Empiema e Timpanismo Da Bolsa Gutural Caso

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Timpanismo e empiema de bolsa gutural conseqente a garrotilho


Morgana Cardoso B. Borges1 Antonio A.C. Tinoco2 Ulisses de C. Graa Filho 3 Eider E.S. Leandro 3 Andr Ricardo G de O. Lopes 3 Daniel P. Coutinho 4 Marco Aurlio Ferreira Lopes 5 Robson B. Cerqueira 6

Resumo Garrotilho uma doena infecto-contagiosa do trato respiratrio superior dos eqdeos, freqente e importante, que causa pirexia, descarga nasal e abscedao dos linfonodos adjacentes. Acomete basicamente equdeos jovens, e causada pelo Streptococcus equi -hemoltico. Ocasionalmente, o garrotilho pode deixar seqelas como sinusites, empiema das bolsas guturais e formao de abcessos distncia, principalmente no mesentrio. O objetivo deste estudo avaliar o timpanismo e empiema de bolsa gutural, clnico e cirrgico, conseqente a garrrotilho, ocorrido num eqino jovem. Palavras-chave: bolsa gutural; timpanismo; empiema.

REVISO DE LITERATURA As bolsas guturais so divertculos cheios de ar das trompas de Eustquio, que se comunicam entre o ouvido mdio e a faringe (SMITH, 1993). So grandes sacos mucosos que esto situados entre a base do crnio e o atlas, dorsalmente, e a faringe, ventralmente (SISSON; GROSSMAN; GETTY, 1986). Segundo Smith (1993), cada bolsa dividida em compartimentos medial e lateral pelo osso estiloiideo, que evolui atravs da face caudolateral de cada bolsa. Os compartimentos laterais se apem entre si, na linha mdia. Cada divertculo se comunica com a faringe atravs do stio farngeo da tuba auditiva, sendo que a capacidade mdia de cada

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Acadmico de Medicina Veterinria. Escola de Medicina Veterinria. UFBA. Salvador - BA Mestrando. Programa de Ps-graduao em Medicina Veterinria Tropical. UFBA. Salvador - BA Medico Veterinrio. Clnica e Laboratrio Veterinrio - CLINILAB. Salvador - BA Mestrando do Programa de Ps-graduao. Faculdade de Zootecnia e Medicina Veterinria. UFV. Viosa - MG Professor de Cirurgia de Grandes Animais. Faculdade de Zootecnia e Medicina Veterinria. UFV. Viosa - MG Professor de Doenas Infecciosas. UNIME. Salvador - BA.

Correspondncia para / Correspondence to: Marco Aurlio Ferreira Lopes Faculdade de Zootecnia e Medicina Veterinria Rua Vereador Jos Valentino da Cruz, 54C / 602 - Centro CEP: 36.570-000 Viosa MG - Brasil Tel.: (31) 3892 2426 E-mail: [email protected].

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126 divertculo de aproximadamente 300 ml; desse volume, o compartimento lateral tem aproximadamente um tero (SISSON; GROSSMAN; GETTY, 1986). Apesar de a funo da bolsa gutural ser ainda desconhecida, alguns autores descrevem funes tais como: igualar a presso de ar de ambos os lados da membrana timpnica (FREEMAN, 1991), funo de leito da mucosa faringeana, funo na vocalizao e ainda envolvimento no mecanismo de aquecimento do ar inspirado (LANE; HOWARTH, 1990). Trs molstias que comumente afetam as bolsas guturais so timpanite, empiema e micose (SMITH, 1993). O timpanismo das bolsas guturais ocorre raramente, sendo reconhecido em potrinhos aps o nascimento, e at 1 ano de idade (SMITH, 1993). Caracteriza-se por uma distenso indolor da regio parotdea que pode deslocar a faringe e a traquia, e comprimir a bolsa gutural controlateral, podendo ser uni ou bilateral (THOMASSIAN et al., 2001). A etiologia exata no conhecida, mas numerosos relatos indicaram uma redundncia congnita da prega salpingofarngea, que age como uma vlvula do tipo uma via de direo, permitindo o fluxo de ar para o interior da bolsa, mas no para fora dela. Foi tambm postulado que infeces e inflamaes das vias respiratrias superiores podem resultar no aumento dessa prega tecidual, com subseqente encarceramento da bolsa (SMITH, 1993). Os sintomas se caracterizam por tumefao na altura da regio parotdea (tringulo de Viborg), sem flutuao e com sonoridade timpnica, podendo evoluir para processo catarral, com corrimento nasal (THOMASSIAN, 1996). Segundo Thomassian (1996), o tratamento clnico no produz praticamente resultado satisfatrio algum, devendo-se recorrer correo cirrgica. O empiema das bolsas guturais consiste no acmulo de material purulento nessa cavidade. Geralmente problema unilateral, sendo freqentemente seqela de molstia respiratria infecciosa, especialmente por Streptococcus equi (SMITH, 1993)
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O sintoma mais evidente o corrimento nasal mucopurulento, uni ou bilateral, que se intensifica durante a mastigao e deglutio, ou quando o animal abaixa a cabea para pastar (THOMASSIAN, 1996), alm de linfadenite, tumefao e dor nas partidas, disfagia e respirao dificultosa (SMITH, 1993). Nessas condies, freqente a traqueostomia de emergncia, devido intensa dificuldade respiratria, o que pode levar o animal cianose e morte por asfixia (THOMASSIAN, 1996). O tratamento consiste na drenagem e lavagem da bolsa com solues anti-spticas, ou a remoo cirrgica do contedo purulento e da mucosa da bolsa. O tratamento cirrgico pode ser precedido pela antibioticoterapia (THOMASSIAN, 1996). Segundo Turner e Wayne (2002), existem trs maneiras de abordagem cirrgica das bolsas guturais: aproximao pelo tringulo de Viborg, utilizada para a drenagem da bolsa gutural nos casos de empiema e tambm para o tratamento de timpanismo; aproximao pela hiovertebrotomia, empregada para remoo de condrides e de pus inspissado; e a aproximao por Whitehouse, no tratamento da micose da bolsa gutural, associada com a epistaxe e tambm com o timpanismo da bolsa gutural. O garrotilho ou outras infeces do trato respirattio superior podem desempenhar significaivo papel no desenvolvimento da infeco das bolsas guturais nos cavalos (SMITH, 1993). Garrotilho uma doena contagiosa, caracterstica da famlia Equidae (KUWAMOTO et al., 2001), causada pelo Streptococcus equi subespcie equi (S. equi), um b-hemoltico que destroi eritrcitos (BIBERSTEIN, 1994), pertencente ao grupo C de Lancefield (ANZAI et al., 1999) e caracterizada por uma evoluo febril com inflamao das mucosas do trato respiratrio superior e com supurao dos gnglios linfticos regionais (BEER, 1999). Outros microorganismos, como S. zooepidemicus ou S. pneumoniae , podem atuar como agentes complicadores dessa contaminao (FAYET, 1999). S. equi afeta especificamente eqinos. Em casos excepcionais, tambm foi isolado do

127 homem e do co. Os mais freqentemente afetados so os potros de aproximadamente, 2 meses de idade e, raramente, os eqinos de mais de 5 anos (BEER, 1999). O contgio e a fonte de infeco do garrotilho o corrimento nasal de animais infectados que, ao tossirem, espirrarem e relincharem, espalham pus sob a forma de aerossol, contaminando a gua, o ar e os alimentos, o que facilita a difuso da enfermidade a praticamente todos os animais susceptveis (THOMASSIAN, 1996). Animais susceptveis infectados experimentalmente, ou que chegam a local onde a enfermidade est desenvolvendo surto, incubam a doena, apresentando-a geralmente quatro a oito dias aps (CORRA, W.M.; CORRA, C.N.M., 1992). Aps o perodo de incubao, de uma a trs semanas, a doena desenvolve-se repentinamente com anorexia completa, febre (39,540,5C), corrimento nasal seroso, que rapidamente se torna copioso e purulento, e uma grave faringite e laringite (RADOSTITS et al., 2002). Ocasionalmente, o garrotilho pode deixar seqelas como sinusites, empiema das bolsas guturais, paralisia do nervo larngeo recorrente e formao de abcessos distncia, principalmente no mesentrio (THOMASSIAN, 1996). As complicaes ocorrem em torno de 20% dos casos, e a extenso da infeco para as bolsas guturais ocorre geralmente como resultado da ruptura dos linfonodos retrofarneos para o compartimento medial, causando empiema (RADOSTITS et al., 2002). Caracteriza o quadro externo da doena uma tosse produtiva, dolorosa e espasmdica, s vezes com respirao dificultosa, estertorosa (BEER, 1999). O diagnstico, na grande maioria dos casos, clnico (CORRA, W.M.; CORRA, C.N.M., 1992) e, para adeptos, feito pelo isolamento e a identificao do S. equi de abcessos e descarga nasal mucopurulenta (KUWAMOTO et al., 2001). O tratamento dos cavalos com garrotilho depende do estado da molstia no indivduo. O S. equi sensvel penicilina, e a penicilina G procana o antibitico de escolha (SMITH, 1993). O presente estudo objetivou relatar um caso de timpanismo e empiema de bolsa gutural conseqente a garrotilho, em uma potra da raa Mangalarga Marchador.

ILUSTRAO CLNICA E CIRRGICA No ms de Julho de 2003 (dia zero), uma potra, 07 meses, Mangalarga Marchador, pesando 131 kg, vacinada apenas contra raiva, apresentou febre (39,5C), aumento bilateral na regio da garganta, disfagia, dispnia e secreo nasal bilateral mucopurulenta. O exame clnico permitiu verificar: linfonodos submandibulares e parotdeos infartados e presena de lquido na regio ventral bilateral da bolsa gutural do empiema. Submetida a percusso, apresentou som timpnico na regio dorsal . Foi realizada puno, na parte ventral da bolsa gutural do empiema, com catter n14, sendo retirado, do lado esquerdo, 1 litro de secreo mucopurulenta com grnulos, alm de gs, e do lado direito foi drenado 1 litro da mesma secreo. Dessa forma, houve diminuio da regio aumentada e melhora no padro respiratrio do animal, sendo colhida secreo mucopurulenta para realizao de cultura com antibiograma. Foram prescritos: AINs-cetoprofeno (2,2 mg/kg s.i.d durante 03 dias), antibiticos-penicilina (20.000 UI/kg b.i.d) e sulfato de dihidroestreptomicina (5 mg/kg b.i.d) por 09 dias, nutracuticos, DMSO (0,5 mg/kg s.i.d. durante 08 dias) e lavagem das bolsas pelcateter com soluo a 1% de nitrofurazona. No dia 05 (cinco) do tratamento, o animal foi reavaliado, observando-se uma discreta melhora do quadro clnico e constatando-se ausncia de febre, diminuio da secreo mucopurulenta nasal e presena de crepitaes pulmonares. O tratador relatou que as bolsas continuaram enchendo de ar e que s diminuam o volume aps a introduo do cateter na fstula, com retirada do mesmo. No dia 10 (dez), recebeu-se o laudo da cultura com antibiograma, onde se constatou a
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128 presena do Streptococcus b-hemoltico, confirmando a suspeita de Garrotilho sensvel penicilina. No dia 15 (quinze), foi realizado RX latero-lateral da regio da garganta esquerda, confirmando-se o timpanismo e empiema de bolsa gutural. Nos dias que se seguiram, o animal apresentou um melhora discreta do empiema, porm no houve regresso do timpanismo. No dia 25 (vinte e cinco), foi realizada uma endoscopia, verificando-se o stio externo da bolsa gutural inflamado e com aumento de pregas, o que impediu a realizao do exame interno da bolsa. O stio direito no foi localizado, devido compresso do septo pelo timpanismo da bolsa esquerda, caracterizandose assim timpanismo unilateral com recomendao de tratamento cirrgico. No dia 35 (trinta e cinco), foi realizada a cirurgia. O animal encontrava-se aptico, emagrecido, constatando-se a presena de secreo mucopurulenta nasal bilateral, disfagia, dispnia, afebril, timpanismo e empiema das bolsas guturais (FIGURA 1). Foi realizada a antibioticoterapia preventiva com penicilna (20.000 UI/kg b.i.d) e sulfato de dihidroestreptomicina (5mg/kgb.i.d), alm de traqueostomia, para manuteno das vias areas superiores, com colocao de tubo endotraqueal (FIGURA 2).

Figura 2 Animal em pr-operatrio, utilizando tubo endotraqueal para manuteno das vias areas superiores.

Para a cirurgia, foi utilizada a tcnica de acesso bolsa gutural esquerda pelo tringulo de Viborg, sendo drenados cerca de 1 1/2 litro de secreo mucopurulenta. Devido perda das referncias anatmicas, no foi possvel seccionar a membrana que separa uma bolsa da outra (FIGURA 3). Aps o procedimento cirrgico, a potra entrou em ps-operatrio, tratando-se a ferida como aberta, com uso de AINs-cetoprofeno (2,2 mg/kg s.i.d durante 5 dias, antibioticoterapia

Figura 1 Viso caudal do timpanismo e empiema das bolsas guturais.

Figura 3 Bolsa gutural esquerda acessada pela tcnica do tringulo de Viborg, sendo mantida a ferida aberta com dreno.

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129 com penicilina (20.000 UI/kg b.i.d) e sulfato de dihidroestreptomicina (5 mg/kg b.i.d) durante 8 dias e medicamentos tpicos. Nos dias que se seguiram, enquanto a ferida estava aberta, a potra apresentou melhora no padro respiratrio e da deglutio; porm. ao fechar-se a ferida, o quadro clnico retornou com timpanismo e empiema de bolsa gutural. Sendo assim, no dia 55 (cinqenta e cinco), foi realizada a mesma cirurgia, utilizandose a mesma tcnica, porm agora com a seco da membrana. No dia 75 (setenta e cinco), animal estava em recuperao, mas sem nenhum sinal de retorno do quadro clnico. No dia 125 (cento e vinte e cinco), animal estava totalmente recuperado. CONCLUSES - O exame clnico e o isolamento do Streptococcus b-hemoltico foram suficientes para o diagnstico. - O timpanismo e empiema de bolsa gutural so as duas principais seqelas do garrotilho. - O tratamento clnico, apenas, no foi suficiente para resolver as seqelas do garrotilho. - Os processos patolgicos que se estendem, prolongam a evoluo da doena, podendo tornar o prognstico desfavorvel. - Medidas profilticas devem ser tomadas, a fim de evitar que enfermidades infectocontagiosas ocorram.

Timpany and empyema of guttural pouch associated with strangles


Abstract Strangles is a contagious disease that affect the equine upper respiratory tract, frequent and important, that causes pyrexia, nasal discharge and secretion of pus from lymph nodes. Often occur in young equines and is caused by Streptococcus equi -hemolytic. Some times the strangles can promote results how sinusitis, guttural pouch empyema and distant abscess formation, main in the mesentery. The objective of this paper is study of timpany and empyema of guttural pouch associated with strangles, clinic and cirurgic, happened in a young horse. Keywords: guttural pouch; tympany; empyema.

REFERNCIAS ANZAI, T. et al. In vivo pathogenicity and resistance to phagocytosis of Streptococcus equi strains with different levels of capsule expression. Vet. Microbiol., Amsterdam, v.67, p.277-286, 1999. BEER, J. Doenas infecciosas em animais domsticos. So Paulo: Roca, 1999. BIBERSTEIN, E.L. Tratado de microbiologia veterinria. Zaragoza: Acribia, 1994. CORRA, W.M.; CORRA,C.N.M. Enfermidades infecciosas em mamferos domsticos. Rio de Janeiro: Medsi, 1992. FAYET, G. Profilaxia das doenas respiratrias em eqinos. Hora Vet., Porto Alegre, ano 18, n.107, p.55-60, jan./fev. 1999. FREEMAN, D.E. Guttural pouches. In: BEECH, J. Equine respiratory disorders . Philadelphia: Lea & Febiger, 1991. p.305-330. KUWAMOTO, Y. et al. Development of a genotyping method for Streptococcus equi subs. equi using SeM genotypes, and its application to epidemiology. J. Equine Sci., Tokyo, v.12, n.3, p.106-113, 2001.

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Recebido em / Received: 17/12/2004 Aceito em / Accepted: 22/03/2005

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