Doenças Respiratórias Dos Bovinos

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REVISTA CIENTÍFICA ELETÔNICA DE MEDICINA VETERINÁRIA – ISSN: 1679-7353

Ano VI – Número 10 – Janeiro de 2008 – Periódicos Semestral

DOENÇAS RESPIRATÓRIAS DOS BOVINOS

MARGARIDO, Rosângela Simonini


LIMA NETO, Dalmo
FERREIRA, Fábio Vaz
Discentes do Curso de Medicina Veterinária FAMED/ACEG
e-mail: [email protected]

PICCININ, Adriana
Docente do Curso de Medicina Veterinária FAMED/ACEG

RESUMO
O percentual de animais doentes em um rebanho com doença respiratória é sempre muito
alto. A broncopneumonia Infecciosa Enzoótica (BPIE) depende de vários fatores predisponentes
(condições de agrupamento, ambiente, instalações) e a combinação de agentes infecciosos (vírus,
bactérias) que favorecem a doença. O agente etiológico das infecções respiratórias pode ocorrer com
Pasteurella multocida, Pasteurella haemolytica, Salmonella typhimurium e Mycoplasma bovis e a
Mannheimiose pneumônica envolvendo animais submetidos a stress que é outro fator predisponente
que fragiliza o animal, e faz com que sejam necessários tratamentos sistemáticos e repetidos.
Palavras-Chave: Doença respiratória, broncopneumonia infecciosa, pasteurella haemolytica
Tema Central: Medicina Veterinária

ABSTRACT
The percentage of sick animals in a flock with respiratous Bronchopneumonia enzootic
depends of some predisponer factors and the infections agents conbination (virus,bacteria) that favor
the illness. The etiology agent of the respiratory infections can occur with Pasteurella Multocida,
Pasteurella, Haemolytica, Salmonella typhimurium and urycoplasma bovis and the mannheimiose
pneumoniae incolving animals submitted in stress that is another predisponer factor that make the
animal weaker, and then it is necessary systematic and repeated treatments
Keywords: Respiratory illness, infections bronchopneumonia, pasteurella haemolytica

1. INTRODUÇÃO

O complexo das doenças respiratórias dos bovinos é o resultado de uma


ruptura do equilíbrio entre as defesas naturais do animal e os fatores externos que
favorecem a doença. Este desequilíbrio aparece mais freqüentemente no animal que

Revista Científica Eletrônica de Medicina Veterinária é uma publicação semestral da Faculdade de Medicina
Veterinária e Zootecnia de Garça FAMED/FAEF e Editora FAEF, mantidas pela Associação Cultural e
Educacional de Garça – ACEG. Rua das Flores, 740 – Vila Labienópolis – CEP: 17400-000 – Garça/SP – Tel: (0**14)
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é incapaz de superar uma modificação do seu ambiente ou de se adaptar. O stress


interfere nos mecanismos de limpeza e de defesa do aparelho respiratório e
favorece a proliferação de microorganismos e a produção de toxinas (LAVAL, A,
CARRAUD, A, FILLETON, R, 1994).
Encontramos freqüentemente a Pasteurella haemolytica. A parte superior do
trato respiratório dos bovinos não é estéril e a Pasteurella spp é considerada como
um hóspede normal das cavidades nasais dos animais sadios quando um animal
está estressado (após transporte, desmame, ou infecção viral), a Pasteurella spp
prolifera e invade a parte profunda do trato respiratório, que é normalmente estéril
(GAVA, 1999).
As doenças respiratórias atacam essencialmente os bezerros e podem
ocorrer nos rebanhos de leite ou de corte, dependendo da natureza das condições
epidemiológicas envolvidas (COUTINHO, 2004).

2. CONTEÚDO

Nos bovinos, o fator essencial de variação é a idade existem grandes


diferenças entre o bezerro pré-ruminante (até aproximadamente 8-12 semanas) e o
bovino adulto no que se refere ao conjunto de parâmetros farmacocinéticos:
absorção, metabolismo e eliminação. As taxas de morbidade PEB são muito
variáveis, dependendo da incidência dos fatores de risco. A ocorrência de PEB nos
primeiros três meses de idade pode apresentar efeito adverso na sobrevivência e
subseqüente na taxa de crescimento. A suscetibilidade ao CDRB aumenta à medida
que a proteção conferida pelos anticorpos colostrais diminui (LAVAL, A, CARRAUD,
A, FILLETON, R, 1994).
O Complexo das Doenças Respiratórias de Bezerros (CDRB) a
broncopneumonia refere à inflamação dos bronquíolos, parênquima e pleura em
decorrência da invasão por agentes infecciosos e virais, transportados pelo ar.
As afecções de natureza não infecciosa são as pneumonias intersticiais
causadas pela inalação de toxinas e alérgenos e as infecções virais isoladas como o
vírus parainfluenza três (PI-3), sincicial respiratório bovino (VSRB) e rinotraqueíte

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bovina infecciosa (IBR), caracterizado por reação inflamatória intersticial difusa. As


pneumonias metastáticas são aquelas causadas pela embolização séptica dos
pulmões, como infecções umbilicais e abscessos hepáticos (COUTINHO, 2004).
A doença crônica endêmica conhecida como pneumonia enzoótica dos
bovinos, é a forma mais freqüente observada nos sistemas de produção intensivos
(LAVAL, A, CARRAUD, A, FILLETON, R, 1994).
O estresse infeccioso decorrente de infecções por micoplasmas ou como o
vírus sincicial, vírus parainfluenza, criam condições para que as bactérias que fazem
parte da flora residente das vias respiratórias anteriores de bovinos sadios se
multipliquem. O agrupamento em lotes causa estresse nos indivíduos, mesmo que
por um curto período de tempo. A superlotação causa um aumento nos níveis de
umidade do ar e um aumento no tempo de sobrevivência dos patógenos
transportados pelo ar. Durante este período de estresse, a competência do sistema
imune dos bezerros está reduzida e, caso existam vírus ou bactérias circulando no
animal, estes terão oportunidades para multiplicarem mais intensamente (GAVA,
1999).
A uma maior proporção de água no organismo de animais jovens que provoca
modificação da distribuição: aumento do volume de distribuição e diminuição da
concentração plasmática. A velocidade de biotransformação e eliminação são
menores em razão da menor capacidade funcional do fígado dos jovens
(COUTINHO, 2004).
Na maioria das vezes, é difícil estabelecer um diagnóstico etiológico definitivo
para as afecções pulmonares (COUTINHO, 2004).
A eficácia no tratamento depende, enfim, da posologia adotada pelo médico
veterinário, uma vez que a noção de resistência é muitas vezes relativa: uma
bactéria insensível a uma posologia relativamente baixa pode ser bem controlada
(GAVA, 1999).
Na fase aguda das infecções pulmonares, as velocidades de distribuição e de
eliminação estão aumentadas devidas aos fenômenos congestivos associados. As
pasteurelas aumentam o volume de distribuição, assim como a difusão pulmonar.

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Este fenômeno é particularmente marcado com as bases fracas, em razão do pH


tissular mais baixo no tecido inflamado (GAVA, 1999).
Nos estágios mais tardios das BPIE, a difusão de antibióticos no pulmão
pode, por outro lado, estar diminuída devido aos fenômenos exsudativos ou da
presença da fibrina. A redução do fluxo sanguíneo nas zonas densificadas pode
atingir 92% (COUTINHO, 2004).
A sintomatologia desta síndrome varia em função de agentes causais e pode
ser classificada em quatro estados clínicos fisiopatológicos implicados e o nível de
reversibilidade (LAVAL, A, CARRAUD, A, FILLETON, R, 1994).
O estado um é a doença subclínica. Um funcionamento adequado dos
mecanismos de defesa fisiológicos permite ao animal controlar a proliferação dos
agentes patogênicos, não há reação imunológica significativa, por isso a disfunção
pulmonar inexiste ou é pequena e os sintomas são discretos (LAVAL, A, CARRAUD,
A, FILLETON, R, 1994).
O estado dois é a doença clínica compensada. A resposta do sistema
respiratório e a reação inflamatória resultante geram por recontrole negativo diversos
mecanismos compensatórios que vão limitar a reação funcional do animal. Pôr
exemplo, a hipoxemia e a hipercapnia estimulam os centros de respiração a fim de
aumentar a ventilação alveolar. A colonização do trato respiratório por
micropartículas estimula a limpeza muco-ciliar. Os tônus dos músculos respiratórios
aumentam, melhorando a eficácia da respiração. A vasoconstrição hipóxida reduz a
perfusão das zonas pulmonares pouco ventiladas melhorando a relação
ventilação/perfusão. O resultado destes mecanismos é a correção das perturbações
das trocas gasosas no estado dois, a reação inflamatória e as adaptações funcionais
induzidas pelos agentes patogênicos são benéficas e não há como serem inibidas
sistematicamente (LAVAL, et al., 1994).
O estado três é a doença clínica não compensada. O desequilíbrio entre os
fatores mórbidos e o animal, assim como a violência da reação inflamatória leva, por
recontrole positivo, a uma resposta do animal que dente a agravar o déficit funcional.
Por exemplo, a hipoxemia tissular é responsável pelo aumento do metabolismo
anaeróbico e favorece, portanto, o desenvolvimento de uma acidose metabólica, que

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agrava, em conseqüência, a acidose respiratória devido a hipercapnia. Como


conseqüência, há disfunção dos centros respiratórios e diminuição da limpeza muco-
ciliar. O afluo de células sangüíneas nos pulmões pode provocar acumulo excessivo
dos mediadores da inflamação, de enzimas proteolíticas e de radicais livres
derivados do oxigênio. Estes fenômenos têm resultados negativos sobre a
musculatura lisa pulmonar, sobre a permeabilidade da membrana e sobre a
integridade do tecido pulmonar, o que agrava mais a perturbação das trocas
gasosas. O resultado destes mecanismos é que o animal é mais afetado pelas
disfunções e pelas lesões ocasionadas pela resposta inflamatória que propriamente
pelos agentes patogênicos. Para evitar um final desfavorável, deve-se, portanto,
controlar as reações inflamatórias excessivas e as adaptações funcionais
inadequadas (LAVAL, et al., 1994).
O estado quatro é a doença clinica irreversível. As lesões pulmonares,
provocadas pelos agentes patogênicos, pelas enzimas proteolíticas e pelos radicais
livres liberados pelas células inflamatórias ou pelos problemas mecânicos induzidos
pelos mediadores da inflamação, ameaçam o nível de performance do animal e até
mesmo sua sobrevivência (LAVAL, et al., 1994).
É ilusório esperar obter 100% de cura, particularmente nas formas graves,
pois os danos pulmonares não podem ser totalmente recuperados uma vez que a
doença progrediu até o ponto em que fibrose, aderências ou abscessos se
desenvolvem dentro ou em torno dos pulmões, nenhum tratamento corrigirá
satisfatoriamente o problema. A cura bacteriológica é a mais difícil de se obter: tudo
depende da severidade da infecção e da natureza dos agentes. O animal pode
sobreviver, mas sempre portará alguma deficiência pulmonar que comprometerá seu
desempenho (COUTINHO, 2004).
As seqüelas da BPIE na espécie bovina podem impedir seu desenvolvimento,
traduzindo-se por atraso acentuado de crescimento com a produção de uma carcaça
insuficiente em peso e em conformação, o que torna sua comercialização difícil ou
até impossível, principalmente onde os animais são negociados por lotes em todos
os casos um problema respiratório maior condena o animal a gerar uma margem
negativa de lucro. A baixa na qualidade se coloca no quadro das seqüelas de

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doenças respiratórias menos importantes e que tem conseqüências clínicas


reduzidas ou inexistente. Em compensação, sob o aspecto econômico, os atrasos de
crescimento terão um impacto não desprezível. Qualquer defeito de conformação
resulta na taxa do preço por quilo do animal. As doenças respiratórias representam o
mais importante fator de perdas econômicas na produção bovina. Os meios de luta
de que dispomos são relativamente reduzidos, onde qualquer ação sobre a
qualidade da matéria-prima é inócua (vacinação dos bezerros ou das mães) (GAVA,
1999).
3. CONCLUSÕES

A prevenção das afecções é absolutamente dependente do controle dos


fatores de riscos relacionados. Portanto, o manejo preventivo é, indiscutivelmente, a
forma mais eficiente de diminuir a incidência e a gravidade de problemas
respiratórios em um rebanho, minimizando os prejuízos econômicos associados ao
Complexo das Doenças Respiratórias dos Bovinos.

4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

COUTINHO, A.S. Mannheimiose Pneumônica Experimentalmente Induzida em


Bezerros pela Mannheimia (Pasteurella) Haemolytica A1- Cepa D153: Achados
do exame físico, hemograma e swabs nasal e nasofaringeano. 2004. 186p. Tese
(Doutorado)- Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia-Universidade Estado
Paulista, Botucatu.
GAVA, A. Pasteurelose em bovinos em confinamento. Im: Encontro nacional de
patologia veterinária, anais...1999.
LAVAL, A; CARRAUDA, A: FILLETON, R. Terapia Antibiótica e Doenças
Respiratórias dos Bovinos. Schering Plough Veterinária, 1994.

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