Fichamento - Paulo Amarante - Loucos Pela Vida
Fichamento - Paulo Amarante - Loucos Pela Vida
Fichamento - Paulo Amarante - Loucos Pela Vida
Pg 17 - projeto de prservao de memria do processo contemporneo de re orma psi!ui"trica !ue vem ocorrendo no #rasildesde a segunda metade da d$cada de 7%& - primeiro cap'tulo ( antecedentes terico - segundo capitulo ( constituio terica e pr"tica do processo de re orma )rasileira - terceiro cap'tulo ( an"lise do processo de re orma )rasileiro Pg 21 Cap 1 Revisitando os Paradigmas do Saber Psiquitrico: tecendo o percurso do movimento da reforma psiquitrica * nosso o)jetivo+ nesse momento+ procurar delinear os marcos undamentais+ tanto do modelo psi!ui"trico cl"ssico+ !uanto das principais correntes de re ormas psi!ui"tricas+ a im de esta)elecer as rela,es histricas e metodolgicas entre estas e o movimento da re orma psi!ui"trica no #rasil& -etodologicamente ainda+ seguimos a orientao proposta por #irman . costa / 10012 !ue ormulam a hiptese de !ue a psi!uiatria cl"ssica veio desenvolvendo uma crise tanto terica !uanto pr"tica+ detonada principalmente pelo ato de ocorrer uma redical mudana no seu o)jeto+ !ue dei3a de ser o tratamento da doena mental para ser a promoo da sa4de mental& * certamente no conte3to desta crise !ue surgem as novas e3peri5ncias+ as novas psi!uiatrias&
6ois grandes per'odos ( so redimensionados os campos tericos-assistenciais da psi!uiatria7 Primeiro per'odo ( cr'tica a estrutura asilar+ respons"vel pelos altos 'ndices de croni icao& A !uesto central deste per'odo encontra-se re erida+ ainda+ 8 crena de !ue o manic9mio $ uma :instituio de cura; e !ue torna-se urgente regatar este car"ter positivo da instituio atrav$s de uma re orma interna da organi<ao psi!ui"trica& : =sta cr'tica envolve um longo percurso+ gerando-se no interior do hosp'cio at$ atingir a sua peri eria7 inicia-se com os movimentos da >omunidades ?erap5uticas / @nglaterra+ =AA2 e de Psicoterapia @nstitucional / Frana2+ atingindo o seu e3tremo com a instalao das ?erapias de Fam'lia; / #irman . >osta+ 10017112&
Begundo Per'odo - $ marcado pela e3tenso da psi!uiatria ao espao p4)lico+ organi<ando-o com o o)jetivo de prevenir e promover a sa4de mental& =ste segundo momento $ representado pelas e3peri5ncias de psi!uiatria de setor / Frana2 e psi!uiatria comunit"ria ou preventiva / =AA2&
Pg CC :&&& apesar da periodi<ao !ue destaca dois movimentos diversos+ propondo-se ins di erentes+ reali<ando-se em espaos tam)$m di erentes+ esta diversidade $ uma ocorr5ncia de super 'cie+ tratando-se de t"ticas diversas !ue criam duas ormas terico conceituais aparentemente d'spares+ por$m !ue se identi icam num plano pro undo e nas suas condi,es concretas de possi)ilidade& A mesma estrutura !ue e etiva uma psi!uiatria institucional $ a !ue torna poss'vel tam)$m uma Psi!uiatria >omunit"rias& D !ue tanto uma !uanto a outra visam $ o mesmo7 a promoo da Ba4de -ental+ sendo esta in erida como um processo de adaptao social / 10017112&; / ?alve< eu tenha !ue ler #irman+ E . >ota+ E& F& Drgani<ao de institui,es para uma psi!uiatria comunit"ria& @n7 Amarante+P& /Drg&2Psi!uiatria Bocial e Fe orma Psi!ui"trica+ pp& 117C+ Fio de Eaneiro7 =d& Fiocru<+ 1001& P&11-7C&2 A hiptee dos autores $ a de !ue+ tanto em um per'odo !uanto em outro+ assim como tanto numa estrutura !uanto nas demais + a importncia dada pela psi!uiatria tradicional a terap5utica das en ermidades d" lugar a um projeto muito mais amplo e am)icioso+ !ue $ o de promover a sa4de mental+ no apenas em um ou outro indiv'duo+ mas na comunidade em geral& Visto e outra orma+ a terap5utica dei3a de ser individual para ser coletiva+ dei3a de ser assistencial para ser preventiva& 6e uma orma ou de outra + o certo $ !ue a psi!uiatria passa a construir um novo projeto eminentemente social+ !ue tem conse!u5ncias pol'ticas e ideolgicas muito importantes& 1G >omunidades ?erap5uticas / @nglaterra+ =AA2 e de Psicoterapia @nstitucional / Frana2+ e ?erapias de Fam'lia e CG psi!uiatria de setor / Frana2 e psi!uiatria comunit"ria ou preventiva / =AA2 - =stes dois momentos limitam-se a meras re ormas do modelo psi!ui"trico ( na medida em !ue acreditam na instituio psi!ui"trica como lcus de tratamento em a psi!uiatria en!uanto sa)er competente - + a im de a<5-lo retornar ao o)jetivo do !ual se desviara
Dutro momento ( Antipsi!uiatria e a psi!uiatria na tradio )asagliana ( operam uma ruptura& Fuptura esta re erente a um olhar cr'tico voltado para os meandros constitutivos do sa)erHpr"tica psi!ui"tricos7 o campo da epistemologia e da enomenologia& -I 6esta maneira + )uscam reali<ar uma desconstruo do aparato psi!ui"trico+ a!ui entendido como o conjunto de rela,es entre institui,es Hpr"ticasHsa)eres !ue se legitimam como cient' icos+ a partir da delimitao de o)jetos e conceitos aprisionadores e redutores da complexidade dos en9menos / D paradigma cient' ico da comple3idade !ue ala Jassu'2
#asaglia atuali<a com suas e3peri5ncias um n'vel terico-pr"tico undante de um novo momento+ de um movimento inicialmente pol'tico+ re erido a !uest,es do direito e da cidadania dos pacientes + para a operacionali<ao de categorias e estruturas assistenciais re eridas a uma psi!uiatria re ormada / Foteli+ 100%2& Pg CK Atencedentes te ricos da reforma Autores importantes so)re a psi!uiatria cl"ssica7 A histria da Loucura / Foucault2 e -anic9mios + Pris,es e >onventos / go man2 A Foucault interessa historici<ar criticamente as condi,es !ue possi)ilitam a constituio de sa)er so)re a loucura+ sua su)misso 8 ra<o atrav$s da conjuno entre a pr"tica social de internamento + a igura vis'vel do louco e o discurso produ<ido a partir da percepo+ tornada interpretao& A representao da loucura na idade cl"ssica adv$m + como e3ist5ncia n9made+ atrav$s da :nau dos loucos ou dos insensatos; Begundo Fo)erto -achado7 :&&& toda a argumentao do livro se organi<a para dar conta da situao da loucura na modernidade& = na modernidade+ loucura di< respeito undamentalmente 8 psi!uiatria; / -achado+ 10LC M72 Acompanhamos+ assim+ a passagem de uma viso tr"gica da loucura para uma viso cr'tica& A primeira permite !ue a loucura+ inscrita no universo de di erena sim)lica + se permita um lugar social reconhecido no universo da verdadeN ao passo !ue a viso cr'tica organi<a um lugar de encarceramento+ morte e e3cluso para o louco& A partir do s$culo O@O + h" aproduo de uma percepo dirigida pelo olhar cient' ico so)re o en9meno da loucura e sua trans ormao em o)jeto de conhecimento7 a doena mental& ?al passagem tem no dispositivo de medicali<ao e terapeuti<ao a marca histrica de constituio da pr"tica m$dica psi!ui"trica& Pg C1
6urante a $poca cl"ssica ( hosp'cio tem uno de hospedaria D enclausuramento no possui+ durante esse per'odo + uma conotao de medicali<ao+ uma nature<a patolgica& A ronteira com !ue se tra)alha encontra-se re erida 8 aus5ncia ou no de ra<o+ e no a crit$rios de ordem patolgica& As condi,es de emerg5ncia de um sa)er e instituio m$dicos relacionam-se 8s condi,es econ9micas+ pol'ticas e sociais !ue a modernidade inaugura& D tra)alho como moeda sim)lica ressigni ica a po)re<a7 retira-a do campo m'stico+ no !ual $ valori<ada+ e inaugura-a en!uanto negatividade+ desordem moral e o)st"culo 8 nova ordem social& 6essa maneira+ segundo Fo)erto -achado/ 10LC2+ o
Prande enclausuramento se esta)elece no cru<amento deste conte3to+ marcado pela $tica do tra)alho+ ant'doto contra a pro)re<a& / >one3o com o -ar3ismoQ2 A caracteri<ao do louco+ en!uanto personagem representante de risco e periculosidade / a concepo de periculosidade do louco parece ser um !uesto muito importante2 social+ inaugura a institucionali<ao da loucura pela medicina e a ordenao do espao hospitalar por esta categoria pro issional& Pg CM -ichael Foucault7 : A noo de periculosidade social associada ao conceito de doena mental+ ormulado pela medicina + propiciou um so)reposio entre punio e tratamento+ uma !uase identidade do gesto !ue pune e a!uele !ue trata; / )arros+ 10017K12& A relao tutelar para com o louco torna-se um dos pilares consitutivos das pr"ticas manicomiais e cartogra a territrios de segregao+ morte e aus5ncia de verdade& / 6oena e periculosidade -I tutela e punio-I proteger o louco de si mesmo e a sociedade do louco2 Pinel ao li)ertar os loucos das correntes no possi)ilita a inscrio destes e um espao de li)erdade+ mas+ ao contr"rio+ unda a ci5ncia !ue os classi ica e acorrenta como o)jeto de sa)eresH discursosH pr"ticas atuali<ados na instituio da doena mental&
Pg CR * interessante constatat !ue o modelo cl"ssico da psi!uiatria oi to amplamente di undido+ !ue in luencia a pr"tica psi!ui"trica at$ os nossos dias ( apesar de terem surgido outros modelos& D !ue talve< sugira a con irmao de !ue sua validao social est" muito mais nos e eitos de e3cluso !ue opera+ do !ue na possi)ilidade de autali<ar-se como um modelo pretensamente e3plicativo no campo da e3perimentao e tratamento das en ermidades mentais& Ao construir um espao espec' ico para a loucura e para o desenvolvimento do sa)er psi!ui"trico+ o ato de pinel $+ desde o primeiro momneto+ louvado e criticado& As principais cr'ticas dirigem-se ao car"ter echado e autorit"rio da insituio e terminam por consolidar um primeiro modelo de re orma a tradio pineliana+ !ual seja + o das col9nias de alienados& Para o projeto das col9nias de alienados+ se a doena mental justi ica a internao dos sujeitos+ urge !ue o tratamento resgate a ra<o atrav$s do resgate da li)erdade ou+ como pre ere Euliano -oreira+ a :iluso de li)erdade;& Sa pr"tica+ o modelo das col9nias serve para ampliar a importncia social e pol'tica da psi!uiatria+ e neutrali<ar parte das cr'ticas eitas ao hosp'cio tradicional& So decorrer dos anos + as col9nias+ em !ue pese seu princ'pio de li)erdade e de re orma da instituio asilar cl"ssica+ no se di erenciam dos asilos pinelianos&
P! 2"
As reformas da reforma ou a psiquiatria reformada #irman . >osta /10012 7 psicoterapia institucional e as comunidades terap5uticas+ representando as re ormas restritas ao m)ito asilarN a psi!uiatria de setor e psi!uiatria preventiva+ representando um n'vel de superao das re ormas re eridas ao espao asilarN por im+ a anti-psi!uiatria e as e3peri5ncias surgidas a partir de Franco #asaglia+ como instauradoras de rupturas com os movimentos anteriores+ colocando em !uesto o prprio dispositivo m$dico-psi!ui"trico e as institui,es e dispositivos terap5uticos a ele relacionados&
Pg CL
>om isso+ o termo comunidade terap5utica passa a caracteri<ar um processo de re ormas institucionais + predominantemente restritas ao hospital psi!ui"trico+ e marcadas pela adoo de medidas administrativas+ democr"ticas + participativas e coletivas+ o)jetivando uma trans ormao da dinmica institucional asilar& Aps-guerra ( A r orma dos espaos asilares atuali<ava-se + ento+ en!uanto imperativo social e econ9mico+ perante o enorme desperd'cio de ora de tra)alho& D asilo psi!ui"trico situava-se em um !uadro de e3trema precaridade+ no cumprindo a uno de recuperao dos doentes mentais& Parado3almente+ passava a ser considerao o respons"vel pelo agravamento das doenas+ de orma a ultrapassar a parcela esperada da evoluo patolgica da prpria en ermidade& Para #irman / 100C7L12 : a pra3iterapia dos anos vinte+ esta)elecida por Bimon+ retomou o mito de !ue o tra)alho seria a orma )"sica para a trans ormao dos doentes mentais+ pois mediante o tra)alho se esta)eleciria um sujeito marcado pela :socia)ilidade da produo;& : >om e eito+ Bulivam+ desde 10C0-10K%+ no seu servio para pacientes psicticos+ trans orma o seu en o!ue terap5utico+ voltando-o no mais para o tratamento individual mas para a integrao dos pacientes em sistemas grupais+ sendo mantido o seu servio segundo a perspectiva do inter-relacionamento entre grupos; / #irman . >osta+ 100171L2&
-a3Tell Eones torna-se o mais importante autor e operador pr"tico da comunidade terap5utica& Ao organi<ar+ nos primeiros momento de sua e3peri5ncia+ os internos em grupos de discusso+ grupos operativos e grupos de atividades+ o)jetiva o envolvimento do sujeito com sua prpria terapia e com a dos demais+ assim como a< da uno terap5utica uma tare a no paenas dos t$cnicos + mas tam)$m dos prprios internos+ dos amiliares e da comunidade& A reali<ao de reuni,es di"rias e
assem)leias gerais+ por e3empo+ tem por intuito dar conta de atividades+ participar da administrao do hospital+ gerir a terap5utica+ dinami<ar a instituio e a vida das pessoas& A car5ncia de mo-de-o)ra ( tanto t$cnica+ especiali<ada+ !uanto au3iliar ( pontua a urg5ncia de esgotar todas as possi)ilidade e3istentes+ sem as !uais o hospital no poderia cumprir sua tare a / A !uesto do coletivo veio a tona s pra enconimi<ar mo de o)raQ So creio2& Begundo Eones / 107C2 + a id$ia de comunidade terap5utica pauta-se na tentativa de : tratar grupos de pacientes como se ossem um 4nico organismo psicolgico; / isso $ muito complicadoU Dnde ica a singularidadeQ D projeto terap5utico singularQ2 / isso eu no sa)ia2 A comunicao e a troca de e3peri5ncias a<em-se necess"rias entre o hospital e a comunidade& Para Eones+ : oura tend5ncia liga-se ao aper eioamento das comunica,es entre hospital e comunidade e3terna+ de modo !ue se torne poss'vel uma maior cooperao e compreenso entre e!uipe+ pacientes + parentes e esta)elecimentos e3ternos; / 107C7LL2& A estrutura do tra)alho inclui um contato maior por parte da e!uipe t$cnica com os pro)lemas + no prprio cen"rio da comunidade em !ue o sujeito vive& A re orma sanit"ria inglesa $ marcada pelo tra)alho !ue Eones inaugura+ pontuando uma nova relao entre o hospital psi!ui"trico e a sociedade+ ao demonstrar a possi)ilidade de alguns doentes mentais serem tratados fora do manic$mio%
= mais adianteN : uma caracter'stica essencial na organi<ao de uma comunidade terapVeutica $ a reunio di"ria da comunidade& Por reunio comunit"ria entendemos uma reunio de todo o pessoal+ pacientes e e!uipe de uma unidade ou seo particular; / 107C7L0-012 / Assem)l$iaU -I algo !ue se perdeuQ2
:D poderoso e 4nico l'der de e!uipe vai sendo gradualmente su)stitu'do por um grupo de l'deres !ue representam diversas disciplinas pro issionais& =stes + em vista do di"logo entre eles mesmos e como seu :departamento;+ comeam a uncionar como uma e!uipe& =sta mudana de poder e autoridade + no sentido de uma estrutura social mais hori<ontal do !ue vertical+ avorece a maior identi icao da e!uipe com a instituio e seus o)jetivos + de sorte !ue vem a re letir as ideias de um n4mero muito maior de pessoas do !ue apenas da c4pula administrativa; / 107C7CC-CK2 Para #asaglia + !ue administrara uma comunidade terap5utica no Wospital de Pori<ia+ A crianao de um comple3o hospitalar gerido comunitariamente e esta)elecido so)re premissas !ue tenam 8 destruio do princ'pio da autoridade coloca-nos+ entretanto + em uma situao !ue se a asta pouco a pouco do plano de realidade so)re o !ual vive a sociedade atual& * por isso !ue um tal estado de tens,es s pode ser mantido atrav$s da tomada de psoio !ue v" al$m do seu papel e !ue se concreti<e em uma ao de desmantalamento da hierar!uia de valores so)re a !ual se unda a psi!uiatria tradicional&
Para #irman / 100C7LM2+ com o advento da comunidade terap5utica7 A proposta )"sica de humani<ao dos asilos para a sua trans ormao em e etivos hospitais psi!ui"tricos deveria passar agora pela instaurao e uma microssociedade em !ue+ pela organi<ao coletiva do tra)alho e dos grupos de discusso do conjunto das atividades hospitalares + seriam institu'dos os internados como os agentes sociais da sua e3ist5ncia asilar& / prisioneiro e carcereiro ao mesmo tempo ( !ue contradioUU2
#irman7 6essa maneira a loucura continuava a ser representada como :aus5ncia de o)ra;+ pois apenas na sua converso ortop$dica nas pr"ticas :do )em di<er; e do :)em a<er; os loucos poderiam ser reconhecidos como sujeitos da ra<o e da verdade&; Para Franco Fotelli7 : a e3peri5ncia inglesa da comunidade terap5utica oi uma e3peri5ncia importante de modi icao dentro do hospital + mas ela no conseguiu colocar na rai< o pro)lema da exclus&o + pro)lema este !ue undamenta o prprio hospital psi!ui"trico e !ue+ portanto + ela no poderia ir al$m do hospital psi!ui"trico;
---------- 6e ato + a re orma proposta pela comunidade terap5utica praticamente redu<-se ao espao asilar& A internveno terap5utica na comunidade e3terna se d" como complemento numa n'tia analogia com os primeiro asilos especiais+ sem a discusso so)re as causas e3ternas+ no necessariamente da en ermidade mental + mas da recluso do asilo& -esmo com as ortes demandas sociais pela recuperao do louco em mo-de-o)ra produtiva+ muitos so os mecanismo de segregao e rejeio !ue so por outras ontes determinados& P! '2 A denominao :psicoterapia institucional; $ utili<ada por 6aume<on e Xocchlin+ em 10MC+ para caracteri<ar o tra)alho !ue+ anos antes+ havia sido iniciado por Franois ?os!uelles no Wospital Baint-Al)an+ na Frana / Vert<man et al&+ 100C71L2& =m)ora venha a surpreender ?os!uelles + j" !ue no seu entendimento o tra)alho !ue desenvolvia mais se assemelhava a um coletivo terap5utico+ a e3presso termina sendo a !ue mais caracteri<a a e3peri5ncia de Baint Al)an&
Ao re ugiar-se da ditadura do general Franco / ditador da =spanha2+ ?os!uelles passa a tra)alhar na Frana+ durante um per'odo e3tremamente cr'tico+ em decorr5ncia da Begunda Puerra -undial& Be a sociedade europ$ia passa por muitas di iculdades+ o !ue di<er dos loucos em seus asilosQ Ao deparar-se coma degradante situao dos internos+ tos!uelles d" in'cio a um s$rie de trans orma,es
Ds primeiros anos de re orma do Baint-Al)an so marcados pelo car"ter de espao de resist5ncia ao na<ismo+ ao mesmo tempo em !ue se implementam iniciativas para salvar da morte e o erecer condi,es de cura)ilidade aos doentes ali internados& 6e acorodo com Fleming+ Baint (Al)an trans orma-se + rapidamente+ num local de encontro de atividades da resist5ncia + masr3ista+ surrealista+ reudianos !ue+ assim+ orjam : a!uilo !ue mais tarde viria a ser um grande movimento de trans ormao da pr"tica psiui"trica na Frana; / 107R71M2& Baint (Al)an passa a ser o placo privilegiado de den4ncias e lutas contra o car"ter segregador e totali<ador da psi!uiatria&
=ste movimento tem por o)jetivo primeiro+ nas palavras do prprio ?os!uelles+ o resgate do potencial terap5utico do hospital psi!ui"trico+ tal como pretendiam Pinel e =s!uirol+ para os !uais :uma casa de alienados $ um instrumento de cura nas mos de um m$dico h")ilN $ o agente terap5utico mais poderoso contra as doenas mentais; / apud Fleming 107M71K2& =ntende ( se desta orma !ue+ em conse!u5ncia do mau uso das terap5uticas e da administrao e ainda do descaso e das circunstncias pol'tico-sociais+ o hospital psi!ui"trico desviou-se de sua inalidade prec'pua+ tornando-se lugar da viol5ncia e represso& Ama das primeiras iniciativas de a)ertura de espaos de participao e construo coletiva de novas possi)ilidade est" representada pelo clu)e terap5utico Paul #alver+ totalmente aut9nomo e gerido pelo internos& Para Fleming / 107R71M2+ a e3ploso psicanal'tica+ ocorrida logo aps a guerra+ leva psicoterapia institucional a ser uma :tentativa de conciliao da psi!uiatria com a psican"lise;+ principalmente a da tradio lacaniana+ na medida em !ue passa a e3istir um orte movimento para a introduo da psican"lise nas institui,es psi!ui"tricas&>oma radicali<ao da in lu5ncia psicanal'tica a terapia volta-se prioritariamente para a isntituio+ j" !ue+ entende-se + $ imposs'vel tratar um indiv'duo inserio numa estrutura doentia& Para DurY+ citado por Vert<man et al& / 100C7CL2& D o)jetivo da psicoterapia instituciona $ crar um coletivo orientado de tal maneira !ue tudo possa ser empregado / terapias )iolgicas+ anal'ticas+ limpe<a dos sistemas alienantes scio-econ9micos+ etc2+ para !ue o psictico aceda a um campo onde ele possa se re erenciar + delimitar seu corpo num dial$tica entre parte e totalidade+ participar do :corpo institucional; pela mediao de o)jetos transicionais+ !ue so tanto ateli5s+ reuni,es+ lugares privilegiados+ un,es+ etc&+ !uanto a participao em sistemas concretos de esto ou de organi<ao / =sses vest'gios Tinnicotianos colocariam a psicoterapia institucional no campo da identi icao com o analistaQ 6i erenciando da proposta de Lacan de identi icao com o sintomaQ2 ( me su icientemente )oa ( instituio su icientemente )oa -I cr'tica )asaglia7 a sociedade la ora $ autorit"ria e no $ congruente com a comunidade terap5utica -I essa instituio su icientemente )oa geraria um empu3o a internaoQ Ds o)jetivos da psicoterapia institucional se tornam perigosos se no inclu'rem a sociedade2
D conceito e + proposto por !uatarri+ situa-se en!uanto uma :dimenso !ue pretende ultrapassar os dois impasses+ o de um apura verticalidade e o de um asimples hori<ontalidade;+ o !ue signi ica e3cluir a importncia !uase !ue a)soluta da psican"lise / promotora da hori<ontalidade+ isto $ terapeutapaciente2+ e a)rir novos espaos e possi)ilidades terap5uicas+ tais como ateli5s+ atividades de animao+ estas+ reuni,es etc / 107R71R-172& -ais recentemente + DurY introdu< uma noo similar+ com o conceito de :rela,es o)l'!uas; / apud Vert<man et al&+ 100C7CM2& Pg '* #irman7 : no o)stante sua homogeneirdade ideolgica com a concepo alienista origin"ria+ este projeto encontra o seu limite na impossi)ilidade de
(transversalidade)
dialeti<ar a relao
encontrar uma orma poss'vel de insero da loucura no espao social+ !ue j" a tinha e3clu'do h" muito do seu territrio nuclear e a deslocado para a sua peri eria sim)lica; =sta tradio considera !ue :a instituio psi!ui"trica Pode ser um leg'timo lugar de tratamento e tecido de vida para determinados sujeitos; 0 Vert<man et al&+ 100C7102& Assim + de enem a perman5ncia do asilo psi!ui"trico como lugar de acolhimento do psictico+ na medida em !ue este :no est" em lugar nenhum; / 100C7C02 e o lugar de acolhimento do psictico+ na medida em !ue este :no est" em lugar nenhum; / 100C7C02 e o lugar privilegiado de ligao para o psictico $ o asilo& / ser"Q Zue n consideriam interessantes os novos dispositivos2 Para #irmam+ na comunidade terap5utica e na psicoterapia institucional+ : a pedagogia da socia)ilidade reali<a[se / agora2 num registro discursivo e num conte3to grupal em !ue se pretende a regulao do :e3cesso; passional da loucura pelo controle do discurso e dos atodos dos internados ( mas estes devem aprender nessa microssociedade as regras das rela,es interpessoais do espao social; /#irman+ 100C7LM2 /a pedagogia da socia)ilidade se trata do paradigma da identi icao com o analista de TinnicotQ2 Psiquiatria de setor e psiquiatria preventiva: o ideal da sa+de mental
Am projeto !ue pretende a<er desepenhar 8 psi!uiatria uma vocao terap5utica+ o !ue segundo os seus de ensores no se consegue no interior de uma estrutura hospitalar alienante& 6" a id$ia de levar a psi!uiatria 8 populao+ evitando ao m"3imo a segregao e o isolamento do doente+ sujeito de uma relao patolgica familiar, escolar , profissional+ etc& ?rata-se portanto de uma terapia in situ7 o paciente ser" tratado dentro do seu prprio meio social e com o seu meio+ e a passagem pelo hospital no ser" mais do !ue uma etapa transitrioa do tratamento&
Pg KM
@nsituiu-se o princ'pio d ees!uadrinhar o hospital psi!ui"trico e as v"rias "reas da comunidade de tal orma !ue a cada :diviso; hospitalar corresponda a uma "rea geogr" ica e social& ?al medida produ< uma relaodireta entre a origem geogr" ca e cultural dos pacientes com o pavilho em !ue sero tratados+ de orma a possi)ilitar uma ade!uao de cultura e h")itos entre os de uma mesma regio+ e de dar continuidade ao tratamento na comunidade com a mesma e!uipe !ue os tratavam no hospital& Para >astel / 10L%7CL2+ o setor $ a \;matri< da pol'tica psi!ui"trica rancesa desde os anos R%;+ e isto : consiste me trans erir para a comunidade o dispositivo de atendimento dos doentes mentais+ antigamente e3clusividade do hospital psi!ui"trico;& ?endo por princ'pio a visso de !ue a uno do hospital psi!ui"trico resume-se ao au3'liono tratamento+ a psi!uiaria de setor restringe a internao a uma etapa+ destinando o principal momeno para a prpria comunidade&
>ausas7 a psi!uiatria asilar $ onerosa aos co res p4)licos+ a inade!uao da instituio asilar para responder 8s novas !uest,es patolgicas : engendradas pelas sociedades decapitalismo avanado;+ e+ inalmente+ a crise dos valores )urgueses colocando em perigo a ieologia dominante+ o !ue + no campo espec' ico da sa4de mental+ aponta para a necessidade da mediao das t$cnicas psis nos pro)lemas sociais& Fesist5ncias7 grupos de intelectuais !ue a interpretam como e3tenso da a)rang5ncia pol'tica e ideolgica da psi!uiatriaN setores conservadores contra a poss'vel invaso dos loucos nas ruas e+ ainda+ seja pela muito mais custosa implantao dos servios de preveno e :ps-cura;& Sa opinio de Fotelli+ A e3periencia rancesa de setor no apenas no p9de ir al$m do hospital psi!ui"trico por!ue ela+ de alguma orma+ conciliava o hospital psi!ui"trico com os servios e3ternos e no a<ia nenhum tipo de trans ormao cultural em relao 8 psi!uiatria& As pr"ticas psicanal'ticas tornavam-se cada ve< mais dirigidas ao tratamento dos :normais; e cada ve< mais distantes do tratamento das situa,es da loucura / Fotelli+ 100171M%2& A psi!uiatria preventiva + na sua verso contempornea nasce nos =AA propondo-se a ser a terceira revoluo psi!ui"trica / aps Pinel e Freud2+ pelo ato de ter desco)erto a estrat$gia de intervir nas causas ou no surgimento das doenas mentais+ almejando+ assim+ no apenas a preveno das mesmas / antigo sonho dos alienistas+ !ue rece)ia o nome de pro ila3ia2 + mas+ e undamentalmente + a promoo da sa4de mental& A psi!uiatria preventiva representa a demarcao de um novo territrio para a psi!uiatria+ no !ual a terap5utica das doenas mentais d" lugar ao novo o)jeto7 a sa4de mental&
XennedY redireciona os o)jetivos da psi!uiatria + !ue + de agora em 6iane+ incluir" como o)jetivo a reduo da doena mental nas comunidades / veras et al& 107R2& -I * um per'odo em !ue os =AA esto as voltas com pro)lemas e3tremamente graves + tais como a Puerra do Vietn+ o )rusco crescimento do uso de drogas pelas jovens+ o aparecimentos de gangues de jovens desviantes+ o movimento )eatni]+ en im+ de toda uma s$rie de ind'cios de pro undas contur)a,es no n'vel da adaptao da sociedade e da cultura+ da pol'tica e da economia& Pg K7
@nstaura-se a crena de !ue todas as doenas mentais podem ser prevenidas+ seno detectadas precocemente+ e !ue + ento+ se doena mental signi ica dist4r)io+ desvio+ marginalidade+ pode-se prevenir e erradicar os males da sociedade& :Ama pessoa suspeita de dist4r)io mental deve ser encaminhada para invesigao diagnstica a um psi!uiatra + seja por iniciativa da prpria pessoa+ de sua am'lia e amigos+ de um pro issional da assist5ncia comunit"ria+ de um jui< ou de um superior administrativo no tra)alho& A pessoa !ue toma a iniciativa do encaminhamento deve estar c9nscia d !ue se aperce)eu de algum desvio no pensamento+ sentimentos ou conduta do indiv'duo encaminhado e dever" de inir esse desvio em uno de um poss'vel dist4r)io mental& / >aplan+ 10L%7 1%02& A )usca de suspeitos de doena mental ou dist4r)ios emocionais $ eia prioritariamente atra^ves de !uestion"rios distri)u'dos 8 populao / screening2+ seu resultado indica poss'veis candidatos ao tratamento psi!ui"trico& Para Eurandir Freire >osta / 10L07 CM2+ uma s$ria !uesto terica emerge nas nases dessa psi!uiatria7 : =m primeiro lugar+ a Psi!uiatria viu-se constrangida a aceitar !ue a doena mental era uma doena do psi!uismo e no da soma& =m segundo lugar+ no mais podendo recorrer+ de modo e3clusivo+ ao m$todo da >i5ncias Saturais para e3plicar seu novo o)jeto+ a Psi!uiatria oi o)rigada a )uscar em teorias e disciplinas n&o m-dicas as )ases de sua nova pr"tica&; Sesse territrio + a a)soro pela psi!uiatria + de conceitos da sociologia e da psicologia )ehaviorista vem rede inir o indiv'duo en!uanto unidade )io-psico-social+ um todo indivis'vel&
Pg '. D projeto da psi!uiatria preventiva determina !ue as interven,es precoces+ prim"ria e secund"ria+ evitem o surgimento ou o desenvolvimento de casos de doenas+ decretando+ dessa orma+ a o)solenc5ncia do hosp'cio psi!ui"trico& >aplan lana mo de eorias sociolgicas !ue versam so)re as rela,es entre os sujeitos e a sociedade+ nas !u!ias e3sitem momentos+ ou sujeitos+ ou + ainda+ segmentos+ mais ou menso adaptaos+ mais ou menos desadaptados 8s regras sociais+
8 conviv5ncia social& A!ui $ utili<ado o conceito de desvio+ trapostado da sociologia e da antropologia+ entendido como um comportamento !ue oge + proposital ou orosamente+ 8 norma socialmente esta)elecida&
Pg K0
Am novo o)jeto ( a sa4de mental Am novo o)jetivo ( a preveno da doena mental Am novo sujeito de tratamento ( a coletividade Am novo agente pro issional ( as e!uipes cimunit"risa Am novo espao de tratamento ( a comunidade Ama nova concepo de personalidade ( a unidade )iopsicossocial
--- com e eito caminha-se para uma en ermidade mental )em caracteri<ada pelo ac4mulo sucessivo de >rises+ !ue deterioraram o sistema de segurana individual pelo seu desgaste repetitivo& Pg 1% Ao considerar o conceito de crise + os instrumentos undamentais da interveno caplaniana )aseiam-se em 7 um tra)alho comunit"rio no !ual as e!uipes de sa4de e3rcem um papel de consultoresHassessoresHperitos+ ornecendo normas e padr,es de valor $tico e moral so) os ausp'cios de um determinado conhecimento cient' ico& Bcreening ( signi icaod de seleo e proteo contra -I em portugu5s7 programa de triagem+ em espanhol7 programa de procura de suspeitos& * importante atentar para o ato de !ue esta e3presso+ desinstitucionali<ao+ surge nos =AA+ no conte3to do projeto preventivista+ para designar o conjunto de medidas de :desospitali<ao;&
A institucionali<aoHhospitali<ao ganha mati<es de um pro)lema a ser en rentado+ na medida em !ue possi)ilita a produo de um processo de depend5ncia do paciente 8 instituio+ acelerando a perda dos elos comunit"rios+ amiliares sociais e culturais e condu<indo 8 croni icao e ao hospitalismo& >om isso+ passa a haver uma correspond5ncia direta entre desinstitucionali<ar e desospirali<ar+ tornando-se mister operar mecanismos !ue visem a redu<ir o ingresso ou a perman5ncia de pacientes em hospitais psi!ui"tricos / diminuir o tempo m$dio de perman5ncia hospitalar+ as ta3as de interna,es e reinterna,es+ aumentar o n4mero de altas hospitalares2 e ampliar a o erta de servios e3tra-hospitalares / centros de sa4de mental+ hospitais diaHnoite+
o icinas protegidas+ lares a)rigados+ en ermarias psi!ui"tricas em hospitais erais etc2& / Dnde se di erencia da proposta de )asaglia2
Ao mesmo tempo+ propostas de :despsi!uiatri<ao; ( entendida a!ui como sin9nimo de delimitao do espectropsi!ui"trico - + procuraram retirar do tra)alho m$dico a e3clusividade das decis,es e atitudes terap5uticas+ remetendo-as a outros pro issionais ou a outras modalidades assistenciais no-psi!ui"ricas+a e3emplo do !ue ocorre com os atendiementos de grupos : re le3ivos;+ :operativos;+ : de escuta;+ dentre outros& ?am)$m com o atendimento por e!uipes multidisciplinares ou+ ainda+ coma rede iniodos pap$is pro issionais do Bervio Bocial+ da =n ermagem+ da ?erapia Dcupacional+ da Psicologia+ do apoio administrativo e assim por diante& Dcoore !ue + con orme os servios preventivos e aaplicao do screening e de outros mecanismo de captao a<em ingressar novos contingentes de clientes para os tratamentos mentais+ os clientes naturais do hospital psi!ui"trico prmanecem ali internados+ !uando no aumentam em n4mero+ uma ve< !ue o modelo asilar $ retroalimentado pelo circuito preventivista& =n im+ os programas de massi icao das medidas preventivas+ comunit"rias e pedaggicas em sa4de mental produ<em um mecanismo de compet5ncia psicolgica+ em analogia a Luc #oltans]i / 10702+ sem produ<ir resposta terapVeutica ade!uada& D preventivismo signi ica um novo projetp de medicali<ao da ordem social+ de e3panso dos proceios m$dico-psi!ui"tricos para o conjunto de normas e princ'pios sociais& Arcaica pro ila3ia / modelo asilar2 -I preventivismo contemporneo -I aggiornamento seguno >astel -I atuali<ao e de uma metamor ose do dispositivo de controle e disciplinamento social+ !ue vai da pol'tica de con inamento dos loucos at$ a moderna promoo da sanidade mental+ como a conhecemos agora&
Sesse territrio de compet5ncias institu_idas+ ca)e aos sa)eres psi!ui"tricopsicolgicos a mediao da constituio de um tipo psicossociolgico ideal / identi icao com o analistaQQ2+ tradu<ido num comple3o mecanismo de controle e normati<ao de e3pressivos segmentos sociais+ marginali<ados pelas mais variadas causas&
Pg 1C A antipsiquiatria e a desinstitucionali/a0&o na tradi0&o basagliana: desconstru0&o e inven0&o A antipsiquiatria: desconstruindo o saber m-dico sobre a loucura
A antipsi!uiatria surge na d$cada de R% + na @nglaterra+ em meio aos movimentos underground da contracultura / psicodelismo+ misticismo+ paci ismo+ movimento hippie2+ com um grupo de psi!uiatras - dentre os !uais destacam-se Fonald Laing+ 6avid >ooper e Aaron esterson - + muitos com longa e3peri5ncia em psi!uiatria cl'nica e psican"lise& A!ui $ ormulada a primeira cr'tica radical ao sa)er m$dico-psi!ui"trico+ no sentido de desautori<a-lo a considerar a es!ui<o renia uma doena+ um o)jeto dentro dos parmetros cient' icos& As discuss,es ocorrem em torno da es!ui<o renia + como conceito paradigm"tico da cienti icidade psi!ui"trica+ tendo em vista !ue $ no trstamento dessa patologia !ue o racasso e maior+ da mesma orma !ue $ com a es!ui<o renia !ue $ mais lagrante a uno tutelar da instituio psi!ui"trica& #irman7 D !ue era at$ ento considerado )ivio passou a ser o)jeto de d4vidas e in!uieta,es+ deslocando-se a interpretao desses en9menos para o polo de uma produo social e institucional da loucura como en ermidade mental& -eYer7 A loucura $ apresentada como ma reao 8 viol5ncia e3terna+ como atividade li)ert"ria cuja medicali<ao envolve uma mano)ra institucional& =sta visa justamente a ocultar a ace denunciadora !ue o comportamento alterado cont$m e veicula As re er5ncias culturais da antipsi!uiatria so ricas e iversas + como a enomenologia+ o e3istencialismo+ a o)ra de -ichel Foucault+ determinadas correntes da sociologia e psi!uiatria norte-americanas e+ em outro n'vel+ a psican"lise e o mar3ismo& A antipsi!uiatria procura romper+ no m)ito terico+ com o modelo assistencial vigente+ )uscando destituir+ de initivamente + c valor do sa)er m$dico da e3plicaoHcompreenso e tratamento das doenas mentais& Burge + assim um novo projeto de comunidade terap5utica e um lugar + no !ual o sa)er psi!ui"trico possa ser reinterrogado numa perspectiva di erente da!uela m$dica 10RC ( 10RR ( Vila C1 - unidade psi!ui"trica independente no Wospital Psi!ui"trico P4)lico de BhenreY ( clientela no croni icada ( ormam um lugar de vida ( reuni,es !ue )uscam su)verter a hierar!uia e a disciplina hospitalar+ detectando os preconceitos dos m$dicos e en ermeiros em relao aos pacientes e procurando !ue)rar suas resist5ncias 8 mudana& >ooper veri ica !ue ( percentagem de reca'das diminui de orma )astante e3pressiva em comparao aos m$todos tradicionais& =m 10R7+ >ooper+ Laing+ #er]e e Fedler organi<am o >ongresso @nternacional de 6ial$tica da Li)ertao+ procurando denunciar a viol5ncia humana so) todas as ormas+ os sistemas sociais dos !uais ela prov$m e e3plicar novas ormas de ao& 6este congresso sai o livro >ounter >ulture+ !ue e3prime a ideologia do underground anglo-americana+ !ue priori<ava a criao de novas estruturas 8 margem do sistema social+ <onas livres / comunidades+ antiuniversidades+ imprensa paralela+ teatro livre+ r"dios piratas2+ tentando desintegrar-se dos valores da cultura )urguesa&
Laing / 10LC2 critica a psi!uiatria + a ordem social e amiliar / sendo !ue o n4cleo amilial $ considerado o principal gerador da loucura2+ promove uma pol'tica de su)verso ideolgica e )usca estruturas marginais + paralelas+ livres ou :anti;& A crise -I crise da humanidade / n s capitalista2 -I leva a uma e3plorao das classe dominadas -I ruto de causalidades histricas A loucura $ um ato social+ pol'tico+ e+ at$ mesmo+ uma e3peri5ncia positiva de li)ertao+ uma reao a um dese!uil')rio amiliar+ no sendo assim um estado patolgico+ nem muito menos o louco um o)jeto pass'vel de tratamento& D louco $+ portanto+ uma v'tima da alienao geral+ tida como norma+ e $ segregado por contestar a ordem p4)lica e colocar em evid5ncia a represso da pr"tica psi!ui"trica+ devendo + por isso ser de endido e rea)ilitado& * a misti icao dessa realidade social alienada !ue destri a e3peri5ncia individual e comportamental+ inventando o louco+ tido como perigoso e pass'vel de perda de vo<& Para Laing+a salvao da humanidade reside num empreendimento de desalienao universal ( uma revoluo interior+ uma trans ormao do homem isoladamente& >ooper so re a in lu5ncia do pensamento de Alan `atts& Bua atuaorecai so)re a micropol'tica / rela,es pessoais+ do corpo+ da psi!ue+ rela,es amiliares2+ pois a instituio acad5mica e a educao )urguesa tornam di 'cil a s'ntese dos n'veis micro e macropol'ticos& A antipsi!uiatria )usca um di"logo entre a ra<o e a loucura + en3ergando a loucura entre os homens e no dentro deles& &&&considera !ue mesmo a procura volunt"ria ao tratamento psi!ui"trico $ uma imposio do mercado ao indiv'duo+ !ue se sente isolado na sociedade& D m$todo terap5utico da antipsi!uiatria no prev5 tratamento !u'mico ou 'sico e+ sim+ valori<a a an"lise do discurso atrav$s da metania+ da viagem ou del'rio do louco+ !ue no deve ser podada& D louco $ acompanhado pelo grupo+ seja atrav$s de m$todos de investigao+ seja pela no represso da crise+ psicodramati<ada ou au3iliada com recursos de regresso& A antipsi!uiatria+ inalmente+ em)ora inicie um processo de ruptura radical com o sa)er psi!ui"trico moderno+ termina por ela)orar outra re er5ncia terica para a es!ui<o renia+ inspirada na escola de Palo Alto+ conhecida como a teoria da lgica das comunica,es !ue+ em 4ltima instncia+ desli<a para uma g5nese comunicativa / Fleming+ 107R7L027 uma e3plicao causal da es!ui<o renia calcada nos pro)lemas de comunicao entre as pessoas& A tradi0&o basagliana e a psiquiatria democrtica italiana 1 ou uma cartografia da desconstru0&o manicomial, do dispositivo e dos paradigmas psiquitricos2 6e acordo com 6enise 6ias #arros+ podemos situar a e3peri5ncia italiana en!uanto :um con ronto com o hospital psi!ui"trico+ o modelo da comunidade terap5utica inglesa e a pol'tica de setor rancesa),
princ3pio de democrati/a0&o das rela04es entre os atores institucionais e a id-ia de territorialidade) 1 5arrosa, 166*:7'2 / a psi!uiatria democr"tica no $ s
rompimentos ela conserva algumas coisas2
Ao leitor desejamos demonstrar !ue as e3peri5ncias de re ormulao das pr"ticas psi!ui"tricas ocorridas na @t"lia+ @nglaterra+ Frana+ =AA e #rasil encontram-se relacionadas ( e ao mesmo tempo marcadas ( por singularidades e + portanto+ merecendo leituras particulares& >ontudo + o importante $ no perdermos de vista a orma como+ em um determinado conte3to scio-histrico preciso+ se do as apropria,es particulares das demandas sociais e + portanto+ como se con ormam determinados cen"rios sociais nas rela,es com o tra)alho+ a doena+ o desvio e a di erena de uma orma geral& Pudemos + no decorrer das passagens anteriores + demonstrar !ue a lgica terap5utica no trato com a loucura possi)ilita a apro3imao para com esta+ por interm$dio da justia e da medicina&
Ao atri)uir ao louco uma identidade marginal e doente+ a medicina torna a loucura ao mesmo tempo vis'vel e invis'vel / vis'vel pra ci5ncia e invis'vel na sociedade+ enclausurada2
Pesto de sua periculosidade social A e3presso de #asaglia em A psi!uiatria Alternativa7 contra o pessimismo da ra<o+ o otimismo a pr"tica ( acerca das con er5ncias !ue pro eriu no #rasil Sum movimento de constante autocr'tica+ comeou-se a perce)er !ue colocar a doena entre par5nteses no seria su icienteN seria necess"rio + tam)$m mudar radicalmente o processo !ue redu< a pro)lem"tica da loucura em doena mental& Ds italianos postulavam a necessidade de um processo em !ue a loucura pudesse ser redimensionada no para a<er sua apologia+ / cr'tica a antiprisuiatriaQ2 mas para criar condi,es !ue permitissem !ue esse momento de so rimento e3istencial e social se modi icasse / )arros+ 10017MK2 Psi!uiatria alienista rancesa ( a s'ntese desta psi!uiatria opera-se a partir da estruturao de uma tr'ade+ aparentemente heterog5nea7 a classi icao do espao institucionalN o arranjo nosogr" ico das doenas mentaisN e a imposio de uma relao espec' ica entre m$dico e doente na orma do tratamento moral />astel+ 107L7L12&
A ligao intr'seca entre sociedade e loucuraHsujeito !ue enlou!uece $ arti icialmente separada e adjetivada com !ualidades morais de periculosidade e marginalidade& Assim+ institui-se uma correlao e identi icao entre punio e terapeuti<ao / isso $ muito claro no p"tio proi)ido do ipu) e nas dire,es de tratamento de juruju)a2+ a im de produ<ir uma ao pedaggica moral !ue possa restituir dimens,es de ra<o e de e!uil')rio& Am codi icao dos comportamentos $ justi icada pelo sa)er competente+ multiplicado no imagin"rio social da modernidade& * a passagem de uma viso tr"gica da loucura ( per eitamente integrada no universo social do renascimento ( para uma viso cr'tica + produtora de reduo+ e3cluso e morte social&
D manic9mio concreti<a a met" ora da e3cluso + !ue a modernidade produ< na relao com a di erena& A tradio )asagliana vem mati<ada com cores m4ltiplasN tra< em seu interior a necessidade de uma an"lise histrico-cr'tica a respeito da sociedade e da orma como esta se relaciona com o so rimento e a diferen0a%
/ !uais mecanismos precisamos para no apagar a di erena2 * + antes de tudo+ um movimento :pol'tico;7 tra< a polis e a organi<ao das rela,es econ9micas e sociais ao lugar de centralidade e atri)ui aos movimentos sociais um lugar nuclear+ como atores sociais concretos+ no con ronto com o cen"rio institucional !ue+ simplesmente+ perpetuamH consomem ou !uestionamH reinventam& =sta pr"tica cr'tica 8 psi!uiatria tradicional tem in'cio na d$cada de R%+ no manic9mio de Pori<ia+ com um tra)alho de 8umani/a0&o o hospital desencadeado por Franco #asaglia& D modelo de comunidade terap5utica ( ideali<ado por -a3Tell Eones+ na @nglaterra ( $ utili<ado como estrat-gia inicial para instaurao de uma crise interior ao dispositivo institucional para+ da'+ possi)ilitar a :projeo da gesto psi!ui"trica e das contradi,es sociais e pol'ticas !ue lhe so cone3as+ para ora dos muros da instituio; / #arros+ 10017M0-R%2&
A partir desta e3epri5ncia+ torna-se poss'vel re letir so)re os riscos inerentes ao modelo de comunidade terap5utica& -I justamente este car"ter ainda terap5utico mati<ava e dei3ava intacto um dos elementos constituintes do dispositivo psi!ui"trico7 a relao terap5utica m$dicoHpaciente+ lugar instituinte das rela,es de o)jeto e sa)erHpr"tica& =ste espao produ<ia um mundo ainda 8 parte das rela,es sociais comple3as+ ainda promovia uma reduo da loucura 8 o)jeto de interveno e visi)ilidade e3clusiva&
Assim+ :a gesto comunit"ria !ue procurava apenas humani<ar o manic9mio no colocava em discusso as rela,es de
?ornava-se urgente + ento+ operar um deslocamento a partir da cr'tica e superar a simples humani<ao do lcus manicomial&
Pg *. ?r5s pilares de cr'tica da tradio )asagiana7 : a ligao de depend5ncia entre psi!uiatria e justia+ a origem de classe das pessoas internadas e no-neutralidade da ci5ncia; /#arros+ 10017R%2
Sa realidade+ o pro)lema das institui,es psi!ui"tricas revelava uma !uesto das mais undamentais7 a impossi)ilidade+ historicamente constru'da+ de trato com a di erena e os di erentes&
=m um universo das igualdades+ os loucos e todas as maiorias eitas minorias ganham identidades redutoras da
Dper-se uma identi icao entre di erena e e3cluso no conte3to das li)erdades ormais e+ no caso da loucura+ o dispositivo m$dico alia-se ao jur'dico+ a im de )asear leis e+ assim+ regulamentar e sancionar a tutela e a irresponsa)ilidade social&
D grande m$rito do movimento de Psi!uiatria 6emocr"tica @taliana 0 P6@2+ undado em #olonha+ em 107K / Psichiatria 6emocratica+ 10712+ pode ser re erido a possi)ilidade de denuncia civil das pr"ticas sim)licas e concretas de viol5ncia institucional e+ acima de tudo+ a no restrio destas denancias a um pro)lema dos :t$cnicos de sa4de mental;& A possi)ilidade da mapliao d movimento da P6@ e seu alcance permitem+ al$m da propriedade ou compet5ncia m$dico-psi!uiatrica-psicolgica+ alianas com oras sindicais+ pol'ticas e sociais& A P6@ tra< ao cen"rio pol'tico mais amplo a revelao da impossi)ilidade de trans ormar a assist5ncia sem reinventar o territrio das rela,es entre cidadania e justia& / A !uesto da di erenaQ2 ?orna-se necess"rio superar o modelo de humani<ao institucional+ a im de inventar uma pr"tica !ue tem na comunidade e nas rela,es !ue esta esta)elece com o louco ( atrav$s do tra)alho+ ami<ade+ e vi<inhana - + mat$ria-prima para desconstruo do
dispositivo psi!ui"trico de tutela+ e3cluso e periculosidade+ produ<idos e consumidos pelo imagin"rio social& ?orna-se preciso desmontar as rela,es de racionalidadeHirracionalidade !ue restringem o louco a um lugar de desvalori<ao e desautori<ao a alar so)re si& 6a mesma orma !ue $ preciso desmontar o discursoHpr"tica competente !ue undamentam a di erenciao entre a!uele !ue trata e o !ue e tratado& Seste momento+ a reiveno das pr"ticas precisa con rontar-se no espao da comunidade e na relao !ue os t$cnicos esta)elecem com a loucura+ com a solidariedade e o desejo da produo da di erena plural& /D !ue psican"lise di< so)re a sustentao das di erenas na sociedadeQ2 A sa4de e a doena ganham concretude histrico-social+ tornam-se en9menos datados na realidade pol'tica dos sujeitos sociais& A a)strao operada pelo olhar positivista pode ser recolocada e situada na e3ist5ncia de toda uma relao entre sa)eresHpoderesHsu)jetividades+ eitas pr"ticas sociais& Franco Fotelli+ citado por #arros+ situa !uatro ei3os undamentais para trans ormao das institui,es psi!ui"tricas7 12 a luta contra as atuais estruturas psi!ui"tricas en!uanto repressivo-custodiaisN C2 a luta contra as estruturas psi!ui"tricas+ ainda !ue re ormadas + mas lugar de institucionali<ao da doenaN K2 a luta contra a institucionali<ao do so rimento atrav$s da doenaN 12 a luta contra o so rimento como necessidade no mundo do capital e da sociedade de troca+ isto $+ como universo de no escolha+ onde o so rimento vem trans ormando em algo mercantili<"vel& / )arros+ 10017RR2 / >omo assimQ A necessidade en!uanto so rimentoQ2 Para Amarante+ :o projeto de trans ormao institucional de #asaglia $ essencialmente um projeto de desconstruoHinveno no campo do conhecimento+ das tecnoci5ncias+ das ideologias e da uno dos t$cnicos e intelectuais; / Amarante+ 1001b7R12& / =le prop,e uma nova discipliaQ A comple3ologiaQ 2 A trajetria italiana propiciou a instaurao de uma ruptura radical com o sa)erHpr"tica psi!ui"trica+ na medida em !ue atingiu seus paradigmas& Ainda segundo Amarante+ a ruptura teria sido operada tanto em relao 8 psi!uiatria tradicional / o dispositivo da alienao2+ !uanto em relao 8 nova psi!uiatria / o dispositivo de sa4de mental2& / Wouve um rompimento com a id$ia de preveno atrav$s de interveno em grupos desviantes ( uma nova orma de tentar apagar a di erena2 D !ue agora estava em jogo neste cen"rio di<ia respeito a um projeto de desisntitucionali<ao+ de desmontagem e desconstruo de sa)eresHpr"ticasHdiscursos comprometidos com um ao)jetivao da loucura e sua reduo 8 doena& Seste sentido desinstitucionali<ar no se restringe e nem muito menos se con unde com desospitali<ar+ na medida em !ue desospitali<ar signi ica apenas identi icar
Pg 71
D estado+ por meio de seus rgos do setor sa4de ( -inist$rio da Ba4de ( /-B2 e -inist$rio da Previd5ncia e Assist5ncia Bocial ( / -PAB2 - + ser" tam)$m o)jeto de nossas an"lises& Crise na :insam 6@SBA- ( 6iviso Sacional de Ba4de -ental / rgo do -inist$rio da Ba4de respons"vel pela ormulao das pol'ticas de sa4de do su)setor sa4de mental2 ( estopim do movimento de re orma psi!ui"trica& 107L ( greve em hospitais psi!ui"tricos do Fio de Eaneiro !ue aca)a com a demisso de CR% estagi"rios e pro issionais& P$ssimas condi,es de tra)alho-I sem concurso p4)lico desde 10MR passa a contratar )olsista a partir de 1071+ tra)alham em condi,es prec"rias em clima de ameaas e viol5ncias a eles prprios e aos pacientes / re!uente as den4ncias de agresso+ estupro+ tra)alo escravo e mortes no esclarecidas2& Apoio do F=-= / -ovimento de Fenovao -$dica2 e do >=#=B-I sucedemse reuni,es peridicas ocupando espao de sindicatos e outras entidades da sociedade civil-I organi<a-se o n4cleo de sa4de mental do sindicato dos m$dicos e o n4cleo de sa4de mental do >=#=B& As amarras de car"ter tra)alhista e humanit"rio do grande rpercusso ao movimento + !ue consegue manter-se por cerca de oito meses em desta!ue na grande imprensa& Assim luta no institucional
Pauta inicial de reinvidica,es7 regulari<ao da situao tra)alhista+ aumento salarial+ reduo do n4mero e3cessivo de consultas por turno de tra)alho+ cr'ticas a croni icao do manic9mio e ao uso do eletrocho!ue+ por melhores condi,es de assist5ncia a populao e pela humani<ao dos servios& Du seja+ re lete um conjunto heterog5neo e ainda inde inido de den4ncias e reinvidica,es !ue o a< oscilar entre um projeto de trans ormao psi!ui"trica e outro de organi<ao corporativa& >om a reali<ao do V congresso #rasileiro de Psi!uiatria + em outu)ro de 107L surge a oportunidade para organi<ar nacionalmente estes movimentos+ !ue j" estavam se desenvolvendo em alguns estados& Feali<ado em >am)ori4+ de C7 de outu)ro a 1G de novem)ro+ este evento ica conhecido como o : >ongresso de A)ertura;+ pois+ epal primeira ve<+ os movimentos em sa4de mental participam de um encontro dos setores considerados conservadores+ organi<ados em torno da Associao #rasileira de Psi!uiatria+ esta)elecendo um rente ampla a avor das mudanas+ dando ao congresso um car"ter de discusso e organi<ao pol'tico-ideolgica+ no apenas das !uest,es relativas 8 pol'tica de sa4de mental+ mas voltadas ainda para a cr'tica ao regime nacional&
Previsto para ser um encontro cient' ico de psi!uiatras ligados aos setores conservadores das universidades aos consultrios e hospitais privados+ e uns poucos identi icados com a linha entendida como progressista+ termina por ser :tomado de assalto; pela militncia dos movimentos e a< com !ue a entidade promotora+ a A#P+ tenha de servir de avalista para o projeto pol'tico do -?B-& -o,es aprovadas7 repudia-se a privati<ao do setor !ue estaria relacionado 8 alta de participao democr"tica na ela)orao dos planos de sa4de& A universidade $ denunciada pela perda de seu car"ter cr'tico para o utilitarismo+ advindo das press,es do mercado da sa4de& Seste movimento dual / psi!uiatria para o rico e outra pro po)re2+ o !ue se perce)e $ a reali<ao da a)ordagem psi!ui"trica como pr"tica de controle e reproduo das desigualdades sociais& 107L ( @ >ongresso #rasileiro de Psican"lise de Prupos e @nstitui,es+ de 10 a CC de outu)ro+ no Fio de Eaneiro+ inserido na estrat$gia para o lanamento de uma nova sociedade psicanal'tica de orientao anal'tico-institucional+ o @nstituto #rasileiro de Psican"lise de Prupos e @nstitui,es / @##FAPB@2 --- A reali<ao deste congresso possi)ilita a vinda ao #rasil dos principais mentores da Fede de Alternativas 8 Psi!uiatria+ do movimento Psi!uiatria 6emocr"tica @taliana+ da Antipsi!uiatria+ en im+ das correntes de pensamento cr'tico em sa4de mental+ dentre eles Franco #asaglia+ Feli3 Puattari+ Fo)ert >astel+ =rTing Po man+ dentre outros& Passando a ser conhecido posteriormente como a :Feira da Psican"lise;+ no congresso do >opaca)ana Palace acontecem grande de)ates e pol5micas+ a maior delas certamente iniciada por #asaglia ao denunciar o car"ter elitista do evento e da psican"lise& -uitos outros de)ates sucedem-se aps este congresso+ aproveitando a vinda dos con erencistas em universidades + sindicatos e associa,es+ e sua in lu5ncia na con ormao do pensamento cr'tico do -?B- passsa a ser undamental&
PgMM 1070 ( @ >ongresso Sacional dos ?ra)alhadores em Ba4de -ental+ !ue + para Venancio /100%2+ coloca em pauta ( uma nova identidade profissional+ comeando a se orgai<ar ora do =stado+ no sentido de denunciar a pr"tica dominante deste+ ao mesmo tempo !ue preservar seus direitos no interior do mesmo;& Seste+ depreende-se !ue a luta pela trans ormao do sistema de ateno 8 sa4de est" vinculada 8 luta dos demais setores sociais em )usca da democracia plena e de um aorgani<ao mais justa da sociedade pelo ortalecimento dos sindicatos e demais associa,es representativas articuladas cm os movimentos sociais Sesse congresso
se
Pg M7 Algumas considera04es sobre a caracteri/a0&o do ;<S; - D -?B- caracteri<a-se por seu per il no cristali<ado institucionalmente ( resist5ncia a institucionali<ao - I >ostuma ocorrer tam)$m nos movimentos populares em sa4de+ na medida em !ue a institucionali<ao $ geralmente associada 8 perda de autonomia+ 8 )urocrati<ao+ ao encastelamento das lideranas e 8 instrumentali<ao utilitarista do movimento por parte dos poderes pol'ticos locais ou da tecnocracia /Pershman+ 10012& /@nstitucionali<ar -I ter uma sede+ secretaria+ maiores possi)ilidades de undos2 >ontra institucionali<ao -I )urocrati<ao+ limitao da a)rang5ncia pol'tica+ croni icao do movimento& Ama relao )astante singular vai surgir no decorrer desta trajetria entre a opo pela no-institucionali<ao do -?B- e pela desinstitucionali<ao do sa)er da pr"tica psi!ui"trica&
-tsm -I m4ltiplo e plural - I participao de pro issionais de todas as categorias assim como simpati<antes no t$cnicos da sa4de-I 6esta orma o -?B- $ o primeiro movimento em sa4de com participao popular+ no sendo identi icado como um movimento ou entidade da sa4de+ mas pela luta popular no campo da sa4de mental& -A atuao do movimento pode ocorrer so) sua prpria identidade+ mas tam)$m no interior d outras organi<a,es pol'ticas+ tais como o >=#=B+ os sindicatos das categorias da sa4de e de outras categorias+ as associa,es de m$dicos residentes+ as associa,es m$dicas+ os conselhos / >F-+ >F-+ >FP+ >FP+ >F=F@?D+ >FAB etc2 e Drdens /DA#2+ a A#@+ as associa,es comunit"rias+ de amiliares eHou de psi!uiatri<ados / BDB@S?FA2+ as pastorais da sa4de+ dentre outras&
- -?B- se encampa e se trans orma na Fede Alternativas 8 Psi!uiatria+ conhecida como :a Fede; ( movimento internacional criado em 1071+ em #ru3elas+ por grandes nomes internacionais da antipsi!uiatria+ da psi!uiatria democr"tica italiana e da psi!uiatria de setor&
@n'cio dos anos L% ( >o-gesto entre -inist$rio da Ba4de /-B2 e -inist$rio da Previd5ncia e Assist5ncia Bocial /-PAB2 ( passa a participar da administraoglo)al do projeto institucional da unidade co-gerida& -I =stado passa a incorporar os setores cr'ticos da sa4de mental&
- -?B- decidem+ estrategicamente+ atuar na ocupao do espao !ue se apresenta nas institui,es p4)licas&
- Processo de co-gesto restrito principalmente aos hospitais da 6@nsam / no campo da assist5ncia psi!uipatrica2 e a alguns poucos em outros estados / Fio grande do sul e outros do Sordeste2 Pg M0 So entender de Andreade / 100C7%02+ a co-gesto $ A ormulao de um mecanismo de gerenciamento conjunto+ p am)os os minist$rios + dos hospitais da 6@Ssam+ no Fio de Eaneiro+ !ue implica no repasse + para estas unidades+ de recursos suplementares para a assist5ncia pela Previd5ncia Bocial / PB2
( atrav$s do @SA-PB ( e de recursos do prprio -inist$rio da Ba4de+ !ue permite a transforma0&o destes 8ospitais em unidades gestoras% - A implantao da co-gestoesta)elece a construo de um novo modelo de gerenciamento em hospitais p4)licos+ mais descentrali<ado e dinmico+ em ace a um modelo de assist5ncia pro undamente de)ilitado e viciado em seu car"ter e em sua pr"tica privati<ante&
Antecedentes da co=gest&o Pol'tica da Previd5ncia Bocial orientada para a priori<ao de compra de servios dos hospitais privados por meio de credenciamentos e conv5nios -I a)soro de grande parte do oramento previdenci"rio -I estagnao do setor hospitalar p4)lico - a justi icativa das compras $ melhorar assist5ncia -I por$m7 crescimento de interna,es+ reinterna,es+ tempo m$dio de perman5ncia Wospitalar / ?-PW2+ e3cesso de atos m$dicos desnecess"rios+ raudes+ a)usos de toda a sorte+ d$ icit nos co res da Previd5ncia-I demanda7 saneamento inanceiro+ melhor utili<ao rede p4)lica e moderni<ao+ mecanismos de administrao e planejamento& - Federao #rasileira de Wospitais7 postulou projeto de privati<ao -I solicitao de recursos para construo e ampliao de hospitais privados nas seguintes condi,es7 car5ncia m'nima de tr5s anos+ pra<o de amorti<ao de 1C% presta,es e juros de no m"3imo Ld ao ano se correo monet"ria+ credenciamento autom"tico no @SPB independente das necessidades de sa4de da populao+ reajustamento trimestral do valor das di"rias pagas -& >ar"ter lucrativo do setor privado na prestao de servios assistenciais&
@rracionalidade da pol'tica assistencial7 1 ( o)jetivos7 produ<ir servios pagos e gerar lucros inanceirosN C ( atri)ui,es inde inidas+ descoordenadas e con litantesN K ( controle7 aleatrio+ e episdicoN 1 (avaliao7 )aseada na produo de atos remuneradosN M (gastos7 dispersos+ mal conhecidos e sem controle
- ator !ue contri)ui para a corrupo ( pagamento por unidade de servio / AB2& ( manipulao do tempo m$dio de consulta+ uso de estudantes de medicina - insatis ao popular -I surge processo de co-gesto&
- co-gesto - I rompe com a postura calcada na compra e venda de servios&-I tra< perspectiva de integrao do sistema de sa4de + devido a sua aplicao / reali<ao de acordos2 nos tr5s n'veis de governo7 ederal+ estadual e municipal&
>o-gesto ( possi)ilidade de implantar um pol'tica de sa4de !ue tem como )ases o sistema p4)lico de prestao e servios+ cooperao interinstitucional+ a descentrali<ao e a regionli<ao+ propostas de endidas pelos movimentos das re ormas sanit"ria e psi!ui"trica&
6esde 1C de de<em)ro de 107K ( relao entre os dois minist$rios era de simles compra de servios am)ulatoriais e leitos psi!ui"tricos =m maio de 10L% ( constitui-se grupo de tra)alhointerministerial /P?@2 ( suas tare as so estudar e recomendar medidas necess"rias 8 reorgani<ao e re ormulao t$cnico-administrativa+ para uma plena implementao e ree!upamento das unidades psi!ui"tricas da 6iviso Sacional de Ba4de -ental& 17 de junho ( unidades da 6@nsam so trans ormadas em unidades gestoras+ podendo+ assim+ praticar atos aut9nomos de esto orament"ria e inanceira+ programando seu prprio planejamento t$cnico e administrativo / geraldes+ 100C7112& Pg RC ;etas da co=gest&o D processo de co-gesto+ assim como o conv5nio -ecH-PAB+ pode ser considerado como precursor de novas tend5ncias e modelos no campo das pol'ticas p4)licas + tais como o plano do >onasp+ as A@B+ os BA6B+ o BAB& - =stes servios era pagos pelo @SPB ao -inist$rio da Ba4de + de acordo com a modalidade de Anidade de Bervio / AB2+ ou seja+ se caracteri<ava o pagamento por produo+ do mesmo tipo !ue o @SPB a<ia ao setor privado& >om a co-gesto+ o atendimento a populao se torna universali<ado+ o !ue re lete uma alterao !ualitativa na pol'tica+ !uando a iretri< sai da linha do seguro para o da seguridade& 6entre os o)jetivos da co-gesto -Idinami<ar oser vios p4)licos a im de redu<ir os repasses para o setor privado& D aumento da capacidade de atendimento dos hospitais da 6insam gera+ em princ'pio+ um real aumento do n4mero de leitos em alguns hospitais+ como por e3emplo+ no Pinel e no Pedro @@+ o !ue produ< um car"ter controverso+ pois a grande preocupao do -?B- $+ tam)$m por princ'pio+ o de :desmontar; a aparelhagem institucional psi!ui"trica&
Pg A* :ebate em torno da Co=gest&o Principais opositores da co-gesto ( empres"rios da loucura / F#W2 ( rgo patronal ( rgo organi<ador e centrali<ador da maior parte dos recursos destinados 8 sa4de& >ritica F#W ( !ualidade superior dos hospitais privados+ custo menor+ menor tempo de internao nos hospitais privados+ se !uei3am de demorar K meses pra rece)er ver)a en!uanto para os p4)licos a ver)a vem com anteced5ncia& F#W $ denunciada como manipuladora de dados e de no se re erir ao aspecto do !uadro de pessoal+ !ue nos hospitais em co-gesto $ mais completo Para -aur'cio Lougon 0 10L17102+ o de)ate F#W versus co-gesto tradu< uma disputa de modelos de assist5ncia7 $ a su)stituio de um modelo essencialmente privatista + pautado na relao atendimentoHproduoHlucro+ por um modelo assistencial p4)lico e iciente& - >om o agravamento da crise inanceira da pFevid5ncia Bocial ( cria-se o Consel8o Consultivo da Administra0&o de Sa+de Previdenciria 1 C>?ASP2= o >onasp conta com a participao+ no-parit"ria+ de representantes governamentais+ patronais+ universit"rios+ da p"rea m$dica e dos tra)alhadores Pg RM Ds o)jetivos do >DSABP di<em respeito ao aumento da produtividade+ racionali<ao do sistema+ melhoria de !ualidade dos servios+ e3tenso de co)ertura / populaa rural2+ responsa)ilidade e controle estatal do sistema& /100C7C12
Plano >DSABP para assist5ncia psi!ui"trica / 10LC2 de acordo om DPBHD-B7 descentrali<ao e3ecutiva e inanceira+ da regionali<ao e hierar!ui<ao de servios e do ortalecimento da interveno do =stado&
Para Ana Pitta - apesar de suas origens autorit"rias / no havia muito espao para discordncias e altera,es2 $ o primeiro plano de assist5ncia m$dico-hospitalar a ser discutido mais amplamente em distintos setores pro issionais+ empresariais e econ9micos diretamente envolvidos+ com e3cesso direta dos usu"rios+ muito em)ora estejam representados pelas con edera,es e sindicatos de tra)alhadores&
- Plano preconi<a ( inspirado undamentalmente nas propostas do >=#=B de criao de um sistema 4nico de sa4de preconi<a7 descentrali<ao do planejamento+ e3cuo da assist5ncia a sa4de+ des)urocrati<ando-se procedimentos administrativos+
cont")eis e inanceiros& Aniversali<ao da assist5ncia+ region<ali<ao do sistema de sa4de+ a coordenao tripartite / Previd5ncia social+ -inist$rio da Ba4de e secretarias estaduais de sa4de2+ a hierar!ui<ao dos servios+ p4)lico e privados+ de acordo com o grau de comple3idade+ com mecanismos de re er5ncia e contra-re er5ncia+ a descentrali<ao do planejamento e e3ecuo das a,es+ a des)urocrati<ao do atendimento ao p4)lico+ a valori<ao dos recursos humanos do setor p4)lico+ a vinculao da clientela aos servios )"sicos de sa4de da sua "rea+ e o controle dos setores p4)licoHprivados atrav$s dos sistema de auditoria m$dico-assistencial / Andrade+ 100C7C12& D >DSABP tende a instaurar a concepo de !ue $ responsa)ilidade do =stado a pol'tica e o controle do sistema de sa4de+ assim como a necessidade de organi<a-lo junto aos setores p4)licos e privados& So plano de assist5ncia psi!ui"trica7 Am)ulatrio $ o elemento central de atendimento ao passo !ue o hospital se torna o elemento secund"rio&
So Fio de Eaneiro+ onde o :plano >onasp; $ implantado e3perimentalmente / #rasil& -PABH>DSABPH@SA-PB-FE+ 10LK)2+ a coordenao do sistema $ entregue aos hospitais da 6@SBA- !ue passam a ser hospitais de )ase& ?odos os servios de psi!uiatria+ p4)licos ou privados icam so) a superviso t$cnica destas institui,es& D Fio de Eaneiro $ dividido em "reas Program"ticas para melhor superviso e reali<ao dos servios&
Pg AA Seste momento+ encontramos um movimento !ue+ por dedicar-se+ por um lado 8 tare a de tornar a coisa p4)lica vi"vel+ em uma aut5ntica linha estati<ante+ prpria dos seguimentos progressitas+ atuantes nos partidos+ sindicatos e associa,es e+ por outro+ por procurar en rentar a investida da oposio a estas pol'ticas+ oriunda principalmente da F#W+ mas tam)pem dos setores mais organicistas ou mais radicalmente : psicologi<antes; + locali<ados ora nas universidades+ ao na A#P+ ora ainda nos adeptos da tradio psicanal3tica+ aca)a por assumir um papel !ue se pode de inir como no mais !ue moderni<ante + ou tecnicista+ ou ainda re ormista+ no sentido de operar re ormas sem o)jetivar mudanas estruturais&
- =m outras palavras a -?B- d" as mos ao =stado e caminha num percurso !uase !ue incon und'vel+ no !ual+ algumas ve<es + $ di 'cil distinguir !uem $ !uem& - D estado autorit"rio mori)undo+ especi icamente no setor da sa4de+ na sua necessidade de alcanar legitimidade+ de diminuir tens,es e de o)jetivar resultados concretos nas suas pol'ticas sociais+ deseja essa aliana+ mas certo de !ue as mudanas propostas no conseguem erir e etivamente as )ases destas mesmas pol'ticas&
- Linha institucional ( con ude-se com o estado ( ignoram !ue as che ias superiores e o =stado nem sempre $ )em intencionado em relao a moderni<ar-se - linha sindical / luta por melhores condi,es de tra)alho e assist5ncia2 ( luta pela trans ormao da nature<a da instituio psi!ui"trica ( ignoram !ue a psi!uiatria e os mecanismos de controle tam)$m se moderni<am ( aggiornamento ( atuali<ao dos seus mecanismos de controle social+ + a)rindo mo dos mecanismos mas repressivos para instaurar outros voltados para a normati<ao social da sa4de&
Pg A6 >s encontros de coordenadores da regi&o sudeste e as confer#ncias de sa+de mental: a tra9et ria sanitarista @@ Bucede-se !ue a dinsam+ no per'odo da Sova Fep4)lica+ passa a serdirigida por setores universit"rios no prpriamente organicistas+ mas declaradamente contr"rios ao projeto do -?B-& =sta diviso procura incorporar trechos do discurso do -?B- no mesmo momento em !ue a asta seus mem)ros da conduo pol'tica das unidades hospitalares&
A A#P+ com orte inclinao para os setores universit"rios mais tradicionais e os interesses da ind4stria armac5utica+ apro3ima-se da 6insam& Pretende+ com isso+ ocupar o lugar de liderana na ormulao de pol'ticas de sa4de mental+ !ue vinha sendo ocupado pelo -?B-&
Pg 7%
=m)ate entre ;<S; de um lado e :insam e A5P de outro - I permite !ue o -?Breencontre suas origens -I reviso das estrat$gias + lideranas+ princ'pios pol'ticos e+ at$ mesmo+ os marcos te ricos da re orma psi!ui"trica& Pg 71 @ B?C>?<R> :B C>>R:B?A:>RBS :B SAC:B ;B?<AD :A RB!@E> SF:BS<B A necessidade de ortalecimento dos mecanismos de integrao+ de participao comunit"ria + de uni icao interinstitucional+ de descentrali<ao+ so aspectos ortemente marcados nesse encontro+ considerados )"sicos para o ortalecimento e etivo do setor& =ntende-se !ue o sistema de controle+ avaliao e in ormao deve perpassar todos os n'veis e instncias+ para !ue os servios possam melhorar a cada pocesso de avaliao+ o !ue seria assegurado com a criao de um sistema 4nico+ e iciente+ descentrali<ado e democr"tico& > @ encontro Bstadual de Sa+de ;ental do Rio de Ganeiro
So @PA# nos dias 1 e M de outu)ro de 10LR A @ Confer#ncia Bstadual de Sa+de ;ental do Rio de Ganeiro
Recomenda04es importantes: = tra)alhadores da sa4de mental em parceria com sociedade civil ( lutar por melhor condi,es institucionais e tam)$m com)ater a psi!uiatri<ao - Participao da populao ( tanto na ela)orao e implementao !uanto no n'vel decisrio das pol'ticas de sa4de mental ( e !ue o =stado reconhea os espaos no pro issionais criados pelas comunidades visando a promoo da sa4de mentalN - a priori<ao de investimentos nos servios e3ra-hospitalars e multipro issionais como oposio 8 tend5ncia hospitaloc5ntrica&
?ovos rumos: a tra9et ria da desinstitucionali/a0&o 1 segunda metade dos anos .H2 Feali<a,es7 L con er5ncia Sacional de Ba4de e @ con er5ncia Sacional de sa4de mental+ o @@ >ongresso Sacional de ?ra)alhadores de Ba4de -ental / congresso de #auro2+ a criao do primeiro >APB / Bo Paulo2+ do primeiro S4cleo de Ateno Psicossocial / Bantos2+ A Associao Loucos pela Vida / Eu!ueri2+ a apresentao do Projeto de Lei K&RM7HL0 do 6eputado Paulo 6elgado ( Fe orma psi!ui"trica dei3a de ser restrito ao campo e3clusivo+ ou predominantemente+ das trans orma,es do campo t$cnico (assistencial+ para alcanar uma dimenso mais glo)al e comple3a+ isto $+ para tornar-se um processo !ue ocorre + a um s tempo e articuladamente+ nos campos t$cnico-assistencial+ pol'tico-jur'dico+ terico-conceitual e sociocultural& L con er5ncia nacional de sa4de ( Ba4de como direito do cidado e dever do estado ( universali<ao do acesso a sa4de+ + descentrali<ao e democrati<ao ( =stado como promotor de pol'ticas e )em (estar social ( sa4de como sin9nimo de !ualidade de vida& /&&&2 a noo de sa4de tende a ser perce)ida como e eito real de um conjunto de condi,es coletivas de e3ist5ncia + como e3presso ativa ( e participativa ( do
e3erc'cio de direitos de cidadania+ entre os !uais o direito ao tra)alho + ao sal"rio justo+ 8 participao nas decis,es e gesto de pol'ticas institucionais etc& Assim+ a sociedade teve a possi)ilidade de superar politicamente a compreeso+ at$ ento vigente ou socialmente dominante+ da sa4de como um estudo )iolgico a)strato de normalidade / ou aus5ncia de patologias2&
Fotelli ( =3cluso nas sociedades ocidentais era muito mais uma !uesto cultural do !ue meramente econ9mica& =m suas palavras7
=3istem sociedades !ue alcanaram uma aceit"vel situao econ9mica+ um aceit"vel n'vel de democracia+ um aceit"vel n'vel de relativa igualdade entre as pessoas + no !ue se re ere 8s condi,es de vidaN mas onde o pro)lema de e3cluso no s no oi resolvido+ mas oi sendo agravado& @sto no apenas em relao a !uesto do louco+ mas inclui+ ainda a !uesto dos idosos+ das crianas& /&&&2 >reio !ue !uando+ sem nenhum !uesto de onipot5ncia + a irmamos !ue $ necess"rio en rentar prioritariamente a !uestVeao do hospital psi!ui"trico+ !ue colocamos o pro)lema do manic9mio em primeiro lugar+ $ por!ue $ ai onde + paradigmaticamente+ tem lugar o processo de e3clusoN a e3ist5ncia do manic9mio $ a con irmao + na antasia das pessoas+ da inevita)ilidade deste estado de coisas+ !ue $ imposs'vel lutar contra esta situao+ !ue as coisas so assim e sero sempre igual& =3istir" sempre a necessidade de um lugar para se depositar as coisas !ue so rejeitadas+ jogadas ora e !ue servem para !ue nos reconheamos pela di erenaQ =ste papel pedaggico+ num sentido negativo+ do hospital psi!ui"trico $ o !ue ns t$cnicos devemos por em discusso se no !uisermos avali<ar com nossas a,es uma perverso !ue $ pol'tica+ cient' ica+ mas so)retudo + cultural& / Foteli+ 10LR7C-K2&;
So campo terico (conceitual + $ a in lu5ncia da tradio )asagliana !ue propiciar" a ruptura mais radical nas estrat$gias e princ'pios do -?B- da' em diante&
A ruptura $ e3atamente esta7 mesmo !ue nesta ase de transio ainda se aa re er5nciapredominantemente aos tra)alhadores de sa4de mental+ so) a in lu5ncia do Plen"rio+ o -ovimento retornava 8s suas teses originais ( agora mais clara e radicalmente& Passava a perce)er a invia)ilidade da mera trans ormao institucional+ da simples moderni<ao da psi!uiatria e suas institui,es+ prprias da trajetria insittucionalista+ de ocupao e de aliana com o =stado&
- loucos pela vida / BP2 - Bosintra /FE2 Dutras associa,es7 Associao Franco #asaglia /BP2+ Associao Franco Fotelli / Bantos2+ A66D- / Bo Ponalo2+ Associao >a)ea Firme / Siteri2&
Pg .' Sa opinio de Pitta / 10017R172+ uma das ieali<adoras do >APB+ As vivenciadas estruturas de hospital-dia desde os anos 1% na Frana+ as ainda anteriores e3peri5ncias das comunidades terap5uticas de -a3Tell Eones na =sccia+ os >entros de Ba4de -ental nos R% nos =AA+ os >entros de Ba4de -ental da @t"lia nos anos 7%HL% como su)stitutivos dos manic9mios so ontes inspiradoras universais& =ntretanto+ >entro de Ateno Psicossocial ( >aps oi uma denominao encontrada na -an"gua revolucion"ria de 10LR+ onde+ a despeito de todas as di iculdades materiais+ utili<ando-se de l'deres comunit"rios+ pro issionais+ materiais improvisados e sucatas+ para desenvolver uma criativa e3peri5ncia de rea)ilitar ou ha)ilitar pessoas e3clu'as dos circuitos ha)ituais da sociedade+ por portar algum transtorno mental&
10L0 ( @nterveno na >asa de Ba4de Anchieta / Bantos2 6e acorodo com Sic"cio / 10017LC ( 012+ os SAPB representavam o ei3o undamental do circuito santista7 Bo regionali<ados+ uncionando C1hHdia e 7 diasHsemana+ devendo responder 8 demanda de Ba4de -ental da "rea de re er5ncia& /&&&2 di erentemente de am)ulatrios+ dirigidos aos sintomas+ a pr"tica terap5utica do SAPB coloca a centralidade da Ateno na necessidade dos sujeitos e+ por isto+ tem m4ltiplas val5ncias terap5uticas7 garantia do direito de asilo+ hospitalidade noturna+ espao de conviv5ncia+ de ateno 8 crise+ lugar de a,es de rea)ilitao psicossocial+ de agenciar espaos de trans ormao cultural& D SAPB se orienta criando dediversidade de redes de rela,es !ue se estendem para al$m de suas ronteiras+ ao territrio&
=m outras palavras+ perce)eu-se !ue o ato de ser um servio e3terno no garante sua naure<a no-manicomial+ pois pode reprodu<ir os mesmos mecanismos ou caracter'sticas da psi!uiatria tradicional+ a e3emplo do !ue ocorreu com os am)ulatrio !uando estes eram vistos como alternativa ao manic9mio& =m suma+ deve-se atentar para o car"ter de ruptura com o modelo psi!ui"trico tradicional& Pg L7
Parei a!ui
Cap ' Algumas considera04es 8ist ricas e outras metodol gicas sobre a reforma psiquitrica no 5rasil& D !ue entender por re orma psi!ui"trica
Fe orma psi!ui"trica ( um processo histrico de ormulao cr'tica e pr"tica + !ue tem como o)jetivos e estrat$gias o !uestionamento e ela)orao de propostas de trans ormao do modelo cl"ssico e do paradigma da psi!uiatria& So #rasil +a re orma psi!ui"trica $ um processo !ue surge mais concreta e+ principalmente + a partir da conjuntura da redemocrati<ao& =ntretanto+ o conceito de re orma psi!ui"trica se apresenta como sendo pol'tica e conceitualmente pro)lem"tico& Para o o)jetivo pretendido a!ui+ $ importante resgatar 8 memria !ue a prpria e3presso :re orma; indica um parado3o ( pois oi sempre utili<ada como relativa a trans orma,es super iciais+ cosm$ticas+ acessrias em oposio 8s :verdadeiras; trans orma,es estruturais+ radicais e de )ase& D termo+ no entanto+ prevaleceu e ainda permanece+ em parte pela necessidade estrat$gica de no criar maiores resist5ncias 8s trans orma,es+ de neutrali<ar oposi,es+ de construir consenso e apoio pol'tico&
?alve< termine por possi)ilitar um desvio de rota na trajetria da re orma psi!ui"trica Vimos !ue Fotelli / 100%+ 10012 reserva a e3presso re orma para os modelos psi!ui"tricos ingl5s+ ranc5s e americano& =m seu entender + estes modelo no passaram de simples tentativas de recuperao do potencial terap5utico da psi!uiatria cl"ssica&
Pg LL
Proposta de periodi/a0&o da reforma psiquitrica brasileira = uma s3ntese cronol gica das principais tra9et rias e cenrios Pretende-se a!ui en ocar a re orma psi!ui"trica )rasileira como um processo !ue se inicia em ins da d$cada de 7% + com o surgimento de um novo ator+ o -ovimento dos ?ra)alhadores em Ba4de -ental / -?B-2+ !ue desempenha+ durante um longo per'odo+ o principal papel+ tanto na ormulao terica !uanto na organi<ao de novas pr"ticas& ?rajetria ( re ere-se mais 8 e3ist5ncia e desenvolvimento de uma tradio e uma linha pr"tico-discursiva + do !ue de uma determinada conjuntura& >onstituio da medicina mental no #rasil sec 3i3 ate segunda guerra ( trajetria higienista ( sua pr"tica se institui por meio de um tipo de poder denominado disciplinar
+ au3iliar na organi<ao das institui,es + do espao das cidades+ como um dispositivo de controle pol'tico social !ue+ para #irman /107L2+ $ uma psi!uiatria da higiene moral& Aps segunda-guerra ( e3peri5ncias socioter"picas ( comunidade terap5utica inglesa+ psicoterapia institucional+ psicoterapia de setor rancesa& Advento da psi!uiatria preventico comunit"ria norte-americana ( a trajetria da sa4de mental ( !uaando a arcaica concepo de preveno da psi!uiatria higienista+ outrora denominada de pro ila3ia + passa a superar a id$ia de preveno das desordens mentais+ para alcanar o projeto de promoo da sa4de mental& ( n visa apenas a preveno e a terap5utica de doenas + mas cria um novo o)jeto7 a sa4de mental&
Pg L0 6e !ual!uer orma+ $ importante assinalar !ue o surgimento de uma trajetria no implica !ue a anterior no coe3ista& Por e3emplo+ a trajetria higienista no dei3a de e3istir com o aparecimento da trajetria da sa4de mental& So se trata + a!ui da construo continu'sta da histria da psi!uiatria+ ma do relato do surgimento de algumas pr"ticas / reunidas so) o conceito de trajetria2 !ue se di erenciam do modelo psi!ui"trico cl"ssico&
Pare A!ui
inal milagre econ9mico ( nesta conjuntura + crescem os movimentos sociais de oposio 8 ditadura militar+ !ue comeam a demandar servios e melhorias de condi,es de vida& >entro #rasileiro de =studos de Ba4de />=#=B2 e do -ovimento de Fenovao -$dica /F=-= 2 - espaos de organi<ao e produo do pensamento cr'tico em sa4de ( co-possi)ilitam a estruturao das )ases pol'ticas das re ormas sanit"ria e psi!ui"trica no #rasil& -ovimento de ?ra)alhadores em Ba4de -ental / originado em grande parte pelo >=#=B e pelo F=-=2 ( amplo le!ue de den4ncias e acusa,es ao governo militar -I principalmente so)re o sistema nacional de assist5ncia psi!ui"trica+ !ue inclui torturas+ corrup,es e raudes&
mo)ili<ao por projetos alternativos ao modelo asilar dominante& -I * neste momento + e etivamente+ !ue comea a se constituir no nosso meio um pensamento cr'tico so)re a nature<a e a uno social das pr"ticas m$dicas e psi!ui"trico-psicolgicas Sesse per'odo passam a rece)er importncia o)ras de Foucault+ Po man+ #astide+ >astel+B<as<+ #asaglia+ @llich+ dentre tantos outros+ inclusive no campo mais geral da iloso ia+ sociologia+ antropologia e ci5ncias pol'ticas+ muitos dos !uais vindo ao #rasil para participar de eventos& >omeam a chegar at$ ns os relatos da e3peri5ncia de Pori<ia+ da Psi!uiatria 6emocr"tica / liderados por #asaglia2 e da Fede Alternativas 8 Psi!uiatria+ undada em #ru3elas + em janeiro de 107M& -?Bm se constitui como ora nacional por ocasio do V >ongresso #rasileiro de Psi!uiatria / 107L2 e em janeiro do ano seguinte + organi<a seu primeiro e prprio congresso em Bo Paulo& Pg 01
>ertamente+ este $ um momento vigorosamente institucionali/ante =I Ds marcos conceituais !ue estavam na )ase da origem do pensamento cr'tico em sa4de ( como a re le3o so)re a medicina como aparelho ideolgico+ o !uestionamento da cienti icidade do sa)er m$dico ou da neutralidade das ci5ncias+ as incurs,es so)re uma determinao social das doenas+ o reconhecimento da validade das pr"ticas de sa4de no-o iciais ( do lugar a uma postura menos cr'tica onde+ aparentemente+ parte-se do princ'pio !ue a ci5ncia m$dica e a administrao podem e devem resolver o pro)lema das coletividades& >resce + assim+ a importncia do sa)er so)re a administrao e o planejamento em sa4de7 )asta sa)er colocar em ordem os servios+ os recursos+ as institui,es+ !ue tudo se resolver"& ( -- I 6ei3a-se de re letir so)re o papel dos t$cnicos+ das t$cnicas e da medicina ocidental na normati<ao das popula,es + na construo de sa)eres hegem9nicos so)re sa4de& Pg 0C
10LM - A,es integradas de sa4de constituem os Bistemas Ani icados e 6escentrali<ados de sa4de / BA6B2 + preparando o terreno para a con eco do Bistema fnico de Ba4de / BAB2 hoje impresso na constituio& >a)e lem)rar !ue a proposta do BAB oi originalmente apresentado pelo >=#=B no @ Bimpsio de Pol'ticas de Ba4de da >mara dos 6eputados+ em outu)ro de 1070 D per'odo da Sova Fep4)lica representa o auge desta t"tica de ocupao dos espaos p4)licos+ na medida em !ue tradu< um relativo consenso nacional em torno da eleio de ?ancredo Seves+ com a conse!uente construo de um projeto popular e democr"tico& Seste per'odo+ o movimento sanit"rio con unde-se com o prprio estado& * neste conte3to !ue $ reali<ada a LG >on er5ncia Sacional de Ba4de ( pela primeira ve< representa,es da sociedade civil&
@ >on erencia Sacional de Ba4de -ental / @ >SB-2 a contragosto da 6@SBAD racasso das e3peri5ncias !ue se pretendiam :alternativas; ao modelo da psi!uiatria cl"ssica em todo mundo ( demonstrado no apenas por #asaglia+ mas tam)$m por Foucault+ >astel+ e+ dentre ns+ Eoel #irman . Eurandir Freire >osta / 10012 ( a<ia crer !ue era imposs'vel trans ormar a realidade da psi!uiatria e das institui,es psi!ui"rias de uma orma radical& --- I D in'cio da trajetria institucionali<ante do sanitarismo tradu<+ de uma certa orma+ o !ue #asaglia denominava : o culto do pessimismo; / #asaglia+ 10L17 CM12
im da trajetria sanitarista e o in'cio de uma outra7 a trajetria da desinstitucionali<ao ou da desconstruoH inveno& A!ui $ tomada a deciso de reali<ar @@ >ongresso Sacional dos ?ra)alhadores em Ba4de -ental ( : Por uma sociedade sem manic9mios;& - surge o >aps+ interveno na casa de sa4de Anchieta - Projeto de Lei K&RM7HL0 Pg 01
D movimento pela re orma psi!ui"trica reencontra suas origens e se distancia do movimento pela re orma sanit"ria& Parte da e3plicao desse a astamento pode ser encontrada no ato de !ue + apesar de todos os desvios de rota+ de todas as contradi,es e parado3os+ o movimento psi!ui"trico sempre mant$m um vi$s desinstitucionali<ante - isro $+ mant$m em de)ate a !uesto da nstitucionali<ao da doena e do sujeito da doena&&& ao passo !ue o movimento sanit"rio perde de vista a pro)lemati<ao do dispositivo de controle e normati<ao prprios da medicina como instituio social&
Ds planos sanitaristas no conseguem trans ormar o papel de )urocratas da sa4de+ ou de uncion"rios do concenso+ como insistia #asaglia /utili<ando a id$ia de Pramsci2& Ds planos sanitaristas+ por mais !ue permitam a implantao de am)ulatrios de acumputura+ homeopatia ou e itoterapia+ no conseguem crer+ de ato+ em outro sa)eres no originados do positivismo m$dico+ !ue terminam por entroni<ar o modelo alop"tico+ !ue se torna to hegem9nico !uanto mais logra incorporar tecnologias de ponta& ?radio sanitarista ( condu< a id$ia de !ue + para trans ormar uma pe!uena coisa+ $ sempre necess"rio trans ormar todas coisas por meio da implementao de grandes pol'ticas de sa4de& - em outras palavras7 * preciso mudar a Pol'tica Sacional e Ba4de mental para !ue uma pessoa seja )em atendida+ seja ouvida e cuidada& @ >SB- ( A estrat$gia de trans ormar o sistema de sa4de mental encontra uma nova t"tica7 $ preciso desinstitucionali<arHdesconstruirHconstruir no
cotidiano das
orma de lidar com a loucura e o so rimento ps'!uico+ $ preciso inventar novas ormas de lidar com estas !uest,es+ sa)endo ser poss'vel transcender os modelos preesta)eecidos pela instituio m$dica + movendo-se em direo "s pessoas+ 8s comunidades& A partir da @ >SB-+ surgem novos atores no cen"rio das pol'ticas de sa4de mental7 so os loucos + os loucos pela vida& * o caso das associa,es de amiliares e usu"rios+ como a BDB@S?FA/FE2 ( associao de pro)lemati<ados mentais e seus amiliares+ !ue+ em)ora criada em 1070+ somente nesse momento passa a merecer um papel de desta!ue A !uesto da loucura e do so rimento ps'!uico dei3a de ser e3clusividade dos m$dicos+ administradores e t$cnicos da sa4de mental para alcanar o espao das cidades+ das institui,es e da vida dos idados+ principalmente da!ueles !ue as e3perimentam em suas vidas& =ste processo de trans ormao deu-se no apenas no sentido da luta cotidiana pela mudana de h")itos + culturas e tecnologias+ pela introduo de uma nova $tica+ mas tam)$m por iniciativas de re ormulao do papel dos t$cnicos& =n!uanto a re orma sanit"ria caminhava de initivamente pelos caminhos da institucionali<ao densa+ universal e in!uestion"vel da sa4de e da assist5ncia m$dica+ o movimento pela re orma psi!ui"trica mantinha-se voltado para a !uesto da trans ormao do ato de sa4de + do papel normali<ador das institui,es e+ por tanto+ da desinstitucionali<ao como desconstruo& -esmo !ue est"+ muitas das ve<es+ tivesse sido con undida com a mera
desospitali<ao / reduo do n4mero de leitos+ do tempo m$dio de perman5ncia hospitalar+ do n4mero de interna,es+ aumento do n4meor de altas hospitalares+ etc2& >a)e considerar !ue+ ao lado de uma pol'tica
progressista de reduo do n4mero de leitos+ do tempo m$dio de perman5ncia hospitalar+ etc&&2+ e3istiu um proeminente aumento do n4mero de servios
am)ulatoriais+ hospitais-dia + centros de conviv5ncia e outros recursos e tecnologias+ menos+ talve<+ no Fio e em mais outros estados& Pg 0R
Pg 1%%
A d$cada de 7% inicia-se com a trans ormao da denominao do Bervio Sacional de 6oenas -entais / BS6-2 para 6iviso Sacional de Ba4de -ental / 6@SBA-2 -I in lu5ncia do preventivismo&
Pg 1%R >s atores da reforma psiquitrica brasileira D -ovimento de ?ra)alhadores em Ba4de -ental * no seio do -?B- !ue se unda um e3erc'cio regular e sistem"tico de re le3o e cr'tica ao status !uo psi!ui"trico+ e de onde surgem+ ainda+ as propostas tericas e a pr"3is de uma nova pol'tica de sa4de mental& / coletivo de tra)alhadores2& D movimento+ contudo+ no $ uma organi<ao unit"ria+ homog5nea+ monol'tica& Assim+ mais correto seria alar em movimentos+ no sentido mesmo de algo !ue se move+ se transmuta e tem di erentes acetas& Por isso+ partindo das prrpias de ini,es no tempo ou no espao+ como e3press,es t'picas desta orma de organi<ao pol'tica !ue opta por uma no-institucionali<ao / nos moldes das institui,es tradicionais2 e por uma mo)ili<ao em relao a outras ormas de conce)er e lidar com a loucura+ em permanente deslocamento terico e pr"tico&
=m sua origem + o -?B- congrega t$cnicos de v"rias categorias pro issionais principalmente m$dicos rec$m- ormados&&& / m$dicosQQ Eamais imaginariaU2 Betor privado -I passa a empregar m$dicos rec$m ormados com )ai3os sal"rios e prec"rias condi,es de tra)alho&Zuanto 8s correntes re ormadoras de maior repercusso internacional !ue in luenciam o projeto cr'tico do -?B-+ destacam-se a comunidade terap5utica+ de -aTell Eones+ a psicoterapia institucional+ de ?os!uelles+ a psi!uiatria de setor+ de #onna $+ a psi!uiatria preventiva+ de >aplan+ a antipsi!uiatria + de Laing e >ooper e+ mais tarde+ e de orma mais sistem"tica e predominante+ a psi!uiatria na :tradio )asagliana;&
Por um :#rasil sem -anic9mios no ano C%%%; A originalidade )rasileira encontra-se na maneira de integrar+ no discurso da cidadania+ na consci5ncia social+ a trama de aua,es !ue deve construir um programa comunit"rio e o estilo de inventar novas rmulas de ateno+ a partir do protagonismo de todos&