Embargos de Declaração em Exceção de Pré-Executividade
Embargos de Declaração em Exceção de Pré-Executividade
Embargos de Declaração em Exceção de Pré-Executividade
PROCESSO nº 0000803-84.2020.8.08.0033
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contradiz, vez que retrata exatamente o que fora afirmado na exceção de
pré-executividade inacolhida.
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RAZÕES DO RECURSO
1 DA TEMPESTIVIDADE
2 DO PREPARO
3 DO CABIMENTO
Dispõe o art. 1.022, 1º inc. I, e seu parágrafo único, inc. II, do CPC:
3
I - esclarecer obscuridade ou eliminar contradição;
(...)
(...)
Por seu turno, diz o art. 489, § 1º, incs. V e VI, do CPC:
(...)
“DECISÃO
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narração do excepto - descumprimento de obrigação de
entregar coisa destoa do pedido - cobrança de coisa
incerta; d) extinção da execução.
Impugnação do exequente às fls. 78/82.
Pois bem. As alegações preliminares sustentadas se
confundem em essência com o próprio fundo de direito
reclamado na lide, a demandar, portanto, análise vertical
do aduzido nos autos.
O inciso III do artigo 784 do CPC elenca como título
executivo extrajudicial o documento particular assinado
pelo devedor e por duas testemunhas, sem impor
quaisquer outras exigências para o seu aperfeiçoamento,
mormente a presença das testemunhas ao ato do negócio.
Na situação, firmaram as partes contrato de compra e
venda de café, cuja obrigação, conforme confessada pelo
próprio executado, não foi cumprida integralmente.
Por tal cenário, encontram-se presentes os requisitos da
certeza e exigibilidade do crédito.
No tocante a liquidez, vê-se que constou da cláusula "2"
do negócio, que acaso o café objeto do contrato não fosse
entregue no vencimento e nem o seu valor pago na data
avançada, incidiria cláusula penal de 10%.
O art. 809, do CPC, prevê que o exequente tem direito a
receber, além de perdas e danos, o valor da coisa, quando
essa se deteriorar, não lhe for entregue, não for encontrada
ou não for reclamada do poder de terceiro adquirente.
Nesta senda, agiu corretamente o credor ao considerar a
cotação do café na data do vencimento da obrigação para
manejar a presente execução por quantia certa, uma vez
que os tribunais pátrios se posicionam nesse mesmo
sentido. Precedente análogo: TJ-ES; APL 0014164-
67.2012.8.08.0028; Segunda Câmara Cível; Rel. Des. Subst.
Raimundo Siqueira Ribeiro; Julg. 04/12/2018; DJES
13/12/2018.
A liquidez do título, reforço, é de simples operação de
conversão do montante das sacas de café com o preço do
dia do mercado, cujos documentos de fls. 35/36 dão
suporte ao cálculo apresentado pelo exequente (fl. 37).
Forte em tais razões, REJEITO a exceção aduzida pelo
devedor.
Intimem-se.
Montanha, 22 de novembro de 2021.
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ii) A liquidez, segundo se vê da decisão estaria no fato de constar
cláusula penal consistente em multa de 10% para o caso de
inadimplemento;
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Não se questiona, inclusive, a eventual conversão de um procedimento em
outro, vale dizer, a conversão de execução para entrega de coisa em execução
por quantia certa, e é aqui, exatamente, que se encontra o ponto nodal da
questão, revelando o equívoco conceitual a que incorreu a decisão ora
embargada, qual seja, confusão entre conversão judicial do procedimento
executório e alteração unilateral, por parte do credor da obrigação,
constante do título executivo.
Tal questão Lamentavelmente não foi abordada na decisão, tendo em vista que
esse Juízo fundamentou sua decisão em razões que simplesmente não foram
questionadas na exceção de pré-executividade.
Mais ainda, esse Juízo utilizou um julgado que contraria frontalmente a parte
dispositiva da sentença, tendo em vista que o julgado citado deixa bem clara a
necessidade de interposição do procedimento e, caso necessário, a conversão
para outra forma de execução sempre é fruto de uma decisão judicial, o que
definitivamente não ocorreu na presente ação.
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Na verdade, observa-se, com relação ao julgado do TJES que pretensamente
serviu de fundamento à decisão embargada, duas circunstâncias dignas de
nota, quais sejam:
Primeiro, por ser julgado mais antigo que o julgado que fundamentou a
exceção de pré-executividade, ou seja, houve uma clara violação da stare
decisis, admitindo-se hipoteticamente que o julgado adotado como fundamento
na decisão retrataria posicionamento diverso de posição posteriormente
adotada pelo TJES.
1
TUCCI, José Rogério Cruz e. Precedente judicial como fonte do direito. Revista dos Tribunais, São
Paulo:2004, p. 13.
2
O Novo Código de Processo Civil e a sistematizacão em rede dos precedentes judiciais, in Precedentes /
coordenadores, Fredie Didier Jr .... [et ai.). - Salvador : juspodivm, 2015,p. 117
8
especialmente inter-processo (casos iguais
devem ser decididos igualmente).”
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perfeitamente limpo, seco e ensacado que
deveria ter sido entregue ao exequente em
30.10.2010, que na época perfazia um total de R$
149.530,00 (cento e quarenta e nove mil e
quinhentos e trinta reais). Diante de tais
informações, não é possível vislumbrar nulidade
de execução, restando preenchidos todos os
requisitos legais para o ajuizamento do feito
executivo.
3. Agiu corretamente o juiz singular, ao
determinar que fosse considerada a cotação do
café na data do vencimento da obrigação, uma
vez que os tribunais pátrios se posicionam nesse
mesmo sentido.
4. Assim, caso o embargante/apelante não
promova a entrega das sacas de café acordadas,
a eventual satisfação através do pagamento em
dinheiro deverá levar em consideração a cotação
do produto no dia do vencimento da obrigação
em 30.10.2010. Esta mesma data deve ser
considerada para o início da incidência da
correção monetária, enquanto que os juros de
mora serão computados a partir da efetiva
citação.
5. Recurso CONHECIDO e IMPROVIDO. VISTOS,
relatados e discutidos, estes autos em que estão
as partes acima indicadas. ACORDA a Egrégia
Segunda Câmara Cível, na conformidade da ata e
notas taquigráficas que integram este julgado, à
unanimidade de votos, conhecer do presente
recurso e NEGAR-LHE PROVIMENTO, nos
termos do voto proferido pelo E. Relator. Vitória
(ES), 04 de dezembro de 2018. DES. PRESIDENTE
DES. RELATOR.”
(APL 0014164-67.2012.8.08.0028, SEGUNDA
CÂMARA CÍVEL, Publicação: 13/12/2018,
Julgamento 4 de Dezembro de 2018, Relator
ÁLVARO MANOEL ROSINDO BOURGUIGNON,
com nossas sublinhas)
Já, à época, não se admitia a execução direta por quantia certa, sendo
necessário que a execução a ser proposta fosse condizente com a
obrigação constante no título.
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Então, ainda que se relegue ao olvido o aspecto temporal, numa simples
interpretação literal, já se constata que referido julgado jamais poderia servir de
fundamento para a decisão proferida, havendo uma nítida contradição entre a
argumentação desenvolvida por esse honrado Juízo e o precedente utilizado
como fundamento.
A omissão desse honrado Juízo amolda-se ao disposto nos arts. 1.022, inc. I e
seu parágrafo único, inc. II, c/c art. 489, § 1º, todos do CPC, in verbis:
(...)
(...)
(...)
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propositura de execução por quantia certa quando o título executivo traz
obrigação para entrega de coisa e, contraditoriamente, fundamentar sua
decisão no art. 809 caput do CPC que diz:
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i) Art. 5º caput da CF – tendo em vista que está havendo um
tratamento excludente e flagrantemente injusto ao ora recorrente,
que deveria ser, perante a lei, tratado igualmente ao recorrido;
iii) Art. 489, §1º, incs. V e VI – tendo em vista que a um só tempo não
traz a ratio decidendi e viola a stare decisis no que diz respeito ao
precedente vigente no TJES, vez que fica demonstrada a nítida
recusa em seguir o precedente vigente do tribunal a que está sujeito
o julgador; e
Dessa forma, ante a negativa de vigência dos dispositivos acima, deve esse
honrado Juízo se pronunciar expressamente sobre a violações acima
elencadas, tornando-a questão controvertida.
5 DO PEDIDO
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b) que sejam enfrentadas as violações aos artigos elencados no tópico
supra;
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