Parecer Irn - Conversão Arresto em Penhora
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PARECER
afirma ter sobre Gustavo, e que lhe foi reconhecido por sentena proferida
em 21/06/2012, nos autos de ao declarativa sob a forma de processo
ordinrio com o nmero , da Comarca de ..
c) cpia do requerimento executivo 1 respeitante execuo que Jos moveu
contra Gustavo para pagamento de quantia de 99.718,34, com fundamento
na mencionada sentena datada de 21/06/2012, e no qual, alm do mais,
a.
Junta atravs de ap. complementar efetuada no dia 02/01/2013, como se informa no despacho de
sustentao.
2
Como bens indicados penhora, todavia, no se indicou o direito do executado s heranas a que
respeitam os registos de aquisio em comum e sem determinao de parte ou direito identificados supra,
sobre o qual se encontra registado o arresto, mas os prprios prdios sobre que recai o registo a favor da herana. Ou seja: no que toca aos bens a penhorar, o exequente no indicou quaisquer direitos a bens indivisos,
nem, portanto, identificou os respetivos administrador e contitulares (cfr. art. 810./5, d) CPC).
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Expostas as posies em confronto, verificados que esto os necessrios
requisitos processuais e no se suscitando questes prvias ou prejudiciais cuja
apreciao se imponha, cumpre conhecer do mrito.
Emitamos, pois
Pronncia
1. A questo a dirimir, nos presentes autos, resume-se a saber de que modo se
titula a converso do arresto em penhora mais precisamente, de que modo se titula a
converso do arresto do direito a herana ilquida e indivisa em penhora do mesmo
direito.
A recorrida, num primeiro momento ( dizer, no despacho impugnado), defende
que a dita converso se realiza mediante despacho judicial e foi com base na no
comprovao da existncia dum tal despacho que o peticionado registo se denegou; no
despacho de sustentao, porm, vem reconhecer que a converso afinal se realiza nos
termos do disposto nos arts. 838. e 846. CPC, isto , com base em declarao do
agente de execuo. Mas se nisso se pe de acordo com o recorrente, nem por isso
retrocede na deciso de recusar o registo pedido com base, justamente, na declarao
prestada pelo agente de execuo. que uma tal declarao, em seu entender, para
poder servir de ttulo ao registo de converso do arresto em penhora, h de
expressamente dizer que visa o registo de converso do arresto em penhora e na
declarao prestada com o pedido de registo o que se disse, em vez disso, foi
simplesmente que se pretendia o registo de penhora. Portanto, para a sra. conservadora,
a diferena entre haver ou no haver ttulo, e, consequentemente, o fazer-se ou no o
registo, reside em de da declarao subscrita pelo agente de execuo constar ou no
constar a locuo converso de arresto em penhora.
Parece-nos ser esta, se bem fomos capazes de apreend-la e exp-la, a posio
assumida pela sra. conservadora no despacho de sustentao. Uma posio que, salvo o
devido respeito, se nos afigura de todo indefensvel, posto que ignora completamente o
facto crucial de que a declarao prestada no pode deixar de ser interpretada luz
do pedido concretamente formulado. Pedido que, no caso, consistiu expressamente em
se proceder ao registo da converso de arresto em penhora. Ora ns no vislumbramos o
que mais fosse necessrio dizer para que inequivocamente se pudesse dar por
validamente exteriorizada a comunicao conservatria da converso do arresto em
penhora. No cremos que um declaratrio mdio, colocado na posio da sra.
Conservadora, razoavelmente pudesse atribuir sentido e alcance diferentes declarao
compreensiva composta pelos dizeres usados na expresso do pedido propriamente dito
(na hiptese, e literalmente, arresto em penhora) e pelos mais extensos dizeres (supra
transcritos) com que se formulou a declarao contendo os elementos necessrios efetuao do
registo.
Cfr. J. LEBRE DE FREITAS A. RIBEIRO MENDES, Cdigo de Processo Civil anotado, vol. 3., 2003, p. 423.
Cfr. J. LEBRE DE FREITAS A. MONTALVO MACHADO RUI PINTO, Cdigo de Processo Civil anotado, vol.
2., 2. ed., 2008, p. 127. Cfr., no mesmo sentido, A. S. ABRANTES GERALDES, Temas da Reforma do Processo
Civil, IV vol., 3. ed., 2006, p. 208, que nos diz que, Decretado o arresto, deve ser feita a apreenso dos bens
referidos na deciso, aplicando-se correspetivamente as normas que regulam a efetivao da penhora (..). O
Autor afasta no entanto a aplicao, efetivao da apreenso em que o arresto se traduz, das normas que
regulam os poderes especialmente atribudos ao agente de execuo, uma vez que no so extensveis aos
procedimentos cautelares, pelo que, no arresto, as diligncias de apreenso esto a cargo da secretaria.
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Cfr. R. CAPELO DE SOUSA, Lies de Direito das Sucesses, vol. II, 2. ed., 1997, p. 90.
oponibilidade em relao a terceiros (cfr. art. 5./2-c), do CRP). Da que, com este
preciso sentido, seja correto dizer, como comum, que os referidos factos jurdicos no
esto sujeitos a registo.6
2.3. A nosso ver, a nota da necessidade ou da desnecessidade do registo, tomado
como requisito de que depende o efeito da oponibilidade do facto, assume importncia
decisiva na dilucidao da questo que nos ocupa que de saber de que modo se
realiza a converso do arresto em penhora.
Na verdade, ali onde o registo no desempenhe a funo de conferir oponibilidade
ao facto registado, e aos direitos que desse facto emergem, no se cr que faa sentido
sustentar que, no obstante, seja precisamente atravs da comunicao dirigida ao
registo, para fins da efetuao do registo, que um tal facto se titula. A atribuio
mencionada comunicao do valor de ttulo do facto, com efeito, estaria em manifesto
desacordo teleolgico com a total ausncia de valor do mesmo registo do ponto de vista
da eficcia do facto perante terceiros.
A ineficcia em relao ao arrestante dos atos de disposio do direito herana
arrestado e, portanto, e simetricamente, a oponibilidade em relao a terceiros do
arresto desse direito no depende de que um tal arresto se registe, seno somente de
que o arresto, extratabularmente, se realize, conforme resulta das disposies
conjugadas dos arts. 622./1 e 819., do CCivil, e 5./2, c), do CRP. E o mesmo vale, nos
mesmssimos termos, para a penhora do direito herana. Como o mesmo ter que
valer, coerentemente, para a converso do arresto em penhora converso esta, alis,
que no mais do que a realizao duma penhora, apenas com a especialidade de que
aproveitar, uma tal penhora, no concurso com os demais credores, da prioridade
estabelecida pelo arresto.
Portanto, se a oponibilidade de tais factos nada deve ao registo, tambm a
titulao deles no pode consistir na comunicao ao registo.
converso em penhora do arresto do direito herana no pois aplicvel o
penhora sobre quinho hereditrio mas que podia perfeitamente ser a propsito do registo do arresto sobre o
mesmo bem , certo que a al. e) do n. 1 do art. 101. do CRP, ao dizer que por averbamento respetiva
inscrio de aquisio em comum e sem determinao de parte ou direito (art. 49.) que se faz o registo, entre
o mais, da penhora do direito de algum dos titulares da inscrio de bens integrados em herana indivisa, est
evidentemente a contemplar a genrica registabilidade dos factos jurdicos atinentes quota parte que cada
herdeiro possua na herana. Insistimos, porm, em que um tal registo, podendo fazer-se, no todavia
condio de eficcia do facto perante terceiros. A publicidade que da dimana meramente enunciativa: o
registo informa, divulga, d notcia do facto e tudo.
Neste sentido, cfr. . LEBRE DE FREITAS et al., vol. 3., cit., p. 423.
Cfr. J. LEBRE DE FREITAS, A Ao Executiva Depois da reforma da reforma, 5. ed., 2009, p. 251.
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As especificidades dos autos do azo a que brevemente se faa referncia a duas questes cuja con-
siderao poderia eventualmente interferir na conformao da deciso de qualificao. Essas duas questes so
1) a da diferena, para mais, da quantia exequenda (99.718,34) em relao quantia por que se promoveu o