A Atração Dos Jornais Sensacionalistas

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FABIANO SILVEIRA FRADE

A ATRAO DOS JORNAIS SENSACIONALISTAS:


Uma anlise dos elementos utilizados pelos jornais Super Notcia e Aqui na elaborao de
suas capas





















Belo Horizonte

2006




FABIANO SILVEIRA FRADE
















A ATRAO DOS JORNAIS SENSACIONALISTAS:
Uma anlise dos elementos utilizados pelos jornais Super Notcia e Aqui na elaborao de
suas capas







Monografia apresentada ao Curso de Comunicao Social,
do Centro Universitrio de Belo Horizonte UNI-BH,
como requisito parcial para obteno do ttulo de bacharel
em J ornalismo.

Orientadora: Maria Cristina Leite Peixoto









Belo Horizonte

2006

SUMRIO




INTRODUO................................................................................................................ 04



CAPTULO 1 - A IMPRENSA E O SENSACIONALISMO...........................................06



CAPTULO 2 - O SENSACIONALISMO NOS J ORNAIS BRASILEIROS E OS
J ORNAIS SUPER NOTCIA E AQUI................................................................................22



CAPTULO 3 - ANLISE DOS J ORNAIS SUPER NOTCIA E AQUI..........................37


CONCLUSO....................................................................................................................57


REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS................................................................................62



ANEXOS ...........................................................................................................................65











4
INTRODUO

Entende-se que o interesse pela narrao dos fatos, utilizando meios variados, est
intimamente associado prpria histria da humanidade e dos usos da linguagem. Nesse
sentido, o jornalismo destaca-se ao mobilizar cdigos e signos lingsticos, tornando-se,
portanto, uma prtica discursiva.
Todos os tipos de jornalismo impresso ou televisivo- apresentam caractersticas que
variam conforme os objetivos dos diferentes jornais. Dentre esses, alguns se destacam pelo
apelo sensacionalista.
Em geral, o termo sensacionalismo refere-se s aes e narrativas que buscam
provocar sensaes, e no jornalismo, especificamente, indica audcia, irreverncia e, muitas
vezes, a inverso da realidade, no que diz respeito emisso e tratamento das notcias.
Considerando essa forma de expresso jornalstica, o trabalho apresentado tem como
objetivo verificar o processo de construo dos elementos textuais, temticos e grficos na
elaborao das capas dos jornais impressos Aqui e Super Notcia, ambos considerados
publicaes sensacionalistas.
O Super Notcia, publicado pela Sempre Editora, surgiu no ano de 2003, e prope
linha editorial que privilegia manchetes atrativas, notcias reduzidas, assuntos como esporte e
violncia, alm da prestao de servios pblicos.
J o jornal Aqui, publicado pelo grupo Associados Minas, publicao mais recente,
cujo surgimento est ligado ao sucesso do Super Notcia, apresentando, portanto,
caractersticas equivalentes quanto forma e o contedo. Sua primeira edio deu-se no ano
de 2005 e, desde essa ocasio, circula diariamente em Belo Horizonte e na regio
metropolitana.
5
O interesse pelo estudo de tais publicaes baseia-se na importncia de desvendar as
prticas jornalsticas adotadas por esses jornais, em princpio, capazes de promover a
aceitabilidade do pblico-leitor e atingir nveis elevados de venda, em comparao
performance atual de jornais tradicionais.
Em razo dos seus formatos e das formas de veiculao das notcias, o Super Notcia
e o Aqui tm sido considerados publicaes sensacionalistas pela opinio corrente. A pesquisa
em questo tem por finalidade averiguar a exatido desse pressuposto e, a partir disso,
estabelecer a discusso de aspectos subjacentes a ele. Nessa perspectiva, sero considerados,
principalmente, os ttulos presentes nas capas, sua relao com o texto, a apresentao esttica
do jornal, assim como a forma de abordagem dos assuntos e os critrios de noticiabilidade.
Alm disso, a importncia desta pesquisa relaciona-se necessidade de conhecer
veculos de natureza diferenciada e compreend-los, de modo a romper com julgamentos pr-
concebidos. O sucesso quanto vendagem e circulao dos jornais referidos tambm foi fator
determinante na escolha do tema e dos objetos a serem trabalhados nesse estudo.
No que diz respeito apresentao, esta pesquisa encontra-se organizada em trs
captulos, sendo eles: A imprensa e o sensacionalismo; O sensacionalismo nos jornais
brasileiros e os jornais Super Notcia e Aqui e o captulo Anlise das capas dos jornais Super
Notcia e Aqui. Por fim, na concluso, sero apresentadas as impresses gerais obtidas por
meio da pesquisa, no que diz respeito s caractersticas dos jornais em questo e ao suposto
sensacionalismo praticado por eles.








6


1 A IMPRENSA E O SENSACIONALISMO


O jornal configura-se, dentre os meios de comunicao diria, como um dos veculos
de maior aceitabilidade. As pessoas recorrem aos jornais em busca de informaes sobre
assuntos distintos: poltica, economia, educao, esporte, lazer, dentre outros.
Embora o projeto da modernidade tenha possibilitado a criao de formas miditicas
de diversas naturezas, a modalidade impressa de jornal ainda de grande apelo popular,
constituindo-se como um dos principais instrumentos de comunicao da imprensa nacional.
Ao longo dos anos, as prticas jornalsticas se modificaram e atualmente podem ser
identificados modelos jornalsticos diferentes. Alm disso, de acordo com Muniz Sodr
(1996), a imprensa foi, paulatinamente, assumindo posies de poder, seja pela possibilidade
de denunciar ocultamentos e irregularidades na sociedade ou pela capacidade de suscitar ou
defender causas pblicas.
Contudo, entende-se que este poder da imprensa apresenta caractersticas de natureza
intrnseca, haja visto o seu compromisso moral com a verdade pblica. Segundo o referido
autor, esse aspecto interno da imprensa supera o poder advindo dos vnculos dos veculos de
comunicao com a estrutura de poder estabelecida socialmente.
A imprensa nunca foi o nico meio a servio das causas exclusivamente pblicas, e as
linhas editoriais dos jornais, em grande parte, se aliaram aos interesses daqueles grupos
econmicos ou polticos a que apoiavam. Mesmo assim, a partir do sculo XIX, a imprensa j
se apresentava como um elo fundamental entre a sociedade e o Estado.
A legitimidade jurdico-racional do Estado tipo bsico adequado, segundo Max
Weber, ao Estado liberal era reafirmada na sociedade civil por uma mentalidade
tipogrfica, que priorizava o uso racional das faculdades mentais e estimulava
formas objetivas de discusso pblica. (SODR, 1996:68)


7
A condio da imprensa moderna, portanto, cria uma relao especfica dos veculos
de comunicao com o Estado e a sociedade. Apresentando-se como instrumento de livre
circulao das idias e opinies, a imprensa passa a ceder espao para outras foras de poder,
alm da estatal. Ela, ento, informa a sociedade civil sobre as omisses e as corrupes do
Estado, mas, concomitantemente, expe esse mesmo pblico aos mecanismos de controle do
Estado.
Os meios de comunicao de massa podem ser descritos como o lugar ideal para a
construo de uma realidade ou para a tentativa de moldagem ideolgica do mundo, fazendo-
o de maneira relativamente autnoma.
A relativa autonomia produtiva dos media e as singulares estratgias de negociao
simblica que mantm com seus pblicos no os deixam tornar-se mecnicas caixas
de ressonncia das empresas e Estado. Mediaes complexas intervm na elaborao
de seus cdigos tecnoculturais. (SODR, 1996: 72)


Contudo, Sodr (1996) considera que o acesso informao est intimamente
associado situao econmica do usurio. Em qualquer discurso, a informao um produto
venda, uma estratgia avanada de atribuio de valor. Ento, na sociedade contempornea,
a mdia e as indstrias culturais podem estimular o consumo de informaes em massa,
criando a expectativa de que por meio deste caminho alcanar-se- a democracia social.
De acordo com Clvis Barros Filho (1995), as atuais formas de elaborao do
contedo jornalstico rompem com aquelas produzidas no passado. At a dcada de 1920,
no era usual o questionamento quanto objetividade jornalstica. Entretanto, com o advento
de grandes revistas e do jornalismo dito interpretativo, passou-se a discutir as intenes de se
retratar fielmente a realidade. Nessa mesma ocasio, surgem as tcnicas do lead e da pirmide
invertida
1
, que serviam como meios para destacar o fato jornalstico, buscando, a princpio,
melhor interao com o leitor, chamando sua ateno.

1
Segundo Luiz Amaral (1987) o lead definido, tradicionalmente, como a abertura, a parte mais importante da
matria jornalstica; trata-se do pargrafo sinttico, que deve procurar responder s tradicionais perguntas: o
qu?, quem?, quando?, onde?, como? e por qu? J a pirmide invertida a tcnica de redao dominante no
8
Para Barros Filho (1995) a escolha do tema, do lxico, e o posicionamento diante da
temtica, na hierarquia das informaes, representam risco para aqueles sujeitos envolvidos
na produo miditica.
Dessa forma, o uso de tcnicas precisas de descrio do real, ao retirar do
jornalista parte do seu poder de manobra como codificador, retira-lhe tambm
parte de sua responsabilidade. No o reprter quem fala ou escreve, e sim a
realidade por ele espelhada. (BARROS FILHO, 1995:25)


Neste sentido, torna-se vlido destacar a crena na objetividade como forma de
emisso de mensagem, que, s vezes, tem seu sentido associado ao conceito de informao.
Contudo, a idia de informao, bem como a de comunicao, permitem muitas abordagens.
A palavra informao, na lngua portuguesa, polissmica e possui pelo menos trs
significados diferentes, sendo eles: os dados, as notcias jornalsticas e o saber numa
perspectiva geral.
Na concepo de Barros Filho (1995), a comunicao implica o ato de sugestionar
uma produo composta de subjetividade, e a informao, por sua vez, diz respeito ao
contedo propriamente dito. Para o autor, essa diferenciao marginaliza a subjetividade
inerente construo da mensagem no processo comunicativo e supe que a informao,
entendida como a materialidade da mensagem, seja desprovida de subjetividade.
Outra distino, entendida pelo autor como pertinente, aquela relacionada ao
conceito de factualidade e imparcialidade. Ele apresenta a factualidade como os aspectos
cognitivo-informativos, enquanto que a imparcialidade se mantm no nvel dos aspectos
avaliativos. Dessa observao, surgem trs medidas previstas pela objetividade informativa: o
valor da informao, a legibilidade informativa e a checabilidade.

jornalismo h mais de 100 anos, que consiste na hierarquizao das informaes das mais para as menos
importantes.




9
O valor da informao est ligado densidade, ou seja, proporo de aspectos
informativos relevantes em relao totalidade de informaes; proporo quantitativa entre
o nmero de diferentes aspectos citados e o total de possibilidades, profundidade, referente
aos elementos mencionados que podem auxiliar a explicao dos pontos bsicos.
J a legibilidade diz respeito ao grau de redundncia de um texto, de acordo com dois
critrios: o da incidncia dos fatos e o da clareza da exposio desses acontecimentos. Com
isso, a legibilidade garante a clareza junto ao destinatrio, ou seja, quanto maior for a
especificidade, melhor ser o processo de decodificao.
A checabilidade, por sua vez, diz respeito quantidade de unidades informativas em
um texto. Acredita-se que quanto maior elas forem, mais factual e objetiva ser a produo
textual.
A objetividade , aparentemente, a caracterstica preponderante do texto informativo
em razo da estrutura, da escolha lexical, dos limites da produo e da sua posio entre os
demais produtos miditicos. Assim, clareza na exposio, elaboraes estruturais simples,
limitao lexical e atualidade dos temas so algumas das caractersticas do jornalismo
informativo, as quais, supostamente, lhe conferem o efeito desejado. Contudo,
A contemporaneidade do tema em relao ao produto comea a justificar sua
presena e, de certa forma, ajuda a camuflar o processo arbitrrio de seleo. Para o
receptor o tema foi abordado, entre outras razes, porque atual e no porque foi
eleito pelo editor entre outros temas atuais possveis. (BARROS FILHO, 1995: 75)

As formas de divulgao das notcias e o contedo de um veculo definiro a real
pretenso de um veculo. O compromisso do jornalista em relao confeco da informao
jornalstica, e a forma como ela se encontra inserida no jornal, pode, de certa forma,
demonstrar o posicionamento tico do veculo.
Os critrios de elaborao da notcia, expostos at aqui, marcam a produo
jornalstica ideal. Percebe-se, entretanto, que muitos produtos jornalsticos, sobretudo os de
natureza popular, adotam linha editorial repleta de exageros na divulgao das notcias e
10
utilizam outros recursos para atingir o pblico, tais como o apelo ao entretenimento, ao
assistencialismo, s denncias, prestao de servios, violncia, ao sexo e
superexposio das pessoas envolvidas em determinadas notcias, configurando, assim, a
prtica do sensacionalismo na imprensa.
Etimologicamente, o termo sensacionalismo significa:
S. m. 1. Divulgao e explorao, em tom espalhafatoso, de matria capaz
de emocionar ou escandalizar. 2. Uso de escndalos, atitudes chocantes,
hbitos exticos, etc., com o mesmo fim. 3. Explorao do que sensacional
(3), na literatura, na arte, etc.


O sensacionalismo pode ser entendido como uma produo noticiosa que vai alm do
real e superdimensiona o fato e, por isso, muitas vezes, tem a credibilidade discutvel. No
nvel da linguagem, adota-se um tom coloquial exagerado, que alm de negar a busca
neutralidade, incita o leitor a se envolver emocionalmente com o texto.
A prtica jornalstica sensacionalista instituiu-se primeiramente em pases como a
Frana e os Estados Unidos, sendo que, no final do sculo XIX, parte da imprensa desses
pases apresentava caractersticas prprias s das chamadas imprensa amarela, veiculando
manchetes escandalosas, uso abusivo de ilustraes, entrevistas falsas e a imprensa marrom,
que diz respeito quelas publicaes que adotam procedimentos no-confiveis na divulgao
das notcias.
Na Frana, os jornais populares, os quais apresentavam apenas uma pgina, eram
chamados decanards
2
. De acordo com Mrcia Franz Amaral (2006), os de maior repercusso
eram aqueles que narravam histrias de catstrofes e de atos de violncia, sendo que os
primeiros jornais franceses, lanados entre 1560 e 1631, tais como Gazette de France e
Nouvelles Ordinaires, apresentavam caractersticas similares s dos jornais sensacionalistas
atuais e traziam informaes fantsticas. Ainda segundo a autora, em 1836, dois jornais
inauguraram, de fato, a imprensa popular francesa: o La Presse e o Le Sicle.

2
Segundo Mrcia Franz Amaral (2006), esse termo significa conto absurdo ou fato no-verdico.
11
Nos Estados Unidos, o primeiro jornal, surgido em 1690, cujo nome era Publick
Occurrences, j apresentava caractersticas sensacionalistas.
Mas foi no final do sculo XIX que o sensacionalismo se efetivou na imprensa, com
a popularizao dos jornais por intermdio do aperfeioamento das tcnicas de
impresso, da expanso do telgrafo e das redes de cabos submarinos, do
desenvolvimento do telefone e do surgimento dos anncios. Com o telgrafo, passou
a ser possvel que o jornal publicasse as notcias do dia. A criao do sistema de
ensino pblico tambm foi importante para criar um pblico leitor de jornais.
(AMARAL, 2006:17)

Nesse pas, muitas publicaes que se dedicavam cobertura de assuntos relacionados
poltica passaram a tratar de temas como relatos detalhados de feitos reais, crimes e dramas
de famlia. Os jornais buscavam, assim, retratar o cotidiano da populao. O slogan do jornal
Publick Occurrences dizia que aquela era uma publicao que brilhava para todos e que se
destinava aos mecnicos e s massas em geral. (AMARAL, 2006:17)
No entanto, o marco do jornalismo sensacionalista norte-americano foi a dcada de
1880, a partir do lanamento dos jornais New York World e Morning Journal. Esses
publicavam manchetes escandalosas, evidenciadas pelo corpo tipogrfico, informaes
distorcidas, falsas entrevistas e artigos superficiais.
Amaral (2006) destaca que, no Brasil, as primeiras caractersticas de sensacionalismo
so percebidas a partir de 1840, nos folhetins
3
.
Para os estudiosos do tema, a expresso polmica. Amaral (2005) considera que o
sensacionalismo pode ser considerado um conceito errante, tanto por suas insuficincias,
quanto por suas generalizaes (AMARAL, 2005: 5). Segundo ela, o sensacionalismo tem
sido utilizado para caracterizar vrias estratgias de mdia, como a superexposio do
interesse pblico, a explorao do sofrimento humano, a simplificao, a deformao, a
banalizao da violncia, da sexualidade e do consumo, a ridicularizao das pessoas

3
Segundo Nincia Ceclia Ribas Borges Teixeira (2005), o folhetim era o espao plural, na forma impressa, que
abrigava uma srie de textos voltados ao entretenimento, tais como crnicas, romances e contos.

12
humildes, o mau-gosto, a ocultao de fatos pblicos relevantes, a fragmentao e
descontextualizao do fato, o denuncismo, dentre outras.
Em geral, o sensacionalismo est ligado ao exagero, intensificao, valorizao da
emoo, explorao do extraordinrio, valorizao de contedos
descontextualizados, troca do essencial pelo suprfluo ou pitoresco e inverso do
contedo pela forma. So muitas as formas de popularizao da mdia
costumeiramente tratadas sob o rtulo de sensacionalista. ( AMARAL, 2006: 21).


Para Amaral (2006), habitualmente, o rtulo sensacionalista est relacionado aos
jornais e programas que destacam a violncia. Contudo, a autora salienta que o
sensacionalismo pode ser processado de diversas formas. Ela afirma que todo jornal , em
parte, sensacionalista, uma vez que visa atrair a ateno do leitor e, por conseginte, alcanar
boa vendagem, lanando mo, muitas vezes, dos recursos identificados com a prtica
sensacionalista.
O jornalista Alberto Dines, citado por Amaral (2006), tambm destaca que o processo
sensacionalista ocorre em toda a imprensa, lembrando que o prprio lead se mostra como um
recurso dessa prtica, por realar os elementos mais instigantes da notcia, na busca da
ateno do leitor. Ele divide o sensacionalismo em trs grupos: o grfico, o lingstico e o
temtico. O primeiro ocorre quando h distanciamento entre a importncia do fato e o
destaque dos elementos visuais; o segundo baseia-se no uso de determinadas palavras, e, por
fim, o temtico caracteriza-se pela busca de emoes e sensaes, sem levar em considerao
o compromisso social da matria jornalstica.
J Rosa Nvea Pedroso (2001) considera que o sensacionalismo consiste em um modo
de produo discursiva das informaes definido por critrios de intensificao e exagero
grfico, temtico, lingstico e semntico, contendo em si valores e elementos
desproporcionais, destacados, acrescentados ou subtrados no contexto de representao e
construo do real social (PEDROSO, 2001:122).
13
Segundo a autora, o discurso do jornal sensacionalista se transforma em discurso de
seduo, haja vista a ambivalncia do significado das palavras empregadas e a forma de
utilizao da linguagem jornalstica. Pedroso (2001) comenta ainda que as estratgias
sensacionalistas utilizadas na construo do fato seguem o critrio de seleo de aspectos
plausveis da vida, para assim suscitar o interesse e estimular a ateno do leitor.
Esse modo de cativar/seduzir/encantar o leitor buscado no efeito de fantstico, que
inspira admirao, medo, curiosidade pelo real exagerado e engendrado
discursivamente como extravagante, mas verossmil. Isso permite a prtica do
absurdo no jornalismo, porque o consumo do discurso exige que o fato esteja preso a
uma iluso mesmo que imperfeita e enganosa da realidade. (PEDROSO, 2001:112-
113).


Se em termos gerais, toma-se o jornalismo sensacionalista como aquele que representa
e possibilita a explorao dos temas de forma exagerada, Danilo Angrimani (1995) destaca
que o termo sensacionalismo comumente o principal adjetivo utilizado por um leitor para
condenar um jornal. Nesse sentido, a palavra sensacionalista tomada, muitas vezes, para
inferiorizar ou at mesmo ridicularizar uma publicao jornalstica.
O autor ressalta que o sensacionalismo refere-se s situaes julgadas como
exageradas, alm de representar no apenas audcia, irreverncia e questionamento, como
tambm equvoco na apurao dos fatos, distoro da realidade e agressividade.
Alguns temas so freqentes e supervalorizados nos veculos sensacionalistas. Assim,
tem-se a morte, utilizada como assunto de capa e um meio de valorizao editorial da
violncia. De acordo com Angrimani (1995), a representao desse discurso, na imprensa, d-
se mediante a apropriao do valor simblico do sangue.
As publicaes que aderem a esse discurso percebem que a violncia e a morte
interessam a todas as pessoas, independentemente do nvel cultural e econmico. Sendo
assim, compreende-se que
tanto o leitor do jornal sbrio, quanto aquele que prefere o
sensacionalismo, se interessa pelo crime, pelo rapto, pelo acidente, pela
catstrofe. O que vai fazer com que o mercado se divida e haja um pblico
exclusivo para o veculo sensacionalista a linguagem, a linguagem editorial
14
que a forma de se destacar uma foto, tornar o texto mais atraente, enfim, a
busca de um equilbrio entre ilustrao e texto, alm da preferncia por
matrias originadas de fait divers, em detrimento de temas poltico-
econmico-internacionais que servem como estmulo predominante ao jornal
informativo comum. (ANGRIMANI, 1995:54)

Portanto, um dos aspectos importantes que difere o jornal sensacionalista de outros
informativos no s a valorizao editorial da violncia como a forma de trat-la. O
assassinato, o suicdio, o estupro, a vingana, a briga, as situaes de conflito, a agresso
sexual e a tortura so acontecimentos que ganham destaque nesse tipo de jornal.
Outro aspecto priorizado pelo sensacionalismo diz respeito s formas de abordagem
de comportamentos sexuais e prticas desviantes. Assim, so temas marcantes, na produo
sensacionalista, o homossexualismo, tratado de maneira preconceituosa, marginalizante,
ofensiva e retrgrada, e o fetiche, traduzido na banalizao da figura feminina e na explorao
de determinados cones a ela ligados. Podemos considerar que, subjacente a tudo isso, existe
ainda nessas publicaes o estmulo ao voyerismo
4
.
Quanto ao homossexualismo, Angrimani (1995) destaca que a abordagem editorial
sobre o homossexual, vtima de crime, a da inverso, ou seja, por mais que este tenha sido
assaltado, roubado, estuprado, assassinado, a culpa ainda recai sobre ele, que visto como
anormal, transgressor e degenerado.
J a fetichizao da mulher assume papel relevante no jornal sensacionalista, servindo,
muitas vezes, como recurso que favorece o processo de vendagem. Nesse tipo de publicao,
coloca-se, preferencialmente, a mulher, de maneira estratgica, na capa, associando-a a uma
manchete escandalosa. Contudo, a figura feminina caricaturizada e fetichizada. A esse
respeito, Angrimani (1995) comenta que

4
Segundo o documento eletrnico Brevirio de las Definiciones Sexuales, disponvel em
http://usuarios.lycos.es/doliresa/index-25.html , o voyerismo diz respeito prtica em que a mulher ou o homem
excita-se em ver ou assistir a outras pessoas em roupas sensuais, ntimas, em contato ertico ou sexual,
preferencialmente em locais pblicos. Trata-se, portanto, de um transtorno psicossexual em que o sujeito obtm
a excitao e o prazer ertico observando, clandestinamente, as pessoas que esto despidas ou os pares durante a
prtica de atos sexuais.
15
A mulher fetiche do jornal sensacionalista vem envolta em lingerie, sapatos de salto
alto e adereos (chapus, capas, luvas). Sob essa cobertura de smbolos flicos,
essa mulher _ que no mais a mulher _ engedra uma inverso perversa: est numa
posio de idolatria, mas nessa investidura no mais um indivduo, e sim aquilo
que falta, pea sobressalente, aparelhagem. Objeto de culto de uma religio
privada, a mulher fetiche deslocada do real. Perde contato com o social e se
transfere para o imaginrio, onde passa a existir como relquia, coisa sagrada, no
limite esquizofrnico, onde os espaos da realidade e da representao parecem se
juntar promiscuamente. (ANGRIMANI, 1995: 73)

Assim, a nudez de certas partes do corpo, veiculada pela exposio de uma modelo,
capaz de conduzir o leitor ao prazer visual. Neste sentido, Angrimani (1995) considera que o
jornal sensacionalista mantm o vnculo do exibicionismo com o voyerismo.
Entende-se, portanto, que os temas supervalorizados pelos veculos sensacionalistas
esto associados expectativa da espetacularizao, atrao pelo chocante, pelo diferente,
pelo bizarro, alm do apelo sexual.
Para Guy Debord (1997), a sociedade de consumo criada pelos meios de comunicao
de massa transformou-se em sociedade do espetculo. Assim, segundo o autor, o espetculo
refere-se multiplicao de cones e imagens, processada pela via dos meios de comunicao
bem como dos rituais polticos, religiosos, dos hbitos de consumo, exaltando tudo o que falta
vida real do homem comum, a saber: celebridades, atores, polticos, personalidades, gurus,
mensagens publicitrias. Isso favorece a sensao de aventura, felicidade, grandiosidade e
ousadia.
J Muniz Sodr (1975) discute a ocorrncia de influncias escatolgicas na cultura de
massa por meio da apropriao do grotesco chocante
5
. Sodr (1975) lembra que existe uma
tradio popular que tem fascnio por aquilo que extraordinrio e pelas aberraes.
Para estudiosos como Rosa Nvea Pedroso (2001), o jornalismo sensacionalista
apresenta-se como o produto da diviso entre a grande imprensa e a imprensa popular. Tal
observao baseia-se na forma de apresentao do gnero: a explorao do fascnio do leitor

5
De acordo com Muniz Sodr (1975), o grotesco chocante relaciona-se divulgao de fatos exacerbadamente
atrativos, tais como fatos medinicos, flagelaes, dentre outros.
16
pelo extraordinrio, pelo desvio, pela aberrao e pela aventura. Dessa maneira, este gnero
jornalstico apresenta-se como aquele que apela para as emoes do leitor, apresentando os
fatos dotados de caractersticas pouco comuns, msticas, sdicas, idealsticas ou monstruosas.
O jornalismo sensacionalista, pela maneira prpria de engedramento discursivo,
estrutura, representa e permite o acesso ao mundo da liberdade pela explorao dos
temas agressivos, homicidas e aventureiros, que no podendo realizar-se na vida
cotidiana, submetida lei e censura, tendem a realizar-se, projetivamente, na
leitura. Isto , na realizao da construo da representao dessa realidade pelo
jornal. (PEDROSO, 2001: 51)

Na tentativa de adequar a informao jornalstica s temticas e linguagens de
natureza mais popular, os jornais sensacionalistas do menor espao e dedicam cobertura
superficial aos temas ligados ao exerccio da cidadania, como, por exemplo, as eleies
presidenciais do ano 2006 e os acontecimentos associados a elas. Em entrevista realizada com
a editora do Dirio da Tarde, Leiliane Corra
6
, esse fato foi confirmado com o exemplo da
compra de um dossi, supostamente comprometedor do candidato da oposio, Geraldo
Alckmin. De acordo com a avaliao da entrevistada, esse acontecimento, de projeo
nacional, no teve espao nos jornais Super Notcia e Aqui pelo fato de no se constituir como
assunto de interesse popular.
Segundo Amaral (2006), em funo da variedade de publicaes que se auto-
qualificam como populares, no recomendvel fazer generalizaes, mas possvel afirmar
que elas apresentam um discurso baseado no mundo do leitor.
Os jornais populares constroem sua legitimidade de outros parmetros,
relacionando-se de uma forma peculiar com o mundo do seu pblico leitor. Precisam
falar do universo do seu pblico leitor. Precisam falar do seu pblico-alvo, adotam
uma esttica pragmtica, sem levar em conta se as informaes so do mbito do
privado ou do entretenimento. Alm disso, so obrigados, por interesses
mercadolgicos, a utilizar determinados recursos temticos, estticos e estilsticos
deslocados do discurso jornalstico tradicional. (AMARAL, 2006:57)


Aqueles jornais auto-intitulados populares baseiam-se na valorizao dos assuntos
cotidianos, passveis de fruio individual, exacerbadores do sentimento e da subjetividade.

6
Entrevista realizada na sede dos Associados Minas em Belo Horizonte no dia vinte e trs (23) de setembro de
2006.

17
Os aspectos tradicionais de interesse pblico so, geralmente, ignorados; o mundo
percebido de maneira personalizada e os fatos so singularizados ao extremo (AMARAL,
2006:57).
Alm da linguagem peculiar, os jornais considerados sensacionalistas se apropriam
daqueles contedos mais sedutores para um pblico popular. Enquanto na imprensa
referncia
7
o jornalismo , sobretudo, uma forma de conhecimento, na esfera popular ele
apresenta, tambm, a funo de entretenimento. Muitas vezes, o ideal da objetividade
ignorado e a credibilidade instaurada por meio de parmetros alternativos, como a
proximidade com o leitor e o testemunho concedido por ele.
Na concepo de Amaral (2006), as notcias so frmulas similares s narrativas ou
histrias marcadas pela cultura da sociedade a que pertencem. A forma de apresent-las, no
entanto, est ligada aos pblicos aos quais esto direcionadas.
Os acontecimentos, para se transformarem em notcias e fazerem sentido para
algum, devem estar enquadradas no universo do pblico. Toda notcia uma
narrativa, sejam notcias hards (importantes) ou softs (leves ou interessantes).
Ambas so narrativas sobre a realidade e utilizam-se de diversos valores culturais
para contar uma histria. A forma como a notcia relata o fato muda conforme o
pblico para quem o veculo dirigido. (AMARAL, 2006:70)

Alguns jornais-referncia, ainda que se apropriem de recursos de popularizao
similares aos populares, consideram seus leitores, pelo menos em parte, como sujeitos
polticos que merecem conhecer o mundo para atuar sobre ele. J outros jornais, de carter
sensacionalista, acreditam que seus leitores se interessam, exclusivamente, por histrias
extraordinrias, fotos de cadveres, matrias chulas sobre sexo, notcias sobre celebridades,
fofocas televisivas e prestao de servio, em detrimento do mundo poltico.
Para Amaral (2006), a maioria dos jornais do segmento popular constri um leitor que
depende de seu assistencialismo e que se sente atrado pelo fato de ter o seu rosto e a sua fala
publicados no jornal. Segundo a autora, esses jornais se baseiam no pressuposto de que o

7
Mrcia Franz Amaral (2006) utiliza o termo referncia para designar as publicaes de carter tradicional. Esse
termo ser utilizado com o mesmo sentido nessa monografia.
18
pblico necessita de muita prestao de servio, entretenimento e intermediao com o poder
pblico, mediante uma concepo domstica do mundo.
Contudo, para se transformar em notcia, todo acontecimento submetido ao
julgamento dos jornalistas e deve apresentar determinadas caractersticas, conhecidas como
valores-notcia. Os valores-notcia no se apresentam como valores fixos e se constituem
como forma de organizar acontecimentos que sero transformados em notcias em cada jornal,
num contexto espao-temporal especfico.
Segundo Amaral (2006), na imprensa considerada como referncia, um fato
apresentar a possibilidade de se converter em notcia quando:
envolver indivduos representativos;
causar impacto sobre a nao;
implicar no envolvimento de muitas pessoas;
promover relao com polticas pblicas;
possibilitar o direito de exclusividade.
J na imprensa popular, a autora conclui que um fato ter a probabilidade de ser
noticiado se:
apresentar capacidade de entretenimento;
apresentar proximidade geogrfica ou cultural com o leitor;
puder ser simplificado;
apresentar a possibilidade de ser narrado dramaticamente;
for til.
Torna-se importante destacar que, entre esses, a autora destaca o entretenimento, a
proximidade e a utilidade como os valores-notcia mais importantes da imprensa popular.
Em termos gerais, o sensacionalismo como gnero jornalstico popular mostra-se
bastante especfico e dotado de particularidades.
19
(...) esses jornais sangrentos e sensacionais so substitutos forados dos jornais
que no podem ser verdadeiramente populares; (...) Como recurso para provocar
sensaes fortes, sejam elas visuais, semnticas ou ideolgicas, o sensacionalismo
processa-se atravs do exagero grfico, lingstico e temtico da mensagem
elaborada. (DINES,1970:1421)


Os veculos adeptos desta elaborao jornalstica valorizam acontecimentos de cunho
agressivo, carregados de valor emotivo, realando aspectos trgicos, cmicos e excepcionais,
destacando o fabuloso, o macabro, o aberrante, o subversivo, o grotesco, o estranho, o
fantstico, o ridculo, o vulgar.
Um recurso muito importante nos jornais de cunho sensacionalista refere-se aos ttulos
das notcias, principalmente daqueles que ocupam as capas dos jornais. Neles, os aspectos
anteriormente referidos so explorados ao mximo. Os ttulos funcionam como uma forma de
enunciado da lngua e das notcias, sendo a marca mais forte da articulao do jornal, j que
ocupam uma regio-chave no impresso. Alm de apresentarem a funo de anunciar e
classificar a notcia, eles desencadeiam uma seqncia semntica, de carter restritivo ou
explicativo de uma dada informao, o que os torna sentenas autnomas.
Nessa perspectiva, os ttulos podem ser compreendidos como um recurso de
publicidade da edio, firmando-se como o primeiro elemento que estabelece a comunicao
entre o jornal e o leitor, a qual completar-se- na leitura integral.
Assim, o ttulo propicia o anncio e a classificao de um dado fato, instituindo a
primeira ligao do jornal com o leitor. Contudo, uma forma de enunciao que no diz
tudo, instigando a curiosidade do pblico. Desta maneira, os ttulos assumem grande
representatividade nos veculos de natureza sensacionalista.
Nota-se, nos ttulos das publicaes dessa natureza, o uso regular do recurso de
ocultao de palavras e da ambigidade da mensagem que, alm de aumentar a curiosidade do
leitor, instiga a leitura interna do jornal. Pedroso (2001) observa que o ttulo, por se apresentar
20
muitas vezes atrativo e apelativo, superficial, uma vez que, feita a leitura integral dos textos,
ele perde, muitas vezes, a relao com as razes que levaram o leitor a l-lo.
Percebe-se ainda, na elaborao dos ttulos de jornais sensacionalistas, uma opo de
construo discursiva que privilegia um vocabulrio que faz uso de generalizaes,
ambigidades e aluses a fatos conhecidos do grande pblico. Alm disso, nota-se a
preferncia por palavras de sentido conotativo, em que se usa uma palavra referenciando outra
por meio de uma relao ambgua.
Rosa Nvea Pedroso (2001) chama a ateno para o fato de que o efeito discursivo dos
ttulos produzido mediante o uso e a valorizao de critrios semnticos e lingsticos,
sendo eles: a ambigidade, definida pela insinuao de um elemento que apresenta relao de
contigidade com outro; a omisso, que produz o efeito de curiosidade do leitor, geralmente
relacionada a uma situao ertica; a simetria de sentido, instituda por meio da utilizao
ambgua dos elementos, atos ou estigmas humanos, e o jogo lingstico
8
, que produz um
efeito sonoro por meio de rimas que atribuem melodia aos ttulos.
De acordo com Pedroso (2001), os ttulos, nos jornais sensacionalistas, so elaborados
mediante a articulao argumentativa, explicativa ou restritiva e no apresentam a
preocupao em indicar provas daquilo que revelado no texto. Isto , a denncia da
surpresa do texto no se prova nos ttulos, mas basta reunir todos os ndices para que a
evidncia da surpresa ou falsidade dos ttulos justifique-se (PEDROSO, 2001:109).
A autora considera que a construo dos ttulos nos jornais sensacionalistas, em
relao ao jogo semntico-lingstico-tipogrfico, faz com que o efeito de reconhecimento
ertico-chocante se imponha imediatamente. Com esse ideal de seduo, os ttulos se

8
A autora cita como exemplo desses recursos utilizados no jornal Luta: Bichas ansiosas com a troca do
trambulheto por popoca; Viuvinha perdeu no palitinho (PEDROSO, 2001:77)


21
colocam, de forma intencional, flexveis livre fruio do leitor, uma vez que este se depara
com o jornal exposto na banca e l a manchete.
Desse modo, acreditamos que, por meio da anlise das caractersticas especficas de
alguns ttulos dos jornais Super Notcia e Aqui, expostos nas capas das publicaes, torna-se
possvel pensar sobre a suposta prtica sensacionalista das referidas publicaes. Todos os
assuntos tratados pelos veculos de tal natureza esto, de uma forma ou de outra, veiculados
elaborao dos ttulos, primeiro chamariz do pblico.
Passaremos agora a tratar, especificamente, do jornalismo sensacionalista no Brasil e
dos jornais em questo, para, em seguida, proceder anlise dos ttulos nas capas das edies
selecionadas.















22
2 O SENSACIONALISMO NOS JORNAIS BRASILEIROS E OS JORNAIS
SUPER NOTCIA E AQUI


Os jornais em questo so vistos como aqueles destinados s classes B, C e D e, por
serem entendidos como jornais populares, recebem o rtulo de sensacionalistas. Essa
denominao est ligada, principalmente, preferncia desses veculos, em destacar
determinados temas sexo e violncia, por exemplo de forma superdimensionada,
conforme vimos no captulo I. Contudo, Amaral (2006) diz que todo jornal sensacionalista,
pois busca prender o leitor para ser lido e, conseqentemente, alcanar uma boa tiragem"
(AMARAL, 2006:20).
O sensacionalismo se manifesta em diferentes graus. Segundo Amaral (2006),
caracterizar um jornal como sensacionalista afirmar, de maneira imprecisa, apenas que ele
se dedica a provocar sensaes (AMARAL, 2006:22).
De acordo com a autora, so vrios os rtulos concedidos aos produtos jornalsticos
populares, entre os quais os de mau gosto, praticantes de distores nos fatos que se
constituem como meras mercadorias. Para Amaral (2006), grande parte das crticas acerca da
imprensa popular apia-se no argumento de que so jornais feitos usando unicamente o
mercado. Contudo, ela refuta essa premissa e afirma que qualquer jornal produzido para um
mercado especfico, seja ele popular ou de elite; alternativo, de oposio ou sindical; que vise
ao lucro ou no.
De acordo com a autora, o que acontece que o pblico-leitor dos jornais-referncia
apresenta um nvel de escolaridade e de exigncia mais alto, o que permite que esses jornais
tenham maior qualidade.
Em contrapartida, a autora comenta que, nos jornais populares, os princpios
tradicionais do jornalismo so mais facilmente desconsiderados, uma vez que eles so feitos
para um pblico de menor escolaridade e so, tambm, mais vulnerveis ao mercado
23
publicitrio j que no contam com a distribuio por meio da dinmica de assinaturas. Com
isso, a imprensa popular busca, constantemente, satisfazer os leitores. Portanto, seus
produtos jornalsticos precisam estabelecer conexo com seu pblico, pois so dependentes de
um mercado bastante mutvel. muito mais difcil vender jornal para quem tem baixo poder
aquisitivo e pouco hbito de leitura (AMARAL, 2006:52).
O jornalismo de referncia fala, sobretudo, com o leitor interessado no mundo
pblico. preciso compreender que todos os grandes jornais movem-se pelos
interesses comerciais, mas os jornais de referncia, para terem sucesso comercial,
precisam antes de tudo ter credibilidade e prestgio perante os formadores de
opinio. E por isso ainda obedecem a certos padres ticos. A cobertura de poltica
no vende jornal, mas o que seria de um jornal auto-intitulado de qualidade, dirigido
a formadores de opinio, que ignorasse o mundo do poder? (AMARAL, 2006:55)

Por outro lado, as prticas sensacionalistas podem significar tanto o uso de artifcios
inaceitveis para a tica jornalstica, como uma estratgia de comunicabilidade com seus
leitores.
Assim, para Amaral (2006), o sensacionalismo utiliza diversas estratgias, e por essa
razo no vivel defini-las em um nico conceito. Desta forma, a autora garante que mais
adequado caracterizar esse segmento da imprensa como popular do que como
sensacionalista. Na concepo de Amaral, o que se percebe que o jornalismo convencional
dedica-se produo de conhecimentos sobre o cotidiano e os jornais populares privilegiam
tambm os sentimentos das pessoas sobre o mundo, mas no se restringem produo de
sensaes por meio de matrias policiais.
Alm disso, ela considera que, atualmente, esses jornais se preocupam com que o
leitor se sinta integrado a uma determinada comunidade, percebendo que o jornal faz parte do
seu mundo. Assim, de acordo com a autora, o sensacionalismo ainda existe, principalmente
por meio da exacerbao dos fatos relatados, mas um conceito insuficiente, uma vez que
generalista e despreza caractersticas importantes dos novos jornais populares.
O fato de os jornais considerados sensacionalistas necessitarem sobreviver
mercadologicamente entre um pblico de baixa escolaridade e com pouco hbito de leitura
24
exige desses grande aproximao com os leitores. Para atender a essa premissa, so utilizados,
nessas publicaes, recursos que provocam distanciamento grfico, lingstico e temtico da
imprensa considerada de qualidade ou de referncia.
Segundo Amaral (2006), um aspecto importante do jornalismo popular conhecer o
seu pblico-alvo, tal como ocorre nos jornais-referncia. Contudo, essa identificao do leitor
no implica, necessariamente, em subordinar-se completamente aos seus interesses.
Dessa forma, fazer jornalismo popular requer vigilncia por parte do profissional que
produz a notcia, o qual deve pensar sempre em seu possvel leitor. De acordo com a autora, a
inteno no deve ser a de noticiar apenas aquilo que, aparentemente, interessa ao leitor, mas
a de ser simples, didtico, utilizando linguagem prxima da populao que constitui seu
pblico.
De acordo com Amaral (2006), desde a dcada de 1980, a imprensa vem sofrendo
transformaes em meio s quais a tecnologia se mostrou decisiva. Muitas estratgias de
marketing so adotadas com o objetivo de aumentar as vendas. Com isso, o pblico-leitor
passa a ser entendido como consumidor e, nesse momento, surge, dentre outras estratgias, a
distribuio de brindes.
No entanto, a necessidade de aumentar a circulao dos jornais sobrepe-se,
geralmente, ao compromisso de exercer o papel social da imprensa e por isso que se
concebe a idia de que um suposto interesse do leitor priorizado em relao ao interesse
pblico. O contedo desses jornais se faz de textos curtos, com prestao de servio e
entretenimento.
Ao aproximar-se de um pblico com baixo poder aquisitivo e pouco hbito de leitura,
esses jornais, freqentemente, desprezam o dito bom jornalismo para, simplesmente,
agradar ao leitor. Na maioria das vezes, optam por agregar valor s notcias e reportagens e se
dedicam s estratgias de marketing tais como a distribuio de brindes e ao destaque ao
25
entretenimento e fofocas televisivas. Muitas dessas publicaes caracterizam-se, ainda, pelo
assistencialismo, partindo do princpio de que o leitor popular no tem interesse pelos temas
polticos e econmicos, e, outras vezes, por uma relao demaggica ou populista com o
leitor.
Segundo Amaral (2006), grandes grupos de comunicao, proprietrios de redes de
jornal, rdio e televiso, apostaram no segmento popular da imprensa, como o Grupo Folha de
S. Paulo (Agora So Paulo), a Infoglobo (Extra e Dirio de S. Paulo), o Grupo Estado
(Jornal da Tarde) e a Rede Brasil Sul (Dirio Gacho).
Neste sentido, no cenrio brasileiro, vrios jornais marcaram suas trajetrias pela
relao que estabeleciam com os setores populares. Dentre eles, podemos destacar: Folha da
Noite (So Paulo, 1921-1960), ltima Hora (Rio de J aneiro, 1951-1964), O Dia (Rio de
janeiro, 1951 at os dias atuais), Luta Democrtica (Rio de J aneiro, 1954-1979) e Notcias
Populares (So Paulo, 1963-2001).
De algum modo, estes veculos serviram como intermdio entre o povo e o governo,
faziam propagandas polticas e publicavam reivindicaes populares. Dentre esses jornais,
torna-se relevante ressaltar o Notcias Populares.
Amaral (2006) afirma que, em seu surgimento, o Notcias Populares apresentava mais
interesses polticos do que econmicos. Tal publicao apostava na atrao por meio das
manchetes, destacando acontecimentos dos bairros. Paulatinamente, passou a priorizar as
editorias de polcia e de esportes. Dentre as inovaes institudas por esse jornal, destaca-se a
cobertura da vida de artistas, da economia popular e do cotidiano paulista. Contudo, aps o
golpe militar, tornou-se desnecessrio manter como arma poltica um jornal que oferecia
prejuzo econmico, o que promoveu a transformao do mesmo.
A partir da sua venda ao grupo paulista que j mantinha um jornal popular, o Folha da
Manh, o Notcias Populares comeou a adquirir um formato em que se privilegiavam os
26
casos de polcia, o esporte e matrias relacionadas ao sexo. Foi, portanto, esse novo projeto
jornalstico que resgatou a aceitabilidade do jornal.
No ano de 1971, o jornal comeou a apresentar caractersticas de comicidade,
enquanto divulgava, com tom exagerado, fatos ligados ao crime e ao sexo. J na dcada de
1990, mostrava-se bastante diferente, interessado em prestao de servios, bem como na
economia popular, o que no o isentou do rtulo de sensacionalista, embora as matrias
inventadas ou de carter duvidoso tivessem sido proibidas. Nessa ocasio, o Notcias
Populares comeou a adaptar modelos televisivos, dando total prioridade para a combinao
sensacionalista de sexo e fofoca. Nesse sentido, torna-se importante destacar algumas
manchetes divulgadas nesse jornal: Churrasco de vagina no rodzio do sexo, Mulher mais
bonita do Brasil homem, Mulheres mostraram de tudo no carnaval, Broxa torra o pnis
na tomada, A morte no usa calcinha, Kombi era motel na escolinha do sexo, Milene
engravida na 1 bimbada, Eu transei com o Ronaldo na 5 feira.
Aos poucos, o leitor comeou a rejeitar os exageros mantidos pelo jornal, preferindo
reportagens de servios, obrigando a publicao a se transformar em meio de divulgao
contra a corrupo, cobertura de eleies e prestao de servios, como sees de direitos
trabalhistas, sade e sexo.
No ano de 1998, o jornal Extra lanado pelas Organizaes Globo, do Rio de
J aneiro, e o Grupo Folha, que at ento mantinha o Notcias Populares, cria o Agora So
Paulo. Em concorrncia com o Agora, o Notcias Populares abordava economia popular,
cidade, esporte e fofocas televisas, mas acabou sendo abandonado pelo Grupo Folha.
A justificativa para tal deciso foi publicada na ltima edio do Notcias Populares,
em 20 de janeiro de 2001:
Obrigado, Leitor
Voc est recebendo a ltima edio do Notcias Populares. A empresa que edita os
jornais Agora So Paulo e Notcias Populares decidiu concentrar seus esforos
editoriais em somente um produto popular, o Agora So Paulo, que a partir de
amanh passa a circular em todo o Estado.
27
Lanado em 15 de outubro de 1965, o Notcia Populares viveu muitas glrias em
seus 37 anos de vida. Foi a marca registrada do jornalismo popular brasileiro.
Revolucionou com assuntos polmicos, textos curtos, uso de grias, ttulos e fotos
grandes. O sucesso dessa frmula de jornalismo foi parcialmente copiado e
transferido para a TV em telejornais como o Aqui Agora e at em programas de
auditrio com grande audincia, como os do Ratinho, Gugu e Fausto.
As informaes que o leitor pagava para ler no jornal passaram a chegar
gratuitamente em sua casa, pela TV. O Notcias Populares teve uma queda
significativa em suas vendas, o que praticamente inviabiliza hoje a elaborao de um
produto com qualidade que voc, leitor, merece ter.
O projeto editorial do NP, baseado na denncia da violncia na periferia da Grande
SP, nas informaes sobre sexo e nas fotos de mulheres em poses provocantes,
hoje ultrapassado para um jornal impresso.

Com esta declarao, o grupo anuncia o fim do Notcias Populares e convida os leitores para
lerem o Agora So Paulo, que, na verdade tinha, a proposta editorial bastante semelhante ao
NP.
Enquanto no ano de 2001 se encerrava o ciclo da publicao popular com uma histria
permeada pelo sucesso e por polmicas, um ano antes surgiu em Porto Alegre, no Rio Grande
do Sul, o Dirio Gacho, publicado pela Rede Brasil Sul. No que diz respeito circulao,
pode-se dizer que se trata do maior jornal popular de todos os tempos, perdendo apenas, nos
dias teis, para a publicao carioca Extra. Grande parte do jornal tem o objetivo de
estabelecer vnculo com as camadas populares. Assim, seus leitores so, preferencialmente,
pertencentes s classes B, C e D e se constituem na principal fonte de informao.
As pautas mais freqentes dizem respeito cobertura do atendimento sade, ao
mercado de trabalho e segurana pblica. O Dirio Gacho polmico pelo seu
assistencialismo e populismo, pelos textos pequenos e pelo fato de no informar aos seus
leitores sobre vrios debates nacionais importantes.
O jornal se apresenta em formato tablide e, da mesma forma que a maioria dos
jornais populares, tem como uma de suas estratgias de atrao a realizao de promoes.
Por meio dessas, o leitor junta os selos publicados na capa, rene-os numa cartela e os troca
por brindes.
28
O Dirio Gacho criou uma frmula particular de abordar o mundo do leitor, cedendo
um espao especfico fala do pblico, instituindo um tom demaggico e se afastando das
regras do bom jornalismo ao priorizar o entretenimento e o assistencialismo.
A histria do jornalismo dito popular em Minas Gerais bastante recente. Atualmente,
circulam, diariamente, os jornais Super Notcia e Aqui, os quais tm um sistema de
distribuio em vrias cidades. Esses se constituem como publicaes populares, haja vista
seus formatos e as formas de propagao das notcias.
Dentre as principais caractersticas desses veculos, destaca-se a apropriao de uma
linguagem editorial que faz uso do exagero, de relaes ambgas no anncio das notcias
veiculadas e a simplicidade na elaborao das notcias.
O Super Notcia, surgido no ano de 2003, foi influenciado pelo sucesso do Dirio
Gacho, no que diz respeito linha editorial. Trata-se de publicao da Sempre Editora, que
tem alcanado altos nveis de vendagem, segundo a empresa, atingindo mdia diria de
circulao de 79.379, configurando-se como o mais vendido no estado de Minas Gerais. O
tablide, que veicula informaes variadas e manchetes vibrantes, prope matrias curtas,
destacando o noticirio esportivo, os assuntos da capital mineira e aqueles referentes s
celebridades, alm de espao reservado comunidade.
De acordo com a jornalista responsvel pelo surgimento do Super Notcia, Liliane
Corra, a proposta editorial do jornal era avanada, em todos os sentidos, mas a proposta
empresarial no o era. Ocorre que a publicao nunca foi valorizada pela Sempre Editora
como algo que pudesse conquistar mercado. Segundo Liliane Corra, faltava, inicialmente,
uma proposta de marketing mais agressiva que permitisse s pessoas o reconhecimento da
existncia do jornal. A publicao encontrava-se voltada para as classes populares e, aos
poucos, ia conseguindo adequar-se realidade mineira, mesmo havendo barreiras impostas
29
pela administrao do jornal, que pretendia instituir o mesmo padro assumido pelo Dirio
Gacho.
Corra acredita que o perfil do leitor se modifica de acordo com o estado ou regio.
Segundo ela, o fato de uma publicao ser sucesso em um lugar no certeza de que seja em
outro. Ela ressalta que, em relao criminalidade, por exemplo, o leitor mineiro recrimina
fotos em que h sangue exposto. Em contrapartida, ele gosta de saber sobre todos os detalhes
srdidos ou no do fato.
A empresa responsvel pelo Super Notcia acreditava que o simples fato de um
formato ter obtido xito no Rio Grande do Sul era suficiente para que tambm o fosse em
Minas Gerais. Entretanto, alm dos aspectos relacionados ao formato editorial, o fato de se
trabalhar para pblicos diferenciados acarretou algumas adaptaes quanto forma e ao
contedo. A busca pela descoberta do que o pblico das camadas populares mineiras tem
interesse em encontrar em um jornal fez com que se instaurasse um processo, definido pela
jornalista Liliane Corra como tentativa e erro.
Alm dessa busca pelo reconhecimento do perfil do pblico de Minas Gerais, por meio
da experimentao da linha editorial, tinha-se a dificuldade relativa aos procedimentos de
distribuio. Liliane recorda que o jornal circulou durante dois anos com tiragem diria de
menos de dois mil exemplares. Existia a dificuldade da Sempre Editora em acreditar na
possibilidade de crescimento de tal publicao. De acordo com a jornalista, faltava
investimento nas estratgias de marketing e circulao.
Em 2005, o Associados Minas, grupo mantenedor do Dirio da Tarde, o qual j
atendia parte do pblico pertencente s camadas populares, decide lanar uma publicao
similar ao Super Notcia, batizada de Aqui . Para isso, a empresa de comunicao optou pela
contratao da jornalista idealizadora do projeto editorial do Super Notcia, Liliane Corra,
30
que aceitou a proposta e se encarregou da estruturao de sua equipe, em sua maioria vinda do
mesmo jornal que a jornalista.
Curiosamente, aquilo que poderia ser entendido como concorrncia, e de certa forma o
era, contribuiu tambm para o fortalecimento do Super Notcia, em termos de visibilidade.
A estratgia de divulgao intensa, utilizada pelo Associados Minas no lanamento do
Aqui, contribuiu para o aquecimento do mercado dos jornais populares de Minas Gerais, uma
vez que o Super Notcia foi obrigado a otimizar suas estratgias de insero no cenrio
jornalstico. A primeira modificao refere-se ao valor monetrio do jornal, que at ento
custava cinqenta centavos, passando a ser comercializado pela quantia de vinte e cinco
centavos, igualando, assim, ao preo de lanamento estipulado pelo Aqui. Torna-se importante
ressaltar que, no segundo semestre de 2006, o Aqui passou a ser comercializado por quarenta
centavos.
A partir desse processo de conquista do pblico, os dois jornais apresentam novas
formas de distribuio, uma vez que as bancas no so os nicos postos de venda e vrios
vendedores trabalham nas ruas da cidade. Alm disso, os veculos em questo buscam
alternativas de incentivo ao leitor, como premiaes por meio de sorteios e promoes
viabilizadas pela coleo de selos includos no jornal. No Super Notcia, bem como no Aqui, a
coleo de selos o requisito bsico para que o pblico seja premiado com itens variados.
Tais prmios variam desde utenslios domsticos at imveis. importante lembrar que essa
prtica de premiao recorrente em outras publicaes, como, por exemplo, o Dirio
Gacho.
Nota-se nos jornais analisados que os fatos noticiosos relacionados violncia
recebem destaque. O jornal editado de maneira a apresentar a violncia como o principal
atrativo do pblico. Os fatos que envolvem crimes, homicdios e acidentes ganham grande
destaque nessas publicaes.
31
As capas desses jornais so elaboradas de maneira a promover a atrao pelo leitor. Os
jornais trazem, freqentemente, em suas capas, fotos de modelos, atrizes e cantoras. As fotos
abusam da sensualidade e buscam despertar o interesse do pblico. Tanto as fotos quanto o
texto que as acompanham remetem a um contedo sexual, supostamente detalhado nas
matrias.
Para Liliane Corra, a capa , obviamente, o grande atrativo de um jornal, e, nas
publicaes em questo, no seria diferente. A forma pela qual os ttulos e as fotos so
dispostos pode contribuir, significativamente, para que a pessoa adquira o jornal.
O atual editor do Super Notcia, Rogrio Maurcio Pereira
9
, tambm considera que a
capa, certamente, tem bastante representatividade no processo de atrao dos leitores,
principalmente daqueles que no tm o hbito de ler jornal diariamente. Segundo ele, essa
premissa se constata por meio de relatos do setor de Circulao do jornal de que determinadas
manchetes alavancaram as vendas. De acordo com o editor, geralmente, esses fenmenos so
recorrentes quando os assuntos tratados nas capas so relacionados ao esporte ou ao crime.
Os jornais permitem a participao do pblico por meio de uma seo exclusiva, ora
cedendo espao s sugestes e crticas, ora como um meio de divulgao profissional e de
interesses afetivos. As duas publicaes disponibilizam sees especficas para a participao
do pblico. O Super Notcia possui a seo permanente Venda seu peixe. Nessa, as pessoas
podem divulgar seus interesses profissionais na busca de um emprego. J o Aqui institui a
participao do pblico por meio do espao A voz do povo, em que os assuntos tratados
pelo jornal so discutidos pela populao. Nessa seo, os leitores tm a oportunidade de
fazer reclamaes sobre variados problemas da cidade.
No que diz respeito s capas dos respectivos jornais, observa-se que as principais
manchetes so elaboradas, na maioria das vezes, por meio de textos curtos, sendo que a

9
Entrevista realizada por e-mail no dia dezoito (18) de setembro de 2006
32
matria principal vem sempre acompanhada de uma fotografia. As notcias mais recorrentes
nas capas so aquelas referentes ao esporte, especialmente o futebol, e a criminalidade, alm
da foto de uma mulher em trajes sensuais.
No espao dedicado participao dos leitores, o Super Notcia apresenta a coluna
Al, Redao, cujo objetivo a concesso de oportunidade para que as pessoas participem por
meio de crticas e sugestes ao jornal. J no Aqui, a seo com essas mesmas caractersticas
nomeada Fale Aqui, a qual vem acompanhada dos destaques dirios, Cardpio Popular e
Santo do Dia. O primeiro apresenta o cardpio do dia do Restaurante Popular da capital
mineira; o segundo, conta a histria do santo homenageado na data de cada edio.
Geralmente, esses jornais adotam fontes que assumem funo testemunhal para
atribuir autenticidade ao acontecimento ou gerar sensao. Assim, tais publicaes se
apropriam da fala do leitor popular como fonte jornalstica, embora seu discurso no tenha o
papel de explicar os acontecimentos do mundo, servindo, muitas vezes, como mera estratgia
comercial do jornal.
No jornal Super Notcia, os fatos noticiosos de Belo Horizonte e aquelas notcias
relacionadas ao crime so publicadas na mesma editoria, denominada Cidades. No Aqui, nota-
se uma diviso das editorias Polcia e Cidades, que tratam separadamente das informaes
referentes a cada uma dessas.
Embora os dois jornais sejam publicaes regionais, eles apresentam a editoria Gerais,
em que so publicadas as notcias de domnio nacional sobre poltica, economia e
curiosidades nacionais.
O espao dedicado vida dos famosos recebe destaque em ambos os jornais, sendo
que no Super Notcia esta editoria intitulada Variedades e, no Aqui, recebe o nome de Lazer
e Cia. As sees seguintes trazem palavras cruzadas, numerologia, astrologia, resumo de
novelas, horscopo, programao das televises abertas e simpatias. Os bastidores, o trabalho
33
e a vida de pessoas famosas tambm so destaques nessa editoria. No Super Notcia, essa
pgina se chama Menina, nem te conto! e, no Aqui, denominada Te Contei?. Essas pginas
privilegiam o mundo dos famosos, com a participao de colunistas especializados no
assunto.
A pgina dedicada s atividades culturais, nessas publicaes, d destaque s
apresentaes, valorizando e selecionando os eventos culturais por preo. Assim, no Super
Notcia, tem o nome de Lazer do tamanho do seu bolso, e no Aqui, Roteiro Cultural. As
publicaes divulgam os eventos culturais da capital mineira, fazendo-o em forma de
classificados, dividindo os eventos por faixa de preo.
A editoria de esportes dos dois jornais dedica-se a noticiar modalidades esportivas
diversas, como o basquete, o vlei, frmula 1 e o futebol, privilegiando este ltimo. Os dois
jornais apresentam nessa editoria uma espcie de tribuna para a discusso do futebol, com
direito a representantes dos trs principais clubes de futebol de Minas Gerais: Atltico,
Amrica e Cruzeiro. No Super Notcia, esses representantes so apresentados na coluna A voz
da arquibancada, em que os envolvidos utilizam pseudnimos e usam desenhos que fazem
referncia aos mascotes das equipes.
No Aqui, tal coluna denominada Bancada Democrtica e representada pelos
participantes de um programa televisivo, o Alterosa Esporte. Nessas colunas, as opinies
parciais dos torcedores geram discusso e polmicas em torno da rivalidade entre os clubes.
Segundo Liliane Corra, a idia desta publicao era trazer a Belo Horizonte um
formato ainda no experimentado na cidade e um jornal voltado para as classes C, D e E. Para
comear o trabalho, foram feitas visitas para conhecer o trabalho do Dirio Gacho, modelo
de sucesso em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul. A orientao da diretoria-executiva do
jornal era de que se copiasse a idia da publicao porto-alegrense. Segundo Liliane, a
34
empresa acreditava que se o modelo havia dado certo em um lugar, certamente o mesmo
fenmeno ocorreria em Belo Horizonte.
De acordo com a jornalista, a adoo da mesma linha editorial no garantiria a
aceitabilidade do pblico pelo jornal, mas a adequao ao modelo de circulao e da
estratgia de marketing do Dirio Gacho foi bastante significativa para o crescimento da
publicao mineira.
Para Liliane Corra, os novos jornais populares so antigloblizadores. Assim, o
destaque dos jornais so os acontecimentos regionais, o que pode ser percebido nas prprias
capas.
Sobre o fato de as publicaes serem sensacionalistas, Liliane Corra acredita que
todo jornal sensacionalista e o que diferencia os jornais populares de outras publicaes o
apelo. Segundo ela, se o apelo dos grandes jornais a poltica e a economia, o do jornal
popular o futebol, os casos de polcia e a mulher.
Os jornais atribuem pouco destaque aos fatos polticos e econmicos, o que para
Corra s uma questo de estrutura. Ela afirma que esses jornais tm redaes muito
enxutas, ou seja, so publicaes que contam com a participao de poucos profissionais
engajados em sua elaborao, muitas vezes por uma questo empresarial. Uma vez que o
jornal tem o preo de capa muito baixo, ele no pode gerar muito custo, dificultando a
possibilidade de prestao de servios especializados.
Liliane Corra ressalta que o texto curto e o uso de palavras simples sejam os maiores
chamativos para essas publicaes. Ela acredita que umas das melhores ferramentas para
editar um jornal popular o dicionrio de sinnimo, para contribuir com a simplificao das
palavras. Ou seja, para a facilitao do processo de leitura.
Segundo Rogrio Maurcio Pereira, as estratgias lingsticas utilizadas pelo Super
Notcia relacionam-se ao uso de linguagem simples e facilitaes no processo de
35
interpretao, como colocar entre parnteses palavras menos conhecidas. Isso porque parte do
princpio de que o jornal atinge, principalmente, uma faixa da populao que teve menos
acesso escola ou que no estava habituada leitura de peridicos.
Rogrio Pereira ressalta tambm que as principais caractersticas para o sucesso na
vendagem da publicao so: formato fcil de manusear, textos enxutos, preo acessvel e
promoes atrativas. Quanto aos critrios de noticiabilidade, o editor assegura que o jornal
trata, prioritariamente, de assuntos ligados comunidade de maneira geral, polcia, esportes,
acidente, prestao de servios, variedades e lazer (TV, novelas, cinema, teatro, fofoca,
horscopo, cruzadas, humor), oportunidade de empregos e cursos. De acordo com ele, so
esses tipos de assuntos que vendem jornal, principalmente o Super Notcia, j que ningum
compra um jornal dito popular para saber sobre poltica ou economia.
O fato de o Super Notcia e o Aqui se apresentarem como modelo jornalstico
praticado no segmento popular da imprensa contribui para que tais publicaes sejam
consideradas sensacionalistas. Segundo Liliane Corra, o jornal em questo merece tal
denominao se todos os jornais existentes tambm forem considerados sensacionalistas.
Com relao aos ttulos, que pretendem atribuir sensao notcia, a jornalista lembra que, s
vezes, uma manchete sensacionalista at pelo espao disponibilizado pelo diagramador para
que essa seja redigida. Ela destaca que uma coisa sensacionalizar um fato real e outra
inventar o acontecimento. Assim, a partir de seu ponto de vista, os jornais populares instigam
o leitor por meio de um fato verdico, que pode ganhar notoriedade a partir de uma manchete
ou ttulo vibrante.
Para Rogrio Maurcio Pereira, o Super Notcia tambm no se constitui como
publicao sensacionalista, j que, na divulgao de notcias, no h acusaes sem provas, e
quando algum acusado, h a preocupao, por parte do jornal, em ouvir todas as partes
envolvidas, obedecendo aos critrios bsicos do jornalismo moderno. Segundo o editor, as
36
pessoas, comumente, pensam que o Super Notcia sensacionalista em razo das manchetes
que costumam dar um passo adiante do fato para atrair a ateno dos leitores, mas, para ele,
isso apenas uma questo de criatividade.
No captulo seguinte, faremos, portanto, a anlise de ttulos nas capas dos dois jornais,
na expectativa de verificar a existncia da prtica do sensacionalismo pelos veculos.




















37
3 ANLISE DOS JORNAIS SUPER NOTCIA E AQUI

Neste captulo, faremos a anlise dos elementos utilizados pelos jornais Super Notcia
e Aqui na elaborao de suas capas, de modo a refletir sobre o suposto sensacionalismo
praticado por tais publicaes. Sendo assim, sero consideradas caractersticas apresentadas
nas capas, tais como a construo dos ttulos e a relao desses com o texto, as temticas
desenvolvidas e forma de abordagem, o tamanho das fontes utilizadas, as cores e as
fotografias.
Para o cumprimento dessa anlise, foram selecionadas edies de dois perodos
distintos do Super Notcia e do Aqui. O primeiro perodo, referente ao primeiro semestre de
2006, compreende os dias 27, 28, 30, e 31 de maio e 2 de abril. J o segundo perodo refere-se
ao segundo semestre do mesmo ano, destacando os dias 16, 17, 19, 20 e 22 de outubro. Nas
pginas seguintes, apresentamos os quadros em que so referenciados aspectos apresentados
nas capas dessas edies, sendo eles as manchetes principais, os ttulos da capa e as fotos.











38

























39

























40

























41

























42
Conforme ressaltado nos captulos anteriores, o termo sensacionalista pode ser
atribudo a um veculo quando esse faz abordagem das notcias alm do real,
superdimensionando os fatos. Devido a essa conduta, os veculos sensacionalistas podem
apresentar problemas no que diz respeito credibilidade.
Porm, percebe-se, por parte dos jornais Super Notcia e Aqui, tendncia em noticiar
fatos verdicos; contudo, o fazem de maneira exagerada, buscando a atrao do pblico. Essa
premissa se confirma na manchete do Super Notcia (31.03.06): Mulher que jogou filha na
Lagoa normal. Trata-se de um caso de projeo nacional, inclusive de destaque nos
principais jornais televisivos do pas, em que a me, supostamente em estado de loucura,
atirou a filha recm-nascida na Lagoa da Pampulha, em Belo Horizonte. Todavia, a notcia em
questo refere-se, precisamente, ao laudo mdico em relao s condies psquicas da
mulher. Assim, a postura assumida pela publicao foi comum a muitos outros veculos de
comunicao. A diferena, portanto, est na forma peculiar da articulao discursiva definida
pelo jornal, causando impacto sobre o leitor, sobretudo no destaque dado palavra normal,
grifada entre aspas. Nota-se que esse recurso foi utilizado para, de certa forma, ironizar o fato
de o laudo mdico considerar normal o estado psiquitrico da mulher que atirou a prpria
filha na lagoa.
O mesmo se procede no jornal Aqui (20.10.06), por meio da manchete Assalta e cai
no Arrudas. A referida manchete destaca um assalto na capital mineira, que resultou na
queda de um dos assaltantes no Rio Arrudas. O fato noticiado no se trata de inveno; o que
ocorre a supervalorizao editorial do acontecimento.
Ao comparar os jornais Super Notcia e Aqui, ditos populares, com o jornal Estado de
Minas
10
- EM-, que se trata de publicao jornalstica tradicional no cenrio mineiro, foi
possvel identificar diferenas em relao seleo de notcias de capa. No que diz respeito

10
Publicao dos Associados Minas, empresa que tambm edita o Aqui.
43
notcia acima, sobre o assaltante que caiu no rio, por exemplo, enquanto o Aqui apresentou o
fato como manchete principal, o Estado de Minas divulgou apenas uma nota no Caderno
Gerais. Em contrapartida, nesse mesmo dia, o destaque do Estado de Minas foi J ustia
quebra sigilo de ex-segurana de Lula, fato que no foi mencionado pelo Aqui.
Com isso, percebemos que, sendo a notcia um recorte no espao e no tempo em
relao a processos sociais mais amplos, os limites desse recorte so definidos pelas
perspectivas distintas de jornalismo, as quais resultam em critrios de noticiabilidade. Assim,
cada publicao define os seus prprios valores-notcias conforme a proposta editorial. Nesse
caso, o Super Notcia e o Aqui apresentam escolhas semelhantes entre si e distintas do jornal
referncia Estado de Minas, conforme destacado no exemplo acima.
Segundo Amaral (2006), na imprensa popular, os fatos a serem noticiados so
priorizados conforme a capacidade de entretenimento, a proximidade geogrfica ou cultural
do leitor, a possibilidade de simplificao e o grau de identificao dos personagens com os
leitores. J na imprensa considerada referncia, a possibilidade de um acontecimento se
transformar em notcia est condicionada ao grau de importncia das pessoas envolvidas, ao
impacto sobre a nao, ao envolvimento de muitas pessoas, gerao de desdobramentos
importantes, relao com as polticas pblicas e possibilidade de ser divulgado em carter
de exclusividade.
A constatao dessa premissa recorrente tambm em outras edies do jornal Super
Notcia, como na edio do dia 17 de outubro de 2006, em que tal publicao apresentou
como manchete de capa Menores no crime e, no Aqui do mesmo dia, Armas de mentira,
crime de verdade. Tais manchetes referem-se de modo simplificado a um assalto cometido
por cinco garotos na faixa etria de quatorze anos. Nessa mesma ocasio, o Estado de Minas
veiculou como principal manchete Oposio vai ao TSE contra a operao abafa-dossi.
44
Nesse caso, de maneira reincidente, a notcia que foi destaque nos jornais ditos populares no
se apresentou no jornal-referncia.
Ainda nessa perspectiva, no dia 19 de outubro de 2006, os jornais Super Notcia e
Aqui tiveram as manchetes principais dedicadas a um mesmo assunto. Trata-se da ocorrncia
de um homicdio, supostamente praticado por um senhor contra o irmo de uma menina de
dez anos que foi vtima de abuso sexual pelo provvel homicida que a ofereceu uma quantia
em dinheiro. No Aqui, a manchete em destaque na capa foi Assdio e morte por R$ 1 e, no
Super Notcia, Bobeirinha de R$ 1 termina em morte. Em comparao entre os jornais
analisados e o Estado de Minas notamos, novamente, que o principal destaque nos jornais
considerados populares no referenciado no EM, o qual veicula como manchete principal
J ustia barra verba eleitora de R$1,5 bi (19.10.06).
Diante disso, podemos considerar que, a partir das capas, possvel compreender que
h diferenas significativas no plano editorial entre as publicaes tomadas como populares e
aquela dita referncia. Esta comparao torna-se importante uma vez que ela evidencia que as
preferncias pelos assuntos que fazem parte das capas dos jornais Super Notcia e Aqui
indicam a natureza sensacionalista desses veculos. Esses demonstram total interesse pelo
crime e o esporte, representado, quase que na totalidade, pelo futebol mineiro.
Observa-se, portanto, que a preferncia por tais editorias, obviamente, reflete a escolha
da manchete principal. Nota-se que, entre a grande relevncia de um assunto futebolstico e de
um assunto que envolva criminalidade, a prioridade o futebol.
Pela importncia dada ao futebol nas publicaes analisadas, os editores percebem,
mesmo que intuitivamente, a centralidade desse esporte na vida brasileira. Os estudos
realizados por pesquisadores sobre esse tema revelam que o futebol representa algo mais que
uma prtica esportiva, compondo parte significativa de nossa cultura e identidade.
45
Segundo o antroplogo Roberto DaMatta, " foi o futebol que juntou hino e povo, que
consorciou camisa e bandeira, que popularizou a idia de ptria e de nao como algo ao
alcance do homem comum e no apenas do doutor ou do homem mando (...) Em todo grupo
de naes que escapam e destoam do padro de desenvolvimento modelado pelo ocidente,
tem sido o futebol o promotor dessa notvel aproximao dos smbolos da sociedade (e da
cultura) e os do Estado nacional." (DAMATTA, 2006:111)
Assim, o critrio de seleo para o destaque principal do jornal para um tema ou outro
se d pela importncia do cenrio esportivo do dia. Exemplo disso pode ser identificado nas
publicaes no dia 02.04.2006. O Super Notcia destaca na manchete principal dia de
Campeo, j no Aqui, Hora da Verdade. As manchetes abordam a importncia da deciso
do campeonato mineiro, que consiste em um grande evento do esporte no estado.
Constata-se que, nesse mesmo dia, as outras chamadas de capa das publicaes
destacam um outro acontecimento. No Super Notcia, Me e filhos executados no J ardim
Alvorada. Sobre o mesmo assunto, o Aqui destaca: Pai mata mulher na frente da filha.
Entretanto, mesmo com a gravidade desse fato ou de qualquer que fosse o crime ocorrido, no
seria centro da manchete principal, uma vez que esse espao foi ocupado pelo futebol. Isso
ocorre pelo fato de que por mais que os acontecimentos criminais sejam de grande dimenso,
o futebol sempre consegue destaque nas manchetes principais, de acordo com o evento
esportivo do dia. Assim, os jogos dos clubes so destacados nos jornais tanto nas vsperas
quanto nos resultados.
Contudo, quando o cenrio esportivo no apresenta jogos dos clubes mineiros, os
crimes so os assuntos privilegiados pelas publicaes. No Aqui (31.03.06), tem-se a
manchete principal Caa aos linchadores. Tal notcia refere-se busca da polcia pelos
acusados de espancar um suposto estuprador. Nessa mesma edio, o nico destaque de capa
dedicado ao futebol diz respeito final do Campeonato Mineiro: Venda de ingressos para a
46
deciso comea hoje. Com isso, podemos perceber que o destaque ao crime prevaleceu em
relao ao esporte, visto que no se tratava de um dia de jogo de futebol.
J no Super Notcia (28.03.06), a manchete principal - Polcia tira pedfilo de
circulao- garantiu o destaque criminalidade. O futebol no foi sequer citado nessa edio,
j que no havia nenhuma partida programada, confirmando, assim, a premissa quanto
hierarquia entre a editoria de polcia e de esporte. Percebe-se, ainda, que o
superdimensionamento da notcia de capa nos jornais populares em questo est voltado,
especialmente, para as editorias de esporte e de polcia.
Se o jornalismo, em geral, uma prtica passvel de causar sensaes nos leitores, e a
capa o espao em que essas sensaes so criadas e reforadas, pode-se dizer que os jornais
Super Notcia e Aqui, a partir dos temas referidos, tratados na primeira pgina, buscam
provocar o aumento de tais sensaes.
Conforme mencionado no captulo anterior, tanto o Super Notcia quanto o Aqui so
publicaes que aproveitam o contedo do jornal-referncia da empresa de comunicao a
que pertencem, O Tempo e o Estado de Minas, respectivamente. O fato de utilizarem as
informaes que foram coletadas por um reprter de um outro veculo, mesmo que da mesma
organizao, pode ser algo suscetvel a algumas anlises crticas.
Podemos destacar que o simples fato de a publicao editar o contedo de outro jornal
pode propiciar o superdimensionamento do fato, uma vez que a edio vai tender a valorizar
determinadas informaes em detrimento de outras, e no apenas repeti-las. Percebe-se ento
que o fato, certamente, ser apresentado de maneira varivel entre uma publicao e outra.
Assim, possvel observar que, por vezes, os principais destaques do Super Notcia e do Aqui
aparecem meramente como pequenas notas ou s vezes nem so citadas no jornal tido como
referncia.
47
No Super Notcia (19.10.06), uma das manchetes - Preso pego com biscoito de
maconha- apresentada como um dos principais destaques do jornal. No Estado de Minas, o
acontecimento ganhou pequena nota, com cerca de 10 linhas.
As capas do Super Notcia e do Aqui sugerem o superdimensionamento dos fatos
trabalhados por essas publicaes, mas no possvel afirmar nesta anlise que os jornais
apresentam problemas graves em relao credibilidade. Observa-se que tais publicaes
selecionam aqueles assuntos que acreditam ser de maior interesse do pblico para o qual esto
sendo direcionadas as notcias, em geral, o futebol, o crime e a mulher. Contudo, ao contrrio
do que ocorria com alguns dos jornais considerados sensacionalistas no Brasil, como o jornal
Notcias Populares, o Super Notcia e o Aqui no apresentam notcias inventadas ou sem
fundamento, do ponto de visto jornalstico. Alm disso, os fatos expostos na capa e em todo o
contedo dos jornais considerados so tambm, na maioria das vezes, divulgados em outras
publicaes, no apenas as locais, como a imprensa, de forma geral, mesmo que o tratamento
seja diferenciado.
O Notcias Populares se tratava de jornal popular que, embora publicasse fatos
verdicos, noticiava tambm acontecimentos inventados que eram continuamente divulgados
durante uma seqncia de edies. O caso mais famoso na histria do NP foi o do Beb
Diabo. A criana que nunca existiu foi motivo de uma srie de manchetes exageradas, como
Nasceu o diabo em So Paulo, Beb Diabo inferniza o padre do ABC e Mais 7 viram o
Beb Diabo.
Outras invenes tambm marcaram a trajetria do NP, como o caso da Loira
Fantasma e o do Beb Atmico
11
. O primeiro fazia referncia a uma suposta alma que
aparecia para as pessoas e um exemplo de manchete dedicada a esse assunto foi Eu fui
estrangulado pela Loira Fantasma. J o segundo caso referia-se a mais um nascimento de

11
Os exemplos foram retirados do livro Nada Mais que a verdade - A extraordinria histria do jornal Notcias
Populares (JUNIOR et.al, Carrenho Editorial:2002)
48
beb fora dos padres, e a manchete dedicada ao assunto foi Beb Atmico nasceu em SP.
Contudo, da mesma forma que o caso do Beb Diabo, as explicaes para esse incidente eram
absurdas. Para se ter uma idia, o Notcias Populares creditava um super poder ao beb
considerado atmico. O jornal divulgou que a capacidade de dominar raios teria vindo do pai,
um pedreiro que teve contato com uma pistola de raios alimentada por urnio enriquecido.
Todavia, tais invenes ganharam tanta repercusso que o prprio jornal era obrigado a criar
meios de desmenti-las.
Nesse caso, nota-se a apropriao do grotesco, destacada por Sodr (1975), como
forma de atrair o pblico por meio daquilo que de natureza extraordinria. Contudo, essa
no uma estratgia utilizada pelos jornais Super Notcia e Aqui, os quais adotam uma linha
editorial desprovida de tendncias grotescas ou escatolgicas.
Se, por um lado, os jornais analisados no so adeptos da prtica de inveno de
notcias, por outro, tais publicaes utilizam o recurso da ocultao de palavras nos ttulos.
Essa prtica faz com que o leitor no tenha dados concretos acerca daquilo que ao certo
ocorreu em relao ao fato noticiado e, possivelmente, busque mais informaes no contedo
interno do jornal.
No Super Notcia, as seguintes manchetes no trazem nenhuma informao sobre o
fato ocorrido: Mistrio em morte de atriz global(27.03.06) e Sobrinho de cantor
assassinado(30.03.06). Essas informaes s podem ser conferidas integralmente no
contedo interno do jornal, mas apostam no interesse dos leitores pela vida dos famosos.
Dessa forma, a ocultao funciona como forma de despertar o interesse e a curiosidade do
leitor em relao ao mistrio referenciado e ao reconhecimento do artista cujo sobrinho foi
morto. Torna-se importante salientar que, nesse caso, como na maioria, o ttulo realmente a
nica informao grfica para o leitor. Ou seja, no foram utilizadas fotos para contribuir com
o entendimento do que est sendo noticiado.
49
Nota-se, portanto, que no so apenas as temticas envolvendo famosos, por exemplo,
que apresentam a ocultao de palavras nos ttulos. No Super Notcia, a manchete Criana
morre e PM acha mais 7 em total abandono (02.04.06) no apresenta detalhes sobre o fato
ocorrido. A ocultao mais uma vez contribui para que o leitor tenha curiosidade em ler a
matria.
No entanto, o discurso de seduo, institudo nos ttulos das capas, no se limita
exclusivamente prtica de ocultao de palavras. O Super Notcia e o Aqui abusam da
criatividade para diversificar os ttulos por meio da forma direta, ora utilizando a ocultao de
palavras, ora buscando um recurso de aproximao com outros elementos na suposio de que
esses atraiam o leitor.
A manchete do Aqui (16.10.06) - Degolado depois da sinuca- um exemplo de que
a forma direta de anunciar um assunto tambm funciona como estratgia de atrao na capa.
No Super Notcia (17.10.06), a manchete Menores no Crime um exemplo de fato
apresentado em linguagem extremamente direta e simplificada. Torna-se importante ressaltar
que, em muitos casos, a palavra escolhida contribui para a construo estilstica do ttulo e
tambm para que este seja atrativo. Ainda nessa publicao, a manchete principal - Dia de
caos - (20.10.06), com trs palavras, veicula a informao de que em algum lugar o dia
no foi bom. Etimologicamente, a palavra caos significa grande confuso e desordem e se
trata de um vocbulo que possui sentido especfico, com valor semntico em si mesmo,
independentemente do contexto de uso.
Nas manchetes dedicadas ao esporte, a linguagem direta tambm tem grande destaque.
Seja para anunciar uma partida, para informar sobre derrota ou vitria, o ttulo critica ou
glorifica uma equipe. No Super Notcia (27.03.06), a manchete principal, A revanche, e no
Aqui (27.03.06), Raposa e Tigre na final, fazem meno disputa pelo ttulo do
campeonato Mineiro entre Cruzeiro e Ipatinga.
50
Pode-se dizer que, na maioria das vezes, a forma com que os ttulos das capas so
redigidos emite a mensagem de forma direta ao leitor. Na manchete do Aqui (28.03.06),
Abuso de Menores, tem-se a impresso de que por mais que o leitor leia com ateno o
bigode
12
, a principal mensagem veiculada pelo ttulo de capa induz crena de que o tema
ser tratado genericamente, quando, na verdade, est sendo noticiado um acontecimento de
violncia sexual de um determinado menor.
Percebe-se, frequentemente, nos ttulos dos jornais Super Notcia e Aqui que o tom
apelativo e a pouca informao contribuem para um considervel grau de superficialidade no
tratamento de determinados temas. Tal constatao pode ser observada em uma das
manchetes de capa do Super Notcia (20.10.06) - J ovem Fuzilado por segurana de
shopping - e no Aqui (27.03.06), PM acusado de atentado com bomba no centro. Tem-se
ainda a incidncia de ttulos superficiais no Super Notcia (31.03.06), como Mais seis
falsrios presos em BH, e no Aqui (19.10.06): Detento descoberto com maconha em
biscoitos, em que a informao apresentada ao leitor sem muitas explicitaes sobre o fato
noticiado.
A superficialidade aparece na construo dos ttulos de forma a privar o leitor da
informao detalhada sobre um determinado assunto noticiado. Nilson Lage, citado por
Pedroso (2001:80), afirma que a manchete como o primeiro lugar de manifestao dos
sujeitos do discurso, e como primeiro relato de aparncias codificadas, designa o ponto de
passagem ou a mediao dos ttulos com o texto. Sendo a manchete o local onde os efeitos
discursivos esto concentrados, o fornecimento de informaes fragmentadas pode permitir
que a compreenso seja parcialmente autnoma, ou seja, o leitor tem a incumbncia de
deduzir boa parte do enunciado. Portanto, o que se observa como superficialidade nas

12
Segundo o Dicionrio de Comunicao ( tica, 1987) o termo bigode diz respeito frase explicativa que vem
abaixo do ttulo.
51
manchetes dos jornais Super Notcia e Aqui o fato de ocultarem informaes no espao mais
atrativo de um jornal, a sua capa.
Constata-se ainda que os ttulos das publicaes analisadas apresentam ambigidade e
que a utilizao de trocadilhos est relacionada tentativa de aproximar a notcia da realidade
do leitor, fazendo referncias aos seus hbitos de lazer e diverso. Com isso, freqente a
ocorrncia de ttulos remetendo a uma publicidade, a um filme ou mesmo criando um jogo de
palavras.
A manchete principal do Super Notcia (16.10.06), Velozes e Furiosos, que destaca
a notcia sobre mortes ocorridas nas estradas de Minas Gerais, apropria-se do nome de um
filme de sucesso nos cinemas para chamar a ateno para o fato no jornal. No Aqui
(17.10.06), a manchete j citada nessa anlise, Arma de mentira, crime de verdade, um
bom exemplo de jogo de palavras e trocadilhos.
Ainda em relao aos ttulos, pode-se considerar que esses propiciam a atrao do
leitor pelo assunto, mas nem sempre o alarde sugerido na manchete condiz com a extenso e
abrangncia do discurso apresentado no contedo interno do jornal. Neste sentido, uma
manchete principal de capa, por exemplo, pode causar a impresso de que a publicao fixar-
se- em detalhes mnimos sobre o fato ocorrido. Esse pressuposto se confirma nos jornais
Super Notcia e Aqui, freqentemente pelo fato de essas publicaes no apresentarem
matrias jornalsticas, propriamente ditas. Assim, o que se observa um apanhado de notas
sobre assuntos diversos. No Aqui (31.03.06), a manchete Caa aos linchadores ocupa
grande espao na capa e, no entanto, no contedo interno, apresenta apenas trs pequenas
colunas, com um pouco mais de mil caracteres. J no Super Notcia (28.03.06), o contedo da
notcia anunciada pela manchete - Polcia tira pedfilo de circulao - ainda mais
reduzido do que a citada acima no Aqui. Nessa perspectiva, torna-se importante ressaltar que,
52
quando muito, o desenvolvimento da manchete ocupa no interior do jornal apenas uma
pgina.
No que diz respeito ao projeto grfico, Mrcia Franz Amaral (2006) considera que
esse definido por especialistas no assunto. Contudo, importante salientar que ele ,
tambm, decorrente do planejamento editorial, ou seja, encontra-se associado aos objetivos do
projeto editorial e realidade do pblico-leitor. Assim, de acordo com a autora, identidade e
legibilidade so dois conceitos importantes para a elaborao de um bom projeto grfico
(AMARAL, 2006:116).
Em relao identidade, dois aspectos so importantes. O primeiro, refere-se ao fato
de que o leitor deve identificar-se com o planejamento esttico do jornal; o segundo implica
na necessidade de a publicao ser facilmente reconhecida nas bancas.
J a legibilidade de um texto depende de aspectos como a forma e o tamanho das
letras, comprimento e entrelinhamento das linhas, largura das colunas e disposio dos
espaos brancos, cor, uso de sees, selos, fotos e ilustraes.
Os jornais analisados buscam identidade por meio de capas que chamam a ateno,
nas bancas e nos demais lugares onde so vendidos, pelas cores e pelo formato. No Super,
essa identidade estaria na linguagem direta ou simplista dos ttulos das notcias, associada s
fotos que, pelo recurso da imagem, buscam emitir diretamente determinado contedo.
De acordo com Amaral (2006), a manchete de um jornal popular, em geral, apresenta
corpo de letra maior e utiliza duas linhas, enquanto os jornais de referncia usam apenas uma
linha. Para a autora, a boa manchete, para estes jornais, aquela que tem verbo no presente e
exata na definio do assunto. O Super Notcia (28.03.06) apresenta a manchete principal
Polcia tira pedfilo de circulao, em que so utilizadas trs linhas e, no Aqui, (16.10.06)
Degolado depois da sinuca que ocupa duas linhas.
53
Os jornais Super Notcia e Aqui so bastante semelhantes no que diz respeito
linguagem editorial e aos elementos grficos. Ambos se apropriam do recurso de utilizao,
na capa, de uma manchete de destaque, alm de outras que funcionam basicamente como
chamada, que, aliada s fotos, contribuem para o destaque visual dessas publicaes. Neste
sentido, as cores e a forma com que os ttulos so disponibilizados so responsveis pela
grande atrao visual dos leitores para com as referidas publicaes.
Apresentados em formato de tablide, essas publicaes utilizam cores que variam a
cada dia de circulao, mas se percebe que h certo padro de cores na diagramao das
capas. Assim, o fundo azul com ttulo branco utilizado para destacar os fatos que envolvem
o Cruzeiro, time de futebol da cidade, e fundo preto com letras brancas para falar do Atltico,
outro grande clube de futebol de Belo Horizonte. As cores verde, laranja, marrom e cinza so
utilizadas como pano de fundo de determinada parte da capa, enquanto o ttulo, por sua vez,
ganha uma variedade de cores.
Comumente, possvel observar a predominncia da manchete principal em letras
amarelas, como ocorre no Super Notcia de28.03.06 - Polcia tira pedfilo de circulao -
ou a manchete principal, alternando cores conforme percebido no Super Notcia (16.10.06),
Velozes e Furiosos, sendo o termo Velozes e colocado em branco e o furiosos, em
amarelo.
Percebe-se, nas publicaes analisadas, que a manchete principal da capa, apresentada
em cor preta - uma conveno do jornalismo convencional - tem pouca incidncia e que so
mais freqentes os ttulos em cores brancas, aproveitando um fundo de cores variadas, o que
caracterizaria a busca de identidade especfica para tais publicaes. Torna-se importante
ressaltar que apenas a manchete principal, localizada no centro da capa do jornal, tem
variaes de cores e se apropria de recursos de letras e tamanhos diferentes. As outras
manchetes dos jornais so colocadas em tamanho bem reduzido, em comparao com a
54
manchete principal. Nesses casos, os ttulos so colocados, na maioria das vezes, em cores
pretas.
Nas capas, so verificadas muitas informaes alm das manchetes jornalsticas. As
propagandas, as fotos variadas e os diferentes lugares utilizados nas capas para a disposio
dos ttulos fazem desse espao um verdadeiro mosaico de informaes. As capas do Super
Notcia e Aqui apresentam-se como um mural, ou seja, adotam cores e informaes
diversificadas.
Percebe-se, ainda, que a quantidade excessiva de elementos grficos dispostos no
pouco espao da capa dos tablides faz com que as capas sejam atrativas, mas, por outro lado,
as capas so esteticamente sujas, destoando das tendncias grficas mais atuais, adotadas
por grandes jornais do Brasil
13
, o que visualmente pode implicar em uma imagem
demasiadamente carregada. Porm, o jornal aposta que, para o seu pblico, isso no deixa de
ser uma forma de chamar a ateno.
Observando diferentes dias de veiculao dos jornais, percebe-se que a formatao da
capa se modifica continuamente, ora reinventando, ora repetindo formas j utilizadas nos
jornais. Assim, uma estratgia de diagramao utilizada num determinado dia pode no
aparecer no outro dia, mas, certamente, reutilizada em outra publicao.
No h um padro de disponibilidade dos itens nas capas. Mesmo mostrando-se
freqentes, eles so diversificados na disposio. Neste sentido, as fotos de mulheres, por
exemplo, so constantes tanto no Super Notcia quanto no Aqui, mas so dispostas de
diferentes maneiras e em diferentes lugares, sem obedecer a um padro de tamanho. Alis, a
divulgao de fotos de mulheres nas capas um caso a se destacar nesses jornais.
O Super Notcia e o Aqui destacam em suas capas mulheres consideradas smbolos
sexuais, acontecimentos supostamente picantes e fatos envolvendo essas mulheres que

13
A Folha de S.Paulo lanou no dia 21 de maio de 2006 um novo projeto grfico. O objetivo desse novo visual
esttico da publicao, mais limpo e com menos textos escritos, facilitar a leitura da mesma. (Folha Online-
Disponvel em <http://www1.folha.uol.com.br/>. Acesso em 14 de novembro de 2006)
55
estimulam, de vrias maneiras, o imaginrio masculino. Em conformidade com a estratgia
dos jornais, em alguns casos os contedos das matrias no correspondem completamente
quilo que anunciado pelos ttulos e pelas insinuaes das fotos. Como exemplo, tem-se
uma ocorrncia no Aqui (17.10.06) em que apresentada foto de uma modelo semi-nua, junto
ao ttulo Viviane Arajo tira a roupa para edio especial da Playboy. Esse recurso
contribui para a expectativa de que no contedo interno do jornal o leitor encontre mais fotos
e uma matria sobre o assunto. Na verdade, o jornal dedicou parte de uma pgina mesma
foto da capa, fazendo apenas um anncio publicitrio da referida revista masculina.
As mulheres representadas como deusas nas capas do Super Notcia e Aqui, quase na
totalidade, esto vestidas em trajes mnimos e em algumas oportunidades esto semi-nuas. Na
maioria das vezes, esses jornais aproveitam-se de fotos tiradas por essas mulheres para outras
publicaes, como revistas especializadas em boa forma, sites especializados em fotografar
famosas e at mesmo revistas masculinas. A utilizao de fotos ampliadas, em que as
mulheres esto em poses sensuais, recorrente nas capas das publicaes. A mulher se
configura permanentemente nas capas dessas publicaes como objetos de desejo.
Os ttulos que acompanham as fotos das mulheres nas capas contribuem para chamar a
ateno do leitor. Alm das fotos, tem-se alguma notcia sobre a mulher, ou seja, uma
chamada. A foto da apresentadora de televiso Anglica, no Super Notcia (02.04.06), em que
a mesma se encontra vestida com um top e uma cala, vem acompanhada do ttulo Anglica
tem novo programa, dando destaque para a nova produo televisiva que contar com a
participao da artista. No Aqui (02.04.06), tem-se a chamada da foto de uma outra artista de
televiso: A atriz Lucero a estrela de Laos de Amor, a nova novela do SBT. Nessa foto,
a atriz se apresenta em trajes pretos, calando botas longas e com as pernas mostra.
Nos dois casos citados, temos exemplos de que as fotos foram acompanhadas por
algum tipo de informao, alm da inteno da fetichizao. Todavia, a divulgao de uma
56
figura feminina na capa ultrapassa as prticas jornalsticas que buscam, simplesmente,
destacar o mundo das beldades. Isso porque a incidncia e a freqncia das fotos femininas,
rotineiramente publicadas, permitem concluir que, ao lado dos temas freqentes - o futebol e a
violncia-, a mulher outro grande destaque na primeira pgina das publicaes.
Torna-se importante lembrar que, muitas vezes, a notcia veiculada sobre a mulher,
aliada sensualidade da foto, restringe-se pura erotizao. Exemplo disso encontrado na
capa do Aqui (17.10.06), em que a foto de uma modelo semi-nua, em pose sensual e o ttulo
que a acompanha, informa Viviane Arajo tira a roupa para edio especial da Playboy. O
mesmo procede no Super Notcia (16.10.06), em que a foto da mulher, em trajes mnimos,
acompanhada da seguinte manchete: Nova garota morango procura de namorado.
Podemos pensar que o fato de associar a figura feminina a uma fruta carregada de
simbolismo, aliado disponibilidade afetiva da modelo, teve o propsito de alimentar nos
leitores a fantasia da conquista, sugestionando-os como pretendentes a serem escolhidos pela
modelo.
Compreende-se que o Super Notcia e o Aqui no so inovadores na forma e na
linguagem, mas repetem, com sucesso, formas que deram certo em outras publicaes
populares. As capas das publicaes populares de Belo Horizonte so idnticas ao do jornal
Dirio Gacho. J as fotografias de mulheres nas capas eram fartamente utilizadas pelo
extinto Notcias Populares, em uma seo chamada Mquinas do NP. Torna-se importante
salientar que, a exemplo do NP, que comeou reproduzindo fotos de divulgao e de agncias,
passando a fazer produes prprias, atualmente, o Super Notcia inicia a realizao de
concursos para candidatas ao ttulo de garota do jornal.



57
4 CONCLUSO

Pode-se dizer que a discusso em torno do tema sensacionalismo bastante complexa.
De uma maneira geral, todo e qualquer tipo de sensao provocada por meio do tratamento
dado s notcias por um veculo pode causar a impresso de que esse seja sensacionalista.
Conforme apresentado no captulo I, o rtulo sensacionalista est associado aos jornais
e programas que privilegiam, principalmente, a violncia e o sexo. Durante a realizao desse
trabalho, foram comuns as indagaes de pessoas, seja da rea de comunicao ou no,
questionando a qualidade dos jornais Super Notcia e Aqui, afirmando a condio
sensacionalista dos mesmos.
Torna-se importante ressaltar que tal constatao apresenta carga significativa de
preconceitos e um sentido pejorativo. Todavia, em relao s acusaes de sensacionalismo,
deve-se ressaltar que, desde a consolidao da imprensa como meio de comunicao, setores
da sociedade sempre se queixaram da preferncia por aquelas informaes capazes de
provocar sensao. Constantemente, na histria da imprensa, ouviram-se crticas informao
acusada de imprecisa, distorcida, com culpa ou dolo e ofensiva contra os objetivos
fundamentais do jornalismo.
Devido a essa forma de condenao, os responsveis pelos jornais, que por vez
recebem o rtulo de jornais sensacionalistas, no aceitam a possibilidade de suas publicaes
serem consideradas como tal. Liliane Corra, criadora do Super Notcia e do Aqui, acredita
que essas publicaes funcionam como estratgia de estmulo leitura. Ela afirma que a
linguagem fcil, os temas escolhidos e a forma de abordagem contribuem para que muitas
pessoas criem o hbito de ler. Rogrio Maurcio Pereira, editor do Super Notcia, tambm
contrrio denominao sensacionalista para as publicaes. Segundo ele, o jornal no
58
inventa notcias e tem o compromisso de dar informao correta aos leitores, e lembra que
isso no sensacionalismo.
Nota-se que o fato das publicaes analisadas, aparentemente, no se apresentarem
adeptas prtica de inveno de notcias, indica a possibilidade de que essas no sejam
propriamente sensacionalistas. Por outro lado, muitas outras caractersticas apontam para a
categorizao desses jornais como aqueles que se apropriam de elementos que buscam a
proximidade com o leitor por meio de um processo de seduo. Dentre os aspectos
priorizados, tanto pelo Super Notcia quanto no Aqui, cabvel destacar o
superdimensionamento dos fatos. Nas edies selecionadas, foi possvel observar a ocorrncia
de notcias apresentadas de forma exagerada em que pequenos acontecimentos ganham
repercusso nas capas dos jornais.
Os principais temas abordados pelas publicaes, ou seja, futebol, violncia e a
mulher, so tratados por meio de linguagem simples, com a inteno de atingir mais
facilmente o pblico. Neste sentido, o futebol, como paixo popular, o assunto de maior
destaque nas duas publicaes e permite aos jornais a utilizao de discurso mais direto, que
economiza informaes e facilita a decodificao para o leitor. Associado a isso, tem-se a
criatividade utilizada na elaborao das capas por meio de um discurso sedutor e da
disposio das fotos relacionadas ao fato noticiado.
No que diz respeito s notcias de violncia, constata-se que essas so dotadas de
elementos que evidenciam formas sensacionalistas, visto que usada uma linguagem
coloquial exacerbada, e que a seleo para a manchete principal se faz basicamente de crimes
brbaros e absurdos, os quais despertam a curiosidade do pblico.
As mulheres nas capas se constituem como importante atrativo visual nos jornais
Super Notcia e Aqui, que diariamente mantm espao cativo para a erotizao e a
fetichizao. Nesta perspectiva, baseando-se nas consideraes feitas por Danilo Angrimani
59
(1995), os jornais discutidos se adequam ao trinmio escndalo-sexo-sangue. Segundo o
autor, essa trade revela o maior enfoque de um jornal sensacionalista, fazendo da moral, do
tabu, da represso sexual e das tendncias sdicas do leitor o respaldo sociopsicolgico desse
tipo de jornalismo.
Considerando essas caractersticas apresentadas, podemos destacar os jornais Super
Notcia e Aqui como sensacionalistas. Entretanto, torna-se vlido salientar que algumas
ressalvas relativizam tal constatao, se compararmos os jornais analisados s publicaes
jornalsticas de quatro dcadas atrs, consideradas sensacionalistas. Enquanto nos jornais
analisados o indcio de sensacionalismo o enaltecimento e a supervalorizao de um fato
real, nos jornais sensacionalistas do passado, como era o caso exemplar do Notcias
Populares, at mesmo suposies baseadas em crendices populares eram privilegiadas.
A respeito disso, Amaral (2006) comenta que
A noo de sensacionalismo, que por anos pairou como explicao da
estratgia dos produtos populares, est agora ultrapassada. Os novos
jornais, ampliadores dos ndices de leitura em segmentos populares, so
fundados em diversas caractersticas que devem ser abordadas de maneira
no generalista. O sensacionalismo um modo de caracterizar essa
imprensa, uma maneira de explicar o que ocorria na mdia num
determinado momento, mas no sinnimo de imprensa, revista ou
programa popular. (AMARAL, 2006:21)


Sendo assim, fundamental a compreenso de que existe, certamente, entre os jornais
analisados e outros de natureza diferenciada, como o NP, diferena na forma de tratamento
concedido s notcias, sobretudo no que diz respeito aos ttulos das capas, especialmente a
manchete principal. O jornal Notcias Populares no poupava o uso de termos chulos e
construes ambgas. Como exemplo de manchetes, tem-se: Aumento de merda na
poupana, Churrasco de vagina no rodzio do sexo e Quem tem KU-AIT tem medo.
Com isso, percebe-se que a linguagem vulgar tinha espao garantido na primeira pgina do
jornal.
60
Da mesma forma, o jornal carioca Luta apresentava manchetes vibrantes, que
apontavam para a sua condio de veculo sensacionalista, mas, ao contrrio do NP, segundo
Pedroso (2001), a linguagem utilizada pelo Luta no facilitava a compreenso da mensagem
transmitida, por valorizar termos no pertencentes ao vocabulrio corrente do pblico-leitor.
Algumas manchetes exemplificam tal constatao: Viuvinha perdeu no palitinho, Cenoura
excita a p da r, Peroba louca botou a boca no trombone.
Assim, torna-se possvel afirmar que as manchetes do Super Notcia e do Aqui,
conforme discutido nesta pesquisa, ainda que sejam elaboradas a partir de recursos que
estimulam a atrao, no se equivalem, em termos de explorao vocabular, ao Notcias
Populares e Luta. Todavia, ressaltamos que preciso entender que se trata de pocas
diferentes e que atualmente h o esforo de determinadas empresas para que jornais populares
sejam lanados e mantidos no pas.
Durante esta pesquisa, comumente, foi utilizada a expresso jornalismo popular para
caracterizar as publicaes direcionadas s classes consideradas populares, seja pelo grau de
escolaridade ou pela situao social. Observa-se que o Super Notcia e o Aqui so publicaes
que, por todas as caractersticas mencionadas e discutidas nesta pesquisa, tm como objetivo
alcanar as classes populares, mas, por outro lado, afastam-se, parcialmente, do esteretipo
dos jornais sensacionalistas do passado.
Os jornais em questo poderiam no ser sensacionalistas como afirmam seus editores
responsveis, mas a busca pela consolidao como veculos populares permite que o Super
Notcia e o Aqui pratiquem uma forma de jornalismo popularesca, podendo, assim, receber o
rtulo de jornais sensacionalistas, independentemente da inteno de seus idealizadores.
Em termos gerais, podemos concluir que h variao de intensidade do
sensacionalismo nos jornais discutidos. Baseando-se nesta pesquisa, percebe-se que o Super
Notcia e o Aqui, na busca pela afirmao como jornais populares, ficam divididos em relao
61
prtica jornalstica a ser assumida. Desta forma, esses jornais demonstram, por um lado,
postura mais agressiva e exagerada, assemelhando-se nesses aspectos a outros veculos
notoriamente reconhecidos como sensacionalistas e, por outro, repetem frmulas consagradas
por jornais-referncia, como o Estado de Minas, na medida em que se dispem a noticiar fatos
verdicos, passando a projetar credibilidade e ficando a meio caminho entre essas publicaes.
Portanto, entende-se que os jornais populares Super Notcia e Aqui necessitam de
amadurecimento editorial para se firmar como veculos populares e no-sensacionalistas.


















62
REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS

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63
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64
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4.ed. Petrpolis: Vozes, 1975


SODR, Muniz. Reinventando a cultura: a comunicao e seus produtos. 2. ed.
Petrpolis: Vozes, 1998


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Caderno Geral, p. A6


TEIXEIRA, NINCIA CECLIA RIBAS BORGES. Imagens Literrias Urbanas: Machado
de Assis e Lima Barreto, o Rio de Janeiro escrito a quatro mos. 2005. Dissertao
(Mestrado em Letras) UNESP-Universidade Estadual Paulista, Assis


VALENTE, Laura. Super o mais vendido. Minas gerais, Belo Horizonte, 18-24 maro.
2006. J ornal Pampulha.











65
ANEXOS

Data
27/03/2006

28/03/2006

30/03/2006

31/03/2006

02/04/2006
Manchete
Principal
A Revanche
Cruzeiro elimina o
Galo e reedita final
do Mineiro contra
Ipatinga, que passou
pelo Coelho
Polcia tira pedfilo de
circulao
Acusado de abusar de cinco
garotos na Regio Noroeste
prometia leva-los para treinar
em times de futebol
Cruzeiro e Tigre iguais
Resultado obriga time celeste
vencer em Ipatinga para ser
campeo mineiro
Mulher que jogou filha na
Lagoa normal
Exames mostram que
Simone Silva pode responder
por seus atos
dia de Campeo
Ney ou PC sair bicampeo hoje
do Ipatingo na final Ipatinga X
Cruzeiro
Outros
ttulos da
capa
Policiais frustram
fuga de detentos em
Venda Nova
Tiroteio em baile
funk fere seis e mata
um
Mistrio em morte
de atriz global
Mara, Mariana e
Rafa esto na final
Entrega de panelas um
sucesso
Quebra de sigilo de caseiro
derruba Palocci
PM apreende 300 kg de
maconha em Igarap
Quem vai levar R$1 milho
BH ganha mais 205 bairros


Preso lder do trfico na
Pedreira
Sobrinho de cantor
assassinado
Professor detido com notas
falsas
Cai taxa de emprstimo a
segurados
Morena atrao da Vip de
abril

Gil promete Cruzeiro mais
ousado
Ipatinga mantm cautela
Atltico comea limpar
elenco
Herana motiva chacina em
Itambacuri
Mais seis falsrios presos
em BH
Presidente do BID vai
favela
Carolina Magalhes: Neta
de ACM est jogando um
bolo
Mais uma escola arrombada

Astronauta brasileiro Marcos
Pontes manda notcia
Criana morre e PM acha mais 7
em total abandono
Me e filho executados no
J ardim Alvorada
Anglica tem novo programa
Descrio
dos Fotos
lance do jogo do
Cruzeiro x Atltico
Lance de jogo
Ipatinga x Amrica
ator Dado Dolabella
atriz Samara
Felippo
participante do Big
Brother
propaganda

entrega de prmios do
jornal
trs participantes do Big
Brother
atriz Nvea Stelmann em
pose sensual
propaganda
lance do jogo Cruzeiro x
Ipatinga
modelo Danielle Battistini em
pose sensual
um preso sendo colocado no
camburo
propaganda
Carolina Magalhes em
pose sensual
cadeado arrombado
propaganda
tcnicos do Cruzeiro e Ipatinga
astronauta Marcos Pontes na
espaonave
apresentadora Anglica
propaganda


Quadro I - Capas analisadas do jornal Super Notcia no 1 semestre de 2006






Data
27/03/2006

28/03/2006

30/03/2006

31/03/2006

02/04/2006
Manchete
Principal
Raposa e Tigre na
final
Cruzeiro bate o Atltico
no Mineiro e Ipatinga
atropela o Amrica no
Vale do Ao
Abuso de menores
Homem preso acusado de
aliciar pelo menos cinco
crianas com promessas de
testes em clubes de futebol
Tudo igual
Cruzeiro e Ipatinga empatam
em 1 a 1 no Mineiro e levam
deciso para o Vale do Ao
Caa aos Linchadores
Polcia tenta identificar 30
acusados de espancar at a morte
homem confundido com
estuprador
Hora da verdade
Ipatinga e Cruzeiro fazem
hoje, no Ipatingo, o jogo
que vale o ttulo do Mineiro
Outros ttulos
da capa
Ronaldo marca em
goleada do Real sobre o
La Corua
nibus desgovernado
invade loja na Floresta
PM acusado de
atentado com bomba no
Centro
Tinho est fora da
disputa por R$ 1 milho
Mineira Ana Beatriz
Barros est entre as 10
mais sensuais
Cruzeiro impe lei do
silncio ao zagueiro Edu
Dracena
Walter Minhoca revela
mgoas do passado na Toca
da Raposa
Atacante Ramon pede
desculpas torcida do Galo
Protesto na Sade mobiliza
Pedreira
Obra da Linha Verde cobre
o Arrudas no Centro
Thas Fersoza responde s
perguntas dos leitores
Nvea Stelmann arruma a
casa na Vip

Chefe do trfico preso na
Pedreira Prado Lopes
Ex-lavrador conta viagem de
bicicleta que j dura 35 anos
Astronauta brasileiro decola
no Cazaquisto
Presa quadrilha que aplicava
golpe de consrcio-fantasma
Danielle Battistini: morenaa
mostra suas curvas na Vip
deste ms

Syang abre o jogo sobre sexo
Moradores de Rio Manso
executam ladro antes da chegada
da PM
Pagodeiro Belo procura emprego
para gozar de regime semi-aberto
Protesto de estudantes termina
em confuso na Cmara
Acidente com sete carros mata
dois na BR-040
Demolies abrem caminho para
a Linha Verde
Venda de ingressos para a
deciso comea hoje




Clssico entre Barcelona e
Real fica no 1 a 1
Vlei do Minas perde e
disputa vaga na capital
Pai mata mulher na frente
da filha
Me presa por morte de
criana de 1 ano
A atriz Lucero a estrela de
Lao de amor, a nova
novela do SBT
Descrio das
Fotos
Ronaldinho fenmeno
comemorando gol
nibus batido na porta
de uma loja
Tinho participante do
Big Brother
Ana Beatriz em pose
sensual
jogadores do cruzeiro
comemorando gol
lance do jogo Amrica
x Ipatinga
ministro Palocci de cabea
baixa
uma pessoa sendo presa e
acompanhada pela polcia
imagem de uma as pessoas
de costa
Atriz Nvea Stelmann em
pose sensual



pessoa algemada
um homem numa bicicleta
modelo Danielle Battistini em
pose sensual
momentos de comemorao
do Cruzeiro e do Ipatinga
membros de uma quadrilha
espaonave decolando
Cantora Syang em pose sensual
estudantes em protesto
carro totalmente destrudo
casa demolida
jogador do cruzeiro correndo
ator Vladimir Brichta
um jogador do Cruzeiro e
outro do Ipatinga
atriz Lucero
jogadores se
cumprimentando em jogo na
Espanha

Quadro II - Capas analisadas do jornal Aqui no 1 semestre de 2006




Data 16/10/2006 17/10/2006 19/10/2006 20/10/2006 22/10/2006
Manchete
Principal
Velozes e Furiosos
Motoristas so apontados
como responsveis pelo
saldo de ao menos 31
mortos em MG no
feriado



Menores no crime
Aumenta a cada dia o nmero de
crianas e adolescentes nas
ocorrncias da polcia; em menos
de 24 horas garotos entre 10 e 16
anos se envolveram em roubo,
porte de arma e bebida alcolica
Bobeirinha de R$1 termina
em morte
Acusado de assediar menina de
10 anos, no Petrolndia, barbeiro
de 71 anos mata o irmo dela que
foi tirar satisfao
Dia de caos
Chuva e imprudncia
causam 10 mortes em seis
graves acidentes na BRs 381,
356, 040 e 116, em Caet,
Betim, Nova Lima, J uiz de
Fora e Governador Valares
Goleada, recorde e um p na
1 diviso
Atltico bate Ava por 4 a 1 no
Mineiro superlotado e se
aproxima da Srie A do
Brasileiro
Outros ttulos
da capa
Camila Duran Nova
garota morango procura
de namorado
Amrica vence e vice-
lder na Taa MG
Menor mata pai, me e
irmo de 3 anos









Polcia Federal faz
megaoperao contra a pirataria
Musas do GP Brasil Confira
estas e mais nove gatas que
disputam o concurso de Miss em
Interlagos
Comea disputa por ingressos de
mais um jogo do Galo
Cruzeiro precisa de 7 vitrias
para atingir Libertadores
Acidentes mataram 35 nas
estradas de MG
Atriz da Record posa para o
Paparazzo
Caixa vai financiar casa prpria
com desconto em folha


Preso pego com biscoito de
maconha
Golpe no trfico de travestis
Descoberto bando de falsificao
de documentos do Detran
Galo pode bater recordes de
vitrias
Definida frmula do Mineiro
2007

Clo Pires Gata curte dia
de folga em Ipanema
J ovem fuzilado por
segurana de shopping
Ingresso para o jogo do
Galo, s de geral
Cruzeiro tem nova dupla de
atacantes
Chuva ameaa igreja em
Ouro Preto
Vacinao tenta conter
rubola
Paola Oliveira- Loira de O
Profeta no quer cair no
esteretipo de boa moa
Confira o pster do gatinho de
Malhao, Gian Bernini
Acidente no Viaduto das
Almasmata mais um
Veja a lista dos ganhadores da
promoo Show de Prmios
Cruzeiro tem misso difcil no
Pacaembu
Coelho tenta a quarta vitria
na Taa MG

Descrio das
Fotos
modelo Camila Duran
em pose sensual
comemorao de
jogador do Amrica
imagem do
congestionamento na
estrada
propagandas
propagandas

atriz Carla Regina em pose
sensual
carros passando na rodovia e
uma moto cada
senhor acusado de abuso sexual
duas modelos em pose sensual
quadrilha tampando os rostos
propagandas
caminho de cimento
tombado
carro virado aps acidente
atriz Clo Pires de biquni
propagandas

estdio Mineiro e torcida
vibrando
atriz Paola Oliveira
propagandas


Quadro III - Capas analisadas do jornal Super Notcia no 2 semestre de 2006






Data 16/10/2006 17/10/2006 19/10/2006 20/10/2006 22/10/2006
Manchete
Principal
Degolado depois da sinuca
Homem assassinado aps discutir
com parceiro de jogo

Arma de mentira, crime de
verdade
Cinco garotos entre 10 e 14
anos assaltam com revlveres
de brinquedo e so detidos
Assdio e morte por R$ 1
Idoso oferece dinheiro para ter
relaes sexuais com crianas e
assassina irmo da garota que
foi tirar satisfao
Assalta e cai no Arrudas
Dupla arromba carro e, em fuga
desastrada, um bandido preso
e outro despenca de uma altura
de 11 metros no rio
Melhor impossvel
J ogando ao lado da massa,
que quebrou recorde de
pblico mais uma vez,
Galo bate Ava no
Mineiro e mantm
liderana da Srie B
Outros ttulos
da capa
Saiba tudo sobre carreira de
J uliana Paes
Encontro de bandas agita o
domingo na Praa da Liberdade
Feriado trgico nas estradas de
Minas
Polcia apreende 39 quilos de
crack no J ardim Vitria
Leitores do Aqui entrevistam a
galera do grupo Hateen
Marinho se prepara para voltar ao
time
Ipatinga vence Cricima fora de
casa pela Srie C
Carol Castro faz sua primeira vil
em O profeta
J onilson pode reassumir vaga no
Cruzeiro

Fbio Pinto pode estrear no
Cruzeiro
Centro de Sade Ribeiro de
Abreu arrombado
Viviane Arajo tira a roupa
para a edio especial da
Playboy
Massa alvinegra prepara outra
invaso ao Mineiro
Operao de combate
pirataria pe 16 em cana
Grafiteiros levam arte e
cidadania para a zona Sul da
capital
Devotos festejam Dia de Santa
Edwiges


Restaurante populares de BH
do prmios no almoo
Policial acusado de chefiar
quadrilha de falsificadores
Polcia Federal prende 1
acusados de levar travestis para
a Europa
Torcida do Galo garante 51
mil ingressos para sbado
J onathas pode ganhar vaga no
ataque do Cruzeiro
Detento descoberto com
maconha em biscoitos
Pit bull ataca garoto de 3 anos
Mariana Felcio concorre ao
ttulo de mulher mais sexy do
mundo

Na BR 381 uma bobina foi
responsvel por 3 mortes
Acidentes matam 11 nas
estradas mineiras
Galo a pouco mais de 2 mil
ingressos do recorde nacional
Belo Horizonte faz campanha
de vacinao contra a rubola
Rapper B. Nego mostra sua
msica no Parque Municipal
Schumacher tira onda com a
cara de Barrichelo
Oswaldo de Oliveira troca 5
jogadores e muda esquema
ttico do Cruzeiro

Malhao e dieta
saudvel deixam Stephany
Brito em forma
Homem sai da priso com
plano pronto para matar
Cruzeiro usa ataque da
base contra Corinthians no
Pacaembu
Ipatinga busca seqncia
de vitrias contra Brasil-
RS
Felipe Massa larga na
frente na despedida de
Schumacher
Confira pster de Thiago
Fragoso

Descrio das
Fotos
atriz J uliana Paes
congestionamento nas estradas
jogador do Atltico Marinho
atriz Carol Castro em pose
sensual



jogador do Cruzeiro - Fbio
Pinto
Viviane Arajo em pose
sensual
armas variadas
material pirateado apreendido
pela polcia
Imagem deSanta Edwiges e
devotos
grafiteiros
uma pessoa almoando no
restaurante popular
quadrilha escondendo os
rostos
policiais acompanhando um
acusado
senhor suspeito de ter
cometido abuso sexual
acompanhado por policial
modelo Mariana Felcio em
pose sensual
bombeiros retirando o
assaltante de dentro do Rio
Arrudas
caminho destrudo
piloto Shumacher em Coletiva
jogador do Cruzeiro - Kerlon
ator Thiago Fragoso
torcida atleticana
acompanhando o jogo e
jogadores comemorando
homem sendo preso
atriz Stephany Brito
jogador do Cruzeiro

Quadro IV-Capas analisadas do jornal Aqui no 2 semestre de 2006

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