O Princípio Da Unidade Da Constituição - Gilberto Bercovici

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O princpio da unidade da Constituio

Gilberto Bercovici

Gilberto Bercovici Doutorando em Direito


do Estado pela Faculdade de Direito da Universidade de So Paulo.
Braslia a. 37 n. 145 jan./mar. 2000

Um dos principais pontos da discusso


sobre a hermenutica constitucional a
questo dos princpios constitucionais.
Entre esses princpios vamos destacar o da
unidade da Constituio, fundamental
para a interpretao das normas constitucionais enquanto partes de um todo unitrio e coerente que o texto constitucional.
Os princpios gerais do direito assumem, enquanto tema pertencente Teoria Geral do Direito, um carter de extrema importncia, por serem bsicos para
uma compreenso do Direito enquanto
nvel da realidade social. Para que o Direito (um Direito especfico e determinado de cada sociedade)1 possua uma unidade e coerncia, torna-se necessria a
existncia de princpios que faam ligao
entre lacunas e que exprimam, justamente, o carter scio-cultural de um determinado ordenamento jurdico.
O estudo dos princpios pode ser viabilizado desde vrias perspectivas e enfoques tais como: enquanto norma, enquanto elemento de um ordenamento ou como
fator motivador ou justificador de deciso.
Nesse sentido, os princpios so formulados numa dimenso tico-valorativa de
idia que fundamenta os postulados de
justia inerentes ao ser humano, ou mesmo com a identificao dos princpios
como expresso de elementos de verdades
95

jurdicas universais, explicitando um carter jusnaturalista 2 .


Para Eros Grau, a positivao dos princpios gerais do Direito conseqncia do
seu descobrimento no interior do Direito
positivo, no do seu resgate no Direito
natural. Os princpios no se colocam
alm ou acima do Direito ou do Direito
positivo, pois fazem parte do ordenamento jurdico. O fato de os princpios serem
descobertos no significa que foram
resgatados numa ordem suprapositiva ou
no Direito natural, mas que estavam
inseridos no ordenamento, embora no
expressamente enunciados na Constituio ou outro texto positivado3 .
De acordo com Paulo Bonavides 4, tericos do Direito como Ronald Dworkin e
Robert Alexy buscam romper com limites
to rgidos para a compreenso do Direito. No caso de Dworkin e Alexy, os princpios aparecem dotados de normatividade
justamente para buscar uma maior capacidade de solucionar demandas complexas nem sempre previstas esquemtica e
especificamente em regras jurdicas, bem
como, por outro lado, a influncia do advento de grandes movimentos constituintes deste sculo.
Os princpios, assim, so ordenaes
que se irradiam e coordenam os sistemas
de normas. Apesar de serem base das normas jurdicas, os princpios podem estar
positivados em um texto normativo, consubstanciando as chamadas normas-princpio, constituindo, assim, elementos fundamentais da organizao constitucional.
A constitucionalizao dos princpios tem
um importante significado jurdico. Os
princpios assumem fora normativoconstitucional, superando definitivamente a idia de Constituio como mero instrumento de governo (Constituio-garantia), prevalecendo a adoo da Constituio dirigente, isto , determinadora de
fins e tarefas do Estado5.
Os princpios poltico-constitucionais
integram o Direito Constitucional positi96

vo, explicitando as valoraes polticas


fundamentais do legislador constituinte.
Consubstanciam a ideologia inspiradora
da Constituio. Esses princpios traduzem decises polticas fundamentais, concretizadas em normas conformadoras do
sistema constitucional positivo. Eles so
normas-princpio, isto , normas de que
derivam as normas particulares. Os princpios fundamentais so diretamente aplicveis, funcionando como critrio fundamental de interpretao e de integrao,
dando unidade e coerncia a todo o sistema constitucional6. Assim, os princpios
poltico-constitucionais visam essencialmente definir e caracterizar o Estado e
enumerar suas principais opes e objetivos poltico-constitucionais. Os artigos
que fazem parte dessa diviso podem ser
considerados como matriz dos restantes
dispositivos constitucionais, formando, nos
dizeres de Jos Joaquim Gomes Canotilho e
Vital Moreira, o cerne da Constituio 7 .
Dessa maneira, os princpios constitucionais configuram o ncleo irredutvel da
Constituio, que no pode ter suas normas interpretadas isoladamente, como se
fossem artigos colocados juntos ao acaso.
Afinal, conforme vimos acima, o texto
constitucional fundado em determinadas idias positivadas em princpios que
lhe garantem harmonia e coerncia8 .
A Constituio o texto jurdico que estabelece a estrutura e a conformao do
Estado e da sociedade. No pode, portanto, ter suas normas compreendidas pontualmente, a partir de um problema isolado9 . Uma norma constitucional isolada
no pode expressar significado normativo
se est destacada do sistema. Dessa forma,
no h interpretao de textos isolados, e
sim de todo o ordenamento constitucional10.
Esse o princpio da unidade da Constituio, consagrado nas seguintes decises do Tribunal Constitucional da Repblica Federal da Alemanha:
Una disposicin constitucional no
puede ser considerada de forma aislaRevista de Informao Legislativa

da ni puede ser interpretada exclusivamente a partir de s misma. Est en conexin de sentido con los dems preceptos de la constitucin, la cual representa una unidad interna11 .
El principio ms importante de interpretacin es la unidad de la constitucin en cuanto unidad de un conjunto con sentido teleolgico-lgico, ya que
la esencia de la constitucin consiste en
ser un orden unitario de la vida poltica y social de la comunidad estatal12 .
Resume Eros Grau o referido princpio
da unidade da Constituio:
No se interpreta a Constituio em tiras, aos pedaos 13 .
As normas constitucionais no esto
justapostas. A Constituio est fundamentada em uma determinada concepo
que intenta conformar a vida da sociedade e do Estado. As normas constitucionais
so fruto da vontade unitria do Poder
Constituinte, sendo geradas simultaneamente. No podem, portanto, estar em
conflito. Da mesma maneira, no h e
nem pode haver hierarquia entre normas constitucionais14 .
A relao de interdependncia existente entre as diversas normas constitucionais determina que o intrprete nunca
possa examinar uma norma constitucional de maneira isolada, mas sempre dentro do seu conjunto15.
No mesmo sentido, ensina Canotilho:
O princpio da unidade da constituio ganha relevo autnomo
como princpio interpretativo quando com ele se quer significar que a
constituio deve ser interpretada de
forma a evitar contradies (antinomias, antagonismos) entre as suas normas. Como ponto de orientao,
guia de discusso e factor hermenutico de deciso, o princpio da
unidade obriga o intrprete a considerar a constituio na sua globalidade e
a procurar harmonizar os espaos
de tenso existentes entre as normas
Braslia a. 37 n. 145 jan./mar. 2000

constitucionais a concretizar. Da
que o intrprete deva sempre considerar as normas constitucionais no como
normas isoladas e dispersas, mas sim
como preceitos integrados num sistema interno unitrio de normas e
princpios 16 .
O objetivo primordial do princpio da
unidade da Constituio o de evitar ou
equilibrar discrepncias ou contradies
que possam surgir da aplicao das normas constitucionais 17. A interpretao
constitucional, ao ser balizada pelo princpio da unidade da Constituio, tem por
fundamento a considerao de que todas
as antinomias eventualmente determinadas sero sempre aparentes e solucionveis, tendo em vista a busca do equilbrio
entre as diversas normas constitucionais18.
As normas constitucionais em tenso
tm de ser harmonizadas, equilibradas. A
busca do equilbrio dentro do sistema
constitucional tem por objetivo primordial que todos os seus preceitos obtenham
efetividade19. A busca por esse equilbrio
denominada otimizao por Konrad Hesse. Para esse autor, a otimizao (que deve
ser estabelecida de forma que todas as normas constitucionais alcancem a efetividade) obtida ao conciliarmos o princpio da
unidade da Constituio com o princpio
da proporcionalidade20 . Na medida em
que a otimizao produz um equilbrio, ao
mesmo tempo impe limites a uma determinada norma constitucional, sem negar
por completo sua eficcia. Esse equilbrio
d-se mediante a ponderao de valores
pelo intrprete, realizada caso a caso, sem
que nunca possa ser realizada em uma
nica direo pr-determinada21 .
Apesar das reformas constitucionais
ocorridas a partir de 199522, o princpio da
unidade da Constituio assegura a interpretao dinmica da Constituio de
1988 como um todo, nas palavras de Eros
Grau, tendo em vista a instrumentalizao das mudanas da realidade inseridas
no texto constitucional23. Afinal, no foram
97

modificados os princpios fundamentais


da Constituio, consagrados nos seus artigos 1 e 3. So esses os princpios constitucionais que constituem o cerne da
Constituio e que devem servir de diretriz, por meio do princpio da unidade da
Constituio, para a interpretao coerente das normas da Constituio de 1988
sem isol-las do seu sistema e contexto.
No nosso sistema constitucional, a definio dos fins do Estado no pode nem
deve derivar da vontade poltica do governo. Os fins polticos supremos e as tarefas
da Repblica encontram-se normatizados
na Constituio. Essa definio programtico-constitucional dos fins e tarefas do Estado no elimina o poder do governo, nem
impede a renovao da direo poltica e
a confrontao partidria. Cabe ao governo selecionar e especificar sua atuao a
partir dos fins constitucionais, indicando
os meios ou instrumentos adequados para
a s u a r e a l i z a o 24 , no mud-los de
acordo com as convenincias polticas
de conjuntura.
A Constituio deve sempre ser entendida e interpretada em sua unidade, tendo em vista que todas as suas normas esto em mtua interao e dependncia.
Nas palavras de Konrad Hesse:
Sin embargo, sus elementos se
hallan en una situacin de mutua interaccin y dependencia, y slo el juego
global de todos produce el conjunto de
la conformacin concreta de la Comunidad por parte de la Constitucin. Ello
no significa que este juego global se
halle libre de tensiones y contradicciones, pero s que la Constitucin slo
puede ser comprendida e interpretada
correctamente cuando se la entiende, en
este sentido, como unidad, y que el Derecho Constitucional se halla orientado en mucha mayor medida hacia la
coordinacin que no hacia el deslinde y
el acotamiento 25 .
A compreenso da Constituio s tem
sentido quando referida a uma situao
98

constitucional concreta, historicamente


existente num determinado pas. A opo
escolhida pelo constituinte brasileiro
muito clara a favor da implementao de
um Estado Democrtico e Social, com fundamento na dignidade da pessoa humana 26 e na superao das desigualdades regionais e sociais. No pode ser outra a interpretao dada Constituio de 1988.

Notas
Vide GRAU, Eros Roberto. A Ordem Econmica na
Constituio de 1988: Interpretao e Crtica. 2. ed. So
Paulo : RT, 1991. p. 20-21.
2
Acerca de um estudo mais detalhado dos princpios desde um enfoque histrico, vide BONAVIDES,
Paulo. Curso de Direito Constitucional. 7. ed. So Paulo :
Malheiros, 1998. p. 228-266. No sentido dos princpios
gerais do Direito como oriundos de pressupostos jusnaturalistas, vide DANTAS, Ivo. Princpios constitucionais e interpretao constitucional. Rio de Janeiro : Lumen
Juris, 1995. p. 59-62 e 85-87.
3
GRAU, op. cit., p. 107 e 122-132. No mesmo sentido de considerar os princpios enquanto norma, vide
BONAVIDES, op. cit., p. 243-247.
4
BONAVIDES, op. cit., p. 237 e ss.
5
CANOTILHO, Jos Joaquim Gomes. Constituio
Dirigente e vinculao do legislador: contributo para a
compreenso das normas constitucionais programticas. reimp. Coimbra : Coimbra Ed., 1994. p. 277-279 e
Direito Constitucional. 6. ed. Coimbra : Almedina, 1993.
p. 166-168; CANOTILHO, Jos Joaquim Gomes,
MOREIRA,Vital. Fundamentos da Constituio. Coimbra : Coimbra Ed., 1991. p. 71-73 e SILVA, Jos Afonso da. Curso de Direito Constitucional Positivo. 9. ed.
So Paulo : Malheiros, 1993. p. 84-85.
6
CANOTILHO, Jos Joaquim Gomes. Constituio
Dirigente cit., p. 283-284 e Direito Constitucional cit., p.
172-173; SILVA, op. cit., p. 85-88 e BARROSO, Lus
Roberto. Interpretao e aplicao da Constituio: fundamentos de uma dogmtica constitucional transformadora. So Paulo : Saraiva, 1996. p. 141-150.
7
CANOTILHO, Jos Joaquim Gomes, MOREIRA,
Vital, op. cit., p. 71. Vide tambm BONAVIDES, op. cit.,
p. 257-259.
8
BARROSO, op. cit., p. 181-2.
9
HESSE, Konrad. Escritos de Derecho Constitucional.
2. ed. Madrid : Centro de Estudios Constitucionales,
1992. p. 49-50.
10
GRAU, op. cit., p. 180-182 e 216.
11
BVerfGE 1, 14 (32) apud STERN, Klaus. Derecho
del Estado de la Republica Federal Alemana. Madrid : Centro de Estudios Constitucionales, 1987. p. 291.
1

Revista de Informao Legislativa

BverfGE 19, 206 (220), apud Idem, p. 291-292.


GRAU, op. cit., p. 181.
14
STERN, op. cit., p. 292-293; CANOTILHO, Jos
Joaquim Gomes. Direito Constitucional cit., p. 191-192 e
BARROSO, op. cit., p. 183 e 187.
15
HESSE, op. cit., p. 45; STERN, op. cit., p. 291 e
CANOTILHO, Jos Joaquim Gomes. Direito Constitucional cit., p. 226-227.
16
CANOTILHO, Jos Joaquim Gomes. DireitoConstitucional cit., p. 226-227, grifos nossos.
17
HESSE, op. cit., p. 45; STERN, op. cit., p. 292-293;
GRAU, Eros Roberto. op. cit., p. 214 e BARROSO, Lus
Roberto. op. cit., p. 183.
18
GRAU, op. cit. , p. 115-116 e BARROSO,
op.cit., p. 196.
19
BARROSO, op. cit., p. 185-186.
20
HESSE, op. cit., p. 46. No analisaremos aqui, por
fugir do escopo deste trabalho, o princpio da proporcionalidade e suas implicaes na hermenutica constitucional. Recomendamos a leitura de HESSE, op.
cit., p. 45-46 e de BONAVIDES, op. cit., p. 356-397.
21
HESSE, op. cit., p. 46; STERN, op. cit., p. 293-295;
CANOTILHO, Jos Joaquim Gomes. Direito Constitucional cit., p. 190-191 e GRAU, op. cit., p. 110-116. Klaus
Stern enftico ao dizer que a ponderao de valores
nunca pode ser realizada em uma nica direo prdeterminada. Para tanto, ele derruba a pretenso de
alguns tericos alemes e americanos de tornar o princpio in dubio pro libertate como diretriz primordial nas
ponderaes de valores. Stern ressalta a necessidade
da ponderao ser decidida da forma mais conveniente caso a caso. Cf. STERN, op. cit., p. 294-295.
22
O processo de reformas constitucionais levado a
cabo no(s) governo(s) do Presidente Fernando Henrique Cardoso nos leva a refletir sobre a surpreendente
atualidade das seguintes palavras de Lassalle:
Una cmara que se resignase a ver pisoteados
sus acuerdos constitucionales, que siguiese deliberando y colaborando com el gobierno como si nada
hubiera ocurrido, que siguiese desempenndo tranquilamente el papel que le repartieron en la comedia
del pseudoconstitucionalismo, se convertira en el
peor cmplice del gobierno, pues de este modo le
permitira seguir aplastando, bajo la perdurable
apariencia de guardar las normas de la Constitucin, los derechos constitucionales del pueblo. LA
CMARA QUE AS PROCEDIESE SERA MS
RESPONSABLE Y MERECERA MAYOR CASTIGO QUE EL GOBIERNO. PUES NO ES MI
ENEMIGO QUIEN MAYOR CASTIGO MERECE,
12
13

Braslia a. 37 n. 145 jan./mar. 2000

SINOQUIEN,LLAMNDOSEMIREPRESENTANTE Y TENIENDO POR MISIN DEFENDER MIS


DERECHOS, LOS VENDE Y LOS TRAICIONA.
In: LASSALLE, Ferdinand. Qu es una Constitucin? ,
4. ed. Barcelona : Ariel, 1994. p. 164, grifos nossos.
23
GRAU, op. cit., p. 322.
24
HESSE, op. cit., p. 20 e CANOTILHO, Jos Joaquim
Gomes. Constituio Dirigente cit., p. 462-471.
25
HESSE, op. cit., p. 17.
26
Sobre o princpio constitucional da dignidade
da pessoa humana, vide o excelente trabalho de SILVA,
Jos Afonso da. A dignidade da pessoa humana como
valor supremo da democracia. In: Revista de Direito
Administrativo. Rio de Janeiro : Renovar, n. 212, abr./
jun. 1998. p. 89-94.

Bibliografia
BARROSO, Lus Roberto. Interpretao e aplicao da
Constituio: fundamentos de uma dogmtica
constitucional transformadora. So Paulo : Saraiva, 1996.
BONAVIDES, Paulo. Curso de Direito Constitucional.
7. ed. So Paulo : Malheiros, 1998.
CANOTILHO, Jos Joaquim Gomes. Constituio Dirigente e vinculao do legislador: contributo para a
compreenso das normas constitucionais programticas. reimp. Coimbra : Coimbra Ed., 1994.
. Direito Constitucional. 6. ed. Coimbra : Livraria Almedina, 1993.
, MOREIRA, Vital. Fundamentos da Constituio. Coimbra : Coimbra Ed., 1991.
DANTAS, Ivo. Princpios constitucionais e interpretao
constitucional. Rio de Janeiro : Lumen Juris, 1995.
GRAU, Eros Roberto. A Ordem Econmica na Constituio de 1988: interpretao e crtica. 2. ed. So Paulo : RT, 1991.
HESSE, Konrad. Escritos de Derecho Constitucional. 2. ed. Madrid : Centro de Estudios Constitucionales, 1992.
LASSALLE, Ferdinand. Qu es una Constitucin? 4. ed.
Barcelona : Ariel, 1994.
SILVA, Jos Afonso da. Curso de Direito Constitucional
Positivo. 9. ed. So Paulo : Malheiros, 1993.
. A dignidade da pessoa humana como valor supremo da democracia. In: Revista de Direito
Administrativo. Rio de Janeiro : Renovar, n. 212,
abr./jun. 1998. p. 89-94.
STERN, Klaus. Derecho del Estado de la Republica Federal Alemana. Madrid : Centro de Estudios
Constitucionales, 1987.

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