Ficha de Trabalho

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AGRUPAMENTO DE ESCOLAS

ANTNIO SRGIO
VILA NOVA DE GAIA -152444

Curso Profissionais 10ano- Disciplina: rea de Integrao


Ficha de Trabalho - Mdulo 1 Pessoa e Cultura
Padres culturais
A forma como os diferentes povos se adaptaram ao meio envolvente determinou
formas particulares de ser e de viver - os padres culturais. o conjunto de todas
estas formas que d identidade a um grupo social ou comunidade e que determina a
diversidade cultural no Mundo.
A identificao de uma pessoa com uma cultura facilita a sua integrao nessa mesma
cultura, ou seja, os padres culturais so absorvidos como sendo os da comunidade e
como sendo diferentes de outras culturas. Essa identificao leva o indivduo a agir
em grupo e a sentir-se em sintonia com a maioria.
Os padres culturais tm, assim, algumas vantagens:
contribuem para facilitar a adaptao dos indivduos ao grupo;
facilitam o xito pessoal e profissional pois, uma vez integrados no grupo, so
aceites socialmente;
pertencer a um grupo d confiana e segurana muito maior em todas as aes e
comportamentos.
Os padres culturais no so estticos, vo evoluindo. Alguns so herdados dos
nossos antepassados, mas outros vo sendo construdos ou modificados (por exemplo
na forma de vestir, nas palavras usadas, etc.).
Somos, simultaneamente, produtos e produtores de cultura: se, por um
lado, somos o produto de uma cultura que herdamos, por outro lado,
acrescentamos, no nosso dia a dia, outros fatores que as geraes futuras
iro integrar.

Processos de assimilao da cultura:


A assimilao da cultura um processo educativo feito por imitao dos membros de
uma sociedade (via informal) ou por ensinamento (via formal). Assim, d-se um lento
ajustamento que resulta na absoro e incorporao dos padres culturais de cada
pessoa. Este processo denomina-se enculturao.
A enculturao a integrao progressiva dos padres culturais da comunidade
onde o indivduo cresce e vive, atravs de vrios processos de transmisso social.
Da mesma maneira que as geraes mais novas vo interiorizando os fatores culturais
de determinada comunidade, tambm os estrangeiros o podem fazer. A histria narra
factos sobre o fenmeno de integrao cultural que pode ocorrer de forma pacfica ou
no. Quando esta ocorre de forma pacfica , geralmente, espontnea e, at, mais ou
menos inconsciente d pelo nome de aculturao. A aculturao a adoo de
hbitos/rituais, comportamentos e objetos de outra cultura e sua integrao na cultura
de quem os experiencia
Se fores viver algum tempo para outro pas onde se fala outra lngua, onde os gostos
gastronmicos so diferentes, onde so utilizados no quotidiano objetos muito
diferentes daqueles com que habitualmente lidas, comears com certeza a usar
algumas palavras dessa lngua, a provar os pratos e at a apreciar alguns sabores da
sua cozinha...
Este tipo de aculturao denomina-se pacfica e pode ser sentida, por ambas as
partes, como bastante enriquecedora (pois tu aprendeste coisas novas e os habitantes

da regio aprenderam tambm algo da tua cultura com o contacto que estabeleceram
contigo).

Atitudes face a diversidade cultural

Nem sempre a comunicao e a adaptao dos povos positiva. Casos existem em


que h rejeio por ambas as partes, ou por uma delas, e o dilogo torna-se quase
impossvel.
O etnocentrismo a valorizao de uma cultura em relao a outra. Avaliam-se as
outras culturas a partir de si prpria, dos seus valores e padres de comportamento.
D origem a atitudes discriminatrias e preconceituosas e resulta, muitas vezes, em
racismo, xenofobia ou em atos de patriotismo ou nacionalismo exagerados.
Por exemplo, Hitler foi um nacionalista extremo e intolerante. Considerava os arianos
como superiores. Opunha-se aos judeus que perseguia e matava de forma cruel e
impiedosa. Desprezava os povos latinos e eslavos. Levou a Europa a uma guerra
sangrenta, injusta e de consequncias desastrosas, na ideia de uma nao germnica
poderosa e nica de padres culturais dominantes.
Etnocentrismo - atitude pela qual um indivduo ou um grupo social, que se considera
o sistema de referncia, julga outros indivduos ou grupos luz dos seus prprios valores. Pressupe que o indivduo, ou grupo de referncia, se considere superior queles
que ele julga, e que tenha um conhecimento muito limitado dos outros, mesmo que
viva na sua proximidade.
Racismo - discriminao de povos ou pessoas com base no preconceito da sua
inferioridade.
Xenofobia - antipatia ou averso em relao a pessoas estranhas, com as quais
habitualmente no contactamos.

Relativismo cultural

O relativismo cultural defende que cada sistema cultural tem uma coerncia prpria
que deve ser preservada. Dessa forma, aceita a diversidade cultural, embora imponha
afastamento para manter intacta a matriz cultural, o que gera o isolamento de
culturas, umas em relao s outras, e um esprito de incompreenso face diferena.
O relativista cultural aquele que, por respeitar as caractersticas prprias de cada
cultura, corre o perigo de se tornar indiferente em relao a determinadas situaes
culturais que podem violar direitos humanos considerados universais, como, por
exemplo, a mutilao genital feminina, as prticas de violncia/castigo ou os rituais de
iniciao praticados em algumas comunidades espalhadas pelo Mundo.
O relativista cultural aceita viver com pessoas de outras culturas mas mantm-se
distante das mesmas. Essa caracterstica pode ser origem de fenmenos de
segregao, de que so exemplos os grupos isolados (guetos) que culminam, muitas
vezes, em revoltas com possveis episdios de violncia entre grupos diferentes.
Relativismo cultural - princpio que afirma que todos os sistemas culturais so
intrinsecamente iguais em valor, implicando que os aspetos caractersticos de cada
um devem de ser avaliados e explicados dentro do contexto do sistema em que
aparecem.

Interculturalismo

A globalizao e as migraes do Mundo na atualidade cada vez mais obrigam


convivncia de culturas. Quando a convivncia se baseia numa relao de respeito
pela diversidade e se pressupe o enriquecimento cultural de forma recproca, fala-se
de Interculturalismo que promove a integrao e a interao.
O interculturalismo tem como princpios:
- reconhecer a natureza plural e diversificada da cultura humana;

- promover o contacto entre as diferentes culturas, porque parte da ideia que


possvel a compreenso entre si;
- acreditar que h vnculos que unem as diferentes comunidades;
- assumir a universalidade dos direitos humanos;
- exigir a preveno dos conflitos;
- apostar na educao de valores universais.
Interculturalismo - integrao de indivduos e grupos tnicos minoritrios numa
sociedade com uma cultura diferente. Os grupos podem expressar e manter os seus
elos culturais e conviver com indivduos de outras culturas, fortalecendo o conjunto e
promovendo o enriquecimento e aprendizagem mtuas.

Exerccios de aplicao
I
A partir do momento do nascimento, um beb comea a sentir o impacto da cultura:
na maneira como vem ao Mundo; na maneira como o cordo umbilical cortado e
amarrado; na forma como lavado e segurado; e na maneira como enfaixado ou
vestido. Um pouco mais tarde, cada criana comea a comportar-se bioculturalmente,
e, medida que vai crescendo, ir abandonando os aspetos puramente biolgicos e
aceitando os valores culturais. Na realidade, no entanto, as atividades biolgicas no
podem nunca ser totalmente eliminadas do comportamento humano mas, apenas,
ajustadas
aos
padres
de
cultura
de
uma
sociedade.
Adaptado de: Mischa Titiev, Introduo Antropologia Cultural

Leia atentamente o texto acima.


1.

Identifica e recolhe exemplos que demonstrem que:


um beb comea a sentir o impacto da cultura na forma como vem ao Mundo;
um pouco mais tarde, uma criana comea a comportar-se bioculturalmente;
as atividades biolgicas nunca podem ser eliminadas do comportamento
humano; so, no entanto, ajustadas aos padres culturais de cada sociedade.

II
Leia o texto e pesquise sobre a poltica do apartheid na frica do sul
Poltica sul-africana que orientou as relaes entre a minoria branca e a maioria negra.
Tinha por base a separao racial e a discriminao poltica e econmica dos negros.
A doutrina do apartheid nasceu em 1950, com o Ato de Registo da Populao, e dividiu
a populao sul-africana em negros, mestios e brancos. Para alm da separao
territorial dos vrios grupos tnicos, tambm foi legitimado o desenvolvimento
paralelo
e
separado
das
raas.
Embora a segregao racial fosse praticada antes de 1948, a sua ratificao apenas
aconteceu em 1950, dois anos depois de o Partido Nacional ter conquistado o poder.
Nesse mesmo ano, ficaram estabelecidas zonas residenciais e comerciais para cada
raa. Como resultado, a minoria branca ficou com mais de 80% do territrio sulafricano. Para fazer cumprir a segregao racial e evitar que os negros sassem das
zonas a que se encontravam limitados, o Governo reforou a existncia de

autorizaes de acesso a reas restritas. Os contactos sociais entre raas diferentes


eram quase inexistentes. O acesso cultura e educao era diferente; o acesso a
determinados empregos era restrito; os sindicatos eram proibidos; e apenas a minoria
branca tinha representao no Governo. No entanto, a economia sul-africana dependia
do trabalho dos negros, o que dificultou a poltica do apartheid. Com a ajuda de alguns
brancos, vrias etnias levaram a cabo manifestaes, protestos violentos e
sabotagens.
Em 1991, o presidente do Governo da frica do Sul, Frederik de Klerk, aboliu o
apartheid. Dois anos mais tarde, uma nova Constituio consagrou aos negros, e a
outros grupos tnicos, o direito ao voto. O fim do apartheid foi marcado com as
eleies multirraciais de 1994. Foi eleito um Governo de coligao, maioritariamente
negro.
Apartheid. In Infopdia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2013. [Consult. 2013-10-09].
Disponvel na www: <URL: http://www.infopedia.pt/$apartheid>.

III
JOVEM MUULMANA APEDREJADA AT MORTE
Katya Koren, uma jovem muulmana, foi apedrejada at morte por ter participado
num concurso de beleza na Ucrnia. Os alegados autores do crime justificam o ato
dizendo que a jovem violou as leis islmicas, as leis de Sharia, o cdigo de leis do
Islo.
Jornal de Notcias, 31 de maio de 2011

MUTILAO GENITAL MATA BEB DE 3 MESES


Uma criana guineense de trs meses morreu aps hemorragias provocadas pela
prtica de mutilao genital a que foi submetida.
De acordo com Iracema do Rosrio, presidente do Instituto da Mulher e Criana, o caso
registou-se, em Bissau, quando uma me, contra vontade do pai, submeteu a filha a
exciso. A criana, de trs meses, acabou por falecer poucas horas depois por no ter
resistido s hemorragias.
O mais grave que quando a criana comeou a perder sangue no foi levada ao
mdico pela prpria me.
Jornal de
Notcias, 26 de agosto de 2009

1. Leia os textos do Jornal de Notcias e a seguinte frase:


"Perante estes dois casos, o relativista cultural diria que dentro da comunidade a que
estes indivduos pertencem estas situaes so encaradas como naturais e, portanto,
ningum de outra cultura dever interferir."
1.1. Expresse a tua opinio sobre os casos.
1.2. Comente a posio do relativista cultural.
IV
O dilogo intercultural requer o esforo de todos os participantes por meio de projetos
que divulguem a interao sem a perda da identidade pessoal ou coletiva. O xito do
dilogo intercultural no depende tanto do conhecimento dos outros como da
capacidade de ouvir, da flexibilidade cognitiva, da empatia, da humildade e da

hospitalidade. Nesse sentido, e com o propsito de desenvolver o dilogo e a empatia


entre jovens de diferentes culturas, foram postas em marcha numerosas iniciativas
que vo desde projetos escolares at programas de intercmbio com ati-vidades
participativas nos mbitos da cultura, arte e desporto. Do mesmo modo, as prticas e
os acontecimentos multiculturais, como o estabelecimento de redes de cidades
mundiais e os festivais culturais podem ajudar a superar barreiras criando momentos
de comunho e diverso urbanas.
A chave para um processo de dilogo intercultural frutfero est no reconhecimento da
igual dignidade dos participantes. Pressupe reconhecer e respeitar as diferentes
formas de conhecimento e os seus modos de expresso, os costumes e tradies dos
participantes e os esforos por estabelecer um contexto culturalmente neutro que
facilite o dilogo e que permita s comunidades expressar-se livremente.
Relatrio Mundial da UNESCO, Investir na diversidade cultural e no dilogo intercultural, 2009

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