GILPIN Resenha
GILPIN Resenha
GILPIN Resenha
Publicado pela primeira vez, em 1981, War and Change in World Politics, tem
como pando de fundo o declínio da hegemonia dos Estados Unidos ao mesmo tempo que a
União Soviética ainda se mostrava poderosa, pelo menos, militarmente. A posição realista
de Gilpin deriva da Teoria de Política Internacional de Kenneth Waltz, ou seja, como a
natureza do sistema internacional afeta o comportamento dos estados. A força do lado
econômico em sua teoria para explicar a preponderância de um país sobre outros no
sistema internacional é explicado, ao menos em parte, pela sua trajetória acadêmica. O
autor iniciou seus estudos na Universidade de Vermont e atualmente, é pesquisador em
política econômica internacional e professor emérito de política e relações internacionais
na Woodrow Wilson School of Public and International Affairs na Universidade de
Princeton.
Gilpin argumenta nesse livro que o sistema
internacional muda ciclicamente sempre que um ou
mais países assumem a preponderância, forçando
novas regras de governabilidade. Essa mudança dá-se,
na maioria das vezes, através da guerra, que em se
tratando de uma disputa pela hegemonia, ele chama de
guerra hegemônica. O autor não se concentra no que o
país deve fazer para assumir a preponderância, mas
sim no que ocorre para que o país hoje dominante
passe a declinar. Seu argumento central é de que a lei
do crescimento desigual entre os estados (entenda-se
entre o dominante e os demais e entre os próprios não dominantes) determina uma
redistribuição do poder e, em última instância, o conflito hegemônico e um novo sistema
internacional: “The differential rates of growth of declining and rising states in the system
produce a decisive redistribuition of power and result in disequilibrium in the system” (p.
185).
É a primazia do econômico sobre as outras esferas que determinam o crescimento
e desenvolvimento do estado e, consequentemente, sua ascendência no sistema
internacional. O problema é que, no caso do estado que já é dominante, os custos
econômicos do status quo crescem mais rapidamente que as vantagens advindas dessa
liderança. Do outro lado, o estado desafiante possui as condições e os recursos que o
levarão a um crescimento maior. Gilpin parte da idéia comumente aceita de que tão logo a
sociedade se desenvolva plenamente, torna-se difícil ou mesmo impossível qualquer
crescimento posterior. Isso poderia levar a um pleonasmo inútil se o autor não estivesse
pretendendo atingir um objetivo – que é a análise do dilema que passa todas as sociedades
desenvolvidas: quanto mais se desenvolve, maior a demanda e menores são os recursos.
O autor explica os fatores internos que se ligam às necessidades de proteção,
consumo e investimento produtivo, que são responsáveis pelo próprio declínio do poder do
estado. O primeiro dos fatores é a tendência para o crescimento impulsiona qualquer
inovação a um fim, a Lei do crescimento industrial (Simon Kuznets). O segundo é a
tendência para as técnicas militares mais eficientes aumentarem em custo, a “lei do
incremento dos custos da guerra”. Embora, ele advirta que o “warfare state” é menos uma
tendência hoje do que no passado. Não se gasta tanto com o poder militar porque tem-se a
efetividade das armas modernas e a segurança alcançada entre os estados primeiro na Pax
Britanica, depois na Pax Americana. O terceiro fator é o consumo que cresce mais rápido
do que o produto nacional quando uma sociedade torna-se mais afluente. Mesmo os mais
pobres acabam consumindo tanto quanto a elite. Ou o Estado arca com o consumo dos
mais pobres, a Lei de Wagner – Lei de expandir os gastos do Estado. O quarto é a mudança
estrutural no caráter da economia. A economia de cada sociedade evolui para três
diferentes estágios: começa na agrária, passa pela industrial e permanece na madura, onde
a maior parte das atividades são de serviços. Na sociedade madura, a produtividade é
menor do que as industriais. Por último, a corrupção de afluência. Os interesses públicos e
privados divergem quando se alcança a prosperidade econômica. Os fatores externos são
dois: o aumento dos custos de dominação política e a perda de liderança econômica e
tecnológica.
A guerra hegemônica se diferencia das outras guerras porque “such a war involves
a direct contest between the dominant power or powers in an international system” (tal
guerra involve uma contestação direta entre o poder ou poderes dominantes em um sistema
internacional). Além disso, as guerras de hegemonia são conflitos ilimitados, eles são de
uma vez políticos, econômicos e ideológicos em termos de significados e consequências.
Ainda, a guerra hegemônica se diferencia por conta da sua intensidade, alcance e duração.
O autor indica quais teriam sido as guerras hegemônicas ao longo da história. Foram elas: a
Guerra do Peloponeso, a Segunda Guerra Púnica, a Guerra dos Trinta Anos, as guerras da
Revolução Francesa e de Napoleão e a Primeira e Segunda Guerras Mundiais.
Gilpin ainda confere ao conflito hegemônico pré-condições, como o fechamento
de espaço e oportunidades, ele explica que:
Bibliografia:
1
Cf. ARMANDI