Pedagogia Problematizadora Paulo Freire
Pedagogia Problematizadora Paulo Freire
Pedagogia Problematizadora Paulo Freire
Resumo Atualmente, vivemos assombrados com os fantasmas do desemprego, da falta de tica, do consumismo desenfreado. Pois, um dos traos, caractersticos da atualidade a situao de crise, seja ela poltica, cultural ou tica. Nossa sociedade marcada por grandes contradies e desafios: enormes avanos tecnolgicos capazes de fazer a vida mais humana, mais longa, voltada para o lazer, mas que, por outro lado, nos levam, por suas estratgias, a vivenciarmos uma situao de domnio, alienao e at mesmo de destruio. Este artigo analisa as transformaes e os efeitos da globalizao nos processos produtivos e seus reflexos no mundo do trabalho, levantando questes como trabalho salariado, empregabilidade, flexibilidade, desemprego e suas implicaes na educao profissional. Aventuro-me neste artigo, a uma caminhada pelo mundo do trabalho, tentando compreender as transformaes ocorridas nas ltimas dcadas e ao mesmo tempo refletir sobre o papel da educao neste cenrio Tendo como objetivo elaborar uma proposta de um Projeto Poltico Pedaggico que inclua educao problematizadora para a educao tcnica, que com base os ensinamentos de Paulo Freire, proporcione ao trabalhador no somente competncia tecnolgica, mas uma formao que alie criticidade, tica e sensibilidade aos processos sociais. Uma educao que proporcione, uma preparao para o enfrentamento com este mundo de crescente complexidade e permanente mudana. Neste sentido, mesmo reconhecendo que a educao sozinha no d conta do desemprego, est posto um novo desafio para a escola que se compromete com os que vivem do trabalho: superar uma proposta onde o professor autoridade a ser seguida sem discusso, que determina o que deve ser aprendido atravs da memorizao pela repetio. Portanto, redescobrir a capacidade de criar, articular conhecimentos, aprender novos contedos, desenvolver novas performances, enfim, educar-se permanentemente passa a ser necessidade de todo o trabalhador e no competncia de poucos. Palavras chave: Globalizao, trabalho, educao profissional, problematizao.
Palavras inicias
Pedagogo e Tcnico Industrial. Aluno especial do curso de Mestrado em Educao FAE/ UFPel. Professor do Curso Tcnico em Mecnica Industrial do CEFET-RS
Atualmente, vivemos assombrados com os fantasmas do desemprego, da falta de tica, do consumismo desenfreado. Pois, um dos traos, caractersticos da atualidade a situao de crise, seja ela poltica, cultural ou tica. Nossa sociedade marcada por grandes contradies e desafios: enormes avanos tecnolgicos capazes de fazer a vida mais humana, mais longa, voltada para o lazer, mas que, por outro lado, nos levam, por suas estratgias, a vivenciarmos uma situao de domnio, alienao e at mesmo de destruio. Como Professor de uma escola que prepara para o trabalho, preocupo-me demais com o desemprego. No que os outros problemas no sejam importantes, mas a falta de trabalho, na minha opinio, causadora de muitos outros males, como: violncia, consumo de drogas, destruio da famlia, etc. No momento em que o CEFET-RS1 inicia consultas comunidade com finalidade de reelaborao de seu Projeto Poltico Pedaggico, chegado o tempo de questionarmo-nos se o que fazemos na escola preparar para o trabalho ou para o emprego. Um emprego cada vez mais raro, seletivo e praticamente em vias de extino. Como a escola pode deixar de ser mera formadora de mo de obra barata e alienada, para uma globalizao, que nas palavras de Paulo Freire, refora o mando das minorias poderosas e esmigalha e pulveriza a presena impotente dos dependentes, fazendo-os ainda mais impotentes (1996:129), e passar a formar pessoas completas, criativas, presena que se pensa a si mesma, que se sabe presena, que intervm, que transforma, que fala do que faz, mas tambm do que sonha, que constata, compara, avalia, valora, que decide, que rompe (FREIRE, 1996:22). Procurando responder a estas e a outras indagaes e, com o objetivo de pensar o Projeto Poltico Pedaggico de nossa escola na sua funo social, aventuro-me neste artigo, a uma caminhada pelo mundo do trabalho, tentando compreender as transformaes ocorridas nas ltimas dcadas e ao mesmo tempo refletir sobre o papel da educao neste cenrio. Sem a pretenso de esgotar o assunto, mas sim como estudante curioso, que durante a escrita vai descobrindo particularidades da sua prpria vida de aprendiz e de educador. Proponho neste artigo, sem renunciar esperana e a utopia, denunciar a malvadeza do capitalismo e, arriscar ao final, com base em Freire,
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o anncio de uma educao possvel, que permita ao trabalhador superar a crise da atualidade. Uma educao problematizadora que proporcione, uma preparao para o enfrentamento com este mundo de crescente complexidade e permanente mudana.
As mutaes no mundo do trabalho No ltimo quarto de sculo assistimos a uma srie de mudanas nos contextos econmico, poltico, social e cultural, em nvel mundial. Desde meados dos anos 60 e incio dos 70, nos pases centrais, acumulavam-se sinais que indicavam um novo perodo de crise, dentro do modo de produo capitalista (HARVEY, 1992). Entre esses indcios estavam a existncia de capacidade ociosa no setor produtivo, principalmente na indstria, um excesso de mercadorias e estoques, queda na produtividade e na lucratividade das corporaes, acirradas pela intensificao da competio internacional e pelos efeitos da crise do petrleo de 1973, e a presena de grandes excedentes de capital. O longo perodo de expanso ocorrida aps a segunda grande guerra, o qual teve como base um conjunto de prticas de controle do trabalho, tecnologias, hbitos de consumo e configuraes especficas de poder poltico-econmico, interrompe-se, iniciando-se uma poca de rpidas mudanas, fluidez e incerteza. O capital inicia ento, um processo de reorganizao das suas formas de dominao social, no somente reorganizando em termos capitalistas o sistema de produo, mas buscando uma de recuperao da hegemonia nas mais diversas esferas da sociedade. Este processo usualmente chamado de globalizao (SANTOS, 2002: 29), tem como principais caractersticas: uma economia dominada pelo sistema financeiro e pelo investimento escala global; processos de produo flexveis e transnacionais; baixos custos de transporte, revoluo nas tecnologias de informao e de comunicao; desregulao das economias nacionais e preeminncias das agncias financeiras multilaterais. Juntamente com a globalizao da economia, ocorre no setor produtivo, um grande salto tecnolgico. A automao, a robtica e a microeletrnica invadiram o
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universo fabril, inserindo-se e desenvolvendo-se nas relaes de trabalho e produo do capital. O fordismo e o taylorismo mesclam-se com outros processos produtivos, decorrentes de diversas experincias. Novos processos surgem onde a produo em srie e a fragmentao do trabalho so substitudos pela flexibilizao da produo, pela especializao flexvel (HARVEY, 1992), por novos padres de busca de produtividade e por novas formas de adequao da produo lgica do mercado. A acumulao flexvel se apia na flexibilidade dos processos de trabalho, dos mercados de trabalho, dos produtos e padres de consumo. Desenvolve-se uma estrutura produtiva mais flexvel, recorrendo freqentemente desconcentrao da produo. Utilizam-se novas tcnicas de gesto da fora de trabalho: o trabalho em equipe; as clulas de produo; os times de trabalho; os grupos semi-autnomos; os crculos de controle da qualidade, alm de requerer, ao menos no plano do discurso, o envolvimento participativo dos trabalhadores, na verdade, uma participao manipulatria e que preserva, na essncia, as condies de trabalho alienado e estranhado (ANTUNES, 1998:22). Na verdade, trata-se de um processo de organizao do trabalho, cuja finalidade principal, a da intensificao das condies de explorao da fora de trabalho, reduzindo ou eliminando o trabalho improdutivo, que no cria valor, e suas formas assemelhadas, especialmente nas atividades de manuteno, acompanhamento e inspeo de qualidade, que passam a ser atribuies do trabalhador produtivo. Os benefcios aparentemente obtidos pelos trabalhadores no processo de trabalho, como maior autonomia e controle sobre o seu trabalho, so amplamente compensados pelo capital, uma vez que a necessidade de pensar, agir e propor dos trabalhadores deve levar sempre em conta primeiramente os objetivos prprios da empresa, que aparecem muitas vezes dissimulados pela necessidade de atender aos desejos do mercado consumidor. Mas sendo o consumo parte fundamental do sistema produtivo do capital, evidente que defender o consumidor e sua satisfao condio necessria para preservar a prpria empresa. As transformaes no sistema produtivo tm conseqncias imediatas no mundo do trabalho: desregulamentao dos direitos trabalhistas; aumento da fragmentao no interior da classe trabalhadora; precarizao e terceirizao da fora de trabalho;
destruio do sindicalismo de classe e sua converso em sindicalismo parceria ou at mesmo em sindicalismo de empresa (ANTUNES, 1998). O desemprego estrutural, ou a substituio do ser humano pela mquina aparece, como uma realidade deste modelo, que aprofunda a excluso social: a incapacidade de os trabalhadores ingressarem no mercado formal de trabalho por no terem qualificao necessria nem mesmo para serem explorados enquanto fora de trabalho (DEL PINO, 1997:202). Do trabalhador exigida uma necessidade crescente de qualificar-se melhor e prepara-se mais para conseguir trabalho. Parte importante do tempo livre dos trabalhadores est voltada para adquirir empregabilidade, palavra que o capital usa para transferir aos trabalhadores a necessidade de sua qualificao, que anteriormente eram em grande parte realizada pelo capital (ANTUNES, 1998). Este processo leva a uma maior insegurana no mundo do trabalho, entendida como insegurana em pertencer ou no ao mercado de trabalho (MATOSO, 1995:77). Quando se pensa na enorme massa de trabalhadores desempregados, as formas alienao absolutas so diversas. Variam, da rejeio da vida social, do isolamento, da apatia e do silncio at a violncia e agresso diretas. Entre as transgresses tica universal do ser humano, sujeitos penalidade, deveria estar a que implica-se a falta de trabalho a um sem-nmero de gentes, a sua desesperao e a sua morte em vida (FREIRE 1996:148). O homem desempregado fica sem sada, sente-se um intil, mitos que voltando-se contra ele, o destroem e aniquilam. o homem tragicamente assustado, temendo a convivncia autntica e at duvidando de suas possibilidades (FREIRE, 1989: 45). E a mdia faz a sua parte, encarregando-se de divulgar as notcias que empregos existem o que falta qualificao do trabalhador. importante ter sempre claro que faz parte do poder ideolgico dominante a inculcao dos dominados da responsabilidade por sua situao. (FREIRE, 1996:92).
Uma Utopia Possvel Pelo exposto, chego concluso que, nos tempos atuais, ao invs de um trabalhador disciplinado, cumpridor de tarefas pr-estabelecidas e estveis, que se forma
atravs do desenvolvimento de habilidades pela memorizao e pela repetio; necessitasse de um trabalhador com autonomia intelectual que, no lugar de simplesmente aceitar a autoridade externa a ele, tenha autonomia e tica para discernir e estabelecer novas relaes entre os constrangimentos externos e os espaos de deciso individuais. Neste sentido, mesmo reconhecendo que a educao sozinha no d conta do desemprego, est posto um novo desafio para a escola que se compromete com os que vivem do trabalho: superar uma proposta onde o professor autoridade a ser seguida sem discusso, que determina o que deve ser aprendido atravs da memorizao pela repetio. Assim como no posso ser professor sem me achar capacitado para ensinar certo e bem os contedos de minha disciplina no posso, por outro lado, reduzir minha prtica docente ao puro ensino daqueles contedos (FREIRE, 1996:116). Ao no enfrentar este desafio, cedendo ao determinismo do neoliberalismo, a escola abandona o cumprimento de seu papel na construo da utopia. Afinal, se a educao no pode tudo, alguma coisa fundamental a educao pode (FREIRE, 1996:126). Infelizmente, ainda predomina nas escolas, principalmente as tcnicas, uma concepo de educao onde o professor ator e autoridade, iluminado pela posse do conhecimento, que estuda, prepara e se exaure em prelees que o aluno deve ouvir, absorver e repetir. Onde o conhecimento repassado fruto do trabalho do professor, que no permite que o aluno, sem a sua orientao faa o seu prprio percurso. Educao onde o professor ainda um ser superior que ensina a ignorantes (FREIRE, 1979:38). comum nas escolas que preparam para o trabalho, se confundir educao com instruo e ensino com treinamento. Nessas escolas, ensinar basicamente transmitir conhecimentos. Talvez pela aproximao com a industria. Talvez porque muitos dos professores reproduzem exatamente a educao que tiveram. Portanto, redescobrir a capacidade de criar, articular conhecimentos, aprender novos contedos, desenvolver novas performances, enfim, educar-se permanentemente passa a ser necessidade de todo o trabalhador e no competncia de poucos. Nas palavras de FREIRE, nico modo pelo qual o homem realizar sua vocao natural de integrar-se, superando a atitude de simples ajustamento ou acomodao, apreendendo temas e tarefas de sua poca (FREIRE, 1989:44).
Isto s conseguiremos, no meu entender, com uma educao problematizadora, educao que nas palavras de FREIRE, levasse o homem a uma nova postura diante dos problemas de seu tempo. A da intimidade com eles. A da pesquisa ao invs da mera, perigosa e enfadonha repetio de trechos e de afirmaes desconectadas das suas condies mesmas de vida (1989:93). Teramos ento, que buscar na sociedade atual, os contedos sobre os quais se constroem os seus modos de produzir e de organizar a vida individual e coletiva, sem deixar de tom-los na sua perspectiva histrica. Pois, educao problematizadora, estimula uma ao e uma reflexo verdadeiras sobre a realidade, respondendo assim vocao dos homens que no so seres autnticos seno quando se comprometem na procura e na transformao criadora (FREIRE, 1980.81). A realidade, as coisas, os processos, so conhecidos somente na medida em que so criados, reproduzidos no pensamento e adquirem significados; esta re-criao da realidade no pensamento um dos muitos modos de relao entre sujeito e objeto, cuja dimenso mais essencial a compreenso da realidade enquanto relao humana e social. Para FREIRE, este ponto de partida encontra-se nos prprios homens. Mas j que os homens no existem fora do mundo, fora da realidade, o movimento deve comear com a relao homem-mundo (1980:82). Em conseqncia, a relao entre o aluno e o conhecimento, antes construo de significados, do que de construo de conhecimentos, posto que estes resultam de um processo de produo coletiva que se d por todos os homens ao longo da histria. necessrio tambm considerar que a prtica no fala por si mesma; os fatos prticos, ou fenmenos tm que ser identificados, contados, analisados, interpretados, j que a realidade no se deixa revelar atravs da observao imediata; A realidade, tal como ela sentida, no corresponde realidade objetivamente vivida (FREIRE, 1980:87). fundamental ver alm da superfcie para compreender as relaes, as conexes, as estruturas internas, as formas de organizao, as relaes entre parte e o todo, as finalidades, que no se deixam conhecer no primeiro momento, quando se percebem apenas os fatos aparentes, que ainda no se constituem em conhecimento. Quanto mais pomos em prtica de forma metdica a nossa capacidade de indagar, de comparar, de duvidar, de aferir, tanto mais eficazmente curiosos nos podemos e mais critico se pode fazer o nosso bom senso (FREIRE, 1996:69). Ou seja, a construo do conhecimento implica pelo aprendiz, no exerccio da sua capacidade crtica de tomar
distncia do objeto, de observ-lo, de delimit-lo, de cindi-lo, de cercar o objeto ou fazer sua aproximao metdica, sua capacidade de comparar, de perguntar (FREIRE, 1996:95). Neste processo, portanto, para que seja possvel a aproximao produtiva da prtica na perspectiva da produo do conhecimento, preciso alimentar o pensamento com o que j conhecido, quer ao nvel do senso comum, quer do conhecimento cientfico, com contedos e categorias que permitam identificar e delimitar o objeto a ser conhecido e traar o caminho metodolgico para chegar a conhecer. Da que seja to fundamental conhecer o conhecimento existente quanto saber que estamos abertos e aptos produo do conhecimento ainda no existente.(FREIRE, 1996:31). Este trabalho terico, que no meu entender de no se separa da prtica, que determinar a diferena entre seguir o caminho mais curto ou permanecer perdido no labirinto; ele tambm que determinar a diferena entre prtica enquanto repetio de aes que deixam tudo como est, e prxis enquanto processo resultante do contnuo movimento entre teoria e prtica, pois, quanto mais pomos em prtica de forma metdica a nossa capacidade de indagar, de comparar, de duvidar, de aferir, tanto mais eficazmente curiosos nos podemos tornar e mais crtico se pode fazer o nosso bom senso (FREIRE, 1996, p.69). No devemos esquecer que este processo no apenas racional, nele intervindo afetos e valores, percepes e intuies, que embora sejam fruto das experincias, inscrevem-se no mbito das emoes, ou seja, no campo do sentido, do irracional. E, desta perspectiva, o ato de conhecer profundamente significativo enquanto experincia humana, e prazeroso. Pois, o exerccio da curiosidade convoca a imaginao, a intuio, as emoes, a capacidade de conjecturar, de comparar, na busca da perfilizao do objeto ou achado de sua razo de ser (FREIRE, 1996:98).
Consideraes finais A expanso do capitalismo no foi rpida e simples como nos possa parecer, mas o resultado de um longo processo, que ainda se desenvolve, de lutas de classe,
concorrncia econmica e enfrentamentos polticos. A educao para o trabalho foi um fator determinante neste processo, ensinando a disciplina, a obedincia, a acomodao, o individualismo e a competio. Pela educao convenceu-se o trabalhador que a nica possibilidade de trabalho digno era o trabalho assalariado. E este mesmo capital que no incio do processo de industrializao corrompeu o trabalhador, e o expropriou do produto de seu trabalho. Agora, com o incremento da tecnologia, exclui a maioria dos trabalhadores roubando-lhes a condio de cidado. No momento em que o CEFET-RS inicia as discusses com a comunidade para elaborao de seu novo Projeto Poltico Pedaggico, sou desafiado por GHIGGI, quando este lana a pergunta: sabemos para onde vamos? E completa: urgente elaborar reflexes acerca de alternativas que remanescem humanidade para encontrar alguma direo que suporte racionalidade mnima e d sentido vida (GHIGGI, 2002:151). Dar um sentido vida, isto tarefa da educao e o trabalho faz parte dela. O homem sem trabalho no vive, vegeta, vive s custas de outros, se aniquila como ser humano. O trabalho a que me refiro o trabalho que liberta, que realiza. Trabalho que a prpria prxis. Ento como podemos ter uma educao que forma para um trabalho alienado e que s vezes nem existe? Formamos pessoas para serem exploradas? No existe outra opo? claro que existe. O emprego pode desaparecer, mas o trabalho no. Material ou imaterial, o trabalho sempre existir. E neste sentido, compreendo a educao como possibilidade de formao humana no s para a resistncia, mas principalmente para a transformao das estruturas causadoras da excluso, onde a produo e seus resultados estejam a servio da vida com dignidade e com qualidade para todos, segundo suas diferenas, suas necessidades e seu trabalho. Pois, como ensina FREIRE, quando o homem compreende sua realidade, pode levantar hipteses sobre o desafio dessa realidade e procurar solues. Assim, pode transforma-la e com seu trabalho pode criar um mundo prprio: seu eu e suas circunstncias. Portanto, o desenvolvimento de uma conscincia critica que permite ao homem transformar a realidade se faz cada vez mais urgente (1979:33).
Referncias Bibliogrficas
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