H äBERLE, Peter - Estado Constitucional Cooperativo
H äBERLE, Peter - Estado Constitucional Cooperativo
H äBERLE, Peter - Estado Constitucional Cooperativo
Peter Haberle
RENOVAR
Rio de Janeiro
So Paulo
Recife
2007
Cttpj' I!!!W
Todos os direitos reservados LIVRARIA E EDITORA RENOVAR LTDA. MATRIZ: Rua da Assemblia, 10 / 2.421 -Centro- RJ CEP: 20011-901 - Tel.: (21) 2531-2205 - Fax: (21) 2531-2135
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0972
CIP-Brasil. Catalogao-na-fonte Sindicato Nacional dos Editores de Livros, RJ. Hberle, Peter Hl01e Estado constitucional cooperativo I Peter Hberle. -Rio de Janeiro: Renovar, 2007. 78p.; 21cm. Inclui bibliografia. ISBN 978857147-624-0
Nota introdutria
Com grande satisfao disponibilizamos ao leitor brasi leiro o ensaio do Prof. Peter Haberle Der Kooperative Ver fassungsstaat. A traduo se deu do original alemo publi cado no Festschrift para Helmut Schelsky (Recht und Ge sellschaft. Orgs. Friedrich Kaulbach e Werner Krawietz, Berlin: Duncker & Humblot) e tambm na coletnea Ver fassung ais offentlicher Prozess (Berlin: Duncker & Hum blot). A pedido do autor foram inseridos comentrios s novas Constituies de alguns pases da frica, sia e do leste Europeu. Peter Haberle tem um lugar assegurado na galeria dos grandes juristas alemes. Membro de uma gerao que re novou o direito constitucional alemo no segundo ps guerra, os textos do Prof. Haberle so hoje conhecidos em diversos pases do mundo. Para ns uma honra poder manter um dilogo acadmico com to ilustre pensador e poder contar com sua ateno, disponibilidade, interesse e apoio na realizao de novas pesquisas em torno do chama do Estado Constitucional Cooperativo. O ttulo desse livro instigante. Ele remete o leitor para uma reflexo sobre o Estado Constitucional em outras bases. Ao escrever que "o Estado constitucional cooperati vo se coloca no lugar do Estado constitucional nacional",
Haberle nos faz pensar que o direito constitucional deve se debruar sobre esse novo fenmeno poltico-jurdico, con sistente, no mais, em um Estado fechado, como outrora foi o Estado constitucional nacional, mas em um Estado "aberto", ou "ps-nacional", que caracteriza o Estado cons titucional cooperativo. So muitas as implicaes desse novo entendimento. O direito constitucional de um Estado constitucional coope rativo no trabalha mais sob o pressuposto do dogma da soberania nacional, entendida como elemento absoluto da ordem jurdica vlida. Essa relativizao, promovida pela prpria Constituio, desloca a interpretao do texto constitucional, pois o passa compreender no mais como um texto isolado e total, mas aberto, cooperante e integra do em uma rede de outros textos constitucionais que tam bm, com o mesmo propsito, no se compreendem mais como isolados e absolutos. No caso do direito constitucional brasileiro, o conceito de Estado constitucional cooperativo altera a nossa com preenso no s sob a perspectiva das relaes que o pas mantm com outros pases, mas tambm da composio da estrutura interna da nossa sociedade. Definida como plu ral, pois constituda por diversos grupos sociais e raciais, a no realizao do Estado Nacional, entendido como meca nismo de homogeneizao das condies de vida, faz com que hoje ele nem mesmo seja bem vindo pelos grupos que lutam por espaos de cidadania. A cidadania que se quer no mais aquela constituda nos moldes do tradicional Es tado Nacional homogeneizante e negador das diferenas. A cidadania do Sculo XXI ir procurar combinar igualdade de oportunidade com respeito diferena. A tarefa dif cil, mas esse o desafio do direito constitucional do Estado constitucional cooperativo.
Por fim, gostaramos de registrar que essa traduo e as pesquisas em torno do Direito constitucional do Estado constitucional cooperativo esto vinculadas ao Ncleo de Pesquisa em Direito Constitucional - NUPECONST, da UniBrasil, em Curitiba. Curitiba,
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de Setembro de 2006.
A iniciativa da publicao em portugus deste ensaio partiu, generosamente, do Prof. Dr. Marcos Augusto Ma liska, Adjunto de Direito Constitucional da UniBrasil, em Curitiba, a quem tive a oportunidade de conhecer pessoal mente quando da minha viagem ao Brasil (Porto Alegre e Florianpolis, respectivamente), no outono de 2005. At ento eu apenas o conhecia por meio de seus escritos (MA LISKA, Marcos Augusto. O Direito Educao e a Consti tuio. Porto Alegre: Fabris, 200 l), uma monografia publi cada em forma de livro, na qual os fundamentos tambm recebem ateno na Alemanha e, mais recentemente, sua tese de doutorado, em parte publicada em forma de livro sob o ttulo Estado e Sculo XXI. A integrao supranacio nal sob a tica do direito constitucional (Rio de Janeiro: Re novar, 2006), que enfrenta temas relacionados com o con ceito "Estado Constitucional Cooperativo". O autor agradece profundamente ao Prof. Maliska pela propositura e, juntamente com a Sra. Elisete Antoniuk, pela realizao da traduo, que , para ele, uma grande honra, pois aps inmeras publicaes em outros pases da Amrica Latina, a saber, Mxico, Peru e Colmbia, surge
tambm agora no Brasil interesse por suas investigaes cientficas. Anteriormente, foi publicada no Brasil a tradu o do ensaio Die offene Gesellschaft der Verfassungsinter preten (HBERLE, Peter. Hermenutica Constitucional. A sociedade aberta dos intrpretes da Constituio. Porto Alegre: Fabris, 1997) organizada e orientada pelo Ministro Vice-Presidente do Supremo Tribunal Federal Prof. Dr. Gilmar Ferreira Mendes. Esto previstas tradues junto a Editora Fabris, de Porto Alegre, de Wahrheitsprobleme im Verfassungsstaat (1993), edio mexicana de 2006: Ver dad y Estado Constitucional, assim como o volume Der Verfassungsstaat, (Cidade do Mxico, 2001), orientada pelos Professores D. Valads e H. Fix-Ferro da UNAM (Universidade Nacional Autnoma de Mxico), respecti vamente, e pelo Professor G. Belaunde (Lima, 2003). Tem crescido, nos ltimos anos, na Alemanha o interes se pela Amrica Latina. De igual modo so muitos os inter cmbios entre professores de Direito Pblico alemes e la tino-americanos, no sem antes, por fim, com o apoio da Fundao Konrad Adenauer, de Montevidu. O Princpio da especificidade cultural (Der kulturwissenschaftliche An satz), que desde 1979 encampado pelo autor, tem ajuda do as naes latino-americanas, apesar de todas as recep es criativas de standards comuns europeus, a manter, em seus textos constitucionais, de forma autnoma, os seus contextos culturais. As recepes dizem respeito Trade: textos constitucionais, jurisprudncia e doutrinas cientfi cas, que cooperam em complexos processos. A Constitui o Brasileira de 1988, sempre exemplar em muitos aspec tos, - eu a homenageei quando, como convidado da Asso ciao portuguesa de Professores de Direito Pblico, reali zei a Conferncia de Abertura em comemorao aos trinta anos da Constituio portuguesa de 1976, ocorrida em Lis boa em abril de 2006 (ver: EuGRZ 2006 p. .. , no prelo)-
pode aprender com os paradigmas cientficos da "antiga Europa" sem perder sua autonomia constitucional e sua identidade cultural. Isso pode valer, em especial, para a idia de "Estado Constitucional Cooperativo", pois ela vin cula o pas, no apenas no sentido de um "Direito Consti tucional comum americano" (Gemeinamerikanisches Ver fassungsrecht), desenvolvido por mim, (ver: JoR 52 (2004), p. 581 e seg.) a outras naes do continente, mas tambm a outros Estados Constitucionais do mundo como um todo.
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O paradigma do "Estado Constitucional Cooperativo" foi desenvolvido primeiramente pelo autor, entre 1977 e 1978, por ocasio da publicao do ensaio com o mesmo nome no Festschrift para Schelsky (1978, p. 141 e seg.; tam bm em Verfassung als offentlicher Prozess, 3a ed., 1998, p. 407 e seg.) e da contribuio para discusso no Simpsio dos Professores alemes de Direito Pblico, ocorrido na Basilia em 1977 (VVDStRL 36, 1978, p. 129 e seg.). O paradigma proposto tem angariado ateno junto literatu ra cientfica na Alemanha e, tambm, na Sua e entremen tes, talvez, tenha maturado para uma nova "palavra chave" (Schlsselwort) (ver, mais recentemente, M. Kotzur, Grenznachbarschaftliche Zusammenarbeit in Europa, 2004; L. Michael, Rechtsetzende Gewalt im kooperierenden Verfassungsstaat, 2002; H. -R. Horn, Generationen von Grundrechten in Kooperativen Verfassungsstaat, foR 51 (2003), p. 663 e seg.). Novos paradigmas cientficos sem pre so, na perspectiva da cincia uma "eterna procura pela verdade" (ewiger Wahrheitsuche), como propugna W. von Hurnboldt, apenas de natureza provisria. Propostas teri cas precisam submeter-se a constantes crticas. Aqui se
aplica o racionalismo crtico de Sir Popper. Todavia, um paradigma cientfico tambm pode manter-se vlido por longo tempo. Um exemplo disso a conhecida Teoria dos Elementos do Estado (Staatselementelehre) de G. Jellinek, que hoje precisa se submeter a uma reviso- nota: Cultura como "quarto" elemento do Estado, relativizao dos con ceitos "soberania", "povo" e "territrio" nos limites da Unio Europia: cidadania europia, Protocolo-Schengen, isto , fim do controle de pessoas nas fronteiras bem como o surgimento de uma importante jurisdio constitucional europia em Luxemburgo e Strassburgo. O conceito "Estado Constitucional Cooperativo" pode "sobreviver" tambm, por muito tempo, no discurso cien tfico, pois ele ainda hoje enseja desenvolvimentos que ca racterizam mundialmente os Estados Constitucionais do nosso tempo. Isto se mostra em novos textos constitucio nais correspondentes como, por exemplo, da Sua e da Amrica do Sul. Cite-se a Constituio Federal Sua de 1998: "Independncia e Paz em solidariedade e abertura para o mundo" (prembulo), "Convivncia pacfica entre os povos" (art. 54, pargrafo 2). Na Amrica Latina, pionei ro o art. 151 da Constituio da Guatemala de 1985, que dispe: "O Estado da Guatemala mantm relaes de amizade, solidariedade e cooperao com outros Estados, que de senvolvam programas ecolgicos, sociais e culturais anlogos aos da Guatemala, com a finalidade de encon trar solues para problemas comuns e polticas comuns para o bem dos Estados". Elementos de cooperao encontram-se, tambm, na realidade constitucional e no dia-a-dia da poltica. Assim advertiu o Presidente da Costa Rica Oscar Arias em sua
visita a Alemanha, em junho de 2006, em face de um isola mento da Amrica Latina com as seguintes palavras: "Para o resto da Amrica Latina seria um erro seguir o isolamento (como a Venezuela), ao invs de se integrar comunidade internacional" (FAZ de 10 de junho de 2006, p. 4). Desta forma, a publicao em portugus deste pequeno estudo do ano de 1978 pode trazer novas perspectivas e alcanar dois objetivos: talvez estimular a discusso pro priamente no Brasil e produzir maior cooperao cientfica entre os Professores de Direito Pblico brasileiros e ale mes. Entrevistas cientficas, como a que est sendo plane jada pelo colega brasileiro Prof. Dr. I. W. Sarlet com o au tor nessas semanas, so especialmente propcias, pois se constituem em um frum aberto (ver: D. Valads (Org.) Conversaciones Acadmicas com Peter Hberle, UNAM, 2006). Confirmo e renovo os meus agradecimentos ao Prof. Maliska e, igualmente, agradeo Editora Renovar que ou sar na publicao deste estudo. Bayreuth/St. Gallen, em Junho de
2006.
Sumrio
a) Conceituao
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.................. . .. . . . .
.......
13 18
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3 . Motivos e pressupostos
4. Limites e perigos
Captulo 11
........................
.......................
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44 47 47
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Captulo 111 Conseqncias terico-constitucionais 1. Redefinio das fontes do Direito e da teoria da interpretao . . . . . ..
. . . . . . . . . . . . ... . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
61 63 65 70
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Lista de abreviaturas
AJI L Anm. AR BayVBL BGBL BGHZ BVerfG E DOR DIP D OV DVB EFTA EG
The American Journal of international Law Anmerkung (observao) Archiv des ffentlichen Rechts (Arquivo de Direito Pblico) Bayerisches Verwaltungsblatt (Peridico bvaro de Direito Administrativo) Bundesgesetzblatt (Coletnea oficial de leis federais alems) Entscheidungen des Bundesgerichtshof in Zivilsachen (Decises do Tribunal Federal alemo no mbito civil) Entscheidungen des Bundesverfassungsgerichts (Decises do Tribunal Constitucional Federal alemo) Deutsche Demokratische Republik ( Repblica Democrtica Alem - antiga Alemanha Oriental) Direito Internacional Pblico Die Offentliche Verwaltung Zeitschrift (Peridico da administrao pblica) Deutsches Verwaltungsblatt (Peridico alemo de Direito Administrativo) European Free Trade Association Europeische Gemeinschaft (Comunidade Europia)
= Europiiische Gemeinschaft fur Kohle und Stahl (Comunidade Europia de ao e carvo) = Europiiische Menschenrechtskonvention (Conveno Europia de Direitos Humanos) = Europiiische Gerichtshof (Tribunal Europeu) = Europiiische Grundrechte Zeitschrift (Peridico sobre Direitos Fundamentais europeus) = Europiiischer Wirtschaftsgemeinschaftsvertrag (Tratado Europeu da Comunidade Econmica) = Frankfurter Allgemeiner Zeitung (Jornal de Frankfurt) =Allgemeines Zoll- und Handelsabkommen (Acordo sobre comrcio e aduana)
=
G rundgesetz ( Lei Fundamental alem) Internationaler Gerichtshof (Corte Internacional) l nternational Labour Organization (Organizao Internacional do Trabalho- OIT) Jahrbuch des ffentlichen Rechts der Gegenwart. Neue Folge. (Anurio de Direito Pblico da Atualidade . Nova S rie .) Juristenzeitung (Peridico dos Juristas) Konferenz ber S icherheit und Zusammenarbeit in Europa (Conferncia sobre a segurana e colaborao internacional na Europa)
JZ KS ZE
Neue Juristische Wochenschrift (Revista jurdica semanal) Organization for Economic co-operation and development
SZ
UNCTAD =Conferncia de Desenvolvimento e Comrcio I nternacional das Naes Unidas UNDP UNIDO =United Nations Development Program =United Nations Industrial Development Organization
VerwArch =Verwaltungsarchiv (Arquivo de Direito Administrativo) VVDStRL =Veroffentlichungen der Vereinigung der Deutschen S taatsrechtslehrer (Publicaes da Unio dos Professores de Direito Publico alemes) . WEU WI B ZaoRV =Westerns European Union =Woche im Bundestag (A S emana no Parlamento) = Zeitschrift fr Auslandisches offentliches Recht und Volkerrecht (Revista de Direito Pblico e I nternacional estrangeiros) .
Captulo I
O tipo do Estado Constitucional ocidental livre e democrtico 1 no , como tal, imutvel. Sculos fo ram necessrios para se moldar o " conjunto" dos ele mentos estatal e democrtico, de direitos fundamen tais individuais e, por fim, sociais e culturais, e o fu turo continuar a desenvolv-los. Suas caractersticas singulares so concebidas pela Teoria Constitucional em uma aproximao dos conceitos com a realidade 2 ;
I Para uma compreenso de suas caractersticas estruturais, ver: Badura, Evang. Staatslexikon, 2 ed., 1 97 5 , p. 2 708 e seg.; K. Hesse,
1 0 ed., 1 977, p. 5 e seg., 85 e seg. S obre isso ver P. Haberle, AoR 99 ( 1 9 74) , p. 437 e seg. (em especial p. 442 e seg . ) ; 1 00 ( 1 975), p. 3 33 (3 3 7 e seg.) ; 1 02 ( 1 9 7 7) , p. 2 7 e seg.
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outras cincias tm realizado o trabalho de ligao, como a Economia Poltica e a Teoria Econmica In ternacional, e tambm a Teoria das Relaes Interna cionais. H uma percepo de que o Estado Consti tucional do Direito Internacional e ntrou em uma nova fase: o entrelaamento das relaes internacio nais, objeto do S impsio de Direito Constitucional realizado na Basilia em 1 9 7 73, ganhou intensidade, extenso e profundidade, de forma que o Estado Constitucional ocidental precisa reagir adequada mente. Nesse sentido proposto o conceito Estado Constitucional Cooperativo. O Estado Constitucional ocidental concebido como tipo atual, e a sua existncia como tal que permite, nesse quadro, modificaes em uma exten so consideravelmente varivel : decisiva sua estru tura constituda, ou seja, juridicamente delimitada, e decisiva sua estrutura aberta tanto para dentro como para fora 4 Ela garantida pela democracia plu ralista, por direitos fundamentais, por elementos da diviso dos poderes que devem ser ampliados no m bito da sociedade 5 , e por um Poder Judicirio inde pendente.
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Verfassungsentscheidung des Grundgesetzes fr eine internationale Zusammenarbeit, 1 967, p . 36 e seg; Zuleeg, D OV, 1 97 7 , p. 4 62
Relatrio de Tomuschat e R. Schmidt, WDStRL 36 (1 978) , p. 7 e seg.; ver tambm Bernhardt und Zuleeg, DOV 1 977, p. 4 5 7 e seg., 462 e seg.; G rabitz, DVBl. 1 977, p. 786 e seg . 4 Princpio constitucional da abertura estatal: Klaus Vogel, Die
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(465) . Ver tambm Isensee, WDStRL 32 ( 1 9 74) , p. 49 (57 e seg.) 5 Sobre isso o festejado Schelsky, Systemberwindung, Demokra2
O aspecto ideal-moral (expresso por meio de dis posies constitucionais como " cooperao interna cional " ou "responsabilidade ", "paz no mundo", "Di reitos Fundamentais como fundamento de toda socie dade humana ", Art. l 01 2 GG, Declarao Univer sal Cn dos Direitos Humanos etc . ) , que deve ser com preendido juntamente com o aspecto sociolgico-eco nmico, de forma "terico-estatal " 6 , vincula-se a mui tos outros aspectos : o fundo dos mares como "bem co mum da humanidade " 7 , a escassez dos substratos eco nmicos (matria-prima, energia, gneros aliment cios) , dos recursos e a situao social das pessoas dos pases em desenvolvimento, obrigam os Estados a uma responsabilidade comum. O Estado Constitucional se depara com ela, "interna como externamente " , com uma crescente cooperao que se amplia e se intensi fica. Cooperao s er, p ara o Estado Constitucional, uma parte de sua identidade que ele, no interesse da "transparncia constitucional " , n o apenas deveria praticar como, tambm, documentar em seus textos j u rdicos, em especial nos documentos constitucio nais . Uma comparao entre os Estados Constitucio-
tisierung und Gewaltenteilung, 1 9 73, p. 55 e seg.; e minha Confern cia em AoR 1 00 ( 1 9 75) , p. 64 5 (648 e seg.). 6 Ver abaixo a nota de ropad n 42. 7 P ara uma problematizao, c omparar Graf Vitzthum, Der Rechtsstatus des Meeresbodens, 1 972; J. Westphal, Neues Seerecht nicht ohne Schlagseite? em: FAZ, de 3 1 de Outubro de 1 9 77, p . 9; Dicke, em: Ged. Schrift f. Klein, 1 97 7, p. 65 e seg.
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nais mostra que, nesse sentido, eles so ainda bem di ferentes "no aspecto cooperativo" 8. " Estado Constitucional Cooperativo" o Estado que j ustamente encontra a sua identidade tambm no Direito Internacional, no entrelaamento das rela es internacionais e supranacionais, na percepo da cooperao e responsabilidade internacional, assim como no campo da solidariedade 9. Ele corresponde, com isso, necessidade internacional de polticas de paz.
8 Comparar a enumerao das constituies cooperativamente abertas abaixo, na nota de rodap n 1 23 e seg. 9 S obre isso se encontram princpios sob a perspectiva do Direito Internacional na qualificao da Carta de Direitos Econmicos e Obri gaes dos Estados de 1 974, em que Tomuschat, ZaoRV 36 ( 1 9 76) , p. 44, constata que a Carta reconhece "um princpio de solidariedade internacional, no qual ela confere aos pases desenvolvidos uma res ponsabilidade geral perante os pases em desenvolvimento "; sobre isso tambm Petersmann, ZaoRV 36 (1976) , p. 492 (496) : "O Direi to Internacional Econmico neoliberal deve ser completado com um Direito Comunitrio redistributivo e solidrio (por exemplo, tambm segurana econmica internacional para assegurar a economia coletiva no fornecimento de energia e alimentao) e deve ser introduzido um desenvolvimento poltico do Direito Internacional, que ocorra com plementarmente ao desenvolvimento antes iniciado do Estado liberal do tipo "guarda noturno" para atingir um Estado de bem estar social, bem como complementao dos direitos humanos civis e polticos atravs dos direitos humanos econmicos e sociis e que, em parte, uma dependncia necessria do Direito Econmico Internacional do Direito Nacional de Conduo da Economia" . Scheuner, 5 0 Jahre Volkerrecht, em: Fnfzig Jahre lnstitut fr internationales Recht an der Universitiit Kiel, 1 965, p. 53 e seg . , mostra que pensamento de uma solidariedade internacional no novo.
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Cooperativo
O ponto de partida das consideraes seguintes a apresentao do Estado Constitucional Cooperativo 1 0 como uma forma do Estado Constitucional ocidental, que integra este como tipo e como ideal relativo no Di reito Internacional Comunitrio, de maneira que cum pra, de forma elstica, suas tarefas atuais e futuras .
a) Conceituao
As formaes conceituais de uma Teoria Constitu cional devem refletir no apenas o real, o j segura mente alcanado. Elas devem estar em condies, como pr e ps-forma de desenvolvimentos polticos (no sentido da Poltica cientfica de reservas) , a aco lher e processar possveis desdobramentos futuros . O Estado Constitucional Cooperativo no apenas uma possvel forma (futura) de desenvolvimento do tipo "Estado Constitucional"; ele j assumiu conformao, hoje, claramente, na realidade e , necessariamente, uma forma necessria de estatalidade legtima do ama nh 1 1 .
lO Para este conceito ver a minha contribuio para a discusso em VVDStRL 3 6 ( 1 9 78 ) , p. 1 29 e seg., 1 63; Concordando, entre outros: Kopp, H.-P. S chneider, acima; Tomuschat entende o conceito na dis cusso acima como "pondervel" . li Para o concurso d e pensamentos sobre possibilidade, realidade e necessidade ver a minha contribuio: Demokratische Verfassungs theorie im Lichte des Moglichkeitsdenkens, AoR 1 02 ( 1 9 7 7 ) , p. 2 7 e seg. 5
conceito "Estado Constitucional" somente pode ser esboado aqui como o Estado em que o poder p blico juridicamente constitudo e limitado atravs de princpios constitucionais materiais e formais : Direi tos Fundamentais, Estado Social de Direito, Diviso de Poderes, independncia dos Tribunais, - em que ele controlado de forma pluralista e legitimado de mocraticamente. o Estado no qual o (crescente) po der social tambm limitado1 2 atravs da "poltica de D ireitos Fundamentais " e da separao social (por exemplo, "publicista ") de poderes13. O Estado Consti tucional o tipo ideal de Estado da "sociedade aber ta" 1 4 . Abertura tem, tambm, uma crescente dimen so internacional ou "supranacional "- dela faz parte a responsabilidade. O Estado Constitucional cooperativo trata, ativa mente, da questo de outros Estados, de instituies internacionais e supranacionais e dos cidados "estran geiros " : sua " abertura ao meio" uma " abertura ao mundo" ( cf. art. 4 da Constituio do Jura) 1 5 . A coo perao realiza-se poltica e juridicamente . Ela , so b retudo, um momento de configurao. O Estado Constitu cional Coo p e r ativo " corre s ponde " a deO
1 2 Ver meu colqui o Loewenstein, J Z 1970, p . 196 e seg . e VVDStRL 30 (1972), p . 43 (56). 1 3 Ver Schelsky (Nota rodap n 5), p. 84 e seg., e minha Confern cia Ao R 100 (1975), P. 645 (648 e seg. ) . 1 4 Alm disso, em conexo com Popper, minha contribuio, JZ 1975, p. 297 e seg., D OV 1976, p. 73 e seg. 1 5 Comparar abaixo a nota de n 136. (Trata-se da Constituio da Repblica e do Canto Jura, pertencente Confederao Sua . N.T. )
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senvolvimentos de um " Direito Internacional coopera tivo" 1 6 . O o p o s to tpico ideal (em part e , a inda "tpico real"n ao Estado Constitucional Cooperativo - den tro do espectro do tipo Estado Constitucional - o Es tado Constitucional "egosta", individualista e, para fora, "agressivo"; externamente a esse espectro, o Es tado Totalitrio com "sociedade fechada" (ex-Unio Sovitica) e/ou o Estado "selvagem " (pases em desen volvimento como U ganda) . Contendo o modelo elementos exemplares (aqui: de cooperao) , ele desempenha, atravs de sua con cepo ideal, um efeito (exemplar) positivo direta mente na realidade, ainda que esta esteja " por vir" . Esse processo "modestamente" otimista 1 7 , tambm, legtimo sob pontos de vista terico-cientficos, con tanto que ele se racionalize e no ceda a um "otimismo eufrico" - que, geralmente, como se sabe, ameaa em se transformar no oposto a "bons " modelos diretrizes e institutos .
1 6 Sobre isso Kimminich, Einfhrung in das Volkerrecht, 1975, p. 83 seg.; Verdross/Simma, Universelles Volkerrecht, 1976, p. 59 e seg., 251 e seg. 1 7 De outra forma, ver Schelsky, citado na nota de rodap n 5, p. 17 e seg.; tambm as minhas reservas, A O R 100 (1975), p. 645 (650); para a problemtica tambm Stolleis, VerwArch 1974, p.1 (15 com a nota de rodap n 69).- Assim como se precisou do "pensa mento utpico" para a superao do Estado "selvagem" (wilden) para o Estado Constitucional (Th. Morus), a sua tese tambm o necessita para a relativizao do Estado Constitucional como Estado Constitu cional nacional: ver Grabitz, DVBl, 1977, p. 786 (794).
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Em muitos aspectos, o Estado Constitucional coo perativo " ainda " no chegou a uma realidade comple ta. Principalmente na estrutura, processos, tarefas e competncias cooperativas, so reconhecidas apenas nuances, formaes fragmentrias ou arriscadas e pre crias. Entretanto, essa constatao no se revela em obstculo, e sim, puro estmulo para futuros trabalhos no " modelo" de um Estado Constitucional cooperativo - um modelo livre que tambm est exposto a perigos por parte dos indomveis Estados ("selvagens ") , auto ritrios e antidemocrticos, que revelam uma ambiva lncia na relao entre Estado Constitucional e rela es internacionais 1 8.
b) A mudana do Direito Internacional e do Estado Constitucional no quadro da Cooperao
O momento participativo da e na cooperao pos sui um l ado processual jurdico-formal: o Proce dere (disposio para uma ao comum, para " ajuste s " , acordos e at para Tratados e Instituies slidas) , e tambm um lado Qurdico-) material: objetivos solid rios realistas como "Friede in der Welt" (Paz no Mun do) , "justia social", desenvolvimento de outros pa ses, direitos humanos 1 9.
1 8 S obre o perigo desse "declive" (Geflles) apontou Zacher na dis cusso na Basilia: WDStRL 36 (1978), p. 134 e seg.; ver tambm a sada dos Estados Unidos da I LO (FAZ de 01!12/1977). 1 9 A Unio S ovitica, como cooperante de forma limitada, faz-se desacreditar como limitadamente cooperativa ao se excluir de proje tos internacionais de desenvolvimento em prol do terceiro mundo.
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Ambos os lados andam juntos. Geralmente o pro cesso cooperativo precisa preceder ao outro, pois o nico denominador sobre o qual se coopera e poss vel uma unidade: o dissenso sobre objetivos prticos (ainda) muito grande. Em razo disso, valoriza-se o as pecto "formal". Cooperao comea por contatos pon tuais como, por exemplo, dilogo, passa pela negocia o e termina com "um estar disposio do outro" (em contrato). de se supor o limitado "recurso" ao conceito de "Federalismo Cooperativo"20. Em certo sentido, o Es tado Constitucional Cooperativo indica pr-formas de estruturas federais, processos, competncias e tarefas. Mas tais analogias devem ser cuidadosamente conside radas em face do carter utpico de um "Estado Fede ral mundial". O Estado Constitucional cooperativo vive da cooperao com outros Estados, comunidades de Estados e organizaes internacionais. Ele conserva e afirma isso a despeito de sua identidade, mesmo frente a essas confirmaes. Ele toma para si as estru turas constitucionais do direito internacional comuni trio sem perder ou deixar esvair, completamente, seus prprios contornos. Ele d continuidade "cons tituio" do Direito Internacional Comunitrio sem supervalorizar as possibilidades deste. Ele assume res-
20 Para isso talvez Kisker, Kooperation im Bundesstaat, 1971; do mesmo, Kooperation zwischen Bund und Liindern in der Bundesre publik Deutschland, D OV 1977, p. 689 e seg; K. Hesse (Nota de rodap n 1), p. 90 e seg. (95 e seg.); minha conferncia em DVBl. 1977, p. 869 (870); Esterbauer, Kriterien joderativer und Konfodera tiver Systeme, 1976 , p. 41 e seg., 97 e seg.
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ponsabilidades com outros Estados como, por exem plo, no "dilogo entre Norte-Sul", para uma ao glo bal, sem querer ou deixar ocultar sua responsabilidade individual. Ele desenvolve, antes de tudo,- j textual mente -processos, competncias e estruturas "inter nas" e se impe tarefas que fazem jus cooperao com "foras externas", e ele se abre a elas de tal manei ra que se pe em questo a distino entre "externo" e "interno", a ideologia da impermeabilidade e o mono plio das fontes do direito21. Ele trabalha no desenvol vimento de um "Direito Internacional cooperativo"22: a caminho de um "Direito Comum de Cooperao". O Estado Constitucional Cooperativo a resposta
interna
do Estado Constitucional ocidental livre e de mocrtico mudana no Direito Internacional e ao seu desafio que levou a formas de cooperao. Ele consti
tuiria uma mudana constitucional "de fora", se essa idia no fosse duvidosa em razo de seu esquema in terno/externo. Estados Constitucionais e Direito In ternacional ou relaes internacionais influenciam-se
21 Para uma anlise crtica ver P. Hiiberle, Zur gegenwartigen Dis kussion um das Problem der Souveranitat, AoR 92 (1967), p. 259 e seg. (271, 283). 22 Kimminich, Einfhrung in das Volkerrecht, 1975, p. 83 e seg. (Funktion und Zielsetzung des gegenwiirtigen Volkerrechts: Frieden und Zusammenarbeit), p. 88: "Assim, por fim, desgua o direito de coexistncia em um direito de cooperao harmnico"- com refern cia (p. 86) a W. Friedmann, The ChangingStructure of lnternational Law, London, 1964, p. 60 e seg. e o conceito desse "Volkerrecht der Zusammenarbeit" (Direito Internacional da Cooperao); ver tam bm Krieles, Votum fr ein "System globaler Kooperation" (Einfh rung in dieStaatslehre, 1 975, p. 1 3).
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hoje, tambm, mutuamente, em suas mudanas - a doutrina dos "dois mundos" ou dos "dois reinos" tor na-se questionveF3- e ambos so, simultaneamente, sujeito e objeto dessa mudana. O Estado Constitucio nal aberto somente pode existir, a longo prazo, como Estado cooperativo, ou no um Estado "Constitucio nal" Abertura para fora se chama cooperao. Ao con trrio, essa combinao leva a que, no melhor dos ca sos, os Estados cada vez mais se constituam: pois os mesmos colocam-se sob presso do constitudo- e ain da constituinte- Direito Internacional comunitrio e da "engajada" fora do Estado ConstitucionaF4, sem prejuzo da mencionada - negativa- "situao de de clive". Nesse ponto, hoje o Estado Constitucional e o Di reito Internacional transformam-se em conjunto. O Direito Constitucional no comea onde cessa o Direi to Internacional. Tambm vlido o contrrio, ou seja,
23 Ver Scheuner, WDStRL 19 (1961), p. 152 (Discusso): Direito Internacional como "direito comum vlido entre os Estados" (em contrrio teoria dualista, para a qual o Direito Internacional e o Di reito Constitucional so "dois mundos separados"); ver tambm J.H. Kaiser, citado acima, p. 151: "terreno jurdico comum", que se esten de alm das fronteiras do Direito Internacional e do Direito Nacio nal". 24 Para isso R. Schmidt, WDStRL 36 (1 978), p. 67; ver tambm Scheuner (Nota de rodap n 9), p. 53: "A ordem jurdica internacio nal produz efeitos mais intensos sobre os Estados individuais, at mes mo sobre o crculo da ordem jurdica interna. Alm disso, porm, dis pem tambm as foras de domnio interno, hoje, em extensa medi da, ligadas entre si para alm das fronteiras nacionais, de condies para influenciar as questes dos direitos internacionais."
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o Direito Internacional no termina onde comea o Direito Constitucional. Os cruzamentos e as aes re cprocas so por demais intensivas para que se d a esta forma externa de complementariedade uma idia exa ta. O resultado o "Direito comum de cooperao". O Estado Constitucional Cooperativo no conhece alternativas de uma "primazia" do Direito Constitu cional ou do Direito InternacionaF5; ele considera to seriamente o observado efeito recproco entre as rela es externas ou Direito Internacional, e a ordem constitucional interna (nacional)26, que partes do Di reito Internacional e do direito constitucional interno crescem juntas num todo. Assim, tambm no com pletamente bem lograda a idia de caracterizar trata dos internacionais de direitos humanos em relao Lei Fundamental como direito internacional para constitucional (volkerrechtliche Nebenverfassung) 27 . A rigor, essa Constituio paralela (Neben-Verfas sung) parte integrante da Constituio estatal da Lei Fundamental e, portanto, no se encontra apenas "ao lado" da Constituio. Desde o princpio, o Estado Constitucional Coope rativo, de caractersticas ocidentais, adotou a coopera o no campo das relaes internacionais. O art. 24 da GG28, como sua expresso adequada, imanente, no
25 Para isso, minha contribuio discusso, WDStRL 36 (1978), p. 129 e seg. 26 Para isso Tomuschat, WDStRL 36 (1978), p. 7 e seg., LS, V, VI. 2 7 Assim, porm, Tomuschat, citado acima, LS 13 a. 28 Artigo 24 (Organizaes supranacionais) (I) A Federao pode
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re
As formas de manifestao de cooperao so ml tiplas. Elas alcanam desde formas " frouxas " ( por exemplo " relaes coordenadas " ) at formas " mais densas ": da concepo e da realizao cooperativa de "tarefas comunitrias " em processos e instituies co muns ou da fundao de composies supranacionais etc. Vrias formas de cooperao se encontram ainda na forma evidentemente imprecisa do "soft law"30 ou nas suas pr-formas no vinculantes. A rica progresso de possveis instrumentos de ligao - com diferentes
transferir direitos de soberania para organizaes supranacionais. (la) At onde os Estados Membros sejam competentes para o exercCio de competncia estatal e para a realizao de tarefas estatais, eles po dem, com o consentimento do Governo Federal, transferir direitos de soberania para instituies regionais (grenznachbarschaftliche Ein richtungen). (2) Com o fim de manter a paz a Federao pode aderir a um sistema de segurana coletiva recproca; aceitar restries dos seus direitos de soberania que promovam e assegurem uma ordem pacfica e duradoura na Europa e entre os povos do mundo. (3) Para solucionar litgios internacionais, a Federao aderir a acordos de ar bitragem de mbito geral, amplo, obrigatrio, internacional. 29 Para o significado do art. 24 da Lei Fundamental: Bleckmann, Europarecht, 1976, p. 170 e seg. Como guia: K. Vogel, (Nota de roda p 4) ; lpsen, Europiiisches Gemeinschaftsrecht, 1 972, p. 52 e seg: " ... fundamental... elemento da deciso constitucional fundamental para a abertura da estatalidade alem". 30 Para isso, os relatrios e discusses da Basilia: VVDStRL 36 (1978), p. 7 e seg.; Tomuschat, LS 8; R. Schmidt; crticas por K. Vo gel, acima.
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intensidades - que ligam o Direito Internacional ao Direito interno est relacionada a essa questo. Os textos constitucionais somente oferecem pri meiros pontos de referncia: ainda que eles estejam, geralmente, aqum do desenvolvimento, e a prxis constitucional ou estatal e a cooperao prtica inter nacional (no apenas Tratados) esto geralme nte "mais adiante ", eles precisam se inserir na diagnose como " nvel textual " . Constitucionalmente, Estado Constitucional coo perativo deveria ser trazido para o conceito e a lingua gem jurdicos, como a seguir:
I. atravs do reconhecimento geral sobre " abertura ao mundo", "solidariedade ", cooperao interna cional e co-responsabilidade: ver art. 4 da Consti tuio do Jura (I9 7 7 ) , arts . 24 e 26 da G G , assim como o "servio" paz (Prembulo da GG) e o entendimento entre os povos (art. 9, alnea 2 da GG);
2 . atravs de formas especiais e graduais de coope rao, como o art. 24, alneas I, 2, e 3 da G G ; 3 . atravs d e declaraes gerais e universais d e di reitos fundamentais e direitos humanos: art. I 0, al nea 2 da GG: "Fundamento de toda Cn comunida de humana, da paz e da justia no mundo"; 4 . atravs de determinaes especiais de direitos fundamentais e direitos humanos com "efeito ex terno" (por exemplo, art. 2, alnea 1 da G G ) ;
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5 . atravs - da gradual - incluso do direito inter nacional (do "modelo da Holanda" 3 1 at o "modelo da ustria" 3 2) : Teoria da ratificao ou da transfor mao com a forma intermediria do art. 2 5 da GGi
6. em gerat atravs da tematizao de "tarefas co munitrias " (de um lado, os Direitos Humanos e, de outro, ajuda ao desenvolvimento, proteo do meio ambiente, garantia de matria-prima, comba te ao terrorismo 33 , segurana da paz mundial) . Decisiva a diferenciao: Cooperao deve ser entendida e textualmente formulada, conforme a ta refa, o mbito tcnico considerado e a "situao" (ex terna) do Estado Constitucional. A "cooperao " no Estado Constitucional no pode ser descrita definitivamente ou at mesmo "cataloga da" : isso iria contrariar sua abertura e a espontaneida de das formas isoladas de cooperao. Intensidade e grau, matrias, processos e instrumentos de coopera o ocupam uma considervel amplitude de variao. A rigor, h Estados Constitucionais que tambm j se encontram, textualmente, adiantados como a Lei Fun-
3 1 Ver o art. 66, 5 8 alnea 2, 60 da Lei Fundamental Holandesa. 3 2 Art. 50 alnea 3 em conexo com o Art. 44 alnea l Lei do Tribu
nal Constitucional austraco: Tratados internacionais com hierarquia constitucional . 33 Ver Bartsch, NJW 1 977, p. 1 98 5 e seg. (sobre o acordo europeu para o combate ao terrorismo) ; ver tambm: WIB de 2 de Nov. l 97 7 , p . 3; S Z d e 5/6 d e Nov. 1 97 7 : "ONU condena a pirataria are a " .
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damentaP 4 ; mas tambm h Estados que so concebi dos "de forma mais soberana" e voltados para si1 e as sim1 entendidos1 praticamente1 como " egocntricos " 1 pouco voltados ao Direito Internacional e que agem abertamente (como a Frana) 3 5 . Em todos os casos1 depara-se com diferentes nveis e graus de estatalida de cooperativa que esto vinculados1 conseqentemente1 a razes histricas especficas. A questo decisiva que a tendncia1 como taC tor na-se consciente e a dogmtica constitucional est pre parada para formas intensivas e diferenciadas de coo perao: Ela dispe de aparatos conceituais - j por ela delineados - que podem controlar1 at mesmo acele rar1 o longo caminho para a cooperao. Uma palavra sobre a questo do "desajuste e ajuste de preciso " ("Grob- und Feineinstellung") do Estado Constitucional cooperativo nas relaes internacio nais . Aqui1 institutos e instrumentos devem ser avalia dos1 aperfeioados e novos desenvolvidos ou conheci dos . Conceitos como "soberania" 3 6 1 impermeabilida de1 esquemas internos e externos 3 7 1 o antigo cnone 3 4 Ver a apresentao de princpios "externos" de Constituies na cionais nas notas de rodap n 1 23 e seg. Sobre a Sua, ver o relatrio final da "comisso eleitoral " VI 1 973, p. 63 7 e seg. 3 5 Cf. o art. 52 e seg. da Constituio francesa de 1 958, ver, porm, o art. 55; tambm o francs IPR: O direito estrangeiro no aplicado como direito, mas como fato (Tatsache) . Para isso Kegel, Internatio nales Privatrecht, 4 ed. , 1 977, p. 9 1 e seg., 228. 36 Ver Grabitz, DVBI. 1 9 77, p. 7 8 6 ( 790) : Direitos Humanos como dispositivos negativos de competncia no Estado Constitucio nal; abandono da Teoria da "Competncia da competncia" estatal! 3 7 Ver P. Hiiberle, AR 92 ( 1 967) , p. 2 5 9 (268 e seg. ) - "Poltica
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das fontes de direito (o entendimento do Direito In ternacional) deveriam ser questionados . As relaes econmicas internacionais do Estado Constitucional tornaram-se uma parte de suas relaes internas1 H que se refletir sobre como o Estado Constitucion;1l (cooperativo) pode se desenvolver para alm das for mas j conhecidas de interdependncia 3 8 , atravs, em p arte , de novos c ontedos, novos processos (por exemplo, opinio pblica) e novos rgos, como no campo das questes comerciais 3 9 , para compensar a perda de competncia do parlamento (como por meio de obrigaes de informao) 40 Alm disso, seria de se examinar como o Estado Constitucional ( cooperati vo) ir se adequar, textualmente, nas futuras Consti tuies, ao tema das relaes internacionais de forma aprofundada, ampla, precisa e elstica, tambm nos mtodos de interpretao constitucional; aqui h, cerexterna" como "poltica interna global" (Weltinnenpolitik) : Comuni dade de Estados no sentido de uma unidade constituda como tarefa (integrao!) . 3 8 Ver, por exemplo, o bem logrado conceito de R. Schmidt de "go. verno parlamentar" (VVDStRL 36 (1 978) , LS 23) que, com vista s . relaes internacionais, salienta o sentimento de solidariedade do par lamento e do governo, bem como sublinha a legitimao democrtica parlamentar do governo. 3 9 Para isso R. Schmidt, WDStRL 36 (1 978) , p. 1 00 e seg. 40 Ver, para isso, o art. 2 da Lei alem de adeso ao Tratado da Comunidade Econmica Europia, segundo a qual o Parlamento Na cional alemo precisa ser informado de todo ato legislativo europeu. S obre isso lpsen, Europiisches Gemenschaftsrecht, 1 9 72, p. 2 76, com fontes. Em geral, apresenta-se aqui a questo da legitimao nas decises das organizaes internacionais, desde que tenham carter vinculante.
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tamente, limitaes da juridificao. preciso realizar o trabalho poltico-constitucional nas bases das "pres taes antecipadas " (Vorleistungen) terico-constitu cionais. Devem servir de comparao as Constituies de tipo ocidental, de Estados abertos com claros " en trelaamentos " (verflochtenen) , como da H olanda, com Estados nacionais aqui ainda mais " fortemente voltados para si" (in sich gekehrten) . Talvez as estrutu ras e processos europeus possam dar indicaes. Hic et nunc devem ser, em todo caso, traadas as conseqn cias isoladas, no sentido de um Estado Constitucional cooperativo (responsvel) no caminho para " relaes externas " .
3 . Motivos e pressupostos
Os motivos e pressupostos do desenvolvimento do Estado Constitucional cooperativo so complexos . Nomeadamente dois fatores encontram-se em primei ro plano: o sociolgico-econmico e o ideal-moral. Fator desafiante e motor da tendncia para a coo perao so as inter-relaes econmicas dos Estados (Constitucionais ) 4 1 . Falando-se do "Estado europeu" no sentido de que ele seria proveniente da economia42 , isso vale justamente para o Estado Constitucional coo41 Sobre isso a anlise de R. Schmidt, WDStRL 36 ( 1 978) , p. 68 e seg. - ver tambm Oppermann, WDStRL 27 ( 1 969) , p. 9 5 e seg. (discusso) . 42 Assim, Dagtoglou, WDStRL 23 ( 1 966) , p. 1 27 (discusso) ; ver tambm R. Schmidt, WDStRL 36 ( 1 9 78) , p. 65 (67) .
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perativo. Ele se realiza atravs das inter-relaes eco nmicas e as efetiva conjuntamente . O conhecimento das formas e conmicas de coope rao e sua " aplicao" em conceitos, processos e com petncias jurdicas adequadas exige a interligao a mtodos e objeto da "Teoria do Estado" 43 . Os pressupostos ideais-morais do desenvolvimen to do Estado Constitucional cooperativo somente po dem ser apontados: Eles so, por um lado, resultado de sua construo por meio dos direitos fundamentais e dos direitos humanos . A " sociedade aberta " adquire esse predicado somente quando tambm for uma so ciedade aberta internacionalmente. Direitos Funda mentais e Humanos remetem o Estado e "seus " cida dos ao " outro" , ao chamado " estrangeiro" , ou sej a, a outros Estados com suas sociedades ou cidados "es trangeiros" 44 . O Estado Constitucional Cooperativo vive de necessidades de cooperao no plano e conmi co, social e humanitrio, assim como - falando antro pologicamente - da conscincia de cooperao (inter nacionalizao da sociedade, da rede de dados, opinio pblica mundial, das demonstraes com temas de po ltica externa, legitimao externa) .
do acima, p. 9 1 e seg.; lpsen, AR 97 ( 1 972) , p. 3 7 5 (409) ; P. Hber le, WDStRL 36 ( 1 978) , p. 1 29 e seg. (discusso) . - Ver tambm ainda Scheuner, WDStRL 3 1 ( 1 9 7 1 ) , p. 7 ( 1 0 e seg.) : Oppermann, JZ 1 967, p. 725 e seg. 44 Sobre a problemtica: Doehring/Isensee, WDStRL 32 ( 1 9 74) , p. 1 e seg. e a discusso, citada acima, p. 1 07 e seg.
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4. Limites e perigos
O Estado Constitucional ocidental , quantitativa mente, somente um tipo relativamente raro de Esta do. De um lado, ele concorre com os chamados Esta dos "socialistas " e, de outro, com Estados autoritrios ou totalitrios na Europa, frica, Amrica Latina e sia. S eria de pouca viso, at mesmo perigoso, se a dogmtica constitucional no visse esse conjunto dos fatos, se ela construsse - entusiasmada pelo seu pr prio "modelo" - formas europias de cooperao que abrissem os Estados de tal forma que estes ficassem expostos a perigos pelos Estados "selvagens" (que so, por sua vez, suj eitos de Direito Internacional) . Certa mente, a "fora engajada" (e a valiosa experincia em prica) do Estado Constitucional ocidental 45 grande e ela deveria aumentar na opinio pblica mundial de tal maneira, como se faz ainda mais s eriamente com a cooperao. Mas h que se atentar para o fato de que as conquistas constitucional-estatais, assim como ele mentos formais jurdico-estatais ou o conceito jurdi co4 6 esto ameaados, e a outra estrutura, parcialmen te bem diferente, de valor (e identidade) de terceiros 45 Para isso R. Schmidt, WDStRL 36 ( 1 978) , LS 32. 4 6 Aqui se encontra a problemtica do "soft law"; sobre isso Tomus
chat e R. Schmidt, citados acima; deve-se "compreender" com cuida do (da discusso K. Vogel, citado acima) , um tipo de criao de direito costumeiro "pr-formador" e "pr-formulado", um determi nado estilo de argumentao e processo, prximo ao aspecto ftico, que, por meio de sua falta de delineamento e imprevisibilidade, pe em perigo os elementos jurdico-estatais do Estado Constitucional (sobre os perigos R. Schmidt, citado acima LS 24) .
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Estados no pode nem quer adaptar-se ao modelo constitucional-estatal. Mas, tambm com eles deve ser possvel cooperao ( limitada ) . Portanto, h uma ambivalncia no tema " Estado Constitucional e relaes internacionais " . De um lado, a possibilidade de cooperao apresenta grandes chan ces e desafios : os elementos constitutivos do Estado Constitucional ( como processos democrticos de Es tado de Direito, Jurisdio, Direitos humanos ) podem ser "exportados" para constituir a comunidade de Es tados. Por outro lado, os perigos dessa "importao" so evidentes . Podem haver efeitos regressos e coaes p ragmticas : o Estado Constitucional como tipo, ameaa, em seus elementos dogmticos e de Estado de Direito, como em questes monetrias, cair em uma zona de perigo para sua identidade - naturalmente aberta a mudanas: o entrelaamento com Estados no constitucionais, como com alguns pases em desenvol vimento, e tambm com organizaes multinacionais e privadas, no governamentais, pode levar a uma nega tiva aspirao. Podem ocorrer atritos entre o Estado Constitucional e o conceito de Estado 4 7 do Direito In ternacional, entre diferentes modelos econmicos constitucionais, com efeitos regressos nas Constitui es nacionais de economia. Podem ocorrer eroses do Estado Constitucional, para o que a dogmtica e a po ltica do Estado Constitucional devem apresentar al guma soluo. Mas, tambm, ainda possvel um "ba47
Sobre o conceito ver Kriele, Einfhrung in die Staatslehre, 1975, p. 81 e seg. Sobre esse dilema, ver minha conferncia em Ao R 102 (1977), p. 284 (288, 296, nota de rodap 54).
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lano positivo " : no sentido de uma concorrncia entre Estados em relao aos elementos transmissveis e condicionalmente substituveis de sua estatalidade constitucional a caminho de um "modelo" apropriado de estatalidade constitucional cooperativa.
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C aptulo 1 1
Com o desenvolvimento e o aperfeioamento dos veculos e meios de comunicao ao redor do globo ou a " aproximao" de Estados (e pessoas) entre si, tor nam-se cada vez mais visveis, especialmente, as desi gualdades econmicas entre eles. distncia, de fato cada vez mais crescente, entre pases ricos e pobres ("widening gap") 48 se ope a exigncia, sempre repre sentada incondicionalmente por parte dos pases em desenvolvimento, de uma igualdade econmica inter nacional em uma nova economia mundial. Intensiva cooperao entre os Estados, no sentido descrito, a nica alternativa para se evitar uma inevitvel confron tao face a esse conflito. Tendncias que j ustificam essa necessidade so comprovveis tanto no desenvol vimento do Direito Internacional como, tambm, no desenvolvimento do Direito Constitucional em vrios 48 Cf. sobre isso Petersmann, Zur Inkongruenz zwischen volkerrech tlicher und tatsiichlicher Weltwirtschaftsordnung, Die Friedenswarte 5 9 ( 1 976) , p. 5 seg.
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Estados . O reconhecimento da responsabilidade social dos Estados, interna e externamente, se encontra no ponto central de um dos princpios de mudana funda mental j realizado nas relaes Qurdicas) entre os Es tados.
1 . Direito Internacional de coordenao, coexistncia
N o E statuto da Liga das Naes ( 1 9 1 9) 49, d a "Constituio" da primeira organizao poltica ampla da comunidade de Estados 5 0 , j se fala do "fomento cooperao entre as naes " . Ao lado da "garantia da paz internacional e da segurana internacional" , ele se apresenta corno objetivo da Liga das Naes. Mas os meios para realizao desse objetivo de paz, indicados no prembulo desse Estatuto bem corno nos seus 2 6 artigos, so a s tpicas obrigaes de urna ordem do Di49 I mpresso em: Berber, Volkerrecht, Dokummentensammlung vol. I, Friedensrecht, 1 967, p. 1 seg. 5 0 Cf. Verdross / Simma, Universelles Volkerrecht, 1 976, p . 77 seg.; vide tambm Verdross, Die Verfassung der Volkerrechtsgemeinschaft, 1 926, e do mesmo, Die Quellen des universellen Volkerrechts, 1 973, p . Z 1 : "Um documento constitucional de Direito Internacional for ma, primeiramente, o estatuto da Liga das Naes que foi substituda, aps a S egunda Guerra Mundial, pelo Estatuto das Naes Unidas . " S obre o tema "Elementos constitucionais d a comunidade d o Direito Internacional" vide tambm Mosler, ZaRV 36 ( 1 976) , p. 3 1 seg.
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reito Internacional entendida como direito de coorde nao (desarmamento, proteo de bens, proibio de guerra e resoluo pacfica dos c onflitos ) 5 1 . Assim como a fundao da Liga das Naes, tambm a das Naes Unidas ( 1 945) foi uma reao s comoes e sofrimentos da ltima guerra. Ao contrrio do Estatu to da Liga das Naes, a cooperao entre povos, pre vista na Carta das Naes Unidas, no colocada como obj etivo e sim como meio "para resolver proble mas internacionais de natureza social, cultural e huma nitria, e para fomentar e sedimentar o respeito aos direitos humanos e liberdades fundamentais para to dos, sem distino de raa, sexo, lngua ou religio " (art. 1 al. 3 Carta da ONU) 52 . De forma que o prem bulo da Carta tambm refora a determinao dos Es tados fundadores das Naes Unidas em "recorrer a organizaes internacionais para fomentar o dese nvol vimento econmico e social de todos os povos " . No art. 1 3 a Assemblia Geral, com a realizao de inves tigaes e a distribuio de recomendaes, coloca-se, expressamente, as incumbncias:
SI Kimminich, Einfhrung in das Volkerrecht , 1 975, p. 68 seg . j fala aqui d e uma mudana pica: "Com isso, rompeu-se com o marco inicial do Direito Internacional clssico, ou seja, a soberania e o direi to, que dela flui, dos Estados soberanos guerra. " A transio da proi bio blica parcial para a total ocorreu atravs do "pacto Briand-Kel logg" de 27 de agosto de 1 928, Anm. 48, vol. 2, p. 1 674 seg . . 52 Impresso em Berber (Anm. 48) , p. 1 3 seg. Sobre a importncia da proteo dos direitos humanos e da cooperao como meio para assegurar a paz cf. Verdross I Simma, Universelles Volkerrecht, 1 976, p. 83 S . 25
" a) de fomentar a cooperao internacional no m bito poltico e de favorecer o desenvolvimento pro gressivo do Direito Internacional bem como sua codificao; b ) de fomentar a cooperao internacional nos m bitos da economia, do setor social, da cultura, da educao e da sade e contribuir para a efetivao dos direitos humanos e liberdades fundamentais para todos sem distino de raa, de sexo, de lngua e de religio" . Pode-se deduzir, sobretudo, do art. 5 5 , que a carta das Naes Unidas, diferentemente do Estatuto da Liga das Naes, v a cooperao no mbito econmi co e social entre os Estados como um elemento princi pal da garantia de paz 53 : "Para manter toda situao de estabilidade e bem estar necessria para que entre as naes liderem as relaes pacficas e amigveis ancoradas no res peito ao princpio da igualdade e autodeterminao dos povos, as Naes Unidas fomentam: a) a melhoria do nvel de vida, a ocupao plena e os pressupostos para o desenvolvimento e ascenso econmicos e soczats; 53 Sobre a mudana do conceito de paz nas Naes Unidas compa rativamente Ligas das Naes cf. tambm Petersmann, Die Frie denswarte 59 ( 1 976) , p. 30 seg.
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b) a soluo de problemas internacionais de natu reza econmica, social, de sade e similares, bem como a cooperao internacional nos mbitos da cultura e da educao; c) o respeito geral e realizao dos direi tos humanos e liberdades fundamentais para todos, sem distin o de raa, sexo, lngua ou religio . " O fomento da cooperao econmica e social entre os Estados vem ganhando crescente interesse no traba lho das Naes U nidas 54 Analisando o Estatuto da Liga das Naes, assim c o m o a C arta das Naes U nidas, s eguindo Ver dross 55 , como documentos constitucionais de Direito Internacional, o deslocamento de importncia des crito corretamente por Mosler, no sentido de que " obrigao geral pela paz", como elemento constitu cional material da ordem jurdica internacional, deve ria ser acrescida a "obrigao de cooperao" 5 6 . A am pla atividade legislativa das Naes Unidas por meio 5 4 Cf. S cheuner, Tarefas e mudanas de estrutura nas Naes Uni das, em: Kewenig (ed.) , Die Vereinten Nationen im Wandel, 1 97 5 ,
p. 209 . 55 Verdross, Die Quellen des universellen Volkerrechts, 1 97 3 , p. 2 1 . 5 6 Mosler, Volkerrecht als Rechtsordnung, ZaRV 36 ( 1 9 76) , p. 3 3 ; de forma semelhante Kimminich, Einfhrung in das Volkerrecht, 1 97 5 , p. 1 96 : "Ao lado da proibio da violncia, h a obrigao dos Estados de cooperao internacional, que caracteriza o 'novo Direito Internacional' e se destaca do Direito Internacional clssico. " Por fim: Mosler, Festrede, em: Heidelberger Akad. d. Wiss. 1 976 ( 1 9 77), p. 77 seg.
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de codificaes 57 , declaraes e resolues 58 para cria o de pressupostos formais (Conveno de Viena so bre os Tratados em 1 969, e a Conveno diplomtica de Viena em 1 96 1 ) 59 bem como para determinao de obrigaes de atitude e disposies dos objetivos ma teriais da cooperao internacional 60 mostram que elas consideram seriamente suas obrigaes definidas na Carta. A determinao dos Estados, proclamada no prembulo da Carta das Naes Unidas, de que as " nossas crenas nos direitos fundamentais da pessoa, 57 Cf. especialmente sobre o processo de codificao: Geck, Vol kerrechtliche Vertriige und Kodifikation, ZaRV 3 6 (19 76) , p. 96 (108 seg.) com referncias. 58 Cf. os exemplos em Verdross I Simma, Universelles Volkerrecht, 1976, p. 329 seg. (com referncias) sob o questionamento de sua qua lidade de fonte jurdica no Direito Internacional; vide tambm Fro wein, Der Beitrag der internationalen Organisationen zur Entwick lung des Vlkerrechts, ZaRV 36 (1976) , p. 147 (149 seg.) . 59 Conveno de Viena sobre o direito dos acordos de 2 3 de maio de 1969, sobre isso: Verdross I Simma (nota-de-rodap 5 7) , p. 345 seg. - O acordo de Viena sobre relaes internacionais de 18 de abril de 1961 (BGBI. 1964 11 958, impresso em: Berber, Vlkerrecht, Do kumentsammlung, vol. I, p. 865 seg.) entrou em vigor em 24 de abril de 1964. 60 Cf. a Declarao dos princpios fundamentais do Direito Inter nacional sobre as relaes amigas e a cooperao entre os Estados ("Declaration on principies of internacional law concerning friendly relations and cooperation among States in accordance with the Char ter of the United States") de 24.10.1970, sobre isso: Frowein, p. 70 seg.; Graf zu Dohna, Die Grundprinzipien des Vlkerrechts ber die freundschaftlichen Beziehungen und die Zusammenarbeit zwischen den Staaten, 1973. Vide tambm a Carta dos direitos e obrigaes econmicos dos Estados de 12.12 .1974, novamente citada em: Die Friedenswarte 59 (19 76), p. 71 seg. , sobre isso: Tomuschat, ZaRV 3 6 (1976) , p. 444 seg.
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na dign idade e valor da pers onalidade humana, na igualdade de tratamento entre homem e mulher, as sim como entre todas as naes, ainda que grande ou pequena, devem ser novamente fortalecidas ", adquire claros contornos com as declaraes e pactos para a se gurana coletiva dos direitos humanos 6 1 , assim como com os esforos pela solidariedade econmica e social internacional 5 2 . A questo dos direitos humanos torna se assunto internacional.
b) Formas regionais de cooperao intensiva
Alm do plano universal do direito internaciona t a constitucionalizao do direito comunitrio interna cional avanou no plano regional. Exceto as organiza es regionais e o sistema coletivo de segurana, se gundo o captulo VII I da Carta das Naes U nidas, como a OAS , o WEU, a OTAN ou o Pacto de VarsDeclarao Universal dos Direitos Humanos de 1 0 . 1 2 . 1 94 8 Berber ( nota-de-rodap 58) , p. 9 1 7 seg. ) ; Pacto internacional sobre os direitos civis e polticos, vigente desde 2 3 . 3 . 1 9 76, inclusive do Protocolo Facultativo, BGBI. 1 9 73 l i , p. 1 5 34; cf. sobre isso : Meiner, Die Menschenrechtsbeschwerde vor den Vereinten Nationen, 1976; Tomuschat, Vereinte Nationen 1 976, p. 1 66 seg.; Bartsch, Die Entwicklung des inrnationalen Menschenrechtsschutzes, NJW 1 977, p. 474 seg.; H . Lauterpacht, International Law and Human Rights, 1973 . Ceticamente Geck, em: FAZ de 2 1 . 1 1 . 1 977, p. 9 seg. 62 Cf. a Declarao sobre a instituio de uma nova ordem econ mica de valor de 1.5 .1974, Doc. Da ONU GA Res. 3201 (S-VI) de 9.5.1974; cf. sobre isso K. lpsen, Entwicklung zur "Collective econo mic security " im Rahmen der Vereinten Nationen? Em: Kewenig ( ed. ) : Die Vereinten Nationen im Wandel, 1 9 7 5 , p . I 1 seg . , bem como adiante nota-de-rodap 87 seg.
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( em:
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via 63 , isso vale especialmente para a Comunidade E u ropia, cuja "Constituio" 6 4 so os Tratados de Paris e Roma6 5 . Uma abdicao parcial de soberania 66 a fa vor do "poder comunitrio" da Comunidade Europia, em conexo com a obrigao fundamental de solida riedade dos Estados membros ancorada no art. 5 do T r at a d o da C o m u n i d a d e E c o n m i c a E u r o p i a (EWGV) , foi e pressuposto para a realizao dos ob jetivos do Tratado, em especial da integrao econ mica, da poltica social e regional 6 7 por meio de rgos legislativos e jurisprudenciais independentes . A cons truo da legitimao direta dos rgos da comunida de, por meio de um parlamento 6 8 europeu eleito dire6 3 Cf. R. Pernice, Die Sicherung des Weltfriedens durch Regionale
Organisationen und die Vereinten Nationen, 1 97 2 , especialmente p. 42 seg. 1 9 72, p. 64 seg.; cf. BVerfGE 2 2 . 296: "O acordo da Comunidade Europia repre senta, de certa forma, a Constituio dessa comunidade. " 6 5 Tratado EGKS de 1 8 . 4 . 1 95 1 , em: Berber (nota-de-rodap 48), p. 39 1 seg.; Tratado da Comunidade Europia de 2 5 . 3 . 1 9 5 7 , op. cit., p. 44 1 ; Tratado da Comunidade Europia sobre questes atmicas de 25.3 . 1 957.
vide abaixo na nota-de-rodap 1 2 5 seg.; vide tambm Wildhaber, Treaty-Making-Power and Constitution, 1 97 1 , p. 284 seg. 6 7 Cf. sobre isso o relatrio anual do Fond Europeu para desenvol vimento regional (1 9 7 5), Buli. EG Beil. 7/76. 68 S obre isso vide: Bangemann I Bieber, Die Direktwahl - Sackgas se oder Chance fr Europa? Analysen und Dokumente, 1 9 76; Mller Graff, Die Direktwahl des Europiiischen Parlaments ( Recht und Staat, H . 468/469), 1 9 77; Oppermann, Juris tische Fortschritte durch die europiiische lntegration, em: Tradition und Fortschritt, Fes-
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tamente1 deveria abrir mo do dogma da soberania na cional em prol de uma fundamentada diviso de com petncias entre Estado e organizaes supranacionais. A adoo de uma nova identidade "europia" 6 9 aplana o caminho para o exerccio da " responsabilidade so cial " das regies ricas em face das pobres e do aumento geral do nvel de vida 70 . Integrao como forma de in cremento da cooperao pode1 com isso1 ser vista tam bm como perspectiva de esforos internacionais de cooperao 71 .
tschrift zum 500-jiihrigen Bestehen der Tbinger Juristenfakultiit, 1 977, p. 426 seg. 69 Cf. a declarao da presidncia ao final da Conferncia da Co munidade Europia de Copenhagen (dez. de 1 973) , Buli. EG Beil. 1 2/ 1 973, p . 9 seg . : "Os nove pases reforam sua vontade conjunta de preocupar-se com que a Europa fale com uma voz nas importantes questes mundiais. Eles aprovaram a declarao sobre a identidade europia que determina, em perspectiva dinmica, mais precisamen te, os princpios para sua atuao. " Vide tambm Grabitz, DVBI. 1 977, p . 786 (79 1 ) : "A eleio direta do parlamento europeu ir pro mover as condies essenciais de constituio para o que ainda no existe nas comunidades europias - uma Nao europia . " Relatrio de Leo Tindemans para a Unio Europia, Buli. EG Beil. 1 /76, p. 1 1 seg. 70 Cf. art. 2 do Tratado da Comunidade Europia bem como al nea 5 do prembulo: "No esforo de fomentar suas economias para um desenvolvimento nico e harmnico, medida que diminue a dis tncia entre as regies isoladas e o atraso de regies menos favorecidas " 71 Cf. sobre isso tambm a citao em Oppermann (nota-de-roda p 67) , p. 4 1 7 : "Sobre as Naes Unidas da Europa a caminho do futuro Estado mundial das Naes Unidas ", e sua referncia a uma possvel transferncia do princpio do Tribunal Europeu sobre a pro teo europia dos direitos fundamentais, a uma proteo internado31
A integrao europia iniciou-se ainda com a fun dao do Conselho Europeu ( I 949 ) . Seu Estatuto 72 in corporou a convico de que a "garantia da paz sobre os fundamentos da justia e da cooperao internacio nal de interesse vital para a conservao da sociedade humana e da civilizao " . Ao lado da realizao dos va lores da liberdade pessoal e poltica da democracia, en contra-se em primeiro plano, no prembulo assim como no art. I 0 do Estatuto do Conselho Europeu, o fomento do desenvolvimento econmico e social. Se gundo o art. I o B, o Conselho preenche suas funes "por meio de aconselhamento sobre questes de inte resse geral, atravs da assinatura de convnios e atra vs de procedimentos comunitrios nos campos eco nmico, social, cultural e cientfico, e nos mbitos do direito e da administrao, assim como atravs da pro teo e do desenvolvimento continuado dos direitos humanos e das liberdades fundamentais 73 . C o m a Conveno para a proteo dos Direitos Humanos e das liberdades fundamentais, de I 95 0 74 , e com a instinal dos direitos humanos atravs do art. 38 c do Estatuto do Tribunal Internacional (p. 43 1 ) . 72 Citado novamente em: Berber (nota-de-rodap 4 8) , p. 3 5 7 seg. 73 Sobre os inmeros acordos e convenes, surgidos da atividade do Conselho Europeu, vide Council of Europe: Conventions and agreements concluded within the Council of Europe and which con cern the European Committee on Legal cooperation, 1 97 4; vide tam bm Lenz, Die unmittelbare innerstaatliche Anwendbarkeit der Euro paratskonventionen unter besonderer Bercksichtigung des deutschen Rechts, 1 9 71. 74 Citado em: Berber (nota-de-rodap 48) , p. 9 5 5 . Sobre a situao da ratificao e sobre o sistema de proteo jurdica em geral, vide
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tuio da Comisso Europia 75 e do Tribunal Europeu dos Direitos Humanos 7 6 conferido aos membros dos Estados signatrios proteo direta dos direitos funda mentais atravs de uma instncia supranacionaF 7 . Para a codificao de direitos sociais, a Carta Social Euro pia orientadora com seu especial processo coopera tivo de controle 78 O Tratado s obre a organizao p ara cooperao econmica e desenvolvimento ( O ECD ) , de 1 960, de dica-se especialmente cooperao econmica entre os Estados europeus incluindo, tambm, alguns Esta dos fora da Europa. Essa organizao foi fundada, se gundo o prembulo, "na convico de que uma ampla cooperao ser decisiva para o fomento de relaes pacficas e harmnicas entre os povos do mundo " e
Bartsch, NJW 1977, p. 477 seg.; vide em geral: Partsch, Die Rechte und Freiheiten der europiiischen Menschenrechtskonvention, em: Bet termann I Neumann I Nipperdey (ed.) , Die G rundrechte, vol. I, 1 (1966), p. 2 3 5 seg. 75 Ordenamento sobre procedimento da Comisso Europia para os direitos humanos de 11 5 . 8 .1960, em: Berber (nota-de-rodap) , p. 975 seg. 7 6 Ordenamento procedimental do Tribunal Europeu dos Direitos Humanos de 1151811960, em: Berber (nota-de-rodap 48), p. 993 seg. 77 Vide Rogge, Der Rechtsschutz der Europischen Menschen rechtskonvention, EuGRZ 1975, p. 117 seg. e o panorama de Robert son, Die Menschenrechte in der Praxis des Europarats, 1972 . 7 8 Carta Social Europia de 18 .10.1961, em: Berber (nota-de-roda p 48), p. 1270 seg.; vide tambm a contribuio d iscusso de Za cher, WDStRL 30 (1972), p. 151 (153) bem como da Constituio citada, p. 187.
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"que as naes mais desenvolvidas economicamente precisam trabalhar juntas para apoiar, com os melho res esforos, as naes subdesenvolvidas" 79 . Os relatrios finais da Conferncia sobre segurana e cooperao na Europa (KSZE) , de 1 9 7 5 , assumem uma posio especial entre as formas de cooperao reforada, mas regionalmente delimitada 80 . Decisiva, aqui, no tanto a forma jurdica e possvel vinculao jurdica internacional das declaraes 8 1 , e sim, a rela o interna, visvel atravs desses relatrios, entre se gurana geral e militar e cooperao reforada a nvel econmico, social, cientfico, tcnico, cultural, etc . Os relatrios finais, dos quais os Estados do leste europeu tambm participaram com suas declaraes de princ pio e inteno, documentam uma conscincia essen cial de cooperao para o desenvolvimento continuado do Direito Internacional e da proteo internacional dos direitos humanos 82 _ 79 Organization of Economic Cooperation and Development, em: Berber (nota-de-rodap 48) , p. 659 seg. (nfase do autor) . 80 Citado em: Archiv des Vlkerrechts 1 977, p. 84 seg. 8 1 Vide sobre isso: Schweisfurth, Zur Frage der Rechtsnatur, Ver
bindlichkeit und volkerrechtlichen Relevanz der KSZE-Schluakte, em: ZaRV 36 ( 1 976) , p. 68 1 seg.; Delbrck, Die volkerrechtliche Bedeutung der Schluakte der Konferenz ber Sicherheit und Zusam menarbeit in Europa, em: Bernhardt I v. Mnch I Rudolf ( ed.) , Drit
tes deutsch-polnisches Juristen-Kolloquium, 1 9 77, p. 3 1 seg. Por fim, Blumenwitz, em: Die KSZE und die Menschenrechte, 1 977, p. 5 3 seg. 82 Cf. a sugesto dos Estados da Comunidade Europia e dos cinco outros pases na Conferncia da KSZE em Belgrad, para realizao dos direitos humanos, SZ de 5 e 6 . 1 1 . 1 977, p. 2: "Ocidente exige proteo dos cidados civis. "
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Em solo americano, deve ser citado, especialme n te, a "Organization of American States" (OAS ) , cuj a carta revisada, de 1 9 70, contm princpios para um sistema semelhante proteo dos direitos humanos pelo Conselho Europeu 8 3 . Em parte, configuradas se gundo as comunidades europias, em parte segundo a EFTA, as organizaes fundadas fora da Europa tam bm contribuem - preponderantemente - para a coo perao econmica entre os Estados para a dissemina o do pensamento de cooperao. O mercado co mum da Amrica Central ( 1 960) , fundado pelo Trata do de Mangua, a rea de livre comrcio latino-ameri cana ( 1 960) , o mercado comum dos pases andinos acordado no Tratado de Bogot, a rea de livre comr cio do Caribe, o mercado comum do Caribe oriental, o conselho da sia e do Pacfico, fundado em 1 966, bem como a " Regional Cooperation for Development", de 1 964, entre Ir, Paquisto e a Turquia servem, aqui, de exemplos 84
c) Pontos de partida de um Direito Internacional hu manitrio e social
A proteo dos direitos humanos, um dos princi p ais objetivos das Naes U nidas, foi corroborada e 8 3 Cf. sobre isso: Buergenthal, The revised OAS Charter and the protection of human rights, em: AJIL 69 ( 1 9 7 5 ) , p. 828 seg.; Tardu, The protocol to the United Nation Covenant on civil and poltica[ rights and the inter-American system: A study o f co-existing petition procedures, em: AJIL 70 ( 1 976) , p. 778 seg. 84 Cf. sobre essas organizaes o panorama em Petersmann, Wirts chaftsintegrationsrecht und Investitionsgesetzgebung der Entwick lungsliinder, 1 974, p. 5 5-87.
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concretizada, j em 1 948, pela Declarao Universal dos Direitos Humanos 85 . O art. 22 da Declarao dis pe que a realizao dos direitos humanos depende das condies econmicas e sociais e, com isso, da coo perao internacional: 11Toda pessoa, como membro da sociedade, tem di reito segurana social e satisfao dos direitos econmicos, sociais e culturais indispensveis sua dignidade e ao livre desenvolvimento de sua perso nalidade, graas ao esforo nacional e cooperao internacional, de acordo com a organizao e os re cursos de cada pas ".
A proteo internacional dos direitos humanos ob teve vinculao jurdica contudo apenas quando, em 1 9 76, entrou em vigor o pacto internacional sobre di reitos civis e polticos e sobre direitos econmicos, so ciais e culturais das Naes U nidas, de 1 966 86 . Uma junta internacionalmente constituda para os direitos humanos, bem como, tambm, uma comisso para isso determinada, devem analisar, anualmente, os relat rios apresentados pelos Estados signatrios e, at onde
Schaumann, Der volkerrechtliche Schutz der Menschen- und Freiheits rechte in seiner Verwirklichung durch die Vereinten Nationen, JIR 1 3
( 1 967) , p. 1 3 3 seg. S obre a "intervention d'humanit" vide Perez Vera, em: La protection internationale des droits de l'homme, 1 9 7 7 , p. 7 seg. 86 Ambos os pactos, inclusive o protocolo facultativo segundo o qual so possveis recursos judiciais individuais e por parte do Estado, entraram em vigor em 1 976, cf. Bartsch, NJW 1 977, p. 4 74 seg.
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elas se sujeitem, devem receber recursos judiciais dos Estados e de indivduos 87 . Esse deslocamento do ponto principal de trabalho da ONU, da manuteno de uma mera " paz negativa" (no sentido da ausncia de poder militar) para a criao de uma infra-estrutura econmica, social e cultural com fins de implantao de uma "paz positiva " atravs de maior justia social 88 , conduz o desenvolvimento do di reito internacional a um direito de cooperao em sen tido material 89 . Assim reza a Declarao dos princpios fundamentais do Direito Internacional, aprovada pela Assemblia Geral em 24 de Outubro de 1 970, sobre as relaes amigveis e a cooperao entre os Estados, em que estes, a despeito de suas diferenas no sistema pol tico, econmico e social, se obrigam a uma cooperao em diferentes nveis no plano das relaes internacio nais, com o objetivo de garantir a paz e a segurana inter87 Sobre isso, em pormenores: Meiner, De Menschenrechtsbes chwerde vor den Verenten Natonen, 1 9 76; Eissen, Conventon euro penne des Drots de l 'Homme et Pacte des Natons Uns relatf aux drots cvls et poltques: problemes de "coexstence " , Z a o RV 3 0 ( 1 9 70) , p. 2 3 6 seg. e 646 seg.; Tardu, The protocol to the United Nations Covenant on civil and political rights and the inter-American System: A study of co-existing petition-procedures, AJIL 70 ( 1 976) , p. 778 seg. 88 Cf. Tomuschat, ZaoRV 36 ( 1 976) , p. 459 seg.; Petersmann, Die Friedenswarte 59 ( 1 9 76) , p. 30 seg.; Kimminich, Einfhrung in das Volkerrecht, 1 97 5 , p. 1 96 seg. 89 Cf. Scheuner (nota-de-rodap 9) , p. 5 5; para ele, os acordos nos quais os Estado se comprometem cooperao econmica parecem, "no todo, como uma expresso de mentalidade e atividade internacio nal cooperativa em que o isolamento nacional superado a favor de uma cooperao interestatal" .
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nacionais, levar adiante a estabilidade e o progresso eco nmicos, assim como o bem-estar geral dos Estados e a cooperao internacional, livre de toda forma de discri minao que repousa em tais diferenas 90 . Se a ordem econmica internacional era, em princ pio, marcada por idias liberais clssicas de ordem e a cooperao dos Estados em instituies e organizaes como o Banco Mundial 9 1 , que representava o Fundo Monetrio Internacional 92 assim como o GATT93 , com os relatrios finais da primeira Conferncia de Desenvol vimento e Comrcio Internacional das Naes Unidas ( UNCTAD I ) 94 , em Genebra, mostra-se uma mudan90 Declaration on principies of international law concerning frien
Grundprinzipien des Volkerrechts ber die freundschaftlichen Bezie hungen und die Zusammenarbeit zwischen den Staaten, 1 973, p. 267
dly relations and co-operation among States in accordance with the Charter of the United Nations, texto em: G raf zu Dohna, Die
seg. (273) . 9 1 Cf. o Tratado sobre o Banco Internacional para reconstruo e desenvolvimento de 2 7 . 1 2. 1 945 (BGBI. 1 952, II, 664) , em: Berber (nota-de-rodap) , p. 1 32 seg. 92 Tratado sobre o Fundo Monetrio Internacional de 2 7. 1 2 . 1 94 5 (BGBI. 1 952, II, 638) , em: Berber (nota-de-rodap 48) , p. 1 6 1 seg., cujo objetivo, segundo o art. 1 (i) , entre outros, "fomentar a coope rao internacional (!) no mbito da poltica monetria atravs de uma instituio estvel que se coloque disposio para conselhos e coo perao em problemas monetrios internacionais" . 93 Acordo Geral sobre Comrcio e Aduana (GATT) d e 30. 1 0. 1 94 7 (BG BI. Anlage I , 1 95 1 , p. 4) , em: Berber (nota-de-rodap 48) , p. 1 1 82 seg . 94 Relatrios finais da 1 a Conferncia de Desenvolvimento e Co mrcio Internacional das Naes Unidas (UNCTAO I) em G enebra, de 1 6.6. 1 964, em: Die Friedenswarte 59 ( 1 976) , p. 65 seg. (extra tos) .
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a fundamental de uma ordem liberal para uma ordem social de relaes econmicas internacionais 95 . As rei vindicaes, aqui levantadas, dos pases em desenvol vimento aos pases desenvolvidos so precisadas e for talecidas na Declarao sobre a construo de uma nova ordem econmica mundial 96 , no p rograma de ao sobre a construo de uma nova ordem econmica mundial97 e na Carta de Direitos Econmicos e Obriga es dos Estados, aprovadas pela Assemblia Geral das Naes Unidas em 1 2 . 1 2 . 1 9 74. 98 Com as palavras de Scheuner, acentua-se "o esforo de se fazer valer, na co munidade de Estados, o pensamento de uma solidarieda de internacional entre as naes, da qual se pode deduzir a conseqncia de uma atuao voltada equiparao da situao e, at mesmo, obrigaes dos Estados Industria lizados de contriburem financeiramente, atravs da ga rantia de preferncias, para a estabilizao dos preos das matrias-primas e outros meios para o bem-estar mais 95 Vide Ruge, Der Beitrag von UNCTAD zur Herausbildung des Entwicklungsvolkerrechts, 1 9 76.
International Economic Order" de 1 de maio de 1 9 74 (GA Res . 3 2 0 1 (S-VI), traduo alem em: Deutsche Auenpolitik 1 974, p. 1 25 5 5 seg.) aclamada no 6 Congresso especial da Assemblia G eral (Conferncia sobre matria-prima mundial) bem como sobre o rela trio do Secretrio Geral das Naes Unidas sobre "Collective econo mic security" de 5 de junho de 1 974 (UN Doc. E/5 5 29) . 97 GA Res. 3 202 (S - VI) de 1 . 5 . 1 974, traduo alem em: Deuts che Auenpolitik 1 974, p. 1 238 seg. 98 Cf. Tomuschat, Die Charta der wirtschaftlichen Rechte und Pflichten der Staaten, ZaRV 36 ( 1 976) , p. 460: "A carta deveria constituir, como ato jurdico complementar, definitivamente a comu nidade de Direito Internacional como comunidade solidria. "
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amplo de todos os povs. Em prinCipi01 esta concep o procura transferir1 ao nvel internacionaC pensa mentos de justia social1 como so eles hoje realizados nos limites das comunidades nacionais no moderno Es tado de bem-estar social" 99 . A qualidade jurdica formal dessas Declaraes das Naes Unidas que1 em regra1 no so apoiadas pelos pases industrializados 1 00 1 ainda no est e s c lareci da 1 01 . Independente de se partir de um " pr-droit" 1 02 ou de um " soft law" 1 03 1 de deduzir-se a sua vinculao a partir do princpio geral de confiana no Direito In99 Scheuner, Aufgaben und Strukturwandlungen m Aufbau der Ve
renten Natonen, em: Kewenig (ed.) , Die Vereinten Nationen im Wandel, 1975, p. 189 seg. (210 s.) ; de forma semelhante, Diskus sionsbeitrag, op. cit., p. 48: "Em verdade, o princpio social que avana, a nvel mundial, para o primeiro plano"; do mesmo, ZaoRV 36 (1 976), p . 460. 1 00 S obre a atitude de consentimento, cf. Tomuschat, ZaoRV 36 (1 976), p. 444 s.; vide tambm a concisa opinio em Hett, Die Frie denswarte 59 (1976), p. 63 seg.; Frowein, ZaRV 36 (1976), p. 1 62
S.
1 01 Cf. em geral sobre isso: Petersmann, Die Friedenswarte 59 (1976), p . 7 s. com ref. ; em pormenores: Tomuschat, ZaRV 36 (1976), p. 460 seg.; Frowein, ZaoRV 36 (1 976), p. 149 seg . , 161 seg. 1 02 Assim Virally, em: Pays en vaie de dveloppement et transfor mation du droit intemational, Socit Franaise pour !e Droit Inter national, Colloque d'Aix en Provence, 1 974; vide tambm do mes mo, Rsolutions et recommendations dans !e processus dcisionnel de l'Assemble Gnrale et du Conseil conomique et social, em: Les resolutions dans la formation du droit intemational du dveloppe ment, 1971, p. 59 seg.; assim tambm: Colliard, lnsttutons et rela tons nternatonales (6". ed.) , 1974, p. 276. 1 03 R. S chmidt, VVDStRL 36 ( 1 978), LS 18; em relao aos relat rios finais KSZE vide tambm Tomuschat, op. cit., LS 8 a) aa) .
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ternacionaP 04 , ou neg-la totalmente 1 05 , nada pode mudar a sua funo de modelo ou seu carter de apelo para o futuro desenvolvimento do Direito Internacio nal, em especial do Direito Internacional contratual como "veculo de cooperao " 1 06 . O fato de elas, como declarao de princpios de uma maioria esmagadora dos Estados representados nas Naes Unidas, terem s ido trabalhadas e aprovadas, conjuntamente, no pode ser considerado juridicamente irrelevante pelos pases industrializados, ainda que esses tenham apre sentado reservas . J a parcialidade dos interesses aqui proclamados 1 07 , o desequilbrio dos designados direi tos e obrigaes dos Estados, a falta de " conhecimento da necessria contraposio de uma solidariedade exi gida" (Scheuner) 1 08 impede que se caracterize a Carta dos Direitos Econmicos e Obrigaes dos Estados como "constituio de uma 'nova' economia global " : " a situao atual de desigualdade ftica no deve ser 104 Na seqncia aos resultados da investigao de J.P. Mller, Ver trauensschutz im Volkerrecht, 1 9 7 1 , nesse sentido Frowein, ZaoRV 36 ( 1 9 76) , p . 1 5 4 seg.; vide tambm Tomuschat (nota-de-rodap 1 00) , p. 479 com outras ref. 1 05 Assim Kimminich, Einfhrung in das Volkerrecht, 1 97 5 , p. 1 72 seg.; Verdross I S imma, Universelles Volkerrecht, 1 9 76 , p. 3 2 9 seg.; Scheuner, Aufgaben und Strukturwandlungen in den UN, em: Kewe nig (ed.) , Die Vereinten Nationen im Wandel, 1 9 7 5 , p. 2 1 1 . 1 06 Sobre isso h ampla unanimidade nos autores acima citados ( cf. nota-de-rodap 1 00- 1 04) . 1 07 Sobre isso, em pormenores: Petersmann, Die Dritte Welt und das Wirtschaftsvolkerrecht, "Entwicklungsland " als privilegierter Rechtsstatus, ZaoRV 36 ( 1 976) , p. 492 seg. (536 seg.) . 1 08 Scheuner (nota-de-rodap 98) , p. 2 1 1 .
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pretexto . . . . para desenvolver um novo Direito Inter nacional da desigualdade, exclusivamente s custas dos pases industrializados " (Tomuschat) 1 0 9 . Tambm permanece incerto como o apelo solidariedade e "responsabilidade social " 1 10 dos pases industrializados pode se coadunar com o princpio de " igualdade sobe rana dos Estados" 1 1 1 reforado, tambm, pelos pases em desenvolvimento. Essa responsabilidade sem com petncia excede s funes do tesoureiro cego e pouco tem a ver com os fins humanitrios da cooperao so ciaP 1 2 . Apesar dessas reservas, as referidas Declaraes e Resolues colocam acentos essenciais para o desen volvimento de um direito internacional social de coo1 09 Tomuschat, ZaRV ( 1 976) , p. 490. 1 1 O Cf. os arts. 6, alnea 2 e 7 alnea 1 , 2 bem como art. 9 da Carta
dos direitos e obrigaes econmicas dos Estados, impresso em: Die Friedenswarte 59 ( 1 9 76) , p. 76 seg.; art. 9 reza: "Ali States have the responsibility to cooperate in the economic, social, cultural, scientific and technological fields for the promption of economic and social progress throughout the world, especially that of the developing countries. " 1 1 1 S egundo a viso de Petersmann, ZaRV 36 ( 1 976) , p. 5 3 7 , "os pases em desenvolvimento exigem um preenchimento material dos princpios de soberania e igualdade, ancorados no Direito Internacio nal, nas relaes norte-sul e interpretam o princpio da soberania, ge ralmente, no somente como fundamento jurdico para direitos de liberdade, proteo e defesa, mas sim, tambm, para direitos de par ticipao (por exemplo, na ajuda multilateral ao desenvolvimento por parte da ONU) e para um droit au dveloppement e Direito Interna cional preferencial ao desenvolvimento (droit du dveloppement) " 1 1 2 S obre o problema: Flory, Souverainet des Etats et cooperation pour le dveloppement, RdC 1 974, p. 2 5 5 seg.
.
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perao, no qual o princpio da "segurana econmica coletiva " 1 1 3 tanto norma de ao como meio para a realizao dos direitos humanos de toda a populao mundial. A transio de ajuda bilateral ao desenvolvi mento para ajuda multilateral, sej a por parte de orga nizaes regionais, como a Comunidade Europia 1 1 4 , ou por meio do fundo de desenvolvimento das Naes Unidas 1 1 5 , possibilita uma distribuio das prestaes de ajuda mais independente dos interesses econmi cos dos Estados isoladamente e, com isso, mais justa entre os diferentes grupos e pases em desenvolvimen to, em especial ento, se os pases destinatrios parti-
1 1 3 Pensamento levantado e introduzido pelo Brasil e para o princ pio diretivo da Carta dos direitos e obrigaes econmicas dos Esta dos (cf. Tomuschat, ZaRV 36 ( 1 976) , p. 456 com ref.) . Cf. sobre isso o relatrio do secretrio geral da ONU diante do Conselho Eco nmico e S ocial na sua 5 73 assemblia em 6.6. 1 9 74 (UN Doc. 5 5 29) e K. lpsen (nota-de-rodap 6 1 ) , p. 1 1 seg. 1 1 4 Cf. sobre isso recentemente: Grabitz, Die Entwicklungspolitik der Europiiischen Gemeinschaften. Ziele und Kompetenzen, EuR 1 977, p. 2 1 7 seg.; vide tambm: S chiffler, Das Abkommen von Lom
zwischen der Europiiischen Wirtschaftsgemeinschaft und 46 Staaten Afrikas, des karibischen und des pazifischen Raumes, JIR 1 8 ( 1 976) , p . 320 seg. bem como as publicaes da Comisso d a Comunidade
Europia: Entwicklungshilfe , S kizze der Gemeinschaftsaktion von morgen, em: Buli. EG Beil. 8/74; e do mesmo: Entwicklung und Rohstoffe - Aktuelle Probleme, Buli. EG Beil. 6/7 5 . 1 1 5 Sobre o "United Nations Development Program" (UNDP) e so bre a "United Nations Industrial Development Organization" (UNI DO) cf. as referncias em Kimminich, Einfhrung in das Vlkerrecht, p. 1 97 seg.; vide tambm Morse, sobre o papel do programa de desen volvimento das Naes Unidas - Sieben Charakteristika der multila teralen Hilfe, em: Vereinten Nationen 1 977, p. 1 04 seg.
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A sociedade
A cooperao internacional no se limita apenas cooperao entre Estados . A modernizao dos vecu los e meios de comunicao , tambm, a nvel socie trio, motivo de uma superao das fronteiras nacio nais e da construo da sociedade internacionaP 1 6 . O Estado Constitucional cooperativo se colocou o desa fio da cooperao internacional tambm no plano "so cial" privado. A transferncia ( e, ocasionalmente, tam bm, o comprometimento) de polticas estatais econ micas e de desenvolvimento para outras polticas vol tadas para o comrcio de empresas multinacionais 1 1 7 1 1 6 S obre o conceito de "sociedade internacional" cf. P. Hiiberle, VVDStRL 30 ( 1 9 72) , p. 43 (63) ; J. H. Kaiser, Art. " Staatslehre", Staatslexikon, 6. Aufl. VII ( 1 962) , Sp. 589 (595) . 1 1 7 Cf. sobre isso: United Nations, Multinational Corporations in World Development, Report by the Dep. o f Economic and Social Af fairs of the U . N . Secretariat, New York, 1 973, STIECN 1 90. Cf. tambm a comunicao da Comunidade, Buli. EG Beil. 1 5/73; Felt ham I Rauenbusch, Canada and the Multinational Enterprise, em: Hahlo I Smith l Wright ( ed.) , Nationalism and the Multinational En terprise , 1 9 74, p. 4 5 : "The particular characteristic of the multinatio nal enterprise in this world of economic integration is that many such enterprises have achieved transnational integration and coordination in much higher degree than any of the political organizations . " Sobre o tema "Direito Internacional e empresas multinacionais" vide tam bm Petersmann, Di e Friedenswarte 59 ( 1 976) , p. 1 6-23; sobre o aspecto da concorrncia: Meessen, Volkerrechtliche G rundsiitze des internationalen Kartellrechts, 1 97 5 , vide tambm a OECD-Declara44
somente pode ser vinculada, socialmente, pela coope rao internacional dos Estados e ser obrigada ao cum primento do objetivo da segurana econmica coleti va. Os esforos por um " Cdigo de comportamento para empresas multinacionais " no mbito da OECD so um primeiro passo para a realizao desse postula do. Desde que estej am preparados a assumir sua res ponsabilidade social correspondente sua influncia no plano internacional, elas deveriam, como fatores da integrao econmica privada, no mais ser combati das como fatores prejudiciais da vida econmica inter nacional, e sim, serem promovidas como complemen to de cooperao estatal no plano societrio. Nesse contexto, merece especial meno a Organi zao da Cruz Vermelha, cuj o comit internacional possui at mesmo condio de sujeito de Direito In ternacional 1 1 8 . Entre as demais (cerca de 2000 1 1 9) "organizaes internacionais no estatais" atuantes praticamente em
tion on International lnvestment and Multinational Enterprises-Gui delines for Multinationals, in the OECD-Observer N 82 I July I Au gust 1 9 76 , p. 9 seg. 1 1 8 Cf. : W. v. Starck, Internationale und nationale Rechtsstellung des Roten Kreuzes, JIR 1 3 ( 1 967) , p. 2 1 0 seg.; Verdross I Simma, Univer selles Volkerrecht, 1 976, p. 2 1 9; Knitel, Le rle de la Croix-Rouge dans la protection internationale des droits de l'homme, em: La pro tection internationale des droits de l'homme, Bruxelles 1 977, p. 1 3 7 seg. 1 1 9 Assim K.imminich, Einfhrung in das Volkerrecht, 1 975, p. 1 2 5 seg.; Scheuner, Nichtstaatliche Organisationen und Gruppen im so
ziologischen und rechtlichen Aufbau der heutigen internationalen Ord nung, Jahrbuch des Landesamts fr Forschung des Landes Nordrhein Westfalen 1 966, p. 584 seg.
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todos os campos da vida social, cultural e econmica, deve-se ressaltar, especialmente, a organizao da Anistia Internacional distinguida com o prmio Nobel da Paz de 1 97 7 1 20 . O seu trabalho torna claro, assim como o da Cruz Vermelha Internacional, que as aes humanitrias e a efetiva proteo dos direitos huma nos no so somente tarefas estatais, nem podem ser transferidas cooperao entre Estados, e sim, care cem do complemento, da c o-participao e, geralmen te, tambm das iniciativas - privadas - da sociedade internacional : atravs de pessoas por causa de pes soas 1 2 1 . Organizaes internacionais no estatais tambm encontraram reconhecimento na Carta das N aes Unidas. Segundo o art. 7 1 , o conselho econmico e so cial pode 1 22 : 11fazer adequados acordos com o fim de consulta a organizaes no governamentais que se ocupam com questes de sua competncia. Tais acordos com organizaes internacionais, desde que favorveis, tambm podem ser firmados com organizaes . na cionais aps consulta ao respectivo membro das Naes Unidas " . 1 20 Cf. sobre isso a documentao de Claudius I Stepham, Arnnesty lnternational - Portrait einer Organisation, 1 9 76; M . Fris, Die machtlose Schutzmacht der Menschenrechte, FAZ de 2 2 . 1 0 . 1 977. 1 21 Vide principalmente: H . Lauterpacht, International Law and Human Rights, 1 973, p. 27 seg., 69 seg.; Verdross I Simma, Univer selles Vlkerrecht, 1 076, p. 5 8 3 seg. 1 22 Cf. H. Lauterpacht, International Law and Human Rights, 1 973, p. 23 seg.
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O reconhecimento e o fomento do trabalho dessas organizaes fazem parte das tarefas principais do Es tado Constitucional cooperativo, mesmo que ou justa mente porque, com isso, se coloca em questo a intro verso do pensamento nacional de soberania.
2 . Do Estado Nacional Soberano ao Estado Constitu
cional Cooperativo
Como, n a perspectiva jurdico-internacional, a cooperao entre os Estados se coloca no lugar da mera coordenao e da mera ordem da coexistncia pacfi ca 1 2 3 (ou sej a, da delimitao dos mbitos nacionais de soberania entre si) , so reconhecveis tendncias no campo do D ireito Constitucional nacional que indi cam a diluio do esquema estrito interno/ externo a favor de uma abertura ou amabilidade do Direito In ternacional.
a) Abertura do Direito Internacional nos textos cons titucionais
Como Constituio escrita mais antiga vigente ain da atualmente, a dos Estados Unidos da Amrica de 1 7 de setembro de 1 78 7, excluindo algumas determi naes sobre o poder das relaes exteriores (art. 1 , 1 2 3 Sobre a mudana de contedo desse princpio desenvolvido pela doutrina socialista do Direito Internacional, vide as referncias em Kimminich, Einfhrung in das Volkerrecht, 1 97 5 , p. 87 seg. (espe cialmente nota-de-rodap 1 2}.
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seo 8 , alneas 3 e 1 0, bem como art. 2, seo 2, al nea 2) 1 24 , no contm nenhuma declarao sobre a re lao dos Estados Unidos com outras naes. Outras Constituies mais antigas como a da Noruega, de 1 8 1 4 1 2 5 da Holanda de 1 8 1 5 1 26 da Blgica de 1 83 1 1 27 e de Luxemburgo de 1 868 1 28 , abriram-se para o Direito Internacional, em oposio sua introverso inicial, somente atravs de recentes reformas constitucionais . medida que os novos artigos constitucionais inseri dos, em vista integrao europia, permitem a trans ferncia de poder soberano a organizaes e institui es supranacionais ou de Direito Internacional 1 29 , eles documentam a disposio para uma renncia sobera nia que era, at ento, estranha ao Direito Internacio nal tradicional. Pela primeira vez foram ancorados tais dispositivos na Constituio da Itlia, de 1 94 7 (art. 1 1 ) 1 30, a na Lei Fundamental da Repblica Federal da Alemanha de 1 949 (art. 24 alnea 2) . A Constituio grega, de 1 9 7 5 , a contm no art. 28, alnea 2 1 3 1 . Que
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tischen Staaten Europas, 2. Aufl. 1 975, p. 404 seg. 1 2 6 Op. cit., p. 367 seg. 1 27 Op. cit., p. 40 seg. 1 28 Op. cit., p. 348 seg. 1 29 Cf. 93, alnea l, Constituio da Noruega; art. 67, alnea l , G G d a Holanda; art. 2 5 Constituio d a Blgica; art. 49 Constituio de Luxemburgo. 1 30 Texto em: Mayer-Tasch (nota-de-rodap 1 2 4) , p. 3 1 4 seg. 1 3 1 "To serve an important national interest and to promote coope ration with other States, competences under the Constitution may be granted by treaty or agreements to organs of intemational organiza48
1 24 Texto em: Franz, Staatsverfassungen, 1 964, p . lO seg. 1 2 5 Texto em: Mayer-Tasch, Die Verfassungen der nicht-kommunis
aqui acena, possivelmente, uma transio geral funda mental no auto-entendimento de Estados soberanos, pode ser presumido na Constituio do reino da Su cia, de 1 9 7 5 1 3 2 , que, em oposio Constituio de 1 809 1 33 , apesar da inalterada neutralidade da Sucia, no captulo 1 0, 5, alnea 2, determina que tarefas da jurisprudncia e da administrao podem ser transfe ridas "a um outro Estado, a uma organizao interesta tal ou a uma instituio ou comunidade estrangeira ou internacional" . A Constituio d a antiga DDR previu, n o art. 6, alnea 4, e o art. 24, alnea 2 GG prev a possibilidade de aderir a um sistema de segurana coletiva. Adeses cooperao internacional amigvel esto contidas, principalmente, nas Constituies mais j ovens . Assim, a Irlanda refora, no art. 29 de sua Constituio de 1 93 7, " sua afeio ao ideal da paz e da cooperao ami gvel entre os povos sob a base da justia e moral inter nacionais " . O povo j apons declara-s e , segundo o prembulo de sua Constituio de 1 94 7, decidido a "manter os frutos de cooperao pacfica com todos os p ovos . " 1 34 D e form a s em e l h a n t e , a c e ntuou o prembulo da Constituio da Polnia, de 1 95 2 1 3 5 , a vontade de reforar a amizade e a cooperao entre os
. .
tions . . . " cf. sobre isso: Fatouros, lntemational law in the Greek cons titution, em: AJIL 70 ( 1 976), p. 492 seg. 1 32 Mayer-Tasch (nota-de-rodap 1 24) , p. 580 seg. 1 33 Op. cit., p. 554 seg. 1 34 Texto em: Franz, Staatsverfassungen, 1 964, p. 542 seg. 1 3 5 Texto em: Peaslee, Constitutions of Nations, vol. III-Europe, 3 . Aufl. 1 968, p . 7 1 0 (prembulo, ltimo pargrafo) .
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Estados. De forma especialmente detalhada, a Consti tuio da antiga Iugoslvia, de 1 9 74 1 3 6 , tratou da coo perao internacional no seu princpio fundamental VII: Partindo da convico de que coexistncia pacfica e cooperao ativa entre os Estados e povos, a des peito de suas diferenas no sistema social, so con dies indispensveis para a paz e avano social no mundo, a Repblica Federalista Socialista da Iu goslvia deve basear suas relaes internacionais sobre o fundamento dos princpios do respeito pela soberania e igualdade nacional, e no ingerncia nas questes internas . . . No esforo pela ampla cooperao poltica, econ mica e cultural com outras naes e Estados, a Re pblica Federalista Socialista da Iugoslvia, como comunidade socialista das naes, no pode perder de vista que a cooperao deveria contribuir para a criao de tais formas democrticas de uma vincu lao entre Estados, naes e povos, de acordo com os interesses das naes e do desenvolvimento social e, com isso, com o respeito a uma sociedade aberta. Segundo o art. 28 1 , alnea 7, a Unio deveria, atra vs de seus rgos, continuar a realizar e a estimular " a cooperao com pases subdesenvolvidos, bem como 1 36 Texto em ingls em: Blaustein I Flanz, Constitutions of the Countries of the World, vol. XIV, cf. D. Kulic, JOR NF 25 ( 1 976) , p . 2 1 1 (2 1 6 seg.) .
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assegurar as possibilidades do desenvolvimento conti nuado de cooperao econmica com estes pases " . Como n a Constituio d a antiga Iugoslvia so transferidas, por fora constitucional, experincias po sitivas na cooperao entre os Estados-membros de uma federao aos princpios da poltica externa, a idia do Estado constitucional cooperativo encontra expresso textual exemplar na Constituio do Can to suo, e na Repblica do Jura ( 1 9 7 7) . Seu art. 4 prescreve : repblica e o Canto Jura trabalham junta mente com os outros cantes da Confederao Eu vtica.
1. A 2. Ela aplicar seus esforos no estreito trabalho conjunto com seus vizinhos. 3 . Ela est aberta ao mundo e coopera, estreitamen te, com os povos que se esforam pela solidariedade.
O momento ativo j reconhecvel lingisticamen te: no verbo "trabalhar" . O momento de cooperao se acentua, nos Estados-membros, na alnea 1 - trabalho conjunto com outros Cantes -, mas, tambm, alm disso: em relao cooperao com os "vizinhos " e " com os povos que se esforam pela solidariedade " . Abertura ao mundo e solidariedade so palavras-chave do Estado constitucional cooperativo - alnea 3 formu la at mesmo expressamente que sua realizao de pende de um esforo correspondente; a graduao da
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cooperao do nvel estatal-federal ao nvel jurdico internacional no poderia ser mais evidente . . Uma rpida incurso pelas Constituies europias e alm da Europa permite reconhecer uma mudana de tendncia de muitos Estados (constitucionais) para a cooperao internacional, em que, nos antigos Esta dos socialistas, o elemento cooperativo precede, em parte, o estatal- constitucional . A anlise de mais de I 00 Constituies hoje vigentes, tambm dos pases subdesenvolvidos, somente ir confirmar essa tendn ciai 37 . Novos acentos em matria de "Estado Constitucio nal Cooperativo" so colocados em Constituies mais recentes. Nesse sentido, a fora normativa da prxis determinada em textos proporcionou, em parte, o permanente aumento da cooperao regional e global. . Perceptvel tambm o co-apoio de um idealismo acerca de uma " Comunidade mundial de Estados Constitucionais ", atrs do qual com certeza oculta-se uma realidade que no est livre, nem mesmo na Euro pa, de uma tendncia de re-nacionalizao. Os recen1 37 Cf. por exemplo: Constituio da Repblica da Nigria ( 1 960) , prembulo, alnea 2: "They affrm their determination to cooperate in peace and friendship with ali peoples who share this ideal of Justice, Liberty, Equality, Fraternity and Human Solidarity" (em: Blaustein I Flanz: Constitutions of the Countries o f the World, voi. IX); op. cit., vol . XIV: Const. da Rep. do Zaire de 24.6. 1 967, art. 69: " For the purpose of promoting African Unity, the Republic may conclude treaties and Agreements of affiliatin involving partia! abandonment of sovereignty " ; Constituio da Repblica de Bangladesh de 4 . 1 1 . 1 9 72, prembulo, alnea 4: " . . . make our full contribution to wards international peace and cooperation in keeping with the pro gressive aspirations of manking", op. cit., vol. Il.
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tes artigos de cooperao, bem como o conjunto de textos correspondentes, so tratados detalhadamente no contexto do "quadro global dos Estados Constitu cionais" . 1 3 8 A seguir alguns exemplos . Assim, na frica, a nova Constituio da frica do Sul ( 1 996/9 7) j, em seu prembulo, encontra uma fe liz mudana "sovereign state in the family of nations" . Este " G rundton" encontra-se n o plano interno do Es tado no captulo 3 "Cooperative G overnment" o que, por exemplo, obriga as nove provncias fidelidade fe deral e regional, todos os rgos constitucionais " fi delidade Constituio" : a saber, tambm, como re sultado da recepo da teoria do Estado e da jurispru dncia alems correspondentes. 1 3 9 1 38 Z. Brzezinski sustentou, em seu discurso de 2 5 de Outubro de
1 977, perante a comisso trilateral, uma destacada defesa da necessi dade e limites da cooperao (FAZ de 1 7 de Novembro de 1 977, p. 1 1 e seg.) : Prioridades fundamentais: "contribuir para a formao de um amplo e cooperativo sistema internacional", ver tambm: "Uma comunidade segura e cooperativa dos modernos estados industriais democrticos uma fonte necessria de estabilidade para um alargado sistema de cooperao internacional ( . . . ) o amplo e cooperativo siste ma internacional precisa integrar todas as partes do mundo que esto dominadas pelos regimes comunistas e esses Estados precisam ( . . . ) se incorporar em uma grande rede de cooperao. O objetivo ( . . . ), o qual compreende a relao leste/ocidente em um ampliado quadro de coo perao ( . . . ) faz parte da relao leste/ocidente elementos tanto de divergncia como tambm de cooperao". Ver tambm o conceito "Comunidade G lobal " . Desde " 1 989" sente-se a premncia deste texto. 1 39 Bibliografia: H . Bauer, Die Bundestreue, 1 992; A. Alen/P. Pee ters/W. Ps, "Bundestreue" im belgischen Verfassungsrecht, JR 42 ( 1 994) , S. 439 e seg. Jurisprudncia: BVerfGE 1 2, 205 (254 e seg.); 8 1 , 3 1 0 ( 3 3 7) - M . Lck, Die Gemeinschaftstreue als allgemeines
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A estatalidade constitucional sul-africana tambm sofre uma "abertura" por meio do art. 2 3 3 : 11When interpreting any iegisiation, every court must prefer any reasonabie Interpretation of the ie gisiation that is consistent with internationai iaw over any aiternative Interpretation that is inconsis tent with internationai iaw ". I 4 0 A "perspectiva" mais ousada e, com isso, tambm, uma ponte cooperativa no mbito da cultura intelec tual lanada pela Constituio de Kwazulu Natal ( 1 996) . Em seu captulo 1 4, nmero 3 , pargrafo 1 l se: 11The ianguage of this Constitution shall be interpre ted as a whoie, on the basis of the meaning of i ts text, and, when necessary or appropriate, in the context of the principies and vaiues expressed by this Constitution as well as domestic and broadiy recognized principies of the constitutionaiism in deRechtsprinzip im Recht der Europiiischen Gemeinschaft, 1 992; A. An zon, La "Bundestreue"e il sistema federale Tedesco, 1 99 5 . 1 40 A Constituio d a Nambia ( 1 990) , citada e m J R ( 1 99 1 /92) , p. 691 e seg., dispe j em seu prembulo que a Nao Nambia est "among and in association with other nations of the world". Nas dis posies finais (art. 1 44) regulamentada a relao com o "Interna tional Law". Para um artigo exemplar de interpretao ou de fonte jurdica da Constituio da Provncia sul-africana de Kwazulu Natal ( 1 996) a parte VIII nmero 1 5 (Palavra chave: Positivao do direito comparado como mtodo de interpretao) .
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mocratic countries in which a constitution is the su preme law of the land ". Nesse sentido surge uma "liga de interpretao da C o n s ti tu i o " (Verfassungsinterpretationsverbund) exemplar. Em anlise do recente estgio de desenvolvimento na sia e no leste europeu conclui-se o seguinte : a Constituio do Azerbaijo ( 1 995) dispe, j em seu prembulo, que "vivre dans les conditions d'amiti, de paix et de securit avec les autres peuples et cette fin realiser une coopration mutuellement avantageuse " . E s s e pensamento d e " cooperao mutuamente v a n t aj os a " (gegensei tig vorteilhafter Kooperation) a p r e s e nt a - s e tambm em outros m o m e nto s : p o r exemplo referncia a o "reconhecimento universal de normas do direito internacional" (art. 10) ou na conso lidao da primazia do direito internacional dos trata dos em face a normas internas quando em casos de conflito (art. 1 5 1 ) . Restritivo aqui o art. 9, alnea 4 da Constituio da Ucrnia ( 1 996) : "The conclusion of international treaties which contravene the Consti tution of Ukraine is possible only following the intro duction of requisite changes to the Constitution of Ukraine " . Uma clusula limitada de abertura que lem bra, em parte, artigos em Estados europeus ocidentais da Unio Europia (talvez o art. 24 da G G , art. 1 1 da Constituio da Itlia) encontra-se no art. 79 da Cons tituio da Federao Russa ( 1 9 9 3 ) 1 4 1 : 1 41 Citado em J. C. Traut (Org.) Verfassungsentwrfe der Russis chen Foderation, 1 994, p. 3 8 1 e seg.
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"A Federao Russa pode participar, conforme tra tados correspondentes, de Unies intra-estatais e transferir-lhes parte de sua soberania, quando isso no implicar uma limitao dos direitos e liberda des dos Homens e cidados e no contradizer os fundamentos da construo constitucional da Fede rao Russa ". 1 4 2
necessrio se observar, cntiCamente, ainda na fase inicial do processo constituinte no leste europeu, que a idia de uma estatalidade ou cooperao aberta nos textos - ainda - no se manifestou. 1 43 Assim, gra as ao art. 79 da Federao Russa, observa-se positiva mente o progresso textual (considervel so as clusu las de direitos fundamentais e segurana estrutural1) . Na Constituio da Litunia ( 1 992) 1 44 chama a aten o a referncia aos tratados internacionais de "coope rao poltica"com Estados estrangeiros (art. 1 3 8, pa rgrafo 1 , nmero 2 ) , assim como a integrao dos
1 42 O projeto constitucional original da Rssia, elaborado pela Co misso Constitucional (Maro 1 992, citado em loR 45 (1 997) , p. 3 1 O (3 1 2) , ousou ainda, no artigo 1 1 , alnea 1 , "aberto" ou "cooperante": "La Fderation de Russie est membre de plein droit de la communaut mondiale, elle observe les prncipes universellement admis er les nor mes du droit international et les traits internationaux qu 'elle a con clus; elle tend une paix universelle et juste, la cooperation mutuel lement avantageuse, la solution des problemes globeaux". A frmula "problemes globeuax" documenta um novo desenvolvimento textual so bre o tema "Viso do mundo do Estado Constitucional" (Weltbild des Verfassungsstaates) . 1 43 Para isso minha contribuio em JR 43 ( 1 995) , p. 1 70 ( 1 8 1 seg.) 1 44 Citado em J R 44 ( 1 996) , p. 360 e seg. 56
acordos internacionais ratificados ao sistema jurdico da Repblica da Litunia (pargrafo 3 , acima) . Aqui ava n a , em e s p e cial, a C o n stituio da Bulgria ( 1 99 1 ) , 1 4 5 pois ela dispe sobre uma clusula de coli so ou de primazia em suas determinaes fundamen tais no primeiro captulo (art. 5, alnea 4, frase 2 : " Ils (se. les accords internationaux) ont la priorit sur les normes de la lgislation interne qui sont em contradic tion avec eux") . O proj eto constitucional da Bielo-Rssia ( 1 994) dispe, em seu prembulo, sobre "subject, with full rights, of the world community" und " adherence to values common to ali mankind" . E exige no art. 8, al nea 1 : "The Repubiic of Beiarus shall recognize the supre macy of the universally acknowiedged principies of internationai iaw and ensure that its iaws compiy with such principies ". No geral, pode-se esboar a seguinte tipologia acer ca da cooperao intensiva e extensiva ante a incluso dos recentes desenvolvimentos textuais: - Artigo preambular que reconhece a incluso na comunidade ou famlia de povos (tambm via fina lidades educacionais); - Artigo que reconhece a (tarefa de) cooperao, inovado por meio do aditamento "vantagem m1 4 5 Citado em JR 44 ( 1 996) , p. 497 e seg.
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tua" (gegenseitig vorteilhaft) , ocasionalmente con centrado no mbito regional; - Artigo de parceria (Wahlverwandtschaft) ou so lidariedade; - Recepo de pactos de direitos humanos regio nais ou e universais; - Integrao de normas de direito internacional universalmente reconhecidas; - Artigo de Primazia ou coliso em favor do direito internacional, por exemplo, dos direitos humanos; - Normas de interpretao conforme o direito in ternacional ou, tambm, favorvel a esse, mas no somente de direitos humanos; - Artigo de fontes do direito aberto ao direito in ternacional; - Clusulas de interpretao abertas ao direito es trangeiro. Aps essa anlise dos ltimos processos culturais de cooperao na famlia internacional dos Estados Constitucionais torna-se necessria uma considerao concreta, "material " : o contedo da cultura dos Esta dos Constitucionais necessita de fundamentao.
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O Direito Internacional Privado tambm deve ser, aqui, considerado, de forma terico-estatal e - consti tucional -, como expresso e meio de entrelaamento dos Estados ou de suas "sociedades ", nos seus questio. namentos e nas suas tendncias de desenvolvimento. Por um lado se pergunta, de forma terico-consti tucional, qual a melhor soluo para a configurao do DIP. De forma impressionante, o Estado alemo pode e quer - sobretudo, aps o desenvolvimento paulatino de normas unilaterais de coliso para normas gerais 1 46 - promover a aplicao de Direito estrangeiro por seus prprios juzes estatais. No coincidncia o fato de que o juiz alemo aplique o Direito estrangeiro como "Direito" , enquanto que a teoria francesa parte, timi damente, de "fatos " 1 47 - de que isso deveria ser uma conseqncia do dogma da soberania, em que se deve ria remeter teoria de Batiffol 1 48 como autocrtica francesa. A aplicao de Direito (privado) estrangeiro por juzes alemes o melhor sinal de cooperao dos Estados e particulares. (Pense-se, tambm, no Direito comercial internacional fomentador de cooperao julnternationales Privatrecht, 4" ed., 1 97 7 , p. 1 25 seg. 1 47 Cf. Makarov, Der allgemeine Teil des internationalen Priva trechts im neuen franzosischen Kodifikationsentwurf, em: Multitudo legum jus unum, Wilhelm Wengler no seu 65 aniversrio, 1 9 7 3 , vol. II, p. 505 (5 1 0 seg.) . 1 48 Sobre isso Kegel (nota-de-rodap 1 3 7) , p. 90 seg.
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rdico-privada) . O respeito identidade da cultura constitucional e jurdica estrangeira permanece um princpio para o Estado constitucional cooperativo. Por outro lado1 trata-se da questo sobre at que ponto a GG 1 49 1 especialmente os direitos fundamen tais 1 50 1 tm validade no DIP e como fica com a "ordre public " . Um Estado constitucional que se v1 cons cientemente1 no entrelaamento internacionaC ir abrir-se mais fortemente ao Direito estrangeiro que o Estado " autocrtico " .
1 49 Assim Sonnenberg, Die Bedeutung des Grundgesetzes /r das deutsche internationale Privatrecht, Diss. Munique 1 962. 1 50 Cf. BGHZ 4 1 , 1 36 ( 1 50 seg.): No celebrao de casamento de espanhol catlico com alemes divorciados, apesar do art. 6, I, G G : " O direito fundamental d e liberdade d e celebrao d e casamento so mente pode ser exercido no mbito das leis das quais faz parte a or dem jurdica caracterizada de estrangeira por nosso direito de coli so . " Segundo BGHZ 42, 7 ( 1 3 seg.) , "aplica-se o princpio funda mental do Direito Internacional geral de que todo membro da comu nidade do Direito Internacional deve reconhecer os ordenamentos ju rdicos dos outros membros . . . Haveria contradio a isso se a aplica o dos princpios jurdicos de ordenamentos jurdicos estrangeiros, coerentes com o Direito Internacional, fossem, de incio, depen dentes de sua compatibilidade com os dispositivos da Lei Fundamen tal da Repblica Federal da Alemanha" (com outras referncias, ao contrrio, com razo BVerfGE 3 1 , 58 (70 seg., 72 seg.) : "Essa con cepo no faz jus primazia da Constituio e do significado central dos Direitos Fundamentais " . Vide tambm Dlle, lnternationales Privatrecht, 23 Ed. 1 972, p. 20 seg.; Kegel (nota-de-rodap 1 37) , p. 240 seg.; Jayme I Meessen, Staatsvertriige zum lnternationalen Pri vatrecht, 1 975, p. 1 3 seg., 58 seg.
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C aptulo 1 1 1
Conseqncias terico-constitucionais
No mbito dessa viso "conjuntamente pensada " pelos Estados constitucionais e relaes internacio nais, Estado constitucional e Estados (constitucionais) vizinhos, deve-se, na dvida, apelar para a doutrina co mum das fontes jurdicas. A ideologia do monoplio estatal das fontes jurdicas 1 5 1 torna-se estranha ao Es tado constitucional quando ele muda para o Estado constitucional cooperativo. Ele no mais exige mono plio na legislao e interpretao: ele se abre - de for ma escalonada - a procedimentos internacionais ou de Direito Internacional de legislao, e a processos de in terpretao. Certamente, do ponto-de-vista formal, ainda se poderia fundamentar seu monoplio de legis lao e interpretao, ou seja, remeter deciso "sobe rana" para uma cooperao internacional. Obj etiva1 5 1 S obre isso minha crtica, AR 92 ( 1 967) , p. 259 ( 2 7 1 ) .
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mente e de forma realista, trata-se de processos com plexos de legislao e interpretao com muitos part cipes: a determinao unilateral desenvolve-se em di reo a aes unssonas e cooperantes . A cooperao dos Estados constitucionais nas orga nizaes internacionais, o desenvolvimento conjunto de obras amplas de codificao que regulam forma e procedimento de sua cooperao 1 s 2 , e a extenso de sua jurisdio internacional de cujo material jurdico fazem parte, entre outros, "os princpios jurdicos ge rais reconhecidos pelos Estados civilizados " 1 S 3 , for mam o fundamento de uma influncia recproca da or dem jurdica nacional e internacional: estruturas jur dicas e idias de justia dos diversos Estados da comu. idade jurdica internacional influem no processo de - formao do Direito InternacionaP S 4 ; princpios e re gras isoladas do Direito Internacional colocam, por sua vez, medidas para o desenvolvimento jurdico interno do Estado. O direito comparado , aqui, o meio tpi co i ss . O Direito do estrangeiro, tanto no direito inter-
I S 2 Cf. a Conveno de Viena sobre o Direito dos acordos de 2 2 . 5 . 1 969, sobre isso Verdross I Simma, Universelles Volkerrecht, 1 976, p. 345 seg. I S 3 Art. 38 c IGH-Statut; cf. sobre isso Verdross, Die Quellen des universellen Volkerrechts, 1 973, p. 1 20 seg. ( 1 26 seg.); Hailbronner, Ziele und Methoden volkerrechtlich relevanter Rechtsvergleichung, em: ZaRV 36 ( 1 976) , p. 205 seg. I S 4 Cf. Strebel, Einwirkungen nationalen Rechts aufdas Volkerrecht, em: ZaRV 36 ( 1 976) , p. 1 68 seg. I SS Sobre isso Bothe, Die Bedeutung der Rechtsvergleichung in der Prxis internationaler Gerichte, em: ZaRV 3 6 ( 1 976) , p. 280 seg.
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nacional quanto interno1 e o desenvolvimento da pro teo dos direitos humanos1 1 5 6 servem de exemplo. Ao lado dessa penetrao das diversas ordens jur dicas1 em sentido substancial! o elemento pessoal1 a " questo dos partcipes" tem importncia decisiva. A composio internacional dos grmios 1 57 competentes para a redao dos proj etos de codificao1 declarao e resoluo1 bem como do IGH1 garante que se consi dere as diversas concepes jurdicas tambm em sen tido institucionaL A forma intensificada de coopera o internacional quando da criao e interpretao ju rdicas na Comunidade Europia 1 58 indica a direo de um possvel avano continuado1 tambm a nvel global. A " s ociedade ab e rta dos intrpretes constitu c i o nais " 1 5 9 torna-se internacional.
2 . "Direito comum de cooperao" : Integrao entre
Expresso1 pressuposto e conseqncia da coope rao entre os Estados (constitucionais) o desenvol vimento do Direito comum1 que deve chamar-se "Di1 56 Cf. Strebel, ZaRV 36 ( 1 976) , p. 1 76 seg.; em geral: Verdross I S imma, Universelles Volkerrecht, 1 976, p. 583 seg. 1 5 7 Assim o grupo de trabalho para a redao da "Carta dos direitos e obrigaes econmicas dos Estados", de 1 974, era composto por representantes de 3 1 a 40 Estados; cf. Tomuschat, ZaRV 36 ( 1 9 76) , p. 444 (446) . 1 5 8 Sobre isso cf. o artigo em BayVBl. 1 977, p. 745 (75 1 ) . 1 59 Sobre isso P . Hberle, J Z 1 975, p . 297 seg.
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reito de cooperao" . Tal Direito comum de coopera o reconhecvel entre os Estados constitucionais. O panorama tipolgico mostra isso. Normas, processos e competncias, objetivos e contedos tpicos afeitos ao Direito Internacional j se adensaram aqui, ampla mente, e de forma considervel : surge um efetivo "co mum" em formas e normas de Direito cooperativo que a comparao constitucional deve continuar a especifi car. Tal Direito comum de cooperao entre os Esta dos constitucionais deve desenvolver-se tanto quanto a competncia jurisdicional constitucional avanar. Esta pode atuar, especialmente, como "veculo de coo perao" - assim como o EuGH ativo como fator de integrao no mbito da Comunidade Europia. " Coo perao" , assim, uma pr-forma, um pr-nvel de tais direitos de integrao (europeus) . Razo pela qual deve ser levada em conta a experincia da Comunida de Europia para a construo e desenvolvimento do Direito supra-regional de cooperao entre os Estados constitucionais. (Pense-se nos direitos fundamentais, princpios gerais do Direito, a competncia jurisdicio nal como motor de integraoi 60 .) Direito de cooperao tambm deve ser desenvol vido entre tais Estados ou Estados constitucionais no relacionados regionalmente: os que, por exemplo, se localizam em diversos continentes; ou seja: A "unidade
1 60 Cf. sobre o papel correspondente do EuGH : H. P. lpsen, Euro paisches Gemeinschaftsrecht, 1 972, p. 3 74; Lecourt, L'Europe des Juges, p. 2 1 9, 309; Schlochauer, Der Gerichsthof der Europaischen Gemeinschaften als l ntegrationsfaktor, em: Festschrift fr Walter Hallstein, 1 966, p. 43 1 seg. 64
da comunidade do Direito Internacional " no pode ser rompida pela diferente rapidez do crescimento do Di reito regional de cooperao. Direito de cooperao, no sentido aqui entendido, sempre ter densidade di ferente e tambm se desenvolver diferentemente. Da mesma forma, os elementos e institutos desse Direito de cooperao deveriam ser "comuns " : para reforar um desenvolvimento geral paulatino de todos os Esta dos em direo ao Direito de cooperao que promova a "superestrutura" e "infraestrutura" do Direito Inter nacional e Direito estatal comuns, que se esquive da alternativa " Direito Internacional ou Direito estatal" e integre ambos 1 61 "Direito comum de cooperao" a tentativa, no somente terminolgica, de "ir alm" dessa alternativa bem como da discusso do dualismo e monismo.
A realizao cooperativa dos direitos fundamentais uma outra conseqncia do Estado constitucional cooperativo e " de seu " Direito geral de cooperao bem como do Direito de cooperao do Direito Inter nacional. O conceito advm do potencial de inovao da j urispru dncia do Tribunal Constitucional F e de1 61 Diferente do Direito Internacional de cooperao ou do "Direito de cooperao jurdico-internacional " (cf. Petersmann, ZaRV 3 6 ( 1 976) , p. 5 1 7) , o "Direito comum d e cooperao" compreende, per se, tambm partes do direito constitucional dos Estados .
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raP 62 ; ele encontra - para alm do mbito do federalis mo cooperativo - expresso crescente e diversificada: da forma de cooperao comparativamente "firme " e intensiva (tambm de realizao estatal) no Estado fe derativo, passando por convenes regionais dos direi tos humanos como a MRK at os pactos universais de direitos humanos de 1 966 ou 1 9 7 6 pouco densos ou o "Korb 1 63 3 " da KSZE. Realizao cooperativa dos direitos fundamentais a tarefa do Estado constitucional (cooperativo) nas suas relaes "externas" de criar, na comunidade jurdica in ternacional, uma medida mnima de realidade material e processual dos direitos fundamentais para "estrangei ros" e aptridas "entre si" . Isso tambm se aplica ao seu poder externo 1 64 e tem conseqncias para o Direito In ternacional privado. Naturalmente, no h receitas e frmulas de patente, nem para os direitos fundamentais isoladamente, nem p ara os meios e processos de sua aplicao. De forma que art. 1 , al. 2 G G competncia e encargo para a realizao cooperativa dos direitos fun damentais, bem como para a configurao, conforme os direitos humanos, de direitos fundamentais isolados no Direito dos estrangeiros 1 65 . 1 62 Cf. a deciso "numerus-clausus" do BVerfG em E 33, 303 (3 5 7) sobre "co-participao" dos Estados-membros "na realizao coopera tiva da proteo dos direitos fundamentais" , e P. Hberle, DV 1 972, p. 729 (739 seg.) . 1 63 Korb = cesto em alemo. 1 64 S obre isso a controvrsia na Basilia entre Geck e G rabitz: WDStRL 36 ( 1 978) , p. 1 42 seg., 1 59 seg. 1 65 Para a efetivao, pelo BVerfG , do art. 9 al. 4 GG para estran66
M esmo o " comrcio human o " (mais ou menos oculto) da Repblica Federal da Alemanha com a anti ga DDR (livre comrcio de presos polticos) fez parte da realizao cooperativa dos direitos fundamentais, a bem dizer, atravs das fronteiras "mais fechadas" . A realizao cooperativa dos direitos humanos no se limita a uma dogmtica dos direitos fundamentais: ou seja, a defesa jurdica dos direitos humanos um lado, mas no o "nico" da liberdade do direito funda mental que o Estado constitucional cooperativo deve tomar por base para a diretriz de sua atuao. A esta acrescem-se outros "lados " do direito fundamentaP 66 . Atividades dos direitos humanos realizadas estatal mente no so formas menos importantes de coopera o efetivas dos direitos fundamentais. In nuce, elas j se encontram na interpretao, favorvel ao direito do estrangeiro, do art. 1 9, al. 4 GG pelo BVerfG; nisso pense-se, tambm, em conseqncias "jurdicas para os hiposuficientes"; a " integration by Jurisprudence" no mbito da Comunidade Europia Cdireitos funda mentais como "princpios jurdicos gerais") 1 6 7 um ngeiros que no dominam a lngua vide minhas referncias em: Schrnitt Glaeser (ed.) , Verwaltungsverfahren, 1 977, p. 47 (6 1 seg.) . 1 66 Para a combinao - varivel - de outros direitos fundamentais vide meu relatrio, VVDSrRL 30 ( 1 972) , p. 43 bem como, por exem plo, em DOV 1 976, p. 538 (colquio Krebs) , JZ 1 978, p. 79 (col quio Willke) . 1 6 7 Jurisp. do EuG H desde a deciso de 1 2 . 1 1 . 1 969, Rs . 29/69 (Stauder) , Slg. 1 969, 4 1 9 (42 5, Rn. 7) ; vide tambm deciso de 1 4. 5 . 1 974, Rs. 4/73 (Nold) , Slg. 1 974, 491 (507) . Sobre o conceito de " lntegration by Jurisprudence" cf. Deringer/Sedemund, NJW 1 977, p. 1 997.
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vel seguinte desde que contenha perspectivas jurdicas de efetivao 1 68 . Mas o pacto internacional sobre direitos econmi cos, sociais e culturais indica "obrigaes de direitos fundamentais a serem realizadas estatalmente " 1 69 e " poltica dos direitos fundamentais " . Justamente estes conferem uma nova posio estatalidade hoj e . Tam bm em outros materiais jurdicos sobre a "internacio nalizao" dos direitos fundamentais so comprov veis momentos de realizao estatal. Isso no significa uma extenso precipitada de dogmticas nacionais dos direitos fundamentais (aqui, introvertidas na GG) " famlia internacional dos Estados constitucionais " . Certamente h que s e ser cauteloso ao remeter, "para fora" , controvrsias tericas dos direitos fundamentais do mbito interno alemo - por mais que a doutrina francesa discuta a problemtica dos " direitos funda mentais de prestao" 1 70 . Entretanto, podem ser evi denciados os contornos de uma concordncia dos Esta dos constitucionais em relao a um mnimo de "mul tifuncionalidade " dos direitos fundamentais para alm do efeito "clssico" dos direitos fundamentais. Deve riam haver, tambm, mbitos nos quais a dogmtica alem (em verdade, no subdesenvolvida) com relao
Sobre isso I . Pernice, JZ 1 97 7, p. 777 (779 seg. ) . Sobre a terminologia vide meu relatrio, WDStRL 30 ( 1 9 72) , p. 1 03 seg. 1 70 Compare: Rivero, Les liberts publiques, 1 9 7 3 , p. 1 00 seg . : "droits des prestations"; Burdeau, Les liberts publiques, 1 96 1 , p . 2 1 : "droits-crances"; vide tambm Stahl, Die Sicherung der Grund freiheiten im ffentlichen Recht der 5. franzsischen Republik, 1 9 70, p. 1 7, 22 seg., 35 seg.
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aos direitos fundamentais possa aprender com outros pases. " Re alizao cooperativa dos direitos humanos " compreende a dogmtica dos direitos humanos, mas vai alm desta. Um exemplo disso a extenso coope rativa dos direitos humanos relativa a direitos civis a cidados dos Estados ( constitucionais ) vizinhos; assim, certas liberdades da MRK e direitos fundamentais dos cidados da Comunidade Europia vo alm do mni mo dos direitos humanos 1 71 . A "fora motriz" do tipo Estado constitucional no se mostra to grande em outro mbito quanto na reali zao cooperativa dos direitos fundamentais . S eus ca tlogos dos direitos fundamentais tornam-se exemplo no mbito pblico mundial de duas maneiras: como esperana dos "cidados estatais " de terceiros Estados por direitos fundamentais para si mesmos 1 72 e como esperana por melhoria, em nvel de direitos funda mentais, das pessoas como "estrangeiros " nesses Esta1 7 1 Cf. as liberdades de mercado configuradas como "base da comu nidade " no acordo EWG : livre circulao de mercadorias (art. 9 seg.) , liberdade de circulao de pessoas (art. 48 seg.) , liberdade de domiclio (art. 52 seg.) , livre prestao de servios (art. 59 seg.) e circulao de capital (art. 67 seg.) . Exemplar tambm a configura o do princpio da igualdade salarial para homens e mulheres, anco rado no art. 1 1 9 EWGV, como direito fundamental com efeito sobre terceiro, decidido pelo EuGH na deciso de 8 . 4 . 1 976, Rz. 43/75 (Dfrenne) , Slg. 1 976, 455 (4 72-476) . Sobre MRK vide tambm: Robertson, Die Menschenrechte in der Praxis des Europarats, 1 972. 1 72 O conceito de "cidado estatal" questionvel sob a perspectiva do Estado constitucional, pois os cidados no pertencem ao seu Esta do, e sim, ao contrrio, o Estado democrtico lhe pertence.
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dos . O prestgio do Estado constitucional cresce com sua fora para a realizao cooperativa dos direitos fundamentais . A estatalidade ganha, aqui, um novo pa tamar de legitimao. O " direito comum de coopera o" recebe dos direitos fundamentais os mais fortes impulsos, integra-os para "tarefas da comunidade " e tem neles um garante confivel.
4. Concluso - Resumo - Perspectiva
O Estado constitucional cooperativo ainda no um objetivo alcanado, ele se encontra " a caminho" . Obj e tivo dessas linhas c o n duz-lo (e mant -lo) adiante no caminho, torn-lo "possibilidade " para a "realidade" . O que "prprio" d o " Estado constitucional coo perativo"? Aqui um resumo: - Abertura para relaes internacionais com efeito de impor medidas eficientes no mbito interno (permeabilidade) , tambm no acento da abertura global dos direitos humanos (no mais cerrados no domnio reservado) e de sua realizao " coopera tiva" . - Potencial constitucional ativo, voltado a o objetivo (e elementos isolados nivelados) de realizao inter nacional "conjunta" das tarefas como sendo da co munidade dos Estados, de forma processual e ma terial.
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- Solidariedade estatal de prestao, disposio de cooperao para alm das fronteiras : assistncia ao desenvolvime nto, proteo ao meio ambiente, combate aos terroristas, fomento cooperao in ternacional tambm a nvel jurdico privado (Cruz Vermelha, Anistia Internacional) . O Estado constitucional cooperativo se coloca no lugar do Estado constitucional nacional. Ele a respos ta jurdico-constitucional mudana do Direito Inter nacional de direito de coexistncia para o direito de cooperao na comunidade (no mais sociedade) 1 73 de Estados, cada vez mais imbricada e constituda, e de senvolve com ela e nela o "direito comum de coopera o " . A sociedade aberta dos intrpretes da Constitui o torna-se internacionaH No Estado constitucional cooperativo, o elemento nacional-estatal relativizado e a pessoa ("idem civis et homo mundi") avana - para alm das fronteiras es tatais - para o ponto central (comum) da atuao esta tal (e inter- ou supra-estatal) , da "realizao coopera tiva dos direitos fundamentais" (art. 1 G G) . Hoj e acumulam-se, mundialmente, "tarefas de co munidade " da humanidade do planeta azul, que vo alm dos Estados como unidades autnomas . Pode ser que muitos Estados, no seu auto-entendimento, em sua literatura poltica e cientfica (dogmtico-jurdica) e nos seus "textos constitucionais", apresentem, em parte, somente confisses superficiais de cooperao I 73 C f. Kimminich, Vokerrecht, 1 9 7 5 , p. 83 seg. na sequncia dis tino sociolgica em e desde F. Tnnies. 71
mas, em geral, reportam-se "soberania" e " assuntos internos ", ao domaine rserv 1 74 para desviar da res ponsabilidade comum. Isso - politicamente - seu problema. A cincia do Estado constitucional livre e democrtico tem sua prpria tarefa: Ela somente pode subsistir se perceber, de forma conceitual-dogmtica, responsabilidade regional e global para alm do Estado - esta sua misso tico-constitucional1 A idia do "Estado constitucional cooperativo" e do "direito co mum de cooperao" procuram lhe fazer jusl 7 5 .
1 74 Sobre isso P. Hberle, AR ( 1 967) , p. 2S9 (286 seg.) com outras referncias; Verdross I Simma, Universelles Volkerrecht, 1 976, p. I S S seg.; Ch. Rousseau, Droit international public, 73 ed., 1 973, p. 297 com ref.; Delbez, Les principies gnraux du droit international public, 33 ed., 1 964, p. 1 80 seg. I 75 Uma defesa primorosa da necessidade e limites de cooperao g l obal foi apresentada por Z . B rzezinski no seu discurso de 2 S . I O. l 977 diante da Trilateral Commission (FAZ de 1 7. 1 1 . 1 977, p. l i seg.) : prioridade fundamental: "ajudar na configurao de .um sis tema global cooperativo amplo", vide tambm: "Uma comunidade se gura e cooperativa dos Estados industriais democrticos modernos a fonte necessria da estabilidade para um amplo sistema de coopera o internacional" . . . "um sistema global cooperativo amplo tambm deve considerar aquela parte do mundo dominada por governos co munistas . . . e estes Estados devem . . . ser integrados na grande rede de cooperao global . O objetivo . . . , considerar as relaes leste-oeste em um mbito ampliado da cooperao . . . Das relaes leste-oeste fazem parte elementos da concorrncia bem como, tambm, de coopera o". Vide tambm o conceito da "comunidade global" .
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Sobre o autor:
Peter Hberle nasceu em 1 9 3 4 em G ppingen, Alemanha. Estudou nas Universidades de Tbingen, Bonn, Montpellier (Frana) e Freiburg. Em 1 96 1 obte ve o ttulo de Doutor na Universidade de Freiburg, com uma tese sobre a garantia do contedo essencial do art. 1 9, pargrafo segundo, da Lei Fundamental ale m. Em 1 969 foi habilitado como catedrtico da Uni versidade de Freiburg e designado catedrtico de Di reito Pblico da Universidade de Marburg. Ocupou posteriormente diversas ctedras em outras universi dades e desde 1 98 1 ocupa a de D ireito Pblico na Uni versidade de Bayreuth, que compatibiliza com a Uni versidade de St. G allen, na Sua. Em 1 994 recebeu o ttulo de Doutor Honors Causa da Universidade de Tesalnica, na G rcia. Em 1 995 foi publicado na Sua um livro em sua homenagem: De multikulturelle und mult-ethnsche Gesellschaft, que contou com a cola borao de alguns de seus discpulos e amigos, dentre eles, do seu antigo Professor e mestre, Konrad Hesse . O livro foi o resultado de um colquio celebrado no ano anterior por ocasio dos seus sessenta anos. Em 1 996 Hberle foi condecorado pelo Presidente da Re pblica Italiana. Professor visitante em diversas uni versidades e conferencista em diversos pases, a sua obra tem uma difuso universal. So diversos os idio mas em que se encontram as obras de Hberle, como, alm de outros, o grego, o polaco, o j apons e o corea no. Atualmente Peter Hberle dirige o Instituto de Di reito Europeu e Cultura Jurdica Europia da Univer sidade de Bayreuth, professor deste centro, assim como da Faculdade de D ireito de St. G allen, na Sua.
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Sobre os tradutores:
Marcos Augusto Maliska bacharel em Direito p e l a U F S C ( 1 9 9 7 ) , Procurador F e d e r a l (desde 1 998) , Mestre (2000) e Doutor em Direito Consti tucional pela UFPR (2003) com estudos de Doutora mento na Ludwig Maximilians Universitiit de Muni que, Alemanha (200 1 -2003) . Atualmente Procura dor Federal Chefe da Procuradoria Federal na Uni versidade Federal do Paran (PF-UFPR) . Professor Pesquisador de Direito Constitucional dos Cursos de Graduao e Ps-Graduao em Direito e Relaes Internacionais da UniBrasil, em Curitiba . Professor Visitante de Direito Constitucional da Faculdade de Direito de Francisco Beltro - Cesul e dos Cursos de Especializao da Academia Brasileira de Direito Constitucional (ABDCONST) . Ex-Bolsista do Deuts cher Akademischer Austauschdenst - D AA D , do CNPq e da CAPES . Membro da Associao dos ex Bolsistas da Alemanha (AEBA-PR-SC) , da Associa o B rasileira de Constitucionalistas Democratas (ABCD) e da Comisso de Defesa da Repblica e da Democracia da OAB/PR. autor dos seguintes livros: Estado e Sculo XXI. A integrao supranacional sob a tica do Direito Constitucional (Rio de Janeiro: Re novar, 2006) , O Direito Educao e a Constituio (Porto Alegre : Fabris, 200 1 ) , Pluralismo Jurdico e Direito Moderno. Notas para pensar a racionalidade jurdica na modernidade (Curitiba: Juru, 2000} e Introduo Sociologia do Direito de Eugen Ehrlich (Curitiba: Juru, 200 1 ) . Possui diversos artigos publi74
cados em revistas especializadas. marcosmaliska@ya hoo. com.br Elisete Antoniuk bacharel em Direito pela UFPR ( 1 992) , licenciada especial para ensino de LEM pela UFPR e Mestre em Direito Comparado na U niversi dade de B onn, Alemanha, com dissertao sobre o tema: "Os motivos do divrcio no Direito Alemo e Brasileiro vigentes sob o ponto de vista do D ireito Comparado" . Atualmente realiza curso de licenciatura plena na UFPR. Estagiou em escritrios de advocacia no Brasil, Alemanha e como voluntria, atuou em au dincias no Tribunal de Bellville, Austin County, Tx, U SA. D e s de 1 9 9 8 realizou traduo das s eguintes obras jurdicas do alemo para o portugus : S ENTIDO E LIMITES DA COMPENSAO DE AQ ESTO S , U m estudo com base n o Direito Alemo e Compara do, Robert Battes, Porto Alegre: Ed. Fabris, 2000; FI LOS OFIA DO DIREITO E DO ESTADO, Vol. I , Fi lsofos da Antigidade, Klaus Adomeit, Porto Alegre : Ed. F abris, 2000; FILO S OFIA DO DIREITO E DO ESTADO , Vol. II, Filsofos da Modernidade, Klaus Adomeit, Porto Alegre : Ed. F abris, 200 1 ; PRINC PIOS FUNDAMENTAI S DA FILOSOFIA DO DI RE I T O , H e lmut Coing. Porto Alegre : E d . F abris, 2002; D I REITO DE FAM LIA, Wilfried S chlter, 9a edio. Porto Alegre: Ed. Fabris, 2002; INTRODU O C I NCIA JUR DICA E FILOSOFIA JUR DICA, Norbert Horn. Porto Alegre : Ed. Fabris, 2005; O DIREITO VIDA NA MEDICINA, de Heinrich G anthaler. Pela Editora Del Rey, ainda a serem publi cados : Carl Schmitt: Teologia Poltica I e II e Gnter
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Frankenberg: Autoridade e Integrao. Tem as seguin tes publicaes prprias : CLONAGEM HUMANA, Revista do IBDFAM, n 1 0/200 1 e Revista de Direito Constitucional e Internacional, Ed. RT, outubro-de zembro 200 1 , n 3 7; A PROTEO DO BEM DE FAM LIA. Porto Alegre: Ed. Fabris, 2003 .
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