Este documento apresenta uma dissertação de mestrado sobre a identificação e caracterização anatômica macroscópica das principais espécies de madeira utilizadas para laminação na região de Curitiba, Paraná. Foram coletadas amostras de 70 lâminas de madeira de diferentes espécies e analisadas suas características visíveis a olho nu ou com lupa, identificando 35 espécies no total. As espécies que apresentaram maior dificuldade de diferenciação foram agrupadas em três grupos com base em semel
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Este documento apresenta uma dissertação de mestrado sobre a identificação e caracterização anatômica macroscópica das principais espécies de madeira utilizadas para laminação na região de Curitiba, Paraná. Foram coletadas amostras de 70 lâminas de madeira de diferentes espécies e analisadas suas características visíveis a olho nu ou com lupa, identificando 35 espécies no total. As espécies que apresentaram maior dificuldade de diferenciação foram agrupadas em três grupos com base em semel
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SILVANA NISGOSKI
IDENTIFICAO E CARACTERIZAO ANATMICA
MACROSCPICA DAS PRINCIPAIS ESPCIES UTILIZADAS PARA LAMI NAO NA REGIO DE CURITIBA - PR. Dissertao apresentada ao Curso de Ps- Graduao em Engenharia Florestal do Setor de Cincias Agrrias da Universidade Federal do Paran, como requisito parcial obteno do Ttulo de "Mestre em Cincias Florestais". Orientadora: Prof. a Dr. a Graciela Ins Bolzon de Muiz CURITIBA 1999 1 1 HT II -...i n J i m jffli U- m MINISTRIO DA EDUCAO E DO DESPORTO UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARAN SETOR DE CINCIAS AGRRIAS CURSO DE PS-GRADUAO EM ENGENHARIA FLORESTAL P A R E C E R Os membros da Banca Examinadora designada pelo Colegiado do Curso de Ps- Graduao em Engenharia Florestal, reuniram-se para realizar a argio da Dissertao de Mestrado, apresentada pela candidata SILVANA NISGOSKI, sob o ttulo "IDENTIFICAO E CARACTERIZAO ANATMICA MACROSCPICA DAS PRINCIPAIS ESPCIES UTILIZADAS PARA LAMINAO NA REGIO DE CURITIBA - PR.", para obteno do grau de Mestre em Cincias Florestais, no Curso de Ps-Graduao em Engenharia Florestal do Setor de Cincias Agrrias da Universidade Federal do Paran, rea de Concentrao TECNOLOGIA E UTILIZAO DE PRODUTOS FLORESTAIS Aps haver analisado o referido trabalho e argido a candidata so de parecer pela "APROVAO" da Dissertao, com mdia final:( J.O ), correspondente ao conceito:( A- ). Curitiba, 05 de novembro de 1999 Prof. M.Sc/Gregric/Ceccantini Segundo Examinador UFPR Aos meus pais DEDICO ii AGRADECIMENTOS Universidade Federal do Paran, pela oportunidade e Coordenao de Aperfeioamento de Pessoal de Nvel Superior (CAPES) pela bolsa concedida. Aos professores Dr. a Graciela Ins Bolzon de Muiz e M.Sc. Umberto Klock pela orientao e apoio na execuo do trabalho. s empresas de laminao de Curitiba pelo fornecimento do material, sem o qual no seria possvel o desenvolvimento deste estudo. Aos colegas e amigos Martha Andreia Brand, Danielle Previdi Olandoski, Fernando J os Fabrowski e Sanatiel de J esus Pereira, e tcnica qumica Dionia Calixto de Souza pela presena e companheirismo em todos os momentos. Ao Prof. Gregorio Ceccantini pelo apoio, reviso e sugestes. A todos os colegas e amigos do Curso de Ps Graduao que, direta ou indiretamente, auxiliaram neste trabalho. iii BIOGRAFIA DA AUTORA Silvana Nisgoski, filha de Relindis Kugler Nisgoski e Paulo Renato Nisgoski, nasceu em 15 de outubro de 1974, em Curitiba, estado do Paran. Concluiu o curso primrio e ginasial no Colgio Estadual Manoel Ribas, em Harmonia, Telmaco Borba, Paran, em 1988. Concluiu o curso de segundo grau, Educao Geral, no Colgio Estadual Manoel Ribas, em Harmonia, Telmaco Borba, Paran, em 1991. Trabalhou como professora de ingls nas Escolas Fisk, em Telmaco Borba, Paran, no perodo de 1989 a 1991. Ingressou no curso de Engenharia Florestal da Universidade Federal do Paran em 1992. Participou do PET (Programa Especial de Treinamento) da CAPES (Coordenao de Aperfeioamento de Pessoal de Nvel Superior), de Engenharia Florestal - UFPR, de maro de 1994 a maro de 1997. Graduou-se como Engenheiro Florestal, pela Universidade Federal do Paran, em maro de 1997. Ingressou no Curso de Ps Graduao em Cincias Florestais da Universidade Federal do Paran, nvel Mestrado, rea de concentrao Tecnologia e Utilizao de Produtos Florestais em maro de 1997. iv SUMRIO LISTA DE TABELAS viii LISTA DE FIGURAS ix RESUMO X ABSTRACT xi 1 INTRODUO 01 2 OBJETIVO GERAL 04 2.1 OBJ ETIVOS ESPECFICOS 04 3 REVISO DE LITERATURA 05 3.1 PLANOS DE OBSERVAO 05 3.2 COMPONENTES ORGNICOS DA MADEIRA 07 3.2.1 Celulose 07 3.2.2 Polioses 07 3.2.3 Lignina 08 3.2.4 SubstnciasPcticas 09 3.2.5 Extrativos 09 3.3 PROPRIEDADES ORGANOLPTICAS 10 3.3.1 Cor H 3.3.2 Brilho 12 3.3.3 Odor e Gosto 12 3.3.4 Textura 13 3.3.5 Gr 13 3.3.5.1 Gr direita (Linheira ou Reta) 14 IX 3.3.5.2 Grs irregulares 14 3.3.6 Desenho 16 3 .4 CARACTERSTICAS ANATMICAS DA MADEIRA DAS FOLHOSAS (ANGIOSPERMAS DICOTILEDNEAS) 16 3.4.1 Anis de Crescimento 17 3.4.2 Cerne e Alburno 18 3.4.3 Vasos (Poros) 20 3.4.4 Parnquima Axial 22 3.4.5 Fibras 24 3 .4.6 Parnquima Radial (raios ou parnquima transversal) 24 3.4.7 Caracteres Especiais 25 3.5 LAMINAO 28 3.5.1 Histrico 28 3.5.2 Situao Atual e Perspectivas 29 3.5.3 Terminologia 32 3.5.4 Aspectos Gerais 33 3.5.5 Tipos de Corte 36 3.5.6 Defeitos nas Lminas 41 3.5.7 Fatores que Afetam a Colagem 43 3.5.8 Principais Tipos de Defeitos na Colagem das Lminas 45 3 .5 .9 Controle de Qualidade 45 3.5.10 Classificao das Lminas 46 3.6 ACABAMENTOS OU REVESTIMENTOS 48 3.6.1 Tratamentos de Conservao Contra o Apodrecimento e Insetos 50 3.6.2 Defeitos Iniciais de Acabamento 51 vi 4 MATERIAL E MTODOS 52 4.1 ESPCIES 52 4.2 IDENTIFICAO DO MATERIAL 52 4.3 MICROTCNICA 53 4.4 DESCRIO DAS LMINAS 54 4.5 ILUSTRAES 55 5 RESULTADOS E DISCUSSO 56 5.1 ESPCIES AMOSTRADAS 56 5.2 DESCRIO MACROSCPICA DAS LMINAS 65 5.3 OBSERVAES GERAIS 87 5.4 CHAVE DE IDENTIFICAO 91 6 CONCLUSES E RECOMENDAES 95 7 REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS 99 vii LISTA DE TABELAS TABELA 1 - EVOLUO DA PRODUO MUNDIAL DE PAINIS DE MADEIRA 30 TABELA 2 - PERFIL DA PRODUO BRASILEIRA DE PAINIS 31 TABELA 3 - EXPORTAO PARANAENSE DE PRODUTOS FLORESTAIS 31 TABELA 4 - EXPORTAO PARANAENSE DE PRODUTOS FLORESTAIS CONSOLIDAO PRODUTO-ESPCDE 31 TABELA 5 - ESPCIES DE MADEIRA IDENTIFICADAS NAS AMOSTRAS COLETADAS NAS EMPRESAS DE LAMINAO DE ACORDO COM O NOME COMERCIAL FORNECIDO 57 TABELA 6 - FAMLIAS E NMERO DE GNEROS ENCONTRADOS NAS LMINAS IDENTIFICADAS 61 TABELA 7 - FREQNCIA DAS ESPCIES ENCONTRADAS EM RELAO AO NMERO TOTAL DE AMOSTRAS COLETADAS 62 TABELA 8 - PADRONIZAO DA QUALIDADE E TRATAMENTO PRESERVANTE 63 TABELA 9 - RESUMO COMPARATIVO ENTRE SEMELHANTES - GRUPO MOGNO 89 TABELA 10 - RESUMO COMPARATIVO ENTRE SEMELHANTES - GRUPO PAU-MARFIM 89 TABELA 11 - RESUMO COMPARATIVO ENTRE SEMELHANTES - GRUPO TAUARI 90 viii LISTA DE FIGURAS FIGURA 1 - PLANOS ANATMICOS DE CORTE 06 FIGURA 2 - TRONCO COM GR ESPIRAL AD A. PEAS DE MADEIRA COM GR ENTRECRUZADA 15 FIGURA 3 - TIPOS DE POROSIDADE DA MADEIRA 21 FIGURA 4 - TIPOS DE PARNQUIMA AXIAL APOTRAQUEAL EM SEO TRANSVERSAL 22 FIGURA 5 - TIPOS DE PARNQUIMA AXIAL PARATRAQUEAL EM SEO TRANSVERSAL 23 FIGURA 6 - TIPOS DE PARNQUIMA AXIAL EM FAIXAS EM SEO TRANSVERSAL 23 FIGURA 7 - MTODOS DE CORTE ROTATIVO 38 FIGURA 8 - FAQUEAMENTO 40 FIGURA 9 - ASPECTOS VISUAIS DAS LMINAS ESTUDADAS DE ACORDO COM SUA ORIENTAES DE CORTE 83 IX RESUMO Este trabalho trata da identificao e caracterizao macroscpica das principais espcies de madeira utilizadas para laminao na regio de Curitiba, Paran, assim como da variao na sua nomenclatura popular, visando a correta identificao. Foram coletadas 70 amostras de lminas faqueadas e torneadas de espcies escolhidas com base no uso mais freqente e importncia de utilizao, sendo avaliadas as caractersticas observadas a olho nu ou com lupa conta-fios com aumento de lOx. Pela dificuldade apresentada nas anlises macroscpicas, devido s caractersticas do material amostrado, a identificao teve que ser baseada em caractersticas peculiares e marcantes de cada espcie. Foram identificadas 35 espcies, e as que apresentaram maior dificuldade de diferenciao foram reunidas em trs grupos, de acordo com suas semelhanas em cor, textura e caractersticas anatmicas, para facilitar a sua distino dentro do universo das amostras. O primeiro grupo foi denominado grupo do mogno, sendo formado por mogno, sapele, andiroba, cedro, louro-vermelho, jatob e jequitib; o segundo, grupo do pau-marfim, sendo constitudo pelo pau-marfim, marfim-arana, amap-doce, amap-amargoso, muiratinga e marup; o terceiro foi denominado grupo do tauari, composto por curupix, jequitib-rosa e tauari. Amesela, carvalho, cerejeira, eucalipto, freij, imbuia, louro-faia, pau-ferro, sucupira, que apresentam caractersticas distintas, no foram agrupados uma vez que no foram observados erros na identificao e comercializao. Ficou constatado, atravs da identificao macroscpica, que existe uma distoro entre os nomes comerciais e a nomenclatura associada ao nome cientfico, existentes na maior parte das fontes. A constatao de erros na identificao das madeiras ressalta a necessidade de adoo de uma tcnica de identificao, com base na estrutura anatmica do lenho, e da padronizao da nomenclatura comercial das madeiras, com base em documentos elaborados por rgos idneos, como as publicaes do IBAMA. IX ABSTRACT This work is about identification and macroscopic characterization of main species used in veneer production in Curitiba, Parana State, Brazil, and popular names variation, for a correct identification. Seventy sliced veneers and rotary cut veneers samples, from species based on frequency and utilization importance, were collected. Evaluation of characteristics observed without lens or with increased ten times lens were described. Because of samples characteristics, the identification was based in peculiar structures. Thirty five species were identified, and the most similar were grouped by color, texture and anatomic characteristics. The first group was called mahogany group, and is formed by mahogany, cedar, sapele, andiroba, louro-vermelho, jatob and jequitib; the second was pau-marfim group, with pau-marfim, marfim-arana, amap doce, amap-amargoso, muiratinga and marup; the third was called tauari group, with curupix, jequitib-rosa e tauari. Amesela, carvalho, cerejeira, eucalipto, freij, imbuia, louro faia, pau-ferro, sucupira were not grouped because their characteristics are distincts and identification errors were not found. Incorrect commercial names in association to botanical names were verified. The adoption of identification technics, based on anatomic characteristics, and nomenclature standard, using papers made by competent members, are necessary. xi 1 INTRODUO Grande parte da madeira laminada consumida no Brasil provm de espcies oriundas da regio Amaznica. As toras ou as prprias lminas chegam s empresas com nomes populares comuns a cada local, sendo que muitas vezes existem vrias espcies com a mesma denominao. Cada espcie apresenta caractersticas individuais, as quais determinam a possibilidade de emprego para uma ou outra finalidade. Embora o nome seja semelhante, as propriedades podem ser totalmente diferentes, podendo ocasionar diversos problemas quando a madeira utilizada. O conhecimento do nome correto, das caractersticas anatmicas, botnicas e das propriedades em geral, permite predizer quais so os melhores usos da madeira de cada espcie, evitando gastos desnecessrios e problemas futuros. No processo de produo das lminas, as caractersticas anatmicas da madeira, ou seja, suas estruturas componentes, influenciam na qualidade final do produto, como por exemplo nos desenhos, em problemas ocasionados durante e depois da laminao e no acabamento. Assim sendo, com o conhecimento do nome correto e das propriedades de cada espcie possvel um maior aproveitamento das toras com a utilizao de tcnicas adequadas e diferenciadas. De acordo com o IBAMA (1991), a nomenclatura popular reconhecidamente um dos pontos mais importantes na comercializao de madeiras tropicais. A utilizao de mltiplos nomes para uma mesma madeira, bem como a existncia de diferentes madeiras comercializadas sob um mesmo nome, tem provocado problemas com os consumidores. Segundo um estudo do IBDF (1985a), h trs razes que podem gerar o uso de nomes incorretos: presena de caractersticas semelhantes entre madeiras diferentes, uso de nomes de 2 espcies j conhecidas visando facilitar a comercializao e uso de uma caracterstica da madeira para designar seu nome. A nomenclatura popular das madeiras extremamente rica e varivel, o que propicia o surgimento de erros grosseiros de identificao (IBDF, 1985a), devendo-se combater o procedimento de buscar na literatura especializada o nome cientfico correspondente a determinado nome popular de madeira sem uma identificao precisa do material. De acordo com KEEN AN & TEJ ADA (1984), a utilizao adequada das espcies de madeira depende de procedimentos que garantam a identificao das mesmas, quer seja como rvores, toras ou madeira processada. CHIMELO & ALFONSO (1985) apontam a identificao como base dos estudos de caracterizao da madeira e sua utilidade no comrcio, onde propicia meios para se detectar enganos e fraudes. O processo de identificao cientfica de uma amostra de madeira complexo, envolvendo diversas etapas. O primeiro passo uma anlise da amostra em relao a cor, desenhos, densidade. Depois a superfcie deve ser polida para que possam ser visualizadas as caractersticas anatmicas, tais como: anis de crescimento, raios, vasos e parnquima. Deve ser analisado o tipo de porosidade, largura e altura do raio, presena de estratificao, arranjo dos vasos e arranjo do parnquima. Muitas madeiras so identificadas macroscpicamente, mas outras precisam de anlise microscpica para complementar as informaes (composio dos raios, tipo e disposio das pontoaes, presena de clulas oleferas; placas de perfurao; espessamentos; tilos; gomas; cristais; silica; fibras septadas, etc.) (CORE etal, 1979). O desenvolvimento de novas tecnologias de transformao da madeira, a escassez de algumas espcies, as presses ambientalistas e o constante aumento da conscincia para utilizao dos recursos florestais renovveis, levam o setor moveleiro e de construo civil a buscar espcies alternativas para seu abastecimento. J Toda a literatura existente sobre espcies utilizadas comercialmente est baseada em madeira serrada (IBDF, 1985a; ABPM, 1989; IPT, 1993; OZRIO FILHO & ALFONSO, 1995; ZENID, 1997). A espessura e orientaes de corte das lminas causam dificuldades de observao das caractersticas anatmicas, o que justifica, em parte, a ausncia de trabalhos com este material. No caso de lminas faqueadas, para que se tenha uma superficie adequada para visualizao das estruturas componentes da madeira, so necessrias vrias lminas, cortadas seqencialmente, as quais so unidas para formar um bloquinho com tamanho suficiente para a identificao cientfica do material. A maioria dos desenhos encontrados em mveis, seja caracterstico do tipo de corte ou da montagem das lminas na confeco ou revestimento dos painis, garante um mercado potencial para lminas decorativas. Com o conhecimento das caractersticas anatmicas das madeiras, alm da correta identificao, pode-se utilizar um mtodo adequado de produo, obtendo-se maior rendimento e melhor qualidade das lminas, valorizando o desenho obtido, aumentando o aproveitamento e evitando gastos desnecessrios. 4 2 OBJETIVO GERAL Este trabalho teve por objetivo geral identificar as espcies utilizadas em Curitiba, fornecendo descries anatmicas de lminas de madeira produzidas em cortes com orientaes variveis. 2.1 OBJ ETIVOS ESPECFICOS a) Levantar as principais espcies de madeira utilizadas no mercado de lminas; b) Caracterizar macroscpicamente as lminas amostradas, visando aprimorar sua correta identificao; c) Fornecer informaes da anatomia das espcies amostradas, para serem utilizadas na prtica, no comrcio de lminas; d) Avaliar a variao na nomenclatura popular de uma espcie, para evitar fraudes ou enganos. 5 3 REVISO DE LITERATURA Segundo F AHN (1982), as madeiras de diferentes espcies possuem propriedades que as fazem adequadas para diversos usos. Estas propriedades dependem da estrutura histolgica e qumica. A composio qumica importante em conexo com certas propriedades, especialmente aquelas em que o cerne difere do alburno. As paredes celulares por sua vez, diferem em quantidade relativa de celulose, lignina, componentes tannicos, etc. A durabilidade natural a propriedade da madeira resistir ao apodrecimento, causado por fungos, bactrias ou insetos, e depende principalmente de sua composio qumica. O grau de durabilidade determinado pela presena de substncias como resinas, taninos e leos nas paredes e lumes das clulas. Tambm a presena de tilos possui importncia, uma vez que bloqueia a passagem das hifas dos fungos tanto quanto da gua e oxignio atravs dos vasos. (FAHN, 1982). 3.1 PLANOS DE OBSERVAO LEWIN & GOLDSTEIN (1991) lembram que a madeira um material anisotrpico, ou seja, no apresenta as mesmas propriedades em todas as direes. Assim tambm, diferentes aspectos da estrutura celular so revelados em direes distintas, o que exige o estudo da anatomia da madeira em trs diferentes planos. Segundo BURGER & RICHTER (1991), para estudos anatmicos adotam-se os seguintes planos convencionais de corte (FIGURA 1): Transversal (X): perpendicular ao eixo axial da rvore; 6 Longitudinal Radial (R): na direo axial, paralelo ao eixo maior do tronco e paralelo direo dos raios lenhosos, e ainda perpendicular aos anis de crescimento; Longitudinal Tangencial (T): na direo axial, paralelo ao eixo maior do tronco e em ngulo reto ou perpendicular aos raios lenhosos e ainda tangencial aos anis de crescimento. Plano Transversal Plano Tangencial FIGURA 1 - PLANOS ANATMICOS DE CORTE (FONTE: PANSHIN & DE ZEEUW, 1970). ESAU (1974) lembra que em corte transversal, as clulas do sistema axial so cortadas transversalmente e revelam suas menores dimenses; os raios, por sua vez, so expostos em sua extenso longitudinal. Quando o caule cortado longitudinalmente, pode-se obter dois tipos de corte: o radial e o tangencial. Os cortes radiais expem os raios como faixas horizontais perpendiculares ao sistema axial. Cortes tangenciais seccionam o rruo quase perpendicularmente sua extenso horizontal e mostram sua altura e largura. 7 3.2 COMPONENTES ORGNICOS DA MADEIRA A madeira constituda por substncias orgnicas contendo carbono, hidrognio e oxignio, que se organizam em macromolculas para formar seus principais componentes chamados celulose, polioses e lignina, alm de pequena quantidade de substncias pectinosas (TSOUMIS, 1991). 3.2.1 Celulose A celulose a molcula bsica das paredes das clulas das plantas, pertencendo funo qumica dos carboidratos ou, mais acertadamente, a dos glicdeos. um polissacardeo formado por unidades de monossacardeos -D-glucose, que se ligam entre si atravs dos carbonos 1 e 4, dando origem a um polmero linear de grau de polimerizao na faixa de 1.000 15.000, com uma estrutura organizada e parcialmente cristalina, participando, em torno de 40-50%, na constituio da madeira (FENGEL & WEGENER 1989; IPT, 1988). De acordo com LEWIN & GOLDSTEIN (1991), a molcula de celulose no consiste apenas de regies cristalinas, mas tambm apresenta regies desordenadas ou amorfas. E insolvel em gua. A presena de trs grupos hidroxilas faz a celulose muito higroscpica; reagentes que interagem com os grupos hidroxila devem primeiro penetrar na estrutura, assim a acessibilidade destes grupos um importante fator nas reaes de celulose. 3.2.2 Polioses Segundo LEWIN & GOLDSTEIN (1991), associados celulose na parede das clulas, ocorrem polmeros de carboidratos conhecidos como polioses. Essas substncias so mais 8 rapidamente hidrolisadas por cidos do que a celulose. Sua grande solubilidade e suscetibilidade hidrlise resultam de sua estrutura amorfa e baixo peso molecular. As polioses, chamadas por muitos autores de hemiceluloses, constituem de 20-30% da madeira, e so encontradas predominantemente nas paredes primrias e secundrias das clulas das plantas, embora uma pequena quantidade possa ocorrer na lamela mdia. So molculas de relativamente baixo peso molecular, acares residuais, como xilose, manse, glucose, galactose, arabinose, cido galactournico, que ocorrem nas paredes das clulas, geralmente associadas lignina e celulose. As cadeias moleculares so muito mais curtas que a da celulose, podendo existir grupos e ramificaes laterais em alguns casos (IPT, 1988). 3.2.3 Lignina Segundo FENGEL & WEGENER (1989) e IPT (1988), a terceira substncia macromolecular componente da madeira. LEWIN & GOLDSTEIN (1991), afirmam que a lignina serve como cimento entre as paredes das fibras, agindo como endurecedor dentro das mesmas e como barreira para a degradao enzimtica da parede celular. FENGEL & WEGENER (1989) e IPT (1988) destacam ainda, que as molculas de lignina so constitudas por um sistema aromtico composto de unidades de fenil-propano. Do ponto de vista morfolgico, uma substncia amorfa, localizada na lamela mdia composta, bem como na parede secundria. Durante o desenvolvimento das clulas, a lignina incorporada como o ltimo componente na parede, interpenetrando as fibrilas de celulose e assim, fortalecendo e enrijecendo as paredes celulares. Alm de alterar propriedades qumicas, a lignina exerce um efeito restringente na contrao e inchamento da madeira. (TSOUMIS, 1991). A difuso da lignina na parede da fibra no s aumenta a rigidez da clula, mas tambm promove uma transferncia gradual da 9 tenso de uma fibra para outra. O mecanismo minimiza a concentrao das tenses que iriam ocorrer se houvesse uma linha abrupta de demarcao entre as duas fases. Em colagens usando adesivos mais rgidos, uma transio abrupta entre madeira e cola algumas vezes permite o acmulo de cola neste ponto muito sensvel, causando o insucesso da colagem (MARRA, 1992). 3.2.4 Substncias Pcticas So, tambm, carboidratos ou compostos de carboidratos, encontradas principalmente nos tecidos cambiais onde formam a membrana que separa as clulas jovens iniciais, produzidas pelo cmbio. As substncias pcticas so essencialmente polmeros de cido galactournico, no extraveis em solventes orgnicos neutros (FENGEL, & WEGENER, 1989). 3.2.5 Extrativos De acordo com FENGEL & WEGENER (1989), a madeira pode conter vrias incluses, que so coletivamente chamadas materiais estranhos ou extrativos. No fazem parte da substncia da madeira, mas esto depositados no lume e nas paredes das clulas. So formados por vrias classes de compostos qumicos, tais como gomas, resinas, acares, leos, alcalides e taninos. A proporo de extrativos varia de 1-10% do peso seco da madeira. Todavia, em algumas espcies tropicais, os extrativos podem chegar a cerca de 20%. Variaes existem no somente entre espcies, mas tambm dentro de uma mesma rvore, principalmente entre o cerne e o alburno (TSOUMIS, 1991). 10 Segundo LEWIN & GOLDSTEIN (1991), os extrativos freqentemente so especficos de gneros e espcies, sendo possvel o uso de sua presena e abundncia para estudos taxonmicos com base na constituio qumica. MARRA (1992) lembra que os processos de colagem so particularmente vulnerveis contaminao com extrativos, devido sua influncia no pH e penetrao da cola. Um problema particular ocorre quando a distribuio dos mesmos varia de parte para parte dentro de uma mesma espcie ou pea de madeira. E possvel que em linha simples de colagem seja encontrado alto e baixo nvel de contaminao por extrativos. Evidncias claras deste problema algumas vezes so observadas em compensados, onde parte da linha de cola apresenta delaminaes coincidentes com rea de cerne. Parte dos problemas de colagem resultam da secagem ou condicionamento da madeira na aplicao da cola; quando a gua deixa a madeira, carrega pequenas quantidades de certos extrativos com ela; quando o calor utilizado para acelerar a secagem, mais extrativos so solubilizados e alguns so volatilizados. O calor, entretanto, pode ter efeito benfico na cura de certos materiais resinosos, restringindo sua mobilidade (MARRA, 1992). TSOUMIS (1991) lembra que os extrativos tambm influenciam na cor, odor, gosto, fluorescncia, durabilidade, inflamabilidade, relao gua-madeira, polpao e outras propriedades. 3.3 PROPRIEDADES ORGANOLPTICAS De acordo com TORTORELLI (1956), as propriedades organolpticas so as que esto diretamente ligadas ao valor decorativo ou ornamental do lenho e perceptveis pelos rgos sensorials: cor, odor, desenho, brilho, textura e gr, ou seja, todos os caracteres que podem ter influncia positiva ou negativa no emprego de madeiras para os fins desejados. 11 3.3.1 Cor A cor da madeira de grande importncia, sob o ponto de vista prtico, pela influncia que exerce sobre o seu valor decorativo. A variao da cor natural devida impregnao de diversas substncias orgnicas nas clulas e nas paredes celulares (tanino, resinas, etc.) depositadas de forma mais acentuada no cerne. Alguns destes produtos so txicos para fungos, insetos e xilfagos marinhos, razo porque freqentemente madeiras de cores escuras apresentam grande durabilidade (BURGER & RICHTER, 1991). Os autores acima lembram ainda que a cor passvel de modificaes artificiais por meio de tinturas e descoloraes. Sob este aspecto, muitas espcies so alteradas e comercializadas como madeiras valiosas, da a importncia de uma identificao fundamentada em caracteres anatmicos peculiares e inalterveis. De acordo com TORTORELLI (1956), a cor normal das madeiras recm cepilhadas est sujeita a variaes, originadas pelo teor de umidade ou estado sanitrio da rvore. As madeiras frescas, recm cortadas, so geralmente mais claras, expostas ao ar durante um tempo, escurecem. Para lhes dar aspecto de velhas so utilizados tratamentos que produzem simultaneamente a dessecao e o envelhecimento do lenho, por oxidao dos extrativos que contm. CORE et al (1979), lembram que diferentes tons so encontrados em vrias amostras de madeira, os quais so difceis de descrever. A mudana da cor na madeira resulta da ao de mltiplos agentes externos nos componentes estruturais e extrativos, especialmente a radiao ultravioleta, que provoca a deteriorao dos elementos constitutivos, destacando-se a lignina. A celulose menos suscetvel aos raios ultravioletas (STERNADT & CAMARGOS, 1991). A cor possui grande valor decorativo e pode limitar o uso direto de alguns produtos sobre a superfcie da madeira (TSOUMIS, 1991). 12 3.3.2 Brilho Segundo BURGER & RICHTER (1991), brilho a capacidade de um corpo refletir a luz incidente. A face longitudinal radial sempre a mais brilhante, pelo efeito das faixas horizontais dos raios. A importncia do brilho principalmente de ordem esttica, e esta propriedade pode ser acentuada artificialmente por polimentos e acabamentos superficiais. PANSHIN & DE ZEEUW (1970) observam que o brilho depende parcialmente do ngulo de incidncia da luz e do tipo de clula exposta na superfcie. E de carter secundrio para a identificao, podendo ser utilizado, em alguns casos, para separar duas madeiras aparentemente semelhantes nas caractersticas grosseiras. 3 .3 .3 Odor e Gosto Resultam da presena de certas substncias volteis ou solveis, que se concentram principalmente no cerne. O odor tende a diminuir mediante a exposio, mas pode ser realado raspando, cortando ou umedecendo a madeira seca, devido volatilidade destes materiais. Podem valorizar, limitar ou excluir a utilizao da madeira para determinados fins, como embalagens para alimentos, palitos de dente, picols e pirulitos, brinquedos para bebs, utenslios de cozinha, etc. (BURGER & RICHTER, 1991). Segundo TORTORELLI (1956), em geral so mais pronunciados quando se est serrando ou cepilhando a madeira, medida que, na superfcie, so produzidas oxidaes que alteram o odor e o gosto. Os extrativos que originam o odor e o gosto tambm podem empastar e corroer as facas, serras, etc. e limitar o uso direto de alguns produtos sobre a superfcie, devido a reao que ocorre com os mesmos (TSOUMIS, 1991). 3.3.4 Textura o efeito produzido na madeira pelo conjunto das dimenses, distribuio e percentagem dos diversos elementos estruturais constituintes do lenho. Nas folhosas, a textura determinada sobretudo pelo dimetro dos vasos e largura dos raios (BURGER & RICHTER, 1991). Podem ser encontrados os seguintes tipos de textura, de acordo com o grau de uniformidade da madeira: grossa ou grosseira, mdia e fina. Na grossa, esto includas as madeiras com vasos grandes e visveis a olho nu, parnquima axial contrastante ou raios largos, como por exemplo, o louro-faia (Euplassa sp. - Proteaceaej e sucupira (Bowdichia nitida Spruce - Fabaceae). Da textura fina fazem parte as madeiras cujos elementos so de dimenses muito pequenas e se encontram principalmente de forma difusa no lenho, conferindo-lhe uma superfcie homognea e uniforme, como por exemplo o pau-marfim {Balfourodendron riedelianum Engelm - Rutaceae) e o amap (Parahancornia amapa (Huber) Ducke - Apocynaceae) (BURGER & RICHTER, 1991). 3.3.5 Gr Segundo BURGER & RICHTER (1991), este termo se refere orientao geral dos elementos verticais constituintes do lenho em relao ao eixo axial da rvore. Na colagem, juntamente com a textura, est intimamente associada penetrabilidade do adesivo. Madeiras com gr cruzada, apresentam penetrao excessiva de adesivo, o que resulta em uma linha de cola faminta, ou seja, com falta de adesivo. Madeiras com gr diagonal sofrem maiores alteraes dimensionais, diminuindo a performance do produto colado. 14 Madeiras com gr ligeiramente inclinada, apresentam ligaes mais fortes quando relacionadas com gr reta. (IWAKIRI, 1997). Em decorrncia do processo de crescimento, sob as mais diversas influncias, h uma grande variao natural no arranjo e direo dos tecidos axiais, originando vrios tipos de grs, as quais so classificadas como a seguir por BURGER & RICHTER (1991): 3.3.5.1 Gr direita (Linheira ou Reta) Este tipo que considerado o normal, apresenta os tecidos axiais orientados paralelamente ao eixo principal do tronco ou peas de madeira. E apreciado na prtica por contribuir para uma maior resistncia mecnica, e por ser de fcil desdobro e processamento, bem como, por no provocar deformaes indesejveis por ocasio da secagem da madeira. Sob o ponto de vista decorativo, entretanto, as superfcies se apresentaro com aspecto bastante regular e sem figuras ornamentais especiais, o que tambm pode ser uma caracterstica desejvel, dependendo do emprego. 3.3.5.2 Grs irregulares Incluem madeiras cujos elementos axiais apresentam variaes de inclinao quanto ao eixo longitudinal do tronco ou peas de madeira. Dentro das grs irregulares, distinguem-se as seguintes variantes: Gr espiralada (torcida): determinada pela orientao espiral dos elementos axiais constituintes da madeira em relao ao eixo do tronco (FIGURA 2). A conseqncia deste fato o aparecimento de grs irregulares nas peas de madeira, especialmente do tipo oblqua e entrecruzada, com srias conseqncias para utilizao: diminuio da resistncia 15 mecnica, deformaes de secagem e dificuldades de se conseguir um bom acabamento superficial. Gr entrecruzada (revessa): os tecidos aXIaIS apresentam-se orientados em diversas direes. Originam-se de rvores com gr espiral nas quais a direo de inclinao sofreu alteraes peridicas. A resistncia mecnica no muito afetada, mas a madeira, contendo esta caracterstica, apresenta problemas de deformaes e empenamentos durante a secagem e de dificil trabalhabilidade. Sob o aspecto esttico, no entanto, produz desenhos muito atraentes (FIGURA 2). A B FIGURA 2 - TRONCO COM GR ESPIRALADA. PEAS DE MADEIRA COM GR ENTRECRUZADA. A: SUPERFCIE QUEBRADA. B SUPERFCIE CORTADA. (FONTE: BURGER & RICHTER, 1991). Gr ondulada (crespa): neste tipo, os elementos axiais do lenho alteram constantemente sua direo, aparecendo como uma linha sinuosa regular. As conseqncias para utilizao da madeira so praticamente as mesmas da gr entrecruzada. As superficies longitudinais radiais apresentam faixas escuras e claras, alternadas e de belo efeito decorativo. Este aspecto bastante comum em madeira de imbuia (Ocotea porosa Nees et Mar!. ex Nees - Lauraceae) e curupix (Micropholis ~ p Sapotaceae). 16 Gr inclinada (diagonal ou oblqua): o desvio angular que apresentam os elementos axiais constituintes da madeira com respeito ao eixo longitudinal da pea. E proveniente de rvores com troncos excessivamente cnicos, crescimento excntrico, etc. Este tipo de gr afeta significativamente as propriedades tecnolgicas da madeira: quanto maior o desvio, menor a resistncia mecnica e mais acentuada a ocorrncia de deformaes de secagem. 3.3.6 Desenho Segundo BURGER & RICHTER (1991), resulta das vrias caractersticas macroscpicas: cerne, alburno, cor, gr, e principalmente de dois elementos estruturais, anis de crescimento e raios, e do plano de corte em si. Desenhos especialmente atraentes tem sua origem em certas anormalidades como: gr irregular, galhas, troncos aforquilhados, ns, crescimento excntrico, deposio irregular de substncias corantes, etc. TORTORELLI (1956) lembra que mais notado em espcies que formam anis de crescimento bem demarcados pela disposio circular dos poros ou as que possuem raios altos e largos. De acordo com o mesmo autor, o desenho nas lminas pode ser produzido pelo mtodo de corte (rotativo, plano, semicircular, cnico); pela gr e textura (de linhas verticais, arcos superpostos, ponteado, jaspeado, espigado, satinado); pela cor. 3.4 CARACTERSTICAS ANATMICAS DA MADEIRA DAS FOLHOS AS (ANGIOSPERMAS DICOTILEDNEAS) De acordo com BURGER & RICHTER (1991), a madeira um conjunto heterogneo de diferentes tipos de clulas com propriedades especficas para desempenhar funes de 17 conduo de lquidos, transformao, armazenamento e transporte de substncias nutritivas e sustentao do vegetal. Algumas estruturas so descritas a seguir: 3.4.1 Anis de Crescimento Em regies caracterizadas por clima temperado, a diferena entre a madeira formada no incio da estao de desenvolvimento e no final suficiente para produzir anis de crescimento bem marcados. A cada ano, acrescentado um novo anel ao tronco, razo por que so tambm denominados anis anuais, cuja contagem permite conhecer a idade aproximada do indivduo (FOREST PRODUCTS LABORATORY, 1999). BURGER & RICHTER (1991) observam que em folhosas podem se destacar por determinadas caractersticas anatmicas, tais como: presena de uma faixa de clulas parenquimticas, alargamento dos raios no limite dos anis de crescimento, concentrao maior ou menor de vasos (poros) no incio do perodo vegetativo, espessamento diferencial das paredes das fibras, etc. Duas ou mais caractersticas anatmicas podem ocorrer simultaneamente. Por outro lado, existem espcies cujos anis so indistintos. Em um anel de crescimento tpico distinguem-se normalmente duas partes: lenho inicial ou primaveril; lenho tardio, outonal ou estivai. Segundo CORE et al (1979), o lenho inicial corresponde ao crescimento da rvore no incio do perodo vegetativo, normalmente primavera, para plantas de clima temperado, quando as plantas despertam do perodo de dormncia em que se encontravam, reassumindo suas atividades fisiolgicas com todo vigor. As clulas da madeira formadas nesta ocasio caracterizam-se por suas paredes finas e lumes grandes, que lhes conferem, em conjunto, uma colorao clara. Com a aproximao do fim do perodo vegetativo, normalmente outono, as clulas vo diminuindo paulatinamente sua atividade fisiolgica. Em conseqncia deste fato, 18 suas paredes vo se tornando gradualmente mais espessas, e seus lumes menores, distinguindo- se do lenho anterior por apresentarem, em conjunto, uma tonalidade mais escura (lenho tardio). Essa distino especialmente evidente em madeiras de coniferas ou espcies de clima temperado. PANSHIN & DE ZEEUW (1970) observam que esta transio pode ser abrupta ou gradual. BURGER & RICHTER (1991) e FOREST PRODUCTS LABORATORY (1999) concordam que comum encontrarem-se em troncos anis de crescimento descontnuos (que no formam um crculo completo em torno da medula) e os chamados falsos anis de crescimento (quando se forma mais de um anel por perodo vegetativo), que dificultam a determinao exata da idade de uma rvore. A largura dos anis de crescimento, de grande repercusso nas propriedades tecnolgicas da madeira, varia desde uma frao de milmetros at alguns centmetros, dependendo de muitos fatores: durao do perodo vegetativo, temperatura, umidade, qualidade do solo, luminosidade e manejo silvicultural (BURGER & RICHTER, 1991; PANSHIN & DE ZEEUW, 1970; ES AU, 1974). 3.4.2 Cerne e Alburno De acordo com BURGER & RICHTER (1991), a causa da formao do cerne deve-se ao fato de que, com exceo das clulas parenquimticas que apresentam maior longevidade e permanecem vivas at certa distncia para o interior do tronco (alburno), apenas suas camadas mais perifricas so fisiolgicamente ativas; o fluxo ascendente de lquidos retirados do solo ocorre nos anis de crescimento mais externos do xilema, o transporte da seiva elaborada se d no floema e finalmente a formao de novas clulas realizada pelo cmbio. 19 A medida que a rvore cresce, as partes internas distanciam-se do cmbio, perdem gradativamente sua atividade vital e adquirem colorao mais escura em decorrncia da deposio de tanino, resinas, gorduras, carboidratos e outras substncias resultantes da transformao dos materiais de reserva contidos nas clulas parenquimticas do alburno interno (BURGER & RICHTER, 1991). Os mesmos autores lembram que, por possuir um tecido mais compacto e com baixo teor de nutrientes (tilos, pontoaes aspiradas, presena de substncias repelentes e/ou txicas, ausncia de contedo celular), o cerne muito menos suscetvel ao de agentes deterioradores e apresenta uma durabilidade natural superior do alburno. Em casos de tratamento preservativo, entretanto, o cerne bem menos acessvel penetrao de solues preservantes. O alburno, juntamente com o cmbio, representa a parte de maior atividade fisiolgica no tronco. As clulas condutoras das zonas mais externas participam ativamente do transporte ascendente de lquidos na rvore e suas clulas parenquimticas vivas armazenam substncias nutritivas (amido, acares, protenas), que so em parte responsveis pela sua maior suscetibilidade ao ataque de insetos e fungos (BURGER & RICHTER, 1991). Segundo PANSHIN & DE ZEEUW (1970), os componentes orgnicos encontrados no cerne apresentam constituio qumica extremamente complexa e varivel, cuja origem muitas vezes no corretamente explicada. As cores caractersticas so usualmente tons de amarelo, vermelho e marrom, as quais, em muitos casos, explicam a preferncia de utilizao destas madeiras para mveis e painis. Observam ainda que a presena de extrativos no cerne reduz a permeabilidade, fazendo-o mais resistente impregnao com preservantes e retardantes qumicos de incndio, causando dificuldade de secagem e problemas na polpao. Por outro lado, a obstruo dos 20 vasos em algumas espcies torna a madeira adequada para usos onde a permeabilidade deve ser baixa. Em algumas espcies, a formao do cerne no acompanhada pela mudana de colorao, entretanto, uma vez que as clulas esto fisiolgicamente inativas, a rea tecnicamente cerne. (LEWIN & GOLDSTEIN, 1991). A proporo de cerne e alburno varivel, algumas espcies so compostas quase que exclusivamente de cerne, com apenas uma faixa estreita de alburno; outras possuem apenas pequena quantidade de cerne (LEWIN & GOLDSTEIN, 1991). BURGER & RICHTER (1991) comentam que em algumas espcies o cerne morfolgico absolutamente ausente. 3.4.3 Vasos (Poros) De acordo com BURGER & RICHTER (1991) so estruturas que ocorrem, salvo raras excees, em todas as folhosas e constituem, por isso, o principal elemento de diferenciao entre estas e as coniferas. Vaso um conjunto normalmente axial de clulas sobrepostas (elementos vasculares) formando uma estrutura tubiforme contnua, de comprimento indeterminado, que tem por funo a conduo ascendente de lquidos na rvore. Os mesmos autores lembram que na seo transversal recebem o nome de poros, e sua distribuio, abundncia, tamanho e agrupamentos so caractersticas valiosas para a identificao das espcies e propriedades tecnolgicas da madeira. Segundo a IAWA (1989), quanto ao agrupamento, os vasos podem ser solitrios e mltiplos (radiais ou tangenciais) e em cachos (grupos). Poros mltiplos de dois so chamados geminados. Quanto disposio e dimetro em relao aos anis de crescimento, a porosidade da madeira pode ser (FIGURA 3): Difusa: poros dispersos pelo lenho, independentemente dos anis de crescimento, 21 Em anel poroso, poros de dimetro maior no lenho inicial e brusca diminuio no lenho tardio; Em anel semiporoso: poros de dimetro maior no lenho inicial e diminuio gradativa no lenho tardio, como por exemplo no cedro (Cedrela fissilis Veil. - Meliaceae). Difusa Em anel poroso Em anel semiporoso FIGURA 3 - TIPOS DE POROSIDADE DA MADEIRA. (FONTE. BURGER & RICHTER, 1991). Algumas espcies se destacam por apresentarem um padro todo especial no arranjo de seus poros, como as que apresentam arranjo tangencial (carvalho brasileiro - Roupala brasiliensis Klotzsch, Proteaceae), dendrtico, (mantegueira - Bumelia sp., Sapotaceae), e diagonal ou oblquo, peculiares de alguns eucaliptos (.Eucalyptus spp. - Myrtaceae) (BURGER & RICHTER, 1991). O arranjo dos vasos no xilema secundrio uma caracterstica importante e usada na identificao de espcies (FAHN, 1982). 22 3.4.4 Parnquima Axial Segundo BURGER & RICHTER (1991), seu arranjo observado em seo transversal, em que se distinguem dois tipos bsicos de distribuio: parnquima paratraqueal, associado aos vasos; parnquima apotraqueal, no associado aos vasos. De acordo com a IAWA (1989) o parnquima axial apotraqueal (FIGURA 4) pode ser difuso ou difuso em agregados. O parnquima axial paratraqueal (FIGURA 5) pode ser escasso, vasicntrico, aliforme linear, aliforme losangular, confluente ou unilateral. Um terceiro grupo formado por parnquima em faixas (FIGURA 6), podendo ser dividido em faixas largas, estreitas, reticulado, escalariforme ou marginal. Em uma mesma espcie podem coexistir dois ou mais tipos de parnquima. A extrema abundncia desta estrutura (axial e radial) confere s madeiras baixa densidade de massa, baixa resistncia mecnica e pouca durabilidade natural. Difuso Difuso em Agregados FIGURA 4 - TIPOS DE PARNQUIMA AXIAL APOTRAQUEAL EM SEO TRANSVERSAL (FONTE: BURGER & RICHTER, 1991). 23 Escasso Vasicntrieo Confluente Unilateral Aliforme Confluente FIGURA 5 - TIPOS DE PARNQUIMA AXIAL PARATRAQUEAL EM SEO TRANSVERSAL (FONTE: BURGER & RICHTER, 1991). feCfcd El m S3Z3 Escalariforme A >a) Em faixas Marginal Reticulado (a=A) FIGURA 6 - TIPOS DE PARNQUIMA AXIAL EM FAIXAS EM SEAO TRANSVERSAL (FONTE: BURGER & RICHTER, 1991). FAHN (1982) aponta que a quantidade de parnquima varia; em algumas espcies pode ser ausente ou com poucas clulas, em outras constitui a maior poro da madeira. Alm disso, tambm existem diferenas na distribuio atravs dos outros elementos. Muita importncia taxonmica est ligada ao tipo de distribuio do parnquima. O parnquima serve para armazenar materiais de reserva, como gorduras e amido. Taninos, cristais, silica e outras substncias so tambm encontradas. Algumas vezes as clulas 24 de parnquima, que contm cristais, se dividem em cmaras, de maneira que cada uma delas contm um cristal (FAHN, 1982). 3.4.5 Fibras Segundo ESAU (1974), so clulas alongadas com parede secundria geralmente lignificada. BURGER & RICHTER (1991) definem as fibras como tecido de sustentao, no sendo de valor para identificao macroscpica. Microscpicamente a presena de septos e as pontoaes tem grande valor na identificao. Constituem geralmente a maior parte do lenho das folhosas. Sua poro no volume total e a espessura de suas paredes influem diretamente na densidade e no grau de alterao volumtrica, durante a secagem, e indiretamente nas propriedades mecnicas da madeira. 3.4.6 Parnquima Radial (raios ou parnquima transversal) De acordo com LEWIN & GOLDSTEIN (1991), so agrupamentos de clulas que tem seu eixo longitudinal orientado perpendicularmente ao eixo da rvore. Em baixas magnificaes, aparecem como linhas mais claras, de largura varivel. Definidos por BURGER & RICHTER (1991) como faixas horizontais de comprimento indeterminado, formadas por clulas parenquimticas, isto , elementos que desempenham a funo de armazenamento de substncias nutritivas, dispostas radialmente no tronco. Apresentam uma grande riqueza de detalhes e variaes morfolgicas quando observados nas sees longitudinais radial e tangencial, constituindo importantes elementos para a anatomia e identificao de madeiras. Alm da funo de armazenamento, os raios fazem tambm o transporte horizontal de nutrientes na rvore. O parnquima radial til para identificao 25 macroscpica por poder ou no apresentar estratificao no plano tangencial e tambm por sua abundncia. Em algumas espcies os raios apresentam apenas poucas clulas de altura, enquanto em outras, como nos carvalhos, muitas. A variedade de tipos pode ser encontrada em algumas espcies, enquanto em outras os raios so uniformes em tamanho e espaamento (CORE et al, 1979). S so nitidamente visveis a olho nu quando extremamente largos e altos, como por exemplo, no carvalho (Ouercus sp. - Fagaceae) e louro faia (Euplassa sp. - Proteaceae) (BURGER & RICHTER, 1991). F AHN (1982) relata que a largura e altura dos raios podem ser medidas, ambas em sees tangenciais. A largura usualmente expressa em nmero mximo de clulas na direo horizontal; a altura de duas formas, se no muito alto em nmero de clulas, se bastante alto em micrometros ou milmetros. As dimenses dos raios variam em diferentes plantas e algumas vezes na mesma. Quando o raio possui uma clula de largura denominado unisseriado; duas, bisseriado, e com mais, multisseriado. Os motivos da diferena entre a contrao e inchamento radial e tangencial no so bem conhecidos. Em parte, isto atribudo presena dos raios, que, devido sua orientao, exercem uma influncia restritiva para a contrao e inchamento neste sentido (TSOUMIS, 1991). 3.4.7 Caracteres Especiais BURGER & RICHTER (1991) lembram ainda que, alm dos elementos estruturais comuns do lenho, podem ocorrer, em algumas madeiras, elementos especiais que constituem importante aspecto sob o ponto de vista tecnolgico e diagnstico: 26 Canais Intercelulares: so canais, peculiares algumas famlias, que contm substncias diversas como resinas, gomas, blsamos, taninos, ltex, etc., as quais podem empastar as ferramentas de corte, bem como desgastar e corroer as mesmas. Tambm podem reagir com produtos utilizados para acabamento, dificultando a adeso da pelcula. No lixamento, so fixadas sobre a superfcie das peas, escurecendo-as aps o acabamento. Clulas Oleferas, Mucilaginosas: so clulas parenquimticas especializadas que contm leo, mucilagem ou resinas, facilmente distinguveis das demais por suas grandes dimenses. So caractersticas de madeiras de certas famlias, como por exemplo, das Laurceas. A presena desses contedos na madeira, permite, em certos casos, o aproveitamento industrial de leos essenciais para fins medicinais e de perfumaria. Por outro lado, as substncias contidas nestas clulas podem comprometer o comportamento da madeira durante a colagem, aplicao de revestimentos superficiais e fabricao de polpa e papel. Floema Incluso: em alguns gneros e famlias, o cmbio forma esporadicamente clulas de floema para o interior do tronco. Este detalhe constitui uma peculiaridade normal para estes grupos vegetais, auxiliando na sua identificao. Influencia principalmente o acabamento da madeira. Estruturas Estratificadas: em espcies consideradas mais evoludas, os elementos axiais podem estar organizados formando faixas regulares ou estratos. Este fenmeno mais evidenciado no corte longitudinal tangencial e pode limitar-se a alguns elementos estruturais do lenho, como os raios (estratificao parcial), ou estender-se a todos (estratificao total). O efeito visual (listrado de estratificao) pode ser observado macroscpicamente e uma caracterstica importante para a identificao de madeiras. Incluses Minerais: apesar de no serem propriamente caracteres anatmicos, sua presena importante para anatomia, identificao e utilizao da madeira. 27 Cristais so depsitos, em sua grande maioria, de sais de clcio, especialmente oxalato, que se encontram principalmente em clulas parenquimticas. Sua presena bastante comum em folhosas. A silica pode ocorrer no interior das clulas em forma de partculas ou gros, normalmente nos raios e parnquima axial, e em casos mais raros, nos outros elementos verticais (fibras). Cristais e depsitos de silica, especialmente estes ltimos, tm grande importncia nas propriedades da madeira, principalmente na sua trabalhabilidade. Um elevado contedo de silica pode tornar antieconmica a converso de toras em madeira serrada, devido ao seu efeito abrasivo sobre os dentes das serras e equipamentos. A presena de incluses minerais tambm pode afetar o brilho. Contedos Vasculares e Tilos: embora tambm no se tratem de elementos estruturais, a presena de contedos dentro dos vasos, tem considervel importncia para a identificao e propriedades tecnolgicas da madeira. No que diz respeito utilizao da madeira, os tilos dificultam a secagem e sua impregnao com substncias preservantes, j que obstruem as vias normais de circulao de lquidos. Por outro lado, entre outras caractersticas, os tilos so em parte responsveis pelas excelentes qualidades da madeira de alguns carvalhos (Quercus sp..- Fagaceae), na confeco de barris para armazenamento de bebidas alcolicas. Os tilos constituem barreiras fsicas que se antepem penetrao de fungos xilfagos, dificultando-a (ESAU, 1974). 28 3.5 LAMINAO 3.5.1 Histrico Segundo KOLLMANN et al (1975), as primeiras lminas foram produzidas no antigo Egito, por volta de 3.000 a.C. Eram pequenas peas, obtidas de madeiras valiosas e selecionadas, que se destinavam confeco de luxuosas peas de mobilirio para reis e prncipes. As lminas de pequenas peas eram produzidas por serrotes manuais, ento alisadas e combinadas com peas finas e outros materiais. Os tipos de cola utilizadas so desconhecidas, mas elas provavelmente eram a base de albmina. O monumento construdo na tumba de Tutancamom (1351 a 1352 a.C. ) feito de madeira cedro com folhas finas de marfim e bano. A partir da introduo da serra circular na indstria inglesa em 1805, houve um grande avano, principalmente com o advento da primeira patente de uma serra circular especfica para laminao, concedida a um mecnico francs em 1812, e de seu emprego pela indstria a partir de 1825. Estas serras geravam grande quantidade de resduos, o que levou ao surgimento da primeira mquina laminadora por faqueamento, patenteada por Charles Picot, em 1834, na Frana (KOLLMANN et al, 1975). Os mesmos autores relatam que muito progresso na produo de lminas resultou da construo do torno rotativo, o qual liderou economicamente a produo. A primeira mquina a produzir lminas contnuas, por corte de toras em torno desfolhador, surgiu em 1818. No ano 1840, nos EUA, foi concedida uma patente de torno laminador a Dresser, e na Frana, em 1844, outra para Garand. As primeiras indstrias a produzir lminas de madeira surgiram na Alemanha em meados do sculo XIX, e um rpido desenvolvimento e aperfeioamento nos tornos 29 laminadores contribuiu para a evoluo da indstria de compensados. O emprego das lminas tornou-se mais significativo a partir dos sculos XVIII e XIX, quando importantes peas de mobilirio foram confeccionadas, tais como o "Bureau de Campagne" de Napoleo, folheado com jacarand-da-bahia, e a introduo do compensado na feitura de pianos de cauda, realizada por Steinway, um renomado fabricante americano, em 1860 (KOLLMANN et al, 1975). Os autores ainda comentam que, com o advento da Primeira Guerra Mundial, alm do surgimento de novos adesivos, houve uma acentuada evoluo na produo de lminas e compensados, devido utilizao destes produtos na rea militar. Com o fim da guerra, aps 1918, os maiores consumidores de compensados foram a indstria moveleira e os estaleiros, estes ltimos voltados para a reconstruo da frota mercante, o que ocasionou um grande crescimento na indstria da laminao. O derradeiro impulso se deu com a Segunda Guerra Mundial, com o desenvolvimento e automao dos sistemas de produo contnua, proporcionando uma gama crescente de produtos de qualidade superior e menores custos. 3.5.2 Situao Atual e Perspectivas A presente utilizao dos produtos de laminao se encontra bem diversificada, por exemplo: nas peas componentes de uma moderna casa de madeira (pisos, forros, paredes internas e externas, telhados, etc ), na confeco de embarcaes, na produo de embalagens especiais resistentes exposio ao tempo, na fabricao de instrumentos musicais e esportivos, assim como na construo civil, alm de outras possveis e provveis aplicaes (ALBUQUERQUE, 1997). Na atualidade, ocorre a tendncia da globalizao da economia mundial, ocasionando uma revoluo industrial, compreendendo reestruturao e rpida modernizao nas indstrias, 30 a fim de que estas se tornem aptas a produzir produtos com qualidade superior, menores custos e com maior competitividade no mercado internacional (ALBUQUERQUE, 1997). A indstria de laminao acompanha esta tendncia, modernizando seus equipamentos e suas tcnicas, introduzindo mquinas desenroladoras, capazes de processar toras de at 2 m de dimetro, com velocidade de 600 giros/min, controle computadorizado, carregamento automtico e centradores eletrnicos, alm do desenvolvimento de sistemas de medio ptica, assim como modernas guilhotinas e de secadores entre outras tantas inovaes (ALBUQUERQUE, 1997). Nas TABELAS 1 e 2 pode ser observada a variao na produo mundial de painis de 1975 a 1995, bem como uma projeo de consumo para 2001, demonstrando o crescimento deste setor. Observa-se que existe um grande crescimento na produo de MDF e OSB, o que justificado pelo aumento na dificuldade de obteno de toras de alta qualidade para laminao. As TABELAS 3 e 4 mostram a participao paranaense neste setor, em relao s exportaes. TABELA 1 - EVOLUO DA PRODUO MUNDIAL DE PAINIS DE MADEIRA (1.000 m 3 ) PRODUTO 1975 1980 1985 1990 1995 Compensado Brasil 660 900 1.100 1.050 1.600 Mundo 34.292 39.202 44.873 48.258 49.793 Aglomerado Brasil 407 660 566 494 884 Mundo 30.739 41.512 43.050 50.435 61.648 MDF Brasil - - - - - Mundo - 1.500. 4.000 7.000 11.400 Chapa Dura Brasil 340 400 430 492 690 Mundo 7.200 7.500 8.000 7.670 7.038 OSB Brasil - - - - - Mundo - 719 3.699 6.769 10.814 TOTAL Brasil 1.407 1.960 2.096 2.036 3.174 Mundo 72.231 90.433 103.622 120.132 140.693 FONTE: BANCO DE DADOS DA STCP E FAO, CITADO POR TOMASELLI (1998). 31 TABELA 2 - PERFIL DA PRODUO BRASILEIRA DE PAINIS (m 3 ) PRODUTO 1996 2001 Compensados 1.670.000 1.850.000 Chapas de Fibras 660.000 700.000 Aglomerados 1.150.000 1.630.000 MDF - 320.000 OSB - 200.000 TOTAL 3.480.000 4.700.000 FONTE: TOMASELLI & DELESPIN AS SE (1997) TABELA 3 - EXPORTAO PARANAENSE DE PRODUTOS FLORESTAIS (m 3 ) PRODUTO 1995 1996 1997 Compensados laminados 321.513 250.389 255.601 Serrados 143.134 137.165 193.535 Compensados sarrafeados 30.953 21.876 13.518 Lminas faqueadas 37.394 33.434 62.222 Painis de ripas 42.090 62.508 63.056 Postes 20.219 10.154 6.947 Aplainados beneficiados 17.218 13.169 14.320 Clear Block 9.823 3.402 13.194 Paletes, estrados 13.656 3.784 1.220 Cabos de vassoura 9.323 5.341 3.333 Cabos de ferramenta, pincis 7.445 3.428 3.057 Painis de partculas 8.030 6.637 690 Painis celulares 5.110 11.956 22.211 Outros 30.130 28.356 29.824 TOTAL 696.038 591.599 682.728 FONTE: EMBRAPA (1998) TABELA 4 - EXPORTAO PARANAENSE DE PRODUTOS FLORESTAIS CONSOLIDAO PRODUTO-ESPECIE (ano de 1997). PRODUTOS ESPECIE VOLUME Lminas Faqueadas ceiba 8.174 paricarana (fava) 1.790 amescla 14.005 pinus 32.729 outras 5.525 total 62.223 Compensados Laminados pinheiro do Paran 5.043 cedro 4.626 cedro branco 5.395 mogno 1.312 amescla 102.503 ucuba 13.420 pinus 110.688 outras 12.614 total 255.601 FONTE: EMBRAPA (1998) 32 Segundo NEVES (1998) o potencial de crescimento da industria de painis da Amrica Latina at o ano de 2005 ser superior a 10% ao ano e o Brasil ser o principal responsvel. Quanto ao mercado interno, a manuteno da estabilidade e a elevao da atividade econmica permitiro crescimento sustentado do consumo nacional. A expanso do mercado de chapas, alm de garantir o fortalecimento no mercado interno, abrir novas opes para as exportaes, especialmente para produtos com maior valor agregado, o que representa maior movimentao no Brasil, com resultados financeiros maiores na hora da venda. 3.5.3 Terminologia Segundo IWAKIRI (1996), lmina o material produzido pela ao de corte, atravs de faca especfica, com espessura variando de 0,13 a 6,35 mm. Quanto maior a espessura, maior a dificuldade de produo. Lmina ideal aquela que apresenta uniformidade em espessura, aspereza igual quela proporcionada pelo micrtomo, sem empenamento, sem a presena de fendas em ambas as faces, com cor e figura desejveis. De acordo com IBDF (1985b), segundo sua forma de obteno pode ser: lmina faqueada, obtida pela movimentao do bloco, tora ou torete lateralmente contra a faca ou vice-versa; lmina desenrolada, obtida de forma contnua centrando uma tora ou torete em um torno, e girando em torno do seu eixo contra uma faca; e lmina serrada, produzida atravs da serrao. 33 3.5.4 Aspectos Gerais A laminao de madeiras pode ser realizada atravs do processo de desenrolamento e de faqueamento das toras. Os equipamentos utilizados so o torno desfolhador e a faqueadeira que pode ser horizontal ou vertical (IWAKIRI, 1997). A laminao e o faqueamento no so operaes de corte propriamente ditas. Quando a faca avana e comea a "cortar" a madeira, ela tende a fendilhar paralelamente s fibras em antecipao ao gume da faca. Este fendilhamento provocar lminas que no possuem boa qualidade na superfcie e nem uma boa regularidade na espessura. Por essa razo, uma segunda ferramenta, a barra de compresso indispensvel para reduzir os efeitos desordenados do fendilhamento (WALKER, 1993; PEREIRA & PERDIGO, 1979). Se a barra de compresso est gasta, seu gume deformado e no mais paralelo ao gume da faca, no podendo mais exercer a sua dupla funo de compresso e delimitao do movimento, inevitavelmente as lminas apresentaro diversos defeitos: ficaro enrugadas, apresentaro fendas, arrancamentos profundos e graves irregularidades na espessura. E comum ouvir-se dizer que tais falhas decorrem dos defeitos da prpria madeira: heterogenidade, ns e fibras com gr irregular, contrafortes e conicidade, m formao, protuberncias, fendas, etc. (PEREIRA & PERDIGO, 1979; WALKER, 1993). Uma lmina considerada como de muito boa qualidade quando for uniformemente lisa, razoavelmente fechada, de espessura regular e sem ranhuras. Chamam-se lminas abertas aquelas que apresentam leves fendas de laminao em oposio face dita fechada, que no as apresenta. As fendas de laminao, que afetam as lminas de baixa espessura utilizadas como capa, so a causa dos fendilhamento s das superfcies, particularmente ruins para os painis que devem receber um acabamento cuidadoso (envernizamento). Este defeito ocorre muito em painis decorativos e extremamente grave (PEREIRA & PERDIGO, 1979). Segundo IWAKIRI (1996), a figura importante para uso decorativo e a orientao da gr para fins estruturais. A boa qualidade das lminas depende dos cuidados no manejo e preparao das toras, como condies de armazenamento, converso, condicionamento antes da laminao, alm dos equipamentos. Algumas caractersticas so desejveis na lmina seca, como teor de umidade uniforme, superfcie sem ondulaes e/ou depresses, livre de fendas, com boas condies de colagem, cor desejvel, mnima contrao em espessura, mnimo endurecimento superficial (compresso externa e trao interna) e ausncia de colapso. Para MARRA (1992) o mercado de compensados consiste de dois distintos tipos: coniferas e folhosas. Dentro de cada categoria, espcies particulares, qualidade das lminas e espessura de corte oferecem resistncia especfica ou propriedades decorativas. Assim, existem muitos tipos e qualidades de compensados que definem ou garantem propriedades para usos especficos. Por razes peculiares a cada indstria, as lminas de folhosas so normalmente cortadas mais finas que as de coniferas. Para compensados de folhosas, os painis tendem a ser mais finos, mas com o nmero mnimo de camadas necessrias para um painel balanceado. Uma das razes o maior custo da madeira e, particularmente para capas, a lmina cortada o mais fino possvel. A espessura tambm de grande importncia para a formao e performance da ligao madeira-adesivo, porque a qualidade da superfcie varia com a espessura (MARRA, 1992). TSOUMIS (1991) lembra que as lminas so selecionadas de acordo com o uso pretendido do compensado. Em compensados decorativos (moblia, almofadas de porta e parede), as superfcies das lminas so de alta qualidade e valiosas, sendo selecionadas pela figura e cor; enquanto o corao e camadas internas so de menor qualidade ou de outra espcie. Em compensados com propsitos de construo, o critrio mais importante a 35 resistncia e no a aparncia do produto. As lminas devem ter uma superfcie lisa, espessura uniforme e teor de umidade adequado. A permeabilidade de uma madeira constitui-se em um fator de fundamental importncia, uma vez que influencia nas operaes de laminao, secagem e colagem de lminas. Uma madeira com boa permeabilidade pode diminuir o problema de eliminao de gua durante a laminao, facilitar a secagem, e melhorar as condies de colagem, devido evaporao do vapor de gua desprendido durante a cura da cola (LUTZ, 1978, citado por PIO, 1996). A maior penetrao ou eliminao de lquidos nas madeiras se d, sobretudo, por meio dos elementos estruturais que desempenham, primordialmente, a funo de conduo no lenho: vasos e raios. (BURGER & RICHTER, 1991). Segundo IWAKIRI (1997), o aquecimento de toras com alto teor de umidade pode tornar mais escuras ou claras a madeira das mesmas. Estas mudanas de cor podem ser desejveis em alguns casos, mas em outro no. Em geral o aquecimento tende a escurecer o alburno de todas as espcies. As propriedades da lmina no so essencialmente diferentes das da madeira, entretanto, o processo de manufatura, incluindo corte, secagem e montagem do compensado, pode mudar drasticamente as propriedades qumicas e fsicas da superfcie da lmina. Conhecimentos especiais e ateno a estas caractersticas so requeridos para assegurar uma boa umidade, fluidez e penetrao do adesivo (FOREST PRODUCTS LABORATORY, 1999). Em cortes rotativos e faqueamento, o lado da lmina em que a faca passa fica quebradio. Quando so usadas como capas nos compensados, o outro lado deve estar para cima, caso contrrio, ocorrero imperfeies no acabamento que ser aplicado. Geralmente lminas externas de folhosas so cortadas para revelar o desenho mais atrativo (FOREST PRODUCTS LABORATORY, 1999). 36 Lminas serradas so produzidas de pranchas estreitas que foram selecionadas para melhores desenhos. Os dois lados so livres de marcas de faca, ento ambos podem ser colados ou expostos com resultados satisfatrios (FOREST PRODUCTS LABORATORY, 1999). 3.5.5 Tipos de Corte O modo como uma tora cortada, em relao aos anis de crescimento, determina a aparncia das lminas. A beleza est em suas variaes naturais de textura, gr, figura, cor e o modo como elas so utilizadas (THOMSSON, 1996). SELLERS (1985) relata que o material feito sob medida deve apresentar selees especiais de desenhos e grs, incluindo bolhas, ns, olho de passarinho, mosqueados, redemoinhos e listas, que so obtidos pelo tipo de corte (rotativo, tangencial ou perpendicular aos anis de crescimento, 45 em relao aos raios, etc.), ou pela associao de caractersticas especiais de crescimento no tronco do qual a lmina foi obtida (ex: figura bifurcada vem da rea onde dois ramos largos se encontram em um "V"). SELLERS (1985) comenta que existem trs mtodos para cortar lminas finas: serragem, faqueamento e corte rotativo. Serrar lminas finas um mtodo antigo, no qual difcil manter um corte preciso. Segundo PANSH3N et al (1962), lminas serradas so restritas a madeiras de alta refrao e inviveis para faqueamento ou que no podem ser aquecidas sem alterao de cor e so utilizadas para usos especiais, como por exemplo instrumentos musicais. WALKER (1993) explica que o processo de corte rotativo essencialmente um corte perpendicular s fibras com a faca correndo paralela s mesmas. A qualidade da lmina cortada determinada pela preciso do torno. E importante que a lmina no quebre, tenha um acabamento fino e espessura uniforme, a qual determinada por um bom controle do torno. 37 WALKER (1993) aponta que operaes de faqueamento cortam uma diversidade de espcies. So usadas para produzir lminas de alto valor e com desenhos para utilizar nas capas dos painis. As lminas so cortadas muito finas para maximizar a rea de corte de madeiras com grandes comprimentos. Lminas faqueadas tendem a ser mais quebradias e enrugadas na secagem devido maior variao na gr. Para lminas de capas, uniformidade de cor importante e freqentemente requer a separao entre cerne e alburno. As caractersticas visuais que determinam o valor particular de uma lmina esto relacionados cor e figura e maneira com a qual a tora faqueada. Espcies com gr entrecruzada so melhor faqueadas em quartos. Nesse caso, os perodos opostos de inclinao das fibras, com respeito ao eixo axial da tora, resultam em faixas claras e escuras correndo o comprimento das lminas: se so reversas com respeito ao brilho, as faixas escuras ficam claras e vice-versa. Quanto mais estreitas as faixas, maior o valor das lminas. Gr ondulada ou irregular so melhores em cortes retos (longitudinais). As lminas produzidas atravs de faqueadeiras apresentam padres de gr mais decorativos, uma vez que, inicialmente, as toras precisam ser transformadas em blocos ou pranches. A medida que so cortadas, devem ser mantidas em ordem para possibilitar a montagem das figuras. So retiradas sempre de uma superfcie plana, sendo empregadas na mesma posio em que so obtidas (WALKER, 1993). Na lngua portuguesa no existem termos que traduzam corretamente a expresso aplicada aos diferentes tipos de corte, assim sendo os mesmos so apresentados em ingls. CORTE ROTATIVO {ROTARY CUT) Segundo TSOUMIS (1991), segue os anis de crescimento. feito com uma tora preparada girando em um torno contra uma faca, a qual corta uma lmina contnua de madeira; 38 o comprimento da faca igual ao comprimento da tora, que varia dependendo da finalidade de uso da lmina e determinado pelo comprimento do torno. Se a barra de presso exercer muita presso, ir esmagar a madeira, e muito pouca ir produzir lminas quebradias. Variaes no corte rotativo s vezes so aplicadas pela posio excntrica da tora na mquina ou colocao de metade ou partes da mesma (FIGURA 7) (TSOUMIS, 1991). PANSHIN et al (1962) comentam que existem variaes como: Stay log e Cone cutting. Stay log uma modificao desenvolvida primeiramente para produo de lminas de capa, de blocos em quartos e materiais irregulares, produz figuras mais atraentes devido ao alinhamento das fibras ser irregular, o que exige cuidados especiais. Cone cutting produz lminas circulares pelo desenrolamento afilado da tora, de maneira similar quela de apontar um lpis. O ngulo de contato da faca determina o grau de afilamento. Bonitos crculos ou figuras estreladas resultam, e as lminas so usadas na fabricao de painis para mesas circulares. FIGURA 7- MTODOS DE CORTE ROTATIVO. 1. CORTE CONTNUO. 2. COLOCAO EXCNTRICA. 3-5. HALF LOGS. 6-9. SEES DE TORAS. 10. MTODO DE PREPARO DAS SEES (FONTE. TSOUMIS, 1991). 39 HALF-ROUND SLICING De acordo com THOMSSON (1996), a prancha colocada fora do centro do torno e o plano de corte um arco tangencial aos anis de crescimento. usado principalmente para adicionar largura a troncos estreitos aumentando o plano de corte, ou para fornecer um desenho particular. As catedrais podem ter maiores alturas desde que o desenho seja formado pelos anis de crescimento mais internos. FLA T SLICING (PLAIN CUT) A tora ou prancha colocada com o corao plano contra a mesa de corte da faqueadeira, e o faqueamento feito paralelo linha que passa atravs do centro da tora, o que produz uma figura variegada. tangencial aos anis de crescimento; os desenhos resultantes so uma srie de catedrais, elipses e ovais (FIGURA 8). As catedrais so formadas pelos anis de crescimento mais internos. As peas individuais so mantidas na ordem em que foram faqueadas, permitindo uma progresso natural do desenho (THOMSSON, 1996). QUARTER SLICING Segundo THOMSSON (1996), nesse tipo de corte a tora cortada em quatro partes, em ngulos retos em relao aos anis de crescimento. Cada parte faqueada perpendicularmente aos anis de crescimento, um corte na direo radial, produzindo uma srie de listras, retas em algumas madeiras, variadas em outras (FIGURA 8). 40 a) Dogs Flat sliced (walnut, elm) V Knife r ' / Kni > A Whole log - flat sliced (aspen, pine) m
WC Quarter sliced (meranti, rosewood) 4 Rift sliced (white oak) Flat sliced Back cut Flat sliced i S f f i S i i id H M f i f c Quarter sliced Quarter sliced FIGURA 8 - FAQUEAMENTO: A) ALGUNS MTODOS DE CORTE DA TORA E POSSVEIS ESTRATGIAS DE LAMINAO. AS LINHAS ESCURAS MAIS LARGAS REPRESENTAM A MADEIRA RESTANTE NA FAQUEADEIRA DEPOIS QUE TODAS AS LMINAS FORAM CORTADAS. (FONTE: WALKER, 1993). 41 RIFT CUT Produzido nas vrias espcies de carvalho, o qual possui raios largos. O efeito desenho de fenda ou crista obtido cortando a um ngulo de aproximadamente 15% da posio em quartos, para obter a figura dos raios medulares. O plano de corte um arco aproximadamente perpendicular aos anis de crescimento. Corta atravs dos raios medulares, acentuando o desenho vertical e minimizando as escamas. Uma variao o comb cut, de limitada utilidade, distingue-se por ser mais estreito e reto no comprimento da lmina (FIGURA 8) (THOMSSON, 1996). LENGTHWISE SLICING Uma prancha de madeira serrada passa sobre uma faca estacionria. Nesta passagem, uma lmina cortada da parte inferior da prancha. Isto produz uma figura variegada (THOMSSON, 1996). 3.5.6 Defeitos nas Lminas Durante o processo de laminao podem ocorrer diversos problemas que afetam a qualidade das lminas obtidas, seja por falhas no equipamento ou inerentes madeira. Alguns deles, segundo PEREIRA & PERDIGO (1979) e WALKER (1993), so listados abaixo: Lminas abertas - Fendas de laminao: so fendas mais ou menos numerosas, que ocorrem do lado da faca durante o corte. Quando so muito pronunciadas, podero provocar a abertura dos painis na espessura das lminas sob a influncia de variaes de umidade. Lminas rugosas: a rugosidade das lminas aparece como uma alternncia de cavidades e de cristas salientes que as margeiam. So orientadas pelo comprimento, principalmente na 42 direo da gr da madeira. As cavidades so pouco profundas, devendo-se a leves arrancamentos de fibras. A rugosidade excessiva reduz consideravelmente a superfcie de contato entre as folhas, acarreta um maior consumo de cola, produz colagens ruins, obriga a um maior lixamento das faces e acarreta uma grande perda de espessura durante esta ltima operao. Lminas felpudas ou lanosas: a lmina apresenta um aspecto felpudo, podendo ser causado por tora muito quente, lenho de tenso, entre outros. Lminas com fibras levantadas em forma de placas: este defeito aparece sob a forma de placas que se separam nos veios das madeiras muito desenhadas, constatado em gr revessa. Lminas com fibras arrancadas: uma faca obtusa pode causar grandes problemas como o arrancamento de fibras medida que a faca avana. Ao mesmo tempo que estas fibras esto sendo comprimidas, a resistncia frente da faca gera tenses atrs do fio de corte. Isto pode ser suficiente para formar placas, resultando num grupo de clulas arrancadas da superfcie das lminas. IWAKIRI (1996) lembra que condies inadequadas de secagem geram diversos tipos de defeitos, com perda de material e baixa qualidade na colagem, como por exemplo: falta de uniformidade no teor de umidade final, tores e ondulaes, rachaduras, superfcies chamuscadas, contrao excessiva e colapso. Segundo IWAKIRI (1997) tambm podem ocorrer outros defeitos relacionados com o material e o equipamento utilizado para a laminao, como por exemplo: manchas de fungos em lminas midas e oxidao; irregularidade da espessura, causada pelo ngulo da faca; aspereza da superfcie, causando problemas na colagem; fendas superficiais; desvios no plano normal da lmina, podendo causar problemas na colagem de topo, espalhamento do adesivo e montagem do compensado; lminas com lado rgido e lminas mais espessas nas pontas que no centro. 43 3.5.7 Fatores que Afetam a Colagem MARRA (1992) comenta que os constituintes qumicos da madeira no so distribudos uniformemente atravs da estrutura, so mais ou menos concentrados em certas clulas ou partes de clulas. Dependendo de onde a faca passa, atravs da parede celular, propriedades superficiais largamente diferentes sero apresentadas na colagem. Isto especialmente verdadeiro em elementos fibrosos, onde condies anteriores da madeira predispe a superfcie a ser rica em lignina ou em celulose. IWAKIRI (1997) relata que as propriedades anatmicas se relacionam com o movimento do adesivo e estrutura da madeira. A significativa diferena de porosidade entre lenho inicial e tardio, e a pequena proximidade entre estas duas zonas na superfcie da madeira, so causadores de uma das maiores dificuldades a superar na formulao de colas aplicadas madeira (MARRA, 1992). Para IWAKIRI (1998), esta estrutura diferenciada pode ocasionar, como problema relativo penetrao de adesivos, a linha de cola "faminta" ou "espessa". MARRA (1992) lembra que as clulas do cerne, preenchidas com materiais estranhos, como leos, graxas e compostos fenlicos, alteram a penetrabilidade da madeira e as propriedades de colagem. O lenho juvenil possui anis de crescimento largos, a madeira produzida relativamente fcil de colar devido sua baixa densidade e estrutura porosa, mas a resistncia inferior e instabilidade dimensional podem resultar em performances insatisfatrias do produto colado. Por outro lado, rvores velhas tendem a um lento crescimento, com produo de estreitos anis, alm de apresentarem uma percentagem de cerne mais elevada, com quantidade de alburno mais reduzida (MARRA, 1992). O lenho adulto ao contrrio, apresenta maior densidade, menor porosidade, sendo a colagem mais difcil (IWAKIRI, 1997). 44 Segundo BURGER & RICHTER (1991), o lenho de reao ocasiona problemas de trabalhabilidade, instabilidade dimensional e o surgimento de compensados empeados, corrugados e rachados. A maioria das superfcies de madeira a serem coladas, no so perfeitamente radiais ou tangenciais, apresentando ngulos de corte intermedirios. O movimento da umidade, a estabilidade dimensional, a resistncia, propriedades relativas colagem, performance dos produtos colados e propriedades do acabamento superficial, so relacionados diretamente com o ngulo da gr (MARRA, 1992). Para IWAKIRI (1998) quando necessria a formao de ligaes fortes, a madeira de gr ligeiramente inclinada se mostra mais adequada em relao gr direita, pois os adesivos de madeira possuem uma composio que combina com a porosidade, ou seja, eles no possuem mobilidade suficiente para penetrar atravs das paredes celulares. MARRA (1992) menciona que para uma ligao forte, o adesivo deve alcanar a camada da madeira intacta abaixo da superfcie, o que ocorre atravs da penetrao pelos lumes celulares, pontoaes ou fendas nas paredes celulares. Madeira com gr inclinada no possui relao na formao da ligao adesiva, mas ocorrem comportamentos indesejveis no produto colado, uma vez que, em funo das tenses irregulares, a madeira apresenta alteraes dimensionais difusas mais elevadas (IWAKIRI, 1998). WALKER (1993) menciona que gr espiralada pode resultar em rachaduras durante a secagem das lminas. Mesmo quando tal material seca com xito podem ocorrer empenamentos quando as camadas no so bem balanceadas. 3.5.8 Principais Tipos de Defeitos na Colagem das Lminas 45 Segundo SELLERS (1985), apenas uma lmina spera pode produzir insatisfatoriamente a ligao adesivo-madeira se o grau de desigualdade e de freqncia da aspereza no contatar a ligao entre os mesmos. O fluxo do adesivo pode ser excessivo ou insuficiente. Se excessivo, est na presena de excesso de umidade ou pequeno tempo de presso e descrito como preparao excessiva ou sob cura. Se existir uma falta de solvente (gua), fluxo insuficiente pode ocorrer, e esta ligao defeituosa descrita como transferncia pobre. A delaminao um dos principais defeitos, causada por: alto teor de umidade da lmina, alta extenso de adesivo, falhas nas lminas, largas fendas entre o centro das lminas, problemas na temperatura e presso na prensagem, tempo de prensagem muito pequeno, pratos sujos, impurezas na linha de cola, linha de cola seca antes da prensagem, lminas finas e espessas, excessivo contedo de gua na mistura adesiva, adesivo no polimerizado, temperatura de prensagem muito alta (SELLERS, 1985). IWAKIRI (1998) ainda menciona: bolha (elevao da superfcie, separao das lminas no interior da chapa); defeito aberto (irregularidades - trincas, rachas, juntas abertas, fissuras, furos, ns, etc.); encavalamento (sobreposio de lminas nas juntas) e ultrapassagem de cola (manchas na lmina externa). 3.5.9 Controle de Qualidade Segundo a FAO (1968) quase todos os painis compensados comerciais devem cumprir algumas especificaes em relao s dimenses, resistncia da linha de cola e qualidade das lminas empregadas. S o ensaio de amostras do produto acabado permite dar a confirmao 46 definitiva. Para que as normas de qualidade se repitam de um modo contnuo so sempre necessrias as comprovaes em diferentes fases durante o processo de produo. O controle de qualidade durante a elaborao pode ir, por exemplo, da simples inspeo qualitativa das lminas, para verificar suas caractersticas externas, a medies quantitativas rigorosas da espessura, teor de umidade e muitos outros fatores que influem na qualidade e nos custos da produo dos compensados. Outro exemplo o controle da espessura da lmina, tanto na direo longitudinal como na largura, quando entre as possveis causas das variaes excessivas figuram desajuste de torno, peas gastas ou soltas, toras mal acondicionadas, etc.(FAO, 1968). 3.5.10 Classificao das Lminas As lminas, considerando-as como parte de uma chapa acabada, podem ser classificadas em uma das seguintes categorias, de acordo com IBDF (1985b): N - Natural: lmina lisa, livre de ns, buracos de ns, rachaduras, aberturas ou qualquer outro defeito aberto, sem manchas, provenientes 100% de cerne ou 100% de alburno. Massa sinttica admitida em rachaduras no mais largas do que 1 mm e no excedendo 50 mm de comprimento. Reparos podem ser aceitos desde que no excedam seis na superfcie total da chapa, e que sejam feitos com madeiras que tenham cor e gr combinando com a lmina, emenda perfeita, e no excedendo 25 mm em largura e 100 mm em comprimento. A - Primeira: lmina lisa, firme, uniforme em cor e gr, livre de ns ou outros defeitos abertos. No caso das chapas de interior ou intermediria admite-se a utilizao de massa sinttica em pequenas rachaduras com, no mximo, 5 mm de largura e 100 mm de comprimento, ou em aberturas de no mximo 15 mm de largura e 50 mm de comprimento ou rea equivalente. Para chapas de uso exterior, admite-se massa sinttica em rachaduras com, no mximo, 1 mm de largura e 100 mm de comprimento, ou em pequenas aberturas menores que 2 mm de largura e 50 mm de comprimento ou rea equivalente. Reparos de madeiras para todos os tipos de chapa no devem exceder 50 mm de largura e 100 mm de comprimento, perfeitamente juntados e combinados em cor e gr. O nmero total de reparos, seja de massa sinttica ou de pedaos de madeira, no deve exceder a oito no total da superfcie da chapa. B - Segunda: lmina slida, firme, admitindo-se leves descoloraes, livre de defeitos, aberturas ou gr rompida, permitindo-se leves rugosidades ou aspereza, desde que no exceda 5% da rea da chapa. Admitem-se ns de at 25 mm de dimetro desde que estejam fechados e firmes. Furos verticais so admitidos, desde que menores de 2 mm de dimetro e menos de 15 por metro quadrado. Furos horizontais no podem exceder 2 mm de largura e 25 mm de comprimento e em nmero inferior a 15 no total da superfcie da chapa. Todos os furos devem ser fechados com massa sinttica. No caso de chapas de uso interior ou intermedirio, admite-se o uso de massa sinttica em pequenas rachaduras com, no mximo, 5 mm de largura e 100 mm de comprimento ou rea equivalente. Para chapas de uso exterior, admitida a aplicao de massa sinttica em rachaduras ou aberturas menores que 2 mm de largura e 100 mm de comprimento. Reparos de madeira no podem exceder 100 mm de largura e 300 mm em comprimento, perfeitamente juntado e combinado em cor e gr. O nmero de reparos em massa sinttica ou com madeira no deve exceder a 15 no total da superfcie da chapa. C - Terceira: sem restries quanto descoloraes, de estrutura firme, sendo admitido ns firmes de at 40 mm, desde que no comprometam o uso ou a resistncia mecnica. Ns abertos no maiores que 20 mm e furos no maiores que 6 mm por 12 mm so admitidos. A soma de largura dos defeitos no pode exceder 200 mm. Rachaduras medidas a 150 mm do topo da chapa no devem exceder 15 mm de largura, admitindo-se um 48 comprimento de, no mximo, a metade do comprimento da chapa. Nenhum dos defeitos deve comprometer a utilizao e a resistncia da chapa. A soma dos reparos de madeira ou massa sinttica no devem exceder 150 mm na largura. D - Quarta: admite-se ns firmes ou abertos de at 70 mm de largura, desde que a soma dos defeitos no seja superior a 300 mm na largura. Rachaduras medidas a 150 mm da extremidade no devem exceder 30 mm de largura. Outros defeitos no mencionados so admitidos, desde que no afetem a resistncia ou a utilizao das chapas. Embora haja a classificao do IBDF (1985b), cada empresa faz a sua, baseando-se em caracteres descritos acima. 3.6 ACABAMENTOS OU REVESTIMENTOS Acabamento superficial a preparao da superfcie ancoradora e a aplicao, manual ou mecnica, de produtos sobre a superfcie da madeira, com objetivo de melhoria da qualidade e da esttica das peas e proteo ao ataque de fungos e insetos, funcionando como uma barreira fsica e/ou qumica (FAO, 1968). De acordo com WALKER (1990), deve-se levar sempre em conta, desde o primeiro momento, que no existe nenhum tratamento perfeito para a madeira. Todos os processos devem ter uma frmula de compromisso entre durabilidade, aspecto e facilidade de aplicao, e, em conseqncia, deve-se conhecer o efeito final que se deseja conseguir antes de comear o trabalho. A cor da madeira no indispensvel. Para buscar um acabamento adequado necessrio, no obstante, avaliar todas as possibilidades. Tintas e corantes so utilizados tradicionalmente para conseguir que uma madeira barata apresente melhor aspecto, ou para dar um tom uniforme aparncia de uma determinada construo, onde so empregadas diferentes 49 madeiras. As substancias destinadas ao acabamento podem penetrar na madeira ou permanecer na superfcie, secando por evaporao ou por reao com o ar (WALKER, 1990). Segundo WILCOX et al (1991), todos os acabamentos, revestimentos claros tanto quanto tintas, mudam a aparncia da madeira. Os tipos claros modificam a reflexo de luz, com o efeito de madeira de fundo e realam a figura dos anis de crescimento e outros desenhos. Acabamentos adequados melhoram a aparncia e preservam a madeira por muito tempo. De acordo com WALKER (1990) o trabalho de polimento e acabamento pode mascarar a textura de uma superfcie, mas nunca chegar a cobrir as imperfeies da madeira. E possvel que as deixe mais evidentes. Quem se dedica ao trabalho em madeira pode desejar reaviv-la, dando nova profundidade e riqueza de cor, ressaltar com maior viveza o desenho ou a textura, ou proporcionar algum novo aspecto a uma pea. As possibilidades tambm distinguem o caso de quem trabalha para dar a uma parte do mvel uma colorao igual ao restante, ou de quem deseja nova cor em uma pea inteira, dando a uma madeira barata a aparncia de outra mais nobre. No emprego de tintas, importante lembrar que as madeiras absorvem diferentemente as tintas, assim como partes de uma mesma pea podem apresentar comportamentos variveis (WALKER, 1990). Analisando pintura e acabamentos transparentes, WILCOX et al (1991) relatam que aspectos da madeira, como anis de crescimento, mostram o mesmo mecanismo de outros objetos: refletem a luz, sendo que o lenho inicial reflete de forma diferente do lenho tardio. Os corantes esto entre pinturas e acabamentos claros: aumentam o tom mas deixam a figura da madeira visvel e podem tambm acentu-la pela concentrao em partes dos anis de crescimento e raios (WILCOX et al, 1991). 50 A permeabilidade importante no quo bem e por quanto tempo o acabamento protege a madeira. Porosidade e alisamento do acabamento determinam o grau de brilho e facilidade de limpeza da superfcie (WILCOX et al, 1991). Segundo WILCOX et al (1991) um acabamento claro denominado natural pois acentua e preserva a aparncia original da madeira, mas corretamente falando, o filme formado no natural desde que faltam brilho e aspereza naturais. Corantes so qualificados como naturais se apenas intensificam a cor de madeiras particulares, sem adicionar outra cor. 3.6.1 Tratamentos de Conservao Contra o Apodrecimento e Insetos Os painis de madeira apresentam certa resistncia ao ataque de fungos e insetos ou por composio natural ou como resultado de procedimentos de fabricao, mas, mesmo assim, necessrio um tratamento especial de conservao quando vo ser expostos a condies rigorosas. Por exemplo, as colas e aglutinantes que so utilizados proporcionam certa proteo contra os xilfagos, e os diversos sistemas e materiais que so usados para o acabamento da superficie podem ser bastante eficazes para retardar a absoro de umidade, reduzindo deste modo o perigo de apodrecimento, mas no so adequados para uma proteo completa (FAO, 1968). Para o tratamento de compensados, com substncias preservantes, se recorre a vrios mtodos, sendo o mais utilizado incorporar aditivos cola, com o que se evita uma nova operao, em geral, sem descolorir a chapa nem resultar em manejo desagradvel. Tambm podem ser aplicados retardantes de ignio e utilizados tratamento sob presso. (FAO, 1968) 51 3 .6.2 Defeitos Iniciais de Acabamento Segundo WILCOX et al (1991), alguns efeitos resultam da ao do acabamento, outros podem se desenvolver a qualquer momento: Descoloraes: causadas pela entrada de gua, volatilizao de extrativos ou fungos, Bolhas: so explicadas pela presso do gs ou lquido na superficie da madeira, ou pela excessiva contrao da pelcula de tinta. - Bolhas de temperatura: resultam da expanso do solvente ou do ar na madeira que foi pintada com tinta preta em baixas temperaturas, antes do sol atingir a superfcie. - Bolhas de umidade: resultam da madeira que no estava suficientemente seca no momento da pintura e no forneceu adeso adequada; Arrancamento de fibras: pode ser evitado pelo umedecimento, secagem e lixamento antes da aplicao do acabamento; Descascamento: a separao do filme paralelo superfcie, na interface da madeira ou entre o filme, geralmente causado pela umidade inadequada no momento da pintura. Entre as principais causas apresentadas para os problemas de acabamento destacam-se: o produto utilizado no o indicado para aquela finalidade; a superfcie do substrato no foi corretamente lixada e limpa; superfcies contaminadas com leo, graxas, etc.; madeira com alta percentagem de umidade; umidade relativa no ambiente de aplicao maior que 90%; temperatura ambiente alta; local de aplicao sujo e com muita poeira; equipamento sujo, com mal funcionamento e no adequado aplicao; pessoal no orientado sobre a forma correta de preparao e aplicao; presena de gua ou leo no sistema de aplicao (na linha de ar, bombas ); contaminao da seo de pintura com silicone. 52 4 MATERIAL E MTODOS 4.1 ESPCIES As espcies foram escolhidas com base na popularidade, freqncia e importncia de utilizao, sendo tambm caracterizadas as que esto entrando no mercado, ainda pouco conhecidas e que so vendidas como se fossem madeiras nobres, algumas tendo propriedades semelhantes, outras, totalmente opostas. Foram enviados questionrios todas as empresas de Curitiba, PR, que, de alguma forma, utilizam lminas de madeira, seja produo prpria ou adquiridas de terceiros, obtendo- se informaes das espcies utilizadas, padronizao da qualidade e tratamento preservativo, bem como principais problemas encontrados. Atravs de visitas, foram coletadas 70 amostras de lminas faqueadas e torneadas nas empresas que apresentavam maior variabilidade de espcies e se dispuseram a fornecer o material. No caso de lminas faqueadas, cada amostra coletada foi composta por determinado nmero de lminas cortadas seqencialmente, ou seja, quando unidas forneciam a imagem da superfcie do lenho antes do corte. O nome fornecido pela empresa foi anotado em cada amostra. 4.2 IDENTIFICAO DO MATERIAL As amostras coletadas nas empresas de Curitiba foram identificadas no Laboratrio de Anatomia da Madeira, da Universidade Federal do Paran (UFPR). Esta identificao foi realizada atravs do exame das caractersticas do lenho, primeiramente pelo processo 53 macroscpico, com o auxlio de uma lupa conta-fios de aumento lOx. Como padro foram utilizadas as amostras da xiloteca do prprio laboratorio. Quando esta anlise no foi suficiente, utilizou-se o processo microscpico, que exige a preparao de sees histolgicas para observao em microscpio ptico, sendo utilizadas como padro as lminas disponveis no laminrio do prprio laboratrio. Caso este procedimento no fosse possvel, seguiram-se as descries anatmicas disponveis na literatura. Para confirmao das identificaes, amostras foram enviadas para o Laboratrio de Produtos Florestais (LPF/DIREN/ffiAMA), em Braslia, DF. Pelos processos empregados neste trabalho, no foi possvel a identificao de algumas amostras em nvel de espcie. Nestes casos, necessrio se faz o exame de rgos vegetativos (flores e folhas), para auxiliar na sua identificao. Como alguns gneros possuem diversas espcies com caractersticas semelhantes, nos resultados so apresentadas algumas opes de espcies que podem ser encontradas com a mesma denominao, as quais, na aparncia, apresentam pequenas diferenas, que por muitos leigos nem so notadas. Com a obteno do nome cientfico, atravs da identificao, o correspondente nome comercial foi dado, utilizando-se como critrio a "Padronizao da nomenclatura comercial brasileira das madeiras tropicais amaznicas" (IBAMA, 1991) e o "Catlogo de rvores do Brasil" (CAMARGOS et al, 1996). Tambm apresentam-se os principais nomes utilizados comercialmente na regio de coleta. 4.3 MICROTCNICA As lminas faqueadas e torneadas, coletadas seqencialmente foram unidas com cola branca at que fosse formado um bloco com tamanho suficiente para ser fixado no micrtomo 54 ou que formasse uma superficie transversal com rea tal que possibilitasse a visualizao macroscpica das caractersticas principais. As sees anatmicas foram feitas em micrtomo de deslizamento, modelo Spencer AO n 860, com espessura variando de 18 a 25 micrometros. Para o tingimento das sees foi utilizado o mtodo de tripla colorao: crisoidina, acridina vermelha e azul de Astra (DUJ ARDIN, 1964). Posteriormente, as sees anatmicas foram desidratadas em srie alcolica ascendente, colocadas em acetato de butila e montadas entre lmina e lamnula com Entellan. 4.4 DESCRIO DAS LMINAS Para a descrio macroscpica das lminas, seguiu-se as recomendaes de MUIZ & CORADIN (1991), baseadas na IAWA (1989). Foram analisadas as caractersticas visveis a olho nu e com lupa do tipo conta-fios de aumento lOx. Caractersticas descritas: a) Cor b) Brilho c) Odor d) Textura e) Gr f) Desenho 55 g) Vasos: transversal: visibilidade tipos tamanho obstruo freqncia porosidade tangencial: visibilidade comprimento freqncia h) Parnquima: visibilidade tipo i) Raios: transversal: visibilidade largura freqncia tangencial: visibilidade altura largura estratificao freqncia j) Distino camadas de crescimento 4.5 ILUSTRAES Para a ilustrao do trabalho, as lminas, ao natural, foram fotocopiadas, cores, em mquina Xerox. 56 5 RESULTADOS E DISCUSSO 5.1 ESPCIES AMOSTRADAS A avaliao das caractersticas anatmicas do lenho das amostras coletadas permitiu a identificao botnica das mesmas, a qual apresentada em relao ao nome comercial utilizado na regio de Curitiba (TABELA 5). Tambm foram coletadas lminas de pinus, as quais foram descartadas uma vez que no existem problemas de identificao desta espcie e um dos objetivos era avaliar a variao na nomenclatura e os erros causados em lminas de folhosas, alm de caracteriz-las macroscpicamente. Alm dessas madeiras, tambm so utilizadas lminas de marinheiro, sumama, virola, figueira branca e rosa, caucho, jacareba, garapeira, angelim, copaiba, mas como a quantidade comercializada pequena no haviam amostras disponveis. Pela observao da TABELA 5 pode-se verificar que em alguns casos, como por exemplo no amap, cedro, curupix, pau-marfim, mogno e tauari, o mesmo nome comercial utilizado para madeiras pertencentes a gneros e espcies diferentes. Estas confuses possivelmente so causadas, em parte, por verdadeiro desconhecimento do material utilizado, tambm pela tentativa de fraude utilizando-se uma madeira de menor valor no lugar de uma altamente valorizada, cobrando-se o maior preo, ou pelo esforo de comercializao de novas espcies de madeira. No caso das lminas, fica muito mais difcil para um leigo diferenciar as espcies, da a necessidade de uma correta avaliao do material. Nota-se que as maiores confuses esto no mogno, pau-marfim, amap e tauari, espcies de alto valor comercial e, no caso dos dois primeiros, em explorao controlada. 57 TABELA 5 - ESPCIES DE MADEIRA IDENTIFICADAS NAS AMOSTRAS COLETADAS NAS EMPRESAS DE LAMINAO DE ACORDO COM O NOME COMERCIAL FORNECIDO Nome Comercial Fornecido Nome sugerido pelo IBAMA Nome Cientfico Identificado no Laboratrio Famlia amap amap- Parahancornia amapa (Huber) Ducke Apocynaceae amargoso Brosimum parinarioides Ducke Moraceae amap-doce Simarouba amara Aubl. Simaroubaceae marup amescla amescla Trattinnickia burseraefolia (Mart.) Willd Burseraceae andiroba andiroba Carapa guianensis Aubl. Meliaceae carvalho Quer eus spp. Fagaceae caxeta marup Simar ouba amara Aubl. Simaroubaceae marup Simarouba versicolor St. Hill Simaroubaceae amap- Parahancornia amapa (Huber) Ducke Apocynaceae amargoso Brosimum parinarioides Ducke Moraceae amap-doce cedro cedro Cedrela spp. Meliaceae louro-vermelho Nectandra rubra Mez. Lauraceae cerejeira cerejeira Amburana cearensis (Allemo)A.C.Sm Fabaceae cerejeira goiabo Pouteria pachycarpa Pires Sapotaceae imperial curupix curupix Micropholis spp. Sapotaceae tauari Couratari spp. Lecythidaceae eucalipto eucalipto Eucalyptus spp. Myrtaceae freij freij Cordia goeldiana Huber Boraginaceae goiabao guatambu imbua ip tabaco jatob goiabo pau-marfim imbuia goiabo freij jatob Pouteria pachycarpa Pires Balfourodendron riedelianum Engl. Ocotea porosa (Nees & Mart, ex Nees) L. Barroso Pouteria pachycarpa Pires Cordia goeldiana Huber Hymenaea spp. Sapotaceae Rutaceae Lauraceae Sapotaceae Boraginaceae Caesalpiniaceae 58 TABELA 5 - ESPCIES DE MADEIRA IDENTIFICADAS NAS AMOSTRAS COLETADAS NAS EMPRESAS DE LAMINAO DE ACORDO COM O NOME COMERCIAL FORNECIDO (CONTINUAO) Nome Comercial Fornecido Nome sugerido pelo IBAMA Nome Cientfico Identificad o no Laboratrio Famlia jequitib-rosa jequitib Cariniana micrantha Ducke. Lecythidaceae koto muiratinga Maquira guianensis Aubl. Moraceae louro-faia louro-faia louro-faia Euplassa spp. Roupala spp. Proteaceae Proteaceae louro-vermelho louro-vermelho Nectandra rubra Mez. Lauraceae marfim-arana Chrysophyllum spp. Sapotaceae marfim branco marup Simarouba amara Aubl. Simarouba versicolor St. Hill Simaroubaceae Simaroubaceae marfim brasil goiabo muiratinga Pouteria pachycarpa Pires Maquira guianensis Aubl. Sapotaceae Moraceae marfim do norte muiratinga Maquira spp. Moraceae marup marup Simarouba amara Aubl. Simarouba versicolor St. Hill Simaroubaceae mogno mogno andiroba cedro louro-vermelho Swietenia macrophylla King. Carapa guianensis Aubl. Cedrela spp. Entandrophragma cylindricum Sprage Nectandra rubra Mez. Meliaceae Meliaceae Meliaceae Meliaceae Lauraceae mogno real jequitib Cariniana spp. Lecythidaceae muiratinga muiratinga Maquira guianensis Aubl. Moraceae pau-ferro pau-ferro Machaerium scleroxylon Tul. Fabaceae pau-marfim pau-marfim muiratinga muiratinga Balfourodendron riedelianum Engl. Maquira guianensis Aubl. Maquira spp. Rutaceae Moraceae Moraceae sapele Entandrophragma cylindricum Sprage Meliaceae sucupira sucupira Bowdichia nitida Spruce Fabaceae tauari tauari jequitib curupix Couratari spp Cariniana micrantha Ducke Micropholis spp. Lecythidaceae Lecythidaceae Sapotaceae 59 Observando-se os dados anteriores, pode-se notar que foram identificadas 35 espcies distintas, nas madeiras de diferentes procedncias, colhidas na regio de Curitiba, sob forma de lminas. Alm de espcies amaznicas e da Mata Atlntica, pode-se verificar a presena de espcies de reflorestamento, como o eucalipto, e madeiras importadas, como o sapele e o carvalho. Foram fornecidos 33 nomes comerciais, enquanto, nas amostras coletadas, foram identificados em laboratrio 54 taxons, com 26 gneros e 30 espcies diferentes. O uso de uma quantidade de nomes comerciais menor que a totalidade de nomes sugeridos pelo IBAMA, que neste trabalho atinge 50, indica a tendncia simplificao do mercado, o que pode ser resultado de uma simples confuso, pela falta de conhecimento e agrupamento de espcies com cores semelhantes, ou da tentativa de induzir o consumidor a acreditar que o material fornecido corresponde mesmo madeira que realmente merece aquele nome. Verifica-se que em 42,6 % dos casos os nomes comerciais foram corretamente aplicados, ou seja, so compatveis com os nomes sugeridos para o material identificado cientificamente. Observando-se a variao entre o nome comercial fornecido e o nome cientfico identificado, nota-se que 60,61 % dos nomes comerciais fornecidos foram aplicados a apenas um gnero ou espcie; 24,24 % a dois; 9,09 % a trs; 3,03% a quatro e cinco gneros ou espcies diferentes. Tambm observa-se que nem todos os nomes populares correspondentes a apenas uma espcie so compatveis com aqueles sugeridos e aplicados pelo IBAMA, como o caso da cerejeira imperial, marfim do norte e mogno real. H nomes como o mogno que foram empregados para cinco espcies diferentes, de vrios gneros da famlia Meliaceae, e tambm de outra famlia como o caso do louro- vermelho {Nectandra rubra), uma Lauraceae. O engano dentro da mesma famlia pode ter 60 origem na semelhana das rvores e madeiras, mas no caso do louro-vermelho deve ter incio na serraria, gerando uma cadeia, uma vez que as rvores so diferentes. O nome amap, por exemplo, foi empregado para trs espcies, pertencentes a trs famlias diferentes; j os nomes tauari e pau-marfim corresponderam a trs espcies de duas famlias diferentes, erros possivelmente causados pela semelhana da madeira aliada ao desconhecimento de caractersticas peculiares do material. Tambm pode-se observar a substituio de espcies, como o caso da caxeta que tpica da Mata Atlntica (Tabebuia cassinioides - Bignoniaceae), que ficou escassa e encontra eqivalncia em madeiras claras e leves na Regio Norte do pas, tendo seu nome aplicado, por exemplo, a espcies do gnero Simarouba e algumas da famlia Moraceae. O inverso tambm ocorre, como no caso do gnero Simarouba, representado aqui com duas espcies, S. amara e S. versicolor, cujo nome popular adequado marup, pode receber quatro nomes diferentes (amap, caxeta, marup e marfim branco). O uso de alguns dos nomes incorretos pode ter ou no implicaes srias. No caso do emprego do nome caxeta e amap tambm est se tratando de um grupo de madeiras leves e claras, o que no caso das lminas representa apenas fins decorativos. No caso de usar Simarouba spp. no lugar de pau-marfim {Balfourodendron riedelianum), estaria se oferecendo uma lmina de madeira leve, de baixa densidade e portanto baixa resistncia mecnica, em lugar de uma madeira mais densa, de maior resistncia mecnica, principalmente ao impacto e abraso (por exemplo, seriam encontrados problemas no caso de carpetes de madeira) (MAINEERI & CHIMELO, 1989). Pelos resultados obtidos, observou-se que a famlia Meliaceae contribui com quatro gneros utilizados para a laminao, sendo a mais significativa. Logo em seguida a famlia Fabaceae e Sapotaceae, com trs, Moraceae, Lauraceae, Lecythidaceae e Proteaceae com dois cada, Apocynaceae, Simaroubaceae, Burseraceae, Fagaceae, Boraginaceae, Rutaceae, Caesalpiniaceae, Myrtaceae com apenas um gnero cada famlia (TABELA 6). 61 TABELA 6 - FAMLIAS E NMERO DE GNEROS ENCONTRADOS NAS LMINAS IDENTIFICADAS Famlia Nmero de Gneros Meliaceae 4 Fabaceae, Sapotaceae 3 Moraceae, Lauraceae, Lecythidaceae, Proteaceae 2 Apocynaceae, Simaroubaceae, Burseraceae, Fagaceae, Boraginaceae, Rutaceae, Caesalpiniaceae, Myrtaceae. 1 TOTAL 26 O pequeno nmero de famlias e gneros utilizados pode ser decorrente das caractersticas prprias de cada madeira, que muitas vezes no so adequadas para a laminao, por possurem, em sua estrutura, elementos que dificultam ou at impedem este processo, ou mesmo que fornecem lminas de qualidade aceitvel, mas que apresentam enormes problemas na montagem dos compensados ou revestimento de outros painis. As caractersticas das toras tambm devem ser consideradas, uma vez que nem todas apresentam forma adequada para laminao, mesmo que as caractersticas da madeira sejam favorveis ou desejveis. Na TABELA 7 so apresentadas as freqncias de ocorrncia das espcies, em relao ao nome comercial, estando j agrupadas de acordo com o nome cientfico, na totalidade das amostras coletadas. A muiratinga apresenta o maior nmero de amostras, contribuindo com 10% do total, seguida por cerejeira e mogno representando 8,57%; sucupira, goiabo, cedro e pau-marfim, com 5,71%; amap-amargoso, curupix, freij, jequitib e tauari com 4,29%; louro-faia, amescla, jequitib-rosa, eucalipto, imbuia, jatob e louro-vermelho, com 2,86%; e outras seis espcies com 1,43%. 62 TABELA 7 - FREQNCIA DAS ESPCIES ENCONTRADAS EM RELAO AO NMERO TOTAL DE AMOSTRAS COLETADAS Espcie n de Amostras Freqncia (%) Muiratinga 7 10,00 Cerejeira, Mogno 6 8,57 Sucupira, Goiabo, Cedro, Pau-marfim 4 5,71 Amap-amargoso, Curupix, Freij, Jequitib, Tauari 3 4,29 Louro-faia, Amesela, J equitib-rosa, Eucalipto, Imbuia, J atob, Louro-vermelho 2 2,86 Marfim-arana, Carvalho, Sapele, Pau-ferro, Andiroba, Marup 1 1,43 TOTAL 70 100 Praticamente todas as empresas do setor utilizam padronizao da qualidade das lminas, baseada nas dimenses e aparncia, seja ela proposta por norma nacional ou internacional, ou prpria, podendo ser, por exemplo, primeira, segunda, terceira; excelente, boa, regular, industrial, avulsas; extra, especial, primeira, industrial; dependendo do mercado e uso final. A no utilizao de tratamento preservante foi observada na maior parte dos casos, sendo que muitos problemas encontrados posteriormente tem sua causa neste fato. Algumas empresas banham as toras com fungicida e cupinicida, outras aplicam imunizantes nas lminas j cortadas, outras ainda utilizam fungicida e/ou inseticida apenas na linha de cola, na montagem do compensado. Na TABELA 8 est resumida a porcentagem de utilizao de tratamento preservante e padronizao da qualidade nas empresas. 63 TABELA 8 - PADRONIZAO DA QUALIDADE E TRATAMENTO PRESERVANTE DAS LMINAS Padronizao da Qualidade (%) Tratamento Preservante (%) No - 60 Sim 100 40 TOTAL 100 100 Os principais problemas observados nas lminas foram: ondulaes aps secagem, vazamentos, manchas de processo, rachaduras, deterioraes biolgicas, manchas naturais, revessos, variao de cor na madeira, desenho fora do centro. Durante as visitas verificou-se que a maioria dos defeitos foi causada por problemas durante a laminao ou por condies inadequadas de estocagem das toras e lminas, onde o elevado teor de umidade propicia o ambiente ideal para o desenvolvimento de fungos e outros organismos xilfagos. A presena de revessos, desenhos fora do centro e padres de cores diferentes nas lminas resultado de caractersticas intrnsecas da madeira que devem ser adequadamente exploradas, utilizando-se mtodos de corte e montagem que os valorizem, proporcionando um alto rendimento e um produto final de qualidade elevada. Observou-se que em relao ao fendilhamento, madeiras com gr direita racham mais facilmente quando verdes do que secas; madeiras com gr revessa racham mais facilmente na direo tangencial e freqentemente so mais difceis de rachar radialmente. Madeiras com raios largos geralmente apresentam figuras atraentes, mas eles indicam que estas racham mais facilmente na direo radial. As lminas de sapele, andiroba e muiratinga, em cortes radiais, apresentam faixas escuras e claras intercaladas, sendo preferidas por muitos para revestimento de mveis, pelo brilho especial produzido. 64 O louro-faia, em cortes radiais e tangenciais, apresenta os raios bem destacados, uma vez que so altos e largos; o jatob, pelo tipo de parnquima axial encontrado, forma desenhos caractersticos; o pau-ferro e o carvalho possuem desenhos especiais e atraentes pela diferena de colorao entre cerne e alburno. As lminas de louro-faia, jatob, pau-ferro e carvalho so utilizadas como lminas decorativas de alto valor comercial. Por apresentarem textura fina, gr reta e poros mltiplos radiais, as lminas de amap- amargoso e marfim-arana freqentemente racham no sentido dos raios, causando problemas para a utilizao. Um outro problema das lminas claras o escurecimento, com o passar do tempo, devido oxidao dos extrativos presentes. Algumas espcies de tauari apresentam odor muito desagradvel, o que tem causado muitos problemas de desempenho do material. Lminas oriundas de madeiras com textura grossa apresentam problemas na colagem. A presena de canais traumticos tambm afeta esta propriedade, dificultando a utilizao do material para um compensado de qualidade. Em relao s propriedades, o cedro, por ser um material mais leve e poroso, possui maior absoro de adesivos e substncias utilizadas no acabamento, sendo necessrios cuidados especiais para uma boa qualidade do produto final (MAINIERI & CHIMELO, 1989). Devido presena de leo resina ou tilos nos poros, as lminas de jequitib apresentam baixa a mdia permeabilidade a solues preservantes e contrao volumtrica menor, ao contrrio do tauari e curupix que tem alta permeabilidade e maior contrao volumtrica (MAINIERI & CHIMELO, 1989). Para o consumidor final, estas diferenas no so significativas, a menos que ocorram problemas de fungos, rachaduras que afetem a qualidade esttica do material ou emanaes desagradveis que prejudiquem no uso escolhido. Uma vez que as caractersticas anatmicas so semelhantes, madeiras dentro de um gnero apresentam o mesmo valor econmico, no 65 havendo distino pela falta de conhecimento do material utilizado ou porque as propriedades so muito prximas, ou mesmo por fraude. 5.2 DESCRIO MACROSCPICA DAS LMINAS Foram descritas as caractersticas macroscpicas (visveis a olho nu ou com lente lOx), observadas nos planos transversal (topo) e tangencial, sendo apresentadas as descries das principais espcies utilizadas. Quando apenas o gnero indicado junto ao nome comum, vrias espcies so comercializadas com a mesma denominao, no havendo distino na qualidade e preo. A primeira relacionada a mais freqente, podendo-se encontrar outras. A identificao foi baseada primeiramente na seo transversal, sendo confirmada posteriormente pela seo tangencial. A face radial no foi descrita uma vez que s possvel a anlise dos raios, ficando difcil alguma concluso. No caso de cortes que fornecem uma superfcie intermediria entre radial e tangencial, deve-se observar a parte melhor orientada ou tentar, com o auxlio de um canivete, efetuar um pequeno corte na direo correta. A classificao dos raios foi a seguinte: altos e largos quando facilmente visveis a olho nu, semelhantes ao louro-faia, onde atingem 12 mm de altura e 3 de largura; raios baixos e estreitos, algumas vezes visveis a olho nu, outras no, com no mximo 1 mm de altura e 0,5 de largura. Mdios so aqueles que atingem l-3mm de altura e 0,5-2 de largura. Os vasos foram divididos em pequenos, mdios e grandes. Pequenos quando, no corte transversal, foram observados como pontos, no sendo possvel medir com uma rgua comum; grandes quando estavam prximos a lmm e mdios com 0,3-0,5 mm. Logo aps as descries, na FIGURA 9, so apresentados os aspectos visuais das lminas estudadas, de acordo com suas orientaes de corte (corte radial, corte tangencial e corte intermedirio, radial-tangencial.) 66 AMAP-AMARGOSO (Parahancornia amapa (Huber ) Ducke) - Apocynaceae Outros nomes comerciais: amap, amap-branco, caixeta. Cor amarelada; brilho ausente; odor desagradvel; textura fina; gr direita; desenho no demarcado. Vasos indistintos a pouco distintos a olho nu, solitrios e mltiplos radiais predominantes, de dois a cinco, os ltimos ocasionais, pequenos, vazios, numerosos, porosidade difusa. Na face tangencial visveis a olho nu, longos, numerosos. Parnquima axial indistinto a olho nu, em faixas irregularmente espaadas, formando com os raios uma trama irregular. Raios indistintos a olho nu, estreitos, numerosos; na face tangencial invisveis a olho nu, pouco distintos mesmo sob lente, baixos e estreitos, no estratificados, numerosos. Camadas de crescimento indistintas. AMAP-DOCE {Brosimum parinarioides Ducke) - Moraceae Outros nomes comerciais: amap, caixeta. Cor amarelada; brilho ausente; odor imperceptvel; textura fina a mdia; gr irregular a revessa; desenho no destacado. Vasos visveis a olho nu, solitrios em maioria, geminados e mltiplos de trs a cinco ocasionais, mdios a grandes, obstrudos parcialmente por tilos, pouco numerosos, porosidade difusa. Na face tangencial visveis a olho nu, longos, poucos. Parnquima axial visvel a olho nu, paratraqueal aliforme de extenso linear e confluente em trechos curtos. Raios distintos a olho nu, mdios, muitos; na face tangencial visveis a olho nu, baixos e largos, no estratificados, muitos. 67 Camadas de crescimento indistintas a pouco distintas, demarcadas por zonas fibrosas mais escuras. AMESCLA (Trattinnickia burseraefolia (Mart.) Willd ) - Burseraceae Outros nomes comerciais: amesclo, breu-sucuruba, sucuruba, morcegueira. Cor rosada; brilho moderado; odor imperceptvel; textura fina a mdia; gr direita; desenho no destacado. Vasos pouco distintos a distintos a olho nu, solitrios em maioria, mltiplos de dois a trs e geminados presentes, pequenos, vazios ou obstrudos por tilos, numerosos, porosidade difusa. Na face tangencial, visveis a olho nu, mdios a longos, numerosos. Parnquima axial indistinto mesmo sob lente. Raios indistintos a pouco distintos a olho nu, estreitos, numerosos; na face tangencial visveis a olho nu, baixos e estreitos, no estratificados, numerosos. Camadas de crescimento aparentemente demarcadas por zonas fibrosas mais escuras. Canais radiais, s vezes, visveis sob lente. ANDIROBA (Carapa guianensis Aubl. ) - Meliaceae Outros nomes comerciais: vendida como mogno; tambm chamada de cedro macho. Cor avermelhada; brilho moderado; odor imperceptvel; textura mdia; gr direita; desenho no destacado. Vasos pouco visveis a olho nu, solitrios e mltiplos at trs, pequenos a mdios, vazios, alguns com leo resina escura ou avermelhada, numerosos, porosidade difusa. Na face tangencial visveis a olho nu, alguns com contedo, mdios, numerosos. Parnquima axial indistinto a pouco distinto a olho nu, em faixas marginais. 68 Raios indistintos a olho nu, estreitos, numerosos; na face tangencial visveis a olho nu, baixos e estreitos, no estratificados, numerosos. Camadas de crescimento distintas, demarcadas pelo parnquima axial marginal. Na face tangencial aparentemente demarcadas pela presena de faixas claras e escuras intercaladas. CARVALHO (Quercus spp.) - Fagaceae Quercus rubra L.; Quercus virginiana Mill.; Quercus alba L.; Quercus bicolor Willd. Outros nomes comerciais: oak, red oak, white oak. Cor rosa ou esbranquiada; brilho ausente; odor imperceptvel; textura mdia; gr direita; desenho caracterstico. Vasos distintos a olho nu no lenho inicial, no lenho tardio pouco distintos mesmo sob lente, solitrios em maioria, mltiplos de dois a trs e agregados presentes, pequenos e grandes, vazios ou obstrudos por tilos, numerosos, porosidade em anel poroso. Na face tangencial visveis a olho nu no lenho inicial, no lenho tardio pouco distintos, mdios, numerosos. A presena ou ausncia de tilos separa dois grupos de carvalhos, os conhecidos como carvalhos vermelhos (red oak), que apresentam pouco ou nenhum tilo, e os brancos (white oak), que possuem os poros do cerne totalmente obstrudos. Parnquima axial pouco distinto mesmo sob lente, melhor visualizado no lenho inicial, em faixas sinuosas, irregularmente espaadas. Raios pouco visveis a visveis a olho nu, mdios a largos, poucos; na face tangencial distintos a olho nu, altos, estreitos e mdios, no estratificados, poucos. Camadas de crescimento distintas pela porosidade em anel. O carvalho uma madeira importada, preferida por muitos pela beleza de suas lminas. 69 CEDRO (Cedrela spp. ) - Meliaceae Cedrela odorata L.; Cedrela fissilis Veil.; Cedrela balansae C.DC. Outros nomes comerciais: cedro rosa, cedro vermelho, cedro branco. Cor avermelhada, brilho acentuado; odor agradvel; textura mdia a grossa; gr direita ou ligeiramente irregular; desenho no destacado. Vasos visveis a olho nu, solitrios em maioria, mltiplos de dois a trs ocasionais, poros pequenos a grandes, alguns obstrudos por leo resina escura ou avermelhada, muitos, porosidade em anel semiporoso. Na face tangencial bem visveis a olho nu, com contedo, mdios a longos, muitos. Parnquima axial indistinto a pouco distinto a olho nu, em faixas marginais. Raios indistintos a olho nu, estreitos, numerosos; na face tangencial visveis a olho nu, baixos e estreitos, no estratificados, numerosos. Camadas de crescimento distintas, demarcadas pelo parnquima apotraqueal marginal e pela porosidade. CEREJEIRA (Amburana cearensis (Allemo)A.C.Sm.) - Fabaceae Amburana acreana Ducke A.C.Sm. Outros nomes comerciais: amburana, amburana de cheiro, cerejeira rajada. Cor amarelada; brilho atenuado; odor caracterstico, acentuado, agradvel; textura mdia a grossa; gr irregular; desenho caracterstico causado pelo tipo de parnquima (aspecto fibroso). Vasos visveis a olho nu, solitrios em maioria, mltiplos de dois a trs, mdios a grandes, parte obstruda por leo resina escura ou avermelhada, muitos, porosidade difusa. Na face tangencial, bem visveis a olho nu, com contedo, mdios a longos, muitos. 70 Parnquima axial visvel a olho nu, paratraqueal vasicntrico, aliforme e confluente em trechos curtos. Raios pouco visveis a olho nu, mdios, numerosos; na face tangencial, visveis a olho nu, baixos e estreitos, estratificao irregular em alguns trechos, numerosos. Camadas de crescimento indistintas. CURUPIX (Micropholis spp.) - Sapotaceae Micropholis venulosa (Mart & Eichl.) Pierre; Micropholis gardnerianum (A. C.) Pierre; Micropholis guyanensis (A.DC.) Pierre Outros nomes comerciais: grumix, grumixava. Cor rosada; brilho ausente; odor imperceptvel; textura fina a mdia, gr direita a levemente irregular; desenho no destacado. Vasos visveis a olho nu, solitrios em maioria, mltiplos radiais at trs, pequenos a mdios, alguns obstrudos por substncia esbranquiada, muitos, porosidade difusa. Na face tangencial, visveis a olho nu, alguns com contedo esbranquiado, longos, muitos. Parnquima axial pouco visvel a olho nu, em finas linhas, formando um retculo irregular com os raios. Raios pouco distintos a olho nu, estreitos, numerosos; na face tangencial, pouco visveis a olho nu, baixos e estreitos, no estratificados, numerosos. Camadas de crescimento pouco distintas, aparentemente demarcadas pelo afastamento das linhas de parnquima. 71 EUCALIPTO (Eucalyptus spp.) - Myrtaceae Cor varivel de rosado, avermelhado a branco ou castanho claro, de acordo com a espcie; brilho ausente; odor imperceptvel; textura fina a mdia; gr irregular; desenho em algumas espcies mais pronunciado que em outras. Vasos indistintos a olho nu, solitrios em maioria, mltiplos de dois a trs, arranjo diagonal, pequenos, alguns obstrudos por tilos, numerosos, porosidade difusa. Na face tangencial, visveis a olho nu, mdios a longos, numerosos. Parnquima axial pouco distinto, mesmo sob lente, paratraqueal vasicntrico e confluente. Raios indistintos a olho nu, estreitos, numerosos. Na face tangencial, visveis apenas sob lente, baixos e estreitos, no estratificados, numerosos. Camadas de crescimento indistintas; na face tangencial, aparentemente demarcadas por zonas fibrosas mais escuras. FREIJ (Cordia goeldiana Huber ) - Boraginaceae Outros nomes comerciais: louro, frei jorge, ip louro, ip tabaco, louro pardo, louro amargoso, louro branco. Cor castanho amarelado, com listras mais escuras; brilho mais acentuado na face radial; odor agradvel caracterstico, mas no muito acentuado; textura mdia; gr direita; desenho acentuado dependendo do corte. Vasos pouco distintos a distintos a olho nu, solitrios em maioria, alguns mltiplos de dois a quatro, pequenos a mdios, alguns obstrudos por tilos, poucos a muitos, porosidade difusa. Na face tangencial, tambm visveis a olho nu, mdios a longos, poucos. Parnquima axial indistinto a olho nu, pouco distinto sob lente, paratraqueal vasicntrico e aliforme. 72 Raios bem distintos a olho nu, mdios, numerosos; na face tangencial, visveis a olho nu, baixos e largos, no estratificados, numerosos. Camadas de crescimento pouco distintas, caracterizadas por zonas fibrosas mais escuras. GOIABO (Pouteria pachycarpa Pires ) - Sapotaceae Sinonimia: Planchonella pachycarpa Pires. Outros nomes comerciais: abiu, abiurana, abiurana amarela, marfim brasil, cerejeira imperial; erroneamente chamado de ip tabaco. Cor amarelada com faixas mais escuras; brilho ausente; quando recm cortado, odor desagradvel; textura fina a mdia; gr direita a irregular; desenho causado pelo parnquima e zonas fibrosas. Vasos indistintos a olho nu, mltiplos em cadeias radiais de at seis, muito pequenos a pequenos, alguns obstrudos por tilos, numerosos, porosidade difusa. Na face tangencial, pouco distintos a olho nu, mdios a longos, numerosos. Parnquima axial pouco distinto a olho nu, em faixas irregularmente espaadas, formando com os raios uma trama irregular. Raios indistintos a olho nu, estreitos, numerosos; na face tangencial, pouco distintos mesmo sob lente, baixos e estreitos, numerosos. Camadas de crescimento indistintas ou pouco distintas, demarcadas pelo afastamento das linhas de parnquima axial. 73 IMBUIA (Ocotea porosa (Nees & Mart, ex Nees) L. Barroso) - Lauraceae Outros nomes comerciais: canela imbuia, imbuia lisa, imbuia rajada. Outras espcies do gnero Ocotea e muitas do gnero Nectandra so vendidas como imbuia, as quais so popularmente conhecidas como canelas. Cor castanho claro ou escuro com linhas pretas, variando com o cerne e alburno; brilho ausente; odor caracterstico; textura mdia; gr irregular; desenho caracterstico. Vasos indistintos ou pouco distintos a olho nu, solitrios em maioria, e mltiplos at trs, pequenos, obstrudos por leo resina, numerosos, porosidade difusa. Na face tangencial, distintos a olho nu, curtos a mdios, numerosos. Parnquima axial pouco distinto mesmo sob lente, paratraqueal vasicntrico. Raios indistintos a olho nu, estreitos, numerosos; na face tangencial, pouco distintos mesmo sob lente, baixos e estreitos, no estratificados, numerosos. Camadas de crescimento pouco distintas, demarcadas por zonas fibrosas mais escuras. Na face tangencial, so bem visveis. JATOB (Hymenaea spp.) - Caesalpiniaceae Hymenaea courbaril L.; Hymenaea altssima Ducke; Hymenaea aurea Lee & Lang.; Hymenaea intermedia Ducke; Hymenaea martiana Hayne; Hymenaea oblongifolia Huber; Hymenaea palustris Ducke; Hymenaea parvifolia Huber; Hymenaea splendida Vog.; Hymenaea stignocarpa Mart, ex Hayne; Hymenaea rubriflora Ducke Outros nomes comerciais: jatai, juta. Cor marrom avermelhado, com tonalidades variveis e linhas mais escuras; brilho ausente; odor imperceptvel; textura mdia; gr direita a irregular; desenho caracterstico, resultado das camadas de crescimento. 74 Vasos pouco distintos a distintos a olho nu, bem visveis sob lente, solitrios e mltiplos at trs, pequenos a mdios, alguns obstrudos por leo resina escura e avermelhada, poucos, porosidade difusa. Na face tangencial, so bem visveis a olho nu, curtos a longos, estreitos, poucos. Parnquima axial visvel a olho nu, faixas marginais, intercalado por paratraqueal aliforme e vasicntrico escasso, visvel apenas sob lente. Raios pouco distintos a distintos a olho nu, estreitos, numerosos; na face tangencial, visveis a olho nu, baixos e estreitos, no estratificados, numerosos. Camadas de crescimento distintas, demarcadas pelo parnquima marginal. Espcies do gnero Copaifera, da mesma famlia so freqentemente confundidas com as espcies do gnero Hymenaea, uma vez que apresentam caractersticas anatmicas semelhantes, mas as propriedades fsicas e mecnicas diferem, bem como a qualidade, o rendimento em lminas e a durabilidade natural. As espcies do gnero Copaifera apresentam canais secretores intercelulares nas faixas de parnquima, os quais tem originado problemas, pela produo e armazenamento de resina, comportamento durante a colagem. JEQUITTB ( Cariniana spp.) - Lecythidaceae Outros nomes comerciais: estopeiro, erroneamente chamado de mogno real. Cor marrom avermelhada/ castanho; brilho ausente; odor imperceptvel; textura mdia; gr direita; desenho no destacado. Vasos distintos a olho nu, solitrios em maioria, mltiplos de dois a trs, pequenos a mdios, quase totalmente obstrudos por leo resina, muitos, porosidade difusa. Na face tangencial, visveis a olho nu, a maioria com contedo, curtos a mdios, muitos. Parnquima axial indistinto a olho nu, apotraqueal em faixas numerosas, formando um reticulado com os raios. 75 Raios indistintos a olho nu, estreitos, numerosos; na face tangencial, indistintos a olho nu, baixos e estreitos, no estratificados, numerosos. Camadas de crescimento aparentemente demarcadas pelo afastamento das linhas de parnquima (zonas fibrosas). Na face tangencial, levemente distintas por faixas de colorao diferente. JEQUITIB-ROSA (Cariniana micrantha Ducke) - Lecythidaceae Cariniana legalis (Mart.) O. Kuntze. Outros nomes comerciais: vendido como tauari, jequitib vermelho. Cor avermelhada; brilho atenuado; odor imperceptvel; textura mdia a grossa; gr direita a levemente irregular; desenho no destacado. Vasos distintos a olho nu, solitrios e mltiplos de dois a trs, mdios, vazios predominantes, alguns com contedo, muitos, porosidade difusa. Na face tangencial, visveis a olho nu, curtos a mdios, muitos. Parnquima axial pouco distinto a distinto a olho nu, reticulado, formado por linhas finas. Raios pouco visveis a olho nu, estreitos a mdios, numerosos; na face tangencial, visveis a olho nu, baixos e estreitos, no estratificados, numerosos. Camadas de crescimento pouco distintas, demarcadas pelo afastamento dos poros e linhas de parnquima. A separao entre o gnero Cariniana e Couratari difcil, mesmo em nvel microscpico, uma vez que as estruturas so bem prximas. 76 LOURO-FAIA (Eiiplassa spp.) - Proteaceae Euplassa pinnata I.M.J ohnst.; Euplassa incana (Klotzsch) I.M.J ohnst.; Euplassa cantareirae Sleumer Outros nomes comerciais: faieira, carvalho, carvalho brasileiro. Cor rosada; brilho caracterstico devido s dimenses dos raios; odor imperceptvel; textura grossa; gr ondulada; desenho no destacado. Vasos distintos a olho nu, solitrios e mltiplos tangenciais em agregados, pequenos a mdios, alguns com contedo escuro ou avermelhado, numerosos, porosidade difusa. Na face tangencial, visveis a olho nu, alguns com contedo, curtos a mdios, numerosos. Parnquima axial indistinto a pouco distinto a olho nu, em linhas finas, algumas vezes envolvendo os poros, formando arcos entre os raios. Raios distintos a olho nu, muito largos, poucos; na face tangencial, visveis a olho nu, altos e largos, no estratificados, poucos. Camadas de crescimento indistintas. Tambm so comercializadas com este nome madeiras do gnero Roupala, cujas caractersticas anatmicas so semelhantes, no havendo separao no comrcio, por exemplo Roupala brasiliensis Klotzsch; Roupala glabrata Klotzsch ex Meisn e Roupala montana Aubl. LOURO-VERMELHO (Nectandra rubra Mez) - Lauraceae Sinonimia: Ocotea rubra Mez. Outros nomes comerciais: louro mogno, mogno falso, canela vermelha. Cor avermelhada; brilho ausente; odor imperceptvel; textura grossa; gr direita ou diagonal; desenho no destacado. 77 Vasos pouco visveis a visveis a olho nu, solitrios e mltiplos radiais at trs, pequenos a mdios, alguns obstrudos por tilos ou leo resina, numerosos, porosidade difusa. Na face tangencial, visveis a olho nu, muitos com contedo, mdios a longos, numerosos. Parnquima axial indistinto mesmo sob lente. Raios pouco distintos a olho nu, estreitos, numerosos; na face tangencial, visveis a olho nu, baixos e estreitos, no estratificados, numerosos. Camadas de crescimento indistintas. MARFIM-ARANA (Chrysophyllum spp.) - Sapotaceae Outros nomes comerciais: vendido como pau-marfim. Cor amarelada; brilho ausente; odor desagradvel quando recm cortado; textura fina; gr direita; desenho no destacado. Vasos indistintos ou pouco distintos a olho nu, solitrios e mltiplos em cadeias radiais predominantes, cadeias com at seis poros, muito pequenos a pequenos, tilos presentes, numerosos, porosidade difusa. Na face tangencial, distintos a olho nu, longos, numerosos. Parnquima axial visvel apenas sob lente, em linhas onduladas, irregularmente espaadas, formando uma trama irregular com os raios. Raios distintos s sob lente, estreitos, numerosos; na face tangencial, indistintos a olho nu, pouco distintos sob lente, baixos e estreitos, no estratificados, numerosos. Camadas de crescimento pouco distintas, aparentemente demarcadas pelo afastamento das linhas de parnquima. MARUP (Simarouba spp.) - Simaroubaceae Simarouba amara Aubl. ; Simarouba versicolor St. Hill.; Simarouba glauca DC. Outros nomes comerciais: amap, caxeta, marfim branco. 78 Cor amarelada; brilho atenuado; odor imperceptvel; textura fina; gr direita; desenho no destacado. Vasos visveis a olho nu, solitrios em maioria, mltiplos de dois a trs presentes, mdios, vazios em maioria, leo resina presente, poucos, porosidade difusa. Na face tangencial, visveis a olho nu, alguns com contedo avermelhado, mdios a longos, poucos. Parnquima axial indistinto a olho nu, paratraqueal aliforme de extenso linear e confluente em trechos curtos e longos, algumas vezes formando linhas finas e irregulares. Raios pouco distintos a olho nu, estreitos, numerosos; na face tangencial, visveis a olho nu, baixos e estreitos, estratificados, numerosos. Camadas de crescimento indistintas. Canais axiais normais presentes em faixas marginais. MOGNO (Swietenia macrophylla King.) - Meliaceae Outros nomes comerciais: aguano, mahogany, mogno brasileiro. Cor avermelhada, brilho caracterstico causado pelos raios; odor imperceptvel; textura mdia; gr direita. Vasos visveis a olho nu, solitrios e geminados em maioria, mltiplos at trs, mdios, obstrudos com leo resina escura e avermelhada, numerosos, porosidade difiisa. Na face tangencial, visveis a olho nu, contedo vascular branco distinto em quase todos, mdios a longos, numerosos. Parnquima axial pouco distinto a olho nu, em faixas marginais. Raios distintos a olho nu, estreitos, numerosos; na face tangencial, visveis a olho nu, baixos e estreitos, estratificados, s vezes escalonados, numerosos. Camadas de crescimento distintas, demarcadas pelo parnquima apotraqueal marginal. 79 MUIRATINGA (Maquira guianensis Aubl.) - Moraceae Sinonimia: Olmedia guianensis (Aubl.) Trecul & Endl. Outros nomes comerciais: marfim brasil, marfim do norte, marfim cascudo; erroneamente chamada de koto. Cor amarelada; brilho moderado; odor imperceptvel; textura fina; gr direita; desenho no destacado. Vasos visveis a olho nu, solitrios em maioria, mltiplos at trs, pequenos a mdios, vazios, numerosos, porosidade difusa. Na face tangencial, pouco distintos a olho nu, alguns com contedo avermelhado, curtos a mdios, numerosos. Parnquima axial pouco distinto mesmo sob lente, paratraqueal vasicntrico e aliforme losangular de extenso muito curta. Raios pouco distintos a distintos a olho nu, estreitos a mdios, numerosos; na face tangencial, pouco visveis a visveis a olho nu, baixos e mdios, no estratificados, numerosos. Camadas de crescimento indistintas. PAU-FERRO (Machaerium scleroxylon Tul.) - Fabaceae Outros nomes comerciais: cavina, cavina vermelha, jacarand ferro, jacarand cavina. Cor escura, cerne e alburno bem diferenciados, alburno amarelado, cerne castanho escuro com estras caractersticas; brilho ausente; odor imperceptvel; textura fina; gr direita a irregular; desenho caracterstico. Vasos indistintos a olho nu, solitrios em maioria, mltiplos at trs, muito pequenos a pequenos, vazios, numerosos, porosidade difusa. Na face tangencial, visveis a olho nu, curtos a mdios, numerosos. 80 Parnquima axial pouco distinto, mesmo sob lente, paratraqueal vasicntrico e aliforme, finas linhas marginais presentes. Raios indistintos a pouco distintos mesmo sob lente, estreitos, numerosos; na face tangencial, visveis s sob lente, muito baixos e estreitos, estratificados, numerosos. Camadas de crescimento distintas, demarcadas por zonas fibrosas e finas linhas de parnquima marginal. PAU-MARFIM (Balfourodendron riedelianum Engl.) - Rutaceae Outros nomes comerciais: pau-marfim, guatambu, guatambu branco, farinha seca. Cor amarelada; brilho ausente; odor imperceptvel; textura fina; gr irregular; desenho no destacado. Vasos indistintos a olho nu, solitrios e mltiplos at quatro, muito pequenos, vazios, muito numerosos, porosidade difusa. Na face tangencial, pouco distintos a distintos a olho nu, curtos, muito numerosos. Parnquima axial pouco distinto mesmo sob lente, em faixas marginais. Raios pouco distintos a olho nu, estreitos, numerosos; na face tangencial, indistintos a olho nu e pouco distintos mesmo sob lente, baixos e estreitos, no estratificados, numerosos. Camadas de crescimento distintas, demarcadas pelo parnquima marginal. SAPELE (Entandrophragma cylindricum Sprage) - Meliaceae Outros nomes comerciais: mogno, mogno africano, confundido com a madeira de andiroba, african mahogany. Cor avermelhada; brilho acentuado no corte radial; odor imperceptvel; textura fina a mdia; gr direita; desenho no destacado. 81 Vasos pouco visveis a visveis a olho nu, solitrios em maioria e mltiplos at trs, pequenos, alguns obstrudos por leo resina avermelhada, numerosos, porosidade difusa. Na face tangencial, distintos a olho nu, curtos a mdios, numerosos. Parnquima axial pouco distinto mesmo sob lente, em faixas marginais. Raios indistintos a olho nu, estreitos, numerosos; na face tangencial, visveis a olho nu, baixos e estreitos, estratificados, numerosos. Camadas de crescimento pouco distintas, demarcadas pelo parnquima marginal. O sapele uma madeira importada, sendo utilizado pela semelhana da madeira com o mogno e beleza da lmina. SUCUPIRA (Bowdichia nitida Spruce) - Fabaceae Bowdichia major (Mart.) Benth.; Bowdichia brasiliensis (Tul.) Ducke Outros nomes comerciais: sucupira preta, sucupira parda. Cor pardo escuro com manchas pretas; brilho ausente; odor imperceptvel; textura grossa; gr revessa; desenho caracterstico (aspecto fibroso). Vasos distintos a olho nu, solitrios em maioria, mltiplos de dois a trs, mdios, alguns obstrudos por leo resina, muitos, porosidade difusa. Na face tangencial, visveis a olho nu, alguns com contedo esbranquiado, curtos a mdios, muitos. Parnquima axial distinto a olho nu, paratraqueal vasicntrico, aliforme e confluente em trechos curtos. Raios indistintos a olho nu, estreitos a mdios, numerosos; na face tangencial, pouco distintos a distintos a olho nu, baixos e estreitos, estratificados, numerosos. Camadas de crescimento indistintas. 82 Tambm so encontradas com este nome madeiras do gnero Diplotropis, cujas diferenas anatmicas so atribudas, no comrcio, a variaes da prpria madeira, no havendo separao. O gnero Diplotropis no apresenta estratificao dos raios. TAUARI (Couratari spp.) - Lecythidaceae Couratari oblongifolia Ducke & R.Knuth; Couratari stellata A.C.Sm; Couratari guianensis Aubl.; Couratari coriacea Mart, ex Berg.; Couratari martiana (Berg.) Miers; Couratari multiflora (Sm.) Gyma Cor amarelada, com faixas mais claras intercaladas com escuras; brilho no destacado; odor imperceptvel em algumas espcies, em outras muito desagradvel; textura mdia; gr direita; desenho no destacado. Vasos bem distintos a olho nu, solitrios predominantes, geminados e mltiplos at quatro, pequenos a mdios, vazios, muitos, porosidade difusa. Na face tangencial, so bem visveis a olho nu, mdios a longos, muitos a numerosos. Parnquima axial pouco distinto a olho nu, bem visvel sob lente, reticulado. Raios pouco visveis a olho nu, estreitos, numerosos; na face tangencial, pouco distintos a indistintos a olho nu, sob lente bem destacados dependendo da regularidade do corte e iluminao, mdios e estreitos, no estratificados, numerosos. Camadas de crescimento indistintas a pouco distintas, demarcadas por zonas fibrosas mais escuras. 83 , Amap Amargoso (Parahancornia Omap(l) (Simarollba amara)1 . Marfim sp.)1 Pau Marfim FIGURA 9 - ASPECTOS VISUAIS DAS LMINAS ESTUDADAS DE ACORDO COM SUAS ORIENTAES DE CORTE. lCORTE TANGENCIAL; 2 CORTE RADIAL; 3 CORTE RADIAL-TANGENCIAL. 84 FIGURA 9 - ASPECTOS VISUAIS DAS LMINAS ESTUDADAS DE ACORDO COM SUAS ORIENTAES DE CORTE. ICORTE TANGENCIAL; 2 CORTE RADIAL; 3 CORTE RADIAL-TANGENCIAL. (CONTINUAO). 85 FIGURA 9 - ASPECTOS VISUAIS DAS LMINAS ESTUDADAS DE ACORDO COM SUAS ORIENTAES DE CORTE. 'CORTE TANGENCIAL; 2 CORTE RADIAL; 3 CORTE RADIAL-TANGENCIAL. (CONTINUAO). 86 ['t:ll,U'll": I, . , , .; ~ o I, ri " j' . I' li' " I"), UI : J . .' IPUI " P , " ' I I I ffi l1 IIi It: 1,'\+' I J J ~ L lliI ' Tauari (COl/ralari Sp.)l FIGURA 9 - ASPECTOS VISUAIS DAS LMINAS ESTUDADAS DE ACORDO COM SUAS ORIENTAES DE CORTE. 'CORTE TANGENCIAL; 2 CORTE RADIAL; 3 CORTE RADIAL-TANGENCIAL, (CONTINUAO), 87 5.3 OBSERVAES GERAIS Com os dados das descries anatmicas macroscpicas, as espcies mais semelhantes foram reunidas em grupos e vrias observaes puderam ser verificadas. Na TABELA 9, foram reunidos mogno, sapele, cedro, andiroba, jatob, louro- vermelho e jequitib, em funo da aparncia macroscpica que apresentam, com colorao avermelhada em diferentes matizes. Estas espcies so comercializadas com a denominao de padro mogno. Os vasos, de uma maneira geral, apresentam-se diferenciados na maior parte dos casos, sendo que a andiroba, o jatob e o louro-vermelho possuem alguma similaridade. A porosidade difusa em todas as espcies, exceto no cedro que em anel semiporoso. A presena de leo resina nos poros ocorre em todos os casos. O parnquima axial em faixas marginais no mogno, sapele, cedro e andiroba, j o jatob apresenta tambm o tipo vasicntrico escasso e aliforme, sendo no louro-vermelho indistinto e no jequitib reticulado. Os raios so finos em todas as espcies, apresentando estratificao apenas no mogno e sapele. As camadas de crescimento so demarcadas pelo parnquima axial marginal, com exceo do louro, onde so indistintas, e jequitib, onde so definidas por zonas fibrosas. Na TABELA 10 foram reunidos pau-marfim, marfim-arana, muiratinga, marup, amap-amargoso e amap-doce, espcies com cores amareladas, em diferentes matizes. No comrcio, fazem parte da denominao padro marfim. Todas as espcies possuem porosidade difusa. No marup alguns poros so obstrudos por leo resina; no marfim-arana e amap-doce ocorre a presena de tilos; nas outras so vazios. O tamanho dos poros muito varivel, sendo muito pequenos no pau-marfim, pequenos no amap-amargoso, muito pequenos a pequenos no marfim-arana, mdios no marup, e mdios a grandes no amap-doce. Quanto ao arranjo, os poros so solitrios em maioria na muiratinga, marup e amap-doce. A presena de poros 88 mltiplos verificada no pau-marfim, muiratinga e amap-amargoso, no qual a ocorrncia de cadeias radiais freqente. O parnquima axial apresenta-se de forma bem diferenciada. O marfim-arana e amap-amargoso possuem esta estrutura em forma de linhas irregulares. No pau-marfim, o parnquima em faixas marginais. No amap-doce aliforme linear e confluente em trechos curtos e no marup, alm destes, aparecem confluncias em trechos longos, algumas vezes formando linhas. Na muiratinga o parnquima vasicntrico e aliforme losangular de extenso muito curta. Os raios so finos e no apresentam estratificao em todas as espcies, exceto no marup onde so estratificados. Apenas o pau-marfim possui camadas de crescimento demarcadas pelo parnquima axial marginal. No caso do marfim-arana e amap-doce so diferenciados por zonas fibrosas e nas outras espcies (muiratinga, marup e amap-amargoso) so indistintas. Na TABELA 11, foram reunidos tauari, curupix e jequitib-rosa. Em todas as espcies as caractersticas so muito semelhantes. Apenas o tauari possui poros vazios, nos outros casos contedo e leo resina esto presentes. No jequitib-rosa o agrupamento de solitrios e mltiplos, sendo que nos outros, os poros solitrios predominam. Quanto ao tamanho, a diferena muito pequena, sendo que, com exceo do jequitib-rosa, onde predominam os mdios, os poros das outras espcies variam de pequenos a mdios. As camadas de crescimento so demarcadas por zonas fibrosas, os raios so finos e no estratificados, o parnquima axial reticulado e a porosidade difusa em todos os casos. A diferenciao destas espcies muito difcil. O restante das espcies (amescla, carvalho, cerejeira, eucalipto, freij, goiabo, imbuia, louro-faia, pau-ferro, sucupira), que apresentam caractersticas distintas, no foram agrupados, uma vez que no foram observados erros na identificao e comercializao. TABELA 9 - RESUMO COMPARATIVO ENTRE SEMELHANTES - GRUPO MOGNO Caracterstica Mogno Sapele Andiroba Cedro Jequitib Louro-Vermelho Jatob (Swietenia sp.) (Entandrophragma sp.) (Carapa sp.) (Cedrela sp.) (Cariniana sp.) (Nectandra sp.) (Hymenaea sp.) Vasos/Poros solitrios e geminados solitrios emmaioria solitrios e mltiplos solitrios emmaioria solitrios emmaioria solitrios emltiplos solitrios e mltiplos mdios pequenos pequenos amdios pequenos e grandes pequenos amdios pequenos a mdios pequenos a mdios leo resina leo resina leo resina leo resina leo resina leo resina leo resina porosidadedifusa porosidadedifusa porosidadedifusa porosidade emanel porosidadedifusa porosidadedifusa porosidadedifusa Parnquima faixas marginais faixas marginais faixas marginais faixas marginais reticulado indistinto faixas marginais, Axial aliformee vasicntrico escasso. Raios finos finos finos fmos finos finos finos estratificados estratificados no estratificados no estratificados no estratificados no estratificados no estratificados Camadas de parnquima marginal parnquima marginal parnquima parnquima zonas fibrosas indistintas parnquima Crescimento marginal marginal marginal TABELA 10 - RESUMO COMPARATIVO ENTRE SEMELHANTES - GRUPO PAU MARFIM Caracterstica Pau-Marfim (Balfourodendron sp.) Marfim-Arana (Chrysophyllum sp.) Muiratinga (Maquira sp.) Marup (Simarouba sp.) Amap-Amargoso (Parahancornia sp.) Amap-Doce (Brosimum sp.) Vasos/Poros solitrios e mltiplos muito pequenos vazios porosidadedifusa solitrios, cadeias radiais muito pequenos a pequenos tilos presentes porosidadedifusa solitrios emmaioria pequenos amdios vazios porosidadedifusa solitrios emmaioria mdios leo resina presente porosidadedifusa solitrios, mltiplos radiais pequenos vazios porosidadedifusa solitrios emmaioria mdios a grandes tilos presentes porosidadedifusa Parnquima Axial faixas marginais linhas irregulares vasicntrico, aliforme losangular de extenso muito curta aliforme linear e confluente em trechos curtos e longos linhas irregulares aliforme linear e confluente em trechos curtos Raios fmos no estratificados finos no estratificados finos no estratificados finos estratificados finos no estratificados mdios no estratificados Camadas de Crescimento parnquima marginal zonas fibrosas indistintas indistintas indistintas zonas fibrosas TABELA 11 - RESUMO COMPARATIVO ENTRE SEMELHANTES - GRUPO TAUARI Caracterstica Tauari (Couratari sp.) Curupix (Micropholis sp.) Jequitib-Rosa (Cari ni ana sp.) Poros solitrios emmaioria pequenos a mdios vazios porosidade difusa solitrios emmaioria pequenos a mdios contedo presente porosidade difusa solitrios e mltiplos mdios contedo presente porosidade difusa Parnquima Axial reticulado retculo irregular reticulado Raios finos no estratificados finos no estratificados finos a mdios no estratificados Camadas de Crescimento zonas fibrosas zonas fibrosas zonas fibrosas 91 5.4 CHAVE DE IDENTIFICAO De acordo com as caractersticas anatmicas macroscpicas, das amostras coletadas, foi possvel a elaborao de uma chave de identificao, segundo os grupos citados anteriormente. GRUPO MOGNO Neste grupo foram reunidos mogno, sapele, cedro, andiroba, jatob, louro-vermelho e jequitib, em funo da aparncia macroscpica que apresentam, com colorao avermelhada em diferentes matizes. Estas espcies so comercializadas com a denominao de padro mogno. 1 a. Parnquima axial distinto 2 b. Parnquima axial indistinto louro-vermelho (Nectandra rubra) 2 a. Parnquima axial apenas em faixas marginais 4 b. Parnquima axial de outro tipo 3 3 a. Parnquima axial aliforme e vasicntrico escasso jatob (Hymenaea sp.) b. Parnquima axial reticulado jequitib (Cariniana sp.) 4 a. Porosidade difusa 5 b. Porosidade em anel semiporoso cedro (Cedrela sp.) 5 a. Raios estratificados 6 b. Raios no estratificados andiroba (Carapa guianensis) 6 a. Vasos pequenos, solitrios em maioria sapele (Entandrophragma cylindrcum) b. Vasos mdios, solitrios e geminados mogno (Swietenia macrophylla) 92 No grupo do mogno, os vasos podem apresentar-se como fator de caracterizao de algumas espcies, como por exemplo, na separao entre o mogno e o cedro que podem ser diferenciados por apresentar, respectivamente, vasos solitrios e geminados com porosidade difusa, e solitrios em maioria com porosidade em anel. A diferenciao do mogno e sapele pode ser feita atravs do tamanho dos vasos (mdios e pequenos, respectivamente). A porosidade tambm pode diferenciar completamente o cedro das demais espcies do grupo. Este elemento da anatomia no serve para diferenciar espcies como andiroba, jatob e louro- vermelho, que por outro lado esto isoladas do mogno, sapele e cedro pelo seu agrupamento caracterstico (solitrios e mltiplos). O parnquima axial um elemento de restrita utilizao para diferenciao deste grupo, pois a maioria apresenta faixas marginais. Entretanto, o jatob, que apresenta faixas marginais intercaladas por aliforme e vasicntrico escasso, o louro, onde indistinto, e o jequitib, que apresenta parnquima reticulado, se diferenciam dos demais. Por outro lado, este elemento pode facilmente distinguir a andiroba do jatob e louro-vermelho. A estratificao dos raios um elemento de grande importncia na diferenciao entre mogno e sapele e as demais espcies do grupo. Em alguns casos o mogno no apresenta raios estratificados, sendo necessria e importante a verificao de contedo esbranquiado em seus poros. As camadas de crescimento apresentam-se na maioria delimitadas pelo parnquima marginal, no sendo um fator de distino entre espcies, com exceo do louro-vermelho, que apresenta camadas de crescimento indistintas, e o jequitib onde demarcado por zonas fibrosas. GRUPO PAU-MARFIM Neste grupo foram reunidos pau-marfim, marfim-arana, muiratinga, marup, amap- amargoso e amap-doce, espcies com cores amareladas, em diferentes matizes. No comrcio, fazem parte da denominao padro marfim. 93 1 a. Parnquima aliforme linear e confluente 2 b. Parnquima de outro tipo 3 2 a. Raios estratificados marup (Simarouba sp.) b. Raios no estratificados amap-doce (Brosimum parinarioides) 3 a. Parnquima em faixas marginais pau-marfim(Balfourodendron riedelianum) b. Parnquima de outro tipo 4 4 a. Poros solitrios em maioria, parnquima axial aliforme losangular de extenso muito curta, camadas de crescimento indistintas muiratinga (Maquira guianensis). b. Poros solitrios e mltiplos 5 5 a. Poros muito pequenos a pequenos, solitrios e em cadeias radiais de at seis poros, tilos presentes marfim-arana (Chrysophyllum sp.) b. Poros pequenos, mltiplos radiais, tilos ausentes amap-amargoso (Parahancornia amapa) No grupo do pau-marfim, os vasos se apresentam vazios ou obstrudos, pela presena de tilos no caso do marfim-arana e amap-doce, e leo resina no marup, fatores que podem distingui-los de outras espcies. O marfim-arana pode se distinguir de todo grupo pela presena de vasos solitrios e cadeias radiais. O parnquima axial diferente em todas as espcies, portanto cada um apresenta a sua especificidade. Os raios finos e estratificados do marup o distinguem de todo o restante do grupo, que apresentam raios no estratificados. As camadas de crescimento definem algumas espcies deste grupo, como por exemplo, o pau- marfim, que apresenta parnquima marginal delimitando esta estrutura. 94 GRUPO TAUARI Neste grupo foram reunidos tauari, curupix e jequitib-rosa. Em todas as espcies as caractersticas so muito semelhantes e a diferenciao a nvel macroscpico torna-se muito difcil. 1 a. Poros solitrios em maioria b. Poros solitrios e mltiplos 2 a. Poros vazios, cor amarelada b. Poros com contedo, cor rosada 2 jequitib-rosa (Cariniana micranth) tauari (Couratari sp.) curupix (Micropholis sp.) No caso das amostras coletadas, pequenas variaes foram observadas, o que nem sempre ocorre. Os poros podem se apresentar como elemento de distino, como por exemplo no tauari, que possui poros vazios e no jequitib-rosa, que apresenta poros solitrios e mltiplos. O parnquima axial, raios e camadas de crescimento, no se apresentam como elementos de grande valia para a distino entre estas espcies, uma vez que so muito semelhantes. 6 CONCLUSES E RECOMENDAES 95 Com base nos resultados obtidos neste trabalho, ficou comprovada a possibilidade de se realizar a identificao das lminas, faqueadas ou torneadas, atravs da anlise macroscpica. Foram identificadas 35 espcies de madeira, de diferentes procedncias, colhidas na regio de Curitiba, sob forma de lminas. Alm de espcies amaznicas e da Mata Atlntica, pode-se observar a presena de espcies de reflorestamento, como o eucalipto, e madeiras importadas, como o sapele e carvalho. Como foi verificado, na maioria dos casos, devido ao tipo de corte utilizado, as lminas so irregularmente orientadas, sendo necessria maior ateno e conhecimento das estruturas da madeira para uma identificao correta. Somado a este fato, a identificao das lminas se torna mais difcil em virtude das dimenses limitadas do corte transversal, onde so avaliadas, normalmente, as principais caractersticas anatmicas. Verifcou-se que, devido, principalmente, ao uso tradicional de algumas madeiras no comrcio de mveis, o nome comercial fornecido pelas empresas, muitas vezes, no corresponde sua identificao cientfica. Os padres mogno e marfim, indicativos de lminas semelhantes em cor e textura, renem um grupo de pelo menos seis espcies, sem que todas sejam de fato mogno (Swieenia macrophyll) e pau-marfim(Balfonrodendron riedelianum). O mogno foi o responsvel pelos maiores erros, encontrando-se com este nome cinco gneros diferentes, seguido do amap, caxeta e tauari com trs gneros, e o cedro, curupix, louro-faia, pau-marfim, marfim-brasil, com dois gneros distintos. 96 Observando-se a listagem dos outros nomes comerciais utilizados, verifica-se na muiratinga a existncia no nome koto, que de uma madeira africana, pertencente ao gnero Pterygoid, da famlia Sterculiaceae, com caractersticas bem diferentes de uma madeira do gnero Maquira, como por exemplo o parnquima axial que em faixas largas, formando um retculo com os raios, o que caracteriza um grande erro de nomenclatura e possivelmente tem conseqncias no seu emprego. A constatao de erros na identificao das madeiras ressalta a necessidade de adoo de uma tcnica de identificao, com base na estrutura anatmica do lenho, e da padronizao da nomenclatura comercial das madeiras, com base em documentos elaborados por rgos idneos, como as publicaes do IBAMA. Tambm deveria ocorrer uma mudana de mentalidade das pessoas, que, por tradio, acreditam que apenas esta ou aquela madeira apresenta qualidade adequada, fazendo com que o comrcio use de artifcios para garantir a venda e aplicao de novas espcies, com propriedades diferentes. Consideram-se os seguintes pontos como os mais importantes e significantes na identificao macroscpica de lminas das espcies pesquisadas neste trabalho: 1) No grupo do mogno, avaliando-se inicialmente o parnquima axial, e depois os raios e vasos, pode-se identificar algumas espcies: o jequitib o nico com parnquima axial reticulado; o louro-vermelho pode ser identificado por apresentar parnquima axial e camadas de crescimento indistintas; o jatob pode se diferenciar pelo maior nmero de faixas de parnquima axial, intercalado por aliforme e vasicntrico escasso; o cedro pode ser identificado por ser o nico com porosidade em anel do grupo; 97 a andiroba pode ser identificada e distinguida do mogno e sapele por apresentar raios no estratificados; o mogno e o sapele, que apresentam caractersticas anatmicas semelhantes, podem ser distinguidos um do outro pelo tamanho dos poros, onde o mogno apresenta poros maiores; 2) No grupo do pau-marfim, algumas caractersticas que podem identificar e distinguir espcies so enumeradas abaixo: o pau-marfim pode ser identificado por apresentar parnquima axial em faixas marginais e camadas de crescimento delimitadas por esta estrutura; marup e amap-doce apresentam parnquima axial aliforme de extenso linear e confluente em trechos curtos, sendo diferenciados pela presena de estratificao dos raios no marup; amap-amargoso e marfim-arana apresentam poros mltiplos radiais, sendo diferenciados pela presena de cadeias radiais de at seis poros no marfim-arana, enquanto no amap-amargoso a grande maioria de dois a trs poros; muiratinga apresenta parnquima vasicntrico e aliforme losangular, de extenso muito curta e poros solitrios em maioria; 3) No grupo do tauari, de espcies muito semelhantes anatmicamente, a separao macroscpica muito difcil, e pequenas caractersticas devem ser observadas. a cor e a textura devem ser observadas; o curupix pode ser distinguido por apresentar reticulado mais irregular e vasos solitrios em maioria. 98 tauari (Couratari sp.) e jequitib-rosa (Cariniana sp.) so muitos semelhantes e a separao no ocorre na prtica, sendo comercializados com a denominao de tauari. Pelas caractersticas analisadas neste trabalho conclui-se que, para a separao entre duas espcies, o parnquima axial deve ser a primeira estrutura avaliada, seguida pelos poros (agrupamento, tamanho, obstruo e porosidade) e os raios, fechando a identificao. 99 7 REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS 1 ABPM. Perfil de consumo de produtos de madeira; processamento mecnico. So Paulo: ABPM, 1989. 32p. 2 ALBUQUERQUE, CEC.de. Laminao: da madeira dos sarcfagos moderna indstria. Revista da Madeira. Ano 5, n 29, 1997 3 BURGER, LM. & RICHTER, HG. Anatomia da madeira. So Paulo: Nobel, 1991. 154p. 4 CAM ARGOS, J AA.; CZARNESKI, CM.; MEGUERDITCHIAN, I. & OLIVEIRA, D. Catlogo de rvores do Brasil. Braslia: IBAMA, LPF, 1996. 888p. 5 CHIMELO, J P. & ALFONSO, VA. Anatomia e identificao de madeiras. In: IPT. Madeira: o que e como pode ser processada e utilizada. So Paulo: ABPM, 1985. p.23-58 (Boletim ABPM 36). 6 CORE, HA.; CT, WA & DAY, AC Wood structure and identification. 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