O Princípio Da Unidade Da Constituição - Gilberto Bercovici
O Princípio Da Unidade Da Constituição - Gilberto Bercovici
O Princípio Da Unidade Da Constituição - Gilberto Bercovici
Gilberto Bercovici
da ni puede ser interpretada exclusivamente a partir de s misma. Est en conexin de sentido con los dems preceptos de la constitucin, la cual representa una unidad interna11 .
El principio ms importante de interpretacin es la unidad de la constitucin en cuanto unidad de un conjunto con sentido teleolgico-lgico, ya que
la esencia de la constitucin consiste en
ser un orden unitario de la vida poltica y social de la comunidad estatal12 .
Resume Eros Grau o referido princpio
da unidade da Constituio:
No se interpreta a Constituio em tiras, aos pedaos 13 .
As normas constitucionais no esto
justapostas. A Constituio est fundamentada em uma determinada concepo
que intenta conformar a vida da sociedade e do Estado. As normas constitucionais
so fruto da vontade unitria do Poder
Constituinte, sendo geradas simultaneamente. No podem, portanto, estar em
conflito. Da mesma maneira, no h e
nem pode haver hierarquia entre normas constitucionais14 .
A relao de interdependncia existente entre as diversas normas constitucionais determina que o intrprete nunca
possa examinar uma norma constitucional de maneira isolada, mas sempre dentro do seu conjunto15.
No mesmo sentido, ensina Canotilho:
O princpio da unidade da constituio ganha relevo autnomo
como princpio interpretativo quando com ele se quer significar que a
constituio deve ser interpretada de
forma a evitar contradies (antinomias, antagonismos) entre as suas normas. Como ponto de orientao,
guia de discusso e factor hermenutico de deciso, o princpio da
unidade obriga o intrprete a considerar a constituio na sua globalidade e
a procurar harmonizar os espaos
de tenso existentes entre as normas
Braslia a. 37 n. 145 jan./mar. 2000
constitucionais a concretizar. Da
que o intrprete deva sempre considerar as normas constitucionais no como
normas isoladas e dispersas, mas sim
como preceitos integrados num sistema interno unitrio de normas e
princpios 16 .
O objetivo primordial do princpio da
unidade da Constituio o de evitar ou
equilibrar discrepncias ou contradies
que possam surgir da aplicao das normas constitucionais 17. A interpretao
constitucional, ao ser balizada pelo princpio da unidade da Constituio, tem por
fundamento a considerao de que todas
as antinomias eventualmente determinadas sero sempre aparentes e solucionveis, tendo em vista a busca do equilbrio
entre as diversas normas constitucionais18.
As normas constitucionais em tenso
tm de ser harmonizadas, equilibradas. A
busca do equilbrio dentro do sistema
constitucional tem por objetivo primordial que todos os seus preceitos obtenham
efetividade19. A busca por esse equilbrio
denominada otimizao por Konrad Hesse. Para esse autor, a otimizao (que deve
ser estabelecida de forma que todas as normas constitucionais alcancem a efetividade) obtida ao conciliarmos o princpio da
unidade da Constituio com o princpio
da proporcionalidade20 . Na medida em
que a otimizao produz um equilbrio, ao
mesmo tempo impe limites a uma determinada norma constitucional, sem negar
por completo sua eficcia. Esse equilbrio
d-se mediante a ponderao de valores
pelo intrprete, realizada caso a caso, sem
que nunca possa ser realizada em uma
nica direo pr-determinada21 .
Apesar das reformas constitucionais
ocorridas a partir de 199522, o princpio da
unidade da Constituio assegura a interpretao dinmica da Constituio de
1988 como um todo, nas palavras de Eros
Grau, tendo em vista a instrumentalizao das mudanas da realidade inseridas
no texto constitucional23. Afinal, no foram
97
Notas
Vide GRAU, Eros Roberto. A Ordem Econmica na
Constituio de 1988: Interpretao e Crtica. 2. ed. So
Paulo : RT, 1991. p. 20-21.
2
Acerca de um estudo mais detalhado dos princpios desde um enfoque histrico, vide BONAVIDES,
Paulo. Curso de Direito Constitucional. 7. ed. So Paulo :
Malheiros, 1998. p. 228-266. No sentido dos princpios
gerais do Direito como oriundos de pressupostos jusnaturalistas, vide DANTAS, Ivo. Princpios constitucionais e interpretao constitucional. Rio de Janeiro : Lumen
Juris, 1995. p. 59-62 e 85-87.
3
GRAU, op. cit., p. 107 e 122-132. No mesmo sentido de considerar os princpios enquanto norma, vide
BONAVIDES, op. cit., p. 243-247.
4
BONAVIDES, op. cit., p. 237 e ss.
5
CANOTILHO, Jos Joaquim Gomes. Constituio
Dirigente e vinculao do legislador: contributo para a
compreenso das normas constitucionais programticas. reimp. Coimbra : Coimbra Ed., 1994. p. 277-279 e
Direito Constitucional. 6. ed. Coimbra : Almedina, 1993.
p. 166-168; CANOTILHO, Jos Joaquim Gomes,
MOREIRA,Vital. Fundamentos da Constituio. Coimbra : Coimbra Ed., 1991. p. 71-73 e SILVA, Jos Afonso da. Curso de Direito Constitucional Positivo. 9. ed.
So Paulo : Malheiros, 1993. p. 84-85.
6
CANOTILHO, Jos Joaquim Gomes. Constituio
Dirigente cit., p. 283-284 e Direito Constitucional cit., p.
172-173; SILVA, op. cit., p. 85-88 e BARROSO, Lus
Roberto. Interpretao e aplicao da Constituio: fundamentos de uma dogmtica constitucional transformadora. So Paulo : Saraiva, 1996. p. 141-150.
7
CANOTILHO, Jos Joaquim Gomes, MOREIRA,
Vital, op. cit., p. 71. Vide tambm BONAVIDES, op. cit.,
p. 257-259.
8
BARROSO, op. cit., p. 181-2.
9
HESSE, Konrad. Escritos de Derecho Constitucional.
2. ed. Madrid : Centro de Estudios Constitucionales,
1992. p. 49-50.
10
GRAU, op. cit., p. 180-182 e 216.
11
BVerfGE 1, 14 (32) apud STERN, Klaus. Derecho
del Estado de la Republica Federal Alemana. Madrid : Centro de Estudios Constitucionales, 1987. p. 291.
1
Bibliografia
BARROSO, Lus Roberto. Interpretao e aplicao da
Constituio: fundamentos de uma dogmtica
constitucional transformadora. So Paulo : Saraiva, 1996.
BONAVIDES, Paulo. Curso de Direito Constitucional.
7. ed. So Paulo : Malheiros, 1998.
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Constitucionales, 1987.
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