Pedagogia Problematizadora Paulo Freire

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PAULO FREIRE E A EDUCAO PROBLEMATIZADORA NA FORMAO PARA O TRABALHO: A UTOPIA POSSVEL Paulo Eduardo Grischke

Resumo Atualmente, vivemos assombrados com os fantasmas do desemprego, da falta de tica, do consumismo desenfreado. Pois, um dos traos, caractersticos da atualidade a situao de crise, seja ela poltica, cultural ou tica. Nossa sociedade marcada por grandes contradies e desafios: enormes avanos tecnolgicos capazes de fazer a vida mais humana, mais longa, voltada para o lazer, mas que, por outro lado, nos levam, por suas estratgias, a vivenciarmos uma situao de domnio, alienao e at mesmo de destruio. Este artigo analisa as transformaes e os efeitos da globalizao nos processos produtivos e seus reflexos no mundo do trabalho, levantando questes como trabalho salariado, empregabilidade, flexibilidade, desemprego e suas implicaes na educao profissional. Aventuro-me neste artigo, a uma caminhada pelo mundo do trabalho, tentando compreender as transformaes ocorridas nas ltimas dcadas e ao mesmo tempo refletir sobre o papel da educao neste cenrio Tendo como objetivo elaborar uma proposta de um Projeto Poltico Pedaggico que inclua educao problematizadora para a educao tcnica, que com base os ensinamentos de Paulo Freire, proporcione ao trabalhador no somente competncia tecnolgica, mas uma formao que alie criticidade, tica e sensibilidade aos processos sociais. Uma educao que proporcione, uma preparao para o enfrentamento com este mundo de crescente complexidade e permanente mudana. Neste sentido, mesmo reconhecendo que a educao sozinha no d conta do desemprego, est posto um novo desafio para a escola que se compromete com os que vivem do trabalho: superar uma proposta onde o professor autoridade a ser seguida sem discusso, que determina o que deve ser aprendido atravs da memorizao pela repetio. Portanto, redescobrir a capacidade de criar, articular conhecimentos, aprender novos contedos, desenvolver novas performances, enfim, educar-se permanentemente passa a ser necessidade de todo o trabalhador e no competncia de poucos. Palavras chave: Globalizao, trabalho, educao profissional, problematizao.

Palavras inicias

Pedagogo e Tcnico Industrial. Aluno especial do curso de Mestrado em Educao FAE/ UFPel. Professor do Curso Tcnico em Mecnica Industrial do CEFET-RS

Atualmente, vivemos assombrados com os fantasmas do desemprego, da falta de tica, do consumismo desenfreado. Pois, um dos traos, caractersticos da atualidade a situao de crise, seja ela poltica, cultural ou tica. Nossa sociedade marcada por grandes contradies e desafios: enormes avanos tecnolgicos capazes de fazer a vida mais humana, mais longa, voltada para o lazer, mas que, por outro lado, nos levam, por suas estratgias, a vivenciarmos uma situao de domnio, alienao e at mesmo de destruio. Como Professor de uma escola que prepara para o trabalho, preocupo-me demais com o desemprego. No que os outros problemas no sejam importantes, mas a falta de trabalho, na minha opinio, causadora de muitos outros males, como: violncia, consumo de drogas, destruio da famlia, etc. No momento em que o CEFET-RS1 inicia consultas comunidade com finalidade de reelaborao de seu Projeto Poltico Pedaggico, chegado o tempo de questionarmo-nos se o que fazemos na escola preparar para o trabalho ou para o emprego. Um emprego cada vez mais raro, seletivo e praticamente em vias de extino. Como a escola pode deixar de ser mera formadora de mo de obra barata e alienada, para uma globalizao, que nas palavras de Paulo Freire, refora o mando das minorias poderosas e esmigalha e pulveriza a presena impotente dos dependentes, fazendo-os ainda mais impotentes (1996:129), e passar a formar pessoas completas, criativas, presena que se pensa a si mesma, que se sabe presena, que intervm, que transforma, que fala do que faz, mas tambm do que sonha, que constata, compara, avalia, valora, que decide, que rompe (FREIRE, 1996:22). Procurando responder a estas e a outras indagaes e, com o objetivo de pensar o Projeto Poltico Pedaggico de nossa escola na sua funo social, aventuro-me neste artigo, a uma caminhada pelo mundo do trabalho, tentando compreender as transformaes ocorridas nas ltimas dcadas e ao mesmo tempo refletir sobre o papel da educao neste cenrio. Sem a pretenso de esgotar o assunto, mas sim como estudante curioso, que durante a escrita vai descobrindo particularidades da sua prpria vida de aprendiz e de educador. Proponho neste artigo, sem renunciar esperana e a utopia, denunciar a malvadeza do capitalismo e, arriscar ao final, com base em Freire,
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o anncio de uma educao possvel, que permita ao trabalhador superar a crise da atualidade. Uma educao problematizadora que proporcione, uma preparao para o enfrentamento com este mundo de crescente complexidade e permanente mudana.

As mutaes no mundo do trabalho No ltimo quarto de sculo assistimos a uma srie de mudanas nos contextos econmico, poltico, social e cultural, em nvel mundial. Desde meados dos anos 60 e incio dos 70, nos pases centrais, acumulavam-se sinais que indicavam um novo perodo de crise, dentro do modo de produo capitalista (HARVEY, 1992). Entre esses indcios estavam a existncia de capacidade ociosa no setor produtivo, principalmente na indstria, um excesso de mercadorias e estoques, queda na produtividade e na lucratividade das corporaes, acirradas pela intensificao da competio internacional e pelos efeitos da crise do petrleo de 1973, e a presena de grandes excedentes de capital. O longo perodo de expanso ocorrida aps a segunda grande guerra, o qual teve como base um conjunto de prticas de controle do trabalho, tecnologias, hbitos de consumo e configuraes especficas de poder poltico-econmico, interrompe-se, iniciando-se uma poca de rpidas mudanas, fluidez e incerteza. O capital inicia ento, um processo de reorganizao das suas formas de dominao social, no somente reorganizando em termos capitalistas o sistema de produo, mas buscando uma de recuperao da hegemonia nas mais diversas esferas da sociedade. Este processo usualmente chamado de globalizao (SANTOS, 2002: 29), tem como principais caractersticas: uma economia dominada pelo sistema financeiro e pelo investimento escala global; processos de produo flexveis e transnacionais; baixos custos de transporte, revoluo nas tecnologias de informao e de comunicao; desregulao das economias nacionais e preeminncias das agncias financeiras multilaterais. Juntamente com a globalizao da economia, ocorre no setor produtivo, um grande salto tecnolgico. A automao, a robtica e a microeletrnica invadiram o
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Centro Federal de Educao Tecnolgica de Pelotas: CEFET-RS

universo fabril, inserindo-se e desenvolvendo-se nas relaes de trabalho e produo do capital. O fordismo e o taylorismo mesclam-se com outros processos produtivos, decorrentes de diversas experincias. Novos processos surgem onde a produo em srie e a fragmentao do trabalho so substitudos pela flexibilizao da produo, pela especializao flexvel (HARVEY, 1992), por novos padres de busca de produtividade e por novas formas de adequao da produo lgica do mercado. A acumulao flexvel se apia na flexibilidade dos processos de trabalho, dos mercados de trabalho, dos produtos e padres de consumo. Desenvolve-se uma estrutura produtiva mais flexvel, recorrendo freqentemente desconcentrao da produo. Utilizam-se novas tcnicas de gesto da fora de trabalho: o trabalho em equipe; as clulas de produo; os times de trabalho; os grupos semi-autnomos; os crculos de controle da qualidade, alm de requerer, ao menos no plano do discurso, o envolvimento participativo dos trabalhadores, na verdade, uma participao manipulatria e que preserva, na essncia, as condies de trabalho alienado e estranhado (ANTUNES, 1998:22). Na verdade, trata-se de um processo de organizao do trabalho, cuja finalidade principal, a da intensificao das condies de explorao da fora de trabalho, reduzindo ou eliminando o trabalho improdutivo, que no cria valor, e suas formas assemelhadas, especialmente nas atividades de manuteno, acompanhamento e inspeo de qualidade, que passam a ser atribuies do trabalhador produtivo. Os benefcios aparentemente obtidos pelos trabalhadores no processo de trabalho, como maior autonomia e controle sobre o seu trabalho, so amplamente compensados pelo capital, uma vez que a necessidade de pensar, agir e propor dos trabalhadores deve levar sempre em conta primeiramente os objetivos prprios da empresa, que aparecem muitas vezes dissimulados pela necessidade de atender aos desejos do mercado consumidor. Mas sendo o consumo parte fundamental do sistema produtivo do capital, evidente que defender o consumidor e sua satisfao condio necessria para preservar a prpria empresa. As transformaes no sistema produtivo tm conseqncias imediatas no mundo do trabalho: desregulamentao dos direitos trabalhistas; aumento da fragmentao no interior da classe trabalhadora; precarizao e terceirizao da fora de trabalho;

destruio do sindicalismo de classe e sua converso em sindicalismo parceria ou at mesmo em sindicalismo de empresa (ANTUNES, 1998). O desemprego estrutural, ou a substituio do ser humano pela mquina aparece, como uma realidade deste modelo, que aprofunda a excluso social: a incapacidade de os trabalhadores ingressarem no mercado formal de trabalho por no terem qualificao necessria nem mesmo para serem explorados enquanto fora de trabalho (DEL PINO, 1997:202). Do trabalhador exigida uma necessidade crescente de qualificar-se melhor e prepara-se mais para conseguir trabalho. Parte importante do tempo livre dos trabalhadores est voltada para adquirir empregabilidade, palavra que o capital usa para transferir aos trabalhadores a necessidade de sua qualificao, que anteriormente eram em grande parte realizada pelo capital (ANTUNES, 1998). Este processo leva a uma maior insegurana no mundo do trabalho, entendida como insegurana em pertencer ou no ao mercado de trabalho (MATOSO, 1995:77). Quando se pensa na enorme massa de trabalhadores desempregados, as formas alienao absolutas so diversas. Variam, da rejeio da vida social, do isolamento, da apatia e do silncio at a violncia e agresso diretas. Entre as transgresses tica universal do ser humano, sujeitos penalidade, deveria estar a que implica-se a falta de trabalho a um sem-nmero de gentes, a sua desesperao e a sua morte em vida (FREIRE 1996:148). O homem desempregado fica sem sada, sente-se um intil, mitos que voltando-se contra ele, o destroem e aniquilam. o homem tragicamente assustado, temendo a convivncia autntica e at duvidando de suas possibilidades (FREIRE, 1989: 45). E a mdia faz a sua parte, encarregando-se de divulgar as notcias que empregos existem o que falta qualificao do trabalhador. importante ter sempre claro que faz parte do poder ideolgico dominante a inculcao dos dominados da responsabilidade por sua situao. (FREIRE, 1996:92).

Uma Utopia Possvel Pelo exposto, chego concluso que, nos tempos atuais, ao invs de um trabalhador disciplinado, cumpridor de tarefas pr-estabelecidas e estveis, que se forma

atravs do desenvolvimento de habilidades pela memorizao e pela repetio; necessitasse de um trabalhador com autonomia intelectual que, no lugar de simplesmente aceitar a autoridade externa a ele, tenha autonomia e tica para discernir e estabelecer novas relaes entre os constrangimentos externos e os espaos de deciso individuais. Neste sentido, mesmo reconhecendo que a educao sozinha no d conta do desemprego, est posto um novo desafio para a escola que se compromete com os que vivem do trabalho: superar uma proposta onde o professor autoridade a ser seguida sem discusso, que determina o que deve ser aprendido atravs da memorizao pela repetio. Assim como no posso ser professor sem me achar capacitado para ensinar certo e bem os contedos de minha disciplina no posso, por outro lado, reduzir minha prtica docente ao puro ensino daqueles contedos (FREIRE, 1996:116). Ao no enfrentar este desafio, cedendo ao determinismo do neoliberalismo, a escola abandona o cumprimento de seu papel na construo da utopia. Afinal, se a educao no pode tudo, alguma coisa fundamental a educao pode (FREIRE, 1996:126). Infelizmente, ainda predomina nas escolas, principalmente as tcnicas, uma concepo de educao onde o professor ator e autoridade, iluminado pela posse do conhecimento, que estuda, prepara e se exaure em prelees que o aluno deve ouvir, absorver e repetir. Onde o conhecimento repassado fruto do trabalho do professor, que no permite que o aluno, sem a sua orientao faa o seu prprio percurso. Educao onde o professor ainda um ser superior que ensina a ignorantes (FREIRE, 1979:38). comum nas escolas que preparam para o trabalho, se confundir educao com instruo e ensino com treinamento. Nessas escolas, ensinar basicamente transmitir conhecimentos. Talvez pela aproximao com a industria. Talvez porque muitos dos professores reproduzem exatamente a educao que tiveram. Portanto, redescobrir a capacidade de criar, articular conhecimentos, aprender novos contedos, desenvolver novas performances, enfim, educar-se permanentemente passa a ser necessidade de todo o trabalhador e no competncia de poucos. Nas palavras de FREIRE, nico modo pelo qual o homem realizar sua vocao natural de integrar-se, superando a atitude de simples ajustamento ou acomodao, apreendendo temas e tarefas de sua poca (FREIRE, 1989:44).

Isto s conseguiremos, no meu entender, com uma educao problematizadora, educao que nas palavras de FREIRE, levasse o homem a uma nova postura diante dos problemas de seu tempo. A da intimidade com eles. A da pesquisa ao invs da mera, perigosa e enfadonha repetio de trechos e de afirmaes desconectadas das suas condies mesmas de vida (1989:93). Teramos ento, que buscar na sociedade atual, os contedos sobre os quais se constroem os seus modos de produzir e de organizar a vida individual e coletiva, sem deixar de tom-los na sua perspectiva histrica. Pois, educao problematizadora, estimula uma ao e uma reflexo verdadeiras sobre a realidade, respondendo assim vocao dos homens que no so seres autnticos seno quando se comprometem na procura e na transformao criadora (FREIRE, 1980.81). A realidade, as coisas, os processos, so conhecidos somente na medida em que so criados, reproduzidos no pensamento e adquirem significados; esta re-criao da realidade no pensamento um dos muitos modos de relao entre sujeito e objeto, cuja dimenso mais essencial a compreenso da realidade enquanto relao humana e social. Para FREIRE, este ponto de partida encontra-se nos prprios homens. Mas j que os homens no existem fora do mundo, fora da realidade, o movimento deve comear com a relao homem-mundo (1980:82). Em conseqncia, a relao entre o aluno e o conhecimento, antes construo de significados, do que de construo de conhecimentos, posto que estes resultam de um processo de produo coletiva que se d por todos os homens ao longo da histria. necessrio tambm considerar que a prtica no fala por si mesma; os fatos prticos, ou fenmenos tm que ser identificados, contados, analisados, interpretados, j que a realidade no se deixa revelar atravs da observao imediata; A realidade, tal como ela sentida, no corresponde realidade objetivamente vivida (FREIRE, 1980:87). fundamental ver alm da superfcie para compreender as relaes, as conexes, as estruturas internas, as formas de organizao, as relaes entre parte e o todo, as finalidades, que no se deixam conhecer no primeiro momento, quando se percebem apenas os fatos aparentes, que ainda no se constituem em conhecimento. Quanto mais pomos em prtica de forma metdica a nossa capacidade de indagar, de comparar, de duvidar, de aferir, tanto mais eficazmente curiosos nos podemos e mais critico se pode fazer o nosso bom senso (FREIRE, 1996:69). Ou seja, a construo do conhecimento implica pelo aprendiz, no exerccio da sua capacidade crtica de tomar

distncia do objeto, de observ-lo, de delimit-lo, de cindi-lo, de cercar o objeto ou fazer sua aproximao metdica, sua capacidade de comparar, de perguntar (FREIRE, 1996:95). Neste processo, portanto, para que seja possvel a aproximao produtiva da prtica na perspectiva da produo do conhecimento, preciso alimentar o pensamento com o que j conhecido, quer ao nvel do senso comum, quer do conhecimento cientfico, com contedos e categorias que permitam identificar e delimitar o objeto a ser conhecido e traar o caminho metodolgico para chegar a conhecer. Da que seja to fundamental conhecer o conhecimento existente quanto saber que estamos abertos e aptos produo do conhecimento ainda no existente.(FREIRE, 1996:31). Este trabalho terico, que no meu entender de no se separa da prtica, que determinar a diferena entre seguir o caminho mais curto ou permanecer perdido no labirinto; ele tambm que determinar a diferena entre prtica enquanto repetio de aes que deixam tudo como est, e prxis enquanto processo resultante do contnuo movimento entre teoria e prtica, pois, quanto mais pomos em prtica de forma metdica a nossa capacidade de indagar, de comparar, de duvidar, de aferir, tanto mais eficazmente curiosos nos podemos tornar e mais crtico se pode fazer o nosso bom senso (FREIRE, 1996, p.69). No devemos esquecer que este processo no apenas racional, nele intervindo afetos e valores, percepes e intuies, que embora sejam fruto das experincias, inscrevem-se no mbito das emoes, ou seja, no campo do sentido, do irracional. E, desta perspectiva, o ato de conhecer profundamente significativo enquanto experincia humana, e prazeroso. Pois, o exerccio da curiosidade convoca a imaginao, a intuio, as emoes, a capacidade de conjecturar, de comparar, na busca da perfilizao do objeto ou achado de sua razo de ser (FREIRE, 1996:98).

Consideraes finais A expanso do capitalismo no foi rpida e simples como nos possa parecer, mas o resultado de um longo processo, que ainda se desenvolve, de lutas de classe,

concorrncia econmica e enfrentamentos polticos. A educao para o trabalho foi um fator determinante neste processo, ensinando a disciplina, a obedincia, a acomodao, o individualismo e a competio. Pela educao convenceu-se o trabalhador que a nica possibilidade de trabalho digno era o trabalho assalariado. E este mesmo capital que no incio do processo de industrializao corrompeu o trabalhador, e o expropriou do produto de seu trabalho. Agora, com o incremento da tecnologia, exclui a maioria dos trabalhadores roubando-lhes a condio de cidado. No momento em que o CEFET-RS inicia as discusses com a comunidade para elaborao de seu novo Projeto Poltico Pedaggico, sou desafiado por GHIGGI, quando este lana a pergunta: sabemos para onde vamos? E completa: urgente elaborar reflexes acerca de alternativas que remanescem humanidade para encontrar alguma direo que suporte racionalidade mnima e d sentido vida (GHIGGI, 2002:151). Dar um sentido vida, isto tarefa da educao e o trabalho faz parte dela. O homem sem trabalho no vive, vegeta, vive s custas de outros, se aniquila como ser humano. O trabalho a que me refiro o trabalho que liberta, que realiza. Trabalho que a prpria prxis. Ento como podemos ter uma educao que forma para um trabalho alienado e que s vezes nem existe? Formamos pessoas para serem exploradas? No existe outra opo? claro que existe. O emprego pode desaparecer, mas o trabalho no. Material ou imaterial, o trabalho sempre existir. E neste sentido, compreendo a educao como possibilidade de formao humana no s para a resistncia, mas principalmente para a transformao das estruturas causadoras da excluso, onde a produo e seus resultados estejam a servio da vida com dignidade e com qualidade para todos, segundo suas diferenas, suas necessidades e seu trabalho. Pois, como ensina FREIRE, quando o homem compreende sua realidade, pode levantar hipteses sobre o desafio dessa realidade e procurar solues. Assim, pode transforma-la e com seu trabalho pode criar um mundo prprio: seu eu e suas circunstncias. Portanto, o desenvolvimento de uma conscincia critica que permite ao homem transformar a realidade se faz cada vez mais urgente (1979:33).

Referncias Bibliogrficas

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