Introducao Vegetarianismo
Introducao Vegetarianismo
Introducao Vegetarianismo
Vegetarianismo
• História do Vegetaria-
• Alimentação equilibrada
nismo
• Dicas para a mudança
• Tipos de Vegetarianos
• Novos Alimentos
• Motivações
Introdução ao Vegetarianismo
• História do Vegetaria-
• Alimentação equilibrada
nismo
• Dicas para a mudança
• Tipos de Vegetarianos
• Novos Alimentos
• Motivações
www.centrovegetariano.org
Tı́tulo: Introdução ao Vegetarianismo
Organização e Revisão: Cristina Rodrigues
2a edição, Setembro de 2005
(1a edição em Abril de 2005)
Edição e distribuição: galaxia-alfa.com
http://www.centrovegetariano.org
ISBN 972-8967-15-2
2 Tipos de Vegetarianos 9
2.1 Ovo-lacto-vegetarianos ou Vegetarianos . . . . . . . . . . 9
2.2 Lacto-vegetarianos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
2.3 Ovo-vegetarianos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10
2.4 Veganos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10
2.5 Frugı́voros . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10
2.6 Crudı́voros . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
i
CONTEÚDO CONTEÚDO
7 Novos Alimentos 35
7.1 Soja . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35
7.2 Leite de soja . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36
7.3 Tofu . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37
7.4 Seitan . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38
7.5 Tempeh . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39
7.6 Miso . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39
7.7 Molho de soja (shoyu) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40
7.8 Levedura de cerveja . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41
7.9 Arroz integral . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42
7.10 Aveia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44
7.11 Quinoa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44
7.12 Cuscuz . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45
7.13 Feijão azuki . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46
7.14 Germinados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47
7.15 Algas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47
7.16 Sementes de sésamo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 50
7.17 Alfarroba . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51
ii
Introdução
1
Capı́tulo 1
Vegetarianismo ao longo da
História
1.1 Na Pré-História
2
1 Vegetarianismo ao longo da História 1.2 Nas civilizações antigas
3
1.3 Na cultura grega e romana 1 Vegetarianismo ao longo da História
4
1 Vegetarianismo ao longo da História 1.4 No Cristianismo
1.4 No Cristianismo
O Cristianismo primitivo, com raı́zes na tradição judaica, viu o vegeta-
rianismo como um jejum modificado para purificar o corpo. Tertuliano
(155-255 DC), Clemente de Alexandria (150-215 DC) e João Crisóstomo
(347-407 DC) ensinaram que evitar a carne era uma maneira de au-
mentar a disciplina e a força de vontade necessárias para resistir às
tentações. Isto tornou as restrições dietéticas, como o vegetarianismo,
muito comuns no comportamento cristão da época. E estas crenças fo-
ram transmitidas ao longo dos anos de uma forma ou de outra – por
exemplo, a proibição de carne (excepto peixe) da Igreja Católica Ro-
mana nas sextas-feiras, durante a Quaresma.
Com o estabelecimento do Cristianismo, surgiram ideias de suprema-
cia humana sobre todas as criaturas, mas muitos grupos não ortodoxos
não partilhavam desta visão. Desde então, no decorrer da Idade Média,
todos os seguidores das filosofias que eram contra o abate e abuso dos
animais, eram considerados fanáticos, hereges e frequentemente perse-
guidos pela Igreja e queimados vivos. No entanto, conseguiram escapar
a este terrı́vel destino dois notáveis vegetarianos – Santo David (Santo
Padroeiro de Wales) e São Francisco de Assis. O mundo medieval consi-
derava que os vegetais e cereais eram comida para os animais. Somente
a pobreza compelia as pessoas a substituı́rem a carne pelos vegetais. A
carne era o sı́mbolo de status da classe alta. Quanto mais carne uma
pessoa pudesse comer, mais elevada era a sua posição na sociedade.
1.5 No Renascimento
No inı́cio da era Renascentista, a ideologia vegetariana surgiu como um
fenómeno raro. A fome e as doenças imperavam, enquanto as colheitas
falhavam e a comida escasseava. A carne era muito pouca e um luxo
apenas para os ricos. Foi durante este perı́odo que a filosofia clássica
(greco-romana) foi redescoberta. O Pitagorismo e o Neo-Platonismo
tornaram-se novamente uma grande influência na Europa.
Com a sangrenta conquista de novos territórios, novos vegetais foram
introduzidos na Europa, tais como as batatas, a couve-flor e o milho.
5
1.6 No Iluminismo 1 Vegetarianismo ao longo da História
1.6 No Iluminismo
Com o Iluminismo do século XVIII, emergiu uma nova perspectiva do
lugar do Homem na ordem da criação. Argumentos de que os animais
eram criaturas inteligentes e sensı́veis começaram a ser ouvidos e ob-
jecções morais a serem colocadas, à medida que aumentava o desagrado
pelo desrespeito e abuso dos animais.
Nas religiões ocidentais houve um ressurgimento da ideia de que, na
realidade, o consumo de carne era uma aberração e ia contra a vontade
de Deus e contra a genuı́na natureza da humanidade. Nestes dias, os
métodos de abate eram extremamente bárbaros. Os porcos eram chi-
coteados até à morte com cordas cheias de nós para tornar as carcaças
mais tenras, e os pescoços das galinhas eram golpeados, para depois
serem penduradas e deixadas a sangrar até morrer.
Vegetarianos famosos deste perı́odo incluı́ram os poetas John Gay e
Alexander Pope, o médico Dr. John Arbuthnot e o fundador do movi-
mento metodista John Wesley. Grandes filósofos como Voltaire, Rous-
seau e Locke, questionaram a inumanidade do Homem em relação aos
animais; e a obra de Paine, The Rights of Man, de 1791, despertou
muitos assuntos a respeito dos direitos dos animais.
6
1 Vegetarianismo ao longo da História 1.8 No século XX
1.8 No século XX
Com o virar do século XX, a população britânica encontrava-se ainda
num estado de pobreza. A Sociedade Vegetariana, durante a crise de
1926, distribuı́a alimentos às comunidades mais carenciadas - o vegetari-
anismo e o humanitarismo estiveram sempre proximamente relacionados.
Devido à escassez de alimentos durante a Segunda Guerra Mundial, os
britânicos foram encorajados a “Escavar para a Vitória” (Dig For Vic-
tory), para cultivarem os seus próprios vegetais e frutas. A dieta ve-
getariana manteve a população, e a saúde das pessoas melhorou muito
durante os anos em guerra.
Nos anos 50 e 60 do século XX, muitas pessoas tomaram consciência
do que se passava nas unidades de produção intensiva, introduzidas após
a guerra.
O vegetarianismo tornou-se muito apelativo quando as influências
orientais se espalharam pelo mundo ocidental.
Durante as décadas de 80 e 90, o vegetarianismo ganhou um maior
ı́mpeto, quando o desastroso impacto que a população humana estava
a causar no planeta se tornou mais evidente. Os assuntos ambientais
dominaram os noticiários e estiveram durante muito tempo em primeiro
plano na polı́tica. O vegetarianismo foi encarado como parte do processo
para a conservação dos recursos.
1.9 Actualmente
Mais recentemente, assuntos como as importações de gado foram motivo
de oposição ao consumo de carne por parte de muitas pessoas, por todo
o Reino Unido. Preocupações em relação à saúde surgiram quando as
pessoas se aperceberam de que os animais para consumo estavam infec-
tados com doenças como a “doença das vacas loucas” (BSE), listeria e
salmonelas.
7
1.9 Actualmente 1 Vegetarianismo ao longo da História
8
Capı́tulo 2
Tipos de Vegetarianos
2.2 Lacto-vegetarianos
Este grupo de vegetarianos exclui os ovos da sua dieta, por vezes por
motivos de saúde, visto que o ovo contém um elevado nı́vel de colesterol.
No entanto, não sentem necessidade de abrir mão dos lacticı́nios por
vários motivos. Entre eles a suposta dificuldade em excluir todos os
produtos que contenham leite ou derivados, porque estão atravessando
uma fase de transição para o veganismo ou simplesmente porque gostam
dos lacticı́nios.
9
2.3 Ovo-vegetarianos 2 Tipos de Vegetarianos
2.3 Ovo-vegetarianos
Incluem na sua alimentação os ovos, mas excluem o leite e todos os seus
derivados. Muitos dos que retiram o leite da sua alimentação fazem-no
por preocupações ambientais, compaixão pelos animais ou por motivos
de saúde (intolerância à lactose, por exemplo).
2.4 Veganos
Não consomem produtos de origem animal. Também designados vega-
nistas, “vegetarianos radicais”, ou pelo termo inglês vegan. O termo
original português, vegetaliano, raramente é encontrado.
Este grupo exclui a carne de animais (carne vermelha, aves, peixe)
e também produtos animais (ovos e lacticı́nios). Exclui ainda o mel e a
gelatina, o uso de produtos de origem animal (couro, seda, lã, lanolina),
os produtos testados em animais e os espectáculos onde a exploração
animal é motivo de entretenimento (circo, touradas, etc.).
O veganismo vai, pois, além da alimentação (os que excluem todos
os produtos derivados de animal só da alimentação são, por vezes, de-
signados de vegetarianos puros) e pode ser definido como uma forma de
viver que busca excluir, na medida do possı́vel e do prático, todas as
formas de exploração e tratamento cruel de animais na alimentação, no
vestuário e com qualquer outro fim.
O repúdio às práticas cruéis inerentes à produção de lacticı́nios e à
criação de animais e aves é, provavelmente, a razão mais comum para
a adopção do veganismo. Os veganos não querem apoiar a indústria da
carne. Por isso recusam-se a comer ovos ou lacticı́nios. Muitas pessoas
não comem esses produtos também por causa das condições em que são
produzidos.
2.5 Frugı́voros
Os frugı́voros alimentam-se exclusivamente de frutos, grãos e sementes,
como tomate, banana, manga, abacate, nozes, pepino, abóbora e amen-
doim, entre outros.
10
2 Tipos de Vegetarianos 2.6 Crudı́voros
2.6 Crudı́voros
Alimentam-se única e exclusivamente de alimentos crus.
No crudivorismo, os alimentos são comidos no estado natural, crus,
e, geralmente, sem o recurso a conservantes, temperos, fermentações ou
preparos culinários.
Defendem que o homem é o único animal que cozinha os alimen-
tos, destruindo com isto as suas propriedades nutritivas e que estamos
preparados para digerir e assimilar alimentos crus (naturais).
11
Capı́tulo 3
3.1 Saúde
Nos últimos anos, extensivos estudos médicos têm provado que os Oci-
dentais seguem uma dieta com quantidade excessiva de açúcares, proteı́nas,
gorduras saturadas, colesterol, pesticidas e com poucas fibras. Este tipo
de dieta está a originar elevados custos médicos.
A maioria das pessoas que segue uma alimentação omnı́vora consome
várias vezes mais proteı́nas do que as que são necessárias. Essa proteı́na
extra não só é um desperdı́cio como causa doenças desnecessárias. O con-
sumo exagerado de produtos animais na dieta ocidental é responsável,
em parte ou na totalidade, pelo alto ı́ndice de morte causadas pelas se-
guintes doenças: ataque cardı́aco, artrite, cancro da mama, cancro da
próstata, cancro do cólon, osteoporose, diabetes, asma, pedra nos rins,
impotência e obesidade.
12
3 Razões para ser Vegetariano 3.1 Saúde
Doenças cardı́acas
Uma das maiores vantagens que se pode ter ao diminuir o consumo
de produtos de origem animal é a redução do risco de cardı́acas. As
doenças do coração são uma das principais causas de morte nos paı́ses
que mantêm um consumo alto de produtos de origem animal. Só os
Estados Unidos gastam anualmente cerca de 100 biliões de dólares no
tratamento de doenças cardı́acas. E a cada 45 segundos, nesse mesmo
paı́s, ocorrem mortes devido a ataques cardı́acos.
É principalmente nas carnes magras que mais se encontra coleste-
rol (que, consequentemente, aumenta o risco de doenças coronárias),
embora possa parecer razoável o contrário. Os legumes, os grãos, os
vegetais e as frutas são alimentos totalmente isentos de colesterol (este
é exclusivamente de origem animal, e não está presente em nenhum pro-
duto exclusivamente vegetal).
Média de risco de morte por ataque cardı́aco:
Em homens americanos que consomem carne é de 50%.
Em homens americanos que não comem carne é de 15%.
Em homens americanos que não consomem carne, ovos ou produtos
13
3.1 Saúde 3 Razões para ser Vegetariano
lácteos é de 4%.
Cancro
O risco de contrair muitas das formas de cancro pode ser reduzido com
a diminuição do consumo de produtos que contêm alta quantidade de
gorduras animais.
Em Inglaterra, onde os vegetarianos já têm desconto no seguro de
vida, o Journal of National Medicine (principal órgão técnico-informativo
britânico sobre saúde) publicou um estudo que prova que os vegetaria-
nos têm menos 40% de probabilidades de desenvolver cancro ou doenças
cardı́acas, se comparados aos que comem carne. O grupo de pesqui-
sadores comparou 6115 vegetarianos com 5015 carnı́voros, ao longo de
12 anos. O objectivo era constatar se a dieta vegetariana é capaz de
reduzir o risco de morte prematura. Depois de incluı́rem variantes como
tabaco, grau de obesidade e classe social, os pesquisadores concluı́ram
que a dieta à base de verduras reduziu efectivamente o risco de cancro
e de doenças cardı́acas.
Por exemplo:
• Aumenta mais 3,6 vezes o risco de ter cancro dos ovários a mulher
que consome 3 ou mais ovos durante a semana.
14
3 Razões para ser Vegetariano 3.2 Éticas
3.2 Éticas
Uma das principais razões que leva a que as pessoas se tornem vegetari-
anas é o respeito pelos animais. Para muitos, a decisão de se tornarem
vegetarianos prende-se com a vontade de eliminar todos os tipos de ex-
ploração e experiências sobre animais.
A competição para produzir carne, ovos e derivados de leite baratos
leva a que os animais para consumo humano sejam tratados como objec-
tos e mercadorias. As condições em que os animais são criados são cada
vez piores: espaços minúsculos, condições stressantes, más condições de
transporte, as crias são retiradas à mãe, etc.
Peter Singer, filósofo da Princeton University e autor do livro Animal
Liberation (Libertação Animal), afirmou que “todos os argumentos para
provar a superioridade humana não conseguem desmentir esse facto: no
sofrimento, os animais são iguais à nós”.
Apesar de ser quase impossı́vel evitar todos os produtos que estejam
de alguma maneira vinculados ao sofrimento dos animais, ao rejeitarem-
se os produtos primários pelos quais os animais são mortos e explorados,
está-se a retirar o apoio à indústria pecuária e consequentemente a re-
duzir o sofrimento.
Tendo em conta que um omnı́voro consome em média 80 animais por
ano e que a população mundial não-vegetariana é de biliões, depreende-
se que o número exacto de animais mortos para a alimentação humana
será muito elevado. Sabe-se que só nos EUA se consomem anualmente
mais de 10 biliões de animais.
Sendo que a esperança média de vida em Portugal é de 75 anos, um
omnı́voro consome cerca de 6000 animais durante a sua vida. Por con-
seguinte, um vegetariano, só pelo simples facto de não consumir carne,
poupa muitas vidas.
Ao ser-se vegetariano está-se a privilegiar o respeito pelo outro e pe-
los animais. Ser vegetariano é, sem dúvida, uma forma mais harmoniosa
e compassiva de encarar os animais e o mundo. Uma opção mais natural
de vida e de estar em sintonia com natureza e consigo próprio.
15
3.3 Ambientais 3 Razões para ser Vegetariano
3.3 Ambientais
A actual dieta alimentar baseada em produtos animais, com a sua agri-
cultura intensiva, é responsável por uma série de problemas ambientais.
Provoca directa ou indirectamente desertificação, degradação do ecos-
sistema global, poluição dos oceanos, extinção ou diminuição de algu-
mas espécies animais, destruição de matas, erosão do solo, mudanças
climáticas.
A dieta vegana não contribui para o sofrimento dos animais nem
para a destruição do planeta.
Um dos maiores problemas com que a humanidade se defronta—a
desertificação—é causada, entre outras razões, por extensas manadas de
bovinos. Estes bovinos precisam de ter pastos; e para esses existirem,
milhões de hectares de floresta tropical tiveram, ao longo da história, de
ser devastados. Daı́ resultaram desertos ou o seu aumento.
Por outro lado, a produção de carne é uma das coisas menos eficientes
na cadeia alimentar. Por exemplo, para produzir apenas meio quilo de
carne são necessários 45.850 litros de água (alimentar, lavar, limpar,
etc.), o que significa uma factura muito pesada em termos ambientais.
E principalmente se tivermos em atenção que os recursos hı́dricos são
cada vez mais escassos.
3.4 Económicas
Embora a crença generalizada possa ser do contrário, ser vegetariano
pode permitir poupar dinheiro! Existem muitos tipos de vegetais, cere-
ais, frutas, nozes e uma enorme variedade de outros produtos disponı́veis
no mercado. Bem equilibrados dão facilmente um bom substituto de
carne ou peixe a um preço mais baixo. Por exemplo, meio quilo de soja
custa menos de 2 euros e dá para cerca de 8 doses individuais.
16
3 Razões para ser Vegetariano 3.4 Económicas
Alguns números
Se criarmos um boi nos 4 hectares necessários, teremos 39 quilos de
proteı́na após quatro anos (o perı́odo que ele precisa para estar apto
a ser consumido). Se plantarmos arroz nesta mesma área e no mesmo
perı́odo de tempo, obteremos 1520 quilos de proteı́na. Isto sem contar
com os demais nutrientes.
Um adulto com 70 quilos consome cerca de 70 gramas de proteı́na
por dia, o que significa que, se criarmos gado, teremos proteı́na para
cerca de um ano e meio. Se, pelo contrário, plantarmos arroz, teremos
cereal para alimentar este homem durante cerca de 60 anos. Em poucas
palavras, isto significa multiplicar o número de pessoas que poderiam
ser alimentadas numa mesma área e no mesmo espaço de tempo.
17
3.5 Religiosas 3 Razões para ser Vegetariano
3.5 Religiosas
Há também aqueles que se tornam vegetarianos por opções espirituais
ou religiosas. Em certas religiões o vegetarianismo é um elemento básico
para que um indivı́duo se torne mais apto e mais encorajado a amar
Deus e todas as suas criaturas.
Os Hindus e os Jainistas são exemplos de correntes religiosas que
defendem o vegetarianismo. Também muitos Adventistas do Sétimo
Dia e Budistas são vegetarianos.
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Capı́tulo 4
Como entrar no
vegetarianismo
19
4 Como entrar no vegetarianismo
20
Capı́tulo 5
• Pede a tua próxima pizza sem queijo, mas com muitos vegetais em
cima.
21
5 Dicas para a mudança
22
Capı́tulo 6
23
6.2 Lı́pidos 6 Como obter os nutrientes essenciais
As fibras são hidratos de carbono que não são digeridos pelo or-
ganismo, sendo, no entanto, nutrientes reguladores. Estas substâncias
provocam um aumento das fezes e estimulam os movimentos da parede
muscular dos intestinos, contribuindo para o bom funcionamento deste
órgão.
A carência de fibras alimentares, também chamadas por vezes celu-
lose, provoca obstipação e outras doenças, como o cancro.
6.2 Lı́pidos
24
6 Como obter os nutrientes essenciais 6.3 Proteı́nas
6.3 Proteı́nas
Os prótidos são os construtores dos tecidos das células, produzindo os
materiais para os músculos e o sangue. São também importantes na
construção de novos tecidos (cabelos, unhas, pele, etc.), na cura das fe-
ridas, no crescimentos dos ossos e na produção de anticorpos. Fornecem
10 a 12% do total da energia necessária diariamente.
As proteı́nas são constituı́das por longas cadeias de moléculas sim-
ples, chamadas aminoácidos. Há aminoácidos que o corpo humano sin-
tetiza e outros não. Designam-se por aminoácidos essenciais aqueles
que não são sintetizados pelo organismo. No homem esses aminoácidos
são: triptofano, lisina, metionina, valina, leucina, isoleucina, fenilala-
nina, treonina, arginina e histidina. É pois através de uma alimentação
variada que se adquirem todos os aminoácidos indispensáveis ao bom
funcionamento do organismo.
Quase todos os alimentos, à excepção do álcool, do açúcar e das
gorduras, são fontes consideráveis de proteı́na. Para um vegetariano as
fontes vegetais são principalmente: a soja e seus derivados, o seitan, os
grãos, as leguminosas, os vegetais verdes (brócolos, espinafres, etc.), os
frutos secos (nozes, amêndoas, amendoins, etc.), e as sementes (girassol,
abóboras, sésamo). Estes alimentos são excelentes recursos de proteı́nas
e podem suprir todas as necessidades básicas do corpo, sem necessidade
de produtos de origem animal.
A necessidade média de proteı́nas é de 1 g/dia por cada kilo de peso.
Isto é, uma pessoa com 60kg necessita de pelo menos 60g de proteı́nas
diárias. No entanto, a necessidade pode variar consoante a idade, o sexo,
o nı́vel de actividade (por ex, se se pratica desporto), a condição fı́sica
(doença, gravidez), etc.
A questão das proteı́nas é considerada um mito pois numa alimentação
omnı́vora muito rapidamente se ingerem 60g-80 g de proteı́nas. 100 g
de carne têm cerca de 20 g de proteı́nas, 100 g de ovos têm 12 g, 100 g
de leite têm 3 g, 100 g de arroz têm 7 g, 100 g pão trigo têm 6 g.
Por exemplo, as quantidades diárias recomendadas de proteı́na para
os homens adultos podem ser encontradas numa ementa que inclua:
uma chávena de aveia, um copo de leite de soja, duas fatias de pão
25
6.4 Água 6 Como obter os nutrientes essenciais
6.4 Água
No organismo a água é um bom solvente para a maioria das substâncias,
transporta todas as substâncias e é essencial para que as reacções bi-
oquı́micas se processem.
A quantidade de água perdida pelo organismo, por dia, é cerca de
2,5 litros. É através da urina, fezes, transpiração e respiração que se dá
essa perda. Para a compensar, o organismo necessita de 2 a 3 litros de
água por dia, que pode ser na forma de água pura, chás de ervas, sumos
de frutas ou vegetais ou alimentos sólidos. Este nutriente aparece em
todos os alimentos em diferentes percentagens. O ideal é comer frutas
ou vegetais que contenham bastante lı́quidos.
6.5 Vitaminas
As vitaminas são necessárias como colaboradoras das enzimas das células,
para que executem o seu trabalho na produção de proteı́nas e no seu
metabolismo. São substâncias orgânicas sem valor energético, mas res-
ponsáveis pela regulação e activação de muitas reacções bioquı́micas no
organismo.
Encontram-se em vários tipos de alimentos, sobretudo nos frutos e
vegetais frescos.
Decompõem-se sob a acção do calor e do oxigénio, pelo que os ali-
mentos devem ser preparados pouco antes de serem consumidos. Os
grelhados, assados e fritos conservam maior quantidade de vitaminas
devido à formação de uma crosta superficial que se forma no alimento.
26
6 Como obter os nutrientes essenciais 6.5 Vitaminas
27
6.5 Vitaminas 6 Como obter os nutrientes essenciais
28
6 Como obter os nutrientes essenciais 6.6 Sais minerais
29
6.6 Sais minerais 6 Como obter os nutrientes essenciais
de folhas verdes, nas cascas de grãos e vegetais, nos grãos, nos cogumelos,
nos frutos e nas algas.
6.6.1 Cálcio
Existem muitos alimentos, além dos lacticı́nios, com capacidade de pren-
der o cálcio aos ossos.
Quando questionada sobre as causas da osteoporose, a maioria das
pessoas responderá: “falta de cálcio”. Esta ideia é reforçada todos os
dias quando se lembra às mulheres que bebam cerca três copos de leite di-
ariamente. Mesmo mulheres jovens, saudáveis e sem osteoporose, andam
preocupadas com a perda potencial de massa óssea, e tomam precauções
para aumentar a resistência dos seus ossos.
Como o osso é composto em grande parte por cálcio, parece lógico
vincular a ingestão deste mineral à saúde dos ossos. As mulheres oci-
dentais são hoje encorajadas a consumir pelo menos 1.000 a 1.500 mg
de cálcio por dia. No entanto, é curioso que os dados de outras culturas
mostrem claramente que, em paı́ses menos desenvolvidos, onde as pes-
soas consomem pouco ou nenhum lacticı́nio e ingerem menos cálcio no
total, há taxas muito mais baixas de osteoporose.
A saúde dos ossos é um processo complexo onde outros factores, para
além da quantidade de cálcio, estão envolvidos.
Os ossos são afectados pelo consumo de substâncias potencialmente
prejudiciais, como o excesso de proteı́nas, o sal, a gordura saturada e o
açúcar; pelo uso de algumas drogas, álcool, cafeı́na e tabaco; pelo nı́vel
de exercı́cios fı́sicos; pela exposição ao sol; pela remoção dos ovários e
do útero; e muitos outros.
O corpo só usa os sais minerais quando estão no equilı́brio correcto.
Por exemplo, mulheres jovens que consomem dietas ricas em carne, refri-
gerantes e alimentos industrializados com alto teor de fósforo, apresen-
tam perdas alarmantes de massa óssea. A proporção elevada de fósforo
em relação ao cálcio provocará a retirada de cálcio dos ossos para com-
pensar.
Uma prioridade máxima do nosso corpo é manter o equilı́brio apro-
priado entre ácidos e bases no sangue. Uma dieta rica em proteı́nas,
provenientes da carne e dos lacticı́nios, apresenta alto risco de osteopo-
30
6 Como obter os nutrientes essenciais 6.6 Sais minerais
rose porque torna o sangue muito ácido. O cálcio, então, precisa de ser
extraı́do dos ossos para restaurar o equilı́brio correcto. Como o cálcio
do sangue é usado por todas as células do corpo para manter sua inte-
gridade, o organismo sacrifica o dos ossos para manter a homeostase.
Este é um dos motivos porque os vegetarianos podem manter boas
reservas de cálcio com uma dieta sem lacticı́nios.
Nı́vel de absorção de cálcio em vários alimentos:
• Amêndoas: 21%
• Feijões: 17%
• Espinafre cozido: 5%
O papel da proteı́na
O excesso de proteı́na animal (carne, aves, peixe e ovos) provoca a ex-
creção de cálcio pela urina. Uma pessoa que segue uma dieta que não
inclui proteı́na animal pode ter menor necessidade de cálcio. Por exem-
plo, um vegano que consuma uma dieta pobre em proteı́nas e sódio pode
precisar apenas de 500 mg de cálcio por dia. Quem consome uma dieta
rica em proteı́nas e sódio pode precisar de até 2000 mg de cálcio por dia.
O papel do sódio
1000 mg de sódio fazem com que 20 mg a 40 mg de cálcio se percam
pela urina. Esta quantidade pode parecer pequena, mas uma pessoa
consome, em média, 3000 mg a 4000 mg de sódio por dia.
Em média, precisamos apenas de 1800 mg de sódio por dia. Por isso
o consumo de sal deve ser reduzido, assim como de alimentos industria-
lizados.
Qualidade vs quantidade
O cálcio da couve, da couve-chinesa, dos brócolos e de outras verduras,
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6.6 Sais minerais 6 Como obter os nutrientes essenciais
6.6.2 Ferro
O ferro da dieta existe como hémico e não hémico: o primeiro encontra-
se nos produtos animais, como o fı́gado de vaca e de porco, carne, aves,
peixe, marisco e ovos; o segundo encontra-se nos legumes de folha verde,
damascos, ervilhas, feijões, frutos secos e cereais enriquecidos.
Existem factores nutricionais que diminuem a absorção de ferro, ou
seja, alguns alimentos e bebidas bloqueiam a absorção do ferro não heme,
quando são consumidos nas mesmas refeições.
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6 Como obter os nutrientes essenciais 6.6 Sais minerais
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6.6 Sais minerais 6 Como obter os nutrientes essenciais
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Capı́tulo 7
Novos Alimentos
7.1 Soja
A soja é uma planta herbácea e tem aproximadamente 10000 variedades.
É da famı́lia das leguminosas (popularmente é um feijão) e teve sua
origem na China, onde é bastante utilizada desde o século XI a.C.
A de maior comercialização é a de cor amarelada e arredondada, por
ser privilegiada com o melhor sabor.
No Ocidente o seu principal uso foi sempre o óleo, já que o grão,
farinhas e bagaço eram usados apenas na ração animal.
Actualmente a situação está a alterar-se por influência das cozinhas
chinesa e japonesa, bem como por influência dos vegetarianos e veganos,
que encontraram na soja uma óptima fonte proteica.
O valor proteico da soja é tal que 500 g de soja são tão ricas em
proteı́nas como 1,136 kg de carne de vaca limpa ou 27 ovos. As proteı́nas
da soja são completas tais como as da carne, pois contêm todos os
aminoácidos essenciais.
É também uma das maiores fontes de nitrogénio, bem como o ali-
mento mais rico em lecitina, que tem como base o fósforo, o qual faz
parte de todas as células do organismo. É ainda um alimento rico em
potássio (2.200 mg) e nas vitaminas A, B, D e E.
Um dos derivados de soja mais utilizados é a P.V.T. (Proteı́na Vege-
tal Texturizada), conhecida também como “carne de soja”. Obtida do
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7.2 Leite de soja 7 Novos Alimentos
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7 Novos Alimentos 7.3 Tofu
7.3 Tofu
Tofu é um produto natural para a cozinha, muito apreciado devido à
sua versatilidade. É originário da China, onde foi considerado como um
alimento que promovia a longevidade.
Trata-se de um queijo, ou também requeijão, que é feito a partir do
feijão de soja. Devido à sua proteı́na, quer seja cozido, guisado, frito
ou grelhado, pode substituir a carne. É por natureza de sabor neutro.
Precisa de preparação e tempero—tal como a carne.
É digerido facilmente pelo nosso sistema digestivo o que permite a
completa absorção dos nutrientes.
O tofu é feito de um leite produzido dos feijões de soja moı́dos. Os
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7.4 Seitan 7 Novos Alimentos
7.4 Seitan
O seitan ou glúten, como por vezes também é designado, é produzido a
partir da preparação da farinha de trigo.
Faz-se primeiro uma massa, como para o pão. Esta é depois lavada,
num passador, com água corrente. Neste processo perde as gorduras e
os hidratos de carbono.
A massa lavada é então cozinhada com molho de soja (shoyu ou ta-
mari) e ganha assim uma consistência dura. Fica um preparado fibroso,
que deve ser bem cortado em fatias. O seitan é um óptimo substituto
da carne em praticamente todas as receitas e assemelha-se no aspecto.
Encontra-se à venda em lojas de produtos naturais. Geralmente o
seu perı́odo de validade é de 2-3 semanas, no entanto pode congelar-se.
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7 Novos Alimentos 7.5 Tempeh
7.5 Tempeh
O tempeh é um produto feito a partir do feijão de soja. Na produção
do tempeh os feijões de soja são descascados, demolhados e cozidos. Em
seguida, são arrefecidos e inoculados com um bolor (Rhizopus), que faz
fermentar o preparado. Da fermentação dos feijões de soja resulta a
pasta chamada tempeh. Os feijões de soja ficam aglutinados entre si
sob a forma de barras rectangulares compactas com cerca de 1,5 cm de
espessura, num processo parecido com o da produção do queijo. Depois,
permanecem cerca de 24h numa incubadora. No final deste processo, o
tempeh está pronto a consumir.
O tempeh é ainda mais rico do que o tofu, pois por este processo não
se perde nenhum nutriente do feijão de soja. Pode constituir uma fonte
essencial de proteı́nas, pois contém 19,5% de proteı́nas, ou seja, mais
50% do que os hambúrgueres normais. Não tem gorduras saturadas, é
inteiramente livre de colesterol e contém apenas 157 calorias por cada
100 gramas.
O tempeh apresenta um sabor peculiar, lembrando o sabor de aves
ou peixe, e uma textura elástica. Utiliza-se como substituto da carne em
receitas tradicionais e pode ser grelhado, frito ou estufado com vegetais.
7.6 Miso
O miso é uma pasta de soja fermentada, produzido a partir dos feijões
de soja cozidos e misturados com outros cereais. Após a fermentação dos
grãos, a mistura é salgada, obtendo-se uma pasta espessa e nutritiva.
A consistência do miso é pastosa e a cor varia entre o bege claro e
o castanho escuro, passando por toda uma gama de cores intermédias.
O sabor é intenso e relativamente salgado, assemelhando-se a avelãs.
O miso de cor clara é, normalmente, menos salgado e de sabor menos
intenso do que o mais escuro.
O miso foi inicialmente utilizado pelos cozinheiros japoneses, que
o souberam apreciar e introduzir nas suas receitas de sopas e molhos
requintados. Este constitui um excelente condimento em sopas, legumes
e verduras estufados, cereais, leguminosas, na preparação de soja e tofu,
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7.7 Molho de soja (shoyu) 7 Novos Alimentos
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7 Novos Alimentos 7.8 Levedura de cerveja
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7.9 Arroz integral 7 Novos Alimentos
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7 Novos Alimentos 7.9 Arroz integral
Por seu lado, o arroz integral deve o seu valor aos nutrientes que se
encontram na casca: fibras, vitaminas, minerais e óleos essenciais. Por
exemplo, a uma chávena de arroz integral correspondem cerca de 3,5 g
de fibra, enquanto que à mesma quantidade de arroz branco equivale
somente 1 g.
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7.10 Aveia 7 Novos Alimentos
7.10 Aveia
No norte da Europa, desde há muitos séculos que se consome aveia.
É o cereal tradicional do norte das Ilhas Britânicas, nomeadamente da
Escócia e da Inglaterra, mas também da Irlanda .
Actualmente este cereal começa a fazer parte da alimentação de po-
vos de todo o mundo. A aveia é considerada um cereal dos paı́ses frios
e húmidos, pois aumenta a resistência do organismo ao frio.
Este cereal é rico em minerais como o magnésio, o fósforo e o cálcio,
responsáveis pela formação de ossos e dentes saudáveis. É igualmente
rico em vitaminas B1, B2, B5, E e niacina. Contém ainda 13,5% de
proteı́nas, nestas se incluindo o glúten, gorduras (7%), hidratos de car-
bono complexos, que são absorvidos lentamente pelo organismo, propor-
cionando uma taxa constante de glicose no sangue, e silı́cio.
É um alimento de fácil digestão, pelo que é aconselhado a pessoas
com intensa ou baixa actividade fı́sica ou intelectual. Devido ao seu
conteúdo de fibras ajuda também a regular os nı́veis de glicose no sangue
e o apetite, o que beneficia o controlo de peso, a cardiopatia e a diabetes.
As fibras solúveis são igualmente benéficas para controlar o colesterol e
proporcionar um bom funcionamento intestinal.
Estudos recentes concluı́ram que o consumo diário de aveia integral
pode reduzir a tensão arterial. Em pacientes hipertensos, que estejam
a ser medicados para esta redução, o consumo de aveia integral pode
ajudar a diminuir as doses dos medicamentos tomados.
A aveia é geralmente consumida em flocos e pode ser usada na pre-
paração de bolos, biscoitos, pães, almôndegas, croquetes e em cereais
de pequeno-almoço. Pode ser utilizada crua, mas recomenda-se que seja
cozinhada, assada ou tostada de forma a facilitar a sua digestão e assi-
milação.
7.11 Quinoa
A quinoa, também chamada de “arroz dos Incas”, é originária da América
do Sul. Era dos alimentos de sobrevivência mais utilizados, devido à sua
riqueza nutricional, sobretudo a nı́vel proteico.
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7 Novos Alimentos 7.12 Cuscuz
7.12 Cuscuz
O cuscuz é um ingrediente tı́pico da cozinha do Norte de África, mas
que actualmente já se encontra à venda um pouco por todo o mundo.
Pela sua riqueza em hidratos de carbono, o cuscuz pode constituir um
acompanhamento diferente para quem procura uma alimentação variada
e com novos sabores. É uma óptima alternativa ao arroz, às batatas ou
à massa e também pode ser usado em saladas ou em sobremesas.
O cuscuz não é um cereal, mas um derivado do trigo que corresponde
ao endosperma, a parte interior do grão. Embora pouco comum, também
existe cuscuz derivado de farinha de arroz ou de milho. Encontram-se
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7.13 Feijão azuki 7 Novos Alimentos
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7 Novos Alimentos 7.14 Germinados
7.14 Germinados
O mais elevado ponto de vitalidade no ciclo de vida de uma planta ocorre
quando esta é um rebento, daı́ os seus benefı́cios nutricionais.
Ao germinar alguns nutrientes dos cereais e das leguminosas multiplicam-
se. É o caso da vitamina C, que é praticamente inexistente no grão de
trigo, mas que, uma vez germinado, aumenta seiscentos por cento o seu
teor.
O processo de germinação torna os nutrientes mais digerı́veis, pelo
que os rebentos causam menos gases do que os grãos que lhe deram
origem. Os rebentos são pobres em calorias, mas contêm quantidades
apreciáveis de vitaminas A e C, vitaminas do complexo B, vitamina E,
algum ferro e enzimas e proteı́nas.
Podes obter os seus rebentos fazendo uma germinação caseira: esco-
lhe as sementes ou feijões, removendo todos os que estejam danificados.
Demolha-os em bastante água morna, durante a noite (cerca de 12 ho-
ras). Escorre bem a água e mete-os num frasco de boca larga, tapando
com um algodão ou outro material poroso. Guarda o frasco num local
escuro e quente (temperatura ambiente), mas não exposto directamente
ao sol. Duas vezes por dia passa as sementes por água fresca, e escorre
ou retira o excesso de água. As sementes de cereais rebentam em 2 a
3 dias, os feijões e as lentilhas demoram 5 a 6 dias a germinar. Nessa
altura podem ser colhidos.
Podes conservá-los no frigorı́fico durante 4 dias, depois de lavados.
Servem para as mais diversas preparações culinárias. Podem ser consu-
midos crus, em saladas e sanduı́ches, misturados com outros legumes,
salteados, adicionados a molhos, e de outras formas que a tua imaginação
sugerir.
7.15 Algas
As algas marinhas fazem parte da alimentação de muitos povos, como
os chineses e os japoneses. Entre os ocidentais, são consumidas princi-
palmente pelos vegetarianos e macrobióticos.
As algas são uma excelente fonte de iodo, mineral essencial ao cor-
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7.15 Algas 7 Novos Alimentos
Tipos de algas:
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7 Novos Alimentos 7.15 Algas
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7.16 Sementes de sésamo 7 Novos Alimentos
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7 Novos Alimentos 7.17 Alfarroba
7.17 Alfarroba
Alfarroba é uma planta da famı́lia das leguminosas, cujas sementes são
utilizadas para preparar um pó que substitui o cacau em muitas recei-
tas. A goma é usada como espessante em iogurtes e outros alimentos
industrializados.
Tem um sabor adocicado, de chocolate amargo, que substitui o ca-
cau. É uma vagem comestı́vel, de cor escura (entre o castanho e negro),
que pode ter entre 10 e 25 cm de comprimento e demora um ano a
amadurecer.
É anti-diarréica, estimulante, laxativa, mineralizante, nutritiva e abre
o apetite. Tem sido usada contra a gastroenterite das lactantes, falta
de apetite, anemia, convalescença, para tratar desordens do foro intes-
tinal (diarreias e obstipação, dependendo do modo como for preparada)
e para regular a digestão.
Não foram encontradas quaisquer contra-indicações, mas deve, con-
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7.17 Alfarroba 7 Novos Alimentos
tudo, ser consumida em doses moderadas, uma vez que contém grandes
quantidades de taninos que, tal como o café e o cacau, inibem a absorção
de proteı́nas pelo organismo.
Os frutos são nutritivos, devido ao seu alto teor de açúcar, adocicados
e ligeiramente laxantes. As sementes podem ser trituradas e usadas em
substituição do chocolate praticamente em todas as receitas. O pó das
sementes contém pectina, boa para regular a digestão.
Os frutos devem ser conservados em sacos plásticos ou de papel, bem
fechados. As sementes em sacos de papel ou pano, bem fechados.
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Capı́tulo 8
Uma das questões que mais atormenta os que dão os primeiros passos
no vegetarianismo ou aqueles que convivem com os vegetarianos é saber
como substituir a carne. O consumo de carne está tão enraizado na
nossa cultura que, à primeira vista, pode parecer impossı́vel dispensá-
la da alimentação. Na verdade, herdámos hábitos não questionados há
séculos.
É também generalizada a ideia de que só em alimentos de origem
animal se podem obter as proteı́nas necessárias. No entanto, de um
modo geral, todos os alimentos vegetais contém algumas proteı́nas. A
única diferença é que na carne as proteı́nas são completas, isto é, com
todos os aminoácidos essenciais.
O nosso corpo consegue sintetizar a maioria dos aminoácidos, mas
oito deles (leucina, isoleucina, valina, treonina, metionina, fenilalanina,
triptofano e lisina) devem obter-se através da alimentação. Actualmente
sabe-se que o nosso corpo consegue combinar os aminoácidos provenien-
tes de diferentes refeições para produzir proteı́nas completas. Por isso,
através de uma alimentação vegetariana não é difı́cil fornecer proteı́nas
completas ao organismo, bastando para tal fazer uma dieta variada.
Em vegetais, frutas, leguminosas e cereais podemos obter os nutri-
entes de que o nosso organismo necessita, incluindo as proteı́nas.
A soja (proteı́na de soja texturizada) em cubos, granulada ou em
bifes é considerada um alimento completo a nı́vel proteico uma vez que
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8 Como substituir a carne?
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Publicações galaxia-alfa.com
1. Introdução ao Vegetarianismo
2. Receitas Vegetarianas
3. Natal Vegetariano
4. Receitas para Coisas Doces
5. Soja e companhia: 69 receitas
www.centrovegetariano.org
* Pelo conhecimento, pela educação, por um mundo melhor *
Mais do que apenas uma dieta ou opção alimentar, ser vegeta-
riano é uma forma de estar na vida, de se sentir bem com o
seu corpo e de coexistir em harmonia com a natureza e com
o mundo. É uma opção mais saudável, mais económica, mais
humana e natural.
Neste livro apresentam-se e descrevem-se as principais razões
para ser vegetariano—as de saúde, as éticas, as ecológicas, e
mesmo as religiosas—, dicas para mudar, e informações que serão
úteis aos leitores que queiram fazer a mudança, ou simplesmente
conhecer melhor esta filosofia e forma de estar na vida.