Filosofia Resumoglobal
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O que significa dizer que a filosofia uma atividade crtica? Significa que temos de
justificar as nossas concluses. E justificar concluses apresentar argumentos.
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Estudar filosofia como estudar msica e estudar histria da filosofia como estudar
histria da msica. Num caso, aprendemos a tocar um instrumento ou a compor peas
musicais; no outro, aprendemos apenas a apreciar a msica do passado. Num caso,
aprendemos a discutir ideias e a propor ideias e a defend-las; no outro, aprendemos
apenas a formular as ideias dos outros.
Para que serve a filosofia?
A filosofia serve para alargar a nossa compreenso das coisas, como as cincias, as
artes e as religies.
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Quem sabe argumentar bem toma melhores decises, porque as decises que tomamos
so baseadas em argumentos. A filosofia ajuda a tomar melhores decises.
Os argumentos
Um argumento um conjunto de proposies organizadas de tal modo que uma
delas a concluso que defendemos com base na outra ou nas outras, a que se chamam
as premissas.
Nem todos os conjuntos de proposies so argumentos. S os conjuntos de proposies
organizadas de tal modo que justifiquem ou defendam a concluso apresentada so
argumentos.
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1. Joo deseja herdar uma fortuna e cr que o melhor a fazer para satisfazer o seu desejo
matar o seu pai abastado. Mas este pensamento pe-no to nervoso que, ao conduzir
desajeitadamente o seu carro, mata um peo que , afinal, o seu pai! Cometeu ou no
um parricdio?
A atribuio da responsabilidade depende de determinarmos se a morte de seu pai
constitui, ou no, uma ao de Joo.
Temos, ento, de procurar qual o aspeto que nos permite dizer que um
acontecimento uma ao.
Ser a sua associao a um ser humano? Mas h acontecimentos que envolvem
pessoas, mas que claramente no so aes por exemplo, escorregar.
Ser a existncia de movimentos corporais? Mas h aes sem movimento
corporal (estar imvel a estudar) e h movimentos corporais que no so aes
(respirar).
Uma outra resposta a este problema afirmaria que a inteno aquilo que distingue
os acontecimentos que contam como aes:
Um acontecimento uma ao apenas no caso de ser possvel descrev-lo de forma a
exibir a presena de uma inteno no agente.
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2. Os membros de uma famlia esto sentados mesa a comer uma feijoada. Esto
todos a fazer a mesma ao ou aes diferentes?
Por um lado, podemos dizer que todos os familiares esto a comer a mesma coisa,
no mesmo local e mesma hora;
Por outro lado, cada pessoa poder possuir intenes diferentes ao comer (apenas
matar a fome, regozijar-se com o sabor dos feijes, etc.) e os seus movimentos fsicos
no so inteiramente coincidentes nem no espao nem no tempo.
Existem, ento, duas respostas possveis para aquela pergunta:
1. Diremos sim se considerarmos a ao comer uma feijoada como sendo um ato
genrico definido como ingesto de feijes.
2. Diremos no se considerarmos a ao comer uma feijoada como algo realizado
concretamente por algum, nalgum lugar, a alguma hora e com movimentos fsicos
individualizados.
Cada uma destas respostas traduz duas concees filosficas diferentes da ao:
1. A ao como uma entidade genrica e abstrata; para os filsofos que, como
Jaegwon Kim, a concebem deste modo, uma ao algo meramente ideal (tal como a
ideia de Tringulo) e que pode ser exemplificado cada vez que um agente a perfaz (tal
como exemplificamos a ideia de Tringulo ao desenharmos uma figura triangular);
2. A ao como acontecimento concreto; para filsofos que, como Donald Davidson, a
concebem deste modo, as aes so acontecimentos localizados no espao e no tempo
(tm lugar num certo stio e a uma dada hora) e so individualmente realizados
(feitas por algum);
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3. Uma pessoa afirma que prefere os Limp Bizkit a Norah Jones e esta cantora a Bach.
No entanto, diz preferir Bach aos Limp Bizkit. Como explicar esta irracionalidade das
suas preferncias?
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Aristteles refletiu sobre a acrasia e pensou que a explicao das aes acrticas s
poderia ser feita se dispusesse de um modelo de explicao de aes racionais. Esse
modelo explicativo ficou conhecido como silogismo prtico:
1. O agente tem o desejo de produzir um efeito E.
2. O agente cr que fazer a ao A o melhor modo de alcanar E.
3. Logo, o agente faz A
Assim conclumos que para falar de ao, implica falar de um agente, uma inteno e
uma motivao.
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Motivo
Agente
o autor da inteno e da
fazer ou o propsito da ao
ao;
(implica
tomada
sua
nossos atos);
voluntariamente),
fazer X;
iniciativa
(livre
alteraes
no
produz
decorrer
o objeto da deciso e a
intencionalmente, aquele a
quem
se
atribui
concretizar.
responsabilidade da ao,
ao independentemente da vontade
do agente.
por ela.
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Uma cadeia causal uma sucesso de acontecimentos na qual cada um deles causa
do acontecimento que lhe sucede e cada um deles efeito do acontecimento que o
antecede:
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geralmente mltiplas e por vezes muito difceis de serem rastreadas. No entanto, teorias
biolgicas e psicolgicas (especialmente. a psicanlise) sugerem que as nossas aes
so sempre causadas; "Fiz isso sem nenhuma razo" raramente aceite como desculpa.
Com base em consideraes como essas, a concluso do filsofo determinista a de
que o livre-arbtrio na verdade no existe, posto que se a ao fosse realmente livre ela
no seria determinada por outros fatores independentes dela mesma. A liberdade que
parecemos ter ao tomarmos as nossas decises pura iluso, produzida por uma
insuficiente conscincia das suas causas. Mesmo quando pensamos que poderamos ter
agido de outro modo, o que queremos dizer no que ramos realmente livres para agir
de outro modo, mas simplesmente que teramos agido de outro modo se o sentimento
mais forte tivesse sido outro, se soubssemos aquilo que agora sabemos etc. O
argumento a favor do determinismo pode ser assim esquematizado:
1. Todo o evento causado.
2. As aes humanas so eventos.
3. Portanto, todas as aes humanas so causadas.
4. As aes humanas s so livres quando no so causadas.
5. Portanto, as aes humanas no so livres.
A posio determinista encontra, porm, dificuldades. No s o sentimento de que
somos livres que perde a validade. Tambm o sentimento de arrependimento ou
remorso parece perder o sentido, pois como se justifica que ns possamos arrependernos das nossas aes, se no fomos livres para escolh-las? Tambm a responsabilidade
moral perde a validade. Se nas nossas aes somos to determinados como uma pedra
que cai ao ser solta no ar, faz to pouco sentido responsabilizar uma pessoa pelos seus
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atos quanto faz sentido responsabilizar a pedra por ter cado. Tais dificuldades levamnos a considerar a posio oposta.
2. Libertismo
O libertista rejeita o determinismo por considerar as concluses acima inaceitveis.
Ele tambm rejeita a primeira premissa do argumento determinista. O princpio da
causalidade, enuncivel como "Todo o evento tem uma causa", no parece ter a sua
validade universal garantida. Certamente, esse princpio extremamente til, valendo
em geral para o mundo que nos circunda e mesmo para muitas de nossas aes. Mas
nada nele garante que a sua validade seja universal. No podemos pensar que A = ~A ou
que 1 + 1 = 3, mas podemos perfeitamente conceber um evento no universo surgindo
sem nenhuma causa. A isso o libertarista poder adicionar que ns simplesmente
sabemos que somos livres. H uma grande diferena entre um comportamento reflexo e
um comportamento resultante da deciso da vontade. Ns sentimos que no ltimo caso
somos livres, que podemos decidir sempre de outro modo.
Para justificar essa posio, o libertista costuma lanar mo de uma teoria da ao, tal
como foi defendida por Richard Taylor ou por Roderick Chisholm. Segundo essa teoria
s vezes, ao menos, o agente causa os seus atos sem qualquer mudana essencial em si
mesmo, no necessitando de condies antecedentes que sejam suficientes para
justificar a ao. Isso acontece porque o eu uma entidade peculiar, capaz de iniciar
uma ao sem ser causado por condies antecedentes suficientes! Voc poder
perguntar-se como isso possvel. A resposta geralmente oferecida que no pode
haver explicao. Para responder a uma pergunta como essa teramos de interrogar o
prprio eu, considerando-o objetivamente. Mas, como quem deve considerar
objetivamente o eu s pode ser aqui o prprio eu, isso impossvel. Tentar interrogar o
prprio eu tentar, como o baro de Mnchausen, alar-se sobre si mesmo pondo os ps
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A. Atos livres
B. Atos no-livres
libertar a ndia.
porque no h comida.
obrigou.
Uma
Ano Novo.
porque alcolica.
pessoa
toma
uma
dose
de
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decises arbitrrias (como quando algum decide lanar uma moeda no ar para que a
sorte decida o que deve fazer), a deciso de escolher arbitrariamente tambm possui
alguma causa.
A diferena notada por Stace entre as aes livres da coluna A e as no-livres da
coluna B que as primeiras so voluntrias, enquanto as segundas no. Da que ele
defina a diferena entre a vontade livre e no-livre como residindo no facto de que as
aes derivadas da vontade livre so voluntrias, enquanto as aes derivadas da
vontade no-livre so involuntrias, no sentido de se oporem nossa vontade ou de
serem independentes dela. Se Gandi passa fome para libertar a ndia, se algum rouba
um po por estar com fome, essas so aes livres, posto que voluntrias; mas se uma
pessoa assina uma confisso sob tortura ou toma uma dose de aguardente contra a sua
vontade, essas so aes que se opem vontade dos agentes, por isso mesmo no so
livres.
Embora a explicao de Stace seja geralmente bem-sucedida, ela no se aplica
satisfatoriamente a alguns casos. Considere os seguintes:
A. Atos livres
B. Atos no-livres
faz calor.
sugesto ps-hipntica.
efeitos de filmagem.
essa ao.
No exemplo B-5 a pessoa abre a janela porque o hipnotizador lhe disse que meia hora
aps ser acordada da hipnose deveria abrir a janela, sem se lembrar de que faz isso por
deciso do hipnotizador (curiosamente, se interrogada, a pessoa submetida a esse tipo de
experincia costuma fornecer uma razo qualquer, como a de que est sentindo calor).
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Nesse caso a pessoa realiza a ao voluntariamente, pensando que o faz por livre e
espontnea vontade, embora na verdade o faa seguindo a instruo de quem a
hipnotizou. No exemplo B-6, o psicopata tambm age voluntariamente, e o mesmo
poderamos dizer de casos de fanticos, de neurticos e, em geral, de pessoas presas a
valores e padres de conduta excessivamente rgidos, que sofrem por isso limitaes na
capacidade de livre deliberao, apesar de agirem voluntariamente. A ao livre deve
aproximar-se de um ideal de racionalidade plena, o que aqui est longe de ser o caso.
Na minha opinio a diferena mais importante entre os casos apresentados, nas
colunas A e B que em B, em que a ao no livre, o agente age sob restrio,
coero ou limitao externa (exemplos 1, 2, 3 e 5) ou interna (exemplos 4 e 6),
enquanto nos casos da coluna A, em que a ao livre, o agente age motivado por
razes no-limitadoras ou "plenas". difcil explicar o que sejam razes nolimitadoras, mas a ideia intuitiva: considere a diferena entre as razes de Gandi e as
razes de quem age por sugesto ps-hipntica, por fora de um delrio psictico ou de
uma crena fantica; mesmo no-admiradores de Gandi admitiriam que as suas razes
so comparativamente menos limitadoras, menos restritivas, mais legtimas. Admitindo
essa distino de grau entre razes limitadoras e no-limitadoras, chegamos a uma
definio inerentemente negativa da ao livre, que mais abrangente do que a de
Stace:
A ao livre aquela em que o agente no restringido fisicamente, nem
coagido na sua vontade, nem limitado na sua racionalidade ao realiz-la.
Livre-arbtrio versus determinismo
O problema do livre-arbtrio versus determinismo surge devido a uma aparente
contradio entre duas ideias plausveis. A primeira a ideia de que os seres humanos
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Os valores so qualidades que se atribuem aos objetos. Estes orientam a nossa ao, isto
, a nossa ao determinada pelos valores; pelo que considerado justo/injusto;
correto/incorreto pelo sujeito.
Os valores no existem efetivamente nos objetos, ou seja, no so caractersticas dos
objetos. Orientam as nossas aes; agimos em funo daquilo que gostamos e achamos
correto.
Caractersticas dos valores
Os valores so:
Subjetivos quando dependem do sujeito, isto , dois sujeitos perante um objeto
podem ter opinies diferentes acerca do mesmo. (Ex.: uma pessoa pode achar o objeto
bonito e outra feio).
No so coisas nem caractersticas sensveis dessas mesmas coisas
So hierarquizveis no tm todos a mesma importncia, cada sujeito tem a sua
prpria hierarquia.
Existem em plos opostos existem valores positivos e valores negativos. (Ex.:
beleza fealdade).
Valor-fim e valores-meio:
Valores ticos/morais
Valores religiosos
Valores estticos
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So relativos variam de poca para poca; de cultura para cultura, no quer dizer
que uns sejam mais corretos que outros.
So perenes no morrem, apesar da sua subjetividade e da sua relatividade estes
continuaro a determinar a viso que o homem tem do mundo e as suas aes.
Critrio Valorativo: Juzos e Factos
Facto o aspeto da realidade, aspeto esse que pode ser descrito de uma forma
objetiva. Quando queremos descrever objetivamente um facto, elaboramos os juzos de
facto.
Juzo enunciado onde se afirma ou nega uma coisa de outra coisa.
Os Juzos de facto so proposies onde se descrevem objetivamente os aspetos da
realidade (factos). Descrevem a realidade tal como ela , fornecendo assim informao
sobre o mundo. So objetivos pois no dependem da perspetiva do sujeito que os
enuncia, dependendo exclusivamente do objeto ou do facto.
Pelo facto de eles serem objetivos possuem valor de verdade. Quando o contedo do
juzo corresponde verdadeiramente aos factos, verdadeiro; quando, pelo contrrio, no
corresponde, falso.
Os juzos de facto so os nicos que aparecem nas cincias (Ex.: leis cientficas)
Estes so descritivos, descrevendo certos aspetos da realidade.
Os Juzos de valor servem para expressar/traduzir/mostrar a avaliao, positiva ou
negativa, que cada um de ns faz da realidade.
Contrariamente aos juzos de facto que so objetivos, os juzos de valor so subjetivos,
porque dependem exclusivamente da avaliao que cada sujeito faz da realidade.
Ao fazer a sua avaliao, o sujeito pretende influenciar os outros, levando-os a fazer o
mesmo tipo de avaliao de um acontecimento sendo, por isso, parcialmente,
normativos.
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Assim temos:
Exemplos:
Os juzos morais so os juzos de valor mais discutidos pelos filsofos.
Estas so duas questes importantes sobre a natureza desses juzos:
1. Os juzos morais tm valor de verdade?
2. Se tm valor de verdade, so verdadeiros ou falsos independentemente da perspetiva
de quaisquer sujeitos?
As teorias objetivistas respondem afirmativamente a ambas as questes.
Vamos examinar apenas teorias que no so objetivistas.
Subjetivismo
Subjetivismo: Os juzos morais tm valor de verdade, mas o seu valor de verdade
depende da perspetiva do sujeito que faz o juzo.
Existem factos morais, mas estes so subjetivos, pois s dizem respeito s atitudes de
aprovao ou reprovao das pessoas.
Duas razes para ser subjetivista:
Se as distines entre o certo e o errado no forem fruto dos sentimentos de cada
pessoa, ento sero imposies exteriores que limitam as possibilidades de ao de cada
indivduo. O subjetivismo preserva a liberdade individual.
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distinguindo o bem do mal. Apresenta-se, portanto, com uma funo normativa, isto ,
de institucionalizao de normas que regulam a conduta. A Moral responde-nos, pois, s
questes: Que devo fazer? Como correto agir em tal circunstncia?
Apesar desta distino, quer a tica quer a Moral so importantes guias da ao
humana, no sentido em que relacionam com uma vida com projetos e ideais a alcanar.
O sentido da palavra desmoralizado ajuda-nos a compreender bem, embora pela
negativa, a sua importncia: diz-se desmoralizado de algum a que perdeu a
orientao e o interesse pela vida ou pelos seus objetivos. E a Moral e a tica apelam
exatamente para a realizao pessoal do indivduo. Apesar desta distino conceptual,
muitos autores continuam a usar os dois conceitos como sinnimos.
Definio dos conceitos nucleares
tica: (do conceito grego ethos) o domnio da reflexo terica sobre esses
princpios e normas tendo em vista a sua definio e, sobretudo, a sua justificao
racional. tica diz ainda respeito a definio dos fins universais que devero orientar a
ao humana na autoconstruo de cada indivduo tendo em vista tornar-se pessoa. A
tica pode ento ser entendida como fundamentao das normas morais do agir ou como
definio dos fins orientadores da existncia de cada um.
Moral: (do latim mores) designa o mbito da formao das normas, da
hierarquizao e aplicao a casos concretos, traduzindo o conjunto dos deveres do ser
humano.
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Um sentido judicativo, pois assume-se como instncia julgadora dos nossos atos e das
prprias intenes do agente, conforme esto ou no de acordo com os valores e ideais
a que aderimos (judex);
CONSCINCIA MORAL
Por um lado, cresce medida que o Por outro, amadurece e assume-se como
indivduo interioriza as regras e padres
do grupo (heteronomia).
racionalmente
justificados
(autonomia).
H pois, uma interao entre as estruturas do indivduo e as influencias do meio
social, uma articulao do querer individual com os padres sociais, que conduz
transformao do indivduo em pessoa.
Noo de pessoa
Por pessoa entende-se o individuo humano que:
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Tem conscincia do carter inter-relacional da sua autonomia, uma vez que autonomia
no significa autossuficincia nem indiferena pelos outros;
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primeiro lugar a dignidade do Homem, e defende que o fim das nossas aes deve ser
uma utilidade altrusta e no meramente egosta.
Duas objees ao utilitarismo
O utilitarismo no funciona na prtica, pois exige que estejamos sempre a calcular as
consequncias das nossas aes.
O utilitarismo, como no leva em conta as normas ou regras morais comuns,
predispe-nos a fazer frequentemente coisas erradas como mentir, roubar ou matar.
Uma resposta s objees
O utilitarismo primariamente uma teoria sobre o que torna as aes certas ou erradas.
O utilitarismo no uma teoria sobre como devemos tomar as nossas decises.
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Dois egosmos
Egosmo psicolgico: As pessoas agem sempre apenas em funo do seu interesse
pessoal.
Egosmo tico: As pessoas devem agir sempre apenas em funo do seu interesse
pessoal.
Somos todos egostas?
Dois argumentos a favor do egosmo psicolgico:
1. Quando agimos voluntariamente, fazemos sempre aquilo que mais desejamos. Por
isso, somos todos egostas.
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2. Sempre que fazemos bem aos outros, isso d-nos prazer. Por isso, s fazemos bem
aos outros para sentirmos prazer. Ora, isso o mesmo que dizer que somos todos
egostas.
Em ambos os argumentos, a premissa no sustenta a concluso:
Mesmo que seja verdade que em todos os atos voluntrios as pessoas se limitam a
fazer aquilo que mais desejam, da no se segue que todos esses atos sejam egostas.
Mesmo que sintamos prazer a fazer bem aos outros, isso no quer dizer que a
expectativa desse prazer tenha sido a causa ou motivo da ao.
Devemos ser egostas?
Trs objees ao egosmo tico:
O egosmo tico tira todo o sentido a uma parte importante da tica, que consiste na
atividade de aconselhar e julgar.
O egosmo tico moralmente inconsistente: no pode ser adotado universalmente.
O egosmo tico derrota-se a si prprio: se uma pessoa optar por agir de forma
egosta, ter uma vida pior do que teria se no fosse egosta.
Utilitarismo
J. S. Mill defendeu o princpio utilitarista da maior felicidade: As aes esto certas
na medida em que tendem a promover a felicidade, erradas na medida em que tendem a
produzir o reverso da felicidade.
O utilitarismo, tal como o egosmo tico, uma perspetiva consequencialista.
Segundo o consequencialismo, agir moralmente apenas uma questo de produzir
bons resultados.
O egosta defende que o agente deve produzir bons resultados apenas para si prprio.
O utilitarista defende que o agente deve produzir bons resultados para todos aqueles
que podero ser afetados pela sua conduta.
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razo frmula. Neste sentido, ele no tem um preo, mas uma dignidade, e por isso
que a segunda frmula do imperativo categrico diz para agirmos de modo a no tratar
jamais a humanidade, em ns ou nos outros, como um meio, mas sempre como um fim
em si. A tica Kantiana uma tica do respeito pessoa. A tica Kantiana moderna
porque confia no homem, na sua razo e na sua liberdade, condena todas as situaes
sociais de instrumentalizao do Homem (a escravatura, a prostituio, o trafico de
pessoas, etc.) e reconhece sociedade civil o direito de estabelecer leis universais que
sejam expresso da lei moral racional.
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Em concluso de Kant:
Alguns deontologistas, como Kant, pensam que os nossos deveres morais podem ser
inferidos de um princpio tico fundamental.
Outros deontologistas, como Ross, pensam que sabemos por simples intuio quais so
os nossos deveres.
Alguns deontologistas, como Kant, pensam que os nossos deveres so absolutos: nunca
podemos desrespeit-los.
Outros deontologistas, como Ross, pensam que os nossos deveres so prima facie: por
vezes podemos desrespeit-los.
Duas distines
Alguns deontologistas, por oposio aos utilitaristas, atribuem relevncia moral s
distines ato/omisso e inteno/previso, defendendo o seguinte:
Atos e omisses: pior provocar um mal que permitir que um mal ocorra. Por
exemplo, pior matar uma pessoa que deix-la morrer.
Inteno e previso: pior dar origem a um mal intencionalmente que dar a origem
a um mal que no pretendemos produzir, ainda que saibamos que o mesmo resultar da
nossa conduta. Por exemplo, pior torturar algum que fazer algo que resulte em
sofrimento como efeito colateral.
Quadro sntese da tica utilitarista de Stuart Mill e a tica deontolgica de Kant
Fundamentao da Moral
Kant (deontolgica)
A felicidade algo exterior razo,
subjetiva;
consequncias
prticos;
vontade;
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Bem
aquilo
nos
que
seus
trouxer
efeitos
mais
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felicidade global;
imperativo categrico;
e universais;
autonomia humana;
ps moderna.
utilitarismo
um
reflexo
da
dignidade.
II.A ao humana e os valores
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impensvel. Viver numa sociedade governada pelo poder poltico faz parte da natureza
humana. Quem conseguir viver margem da cidade-estado no um ser humano:
uma besta ou um deus, diz Aristteles. Por isso se diz que a sua teoria da origem e
justificao do estado naturalista.
O argumento central de Aristteles o seguinte:
Faz parte da natureza dos seres humanos desenvolver as suas faculdades.
Essas faculdades s podero ser plenamente desenvolvidas vivendo no seio de uma
comunidade (cidade-estado).
Logo, faz parte da natureza humana viver na cidade-estado.
Fora da cidade-estado seramos, pois, incapazes de desenvolver a nossa natureza. Isso
torna-se claro, pensa Aristteles, quando verificamos que os seres humanos no se
limitaram a formar pares de macho e fmea para procriar, ao contrrio dos outros
animais.
Constituram tambm comunidades de famlias (as aldeias) e estabeleceram a diviso
entre governantes e sbditos, com vista autopreservao. Mas a comunidade mais
completa, que contm todas as outras, a cidade-estado. Esta autossuficiente e no
existe apenas para preservar a vida, mas sobretudo para assegurar a vida boa, que o
desejo de todos os seres racionais. por isso que a cidade-estado a comunidade mais
perfeita e todas as outras comunidades de seres humanos tm tendncia para se
tornarem estados.
Ou seja, a finalidade de todas as comunidades tornarem-se estados.
Este argumento relaciona-se com uma ideia muito importante para Aristteles: que a
natureza de uma coisa a sua finalidade. Assim, a finalidade dos seres humanos viver
na cidade estado porque ao estudarmos a origem destas verificamos que h um impulso
natural dos seres humanos para passar da vida em famlia para a vida em pequenas
comunidades de lares, e destas para a comunidade mais alargada e autossuficiente da
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Locke no encara a lei natural como uma lei cientfica que descreve o funcionamento
efetivo da natureza. Locke defende que a lei natural normativa: determina como as
pessoas racionais devem agir e no como de facto agem. Por outro lado, a lei natural e a
lei divina, apesar de no serem a mesma coisa, no podem ser incompatveis, pois Deus
a origem de ambas.
Dado que no estado de natureza as pessoas vivem de acordo com a lei natural, tm os
direitos decorrentes da aplicao dessa lei. Assim:
1. Todas as pessoas so iguais, pois tm exatamente o mesmo conjunto de direitos
naturais;
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2. Todas as pessoas tm o direito de ajuizar por si que aes esto ou no de acordo com
a lei natural, pois ningum tem acesso privilegiado lei natural nem autoridade especial
para julgar pelos outros;
3. Todas as pessoas tm individualmente o direito de se defender usando a fora, se
necessrio daqueles que tentarem interferir nos seus direitos e violar a lei natural, pois
esta existiria em vo se ningum a fizesse cumprir;
4. Todas as pessoas tm o direito de decidir a pena apropriada para aqueles que violam a
lei natural, assim como direito de aplicar essa pena, dado que num estado de perfeita
igualdade a legitimidade para faz-lo rigorosamente a mesma para todos.
O estado de natureza no s diferente da sociedade civil como, segundo Locke, do
estado de guerra, pois neste no h lei que vigore e as pessoas no tm direitos.
Locke caracteriza o estado de natureza como uma situao de abundncia de recursos e
em que cada pessoa livre de se apropriar das terras e bens disponveis, atravs do seu
trabalho e esforo. Sendo assim, que razes teriam as pessoas para abandonar o estado
de natureza, aceitando limitar a sua liberdade a favor de um governo ao qual tm de se
submeter?
O contrato social e a origem do governo
Locke pensa que qualquer poder exercido sobre as pessoas excetuando os casos de
autodefesa ou de execuo da lei natural s legtimo se tiver o seu consentimento.
Nem outra coisa seria de esperar entre pessoas iguais e com os mesmos direitos
naturais.
Assim, a existncia de um poder poltico s pode ter tido origem num acordo, ou
contrato, entre pessoas livres que decidem unir-se para constituir a sociedade civil. E
esse acordo s faz sentido se aqueles que o aceitam virem alguma vantagem nisso.
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Apesar de parecer que Locke caracteriza o estado de natureza como um estado quase
perfeito, no deixa de reconhecer alguns inconvenientes que, mais cedo ou mais tarde,
iriam tornar a vida demasiado instvel e insegura. Isto porque h sempre quem, movido
pelo interesse, pela ganncia ou pela ignorncia, se recuse a observar a lei natural,
ameaando constantemente os direitos das pessoas e a propriedade alheia. Locke d o
nome genrico de propriedade no apenas aos bens materiais das pessoas, mas a tudo
o que lhes pertence, incluindo as suas vidas e liberdades.
Assim, parece justificar-se o abandono do estado de natureza em troca da proteo e
estabilidade que s o governo pode garantir. Locke torna esta ideia mais precisa
indicando trs coisas importantes que faltam no estado de natureza e que o poder
poltico est em condies de garantir:
1. Falta uma lei estabelecida, conhecida e aceite por consentimento, que sirva de padro
comum para decidir os desacordos sobre aspetos particulares de aplicao da lei natural.
Isto porque, apesar de a lei natural ser clara, as pessoas podem compreend-la mal e
divergir quando se trata da sua aplicao a casos concretos.
2. Falta um juiz imparcial com autoridade para decidir segundo a lei, evitando que haja
juzes em causa prpria. Isto porque quando as pessoas julgam em causa prpria tm
tendncia para ser parciais e injustas.
3. Falta um poder suficientemente forte para executar a lei e fazer cumprir as sentenas
justas, evitando que aqueles que so fisicamente mais fracos ou em menor nmero
sejam injustamente submetidos pelos mais fortes ou em maior nmero.
para fazer frente a estas dificuldades que as pessoas decidem abrir mo dos
privilgios do estado de natureza, cedendo o poder de executar a lei queles que forem
escolhidos segundo as regras da comunidade. E ainda que se possa dizer que ningum
nos perguntou expressamente se aceitamos viver numa sociedade civil, Locke defende
que, a partir do momento em que usufrumos das suas vantagens, estamos a dar o nosso
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Isto sugere que, alm do poder coletivo das pessoas, no necessrio qualquer
consentimento contratual daqueles a quem se aplica a fora. Nesse caso, o contrato no
desempenha qualquer papel na legitimao do uso da fora.
Em concluso:
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(1921-2002), que desenvolveu a teoria da justia como equidade. essa teoria que
vamos agora apresentar e discutir.
A posio original
Imagine-se que cada um dos membros de uma sociedade, sabendo perfeitamente qual
era o seu estatuto social e quais eram os seus talentos naturais, propunha determinados
princpios da justia. Nesse caso, o mais certo seria no se chegar a qualquer acordo. Os
mais ricos, por exemplo, tenderiam a opor-se a princpios da justia que os forassem a
pagar impostos elevados para benefcio dos mais pobres. E os mais talentosos
favoreceriam uma sociedade que premiasse os seus talentos, sem se preocuparem muito
com os que por natureza so menos talentosos. Nestas circunstncias, como poderamos
descobrir quais so os princpios da justia corretos?
Rawls sugere que, para encontrar os princpios da justia corretos, devemos fazer
uma experincia mental: temos de imaginar uma situao em que os membros de uma
sociedade sejam levados a avaliar princpios da justia sem se favorecerem
indevidamente a si prprios pelo facto de serem ricos, pobres, talentosos ou poderosos.
Ou seja, temos de imaginar que os membros de uma sociedade esto a avaliar
princpios da justia numa situao que garanta a imparcialidade da sua avaliao.
Rawls designa essa situao imaginria por posio original e descreve-a na seguinte
passagem:
Parto do princpio de que as partes esto situadas ao abrigo de um vu de ignorncia.
No sabem como as vrias alternativas vo afetar a sua situao concreta e so
obrigadas a avaliar os princpios apenas com base em consideraes gerais. [] Antes
de mais, ningum conhece o seu lugar na sociedade, a sua posio de classe ou
estatuto social; tambm no conhecida a fortuna ou a distribuio de talentos
naturais ou capacidades, a inteligncia, a fora, etc. Ningum conhece a sua conceo
do bem, os pormenores do seu projeto de vida ou sequer as suas caractersticas
psicolgicas especiais. [] Mais ainda, parto do princpio de que as partes no
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Dado que o princpio da liberdade tem prioridade sobre os outros dois princpios da
justia, numa sociedade justa no se promove a igualdade de oportunidades ou a
distribuio da riqueza custa de um sacrifcio das liberdades bsicas iguais para todos.
No entanto, uma sociedade justa no se caracteriza simplesmente pela existncia de
tais liberdades individuais: tambm uma sociedade em que a riqueza est
equitativamente distribuda, j que as desigualdades socioeconmicas so aceitveis
apenas na medida em que resultam de uma efetiva igualdade de oportunidades e acabam
por beneficiar os mais desfavorecidos.
O princpio maximin
Por que razo pensa Rawls que, na posio original, as partes escolheriam os
princpios da justia por si indicados? Afinal, por que razo no escolheriam antes, por
exemplo, um princpio da justia de carter utilitarista? Se o fizessem, conceberiam uma
sociedade justa simplesmente como aquela em que h um maior total de bem-estar, sem
que interesse o modo como este se distribui pelas diversas pessoas.
Rawls sustenta que as partes prefeririam os seus princpios da justia ao utilitarismo
porque, na posio original, as escolhas devem obedecer ao princpio maximin.
Segundo este princpio de escolha, se no sabemos quais sero os resultados que cada
uma das opes que se nos colocam ter efetivamente, racional jogar pelo seguro,
fazendo a escolha como se o pior nos fosse acontecer. Assim, devemos identificar o pior
resultado possvel de cada alternativa, e depois optar pela alternativa cujo pior resultado
possvel seja melhor do que o pior resultado possvel de cada uma das restantes
alternativas. Veja-se o seguinte cenrio:
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repete continuamente. Kant pensa que este livre jogo das faculdades, decorrente da
ausncia de qualquer finalidade cognitiva ou outra, que nos coloca perante a simples
representao dos objetos, provocando em ns um sentimento de prazer contemplativo.
Este prazer desinteressado precisamente porque meramente contemplativo. Isto
significa que:
No se funda em conceitos.
Portanto, ambos so determinados por algum tipo de interesse Kant pensa que a
satisfao de desejos a satisfao de um interesse pessoal.
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Em suma, Kant pensa que a experincia esttica desinteressada, mas no por no ser
importante ou valiosa; desinteressada porque completamente livre e independente
dos nossos desejos, necessidades ou conhecimentos. Tudo o que conta para a
experincia esttica a prpria experincia.
Em concluso:
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Achar algo bonito ou feio , segundo esta teoria, uma questo de gostos ou
preferncias pessoais. Um dos heternimos de Fernando Pessoa resume bem esta
perspetiva nos seguintes versos:
A beleza o nome de qualquer coisa que no existe,
Que eu dou s coisas em troca do agrado que elas me do.
Alberto Caeiro, O Guardador de Rebanhos, XXVI, 1912
Assim, os objetos so belos ou feios de acordo com os sentimentos de prazer ou
desprazer que fazem surgir em ns. Os juzos estticos no so, neste caso, objetivos.
Ou seja, o que est em causa no so as propriedades dos objetos, mas antes os
sentimentos que tais objetos despertam em ns. Por isso se diz que so juzos de gosto.
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paisagem, ouvir musica, saborear uma boa refeio ou apreciar um bailado podem ser
experincias estticas.
Experincia esttica: sendo a atitude esttica uma atitude valorativa, a experincia
esttica consiste na capacidade, prpria de qualquer ser humano dotado de uma
sensibilidade, de reagir de um certo modo perante determinadas formas, naturais ou
artsticas (uma paisagem, a leitura de uma poesia, a audio de uma sonata de Chopin, a
contemplao de um bailado, etc.). A dimenso sensorial e emocional desta experincia
sobrepe-se aos elementos cognitivos e racionais, o que no dispensa os elementos
cognitivos, embora haja quem considere desnecessria a sua presena neste tipo de
experincias. Na verdade, se para apreciar uma boa refeio no se exige nenhuma
interveno do intelecto, j para apreciar um quadro de Van Gogh, um poema, ou uma
cantata de Bach, exige-se um certo tipo de conhecimentos e uma compreenso do
significado que se experimenta. Por isso, a experincia esttica no se reduz a uma
vivncia meramente sensorial e emocional. A experincia esttica pode ser
desencadeada pela contemplao de uma obra de arte ou da prpria Natureza, da sua
beleza, do seu poder, grandiosidade e magnificncia, e pode ser experimentada pelo
artista enquanto criador de uma obra de arte. A experincia esttica a que podemos
aceder sempre pessoal e subjetiva, uma verdadeira criao, realizada tanto pelo artista
como por quem contempla.
Juzo esttico: so os que expresso uma apreciao pessoal e subjetiva acerca de um
objeto, considerando o sentimento de prazer e de agrado que ele nos proporciona.
Belo: que agrada aos olhos, que desperta agradavelmente os sentidos; que apraz
inteligncia e ao corao como obra de arte;
Gosto: sentido que nos permite distinguir o sabor das coisas; paladar, sabor;
II.A ao humana e os valores
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Teoria da imitao
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Teoria da expresso
Teoria formalista
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Ao contrrio da teoria da imitao, esta teoria no encara a arte como uma espcie de
espelho colocado diante da natureza, no qual ela se reflete. A teoria da expresso
(fortemente influenciada pelo romantismo) encara a arte como um veculo para exprimir
emoes.
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" Trata-se de uma obra sem chama, sem qualquer interesse artstico.
H diferentes verses da teoria da expresso, Tolstoi defende uma delas. Para ele a
arte uma forma de comunicao. Mas a diferena entre, por exemplo, uma notcia de
jornal e a arte que esta expressa sentimentos e no outra coisa qualquer.
A arte um meio de unir as pessoas atravs desses sentimentos. Por isso h trs
condies sem as quais uma obra no pode ser arte:
1. o artista
2. o pblico
3. um mesmo sentimento partilhado por ambos
Isto significa que:
a) no h arte se o artista no sente qualquer emoo
b) no h arte se o pblico no sente qualquer emoo
c) no h arte se as emoes do artista e do pblico no so as mesmas
A teoria implica tambm a autenticidade das emoes do artista, pois se assim no
for, no consegue partilhar as mesmas emoes com o pblico.
Mas no suficiente transmitir sentimentos; preciso que os mesmos sentimentos
passem do artista para o pblico de forma intencional e que tais sentimentos no sejam
sentimentos generalizados, mas sentimentos resultantes de experincias individuais.
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Ser que a arte exprime, ao menos, sentimentos? Isso muito duvidoso, por exemplo,
no caso da msica chamada aleatria e em muita da chamada arte minimalista.
Concluso: a teoria da expresso no suficientemente abrangente para incluir obras
que so geralmente consideradas arte. Porm, muita arte exprime sentimentos.
Teoria formalista: x arte se, e s se, tem forma significante.
A exploso da arte moderna, nomeadamente da arte abstrata, veio mostrar que a
diversidade de obras de arte maior do que as teorias da imitao e da expresso
supunham. A teoria formalista tem em vista dar uma definio de arte que no exclua as
obras de arte moderna.
O filsofo e crtico de arte Clive Bell defendeu que as obras de arte so aquelas que
provocam em ns um determinado tipo de experincia pessoal e peculiar, a que d o
nome de emoo esttica.
Em relao emoo esttica h 3 aspetos a esclarecer:
1. Aos objetos que provocam emoes estticas chamamos obras de arte.
2. Diferentes obras de arte podem provocar diferentes emoes, mas essas emoes tm
de ser do mesmo tipo.
3. A emoo esttica apenas o ponto de partida para compreender a arte.
A emoo esttica o ponto de partida porque uma emoo que s temos quando
estamos perante obras de arte.
Mas as obras de arte no provocariam emoes estticas em ns se no houvesse
nelas qualquer caracterstica capaz de despertar tais emoes.
A caracterstica que existe em todas as obras de arte, e s nelas, capaz de provocar
emoes estticas a forma significante.
Exemplos de comentrios caractersticos de quem encara a arte de um ponto de vista
formalista:
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Por exemplo, que diferena existe entre a Caixa de Brillo de Andy Warhol e as caixas
vulgares que ela imita rigorosamente?
Outra objeo: a forma significante na pintura diferente da forma significante na
escultura, na literatura, no cinema, na msica, no teatro, etc. Ora, isso faz com que a
forma significante seja formada por um conjunto de caractersticas to vasto que acaba
por se tornar um conceito vago (dificilmente se imagina o que um contraexemplo).
O formalista pode ainda dizer que a forma significante a propriedade que provoca
em ns emoes estticas. Mas isso levanta o problema de saber o que so emoes
estticas. S que no se pode agora dizer que uma emoo esttica aquele tipo de
experincia provocada pela forma significante. Esta resposta insatisfatria, pois
circular.
Contudo, a forma um dos aspetos importantes de muita da arte moderna.
Definio dos conceitos nucleares
Arte: a arte uma estilizao do real, uma transfigurao enraizada na realidade e que
produz outra realidade, u processo duplamente criador (do artista/criador que produz a
obra e do espectador que a contempla e lhe recria um sentido). A arte pode ser encarada
e abordada como produo humana, autntica e original, reflexo da personalidade do
artista (abordagem psicolgica); como reflexo da sociedade, traduzindo, de certo modo,
a identidade cultural de um povo e de uma cultura (abordagem sociolgica); como
expresso de novos modos de ver e de dar sentido realidade, esclarecendo e
enriquecendo a nossa experincia na medida em que contribui para a desocultao e
revelao do ser das coisas (abordagem ontolgica); como produto da atividade humana
ao qual se confere, para alm de valor esttico, valor econmico e se trata como uma
mercadoria numa sociedade em que a industrializao e o consumo se estenderam
tambm a cultura e, portanto, ao mundo da arte; como uma forma de comunicao ou
como uma linguagem. H uma imensa variedade de obras de arte de diferentes tipos: a
pintura, a escultura, a arquitetura, a literatura, a musica, a dana, a fotografia e o
cinema.
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H vrias teorias que defendem que a arte tem valor porque tem uma funo importante.
Os que as distingue identificarem funes diferentes para a arte. So as teorias
funcionalistas, tambm chamadas instrumentalistas.
Arte e prazer: a arte tem valor porque um meio de nos proporcionar prazer.
Hume considerava que era a sensao de agrado que as obras de arte nos do que as
torna valiosas e desperta o nosso interesse por elas.
Objeo: mas o simples agrado no pode explicar por que razo d-mos tanto valor
arte. H muitas outras coisas que nos agradam e a que no atribumos a mesma
importncia: podemos ficar deliciados com uma tablete de chocolate mas no a
comparamos com Cem Anos de Solido de Gabriel Garcia Marquez.
Resposta: o agrado, ou prazer, devem ser entendidos como divertimento. Comer
chocolate no um divertimento.
Objeo: praticar desporto um divertimento. Contudo no valorizamos o desporto e
a arte da mesma maneira.
Outra objeo: h muitas obras de arte que no proporcionam prazer; algumas
provocam at sensaes contrrias s de prazer, como sucede com os filmes de terror.
Resposta: o prazer proporcionado pelas obras de arte um prazer de tipo superior e
no meramente sensvel.
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Ainda que a arte no tenha valor por proporcionar prazer, um facto que muitas obras
de arte do prazer.
Arte e moral: a arte tem valor porque exprime sentimentos que contribuem para o
progresso moral da humanidade.
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Entre as obras de arte falhadas, Tolstoi inclui peras de Wagner e at dois dos seus
mais importantes romances (consideradas por muitos como obras-primas da literatura
universal). Mas isso parece inaceitvel.
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Ser
Extenso
Ser vivo
Animal
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Vertebrado
Compreenso
Mamfero
Co
Ordem decrescente de extenso
Assim sendo:
Crescente de extenso: + especfico para o especfico
Decrescente de extenso: - especfico para o + especfico
Crescente de compreenso: - especfico para o + especfico
Decrescente de compreenso: + especfico para o especfico
Proposio
Uma proposio/ juzo uma frase ou enunciado que relaciona conceitos entre si,
afirmando ou negando algo em relao a cada um, possuindo valor de verdade.
Ex: A Fsica uma cincia ( proposio porque relaciona entre si dois conceitos e tem
valor de verdade verdadeiro)
A Biologia no uma cincia ( proposio com valor de verdade falso)
Argumento:
Um argumento/raciocnio um conjunto de proposies organizadas de tal modo
que uma delas a concluso que defendemos com base na outra ou nas outras, a que se
chamam as premissas.
Nem todos os conjuntos de proposies so argumentos. S os conjuntos de
proposies organizadas de tal modo que justifiquem ou defendam a concluso
apresentada so argumentos.
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Validade e verdade:
A verdade depende unicamente da matria/contedo das proposies
(premissas/concluso), se so verdadeiras ou falsas.
A validade depende unicamente da forma dos argumentos, se so vlidos ou
invlidos.
O que a argumentao?
A lgica estuda a argumentao. Mas o que argumentar?
Argumentar defender ideias com razes.
De certo modo, a argumentao como a gramtica: est sempre presente no nosso dia
a dia, sempre que pensamos e conversamos, mas no nos damos conta, geralmente, da
sua existncia. S ao estudar lgica somos levados a pensar diretamente em algo que
estamos sempre a usar sem reparar.
Proposies, valor de verdade e frases
Tanto as ideias que queremos defender nos nossos argumentos como as razes que
usamos para as defender so proposies.
Uma proposio o pensamento que uma frase declarativa exprime literalmente.
S as frases declarativas podem exprimir proposies. As frases interrogativas,
exclamativas, prescritivas e as promessas (incluindo as ameaas) no exprimem
proposies. As frases seguintes no exprimem proposies:
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Est a chover.
Se vieres comigo.
Ou te calas ou.
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delas exprima a ideia que se quer defender (a concluso), e que a outra ou outras sejam
apresentadas como razes a favor dessa ideia (a premissa ou premissas).
Se nos limitarmos a apresentar ideias, sem as razes que as apoiam, no estamos a
apresentar argumentos a favor das nossas ideias. E se no apresentarmos argumentos, as
outras pessoas no tero qualquer razo para aceitar as nossas ideias. Argumentar
entrar em dilogo com os outros.
Um raciocnio ou uma inferncia um argumento. Raciocinar ou inferir retirar
concluses de premissas.
Validade dedutiva e forma lgica
A distino validade-verdade
Em lgica e filosofia chama-se vlido a um argumento correto, independentemente de
as suas premissas serem verdadeiras ou falsas. O termo validade no se aplica a
proposies. E os argumentos no podem ser verdadeiros nem falsos.
Os argumentos podem ser vlidos ou invlidos, mas no podem ser verdadeiros nem
falsos.
As proposies podem ser verdadeiras ou falsas, mas no podem ser vlidas nem
invlidas.
Este um uso especializado da palavra validade. Este uso da palavra, que se faz em
lgica e filosofia, diferente do uso popular, que se faz no dia a dia. No dia a dia diz-se
que uma proposio vlida querendo dizer que interessante ou verdadeira. E diz-se
que um argumento verdadeiro quando correto. Mas este uso tem de ser abandonado
em filosofia e lgica, porque confunde duas coisas muito diferentes: a validade e a
verdade.
Como vimos, as premissas e a concluso dos argumentos so proposies.
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Forma lgica
Retomemos os dois argumentos apresentados na seco anterior:
Plato e Scrates eram gregos.
Logo, Plato era grego.
Plato e Scrates eram lisboetas.
Logo, Plato era lisboeta.
Como vimos, ambos os argumentos so vlidos. No difcil ver que h algo de comum
aos dois argumentos. Na realidade, a nica diferena que o primeiro fala de gregos e o
segundo de lisboetas. parte isso, so iguais.
Alm disso, no difcil ver que tanto faz falar de gregos, lisboetas, franceses ou
qualquer outra coisa: o argumento que obtemos ser sempre vlido.
Plato e Scrates eram ananases.
Logo, Plato era um anans.
Por mais tolas que sejam a premissa e concluso, o argumento vlido desde que tenha
uma certa estrutura ou padro. Vamos descobrir que estrutura essa.
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evidente que dizer Plato e Scrates eram gregos apenas uma forma abreviada e
mais elegante de dizer Plato era grego e Scrates era grego:
Plato era grego e Scrates era grego.
Logo, Plato era grego.
No difcil ver que no temos de estar a falar de Plato nem de Scrates para o
argumento ser vlido:
O Joo alto e a Maria baixa.
Logo, o Joo alto.
Seja o que for que vem antes e depois do e, se a concluso repetir o que vem antes do
e, o argumento vlido:
e __.
Logo, .
(Tambm no difcil ver que se a concluso repetir o que vem depois do e, o
argumento ser igualmente vlido.)
Em vez de assinalarmos os lugares vazios com e __ vamos usar letras do alfabeto:
P e Q,
Logo, P.
As letras maisculas P, Q, R, etc., representam lugares vazios que s podem ser
ocupados por proposies. Se P for a proposio expressa pela frase Plato era grego
e se Q for a proposio expressa pela frase Scrates era grego, obtemos o primeiro
argumento apresentado nesta seco.
Chama-se varivel proposicional s letras P, Q, R, etc., que representam lugares
vazios que s podem ser ocupados por proposies.
Chegmos, assim, estrutura relevante dos argumentos apresentados. A essa estrutura
ou padro chama-se forma lgica. Independentemente de falarem de Plato e Scrates,
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Logo
Ento
Da que
Assim
Portanto
Por isso
Segue-se que
Por consequncia
Por conseguinte
Infere-se que
Consequentemente
por essa razo que
Contudo
Indicadores tpicos de premissa:
Porque
Pois
Ora
Se
Uma vez que
Posto que
Visto que
Tendo em conta que
Em virtude de
Devido a
Considerando que
Dado que
Por causa de
Como
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A razo que
Deduo e Induo
Deduo
A deduo uma operao mental pela qual se conclui de uma ou mais premissas,
tomadas como antecedente uma proposio que delas deriva necessariamente, em
virtude da observncia de regras lgicas.
O valor da deduo esta em ser rigorosa, dado que para alem de obedecer a regras
formais, acaba por dizer na concluso algo, cerca de alguns, que se encontrava j
presente em todos, ou seja, nas premissas. Contudo, a deduo apresenta a desvantagem
de no ampliar conhecimentos visto que aquilo que se afirma na concluso estava j
implcito nas premissas.
Ex: Todos os jogadores de futebol so desportistas
Figo jogador de futebol
Logo, Figo desportista
(Parte do Geral para o Particular)
Induo
A induo a operao mental eu, partindo de um certo nmero de factos
particulares, conclui uma lei geral, aplicvel a todos os casos da mesma espcie.
A induo, na medida em que parte de alguns casos particulares e chega a uma
concluso aplicando a todos os casos, permite ampliar ou aumentar conhecimentos.
Apresenta porem a desvantagem de no ser rigorosa, possibilitando, nesse sentido, o
aparecimento de casos excecionais que ponham em causa a verdade da concluso.
Ex: A Terra, Marte, Vnus, Saturno, Neptuno so planetas.
A Terra, Marte, Vnus, Saturno, Neptuno no brilham com luz prpria.
Logo, todos os planetas no brilham com luz prpria.
(Parte do particular para o plural)
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Forma e contedo
Validade e verdade
Deduo e induo
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As proposies destes tipos incluem sempre dois termos. O termo sujeito aquele que
ocupa o lugar de A. O termo predicado aquele que ocupa o lugar de B. E diz-se que
um juzo a atribuio de um termo predicado a um termo sujeito, segundo a estrutura
S P (Sujeito Predicado). Por exemplo, o termo sujeito em Todos os animais so
seres vivos animais e o termo predicado seres vivos.
A classificao das proposies
A classificao das proposies realiza-se tendo em conta dois fatores: a quantidade
e a qualidade. A quantidade refere-se extenso do termo sujeito da proposio.
A proposio universal quando abrange a totalidade da extenso do termo sujeito.
Exemplos: Todos os lisboetas so portugueses. Tipo A
Nenhum alentejano lisboeta. Tipo E
Uma proposio particular quando abrange apenas uma parte da extenso do termo
sujeito.
Exemplos: Alguns comerciantes so honestos. Tipo I
Alguns alunos no so estudiosos. Tipo O
A qualidade de uma proposio refere-se ao seu carter afirmativo ou negativo.
Afirmando, declara-se que determinado termo predicado se aplica a determinado termo
sujeito; negando, declara-se que determinado termo predicado no se aplica a
determinado termo sujeito. As proposies podem ser afirmativas (as de tipo A e de tipo
I) ou negativas (as de tipo E e de tipo O).
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Teoria do silogismo
Um silogismo uma forma particular de raciocnio (argumento) dedutivo, constituda
por trs proposies categricas (que afirmar ou negam algo de forma absoluta e
incondicional): duas premissas e uma concluso
Todos os portugueses so sbios.
Todos os minhotos so portugueses.
Logo, Todos os minhotos so sbios.
Alm de terem duas premissas e unicamente proposies de uma das quatro formas
silogsticas, os silogismos tm de obedecer a uma certa configurao:
O termo menor o termo sujeito da concluso e ocorre uma nica vez na segunda
premissa (premissa menor).
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Assim,
Termo Mdio
Premissa maior
Premissa menor
Concluso
Termo Maior
Termo Menor
2.
Todas as rs so anfbios.
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-Hugo Arajo-
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Neste caso, o termo margaridas usado em dois sentidos diferentes (valendo por
dois termos): no sentido de nome de flor e de nome prprio de algumas mulheres.
Assim, o silogismo no vlido porque tem quatro e no trs termos.
Regra 2: O termo mdio tem de estar distribudo pelo menos uma vez.
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Regra 7: A concluso tem de seguir a parte ou premissa mais fraca. A parte mais
fraca a negativa e/ou a particular. Se uma premissa for negativa, a concluso tem
de ser negativa; se uma premissa for particular, a concluso tem de ser particular.
Se houver uma premissa particular e outra negativa, a concluso ser particular e
negativa.
Todos os atenienses so gregos.
Alguns atenienses so filsofos.
Logo, todos os filsofos so gregos.
Este silogismo invlido porque a concluso universal, mas uma das premissas
particular.
Convm nunca esquecer que na lgica aristotlica no se pode usar classes vazias.
Assim, quaisquer argumentos que contenham termos como lobisomens, mulheres
com mais de 10 metros de altura, marcianos, etc., no podem ser analisados
recorrendo lgica aristotlica. Nos casos em que no sabemos se uma classe vazia ou
no (como a classe dos extraterrestres inteligentes) tambm no podemos usar a lgica
aristotlica. Caso usemos classes vazias, a lgica aristotlica apresenta resultados
errados. Consideremos o seguinte silogismo:
Todos os portugueses so ibricos.
Todos os marcianos so portugueses.
Logo, h marcianos ibricos.
O silogismo anterior, vlido segundo a teoria do silogismo, de facto invlido. A
verdade da universal afirmativa Todos os marcianos so portugueses no nos obriga a
concluir que alguma vez tenham existido seres da classe dos marcianos. Deste modo,
temos um silogismo constitudo por premissas verdadeiras e concluso falsa o que
contraria a noo de validade dedutiva.
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Figuras do Silogismo
Silogismo da 1 figura
O termo maior sempre o predicado da premissa maior e da concluso e o termo menor
sujeito da premissa menor e da concluso. O termo mdio o sujeito da premissa
maior e predicado da premissa menor.
Ex: Todo o homem mortal SUJEITO na premissa maior
Ora Scrates homem PREDICADO na premissa menor
Logo, Scrates mortal.
Silogismo da 2 figura
O termo mdio predicado em ambas as premissas.
Ex: Nenhum americano europeu PREDICADO na premissa maior
Todo o francs europeu PREDICADO na premissa menor
Nenhum francs americano.
Silogismo da 3 figura
O termo mdio sujeito em ambas as premissas.
Ex: Todo o filsofo sbio SUJEITO na premissa maior
Todo o filsofo homem SUJEITO na premissa menor
Algum homem sbio.
Silogismo da 4 figura
Premissa
OPremissa
termo
Maior mdio predicado da premissa maior e sujeito da menor.
Maior
4 F.
3 F.
2 F.
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1 F.
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[ Z
1
Figura
2
Figura
3
Figura
4
Figura
AA
A
AII
AEE
AAI
AO
O
EAE
EIO
EAE
EIO
AII
AAI AEE
EA
O
EA
O
EIO
IAI
EIO
IAI
OAO
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2. Argumentao e retrica
2.1. O domnio do discurso argumentativo: a procura de adeso do auditrio
Demonstrao e argumentao
Comparemos os seguintes argumentos:
1) Se o Mar Mediterrneo for gua, H2O.
O Mar Mediterrneo gua.
Logo, H2O.
2) Se os animais no tm deveres, no tm direitos.
Os animais no tm deveres.
Logo, no tm direitos.
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Ao pretender a adeso a uma tese por parte do auditrio, torna-se varivel, da que a
intensidade da adeso possa ser acrescida;
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Demonstrao
um clculo formal;
Diz respeito verdade de uma concluso a partir das premissas com que
necessariamente se relaciona;
insulado do contexto;
impessoal
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partilhe as suas crenas religiosas, o argumento fraco, pois essa pessoa no aceita a
primeira premissa (apesar de ser possvel que essa premissa seja verdadeira, sem que ela
o saiba).
A solidez de um argumento independente do estado cognitivo do auditrio; nem a
validade nem a verdade dependem do que as pessoas pensam. Mas a fora ou
plausibilidade de um argumento relativa aos estados cognitivos das pessoas: depende
do que as pessoas pensam que verdade, aceitvel ou plausvel.
A um argumento fraco chama-se tambm inferncia no informativa ou inferncia
irrelevante. Assim, uma inferncia como Est a chover; logo, est a chover, apesar
de vlida, no informativa. E uma inferncia que parte de proposies menos
plausveis do que a concluso irrelevante.
Em concluso:
Lgica Formal/Dedutiva/Demonstrativa:
- Objetivo: estudo da validade dos argumentos segundo a sua forma;
- Distingue argumentos vlidos de invlidos;
- H uma relao de necessidade entre as premissas e concluso. Se a forma do
argumento vlida e se as suas premissas so verdadeiras, a concluso tem de ser
verdadeira;
- Um argumento slido (vlido com premissas verdadeiras) no pode ser refutado;
- O estudo da validade prescinde de referncias ao contedo das proposies e ao
contexto da argumentao (na qual um orador tenta persuadir um auditrio);
- Procura argumentos vlidos, mas sobretudo slidos (com premissas verdadeiras)
- As regras derivam de sistemas formais.
Lgica Informal/Indutiva/Argumentativa:
- Objetivo: estudo dos argumentos fortes (argumentos que, apesar de invlidos, do
algum sustento concluso) e dos seus graus;
- Distingue graus de fora dos argumentos;
- Um argumento forte com premissas verdadeiras justifica, mas no garante a verdade
da concluso;
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Integra
Honesta
Responsvel
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2. Argumentao e retrica
2.2. O discurso argumentativo: principais tipos de argumentos e falcias informais
Argumentos e falcias informais
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numa analogia mais plausvel do que a hiptese de a concluso ser verdadeira. Contestase um argumento por analogia tentando mostrar que h diferenas entre as duas coisas
comparadas que derrotam a concluso.
A falcia da falsa analogia ocorre quando h diferenas entre as duas coisas
comparadas que derrotam a concluso.
Num argumento de autoridade usa-se a opinio de um especialista, como no
exemplo seguinte:
Hegel disse que a realidade espiritual.
Logo, a realidade espiritual.
Para que um argumento de autoridade seja bom necessrio que o especialista ou
especialistas invocados sejam realmente especialistas da matria em causa e que os
outros especialistas no discordem dele. Por isso, em filosofia os argumentos de
autoridade so quase sempre falaciosos, dado que os filsofos discordam quase sempre
uns dos outros relativamente a questes substanciais. S podemos usar argumentos de
autoridade em filosofia caso os outros filsofos, quanto questo em causa, no
discordem do filsofo que estamos a invocar.
Chama-se entimema a um argumento em que uma ou mais premissas no foram
explicitamente apresentadas. Tentar encontrar as premissas ocultas do nosso
pensamento uma parte importante da discusso filosfica.
Em concluso:
Diferena fundamental entre os argumentos formais e informais:
Nos argumentos formais, a validade depende exclusivamente da sua forma lgica,
enquanto que nos argumentos informais a sua validade no depende exclusivamente da
sua forma.
Deduo/Induo:
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Devia ser bvio que se trata de uma falcia. Na vspera da descoberta da cura da
tuberculose as pessoas tambm poderiam ter dito que era impossvel curar a
tuberculose, com o mesmo tipo de argumento. Podero existir outros argumentos a
favor da ideia de que impossvel provar que Deus existe ou que no existe. Mas este
falacioso.
A falcia da petio de princpio ocorre sempre que se admite nas premissas o que se
deseja concluir. O caso mais bvio a mera repetio:
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Deus existe.
Logo, Deus existe.
Este tipo de argumento sempre falacioso, apesar de dedutivamente vlido, dado que a
premissa nunca mais plausvel do que a concluso.
Normalmente, esta falcia no formulada de forma to evidente. Em vez disso, a
premissa falaciosa surge disfarada com variaes gramaticais da concluso ou
misturada com outras premissas:
Tudo o que a Bblia diz verdade porque a
Bblia foi escrita por Deus.
A Bblia diz que Deus existe.
Logo, Deus existe.
Chama-se tambm raciocnio circular petio de princpio.
A falcia de apelo fora, o argumento que recorre a foras de ameaa como meio
de fazer aceitar uma afirmao:
Quando as autoridades de trnsito depois de terem esgotado os demais recursos
persuasivos para levar os condutores a no ultrapassarem os limites de velocidade
estabelecidos, lhes recordam que as multas a pagar pelas infraes so elevadas. (ex:
opresso psicolgica, ameaas)
A falcia do apelo misericrdia (argumentum ad misercordiam) consiste
habitualmente em tentar convencer algum a fazer algo com base no estado lastimoso
do autor do argumento. O argumento falacioso quando o estado lastimoso do autor do
argumento no tem qualquer relevncia relativamente ao que est em causa. Por
exemplo:
Eu estudei desalmadamente durante as duas ltimas semanas.
Logo, o professor deve dar-me uma boa nota.
Este argumento um apelo ilegtimo misericrdia porque as notas so atribudas no
em funo do esforo do estudante mas sim dos resultados, tal como numa prova
desportiva.
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3. Argumentao e Filosofia
3.1. Filosofia, retrica e democracia
A Plis grega
A Grcia antiga possua um regime poltico em que o governo e a administrao
pblica se encontravam nas mos dos cidados. No entanto, o conceito de cidado no
era to vasto como hoje em dia, sendo que apenas um dcimo da populao era
considerado cidado. Para se obter o estatuto de cidado no se podia ser mulher,
escravo ou meteco, e tinha que se obedecer a um conjunto de regras.
Nessa sociedade fazer parte da vida poltica era uma espcie de obrigao para qualquer
cidado. Todos os cidados reuniam-se em assembleia popular para decidirem por eles
mesmos os assuntos pblicos. A retrica era assim um instrumento fundamental na
democracia negra, na medida em que permitia aos cidados apresentarem, esclarecer e
resolver os problemas.
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A democracia grega apresenta-se como uma base para as democracias atuais, embora
com algumas diferenas significativas. Podemos assim estabelecer as igualdades e
diferenas destas duas democracias.
Ao contrrio do que acontece atualmente:
A vida pessoal dos cidados e a sua vida poltica estavam estritamente ligadas.
A argumentao racional, logos, era a chave da autoridade, sendo que quem exercia
o poder poltico necessitava sempre apresentar razes aceitveis;
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A via da retrica
Grgias e Demcrito, sofistas, tinham uma abordagem antropolgica da retrica
(antrophos = homem). Consideravam que a nica via para a verdade era a investigao
pela argumentao interpessoal.
Nesta altura a retrica vista como uma prtica ajustada s necessidades do tempo.
Os sofistas apareceram no final do sc. V a.C., numa poca em que a vida democrtica
reclamava a participao dos cidados que se mostrassem aptos a faz-lo. Vinham de
vrios pontos da Grcia ou at do estrangeiro, apresentando tendncia para relativizar os
hbitos e instituies atenienses e para pr em causa a autoridade das tradies
enraizadas.
Os sofistas so pois um conjunto de livres-pensadores que se propem a ensinar a
arte da poltica e as qualidades que os homens devem possuir para serem bons cidados.
Andam de cidade em cidade proporcionando aos jovens que desejam alargar os seus
horizontes intelectuais uma aprendizagem eficiente, habilitando-os para o ingresso na
vida poltica. Voltavam-se para a formao prtica dos homens, tentando torn-los bons
cidados e polticos eficientes, ensinando temas relativos moral, poltica, economia,
retrica e filosofia.
Os sofistas pem de lado a procura da verdade em si mesma para insistirem na arte de
expor, argumentar e convencer. A verdade torna-se assim subjetiva e relativa a cada um.
A insistncia neste subjetivismo e relativismo fomenta a liberdade intelectual que leva
as pessoas a questionar os conceitos e valores do passado e, simultaneamente, a
estabelecer novos tipos de crenas e ideais. A retrica apresenta-se assim como um
poderosa tcnica de persuaso.
No entanto, este reduzir o carter absoluto e universal da verdade a meras opinies
relativas, faz com que os sofistas comecem a ser expulsos do grupo dos filsofos.
Apesar de tudo, hoje em dia considera-se que o mrito dos sofistas reside na sua
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3. Argumentao e Filosofia
3.2. Persuaso e manipulao ou os dois usos da retrica
Persuaso e Manipulao ou os dois usos da retrica
A retrica pode ser utilizada devida ou indevidamente, sendo considerados o bom e o
mau uso da retrica.
O bom uso da retrica consiste em permitir ao auditrio decidir por ele mesmo de um
modo consciente e crtico. Est relacionado com a persuaso.
O mau uso da retrica quando o auditrio no deixado a decidir livremente, mas
sim em funo dos interesses do orador. Est relacionado com a manipulao.
Persuaso
Persuadir consiste em convencer algum a aceitar ou a decidir-se por algo sem que
isso implique a diminuio das suas aptides cognitivas ou comportamentais. O
objetivo da persuaso apenas provocar a adeso, apelando a fatores racionais e
emocionais.
Na persuaso pressupe-se que quem persuadido conhece o objeto sobre o qual
incide a argumentao, est a par de todas as solues possveis sobre as quais
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3. Argumentao e Filosofia
3.3. Argumentao, verdade e ser
Plato afirma que h dois usos distintos da retrica, um bom e um mau uso e se o
bom uso consiste em usar a capacidade persuasiva do discurso para dizer o que
verdade. Temos que perguntar: o que a verdade? Haver uma verdade?
So diferentes as perspetivas assumidas pelos sofistas e por Plato.
O pressuposto de que Plato parte que h de facto uma verdade e que ela a
expresso de uma realidade imutvel e perfeita o mundo do ser de que a realidade
que continuamente captamos atravs dos nossos sentidos e da experincia quotidiana
apenas um reflexo ou uma cpia. Para Plato existe uma verdade universal e absoluta a
respeito de cada assunto, quando o nosso discurso traduz adequadamente essa realidade
ideal. Neste contexto a retrica s ser legtima quando o orador colocar a sua
capacidade oratria ao servio da descoberta e da partilha do conhecimento dessa
verdade universal.
Os sofistas, pelo contrrio, partem do pressuposto de que, pelo menos no que se
refere aos valores morais e polticos, no existe verdade segura e unvoca; existem
unicamente opinies e argumentos mais ou menos convincentes. Assim sendo, o dever e
direito de quem est convencido da qualidade da sua perspetiva so usar uma
argumentao convincente para conquistar a aceitao das outras pessoas. Para os
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sofistas a verdade filosfica mltipla pois, sendo humana nunca certa seno para
aquele que a possui e enuncia e para os que nela acreditam.
Estas questes da natureza da realidade e da possibilidade ou impossibilidade de a
conhecermos tal como ela , tem interessado os filsofos desde os gregos e continua em
aberto e a suscitar inmeras discusses e diferentes perspetivas de resposta. As questes
de saber o que verdade ou o conhecimento da realidade no esto ainda
resolvidas e continuam a desafiar a capacidade racional e argumentativa dos filsofos e
de todos ns.
Se qualquer filsofo:
No pode impor as suas ideias aos outros nem pela fora ou pela violncia;
Ento ele no pode pr de lado a retrica, pois o que ele pode fazer por
interpretaes, isto , opinies ou teses, e usar a argumentao para justificar essas
opinies, procurando persuadir o seu auditrio da verdade dessas teses ou, pelo
menos, da sua razoabilidade.
A retrica um instrumento indispensvel para justificar as nossas opinies e
permitir o esclarecimento mtuo das pessoas que honesta e sinceramente procuram a
verdade e o verdadeiro conhecimento da realidade ou do ser. Ela permitir, a todos os
que possuem curiosidade e desejo de aceder verdade, uma averiguao conjunta do
conhecimento no pressuposto de que a verdade tem de ser reconhecida por todos
(universalmente) com base num acordo inter subjetivo.
Claro que nada nos garante que a habilidade retrica no seja usada para manipular
e enganar. Porm, contra esse perigo, o melhor remdio , justamente, a posse de um
apurado sentido crtico e de uma capacidade argumentativa que nos permita conhecer
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Tipos de conhecimento
Que tipos de conhecimento h? Saber tocar piano, por exemplo, no como saber que
os pianos tm teclas. Nesta seco, vamos distinguir alguns tipos de conhecimento.
Saber andar de bicicleta diferente de saber que andar de bicicleta saudvel. Mas
existe algo em comum entre estes tipos de conhecimento: nos dois casos h um sujeito
(que conhece) e um objeto (o que conhecido).
Por exemplo:
a. O Joo sabe andar de bicicleta.
b. O Joo sabe que andar de bicicleta saudvel.
Ambas as frases exprimem uma relao de conhecimento entre o Joo e as coisas que
ele sabe. No primeiro caso, o objeto de conhecimento andar de bicicleta; no segundo,
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-Hugo Arajo-
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Conhecimento e crena
Para responder questo de saber o que o conhecimento temos de refletir sobre as
coisas que conhecemos para identificarmos o que h de comum entre elas. A primeira
coisa que podemos constatar que o conhecimento uma relao entre o sujeito do
conhecimento e o objeto do conhecimento.
Uma crena (ou convico ou opinio) tambm uma relao entre o sujeito que tem a
crena e o objeto dessa crena. Por crena os filsofos no querem dizer unicamente
a f religiosa, mas sim qualquer tipo de convico que uma pessoa possa ter. Por
exemplo, podemos acreditar que Aristteles foi um filsofo, ou podemos acreditar que a
Terra maior do que a Lua.
Dado que tanto a crena como o conhecimento relacionam um agente cognitivo com
uma proposio, que relaes existem entre a crena e o conhecimento?
Muitos filsofos defendem que todo o conhecimento envolve uma crena.
Por outras palavras, quando sabemos algo, acreditamos nesse algo. Uma razo para
dizer isto que as afirmaes do gnero das seguintes so contraditrias, num certo
sentido:
Sei que a Terra redonda, mas no acredito nisso.
No acredito em bruxas, mas que as h, h!
Estas afirmaes so contraditrias num certo sentido porque no parece possvel saber
algo sem acreditar no que se sabe. Assim, diz-se que a crena uma condio
necessria para o conhecimento: sem crena no h conhecimento.
G uma condio necessria para F quando tudo o que F G.
G uma condio suficiente para F quando tudo o que G F.
Por exemplo, viver em Portugal uma condio necessria para viver em Lisboa porque
todas as pessoas que vivem em Lisboa vivem em Portugal. E viver em Portugal uma
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condio suficiente para viver na Europa porque todas as pessoas que vivem em
Portugal vivem na Europa.
Eis ento aquilo que descobrimos at agora acerca da natureza do conhecimento:
A crena uma condio necessria para o conhecimento.
Por exemplo, se o Joo souber que a neve branca, ento acredita que a neve branca.
Mas ser a crena uma condio suficiente para o conhecimento? Evidentemente que
no, dado que as pessoas podem acreditar em coisas que no podem saber,
nomeadamente falsidades. Uma pessoa pode acreditar que existem fadas, por exemplo,
mas no pode saber que existem fadas porque no h fadas.
A crena no uma condio suficiente para o conhecimento.
Como a crena uma condio necessria mas no suficiente para o conhecimento, a
crena e o conhecimento no so equivalentes.
Saber e acreditar so coisas distintas.
Ao tentar definir uma coisa, procuramos as condies necessrias e suficientes dessa
coisa. Se tivermos descoberto uma condio necessria mas no suficiente, continuamos
a procurar outras condies necessrias porque em muitos casos um conjunto de
condies necessrias acaba por ser uma condio suficiente.
Por exemplo, uma condio necessria para ser um ser humano ser um homindeo.
Mas no uma condio suficiente, dado que muitos homindeos no so seres
humanos. Outra condio necessria para ser um ser humano ser racional; mas
tambm no suficiente, dado que podero existir seres racionais extraterrestres, por
exemplo, e eles no sero seres humanos. Mas se juntarmos as duas condies
necessrias, obtemos uma condio suficiente, pois basta ser racional e um homindeo
para ser um ser humano.
isso que iremos fazer em relao definio de conhecimento. Dado que ser uma
crena uma condio necessria mas no suficiente de conhecimento, vamos ver se
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haver outras condies necessrias para o conhecimento que em conjunto sejam uma
condio suficiente.
Conhecimento e verdade
Vimos que a crena necessria para o conhecimento, mas no suficiente.
Ser que h outras condies necessrias para o conhecimento?
Alguns termos da linguagem so factivos. Por exemplo, o termo ver factivo. Isto
quer dizer que se o Joo viu a Maria na praia, a Maria estava efetivamente na praia. Se a
Maria no estava na praia, o Joo no a viu l apenas pensou que a viu l, mas
enganou-se.
O mesmo acontece com o conhecimento. Se o Joo sabe que a Maria est na praia, a
Maria est na praia. Se a Maria no est na praia, o Joo no pode saber que a Maria
est na praia pode pensar, erradamente, que a Maria est na praia, mas isso ser
apenas uma crena falsa. Como bvio, nenhuma crena falsa pode ser conhecimento,
mesmo que a pessoa que tem essa crena pense, erradamente, que conhecimento.
O conhecimento factivo, ou seja, no se pode conhecer falsidades.
Dizer que no se pode conhecer falsidades no o mesmo que dizer que no se pode
saber que algo falso. As duas coisas so distintas. Vejamos os seguintes exemplos:
1. A Mariana sabe que falso que o cu verde.
2. A Mariana sabe que o cu verde.
1 e 2 so muito diferentes. O exemplo 1 no viola a factividade do conhecimento. Mas a
afirmao 2 viola a factividade do conhecimento: a Mariana no pode saber que o cu
verde, pois o cu no verde.
Dizer que o conhecimento factivo apenas dizer que sem verdade no h
conhecimento.
A verdade uma condio necessria para o conhecimento.
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No se deve confundir as seguintes duas coisas: pensar que se sabe algo e saber
realmente algo. Se de facto soubermos algo, ento temos a garantia de que isso que
sabemos verdade. Mas podemos pensar que sabemos algo sem o sabermos de facto.
Por exemplo, no tempo de Ptolomeu pensava-se que a Terra estava imvel no centro do
universo. E as pessoas estavam to seguras disso que pensavam que sabiam que a Terra
estava imvel no centro do universo.
Contudo, mais tarde descobriu-se que essas pessoas estavam enganadas: elas no
sabiam tal coisa, apenas pensavam que sabiam. Claro que quando hoje pensamos que
sabemos que essas pessoas estavam enganadas, podemos tambm estar enganados.
Ser que basta que uma crena seja verdadeira para ser conhecimento?
Por outras palavras, ser que uma crena verdadeira suficiente para o conhecimento?
Vejamos o seguinte dilogo:
Catarina: Acabei de jogar no totoloto, e algo me diz que desta que vou ganhar.
Joo: Espero que sim!
Alguns dias depois...
Catarina: Joo, ganhei o totoloto! No te disse que sabia que ia ganhar o totoloto?
Joo: Parabns Catarina! Mas como podias saber tal coisa? No querers antes dizer
que tinhas uma forte convico de que ias ganhar?
Catarina: Bom, saber, saber, no sabia. Mas achava que sim, e a verdade que isso
acabou por se verificar.
Joo: Mas isso s quer dizer que tinhas uma crena verdadeira. Mas ser que tinhas de
facto conhecimento? Sabias mesmo que ias ganhar o totoloto? que se soubesses, no
precisavas de estar com esperana nisso, e nem sequer precisavas de verificar os
nmeros do sorteio.
Catarina: Como assim?
Joo: Por exemplo, se sabes quando nasceste, no precisas de consultar o teu bilhete de
identidade para verificar o ano. Do mesmo modo, se soubesses que ias ganhar o
totoloto, no precisavas verificar que nmeros saram: j sabias que nmeros eram
esses.
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ser verdadeira no se segue que ele saiba realmente que vai passar de ano. Mas se, alm
de possuir uma crena verdadeira, o Antnio tiver razes que suportem a sua crena, ele
sabe-o. Por exemplo, se ele acreditar que vai passar de ano porque tem boas notas a
todas as disciplinas, ento a sua crena verdadeira no mero fruto do acaso, mas est
justificada por boas razes: a sua crena conhecimento. Eis, portanto, a terceira
condio para o conhecimento:
A justificao uma condio necessria para o conhecimento.
Mas ser a crena justificada suficiente para o conhecimento? Se acreditarmos em algo
justificadamente, teremos a garantia de que sabemos esse algo? Se pensarmos em
Ptolomeu, vemos que ter uma justificao para acreditar numa coisa no significa que se
tenha conhecimento dessa coisa. Ptolomeu tinha boas justificaes para pensar que a
Terra estava parada no centro do universo. Mas no sabia que a Terra estava parada no
centro do universo.
Como vimos diferentes pessoas esto em diferentes estados cognitivos. No estado
cognitivo em que se encontrava Ptolomeu, havia justificao para pensar que a Terra
estava parada no centro do universo. Mas os estados cognitivos das pessoas no so
perfeitos e por isso as pessoas podem ter justificao para acreditar em falsidades.
Por exemplo, antes de na Europa se descobrir a Austrlia, todos os cisnes conhecidos na
Europa eram brancos. Os europeus tinham por isso uma justificao para pensar que
todos os cisnes do mundo eram brancos.
Mas depois descobriu-se cisnes negros na Austrlia. Logo, podemos ter crenas
justificadas sem ter conhecimento.
Por outras palavras:
A crena justificada no suficiente para o conhecimento.
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Note-se que para que a crena de algum esteja justificada no necessrio que essa
pessoa saiba justificar a sua crena. Isso seria absurdo, dado que a justificao mais
profunda para pensar que est uma rvore minha frente inclui complexos mecanismos
da viso que a maior parte das pessoas desconhece. E mesmo para justificar a crena de
que todos os corvos so negros muitas pessoas sero incapazes de articular
explicitamente um argumento indutivo.
A crena de algum pode estar justificada sem que essa pessoa a consiga justificar
explicitamente. O que importa que a sua crena esteja justificada e no que ela saiba
justificar explicitamente a sua crena. Vejamos mais um exemplo: o Pedro uma
criana de 7 anos e tem uma crena justificada de que o irmo est a beber leite com
chocolate. Mas o Pedro no consegue justificar explicitamente a sua crena. O que
importa que h uma justificao que legitima a crena do Pedro: nomeadamente, o
Pedro est justificado a acreditar que o irmo est a beber leite com chocolate porque
est a v-lo beber leite com chocolate e nada h de errado com a sua viso.
Vimos at agora trs condies necessrias para algo ser conhecimento: ser uma crena,
ser verdadeira e ser justificada. E vimos tambm que, separadamente, nenhuma dessas
condies era suficiente. Mas se juntarmos as trs condies, obtemos a seguinte
definio de conhecimento, em que S uma pessoa qualquer:
S sabe que P se, e s se,
a. S acredita que P.
b. P verdadeira.
c. H uma justificao para S acreditar que P.
Esta a definio tradicional de conhecimento. Uma condio necessria e suficiente
para ter conhecimento ter uma crena verdadeira justificada.
Apesar de, separadamente, nenhuma das condies ser suficiente para o conhecimento,
tomadas conjuntamente parecem suficientes. Se algum tiver uma crena, se essa crena
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for verdadeira e se alm disso essa crena estiver justificada, parece impossvel que essa
pessoa no tenha conhecimento.
Conhecimento e crena verdadeira justificada
A definio tradicional de conhecimento foi aceite durante mais de dois mil anos tendo
sido disputada em 1963 pelo filsofo americano Edmund Gettier (n. 1927). Gettier
forneceu um conjunto de contraexemplos que mostram que podemos ter uma crena
verdadeira justificada sem que essa crena seja conhecimento. Vejamos ento o tipo de
contraexemplos em causa.
Imaginemos que o Joo vai a uma festa onde se encontrava a Ana.
Imaginemos ainda o seguinte:
1. O Joo acredita que a Ana tem a A Arte de Pensar na mochila.
Imaginemos tambm que a crena do Joo est justificada. Por exemplo, suponhamos
que a Ana lhe tinha dito que ia levar o manual para a festa porque a Rita lho tinha
pedido emprestado. Portanto, o Joo no s acredita que a Ana tem A Arte de Pensar na
Mochila como a sua crena est justificada:
2. A crena do Joo de que a Ana tem a A Arte de Pensar na mochila est justificada.
At aqui tudo bem. Agora vem a parte substancial do argumento:
Imaginemos que a Rita tinha telefonado Ana para lhe dizer que afinal j no precisava
que ela lhe emprestasse o manual. Suponhamos agora que o Antnio tinha encontrado a
Ana antes da festa e lhe tinha pedido para levar o manual para a festa para tirar umas
dvidas com ela. Portanto, a Ana tinha de facto A Arte de Pensar na mochila, mas no o
tinha por causa da Rita, mas por causa do Antnio.
3. A Ana tem A Arte de Pensar na mochila.
Isto significa que, dado 1, 2 e 3, o Joo tem uma crena verdadeira justificada. E, logo,
de acordo com a definio tradicional de conhecimento, o Joo sabe que a Ana tem A
Arte de Pensar na mochila. Mas ser que o Joo sabe tal coisa?
Junho 2007
-Hugo Arajo-
No! O Joo no pode saber tal coisa. Aquilo que justifica a crena do Joo no o
levou Ana a levar A Arte de Pensar para a festa. por mera sorte que a crena do Joo
verdadeira. Por outras palavras, a razo pela qual o Joo acredita que a Ana tem A Arte
de Pensar na mochila no a razo que levou a Ana a levar o manual para a festa.
Assim, temos um caso em que algum tem uma crena verdadeira justificada mas em
que essa crena no constitui conhecimento. E isto contradiz a definio tradicional de
conhecimento. Logo, a definio tradicional de conhecimento est errada. Ou seja:
A crena verdadeira justificada no suficiente para o conhecimento.
H muitas propostas de soluo do problema levantado pelos contraexemplos de Gettier.
Em geral, todas aceitam os mritos da definio tradicional de conhecimento, e
procuram apenas fortalecer a noo de justificao, para bloquear os contra exemplos.
Mas este um tema para um estudo mais aprofundado.
Em concluso:
Que tipos de conhecimento h?
O que o conhecimento?
A crena uma condio necessria para o conhecimento.
O conhecimento factivo, ou seja, no se pode conhecer falsidades.
A verdade uma condio necessria para o conhecimento.
-Hugo Arajo-
branca. Para sabermos que 2 + 2 = 4 basta pensarmos sobre isso. Mas para sabermos
que a neve branca temos de ver neve. Isto significa que a justificao do nosso
conhecimento de que 2 + 2 = 4 diferente da justificao do nosso conhecimento de
que a neve branca.
No primeiro caso, parece que estamos justificados a acreditar que 2 + 2 = 4 pelo
pensamento apenas, ou pela razo. No segundo caso, estamos justificados a acreditar
que a neve branca pela experincia, ou atravs dos nossos sentidos.
D-se tradicionalmente os nomes de conhecimento a priori e conhecimento a
posteriori ou conhecimento emprico a estes dois tipos de conhecimento:
Um sujeito sabe que P a priori se, e s se, sabe que P pelo pensamento apenas.
Um sujeito sabe que P a posteriori se, e s se, sabe que P atravs da experincia.
A distino entre conhecimento a priori e a posteriori encontra-se implcita em muito
filsofos, mas foi com Immanuel Kant (1724-1804) que se tornou mais clara:
[] designaremos, doravante por juzos a priori, no aqueles que no dependem desta
ou daquela experincia, mas aqueles em que se verifica absoluta independncia de toda
e qualquer experincia. A estes opem-se o conhecimento emprico, o qual
conhecimento apenas possvel a posteriori, isto , atravs da experincia.
Immanuel Kant, Crtica da Razo Pura, 1787, B2-B3.
Vejamos agora o seguinte caso:
1. Um objeto totalmente azul no vermelho.
No precisamos de recorrer experincia para saber que 1 verdade: basta pensar. Mas
o prprio conceito de azul, de vermelho e de cor teve de ser adquirido pela experincia,
vendo cores. Apesar de adquirirmos o conceito de azul e vermelho pela experincia, no
precisamos de recorrer experincia para saber que um objeto todo azul no pode ser
vermelho. A partir do momento em que temos os conceitos de azul, vermelho e cor,
sabemos que 1 verdadeira. Possuir os conceitos necessrios no mais do que um pr-
Junho 2007
-Hugo Arajo-
Em concluso:
Um sujeito sabe que P a priori se, e s se, sabe que P pelo pensamento apenas.
Um sujeito sabe que P a posteriori se, e s se, sabe que P atravs da experincia.
Um argumento a priori se, e s se, todas as suas premissas so a priori.
Um argumento a posteriori se, e s se, pelo menos uma das suas premissas for a
posteriori.
Conhecemos algo inferencialmente quando conhecemos atravs de argumentos ou
razes.
Conhecemos algo no inferencialmente quando conhecemos diretamente (por
exemplo, atravs dos sentidos).
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-Hugo Arajo-
o movimento ativo tanto do corpo como da mente. A perceo visual , portanto, um ato
intencional e no passivo.
Um exemplo claro de como a viso opera sempre num contexto vasto e geral o da
pessoa que nasceu cega e, mediante uma operao, adquire subitamente a capacidade de
ver. Em tais circunstncias, a viso clara no um processo instantneo, porque tanto o
paciente como o mdico tm de realizar um rduo trabalho, at que a confuso de
impresses visuais desprovidas de significado possa ser integrada numa viso
verdadeira. Este trabalho implica, entre outras coisas, a explorao dos efeitos dos
movimentos do corpo nas experincias visuais ainda frescas e a aprendizagem do
relacionamento das impresses visuais de um objeto com as sensaes tcteis que foram
previamente associadas a ele. Em particular, o que o paciente aprendeu por outras vias
afeta fortemente o que ele v. A disposio global da mente para apreender objetos por
vias particulares desempenha um papel no ato de selecionar e de dar forma ao que
visto.
Estas concluses so confirmadas pela anlise neurolgica do sistema nervoso. Para se
ver algo em absoluto, o lho tem de se lanar em movimentos rpidos que o ajudam a
extrair da cena alguns elementos de informao. Sabe-se que o modo pelo qual estes
elementos se integram depois numa imagem global, conscientemente percebida,
depende em grande parte dos conhecimentos e hipteses gerais, por parte de quem v,
acerca da natureza da realidade. Diversas experincias incisivas revelaram que o fluxo
de informao proveniente dos nveis cerebrais elevados para as reas de formao de
imagens excede, na realidade, a quantidade de informao que chega dos olhos. Isto ,
aquilo que se v resulta tanto dos conhecimentos previamente adquiridos como dos
dados visuais acabados de receber.
A perceo dos sentidos , portanto, fortemente determinada pela disposio total da
mente e do corpo. Mas, por sua vez, esta disposio relaciona-se, de maneira
significativa com a cultura geral e a estrutura social. Do mesmo modo, a perceo
atravs da mente tambm governada por todos estes fatores. Por exemplo, um grupo
de pessoas a passear numa floresta v e responde de maneira diversa ao ambiente. O
lenhador v a floresta como uma fonte de madeira, o artista como algo digno de ser
pintado, o caador como um esconderijo para a caa.
Em cada caso, o bosque e as suas rvores individuais so percebidos de modo muito
diferente, na dependncia da formao e expectativas dos passeantes.
David Bohm e David Peat
Junho 2007
-Hugo Arajo-
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O texto foi escrito por um filsofo francs do sculo XVII que se dedicou ao estudo
dos problemas do conhecimento e construiu um sistema de ndole racionalista. Vivia-se
ento numa poca de crise e de incerteza que se refletia nas posies cticas adotadas
pelos contemporneos de Descartes. Ora Descartes tinha uma formao matemtica e
desejava garantir a existncia de um conhecimento verdadeiro.
No texto, extrado do Discurso do Mtodo, uma das suas obras mais divulgadas:
1. Comea precisamente por levantar o problema da dvida em trs domnios
fundamentais:
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sujeito que conhece em si mesmo, reduzindo-o a ser uma coisa que pensa (res
cogitans).
Duvida ainda da existncia dos outros seres humanos e das coisas materiais, incluindo o
seu prprio corpo.
O objetivo cartesiano de alcanar a verdade comea a cumprir-se no momento da
dvida, no momento em que se rompe com o sensvel e com o conhecimento at ento
constitudo e se procura a verdade na prpria razo.
4. Seguidamente o texto de Descartes define a natureza do cogito afirmando a sua
independncia em relao ao corpo e a sua natureza de puro pensamento.
Contrariamente ao nosso conhecimento vulgar que nos leva a acreditar mais facilmente
na existncia das coisas e do corpo do que na existncia da mente, Descartes conclui
que o conhecimento desta mais acessvel e anterior ao conhecimento das coisas
corpreas; o corpo no faz parte da mente e de outra natureza.
5. Apresenta, finalmente, o critrio de verdade vlido para Descartes. Sero aceites
como verdadeiras unicamente aquelas ideias que se apresentem razo como sendo
claras e distintas, caractersticas que Descartes encontra na apreenso intuitiva e
racional da ideia do cogito. A apreenso do cogito fornece o critrio de verdade das
ideias.
Como verificamos Descartes parte da dvida e alcana uma primeira verdade por via
unicamente racional. Neste momento da construo do sistema cartesiano Descartes s
admite a existncia de um eu cuja natureza se resume a produzir pensamento. Ser que
existe alguma coisa fora e para alm do seu eu? Como vai conseguir sair para fora do
cogito e demonstrar a existncia da realidade material?
Descartes no pode basear-se nos sentidos uma vez que os exclura como fonte fivel
de conhecimento.
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-Hugo Arajo-
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Assim sendo todas as nossas ideias tm que encontrar uma impresso que lhes
corresponda e s possvel a existncia de um conhecimento verdadeiro do que
observvel, todos os conhecimentos que ultrapassem o observvel so abusivos ou
ilusrios.
A induo uma operao da mente que faz parte de factos observveis e alcana um
conhecimento mais geral; esta a nica operao da razo que permite superar o
particular e o contingente mas que, ao faz-lo, s pode alcanar um conhecimento
provvel. Podemos encontrar, num empirista do sculo XX, Bertrand Russell, um
exemplo disto mesmo: O homem que regularmente alimenta o frango acaba por um dia
lhe torcer o pescoo, mostrando quo til seria ao frango lanar-se a teorias de maior
subtileza acerca das uniformidades do universo (B. Russell, Os Problemas da filosofia,
pg. 109)
A verdade , para o empirismo, a confrontao dos juzos com os factos observveis
que traduzem. Os juzos universais obtidos por induo no podem ser confrontados
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com os factos, uma vez que a observao nunca permite verificar todos os casos, pelo
que a sua verdade no necessria nem universal.
Os princpios que, para os racionalistas, esto contidos na razo humana no existem
para os empiristas que tm dificuldade em explicar, por exemplo, a existncia de um
nexo causal necessrio entre dois fenmenos que acontecem um depois do outro.
O empirismo de David Hume
Para os empiristas como David Hume, todos os nossos conhecimentos provm da
experincia e a razo no possui princpios inatos anteriores experincia.
Mas preciso, ento, explicar porque a todo o momento o nosso esprito se projeta alm
da experincia imediata. Ao colocarmos leite no fogo, por exemplo, dizemos: o leite vai
ferver. A todo o momento, ns fazemos previses anlogas e os nossos juzos excedem a
esfera restrita dos nossos sentidos. Se tomamos a experincia, o dado, por guia nico,
temos o direito de dizer o leite ferve no momento em que o vemos ferver, mas nada
nos autoriza anteciparmo-nos ao curso das coisas, a exceder o que nos dado no
momento e a fazer previses do tipo: o leite vai ferver.
Se prevemos alguma coisa, porque vamos alm da experincia presente, em nome de
um princpio da razo: o princpio de causalidade. O aquecimento a causa da ebulio;
supomos, entre aquecimento e ebulio, uma relao necessria de tal modo que, ao
aquecermos o leite, possamos prever que ele vai ferver passados alguns instantes. pelo
facto de admitirmos esta relao necessria que pensamos que o aquecimento
necessariamente produzir a ebulio, que ultrapassamos audaciosamente a experincia
presente: o leite vai ferver.
Portanto, David Hume, para justificar o seu empirismo integral, depara-se com um
problema difcil. -lhe necessrio demonstrar que os prprios princpios da razo, por
exemplo, o princpio de causalidade, provm da experincia.
primeira vista, no se depreende como o princpio de causalidade pode ter origem na
experincia.
certo que verificamos que o leite ferve, aps ter sido levado ao fogo. Comprovamos
que ele aquece e depois ferve. Mas no podemos afirmar que ele ferve porque foi
aquecido. verdade que diariamente podemos fazer a mesma comprovao. O
aquecimento sempre seguido de ebulio. Mas o que verificamos uma conjuno
constante e no uma conexo necessria, no vemos a ao causal, o porqu. (...)
Junho 2007
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Em concluso:
Descartes:
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Considera falso o que for, por mnimo, duvidoso (e obviamente o que for falso);
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Se algum que dvida, algum pensa (no pode duvidar que o sujeito da dvida)
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mais perfeio do que a sua representao (a Ideia). Logo, Deus existe porque existe em
ns a sua ideia. Este o argumento da causalidade ou princpio de adequao causal.
Descartes, considera, assim, que s um ser perfeito pode ter posto em ns, seres
imperfeitos, esta ideia de perfeio, pois o efeito no pode ser maior do que a causa.
Deus a causa das ideias inatas que colocou no homem.
O eu (alma) Corpo
(substncia imaterial e racional) (substncia material)
Esta verdade, Eu penso, logo, existo, vai ser o critrio ou o modelo de toda e
qualquer verdade ou evidncia posterior.
S sei que sou imperfeito por referncia ideia de perfeio que possumos.
Como que tenho a ideia de perfeio?
No pode ter sido criada por mim porque do menos perfeito no pode surgir o mais
perfeito. Logo, a ideia de perfeio foi-me colocada por um ser mais perfeito (o mais
perfeito) DEUS
Deus a perfeio absoluta tem de ser a causa da minha ideia de perfeio
Logo, Deus existe.
Caractersticas de um ser perfeito:
Omnisciente
Omnipotente
-Hugo Arajo-
1 Verdade Eu penso
2 Verdade Deus como existncia necessria
Ordem do ser:
1 Verdade Deus existente necessrio
2 Verdade Eu penso existncia possvel
Objetos correspondentes s outras ideias inatas (evidentes)
Se Deus existe, est refutada a hiptese de Deus enganador
Temos ideias inatas (nascem connosco, so a marca de Deus)
Deus
Eu Alma
Verdades da matemtica, geometria, ideia de causalidade
Percees:
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Aparncia
Percees:
Ideias so imagens mais fracas das impresses, pois so resultados das impresses;
marcas deixadas pelas impresses, uma vez estas desaparecidas; representao/cpia
da impresso
Corre o risco de ser errada qualquer proposio que enunciemos acerca do que a
experincia imediata nos leva realmente a conhecer
Percees (elementos do conhecimento):
Impresses
simples
complexas
Ideias
simples
complexas
Proposies:
A mesa castanha (supe-se que a mesa tem uma existncia independente de ns)
exista
que no garantido por elas no h razo para que uma das perspetivas seja mais
correta do que outra
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-Hugo Arajo-
Conhecimento de ideias:
No preciso recorrer experincia sensvel para saber se algo verdade ou no;
basta recorrer razo
Ex.: O tringulo tem 3 lados (proposio analtica predicado faz anlise do sujeito)
-Hugo Arajo-
4- Bola B desloca-se
-Hugo Arajo-
=
=
Nada muda nos fenmenos; muda aquilo que ns pensamos que vemos (ao observar
repetidamente os fenmenos muda a nossa mente, que vai criando a ideia de
causalidade)
Surge um novo sentimento ou emoo que a mente cria por ela mesma imaginao
impresso interna
Como surge a ideia de causa?
Resulta de uma impresso interna ou de reflexo, a partir da repetio observada
cuja base a imaginao.
No um produto da razo
-Hugo Arajo-
A ideia de causa produto da nossa mente porque no temos acesso essncia das
coisas
Vemos os fenmenos apenas no seu exterior/movimento
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ORIGEM/FUNDAMENTO
Racionalismo
Empirismo
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-Hugo Arajo-
-Hugo Arajo-
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adequadamente como as coisas que acontecem e serem vlidas para todos; deve ainda
ser um conhecimento claro e racional, construdo atravs de um mtodo rigoroso e
adequado ao seu objeto, constituindo um sistema de conhecimentos coerente e
articulado.
Em concluso:
Cincia atividade desenvolvida pela comunidade cientfica, num dado contexto
histrico, em laboratrios de universidades e outros centros de investigao.
Elabora teorias ou hipteses para explicar de forma racional/justificada/provada
experimentalmente e objetiva os fenmenos que estuda. (a cincia deve eliminar tudo
aquilo que subjetivo)
uma construo do homem Resulta da sua imaginao para pensar respostas.
Objeto: encontrar respostas para questes sobre o ser humano e o mundo, atravs
do uso de mtodos de prova e de justificao que sejam racionais, objetivos e
pblicos.
Resultados: leis e teorias. Estas teorias ou leis podem sempre sofrer reviso uma
vez que no so incontestveis, ou seja, dogmas. A cincia no cria verdades
absolutas ou teorias definitivas.
Junho 2007
-Hugo Arajo-
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Induo
A cincia utiliza o raciocnio indutivo
Parte-se da observao de uma caracterstica em casos particulares e generaliza-se
concluindo-se que todos os casos desse tipo tm a caracterstica observada.
Por que h induo na cincia?
Ex.: Sndroma de Down
Os pacientes com Sindroma de Down tm um cromossoma a mais. Chegou-se a esta
concluso porque os geneticistas examinaram um vasto nmero de pacientes com
Sndroma de Down e verificaram que todos eles tinham um cromossoma a mais.
natureza ter princpios uniformes (foi e sempre ser) a natureza comporta-se sempre
da mesma maneira
Junho 2007
-Hugo Arajo-
Junho 2007
-Hugo Arajo-
Se a experincia no pode justificar a nossa crena na induo ser que a nossa razo
o consegue?
Junho 2007
-Hugo Arajo-
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-Hugo Arajo-
todas no teste
totalidade)
4. Lei (caso as hipteses sejam verificadas).
A teoria passa os testes e aceite a teoria foi verificada/aceite/confirmada, mas no
podemos dizer que verdadeira porque ela pode vir a ser refutada
A teoria no passa os testes e refutada
Verificabilidade ideia de que possvel tentar provar que uma teoria verdadeira
Como claro, neste tipo de mtodo valoriza-se a induo como a operao da razo que
permite passar de um certo nmero de casos observado para uma lei universal.
Junho 2007
-Hugo Arajo-
-Hugo Arajo-
1. Formulao de um problema;
2. Enunciao de uma hiptese;
3. Deduo das consequncias a partir da hiptese;
4. Verificao da hiptese;
5. Refutao ou confirmao da hiptese.
Em concluso:
O modelo nomolgico-dedutivo
-Hugo Arajo-
Partimos de hipteses/teorias/conjeturas
falacioso
Logo, T
Proposta Falsificabilidade possibilidade de mostrar que uma hiptese falsa
TC
NC
Logo, NT
Modus Tolens
-Hugo Arajo-
Consequncias da falsificabilidade
a) Altera a relao cincia/verdade de uma teoria
Nunca se pode dizer que uma teoria verdadeira:
ou e falsa
ou corroborada
O cientista j no deve procurar a verdade da teoria mas sim tentar falsific-la. S pode
dizer que uma teoria falsa. Se uma teoria resiste aos testes, diz-se- corroborada (ainda
no refutada), mas nunca verdadeira nem possivelmente verdadeira.
b) Permite distinguir teorias cientficas de no cientficas (critrio de demarcao de
cincia/no cincia)
Porque uma teoria s cientfica se for falsificvel (testvel experimentalmente)
Como que a cincia progride?
A cincia desenvolve-se/avana segundo conjeturas para resolver problemas e
refutaes ou por ensaio/tentativa e erro quando mostramos que as nossas teorias no
so assim to boas formulao de novas teorias ou melhoramento
-Hugo Arajo-
Junho 2007
-Hugo Arajo-
No h induo porque no h observao pura toda a observao tem por trs sempre
uma expectativa/perspetiva/teoria/hiptese
Temos sempre alguma carga que nasce connosco que vai condicionar a maneira como
nos relacionamos com o mundo.
Na cincia sobrevivem as teorias mais aptas
Acontece desde o plano mais bsico (biolgico) at cincia. A cincia, como os
indivduos, partem de problemas.
O indivduo adapta-se biologicamente, de forma crescente ao mundo, e a cincia
aproxima-se gradual e progressivamente verdade tentativa e erro (h sempre uma
tentativa de adaptao ao mundo. S se aprende se se errar).
A primeira teoria quando nascemos (carga biolgica com que nascemos)
Cincia modo mais elaborado de nos relacionarmos com o mundo. Funciona em
continuidade com uma viso pr-cientfica do mundo
H medida que se aproxima da verdade vai tendo uma viso mais objetiva do mundo (a
cincia)
Por que h relao entre a verificao e lgica indutiva?
Induo:
O que h de comum?
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-Hugo Arajo-
a ideia de que a experincia que dita a ltima palavra sobre a verdade ou validade
das hipteses
Assim sendo:
Em concluso:
Uma teoria do mtodo cientfico procura responder s seguintes questes:
1) Qual o ponto de partida das teorias cientficas?
2) Como se chega formulao das teorias cientficas?
3) O que se faz s teorias cientficas depois de terem sido formuladas?
Junho 2007
-Hugo Arajo-
Objees ao indutivismo
No possvel registar e classificar factos empricos sem atender a qualquer
perspetiva terica.
As leis cientficas que dizem respeito ao inobservvel no podem resultar de simples
generalizaes indutivas baseadas na observao.
Objees ao falsificacionismo
Muitas vezes os cientistas trabalham sobretudo com o objetivo de confirmar as teorias
e continuam a defend-las mesmo quando as previses empricas delas deduzidas no
ocorreram.
No fcil refutar conclusivamente uma teoria. Dado que as previses empricas so
deduzidas de um vasto conjunto de hipteses, se estas fracassarem podemos apenas
concluir que pelo menos uma dessas hipteses (que pode nem pertencer teoria) falsa.
-Hugo Arajo-
paradigma
revoluo cientfica
a teoria dominante
princpios filosficos
conceo metodolgica
Cincia normal:
Perodo de vigncia de um paradigma perodo em que os cientistas investigam
segundo o que diz o paradigma
Durante este perodo podem surgir anomalias comeam a haver desvios no que a
teoria devia dar conta
anomalias (1 reao)
Junho 2007
-Hugo Arajo-
crise/momentos crticos
-Hugo Arajo-
aura e prestgio dos cientistas que inventam uma nova teoria e a defendem
O conceito de objetividade acaba por se diluir em parte porque alguns dos critrios so
subjetivos
Kuhn esquema complexo mas mais prximo da realidade
Em concluso
O modelo da evoluo da cincia de Thomas Kuhn
No perodo da pr-cincia vrias escolas rivais discutem incessantemente os
fundamentos da disciplina em questo.
Esse perodo termina quando uma teoria bem sucedida institui um paradigma.
-Hugo Arajo-
Junho 2007
-Hugo Arajo-