Este documento fornece uma introdução sobre cerâmica, abordando conceitos como argila, tipos de argila, técnicas de conformação, decoração, e queima. Explica que a argila é um material natural formado pela decomposição de rochas ao longo de milhões de anos, e que pode ser usado para criar objetos através de processos como moldagem, pintura e queima em fornos.
Este documento fornece uma introdução sobre cerâmica, abordando conceitos como argila, tipos de argila, técnicas de conformação, decoração, e queima. Explica que a argila é um material natural formado pela decomposição de rochas ao longo de milhões de anos, e que pode ser usado para criar objetos através de processos como moldagem, pintura e queima em fornos.
Este documento fornece uma introdução sobre cerâmica, abordando conceitos como argila, tipos de argila, técnicas de conformação, decoração, e queima. Explica que a argila é um material natural formado pela decomposição de rochas ao longo de milhões de anos, e que pode ser usado para criar objetos através de processos como moldagem, pintura e queima em fornos.
Este documento fornece uma introdução sobre cerâmica, abordando conceitos como argila, tipos de argila, técnicas de conformação, decoração, e queima. Explica que a argila é um material natural formado pela decomposição de rochas ao longo de milhões de anos, e que pode ser usado para criar objetos através de processos como moldagem, pintura e queima em fornos.
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NOTAS SOBRE CERMICA
ANA JOO ALMEIDA
Registo IGAC n 490/2014
2 NDICE
introduo
DESCOBRINDO A ARGILA
o que a argila? origem e formao tipos de argila na natureza recolhendo a argila propriedades da argila materiais no argilosos o local de trabalho
DA ARGILA CERMICA
principais categorias de pastas cermicas subcategorias da cermica tipos de produo
CONFORMAO DA PASTA
tcnicas de conformao trabalhar na roda de oleiro enchimento de um molde de gesso construo de um molde em gesso
DECORAO E REVESTIMENTOS
tcnicas de decorao pintura cermica os xidos o engobe o vidrado aplicao do vidrado
QUEIMANDO A ARGILA
tipos e atmosferas de cozeduras controle da temperatura tipos de fornos o forno de buraco o forno de serradura o forno de campnula a gs construo de um forno de campnula 3
4 5 8 9 13 16 17
18 19 20
22 24 25 26
28 33 34 36 38 42
44 46 49 50 52 53 55
3 INTRODUO
Ao terminar o curso de Escultura decidi reunir e organizar tudo o que aprendi sobre a cermica ao longo destes anos, e da resultou este resumo de apontamentos e imagens. A minha ideia foi criar um manual prtico, dirigido a qualquer pessoa que tenha interesse em experimentar esta tecnologia, mesmo que nunca tenha tido algum contacto com o barro.
Com o passar do tempo, um pensamento comeou a ganhar corpo: Voltar terra. Acredito que nos dias que correm existe uma necessidade urgente de cultivar individualmente uma atitude ecolgica, aumentando a nossa convivncia com a Natureza e compreendendo a dimenso dos recursos que ela nos oferece. A argila pode ser encontrada ao virar da esquina - afinal, o barro terra - e qualquer pessoa, com um pouco de conhecimento, capaz de recolher barro natural, trabalh-lo e coz-lo. Neste guia explicado como realizar essa tarefa, bem como todo o processo envolvido, desde tcnicas de conformao da pasta at prpria cozedura numa simples fogueira. O objectivo proporcionar uma aprendizagem pessoal na prpria natureza, de onde provm esta matria abun- dante e onde a mesma transformada.
Considero importante dar a entender a autonomia que temos neste pro- cesso, j que dela resulta um campo de inmeras possibilidades criativas que devem ser exploradas e que so parte do desenvolvimento pessoal de cada um. Espero com este livro poder contribuir para essa descoberta.
4 DESCOBRINDO A ARGILA O QUE A ARGILA?
PARA UM TERAPEUTA um dos trs medicamentos mais antigos da humanidade, sendo os outros dois a gua e as plantas.
PARA UM GELOGO So as partculas menores (e mais leves) que resultam da decomposio de rochas feldspticas.
PARA UM QUMICO um silicato de alumnio hidratado, em que 1 partcula formada por 1 molcula de xido de alumnio (contm 2 tomos de alumnio e 3 de oxignio), 2 molculas de slica (contm 1 tomo de xido de silcio e 2 de oxignio), 2 molculas de gua (com 2 tomos de hidrognio e 1 de oxignio).
PARA UM SEDIMENTOLOGISTA Representa um termo granulomtrico, que abrange os sedimentos com partculas de dimetro inferior a 0,002 milmetros.
PARA UM PETRLOGO So as rochas que resultam da decomposio ou metamorfose de rochas-me (como feldspatos, granitos, basaltos, etc.) por aco qumica e fsica (chuvas, presses, correntes de ar, etc.).
PARA UM MINERALOGISTA um mineral sedimentar formado por partculas de dimenses muito pequenas; esse sedimento pode ser formado por apenas um mineral argiloso ou por uma mistura deles com predomnio de um, que o mais comum.
PARA UM PEDLOGO Corresponde a 25% da segunda camada mais superficial da crosta terrestre: a camada dos sais minerais.
PARA UM CERAMISTA A argila um material natural que quando misturado com gua se torna numa pasta plstica e quando sujeito a elevadas temperaturas passa por transformaes qumicas que lhe conferem elevado grau de dureza e resistncia.
A argila um material utilizado em muitas formas, devido s suas ricas propriedades.
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Homem de Barro, Baixa-Chiado.
Instrumento de cermica.
PIEZOELECTRICIDADE Desde que foi descoberta, a piezoelectricidade utilizada em diversas aplicaes como cmaras fotogrficas, microscpios, relgios de quartzo, sensores acsticos, etc., devido sua capacidade de gerar e armazenar energia. O quartzo um cristal piezoelctrico que reside na argila, sendo esta uma propriedade que confere cermica um leque varivel de utilizaes. a partir da piezoelectricidade que surge a capacidade de um corpo cermico guardar as vibraes absorvidas enquanto trabalhado, perman- ecendo com essa energia nos cristais de quartzo, mesmo aps a cozedura.
ORIGEM E FORMAO
A argila (ou barro) origina-se a partir da decomposio ou metamorfose de rochas-me, ocorridos durante milhes de anos atravs de ataques qumicos (por exemplo, pelo cido carbnico) ou fsicos (como eroso, vulcanismo, presses, etc.) que produzem a sua fragmentao em partculas muito, muito pequenas (com cerca de 2 micrmetros, ou seja, 0.002 milmetros de dimetro). Essas partculas so extremamente leves, e acabam por ser levadas pelas correntes de gua e depositadas no lugar onde a fora hidrodinmica (o movimento dos fluidos) j no suficiente para as mover. Desse modo, as partculas mais pesadas depositam-se primeiro, as outras depositam-se de 6 acordo com o seu peso pelo decorrer do caminho, e as mais leves depositam- se mais superfcie, nos locais chamados depsitos argilticos ou jazidas. As argilas formadas deste modo so as Argilas Secundrias ou Sedi- mentares. Estas foram transportadas para longe da rocha-me pela gua e misturaram-se com diversas matrias orgnicas pelo caminho. A decomposio dessas matrias orgnicas produz cidos e gorduras que vo ser absorvidos pelas argilas e torn-las mais maleveis. Assim, estas formaes mais superficiais so menos puras e menos limpas, sendo essas impurezas que lhes conferem maior plasticidade, por isso estas argilas so finas e plsticas. Normalmente tm grande teor de xido de ferro ou tons escuros, como no caso do barro vermelho, que se encontra bastante no nosso pas. Por outro lado, as Argilas Primrias ou Residuais so formadas no mesmo local da rocha-me e so pouco atacadas por agentes atmosfricos. Permaneceram no mesmo local, logo no foram contaminadas com elementos exteriores. Possuem partculas mais grossas (logo, so pouco plsticas) e colorao mais clara, j que so mais puras. O seu nvel de fuso bastante elevado. O caulino uma das argilas deste tipo.
O Solo a camada mais superficial da crosta terrestre, composto por quatro camadas principais:
A PRIMEIRA CAMADA a camada frtil, rica em hmus e detritos de origem orgnica, onde as plantas encontram alguns sais minerais e gua para se desenvolver.
A SEGUNDA CAMADA a camada dos sais minerais, que se divide em trs partes: 10% calcrio 30% argila formada geralmente por caulinita, caulino e sedimentos de feldspato 60% areia camada muito permevel pois existem muitos espaos entre as irregulares partculas de areia, permitindo que o ar e a gua circulem facilmente.
A TERCEIRA CAMADA a das rochas parcialmente decompostas. Depois de se decomporem totalmente, devido a eroso e agentes geolgicos, so transportadas para a camada dos sais minerais e tornam-se sedimentos.
A QUARTA CAMADA a das rochas-me (ou rocha matriz), que esto no incio da sua decomposio.
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Pode-se dizer que a argila um sedimento que pode ser formado por apenas um mineral argiloso ou por uma mistura deles. Os minerais argilosos so um complexo grupo de pelo menos 41 silicatos, caracterizados pelas dimenses extremamente pequenas dos seus cristais, cujos principais elementos so a slica, o alumnio e a gua. Ou seja, a argila quimicamente composta por silicato de alumina hidratado, mas tem outros componentes variveis como quartzo, micas, feldspatos, xido de ferro e outros minerais argilosos, bem como outras matrias orgnicas e metais que em conjunto determinam as suas propriedades. As argilas que vm da decomposio do granito tm mais feldspato; as que vm do basalto, tm mais ferro e feldspato, e por a fora. Quase que se pode afirmar que no existe nenhuma argila quimicamente pura. Num processo inverso chamado litificao, a argila pode-se transformar-se numa rocha se um depsito de argila for desidratado e submetido a compactao, normalmente pela presso de camadas superiores. O xisto um exemplo de uma rocha que noutros tempos j foi barro, se cozermos xisto este fica vermelho, e usado como chamote um inerte muito resistente.
Jazida de barro vermelho em Terena (Alentejo).
8 TIPOS DE ARGILA NA NATUREZA
ARGILA COMUM OU VERMELHA Argila sedimentar com alto teor de ferro e de plasticidade elevada, da ser muito utilizada para conformao. Aps a cozedura, as cores variam entre ocre, vermelho e castanho. fusvel a 1000c.
ARGILAS DE GRS Argila sedimentar bastante plstica, de granulometria mdia e refractria; suporta altas temperaturas. Aps a queima a sua colorao varivel, vai do vermelho escuro ao rosado (quanto mais alta a temperatura atingida, mais forte a cor) e at mesmo acinzentado do claro ao escuro. Vitrifica entre os 1250c. e os 1300c.; a sua absoro quase nula depois de cozida. O seu material fundente o feldspato.
ARGILAS GORDAS / BALL CLAY Argila sedimentar muito plstica, de cor azulada ou negra enquanto crua (a matria orgnica tem mais carbonatos) e claras quando cozidas. Apresenta alto grau de contraco tanto na secagem quanto na queima e boa resistncia enquanto verde. A sua grande plasticidade impede que seja trabalhada sozinha, pois fica pegajosa com a gua. adicionada em massas cermicas para proporcionar maior plasticidade e tenacidade pasta e tambm usada como componente de vidrados, devido ao seu elevado ponto de fuso.
BENTONITE Argila sedimentar de origem vulcnica. muito plstica, pode aumentar entre 10 e 15 vezes seu volume ao entrar em contacto com a gua. utilizada para melhorar a plasticidade e suspenso de pastas. Ponto de fuso mdio por volta dos 1200c.
CAULINO / ARGILA DA CHINA Esta uma argila primria ou residual (constituda por hidrosilicato de alumnio em estado muito puro) utilizada na fabricao de massas para porcelana. de colorao branca, muito pouco plstica (deve ser moldada em moldes ou formas) e apresenta elevada contraco na cozedura. Funde a 1800c., utilizada tambm como componente de pastas e vidrados .
ARGILAS REFRACTRIAS Argila que adquire este nome em funo de sua qualidade de resistncia ao calor. Suas caractersticas fsicas variam, umas so muito plsticas e finas, outras no. So utilizadas nas massas cermicas dando maior plasticidade e resistncia em altas temperaturas, e so bastante utilizadas na produo de placas refractrias que actuam como isolantes e revestimentos para fornos. Chegam a atingir elevados pontos de fuso (at aos 1750c, visto que tm muita alumina) e a sua contraco na secagem reduzida. 9 Estas argilas so caulinticas, resistem a altas temperaturas e suportam choques trmicos sem fracturar.
RECOLHENDO A ARGILA
Apesar da argila no se formar superfcie mas sim em profundidade, pode ser facilmente encontrada, principalmente devido eroso causada pelos agentes fsicos e qumicos ao longo do tempo. Esta pode ser recolhida perto de rios, nos cortes verticais existentes em algumas beiras de estradas, e em variados e surpreendentes lugares onde o solo tem exposta a camada de terra argilosa.
Santa Cruz, Torres Vedras.
No caso da imagem em cima, podemos notar que a chuva foi abrindo caminhos medida que desceu este monte de barro. Consigo, arrastou as partculas mais leves e finas de argila, e acabou por formar uma poa no solo. Essa poa um ptimo depsito de barro fino, e portanto plstico. Ao perder alguma gua tornar-se- numa pasta modelvel, e ao perder a totalidade da gua ficar seca e dura. A argila desincha medida que perde gua, portanto neste processo de secagem esta encolhe e passa a apresentar rachas devido contraco, como se pode ver nas imagens em baixo.
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Assim, a argila pode ser detectada atravs das rachas que apresenta superfcie, devido contraco que ocorre quando esta seca. Nem sempre apresenta essa caracterstica, mas um bom ponto de partida para quem procura barro no campo.
Cabreiro, Alcabideche.
Santa Cruz, Torres Vedras.
Uma forma de confirmar imediatamente se uma terra argilosa desfazer um pouco em p na palma da mo (retirando pedras ou pequenas folhas que possam haver), juntar a esse p umas gotas de gua (ou saliva) e misturar bem at resultar uma pasta homognea. Como j foi dito, a particularidade da terra argilosa o facto de esta ser constituda por partculas to finas que a torna uma massa una e bastante ligada. essa plasticidade que se busca quando se pretende encontrar barro, j que essa a caracterstica que nos permite model-lo. 11
Uma pasta cermica essa matria que resulta do tratamento de uma ou vrias argilas, que quando misturada com gua torna-se plstica.
Barro por preparar.
Depois de se confirmar a sua plasticidade, uma das formas de preparar uma boa quantidade de barro comear por desfaz-lo em p (por exemplo, com o uso de um martelo) retirando todas as impurezas como pedras ou folhas. Deve de seguida ser passado numa peneira, obtendo-se desse modo apenas o p mais fino, que se transformar numa pasta aps a adio de gua. Outro modo de obter uma pasta limpa e sem impurezas (que podem comprometer o resultado na cozedura) adicionar ao barro bastante gua, mexer de modo a que este fique bem aguado e passar todo esse lquido por uma peneira, ficando retidas pedras ou detritos de matria orgnica indese- jadas, e obtendo assim um lquido limpo, que se tornar numa pasta aps a evaporao da gua. Este processo de decantao em gua separa os materiais; os pesados depositam-se e os mais leves ficam superfcie, como a nata do barro, ou a chamada terra sigilata. Este o barro mais fino, e principalmente usado para fazer engobes. O barro mais fino ainda usado para fazer peas mais delicadas, enquanto que o barro mais grosso para peas com mais estrutura.
ARGILAS GREDAS
Muitas das zonas onde podemos encontrar argila so zonas calcrias ou com resduos desta rocha. Convm por isso, ao fazer a recolha do barro, reparar se o barro tem pedrinhas brancas pois estas podem ser calcrio. As argilas deste tipo chamam-se argilas gredas. Neste caso o barro deve ser bem limpo passando-o na peneira (em p ou bem lquido) No entanto devemos sempre cozer umas amostras do barro recolhido para o testar, j que muitas vezes o barro tem vestgios de outras rochas que no so um problema na cermica, pelo contrrio, do estrutura e resistncia ao barro. Muitos dos barros que encontramos tm pedras de pequena granulometria e esto em ptimo estado, prontos a serem trabalhados. por 12 isso importante cozer sempre umas amostras antes de fazer uma pea, para conhecermos o barro e aproveitar as suas caractersticas.
Amostras de argilas com calcrio cozidas.
O calcrio o material utilizado para fazer cal. Estas pedras so cozidas em fornos de cal (vo a cerca de 1000c.) e transformam-se nesta matria. Ao deitar gua sobre a cal esta passa a cal viva, faz reaco qumica e ferve, passando depois a ser cal hidratada. Ou seja, quando cozemos um pedao de barro com vestgios de calcrio, aparentemente nada de errado acontece, pois as pedrinhas de cal cozeram tambm juntamente com o barro. O que vem a acontecer mais tarde que mal a cal que est contida no barro cozido absorva alguma gua ou apenas humidade do ar, vai reagir com esta e expandir como a cal viva, destruindo qualquer corpo cermico onde esteja inserida.
Santa Cruz, Torres Vedras.
Uma das razes que torna to interessante a descoberta de argilas na natureza o facto de se poder encontrar barros de variadssimas cores e 13 texturas, consoante as diferentes misturas de xidos e outros componentes que se deram ao longo de milhes de anos.
ORIGEM DAS DIFERENTES CORES DAS ARGILAS
Argilas brancas: ausncia de compostos de ferro, mangans e titnio, bem como de matria orgnica.
Argilas pretas e cinzentas: presena de matria orgnica, s vezes de xidos de mangans.
Argilas vermelhas, laranjas e amarelas: presena de xidos e hidrxidos de ferro.
Argila roxa: origem no muito bem esclarecida, parecendo estar ligada a xidos de ferro e mangans.
Argila verde: compostos de ferro em forma reduzida.
Conjunto de amostras cozidas de diferentes barros e respectivos barros.
PROPRIEDADES DA ARGILA
PLASTICIDADE Varia consoante a composio qumica da pasta, a granulometria das partculas (quanto mais pequenas, maior plasticidade), a quantidade e temperatura da gua incorporada e a adio de materiais plastificantes ou 14 desfloculantes (como argilas mais gordas ou alguns materiais de natureza biolgica) . Uma argila pouco plstica uma argila magra, de conformao limitada, porm de baixa contraco, secagem mais rpida e menor risco de danos; uma argila muito plstica uma argila gorda, de boa conformao, mas de elevada contraco, com maior tempo de secagem e maior risco de danos.
Para alterar a plasticidade pode recorrer-se a: - Desengordurantes ou anti-plsticos - Plastificantes ou aglomerantes - Envelhecimento ou invernagem
ENDURECIMENTO O barro comea a ficar duro e com estrutura muito antes da pea estar totalmente seca. Em certos casos podemos trabalhar com o barro ou finalizar peas num estado entre o mole e o duro, o chamado estado de couro; este permite a modelao mas sem deformaes imprevistas. Muitas tcnicas de decorao so aplicadas ou terminadas quando a argila est neste ponto. O endurecimento reversvel na secagem, mas na cozedura definitivo. Para que um pedao duro de barro (no cozido) fique mole, precisa de absorver gua. Uma maneira de fazer isto embrulhar o barro num pano molhado e num saco de plstico, e esperar at que este fique mode (o que depende do tamanho do pedao de barro).
CONTRACO Na secagem, a contraco depende da dimenso das partculas da argila e da quantidade de gua que as separa (valores variveis entre 3% a 10% do volume inicial) . Ao secar, o barro perde toda a sua gua e encolhe, por isso devemos conformar uma pea tendo em conta que as partes mais finas secaro mais rpido e encolhero mais rapidamente do que o resto da pea. Para evitar rachas devemos tirar as medidas necessrias e controlar a secagem; podemos, por exemplo, tapar as zonas mais finas com um plstico para que estas no sequem antes do resto da pea. Outra medida necessria a ter deixar a pea a secar sobre um plstico ou areia, de modo a que a base possa contrair livremente. Se deixarmos um objecto de barro a secar directamente em cima de uma mesa, a base pode ficar presa superfcie da mesa e causar rachas em outras zonas da pea. Em todos os casos, a secagem deve ser controlada; a contraco uma caracterstica do barro que muitas vezes compromete a integridade das peas fazendo com que estas rachem ao secar, e por isso importante ter ateno.
As rachas podem ser remendadas humedecendo bem a zona rachada, fechando a fissura o mais possvel com um teque e tapando a racha com mais barro. Este deve estar to hmido quanto a zona da fissura; a gua que vai permitir que as partculas se liguem, o barro cole e a racha fique bem fechada. Continuando a secagem, se a mesma racha voltar a abrir pode-se repetir o processo, mas necessrio ter em conta que o barro mole no se pega ao barro seco, ambas as partes precisam ter gua. Ou seja, para corrigir uma racha numa pea totalmente seca no podemos tap-la com barro porque este no vai agarrar pea e tambm 15 porque este vai encolher e a pea seca j encolheu. No entanto, podemos tap-la com uma pasta feita com o mesmo barro em p e silicato de sdio. O silicato de sdio um lquido transparente gelatinoso e desfloculante, ou seja liquidifica a pasta usando quase nenhuma gua, portanto encolhe muito menos. Como tambm funciona como cola, podemos junt-lo ao barro em p de modo a obter uma pasta que pode ser usada para tapar as rachas secas.
Na cozedura, a contraco depende da quantidade e qualidade dos fun- dentes presentes (calcite e feldspato para temperaturas superiores) e da temperatura da cozedura (valores variveis que podem chegar aos 20%).
As alteraes na secagem podem ser obtidas atravs da adio de: - Argilas gordas ou magras - Desengordurantes ou anti-plsticos - Desfloculantes (materiais que permitem que as partculas se afastem sem que seja necessrio mais gua, como a barbotina)
COLORAO Esta varia consoante a pureza da pasta, a incorporao de elementos corantes e a alterao da temperatura ou atmosfera de cozedura. Podemos encontrar argilas de cores diferentes na natureza e podemos mistur-las para obter novas cores ou acrescentar-lhes outros elementos, como xidos ou corantes, que lhes alteram a cor. Durante a cozedura a colorao pode alterar-se menos ou mais, consoante o tipo de barro ou os componentes adicionados.
POROSIDADE Est relacionada com o tempo de secagem, a resistncia ruptura ou empenamento na secagem e com a aplicao (ou no) de um revestimento vtreo. Se esfregarmos bem uma pea seca com um pano hmido, esta fica polida, com um leve brilho e com alguma impermeabilidade; ao esfregar com o pano tapmos os poros da superfcie da pea.
Aps a cozedura de um corpo cermico o seu endurecimento torna-se definitivo, o que lhe permite a exposio ao fogo sem causar alteraes.
16 SINTERIZAO o nome dado ao processo de endurecimento da argila aps secagem e consolidao definitiva por aco do calor. Acontece por volta dos 600 e define o material como material cermico.
MATERIAIS NO-ARGILOSOS
Neste grupo encontram-se os materiais Anti-Plsticos ou Inertes e os materiais Fundentes; estes combinam-se com as argilas para produzir mate- riais cermicos. Os anti-plsticos reduzem o encolhimento das argilas na secagem, e os fundentes fazem diminuir o ponto de fuso destas (os fundentes alcalinos favorecem uma vitrificao mais lenta e progressiva). No entanto, o mesmo material pode ser anti-plstico ou fundente, em funo, por exemplo, da temperatura a que ser submetido ou dos restantes componentes da pasta.
CHAMOTE - Pasta cozida e moda com diferentes granulometrias; - Anti-plstico com temperatura superior pasta onde vai ser incorporado; - Facilita a secagem e aumenta a resistncia durante a cozedura; - Utilizado na composio de pastas refractrias e tambm como matria desengordurante. Numa pasta, deve usar-se um chamote que coza a uma temperatura mais elevada do que a argila da pasta, de modo a que j no sofra transformaes. A quantidade mxima de chamote numa pasta de 60%. Durante a secagem, o chamote diminui a contraco.
O talco, a cinza e o xisto incorporados na pasta tambm aumentam a resistncia ao choque trmico.
CALCITE (carbonato de clcio) - Obtido a partir do mrmore e calcrio ; - Isoladamente, funde a alta temperatura, mas combinado com outros materiais cermicos esse ponto reduz-se substancialmente; combinada com pasta vermelha, desce o ponto e coze a 1000c.; combinada com slica (material desengordurante) reduz o risco de fissuras na secagem, pois funde a uma temperatura mais baixa.
SLICA (quartzo) - Como anti-plstico, reduz a contraco das pastas e melhora a dilatao trmica e a resistncia, funcionando como matria desengordurante; - Funde a 1600c, abaixo disso anti-fundente (anti-plstico); - A areia da praia no esta, pois tem mui to calcrio (apenas os gros transparentes so quartzo); 17 - A porosidade da argila depois da cozedura proporcional quantidade de areia, porque sendo esta tambm um material fundente, contm fortes propores de feldspato ou mica.
FELSPATO - Usado para altas temperaturas; - Resulta da decomposio do granito; - usado como anti-plstico, mas fundente acima dos 1200c .
Restos de porcelana que sero triturados e transformados em chamote (Fbrica de Refractrios da Abrigada).
Areia de praia (Foz do Arelho).
O LOCAL DE TRABALHO
Trabalhar com cermica algo que se pode fazer facilmente. No uma actividade barulhenta, poluente, dispendiosa ou demasiado suja. Devemos escolher um local de trabalho confortvel, com bastante luz e de preferncia com arejamento. Fora isso, basta uma mesa, algumas 18 ferramentas, um alguidar com gua e um pano, e uma prateleira onde deixar as peas a secar. O barro pode ser recolhido no campo ou pode ser facilmente comprado, e pode ser cozido numa fogueira ou na mesma loja onde o comprou. Seja como for um processo bastante simples e acessvel. Resta conhecer as possibilidades que o barro nos oferece, compreender o seu comportamento e o nosso pensamento, e continuar a criar e a ser surpreendido.
DA ARGILA CERMICA PRINCIPAIS CATEGORIAS DE PASTAS CERMICAS
TERRACOTA Produto executado em pastas coadas de argilas vermelhas, amarelas ou brancas, sujeitas a uma cozedura e sem revestimento vtreo. Apresenta boa plasticidade e fusvel a 1100c.
FAIANA Produto obtido atravs do revestimento integral da chacota com vidrado estanfero, sobre o qual se aplica a decorao. Tem alta plasticidade e coze a baixa temperatura.
GRS Produto cuja pasta tem grande densidade, com composio base de slica, quartzo e feldspato, e que vitrifica entre os 1150 e os 1350c. Segundo a origem da argila e a quantidade de xido de ferro pode adquirir tons que vo desde o branco e cinzento ao amarelo e castanho. A sua plasticidade mdia e apresenta alta resistncia devido ao chamote.
PORCELANA Produto de pasta com granulometria muito fina, com composio base de caulino. muito densa, branca, translcida e com pouca plasticidade. Geralmente revestida com vidrado transparente. uma pasta de alta temperatura e sofre uma elevada contraco na cozedura. Composio: caulino 60%, quartzo (slica) 20% e feldspato 20%. O feldspato mais usado o de potssio devido elevada estabilidade contra deformao. Apresenta alta impermeabilidade, pois o feldspato fundente. Consoante a temperatura e quantidade de cada uma das matrias- primas, classificada como porcelana dura (coze entre os 1380 e os 1460c. e exige atmosfera redutora) ou porcelana macia (coze entre os 1170 e os 1270c. e exige atmosfera oxidante).
19 COMPOSIO DE UMA PASTA Componente plstico - Argila ou argilas. Componente anti-plstico - Chamote, slica, etc. Componente fundente - Feldspato (se >1000c) ou Clcio (se <1000c), vidro, etc. Regulador opcional - Corante, secante, desfloculante, cortia, palha, etc. Uma boa pasta necessita de um ndice justo de retraco, ou seja, a percentagem de encolhimento em funo da sada da gua. Uma pasta de componentes compatveis aquela que encolhe em proporo semelhante, no apresentando rachaduras durante a secagem e a queima.
SUB-CATEGORIAS DA CERMICA
CERMICA DE REVESTIMENTO (azulejaria) Permite o agrupamento de qualquer corpo cermico tendencialmente plano, destinado a ser aplicado na decorao da arquitectura, exterior ou interiormente, individual ou conjuntamente numa variada gama de decoraes e tcnicas de fabrico, como objecto para revestimento das paredes, pavimentos e tectos. Sendo mltiplos estes objectos, o azulejo tem especial importncia pelo suporte quadrado justaposto, facto que lhe confere especial flexibilidade e polivalncia na utilizao.
CERMICA DE ARQUITECTURA (tijolo, telha, etc.) Permite o agrupamento de qualquer corpo cermico de clara expresso volumtrica destinado a ser aplicado como elemento de estrutura fsica ou constituindo valorizao esttica da arquitectura, exterior ou interiormente, individual ou conjuntamente. Abrange objectos para construo de paredes, pavimentos e coberturas de edifcios como o tijolo ou a telha, ou para equipamentos de estrutura sanitria como as manilhas e condutas de gua.
CERMICA DE EQUIPAMENTO Objectos cermicos mveis funcionalmente autnomos. Objecto utilitrio - D resposta s necessidades prticas da vida (servios para alimentos e refeies, loua sanitria, utenslios mdicos, etc.) Objecto decorativo - Visa sobretudo a guarnio esttica dos espaos mais do que a resoluo de necessidades prticas primeiras (contentores para flores, potes ornamentais, estatuetas, etc.) Objecto artstico - Aquele que, podendo revestir-se de carcter funcional ou decorativo, constitui-se como expresso artstica de um autor que rejeita qualquer intencionalidade prtica e antes utiliza o material como meio plstico ou a tradio cermica como suporte conceptual para a sua actividade criadora.
20
Objecto de cermica utilitrio.
Objecto de cermica decorativo/artstico.
TIPOS DE PRODUO TECNOLGICA
OBJECTO MANUFACTURADO Produo repetitiva, embora no por processos mecnicos industriais.
OBJECTO INDUSTRIAL Obtido por processos mecnicos industriais, numa metodologia repetitiva que vai do projecto grande produo, e no qual a mquina substitui totalmente a aco directa da mo humana.
OBJECTO ARTSTICO De produo no repetitiva e manufactura artesanal. Pode ir da pea nica de autor s sries limitadas com controlo directo do mesmo.
A cermica divide-se ainda de outra forma:
21 CERMICA AVANADA/MODERNA Cermicas tcnicas de altas prestaes (temperatura, resistncia fsica, inrcia qumica, biocompatibilidade, etc.) recorrendo a zircnio, alumina, nitrato de silcio, carbonato de silcio, cordierite e outros. Utilizadas para peas de avies, componentes electrnicos, etc.
CERMICA ARGILOSA/TRADICIONAL Decomposio variada de materiais naturais de textura fina e terrosa com presena assinalvel de argilas.
Objecto manufacturado de cermica tradicional (Artes Saturnina faz um pote).
Objectos manufacturados (Museu do Barro, Redondo).
Objecto artstico (Museu do Barro, Redondo).
22
Estudo de escorrimento de vidrados (CENCAL, Caldas da Ranha).
CONFORMAO DA PASTA TCNICAS DE CONFORMAO
MODELAO Uso directo das mos e de utenslios manuais sobre a pasta.
ROLOS Uma das tcnicas de conformao manual mais antigas. Justaposio e colagem em altura de rolos de argila feitos mo.
LASTRA Conformao a partir de placas de argila de espessura constante.
MOLDAGEM Aplicao manual da pasta mole ou derrame da pasta lquida num molde nico ou constitudo por vrios tasselos (seces).
RODA Utilizao de um mecanismo estruturalmente constitudo por dois crculos de madeira ligados entre si por um eixo vertical; o primeiro menor e est colocado ao nvel de um homem sentado; o segundo maior e est ao nvel dos seus ps. No crculo superior colocada a pasta cermica que o oleiro vai modelar directamente com as mos, e no crculo inferior so induzidos movimentos circulares pelo p do prprio oleiro. A conformao feita pelo levantamento da pasta mole num movimento contnuo de rotao.
CALIBRAGEM Aplicao da pasta sobre um molde que lhe configura o interior, sendo o exterior definido pela aco de perfis metlicos.
23 COLAGEM Consiste na unio dos componentes de uma pea com lambugem (pasta argilosa muito diluda em gua). Estes componentes podem ser constitudos por pastas coradas de diferentes cores.
Tasselo de um molde de gesso.
Conformao de uma pea atravs do mtodo do rolo.
Conformao de uma pea atravs do mtodo de colagem.
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TRABALHAR NA RODA DE OLEIRO
Para trabalhar bem na roda preciso uma grande calma e concentrao. Desde amassar o barro at terminar a pea temos que sentir o nosso equilbrio e o equilbrio do barro. Amassamos bem o barro, fazemos uma bola com a base achatada (pela) e esta colocada no centro (seco) da roda. Comeamos a girar o prato e com o dedo mindinho colamos a pela base, e s depois comeamos a adicionar gua. Centramos bem o barro com firmeza, se ajudar podemos apoiar os cotovelos nas pernas. A mo direita pressiona, enquanto que a esquerda s ampara. Subimos usando o Monte da Lua e descemos usando o Monte de Marte, repetindo o processo quantas vezes forem necessrias at o barro estar bem centrado. Chegando a esse ponto podemos abrir a forma, pressionando com o polegar at bem fundo e alargando e subindo as paredes pouco a pouco, repetindo os movimentos. Devemos ter ateno para no deixar a base demasiado grossa pois isso ir causar rachas nas zonas mais finas (que secam mais rpido). Ao terminar, retiramos a pea do prato com o garrote e deixamos secar at estar slida mas no totalmente seca; a podemos acertar o fundo. O barro para a olaria deve ser plstico mas com areia e resistncia.
25 ENCHIMENTO DE UM MOLDE DE GESSO
ENCHIMENTO DE UM MOLDE POR VIA LQUIDA Depois do molde de gesso estar seco, enche-se com pasta lquida. Retira-se o excesso ao fim de uma hora e meia (dependendo do tamanho da pea) e deixa-se secar o tempo necessrio para que ao desenformar a pea saia por inteiro. Aps retirar uma pea por inteiro, acrescentam-se as partes exteriores e fazem-se retoques e acabamentos que sero repetidos em cada pea.
Pea retirada do molde e terminada.
APLICAO MANUAL DA PASTA SOBRE UM MOLDE Cobre-se a superfcie do molde com barro; ao estar j um pouco seco (mas no totalmente) retiram-se as duas partes de dentro e unem-se. Nesta altura pode-se recortar e trabalhar estas seces, ou adicionar outras partes. No caso destas imagens uma esfera foi retirada de um molde de gesso. Essa esfera foi recortada e trabalhada e separadamente foi modelada outra seco da pea, que foi depois inserida na esfera.
Molde de gesso.
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Esfera cortada e trabalhada.
Resultado final.
CONSTRUO DE UM MOLDE EM GESSO
A partir da forma que se pretende obter em barro o positivo construda uma caixa que ser preenchida com gesso, metade de cada vez. Da resulta um bloco com o negativo da mesma forma no seu interior, que possibilita a reproduo em srie do positivo original.
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Faz-se a preparao da caixa onde ser derramado o gesso lquido. Neste caso, sendo o objecto irregular, foi inicialmente colocada uma placa em perfil e os espaos vazios foram tapados com barro.
De seguida inicia-se o enchimento da primeira metade da caixa do molde com gesso lquido. Quando este estiver suficientemente seco, repete-se o processo com a outra metade do objecto, sem esquecer que o gesso j seco deve ser bem pincelado com sabo.
Repete-se o processo para fazer o 3 tasselo, que ser a base do molde.
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Para terminar o molde, devemos raspar e arredondar as arestas e os cantos; as arestas acentuadas e os cantos rectos aumentam a probabilidade do molde se partir em caso de queda ou pancada.
DECORAO E REVESTIMENTOS TCNICAS DE DECORAO
ENGOBE Pintura com argila lquida, corada com xidos ou pigmentos, aplicada sobre o corpo cermico ainda cru, de preferncia fresco ou em estado de couro.
Engobe.
AEROGRAFIA Aplica-se sobre a chacota camadas de vidrado ou pigmentos atravs de um jacto com grande presso de ar.
BANHO Tcnica de vidragem que consiste na imerso ou no derrame de vidrado sobre o objecto em chacota.
BRUNIDURA Polimento de uma superfcie com uma pedra dura ou um pano pouco hmido. Cria contraste entre superfcies mates e brilhantes e ajuda a impermeabilizar.
CORDA SECA Faz-se a inscrio dos motivos ornamentais marcados com uma mistura de leo de linho (ou qualquer outra gordura) sobre o corpo cermico j cozido e aplica-se o vidrado. Estas linhas separam o vidrado, evitando a sua mistura durante a fuso dos componentes. Juntando mangans ou outro xido ao leo ou gordura pintam-se essas linhas; pode usar-se tambm tintas mas nesse caso ficar brilhante e no mate. 29 Esta tcnica no funciona em objectos tridimensionais caso se use o TR29, pois este vidrado demasiado denso. No entanto, ao esgrafitar obtm- se um efeito parecido ao da corda seca.
Corda seca.
CROMOLITOGRAFIA Tcnica industrial que consiste na impresso litogrfica dos motivos decorativos sobre papel de decalque. Estes motivos aplicam-se depois na superfcie a decorar, fixando-se com a fuso dos vidrados.
DECALCOMANIA Os motivos so aplicados sobre uma camada de vidrado j cozido.
ESGRAFITADO Retira-se a camada de vidrado ou engobe do corpo cermico com um instrumento pontiagudo, deixando visvel a chacota.
Esgrafitado.
ESPONJADO Aplicao das cores com uma esponja ou trapo.
GRO DE ARROZ Consiste em pressionar gros de arroz na superfcie da pea. Normalmente usa-se na porcelana devido ao efeito translcido.
INCISO Gravao com um instrumento pontiagudo, no barro cru, de um motivo decorativo.
INCRUSTAO (engobe embutido) Os motivos decorativos so marcados com incises no barro, que so depois preenchidas com engobes de coloraes diferentes. Aps secar, raspa- se a superfcie resultando uma definio ntida dos motivos inscritos.
Incrustao. 30
PASTA SOBRE PASTA Aplicao, geralmente em porcelana, de sucessivos nveis de pastas coloridas por diferentes xidos.
MANCHADO Aplica-se uma ou mais camadas de engobes; aps secar passa-se com uma lixa fina deixando visvel apenas em certas partes as diferentes camadas de engobe.
Manchado.
PRATEAR Aplicao da prata, que funde a temperatura muito baixa. Depois de brunir deve ser lavada com bicarbonato de sdio e polida com um pano macio. Pode ser incorporada sob a forma de cloreto carbonato de prata, para vidrados com reflexos metlicos.
REFLEXO METLICO Consiste em dar brilho metlico ao vidrado, fazendo realar atravs de cozedura em atmosfera redutora os elementos metlicos dos xidos com que se aplicaram os motivos decorativos.
RELEVO Marcao do motivo decorativo na pasta ainda hmida por meio de moldes de madeira, gesso ou metal.
SERIGRAFIA Os motivos so transferidos para a chacota ou o vidrado com o auxlio de bastidores de seda, onde foram previamente desenhados os elementos da decorao.
TUBAGEM Desenha-se os contornos dos motivos decorativos com separadores lineares de engobe engrossado com areias, aplicados na chacota ainda no cozida e que funcionam depois como limite entre os esmaltes.
VIDRAGEM Consiste em cobrir uma pea cermica com vidrado.
RAKU Tcnica de decorao japonesa obtida atravs do arrefecimento brusco das temperaturas da cozedura. As peas so conformadas em pastas refractrias, cozidas a baixa temperatura, decoradas e submetidas a uma segunda cozedura, tambm a baixa temperatura. 31 A tcnica especial deste processo de retirar as peas vidradas do forno em estado incandescente e coloc-las sobre serradura, tapando-as de imediato com mais serradura ou mergulhando-as em gua. Isto provoca uma brusca reduo de oxignio e de temperatura; o fumo produzido tende a ligar-se com a superfcie da pea e havendo uma falta de oxignio devido serradura e fumo que a tapam so produzidas zonas enegrecidas.
Raku.
Levantamento da campnula com as peas ao rubro (Raku).
Reaco do fogo devido ao contacto da serradura com as peas (Raku).
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RAKU PELADO Numa pea j chacotada podemos aplicar qualquer desenho com fita cola ou lpis de cera. De seguida aplicamos uma boa camada de caulino (banho ou pincel, sendo que quanto mais grossa a camada melhor) e deixamos secar muito bem. De seguida damos outro banho de qualquer vidrado, o que vai ajudar o caulino a descascar. Como o corpo cermico j encolheu (na chacota) e o caulino no, este no forno vai encolher bastante, rachar e comear a descolar-se. Ao sair do forno e deparar-se com uma reduo de oxignio causada pela serradura, as fissuras e as partes do caulino j descoladas vo ficar pretas e com linhas esbatidas. Os desenhos e as zonas que tinham fita-cola tambem vo ficar realados a negro. A pea deve ser raspada com uma faca ime- diatamente aps passar pela serradura e pela gua, pois deste modo que o caulino ir descascar mais facilmente deixando vista craquels e desenhos escurecidos pela reduo.
Raku pelado.
33 PINTURA CERMICA
A colorao cermica feita atravs da aplicao de um revestimento (terroso ou vtreo) que contm pigmentos ou atravs da incorporao desses pigmentos na pasta. O Pigmento uma substncia corante, geralmente em p fino e em estado seco, formado por xidos metlicos misturados com outras matrias inorgnicas (caulino, vidro transparente, fundentes, feldspato, etc.). Os pigmentos podem ser encontrados nos xidos (que se encontram em estado natural e a partir destes os resultados podem ser espontneos ou pouco estveis) ou em corantes e tintas (que atravs de processos industriais esto estabilizados obtendo-se resultados previsveis). Existem trs tipos de pigmento: fusvel, infusvel e fritado. No caso de um Pigmento Fusvel, o xido corante (ex: cobalto, cobre, etc.) requer a presena de um xido fundente para se revelar (antimnio, chumbo, etc.). Estes pigmentos apresentam uma cor fechada (escura, seca, pouco vibrante) enquanto crus; esta pode manter-se assim aps a cozedura se no existir um outro agente, fundente, que a torne mais viva ou aberta. Por outro lado, no caso de um Pigmento Infusvel, o xido corante (ex: ferro, crmio) no altera a cor que apresenta; a que tem a que fica. Um Pigmento Fritado, por fim, requer a aglomerao do xido com o fundente de uma forma insolvel, como o caso dos corantes e tintas. Um Revestimento a aplicao sobre um corpo cermico de um complemento que funciona como reforo esttico e tcnico (melhora a re- sistncia fsica dos materiais, bem como a impermeabilizao). Um revestimento vai desde um engobe at um vidrado com muitas fases intermdias (e varia tambm consoante as condies de cozedura).
ENGOBE Este um revestimento terroso constitudo por materiais argilosos; pode adicionar-se mais gua a uma argila de modo a obter-se um engobe com a cor (entre outras propriedades) dessa argila. O material o mesmo, apenas passou a ter uma forma lquida.
VIDRADO Possuindo materiais vitrificantes, um revestimento passa a ser vtreo.
A COR DEPENDE DE: Qual o elemento qumico que forma o xido (ferro, cobre, etc.); Qual a natureza do composto utilizado (% e valncia do xido, do carbonato, etc.); Qual a natureza da base do vidrado (plumbfero, alcalino ou borcico); Qual a temperatura alcanada; Quais as condies da cozedura.
CORANTES Os corantes apresentam-se com nomes como P-130 ou P-80, correspondendo a cada nmero uma cor. Estes precisam de um agente fundente (como vidro ou a prpria pasta) que os fixe ao corpo cermico. 34 De uma forma geral, so incorporados nos vidrados transparentes ou em engobes com uma percentagem de 6% a 12%, sendo que com 12% o vidrado/engobe est saturado e da resulta uma cor mais forte e opaca. Se o vidrado utilizado for o BC32 ou outro igualmente branco e opaco, a percentagem de corante necessria apenas de 8% e as cores tendem para tons pastel.
TINTAS As tintas, por outro lado, tm agentes que fundem por si s; estas no tm uma concentrao de pigmentos to forte, sendo necessrio usar uma percentagem maior de tinta, 20%, tanto nos vidrados como em engobes. As tintas apresentam-se com nomes como D-27, D-93, etc..
OS XIDOS
Ao utilizar estes pigmentos deve ter-se em conta que o resultado ir variar bastante consoante a quantidade de xido utilizada bem como os outros componentes ou xidos incorporados no vidrado ou na pasta. Os xidos, segundo a valncia dos tomos do oxignio, dividem-se nos seguintes grupos: RO-R2O - xidos que actuam como fundentes; R2O3 - xidos que interferem na viscosidade; RO2 - xidos que produzem a vitrificao. Os xidos para cermica tm uma grande diferena entre a sua cor bruta e a final, por ter resolues muito diferentes em funo dos restantes componentes (sobretudo vidrados) e processos.
XIDO DE COBALTO Corante muito activo, utilizado para os tons de azul. Em grandes quantidades pode ser utilizado como fundente. Misturado com xido de zinco obtm-se azuis intensos; com xido de Magnsio, os tons prpura; com xidos de ferro, cobre e nquel, diferentes tonalidades de azul.
XIDO DE COBRE Corante para os tons de verde. Sobre vidrados alcalinos, produz tons de azul. Nos vidrados de chumbo, em cozedura oxidante, produz verdes intensos e quando fundido em atmosfera redutora, uma gama de vermelhos. Misturado com cobalto, produz uma gama de verdes azulados. Com ferro, urnio, vandio, nquel e rtilo, origina verdes amarelados e verde musgo.
XIDO DE CRMIO Corante refractrio cuja cor no se altera nem em atmosfera redutora nem oxidante. A cor obtida a partir deste xido altera-se com o componente adicionado: com zinco, o verde passa a rosa acastanhado; com chumbo, fica mais amarelado; no vidrado alcalino, origina tons escuros; com estanho e chumbo d esmaltes rosas e vermelhos; com maior percentagem de chumbo, laranja avermelhado. Altera-se tambm com baixa temperatura, resultando em 35 amarelos, vermelhos, rosas, castanhos e verdes e com alta temperatura em rosas, azul esverdeado e verde esmeralda.
XIDO DE FERRO Corante muito activo. Aparece sob duas formas: o xido de ferro vermelho que sulfato ferroso calcinado, e o xido de ferro negro. Respon- svel pela colorao avermelhada das argilas, considerado uma impureza nas argilas claras. Em cozedura com atmosfera redutora origina uma gama de verdes e combinado com outros xidos pode, igualmente, originar azuis. O xido de Ferro o principal constituinte do Ocre, que uma terra argilosa de cor amarela, castanha ou avermelhada.
XIDO DE MANGANS Apresenta-se sob a forma de bixido de Mangans e a sua cor natural castanho arroxeado. Emprega-se quando se quer obter tons violceos (castanhos ou azuis). Sobre vidrados alcalinos, produz tons de azul violceo. Misturado com xido de ferro e crmio produz preto. Com xido de cobalto produz violetas profundos.
XIDO DE NQUEL Corante refractrio que origina coloraes acastanhadas, amareladas, esverdeadas e acinzentadas. Aparece sob duas formas: xido de nquel negro e xido de nquel verde. Em vidrados com alto teor de zinco e em atmosfera redutora, origina amarelos brilhantes, prpuras e azuis. Isoladamente origina cinzentos, verdes e azuis. pouco empregue devido sua grande instabilidade.
XIDO DE URNIO Corante principalmente usado na pintura sobre porcelana que surge sob duas formas: o bixido de Urnio que, a baixa temperatura e em vidrados de chumbo, origina vermelho alaranjado; e o xido de Urnio, salino que produz amarelos plidos nos vidrados alcalinos e amarelos alaranjados nos vidrados de chumbo. A alta temperatura, em atmosfera oxidante e em combinao com vidrados calcrios resulta um amarelo limo, e em atmosfera redutora d negro.
XIDO DE VANDIO Corante obtido pela calcinao do anidrido (cido) de Vandio que um metal muito duro que funde a uma temperatura de 1750c. Com este xido obtm-se cores amarelas, e em atmosfera redutora, cinzentos.
Opacificantes e Fundentes:
XIDO DE ANTIMNIO Opacificante de vidrado que pode substituir o xido de Estanho ou de Zircnio. Combinado com chumbo e estanho, a baixa temperatura, d amarelo de Npoles.
36 XIDO DE ESTANHO Opacificante dos vidrados, caracterizado por conferir um branco cremoso e usado para cozeduras a baixa temperatura. D um tom rosado em alguns vidrados e s vezes um acabamento lustroso. usado para o rosa de crmio.
XIDO DE TITNIO Opacificante muito activo e de todos o que produz melhor branqueamento. Pode originar texturas, criar cristais nos vidrados, e alterar algumas cores. Confere tons amarelados ou azulados.
XIDO DE ZINCO Fundente para altas temperaturas que misturado com o cobre d turquesa e com o crmio d tons de terra queimada. Empregue em quanti - dades excessivas torna o vidrado demasiado refractrio e viscoso. Tende a opacificar os vidrados e o branco rosado. Para alm do brilho, aumenta a dureza e durabilidade dos vidrados, e quando usado em alto grau de saturao produz texturas cristalinas.
XIDO DE SDIO Fundente muito activo que aumenta a fluidez do vidrado durante a fuso. utilizado na cermica sob a forma de carbonato, fosfato ou silicato. Combina- se muito bem com outros xidos corantes, particularmente os de azul e turquesa. O seu coeficiente de dilatao muito elevado, o que diminui a elasticidade e a resistncia tenso provocando rachas na superfcie vidrada.
XIDO METLICO Metal combinado com oxignio, sob a forma de p modo. O xido de silcio essencial para qualquer vidrado, podendo todos os outros integrar ou no a sua composio. Conferem propriedades transparentes, alcalinas, opacas ou matizadas.
O ENGOBE
Este um revestimento terroso como a prpria argila, j que composto principalmente por argila em estado lquido. Deve aplicar-se com a pea no totalmente seca; o engobe deve secar juntamente com o corpo cermico, de modo a que a pea pouse e seque como um todo.
ENGOBE NATURAL Um engobe natural uma argila que por si s oferece a cor desejada.
37 ENGOBE ELABORADO Um engobe elaborado um composto de argila e de outros materiais cermicos como xidos, tintas ou corantes que alteram a colorao natural da argila.
ENGOBE VITROSO Por fim, um engobe vitroso aquele que alm de argila ou materiais colorantes composto por um fundente, apresentando uma textura vitrosa. Um engobe vitroso - ou no consoante tambm a temperatura a que ser cozido; aplicando um engobe de baixa temperatura (ou seja, constitudo na sua maioria por uma pasta de baixa temperatura) em grs e submetendo-o a alta temperatura, este passa a ser vitroso, j que os seus componentes a partir de certa temperatura passam a ser fundentes.
Pedras de barro, p, pasta e engobe natural correspondente a cada argila.
Engobes naturais.
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O VIDRADO
Um vidrado um preparado base de vidro em p misturado com xidos e outras substncias que funde total ou parcialmente acima dos 650c, e devido a esta vitrificao une-se intimamente com o suporte cermico. A composio de um vidrado varia consoante a sua aplicao (deve ter um fundente requerido para a temperatura de cozedura da pasta que estamos a usar) e da sua funo; as caractersticas do vidrado (textura, transparncia, cristalizaes, etc.) devem ser adequadas sua utilizao final (existem fundentes que se libertam com o uso e por isso no so adequados para loia de refeies). Os fundentes so matrias que se adicionam aos vidrados para fazer diminuir o ponto de fuso de matrias de alta temperatura. Os fundentes alcalinos favorecem uma vitrificao mais lenta e progressiva. Um vidrado pode ser plumbfero, se o seu fundente principal for chumbo (este funde facilmente); borcico se os agentes fundentes forem compostos de boro; e alcalino se forem compostos de xidos alcalinos, de sdio ou potssio. Relativamente transparncia e ao brilho, um vidrado sempre transparente e brilhante; a adio de matrias como opacificantes (pigmentos, xidos, etc.) que o torna opaco ou lhe d um brilho mate.
COMPOSIO DO VIDRADO composto basicamente por trs grupos, onde os xidos se agrupam segundo o seu contedo de oxignio (R representa um elemento qumico, que combinado com o oxignio produz o xido desejado).
Compostos Bsicos (RO/R2O) (Fundentes bsicos ou alcalinos) xido de ltio, sdio, potssio, clcio, magnsio, brio, zinco, estrncio e chumbo. Compostos Neutros (R2O3) (Grupo conformador do vidro) Refractrio e estabilizador, contribui para a vitrificao do vidro e ajuda a agarrar ao suporte. xido de alumnio e de boro substituem parcialmente o silcio, fazendo baixar a temperatura de fuso sem outras alteraes. Compostos cidos (RO2) (Grupo formador do vidro) xido de titnio, zircnio e de silcio (a slica est na base do vidro; a uma temperatura alta funde e forma o vidro).
Relativamente ao modo de preparao existem dois tipos de vidrado, cru e fritado, e os seus resultados podem ser bastante diferentes.
VIDRADO CRU Recorremos aos materiais que compem o vidrado, como a slica e um composto de chumbo; estes so postos na gua, misturados, e so aplicados na pea. 39 Este um processo que implica algum conhecimento de qumica e da interaco entre os componentes; existe um grande nmero de receitas e os vidrados podem resultar pouco homogneos ou inconstantes. Antes de ser submetido a cozedura, este vidrado apresenta uma colorao laranja muito forte devido alta quantidade de zarco (chumbo) que possui. importante salientar que este um material altamente txico e no deve ser aplicado em loia de refeies.
Vidrados crus. (Compostos por chumbo e outros)
Vidrado Transparente Mate (1000C.) 48g xido de zarco/chumbo/mnio; 9g feldspato potssico; 17g xido de zinco; 7g caulino; 18g slica. Se for a 1200, o zarco desaparece e o feldspato potssico substitui-o, pois passa a ser fundente aos 1200c. Quanto mais zinco, mais branco fica; da ser mate.
Vidrado Transparente Brilhante (1000C.) 70g xido de zarco; 20g cinza de madeira; 10g brax.
Uma das formas de trabalhar as cores num vidrado cru adicionar xidos corantes a um vidro transparente, em quantidades que variam consoante o xido:
Amarelo 0,1% de xido de crmio
Verde 1% de xido de cobre
Azul 0,1% de xido de cobalto
40 Laranja/Vermelho 0,5% de xido de crmio (escorre muito; camada fina d verde e grossa d vermelho)
Preto 3% de xido de ferro, 3% de xido de cobre, 3% de xido de mangans
Resultado obtido com a aplicao de um vidrado transparente mate com 0,5% de xido de crmio.
VIDRADO FRITADO Mais comum e com melhor resultado. Aquece-se a slica e um composto de chumbo; quando esto lquidos, misturam-se bem, deitam-se na gua fria e estes estilhaam. Depois de triturados, resulta um p em que os componentes esto misturados de forma mais ntima; esto fundidos. Por vezes h materiais que agarram melhor a este vidro. Estes so vidrados industriais j preparados e estabilizados que apresentam resultados previsveis e estveis, como o caso do TR29 e TR81 (vidros transparentes), BC32 (vidro branco opaco) e do LT599 (fundente), entre outros.
Vidrados fritados. (TR29 com corantes adicionados)
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Vidrado Branco Opaco BC32 Ao adicionar a este vidro pigmentos, as cores tornam-se mais claras e opacas, em tons de pastel. Pelo facto de possuir zircnio na sua composio, o azul tende a ficar lils.
Vidrado Transparente Brilhante TR29 Composto por bicilicato de chumbo, este vidro demora mais a fundir; funde aos 980c, j que tem duas slicas, alm do chumbo. Depois de atingir os 1000c, se descer logo a temperatura fica com bolhas e textura de casca de laranja; para ficar lmpido deve manter-se durante 1 hora nos 1000c.
Vidrado Transparente TR81 Apresenta-se mais opaco e esbranquiado que o TR29.
LT599 (Fundente) Tambm conhecido como Fundente de 3Fogo; um fundente mono-silicato, tem uma slica e um chumbo. Como tem apenas uma slica, funde mais depressa (funde aos 800/850c) e fica mais transparente.
Vidrado Transparente TR29 + 5% LT599 O TR29 um vidrado que no escorre, mas torna-se opaco em vez de transparente quando aplicado em excesso. Por outro lado, o LT599 bastante lmpido e transparente (porque funde rapidamente devido ao facto de ter apenas uma slica) mas escorre bastante. Juntando 5% deste fundente LT599 ao vidrado TR29 obtm-se um vidrado transparente, lmpido e que no escorre. Adicionando a um destes vidros a percentagem correcta de pigmento (xidos, corantes ou tintas) produzem-se vidrados coloridos, opacos ou transparentes. Exemplos:
Resultado obtido com a aplicao do vidrado TR29 com 5% do fundente LT599, ao qual foi adicionado 12% de corante laranja P-130.
Resultado obtido com a aplicao do vidrado TR29 com 5% do fundente LT599, ao qual foi adicionado 12% de corante verde P-28 e 12% de corante azul P-10.
APLICAO DO VIDRADO
Aps as peas serem submetidas a uma primeira cozedura, os vidrados so aplicados e estas so de seguida sujeitas a uma segunda cozedura. Se possvel, deve aplicar-se o vidrado com a pea ainda quente, pois desse modo o vidro segura-se melhor. A aplicao do vidrado pode ser feita a partir de diferentes mtodos.
IMERSO TOTAL OU PARCIAL A pea mergulhada num recipiente com vidrado. Vidra-se o interior primeiro, e depois o exterior.
DERRAME O vidrado vertido sobre a pea. Deve mexer-se bem a pea porque pode implicar insuficincias na zona de impacto e excesso na zona oposta.
43 PULVERIZAO Utiliza-se ar comprimido e pistola. A distribuio homognea, mas pouco eficaz no interior das peas. importante usar mscara.
PINCEL Aplicao localizada. Requer especial cuidado com a fraca homogeneidade.
No exemplo que se segue, foi aplicado ltex nas zonas em que no se pretendia vidrar. De seguida foi vidrada toda a sua superfcie da pea chacotada pelo mtodo de pulverizao, e por fim foi retirado o ltex, protegendo do vidrado as zonas onde este foi aplicado.
Aplicao do ltex.
Aplicao do vidrado pelo mtodo de pulverizao.
Remoo do ltex.
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Resultado final.
na segunda cozedura que deve ser tambm feita a assinatura da pea; esta deve ser feita na base (que no deve conter vidrado), e deve ter alm do(s) nome(s) de quem a fez e a data, o nmero de srie da pea e o nmero total de peas iguais.
Base da pea.
QUEIMANDO A ARGILA TIPOS E ATMOSFERAS DE COZEDURA
A cozedura o passo final e sem retorno da cermica. Durante a queima, do-se processos qumicos que determinam o endurecimento definitivo de um corpo cermico. Uma pea pode ser submetida a uma, duas ou trs queimas. Em casos excepcionais onde se pretente resultados particulares a mesma pea pode ser submetida a mais de trs queimas.
PRIMEIRA COZEDURA / CHACOTA - Primeira cozedura da pasta cermica, sem vidrado, normalmente entre os 800 e 900c..
SEGUNDA COZEDURA / VIDRADO - Esta cozedura, tambm designada de alto fogo, atinge temperaturas entre 800 e 1300-1350c., 45 fundindo os vidrados e garantindo uma forte coeso entre a chacota e o revestimento.
3 FOGO - Para resultados ou decoraes que pela sua temperatura inferior no so possveis de se obter nas cozeduras anteriores. S no 3 fogo se acrescenta pinturas ou decalques ao vidro (que j cozeu), pois muitas das cores no suportam temperaturas elevadas.
Existem diversos factores que influenciam a cozedura, bem como os resultados obtidos: a temperatura, o tempo da cozedura (que engloba a durao do aquecimento, da temperatura mxima e do arrefecimento) e a atmosfera de cozedura, isto , a qualidade do ar.
A Atmosfera de Cozedura a composio qumica de gases de combusto no interior do forno durante a cozedura, determinada pelo tipo de forno, de combustvel e da qualidade e quantidade de oxignio existente no interior. Esta varia consoante a composio do ar na cmara de cozedura; pode ser neutra, oxidante ou redutora. As atmosferas oxidantes e redutoras podem alterar muito as cores dos mesmos xidos.
ATMOSFERA OXIDANTE Atmosfera com mais oxignio do que aquele que a combusto requer (comum nas cozeduras elctricas). Define-se pela entrada de oxignio em maior abundncia que o carbono necessita para a combusto completa. Assim, a temperatura aumenta com facilidade e todos os xidos presentes nos vidrados e no barro atingem as suas cores naturais (o branco fica branco, o ferro fica amarelo ou alaranjado, o cobre fica verde, etc.).
ATMOSFERA NEUTRA Quantidade justa de ar, oxignio suficiente para a combusto. Esta uma atmosfera sem oxignio suficiente para a oxidao mas que no chega a ser de reduo. As peas obtidas no tm a mesma qualidade que nas restantes atmosferas, adquirem um aspecto de cozedura incompleta. Esta atmosfera conseguida nos fornos a gs e nos fornos elctricos, porque possvel fech-los hermeticamente sem se produzir alteraes na circulao do ar, logo, do oxignio.
ATMOSFERA REDUTORA Caracterizada por ter menos oxignio do que o necessrio. uma atmosfera rica em dixido de carbono que se define pela entrada insuficiente de oxignio para que se cumpra a combusto completa. Com esta atmosfera, torna-se mais demorado o aumento da temperatura. A atmosfera de reduo faz com que o barro mude de cor, e alguns xidos dos vidrados se alterem totalmente, sobretudo de cobre e ferro, que passam a ter mais evidente o elemento metlico.
46 CONTROLE DA TEMPERATURA
A temperatura durante a cozedura um importante factor que determina os resultados obtidos; a curva de cozedura e o ciclo trmico (temperaturas e tempo que medeia entre o incio do aquecimento e o seu final) devem estar de acordo com aquilo que se pretende obter. Isto depende, claro, da natureza das peas a cozer, da sua forma e dimenso bem como da exigncia tecnolgica do produto final (como por exemplo, certos tons de vermelho) e por fim, das caractersticas do equipamento da cozedura.
FASES DO CICLO TRMICO 1. Subida da temperatura. 2. Patamar. Manuteno da temperatura mxima durante determinado perodo de tempo, para que esta seja igual em todos os pontos do forno. 3. Arrefecimento natural ou controlado. Pode haver um patamar durante o arrefecimento, para se obter certos efeitos. Existem diversos mtodos para controlar a temperatura: o Mtodo Estimativo, no qual se observa a cor da atmosfera do forno, o Mtodo do Caco, que consiste em pr e tirar um caco do forno e ver se partiu ou no, e os Mtodos Piromtricos como cones e barras, radiao ptica, cana piromtrica ou multivoltmetro e pastas de contraco calibrada (como anis de bula; contraem consoante a temperatura) .
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Manuteno da cmara de fogo durante a queima de um forno de lenha (Telheiro da Encosta do Castelo, Montemor-o-Novo).
REACES DURANTE O CHACOTEAMENTO No aquecimento: 120c - Sai humidade residual (gua hidroscpica). 220c - Alterao da cristobalite alfa para cristobalite beta. Aumento de volume. Ponto crtico da cozedura; a progresso deve ser lenta. 320/650c - Combusto das substncias orgnicas (palha, tecidos, etc., desaparecem). 450/650c - Libertao das guas de constituio, em forma de vapor. 573c - Alterao do quartzo alfa para quartzo beta, com brusco aumento de volume (principalmente nas pastas vermelhas). Ponto crtico da cozedura; a progresso deve ser lenta. 700c - Formao de complexos slico-aluminatos, por reaces da slica e da alumina com elementos fusveis. 800/950c - Decomposio dos carbonatos. 800/1100c - Decomposio de sulfatos e sulfuretos. 800/1150c - Decomposio de fluoretos. 1000c - Alterao do quartzo beta para cristobalite beta. Diminuio de volume.
Na maturao: 1000c - Reaces de fuses de componentes. Reduo do volume dos poros.
No arrefecimento: 900c - Solidificao da fase lquida e incio das cristalizaes. 573c - Brusca diminuio de volume. Transformao do quartzo beta para o quartzo alfa. Ponto crtico da cozedura; a progresso deve ser lenta. 220c - Alterao da cristobalite beta para cristobalite alfa. Ponto crtico da cozedura; a progresso deve ser lenta.
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CORES DA ATMOSFERA Podemos deduzir a temperatura do forno atravs da luminosidade da atmosfera. At esta atingir os 600c. no se observa uma alterao significante, mas a partir dessa temperatura as peas e todo o interior do forno comeam a iluminar-se, culminando num amarelo muito brilhante quando os 1000c. so atingidos.
Cores da atmosfera durante o aquecimento e respectiva temperatura indicada num pirmetro.
49 TIPOS DE FORNOS
O tipo de forno que se utiliza em cermica tem grande influncia sobre as condies da cozedura e os resultados finais, tal como o tipo de energia (carvo, gs, lenha, electricidade, bosta, etc.), pois esta condiciona a temperatura mxima possvel, tipos de atmosfera, etc.. Uma cozedura simples onde no se pretende resultados especficos pode ser realizada numa fogueira, de preferncia usando barro chamotado ou com areia.
FORNO DE LENHA O normal forno de lenha tradicional, de tiro directo, com a entrada de fogo por baixo e chamin em cima.
FORNO DE BOTA Forno em forma de bota feito com argila bem chamotada e resistente ao choque trmico. Coloca-se a lenha na cmara de fogo e as peas po cima. Este forno pode ser feito em qualquer dimenso.
SOENGA Forno na terra; tcnica primitiva ainda usada. Sobre uma cama de palha e bosta amontoam-se as peas, mais palha, bosta e lenha. Cobre-se tudo com mais palha. Resultam manchas pretas se a palha for insuficiente.
FORNO DE BURACO Cozedura feita em fogueira, numa cavidade de terra.
FORNO DE SERRADURA Forno alimentado a serradura, o que causa uma atmosfera redutora deixando as peas pretas
FORNO DE CAMPNULA Forno constitudo por uma campnula revestida com manta refractria no seu interior. Difcil homogeneizar a temperatura.
FORNO DE SAL Forno em cujo interior se colocou sal - cloreto de sdio que se volatiliza entre 900 e 1300c, depositando-se sobre a superfcie dos objectos em chacota revestindo-os com vidrado.
FORNO ELCTRICO Construdo com tijolos refractrios e metal.
FORNO DE CHAMA INVERTIDA O fogo entra, sobe pelos lados e quando chega ao topo sugado para baixo. Assim, espalha melhor o calor.
FORNO DE PAPEL Gnero de pequeno forno a lenha com o aspecto de uma fogueira.
50 FORNO J ET Forno elctrico com um injector de gs e outro de oxignio, o que permite controlar uma atmosfera oxidante ou redutora.
FORNO DE LENHA NOBORIGAMA Atinge temperaturas muito altas. As cozeduras podem durar uma semana. um forno de origem oriental, com vrias cmaras.
Cmara interior de um forno de lenha. (Telheiro da Encosta do Castelo, Montemor-o-Novo).
Cmara interior de um forno de chama invertida de sal (Fbrica de Refractrios da Abrigada).
O FORNO DE BURACO
Este forno realizado num buraco escavado na terra ou algo que se assemelhe a isso. As peas so empilhadas dentro do buraco juntamente com palha e madeira e por cima faz-se uma fogueira, que arde durante cerca de 2h30/3h. Passado este tempo o buraco coberto com chapas metlicas e no se volta a mexer at ter arrefecido. Este forno chega a atingir temperaturas de 1000c ou mais, mas implica um choque trmico nas peas j que a temperatura sobe muito rapidamente, e por isso o barro deve ter bastante areia, chamote ou outros inertes, que aumentam a sua resistncia ao choque trmico. Tambm devido a esta subida 51 de temperatura rpida, as peas que vo para o forno de buraco j foram chacotadas, e da o forno ser alimentado durante apenas cerca de 3 horas. Se as peas no estiverem chacotadas a queima do forno tem de ser muito lenta, com lenha fina em pouca quantidade durante cerca de 6 horas, e depois mais 3 horas com fogueira alta. Isto porque at aos 600c o barro est ainda a largar humidade, e esta subida deve ser feita lentamente. As peas tambm podem ser chacotadas numa lareira e irem depois para o buraco. Os efeitos que resultam deste tipo de forno so causados por vrias reaces que acontecem na queima de diversos materiais como sulfatos, fio de cobre, resinas e diversas matrias orgnicas. Antes de ir para o buraco, aplica- se em cada pea sulfatos e outras matrias como plantas resinosas, palha, sal, borras de caf, cascas de banana ou laranja, algas, fio de cobre, etc.; estes materiais combustveis vo criar oxidao e produzir diversos efeitos e tons. Podemos prender estes materiais s peas com pedaos de barro, fio de cobre e papel de alumnio (o que vai evitar a falta de oxignio na pea fazendo com que ela no fique muito escura) ou deit-los directamente sobre o fundo do forno ou sobre todas as peas.
52 O FORNO DE SERRADURA
Este forno consiste em amontoar as peas juntamente com serradura dentro de uma estrutura metlica e deixar este material de combusto queimar muito lentamente, o que vai provocar uma cozedura em atmosfera redutora, resultando dela peas parcialmente ou totalmente pretas, conforme o nvel de reduo.
Usamos um bidon metlico com furos em toda a sua superfcio, incluindo na base (para o oxignio entrar) e com um tubo de carto ao centro. Enchemos o bidon com serradura e entre esta vamos amontoando as peas, juntamente com ervas verdes resinosas (vo ajudar a deixar as peas pretas na reduo) e bosta de vaca. Calcamos tudo muito bem enquanto vamos preenchendo o bidon e vamos borrifando com gua, para ajudar a compactar. Com o bidon apoiado em cima de 3 ou 4 tijolos e elevado a alguns cms do cho, colocamos lenha, palha e jornal por baixo do bidon, o que vai ajudar a iniciar a queima no interior do forno. Pegamos fogo lenha e aguardamos at que a serradura se torne o material de combusto; a lenha acaba por ser queimada totalmente e o fumo passa a sair apenas pelo topo do tubo, indicando que o seu interior est a ser consumido, muito lentamente, de baixo para cima. Este processo demora vrias horas ou at dias, dependendo do tamanho do forno e qualidade da serradura. Entretanto o tubo de carto queima-se totalmente e desaparece, deixando um buraco no forno por onde podemos espreitar e ver o interior incandescente. Quando quase todo o material combustvel tiver sido consumido tapamos todas as entradas de ar; colocamos por cima do bidon chapas metlicas com tijolos por cima e tapamos todas as frestas e buracos com barro em papa. O objectivo no sair fumo nenhum de dentro do forno, o que vai impedir o oxignio de entrar e assim as peas ficam pretas. Tambm podemos cobrir o interior do bidon com terra ou areia, antes de o tapar. As peas podem ser chacotadas neste forno, mas devem estar dispostas o mais horizontalmente possvel, de modo a cozerem uniformemente. 53 Esta cozedura no exige muita ateno, j que o forno no precisa de lenha (alimenta-se da serradura) e se trata de uma queima bastante segura e controlada. Podemos at usar como recipiente uma lata de tinta de 20 litros.
O FORNO DE CAMPNULA A GS
Um forno de campnula um forno de baixa temperatura que funciona a gs, constitudo por uma campnula revestida no seu interior com manta refractria (elemento composto por slica, que resiste e mantm a temperatura). Esta campnula assente sobre um cho constitudo por tijolos refractrios e/ou uma camada da mesma manta refractria. Por cima desse cho so colocadas prateleiras (tambm de material refractrio) com o auxlio de pequenos cilindros que daro altura entre cada prateleira. As peas so depois colocadas nesses espaos, resultando um empilhamento organizado sobre o qual a Campnula assentar para proceder cozedura. Obrigatoriamente, a campnula precisa de ter duas aberturas: uma delas junto ao cho, de modo a que o queimador possa ser colocado nessa entrada; e a outra no topo da campnula, que servir de chamin. Este forno fcil de se utilizar e relativamente barato (tanto a sua construo como a sua utilizao) e qualquer pessoa pode construir um e facilmente cozer peas, com um pouco de prtica.
Forno de campnula.
UTILIZAO DE UM FORNO DE CAMPNULA Depois da organizao das peas no interior do forno e da colocao da campnula a cozedura pode ser iniciada. O queimador, ligado botija de gs, acendido e colocado na respectiva entrada sobre um tijolo refractrio, colocando-se de seguida mais um ou dois tijolos por cima de modo a que este fique seguro e estvel. 54 Deve ter-se em ateno a circulao do fogo no interior do forno; o queimador deve ser colocado de lado e no em direco ao centro do forno, j que o calor ser espalhado mais homogeneamente se o movimento do fogo for circular. difcil homogeneizar a temperatura neste tipo de forno; a diferena pode ir at 50c entre a zona inferior e superior do forno. Algum tempo aps o queimador ser aceso, o gs contido na botija desce bastante de temperatura devido presso, notando-se no exterior da botija o nvel de gs no seu interior j que esta vai comear a congelar. Pode ser til pois indica a quantidade de gs restante; no entanto existe o perigo da botija rebentar, por isso esta deve ser colocada (no totalmente) num recipiente com gua de modo a equilibrar a temperatura.
Botija de gs.
Organizao das peas no interior do forno. 55
A fora da chama aumentada pouco a pouco, consoante a resistncia trmica do tipo de barro que est no interior do forno. Para se saber a temperatura a que o forno est, pode recorrer-se a um pirmetro ou ento ter uma estimativa atravs da cor da atmosfera. As peas esto ao rubro (a 1000c) quando esto incandescentes; o tempo em que permanecem nesse estado varia consoante a largura das paredes das peas, entre outros. O arrefecimento deve ser to lento quanto o aquecimento e a fora do fogo deve ir sendo diminuda no queimador, pouco a pouco. A partir dos 500c pode desligar-se o queimador (dependendo da natureza do barro), tapando a chamin com uma placa ou manta refractria de modo a que o calor se perca o mais lentamente possvel. A Campnula s deve ser levantada aps algumas horas.
Forno de campnula ao rubro.
CONSTRUO DE UM FORNO DE CAMPNULA
A construo deste forno deve, antes de mais, ser bem planeada de modo a que no ocorram erros que possam dificultar a sua finalizao.
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MATERIAL NECESSRIO Para a Construo: Rede Zincada Manta Refractria - Barracha: 3,25m2x26m, 84,5 (pode ser a mais fina, pondo-se duas camadas) Cerca de 40 botes em material refractrio Arame Cantal (das resistncias dos fornos; resiste temperatura) - Barracha: 5,40m de arame de 1mm, cerca de 10
Para a Enforna e Queima: Suportes refractrios - Barracha: Cilindros 0,19/cm; 8 Cilindros, cerca de 25; Placas 30cmx30cmx1cm, 630 Botija de Gs Propano (industrial) Queimador e Redutor Pirmetro (cana piromtrica e indicador digital) - cerca de 150 (opcional) (valores em 2010)
Em primeiro lugar, deve ser feito o cilindro em rede de arame. Deve ter uma entrada no topo (chamin) e outra entrada junto base (onde entrar o queimador).
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A manta dever ser colocada no seu interior e presa estrutura de arame com a ajuda dos botes refractrios.
bastante importante a utilizao de luvas e mscara durante este processo, pois a manta refractria um material prejudicial sade.
Todo o interior da rede de arame deve ficar coberto com manta, j que uma fuga de calor poder comprometer a subida da temperatura. Pode-se fazer ainda um pequeno buraco na manta por onde entrar a vara/cana piromtrica, caso esta v ser utilizada.
PIRMETRO ALTERNATIVO Um modo alternativo de medir a temperatura no interior do forno pode ser interessante e til. Esse modo consiste na utilizao de um ampermetro (custa cerca de 8) onde est ligada uma vara piromtrica analgica (Barracha: 60). A vara colocada no interior do forno normalmente, atravs de um buraco na campnula, mas em vez de enviar a leitura da temperatura para um pirmetro (que diria directamente a temperatura em c.) envia para o ampermetro, que no vai medir esse valor em c, mas sim em amperes. Cabe-nos a ns criar uma tabela de converso, relacionando cada valor em amperes com determinada temperatura. Para isso necessria, numa primeira fornada, a utilizao conjunta de um aparelho que possa medir a temperatura juntamente com o ampermetro, achando assim uma relao entre 58 c e amperes, o que nos ir permitir passar a utilizar apenas o ampermetro aps criar essa tabela de correspondncia.
Ampermetro.
TABELA DE CONVERSO ENTRE AMPERES E C. Estes valores podem variar consoante as canas utilizadas, j que estas no so todas iguais, logo, esta tabela pode no ser aplicvel em situaes idnticas, sendo necessrio confirmar os valores correspondentes a cada cana)