D - Nisgoski, Silvana

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 113

SILVANA NISGOSKI

IDENTIFICAO E CARACTERIZAO ANATMICA


MACROSCPICA DAS PRINCIPAIS ESPCIES UTILIZADAS
PARA LAMI NAO NA REGIO DE CURITIBA - PR.
Dissertao apresentada ao Curso de Ps-
Graduao em Engenharia Florestal do Setor
de Cincias Agrrias da Universidade Federal
do Paran, como requisito parcial obteno
do Ttulo de "Mestre em Cincias Florestais".
Orientadora:
Prof.
a
Dr.
a
Graciela Ins Bolzon de Muiz
CURITIBA
1999
1 1
HT
II
-...i
n
J i m
jffli
U-
m
MINISTRIO DA EDUCAO E DO DESPORTO
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARAN
SETOR DE CINCIAS AGRRIAS
CURSO DE PS-GRADUAO EM ENGENHARIA FLORESTAL
P A R E C E R
Os membros da Banca Examinadora designada pelo Colegiado do Curso de Ps-
Graduao em Engenharia Florestal, reuniram-se para realizar a argio da Dissertao de
Mestrado, apresentada pela candidata SILVANA NISGOSKI, sob o ttulo
"IDENTIFICAO E CARACTERIZAO ANATMICA MACROSCPICA DAS
PRINCIPAIS ESPCIES UTILIZADAS PARA LAMINAO NA REGIO DE
CURITIBA - PR.", para obteno do grau de Mestre em Cincias Florestais, no Curso de
Ps-Graduao em Engenharia Florestal do Setor de Cincias Agrrias da Universidade
Federal do Paran, rea de Concentrao TECNOLOGIA E UTILIZAO DE
PRODUTOS FLORESTAIS
Aps haver analisado o referido trabalho e argido a candidata so de parecer pela
"APROVAO" da Dissertao, com mdia final:( J.O ), correspondente ao conceito:( A- ).
Curitiba, 05 de novembro de 1999
Prof. M.Sc/Gregric/Ceccantini
Segundo Examinador
UFPR
Aos meus pais
DEDICO
ii
AGRADECIMENTOS
Universidade Federal do Paran, pela oportunidade e Coordenao de
Aperfeioamento de Pessoal de Nvel Superior (CAPES) pela bolsa concedida.
Aos professores Dr.
a
Graciela Ins Bolzon de Muiz e M.Sc. Umberto Klock pela
orientao e apoio na execuo do trabalho.
s empresas de laminao de Curitiba pelo fornecimento do material, sem o qual no
seria possvel o desenvolvimento deste estudo.
Aos colegas e amigos Martha Andreia Brand, Danielle Previdi Olandoski, Fernando
J os Fabrowski e Sanatiel de J esus Pereira, e tcnica qumica Dionia Calixto de Souza pela
presena e companheirismo em todos os momentos.
Ao Prof. Gregorio Ceccantini pelo apoio, reviso e sugestes.
A todos os colegas e amigos do Curso de Ps Graduao que, direta ou indiretamente,
auxiliaram neste trabalho.
iii
BIOGRAFIA DA AUTORA
Silvana Nisgoski, filha de Relindis Kugler Nisgoski e Paulo Renato Nisgoski, nasceu
em 15 de outubro de 1974, em Curitiba, estado do Paran.
Concluiu o curso primrio e ginasial no Colgio Estadual Manoel Ribas, em Harmonia,
Telmaco Borba, Paran, em 1988.
Concluiu o curso de segundo grau, Educao Geral, no Colgio Estadual Manoel
Ribas, em Harmonia, Telmaco Borba, Paran, em 1991.
Trabalhou como professora de ingls nas Escolas Fisk, em Telmaco Borba, Paran, no
perodo de 1989 a 1991.
Ingressou no curso de Engenharia Florestal da Universidade Federal do Paran em
1992.
Participou do PET (Programa Especial de Treinamento) da CAPES (Coordenao de
Aperfeioamento de Pessoal de Nvel Superior), de Engenharia Florestal - UFPR, de maro de
1994 a maro de 1997.
Graduou-se como Engenheiro Florestal, pela Universidade Federal do Paran, em
maro de 1997.
Ingressou no Curso de Ps Graduao em Cincias Florestais da Universidade Federal
do Paran, nvel Mestrado, rea de concentrao Tecnologia e Utilizao de Produtos
Florestais em maro de 1997.
iv
SUMRIO
LISTA DE TABELAS viii
LISTA DE FIGURAS ix
RESUMO X
ABSTRACT xi
1 INTRODUO 01
2 OBJETIVO GERAL 04
2.1 OBJ ETIVOS ESPECFICOS 04
3 REVISO DE LITERATURA 05
3.1 PLANOS DE OBSERVAO 05
3.2 COMPONENTES ORGNICOS DA MADEIRA 07
3.2.1 Celulose 07
3.2.2 Polioses 07
3.2.3 Lignina 08
3.2.4 SubstnciasPcticas 09
3.2.5 Extrativos 09
3.3 PROPRIEDADES ORGANOLPTICAS 10
3.3.1 Cor H
3.3.2 Brilho 12
3.3.3 Odor e Gosto 12
3.3.4 Textura 13
3.3.5 Gr 13
3.3.5.1 Gr direita (Linheira ou Reta) 14
IX
3.3.5.2 Grs irregulares 14
3.3.6 Desenho 16
3 .4 CARACTERSTICAS ANATMICAS DA MADEIRA DAS FOLHOSAS
(ANGIOSPERMAS DICOTILEDNEAS) 16
3.4.1 Anis de Crescimento 17
3.4.2 Cerne e Alburno 18
3.4.3 Vasos (Poros) 20
3.4.4 Parnquima Axial 22
3.4.5 Fibras 24
3 .4.6 Parnquima Radial (raios ou parnquima transversal) 24
3.4.7 Caracteres Especiais 25
3.5 LAMINAO 28
3.5.1 Histrico 28
3.5.2 Situao Atual e Perspectivas 29
3.5.3 Terminologia 32
3.5.4 Aspectos Gerais 33
3.5.5 Tipos de Corte 36
3.5.6 Defeitos nas Lminas 41
3.5.7 Fatores que Afetam a Colagem 43
3.5.8 Principais Tipos de Defeitos na Colagem das Lminas 45
3 .5 .9 Controle de Qualidade 45
3.5.10 Classificao das Lminas 46
3.6 ACABAMENTOS OU REVESTIMENTOS 48
3.6.1 Tratamentos de Conservao Contra o Apodrecimento e Insetos 50
3.6.2 Defeitos Iniciais de Acabamento 51
vi
4 MATERIAL E MTODOS 52
4.1 ESPCIES 52
4.2 IDENTIFICAO DO MATERIAL 52
4.3 MICROTCNICA 53
4.4 DESCRIO DAS LMINAS 54
4.5 ILUSTRAES 55
5 RESULTADOS E DISCUSSO 56
5.1 ESPCIES AMOSTRADAS 56
5.2 DESCRIO MACROSCPICA DAS LMINAS 65
5.3 OBSERVAES GERAIS 87
5.4 CHAVE DE IDENTIFICAO 91
6 CONCLUSES E RECOMENDAES 95
7 REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS 99
vii
LISTA DE TABELAS
TABELA 1 - EVOLUO DA PRODUO MUNDIAL DE PAINIS DE
MADEIRA 30
TABELA 2 - PERFIL DA PRODUO BRASILEIRA DE PAINIS 31
TABELA 3 - EXPORTAO PARANAENSE DE PRODUTOS FLORESTAIS 31
TABELA 4 - EXPORTAO PARANAENSE DE PRODUTOS FLORESTAIS
CONSOLIDAO PRODUTO-ESPCDE 31
TABELA 5 - ESPCIES DE MADEIRA IDENTIFICADAS NAS AMOSTRAS
COLETADAS NAS EMPRESAS DE LAMINAO DE ACORDO
COM O NOME COMERCIAL FORNECIDO 57
TABELA 6 - FAMLIAS E NMERO DE GNEROS ENCONTRADOS NAS
LMINAS IDENTIFICADAS 61
TABELA 7 - FREQNCIA DAS ESPCIES ENCONTRADAS EM RELAO AO
NMERO TOTAL DE AMOSTRAS COLETADAS 62
TABELA 8 - PADRONIZAO DA QUALIDADE E TRATAMENTO
PRESERVANTE 63
TABELA 9 - RESUMO COMPARATIVO ENTRE SEMELHANTES - GRUPO
MOGNO 89
TABELA 10 - RESUMO COMPARATIVO ENTRE SEMELHANTES - GRUPO
PAU-MARFIM 89
TABELA 11 - RESUMO COMPARATIVO ENTRE SEMELHANTES - GRUPO
TAUARI 90
viii
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1 - PLANOS ANATMICOS DE CORTE 06
FIGURA 2 - TRONCO COM GR ESPIRAL AD A. PEAS DE MADEIRA COM
GR ENTRECRUZADA 15
FIGURA 3 - TIPOS DE POROSIDADE DA MADEIRA 21
FIGURA 4 - TIPOS DE PARNQUIMA AXIAL APOTRAQUEAL EM SEO
TRANSVERSAL 22
FIGURA 5 - TIPOS DE PARNQUIMA AXIAL PARATRAQUEAL EM SEO
TRANSVERSAL 23
FIGURA 6 - TIPOS DE PARNQUIMA AXIAL EM FAIXAS EM SEO
TRANSVERSAL 23
FIGURA 7 - MTODOS DE CORTE ROTATIVO 38
FIGURA 8 - FAQUEAMENTO 40
FIGURA 9 - ASPECTOS VISUAIS DAS LMINAS ESTUDADAS DE ACORDO
COM SUA ORIENTAES DE CORTE 83
IX
RESUMO
Este trabalho trata da identificao e caracterizao macroscpica das principais
espcies de madeira utilizadas para laminao na regio de Curitiba, Paran, assim como da
variao na sua nomenclatura popular, visando a correta identificao. Foram coletadas 70
amostras de lminas faqueadas e torneadas de espcies escolhidas com base no uso mais
freqente e importncia de utilizao, sendo avaliadas as caractersticas observadas a olho nu
ou com lupa conta-fios com aumento de lOx. Pela dificuldade apresentada nas anlises
macroscpicas, devido s caractersticas do material amostrado, a identificao teve que ser
baseada em caractersticas peculiares e marcantes de cada espcie. Foram identificadas 35
espcies, e as que apresentaram maior dificuldade de diferenciao foram reunidas em trs
grupos, de acordo com suas semelhanas em cor, textura e caractersticas anatmicas, para
facilitar a sua distino dentro do universo das amostras. O primeiro grupo foi denominado
grupo do mogno, sendo formado por mogno, sapele, andiroba, cedro, louro-vermelho, jatob e
jequitib; o segundo, grupo do pau-marfim, sendo constitudo pelo pau-marfim, marfim-arana,
amap-doce, amap-amargoso, muiratinga e marup; o terceiro foi denominado grupo do
tauari, composto por curupix, jequitib-rosa e tauari. Amesela, carvalho, cerejeira, eucalipto,
freij, imbuia, louro-faia, pau-ferro, sucupira, que apresentam caractersticas distintas, no
foram agrupados uma vez que no foram observados erros na identificao e comercializao.
Ficou constatado, atravs da identificao macroscpica, que existe uma distoro entre os
nomes comerciais e a nomenclatura associada ao nome cientfico, existentes na maior parte das
fontes. A constatao de erros na identificao das madeiras ressalta a necessidade de adoo
de uma tcnica de identificao, com base na estrutura anatmica do lenho, e da padronizao
da nomenclatura comercial das madeiras, com base em documentos elaborados por rgos
idneos, como as publicaes do IBAMA.
IX
ABSTRACT
This work is about identification and macroscopic characterization of main species used
in veneer production in Curitiba, Parana State, Brazil, and popular names variation, for a correct
identification. Seventy sliced veneers and rotary cut veneers samples, from species based on
frequency and utilization importance, were collected. Evaluation of characteristics observed
without lens or with increased ten times lens were described. Because of samples characteristics,
the identification was based in peculiar structures. Thirty five species were identified, and the
most similar were grouped by color, texture and anatomic characteristics. The first group was
called mahogany group, and is formed by mahogany, cedar, sapele, andiroba, louro-vermelho,
jatob and jequitib; the second was pau-marfim group, with pau-marfim, marfim-arana, amap
doce, amap-amargoso, muiratinga and marup; the third was called tauari group, with
curupix, jequitib-rosa e tauari. Amesela, carvalho, cerejeira, eucalipto, freij, imbuia, louro
faia, pau-ferro, sucupira were not grouped because their characteristics are distincts and
identification errors were not found. Incorrect commercial names in association to botanical
names were verified. The adoption of identification technics, based on anatomic characteristics,
and nomenclature standard, using papers made by competent members, are necessary.
xi
1 INTRODUO
Grande parte da madeira laminada consumida no Brasil provm de espcies oriundas da
regio Amaznica. As toras ou as prprias lminas chegam s empresas com nomes populares
comuns a cada local, sendo que muitas vezes existem vrias espcies com a mesma
denominao. Cada espcie apresenta caractersticas individuais, as quais determinam a
possibilidade de emprego para uma ou outra finalidade. Embora o nome seja semelhante, as
propriedades podem ser totalmente diferentes, podendo ocasionar diversos problemas quando
a madeira utilizada. O conhecimento do nome correto, das caractersticas anatmicas,
botnicas e das propriedades em geral, permite predizer quais so os melhores usos da madeira
de cada espcie, evitando gastos desnecessrios e problemas futuros.
No processo de produo das lminas, as caractersticas anatmicas da madeira, ou
seja, suas estruturas componentes, influenciam na qualidade final do produto, como por
exemplo nos desenhos, em problemas ocasionados durante e depois da laminao e no
acabamento. Assim sendo, com o conhecimento do nome correto e das propriedades de cada
espcie possvel um maior aproveitamento das toras com a utilizao de tcnicas adequadas e
diferenciadas.
De acordo com o IBAMA (1991), a nomenclatura popular reconhecidamente um dos
pontos mais importantes na comercializao de madeiras tropicais. A utilizao de mltiplos
nomes para uma mesma madeira, bem como a existncia de diferentes madeiras
comercializadas sob um mesmo nome, tem provocado problemas com os consumidores.
Segundo um estudo do IBDF (1985a), h trs razes que podem gerar o uso de nomes
incorretos: presena de caractersticas semelhantes entre madeiras diferentes, uso de nomes de
2
espcies j conhecidas visando facilitar a comercializao e uso de uma caracterstica da
madeira para designar seu nome.
A nomenclatura popular das madeiras extremamente rica e varivel, o que propicia o
surgimento de erros grosseiros de identificao (IBDF, 1985a), devendo-se combater o
procedimento de buscar na literatura especializada o nome cientfico correspondente a
determinado nome popular de madeira sem uma identificao precisa do material.
De acordo com KEEN AN & TEJ ADA (1984), a utilizao adequada das espcies de
madeira depende de procedimentos que garantam a identificao das mesmas, quer seja como
rvores, toras ou madeira processada. CHIMELO & ALFONSO (1985) apontam a
identificao como base dos estudos de caracterizao da madeira e sua utilidade no comrcio,
onde propicia meios para se detectar enganos e fraudes.
O processo de identificao cientfica de uma amostra de madeira complexo,
envolvendo diversas etapas. O primeiro passo uma anlise da amostra em relao a cor,
desenhos, densidade. Depois a superfcie deve ser polida para que possam ser visualizadas as
caractersticas anatmicas, tais como: anis de crescimento, raios, vasos e parnquima. Deve
ser analisado o tipo de porosidade, largura e altura do raio, presena de estratificao, arranjo
dos vasos e arranjo do parnquima. Muitas madeiras so identificadas macroscpicamente, mas
outras precisam de anlise microscpica para complementar as informaes (composio dos
raios, tipo e disposio das pontoaes, presena de clulas oleferas; placas de perfurao;
espessamentos; tilos; gomas; cristais; silica; fibras septadas, etc.) (CORE etal, 1979).
O desenvolvimento de novas tecnologias de transformao da madeira, a escassez de
algumas espcies, as presses ambientalistas e o constante aumento da conscincia para
utilizao dos recursos florestais renovveis, levam o setor moveleiro e de construo civil a
buscar espcies alternativas para seu abastecimento.
J
Toda a literatura existente sobre espcies utilizadas comercialmente est baseada em
madeira serrada (IBDF, 1985a; ABPM, 1989; IPT, 1993; OZRIO FILHO & ALFONSO,
1995; ZENID, 1997). A espessura e orientaes de corte das lminas causam dificuldades de
observao das caractersticas anatmicas, o que justifica, em parte, a ausncia de trabalhos
com este material. No caso de lminas faqueadas, para que se tenha uma superficie adequada
para visualizao das estruturas componentes da madeira, so necessrias vrias lminas,
cortadas seqencialmente, as quais so unidas para formar um bloquinho com tamanho
suficiente para a identificao cientfica do material.
A maioria dos desenhos encontrados em mveis, seja caracterstico do tipo de corte ou
da montagem das lminas na confeco ou revestimento dos painis, garante um mercado
potencial para lminas decorativas.
Com o conhecimento das caractersticas anatmicas das madeiras, alm da correta
identificao, pode-se utilizar um mtodo adequado de produo, obtendo-se maior
rendimento e melhor qualidade das lminas, valorizando o desenho obtido, aumentando o
aproveitamento e evitando gastos desnecessrios.
4
2 OBJETIVO GERAL
Este trabalho teve por objetivo geral identificar as espcies utilizadas em Curitiba,
fornecendo descries anatmicas de lminas de madeira produzidas em cortes com
orientaes variveis.
2.1 OBJ ETIVOS ESPECFICOS
a) Levantar as principais espcies de madeira utilizadas no mercado de lminas;
b) Caracterizar macroscpicamente as lminas amostradas, visando aprimorar sua correta
identificao;
c) Fornecer informaes da anatomia das espcies amostradas, para serem utilizadas na
prtica, no comrcio de lminas;
d) Avaliar a variao na nomenclatura popular de uma espcie, para evitar fraudes ou enganos.
5
3 REVISO DE LITERATURA
Segundo F AHN (1982), as madeiras de diferentes espcies possuem propriedades que
as fazem adequadas para diversos usos. Estas propriedades dependem da estrutura histolgica
e qumica. A composio qumica importante em conexo com certas propriedades,
especialmente aquelas em que o cerne difere do alburno. As paredes celulares por sua vez,
diferem em quantidade relativa de celulose, lignina, componentes tannicos, etc.
A durabilidade natural a propriedade da madeira resistir ao apodrecimento, causado
por fungos, bactrias ou insetos, e depende principalmente de sua composio qumica. O grau
de durabilidade determinado pela presena de substncias como resinas, taninos e leos nas
paredes e lumes das clulas. Tambm a presena de tilos possui importncia, uma vez que
bloqueia a passagem das hifas dos fungos tanto quanto da gua e oxignio atravs dos vasos.
(FAHN, 1982).
3.1 PLANOS DE OBSERVAO
LEWIN & GOLDSTEIN (1991) lembram que a madeira um material anisotrpico,
ou seja, no apresenta as mesmas propriedades em todas as direes. Assim tambm,
diferentes aspectos da estrutura celular so revelados em direes distintas, o que exige o
estudo da anatomia da madeira em trs diferentes planos.
Segundo BURGER & RICHTER (1991), para estudos anatmicos adotam-se os
seguintes planos convencionais de corte (FIGURA 1):
Transversal (X): perpendicular ao eixo axial da rvore;
6
Longitudinal Radial (R): na direo axial, paralelo ao eixo maior do tronco e paralelo
direo dos raios lenhosos, e ainda perpendicular aos anis de crescimento;
Longitudinal Tangencial (T): na direo axial, paralelo ao eixo maior do tronco e em ngulo
reto ou perpendicular aos raios lenhosos e ainda tangencial aos anis de crescimento.
Plano Transversal
Plano Tangencial
FIGURA 1 - PLANOS ANATMICOS DE CORTE (FONTE: PANSHIN
& DE ZEEUW, 1970).
ESAU (1974) lembra que em corte transversal, as clulas do sistema axial so cortadas
transversalmente e revelam suas menores dimenses; os raios, por sua vez, so expostos em
sua extenso longitudinal. Quando o caule cortado longitudinalmente, pode-se obter dois
tipos de corte: o radial e o tangencial. Os cortes radiais expem os raios como faixas
horizontais perpendiculares ao sistema axial. Cortes tangenciais seccionam o rruo quase
perpendicularmente sua extenso horizontal e mostram sua altura e largura.
7
3.2 COMPONENTES ORGNICOS DA MADEIRA
A madeira constituda por substncias orgnicas contendo carbono, hidrognio e
oxignio, que se organizam em macromolculas para formar seus principais componentes
chamados celulose, polioses e lignina, alm de pequena quantidade de substncias pectinosas
(TSOUMIS, 1991).
3.2.1 Celulose
A celulose a molcula bsica das paredes das clulas das plantas, pertencendo
funo qumica dos carboidratos ou, mais acertadamente, a dos glicdeos. um polissacardeo
formado por unidades de monossacardeos -D-glucose, que se ligam entre si atravs dos
carbonos 1 e 4, dando origem a um polmero linear de grau de polimerizao na faixa de 1.000
15.000, com uma estrutura organizada e parcialmente cristalina, participando, em torno de
40-50%, na constituio da madeira (FENGEL & WEGENER 1989; IPT, 1988).
De acordo com LEWIN & GOLDSTEIN (1991), a molcula de celulose no consiste
apenas de regies cristalinas, mas tambm apresenta regies desordenadas ou amorfas. E
insolvel em gua. A presena de trs grupos hidroxilas faz a celulose muito higroscpica;
reagentes que interagem com os grupos hidroxila devem primeiro penetrar na estrutura, assim
a acessibilidade destes grupos um importante fator nas reaes de celulose.
3.2.2 Polioses
Segundo LEWIN & GOLDSTEIN (1991), associados celulose na parede das clulas,
ocorrem polmeros de carboidratos conhecidos como polioses. Essas substncias so mais
8
rapidamente hidrolisadas por cidos do que a celulose. Sua grande solubilidade e
suscetibilidade hidrlise resultam de sua estrutura amorfa e baixo peso molecular.
As polioses, chamadas por muitos autores de hemiceluloses, constituem de 20-30% da
madeira, e so encontradas predominantemente nas paredes primrias e secundrias das clulas
das plantas, embora uma pequena quantidade possa ocorrer na lamela mdia. So molculas de
relativamente baixo peso molecular, acares residuais, como xilose, manse, glucose,
galactose, arabinose, cido galactournico, que ocorrem nas paredes das clulas, geralmente
associadas lignina e celulose. As cadeias moleculares so muito mais curtas que a da
celulose, podendo existir grupos e ramificaes laterais em alguns casos (IPT, 1988).
3.2.3 Lignina
Segundo FENGEL & WEGENER (1989) e IPT (1988), a terceira substncia
macromolecular componente da madeira. LEWIN & GOLDSTEIN (1991), afirmam que a
lignina serve como cimento entre as paredes das fibras, agindo como endurecedor dentro das
mesmas e como barreira para a degradao enzimtica da parede celular.
FENGEL & WEGENER (1989) e IPT (1988) destacam ainda, que as molculas de
lignina so constitudas por um sistema aromtico composto de unidades de fenil-propano. Do
ponto de vista morfolgico, uma substncia amorfa, localizada na lamela mdia composta,
bem como na parede secundria. Durante o desenvolvimento das clulas, a lignina
incorporada como o ltimo componente na parede, interpenetrando as fibrilas de celulose e
assim, fortalecendo e enrijecendo as paredes celulares.
Alm de alterar propriedades qumicas, a lignina exerce um efeito restringente na
contrao e inchamento da madeira. (TSOUMIS, 1991). A difuso da lignina na parede da
fibra no s aumenta a rigidez da clula, mas tambm promove uma transferncia gradual da
9
tenso de uma fibra para outra. O mecanismo minimiza a concentrao das tenses que iriam
ocorrer se houvesse uma linha abrupta de demarcao entre as duas fases. Em colagens usando
adesivos mais rgidos, uma transio abrupta entre madeira e cola algumas vezes permite o
acmulo de cola neste ponto muito sensvel, causando o insucesso da colagem (MARRA,
1992).
3.2.4 Substncias Pcticas
So, tambm, carboidratos ou compostos de carboidratos, encontradas principalmente
nos tecidos cambiais onde formam a membrana que separa as clulas jovens iniciais,
produzidas pelo cmbio. As substncias pcticas so essencialmente polmeros de cido
galactournico, no extraveis em solventes orgnicos neutros (FENGEL, & WEGENER,
1989).
3.2.5 Extrativos
De acordo com FENGEL & WEGENER (1989), a madeira pode conter vrias
incluses, que so coletivamente chamadas materiais estranhos ou extrativos. No fazem parte
da substncia da madeira, mas esto depositados no lume e nas paredes das clulas. So
formados por vrias classes de compostos qumicos, tais como gomas, resinas, acares, leos,
alcalides e taninos.
A proporo de extrativos varia de 1-10% do peso seco da madeira. Todavia, em
algumas espcies tropicais, os extrativos podem chegar a cerca de 20%. Variaes existem no
somente entre espcies, mas tambm dentro de uma mesma rvore, principalmente entre o
cerne e o alburno (TSOUMIS, 1991).
10
Segundo LEWIN & GOLDSTEIN (1991), os extrativos freqentemente so
especficos de gneros e espcies, sendo possvel o uso de sua presena e abundncia para
estudos taxonmicos com base na constituio qumica.
MARRA (1992) lembra que os processos de colagem so particularmente vulnerveis
contaminao com extrativos, devido sua influncia no pH e penetrao da cola. Um
problema particular ocorre quando a distribuio dos mesmos varia de parte para parte dentro
de uma mesma espcie ou pea de madeira. E possvel que em linha simples de colagem seja
encontrado alto e baixo nvel de contaminao por extrativos. Evidncias claras deste
problema algumas vezes so observadas em compensados, onde parte da linha de cola
apresenta delaminaes coincidentes com rea de cerne.
Parte dos problemas de colagem resultam da secagem ou condicionamento da madeira
na aplicao da cola; quando a gua deixa a madeira, carrega pequenas quantidades de certos
extrativos com ela; quando o calor utilizado para acelerar a secagem, mais extrativos so
solubilizados e alguns so volatilizados. O calor, entretanto, pode ter efeito benfico na cura de
certos materiais resinosos, restringindo sua mobilidade (MARRA, 1992).
TSOUMIS (1991) lembra que os extrativos tambm influenciam na cor, odor, gosto,
fluorescncia, durabilidade, inflamabilidade, relao gua-madeira, polpao e outras
propriedades.
3.3 PROPRIEDADES ORGANOLPTICAS
De acordo com TORTORELLI (1956), as propriedades organolpticas so as que
esto diretamente ligadas ao valor decorativo ou ornamental do lenho e perceptveis pelos
rgos sensorials: cor, odor, desenho, brilho, textura e gr, ou seja, todos os caracteres que
podem ter influncia positiva ou negativa no emprego de madeiras para os fins desejados.
11
3.3.1 Cor
A cor da madeira de grande importncia, sob o ponto de vista prtico, pela influncia
que exerce sobre o seu valor decorativo. A variao da cor natural devida impregnao de
diversas substncias orgnicas nas clulas e nas paredes celulares (tanino, resinas, etc.)
depositadas de forma mais acentuada no cerne. Alguns destes produtos so txicos para
fungos, insetos e xilfagos marinhos, razo porque freqentemente madeiras de cores escuras
apresentam grande durabilidade (BURGER & RICHTER, 1991).
Os autores acima lembram ainda que a cor passvel de modificaes artificiais por
meio de tinturas e descoloraes. Sob este aspecto, muitas espcies so alteradas e
comercializadas como madeiras valiosas, da a importncia de uma identificao fundamentada
em caracteres anatmicos peculiares e inalterveis.
De acordo com TORTORELLI (1956), a cor normal das madeiras recm cepilhadas
est sujeita a variaes, originadas pelo teor de umidade ou estado sanitrio da rvore. As
madeiras frescas, recm cortadas, so geralmente mais claras, expostas ao ar durante um
tempo, escurecem. Para lhes dar aspecto de velhas so utilizados tratamentos que produzem
simultaneamente a dessecao e o envelhecimento do lenho, por oxidao dos extrativos que
contm. CORE et al (1979), lembram que diferentes tons so encontrados em vrias amostras
de madeira, os quais so difceis de descrever.
A mudana da cor na madeira resulta da ao de mltiplos agentes externos nos
componentes estruturais e extrativos, especialmente a radiao ultravioleta, que provoca a
deteriorao dos elementos constitutivos, destacando-se a lignina. A celulose menos
suscetvel aos raios ultravioletas (STERNADT & CAMARGOS, 1991).
A cor possui grande valor decorativo e pode limitar o uso direto de alguns produtos
sobre a superfcie da madeira (TSOUMIS, 1991).
12
3.3.2 Brilho
Segundo BURGER & RICHTER (1991), brilho a capacidade de um corpo refletir a
luz incidente. A face longitudinal radial sempre a mais brilhante, pelo efeito das faixas
horizontais dos raios. A importncia do brilho principalmente de ordem esttica, e esta
propriedade pode ser acentuada artificialmente por polimentos e acabamentos superficiais.
PANSHIN & DE ZEEUW (1970) observam que o brilho depende parcialmente do
ngulo de incidncia da luz e do tipo de clula exposta na superfcie. E de carter secundrio
para a identificao, podendo ser utilizado, em alguns casos, para separar duas madeiras
aparentemente semelhantes nas caractersticas grosseiras.
3 .3 .3 Odor e Gosto
Resultam da presena de certas substncias volteis ou solveis, que se concentram
principalmente no cerne. O odor tende a diminuir mediante a exposio, mas pode ser realado
raspando, cortando ou umedecendo a madeira seca, devido volatilidade destes materiais.
Podem valorizar, limitar ou excluir a utilizao da madeira para determinados fins, como
embalagens para alimentos, palitos de dente, picols e pirulitos, brinquedos para bebs,
utenslios de cozinha, etc. (BURGER & RICHTER, 1991).
Segundo TORTORELLI (1956), em geral so mais pronunciados quando se est
serrando ou cepilhando a madeira, medida que, na superfcie, so produzidas oxidaes que
alteram o odor e o gosto.
Os extrativos que originam o odor e o gosto tambm podem empastar e corroer as
facas, serras, etc. e limitar o uso direto de alguns produtos sobre a superfcie, devido a reao
que ocorre com os mesmos (TSOUMIS, 1991).
3.3.4 Textura
o efeito produzido na madeira pelo conjunto das dimenses, distribuio e
percentagem dos diversos elementos estruturais constituintes do lenho. Nas folhosas, a textura
determinada sobretudo pelo dimetro dos vasos e largura dos raios (BURGER & RICHTER,
1991).
Podem ser encontrados os seguintes tipos de textura, de acordo com o grau de
uniformidade da madeira: grossa ou grosseira, mdia e fina. Na grossa, esto includas as
madeiras com vasos grandes e visveis a olho nu, parnquima axial contrastante ou raios
largos, como por exemplo, o louro-faia (Euplassa sp. - Proteaceaej e sucupira (Bowdichia
nitida Spruce - Fabaceae). Da textura fina fazem parte as madeiras cujos elementos so de
dimenses muito pequenas e se encontram principalmente de forma difusa no lenho,
conferindo-lhe uma superfcie homognea e uniforme, como por exemplo o pau-marfim
{Balfourodendron riedelianum Engelm - Rutaceae) e o amap (Parahancornia amapa
(Huber) Ducke - Apocynaceae) (BURGER & RICHTER, 1991).
3.3.5 Gr
Segundo BURGER & RICHTER (1991), este termo se refere orientao geral dos
elementos verticais constituintes do lenho em relao ao eixo axial da rvore.
Na colagem, juntamente com a textura, est intimamente associada penetrabilidade
do adesivo. Madeiras com gr cruzada, apresentam penetrao excessiva de adesivo, o que
resulta em uma linha de cola faminta, ou seja, com falta de adesivo. Madeiras com gr diagonal
sofrem maiores alteraes dimensionais, diminuindo a performance do produto colado.
14
Madeiras com gr ligeiramente inclinada, apresentam ligaes mais fortes quando relacionadas
com gr reta. (IWAKIRI, 1997).
Em decorrncia do processo de crescimento, sob as mais diversas influncias, h uma
grande variao natural no arranjo e direo dos tecidos axiais, originando vrios tipos de grs,
as quais so classificadas como a seguir por BURGER & RICHTER (1991):
3.3.5.1 Gr direita (Linheira ou Reta)
Este tipo que considerado o normal, apresenta os tecidos axiais orientados
paralelamente ao eixo principal do tronco ou peas de madeira. E apreciado na prtica por
contribuir para uma maior resistncia mecnica, e por ser de fcil desdobro e processamento,
bem como, por no provocar deformaes indesejveis por ocasio da secagem da madeira.
Sob o ponto de vista decorativo, entretanto, as superfcies se apresentaro com aspecto
bastante regular e sem figuras ornamentais especiais, o que tambm pode ser uma
caracterstica desejvel, dependendo do emprego.
3.3.5.2 Grs irregulares
Incluem madeiras cujos elementos axiais apresentam variaes de inclinao quanto ao
eixo longitudinal do tronco ou peas de madeira. Dentro das grs irregulares, distinguem-se as
seguintes variantes:
Gr espiralada (torcida): determinada pela orientao espiral dos elementos axiais
constituintes da madeira em relao ao eixo do tronco (FIGURA 2). A conseqncia deste
fato o aparecimento de grs irregulares nas peas de madeira, especialmente do tipo
oblqua e entrecruzada, com srias conseqncias para utilizao: diminuio da resistncia
15
mecnica, deformaes de secagem e dificuldades de se conseguir um bom acabamento
superficial.
Gr entrecruzada (revessa): os tecidos aXIaIS apresentam-se orientados em diversas
direes. Originam-se de rvores com gr espiral nas quais a direo de inclinao sofreu
alteraes peridicas. A resistncia mecnica no muito afetada, mas a madeira, contendo
esta caracterstica, apresenta problemas de deformaes e empenamentos durante a
secagem e de dificil trabalhabilidade. Sob o aspecto esttico, no entanto, produz
desenhos muito atraentes (FIGURA 2).
A
B
FIGURA 2 - TRONCO COM GR ESPIRALADA. PEAS DE
MADEIRA COM GR ENTRECRUZADA. A:
SUPERFCIE QUEBRADA. B SUPERFCIE
CORTADA. (FONTE: BURGER & RICHTER, 1991).
Gr ondulada (crespa): neste tipo, os elementos axiais do lenho alteram constantemente
sua direo, aparecendo como uma linha sinuosa regular. As conseqncias para utilizao
da madeira so praticamente as mesmas da gr entrecruzada. As superficies longitudinais
radiais apresentam faixas escuras e claras, alternadas e de belo efeito decorativo. Este
aspecto bastante comum em madeira de imbuia (Ocotea porosa Nees et Mar!. ex Nees -
Lauraceae) e curupix (Micropholis ~ p Sapotaceae).
16
Gr inclinada (diagonal ou oblqua): o desvio angular que apresentam os elementos
axiais constituintes da madeira com respeito ao eixo longitudinal da pea. E proveniente de
rvores com troncos excessivamente cnicos, crescimento excntrico, etc. Este tipo de gr
afeta significativamente as propriedades tecnolgicas da madeira: quanto maior o desvio,
menor a resistncia mecnica e mais acentuada a ocorrncia de deformaes de secagem.
3.3.6 Desenho
Segundo BURGER & RICHTER (1991), resulta das vrias caractersticas
macroscpicas: cerne, alburno, cor, gr, e principalmente de dois elementos estruturais, anis
de crescimento e raios, e do plano de corte em si. Desenhos especialmente atraentes tem sua
origem em certas anormalidades como: gr irregular, galhas, troncos aforquilhados, ns,
crescimento excntrico, deposio irregular de substncias corantes, etc.
TORTORELLI (1956) lembra que mais notado em espcies que formam anis de
crescimento bem demarcados pela disposio circular dos poros ou as que possuem raios altos
e largos.
De acordo com o mesmo autor, o desenho nas lminas pode ser produzido pelo
mtodo de corte (rotativo, plano, semicircular, cnico); pela gr e textura (de linhas verticais,
arcos superpostos, ponteado, jaspeado, espigado, satinado); pela cor.
3.4 CARACTERSTICAS ANATMICAS DA MADEIRA DAS FOLHOS AS
(ANGIOSPERMAS DICOTILEDNEAS)
De acordo com BURGER & RICHTER (1991), a madeira um conjunto heterogneo
de diferentes tipos de clulas com propriedades especficas para desempenhar funes de
17
conduo de lquidos, transformao, armazenamento e transporte de substncias nutritivas e
sustentao do vegetal. Algumas estruturas so descritas a seguir:
3.4.1 Anis de Crescimento
Em regies caracterizadas por clima temperado, a diferena entre a madeira formada
no incio da estao de desenvolvimento e no final suficiente para produzir anis de
crescimento bem marcados. A cada ano, acrescentado um novo anel ao tronco, razo por
que so tambm denominados anis anuais, cuja contagem permite conhecer a idade
aproximada do indivduo (FOREST PRODUCTS LABORATORY, 1999).
BURGER & RICHTER (1991) observam que em folhosas podem se destacar por
determinadas caractersticas anatmicas, tais como: presena de uma faixa de clulas
parenquimticas, alargamento dos raios no limite dos anis de crescimento, concentrao
maior ou menor de vasos (poros) no incio do perodo vegetativo, espessamento diferencial das
paredes das fibras, etc. Duas ou mais caractersticas anatmicas podem ocorrer
simultaneamente. Por outro lado, existem espcies cujos anis so indistintos. Em um anel de
crescimento tpico distinguem-se normalmente duas partes: lenho inicial ou primaveril; lenho
tardio, outonal ou estivai.
Segundo CORE et al (1979), o lenho inicial corresponde ao crescimento da rvore no
incio do perodo vegetativo, normalmente primavera, para plantas de clima temperado,
quando as plantas despertam do perodo de dormncia em que se encontravam, reassumindo
suas atividades fisiolgicas com todo vigor. As clulas da madeira formadas nesta ocasio
caracterizam-se por suas paredes finas e lumes grandes, que lhes conferem, em conjunto, uma
colorao clara. Com a aproximao do fim do perodo vegetativo, normalmente outono, as
clulas vo diminuindo paulatinamente sua atividade fisiolgica. Em conseqncia deste fato,
18
suas paredes vo se tornando gradualmente mais espessas, e seus lumes menores, distinguindo-
se do lenho anterior por apresentarem, em conjunto, uma tonalidade mais escura (lenho
tardio). Essa distino especialmente evidente em madeiras de coniferas ou espcies de clima
temperado.
PANSHIN & DE ZEEUW (1970) observam que esta transio pode ser abrupta ou
gradual. BURGER & RICHTER (1991) e FOREST PRODUCTS LABORATORY (1999)
concordam que comum encontrarem-se em troncos anis de crescimento descontnuos (que
no formam um crculo completo em torno da medula) e os chamados falsos anis de
crescimento (quando se forma mais de um anel por perodo vegetativo), que dificultam a
determinao exata da idade de uma rvore.
A largura dos anis de crescimento, de grande repercusso nas propriedades
tecnolgicas da madeira, varia desde uma frao de milmetros at alguns centmetros,
dependendo de muitos fatores: durao do perodo vegetativo, temperatura, umidade,
qualidade do solo, luminosidade e manejo silvicultural (BURGER & RICHTER, 1991;
PANSHIN & DE ZEEUW, 1970; ES AU, 1974).
3.4.2 Cerne e Alburno
De acordo com BURGER & RICHTER (1991), a causa da formao do cerne deve-se
ao fato de que, com exceo das clulas parenquimticas que apresentam maior longevidade e
permanecem vivas at certa distncia para o interior do tronco (alburno), apenas suas camadas
mais perifricas so fisiolgicamente ativas; o fluxo ascendente de lquidos retirados do solo
ocorre nos anis de crescimento mais externos do xilema, o transporte da seiva elaborada se d
no floema e finalmente a formao de novas clulas realizada pelo cmbio.
19
A medida que a rvore cresce, as partes internas distanciam-se do cmbio, perdem
gradativamente sua atividade vital e adquirem colorao mais escura em decorrncia da
deposio de tanino, resinas, gorduras, carboidratos e outras substncias resultantes da
transformao dos materiais de reserva contidos nas clulas parenquimticas do alburno
interno (BURGER & RICHTER, 1991).
Os mesmos autores lembram que, por possuir um tecido mais compacto e com baixo
teor de nutrientes (tilos, pontoaes aspiradas, presena de substncias repelentes e/ou txicas,
ausncia de contedo celular), o cerne muito menos suscetvel ao de agentes
deterioradores e apresenta uma durabilidade natural superior do alburno. Em casos de
tratamento preservativo, entretanto, o cerne bem menos acessvel penetrao de solues
preservantes.
O alburno, juntamente com o cmbio, representa a parte de maior atividade fisiolgica
no tronco. As clulas condutoras das zonas mais externas participam ativamente do transporte
ascendente de lquidos na rvore e suas clulas parenquimticas vivas armazenam substncias
nutritivas (amido, acares, protenas), que so em parte responsveis pela sua maior
suscetibilidade ao ataque de insetos e fungos (BURGER & RICHTER, 1991).
Segundo PANSHIN & DE ZEEUW (1970), os componentes orgnicos encontrados no
cerne apresentam constituio qumica extremamente complexa e varivel, cuja origem muitas
vezes no corretamente explicada. As cores caractersticas so usualmente tons de amarelo,
vermelho e marrom, as quais, em muitos casos, explicam a preferncia de utilizao destas
madeiras para mveis e painis.
Observam ainda que a presena de extrativos no cerne reduz a permeabilidade,
fazendo-o mais resistente impregnao com preservantes e retardantes qumicos de incndio,
causando dificuldade de secagem e problemas na polpao. Por outro lado, a obstruo dos
20
vasos em algumas espcies torna a madeira adequada para usos onde a permeabilidade deve
ser baixa.
Em algumas espcies, a formao do cerne no acompanhada pela mudana de
colorao, entretanto, uma vez que as clulas esto fisiolgicamente inativas, a rea
tecnicamente cerne. (LEWIN & GOLDSTEIN, 1991).
A proporo de cerne e alburno varivel, algumas espcies so compostas quase que
exclusivamente de cerne, com apenas uma faixa estreita de alburno; outras possuem apenas
pequena quantidade de cerne (LEWIN & GOLDSTEIN, 1991). BURGER & RICHTER
(1991) comentam que em algumas espcies o cerne morfolgico absolutamente ausente.
3.4.3 Vasos (Poros)
De acordo com BURGER & RICHTER (1991) so estruturas que ocorrem, salvo raras
excees, em todas as folhosas e constituem, por isso, o principal elemento de diferenciao
entre estas e as coniferas. Vaso um conjunto normalmente axial de clulas sobrepostas
(elementos vasculares) formando uma estrutura tubiforme contnua, de comprimento
indeterminado, que tem por funo a conduo ascendente de lquidos na rvore.
Os mesmos autores lembram que na seo transversal recebem o nome de poros, e sua
distribuio, abundncia, tamanho e agrupamentos so caractersticas valiosas para a
identificao das espcies e propriedades tecnolgicas da madeira.
Segundo a IAWA (1989), quanto ao agrupamento, os vasos podem ser solitrios e
mltiplos (radiais ou tangenciais) e em cachos (grupos). Poros mltiplos de dois so chamados
geminados. Quanto disposio e dimetro em relao aos anis de crescimento, a porosidade
da madeira pode ser (FIGURA 3):
Difusa: poros dispersos pelo lenho, independentemente dos anis de crescimento,
21
Em anel poroso, poros de dimetro maior no lenho inicial e brusca diminuio no lenho
tardio;
Em anel semiporoso: poros de dimetro maior no lenho inicial e diminuio gradativa no
lenho tardio, como por exemplo no cedro (Cedrela fissilis Veil. - Meliaceae).
Difusa Em anel poroso Em anel semiporoso
FIGURA 3 - TIPOS DE POROSIDADE DA MADEIRA. (FONTE. BURGER & RICHTER,
1991).
Algumas espcies se destacam por apresentarem um padro todo especial no arranjo de
seus poros, como as que apresentam arranjo tangencial (carvalho brasileiro - Roupala
brasiliensis Klotzsch, Proteaceae), dendrtico, (mantegueira - Bumelia sp., Sapotaceae), e
diagonal ou oblquo, peculiares de alguns eucaliptos (.Eucalyptus spp. - Myrtaceae) (BURGER
& RICHTER, 1991).
O arranjo dos vasos no xilema secundrio uma caracterstica importante e usada na
identificao de espcies (FAHN, 1982).
22
3.4.4 Parnquima Axial
Segundo BURGER & RICHTER (1991), seu arranjo observado em seo
transversal, em que se distinguem dois tipos bsicos de distribuio: parnquima paratraqueal,
associado aos vasos; parnquima apotraqueal, no associado aos vasos.
De acordo com a IAWA (1989) o parnquima axial apotraqueal (FIGURA 4) pode ser
difuso ou difuso em agregados. O parnquima axial paratraqueal (FIGURA 5) pode ser
escasso, vasicntrico, aliforme linear, aliforme losangular, confluente ou unilateral. Um terceiro
grupo formado por parnquima em faixas (FIGURA 6), podendo ser dividido em faixas
largas, estreitas, reticulado, escalariforme ou marginal. Em uma mesma espcie podem
coexistir dois ou mais tipos de parnquima. A extrema abundncia desta estrutura (axial e
radial) confere s madeiras baixa densidade de massa, baixa resistncia mecnica e pouca
durabilidade natural.
Difuso Difuso em Agregados
FIGURA 4 - TIPOS DE PARNQUIMA AXIAL APOTRAQUEAL EM SEO
TRANSVERSAL (FONTE: BURGER & RICHTER, 1991).
23
Escasso Vasicntrieo
Confluente
Unilateral Aliforme Confluente
FIGURA 5 - TIPOS DE PARNQUIMA AXIAL PARATRAQUEAL EM SEO
TRANSVERSAL (FONTE: BURGER & RICHTER, 1991).
feCfcd
El m
S3Z3
Escalariforme
A >a)
Em faixas
Marginal
Reticulado (a=A)
FIGURA 6 - TIPOS DE PARNQUIMA AXIAL EM FAIXAS EM SEAO
TRANSVERSAL (FONTE: BURGER & RICHTER, 1991).
FAHN (1982) aponta que a quantidade de parnquima varia; em algumas espcies pode
ser ausente ou com poucas clulas, em outras constitui a maior poro da madeira. Alm disso,
tambm existem diferenas na distribuio atravs dos outros elementos. Muita importncia
taxonmica est ligada ao tipo de distribuio do parnquima.
O parnquima serve para armazenar materiais de reserva, como gorduras e amido.
Taninos, cristais, silica e outras substncias so tambm encontradas. Algumas vezes as clulas
24
de parnquima, que contm cristais, se dividem em cmaras, de maneira que cada uma delas
contm um cristal (FAHN, 1982).
3.4.5 Fibras
Segundo ESAU (1974), so clulas alongadas com parede secundria geralmente
lignificada. BURGER & RICHTER (1991) definem as fibras como tecido de sustentao, no
sendo de valor para identificao macroscpica. Microscpicamente a presena de septos e as
pontoaes tem grande valor na identificao. Constituem geralmente a maior parte do lenho
das folhosas. Sua poro no volume total e a espessura de suas paredes influem diretamente na
densidade e no grau de alterao volumtrica, durante a secagem, e indiretamente nas
propriedades mecnicas da madeira.
3.4.6 Parnquima Radial (raios ou parnquima transversal)
De acordo com LEWIN & GOLDSTEIN (1991), so agrupamentos de clulas que tem
seu eixo longitudinal orientado perpendicularmente ao eixo da rvore. Em baixas
magnificaes, aparecem como linhas mais claras, de largura varivel.
Definidos por BURGER & RICHTER (1991) como faixas horizontais de comprimento
indeterminado, formadas por clulas parenquimticas, isto , elementos que desempenham a
funo de armazenamento de substncias nutritivas, dispostas radialmente no tronco.
Apresentam uma grande riqueza de detalhes e variaes morfolgicas quando observados nas
sees longitudinais radial e tangencial, constituindo importantes elementos para a anatomia e
identificao de madeiras. Alm da funo de armazenamento, os raios fazem tambm o
transporte horizontal de nutrientes na rvore. O parnquima radial til para identificao
25
macroscpica por poder ou no apresentar estratificao no plano tangencial e tambm por sua
abundncia.
Em algumas espcies os raios apresentam apenas poucas clulas de altura, enquanto em
outras, como nos carvalhos, muitas. A variedade de tipos pode ser encontrada em algumas
espcies, enquanto em outras os raios so uniformes em tamanho e espaamento (CORE et al,
1979). S so nitidamente visveis a olho nu quando extremamente largos e altos, como por
exemplo, no carvalho (Ouercus sp. - Fagaceae) e louro faia (Euplassa sp. - Proteaceae)
(BURGER & RICHTER, 1991).
F AHN (1982) relata que a largura e altura dos raios podem ser medidas, ambas em
sees tangenciais. A largura usualmente expressa em nmero mximo de clulas na direo
horizontal; a altura de duas formas, se no muito alto em nmero de clulas, se bastante alto
em micrometros ou milmetros. As dimenses dos raios variam em diferentes plantas e algumas
vezes na mesma. Quando o raio possui uma clula de largura denominado unisseriado; duas,
bisseriado, e com mais, multisseriado.
Os motivos da diferena entre a contrao e inchamento radial e tangencial no so
bem conhecidos. Em parte, isto atribudo presena dos raios, que, devido sua orientao,
exercem uma influncia restritiva para a contrao e inchamento neste sentido (TSOUMIS,
1991).
3.4.7 Caracteres Especiais
BURGER & RICHTER (1991) lembram ainda que, alm dos elementos estruturais
comuns do lenho, podem ocorrer, em algumas madeiras, elementos especiais que constituem
importante aspecto sob o ponto de vista tecnolgico e diagnstico:
26
Canais Intercelulares: so canais, peculiares algumas famlias, que contm substncias
diversas como resinas, gomas, blsamos, taninos, ltex, etc., as quais podem empastar as
ferramentas de corte, bem como desgastar e corroer as mesmas. Tambm podem reagir com
produtos utilizados para acabamento, dificultando a adeso da pelcula. No lixamento, so
fixadas sobre a superfcie das peas, escurecendo-as aps o acabamento.
Clulas Oleferas, Mucilaginosas: so clulas parenquimticas especializadas que contm
leo, mucilagem ou resinas, facilmente distinguveis das demais por suas grandes
dimenses. So caractersticas de madeiras de certas famlias, como por exemplo, das
Laurceas. A presena desses contedos na madeira, permite, em certos casos, o
aproveitamento industrial de leos essenciais para fins medicinais e de perfumaria. Por
outro lado, as substncias contidas nestas clulas podem comprometer o comportamento da
madeira durante a colagem, aplicao de revestimentos superficiais e fabricao de polpa e
papel.
Floema Incluso: em alguns gneros e famlias, o cmbio forma esporadicamente clulas de
floema para o interior do tronco. Este detalhe constitui uma peculiaridade normal para estes
grupos vegetais, auxiliando na sua identificao. Influencia principalmente o acabamento da
madeira.
Estruturas Estratificadas: em espcies consideradas mais evoludas, os elementos axiais
podem estar organizados formando faixas regulares ou estratos. Este fenmeno mais
evidenciado no corte longitudinal tangencial e pode limitar-se a alguns elementos estruturais
do lenho, como os raios (estratificao parcial), ou estender-se a todos (estratificao total).
O efeito visual (listrado de estratificao) pode ser observado macroscpicamente e uma
caracterstica importante para a identificao de madeiras.
Incluses Minerais: apesar de no serem propriamente caracteres anatmicos, sua
presena importante para anatomia, identificao e utilizao da madeira.
27
Cristais so depsitos, em sua grande maioria, de sais de clcio, especialmente oxalato,
que se encontram principalmente em clulas parenquimticas. Sua presena bastante
comum em folhosas.
A silica pode ocorrer no interior das clulas em forma de partculas ou gros,
normalmente nos raios e parnquima axial, e em casos mais raros, nos outros elementos
verticais (fibras).
Cristais e depsitos de silica, especialmente estes ltimos, tm grande importncia nas
propriedades da madeira, principalmente na sua trabalhabilidade. Um elevado contedo de
silica pode tornar antieconmica a converso de toras em madeira serrada, devido ao seu
efeito abrasivo sobre os dentes das serras e equipamentos. A presena de incluses minerais
tambm pode afetar o brilho.
Contedos Vasculares e Tilos: embora tambm no se tratem de elementos estruturais, a
presena de contedos dentro dos vasos, tem considervel importncia para a identificao
e propriedades tecnolgicas da madeira.
No que diz respeito utilizao da madeira, os tilos dificultam a secagem e sua
impregnao com substncias preservantes, j que obstruem as vias normais de circulao
de lquidos. Por outro lado, entre outras caractersticas, os tilos so em parte responsveis
pelas excelentes qualidades da madeira de alguns carvalhos (Quercus sp..- Fagaceae), na
confeco de barris para armazenamento de bebidas alcolicas. Os tilos constituem barreiras
fsicas que se antepem penetrao de fungos xilfagos, dificultando-a (ESAU, 1974).
28
3.5 LAMINAO
3.5.1 Histrico
Segundo KOLLMANN et al (1975), as primeiras lminas foram produzidas no antigo
Egito, por volta de 3.000 a.C. Eram pequenas peas, obtidas de madeiras valiosas e
selecionadas, que se destinavam confeco de luxuosas peas de mobilirio para reis e
prncipes. As lminas de pequenas peas eram produzidas por serrotes manuais, ento alisadas
e combinadas com peas finas e outros materiais. Os tipos de cola utilizadas so
desconhecidas, mas elas provavelmente eram a base de albmina. O monumento construdo na
tumba de Tutancamom (1351 a 1352 a.C. ) feito de madeira cedro com folhas finas de
marfim e bano.
A partir da introduo da serra circular na indstria inglesa em 1805, houve um grande
avano, principalmente com o advento da primeira patente de uma serra circular especfica
para laminao, concedida a um mecnico francs em 1812, e de seu emprego pela indstria a
partir de 1825. Estas serras geravam grande quantidade de resduos, o que levou ao
surgimento da primeira mquina laminadora por faqueamento, patenteada por Charles Picot,
em 1834, na Frana (KOLLMANN et al, 1975).
Os mesmos autores relatam que muito progresso na produo de lminas resultou da
construo do torno rotativo, o qual liderou economicamente a produo. A primeira mquina
a produzir lminas contnuas, por corte de toras em torno desfolhador, surgiu em 1818. No
ano 1840, nos EUA, foi concedida uma patente de torno laminador a Dresser, e na Frana, em
1844, outra para Garand.
As primeiras indstrias a produzir lminas de madeira surgiram na Alemanha em
meados do sculo XIX, e um rpido desenvolvimento e aperfeioamento nos tornos
29
laminadores contribuiu para a evoluo da indstria de compensados. O emprego das lminas
tornou-se mais significativo a partir dos sculos XVIII e XIX, quando importantes peas de
mobilirio foram confeccionadas, tais como o "Bureau de Campagne" de Napoleo, folheado
com jacarand-da-bahia, e a introduo do compensado na feitura de pianos de cauda,
realizada por Steinway, um renomado fabricante americano, em 1860 (KOLLMANN et al,
1975).
Os autores ainda comentam que, com o advento da Primeira Guerra Mundial, alm do
surgimento de novos adesivos, houve uma acentuada evoluo na produo de lminas e
compensados, devido utilizao destes produtos na rea militar. Com o fim da guerra, aps
1918, os maiores consumidores de compensados foram a indstria moveleira e os estaleiros,
estes ltimos voltados para a reconstruo da frota mercante, o que ocasionou um grande
crescimento na indstria da laminao. O derradeiro impulso se deu com a Segunda Guerra
Mundial, com o desenvolvimento e automao dos sistemas de produo contnua,
proporcionando uma gama crescente de produtos de qualidade superior e menores custos.
3.5.2 Situao Atual e Perspectivas
A presente utilizao dos produtos de laminao se encontra bem diversificada, por
exemplo: nas peas componentes de uma moderna casa de madeira (pisos, forros, paredes
internas e externas, telhados, etc ), na confeco de embarcaes, na produo de embalagens
especiais resistentes exposio ao tempo, na fabricao de instrumentos musicais e
esportivos, assim como na construo civil, alm de outras possveis e provveis aplicaes
(ALBUQUERQUE, 1997).
Na atualidade, ocorre a tendncia da globalizao da economia mundial, ocasionando
uma revoluo industrial, compreendendo reestruturao e rpida modernizao nas indstrias,
30
a fim de que estas se tornem aptas a produzir produtos com qualidade superior, menores
custos e com maior competitividade no mercado internacional (ALBUQUERQUE, 1997).
A indstria de laminao acompanha esta tendncia, modernizando seus equipamentos
e suas tcnicas, introduzindo mquinas desenroladoras, capazes de processar toras de at 2 m
de dimetro, com velocidade de 600 giros/min, controle computadorizado, carregamento
automtico e centradores eletrnicos, alm do desenvolvimento de sistemas de medio ptica,
assim como modernas guilhotinas e de secadores entre outras tantas inovaes
(ALBUQUERQUE, 1997).
Nas TABELAS 1 e 2 pode ser observada a variao na produo mundial de painis de
1975 a 1995, bem como uma projeo de consumo para 2001, demonstrando o crescimento
deste setor. Observa-se que existe um grande crescimento na produo de MDF e OSB, o que
justificado pelo aumento na dificuldade de obteno de toras de alta qualidade para
laminao. As TABELAS 3 e 4 mostram a participao paranaense neste setor, em relao s
exportaes.
TABELA 1 - EVOLUO DA PRODUO MUNDIAL DE PAINIS DE MADEIRA
(1.000 m
3
)
PRODUTO 1975 1980 1985 1990 1995
Compensado Brasil 660 900 1.100 1.050 1.600
Mundo 34.292 39.202 44.873 48.258 49.793
Aglomerado Brasil 407 660 566 494 884
Mundo 30.739 41.512 43.050 50.435 61.648
MDF Brasil - - - - -
Mundo - 1.500. 4.000 7.000 11.400
Chapa Dura Brasil 340 400 430 492 690
Mundo 7.200 7.500 8.000 7.670 7.038
OSB Brasil - - - - -
Mundo - 719 3.699 6.769 10.814
TOTAL Brasil 1.407 1.960 2.096 2.036 3.174
Mundo 72.231 90.433 103.622 120.132 140.693
FONTE: BANCO DE DADOS DA STCP E FAO, CITADO POR TOMASELLI (1998).
31
TABELA 2 - PERFIL DA PRODUO BRASILEIRA DE PAINIS (m
3
)
PRODUTO 1996 2001
Compensados 1.670.000 1.850.000
Chapas de Fibras 660.000 700.000
Aglomerados 1.150.000 1.630.000
MDF - 320.000
OSB - 200.000
TOTAL 3.480.000 4.700.000
FONTE: TOMASELLI & DELESPIN AS SE (1997)
TABELA 3 - EXPORTAO PARANAENSE DE PRODUTOS FLORESTAIS (m
3
)
PRODUTO 1995 1996 1997
Compensados laminados 321.513 250.389 255.601
Serrados 143.134 137.165 193.535
Compensados sarrafeados 30.953 21.876 13.518
Lminas faqueadas 37.394 33.434 62.222
Painis de ripas 42.090 62.508 63.056
Postes 20.219 10.154 6.947
Aplainados beneficiados 17.218 13.169 14.320
Clear Block 9.823 3.402 13.194
Paletes, estrados 13.656 3.784 1.220
Cabos de vassoura 9.323 5.341 3.333
Cabos de ferramenta, pincis 7.445 3.428 3.057
Painis de partculas 8.030 6.637 690
Painis celulares 5.110 11.956 22.211
Outros 30.130 28.356 29.824
TOTAL 696.038 591.599 682.728
FONTE: EMBRAPA (1998)
TABELA 4 - EXPORTAO PARANAENSE DE PRODUTOS FLORESTAIS
CONSOLIDAO PRODUTO-ESPECIE (ano de 1997).
PRODUTOS ESPECIE VOLUME
Lminas Faqueadas ceiba 8.174
paricarana (fava) 1.790
amescla 14.005
pinus 32.729
outras 5.525
total 62.223
Compensados Laminados pinheiro do Paran 5.043
cedro 4.626
cedro branco 5.395
mogno 1.312
amescla 102.503
ucuba
13.420
pinus
110.688
outras
12.614
total 255.601
FONTE: EMBRAPA (1998)
32
Segundo NEVES (1998) o potencial de crescimento da industria de painis da Amrica
Latina at o ano de 2005 ser superior a 10% ao ano e o Brasil ser o principal responsvel.
Quanto ao mercado interno, a manuteno da estabilidade e a elevao da atividade econmica
permitiro crescimento sustentado do consumo nacional. A expanso do mercado de chapas,
alm de garantir o fortalecimento no mercado interno, abrir novas opes para as
exportaes, especialmente para produtos com maior valor agregado, o que representa maior
movimentao no Brasil, com resultados financeiros maiores na hora da venda.
3.5.3 Terminologia
Segundo IWAKIRI (1996), lmina o material produzido pela ao de corte, atravs
de faca especfica, com espessura variando de 0,13 a 6,35 mm. Quanto maior a espessura,
maior a dificuldade de produo. Lmina ideal aquela que apresenta uniformidade em
espessura, aspereza igual quela proporcionada pelo micrtomo, sem empenamento, sem a
presena de fendas em ambas as faces, com cor e figura desejveis.
De acordo com IBDF (1985b), segundo sua forma de obteno pode ser: lmina
faqueada, obtida pela movimentao do bloco, tora ou torete lateralmente contra a faca ou
vice-versa; lmina desenrolada, obtida de forma contnua centrando uma tora ou torete em um
torno, e girando em torno do seu eixo contra uma faca; e lmina serrada, produzida atravs da
serrao.
33
3.5.4 Aspectos Gerais
A laminao de madeiras pode ser realizada atravs do processo de desenrolamento e
de faqueamento das toras. Os equipamentos utilizados so o torno desfolhador e a faqueadeira
que pode ser horizontal ou vertical (IWAKIRI, 1997).
A laminao e o faqueamento no so operaes de corte propriamente ditas. Quando
a faca avana e comea a "cortar" a madeira, ela tende a fendilhar paralelamente s fibras em
antecipao ao gume da faca. Este fendilhamento provocar lminas que no possuem boa
qualidade na superfcie e nem uma boa regularidade na espessura. Por essa razo, uma segunda
ferramenta, a barra de compresso indispensvel para reduzir os efeitos desordenados do
fendilhamento (WALKER, 1993; PEREIRA & PERDIGO, 1979).
Se a barra de compresso est gasta, seu gume deformado e no mais paralelo ao gume
da faca, no podendo mais exercer a sua dupla funo de compresso e delimitao do
movimento, inevitavelmente as lminas apresentaro diversos defeitos: ficaro enrugadas,
apresentaro fendas, arrancamentos profundos e graves irregularidades na espessura. E comum
ouvir-se dizer que tais falhas decorrem dos defeitos da prpria madeira: heterogenidade, ns e
fibras com gr irregular, contrafortes e conicidade, m formao, protuberncias, fendas, etc.
(PEREIRA & PERDIGO, 1979; WALKER, 1993).
Uma lmina considerada como de muito boa qualidade quando for uniformemente
lisa, razoavelmente fechada, de espessura regular e sem ranhuras. Chamam-se lminas abertas
aquelas que apresentam leves fendas de laminao em oposio face dita fechada, que no as
apresenta. As fendas de laminao, que afetam as lminas de baixa espessura utilizadas como
capa, so a causa dos fendilhamento s das superfcies, particularmente ruins para os painis que
devem receber um acabamento cuidadoso (envernizamento). Este defeito ocorre muito em
painis decorativos e extremamente grave (PEREIRA & PERDIGO, 1979).
Segundo IWAKIRI (1996), a figura importante para uso decorativo e a orientao da
gr para fins estruturais. A boa qualidade das lminas depende dos cuidados no manejo e
preparao das toras, como condies de armazenamento, converso, condicionamento antes
da laminao, alm dos equipamentos. Algumas caractersticas so desejveis na lmina seca,
como teor de umidade uniforme, superfcie sem ondulaes e/ou depresses, livre de fendas,
com boas condies de colagem, cor desejvel, mnima contrao em espessura, mnimo
endurecimento superficial (compresso externa e trao interna) e ausncia de colapso.
Para MARRA (1992) o mercado de compensados consiste de dois distintos tipos:
coniferas e folhosas. Dentro de cada categoria, espcies particulares, qualidade das lminas e
espessura de corte oferecem resistncia especfica ou propriedades decorativas. Assim, existem
muitos tipos e qualidades de compensados que definem ou garantem propriedades para usos
especficos.
Por razes peculiares a cada indstria, as lminas de folhosas so normalmente
cortadas mais finas que as de coniferas. Para compensados de folhosas, os painis tendem a ser
mais finos, mas com o nmero mnimo de camadas necessrias para um painel balanceado.
Uma das razes o maior custo da madeira e, particularmente para capas, a lmina cortada o
mais fino possvel. A espessura tambm de grande importncia para a formao e
performance da ligao madeira-adesivo, porque a qualidade da superfcie varia com a
espessura (MARRA, 1992).
TSOUMIS (1991) lembra que as lminas so selecionadas de acordo com o uso
pretendido do compensado. Em compensados decorativos (moblia, almofadas de porta e
parede), as superfcies das lminas so de alta qualidade e valiosas, sendo selecionadas pela
figura e cor; enquanto o corao e camadas internas so de menor qualidade ou de outra
espcie. Em compensados com propsitos de construo, o critrio mais importante a
35
resistncia e no a aparncia do produto. As lminas devem ter uma superfcie lisa, espessura
uniforme e teor de umidade adequado.
A permeabilidade de uma madeira constitui-se em um fator de fundamental
importncia, uma vez que influencia nas operaes de laminao, secagem e colagem de
lminas. Uma madeira com boa permeabilidade pode diminuir o problema de eliminao de
gua durante a laminao, facilitar a secagem, e melhorar as condies de colagem, devido
evaporao do vapor de gua desprendido durante a cura da cola (LUTZ, 1978, citado por
PIO, 1996). A maior penetrao ou eliminao de lquidos nas madeiras se d, sobretudo, por
meio dos elementos estruturais que desempenham, primordialmente, a funo de conduo no
lenho: vasos e raios. (BURGER & RICHTER, 1991).
Segundo IWAKIRI (1997), o aquecimento de toras com alto teor de umidade pode
tornar mais escuras ou claras a madeira das mesmas. Estas mudanas de cor podem ser
desejveis em alguns casos, mas em outro no. Em geral o aquecimento tende a escurecer o
alburno de todas as espcies.
As propriedades da lmina no so essencialmente diferentes das da madeira,
entretanto, o processo de manufatura, incluindo corte, secagem e montagem do compensado,
pode mudar drasticamente as propriedades qumicas e fsicas da superfcie da lmina.
Conhecimentos especiais e ateno a estas caractersticas so requeridos para assegurar uma
boa umidade, fluidez e penetrao do adesivo (FOREST PRODUCTS LABORATORY,
1999).
Em cortes rotativos e faqueamento, o lado da lmina em que a faca passa fica
quebradio. Quando so usadas como capas nos compensados, o outro lado deve estar para
cima, caso contrrio, ocorrero imperfeies no acabamento que ser aplicado. Geralmente
lminas externas de folhosas so cortadas para revelar o desenho mais atrativo (FOREST
PRODUCTS LABORATORY, 1999).
36
Lminas serradas so produzidas de pranchas estreitas que foram selecionadas para
melhores desenhos. Os dois lados so livres de marcas de faca, ento ambos podem ser
colados ou expostos com resultados satisfatrios (FOREST PRODUCTS LABORATORY,
1999).
3.5.5 Tipos de Corte
O modo como uma tora cortada, em relao aos anis de crescimento, determina a
aparncia das lminas. A beleza est em suas variaes naturais de textura, gr, figura, cor e o
modo como elas so utilizadas (THOMSSON, 1996).
SELLERS (1985) relata que o material feito sob medida deve apresentar selees
especiais de desenhos e grs, incluindo bolhas, ns, olho de passarinho, mosqueados,
redemoinhos e listas, que so obtidos pelo tipo de corte (rotativo, tangencial ou perpendicular
aos anis de crescimento, 45 em relao aos raios, etc.), ou pela associao de caractersticas
especiais de crescimento no tronco do qual a lmina foi obtida (ex: figura bifurcada vem da
rea onde dois ramos largos se encontram em um "V").
SELLERS (1985) comenta que existem trs mtodos para cortar lminas finas:
serragem, faqueamento e corte rotativo. Serrar lminas finas um mtodo antigo, no qual
difcil manter um corte preciso. Segundo PANSH3N et al (1962), lminas serradas so restritas
a madeiras de alta refrao e inviveis para faqueamento ou que no podem ser aquecidas sem
alterao de cor e so utilizadas para usos especiais, como por exemplo instrumentos musicais.
WALKER (1993) explica que o processo de corte rotativo essencialmente um corte
perpendicular s fibras com a faca correndo paralela s mesmas. A qualidade da lmina cortada
determinada pela preciso do torno. E importante que a lmina no quebre, tenha um
acabamento fino e espessura uniforme, a qual determinada por um bom controle do torno.
37
WALKER (1993) aponta que operaes de faqueamento cortam uma diversidade de
espcies. So usadas para produzir lminas de alto valor e com desenhos para utilizar nas
capas dos painis. As lminas so cortadas muito finas para maximizar a rea de corte de
madeiras com grandes comprimentos. Lminas faqueadas tendem a ser mais quebradias e
enrugadas na secagem devido maior variao na gr. Para lminas de capas, uniformidade de
cor importante e freqentemente requer a separao entre cerne e alburno. As caractersticas
visuais que determinam o valor particular de uma lmina esto relacionados cor e figura e
maneira com a qual a tora faqueada. Espcies com gr entrecruzada so melhor faqueadas
em quartos. Nesse caso, os perodos opostos de inclinao das fibras, com respeito ao eixo
axial da tora, resultam em faixas claras e escuras correndo o comprimento das lminas: se so
reversas com respeito ao brilho, as faixas escuras ficam claras e vice-versa. Quanto mais
estreitas as faixas, maior o valor das lminas. Gr ondulada ou irregular so melhores em
cortes retos (longitudinais).
As lminas produzidas atravs de faqueadeiras apresentam padres de gr mais
decorativos, uma vez que, inicialmente, as toras precisam ser transformadas em blocos ou
pranches. A medida que so cortadas, devem ser mantidas em ordem para possibilitar a
montagem das figuras. So retiradas sempre de uma superfcie plana, sendo empregadas na
mesma posio em que so obtidas (WALKER, 1993).
Na lngua portuguesa no existem termos que traduzam corretamente a expresso
aplicada aos diferentes tipos de corte, assim sendo os mesmos so apresentados em ingls.
CORTE ROTATIVO {ROTARY CUT)
Segundo TSOUMIS (1991), segue os anis de crescimento. feito com uma tora
preparada girando em um torno contra uma faca, a qual corta uma lmina contnua de madeira;
38
o comprimento da faca igual ao comprimento da tora, que varia dependendo da finalidade de
uso da lmina e determinado pelo comprimento do torno.
Se a barra de presso exercer muita presso, ir esmagar a madeira, e muito pouca ir
produzir lminas quebradias. Variaes no corte rotativo s vezes so aplicadas pela posio
excntrica da tora na mquina ou colocao de metade ou partes da mesma (FIGURA 7)
(TSOUMIS, 1991).
PANSHIN et al (1962) comentam que existem variaes como: Stay log e Cone
cutting. Stay log uma modificao desenvolvida primeiramente para produo de lminas de
capa, de blocos em quartos e materiais irregulares, produz figuras mais atraentes devido ao
alinhamento das fibras ser irregular, o que exige cuidados especiais. Cone cutting produz
lminas circulares pelo desenrolamento afilado da tora, de maneira similar quela de apontar
um lpis. O ngulo de contato da faca determina o grau de afilamento. Bonitos crculos ou
figuras estreladas resultam, e as lminas so usadas na fabricao de painis para mesas
circulares.
FIGURA 7- MTODOS DE CORTE ROTATIVO. 1. CORTE CONTNUO. 2.
COLOCAO EXCNTRICA. 3-5. HALF LOGS. 6-9. SEES DE
TORAS. 10. MTODO DE PREPARO DAS SEES (FONTE. TSOUMIS,
1991).
39
HALF-ROUND SLICING
De acordo com THOMSSON (1996), a prancha colocada fora do centro do torno e o
plano de corte um arco tangencial aos anis de crescimento. usado principalmente para
adicionar largura a troncos estreitos aumentando o plano de corte, ou para fornecer um
desenho particular. As catedrais podem ter maiores alturas desde que o desenho seja formado
pelos anis de crescimento mais internos.
FLA T SLICING (PLAIN CUT)
A tora ou prancha colocada com o corao plano contra a mesa de corte da
faqueadeira, e o faqueamento feito paralelo linha que passa atravs do centro da tora, o que
produz uma figura variegada. tangencial aos anis de crescimento; os desenhos resultantes
so uma srie de catedrais, elipses e ovais (FIGURA 8). As catedrais so formadas pelos anis
de crescimento mais internos. As peas individuais so mantidas na ordem em que foram
faqueadas, permitindo uma progresso natural do desenho (THOMSSON, 1996).
QUARTER SLICING
Segundo THOMSSON (1996), nesse tipo de corte a tora cortada em quatro partes,
em ngulos retos em relao aos anis de crescimento. Cada parte faqueada
perpendicularmente aos anis de crescimento, um corte na direo radial, produzindo uma
srie de listras, retas em algumas madeiras, variadas em outras (FIGURA 8).
40
a)
Dogs
Flat sliced (walnut, elm) V Knife
r ' / Kni
>
A
Whole log - flat sliced (aspen, pine)
m

WC
Quarter sliced (meranti, rosewood)
4
Rift sliced (white oak)
Flat sliced
Back cut
Flat sliced
i S f f i S i
i
id
H M f i f c
Quarter sliced
Quarter sliced
FIGURA 8 - FAQUEAMENTO: A) ALGUNS MTODOS DE CORTE DA TORA E
POSSVEIS ESTRATGIAS DE LAMINAO. AS LINHAS
ESCURAS MAIS LARGAS REPRESENTAM A MADEIRA
RESTANTE NA FAQUEADEIRA DEPOIS QUE TODAS AS
LMINAS FORAM CORTADAS. (FONTE: WALKER, 1993).
41
RIFT CUT
Produzido nas vrias espcies de carvalho, o qual possui raios largos. O efeito desenho
de fenda ou crista obtido cortando a um ngulo de aproximadamente 15% da posio em
quartos, para obter a figura dos raios medulares. O plano de corte um arco aproximadamente
perpendicular aos anis de crescimento. Corta atravs dos raios medulares, acentuando o
desenho vertical e minimizando as escamas. Uma variao o comb cut, de limitada utilidade,
distingue-se por ser mais estreito e reto no comprimento da lmina (FIGURA 8)
(THOMSSON, 1996).
LENGTHWISE SLICING
Uma prancha de madeira serrada passa sobre uma faca estacionria. Nesta passagem,
uma lmina cortada da parte inferior da prancha. Isto produz uma figura variegada
(THOMSSON, 1996).
3.5.6 Defeitos nas Lminas
Durante o processo de laminao podem ocorrer diversos problemas que afetam a
qualidade das lminas obtidas, seja por falhas no equipamento ou inerentes madeira. Alguns
deles, segundo PEREIRA & PERDIGO (1979) e WALKER (1993), so listados abaixo:
Lminas abertas - Fendas de laminao: so fendas mais ou menos numerosas, que
ocorrem do lado da faca durante o corte. Quando so muito pronunciadas, podero
provocar a abertura dos painis na espessura das lminas sob a influncia de variaes de
umidade.
Lminas rugosas: a rugosidade das lminas aparece como uma alternncia de cavidades e
de cristas salientes que as margeiam. So orientadas pelo comprimento, principalmente na
42
direo da gr da madeira. As cavidades so pouco profundas, devendo-se a leves
arrancamentos de fibras. A rugosidade excessiva reduz consideravelmente a superfcie de
contato entre as folhas, acarreta um maior consumo de cola, produz colagens ruins, obriga a
um maior lixamento das faces e acarreta uma grande perda de espessura durante esta ltima
operao.
Lminas felpudas ou lanosas: a lmina apresenta um aspecto felpudo, podendo ser
causado por tora muito quente, lenho de tenso, entre outros.
Lminas com fibras levantadas em forma de placas: este defeito aparece sob a forma de
placas que se separam nos veios das madeiras muito desenhadas, constatado em gr revessa.
Lminas com fibras arrancadas: uma faca obtusa pode causar grandes problemas como o
arrancamento de fibras medida que a faca avana. Ao mesmo tempo que estas fibras esto
sendo comprimidas, a resistncia frente da faca gera tenses atrs do fio de corte. Isto
pode ser suficiente para formar placas, resultando num grupo de clulas arrancadas da
superfcie das lminas.
IWAKIRI (1996) lembra que condies inadequadas de secagem geram diversos tipos
de defeitos, com perda de material e baixa qualidade na colagem, como por exemplo: falta de
uniformidade no teor de umidade final, tores e ondulaes, rachaduras, superfcies
chamuscadas, contrao excessiva e colapso.
Segundo IWAKIRI (1997) tambm podem ocorrer outros defeitos relacionados com o
material e o equipamento utilizado para a laminao, como por exemplo: manchas de fungos
em lminas midas e oxidao; irregularidade da espessura, causada pelo ngulo da faca;
aspereza da superfcie, causando problemas na colagem; fendas superficiais; desvios no plano
normal da lmina, podendo causar problemas na colagem de topo, espalhamento do adesivo e
montagem do compensado; lminas com lado rgido e lminas mais espessas nas pontas que no
centro.
43
3.5.7 Fatores que Afetam a Colagem
MARRA (1992) comenta que os constituintes qumicos da madeira no so
distribudos uniformemente atravs da estrutura, so mais ou menos concentrados em certas
clulas ou partes de clulas. Dependendo de onde a faca passa, atravs da parede celular,
propriedades superficiais largamente diferentes sero apresentadas na colagem. Isto
especialmente verdadeiro em elementos fibrosos, onde condies anteriores da madeira
predispe a superfcie a ser rica em lignina ou em celulose.
IWAKIRI (1997) relata que as propriedades anatmicas se relacionam com o
movimento do adesivo e estrutura da madeira. A significativa diferena de porosidade entre
lenho inicial e tardio, e a pequena proximidade entre estas duas zonas na superfcie da madeira,
so causadores de uma das maiores dificuldades a superar na formulao de colas aplicadas
madeira (MARRA, 1992).
Para IWAKIRI (1998), esta estrutura diferenciada pode ocasionar, como problema
relativo penetrao de adesivos, a linha de cola "faminta" ou "espessa".
MARRA (1992) lembra que as clulas do cerne, preenchidas com materiais estranhos,
como leos, graxas e compostos fenlicos, alteram a penetrabilidade da madeira e as
propriedades de colagem.
O lenho juvenil possui anis de crescimento largos, a madeira produzida
relativamente fcil de colar devido sua baixa densidade e estrutura porosa, mas a resistncia
inferior e instabilidade dimensional podem resultar em performances insatisfatrias do produto
colado. Por outro lado, rvores velhas tendem a um lento crescimento, com produo de
estreitos anis, alm de apresentarem uma percentagem de cerne mais elevada, com quantidade
de alburno mais reduzida (MARRA, 1992). O lenho adulto ao contrrio, apresenta maior
densidade, menor porosidade, sendo a colagem mais difcil (IWAKIRI, 1997).
44
Segundo BURGER & RICHTER (1991), o lenho de reao ocasiona problemas de
trabalhabilidade, instabilidade dimensional e o surgimento de compensados empeados,
corrugados e rachados.
A maioria das superfcies de madeira a serem coladas, no so perfeitamente radiais ou
tangenciais, apresentando ngulos de corte intermedirios. O movimento da umidade, a
estabilidade dimensional, a resistncia, propriedades relativas colagem, performance dos
produtos colados e propriedades do acabamento superficial, so relacionados diretamente com
o ngulo da gr (MARRA, 1992).
Para IWAKIRI (1998) quando necessria a formao de ligaes fortes, a madeira de
gr ligeiramente inclinada se mostra mais adequada em relao gr direita, pois os adesivos
de madeira possuem uma composio que combina com a porosidade, ou seja, eles no
possuem mobilidade suficiente para penetrar atravs das paredes celulares. MARRA (1992)
menciona que para uma ligao forte, o adesivo deve alcanar a camada da madeira intacta
abaixo da superfcie, o que ocorre atravs da penetrao pelos lumes celulares, pontoaes ou
fendas nas paredes celulares.
Madeira com gr inclinada no possui relao na formao da ligao adesiva, mas
ocorrem comportamentos indesejveis no produto colado, uma vez que, em funo das tenses
irregulares, a madeira apresenta alteraes dimensionais difusas mais elevadas (IWAKIRI,
1998).
WALKER (1993) menciona que gr espiralada pode resultar em rachaduras durante a
secagem das lminas. Mesmo quando tal material seca com xito podem ocorrer
empenamentos quando as camadas no so bem balanceadas.
3.5.8 Principais Tipos de Defeitos na Colagem das Lminas
45
Segundo SELLERS (1985), apenas uma lmina spera pode produzir
insatisfatoriamente a ligao adesivo-madeira se o grau de desigualdade e de freqncia da
aspereza no contatar a ligao entre os mesmos. O fluxo do adesivo pode ser excessivo ou
insuficiente. Se excessivo, est na presena de excesso de umidade ou pequeno tempo de
presso e descrito como preparao excessiva ou sob cura. Se existir uma falta de solvente
(gua), fluxo insuficiente pode ocorrer, e esta ligao defeituosa descrita como transferncia
pobre.
A delaminao um dos principais defeitos, causada por: alto teor de umidade da
lmina, alta extenso de adesivo, falhas nas lminas, largas fendas entre o centro das lminas,
problemas na temperatura e presso na prensagem, tempo de prensagem muito pequeno,
pratos sujos, impurezas na linha de cola, linha de cola seca antes da prensagem, lminas finas e
espessas, excessivo contedo de gua na mistura adesiva, adesivo no polimerizado,
temperatura de prensagem muito alta (SELLERS, 1985).
IWAKIRI (1998) ainda menciona: bolha (elevao da superfcie, separao das lminas
no interior da chapa); defeito aberto (irregularidades - trincas, rachas, juntas abertas, fissuras,
furos, ns, etc.); encavalamento (sobreposio de lminas nas juntas) e ultrapassagem de cola
(manchas na lmina externa).
3.5.9 Controle de Qualidade
Segundo a FAO (1968) quase todos os painis compensados comerciais devem cumprir
algumas especificaes em relao s dimenses, resistncia da linha de cola e qualidade das
lminas empregadas. S o ensaio de amostras do produto acabado permite dar a confirmao
46
definitiva. Para que as normas de qualidade se repitam de um modo contnuo so sempre
necessrias as comprovaes em diferentes fases durante o processo de produo. O controle
de qualidade durante a elaborao pode ir, por exemplo, da simples inspeo qualitativa das
lminas, para verificar suas caractersticas externas, a medies quantitativas rigorosas da
espessura, teor de umidade e muitos outros fatores que influem na qualidade e nos custos da
produo dos compensados.
Outro exemplo o controle da espessura da lmina, tanto na direo longitudinal como
na largura, quando entre as possveis causas das variaes excessivas figuram desajuste de
torno, peas gastas ou soltas, toras mal acondicionadas, etc.(FAO, 1968).
3.5.10 Classificao das Lminas
As lminas, considerando-as como parte de uma chapa acabada, podem ser
classificadas em uma das seguintes categorias, de acordo com IBDF (1985b):
N - Natural: lmina lisa, livre de ns, buracos de ns, rachaduras, aberturas ou qualquer
outro defeito aberto, sem manchas, provenientes 100% de cerne ou 100% de alburno.
Massa sinttica admitida em rachaduras no mais largas do que 1 mm e no excedendo 50
mm de comprimento. Reparos podem ser aceitos desde que no excedam seis na superfcie
total da chapa, e que sejam feitos com madeiras que tenham cor e gr combinando com a
lmina, emenda perfeita, e no excedendo 25 mm em largura e 100 mm em comprimento.
A - Primeira: lmina lisa, firme, uniforme em cor e gr, livre de ns ou outros defeitos
abertos. No caso das chapas de interior ou intermediria admite-se a utilizao de massa
sinttica em pequenas rachaduras com, no mximo, 5 mm de largura e 100 mm de
comprimento, ou em aberturas de no mximo 15 mm de largura e 50 mm de comprimento
ou rea equivalente. Para chapas de uso exterior, admite-se massa sinttica em rachaduras
com, no mximo, 1 mm de largura e 100 mm de comprimento, ou em pequenas aberturas
menores que 2 mm de largura e 50 mm de comprimento ou rea equivalente. Reparos de
madeiras para todos os tipos de chapa no devem exceder 50 mm de largura e 100 mm de
comprimento, perfeitamente juntados e combinados em cor e gr. O nmero total de
reparos, seja de massa sinttica ou de pedaos de madeira, no deve exceder a oito no total
da superfcie da chapa.
B - Segunda: lmina slida, firme, admitindo-se leves descoloraes, livre de defeitos,
aberturas ou gr rompida, permitindo-se leves rugosidades ou aspereza, desde que no
exceda 5% da rea da chapa. Admitem-se ns de at 25 mm de dimetro desde que estejam
fechados e firmes. Furos verticais so admitidos, desde que menores de 2 mm de dimetro e
menos de 15 por metro quadrado. Furos horizontais no podem exceder 2 mm de largura e
25 mm de comprimento e em nmero inferior a 15 no total da superfcie da chapa. Todos os
furos devem ser fechados com massa sinttica. No caso de chapas de uso interior ou
intermedirio, admite-se o uso de massa sinttica em pequenas rachaduras com, no mximo,
5 mm de largura e 100 mm de comprimento ou rea equivalente. Para chapas de uso
exterior, admitida a aplicao de massa sinttica em rachaduras ou aberturas menores que
2 mm de largura e 100 mm de comprimento. Reparos de madeira no podem exceder 100
mm de largura e 300 mm em comprimento, perfeitamente juntado e combinado em cor e
gr. O nmero de reparos em massa sinttica ou com madeira no deve exceder a 15 no
total da superfcie da chapa.
C - Terceira: sem restries quanto descoloraes, de estrutura firme, sendo admitido
ns firmes de at 40 mm, desde que no comprometam o uso ou a resistncia mecnica.
Ns abertos no maiores que 20 mm e furos no maiores que 6 mm por 12 mm so
admitidos. A soma de largura dos defeitos no pode exceder 200 mm. Rachaduras medidas
a 150 mm do topo da chapa no devem exceder 15 mm de largura, admitindo-se um
48
comprimento de, no mximo, a metade do comprimento da chapa. Nenhum dos defeitos
deve comprometer a utilizao e a resistncia da chapa. A soma dos reparos de madeira ou
massa sinttica no devem exceder 150 mm na largura.
D - Quarta: admite-se ns firmes ou abertos de at 70 mm de largura, desde que a soma
dos defeitos no seja superior a 300 mm na largura. Rachaduras medidas a 150 mm da
extremidade no devem exceder 30 mm de largura. Outros defeitos no mencionados so
admitidos, desde que no afetem a resistncia ou a utilizao das chapas.
Embora haja a classificao do IBDF (1985b), cada empresa faz a sua, baseando-se em
caracteres descritos acima.
3.6 ACABAMENTOS OU REVESTIMENTOS
Acabamento superficial a preparao da superfcie ancoradora e a aplicao, manual
ou mecnica, de produtos sobre a superfcie da madeira, com objetivo de melhoria da
qualidade e da esttica das peas e proteo ao ataque de fungos e insetos, funcionando como
uma barreira fsica e/ou qumica (FAO, 1968).
De acordo com WALKER (1990), deve-se levar sempre em conta, desde o primeiro
momento, que no existe nenhum tratamento perfeito para a madeira. Todos os processos
devem ter uma frmula de compromisso entre durabilidade, aspecto e facilidade de aplicao,
e, em conseqncia, deve-se conhecer o efeito final que se deseja conseguir antes de comear o
trabalho.
A cor da madeira no indispensvel. Para buscar um acabamento adequado
necessrio, no obstante, avaliar todas as possibilidades. Tintas e corantes so utilizados
tradicionalmente para conseguir que uma madeira barata apresente melhor aspecto, ou para dar
um tom uniforme aparncia de uma determinada construo, onde so empregadas diferentes
49
madeiras. As substancias destinadas ao acabamento podem penetrar na madeira ou permanecer
na superfcie, secando por evaporao ou por reao com o ar (WALKER, 1990).
Segundo WILCOX et al (1991), todos os acabamentos, revestimentos claros tanto
quanto tintas, mudam a aparncia da madeira. Os tipos claros modificam a reflexo de luz, com
o efeito de madeira de fundo e realam a figura dos anis de crescimento e outros desenhos.
Acabamentos adequados melhoram a aparncia e preservam a madeira por muito tempo.
De acordo com WALKER (1990) o trabalho de polimento e acabamento pode
mascarar a textura de uma superfcie, mas nunca chegar a cobrir as imperfeies da madeira.
E possvel que as deixe mais evidentes. Quem se dedica ao trabalho em madeira pode desejar
reaviv-la, dando nova profundidade e riqueza de cor, ressaltar com maior viveza o desenho
ou a textura, ou proporcionar algum novo aspecto a uma pea. As possibilidades tambm
distinguem o caso de quem trabalha para dar a uma parte do mvel uma colorao igual ao
restante, ou de quem deseja nova cor em uma pea inteira, dando a uma madeira barata a
aparncia de outra mais nobre.
No emprego de tintas, importante lembrar que as madeiras absorvem diferentemente
as tintas, assim como partes de uma mesma pea podem apresentar comportamentos variveis
(WALKER, 1990).
Analisando pintura e acabamentos transparentes, WILCOX et al (1991) relatam que
aspectos da madeira, como anis de crescimento, mostram o mesmo mecanismo de outros
objetos: refletem a luz, sendo que o lenho inicial reflete de forma diferente do lenho tardio.
Os corantes esto entre pinturas e acabamentos claros: aumentam o tom mas deixam a
figura da madeira visvel e podem tambm acentu-la pela concentrao em partes dos anis de
crescimento e raios (WILCOX et al, 1991).
50
A permeabilidade importante no quo bem e por quanto tempo o acabamento protege
a madeira. Porosidade e alisamento do acabamento determinam o grau de brilho e facilidade de
limpeza da superfcie (WILCOX et al, 1991).
Segundo WILCOX et al (1991) um acabamento claro denominado natural pois
acentua e preserva a aparncia original da madeira, mas corretamente falando, o filme formado
no natural desde que faltam brilho e aspereza naturais. Corantes so qualificados como
naturais se apenas intensificam a cor de madeiras particulares, sem adicionar outra cor.
3.6.1 Tratamentos de Conservao Contra o Apodrecimento e Insetos
Os painis de madeira apresentam certa resistncia ao ataque de fungos e insetos ou
por composio natural ou como resultado de procedimentos de fabricao, mas, mesmo
assim, necessrio um tratamento especial de conservao quando vo ser expostos a
condies rigorosas. Por exemplo, as colas e aglutinantes que so utilizados proporcionam
certa proteo contra os xilfagos, e os diversos sistemas e materiais que so usados para o
acabamento da superficie podem ser bastante eficazes para retardar a absoro de umidade,
reduzindo deste modo o perigo de apodrecimento, mas no so adequados para uma proteo
completa (FAO, 1968).
Para o tratamento de compensados, com substncias preservantes, se recorre a vrios
mtodos, sendo o mais utilizado incorporar aditivos cola, com o que se evita uma nova
operao, em geral, sem descolorir a chapa nem resultar em manejo desagradvel. Tambm
podem ser aplicados retardantes de ignio e utilizados tratamento sob presso. (FAO, 1968)
51
3 .6.2 Defeitos Iniciais de Acabamento
Segundo WILCOX et al (1991), alguns efeitos resultam da ao do acabamento,
outros podem se desenvolver a qualquer momento:
Descoloraes: causadas pela entrada de gua, volatilizao de extrativos ou fungos,
Bolhas: so explicadas pela presso do gs ou lquido na superficie da madeira, ou pela
excessiva contrao da pelcula de tinta.
- Bolhas de temperatura: resultam da expanso do solvente ou do ar na madeira que
foi pintada com tinta preta em baixas temperaturas, antes do sol atingir a superfcie.
- Bolhas de umidade: resultam da madeira que no estava suficientemente seca no
momento da pintura e no forneceu adeso adequada;
Arrancamento de fibras: pode ser evitado pelo umedecimento, secagem e lixamento antes
da aplicao do acabamento;
Descascamento: a separao do filme paralelo superfcie, na interface da madeira ou
entre o filme, geralmente causado pela umidade inadequada no momento da pintura.
Entre as principais causas apresentadas para os problemas de acabamento destacam-se:
o produto utilizado no o indicado para aquela finalidade; a superfcie do substrato no foi
corretamente lixada e limpa; superfcies contaminadas com leo, graxas, etc.; madeira com alta
percentagem de umidade; umidade relativa no ambiente de aplicao maior que 90%;
temperatura ambiente alta; local de aplicao sujo e com muita poeira; equipamento sujo, com
mal funcionamento e no adequado aplicao; pessoal no orientado sobre a forma correta
de preparao e aplicao; presena de gua ou leo no sistema de aplicao (na linha de ar,
bombas ); contaminao da seo de pintura com silicone.
52
4 MATERIAL E MTODOS
4.1 ESPCIES
As espcies foram escolhidas com base na popularidade, freqncia e importncia de
utilizao, sendo tambm caracterizadas as que esto entrando no mercado, ainda pouco
conhecidas e que so vendidas como se fossem madeiras nobres, algumas tendo propriedades
semelhantes, outras, totalmente opostas.
Foram enviados questionrios todas as empresas de Curitiba, PR, que, de alguma
forma, utilizam lminas de madeira, seja produo prpria ou adquiridas de terceiros, obtendo-
se informaes das espcies utilizadas, padronizao da qualidade e tratamento preservativo,
bem como principais problemas encontrados.
Atravs de visitas, foram coletadas 70 amostras de lminas faqueadas e torneadas nas
empresas que apresentavam maior variabilidade de espcies e se dispuseram a fornecer o
material. No caso de lminas faqueadas, cada amostra coletada foi composta por determinado
nmero de lminas cortadas seqencialmente, ou seja, quando unidas forneciam a imagem da
superfcie do lenho antes do corte. O nome fornecido pela empresa foi anotado em cada
amostra.
4.2 IDENTIFICAO DO MATERIAL
As amostras coletadas nas empresas de Curitiba foram identificadas no Laboratrio de
Anatomia da Madeira, da Universidade Federal do Paran (UFPR). Esta identificao foi
realizada atravs do exame das caractersticas do lenho, primeiramente pelo processo
53
macroscpico, com o auxlio de uma lupa conta-fios de aumento lOx. Como padro foram
utilizadas as amostras da xiloteca do prprio laboratorio.
Quando esta anlise no foi suficiente, utilizou-se o processo microscpico, que exige a
preparao de sees histolgicas para observao em microscpio ptico, sendo utilizadas
como padro as lminas disponveis no laminrio do prprio laboratrio. Caso este
procedimento no fosse possvel, seguiram-se as descries anatmicas disponveis na literatura.
Para confirmao das identificaes, amostras foram enviadas para o Laboratrio de
Produtos Florestais (LPF/DIREN/ffiAMA), em Braslia, DF.
Pelos processos empregados neste trabalho, no foi possvel a identificao de algumas
amostras em nvel de espcie. Nestes casos, necessrio se faz o exame de rgos vegetativos
(flores e folhas), para auxiliar na sua identificao.
Como alguns gneros possuem diversas espcies com caractersticas semelhantes, nos
resultados so apresentadas algumas opes de espcies que podem ser encontradas com a
mesma denominao, as quais, na aparncia, apresentam pequenas diferenas, que por muitos
leigos nem so notadas.
Com a obteno do nome cientfico, atravs da identificao, o correspondente nome
comercial foi dado, utilizando-se como critrio a "Padronizao da nomenclatura comercial
brasileira das madeiras tropicais amaznicas" (IBAMA, 1991) e o "Catlogo de rvores do
Brasil" (CAMARGOS et al, 1996). Tambm apresentam-se os principais nomes utilizados
comercialmente na regio de coleta.
4.3 MICROTCNICA
As lminas faqueadas e torneadas, coletadas seqencialmente foram unidas com cola
branca at que fosse formado um bloco com tamanho suficiente para ser fixado no micrtomo
54
ou que formasse uma superficie transversal com rea tal que possibilitasse a visualizao
macroscpica das caractersticas principais.
As sees anatmicas foram feitas em micrtomo de deslizamento, modelo Spencer AO
n 860, com espessura variando de 18 a 25 micrometros.
Para o tingimento das sees foi utilizado o mtodo de tripla colorao: crisoidina,
acridina vermelha e azul de Astra (DUJ ARDIN, 1964). Posteriormente, as sees anatmicas
foram desidratadas em srie alcolica ascendente, colocadas em acetato de butila e montadas
entre lmina e lamnula com Entellan.
4.4 DESCRIO DAS LMINAS
Para a descrio macroscpica das lminas, seguiu-se as recomendaes de MUIZ &
CORADIN (1991), baseadas na IAWA (1989). Foram analisadas as caractersticas visveis a
olho nu e com lupa do tipo conta-fios de aumento lOx.
Caractersticas descritas:
a) Cor
b) Brilho
c) Odor
d) Textura
e) Gr
f) Desenho
55
g) Vasos: transversal: visibilidade
tipos
tamanho
obstruo
freqncia
porosidade
tangencial: visibilidade
comprimento
freqncia
h) Parnquima: visibilidade
tipo
i) Raios: transversal: visibilidade
largura
freqncia
tangencial: visibilidade
altura
largura
estratificao
freqncia
j) Distino camadas de crescimento
4.5 ILUSTRAES
Para a ilustrao do trabalho, as lminas, ao natural, foram fotocopiadas, cores, em
mquina Xerox.
56
5 RESULTADOS E DISCUSSO
5.1 ESPCIES AMOSTRADAS
A avaliao das caractersticas anatmicas do lenho das amostras coletadas permitiu a
identificao botnica das mesmas, a qual apresentada em relao ao nome comercial
utilizado na regio de Curitiba (TABELA 5).
Tambm foram coletadas lminas de pinus, as quais foram descartadas uma vez que
no existem problemas de identificao desta espcie e um dos objetivos era avaliar a variao
na nomenclatura e os erros causados em lminas de folhosas, alm de caracteriz-las
macroscpicamente.
Alm dessas madeiras, tambm so utilizadas lminas de marinheiro, sumama, virola,
figueira branca e rosa, caucho, jacareba, garapeira, angelim, copaiba, mas como a quantidade
comercializada pequena no haviam amostras disponveis.
Pela observao da TABELA 5 pode-se verificar que em alguns casos, como por
exemplo no amap, cedro, curupix, pau-marfim, mogno e tauari, o mesmo nome comercial
utilizado para madeiras pertencentes a gneros e espcies diferentes. Estas confuses
possivelmente so causadas, em parte, por verdadeiro desconhecimento do material utilizado,
tambm pela tentativa de fraude utilizando-se uma madeira de menor valor no lugar de uma
altamente valorizada, cobrando-se o maior preo, ou pelo esforo de comercializao de novas
espcies de madeira. No caso das lminas, fica muito mais difcil para um leigo diferenciar as
espcies, da a necessidade de uma correta avaliao do material. Nota-se que as maiores
confuses esto no mogno, pau-marfim, amap e tauari, espcies de alto valor comercial e, no
caso dos dois primeiros, em explorao controlada.
57
TABELA 5 - ESPCIES DE MADEIRA IDENTIFICADAS NAS AMOSTRAS
COLETADAS NAS EMPRESAS DE LAMINAO DE ACORDO COM
O NOME COMERCIAL FORNECIDO
Nome
Comercial
Fornecido
Nome sugerido
pelo IBAMA
Nome Cientfico
Identificado no Laboratrio Famlia
amap amap- Parahancornia amapa (Huber) Ducke Apocynaceae
amargoso Brosimum parinarioides Ducke Moraceae
amap-doce Simarouba amara Aubl. Simaroubaceae
marup
amescla amescla Trattinnickia burseraefolia (Mart.) Willd Burseraceae
andiroba andiroba Carapa guianensis Aubl. Meliaceae
carvalho Quer eus spp. Fagaceae
caxeta marup Simar ouba amara Aubl. Simaroubaceae
marup Simarouba versicolor St. Hill Simaroubaceae
amap- Parahancornia amapa (Huber) Ducke Apocynaceae
amargoso Brosimum parinarioides Ducke Moraceae
amap-doce
cedro cedro Cedrela spp. Meliaceae
louro-vermelho Nectandra rubra Mez. Lauraceae
cerejeira cerejeira Amburana cearensis (Allemo)A.C.Sm Fabaceae
cerejeira goiabo Pouteria pachycarpa Pires Sapotaceae
imperial
curupix curupix Micropholis spp. Sapotaceae
tauari Couratari spp. Lecythidaceae
eucalipto eucalipto Eucalyptus spp. Myrtaceae
freij freij Cordia goeldiana Huber Boraginaceae
goiabao
guatambu
imbua
ip tabaco
jatob
goiabo
pau-marfim
imbuia
goiabo
freij
jatob
Pouteria pachycarpa Pires
Balfourodendron riedelianum Engl.
Ocotea porosa (Nees & Mart, ex Nees) L.
Barroso
Pouteria pachycarpa Pires
Cordia goeldiana Huber
Hymenaea spp.
Sapotaceae
Rutaceae
Lauraceae
Sapotaceae
Boraginaceae
Caesalpiniaceae
58
TABELA 5 - ESPCIES DE MADEIRA IDENTIFICADAS NAS AMOSTRAS
COLETADAS NAS EMPRESAS DE LAMINAO DE ACORDO COM
O NOME COMERCIAL FORNECIDO (CONTINUAO)
Nome
Comercial
Fornecido
Nome sugerido
pelo IBAMA
Nome Cientfico
Identificad o no Laboratrio Famlia
jequitib-rosa jequitib Cariniana micrantha Ducke. Lecythidaceae
koto muiratinga Maquira guianensis Aubl. Moraceae
louro-faia louro-faia
louro-faia
Euplassa spp.
Roupala spp.
Proteaceae
Proteaceae
louro-vermelho louro-vermelho Nectandra rubra Mez. Lauraceae
marfim-arana Chrysophyllum spp. Sapotaceae
marfim branco marup Simarouba amara Aubl.
Simarouba versicolor St. Hill
Simaroubaceae
Simaroubaceae
marfim brasil goiabo
muiratinga
Pouteria pachycarpa Pires
Maquira guianensis Aubl.
Sapotaceae
Moraceae
marfim do norte muiratinga Maquira spp. Moraceae
marup marup Simarouba amara Aubl.
Simarouba versicolor St. Hill
Simaroubaceae
mogno mogno
andiroba
cedro
louro-vermelho
Swietenia macrophylla King.
Carapa guianensis Aubl.
Cedrela spp.
Entandrophragma cylindricum Sprage
Nectandra rubra Mez.
Meliaceae
Meliaceae
Meliaceae
Meliaceae
Lauraceae
mogno real jequitib Cariniana spp. Lecythidaceae
muiratinga muiratinga Maquira guianensis Aubl. Moraceae
pau-ferro pau-ferro Machaerium scleroxylon Tul. Fabaceae
pau-marfim pau-marfim
muiratinga
muiratinga
Balfourodendron riedelianum Engl.
Maquira guianensis Aubl.
Maquira spp.
Rutaceae
Moraceae
Moraceae
sapele Entandrophragma cylindricum Sprage Meliaceae
sucupira sucupira Bowdichia nitida Spruce Fabaceae
tauari tauari
jequitib
curupix
Couratari spp
Cariniana micrantha Ducke
Micropholis spp.
Lecythidaceae
Lecythidaceae
Sapotaceae
59
Observando-se os dados anteriores, pode-se notar que foram identificadas 35 espcies
distintas, nas madeiras de diferentes procedncias, colhidas na regio de Curitiba, sob forma de
lminas. Alm de espcies amaznicas e da Mata Atlntica, pode-se verificar a presena de
espcies de reflorestamento, como o eucalipto, e madeiras importadas, como o sapele e o
carvalho.
Foram fornecidos 33 nomes comerciais, enquanto, nas amostras coletadas, foram
identificados em laboratrio 54 taxons, com 26 gneros e 30 espcies diferentes. O uso de uma
quantidade de nomes comerciais menor que a totalidade de nomes sugeridos pelo IBAMA, que
neste trabalho atinge 50, indica a tendncia simplificao do mercado, o que pode ser
resultado de uma simples confuso, pela falta de conhecimento e agrupamento de espcies com
cores semelhantes, ou da tentativa de induzir o consumidor a acreditar que o material
fornecido corresponde mesmo madeira que realmente merece aquele nome.
Verifica-se que em 42,6 % dos casos os nomes comerciais foram corretamente
aplicados, ou seja, so compatveis com os nomes sugeridos para o material identificado
cientificamente.
Observando-se a variao entre o nome comercial fornecido e o nome cientfico
identificado, nota-se que 60,61 % dos nomes comerciais fornecidos foram aplicados a apenas
um gnero ou espcie; 24,24 % a dois; 9,09 % a trs; 3,03% a quatro e cinco gneros ou
espcies diferentes. Tambm observa-se que nem todos os nomes populares correspondentes a
apenas uma espcie so compatveis com aqueles sugeridos e aplicados pelo IBAMA, como
o caso da cerejeira imperial, marfim do norte e mogno real.
H nomes como o mogno que foram empregados para cinco espcies diferentes, de
vrios gneros da famlia Meliaceae, e tambm de outra famlia como o caso do louro-
vermelho {Nectandra rubra), uma Lauraceae. O engano dentro da mesma famlia pode ter
60
origem na semelhana das rvores e madeiras, mas no caso do louro-vermelho deve ter incio
na serraria, gerando uma cadeia, uma vez que as rvores so diferentes.
O nome amap, por exemplo, foi empregado para trs espcies, pertencentes a trs
famlias diferentes; j os nomes tauari e pau-marfim corresponderam a trs espcies de duas
famlias diferentes, erros possivelmente causados pela semelhana da madeira aliada ao
desconhecimento de caractersticas peculiares do material.
Tambm pode-se observar a substituio de espcies, como o caso da caxeta que
tpica da Mata Atlntica (Tabebuia cassinioides - Bignoniaceae), que ficou escassa e encontra
eqivalncia em madeiras claras e leves na Regio Norte do pas, tendo seu nome aplicado, por
exemplo, a espcies do gnero Simarouba e algumas da famlia Moraceae.
O inverso tambm ocorre, como no caso do gnero Simarouba, representado aqui com
duas espcies, S. amara e S. versicolor, cujo nome popular adequado marup, pode receber
quatro nomes diferentes (amap, caxeta, marup e marfim branco). O uso de alguns dos nomes
incorretos pode ter ou no implicaes srias. No caso do emprego do nome caxeta e amap
tambm est se tratando de um grupo de madeiras leves e claras, o que no caso das lminas
representa apenas fins decorativos. No caso de usar Simarouba spp. no lugar de pau-marfim
{Balfourodendron riedelianum), estaria se oferecendo uma lmina de madeira leve, de baixa
densidade e portanto baixa resistncia mecnica, em lugar de uma madeira mais densa, de
maior resistncia mecnica, principalmente ao impacto e abraso (por exemplo, seriam
encontrados problemas no caso de carpetes de madeira) (MAINEERI & CHIMELO, 1989).
Pelos resultados obtidos, observou-se que a famlia Meliaceae contribui com quatro
gneros utilizados para a laminao, sendo a mais significativa. Logo em seguida a famlia
Fabaceae e Sapotaceae, com trs, Moraceae, Lauraceae, Lecythidaceae e Proteaceae com dois
cada, Apocynaceae, Simaroubaceae, Burseraceae, Fagaceae, Boraginaceae, Rutaceae,
Caesalpiniaceae, Myrtaceae com apenas um gnero cada famlia (TABELA 6).
61
TABELA 6 - FAMLIAS E NMERO DE GNEROS ENCONTRADOS NAS LMINAS
IDENTIFICADAS
Famlia Nmero de Gneros
Meliaceae 4
Fabaceae, Sapotaceae 3
Moraceae, Lauraceae, Lecythidaceae, Proteaceae 2
Apocynaceae, Simaroubaceae, Burseraceae, Fagaceae,
Boraginaceae, Rutaceae, Caesalpiniaceae, Myrtaceae. 1
TOTAL 26
O pequeno nmero de famlias e gneros utilizados pode ser decorrente das
caractersticas prprias de cada madeira, que muitas vezes no so adequadas para a
laminao, por possurem, em sua estrutura, elementos que dificultam ou at impedem este
processo, ou mesmo que fornecem lminas de qualidade aceitvel, mas que apresentam
enormes problemas na montagem dos compensados ou revestimento de outros painis. As
caractersticas das toras tambm devem ser consideradas, uma vez que nem todas apresentam
forma adequada para laminao, mesmo que as caractersticas da madeira sejam favorveis ou
desejveis.
Na TABELA 7 so apresentadas as freqncias de ocorrncia das espcies, em relao
ao nome comercial, estando j agrupadas de acordo com o nome cientfico, na totalidade das
amostras coletadas. A muiratinga apresenta o maior nmero de amostras, contribuindo com
10% do total, seguida por cerejeira e mogno representando 8,57%; sucupira, goiabo, cedro e
pau-marfim, com 5,71%; amap-amargoso, curupix, freij, jequitib e tauari com 4,29%;
louro-faia, amescla, jequitib-rosa, eucalipto, imbuia, jatob e louro-vermelho, com 2,86%; e
outras seis espcies com 1,43%.
62
TABELA 7 - FREQNCIA DAS ESPCIES ENCONTRADAS EM RELAO AO
NMERO TOTAL DE AMOSTRAS COLETADAS
Espcie n de Amostras Freqncia (%)
Muiratinga 7 10,00
Cerejeira, Mogno 6 8,57
Sucupira, Goiabo, Cedro, Pau-marfim 4 5,71
Amap-amargoso, Curupix, Freij,
Jequitib, Tauari 3 4,29
Louro-faia, Amesela, J equitib-rosa,
Eucalipto, Imbuia, J atob, Louro-vermelho 2 2,86
Marfim-arana, Carvalho, Sapele,
Pau-ferro, Andiroba, Marup 1 1,43
TOTAL 70 100
Praticamente todas as empresas do setor utilizam padronizao da qualidade das
lminas, baseada nas dimenses e aparncia, seja ela proposta por norma nacional ou
internacional, ou prpria, podendo ser, por exemplo, primeira, segunda, terceira; excelente,
boa, regular, industrial, avulsas; extra, especial, primeira, industrial; dependendo do mercado e
uso final.
A no utilizao de tratamento preservante foi observada na maior parte dos casos,
sendo que muitos problemas encontrados posteriormente tem sua causa neste fato. Algumas
empresas banham as toras com fungicida e cupinicida, outras aplicam imunizantes nas lminas
j cortadas, outras ainda utilizam fungicida e/ou inseticida apenas na linha de cola, na
montagem do compensado.
Na TABELA 8 est resumida a porcentagem de utilizao de tratamento preservante e
padronizao da qualidade nas empresas.
63
TABELA 8 - PADRONIZAO DA QUALIDADE E TRATAMENTO PRESERVANTE
DAS LMINAS
Padronizao da Qualidade (%) Tratamento Preservante (%)
No - 60
Sim 100 40
TOTAL 100 100
Os principais problemas observados nas lminas foram: ondulaes aps secagem,
vazamentos, manchas de processo, rachaduras, deterioraes biolgicas, manchas naturais,
revessos, variao de cor na madeira, desenho fora do centro. Durante as visitas verificou-se
que a maioria dos defeitos foi causada por problemas durante a laminao ou por condies
inadequadas de estocagem das toras e lminas, onde o elevado teor de umidade propicia o
ambiente ideal para o desenvolvimento de fungos e outros organismos xilfagos.
A presena de revessos, desenhos fora do centro e padres de cores diferentes nas
lminas resultado de caractersticas intrnsecas da madeira que devem ser adequadamente
exploradas, utilizando-se mtodos de corte e montagem que os valorizem, proporcionando um
alto rendimento e um produto final de qualidade elevada.
Observou-se que em relao ao fendilhamento, madeiras com gr direita racham mais
facilmente quando verdes do que secas; madeiras com gr revessa racham mais facilmente na
direo tangencial e freqentemente so mais difceis de rachar radialmente. Madeiras com
raios largos geralmente apresentam figuras atraentes, mas eles indicam que estas racham mais
facilmente na direo radial.
As lminas de sapele, andiroba e muiratinga, em cortes radiais, apresentam faixas
escuras e claras intercaladas, sendo preferidas por muitos para revestimento de mveis, pelo
brilho especial produzido.
64
O louro-faia, em cortes radiais e tangenciais, apresenta os raios bem destacados, uma
vez que so altos e largos; o jatob, pelo tipo de parnquima axial encontrado, forma desenhos
caractersticos; o pau-ferro e o carvalho possuem desenhos especiais e atraentes pela diferena
de colorao entre cerne e alburno. As lminas de louro-faia, jatob, pau-ferro e carvalho so
utilizadas como lminas decorativas de alto valor comercial.
Por apresentarem textura fina, gr reta e poros mltiplos radiais, as lminas de amap-
amargoso e marfim-arana freqentemente racham no sentido dos raios, causando problemas
para a utilizao. Um outro problema das lminas claras o escurecimento, com o passar do
tempo, devido oxidao dos extrativos presentes.
Algumas espcies de tauari apresentam odor muito desagradvel, o que tem causado
muitos problemas de desempenho do material.
Lminas oriundas de madeiras com textura grossa apresentam problemas na colagem.
A presena de canais traumticos tambm afeta esta propriedade, dificultando a utilizao do
material para um compensado de qualidade.
Em relao s propriedades, o cedro, por ser um material mais leve e poroso, possui
maior absoro de adesivos e substncias utilizadas no acabamento, sendo necessrios
cuidados especiais para uma boa qualidade do produto final (MAINIERI & CHIMELO, 1989).
Devido presena de leo resina ou tilos nos poros, as lminas de jequitib apresentam
baixa a mdia permeabilidade a solues preservantes e contrao volumtrica menor, ao
contrrio do tauari e curupix que tem alta permeabilidade e maior contrao volumtrica
(MAINIERI & CHIMELO, 1989).
Para o consumidor final, estas diferenas no so significativas, a menos que ocorram
problemas de fungos, rachaduras que afetem a qualidade esttica do material ou emanaes
desagradveis que prejudiquem no uso escolhido. Uma vez que as caractersticas anatmicas
so semelhantes, madeiras dentro de um gnero apresentam o mesmo valor econmico, no
65
havendo distino pela falta de conhecimento do material utilizado ou porque as propriedades
so muito prximas, ou mesmo por fraude.
5.2 DESCRIO MACROSCPICA DAS LMINAS
Foram descritas as caractersticas macroscpicas (visveis a olho nu ou com lente lOx),
observadas nos planos transversal (topo) e tangencial, sendo apresentadas as descries das
principais espcies utilizadas. Quando apenas o gnero indicado junto ao nome comum,
vrias espcies so comercializadas com a mesma denominao, no havendo distino na
qualidade e preo. A primeira relacionada a mais freqente, podendo-se encontrar outras.
A identificao foi baseada primeiramente na seo transversal, sendo confirmada
posteriormente pela seo tangencial. A face radial no foi descrita uma vez que s possvel a
anlise dos raios, ficando difcil alguma concluso. No caso de cortes que fornecem uma
superfcie intermediria entre radial e tangencial, deve-se observar a parte melhor orientada ou
tentar, com o auxlio de um canivete, efetuar um pequeno corte na direo correta.
A classificao dos raios foi a seguinte: altos e largos quando facilmente visveis a olho
nu, semelhantes ao louro-faia, onde atingem 12 mm de altura e 3 de largura; raios baixos e
estreitos, algumas vezes visveis a olho nu, outras no, com no mximo 1 mm de altura e 0,5
de largura. Mdios so aqueles que atingem l-3mm de altura e 0,5-2 de largura.
Os vasos foram divididos em pequenos, mdios e grandes. Pequenos quando, no corte
transversal, foram observados como pontos, no sendo possvel medir com uma rgua comum;
grandes quando estavam prximos a lmm e mdios com 0,3-0,5 mm.
Logo aps as descries, na FIGURA 9, so apresentados os aspectos visuais das
lminas estudadas, de acordo com suas orientaes de corte (corte radial, corte tangencial e
corte intermedirio, radial-tangencial.)
66
AMAP-AMARGOSO (Parahancornia amapa (Huber ) Ducke) - Apocynaceae
Outros nomes comerciais: amap, amap-branco, caixeta.
Cor amarelada; brilho ausente; odor desagradvel; textura fina; gr direita; desenho no
demarcado.
Vasos indistintos a pouco distintos a olho nu, solitrios e mltiplos radiais
predominantes, de dois a cinco, os ltimos ocasionais, pequenos, vazios, numerosos,
porosidade difusa. Na face tangencial visveis a olho nu, longos, numerosos.
Parnquima axial indistinto a olho nu, em faixas irregularmente espaadas, formando
com os raios uma trama irregular.
Raios indistintos a olho nu, estreitos, numerosos; na face tangencial invisveis a olho
nu, pouco distintos mesmo sob lente, baixos e estreitos, no estratificados, numerosos.
Camadas de crescimento indistintas.
AMAP-DOCE {Brosimum parinarioides Ducke) - Moraceae
Outros nomes comerciais: amap, caixeta.
Cor amarelada; brilho ausente; odor imperceptvel; textura fina a mdia; gr irregular a
revessa; desenho no destacado.
Vasos visveis a olho nu, solitrios em maioria, geminados e mltiplos de trs a cinco
ocasionais, mdios a grandes, obstrudos parcialmente por tilos, pouco numerosos, porosidade
difusa. Na face tangencial visveis a olho nu, longos, poucos.
Parnquima axial visvel a olho nu, paratraqueal aliforme de extenso linear e
confluente em trechos curtos.
Raios distintos a olho nu, mdios, muitos; na face tangencial visveis a olho nu, baixos e
largos, no estratificados, muitos.
67
Camadas de crescimento indistintas a pouco distintas, demarcadas por zonas fibrosas
mais escuras.
AMESCLA (Trattinnickia burseraefolia (Mart.) Willd ) - Burseraceae
Outros nomes comerciais: amesclo, breu-sucuruba, sucuruba, morcegueira.
Cor rosada; brilho moderado; odor imperceptvel; textura fina a mdia; gr direita;
desenho no destacado.
Vasos pouco distintos a distintos a olho nu, solitrios em maioria, mltiplos de dois a
trs e geminados presentes, pequenos, vazios ou obstrudos por tilos, numerosos, porosidade
difusa. Na face tangencial, visveis a olho nu, mdios a longos, numerosos.
Parnquima axial indistinto mesmo sob lente.
Raios indistintos a pouco distintos a olho nu, estreitos, numerosos; na face tangencial
visveis a olho nu, baixos e estreitos, no estratificados, numerosos.
Camadas de crescimento aparentemente demarcadas por zonas fibrosas mais escuras.
Canais radiais, s vezes, visveis sob lente.
ANDIROBA (Carapa guianensis Aubl. ) - Meliaceae
Outros nomes comerciais: vendida como mogno; tambm chamada de cedro macho.
Cor avermelhada; brilho moderado; odor imperceptvel; textura mdia; gr direita;
desenho no destacado.
Vasos pouco visveis a olho nu, solitrios e mltiplos at trs, pequenos a mdios,
vazios, alguns com leo resina escura ou avermelhada, numerosos, porosidade difusa. Na face
tangencial visveis a olho nu, alguns com contedo, mdios, numerosos.
Parnquima axial indistinto a pouco distinto a olho nu, em faixas marginais.
68
Raios indistintos a olho nu, estreitos, numerosos; na face tangencial visveis a olho nu,
baixos e estreitos, no estratificados, numerosos.
Camadas de crescimento distintas, demarcadas pelo parnquima axial marginal. Na face
tangencial aparentemente demarcadas pela presena de faixas claras e escuras intercaladas.
CARVALHO (Quercus spp.) - Fagaceae
Quercus rubra L.; Quercus virginiana Mill.; Quercus alba L.; Quercus bicolor Willd.
Outros nomes comerciais: oak, red oak, white oak.
Cor rosa ou esbranquiada; brilho ausente; odor imperceptvel; textura mdia; gr
direita; desenho caracterstico.
Vasos distintos a olho nu no lenho inicial, no lenho tardio pouco distintos mesmo sob
lente, solitrios em maioria, mltiplos de dois a trs e agregados presentes, pequenos e
grandes, vazios ou obstrudos por tilos, numerosos, porosidade em anel poroso. Na face
tangencial visveis a olho nu no lenho inicial, no lenho tardio pouco distintos, mdios,
numerosos. A presena ou ausncia de tilos separa dois grupos de carvalhos, os conhecidos
como carvalhos vermelhos (red oak), que apresentam pouco ou nenhum tilo, e os brancos
(white oak), que possuem os poros do cerne totalmente obstrudos.
Parnquima axial pouco distinto mesmo sob lente, melhor visualizado no lenho inicial,
em faixas sinuosas, irregularmente espaadas.
Raios pouco visveis a visveis a olho nu, mdios a largos, poucos; na face tangencial
distintos a olho nu, altos, estreitos e mdios, no estratificados, poucos.
Camadas de crescimento distintas pela porosidade em anel.
O carvalho uma madeira importada, preferida por muitos pela beleza de suas lminas.
69
CEDRO (Cedrela spp. ) - Meliaceae
Cedrela odorata L.; Cedrela fissilis Veil.; Cedrela balansae C.DC.
Outros nomes comerciais: cedro rosa, cedro vermelho, cedro branco.
Cor avermelhada, brilho acentuado; odor agradvel; textura mdia a grossa; gr direita
ou ligeiramente irregular; desenho no destacado.
Vasos visveis a olho nu, solitrios em maioria, mltiplos de dois a trs ocasionais,
poros pequenos a grandes, alguns obstrudos por leo resina escura ou avermelhada, muitos,
porosidade em anel semiporoso. Na face tangencial bem visveis a olho nu, com contedo,
mdios a longos, muitos.
Parnquima axial indistinto a pouco distinto a olho nu, em faixas marginais.
Raios indistintos a olho nu, estreitos, numerosos; na face tangencial visveis a olho nu,
baixos e estreitos, no estratificados, numerosos.
Camadas de crescimento distintas, demarcadas pelo parnquima apotraqueal marginal e
pela porosidade.
CEREJEIRA (Amburana cearensis (Allemo)A.C.Sm.) - Fabaceae
Amburana acreana Ducke A.C.Sm.
Outros nomes comerciais: amburana, amburana de cheiro, cerejeira rajada.
Cor amarelada; brilho atenuado; odor caracterstico, acentuado, agradvel; textura
mdia a grossa; gr irregular; desenho caracterstico causado pelo tipo de parnquima (aspecto
fibroso).
Vasos visveis a olho nu, solitrios em maioria, mltiplos de dois a trs, mdios a
grandes, parte obstruda por leo resina escura ou avermelhada, muitos, porosidade difusa. Na
face tangencial, bem visveis a olho nu, com contedo, mdios a longos, muitos.
70
Parnquima axial visvel a olho nu, paratraqueal vasicntrico, aliforme e confluente em
trechos curtos.
Raios pouco visveis a olho nu, mdios, numerosos; na face tangencial, visveis a olho
nu, baixos e estreitos, estratificao irregular em alguns trechos, numerosos.
Camadas de crescimento indistintas.
CURUPIX (Micropholis spp.) - Sapotaceae
Micropholis venulosa (Mart & Eichl.) Pierre; Micropholis gardnerianum (A. C.) Pierre;
Micropholis guyanensis (A.DC.) Pierre
Outros nomes comerciais: grumix, grumixava.
Cor rosada; brilho ausente; odor imperceptvel; textura fina a mdia, gr direita a
levemente irregular; desenho no destacado.
Vasos visveis a olho nu, solitrios em maioria, mltiplos radiais at trs, pequenos a
mdios, alguns obstrudos por substncia esbranquiada, muitos, porosidade difusa. Na face
tangencial, visveis a olho nu, alguns com contedo esbranquiado, longos, muitos.
Parnquima axial pouco visvel a olho nu, em finas linhas, formando um retculo
irregular com os raios.
Raios pouco distintos a olho nu, estreitos, numerosos; na face tangencial, pouco
visveis a olho nu, baixos e estreitos, no estratificados, numerosos.
Camadas de crescimento pouco distintas, aparentemente demarcadas pelo afastamento
das linhas de parnquima.
71
EUCALIPTO (Eucalyptus spp.) - Myrtaceae
Cor varivel de rosado, avermelhado a branco ou castanho claro, de acordo com a
espcie; brilho ausente; odor imperceptvel; textura fina a mdia; gr irregular; desenho em
algumas espcies mais pronunciado que em outras.
Vasos indistintos a olho nu, solitrios em maioria, mltiplos de dois a trs, arranjo
diagonal, pequenos, alguns obstrudos por tilos, numerosos, porosidade difusa. Na face
tangencial, visveis a olho nu, mdios a longos, numerosos.
Parnquima axial pouco distinto, mesmo sob lente, paratraqueal vasicntrico e
confluente.
Raios indistintos a olho nu, estreitos, numerosos. Na face tangencial, visveis apenas
sob lente, baixos e estreitos, no estratificados, numerosos.
Camadas de crescimento indistintas; na face tangencial, aparentemente demarcadas por
zonas fibrosas mais escuras.
FREIJ (Cordia goeldiana Huber ) - Boraginaceae
Outros nomes comerciais: louro, frei jorge, ip louro, ip tabaco, louro pardo, louro
amargoso, louro branco.
Cor castanho amarelado, com listras mais escuras; brilho mais acentuado na face radial;
odor agradvel caracterstico, mas no muito acentuado; textura mdia; gr direita; desenho
acentuado dependendo do corte.
Vasos pouco distintos a distintos a olho nu, solitrios em maioria, alguns mltiplos de
dois a quatro, pequenos a mdios, alguns obstrudos por tilos, poucos a muitos, porosidade
difusa. Na face tangencial, tambm visveis a olho nu, mdios a longos, poucos.
Parnquima axial indistinto a olho nu, pouco distinto sob lente, paratraqueal
vasicntrico e aliforme.
72
Raios bem distintos a olho nu, mdios, numerosos; na face tangencial, visveis a olho
nu, baixos e largos, no estratificados, numerosos.
Camadas de crescimento pouco distintas, caracterizadas por zonas fibrosas mais
escuras.
GOIABO (Pouteria pachycarpa Pires ) - Sapotaceae
Sinonimia: Planchonella pachycarpa Pires.
Outros nomes comerciais: abiu, abiurana, abiurana amarela, marfim brasil, cerejeira
imperial; erroneamente chamado de ip tabaco.
Cor amarelada com faixas mais escuras; brilho ausente; quando recm cortado, odor
desagradvel; textura fina a mdia; gr direita a irregular; desenho causado pelo parnquima e
zonas fibrosas.
Vasos indistintos a olho nu, mltiplos em cadeias radiais de at seis, muito pequenos a
pequenos, alguns obstrudos por tilos, numerosos, porosidade difusa. Na face tangencial,
pouco distintos a olho nu, mdios a longos, numerosos.
Parnquima axial pouco distinto a olho nu, em faixas irregularmente espaadas,
formando com os raios uma trama irregular.
Raios indistintos a olho nu, estreitos, numerosos; na face tangencial, pouco distintos
mesmo sob lente, baixos e estreitos, numerosos.
Camadas de crescimento indistintas ou pouco distintas, demarcadas pelo afastamento
das linhas de parnquima axial.
73
IMBUIA (Ocotea porosa (Nees & Mart, ex Nees) L. Barroso) - Lauraceae
Outros nomes comerciais: canela imbuia, imbuia lisa, imbuia rajada.
Outras espcies do gnero Ocotea e muitas do gnero Nectandra so vendidas como
imbuia, as quais so popularmente conhecidas como canelas.
Cor castanho claro ou escuro com linhas pretas, variando com o cerne e alburno; brilho
ausente; odor caracterstico; textura mdia; gr irregular; desenho caracterstico.
Vasos indistintos ou pouco distintos a olho nu, solitrios em maioria, e mltiplos at
trs, pequenos, obstrudos por leo resina, numerosos, porosidade difusa. Na face tangencial,
distintos a olho nu, curtos a mdios, numerosos.
Parnquima axial pouco distinto mesmo sob lente, paratraqueal vasicntrico.
Raios indistintos a olho nu, estreitos, numerosos; na face tangencial, pouco distintos
mesmo sob lente, baixos e estreitos, no estratificados, numerosos.
Camadas de crescimento pouco distintas, demarcadas por zonas fibrosas mais escuras.
Na face tangencial, so bem visveis.
JATOB (Hymenaea spp.) - Caesalpiniaceae
Hymenaea courbaril L.; Hymenaea altssima Ducke; Hymenaea aurea Lee & Lang.;
Hymenaea intermedia Ducke; Hymenaea martiana Hayne; Hymenaea oblongifolia Huber;
Hymenaea palustris Ducke; Hymenaea parvifolia Huber; Hymenaea splendida Vog.;
Hymenaea stignocarpa Mart, ex Hayne; Hymenaea rubriflora Ducke
Outros nomes comerciais: jatai, juta.
Cor marrom avermelhado, com tonalidades variveis e linhas mais escuras; brilho
ausente; odor imperceptvel; textura mdia; gr direita a irregular; desenho caracterstico,
resultado das camadas de crescimento.
74
Vasos pouco distintos a distintos a olho nu, bem visveis sob lente, solitrios e
mltiplos at trs, pequenos a mdios, alguns obstrudos por leo resina escura e avermelhada,
poucos, porosidade difusa. Na face tangencial, so bem visveis a olho nu, curtos a longos,
estreitos, poucos.
Parnquima axial visvel a olho nu, faixas marginais, intercalado por paratraqueal
aliforme e vasicntrico escasso, visvel apenas sob lente.
Raios pouco distintos a distintos a olho nu, estreitos, numerosos; na face tangencial,
visveis a olho nu, baixos e estreitos, no estratificados, numerosos.
Camadas de crescimento distintas, demarcadas pelo parnquima marginal.
Espcies do gnero Copaifera, da mesma famlia so freqentemente confundidas com
as espcies do gnero Hymenaea, uma vez que apresentam caractersticas anatmicas
semelhantes, mas as propriedades fsicas e mecnicas diferem, bem como a qualidade, o
rendimento em lminas e a durabilidade natural. As espcies do gnero Copaifera apresentam
canais secretores intercelulares nas faixas de parnquima, os quais tem originado problemas,
pela produo e armazenamento de resina, comportamento durante a colagem.
JEQUITTB ( Cariniana spp.) - Lecythidaceae
Outros nomes comerciais: estopeiro, erroneamente chamado de mogno real.
Cor marrom avermelhada/ castanho; brilho ausente; odor imperceptvel; textura mdia;
gr direita; desenho no destacado.
Vasos distintos a olho nu, solitrios em maioria, mltiplos de dois a trs, pequenos a
mdios, quase totalmente obstrudos por leo resina, muitos, porosidade difusa. Na face
tangencial, visveis a olho nu, a maioria com contedo, curtos a mdios, muitos.
Parnquima axial indistinto a olho nu, apotraqueal em faixas numerosas, formando um
reticulado com os raios.
75
Raios indistintos a olho nu, estreitos, numerosos; na face tangencial, indistintos a olho
nu, baixos e estreitos, no estratificados, numerosos.
Camadas de crescimento aparentemente demarcadas pelo afastamento das linhas de
parnquima (zonas fibrosas). Na face tangencial, levemente distintas por faixas de colorao
diferente.
JEQUITIB-ROSA (Cariniana micrantha Ducke) - Lecythidaceae
Cariniana legalis (Mart.) O. Kuntze.
Outros nomes comerciais: vendido como tauari, jequitib vermelho.
Cor avermelhada; brilho atenuado; odor imperceptvel; textura mdia a grossa; gr
direita a levemente irregular; desenho no destacado.
Vasos distintos a olho nu, solitrios e mltiplos de dois a trs, mdios, vazios
predominantes, alguns com contedo, muitos, porosidade difusa. Na face tangencial, visveis a
olho nu, curtos a mdios, muitos.
Parnquima axial pouco distinto a distinto a olho nu, reticulado, formado por linhas
finas.
Raios pouco visveis a olho nu, estreitos a mdios, numerosos; na face tangencial,
visveis a olho nu, baixos e estreitos, no estratificados, numerosos.
Camadas de crescimento pouco distintas, demarcadas pelo afastamento dos poros e
linhas de parnquima.
A separao entre o gnero Cariniana e Couratari difcil, mesmo em nvel
microscpico, uma vez que as estruturas so bem prximas.
76
LOURO-FAIA (Eiiplassa spp.) - Proteaceae
Euplassa pinnata I.M.J ohnst.; Euplassa incana (Klotzsch) I.M.J ohnst.; Euplassa cantareirae
Sleumer
Outros nomes comerciais: faieira, carvalho, carvalho brasileiro.
Cor rosada; brilho caracterstico devido s dimenses dos raios; odor imperceptvel;
textura grossa; gr ondulada; desenho no destacado.
Vasos distintos a olho nu, solitrios e mltiplos tangenciais em agregados, pequenos a
mdios, alguns com contedo escuro ou avermelhado, numerosos, porosidade difusa. Na face
tangencial, visveis a olho nu, alguns com contedo, curtos a mdios, numerosos.
Parnquima axial indistinto a pouco distinto a olho nu, em linhas finas, algumas vezes
envolvendo os poros, formando arcos entre os raios.
Raios distintos a olho nu, muito largos, poucos; na face tangencial, visveis a olho nu,
altos e largos, no estratificados, poucos.
Camadas de crescimento indistintas.
Tambm so comercializadas com este nome madeiras do gnero Roupala, cujas
caractersticas anatmicas so semelhantes, no havendo separao no comrcio, por exemplo
Roupala brasiliensis Klotzsch; Roupala glabrata Klotzsch ex Meisn e Roupala montana Aubl.
LOURO-VERMELHO (Nectandra rubra Mez) - Lauraceae
Sinonimia: Ocotea rubra Mez.
Outros nomes comerciais: louro mogno, mogno falso, canela vermelha.
Cor avermelhada; brilho ausente; odor imperceptvel; textura grossa; gr direita ou
diagonal; desenho no destacado.
77
Vasos pouco visveis a visveis a olho nu, solitrios e mltiplos radiais at trs,
pequenos a mdios, alguns obstrudos por tilos ou leo resina, numerosos, porosidade difusa.
Na face tangencial, visveis a olho nu, muitos com contedo, mdios a longos, numerosos.
Parnquima axial indistinto mesmo sob lente.
Raios pouco distintos a olho nu, estreitos, numerosos; na face tangencial, visveis a
olho nu, baixos e estreitos, no estratificados, numerosos.
Camadas de crescimento indistintas.
MARFIM-ARANA (Chrysophyllum spp.) - Sapotaceae
Outros nomes comerciais: vendido como pau-marfim.
Cor amarelada; brilho ausente; odor desagradvel quando recm cortado; textura fina;
gr direita; desenho no destacado.
Vasos indistintos ou pouco distintos a olho nu, solitrios e mltiplos em cadeias radiais
predominantes, cadeias com at seis poros, muito pequenos a pequenos, tilos presentes,
numerosos, porosidade difusa. Na face tangencial, distintos a olho nu, longos, numerosos.
Parnquima axial visvel apenas sob lente, em linhas onduladas, irregularmente
espaadas, formando uma trama irregular com os raios.
Raios distintos s sob lente, estreitos, numerosos; na face tangencial, indistintos a olho
nu, pouco distintos sob lente, baixos e estreitos, no estratificados, numerosos.
Camadas de crescimento pouco distintas, aparentemente demarcadas pelo afastamento
das linhas de parnquima.
MARUP (Simarouba spp.) - Simaroubaceae
Simarouba amara Aubl. ; Simarouba versicolor St. Hill.; Simarouba glauca DC.
Outros nomes comerciais: amap, caxeta, marfim branco.
78
Cor amarelada; brilho atenuado; odor imperceptvel; textura fina; gr direita; desenho
no destacado.
Vasos visveis a olho nu, solitrios em maioria, mltiplos de dois a trs presentes,
mdios, vazios em maioria, leo resina presente, poucos, porosidade difusa. Na face
tangencial, visveis a olho nu, alguns com contedo avermelhado, mdios a longos, poucos.
Parnquima axial indistinto a olho nu, paratraqueal aliforme de extenso linear e
confluente em trechos curtos e longos, algumas vezes formando linhas finas e irregulares.
Raios pouco distintos a olho nu, estreitos, numerosos; na face tangencial, visveis a
olho nu, baixos e estreitos, estratificados, numerosos.
Camadas de crescimento indistintas.
Canais axiais normais presentes em faixas marginais.
MOGNO (Swietenia macrophylla King.) - Meliaceae
Outros nomes comerciais: aguano, mahogany, mogno brasileiro.
Cor avermelhada, brilho caracterstico causado pelos raios; odor imperceptvel; textura
mdia; gr direita.
Vasos visveis a olho nu, solitrios e geminados em maioria, mltiplos at trs, mdios,
obstrudos com leo resina escura e avermelhada, numerosos, porosidade difiisa. Na face
tangencial, visveis a olho nu, contedo vascular branco distinto em quase todos, mdios a
longos, numerosos.
Parnquima axial pouco distinto a olho nu, em faixas marginais.
Raios distintos a olho nu, estreitos, numerosos; na face tangencial, visveis a olho nu,
baixos e estreitos, estratificados, s vezes escalonados, numerosos.
Camadas de crescimento distintas, demarcadas pelo parnquima apotraqueal marginal.
79
MUIRATINGA (Maquira guianensis Aubl.) - Moraceae
Sinonimia: Olmedia guianensis (Aubl.) Trecul & Endl.
Outros nomes comerciais: marfim brasil, marfim do norte, marfim cascudo;
erroneamente chamada de koto.
Cor amarelada; brilho moderado; odor imperceptvel; textura fina; gr direita; desenho
no destacado.
Vasos visveis a olho nu, solitrios em maioria, mltiplos at trs, pequenos a mdios,
vazios, numerosos, porosidade difusa. Na face tangencial, pouco distintos a olho nu, alguns
com contedo avermelhado, curtos a mdios, numerosos.
Parnquima axial pouco distinto mesmo sob lente, paratraqueal vasicntrico e aliforme
losangular de extenso muito curta.
Raios pouco distintos a distintos a olho nu, estreitos a mdios, numerosos; na face
tangencial, pouco visveis a visveis a olho nu, baixos e mdios, no estratificados, numerosos.
Camadas de crescimento indistintas.
PAU-FERRO (Machaerium scleroxylon Tul.) - Fabaceae
Outros nomes comerciais: cavina, cavina vermelha, jacarand ferro, jacarand
cavina.
Cor escura, cerne e alburno bem diferenciados, alburno amarelado, cerne castanho
escuro com estras caractersticas; brilho ausente; odor imperceptvel; textura fina; gr direita a
irregular; desenho caracterstico.
Vasos indistintos a olho nu, solitrios em maioria, mltiplos at trs, muito pequenos a
pequenos, vazios, numerosos, porosidade difusa. Na face tangencial, visveis a olho nu, curtos
a mdios, numerosos.
80
Parnquima axial pouco distinto, mesmo sob lente, paratraqueal vasicntrico e aliforme,
finas linhas marginais presentes.
Raios indistintos a pouco distintos mesmo sob lente, estreitos, numerosos; na face
tangencial, visveis s sob lente, muito baixos e estreitos, estratificados, numerosos.
Camadas de crescimento distintas, demarcadas por zonas fibrosas e finas linhas de
parnquima marginal.
PAU-MARFIM (Balfourodendron riedelianum Engl.) - Rutaceae
Outros nomes comerciais: pau-marfim, guatambu, guatambu branco, farinha seca.
Cor amarelada; brilho ausente; odor imperceptvel; textura fina; gr irregular; desenho
no destacado.
Vasos indistintos a olho nu, solitrios e mltiplos at quatro, muito pequenos, vazios,
muito numerosos, porosidade difusa. Na face tangencial, pouco distintos a distintos a olho nu,
curtos, muito numerosos.
Parnquima axial pouco distinto mesmo sob lente, em faixas marginais.
Raios pouco distintos a olho nu, estreitos, numerosos; na face tangencial, indistintos a
olho nu e pouco distintos mesmo sob lente, baixos e estreitos, no estratificados, numerosos.
Camadas de crescimento distintas, demarcadas pelo parnquima marginal.
SAPELE (Entandrophragma cylindricum Sprage) - Meliaceae
Outros nomes comerciais: mogno, mogno africano, confundido com a madeira de
andiroba, african mahogany.
Cor avermelhada; brilho acentuado no corte radial; odor imperceptvel; textura fina a
mdia; gr direita; desenho no destacado.
81
Vasos pouco visveis a visveis a olho nu, solitrios em maioria e mltiplos at trs,
pequenos, alguns obstrudos por leo resina avermelhada, numerosos, porosidade difusa. Na
face tangencial, distintos a olho nu, curtos a mdios, numerosos.
Parnquima axial pouco distinto mesmo sob lente, em faixas marginais.
Raios indistintos a olho nu, estreitos, numerosos; na face tangencial, visveis a olho nu,
baixos e estreitos, estratificados, numerosos.
Camadas de crescimento pouco distintas, demarcadas pelo parnquima marginal.
O sapele uma madeira importada, sendo utilizado pela semelhana da madeira com o
mogno e beleza da lmina.
SUCUPIRA (Bowdichia nitida Spruce) - Fabaceae
Bowdichia major (Mart.) Benth.; Bowdichia brasiliensis (Tul.) Ducke
Outros nomes comerciais: sucupira preta, sucupira parda.
Cor pardo escuro com manchas pretas; brilho ausente; odor imperceptvel; textura
grossa; gr revessa; desenho caracterstico (aspecto fibroso).
Vasos distintos a olho nu, solitrios em maioria, mltiplos de dois a trs, mdios,
alguns obstrudos por leo resina, muitos, porosidade difusa. Na face tangencial, visveis a olho
nu, alguns com contedo esbranquiado, curtos a mdios, muitos.
Parnquima axial distinto a olho nu, paratraqueal vasicntrico, aliforme e confluente em
trechos curtos.
Raios indistintos a olho nu, estreitos a mdios, numerosos; na face tangencial, pouco
distintos a distintos a olho nu, baixos e estreitos, estratificados, numerosos.
Camadas de crescimento indistintas.
82
Tambm so encontradas com este nome madeiras do gnero Diplotropis, cujas
diferenas anatmicas so atribudas, no comrcio, a variaes da prpria madeira, no
havendo separao. O gnero Diplotropis no apresenta estratificao dos raios.
TAUARI (Couratari spp.) - Lecythidaceae
Couratari oblongifolia Ducke & R.Knuth; Couratari stellata A.C.Sm; Couratari guianensis
Aubl.; Couratari coriacea Mart, ex Berg.; Couratari martiana (Berg.) Miers; Couratari
multiflora (Sm.) Gyma
Cor amarelada, com faixas mais claras intercaladas com escuras; brilho no destacado;
odor imperceptvel em algumas espcies, em outras muito desagradvel; textura mdia; gr
direita; desenho no destacado.
Vasos bem distintos a olho nu, solitrios predominantes, geminados e mltiplos at
quatro, pequenos a mdios, vazios, muitos, porosidade difusa. Na face tangencial, so bem
visveis a olho nu, mdios a longos, muitos a numerosos.
Parnquima axial pouco distinto a olho nu, bem visvel sob lente, reticulado.
Raios pouco visveis a olho nu, estreitos, numerosos; na face tangencial, pouco
distintos a indistintos a olho nu, sob lente bem destacados dependendo da regularidade do
corte e iluminao, mdios e estreitos, no estratificados, numerosos.
Camadas de crescimento indistintas a pouco distintas, demarcadas por zonas fibrosas
mais escuras.
83
,
Amap Amargoso (Parahancornia Omap(l) (Simarollba amara)1
. Marfim sp.)1
Pau Marfim
FIGURA 9 - ASPECTOS VISUAIS DAS LMINAS ESTUDADAS DE ACORDO COM
SUAS ORIENTAES DE CORTE. lCORTE TANGENCIAL; 2 CORTE
RADIAL; 3 CORTE RADIAL-TANGENCIAL.
84
FIGURA 9 - ASPECTOS VISUAIS DAS LMINAS ESTUDADAS DE ACORDO COM
SUAS ORIENTAES DE CORTE. ICORTE TANGENCIAL; 2 CORTE
RADIAL; 3 CORTE RADIAL-TANGENCIAL. (CONTINUAO).
85
FIGURA 9 - ASPECTOS VISUAIS DAS LMINAS ESTUDADAS DE ACORDO COM
SUAS ORIENTAES DE CORTE. 'CORTE TANGENCIAL; 2 CORTE
RADIAL; 3 CORTE RADIAL-TANGENCIAL. (CONTINUAO).
86
['t:ll,U'll":
I, .
,
, .;
~ o I, ri "
j' . I'
li' "
I"),
UI
: J
.
.' IPUI
"
P
,
" ' I
I I
ffi l1
IIi It: 1,'\+'
I J J ~ L
lliI '
Tauari (COl/ralari Sp.)l
FIGURA 9 - ASPECTOS VISUAIS DAS LMINAS ESTUDADAS DE ACORDO COM
SUAS ORIENTAES DE CORTE. 'CORTE TANGENCIAL; 2 CORTE
RADIAL; 3 CORTE RADIAL-TANGENCIAL, (CONTINUAO),
87
5.3 OBSERVAES GERAIS
Com os dados das descries anatmicas macroscpicas, as espcies mais semelhantes
foram reunidas em grupos e vrias observaes puderam ser verificadas.
Na TABELA 9, foram reunidos mogno, sapele, cedro, andiroba, jatob, louro-
vermelho e jequitib, em funo da aparncia macroscpica que apresentam, com colorao
avermelhada em diferentes matizes. Estas espcies so comercializadas com a denominao de
padro mogno. Os vasos, de uma maneira geral, apresentam-se diferenciados na maior parte
dos casos, sendo que a andiroba, o jatob e o louro-vermelho possuem alguma similaridade. A
porosidade difusa em todas as espcies, exceto no cedro que em anel semiporoso. A
presena de leo resina nos poros ocorre em todos os casos. O parnquima axial em faixas
marginais no mogno, sapele, cedro e andiroba, j o jatob apresenta tambm o tipo
vasicntrico escasso e aliforme, sendo no louro-vermelho indistinto e no jequitib reticulado.
Os raios so finos em todas as espcies, apresentando estratificao apenas no mogno e sapele.
As camadas de crescimento so demarcadas pelo parnquima axial marginal, com exceo do
louro, onde so indistintas, e jequitib, onde so definidas por zonas fibrosas.
Na TABELA 10 foram reunidos pau-marfim, marfim-arana, muiratinga, marup,
amap-amargoso e amap-doce, espcies com cores amareladas, em diferentes matizes. No
comrcio, fazem parte da denominao padro marfim. Todas as espcies possuem porosidade
difusa. No marup alguns poros so obstrudos por leo resina; no marfim-arana e amap-doce
ocorre a presena de tilos; nas outras so vazios. O tamanho dos poros muito varivel, sendo
muito pequenos no pau-marfim, pequenos no amap-amargoso, muito pequenos a pequenos
no marfim-arana, mdios no marup, e mdios a grandes no amap-doce. Quanto ao arranjo,
os poros so solitrios em maioria na muiratinga, marup e amap-doce. A presena de poros
88
mltiplos verificada no pau-marfim, muiratinga e amap-amargoso, no qual a ocorrncia de
cadeias radiais freqente. O parnquima axial apresenta-se de forma bem diferenciada. O
marfim-arana e amap-amargoso possuem esta estrutura em forma de linhas irregulares. No
pau-marfim, o parnquima em faixas marginais. No amap-doce aliforme linear e
confluente em trechos curtos e no marup, alm destes, aparecem confluncias em trechos
longos, algumas vezes formando linhas. Na muiratinga o parnquima vasicntrico e aliforme
losangular de extenso muito curta. Os raios so finos e no apresentam estratificao em
todas as espcies, exceto no marup onde so estratificados. Apenas o pau-marfim possui
camadas de crescimento demarcadas pelo parnquima axial marginal. No caso do marfim-arana
e amap-doce so diferenciados por zonas fibrosas e nas outras espcies (muiratinga, marup e
amap-amargoso) so indistintas.
Na TABELA 11, foram reunidos tauari, curupix e jequitib-rosa. Em todas as espcies
as caractersticas so muito semelhantes. Apenas o tauari possui poros vazios, nos outros
casos contedo e leo resina esto presentes. No jequitib-rosa o agrupamento de solitrios e
mltiplos, sendo que nos outros, os poros solitrios predominam. Quanto ao tamanho, a
diferena muito pequena, sendo que, com exceo do jequitib-rosa, onde predominam os
mdios, os poros das outras espcies variam de pequenos a mdios. As camadas de
crescimento so demarcadas por zonas fibrosas, os raios so finos e no estratificados, o
parnquima axial reticulado e a porosidade difusa em todos os casos. A diferenciao
destas espcies muito difcil.
O restante das espcies (amescla, carvalho, cerejeira, eucalipto, freij, goiabo, imbuia,
louro-faia, pau-ferro, sucupira), que apresentam caractersticas distintas, no foram agrupados,
uma vez que no foram observados erros na identificao e comercializao.
TABELA 9 - RESUMO COMPARATIVO ENTRE SEMELHANTES - GRUPO MOGNO
Caracterstica Mogno Sapele Andiroba Cedro Jequitib Louro-Vermelho Jatob
(Swietenia sp.) (Entandrophragma sp.) (Carapa sp.) (Cedrela sp.) (Cariniana sp.) (Nectandra sp.) (Hymenaea sp.)
Vasos/Poros solitrios e geminados solitrios emmaioria solitrios e mltiplos solitrios emmaioria solitrios emmaioria solitrios emltiplos solitrios e mltiplos
mdios pequenos pequenos amdios pequenos e grandes pequenos amdios pequenos a mdios pequenos a mdios
leo resina leo resina leo resina leo resina leo resina leo resina leo resina
porosidadedifusa porosidadedifusa porosidadedifusa porosidade emanel porosidadedifusa porosidadedifusa porosidadedifusa
Parnquima faixas marginais faixas marginais faixas marginais faixas marginais reticulado indistinto faixas marginais,
Axial aliformee
vasicntrico escasso.
Raios finos finos finos fmos finos finos finos
estratificados estratificados no estratificados no estratificados no estratificados no estratificados no estratificados
Camadas de parnquima marginal parnquima marginal parnquima parnquima zonas fibrosas indistintas parnquima
Crescimento marginal marginal marginal
TABELA 10 - RESUMO COMPARATIVO ENTRE SEMELHANTES - GRUPO PAU MARFIM
Caracterstica Pau-Marfim
(Balfourodendron sp.)
Marfim-Arana
(Chrysophyllum sp.)
Muiratinga
(Maquira sp.)
Marup
(Simarouba sp.)
Amap-Amargoso
(Parahancornia sp.)
Amap-Doce
(Brosimum sp.)
Vasos/Poros solitrios e mltiplos
muito pequenos
vazios
porosidadedifusa
solitrios, cadeias radiais
muito pequenos a pequenos
tilos presentes
porosidadedifusa
solitrios emmaioria
pequenos amdios
vazios
porosidadedifusa
solitrios emmaioria
mdios
leo resina presente
porosidadedifusa
solitrios, mltiplos radiais
pequenos
vazios
porosidadedifusa
solitrios emmaioria
mdios a grandes
tilos presentes
porosidadedifusa
Parnquima
Axial
faixas marginais linhas irregulares vasicntrico, aliforme
losangular de extenso
muito curta
aliforme linear e
confluente em trechos
curtos e longos
linhas irregulares aliforme linear e
confluente em trechos
curtos
Raios fmos
no estratificados
finos
no estratificados
finos
no estratificados
finos
estratificados
finos
no estratificados
mdios
no estratificados
Camadas de
Crescimento
parnquima marginal zonas fibrosas indistintas indistintas indistintas zonas fibrosas
TABELA 11 - RESUMO COMPARATIVO ENTRE SEMELHANTES - GRUPO TAUARI
Caracterstica Tauari
(Couratari sp.)
Curupix
(Micropholis sp.)
Jequitib-Rosa
(Cari ni ana sp.)
Poros solitrios emmaioria
pequenos a mdios
vazios
porosidade difusa
solitrios emmaioria
pequenos a mdios
contedo presente
porosidade difusa
solitrios e mltiplos
mdios
contedo presente
porosidade difusa
Parnquima Axial reticulado retculo irregular reticulado
Raios finos
no estratificados
finos
no estratificados
finos a mdios
no estratificados
Camadas de Crescimento zonas fibrosas zonas fibrosas zonas fibrosas
91
5.4 CHAVE DE IDENTIFICAO
De acordo com as caractersticas anatmicas macroscpicas, das amostras coletadas,
foi possvel a elaborao de uma chave de identificao, segundo os grupos citados
anteriormente.
GRUPO MOGNO
Neste grupo foram reunidos mogno, sapele, cedro, andiroba, jatob, louro-vermelho e
jequitib, em funo da aparncia macroscpica que apresentam, com colorao avermelhada
em diferentes matizes. Estas espcies so comercializadas com a denominao de padro
mogno.
1 a. Parnquima axial distinto 2
b. Parnquima axial indistinto louro-vermelho (Nectandra rubra)
2 a. Parnquima axial apenas em faixas marginais 4
b. Parnquima axial de outro tipo 3
3 a. Parnquima axial aliforme e vasicntrico escasso jatob (Hymenaea sp.)
b. Parnquima axial reticulado jequitib (Cariniana sp.)
4 a. Porosidade difusa 5
b. Porosidade em anel semiporoso cedro (Cedrela sp.)
5 a. Raios estratificados 6
b. Raios no estratificados andiroba (Carapa guianensis)
6 a. Vasos pequenos, solitrios em maioria sapele (Entandrophragma cylindrcum)
b. Vasos mdios, solitrios e geminados mogno (Swietenia macrophylla)
92
No grupo do mogno, os vasos podem apresentar-se como fator de caracterizao de
algumas espcies, como por exemplo, na separao entre o mogno e o cedro que podem ser
diferenciados por apresentar, respectivamente, vasos solitrios e geminados com porosidade
difusa, e solitrios em maioria com porosidade em anel. A diferenciao do mogno e sapele
pode ser feita atravs do tamanho dos vasos (mdios e pequenos, respectivamente). A
porosidade tambm pode diferenciar completamente o cedro das demais espcies do grupo.
Este elemento da anatomia no serve para diferenciar espcies como andiroba, jatob e louro-
vermelho, que por outro lado esto isoladas do mogno, sapele e cedro pelo seu agrupamento
caracterstico (solitrios e mltiplos). O parnquima axial um elemento de restrita utilizao
para diferenciao deste grupo, pois a maioria apresenta faixas marginais. Entretanto, o jatob,
que apresenta faixas marginais intercaladas por aliforme e vasicntrico escasso, o louro, onde
indistinto, e o jequitib, que apresenta parnquima reticulado, se diferenciam dos demais. Por
outro lado, este elemento pode facilmente distinguir a andiroba do jatob e louro-vermelho. A
estratificao dos raios um elemento de grande importncia na diferenciao entre mogno e
sapele e as demais espcies do grupo. Em alguns casos o mogno no apresenta raios
estratificados, sendo necessria e importante a verificao de contedo esbranquiado em seus
poros. As camadas de crescimento apresentam-se na maioria delimitadas pelo parnquima
marginal, no sendo um fator de distino entre espcies, com exceo do louro-vermelho, que
apresenta camadas de crescimento indistintas, e o jequitib onde demarcado por zonas
fibrosas.
GRUPO PAU-MARFIM
Neste grupo foram reunidos pau-marfim, marfim-arana, muiratinga, marup, amap-
amargoso e amap-doce, espcies com cores amareladas, em diferentes matizes. No comrcio,
fazem parte da denominao padro marfim.
93
1 a. Parnquima aliforme linear e confluente 2
b. Parnquima de outro tipo 3
2 a. Raios estratificados marup (Simarouba sp.)
b. Raios no estratificados amap-doce (Brosimum parinarioides)
3 a. Parnquima em faixas marginais pau-marfim(Balfourodendron riedelianum)
b. Parnquima de outro tipo 4
4 a. Poros solitrios em maioria, parnquima axial aliforme
losangular de extenso muito curta,
camadas de crescimento indistintas muiratinga (Maquira guianensis).
b. Poros solitrios e mltiplos 5
5 a. Poros muito pequenos a pequenos, solitrios e em cadeias
radiais de at seis poros, tilos presentes marfim-arana (Chrysophyllum sp.)
b. Poros pequenos, mltiplos radiais,
tilos ausentes amap-amargoso (Parahancornia amapa)
No grupo do pau-marfim, os vasos se apresentam vazios ou obstrudos, pela presena
de tilos no caso do marfim-arana e amap-doce, e leo resina no marup, fatores que podem
distingui-los de outras espcies. O marfim-arana pode se distinguir de todo grupo pela
presena de vasos solitrios e cadeias radiais. O parnquima axial diferente em todas as
espcies, portanto cada um apresenta a sua especificidade. Os raios finos e estratificados do
marup o distinguem de todo o restante do grupo, que apresentam raios no estratificados. As
camadas de crescimento definem algumas espcies deste grupo, como por exemplo, o pau-
marfim, que apresenta parnquima marginal delimitando esta estrutura.
94
GRUPO TAUARI
Neste grupo foram reunidos tauari, curupix e jequitib-rosa. Em todas as espcies as
caractersticas so muito semelhantes e a diferenciao a nvel macroscpico torna-se muito
difcil.
1 a. Poros solitrios em maioria
b. Poros solitrios e mltiplos
2 a. Poros vazios, cor amarelada
b. Poros com contedo, cor rosada
2
jequitib-rosa (Cariniana micranth)
tauari (Couratari sp.)
curupix (Micropholis sp.)
No caso das amostras coletadas, pequenas variaes foram observadas, o que nem
sempre ocorre. Os poros podem se apresentar como elemento de distino, como por exemplo
no tauari, que possui poros vazios e no jequitib-rosa, que apresenta poros solitrios e
mltiplos. O parnquima axial, raios e camadas de crescimento, no se apresentam como
elementos de grande valia para a distino entre estas espcies, uma vez que so muito
semelhantes.
6 CONCLUSES E RECOMENDAES
95
Com base nos resultados obtidos neste trabalho, ficou comprovada a possibilidade de
se realizar a identificao das lminas, faqueadas ou torneadas, atravs da anlise
macroscpica.
Foram identificadas 35 espcies de madeira, de diferentes procedncias, colhidas na
regio de Curitiba, sob forma de lminas. Alm de espcies amaznicas e da Mata Atlntica,
pode-se observar a presena de espcies de reflorestamento, como o eucalipto, e madeiras
importadas, como o sapele e carvalho.
Como foi verificado, na maioria dos casos, devido ao tipo de corte utilizado, as lminas
so irregularmente orientadas, sendo necessria maior ateno e conhecimento das estruturas
da madeira para uma identificao correta. Somado a este fato, a identificao das lminas se
torna mais difcil em virtude das dimenses limitadas do corte transversal, onde so avaliadas,
normalmente, as principais caractersticas anatmicas.
Verifcou-se que, devido, principalmente, ao uso tradicional de algumas madeiras no
comrcio de mveis, o nome comercial fornecido pelas empresas, muitas vezes, no
corresponde sua identificao cientfica.
Os padres mogno e marfim, indicativos de lminas semelhantes em cor e textura,
renem um grupo de pelo menos seis espcies, sem que todas sejam de fato mogno (Swieenia
macrophyll) e pau-marfim(Balfonrodendron riedelianum).
O mogno foi o responsvel pelos maiores erros, encontrando-se com este nome cinco
gneros diferentes, seguido do amap, caxeta e tauari com trs gneros, e o cedro, curupix,
louro-faia, pau-marfim, marfim-brasil, com dois gneros distintos.
96
Observando-se a listagem dos outros nomes comerciais utilizados, verifica-se na
muiratinga a existncia no nome koto, que de uma madeira africana, pertencente ao gnero
Pterygoid, da famlia Sterculiaceae, com caractersticas bem diferentes de uma madeira do
gnero Maquira, como por exemplo o parnquima axial que em faixas largas, formando um
retculo com os raios, o que caracteriza um grande erro de nomenclatura e possivelmente tem
conseqncias no seu emprego.
A constatao de erros na identificao das madeiras ressalta a necessidade de adoo
de uma tcnica de identificao, com base na estrutura anatmica do lenho, e da padronizao
da nomenclatura comercial das madeiras, com base em documentos elaborados por rgos
idneos, como as publicaes do IBAMA.
Tambm deveria ocorrer uma mudana de mentalidade das pessoas, que, por tradio,
acreditam que apenas esta ou aquela madeira apresenta qualidade adequada, fazendo com que
o comrcio use de artifcios para garantir a venda e aplicao de novas espcies, com
propriedades diferentes.
Consideram-se os seguintes pontos como os mais importantes e significantes na
identificao macroscpica de lminas das espcies pesquisadas neste trabalho:
1) No grupo do mogno, avaliando-se inicialmente o parnquima axial, e depois os raios e
vasos, pode-se identificar algumas espcies:
o jequitib o nico com parnquima axial reticulado;
o louro-vermelho pode ser identificado por apresentar parnquima axial e camadas
de crescimento indistintas;
o jatob pode se diferenciar pelo maior nmero de faixas de parnquima axial,
intercalado por aliforme e vasicntrico escasso;
o cedro pode ser identificado por ser o nico com porosidade em anel do grupo;
97
a andiroba pode ser identificada e distinguida do mogno e sapele por apresentar
raios no estratificados;
o mogno e o sapele, que apresentam caractersticas anatmicas semelhantes, podem
ser distinguidos um do outro pelo tamanho dos poros, onde o mogno apresenta
poros maiores;
2) No grupo do pau-marfim, algumas caractersticas que podem identificar e distinguir
espcies so enumeradas abaixo:
o pau-marfim pode ser identificado por apresentar parnquima axial em faixas
marginais e camadas de crescimento delimitadas por esta estrutura;
marup e amap-doce apresentam parnquima axial aliforme de extenso linear e
confluente em trechos curtos, sendo diferenciados pela presena de estratificao
dos raios no marup;
amap-amargoso e marfim-arana apresentam poros mltiplos radiais, sendo
diferenciados pela presena de cadeias radiais de at seis poros no marfim-arana,
enquanto no amap-amargoso a grande maioria de dois a trs poros;
muiratinga apresenta parnquima vasicntrico e aliforme losangular, de extenso
muito curta e poros solitrios em maioria;
3) No grupo do tauari, de espcies muito semelhantes anatmicamente, a separao
macroscpica muito difcil, e pequenas caractersticas devem ser observadas.
a cor e a textura devem ser observadas;
o curupix pode ser distinguido por apresentar reticulado mais irregular e vasos
solitrios em maioria.
98
tauari (Couratari sp.) e jequitib-rosa (Cariniana sp.) so muitos semelhantes e a
separao no ocorre na prtica, sendo comercializados com a denominao de
tauari.
Pelas caractersticas analisadas neste trabalho conclui-se que, para a separao entre
duas espcies, o parnquima axial deve ser a primeira estrutura avaliada, seguida pelos poros
(agrupamento, tamanho, obstruo e porosidade) e os raios, fechando a identificao.
99
7 REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS
1 ABPM. Perfil de consumo de produtos de madeira; processamento mecnico. So
Paulo: ABPM, 1989. 32p.
2 ALBUQUERQUE, CEC.de. Laminao: da madeira dos sarcfagos moderna indstria.
Revista da Madeira. Ano 5, n 29, 1997
3 BURGER, LM. & RICHTER, HG. Anatomia da madeira. So Paulo: Nobel, 1991.
154p.
4 CAM ARGOS, J AA.; CZARNESKI, CM.; MEGUERDITCHIAN, I. & OLIVEIRA, D.
Catlogo de rvores do Brasil. Braslia: IBAMA, LPF, 1996. 888p.
5 CHIMELO, J P. & ALFONSO, VA. Anatomia e identificao de madeiras. In: IPT.
Madeira: o que e como pode ser processada e utilizada. So Paulo: ABPM, 1985.
p.23-58 (Boletim ABPM 36).
6 CORE, HA.; CT, WA & DAY, AC Wood structure and identification. USA:
Syracuse University Press, 1979. 182p.
7 DUJ ARDIN, EP. Eine neue Holz-Zellulosenfaerbung. Mikrokosmos, n.53, p.94, 1964.
8 EMBRAPA. Base de dados, indicadores econmicos e tcnicos. Disponvel:
www.cnpf.embrapa.br/dados ind pr.html. Capturado em 04/08/1999.
9 ESAU, K. Anatomia das plantas com sementes. So Paulo: Edgard Blucher, 1974.
293p.
10 FAHN, A. Plant anatomy. New York: Pergamon Press, 1982. 544 p.
11 FAO Tableros contrachapados y otros paneles a base de madera. Roma: FAO, 1968.
250 p.
12 FENGEL, D & WENEGER, G. Wood: chemistry, ultrastructure, reactions. Berlin,
New York: Walter de Gruyter, 1989. 613p.
13 FOREST PRODUCTS LABORATORY Wood handbook - wood as an engineering
material. Madison, WI: U.S. Departament of Agriculture, Forest Service, Forest
Products Laboratory, 1999. 463p.
14 IAWA. List of microscopic features for hardwood identification. IAWA Bulletin. Vol
10(3), 1989. p.219-332.
15 EBAMA. Padronizao da nomenclatura comercial brasileira das madeiras tropicais
amaznicas. Braslia: IBAMA, 1991. 85p.
100
16 IBDF. Identificao e agrupamento de espcies de madeiras tropicais amaznicas;
sntese. Braslia: IBDF, 1985a. 59p.
17 IBDF. Norma de controle de qualidade e classificao de compensados. Braslia.
IBDF, 1985b. 79 p.
18 IPT. Celulose e papel. So Paulo: IPT, 1988. 2v.
19 IPT. Identificao de espcies de madeira. So Paulo: IPT, 1993. 34p. (Relatrio
n31.832).
20 IWAKIRI, S. Painis de madeira. Notas de aula. Curitiba. Universidade Federal do
Paran. Setor de Cincias Agrrias. Curso de Graduao em Engenharia Florestal, 1996.
21 IWAKIRI, S. Painis de madeira. Notas de aula. Curitiba. Universidade Federal do
Paran. Setor de Cincias Agrrias. Curso de Ps-Graduao em Engenharia Florestal,
1997.
22 IWAKIRI, S. Painis de Madeira. Curitiba: FUPEF/Srie didtica n 1/98, 1998. 128p.
23 KEENAN, FJ. & TEJ ADA, M. Tropical timber for building materials in the andean
group countries of south america. Ottawa, Ontario: International Development
Research Centre-IDRC, 1984. 151p.
24 KOLLMANN, FP ; KUENZI, EW & STAMM, AJ Principles of wood science and
technology. New York: Springer, 1975. 703p.
25 LEWIN, M. & GOLDSTEIN, IS. Wood structure and composition. USA: Marcel
Dekker Inc, 1991. International Fiber Science and Technology/11. 488 p.
26 MAINIERI, C. & CHIMELO, J P. Fichas de caractersticas de madeiras brasileiras.
So Paulo: IPT, 1989. 420p.
27 MARRA, AA. Technology of wood bonding: principles in practice. New York: Van
Nostrand Reinhold, 1992. 453p.
28 MUIZ, GIB. & CORADIN, VR. Normas de procedimentos em estudos de anatomia
da madeira: I-Angiospermae, II-Gimnospermae. Braslia. Laboratrio de Produtos
Florestais, Srie Tcnica 15, 1991.
29 NEVES, MR. Tendncias dos mercados domstico e internacional para produtos de base
florestal. X Seminrio de Atualizao em Sistemas de Colheita e Transporte
Florestal. Curitiba, 1998. p.21.
30 OZRIO FILHO, HL. & ALFONSO, VA. Identificao anatmica das madeiras
utilizadas na Cidade de So Paulo (Relatrio Parcial). Instituto de Biocincias-USP.
1995.
31 PANSHIN, AJ. & DE ZEEUW, C. Textbook of wood technology. Vol 1. USA:
McGraw-Hill Book Company: USA, 1970. 706 p.
101
32 PANSHIN, AJ .; HAUAR, ES.; BETHEL, J S. & BAKER, WJ. Forest products: their
sources, production and utilization. New York. McGraw Hill Book Company, 1962.
538p.
33 PEREIRA, LS. & PERDIGO, NHB. Tecnologia da laminao de madeiras. Curitiba:
Optima, 1979, 82p.
34 PIO, NS. Avaliao da temperatura de aquecimento na obteno de lminas por
desenrolo e sobre a qualidade da colagem de compensados fenlicos de Pinus elliottii
Engelm. Curitiba, 1996. Dissertao (Mestrado em Engenharia Florestal) Setor de
Cincias Agrrias, Universidade Federal do Paran.
35 SELLERS, T. Plywood and adhesive technology. New York: Marcel Dekker, 1985.
661 p.
36 STERNADT, GH. & CAMARGOS, JAA. Ao da luz solar na cor de 62 espcies de
madeiras da regio amaznica. LPF Srie Tcnica n 22. Braslia, 1991. 14p.
37 THOMSSON, A. Wood venner: its manufacture, installation and how it should be
specified. Disponvel: www.retailsource.com/information/wood veneer. Capturado 10/08/1999.
38 TOMASELLI, I. & DELE SPINAS SE, B. A indstria de painis do Brasil - a tendncia de
mudana no perfil da produo brasileira. STCP. Informativo n 1/1997. p. 17-20.
39 TOMASELLI, I. A indstria de painis no Brasil e no mundo: tendncias de mudanas do
perfil de produo e usos. Anais do SEVLATEC, Belo Horizonte, 1998. p.53-64.
40 TORTORELLI, LA. Maderas y bosques argentinos. Editorial Acme: Buenos Aires,
1956. 910 p.
41 TSOUMIS, G. Science and technology of wood: structure, properties, utilization.
New York: Chapman & Hall. 1991. 494p.
42 WALKER, JCF. et alii. Primary wood processing: principles and practice. London:
Chapman & Hall, 1993. 595p.
43 WALKER, A. Acabado de las superficies de madera. Peru: Ediciones Ceac, 1990. 75
P
44 WILCOX, WW.; BOTSAI, EE. & KUBLER, H. Wood as a building material: a guide
for designers and buiders. New York: J ohn Wiley & Sons, Inc, 1991. 215p.
45 ZENID, GJ. Identificao e grupamento das madeiras serradas empregadas na
construo civil habitacional na cidade de So Paulo. So Paulo, 1997, 170f.
Dissertao (Mestrado em Cincia e Tecnologia de Madeiras). Universidade de So
Paulo.

Você também pode gostar