Este documento apresenta o plano de estudos para o Módulo IX do 3o Ano do Curso de Animador Sociocultural. O módulo aborda a Representação Social da Diferença e Intervenção Sociocultural e inclui tópicos como normalidade vs diferente, cultura e identidades, minorias étnicas, deficiência, envelhecimento e desigualdades de gênero. O plano detalha os objetivos, conteúdos, atividades, recursos e forma de avaliação para as 30 horas do módulo.
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Título original
Sebenta_ Representação Social Da Diferença_1 (Recuperado)
Este documento apresenta o plano de estudos para o Módulo IX do 3o Ano do Curso de Animador Sociocultural. O módulo aborda a Representação Social da Diferença e Intervenção Sociocultural e inclui tópicos como normalidade vs diferente, cultura e identidades, minorias étnicas, deficiência, envelhecimento e desigualdades de gênero. O plano detalha os objetivos, conteúdos, atividades, recursos e forma de avaliação para as 30 horas do módulo.
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Ano Letivo: 2013/2014
Curso de Animador Sociocultural 3 Ano
rea de Estudo da Comunidade
Mdulo IX: Representao Social da Diferena e Interveno Sociocultural 30 Horas
3 Ano de Animador Sociocultural rea de Estudo da Comunidade Mdulo 9 - Representao Social da Diferena e Interveno Social
ndice
Proposta de calendarizao do Mdulo ........................................................................... 3 Planificao do mdulo .................................................................................................... 4 1. Definio de Conceitos .............................................................................................. 8 1.1. A teoria das representaes sociais (Serge Moscovici) ..................................... 8 1.2. Ser Normal vs. Ser Diferente............................................................................ 10 Mas afinal o que ser normal? O que ser Diferente? ......................................... 10 1.3. A origem da Diferena ..................................................................................... 12 2. Cultura e Identidades Pessoais ............................................................................... 15 2.1. Multiculturalidade e Interculturalidade. ............................................................. 15 2.1.1. Definio de Cultura ................................................................................. 15 2.2. Minorias tnicas em Portugal .............................................................................. 21 2.2.1. A comunidade cigana (um exemplo) ............................................................ 21 2.3. Deficincia e Desigualdades Sociais ..................................................................... 23 2.3.1. A Escola Inclusiva .......................................................................................... 24 2.4. A representao social da velhice ................................................................... 26 2.4.1. A O processo de envelhecimento ................................................................. 28 2.5. Pobreza e Excluso Social .................................................................................... 31 100 Razes 100 Abrigo ......................................................................................... 32 2.6. Desigualdades entre gneros .............................................................................. 34
3 Ano de Animador Sociocultural rea de Estudo da Comunidade Mdulo 9 - Representao Social da Diferena e Interveno Social
Proposta de calendarizao do Mdulo 1
30 Horas
1 Suscetvel a alteraes. Incio: 16-09-2013 Fim: 5-11-2013 Entrega do Trabalho de Grupo: Entrega do Trabalho Individual: 3 Ano de Animador Sociocultural rea de Estudo da Comunidade Mdulo 9 - Representao Social da Diferena e Interveno Social
Planificao do mdulo
Ano/Turma: 3 Ano do Curso de Animador Sociocultural Disciplina: rea de Estudo da Comunidade Mdulo n 9: Representao Social da Diferena Ano Letivo: 2013/2014 Nome do Formador: Incio: 16-09-2013 Fim: 5-11-2013 Objetivos Globais da Disciplina Refletir sobre as questes de desigualdade e de diferena em relao ao gnero, idade, etnia, cultura, aos aspetos fsicos, s necessidades educativas especiais, pobreza, entre outros. Reconhecer a diferena como um fenmeno positivo e que deve ser valorizado no reprimido. Analisar a interveno e integrao sociocultural em casos de representao social negativa da diferena. Objetivos Especficos Contedos Terico/Prticos Atividades/ Metodologias Recursos Forma de Avaliao Durao (Horas) Definir os conceitos de normalidade desvio e diferena; Ser diferente versus normal; Representao Social da diferena; A origem da Desigualdade. Mtodo Expositivo: - Exposio de contedos por parte do docente.
Mtodo Interrogativo: Papel, lpis, caneta; Sebenta; Quadro de Cortia; Post-its; Textos de anlise; Computador; Domnios:
Cognitivo /Procedimental 85%
- Desenvolvimento intelectual; - Desenvolvimento metodolgico; 30 Horas Referir a importncia da multiculturalidade e interculturalidade nas sociedades atuais; Cultura e Identidades Pessoais; Multiculturalidade e Interculturalidade; Fenmeno das migraes. 3 Ano de Animador Sociocultural rea de Estudo da Comunidade Mdulo 9 - Representao Social da Diferena e Interveno Social
Analisar as implicaes no ser normal decorrentes de sade mental Como encarada a deficincia atualmente? Escola inclusiva paradigma da educao para todos. - Formulao de questes para debate;
Mtodo Ativo: - Brainstorming; - Construo de um quadro de reflexo da aprendizagem e exposio de contedos aprendidos;
- Debates partilhados;
- Anlise de textos e imagens associadas;
Projetor; Partilha de Testemunhos;
- Desenvolvimento da comunicao;
Atravs de: Trabalho de grupo (3 a 5 elementos) 50%
Relatrio individual 35%
Autorregulador 15%
- Responsabilidade; - Autonomia; - Sociabilidade; - Grau de empenho nas atividades desenvolvidas na escola; - Grau de desenvolvimento metacognitivo (capacidade critica e argumentativa) 15%
Analisar o processo de envelhecimento e os fenmenos associados Formas de excluso do idoso; Estratgias de interveno social para a incluso dos mais velhos gerao de novos papis.
Analisar as questes quotidianas da diferena de gnero
Diferenas representativas entre homem e mulher a evoluo dos papis sociais; A mulher e o homem no mercado de trabalho formas de excluso.
Debater sobre a relao com o outro e o respeito pela diversidade;
O papel do Animador Sociocultural na promoo da integrao social e minimizao da excluso; O papel da escola na promoo da igualdade. 3 Ano de Animador Sociocultural rea de Estudo da Comunidade Mdulo 9 - Representao Social da Diferena e Interveno Social
Identificar formas de interveno e integrao sociocultural de grupos de risco e/ou em situaes de excluso;
Mtodo Demonstrativo; - Visionamento de pequenos vdeos.
Bibliografia Proposta ACIDI. (s.d.). Alto Comissariado para a Imigrao e Dilogo Intercultural - ACIDI. Consultado em setembro 17, 2013, em http://www.acidi.gov.pt/ ANDRADE, Ana Bela & Moinhos, Rosa. 2009. Cursos Profissionais - Sociologia, Lisboa, Pltano Editora FERNANDES, A. T. 2000. Desigualdades e representaes sociais. Revista da Faculdade de Letras da Universidade do Porto, pp. srie I, VOL. 10, 203-214. VIEIRA, Ricardo. 2011. Ser Igual Ser Diferente. ed. 3, 1 vol., ISBN: 972-8562-01-2. Porto: Profedies. VIEIRA, Ricardo. ed. 2009. Diferenas, Desigualdades, Excluses e Incluses ed. 1, 1 vol., ISBN: 978-972-36-1041-3. Porto: Edies Afrontamento, Lda. VIEIRA, Ricardo. 1999. "Da Multiculturalidade Educao Intercultural: a Antropologia da Educao na Formao de Professores", Educao, Sociedade e Culturas, Revista da Associao de Sociologia e Antropologia da Educao, 12: 123 - 162. 3 Ano de Animador Sociocultural rea de Estudo da Comunidade Mdulo 9 - Representao Social da Diferena e Interveno Social
Actividade 1 Explorao de conceitos e percees sobre os contedos do mdulo Para ti O que ser Diferente? ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ O que ser Normal? ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ O que uma Representao Social? ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ Na tua opinio, qual a razo de estudar a Representao Social da Diferena no curso de Animador Sociocultural? ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________
Recorrendo imaginao e criatividade, desenha um smbolo, uma figura, que possa, na tua opinio, retratar o mdulo a lecionar.
3 Ano de Animador Sociocultural rea de Estudo da Comunidade Mdulo 9 - Representao Social da Diferena e Interveno Social
1. Definio de Conceitos 1.1. A teoria das representaes sociais (Serge Moscovici) 2
O conceito de representao social situa-se nas fronteiras entre a sociologia e a psicologia. A origem provm do termo representao coletiva, desenvolvido por Durkheim. Este socilogo teorizou que as categorias bsicas do pensamento teriam origem na sociedade, e que o conhecimento s poderia ser encontrado na experincia social, ou seja, a vida social seria a condio de todo pensamento organizado e vice- versa. As representaes coletivas designavam um conjunto de conhecimentos e crenas (mitos, religio, cincia...)
Durkheim props, como condio essencial na elaborao do conhecimento, a formao de conceitos que so repartidos pelos membros do grupo, com origem nas caractersticas da vida na comunidade. Para o socilogo, a individualidade humana se constitui a partir da sociedade.
A representao coletiva, segundo Durkheim, no se reduz soma das representaes dos indivduos que compem a sociedade, mas so, mais do que isso, um novo conhecimento formado, que supera a soma dos indivduos e favorece uma recriao do coletivo.
Uma funo primordial da representao coletiva seria a transmisso da herana coletiva dos antepassados, que acrescentariam s experincias individuais tudo que a sociedade acumulou de sabedoria e cincia ao passar dos anos. justamente nessa questo que Moscovici diverge de Durkheim e acrescenta novos elementos elaborao do conceito de representao social.
2 Serge Moscovici, professor emrito da cole des Hautes Etudes en Sciences Sociales, detentor de uma carreira mpar no mbito das cincias sociais, tendo contribudo para o desenvolvimento da disciplina Psicologia Social, com a introduo de novos modelos e paradigmas, como a teoria das representaes sociais, a teoria das minorias ativas e do seu papel nos processos de influncia e mudana social.. 3 Ano de Animador Sociocultural rea de Estudo da Comunidade Mdulo 9 - Representao Social da Diferena e Interveno Social
Para ele, no apenas uma herana coletiva dos antepassados, que transmitida de maneira determinista e esttica. O indivduo tem papel ativo e autnomo no processo de construo da sociedade, da mesma forma que criado por ela. Ele tambm participa na sua construo. Somos produtos e produtores de cultura, de novos ideais e costumes. Atravs da relao com o outro recebemos e filtramos informao que se ir refletir nos nossos comportamentos e maneiras de estar. Desta forma a nossa identidade uma identidade em construo, que se d atravs de todas as trocas de sociabilidade. Logo, no somos os mesmos desde um momento em particular, mas sim, somos vrios momentos, vrias experincias e o resultado da interpretao de cada uma delas. Logo o nosso comportamento influenciado e a maneira como nos relacionamos com os outros vai variando. (Crescer, Viver isto mesmo!)
As representaes sociais so um conjunto de conceitos, frases e explicaes originadas na vida diria durante o curso das comunicaes interpessoais
So modalidades de conhecimento prtico orientadas para a comunicao e para a compreenso do contexto social, material e ideolgico em que vivemos. So formas de conhecimento que se manifestam como elementos cognitivos (imagens, conceitos, categorias, teorias), mas que no se reduzem apenas aos conhecimentos cognitivos. Sendo socialmente elaboradas e compartilhadas, contribuem para a construo de uma realidade comum, possibilitando a comunicao entre os indivduos. Dessa maneira, as representaes so fenmenos sociais que tm de ser entendidos a partir do seu contexto de produo, isto , a partir das funes simblicas e ideolgicas a que servem e das formas de comunicao onde circulam. So uma forma de conhecimento socialmente elaborada e compartilhada, com um objetivo prtico, que contribuem para a construo de uma realidade comum a um grupo social. No so assimiladas de forma acabada, resultam de um lento processo de construo em que os indivduos reinterpretam as representaes existentes de acordo com as suas experincias e aspiraes. (Moinhos & Andrade: 2009:76) 3 Ano de Animador Sociocultural rea de Estudo da Comunidade Mdulo 9 - Representao Social da Diferena e Interveno Social
Completa os espaos com as palavras que te parecem mais corretas, segundo o que acabaste de ler. As representaes sociais so assim construes ______________________ que, uma vez interiorizadas pelos indivduos atravs do seu processo de ____________________, vo constituir-se como instrumentos que lhes permitem dar __________________ informao que lhes chega da realidade social, contribuindo desta forma para orientar as suas prticas sociais. (Moinhos & Andrade: 2009:76) Definido o conceito de representao social, o que ento a representao social da diferena? 1.2. Ser Normal vs. Ser Diferente.
Mas afinal o que ser normal? O que ser Diferente?
De acordo com a Declarao Universal dos Direitos do Homem, todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e cm direitos, e que cada um pode prevalecer-se de todos os direitos e de todas as liberdades nela enunciados, sem distino alguma, nomeadamente de raa, de cor ou de origem nacional; todos os homens so iguais perante a lei e tm direito a uma igual proteo da lei contra toda a discriminao e contra todo o incitamento discriminao.
Ao procurarmos num dicionrio o significado de diferena, deparamo-nos com a seguinte definio: "Qualidade ou estado de diferente; Propriedade ou caracterstica pela qual pessoas ou coisas diferem". Neste sentido, a diferena aquilo que nos torna, de certa forma, semelhantes: afinal, somos todos diferentes, cada pessoa tem caractersticas que so apenas dela e que a identificam e formam a sua identidade.
O Homem um ser social e tem necessidade de se relacionar com os outros, formando grupos, bairros, comunidades todas elas pertencentes a uma sociedade global, a uma nao, ao Mundo. Nesta troca de relaes, como j vimos, so formadas representaes sociais, ou seja construes simblicas de determinados objetos, situaes
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Ora, o Homem um ser de hbitos, de regras, normas, costumes e tradies e que orienta o seu comportamento tendo em conta o pensamento e a evoluo das sociedades. Contudo o peso da norma, do que comum, igual, prevalece como sendo um comportamento, ou acontecimento normal pois, representa uma maioria. Por exemplo: considera-se normal casar com um individuo do sexo oposto e anormal casar com um individuo do mesmo sexo. Embora que os paradigmas culturais tenham evoludo, nas sociedades contemporneas, os casais homossexuais, continuam a ser uma minoria, logo conotados, representados socialmente como diferentes. A esta representao vm simbologias, ideias, sobre os casais homossexuais, neste caso, que normalmente so preconceitos, estigmas que podem gerar casos de excluso social.
Logo tudo o que foge norma, ao socialmente aceite pela maioria visto como um comportamento desviante e assim diferente, no normal.
Mas, seremos assim to possuidores da verdade absoluta para julgarmos o que normal e o que diferente?!
Igualdade uma palavra do nosso vocabulrio e claramente nos remente para a semelhana que contrasta com a diferena e a desigualdade. Conceitos que, normalmente tm associados, sentidos de distino, estigma, vulnerabilidade, excluso Pois, somos seres sociais e se nos relacionamos uns com os outros e se a nossa identidade se vai construindo tendo em conta o nosso processo de socializao, somos todos diferentes. Apesar de sermos Homens, rapazes ou raparigas, somos seres individuais com capacidades prprias que nos distinguem entre si, fruto da nossa cultura e das trocas de sociabilidade. Somos cidados do Mundo, todos ligados entre si, pela interdependncia das relaes interpessoais e pela necessidade da existncia das mesmas.
Desta forma, podemos concluir que ser diferente normal e que assim o tem de ser. No h outra maneira de viver se no segundo normas e regras, para garantir a coeso 3 Ano de Animador Sociocultural rea de Estudo da Comunidade Mdulo 9 - Representao Social da Diferena e Interveno Social
social, e desta forma vivemos sobre padres de comportamento iguais, mas somos seres nicos, em construo identitria, que o resultado da vida em sociedade.
Mas se somos cidados do mundo, porque que muitas vezes assistimos a situaes como estas?
1.3. A origem da Diferena
Para Leite (2002, p.134) *+o fato de os contedos das representaes sociais trazerem em si atributos do sujeito de suma importncia. Demonstra com toda a nitidez, que elas no so meros reflexos passivos do exterior na mente desse sujeito. Isso ocorre porque, quando os sujeitos constroem representaes de aspetos da realidade em que vivem, fazem-no a partir de seu ser social, dos paradigmas prvios que trazem consigo: a posio que ocupam na sociedade, seus valores culturais e ideolgicos, suas histrias de vida, seus conhecimentos anteriores sobre diferentes facetas da vida em sociedade, seus afetos em relao aos diversos elementos da realidade etc. Na verdade, as representaes sociais respondem necessidade que temos de transformar o estranho (aquilo que novo para ns) em familiar (S, 1995; Moscovici, 1978; Leite, 2002).
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Reflete sobre a origem das representaes sociais a partir do excerto dado. ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________
Atividade 2 Leitura e anlise do texto Fernandes, A. T. (2000). Desigualdades e representaes sociais. Revista da Faculdade de Letras da Universidade do Porto, pp. srie I, vol. 10, 203-214.
Como j vimos, fala-se em desigualdade social quando, numa determinada sociedade, alguns grupos sociais se encontram em situaes que se julgam mais vantajosas do que outras. Portanto, a desigualdade uma diferena que os indivduos e grupos sociais julgam segundo escalas de valor.
Rousseau e Marx viram na propriedade a origem da desigualdade, enquanto que, para Durkheim, a diviso do trabalho que a origina. Na obra Discours sur l'origine de l'ingalit de Rousseau, "os homens no estado natural so livres e iguais e no possuem propriedade; cada um contenta-se com as ddivas da Natureza [...]. A partir do momento em que os homens comeam a cooperar e a acumular bens, este estado primitivo vai alterar-se irremediavelmente: desaparece a igualdade, cria-se a propriedade e da resulta a diviso do trabalho. (1995, Cherkaoui - "Estratificao". In Tratado de Sociologia (org. R. Boudon). Porto: Edies ASA).
medida que se expande a diviso do trabalho as pessoas tornam-se cada vez mais dependentes umas das outras, pois cada um precisa dos bens e servios dos outros. No entanto, os agentes econmicos usufruem de diferente modo desses bens e servios, pois estes no esto de igual modo acessveis a todos: os seus rendimentos so diferentes e as suas situaes sociais tambm.
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No mal-estar contemporneo (que se caracteriza pela crise do Estado-providncia, pela crise do trabalho e pela crise do sujeito ou crise de identidade), a desigualdade mais visvel a que procede das alteraes econmicas. Fala-se ento, da desigualdade de rendimentos, na medida em que uns tm uma parte maior do que outros. As desigualdades so essencialmente sociais, no se referem apenas estratificao econmica (relativa repartio dos rendimentos, consumo, patrimnio...), mas tambm esto ligadas existncia de desigualdades de carcter mais qualitativo: polticas, de prestgio, etc. Por exemplo, em muitas sociedades, brancos e negros gozam de estatutos diferentes que, por esse facto, lhes conferem vantagens ou desvantagens. Estas desigualdades "tradicionais" ou estruturais subsistem ou tendem a acentuar-se, mas, atualmente acrescem a estas outras formas de desigualdade: "desigualdade perante o trabalho e o salrio, ou ainda perante o endividamento, as incivilidades, as consequncias da imploso do modelo familiar, as novas formas de violncia. Instauradas pela dinmica do desemprego ou pela da evoluo das condies de vida", so vividas de forma dolorosa e silenciosa. Entraram assim em cena desigualdades novas. Procedem da requalificao de diferenas no interior de categorias consideradas anteriormente homogneas" (1997, Fitoussi e Rosanvallon - A nova era das desigualdades. Oeiras: Celta Editora). Estas desigualdades "novas" so, antes de tudo, "intracategoriais" e podem passar a ser mais importantes e to persistentes como as desigualdades intercategorias. No exemplo de uma situao de desemprego de longa durao (com todas as consequncias que isso implica) dentro de uma mesma categoria, pode levar o indivduo a questionar-se: "Porque que a sorte daquele que me prximo to diferente da minha?" (Fitoussi e Rosanvallon). Sente-se excludo, pondo em causa a sua identidade, pois continua a ter como referncia a categoria a que pertencia antes.
"So assim os princpios de igualdade, que a intuio faz pensar serem essenciais coeso social e que so postos em causa pela multiplicao das desigualdades complexas. [...] Estas desigualdades so precisamente sintoma da transformao social e de uma modificao da relao do indivduo com outrem" (Fitoussi e Rosanvallon). 3 Ano de Animador Sociocultural rea de Estudo da Comunidade Mdulo 9 - Representao Social da Diferena e Interveno Social
Atividade 3 Anlise do Poema: Lgrima de Preta de Antnio Gedeo
Encontrei uma preta que estava a chorar pedi-lhe uma lgrima para a analisar. Recolhi a lgrima com todo o cuidado num tubo de ensaio bem esterilizado. Olhei-a de um lado, do outro e de frente: tinha um ar de gota muito transparente. 2. Cultura e Identidades Pessoais
2.1. Multiculturalidade e Interculturalidade.
As sociedades modernas, numa poca frequentemente designada como a era da globalizao, transportam mudanas a vrios nveis. A abertura das fronteiras econmicas e financeiras, o crescimento das trocas comerciais, a intensificao dos fluxos de pessoas e bens e o desenvolvimento das redes de comunicao, facultam o conhecimento da diversidade existente no globo e promovem a aproximao dos indivduos. O mundo , atualmente, uma miscelnea de identidades, culturas, religies e lnguas. Estamos, assim, perante uma diversidade cultural. Mas o que a cultura?
2.1.1. Definio de Cultura
O conceito de cultura, tal como o de sociedade, uma das noes mais amplamente usadas em Sociologia. A cultura consiste nos valores de um dado grupo de pessoas, nas normas que seguem e nos bens materiais que criam. Os valores so ideias abstratas, Mandei vir os cidos, as bases e os sais, as drogas usadas em casos que tais. Ensaiei a frio, experimentei ao lume, de todas as vezes deu-me o que costume: nem sinais de negro, nem vestgios de dio. gua (quase tudo) e cloreto de sdio.
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enquanto as normas so princpios definidos ou regras que se espera que o povo cumpra.
Quando usamos o termo, na conversa quotidiana comum, pensamos muitas vezes na cultura como equivalente s coisas mais elevadas do esprito arte, literatura, msica e pintura. Os socilogos incluem no conceito, estas atividades, mas tambm muito mais.
A cultura refere-se aos modos de vida dos membros de uma sociedade, ou de grupos dessa sociedade. Inclui a forma como se vestem, os costumes de casamento e de vida familiar, as formas de trabalho, as cerimnias religiosas e as ocupaes dos tempos livres. Abrange tambm os bens que criam e que se tornam portadores de sentido para eles arcos e flechas, arados, fbricas e mquinas, computadores, livros, habitaes.
A cultura pode ser distinguida conceptualmente da sociedade, mas h conexes muito estreitas entre estas noes. Uma sociedade um sistema de inter-relaes que ligam os indivduos em conjunto. Nenhuma cultura pode existir sem uma sociedade. Mas, igualmente, nenhuma sociedade existe sem cultura.
Sendo a diversidade a constatao da presena de vrias culturas, importante definir dois conceitos relevantes para a discusso da diversidade e desta forma, as diferenas culturais: multiculturalidade e interculturalidade. Multiculturalidade As sociedades multiculturais ocidentais foram constitudas especialmente a partir do fim da Idade Mdia com o trfico da escravatura, mas tambm com os fluxos de comrcio que levavam deslocao de bens e pessoas. Mais tarde, a procura de riqueza provocou os fenmenos de colonizao, o que levou a que muitas pessoas procurassem, sobretudo no chamado Novo Mundo do continente americano, novas oportunidades de trabalho.
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A industrializao criou a necessidade e a oportunidade da migrao de muitos povos da frica e da sia que procuravam trabalho e melhores condies de vida tanto no Novo Mundo como na Europa.
O processo de globalizao, patente na disseminao das novas tecnologias, na circulao de capitais, bens, servios, informaes e ideias entre pases e entre continentes, tem tido um impacto desigual e provocadas acentuadas disparidades, em termos de distribuio da riqueza nas diferentes partes do mundo. O aumento da magnitude e mbito das migraes internacionais um reflexo deste processo, havendo atualmente, segundo a Organizao das Naes Unidas, cerca de 200 milhes de migrantes internacionais em todo o mundo. Muitas sociedades desenvolvidas contemporneas, designadamente a norte-americana e as europeias, vivem em situao de multiculturalidade por razes histricas mais ou menos recentes.
Se considerarmos a Europa Central como um conjunto de pases e de culturas caracterizados por uma interpenetrao frtil de nacionalidades e uma histria partilhada, vemos surgir as suas cidades multiculturais como uma das suas especificidades mais marcantes. E elas declinam-se em diversos modos, trate-se de metrpoles de imprios, de capitais regionais ou provinciais, porque so ao mesmo tempo avenidas de passagem, lugares de mestiagens entre culturas, de rivalidades sociais e de conflitos inter-tnicos.
Os EUA so geneticamente multiculturais, dada a diversidade das populaes que os formaram, o que no significa que a integrao dessas populaes no tenha sido problemtica, e fonte de uma conflitualidade permanente (recorde-se o genocdio dos ndios autctones ao longo do sc. XIX, e a luta pelos direitos cvicos das populaes afro-americanas, que chegou ao seu clmax na dcada de 60 do sc. XX). Apesar, porm, do racismo e das tenses inter-tnicas, negros e hispnicos so, ali, hoje, minorias cada vez mais importantes, a par de outras que nunca adquiriram a sua dimenso, como a chinesa e a italiana.
Na Europa ocidental, h pases que desde h dcadas absorvem populaes oriundas de outros, e que se tornaram recetores tradicionais de grandes fluxos migratrios: a 3 Ano de Animador Sociocultural rea de Estudo da Comunidade Mdulo 9 - Representao Social da Diferena e Interveno Social
Alemanha recebe tradicionalmente turcos, a Frana argelinos, magrebinos (e portugueses, at h pouco tempo atrs), a Inglaterra muulmanos e hindus provenientes do seu antigo imprio ou rea de influncia: ndia, Paquisto.
Com o alargamento da Unio Europeia, a abertura interna das respetivas fronteiras internacionais e a nova presso migratria Sul>Norte e Leste>Oeste, a Europa recebe hoje migrantes de outras origens: ucranianos e russos, polacos e romenos, mas tambm novas geraes de africanos que tentam a passagem para o Norte desenvolvido atravs do Mediterrneo espanhol.
Esta movimentao massiva de migrantes tem, hoje como ontem, motivaes sobretudo socioeconmicas: por um lado, milhes de pessoas continuam e continuaro a procurar trabalho fora dos seus pases de origem; por outro, a Europa precisa e vai continuar a precisar de trabalhadores migrantes para reconstituir a sua fora de trabalho, ameaada por uma demografia estagnada ou em regresso. Assim, nos pases de destino, as zonas empregadoras de mo-de-obra migrantes, sobretudo as suas principais reas metropolitanas e respetivas periferias, tornaram-se zonas de interface tnico, rcico, lingustico, religioso, cultural. A fixao de populaes migrantes em territrios urbanos tradicionais gerou historicamente fenmenos como as Chinatowns e Little-Italies nos EUA, fomentadas por polticas de receo - comunitaristas, que favoreceram a perpetuao de bairros tnicos.
Desta forma, a situao de multiculturalidade no implica necessariamente a existncia de contactos e interaes significativas entre as culturas copresentes, que podem coexistir no mesmo territrio ou em territrios contguos em mera posio de face-a- face. Mas tende a evoluir para interfaces ora colaborativos, ora conflituais, ora de ambas as espcies.
Em Portugal viveram, desde sempre, diversas minorias tnicas e religiosas ao lado da populao crist dominante, ou com elas misturadas. Portadoras de uma histria, 3 Ano de Animador Sociocultural rea de Estudo da Comunidade Mdulo 9 - Representao Social da Diferena e Interveno Social
cultura e identidade prprias, todas elas contriburam no s para o enriquecimento e vitalidade da sociedade portuguesa nos mais diversos aspetos, mas tambm com as suas energias e capacidades para o desenvolvimento econmico do nosso pas.
Interculturalidade A que chamamos, ento, interculturalidade? Segundo a UNESCO interculturalidade remete para a existncia e para a interao equitativa de diversas culturas, bem como para a possibilidade de gerar expresses culturais partilhadas pelo dilogo e pelo respeito mtuo.
Quando a interculturalidade no se torna o cenrio real, por vezes os conflitos multiculturais do lugar a fenmenos como os preconceitos sociais, a excluso social, a xenofobia e o racismo.
Preconceito
Preconceito, como o prprio nome indica um conceito formado antecipadamente e sem fundamento concreto ou razovel; designa uma atitude que deriva de julgamentos prvios e que leva os sujeitos a avaliar pessoas ou grupos sociais, geralmente de forma negativa. Este tipo de comportamentos tem como objetivo uma diferenciao social e conduz discriminao. O preconceito pode ser definido como uma atitude desagradvel para com um indivduo, simplesmente porque ele pertence a um grupo desvalorizado socialmente.
Racismo
O racismo, por sua vez, ao contrrio do preconceito, muito mais do que uma atitude. O racismo constitui-se num processo de hierarquizao, excluso e discriminao contra um indivduo ou toda uma categoria social que definida como diferente, com base nalguma marca fsica externa (real ou imaginada), a qual identificada em termos de 3 Ano de Animador Sociocultural rea de Estudo da Comunidade Mdulo 9 - Representao Social da Diferena e Interveno Social
marca cultural interna que define padres de comportamento. Por exemplo, a cor da pele sendo negra (marca fsica externa) pode implicar que na perceo do sujeito (indivduo ou grupo) seja perspetivado como preguioso, agressivo e alegre (marca cultural interna).
Deste modo, o racismo distingue-se do preconceito por vrias caractersticas: O racismo assenta sobre uma crena natural das diferenas entre os grupos, visto estes possurem elementos essenciais que os fazem diferentes e o preconceito no implica a naturalizao das diferenas, ou seja, no implica conhecimento concreto sobre as diferenas que podem existir face a um determinada etnia, ou grupo cultural. O racismo, ao contrrio do preconceito, no existe apenas a um nvel individual, mas tambm a nvel institucional e cultural, isto porque uma consequncia do racismo englobar os processos de discriminao e de excluso social, enquanto o preconceito permanece normalmente como uma atitude.
Xenofobia
O termo xenofobia provm do conceito grego composto por xenos (estrangeiro) e phbos (medo). A xenofobia faz, deste modo, referncia desconfiana, receio, hostilidade e medo em relao aos estrangeiros. A palavra tambm frequentemente utilizada em sentido lato como a fobia em relao a grupos tnicos diferentes ou face a pessoas cuja caracterizao social, cultural e poltica se desconhece.
Curiosidades! Meios jurdicos de combate xenofobia: http://www.acidi.gov.pt/_cf/155801 Comisso para a igualdade e contra a discriminao racial: www.cicdr.pt Alto comissariado para a imigrao e o Dilogo Intercultural: www.acidi.gov.pt 3 Ano de Animador Sociocultural rea de Estudo da Comunidade Mdulo 9 - Representao Social da Diferena e Interveno Social
Atividade 4 Explica quais as diferenas entre multiculturalidade e interculturalidade ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________
2.2. Minorias tnicas em Portugal 2.2.1. A comunidade cigana (um exemplo)
Atividade 5 Explica quais as diferenas entre multiculturalidade e interculturalidade O que pensas sobre as comunidades ciganas em Portugal? ______________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________
Durante muito tempo, as comunidades ciganas apenas mantiveram relaes com no ciganos em contextos de trocas comerciais ou de prestao de servios, sobretudo nas zonas rurais, onde os ciganos ainda hoje trabalham em tarefas sazonais. S recentemente houve a compreenso de que esta populao era alvo de excluso social e se entendeu ser necessrio alterar as polticas e promover ativamente a sua incluso.
Quando a ACIDI foi criada, tornou-se claro que os ciganos so uma populao especial, quer pelas suas caractersticas culturais, quer pela ausncia de participao na sociedade maioritria. Vivem uma dupla realidade: por um lado, uma certa invisibilidade social no que toca participao e, por outro, uma excessiva visibilidade negativa.
Nunca houve propriamente uma poltica especfica para as comunidades ciganas. Os ciganos podem ser uma minoria tnica mas, para todos os efeitos, so cidados portugueses de pleno direito, embora, na prtica, tenham dificuldade na vivncia desse estatuto de cidadania e no acesso s instituies do Estado. Este, por seu lado, tem 3 Ano de Animador Sociocultural rea de Estudo da Comunidade Mdulo 9 - Representao Social da Diferena e Interveno Social
sempre a tentao de no ter em conta particularidades culturais, numa postura que o cigano v como uma ameaa sua especificidade e uma tentativa de assimilao.
A populao cigana a principal minoria tnica europeia. Estima-se que, na atualidade, vivem na Europa entre sete e nove mil milhes de pessoas ciganas, das quais, cerca de 2/3 habitam nos pases centrais e de leste. A maioria desta populao concentra-se nos pases candidatos adeso e nos membros mais recentes da Unio Europeia, tais como Romnia (cerca de dois milhes e meio), Hungria (600.000), Bulgria (perto de 500.000), Repblica Eslovaca (cerca de 400.000) e Repblica Checa (cerca de 300.000).
Com a criao da ACIDI, numa primeira abordagem traaram-se linhas de interveno para estudo das comunidades ciganas, procurando elevar-se as reas mais sensveis. Foram criados grupos de trabalho que ajudaram a encontrar possveis solues em vrios domnios: a venda ambulante, a educao, a mediao, a habitao.
A promoo social dos ciganos passa tambm pelo conhecimento que a sociedade maioritria tem da sua cultura. Assim, o ACIDI abriu a coleo Olhares que integra estudos sociolgicos em torno das temticas que envolvem as comunidades ciganas em Portugal, havendo neste momento sete ttulos j publicados.
Curiosidades! Os livros encontram-se todos online em: Comunidades ciganas - Alto comissariado para a imigrao e o Dilogo Intercultural: www.acidi.gov.pt
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O tema da diversidade cultural pertinente no s no mbito das polticas sociais, mas tambm nas filosofias de educao. Uma educao multicultural ou multitnica tem vindo a ser defendida, sobretudo nas sociedades ocidentais, para implementar uma evoluo positiva da convivncia entre as diferentes culturas, no de assimilao ou subjugao por parte das culturas minoritrias da cultura numrica e economicamente dominante, mas de respeito mtuo pela diferena e defesa da diversidade. Nesse sentido, quando se fala de educao multicultural pretende-se abranger no s a educao no seio das minorias tnicas como tambm a educao de todas as crianas ou indivduos, quer estejam inseridos em sociedades multiculturais ou uni-culturais. Esta educao no respeito pela diversidade cultural pretende tornar legtima a pluralidade social e tnica, eliminando os preconceitos e os ideais racistas.
2.3. Deficincia e Desigualdades Sociais
Ao longo da histria social da deficincia constata-se que as pessoas assim definidas, isto , com deficincias e doena mental, foram objeto de perseguio, segre-gao, excluso, e discriminao, s para mencionar, de uma forma mais ou menos sequencial, algumas das categorias que caracterizam essa histria ao longo dos sculos. Uma em cada 10 pessoas, ou seja, 650 milhes em todo o Mundo, tem alguma deficincia. Estudos comparativos sobre Legislao e Deficincia mostram que apenas em 45 pases existem leis anti discriminao e outras leis especficas sobre deficincia (ONU). Em alguns pases mais de das deficincias resultam de ofensas corporais graves e violncia (OMS).
Este valor, de acordo com a Organizao Mundial de Sade, tende a aumentar com o crescimento populacional, avanos mdicos e envelhecimento das comunidades. 80% das pessoas com deficincia esto em pases em desenvolvimento, sendo que a maioria habita em zonas rurais .
Em pases com esperana de vida acima dos 70 anos, as pessoas vivem cerca de 8 anos, ou 11,5% do seu tempo de vida, com deficincia ou incapacidades. 3 Ano de Animador Sociocultural rea de Estudo da Comunidade Mdulo 9 - Representao Social da Diferena e Interveno Social
Estimativas apontam para que ao nvel mundial 20% das pessoas mais pobres so deficientes e que tendem a ser vistas pelas suas prprias comunidades como as mais discriminadas e desfavorecidas.
Estas pessoas esto entre as mais estigmatizadas, mais pobres, com menor acesso aos cuidados de sade, incluindo a sexual e reprodutiva, e que tm os nveis de escolaridade mais baixos de todo o Mundo, o que s por si constitui um desafio boa consecuo dos objetivos do Milnio na sua dimenso de responsabilidade dos pases.
Estamos todos cientes que as pessoas com deficincia, as estimativas apontam para 650 milhes de pessoas em todo o mundo, ainda enfrentam limitaes especficas e absolutamente intolerveis sua igualdade de participao na sociedade. Consequentemente, tempo de mudar as legislaes, os comportamentos e as atitudes.
Directora Executiva de UNFPA,Thoraya Ahmed Obaid, 15/12/2006 Idlia Moniz, Secretria de Estado Adjunta e da Reabilitao, cerimnia de assinatura da Conveno sobre os Direitos das Pessoas com Deficincia, na sede das Naes Unidas, Nova Iorque, 30/03/2007
Atividade 6 Anlise do excerto do texto: Mais qualidade de Vida para pessoas com deficincia e incapacidades Uma estratgia para Portugal Em: http://www.crpg.pt/estudosProjectos/Projectos/modelizacao/Documents/Mais_qualidade_de_vida. pdf
2.3.1. A Escola Inclusiva A escola a inclusiva uma escola onde se celebra a diversidade, encarando-a como uma riqueza e no como algo a evitar, em que as complementaridades das caractersticas de cada um permitem avanar, em vez de serem vistas como ameaadoras, como um perigo que pe em risco a nossa prpria integridade, apenas porque ela culturalmente diversa da do outro, que temos como parceiro social. (Csar, 2003: 119). A escola inclusiva, a escola de qualidade para todos os alunos (Ainscow, 1991) faz-se, por um lado por aqueles que se encontram em situaes problemticas e, por outro, por todos os que no momento no vivenciam essas situaes. Os primeiros tm de desejar e querer ultrapassar, at quanto for possvel, a situao em que se encontram e os segundos obrigam-se a ter a abertura e a disponibilidade necessrias para os deixar ir, at onde for possvel, e a ajudar a criar as condies necessrias a essa realizao. Uns e outros tm a ganhar e a perder na trajetria a percorrer, mas o resultado final ser decerto positivo para ambas as partes, uma vez que, se, como dizia Joo dos Santos17 3 Ano de Animador Sociocultural rea de Estudo da Comunidade Mdulo 9 - Representao Social da Diferena e Interveno Social
() s construmos a nossa identidade por contraponto existncia de outros que se distinguem de ns, ento a inclusividade faz todo o sentido (Csar, 2003:119).
Atividade 7 Anlise do excerto do texto: Da integrao incluso escolar: cruzando perspectivas e conceitos de Isabel Sanches & Antnio Teodoro em: http://www.scielo.oces.mctes.pt/pdf/rle/n8/n8a05.pdf
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2.4. A representao social da velhice
O envelhecimento da populao revela-se como uma tendncia positiva, que est intimamente ligada maior eficcia das medidas preventivas em sade, ao progresso da cincia no combate doena, a uma melhor interveno no meio ambiente e, sobretudo, consciencializao progressiva de que somos os principais agentes da nossa prpria sade. Portugal no foge a este fenmeno mas o envelhecimento da populao no se manifesta de forma homognea em todo o territrio. Os fortes movimentos migratrios, externos e internos, tm deixado mais envelhecido o interior, com a migrao das geraes mais jovens para o estrangeiro e, no territrio nacional, para os grandes centros urbanos do litoral. 3 Ano de Animador Sociocultural rea de Estudo da Comunidade Mdulo 9 - Representao Social da Diferena e Interveno Social
As sociedades industrializadas e informatizadas de hoje constroem tambm o seu prprio isolamento futuro: no h tempo para conviver, para comer corretamente, para fazer novos amigos; faz-se uma vida profundamente sedentria, porque no h tempo, ou meios econmicos, para a prtica regular de exerccio fsico. Somos, pois, agentes ativos do nosso isolamento futuro. No mundo do trabalho, passamos uma parte da vida a estudar, outra a trabalhar e outra, muito importante, em tempo de reforma. Esta significa, em muitos casos, viver vinte anos fora de um contexto social normal. Perde-se estatuto social e diminui-se a capacidade econmica. Quer isto dizer que todos os ganhos de aprendizagem, de conhecimento, de experincia, de capacidades, no tm lugar, de repente, no contexto social. A sociedade prope-nos, pois, vinte anos de lazer ou de vida sem importncia social. A injustia desta forma de abandono traduz-se em grandes perdas de interesse pela vida, com manifestaes depressivas e de agravamento de estados de doena j existentes.
A sociedade contempornea rege-se por valores materiais o que implica ter como principal objetivo a rentabilizao da produo em que se privilegiam apenas os indivduos ativos. Este especto pode exercer efeitos depressivos nas pessoas o que leva a situaes stressantes, geradoras de doenas e que de algum modo podero diminuir a capacidade produtiva da pessoa mais fragilizada.
Como o idoso se encontra retirado da esfera do trabalho produtivo, deixando de exercer funes que inativam a reciclagem e a aquisio de novos conhecimentos, no difcil prever que nestas circunstncias ele tenda ao isolamento, e ao isolar-se assuma cada vez mais uma situao de dependncia. importante mudar esta perspetiva e consciencializar a sociedade que os idosos podero ser muito teis se soubermos aproveitar as suas capacidades. Este afastamento do idoso do trabalho encontra explicao no contexto da cultura ocidental, onde dominante um modelo de desenvolvimento, assente fundamentalmente sobre os mitos do crescimento econmico e do produtivismo, do qual resulta uma viso redutora do homem e da 3 Ano de Animador Sociocultural rea de Estudo da Comunidade Mdulo 9 - Representao Social da Diferena e Interveno Social
sociedade, que se encontra dividido entre membros ativos e membros inativos. Por outras palavras, toda a populao que j no economicamente ativa, que apenas produz despesa , de certo modo, posta de parte pois j no contribui de forma positiva para o desenvolvimento do pas. Esta perspetiva negativa e desmotivante, na medida em que os prprios idosos interiorizam que j no tm capacidade para serem socialmente teis, nem para adquirir novos conhecimentos, e quando so confrontados com novas situaes no esto motivados para as enfrentar.
Esses desafios fazem apelo, nomeadamente, a novas formas de organizao e interajuda, de apoio e prestao de cuidados, particularmente nos casos em que, por isolamento social ou doena, os recursos estabelecidos no so suficientes nem eficazes para prevenir a dependncia, o abandono e a solido. importante criar condies para que toda a populao idosa possa usufruir dos apoios mnimos necessrios, espaos fsicos, alimentao, sade, atividades, para que deste modo possam viver de uma forma digna at ao fim das suas vidas.
2.4.1. A O processo de envelhecimento
Todos os seres vivos possuem um tempo de vida limitado e sofrem mudanas fisiolgicas com o passar do tempo. A vida de um ser vivo divide-se em 3 fases: fase de crescimento e desenvolvimento, a fase reprodutiva e a senescncia ou envelhecimento. A fase da senescncia caracteriza-se pelo declnio da capacidade funcional do organismo. A senescncia o processo natural do envelhecimento, o qual compromete progressivamente aspetos fsicos e cognitivos. Segundo a OMS (Organizao Mundial de Sade), a 3 idade tem incio entre os 60 e os 65 anos.
Fala-se do envelhecimento como um fenmeno exclusivo da 3 idade. No entanto, o envelhecimento no um estado, mas um processo de degradao progressiva e diferencial. Envelhecer algo normal e natural, universal, afeta todos os seres vivos e o seu termo natural a morte do organismo. O envelhecimento um processo 3 Ano de Animador Sociocultural rea de Estudo da Comunidade Mdulo 9 - Representao Social da Diferena e Interveno Social
individual: ningum envelhece ao mesmo ritmo e da mesma forma, no entanto, O envelhecimento um processo inevitvel, mas impossvel determinar o seu comeo pois a sua velocidade e gravidade variam de indivduo para indivduo.
Infelizmente, muitos de ns quando falamos de pessoas idosas, temos imagens menos bonitas desta faixa etria, e facilmente confundimos a demncia, que algumas pessoas idosas doentes apresentam, como uma sintomatologia inerente ao envelhecimento. Tal, no entanto, no corresponde verdade. Mas se existe um envelhecimento fsico, inevitvel, ser que existe um envelhecimento psicolgico, cognitivo e social?
A sociedade atribui-nos muitas idades: a idade cronolgica, a idade biolgica, a idade para andar, para tirar a carta de conduo ou para a renovar, a idade da reforma. Temos tambm a idade que sentimos que temos e a idade que os outros veem em ns. Sempre se acreditou que a velhice se traduzia por uma notvel diminuio dos processos cognitivos. Nos ltimos vinte anos, diversas investigaes tm permitido matizar estas afirmaes. Hoje podemos afirmar que possvel conservar a sade mental at ao fim da vida, e que a maior parte das pessoas o conseguem. A manuteno da sade mental na pessoa idosa , em parte, devida a um envelhecimento bem- sucedido, que a torna apta a controlar as tenses geradas pelo avanar da idade e pelas perdas que acompanham essa realidade. Se envelhecer tornar-se numa pessoa madura, conservar a maturidade adquirida no decorrer dos anos nem sempre fcil. Os problemas psicolgicos ligados ao envelhecimento raramente so causados pela diminuio das capacidades cognitivas.
So sobretudo as perdas do papel social (ex.: reforma), as crises, as mltiplas situaes de stress, a doena, a fadiga, o desenraizamento (ex.: colocao num lar), que diminuem a capacidade de concentrao e de reflexo das pessoas idosas.
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Envelhecer tambm aceitar o inevitvel, isto , a perda gradual das funes orgnicas, a mutilao, a separao, o sofrimento, o confronto com o desconhecido e a morte. Adaptar-se ao envelhecimento, no resignar-se, mas antes ter a inteligncia de aproveitar tudo o que ainda se possui, para continuar em atividade e com um papel importante na famlia e na comunidade. Envelhecer bem aceitar a velhice e continuar a viver recorrendo a estratgias para conservar a auto estima atingir a sabedoria e a serenidade para inventar uma nova maneira de viver. O funcionamento mental do ser humano liga-se s emoes e ao ambiente que o rodeia. Diversos fatores podem ento influenciar de diferentes maneiras, o aparecimento de problemas emotivos nas pessoas idosas.
A mudana de papel A passagem de um papel tradicional e utilitrio tanto para a famlia como para a sociedade, para um papel mais passivo traz habitualmente problemas psicolgicos. Para se ultrapassar esta fase necessrio que a pessoa idosa adquira novos papis, mantendo-se ativa e til. A falta de ocupao tem efeitos nefastos sobre a perceo de si, e pode conduzir depresso.
O estatuto familiar e conjugal A famlia e os amigos constituem muitas vezes a principal rede de suporte das pessoas idosas. A sua separao da famlia ou dos amigos, qualquer que seja a causa, leva solido, que por sua vez vai aumentar a insegurana e bloquear seriamente a capacidade de adaptao.
Sentimento de impotncia As pessoas idosas deprimidas que tm uma diminuio da sua autoestima, sentem dificuldade em se motivar para aprender e para fazerem um esforo de memorizao.
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2.5. Pobreza e Excluso Social
Produzem-se situaes de excluso social porque a sociedade no oferece a todos os seus membros a possibilidade de todos esses direitos nem de cumprir alguns deveres que lhes esto associados. O resultado o das pessoas desfavorecidas perderem o estatuto de cidadania plena, quer dizer, se verem impedidos de participar nos padres de vida tidos por aceitveis na sociedade em que vivem.
Na definio de excluso social est implcita a ideia do seu oposto, designado por integrao social ou insero social. O trabalho exerce um papel integrador na sociedade, da que um emprego, mesmo que precrio e mal pago, prefervel ao desemprego, mesmo que o este corresponda um subsdio de desemprego razovel. A fase extrema da excluso social caracterizada, no s pela rutura com o mercado de trabalho, mas por ruturas familiares, afetivas e de amizade.
A excluso social abrange formas de privao no material, ultrapassando a falta de recursos econmicos (que caracteriza a pobreza). A falta de recursos sociais, polticos, culturais e psicolgicos so considerados pelo conceito de excluso social e so importantes enquanto dimenses estratgicas de anlise.
A excluso configura-se como um fenmeno multidimensional, na medida em que coexistem, dentro da excluso, fenmenos sociais diferenciados, tais como o desemprego, a marginalidade, a discriminao, a pobreza, o estigma, etc. As sociedades europeias debatem-se, presentemente, com alguns tipos de problemas sociais que tm vindo a preocupar cada vez mais os poderes pblicos e os cidados em geral. Nomeadamente os respeitantes pobreza, s minorias culturais, aos idosos, ao desemprego e aos sem-abrigo.
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100 Razes 100 Abrigo
Antnio Bento e Elias Barreto, na obra Sem-Amor, Sem-Abrigo, exploram esta questo, reunindo uma srie de situaes comuns ao sem-abrigo, a saber: Aqueles que vivem na rua; Aqueles que ocupam, legal ou ilegalmente, casas abandonadas, barracas, etc; Aqueles que se encontram alojados em refgios ou centros de acolhimento para sem-abrigo, quer do sector pblico, quer do privado; Aqueles que vivem em penses, camaratas ou outros refgios privados; Aqueles que vivem com amigos ou familiares, com os quais podem ver-se forados a coabitarem; Aqueles que residem em instituies, estabelecimentos de cuidados infantis, hospitais, prises e hospitais psiquitricos, e que no tm domiclio ao sair destas instituies, Aqueles que possuem uma casa, que, no se pode considerar adequada ou socialmente aceitvel, convertendo-se por isso em pessoas ou famlias mal alojadas. (Adaptado de Munoz e Vsquez, 1998, cit in: Bento, A. e Barreto, E. 2002:26)
As taxas de pobreza, os baixos salrios, a crescente precarizao do emprego e desemprego, so dos maiores fatores que aumentam a populao sem-abrigo em Portugal. Alm disso a impossibilidade, muitas vezes, de retomar um novo emprego em caso de situao de emprego. Vivemos ns, num mercado de trabalho cada vez mais competitivo, exigente e precrio, aqueles com menos educao e qualificao, encontram-se facilmente vulnerveis neste campo. (Bento, A. e Barreto, E. 2002:33) A segurana de um emprego para toda a vida perdeu-se, embora a sociedade viva nessa iluso e otimismo, ou indiferena face realidade, no criando novas formas, e adaptaes contras as dificuldades.
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Acrescentando ao fator econmico, as perturbaes psiquitricas so uma evidente causa de desintegrao da sociedade, pois a existncia de graves problemas mentais, nesta populao, condiciona fortemente as suas possibilidades de insero. A nvel da desafiliao, que outro dos fatores em ter em conta, quando se estuda este fenmeno, so vrios estudos tm evidenciado as relaes interpessoais, fator de incluso na sociedade e inexistncia ou fracas relaes, excluso social. A falta de poder econmico e o desemprego, atrs referido, muitas das vezes favorece () a quebra dos laos familiares e de amizade, caminhando-se lentamente para um processo de isolamento e solido, passando-se a contar apenas com outros indivduos em condies semelhantes, com quem se estabelecem, frequentemente relaes meramente funcionais, longe de se poderem constituir enquanto elementos efectivos de suporte. (Baptista, I. 2004, cit in: Colectnea de ensaios CAIS, 2004:36)
Bento e Barreto (2002), descrevem-nos os Sem-Abrigo, da seguinte forma: No seu mundo interno, predominando a angstia de abandono; na sua vida afectiva, predominando as vinculaes inseguras; na sua vida relacional, predomina o isolamento. A ruptura emocional, a ausncia de um sentimento de pertena familiar, o empobrecimento da sua rede de relaes sociais primrias; socialmente a sua desafiliao, a frouxido dos laos com as instituies, a sua situao de excluso social, mas tambm de auto marginalizao (Bento, A. e Barreto, E. 2002: 244).
A auto marginalizao, aparece aqui descrita, como tambm um problema social, relacionado com alguns casos de sem-abrigo que se autoexcluem, pelas constantes tentativa de falhadas de integrao e reinsero social na sociedade. O indivduo, perde a vontade de se integrar e aceita a sua condio social, fazendo a rua o seu lar. Alguns dos tcnicos que trabalham diretamente esta problemtica, tm j nesta fase de autoexcluso, problema em levar a pessoa a acreditar, mais uma vez, nela prpria, para sair da condio em que se encontra. A autoexcluso dos problemas que aumenta a condio de fraca autoestima, atentando, a um nvel interno, contra a dignidade do ser humano implicado.
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2.6. Desigualdades entre gneros
Espera-se das mulheres obedincia, submisso, alguma beleza e sobretudo muito trabalho. Dos Homens espera-se fora, competitividade, autoridade e pouco sentimentalismo. Estas diferenas acreditam-se como inevitveis, um dado da natureza, realidades baseadas no sexo da pessoa. Mas prova-se, no dia-a-dia no serem seno construes sociais e culturais enraizadas numa forma de ser biolgica, mas que dela se diferencia. Chamamos-lhe gnero e so as identidades passveis de modificao. Por isso se procura chegar igualdade de gnero, ou seja, igualdade de ser e estar para todas as pessoas, e no igualdade entre os sexos, o que no desejvel, nem possvel.
A igualdade de gnero, mais do que um princpio abstrato, mais do que uma compilao de dados ou leis que raramente so cumpridas, deveria ser olhada como uma forma de vida. (Alves, 2009)
As Relações de Género No Desenvolvimento Local: Uma Reflexão Da Participação Da Mulher Nos Projectos Financiados Pelo Fundo de Desenvolvimento Distrital Na Localidade de Marracuene, 2010 - 2014.