduo exegtica, fruto de


~qois, b) O "pois" explicativo,
-L:1~eida;no aparece na BLH),
: _ ~m a falta de compreenso da
.: resposta a que foi dada h
" i.:S Escrituras. Outra resposta
::' para crer. Mais tarde entrari_:: e sugerir indiretamente aquilo
--:: que ver, alm de no mais
::: c
=:esos que crem sem ver!" (Jo

273

Igreja Luterana - N" 2 - 1999

SEGUNDO DOMINGO DE PSCOA


Joo 20. 19-31
30 de abril de 2000

CONTEXTO
Este texto segue narrando as aparies de Jesus aps a sua ressurreio. Joo,
aps evidenciar a ressurreio de Jesus, narra a apario a Maria Madalena e, em
seguida, aos discpulos e a Tom. Esta percope talvez seja a mesma de Lucas 24.3643. Algumas diferenas entre os textos levantam dvidas sobre o fato de serem o
mesmo episdio.

o texto no deixa claro se Jesus apareceu somente aos onze discpulos. Podemos dizer, sim, que os onze, primeiramente s os dez, com certeza estavam presentes
(1 CoIS.S), possvel que um grupo maior de pessoas estivesse presente naquele
local, uma vez que em Lc 24.33 temos "e outros com eles", antes de uma apario de
Jesus. Diante do fato de que somente Joo relata sobre Tom, cabe lembrar que Joo
foi um escritor ocular e conhecido como o autor que apresenta a F EM JESUS
PARA A VIDA ETERNA - destaque confisso de Tom.
A presente percope de destaque frente s tantas outras que tratam sobre o
tema da ressurreio. Isto fica claro ao vermos que a mesma est presente nas trs
sries de leituras preparadas pela igreja, seguindo o domingo de Pscoa.

o fato de os discpulos

estarem trancados nos evidencia a perseguio dos judeus


sobre quem viesse a confessar a f em Jesus (Jo 9.22) e o medo dos discpulos, pois se
os judeus mataram o seu mestre, por que no fariam o mesmo com seus seguidores?
Esta apario de Jesus a ltima relatada na Bblia no dia da ressuneio, pois
todas as outras foram anteriores. Apesar de Jesus j ter-se mostrado vivo para
muitos de seus seguidores, os discpulos ainda mostram-se incrdulos e, inclusive,
desobedientes, pois ainda estavam em Jerusalm, enquanto Jesus ordenara que
eles o esperassem na Galilia. E a prpria percope apresenta o propsito das aparies de Jesus: " para que creiais que Jesus o Cristo, o Filho de Deus, e para que,
crendo, tenhais vida em Seu nome>; (]o 20.31).
TEXTO
vv. 19-23: "Ao cair da tarde daquele dia" pode parecer o incio de um novo dia (para
os judeus um novo dia comea ao anoitecer), mas no. "Aquele dia" acrescido de
"o primeiro da semana" deixa claro que era o dia da ressurreio de Jesus, o
mesmo de que fala o v.I. "Trancadas as portas" o prprio texto diz o porqu: por
274

medo dos judeus. A cb,e~


lhe, uma vez que repc,i=::- .
aqui a natureza do corp, -" __
destaca que Jesus comeu ~.::c.
tratava de um esprito). C) . ~."::==
de seus discpulos de UIT,::C ~.
tambm em sua naturez;; ':.IT"'- ="Paz seja convosco" er::c U'
-,
dita por Jesus revestia-sei .r-.=
pavor e dvidas dos di'::ir.
em vista o comportame,,',:: ::: _ ~
vam de Jesus alguma fer-"" - :~ ::
acalma. Tem o propsit::== -.--"
momentos de sofrimen:,: o ::~:-:'~
anteriormente(Jo 15,17-25:
:o
o corao em meio im,,'."::,:. .
possuidores da paz do Se:-~-.-..
evangelho da paz (Ef 6 :' :::-=,
perfeita e completa obr3. =e _
Deus. "Assim como o Pai lli'i:- ~:=-::-:::;
passa a ser a misso des.:::::
que a obra estava
._ ,'_
faladoemJo 17.18.i'UT,"~ :.
ser. E para realizar t3.i IT."::: ':
discpulos necessitavar:" i.: ~ . .:..::J
so, que lhes foi conIe::.::.:c =
dias depois. Seu sopre
ser traduzido como
do Esprito Santo, e par:: :2. ~.
os pecados algum C::, ' . .:c:::

vv. 24-25: Tom recebe de:::::."


esprito crtico, o que IT . :
_ ._
ressurreio, ao mesm:: :e:::-;: .
reio em si, e quandc 2::,,:::: :: -Cristo Vivo. As exigr,:::.:..c
feitas por muitos sobre:. ',::::::i: - _ "
texto no apresenta my , .: __
Tom, ao faltar reuni:';:: ::==':: "
mento e fortalecimeme ce : _: __ ~
ainda chegou a ver e cre:- =:::-:
_
vv. 26-39: Os discpulos es:.::, - os primrdios da obse;--,~:-_
L:: ::.
lugar o mesmo dap::IT,:: ,
O correto seria os disci,_.: _: '-_

Igreja Luterana - N 2 - 1999

. -...
- p,'.i::.I""nA
::!!/I"":.,~

_~-, a sua ressurreio. Joo,


- _: ,',:' a Maria Madalena e, em
'" 3. a mesma de Lucas 24.36_ . ias sobre o fato de serem o

o-c: aos onze discpulos. Pode: _:'m certeza estavam presentes


: ':5 estivesse presente naquele
--:',,::5", antes de uma apario de
. ': lDm, cabe lembrar que Joo
, :_e apresenta a F EM JESUS

::25 outras que tratam sobre o


mesma est presente nas trs
:iomingo de Pscoa.

_, .l

-,

,iencia a perseguio dos judeus


e o medo dos discpulos, pois se
c mesmo com seus seguidores?

:'Dliano dia da ressurreio, pois


j ter-se mostrado vivo para
: >:ram-se incrdulos e, inclusive,
_.:::-:-L enquanto Jesus ordenara que
::: 2presenta o propsito das apari::,:0, o Filho de Deus, e para que,
: -=

':,

,:5

-=-

. : :erceero incio de um novo dia (para


:-:-.3.5 no. "Aquele dia" acrescido de
<.J dia da ressurreio de Jesus, o
-:3.5" o prprio texto diz o porqu: por

medo dos judeus. A observao sobre portas trancadas no um simples detalhe, uma vez que repetido novamente no v. 26. Precisamos lembrar e ressaltar
aqui a natureza do corpo real de Cristo agora ressurreto (Lucas 24.42-43 ainda
destaca que Jesus comeu na presena dos discpulos, deixando claro que no se
tratava de um esprito). O onipresente Deus-Homem colocou-se visvel no meio
de seus discpulos de uma forma irracional e no cientfica. Jesus est presente,
tambm em sua natureza humana, em nossas vidas como o Salvador glorificado.
"Paz seja convosco" era uma saudao oriental muito comum, mas por ter sido
dita por Jesus revestia-se de um sentido todo especial. Em meio incredulidade,
pavor e dvidas dos discpulos, Jesus tranqiliza-os oferecendo a sua paz. Tendo
em vista o comportamento dos discpulos na sexta- feira santa, talvez eles esperavam de Jesus alguma repreenso ou censura, mas Jesus com tais palavras os
acalma. Tem o propsito de fortalec-los naquele momento e tambm para os
momentos de sofrimento e perseguio que ainda viriam, conforme anunciara
anteriormente (Io 15.17-25; Jo 16.33). Mas, no era meramente parafortalecer-lhes
o corao em meio inimizade e dio do mundo. Os discpulos deveriam ser os
possuidores da paz do Senhor como mensageiros e testemunhas ao oferecer este
evangelho da paz (Ef 6.15) e ao pregar Cristo como a paz. Esta paz resulta da
perfeita e completa obra de Cristo perdoando e reconciliando a humanidade com
Deus. "Assim como o Pai me enviou, eu tambm vos envio;' - A misso de Cristo
passa a ser a misso dos discpulos: levar salvao a toda a humanidade, sendo
que a obra estava completa. Jesus conferiu aos discpulos a misso que havia
falado em Jo 17.18. A misso compartilhada assim como a glria por vir tambm
ser. E para realizar tal misso "soprou sobre eles" o Esprito Santo, pois os
discpulos necessitavam da ajuda de Deus no desempenho da misso, ou comisso, que lhes foi conferi da. Este fato antecipou o dia de Pentecostes ocorrido 50
dias depois. Seu sopro indica a doao do Esprito (no original "esprito" pode
ser traduzido como "sopro"). A misso levada pelos crentes mediante o poder
do Esprito Santo, e para tal misso Cristo tambm d o poder de perdoar e de reter
os pecados algum (Ofcio das Chaves).
vv. 24-25: Tom recebe destaque no evangelho de Joo. Ele o discpulo com
esprito crtico, o que mostra que no fcil aceitar e crer no fenmeno da
ressurreio, ao mesmo tempo que se torna para ns mais uma prova da ressurreio em si, e quando aceito por Tom, ele se torna um feroz defensor da f no
Cristo Vivo. As exigncias de Tom no so diferentes de exigncias atuais
feitas por muitos sobre a existncia do Filho de Deus ou at mesmo de Deus. O
texto no apresenta motivos da ausncia de Tom, mas podemos dizer que
Tom, ao faltar reunio, perdera um momento muHo importante para o crescimento e fortalecimento de sua f. Graas ao amor e misericrdia do Pai, Tom
ainda chegou a ver e crer em seu Salvador.
vv. 26-39: Os discpulos estavam novamente reunidos, aps oito dias. Temos aqui
os primrdios da observncia do domingo como um dia especial (At 20.7). O
lugar o mesmo da primeira apario de Jesus: tudo indica que era Jerusalm.
O correto seria os discpulos estarem esperando Jesus na Galilia conforme lhes
275

Igreja Luterana - N 2 - 1999


fora ordenado (Mt 26.32; 28.7,10; Mc 14.28, 16.7). No se sabe por que os
discpulos no obedeceram,j desde a primeira vez, ordem de Jesus. O fato
que Jesus vai ao encontro de seus discpulos, no para lhes reprovar a atitude,
mas para lhes DAR A PAZ, COMISSIONAR, FORTALECER NA F. O onisciente
Deus-homem conhece as nossas dvidas e nossos questionamentos e nunca
nos afasta dele. Ele vem ao encontro dos crentes e dos descrentes para os
conduzir f. Ao aparecer repentinamente aos discpulos, Jesus os sada com
"paz". Jesus, ao mostrar os sinais dos pregos, apresenta-se como o crucificado
e que agora estava vivo diante deles, especialmente de Tom, que fora incrdulo. Tom, ento, usa uma das confisses mais bonitas e verdadeiras: SENHOR
MEU E DEUS MEU! Esta confisso revela a f pessoal (meu) no seu Salvador
que , tambm, o verdadeiro Deus (Divindade de Cristo). Tom no questionou,
no tocou, somente caiu diante de Jesus e confessou a sua f - o poder do
convite de Jesus. "Bem-aventurados" so todos os que cristos de todos os
tempos. A eternidade dada a todos que confessam a sua f no Cristo Vivo,
verdadeiro homem e verdadeiro Deus.
vv. 30-31. apresentado aqui o objetivo dos sinais que Jesus realizou diante dos
discpulos e de outras pessoas: a f em Jesus e conseqente vida nos cus.
Parece-nos que Joo encerrou aqui a sua carta e que o captulo 21 foi escrito
posteriormente o qual tambm apresenta um final parecido.

TERCEIRO

LEITURAS

DO DIA

Salmo 139. 1- 12
O Salmista Davi, fala neste S2.::um Deus sempre presente e que' c::
mos - conhecimento e domnic ::--=

Diante de to grande podei ::'::


humildemente, reconhecer a SU ::
esconder um ser do outro, mas;: 2: 2
Ele, a luz do mundo, se aproxime. :':::
mal e morte. A luz nos clareia,

PROPOSTA HOMILTICA
Atos 4.8-12
TEMA:

Avanando com o Deus Filho - Jesus


INTRODUO
Tudo avana: Tecnologia, cincia, profisses .... necessrio palticipao de estudo,
pessoal, verbas, empenho ... Os discpulos no avanaram sozinhos. Eles se trancaram.

Desenvolvimento: A Igreja e os seus membros deveriam avanar no trabalho no


Reino de Deus. O que impede? Como os discpulos: medo (dos que ameaam), insegurana, dvida, no obedincia (ordem de Jesus). O avano no depende de nossas
foras. Jesus vem ao nosso encontro para: nos dar a paz (eliminar o que impede); nos
comissionar; e, nos fortalecer a f. Vem a ns vrias vezes. A graa de Cristo levou
Tom a fazer a confisso: Senhor meu, Deus meu! Com esta f, com o Deus Filho Jesus,
avanamos no trabalho, no crescimento do reino de Deus e na vida santificada.
CONCLUSO

Salvador em todo o mundo, e pai2 t

1 Joo 1.1-2.2

Joo se dirige aos cristos de se:.


e vida crist, frente s incertezas
pastor quer levar o seu rebanho:: :"
pela comunho que podemos tei.:
concede, pois "o seu sangue nos advogado nos concede, ao n;:,s ;,
propiciao; certeza da vida eterr;, c
nos perdoar"; que o verbo da '.:::.;
C}

Cristo age em ns e por ns. Com Ele, o Deus Vivo, avanamos rumo salvao
de nossas almas como o seu propsito (J020.31).

Klaus Kuchenbecker
Porto Alegre, RS
276

A presena de Jesus na vida C


mais belas a gratido. Pedro, m 01
seu Senhor, agora d a volta por c; n
poder de vida e morte sobre todos
diaj havida confessado, "Tu s;: C
certeza ao dizer: "
em nome d j
Deus ressuscitou dentre os mortos.
No versculo 12, Pedro d um te';;

COl\;'TEXTO

Cristo ressuscitou! Vejamos

Igreja Luterana - N 2 - 1999

c -

::

'\o se sabe por que os


:rdem de Jesus. O fato

- :,- lhes reprovar a atitude,


~-:--.:...:::CERNA F. O onisciente
J'.1estionamentos e nunca
dos descrentes para os
:''.110s,Jesus os sada com
':':~lta-se como o crucificado

Tom, que fora incrdu:3.5e verdadeiras: SENHOR


_ ::s50al (meu) no seu Salvador
~:':5[0).Tom no questionou,
o:: >sou a sua f - o poder do
:: oJS
que cristos de todos os
._; '1m a sua f no Cristo Vivo,

TERCEIRO DOMINGO DE PSCOA


Lucas 24.36-49
7 de maio de 2000

: :L:

,Jue Jesus realizou diante dos


_" : conseqente vida nos cus.
: que o captulo 21 foi escrito
" ~_3.l
parecido.
o

LEITURAS DO DIA
Salmo 139. 1- 12
O Salmista Davi, fala neste salmo, da oniscincia e da onipresena de Deus. De
um Deus sempre presente e que tem as nossas vidas (do gerar ao morrer) em suas
mos - conhecimento e domnio total (1-5).
Diante de to grande poder, e elevado conhecimento, o ser humano s pode,
humildemente, reconhecer a sua pequenez e limitao (v.6). A escurido at pode
esconder um ser do outro, mas para Deus, no h elemento que seja treva, quando
Ele, a luz do mundo, se aproxima. Escurido nos d medo. sinal de ignorncia, erro,
mal e morte. A luz nos clareia, verdade, justia, sinal de vida.
Atos 4.8-12

:: ;.:cessrio participao de estudo,


": ::ram sozinhos. Eles se trancarfulL
-s deveriam avanar no trabalho no
, ::ledo (dos que ameaam), inseguJ avano no depende de nossas
~3.paz (eliminar o que impede); nos
_".:5 vezes. A graa de Cristo levou
-=:m esta f, com o Deus Filho Jesus,
Deus e na vida santificada.

l:

, Vivo, avanamos rumo salvao

Klaus Kuchenhecker
Porto Alegre, RS

A presena de Jesus na vida de um homem produz reaes incrveis. Uma das


mais belas a gratido. Pedro, mesmo que um dia, no passado, houvesse negado o
seu Senhor, agora d a volta por cima. Diante das autoridades, aqueles que tinham
poder de vida e morte sobre todos os cidados, Pedra no se cala e assim como um
diaj havida confessado, "Tu s o Cristo, o Filho do Deus vivo", agora refora esta
certeza ao dizer: "
em nome de Jesus Cristo, a quem vs crucificastes, e a quem
Deus ressuscitou dentre os mortos. Sim, em seu nome que este est curado
".
No versculo 12, Pedra d um testemunho corajoso - a existncia de um nico
Salvador em todo o mundo, e para todo o mundo.

1 Joo 1.1-2.2
Joo se dirige aos cristos de sua poca, com o objetivo de firm-Ias em sua f
e vida crist, frente s incertezas do futuro. Alegria, santidade e certeza o que o
pastor quer levar o seu rebanho a sentir. Alegria pela palavra que se tornou carne,
pela comunho que podemos ter com ele e com os irmos, pelo perdo que nos
concede, pois "o seu sangue nos purifica de todo o pecado"; santidade que nosso
advogado nos concede, ao nos inocentar de todos os nossos pecados pela
prapiciao; certeza da vida eterna que recebemos dAquele que " fiel e justo para
nos perdoar"; que o verbo da vida, que a verdade, que luz.

CONTEXTO
Cristo ressuscitou! Vejamos, passo a passo, o que aconteceu naquela manh.
277

Igreja Luterana - N 2 - 1999


-Um grupo de mulheres dirige-se ao tmulo na madrugada do primeiro dia da semana para
embalsamar o corpo de Jesus (Mt28.1 ;Mc 16.1-2;Lc 24.1-10; Jo 20.la).
-L descobrem que a pedra foi removida (Mt 28.2-4; Mc 16.3-4; Lc 24.2; Jo 20.2b)
-O corpo de Jesus j no est no tmulo; no lugar dele vem um anjo, que lhes
explica a situao e as encarrega de levar uma mensagem (Mt28.5-7; Mc 16.5-7;
Lc24.3-7)
- As mulheres voltam correndo para Jerusalm para relatar aos outros discpulos
o acontecido, mas suas palavras so acolhidas com ceticismo (Mt 28.8; Lc 24.811,22-23;J020.2).
- Pedro e o "outro discpulo, aquele que Jesus amava", dirigem-se ao tmu10 e
encontram-no vazio; depois voltam para casa (Jo 20.3-10; Lc 24.24).
- Maria Madalena os segue at o tmulo e fica l, depois de eles terem partido;
Jesus ento aparece primeiro a ela (Jo 20.11-18; Mt 28.9; Mateus fala de Maria
Madalena e da "outra Maria").
- Naquele mesmo dia aparece tambm a Pedro (Lc 24.34; 1 Co 15.5), aos dois
discpulos de Emas (Lc 24.13-32; c 16,12-13 e depois aos outros discpulos em
Jerusalm, com exceo de Tom (Jo 20.19-23; Lc 24.36-43; Mc 16.14). Os
evangelhos, Atos 1 e 1 Co 15 apontam outras aparies ainda. Mas o que
queremos ressaltar que Jesus podia revelar-se e desaparecer vontade e se
manifestava s a seus seguidores.
TEXTO
V 36 - Era ainda o primeiro dia - o da Pscoa, muitas coisas haviam acontecido,
especialmente tristezas e dvidas, muitas dvidas. Mas tambm alegrias, alegrias
no confirmadas. Os dois discpulos de Emas (ficava no caminho para Jope,
cerca de 11 Km a oeste de Jerusalm), um era Clopas, o nome do outro no
mencionado; mesmo sendo noite, tomaram a deciso de voltar para Jerusalm
para se encontrarem com os outros e contar o que havia acontecido.
Falavam eles ainda
e llres disse: Paz seja convosco. Esta a saudao do
Cristo Vivo Ressuscitado. Os apstolos, junto com outros seguidores de Jesus, e
mais os dois discpulos de Emas, encontravam-se reunidos, no fim daquele
ahenoado dia, por detrs de portas trancadas. claro que, com muito medo dos
escribas, fariseus e doutores da lei, pois estes lhes tinham ainda um dio tamanho,
como aquele demonstrado ao seu Mestre (dos discpulos).
Quando parece que uma sombra de esperana est para chegar, eis que algo
quase inacreditvel se torna reaiidade visvel. E o prprio Senhor que,
"pessoalmente", aparece como a esperana viva e real, e diz: "Paz seja convosco".
Quantos procuram a paz em caminhos e fontes falsas: simpatias; cartomantes;
telTeiros de umbanda; filosofias positivistas - frmulas humanas. A verdadeira paz
somente pode ser encontrada no Cristo Ressuscitado.
Vv. 37-38 - A presena repentina e inesperada de Jesus (que achavam ainda estar
morto) deixou os presentes no apenas surpresos, mas alarmados, atemorizados,
278

aterrorizados. Era cr:',


com a sabedoria des :-:~r'.

__

Ver "em pessoa" algue~ ~


agora est ali no meio deito . ~".,_
pelos pregos e pela lana. rVI'. 3941 - Depois de :~j': "
alegria, euforia e aind:: ~e
Que pena que Tom ,,~, "
Ainda bem que ele te',,, ' __. c
--=-

VI'. 42-43-claroqueJe"=esvaziar aquele mundo ::" Quebrou o gelo VI'. 44-49 - Jesus d 11m" e
_
mastigado, tudo o q c; " ::.,,_
respeito do Salvado: ::.:.:.:_-.:Jesus destaca o que a ft: r',,:: - e nos Salmos". So as trs~:'
todo o Antigo Testamen:: '--e~
morte e ressun-eio de Cf: " _
Jesus deu aos seus se;_:::~-"
remisso de pecados a :c::..:.:
destas coisas" 1'.48. PeJ:~ ~~. "
Paulo em fez das seguin:e, ::-::..:"
os que vivem, no vivam r--:::: ~.:..'
e ressuscitou" 2 Co 5,15
PROPOSTA HOl\-IILTIC -'.
TEMA

Filhos de Deus, perdoadcc",

,,::OC.

='

1 - Porque Jesus venc;::,; = s '


2 - Nos trouxe a verdade" ::-::..::
3 - Nos abre o entendiser:4 - Est conosco.

Igreja Luterana - N 2 . 1999


:'nmeiro dia da semana para
Io 20.la).
:: l6.3-4;Lc24.2;J020.2b)
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- :c~ vem um anjo, que lhes
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16.5-7;
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'. :: ..3-10; Lc 24.24).
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1m-se reunidos, no fim daquele
~ claro que, com muito medo dos
:.e5 tinham ainda um dio tamanho,
iI5cpulos).

aterrorizados. Era um acontecimento fora do comum, inexplicvel aos olhos e


com a sabedoria dos homens.
Ver "em pessoa" algum que com certeza tinham visto morto e sepultado, e
agora est ali no meio deles - falando - gesticulando - mostrando as feridas deixadas
pelos pregos e pela lana, provas infalveis de que Ele mesmo(vv.39-40).
Vv. 39-41 - Depois de todas estas provas incontestveis, houve uma mistura de
alegria, euforia e ainda de "
mas ser verdade, podemos realmente confiar?".
Que pena que Tom no estava ali presente. Perdeu uma oportunidade mpar.
Ainda bem que ele teve outra chance.
Vv. 42-43 - claro que Jesus no precisava comer, mas podia comer. Isto ajudou a
esvaziar aquele mundo de medo e pavor que ainda existia entre os presentes.
Quebrou o gelo - ajudou a fortalecer a confiana que estava to abalada .
Vv. 44-49 - Jesus d uma verdadeira aula de conhecimento bblico. Deixou claro,
mastigado, tudo o que Deus mandara os seus santos homens escreverem a
respeito do Salvador da Humanidade.
Jesus destaca o que a respeito dele fora escrito "....na lei de Moiss, nos profetas
e nos Salmos". So as trs divises caractersticas do Cnon Hebraico, que incluam
todo o Antigo Testamento. Ver Isaas 53.1-12 e Osias 6.2, que falam da paixo,
morte e ressurreio de Cristo.
Jesus deu aos seus seguidores a incumbncia de "pregar arrependimento para
remisso de pecados a todas as naes" - "em seu nome". "Vs sois testemunhas
destas coisas" v.48. Pedro foi exemplo, conforme relato de Atos 4.8-20; o Apstolo
Paulo em fez das seguintes palavras o seu viver: "Cristo morreu por todos, para que
os que vivem, no vivam mais para si mesmos, mas para aquele que por eles morreu
e ressuscitou" 2 Co 5.15.
PROPOSTA HOMILTICA
TEMA

Filhos de Deus, perdoados, testemunham com Gratido.


,:,a est para chegar, eis que algo
'el. E o prprio Senhor que,
.1 e real, e diz: "Paz seja convosco".
~,tes falsas: simpatias; cartomantes;
rmulas humanas. A verdadeira paz
scitado.

1 - Porque Jesus venceu os inimigos;


2 - Nos trouxe a verdadeira paz;
3 - Nos abre o entendimento;
4 - Est conosco.
Wilmar Meister
So Leopoldo - RS

2 de Jesus (que achavam ainda estar


'Tesos, mas alarmados, atemorizados,
279

Igreja Luterana - N 2 - 1999

QUARTO DOMINGO DE PSCOA


Joo 10.11-18
14 de maio de 2000

CONSIDERAES

PRELIMINARES

O quadro do Bom Pastor e as ovelhas est bem fixado em ns desde os (bons)


tempos da escola dominical. Mas receio, por vezes, haver excesso de idealismo e
romantismo no imaginrio cristo e luterano sobre esse quadro. curioso que o
Salmo do Dia, o 23, seja um dos textos preferidos de tantas pessoas. Por que ser?
Ser porque o Salmo mais lido em cerimnias fnebres? Em casamentos? Seria
porque o nico Salmo que alguns ouvem? Ou porque h uma superpopulao de
ovelhas em nossas cidades? Embora pastorear ovelhas seja uma das ocupaes
mais comuns na Palestina e na Sria ainda hoje, ns pouco ou nada conhecemos
dessa atividade. Que imagem faz hoje o nosso ouvinte, seja ele urbano ou mesmo
rural, da figura do pastor? Das ovelhas? Do lobo?
CONTEXTO

Atrs da figura e conceito do Bom Pastor est a messianidade de Jesus. Este Pastor
, antes de tudo, o Messias que vem para morrer. Esta a sua misso. O prprio Salmo
23 expressa esse fato ao se confessar que "nada me faltar." O contexto de Joo 10.1116 inicia-se com a presena de Jesus em Jerusalm para a maior e mais popular das
festas, a dos Tabernculos. Sua presena ali leva o povo a indagar sobre Sua
messianidade (7.26,27) e Jesus a testificar dela (7.29). No capo 8 Jesus Aquele que
perdoa pecados (v.11), que eterno e imutvel (v.58). No capo 9, na presena de Seus
discpulos, Jesus envia um cego de nascena a lavar-se na piscina de Silo, o Enviado
(do hebraico nL,ib). A culminncia do testemunho de Cristo como Messias vem por boca
do que teve os olhos abertos para ver: Ele demonstra um crescendo no testemunho
sobre o Messias: de homem (v.1l) para um profeta (v.17) que podia ser seguido por
discpulos (v.27), a um que vem "de Deus" (v.33) e que digno de ser adorado (v.38).
Embora afirmada e demonstrada, a messianidade de Jesus vem sendo questionada,
duvidada e atacada (9.22). A concepo de que para algum ser filho de Deus ele
precisa estar ligado a uma tradio mgica (8.39) e a uma casta espiritual superior (9.34).
Jesus esclarece, de forma incisiva, que este no o caminho para Deus, mas sim o
caminho de e para Satans (cf. 8.41,44). O caminho para Deus est em Deus mesmo, na
Sua cura graciosa e indita de um homem cego de nascena e totalmente dependente;
e no cuidado amoroso e autntico de ovelhas frgeis e vulnerveis.
O TEXTO
V. 11 - O texto grego repete o artigo. Jesus no o bom pastor em comparao com
outros pastores. Mas Ele um pastor singular, nico. Ele o Bom Pastor. O
280

artigo definido de::,~~:~-~ ~.


outro pastor. Ele . ::_~ _.
aexpresson8ve::c :"c "
a Jesus e em 15.13:,,,J~ ::"'z _~os casos h inutilid2.::e -=
reaver a vida. A aL:J:.::.
("pelas") seria melh,',
~
de", ou seja, quand~ ~ :e-'.'
espontaneamen te fe i.:. '.. - - ..,;
mas isso em nada as :e- ~.
uma presa ainda ma:, :'c..
tenham em abund:::::.
Vv. 1213 - Em contrast: _
BLH como "empreg::J.
vida, o empregado c:.::.::,.
pelo seu salrio. Mas.:: .:.:.::
foge. Ele foge on ~.:~ -,
A referncia a "emprega::.
lembrar que KO ,"lobo", :-"..
natural das ovelhas. Quer:: e e' e
V.14 - A segunda mare aJ. -=
KO:. Esta segunda m ".'. _ ..
pastores, mas diz res;;:::-' .:
me conhecem (Yll)c..:,C:~_:',
mesmo sentido que (1 ':-~ , .Os Pais luteranos em::~,,::,~'
para a doutrina da ele:, "., __
povo igualado ao c::
V. 15 "E dou a minha

'-.= '.

ao mesmo tempo. o I'" I'~


reassume. Em ambos 0' .::.,.
10(vv. 17-18).
O carinho, o cuidado e '.'.
da casa deIsrael, ("deste .I"::.
gentios ("outras ovelhas" .
haver uma s grei e um s:~?~:.
PROPOSTAS HOMILnC

O texto fala de trs: I'e-:::-~;:


Pastor das ovelhas; b) o ar ':.g . as ovelhas desgarradas e -'C: - e.

==

Igreja Luterana - N 2 - 1999

O)E

P:SCOA

.~.:'em ns desde os (bons)


c;rexcesso de idealismo e
: 'C~ quadro. curioso que o
:;; '.:,:as pessoas. Por que ser?
: :~c;s] Em casamentos? Seria
: _c c-.i uma superpopulao de
..S seja uma das ocupaes
: -:"uco ou nada conhecemos
-c

seja ele urbano ou mesmo

;;'Cl.midade de Jesus. Este Pastor


.;; 1sua misso. O prprio Salmo
,.:.ri" O contexto de Joo 10.11-. -:ra a maior e mais popular das
. :,.: povo a indagar sobre Sua
. ~- . :\0 capo 8 Jesus Aquele que
:\0 capo9, na presena de Seus
.:-:~ na piscina de Silo, o Enviado
=-:-: sto como Messias vem por boca
::~.::um crescendo no testemunho
17) que podia ser seguido por
. :'-,~ digno de ser adorado (v.38).
;; .::::Jesus vem sendo questionada,
_ -:.~raalgum ser filho de Deus ele
;;.:.:-:-,a
casta espiritual superior (9.34).
;; : .::aminho para Deus, mas sim o
. ::lia Deus est em Deus mesmo, na
;;:'.lScena e totalmente dependente;
:;;:s e vulnerveis.

artigo definido demonstra que a descrio aplicvel apenas a Ele e a nenhum


outro pastor. Ele o que d a vida pelas ovelhas. A mais prxima analogia com
a expresso TL8VIH T~V \(Iux~v acha-se em 13.37 quando Pedro oferece sua vida
a Jesus e em 15.13 onde algum oferece a sua vida pelos seus amigos. Em ambos
os casos h inutilidade na atitude visto que em nenhum deles h poder para se
reaver a vida. A atitude de Jesus no tem similar (v.17). A preposio UTTp
("pelas") seria melhor traduzida por "em favor de", "pelo bem de", "em lugar
de", ou seja, quando o bem-estar das ovelhas exige o sacrifcio da vida, este
espontaneamente feito. Um pastor comum pode at morrer pelas suas ovelhas
mas isso em nada as beneficiaria; com o pastor morto o rebanho tornar-se-ia
uma presa ainda mais fcil. Jesus veio para que as ovelhas tenham vida e a
tenham em abundncia (v. 10); e esta s obtida pelo ato vicrio do Bom Pastor.
Vv. 12-13 - Em contraste com o Bom Pastor aparece o flLOTWT, bem traduzido pela
BLH como "empregado" (Mc 1.20). Desde que a funo no implique risco de
vida, o empregado cuida das ovelhas motivado, no pelo carinho ou amor, mas
pelo seu salrio. Mas quando v o lobo chegando, ele abandona as ovelhas e
foge. Ele foge OTL flLOTWT EOTLV - sua natureza trada pela sua conduta.
A referncia a "empregado" parenttica. O foco a presena do inimigo. bom
lembrar que ,KO ,"lobo", no discurso retrico de Jesus. O lobo o predador
natural das ovelhas. Quem ele?
Y.14 - A segunda marca do Bom Pastor apresentada pela repetio de yw
KIX.. Esta segunda marca no feita em termos gerais, aplicveis a todos os
pastores, mas diz respeito apenas aEle: "Eu sou ... e conheo (YWWOKW)
... e elas
me conhecem (YWWOKOfl(H)
". Este verbo ocorre 4 vezes nos vv. 14-15 e tem o
mesmo sentido que o verbo lli' em hebraico. Como tal, o verbo significa "eleger" .
Os Pais luteranos entendiam esta seco de Jo 10.14-15 e 27-30 como uma sedes
para a doutrina da eleio. Este conhecimento recproco entre Cristo e o Seu
povo igualado ao conhecimento e relao que existe entre o Pai e o Filho.
V. 15 - "E dou a minha vida ..." - Cristo sabe que esta a vontade do Pai. Contudo,
ao mesmo tempo, o prprio Cristo, por vontade prpria, d a Sua vida e a
reassume. Em ambos os casos Ele tem a autoridade, o poder (~OUOl(i), para fazlo(vv.17-18).
O carinho, o cuidado e salvao do Bom Pastor estende-se no apenas s ovelhas
da casa de Israel, ("deste aprisco" V. 16) mas tambm s ovelhas dispersas dentre os
gentios ("outras ovelhas" V. 16). E com isso, embora havendo muitos rebanhos,
haver uma s grei e um s Pastor.
PROPOSTAS HOMILTICAS

;; - bom pastor em comparao com


_:'::1. nico. Ele o Bom Pastor. O

O texto fala de trs personagens: a) o protagonista, Jesus Cristo, o Dono e


Pastor das ovelhas; b) o antagonista, Satans, o lobo; c) o prmio, os seres humanos,
as ovelhas desgalTadas e vulnerveis. O ser humano, embora no incio propriedade
281

Igreja Luterana - N 2 - 1999

do pastor, o prmio desejado tanto por Deus quanto por Satans. (No se quer,
desta forma, propor um dualismo - mesmo porque o dualismo maniquesta no existe
na Escritura onde s h um Vencedor. Mas no se pode negar que na esfera histrica
e existencial haja um dualismo tico que tem sua culminncia em cu ou inferno.)
fragilidade do ser humano por causa do pecado e ausncia de defesa natural, postase a sagacidade, astcia e fome de Satans, Do outro lado do ser humano est a
figura do Messias, o Cristo. Ele clama e chama pelos seres humanos porque Ele os'
criou, seu Dono, e est pronto a dar a Sua prpria vida (e efetivamente a deu) para
que Seu povo tenha vida e vida em abundncia, Ao reassumir (v.17 - pw) a Sua
vida (ressuneio, Pscoa!), o Pastor est vivo e presente, como poderoso Salvador, para proteger, guardar e salvar aqueles que Ele redimiu,

CONTEXTO

Jesus est com seus dis:;::,'.:i:


quinta noite. Est na ltim:: c~ -_
negao, o captulo 14 de .k~o -o:
que Ele o caminho, a ver2i~ ~
..
podem pedir tudo em nomeie ~_ .'
o

SUGESTO DE TEMA

Ameaados sim, mas bem protegidos!

Acir Raymann

o captulo 14 encena ,'.:":'0 o-e


Que estava chegando a te-c..:.
abandonado o convvio cris::'.: ':'.e
excludo da rvore da vid", .:..,
seqncia, temos o belo rei.:.::
o

1EXID
Termos significati vos.
karpn . (fruto) - 6

o,:,~-

mno (permanecer; _

'7 .:.:

o .. o o

Vv. 1,2 - Jesus faz uma ::":' ~ :c:


discpulos, por fazer par::, de 'c.
Jesus a videira verdaeL :cr.
limpo pela Palavra

i". ~ ~.:..

Existem vrias pessoas ~:.:~


"ser luterano", ou, "ser s
Cristo mostra a possibilid2..::e .:.;
Pessoas que acham que esc;':: r.c.-:
georgs, o pai, o agricultJr
.=

'

V.3 - lelleka. Jesus fak __.:.


reduplicado, Pala\Ta5qc::'~--.:.."limpam", purificam e" r.,:__,
V.4-PermaneceremJesus ',-":'''::':,'':''~
no tem condio nenn'..::.-:-,,:,
.::eo bem, em fazer coisas t<.:.s
e":'

no produz bons frutos, ;:~:' ."'.


282

Igreja Luterana - N 2 - 1999


- . - ~.i:ans. (No se quer,
_:naniquesta no existe
- _~c.:Cjuena esfera histrica
- _~__::~m cu ou inferno.)
_~defesa natural, posta_.:.: do ser humano est a
numanos porque Ele os'
::~tivamente a deu) para
_".:.mir (v. 17 - cipw) a Sua
c -:
como poderoso Salva-

QUINTO DOMINGO DE PSCOA


Joo 15.1-8
21 de maio de 2000

c -:'

CONTEXTO
Jesus est com seus discpulos na semana da ltima Pscoa, mais precisamente na
quinta noite. Est na ltima Ceia. Aps j ter falado a seus discpulos sobre traio e
negao, o captulo 14 de Joo nos mostra Jesus confortando seus discpulos. Ele fala
que Ele o caminho, a verdade e a vida, o nico meio de se chegar ao Pai. Os discpulos
podem pedir tudo em nome de Jesus, que sero atendidos.

Acir Raymann

O captulo 14 encerra com Jesus dizendo que o traidor estava se aproximando.


Que estava chegando a hora de Ele ser entregue nas mos daquele que havia
abandonado o convvio cristo, que havia se separado da raiz, que havia se autoexcludo da rvore da vida, que Cristo. Parece, assim, que no por acaso que, na
seqncia, temos o belo relato das palavras de Jesus sobre a "videira e os ramos".
TEXTO
Termos significativos:
karpn - (fruto) - 6 ocorrncias
mno - (permanecer) -7 oconncias + umaencltica (v. 4).
Vv. 1,2 - Jesus faz uma comparao que, alm de ser claramente entendida por seus
discpulos, por fazer parte de seu contexto de vida imediato, muito impressionante.
Jesus a videira verdadeira, sendo os discpulos, os ramos. Aquele que produz fruto
limpo pela Palavra (v. 3) para que produza ainda mais. O que no produz, cOltado.
Existem vrias pessoas que pensam que ser um ramo j o suficiente. Talvez,
"ser luterano", ou, "ser da Igreja" garantia de estar com Cristo. Mas o prprio
Cristo mostra a possibilidade de haver ramos na videira que no produzem fruto.
Pessoas que acham que esto na f, mas so ramos mortos. Estes so cortados pelo
georgs, o pai, o agricultor.
V3 - lelleka. Jesus falou palavras que no voltam atrs, nos mostra o perfeito
reduplicado. Palavras que foram ditas e continuam valendo. E estas mesmas palavras,
"limpam", purificam os ramos, os discpulos, para que produzam ainda mais fruto.
V 4 - Permanecer em Jesus toma o ramo produtivo. Aquele ramo que no permanece Nele,
no tem condio nenhuma de produzir fruto bom. Por mais que se esforce em praticar
o bem, em fazer coisas boas, em ser uma boa pessoa, quem no permanece em Cristo
no produz bons frutos, pois "sem f h'llpossvel agradar a Deus" (Hb 11.6).
283

Igreja Luterana - N 2 - 1999


Vivemos em um mundo onde a alta produtividade em menor tempo a palavra de
ordem. De cada um de ns exigido que tenhamos condies de produzir, gerar
lucro, ter competncia, ter fora para trabalhar de sol a sol, o mximo possvel, com
alta competncia, com alta produtividade, muitas vezes a salrios no compatveis ...
Em meio a isso, saber que de Cristo recebemos todo o alimento de que precisamos,
toda a fora, toda coragem, toda competncia para agirmos como cristo o maior
consolo que podemos ouvir e sentir. Permanecendo em Cristo, em Palavra e
Sacramentos, o Esprito Santo nos torna cristos altamente produtivos!
Vv. 5,6 - Estes versculos confilmam a verdade de que, pela f, somos feitos "cristos
produtivos". Como ramos ligados a Cristo, as boas obras surgem como fruto
espontneo da f. E Jesus enfatiza: sem mim, nada podsfazer. A vida sem Cristo
torna-se totalmente improdutiva, levando ao desespero e condenao. O prprio
agricultor, o Pai, corta o ramo improdutivo, o qual ser "lanado no fogo".
Vv. 7,8 - A epstola do dia (lJo 3.18-24) um excelente texto paralelo a esta percope.
Especialmente estes dois versculos relacionam-se ao que Joo escreve na 1a
epstola: "Aquele que guarda seus mandamentos permanece em Deus, e Deus
nele. E nisto conhecemos que ele permanece em ns, pelo Esprito que ele nos
deu" (v. 24). Neste versculo, h um sumrio do que est escrito nos captulos
15 e 16 - Permanecer em Cristo (15) e O Consolador (16).
E o mandamento a ser guardado, 1 Jo 3.23 ajuda: "que creiamos em o nome de
Seu Filho Jesus Cristo e nos amemos uns aos outros, segundo o mandamento que
nos ordenou". Jesus tambm j mostrou os dois grandes mandamentos a serem
guardados (Mt 22.37-39; Jo 13.34-35). Este o fruto que o cristo produz quando
permanece na videira verdadeira. Amor a Deus e ao prximo.
PROPOSTA HOMILTICA

CONTEXTODAPERCOP-I
Jesuseseusdiscpukse'~~
-.-'
usa a figura da videira e des =-3--.
estivermos ligados a ele. Ai ;_": ~ _ =
sinal de seu servio e humildade ~
o conforto aos discpulos e ~,::--. EXEGESEOOTEXTO
V.9-llY(,(TCllGeV- aoriste de
assim tambm eu vos :e:'~._ c_-::-:2
13.1. O Pai j manifesz.:. '17.23,24. Assim, o amer =e=:do amor do Pai pelo
benevolncia de Cristo ap=-,.~.:.
"O Pai ama o Filho"- refe:;:-::,
vivendo perfeitamente De .:.r
como marca registrada c es-:-"permanecerem ligados ac.''=:: .: j

F::

,i

SEM MIM, NADA PODEIS FAZER!

I - Permanecer

em Cristo

1 - Ramos ligados a videiras falsas produzem resultados aparentes e ilustios, pois no


permanecem na videira verdadeira. Sem Cristo, impossvel fazer coisa alguma!
2 - Graas a Cristo, os ramos permanecem na videira verdadeira. Com Cristo,
"pedireis o que quiserdes e vos ser feito!" (v. 7)

n-

Produzir Fruto ...

1 - ...Imposio da sociedade moderna. Sem Cristo, no hfruto.


2 - ...Conseqncia do cristo justificado, movido pelo Esprito Santo e alimentado
por Palavra e Sacramentos - Com Cristo, alta produtividade!
3 - ...Avanar com gratido a Deus.

V. 10- Destaque para as pala.=--,--:-"continuar a viver"). O ~";;::,c ::


marca de sua permannc:.:. ~amor conseqncia de r=-_:::oprimeiro(lJ04.l9.::..
nosso amor ao agll'mes ..:.e .:.~
cumprimento de sua \
seu amor ( v. 10). As:;::-::-.'
(,(Y('(TCll
de Deus reve lad,: ~- . _
de nossa parte; este am,::=-::::':
amor; este amor suster:." _
coraes. Assim o cren~e
sacrifcio voluntrio de F:i: _.:.:..-.1
da obedincia a Deus.

Lucas Andr Albrecht


Campo Bom, RS

284

V. 11- O termo TCllPC09~ n_,


da alegria daqueles que e:'~.:'.'

Igreja Luterana

,,,mpo a palavra de
de produzir, gerar
. ::',ximo possvel, com
. ,-ciosno compatveis ...
. . c': to de que precisamos,
., :'Jmo cristo o maior
,,:-::Cristo, em Palavra e
:c produtivos!

- N 2 - 1999

c- :~

. ' s

:, f.

somos feitos "cristos

:bras surgem como fruto


:fazer. A vida sem Cristo
- e condenao. O prprio
,,~'-"lanado no fogo".
" :""::0'

Joo 15.9-17
28 de maio de 2000

paralelo a esta percope.

,:,i) que Joo escreve na

COl'lTEXTO DAPERCOPE
Jesus e seus discpulos esto reunidos para a ltima ceia. Nesse contexto Jesus
usa a figura da videira e dos ramos, mostrando que s h verdadeira vida enquanto
estivermos ligados a ele. Alguns acontecimentos fundamentais: O "lava ps" como
sinal de seu servio e humildade; a indicao do traidor; o aviso a Pedro e, finalmente,
o conforto aos discpulos e a promessa do Consolador.

l"

: I1TlaneCeem Deus, e Deus


~.. s pelo Esprito que ele nos
. _c est escrito nos captulos
__ ~ 16).

:ue creiamos em o nome de


oegundo o mandamento que
:- ::-,jes mandamentos a serem
J,ue o cristo produz quando
~:.~'Xlmo.

[~ r.-\ZER!

s aparentes e ilusrios, pois no


':poss[iel fazer coisa alguma!
:ieira verdadeira. Com Cristo,

_ = :

no hfruto.
pelo Esprito Santo e alimentado
'.: Drodutividade!

EXEGESEOOTEXTO
V9-llycm1l0fV - aoristo de ayarearo "amar" - "Assim como o Pai tem me amado,
assim tambm eu vos tenho amado. Continuai no meu amor." Veja o sentido em
13.1. O Pai j manifestara seu amor ao Filho, confOlme Mt 3.17; Mt 17.5 e Jo
17.23,24. Assim, o amor de Cristo algo precioso aos discpulos pois uma cpia
do amor do Pai pelo Filho. Viver neste amor igualmente algo precioso. A
benevolncia de Cristo aponta para o prmio dado a quem nele permanece ( v. 7 ).
"O Pai ama o Filho" - refere-se a Jesus de N azar, amado perfeitamente pelo Pai e
vivendo perfeitamente no amor do Pai. O Filho amou aos discpulos, que tinham
como marca registrada o esprito de obedincia e reconheciam a necessidade de
permanecerem ligados ao amor de Jesus, sem o qual no teriam acesso ao Pai.
V 10- Destaque para as palavras 'tllP1l01l'tf ( "guardar" ) e !lEva'tE ( "permanecer",
"continuar a viver"). O crente reconhecido pelos atos de amor, sendo este
marca de sua permanncia com seu Salvador. A obedincia ao mandamento do
amor conseqncia do prprio amor de Cristo na vida dos seus. A- Seu amor
o primeiro ( 1 Jo 4.19). E como este amor se manifesta? B- Ns mostramos o
nosso amor ao agirmos de acordo com seus mandamentos ( Jo 14.15 ) C- Este
cumprimento de sua vontade resulta novamente em nosso habitar / viver em
seu amor ( v. 10). Assim voltamos ao princpio, 8uvaiJ.10 da vida crist: O
ayare1l de Deus revelado em Jesus. Este amor "ativado" em cada ato de amor
de nossa parte; este amor precede o nosso amor; este amor acompanha o nosso
amor; este amor sustenta o nosso amor; este amor cria mais amor em nossos
coraes. Assim o crente "permanece" ligado a Deus por meio de Cristo. O
sacrifcio voluntrio do Filho amarga morte na cruz a mais gloriosa manifestao
da obedincia a Deus.

Lucas Andr Albrecht


Campo Bom, RS

V 11- O termo rellpro8T]("completo", "cheio", "pleno") aponta para a plenitude


da alegria daqueles que esto em Cristo. Amor e alegria so descritos por Paulo
285

Igreja Luterana - N 2 - 1999


como frutos do Esplito em GI5.22. Permanecer no amor do Pai, cuja obra Cristo
realizou, eis a alegria indescritvel do Filho no final de sua misso. A alegria de
ter cumprido a misso de salvar a humanidade faz com que os que nele crem
sejam igualmente inundados por essa alegria. Compare-se "minha alegria "(v. 11)
com "minha paz" (14.7). Assim como a "minha paz" tem em mente a paz que Eu
vos dou, assim tambm a "minha alegria" aquela por mim imputada, a alegria
que no se restringe s coisas deste mundo, mas que do Esprito e perdura
para a eternidade. Veja tambm: Lc 2.10; R..'ll14.17 e, especialmente, 1 Pe 1.6,8.
V. 12- Destaque para trs palavras: l:YLOll("mandamento"),
aya1w/tE ( "vos
ameis") e allucr ("uns aos outros", "reciprocamente" ou "mutuamente").
Do preceito "permanecei em mim" Jesus segue para a prxima unidade, "Amaivos reciprocamente". Isto somente poder acontecer se permanecermos de fato
em Cristo, em sua Palavra, em seu amor ( Veja tambm 13.34 ). O amor que
gratificou os discpulos se exprime no amor que eles se dedicam mutuamente
neste mundo. Esse desfecho verifica a presena do amor recebido de Jesus. Eis
porque o mtuo amor fraternal apresentado como mandamento por excelncia.
Vv. 13 e 14- As palavras flaseov ("mais que" - idia de algo incomensurvel) e <jJtocr
( o subst. "amigo" e o adjet. "devotado"). Ao combinarmos os vv. 12 e 13 teremos
a seguinte mensagem: "Continuem a amar aos outros da mesma forma que Eu o
pratico, ao ponto de dar a minha vida pelos meus amigos". Veja 1 Jo 3.16.
verdade, evidente que este amor de Cristo no pode ser igualado, pois o nosso
amor ao semelhante muito limitado. Seu amor de um valor infinito, de carter
substitutivo, e traz gloriosas conseqncias para a nossa redeno. Seu ato de
amor jamais poder ser imitado por ns, pois seu perfeito amor no pode ser
copiado. O que deve ficar evidente no amor ao prximo a disposio ao autosacrifcio (veja 13.15; e Mc 8.34 ). "Em vosso amor pelo semelhante vs deveis
estar dispostos a autodoao". O amigo de Jesus este: a) resgatado deste
mundo ( 15.19); b) aquele que faz o que Jesus mandou que fosse feito (15.14); c)
aquele que no quer ser o maior, e sim servo de todos ( 13.2; Lc 22.24); d) no o
pecador que escolhe Jesus como amigo, mas Cristo chama pecadores ao
arrependimento (v. 16).
V. 15- Destaque para as palavras '\)1(ETI("no mais" - uma possvel referncia a 13.16
e 12.26) e mOa ("saber", "conhecer"). H pouco tempo os discpulos ainda eram
chamados de servos, e agora Jesus os chama de amigos. Se um superior manda o
servo cumprir uma ordem, no cabe a este perguntar os porqus. Deve simplesmente
cumprir detelminaes. Com o amigo diferente. O amigo um confidente ( 8.26;
3.11 enfatizando o "meu Pai"; veja tambm 1.14 e 1.18 ). Jesus no se contenta
simplesmente com uma "obedincia servil". Seus amigos so motivados pela
"AMIZADE" de Cristo e a Cristo quando cumprem os seus mandamentos. A
obedincia e sempre ser uma expresso de seu amor.
Vv. 16 e 17- ESEEsa08E ( "escolher", "selecionar ") e E81l1(C(( "constituir",
"designar" ). Entre as pessoas muitos so os motivos que fazem de algum um
286

amigo. As pessoas r:-~


seu amigo. Com Cri,.,
_
nos escolheu, apes:c ;:
do amor espontne:::e ~e _
em ns mesmos.
tambm:Dt7.7.8:Is-~
.. ao eleger os homen' ... ' .. _
duradouros, para a '.-ii::e:e
1.6. O v. 16 conclui ":':~:. ::--e
nome, ele vos concede:::
identificado. "Ele", c L,; _ aos que esto ligado;: ::. =
Cristo e que cumpres: s :e _'
porque ele os amou
tambm ao semelhan:e
PROPOSTA HOl\ULTIC ."'.

INTRODUO
A caridade e assistn.:i.' : .
religiosas e sociais. Do::,::~'
.
ao prximo, e mais, que
a caridade e ao socieil::::.: "
origem e motivao deste ::::-.
enquanto que o cristo "5: ..
o'

Tema:
PERMANEAi\.\' O '- m.- ~._.
L

Partes
1- Eu os escolhi pia '';:'e
II- Como o Pai me a;:: __ e.
IU- Estando em mir:- .;-.'"
IV- Estando em mirre ::.::-::.:0.
CONCLUSO
Fomos chamados pc::-\_::s, ::.
da gloriosa notcia da ::a.e "C
enche de alegria e. em ::~:-.
_
"avanamos com gralldi'.

Igreja Luterana - N" 2 - 1999


o

amor do Pai, cuja obra Clisto


:--,a] de sua misso. A alegria de
o. ~J.z com que os que nele crem
~ ::-:c.pare-se"minha alegria "(v. 11)
- :. ,,~"z"'tem em mente a paz que Eu
- _ = Ia por mim imputada, a alegria
:-:-3.S que do Esprito e perdura
0- l7 e, especialmente, I Pe 1.6,8.
- ~:

:-:~:mdamento"), O:YCX1!:CCl:E ( "vos


"l'DCamente" ou "mutuamente").
_ = "ara a prxima unidade, "AmaiC.tecerse permanecermos de fato
='-,1 tambm 13.34 ). O amor que
='X eles se dedicam mutuamente
:J. do amor recebido de Jesus. Eis
_:mo mandamento por excelncia.
o

:':J. de algo incomensurvel) e <pIAOO'


::nbinannos os vV. 12 e 13 teremos
, Jutros da mesma forma que Eu o
meus amigos". Veja 1 Jo 3.16.
~S.Dpode ser igualado, pois o nosso
.::- de um valor infinito, de carter
"ara a nossa redeno. Seu ato de
.:, seu perfeito amor no pode ser
20 prximo a disposio ao auto') amor pelo semelhante vs deveis
= Jesus este: a) resgatado
deste
mandou que fossefeito ( 15.14 ); c)
::' todos ( 13.2; Lc 22.24); d) no o
mas Cristo chama pecadores ao

amigo. As pessoas normalmente buscam motivos para que algum possa ser
seu amigo. Com Cristo diferente. No fomos ns que o escolhemos, mas ele
nos escolheu, apesar do nosso pecado. "Eu vos escolhi" d nfase ao carter
do amor espontneo de Jesus. O motivo do amor de Deus por ns jamais estar
em ns mesmos, porm nEle, porque em sua essncia DEUS AMOR (veja
tambm: Dt 7.7,8; Is 48.11; Dn 9.19; Rm 5.8; Ef 1.4; 1Jo 4.19). Assim agiu Cristo
ao eleger os homens da escurido do pecado a fim de que produzam frutos
duradouros, para a vida eterna. Que frutos so estes? Veja 015.22; Ef 5.19; Cl
1.6. O v. 16 conclui com a expresso "tudo quanto pedirdes ao meu Pai em meu
nome, ele vos conceder ". H um retorno ao V.7, contudo no V. 16 o doador
identificado. "Ele", o Pai: O Pai amou o Filho; em conseqncia ele tambm ama
aos que esto ligados ao Filho. O v. 17 conclama queles que esto ligados a
Cristo e que cumprem os seus mandamentos a que" no apenas amem a Cristo
porque ele os amou primeiro", mas que evidenciem este amor a Cristo, amando
tambm ao semelhante.
PROPOSTA HOMILTICA
INTRODUO

A caridade e assistncia social tm sido "cavalo de batalha" de muitas instituies


religiosas e sociais. Do cristo tambm se espera que o mesmo faa obras de amor
ao prximo, e mais, que seja exemplo de doao e sacrifcio. Contudo, o que diferencia
a caridade e ao social das referidas entidades de um ato de amor de um cristo a
origem e motivao deste amor. O no-cristo age como o servo que faz por obrigao,
enquanto que o cristo age como amigo de Cristo e o faz por amor.
Tema:
PER.\1ANEAM

NO MEU A.\10R

Partes
I- Eu os escolhi para serem meus amigos
TI-Como o Pai me amou eu tambm os amei

m- Estando em mim a sua alegria ser completa


IV - Estando em mim amaro uns aos outros
:.:s" - uma possvel referncia a 13.16
:uco tempo os discpulos ainda eram
je amigos. Se um superior manda o
untar os porqus. Deve simplesmente
'::e. O amigo um confidente (8.26;
1.14 e 1.18 ). Jesus no se contenta
Seus amigos so motivados pela
:umprem os seus mandamentos, A
seu amor.

CONCLUSO
Fomos chamados por Cristo a fim de vivermos como seus amigos e conhecedores
da gloriosa notcia da salvao. Como tal, fomos alvo de seu perfeito amor que nos
enche de alegria e, em conseqncia, nos faz amar como fornos amados. Por isso,
"avanamos com gratido a Deus" por tanto amor a ns revelado.

Paulo Gerhard Pietzsch


,cionar ") e E8rjKCX ( "constituir",
, motivos que fazem de algum um
287

Igreja Luterana . N 2 . 1999

STIMO DoMINGO
Joo

DE PSCOA

17.llb-19

4 de junho de 2000

CONTEXTO DAPERCOPE
A percope encontra-se dentro de um contexto de orao. Este dado importante medida em que nos leva a perceber quem est orando. Trata-se de ningum
menos do que Jesus. O corao do Filho de Deus abre-se diante do Pai e nos permite
conhecer seus pensamentos e desejos. Pelas palavras dirigidas ao Pai notamos que
Jesus estava tomado de grande amor pelos seus discpulos, no caso especfico do
texto, o pequeno grupo dos onze apstolos. Os onze, reunidos com Jesus para a
ceia pascal antes dos acontecimentos que culminaram com a condenao e morte
do Filho de Deus, so chamados de "os homens que me deste do mundo" v.6. So
aqueles que Deus Pai havia confiado aos cuidados de Jesus. Naturalmente que, ao
todo, havia mais do que onze que podiam ser mencionados como homens que o Pai
confiara ao Filho, basta lembrar, por exemplo, os 120 de At 15. No texto, contudo, os
onze so destacados porque seriam enviados como apstolos de Jesus (v. 18) e a
favor deles ele ora de modo muito especial.
Trata-se, portanto, de uma intercesso especial a favor dos onze. No uma
orao pelo mundo. O que Jesus fala a respeito dos onze nos vv. 6 a 10 revelador
e apresenta reaes possveis apenas em coraes crentes.
O motivo principal para a intercesso pelos onze revela-se nas palavras iniciais
do v. 11: ;;J no estou no mundo, mas eles continuam no mundo, ao passo que eu
vou para junto de ti." Jesus deixa o mundo, porm os discpulos nele permanecem.
Por isto ele vai ao Pai em splica. Os discpulos permanecem no mundo e tal fato no
fica oculto da ateno de Jesus por eles. Movido por amor, Jesus leva ao Pai em
splica aquilo que v como necessrio para acompanhar os discpulos no mundo a
partir do retorno do Filho de Deus para junto do seu Pai. A prece a favor deles
desenrola-se em mincias atravs do texto da percope. Dela extramos alguns
comentrios presentes na exegese dos versculos a seguir.

o TEXTO
V. 11b - Aps ter se dirigido a Deus por duas vezes chamando-o de "Pai" (vv. 1 e
5), aqui Jesus o chama de "Pai santo." Podemos levantar hipteses para a razo
do emprego do adjetivo "santo." Creio que possvel tentar justificar a sua
presena por dois motivos. Primeiro, contrasta com a caracterstica do mundo
onde ficaro os discpulos. Ele no santo; pelo contrrio, nele est presente
o pecado, do qual Deus est totalmente separado. Para no serem engolidos
288

pelo mundo, some,E= ~.;: _.


Segundo, o Pai santc 'er c, .
verdade." Santific ::r= ~: ~.
Os perigos provenieTI:=' ~=
Deus santo a proteo sc:-re
me deste." O nome de De',:' :
Pela palavra de Jesus. rs d:o:
conseguinte, o prprio De,,; - __
a pessoa, um conhecimemc=,:" :
os em teu nome" inclui. j:":'~:":-.:'
eles permaneam em com::",-'
ele at aquele momento, ::- rf.:':
O propsito da comunhi:
como ns." Da comunho

:._.

fornece-nos subsdios p:~" ,:r:-_


discpulos de Jesus. AIr:a unidade deixa de exisci- -encarrega de romper lir>:_
Vv. 12, 13 -Jesus me:'.r.c. _ -_
ocorrer. Tendo esc:::: .
protegeu. Nenhum :::,::,,:c :" -_
que se cumprisse a E',
da perdio afasteu-s:,: .
ao qual Judas este ...e.: r.d,,-~:
incorreta do ;;para c_c
sabia o que aCOTItec=:-:~
.
antes da ao se co:':re
aquele discpulo. O ::-':
do Filho de Deus.
Aproxima-se, contu:i:. - - ..
quer que os discpulos pcr ,:~-:com o Pai, sempre preseTIr:'::,:u
ser ameaada pelo di ci: rf._- .
comunho com Deus Pal':':
dos seus, Jesus roga ae P::: ~:::': .
Jesus conhece o nico rno.:i. e r:-_- t:

de Deus. Em amor peles :i:s:'~ _


Vv. 14 - 16 - Os discp',::' continuar existindo, _-'l :--=-=~
no o . O que signiL:, -~ .
a criao que tem se " - .'

Igreja Luterana - N 2 - 1999

:t PASCOA

- . ~3.o.Este dado importan::~3.ndo.Trata-se de ningum


. , = diante do Pai e nos permite
:.cjirigidas ao Pai notamos que
_ : .:,ulos, no caso especfico do
::.=. reunidos com Jesus para a
- ~ ..::' com a condenao e morte
..: ",e deste do mundo" v.6. So
. ::.= Jesus. Naturalmente
que, ao
: ~"idoscomo homens que o Pai
je At 15. No texto, contudo, os
.ipstolos de Jesus (v. 18) e a

. a favor dos onze. No uma


: : o ::mzenos vv. 6 a 10 revelador
. :' crentes.
:.ze revela-se nas palavras iniciais
.uam no mundo, ao passo que eu
::JS discpulos nele pennanecem.
;:,nanecem no mundo e tal fato no

:::: por amor, Jesus leva ao Pai em


:-.;:,anharos discpulos no mundo a
::.: seu Pai. A prece a favor deles
::-ercope. Dela extramos alguns
-o a segUIr.

;ezes chamando-o de "Pai" (vv. 1 e


levantar hipteses para a razo
= possvel tentar justificar
a sua
'.ota com a caracterstica do mundo

pelo mundo, somente algum santo ter poder para proteg-los e guard-Ios.
Segundo, o Pai santo ser capaz de atender o pedido do v. 17: "Santifica-os na
verdade." Santificar ao possvel somente a quem santo.
Os perigos provenientes de um mundo com a presena do pecado requerem do
Deus santo a proteo sobre os discpulos. Por isto, "guarda-os em teu nome, que
me deste." O nome de Deus foi dado a Jesus e este o tem revelado aos discpulos.
Pela palavra de Jesus, os discpulos tm conhecido o nome de Deus e, por
conseguinte, o prprio Deus, pois, neste caso, conhecer o nome significa conhecer
a pessoa, um conhecimento que envolve aceitao, confiana e comunho. "Guardaos em teu nome" inclui, portanto, O velar do Pai santo sobre os discpulos para que
eles permaneam em comunho com o Pai, assim como estavam em comunho com
ele at aquele momento, por meio de Jesus .
O propsito da comunho com o Pai aparece em "para que eles sejam um, assim
como ns." Da comunho com o Pai depender a comunho entre eles. Tal verdade
fornece-nos subsdios para um interessante reflexo sobre unidade entre os
discpulos de Jesus. Alm disso, fica claro que parte da comunho com Deus Pai
a unidade deixa de existir, pois a cOlTupo do mundo, causada pelo pecado, se
encalTega de romper vnculos.
Vv. 12, 13 - Jesus menciona a mudana de situao dos discpulos que em brevc
ocolTer. Tendo estado na companhia deles, guardou-os no nome do Pai e os
protegeu. Nenhum deles se perdeu, a no ser o filho da perdio (Judas), para
que se cumprisse a Escritura. Sob a proteo de Jesus houve segurana. O filho
da perdio afastou-se voluntariamente da companhia de Jesus. No foi um ato
ao qual Judas esteve condenado por um decreto, como sugere uma interpretao
incorreta do "para que se cumprisse a Escritura." Na sua prescincia, Deus
sabia o que aconteceria com Judas e j havia feito meno do ocolTido muito
antes da ao se concretizar. Tambm no foi um descuido de Jesus para com
aquele discpulo. O que aconteceu no joga dvidas sobre o valor da proteo
do Filho de Deus.
Aproxima-se, contudo, o momento do Filho voltar para junto do Pai. Jesus no
quer que os discpulos percam o seu gozo (alegria) completo. A alegria da comunho
com o Pai, sempre presente em Jesus, um Dom maravilhoso para os discpulos. Ela
ser ameaada pelo dio do mundo. Para que ela permanea indispensvel que a
comunho com Deus Pai seja mantida. No estando mais visivelmente na presena
dos seus, Jesus roga ao Pai que aja em favor daqueles homens. Na sua sabedoria,
Jesus conhece o nico modo de manter a comunho com Deus: a ao protetora
de Deus. Em amor pelos discpulos, ele a busca junto do Pai.

',1DS

: pelo contrrio, nele est presente


:'arado. Para no serem engolidos

Vv. 14 - 16 - Os discpulos foram alvo do dio do mundo e tal atitude adversa


continuar existindo. A razo c est: no so do mundo, como Jesus tambm
no o . O que significa no ser do mundo? no ter comunho com ele. No
a criao que tem se voltado contra eles, mas os homens sob a tutela do
289

Igreja Luterana . N" 2 . 1999

pecado que constituem o mundo hostil aos discpulos. Quem no se encontra


em comunho com o mundo se torna ameaa a este e dele recebe dio. dio
gera maldade contra os discpulos de Jesus. A comunho com Deus conservada pela palavra divina, dada aos discpulos por Jesus, exclui da comunho com
o mundo. No compartilha do modo de agir e de ver a vida seguido pelo mundo.
Por isto o mundo se torna inimigo do discpulo de Jesus.

pulos a santificac '.c. '.


_
a favor dos discpulcs .. ~ - .,~
que se processe a sa"c;:.~.~:

PROPOSTAHo~m_TIc.-\
Sugiro trs idias preseE:::: .
o tema: O indispensvel IX; -c:
seguinte seqncia:
::c

Qual seria, em nossa maneira de ver as coisas, a melhor soluo para no sofrer
o dio do mundo? Ser tirado do mundo e colocado, talvez, numa outra existncia?
bem possvel. No , porm, o que Jesus pede que acontea aos discpulos. Devero
ficar no mundo, porque Jesus os enviou ao mundo. Foram enviados para salvar
quem os odeia. Qual a garantia que tero de no serem destrudos pelo mal contra
eles lanado pelo mundo? A proteo de Deus. A ela Jesus recorre:" .,. e sim que os
guardes do mal." Todo o mal engendrado pelo mundo contra os discpulos de Jesus
inspirado por Satans. inimigo poderoso, todavia no to poderoso quanto
aquele que chamado a defender os discpulos: Deus Pai. Nisto reside a certeza do
xito da ao de Deus buscada em orao por Jesus.
V. 17 - Este um versculo bem conhecido. Tem rico contedo! "Santifica-os na
verdade; a tua palavra a verdade." O verbo santificar significa "colocar parte
para Deus." Em outras palavras, separar os discpulos de qualquer outra
comunho para que a nica existente seja a com o Pai. O santificar acontece
dentro dos domnios da verdade. No h influncia da mentira e tal no pode
acontecer, pois esta filha de Satans. Os limites da verdade so traados pela
palavra de Deus. A ao santificadora de Deus existe apenas dentro dos limites
da verdade, ou, conforme Jesus, a palavra do Pai. A importncia da palavra para
a obra santificadora de Deus dupla: demarca os limites para a ao divina e
carrega consigo o poder para que a santificao se efetue. Logo, o que contraria
a palavra no provm de Deus e no verdade.
V. 18 - a razo para os discpulos no serem tirados do mundo. H, porm, mais
um detalhe a observar. Com que autoridade Jesus veio ao mundo? Ora, foi
enviado pelo Pai. Haver necessidade de credencial maior? Com que autoridade
os discpulos iro ao mundo? Foram enviados por Jesus, o Deus-homem.
Tambm no h necessidade de credencial maior para realizar a obra para a qual
so deixados no mundo. O enviar de Jesus no inferior ao enviar do Pai, pois
"eu e o Pai somos um."
V. 19 - Jesus santifica-se a si mesmo para que os discpulos sejam santificados na
verdade. A favor dos discpulos ele tem agido. Coloca-se voluntariamente
disposio do Pai para que os discpulos desfrutem da comunho com Deus.
Os discpulos so santificados. obra de Deus, realizada at aquele momento
por Jesus, mas que ter continuidade atravs do Esprito Santo, o Parcleto
prometido por Jesus. Antes, porm, acontece o santificar de Jesus, o entregarse voluntariamente e espontaneamente execuo dos planos salvficos do
Pai. A partir da obra mediadora de Jesus que se torna possvel para os disc290

1 - O que julgamos necco: ':-..


2-Aquilo queo texto apie'::-',
de Jesus.
3 -Jesus

torna possvel:

;:

'::: ':"

Igreja Luterana - N 2 - 1999


_ ~:0ulos. Quem no se encontra
'. ,;ste e dele recebe dio. dio
-, ~:munho com Deus conserva- : ~~sus, exclui da comunho com
, _.er a vida seguido pelo mundo.
_,: de Jesus.
_c:, melhor soluo para no sofrer
- , -aI vez, numa outra existncia?
_ ,,:ontea aos discpulos. Devero
_".do. Foram enviados para salvar
: s~rem destrudos pelo mal contra
'-,: ia Jesus recorre: " ... e sim que os
~;;do contra os discpulos de Jesus
::davia no to poderoso quanto
='~us Pai. Nisto reside a certeza do

pulos a santificao na verdade. Destaca-se no versculo a mediao de Jesus


a favor dos discpulos. Apresenta a sua prpria santificao como razo para
que se processe a santificao dos seus.
PROPOSTA HOMILTICA
Sugiro trs idias presentes no texto para serem desenvolvidas no sermo. Sob
o tema: O indispensvel para a obra da igreja - a mensagem poder observar a
seguinte seqncia:
I - O que julgamos necessrio para o trabalho da igreja?
2 - Aquilo que o texto apresenta como indispensvel para a obra dos discpulos
de Jesus.
3 - Jesus torna possvel o recebimento do indispensvel.

Paulo Moiss Nerbas

-:-SUS.

-"::rico contedo! "Santifica-os na


, s3.ntificar significa "colocar parte
::5 discpulos de qualquer outra
:: com o Pai. O santificar acontece
)',rluncia da mentira e tal no pode
:::ites da verdade so traados pela
USexiste apenas dentro dos limites
Pai. A importncia da palavra para
::rca os limites para a ao divina e
,,;o se efetue. Logo, o que contraria
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, :irados do mundo. H, porm, mais
_,de Jesus veio ao mundo? Ora, foi
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,,-,iados por Jesus, o Deus-homem.
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" os discpulos sejam santificados na


.gido. Coloca-se voluntariamente
jesfrutem da comunho com Deus.
Jeus, realizada at aquele momento
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~ce o santificar de Jesus, o entregarexecuo dos planos salvficos do
, que se torna possvel para os disc291

Igreja Luterana . N" 2 - 1999


deserto. Durante o~:: :::-'--

o DIA DE PENTECOSTES
Joo 7.37-39

11 de junho de 2000

LEITURAS

DO DIA

O Salmo do dia (SI 143) apresenta um Davi em dificuldades, talvez sendo


perseguido por seu fiiho Absalo (2 Samuel17 e 18). Desanimado, com seu esprito
esmorecido, Davi ora a Deus, e pede que o Seu bom Esprito o guie por caminhos
seguros (v.l O). A situao comparvel morte, ento Davi suplica: "vivifica-me,
Senhor; por amor de teu nome" (v.ll). A vida, a verdadeira vida, ddiva de Deus,
por meio da ao de Seu Esprito na palavra (Ez 37.4), como Ezequiel bem descreve
na viso do vale de ossos secos (Ez 37.1-14. O Sermo de Pedro aponta para a obra
redentora de Cristo e suas conseqncias: Deus Pai cumpre Sua promessa e derrama
o Esprito Santo sobre os seguidores de Cristo (Atos 2.22-36). Pois esse Esprito o
mesmo que inunda corpos secos com a gua da Vida e faz com que os mesmos se
tornem rios de gua viva (Joo 7.37-39).
CONTEXTO

LITRGICO

Com o Pentecostes se encerra o assim chamado Perodo Festivo do Ano Eclesistico. Nos primeiros sculos, essa celebrao ocupava o segundo lugar (primeiro
era a Pscoa) em importncia na vida da igreja. Tradicionalmente nessa data se
comemora o aniversrio da igreja crist. A festa do Esprito Santo uma celebrao
alegre e vibrante, afinal Ele o vivificador.

o Esprito Santo quem chama o homem pelo Evangelho, o ilumina com seus
dons, santifica e o conserva na verdadeira f. Antes, o que era nascido da carne seco e sem vida, agora nascido do Esprito - cheio de gua da vida, produz vida.
Diante desta nova realidade, o homem est na comunho do Esprito (cf. 2 Co 13.13
e Fp 2.1), isso no outra coisa, seno dizer que agora faz parte da igreja de Deus (cf.
Ef 2.19-22). Estando na Igreja, ele no est s, mas faz parte da comunho dos
santos (communio sanctorum). Vivendo em comunho com Deus e com o prximo,
essa cristandade fortalecida pelo evangelho de seu Senhor, regenerada diria e
abundantemente pela ao do Esprito e vive seu Pentecostes dirio, jorrando para
a vida eterna.
TEXTO
V.37: "No ltimo dia, o grande dia da festa ... " Pelo contexto (7.2), vemos que
tratava-se da Festa dos Tabernculos. Esta festa durava sete dias (cf. Lv 23.34;
Dt 16.13,15), mas tinha uma "assemblia de encerramento" no oitavo dia (cf. Lv
23.36). A Festa dos Tabernculos comemorava a peregrinao de Israel pelo
292

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Igreja Luterana - N 2 - 1999

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--Pelo contexto (7.2), vemos que


:estadurava sete dias (cf. Lv 23.34;
:encerramento" no oitavo dia (ct. Lv
rava a peregrinao de Israel pelo

deserto. Durante sete dias o povo vivia em tendas. Cada manh se trazia gua
do tanque de Silo em uma jarra de ouro. O sacerdote oficiante pegava a gua
e derramava a mesma em duas tigelas de prata perfuradas no lado ocidental do
altar, em comemorao gua da rocha que Deus havia providenciado para os
israelitas no deserto. Enquanto isso as trombetas soavam em louvor e o povo
cantava Isaas 12.3. No ltimo dia da festa, o oitavo e grande dia, este rito
provavelmente era omitido, ou para sugerir as bnos do povo quando este
entrou na Terra Prometida ou para indicar a sede deste pelas grandes bnos
espirituais, s quais os profetas haviam se referido. A viso daquela multido
que participava da festa, certamente evocou em Jesus a imagem de milhares de
pessoas, de todas as pocas e lugares, a quais viviam fazendo (e fazem) sua
peregrinao, e esto sedentas, fracas e aflitas. Ento Jesus afirma para todos
aqueles que esto angustiados, insatisfeitos e sedentos, que Ele o que aquela
rocha fendida foi para os israelitas no deserto.
EKpaEV-Kp(w
= clamar. O v.28 diz que Jesus clamou no templo. Aqui ocorre
o mesmo. Isso implica dizer que as pessoas estavam se opondo a Ele, como o
contexto mesmo sugere. Alm disso, esse clamor demonstra Seu profundo amor e
desejo em salvar aqueles que a Ele se opunham. Quando Cristo faz essa exortao,
na verdade como se fosse um eco e Ele estivesse dizendo repetidamente: "agora
o tempo!"
EpXE08w
7TpO f-lE = venha a mim. Isso no implica que o homem possa vir
tateando at Deus. Deus no est longe verdade (cf. At 17.27), e Suas testemunhas testificam que Ele est a (cf. Rm 1.19ss). E mesmo assim o homem no pode
encontrar o caminho at Deus. Esta ainda funo do Esprito Santo, o qual coloca
o homem no caminho correto e o dirige at cruz de Cristo. Pentecoste uma grande
oportunidade para lembrar ao pregador de que a persuaso no tarefa sua, mas
sim, responsabilidade do Esprito Santo, este Seu ofcio.

llwETw = beba. Em Cristo o smbolo e a profecia estavam cumpridos. Jesus a


fonte de gua viva. Sobre a metfora de "sede" e "beber da gua", compare com o
que Jesus disse para a mulher na fonte de Jac (ct. Jo 4.10,14). "Se algum tem sede,
venha a mim e beba." No h dvida de que Jesus aqui est falando de sede
espiritual (cf. Is 49.10,55.1 e Ap 21.6; quanto ao convite, no esquecer Mt 11.28).
digno de nota que em todos os casos, tanto no AT como no NT, no h restrio.
Qualquer um que estiver sedento espiritualmente, objeto adequado para receber a
gua gratuita do evangelho. Jesus no faz restries, mas apenas convida. Somente a Lei pode revelar nossa grande necessidade, assim como Jesus fez com a mulher
no poo de Sicar. Somente aquele que reconhece sua sede espiritual, sua grande
necessidade de perdo, ir apreciar o convite de Jesus em nosso texto (cf. Jo 4).

V.38: Karw EL7TEV7] ypacp7]: A margem de Nestle-Aland pergunta unde? (onde?)


e ento apresenta uma longa lista de referncias, mas nenhuma delas reproduz
de forma literal as palavras de nosso texto. Fica claro que Karw denota passagens paralelas, de idias similares, mas no com as mesmas palavras. Nestle293

Igreja Luterana - N" 2 - 1999


Aland sugere 1s 4319ss; Ez 47.1-12; J14.18; Zc 14.8; Pv 18.4; Ct 4.15 como
passagens que abordam tema semelhante. A meu ver, o texto de Ez 47.1-12
ilustra de forma magistral o evangelho em questo e oferece uma riqueza
homiltica ao pregador. Ali Ezequiel v guas fluindo debaixo do limiar do
templo. As guas crescem e se tornam um rio, um grande rio e sua margem h
muitas rvores. Esse rio leva vida ao Mar Morto e transfonna suas guas. E o
texto conclui dizendo: "e tudo viver por onde quer que passe este rio. " (v.9).

Kodw = Denota as partes ocultas e mais interiores do corpo humano (tero,


estmago). Seria a parte mais ntima do ser. A BLH traduz por "corao". Um corao transbordando de gua da vida certamente ser uma fonte de vida para muitos
(cf. Lc 6.45).
V.39: A referncia explcita ao Esprito Santo faz com que este texto seja apropriado
para o Pentecostes. A funo do Esprito Santo testemunhar o Cristo glorificado. A glorificao ocorre na crucificao, ressurreio e exaltao de Jesus.
Mais adiante (Io 14.26; 16.7 e 20.22), fica claro que o Esprito Santo vir para a
comunidade de fiis aps a glorificao de Jesus. O v.39 aponta para a
centralidade da cruz. Sem a cruz e a tumba vazia, o Esprito Santo no poderia
realizar sua obra de santificao. A plenitude da obra do Esprito depende da
obra redentora realizada previamente por Cristo.
PROPOSTA HOMILTICA

A promessa de nosso texto, a princpio, confronta o pregador e seus ouvintes


com um problema: "do seu interior fluiro rios de gua viva". Ser que de fato
isso que as pessoas vem quando se encontram com um cristo? Para ser mais
especfico, isso que ns cristos experimentamos quando nos encontramos uns
com os outros - "gua viva"? Parece que Tiago pe mais gua nesta fervura,
quando pergunta se de uma mesma fonte pode jorrar o que doce e o que amargoso
(Tg 3.11)? O evangelho deste Domingo oferece ao pregador uma grande oportunidade (diria at visual), de se pregar sobre a incrvel e maravilhosa obra do Esprito
Santo. possvel obter "gua viva" de recipientes secos e disformes? Para o
Esprito de Deus tudo possvel! (cf. Ez 37.1-14).
A primeira parte do sermo seria um vibrante "Sim", em resposta pergunta
formulada pelo tema do sermo. Pessoas pensam que" gua viva" s pode fluir de
pessoas perfeitas e santas. No assim, pois no h santos perfeitos - exceto pela
perfeio oferecida por meio de Cristo e do lavar regenerador e renovador do
Esprito - o Batismo (cf. Ef 5.25-26; Tt 3.4-7). Todavia, esse processo no estar
completo at estarmos face a face com nosso Deus. Aqui, como igreja militante,
ainda somos simul iusti et peccatores.
A Segunda parte seria: o Esprito Santo continua operando em ns - os recipientes secos e disformes. Que a gua da vida possa ser derramada em mim, uma
pessoa morta em peados e transgresses, j algo espantoso demais. Mas que a
gua da vida possa fluir de mim, do meu interior - como isso possvel? Quem sou
294

eu? Um pobre e miser,~ _


sou um pecador peri,:,:::::.
do Batismo. A gua que :' ...
gua que colocamos ;:-::.-::.
descer dos cus -em SU2.? eis-:-.:._
nuar como recipientes se::: ::.
coisas antigas passam e e i5 ::. -: '-:
transformou (cf. Mt 17.2 ::-:::dizer desta forma: o Cris::
sobre o cosmos e o sa];2 i.

somente o repugnante pe::::.:


ruge, uma base ou mesmc_::.
cirurgia cosmtica em n:s:.:.
pecado e implanta a santiJ;,,::-: : s
co. Ele transforma "rec(D!t:oc:c
gua da vida que dEle proce::-: - ~
Jesus nunca desiste.

Igreja Luterana - N 2 - 1999


- . ?-. 18.4; Ct 4.15 como
. _ :- _ texto de Ez 47.1-12
e 'Jferece uma riqueza
- :::. debaixo do limiar do
..

.:=

. i: rio e sua margem h


. 'z:"forma suas guas. E o
.~iE passe este rio. " (v.9).

:; ::J corpo humano (tero,


por "corao". Um coraz fcmte de vida para muitos

- .: ~ .. z

.::.:eeste texto seja apropriado


: :e5temunhar o Cristo glorifi; ..:-,eioe exaltao de Jesus.
.::.:eJ Esprito Santo vir para a
:" >5U5. O v.39 aponta para a
. :. Esprito Santo no poderia
. _ z ~ :. bra do Esprito depende da

eu? Um pobre e miservel pecador? Sim, mas essa no toda a verdade. Tambm
sou um pecador perdoado, um pecador lavado e regenerado diariamente nas guas
do Batismo. A gua que flui tem sua fora, no do recipiente em si, mas em Jesus. A
gua que colocamos para fora depende das chuvas de bnos que Deus faz
descer dos cus - em Sua Palavra e Sacramentos. Em Cristo, no precisamos continuar como recipientes secos e disformes - feias criaturas. Cristo nos transforma, as
coisas antigas passam e eis que se fazem novas (cf 2 Co 5.17). O Cristo que se
transfOlIDou (cf. Mt 17.2) tambm nos transforma (cf.. 2 Co 3.18). Algum poderia
dizer desta forma: o Cristo" csmico" tambm um Cristo" cosmtico". Ele reina
sobre o cosmos e o salva do caos. Cristo traz beleza e santidade onde antes havia
somente o repugnante pecado. Sua obra no apenas superficial, como se fosse um
ruge, uma base ou mesmo um simples perfume. No! O Cristo" cosmtico" faz uma
cirurgia cosmtica em nossa alma desfigurada pelo pecado. Ele corta o nosso
pecado e implanta a santidade. Nosso Jesus Formoso um incrvel cirurgio plstico. Ele transforma "recipientes secos e disformes" em belos depsitos de gua, da
gua da vida que dEle procede - mesmo que isso exija mais do que uma operao .
Jesus nunca desiste.

Ely Prieto

C.::i o pregador e seus ouvintes


; .:JlIa viva". Ser que de fato
.:::m um cristo? Para ser mais

- :, quando nos encontramos uns


=. ;,.'Se mais gua nesta fervura,
-:..::J que doce e o que amargoso
_. ;,regador uma grande oportunie: e maravilhosa obra do Esprito
:ctes secos e disformes? Para o

-e 'Sim", em resposta pergunta


'. ~ue "gua viva" s pode fluir de
: santos perfeitos - exceto pela
"ir regenerador e renovador do
-:-.:davia,esse processo no estar
eus. Aqui, como igreja militante,

:Ilua operando em ns - os recipissa ser delTamada em mim, uma


clgo espantoso demais. Mas que a
- como isso possvel? Quem sou
295

Igreja Luterana N 2 . 1999


castas. Quando algu:T. se :. _
com todas as suas resp:':::.:~
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se distribuir emprego. o ==:':~
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empregoserdadoaaIgu:T,::e
,':':::2
sutil, porm eficaz de perse~"

DEVOES

ATENTEMOS

NAS COISAS QUE SE NO VEM


(2 CORNTIOS 4.13-18)

Numa das cenas finais e marcantes do filme a ltima Cruzada, Indiana Jones vai em
busca do suposto clice do Santo Graal utilizado por Jesus na ltima Quinta-feira
Santa e cujo contedo curaria doenas e traria longevidade. O trajeto, como sempre,
cheio de percalos e num determinado ponto culmina num estreito caminho que d
acesso apenas a um enorme abismo. Orientado por um cdice que descreve como
chegar ao outro lado, Indiana consulta-o e o desenho mostra uma figura humana
dando um passo no vazio, sobre o abismo. Ele olha para o abismo e o que v apenas
uma nvoa e o abismo. Como dar um passo para dentro do abismo intransponvel?
Como atrs vm os inimigos ferozes e reais, algo precisa ser feito. Suando, arfando e
tremendo, Indiana fecha os olhos, estica a perna sobre o abismo e d o passo. E seu p
encontra apoio! Ali est uma ponte estreita, invisvel porque se confundia com o
abismo debaixo daquela nvoa. E Indiana segue em busca do clice ...

Outras vezes a tribuiac2.


::-:_'
armados numa escola de Se"..': "
Dentre os estudantes men':
'_
Entre estes estava uma :T::;':' ,
matador aproximou-se dei.: e ec- ~=
"Sim, eu acredito em Deu'-- e
tornou-se uma mI1ir para~s ::--.
inspirado milhes de amen.:. 2 No incio do nosso te\::
lermos este Salmo veremos o ...e

'

"Laos de morte me cercara:': . _ -:tribulao e tristeza." E no \e-'


Davi acrescenta "mas es:i\ c :.
Quais so as nossas tri':inferno. O que surpreende e:-'
situao de "momentnea 1e'-=:::.:.
porque vivemos no fluxo de :::Te '
outro momento, mas ele pass:::,-:
os dedos. Os momentos de :::~
_
acumulam.
o

Em nosso texto o apstolo fala de coisas que se vem e ao mesmo tempo nos
convida a que "atentemos nas coisas que se no vem." Nos vv. 17 e 18 ele diz:
"Porque a momentnea leveza da nossa tribulao produz para ns eterno peso de
glria, acima de toda comparao, no atentando ns nas cousas que se vem, mas
nas que se no vem; porque as que se vem so temporais, mas as que se no vem
so eternas." O apstolo est falando de duas realidades, de dois mundos, que se
caracterizam por elementos opostos.
A primeira realidade representada pela tribulao. a realidade do mundo
vemos, que percebemos e que, acima de tudo, nos persegue. Nos versculos
o.ntecedem nosso texto o apstolo diz: "Em tudo somos atribulados, porm
angustiados; perplexos, porm no desanimados; perseguidos,
porm
desamparados; abatidos, porm no destrudos."

que
que
no
no

Via de regra, a perseguio do mundo rara.mente aberta e ostensiva. Fato que o


mundo no quer ver seus dolos desconsiderados, nem sua conduta censurada. Os
inimigos no vo nos perseguir por causa da nossa santidade. Mas eles o faro sob
outros pretextos. At nos tempos bblicos foi assim. Elias, por exemplo, ser acusado de
"perturbador de Israel"; o apstolo Paulo ser acusado de ser o "homem que transtorna
o mundo" e Cristo ser punido como sendo blasfemador e inimigo do governo.
H um ms atrs conversava com um pastor da ndia. Dizia-me ele que na ndia
apenas 3% da populao so cristos. 70% dos empregos so garantidos para as
296

O apstolo ento nos (;or:\:::.:..:..:.:.


das coisas que se no vem. :-.;,:~ .-=-.::
Todo esforo para entender :=:Te'
"
como tentar descrever J _
Mesmo assim podemos
Se 10 anos de tribuIa~,: ,c
tribulao se torna leve. C:'r:::.:::'
1 segundo, isto certamem",,,,.
Mas, enquanto a tribU::::;2:
concentrada e eterna. A is:~ - .
coisas que se no vem m3.o .:., e -.""
Somos convidados a a'er.~2C-.:.
normalmente empregado ;2..
apstolo emprega o \'erto ,-'o --

Igreja Luterana - N" 2 - 1999


castas. Quando algum se diz cristo, ele logo promovido para a casta superior
com todas as suas responsabilidades. Em si um grande privilgio. Mas na hora de
se distribuir emprego, o cristo, mesmo bem qualificado, nunca favorecido. O seu
emprego ser dado a algum de casta inferior, embora sem qualificao. um mtodo
sutil, porm eficaz de perseguio.
llJ

E SE NO VEM

~,-JZada, Indiana J ones vai em


,'~sus na ltima Quinta-feira
~-,.:c.O trajeto, como sempre,
, -~mestreito caminho que d
_-::~::dice que descreve como
, -, :nostra uma figura humana
_ ~ ':' abismo e o que v apenas
; c -::::.
do abismo intransponvel?
-- .. ::' ser feito. Suando, arfando e
, . abismo e d o passo. E seu p
~: porque se confundia com o
.':.a do clice ...
~em e ao mesmo tempo nos
oc::L" Nos vv. 17 e 18 ele diz:

_. ,-:.duz para ns eterno peso de


, : ~,ascousas que se vem, mas
,-', :.rais, mas as que se no vem
~ades, de dois mundos, que se

__. a realidade do mundo que

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':.mos atribulados, porm no
- a'::s: perseguidos, porm no

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;,em sua conduta censurada. Os
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=.::s, por exemplo, ser acusado de
a'::. de ser o "homem que transtorna
;,:0[ e inimigo do governo.
, :.>dia. Dizia-me ele que na ndia
c-::~pregosso garantidos para as

Outras vezes a tribulao mais direta. No dia 20 de abril dois rapazes entraram
armados numa escola de Segundo Grau em Litteton, Colorado, e mataram 13 pessoas.
Dentre os estudantes mortos, vrios deles pertenciam a grupos religiosos cristos.
Entre estes estava uma moa chamada Cassie Bernall. Diz a revista Time que o
matador aproximou-se dela e perguntou se acreditava em Deus. Quando ela disse
"Sim, eu acredito em Deus", ele disparou a arma. Segundo a mesma revista, Cassie
tornou-se uma mrtir para os demais adolescentes cristos e a sua vida e morte tm
inspirado milhes de americanos.
No incio do nosso texto o apstolo refere-se a Davi, citando o Salmo 116. Se
lermos este Salmo veremos que tribulao e morte eram vizinhas de Davi. Ele diz:
"Laos de morte me cercaram, e angstias do inferno se apoderaram de mim; ca em
tribulao e tristeza." E no versculo que o apstolo cita Davi "eu cri, por isso falei,"
Davi acrescenta "mas estive sobremodo aflito."
Quais so as nossas tribulaes? Aflies? Laos de morte? Angstias do
inferno. O que surpreende em nosso texto que o apstolo denomina essa nossa
situao de "momentnea leveza". A tribulao acontece num determinado momento
porque vivemos no fluxo do tempo. Mas cada momento com sua dor passa. Vem
outro momento, mas ele passa. Tais momentos fluem, desaparecem como areia entre
os dedos. Os momentos de tribulao no se juntam, no se concentram, no se
acumulam.
O apstolo ento nos convida a atentarmos para uma outra realidade - a realidade
das coisas que se no vem. Na etemidade no h fluxo de tempo como o entendemos.
Todo esforo para entender tempo na eternidade inadequado. Como disse algum:
como tentar descrever a cor branca com palavras que significam a cor preta.
Mesmo assim podemos imaginar um pouco do que o apstolo quer dizer.
Se 10 anos de tribulao so diludos em cada segundo desses 10 anos, essa
tribulao se torna leve. Contudo, se 10 anos de tribulao fossem concentrados em
1 segundo, isto certamente seria uma grande peso.
Mas, enquanto a tribulao assim diluda e momentnea, a glria, por sua vez,
concentrada e eterna. A isto o apstolo chama de "eterno peso de glria." So as
coisas que se no vem mas que no so menos reais s porque invisveis.
Somos convidados a atentar para as coisas que se no vem. Blpein o verbo
normalmente empregado para designar um ver em geral. Mas em nosso texto o
apstolo emprega o verbo skopein. Skopein significa fixar os olhos num ponto,
297

Igreja Luterana - N 2 - 1999

enfocar um objeto. Da vem a palavra "periscpio", por exemplo, usado nos


submarinos. um ver que vai alm do ver comum. um ver que atravessa as ondas,
as vagas, o turbilho e focaliza um ponto especfico no horizonte que est acima.
um ver diferente, incomum que precisa de um instrumento especial - a f.
Ns vemos! Ns atentamos pela f. A f no um simples artifcio humano, mas
poder divino. F a dimenso da eternidade estendida a ns - e que s percebemos
quando ela j est dentro de ns. Pelo batismo esta f nos permite ver o invisvel,
mesmo cercados por inimigos, aflies, abismos e nvoas. Pela f vemos at a
ressurreio de Cristo, diz Paulo, e tambm a nossa ressurreio, que no so vistas
pelo ver comum.
Pela f vemos a ponte que nos d acesso ao clice da salvao, ou seja, o
prprio Cristo. Este sim que nos restaura a vida na sua glria, plenitude e eterna
longevidade.

Devoo proferida pelo Prof Dr. Acir Raymann


na capela do Seminrio no dia 17 de junho de 1999.

o GRANu

Em nome de Jesus. c

:-'0'- -

Muito estimados em Cr: ,.: '., ~


semana que foi, pelo me,:~:'. e:-e e
fizeram festa. Agora es:: ;-. ~
vindo. A imprensa se fart~:~ ..:~~-:
e violncia, havia olite 2.:" _ ..
que no tiveram de pensa:- =.~::Feminino. Foi, por isso. '.ir;,,, : .'':;
outros, que tiveram a OpO::Tc:.,
...
~-==
palavras do Senhor. "Vede q_e ,..:.,z
Nas palavras do SenIL.:- 7e:_~
sobre a escatologia, as 00;<.,: .. II

Em meio repreensc 3.:, .....


no ltimo dia." "Repete". d:~
discurso relatado no capt;jlc ,c ee
Eu sou o po da vida. Quem j,: :-:-.--c
meio a este discurso o Ser:h:" ;::
ressurreio que Ele realiz~:: -.:
adjetivo scaton - ltimo.
escatolgico ofim. A at :-:-.0':-- Falam de Apocalipse. Am',,;e _. "revelao") vira sinni::::: e.
exclusiva de Nostradamus.
A nfase bblica OutE.a volta do Senhor. A vincLl

aguarda. E ao qual outrcs e', e,.: . : 2


fim do universo, a criao: j _:'.:
estes fatos globais, nosse Se- - .
cada um de ns: "eu o ress~s._:.::..-e
ressurreio. E resSUITei~2::e
por ocasio da ressurreii~::"c
~,
nfase outra. A nfase _. _"~'
298

Igreja Luterana

~ ~:xemplo,

- N 2 - 1999

usado nos

::- ;;ue atravessa as ondas:


.'nte que est acima. E
. :s:,ecial- a f.
. -. =

o GRANDE fATO
(Joo

ESCATOlGICO
6.41-51)

- ::" artifcio humano, mas


_ = - s - e que s percebemos
- . " permite ver o invisvel,
.:: - as. Pela f vemos at a
_~cio, que no so vistas

Cc.::
_=

da salvao, ou seja, o
5lria, plenitude e eterna

Prof Dr. AGir Raymann


- dia 17 de junho de 1999.

Em nome de Jesus, o Senhor. Amm.


Muito estimados em Cristo Jesus. E aqui estamos, em plena Sexta-feira 13! Em uma
semana que foi, pelo menos, diferente! Foi uma semana e tanto para os msticos, que
fizeram festa. Agora esto por a arranjando alguma explicao do porqu do fim no ter
vindo. A imprensa se fartou. Afinal, alm dos temas desemprego, caos da sade pblica
e viol~ncia, havia outro assunto candente no ar. Para os pastores foi uma semana em
que no tiveram de pensar muito sobre o que enfocar no estudo para o Departamento
Feminino. Foi, por isso, uma semana abusada por alguns, mas bem aproveitada por
outros, que tiveram a oportunidade de lembar ao povo de Deus a profundidade das
palavras do Senhor. "Vede que ningum vos engane!" (Mt 24.4).
Nas palavras do Senhor Jesus, no texto de Joo 6, h lembretes importantes
sobre a escatologia, as coisas referentes ao fim.
Em meio repreenso aos murmuradores, o Senhor repete: "eu o ressuscitarei
no ltimo dia." "Repete", digo, porque esta frase ele a diz quatro vezes em seu
discurso relatado no captulo 6 de Joo. A mensagem toda se centraliza na verdade:
Eu sou o po da vida. Quem de mim se alimenta, trazido por meu Pai, este vive. E em
meio a este discurso o Senhor, sem falar de fim do mundo, enfatiza a verdade da
ressurreio que Ele realizar "no ltimo dia" (alis, expresso onde se encontra o
adjetivo scaton - ltimo, ou fim). Verdade que, para o mundo, o grande fato
escatolgico ofim. A at mesmo os analfabetos em Escrituras se tornam telogos.
Falam de Apocalipse, Armagedom, profecia! "Apocalpse" (que significa realmente
"revelao") vira sinnimo de "fim do mundo". "Profecia" se torna propriedade
exclusiva de Nostradamus.
A nfase bblica outra. O grande fato escatolgico no o fim do mundo, mas
a volta do Senhor. A vinda visvel de Jesus o evento pelo qual o povo de Deus
aguarda. E ao qual outros eventos antecedem e seguem. Agora, os sinais; depois, o
fim do universo, a criao dos novos cus e nova terra. Mas, ao invs de enfocar
estes fatos globais, nosso Senhor aponta para o fato escatolgico que se dirige a
cada um de ns: "eu o ressuscitarei no ltimo dia." O scaton, para ns, significa
ressurreio. E ressurreio vida, no morte; comeo, no fim. Sim, claro que
por ocasio da ressurreio dos mortos tambm haver o fim do mundo. Mas a
nfase outra. A nfase do Senhor, para a qual chama a nossa ateno, Sua
299

Igreja Luterana - N 2 - 1999


gloriosa obra de ressuscitar os mortos. De concretizar, ou, de tornar plena Sua obra
escatolgica. Que j iniciou quando Ele veio ao mundo pela primeira vez.
, numa semana onde se falou de escatologia como coisas l do fim, talvez no
se tenha lembrado que, na viso bblica, o scaton j iniciou. Seno vejamos. O
apstolo Pedro, em sua primeira carta, fala da primeira vinda de Jesus, dizendo:
"conhecido, com efeito, antes da fundao do mundo, porm manifestado no fim
(scaton) dos tempos, por amor de vs"(1 Pe 1.20). Paulo, aos Corntios, lembra que
ele e seus leitores so, em Cristo, pessoas sobre quem "os fins dos sculos tm
chegado" (1 Co 10.11). E o nosso Senhor, em Seu ministrio terreno, anuncia aos
que zombavam de Sua obra: "Se eu expulso os demnios pelo Esprito de Deus,
certamente chegado o reino de Deus sobre vs"(Mt 12.28). Em Cristo, em Sua
vinda como Deus encarnado e em Sua obra de esmagar a cabea da serpente, est a
inaugurao dos tempos do fim. J a fica evidenciado que a batalha final, ainda que
aguardada, j tem vencedor.

QUE FOI QUE

Que foi que Pedra re.:::~"~::.:


dos crticos que, duvidar:.
acha que algum disse. c q'.::e::: -<:er
"que foi que Pedra realm~.: _.: o-o
suas palavras?

Em nosso texto, Jesus nos leva a esta percepo da escatologia j iniciada,


quando nos assegura: "Quem cr, tem vida eterna"(Jo 6.47). "Tem"; no "ter"! Em
Cristo, a vida eterna nossa, garantida e pode ser, desde j, celebrada.

Mas antes disso pre=:s:.~'


pronunciou. E aqui h cec,.
antigas (Almeida Revistz, e c:
Cristo. Isto combina com '" , . -

Ainda estamos na expectativa. Ainda no o fim. As marcas desta era - a presente


era m - esto a. H perseguies pelo mundo afora. A mensagem CllSt debochada.
Irmos nossos passam por tribulao. Talvez mesmo alguns de ns estejam vivendo
tempos de aflio e dvida. No, ainda no estamos no cu. Nossa escatologia no
aquela do triunfaiismo barato. Nossa vida em Cristo vivida em meio cruz. Por isso
mesmo, as palavras do nosso Senhor so to consoladoras e importantes: "Eu sou o
po que desceu do cu; se algum dele comer, viver eternamente"(Jo 6.51). preciso
comer do po da vida, que Cristo. Ele vem a ns no Evangelho. Ele nos alimenta com
Seu corpo e sangue. Ele nos renova, fazendo-nos valer diariamente o batismo. Ele nos
conforta pela doce palavra de absolvio. Ele nos assegura da vida eterna, pela presena
e conforto de Sua palavra entre ns. Isto o absolutamente necessrio. Neste tempo
em que aguardamos a ressulTeio e celebramos o fato de que em Jesus, desde j temos
a vida eterna, que para ser vivida, celebrada e testemunhada. Amm.

Mc e Lc). Mas exatamente:::significativo por parte dcs "'::~._ -Ficamos, pois, com a Alme;~: =
aceito (por, entre outras ==:s:...
Simo Pedra confessar: :\;

l'vfensagem proferida pelo Prof Gerson Luis Linden na devoo do


Seminrio Concrdia em 13 de agosto de 1999, realizada na
capeia da Congregao So Joo Batista, em So Leopoldo.

Agora que sabemos o q.:: ".:


quis dizer. Simo Pedra ccrre:: . .:
Deus. Santo geralmeme :'.ce-c
conseguinte sagrado). Ag::-:,. o::':;
de Jesus, equivaleria a dizer'~ ~
o Senhor totalmente outr=. e:=

Pedra. No no cu, mas na :: c __;. . ~


tambm o aspecto positi\ci":::. :.
Deus. Ele o Agente auu,:z.: ..
[Alis, essa questo de agt_
central do evangelho de J=.3..:: ou ao Filho, Jesus Cristo'] Te
Deus. s palavras de Jes::s
antepor: "Ningum vem j -::
dobradinha com a confiss-'.:
Deus; o Deus unignirc,
Pedra confessou: lU. Deus, que vem de Deus. e:~ ~
evangelho de Joo. E . :. :-:2:-

300

Igreja Luterana - N" 2 - 1999

-.:e

tornar plena Sua obra


vez.

-- -:~.:lpnmelra

: -:,as l do fim, talvez no


" ~,.:iou. Seno vejamos. O
mda de Jesus, dizendo:
-:rm manifestado no fim
Corntios, lembra que
"os fins dos sculos tm
",s:rio terreno, anuncia aos
- _:,::5 pelo Esprito de Deus,
, '2.28). Em Cristo, em Sua
- .; ~ .:.:abea da serpente, est a
" :.C: a batalha final, ainda que

QUE FOI QUE PEDRO REALMENTE DISSE


(Joo 6.69)

. JUS

ia escatologia j iniciada,
"Tem"; no "ter"! Em
.c;iej, celebrada.
,-

:::arcas desta era - a presente


. cnsagem crist debochada.
_.;:uns de ns estejam vivendo
:~u. Nossa escatologia no
'.:da em meio cruz. Por isso

-o:

'-lS e importantes: "Eu sou o


c:~~,amente"(Jo 6.51). preciso
,ngelho. Ele nos alimenta com
::a,rJamente o batismo. Ele nos
da vida eterna, pela presena
.~nte necessrio. Neste tempo
- ::~que em Jesus, desdej temos
.:hada. Amm.
c: ::.:.

<~1!1Luis Linden na devoo do

agosto de 1999, realizada na


/oo Batista, em So Leopoldo.

::2

Que foi que Pedra realmente disse? No, no estou fazendo a tpica pergunta
dos crticos que, duvidando de tudo e de todos, querem distinguir entre o que se
acha que algum disse, o que poderia ter dito, e o que ele de fato disse. Ao perguntar,
"que foi que Pedro realmente disse?", estou me perguntando: Que querem dizer as
suas palavras?
Mas antes disso precisamos determinar que palavras exatamente Pedro
pronunciou. E aqui h controvrsias. Em primeiro lugar, segundo tradues mais
antigas (Almeida Revista e Corrigida, por exemplo) Pedra confessou que Jesus o
Cristo. Isto combina com a confisso de Pedra em Cesaria de Filipe (segundo Mt,
Mc e Lc). Mas exatamente por combinar, e especialmente por ter um apoio menos
significativo por parte dos manuscritos gregos, cheira a harmonizao dos copistas .
Ficamos, pois, com a Almeida Revista e Atualizada, que repraduz o texto grego hoje
aceito (por, entre outras coisas, ter a seu favor os melhores manuscritos), e faz
Simo Pedra confessar: Ns temos crido e conhecido que tu s o Santo de Deus.
Agora que sabemos o que ele disse, podemos nos perguntar quanto ao que ele
quis dizer. Simo Pedra confessou que Jesus Cristo o Santo de Deus, o Kadosh de
Deus. Santo geralmente interpretado no sentido de separado do profano (e por
conseguinte sagrado). Agora, esta uma definio por demais negativa. No caso
de Jesus, equivaleria a dizer: O Senhor tem tudo a ver com Deus, o Filho de Deus,
o Senhor totalmente outra, etc. Acontece que Jesus est ali, na presena de Simo
Pedra. No no cu, mas na sinagoga de Caarnaum. Por isso, necessrio enfatizar
tambm o aspecto positivo dessa santidade. Como Santo, Jesus representa e revela
Deus. Ele o Agente autorizado de seu Pai. Jesus aquele a quem o Pai enviou!
[Alis, essa questo de agncia e representao pode ser vista como o conflito
central do evangelho de Joo. Esse papel pertence Lei e s instituies judaicas
ou ao Filho, Jesus Cristo?] Jesus o mensageiro que vem do alto. Ele o que revela
Deus. s palavras de Jesus: Ningum vem ao Pai seno por mim, poderamos
antepor: "Ningum vem do Pai seno eu". A confisso de Pedro um eco ou faz
dobradinha com a confisso do evangelista em Jo 1.18: "Ningum jamais viu a
Deus; o Deus unignito, que est no seio do Pai, quem o revelou."
Pedro confessou: Tu, Jesus, s o Santo de Deus. s o Santo que pertence a
Deus, que vem de Deus, etc. Curioso que esta a primeira vez que Pedra fala, no
evangelho de Joo. E , a rigor, apenas a segunda vez que se menciona Pedra. A
301

Igreja Luterana - N 2 - 1999

primeira meno no captulo primeiro. (Depois ele volta nos captulos 13, 18,20 e
21.) Andr, o irmo de Simo Pedra, ouviu o testemunho de Joo (Ele o Cordeiro
de Deus!), seguiu Jesus, achou seu irmo, Simo, e diz: "Achamos o Messias (que
quer dizer Cristo), e o levou a Jesus" (Jo 1.41-42).

JESUS

Aqui, no captulo seis, na segunda referncia a Pedra, ele na verdade apenas


repete o que ouviu de Andr: Tu s Santo de Deus (o Messias), o Agente de Deus,
aquele que traz vida eterna. Sim, confisses so feitas, so formuladas, mas
geralmente so aprendidas. No foi diferente com Pedro.
Confisses so tambm feitas em determinado contexto.

Essa de Simo Pedra

aparece no sexto captulo da histria contada por Joo. Joo 6 o discurso do po


da vida, que explica o sentido mais profundo do milagre da multiplicao dos pes
e peixes. Ao longo do texto aparecem reaes a esse discurso.
A primeira reao diante do sinal foi: "Este , verdadeiramente, o profeta que
devia vir ao mundo" (6.14). A segunda reao foi o desejo de proclamar Jesus rei
(6.15). Jesus se retira e o cenrio comea a mudar. Quando Jesus fala do po que
desceu do cu, os judeus murmuram (6.41). Discutem entre si (6.52). A reao
negativa se espalha e chega aos discpulos. Muitos deles disseram: "Duro este
discurso; quem o pode ouvir?" (6.60). H murmrio entre os discpulos (6.61).
Jesus declara que h descrentes entre eles (6.64). Da muitos discpulos abandonam
Jesus (6.66). um quadro pouco animador. E a coisa fica dramtica quando Jesus
se dirige aos doze (aparentemente os nicos que restaram) e pergunta: "Ser que
tambm vocs querem ir embora?" (6.67). Ele espera uma resposta negativa, e no
d outra. Pedro, em nome deles, confessa: "Senhor, para quem iremos? Tu tens as
palavras da vida eterna; e ns temos crido e conhecido que tu s o Santo de Deus."
A lio que fica esta: A confisso acima de tudo resposta palavra de Jesus. No
caso, o discurso do po da vida. Outra lio que a confisso surge e ganha fora num
contexto de conflito. Confisso de f no o bvio da maioria, o mnimo denominador
comum da sensibilidade religiosa das pessoas em geral. No, confisso de f um
"apesar de", um protesto da minoria de Deus geralmente num contexto de incredulidade.
Uma ltima lio que os confessores sabem em quem eles crem. "Ns temos
crido e conhecido", ou, talvez melhor, "ns de fato cremos e sabemos que o senhor
o Santo de Deus." O confessor sabe em quem ele cr. Simo Pedro sabe que
Jesus, e somente Jesus, quem revela Deus. uma confisso de suma importncia.
Por isso importam as palavras bem exatas e o que elas significam. Por isso to
importante a pergunta inicial: Que foi que Pedra realmente disse? Ele disse: Tu s
o Santo de Deus. E, muito embora estejamos mais perto do dia de Sto. Agostinho
(28 de agosto) do que de So Pedra (29 de junho), este , num sentido bem especial,
um dia de So Pedra, do qual aprendemos a f e como confess-Ia. Amm.
Devoo proferida na capela do Seminrio pelo
Dr. Vilson Scholz no dia 27 de agosto de 1999.
302

Este evangelho de M2I: c, :'


isso no apenas por ter sid:: :' ." .:'
especialmente, porque vejo ::.:
veste a carne humana, que ce .::.
de anunciar vida e salvai\e - ..
Quero deixar claro que;: :C.e
mesma compartilhada pc: ::::..
esses, destaco Lutero. Com:::
"Esse evangelho nos Li'::
mim e a todos ns, assim eon'c c.
envolvido no mesmo pecLidc
mostra que ele suspira por cc:.
deformao. " (Castelo Forte. :. ~~

o texto inicia dizendo ... _


sobre ele colocasse a mo. '
No sabemos quem trouxe:,;:.
Podem ter sido os pais, os ir=~
importa mesmo que "o :1'0'
A razo? - essa ob\ia .... _
comunicar livremente. A su-:c::
humanas. A cegueira, por (:\c:::-:::,
afasta o surdo das pessoas. Se:'
HCOMUNICAOl
Observemos Jesus em _, .. _
o pedido, mas Ele vai alm, \ 'c ,c.:
qual era o prablema do Ta,::::
rogaram-lhe que sobre de'
o evangelista Marcos nos =l::>:C

Igreja Luterana - N 2 - 1999


, :aptulos 13, 18,20 e
: .~:3.0 (Ele o Cordeiro
-,: :-.::moso Messias (que

Jesus FAZ TUDO TO BEM


(MARCOS

7.31-37)

~l na verdade apenas
<'s), o Agente de Deus,
S3.0 formuladas, mas

",0 6 o discurso do po
,;' ::: multiplicao dos pes

Este evangelho de Marcos , para mim, um dos mais belos evangelhos. Digo
isso no apenas por ter sido pastor e missionrio para surdos por muitos anos, mas
especialmente, porque vejo aqui um Jesus que de fato se fez came. Um Verbo que
veste a carne humana, que se envolve em toda misria humana, com o nico objetivo
de anunciar vida e salvao - falar a nossa lngua.

:'.:eiramente, o profeta que


_., .:' de proclamar Jesus rei
.:':.:0 Jesus fala do po que
.' :nre si (6.52). A reao
. ~ ' disseram: "Duro este

Quero deixar claro que a admirao por este evangelho no s minha, mas a
mesma compartilhada por muitos outros telogos e estudiosos da Bblia, entre
esses, destaco Lutero. Comentando o mesmo, ele diz o seguinte:

Essa de Simo Pedro

:":'re os discpulos (6.61).


_ :'S discpulos abandonam
:.::dramtica quando Jesus
-.:> e pergunta: "Ser que
__~.:: resposta negativa, e no
:.':':.:.:juemiremos? Tu tens as
. ,'l tu s o Santo de Deus."
':.'rosta palavra de Jesus. No
- -,,,",0 surge e ganha fora num
:ria, o mnimo denominador
: ~:.. :"o, confisso de f um
. - .-:' c.ontextode incredulidade.

"Esse evangelho nos apresenta a Cristo como o homem que aceita a voc, a
mim e a todos ns, assim como devemos aceitar a ns mesmos, como se ele estivesse
envolvido no mesmo pecado e dano em que ns nos encontramos. E ainda nos
mostra que ele suspira por causa do diabo invejoso que deu origem a toda essa
defomwo." (Castelo Forte, 1983. Ter. 25/01)

I
o texto inicia dizendo ... "E lhe trouxeram um surdo e gago, e lhe rogaram que
sobre ele colocasse a mo. " (v.32)
No sabemos quem trouxe esse rapaz! O evangelista Marcos no nos informa.
Podem ter sido os pais, os irmos, quem sabe alguns amigos. No importa. O que
importa mesmo que "o trouxeram at Jesus!"

- :..m eles crem. "Ns temos


:.:',::s e sabemos que o senhor
: :.:. Simo Pedro sabe que
.'::sso de suma importncia.
:.' significam. Por isso to
.":te disse? Ele disse: Tu s
. :::' do dia de Sto. Agostinho
: ~. num sentido bem especial,
:.:nfess-la. Amm.
:: c'apela do Seminrio pelo
dia 27 de agosto de 1999.

A razo? - essa obvia. A busca pela cura. O desejo era que ele pudesse se
comunicar livremente. A surdez sem dvida uma das mais terrveis deficincias
humanas. A cegueira, por exemplo, afasta o cego dos objetos, das coisas. A surdez
afasta o surdo das pessoas! Sem audio - no h linguagem, no h dilogo - NO
H COMUNICAO!
Observemos Jesus em ao em nosso texto ... Ele no se dispe apenas a atender
o pedido, mas Ele vai alm. Vejam bem - e isso fundamental- ningum disse a Jesus
qual era o problema do rapaz. Diz o texto: E trouxeram-lhe um surdo e gago e
rogaram-lhe que sobre ele colocasse a mo." (v.32), Sabemos da situao porque
o evangelista Marcos nos deixa informados.
303

Igreja Luterana - N 2 - 1999


Mas voltemos a Jesus ... em sua oniscincia, o Salvador sabe onde est o
problema. O v. 33 diz que: "Jesus, tirando-o da multido, parte ... "
Como ser que Jesus fez isso? Ser que Jesus o pegou pela mo? Poderia, mas
creio que no o fez' O surdo uma pessoa extremamente desconfiada. Esse era o
primeiro contato de Jesus com o rapaz. Ento o que Jesus faz? Ele conquista a sua
confiana. Como? Falando a sua lngua!
Olhem o texto ... Jesus "fala" com o surdo. Jesus "diz" em sinais: "ei rapaz, vem
aqui." E este, prontamente, o entende e atende ao Seu sinal.
"Tirando-o da multido ... " O surdo, com o tumulto da multido, ficaria perdido
e confuso. Jesus est ciente dessa dificuldade - mas Ele tem a situao sob controle
- ele quer a ateno do rapaz surdo s para ele.
"Dedos nos ouvidos." O que Jesus est dizendo para o surdo? " a o seu
problema, no ? Eu sei!" Jesus no apenas simptico com o surdo, mas
profundamente emptico. Ele se encarna na situao real do surdo. E com toda
sensibilidade se comunica de forma clara e inequvoca.
"Tocou a lngua com saliva" Como se estivesse a dizer: "o teu problema vai
alm dos ouvidos, no verdade? Tu tambm no consegues falar."
Imaginem a cena ... Jesus tocando os ouvidos e a lngua do surdo, e o mesmo
pensando: "Esse no como os outros ... ele me entende. Ele sabe exatamente onde
est o meu problema!"
E Jesus vai adiante ... v.34: "Erguendo os olhos ao cu ... " A mensagem fica clara
para o surdo. A soluo para o teu problema vem l de cima. Deus - que compreende
e sente a tua necessidade - quem vai te auxiliar.

;7

O resultado imediato ... v.35: "abriram-se-lhe os ouvidos, e logo se lhe soltou


empecilho da lngua, e falava desembaraadamente. "

O milagre de Jesus espantoso, pois um milagre triplo. Explico. Ns falamos


porque ouvimos. Quando algum surdo desde pequeno - como aparenta ser o
'caso aqui - ele no tem o mesmo vocabulrio de uma pessoa ouvinte, ele mal sabe
algumas palavras. Quando Jesus curou esse rapaz ele no s restabeleceu a sua
audio, como tambm lhe conferiu todo o seu vocabulrio, pois, como diz o texto ..,
"e falava desembaraadamente. " Mas e onde est o terceiro milagre? Aps esse
contato com Jesus - o Verbo encarnado, tudo nos leva a crer que aquele rapaz foi
levado f e salvao. E esse, sem dvida, o maior dos milagres.
E todos aqueles que presenciaram o oconido ... muito admirados, diziam: "Como ele
faz tudo to bem!". Aqui ecoa Gnesis 1.31, quando diante de toda a sua criao Deus
d o seu aval final. Diz o texto: "viu Deus tudo quanto fizera e eis que era muito bom. "
304

Ai est a escatolcz;c
- .-:- _-.
descreve (Is 35.1-6). l::"~~~:-c: -;
Cristo h plena restaurJ.';'" =- :
Criador o havia ideaIind
e quem nEle est "nc
novas (2 Co 5.14-15,
3.

Estamos no ano de 196:


filhos: Ester (11 anos), Ice F':-::c.:.
Elisete a nica "ou";~::~
Ela est na 3" Srie no Cck z,
Sra. Naomi H. Warth. pedO' ec:
- Sou Cordeiro de Jesus.

A pequena Elisete faz s ': ; _,: :


"Eu tenho 2 irms mude;::'
delas e elas amam a Jeslis. L
elas isso: Eu sou cordeiriJ: ensinar assim Jesus meu Pc,',
... Filho unignito para qUE ,'C::'
Jesus ajudou os cegos 2
mais porque eu ensinei p,,",: ,
para mim. Jesus, um dia:
professora ensinou. Sal! c'
Qual o resultado da C2CC
assim dizer, o prottipo ck e_=
que veio a ser fundada di".':: c -

Hoje essa Escola tem .:..:.: :- _passando pelo Ensino Funcc


abandonado - usando as :2::-:: -.:. continua levando surdos ,::~ -:, __
E todos aqueles quec\:~'--.:.:tiveram algum contato ec::: e e
parentes e amigos ... mui:: __
fazendo tudo to bem.' .
Ali possvel ver a :-c t-,:. _
forma to maravilhosa e::. ~.:: c'

Igreja Luterana - N" 2 - 1999


~.li\ador sabe onde est o
parte ... "

- c:::J pela mo? Poderia, mas


"':e

~S

desconfiada. Esse era o


faz? Ele conquista a sua

Ai est a escatologia inaugurada. Essa ser a Sio futura, que o profeta Isaas
descreve (Is 35.1-6). Esse era de fato "aquele que estava para vir" (Mt 11.3). Em
Cristo h plena restaurao - ele quer ver o homem sadio e feliz assim como o
Criador o havia idealizado - e Ele age para que isso ocorra. Cristo morre e ressuscita,
e quem nEle est "nova criatura", as coisas antigas passam e eis que se fazem
novas (2C05.14-l5, 17).

n
_... em sinais: "ei rapaz, vem
;mal.
_ ia multido, ficaria perdido
cem a situao sob controle

=e

~: ::>arao surdo? " a o seu


. :-:-.;,ticocom o surdo, mas
. ~: real do surdo. E com toda

': .l dizer: "o teu problema vai


. "segues falar."
..:.l:ngua do surdo, e o mesmo
. Ele sabe exatamente onde

. : iZi... " A mensagem fica clara


__ ': : lma. Deus - que compreende

Estamos no ano de 1963 ... o casal Arnildo e Alida Lindenj tinham os seus quatro
filhos: Ester (11 anos), Ede Paula (10 anos), Elisete (9 anos) e Srgio (perto dos 3 anos).
Elisete a nica "ouvinte" entre os irmos, todos os outros nasceram surdos.
Ela est na 3" Srie no Colgio Concrdia de Porto Alegre. A Professora de religio,
Sra. Naomi H. Warth, pede que a classe faa uma composio sobre o tema da aula
, Sou Cordeiro de Jesus .
A pequena Elisete faz a seguinte redao para a professora Naomi:
"Eu tenho 2 inns mudas, mas eu mostro o retrato de Jesus e mostro que Jesus gosta
delas e elas amam a Jesus. Um dia vo falar, eu peo a Deus isso e eu vou ensinar para
elas isso: Eu sou cordeirinho de Jesus, ele me ama e morreu na cruz por mim. Vou
ensinar assim Jesus meu Pastor, nada me faltar. Deus amou o mundo de tal maneira
... Filho unignito para que todo que nele cr no perea mas tem a vida eterna .
Jesus ajudou os cegos e mudos, ele pode ajudar minhas innzinhas, ainda
mais porque eu ensinei para elas tudo de bonito de Jesus. Jesus eu te amo, ajuda
para mim. Jesus, um dia eu e minhas irmnhas vo cantar o hino que minha
professora ensinou. Sou cordeiro de Jesus ... "

ouvidos, e logo se lhe soltou

Qual o resultado da carta? A Profa. Naomi visita a famlia Linden e inicia, por
assim dizer, o prottipo do que veio a ser mais tarde a Escola Especial Concrdia,
que veio a ser fundada oficialmente no dia 5 de setembro de 1966.

:;~e triplo. Explico. Ns falamos


: - ':~ueno . como aparenta ser o
_.. :, pessoa ouvinte, ele mal sabe
.~~ ':1e no s restabeleceu a sua

Hoje essa Escola tem 220 alunos, que so atendidos desde o Programa de Pais,
passando pelo Ensino Fundamental e Mdio. Mas o seu objetivo primeiro jamais foi
abandonado - usando as palavras do Evangelho de hoje - "um grupo de pessoas
continua levando surdos at Jesus" (v.32).

. c

']lrio, pois, como diz o texto ...


''':' : terceiro milagre? Aps esse
a a crer que aquele rapaz foi
~.-. dos milagres.
.. admirados, diziam: "Como ele
~:.lnte de toda a sua criao Deus
';:era e eis que era muito bom."

E todos aqueles que conhecem o trabalho da Escola Especial Concrdia ... ou j


tiveram algum contato com ele ... professores, funcionrios, pais de alunos, irmos,
parentes e amigos ... muito admirados, continuam a dizer: "Como Jesus ... continua
fazendo tudo to bem!"
Ali possvel ver a continuao do milagre do Efat, o qual Marcos descreve de
forma to maravilhosa em nosso texto ... Abre-te!
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Igreja Luterana N 2 = 1999


Nesta Escola no so apenas ouvidos e bocas que so abertos, mas l a fora do
Evangelho escancara coraes ... e a ao redentora de Cristo continua tendo livre
curso.
Ainda hoje possvel ver um Deus encarnado na pessoa de Seu Filho Jesus. Um
Deus Homem que vem para redimir e restaurar - dar urna nova vida, urna nova forn1a
a todos os homens (2 Co 5.17).
, Jesus continua fazendo tudo to bem!
Aquele grupo era testemunha da perfeita ao de Jesus em favor de seu amigo
surdo. Eles observaram a profunda compaixo de Cristo por seu amigo e sua grande
compreenso pela necessidade humana. Eles viram a sensibilidade de Jesus retirando o jovem da multido, fazendo-se entender por ele. Ficaram maravilhados
diante do toque ntimo e pessoal de Jesus nos ouvidos e na lngua do surdo. Ento
no puderam mais se conter, quando este comea a ouvir e a falar sem nenhuma
dificuldade. Ah! Jesus ... nos desculpe, mas impossvel deixar de contar o que
aconteceu. E a concluso era apenas uma: "corno Ele faz tudo to bem!"

o que dizer de um Jesus que age assim? Somente que essa mesma compaixo,
esse profundo entendimento, esse magnfico poder que trouxe uma nova vida para
esse jovem surdo est inteira disposio dos muitos surdos que por ai esto, e
tambm est nossa inteira disposio.
o Jesus que fez tudo to bem ... o mesmo que continua a fazer tudo esplendidamente bem - hoje e eternamente. Que Seu maravilhoso Evangelho continue ecoando no somente em nossos ouvidos, mas especialmente em nossos coraes. Amm.

Devoo proferida pelo Prof Ely Prieto no dia 10 de setembro de 1999,


na Capela do Seminrio Concrdia.

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