Acido Salicilico
Acido Salicilico
Acido Salicilico
O cido acetilsaliclico (AAS) uma substncia activa utilizada como anti-inflamatrio, antipirtico, analgsico e inibidor da agregao das plaquetas sanguneas. Um dos medicamentos que contm esta substncia a Aspirina. Este cido foi sintetizado pela primeira vez em 1893, a partir do cido saliclico (analgsico inicialmente extrado da casca do salgueiro), pelo qumico alemo Felix Hoffmann quando fazia pesquisas para aliviar as dores reumticas do pai. O novo produto possua as mesmas caractersticas anti-inflamatrias e analgsicas do cido saliclico, mas no tinha o seu sabor azedo nem era to irritante para as mucosas. Em 1899 a Bayer, companhia de produtos qumicos onde Hoffmann trabalhava, sintetizou-o e comercializou-o sob o nome registado de "Aspirina". o medicamento mais conhecido e consumido em todo o mundo. Em 1999 a Aspirina completou 100 anos.
Interesse toxicolgico
A ingesto de comprimidos de AAS a causa mais frequente de envenenamento com salicilatos. A nvel ocupacional a exposio pode ocorrer por contacto drmico ou inalao. A concentrao atmosfrica mxima permitida de 5 mg / m. Uma concentrao plasmtica em salicilatos superior a 400-500 mg/L geralmente indicativa de envenenamento.
Consequncias txicas
Os efeitos txicos dos salicilatos so complexos, no entanto os efeitos preliminares principais devido a uma sobredosagem de salicilatos so os seguintes: estimulao do centro respiratrio inibio do ciclo do cido ctrico (metabolismo dos hidratos de carbono) estimulao do metabolismo dos lpidos inibio do metabolismo dos aminocidos desacoplar da fosforilao oxidativa A alcalose respiratria, acidose metablica e perda de gua e electrlitos, ocorrem como principais consequncias secundrias da intoxicao por salicilatos. A toxicidade do sistema nervoso central (zumbidos nos ouvidos incluindo perda de audio, convulses e coma), a hipoprotrombinemia e o edema pulmonar no-cardiognico podem tambm ocorrer. Relativamente aos rgos alvo, incluem-se todos os tecidos (cujo metabolismo celular afectado), principalmente o fgado, rins, pulmes e o VIII nervo craniano.
ADME
Absoro A absoro geralmente rpida e completa aps administrao oral mas pode variar de acordo com o salicilato usado, a dosagem, e outros factores, tais como, a taxa da dissoluo do comprimido e o pH gstrico.
O AAS pouco solvel no estmago (meio cido) e os precipitados podem coalescer formando blocos, retardando desse modo a absoro por 8-24 h. Apesar do pH mais elevado do intestino delgado, a maior rea de superfcie tambm permite a absoro do salicilato, e esta ocorre rapidamente em doses teraputicas. Entretanto, a absoro aps uma sobredosagem ocorre geralmente de um modo mais lento, e as concentraes sanguneas podem continuar elevadas at 24 h aps a ingesto. A absoro ser mais retardada se for ingerida uma preparao entrica revestida. Distribuio Tanto o cido acetilsaliclico como o cido saliclico encontram-se amplamente ligados s protenas plasmticas, principalmente albumina, sendo rapidamente distribudos a todas as partes do organismo. O salicilato distribudo para a maioria dos tecidos do corpo e para quase todos os lquidos transcelulares, atravessando facilmente a barreira placentria. A ligao s protenas dose-dependente. A saturao dos locais de ligao conduz a um aumento do salicilato livre e a uma toxicidade aumentada. A acidose aumenta o volume de distribuio devido ao aumento da penetrao nos tecidos. Assim a ligao dos salicilatos albumina vai diminuindo medida que a concentrao de salicilato plasmtica aumenta, com a reduo da concentrao de albumina no plasma ou disfuno renal, e durante a gravidez. No leite materno: concentraes mximas de salicilato de 173-483 g/ mL foram medidas 5-8 h aps a ingesto materna de uma dose nica de 650 mg. Metabolismo O AAS hidrolisado no estmago e no sangue a cido saliclico e a cido actico. O tempo de semi-vida de 15 a 20 minutos. O tempo de semi-vida do salicilato plasmtico em doses teraputicas 2 a 3 h, mas em situaes de sobredosagem aumenta para 18-36 h. Depois da administrao oral e dependendo das doses administradas observam-se salicilatos no plasma no final de 5-30 min e as concentraes mximas obtm-se passadas 0,25 - 2 h. No leite materno (com salicilato) o tempo de semi-vida aproximadamente 3,8-12,5 h (mdia de 7,1 h) aps uma dose nica 650 mg de aspirina. Para pequenas doses, cerca de 80% do cido saliclico metabolizado no fgado. A conjugao com glicina d origem ao cido salicilrico, e a conjugao com cido glucurnico origina salicilacil-glucurnicos e salicilfenil-glucurnicos. No entanto estas
vias metablicas tm uma capacidade limitada. Pequenas quantidades de cido saliclico so tambm hidroxiladas a cido gentsico. Perante elevadas doses de salicilatos, a cintica de 1 ordem (onde a eliminao proporcional concentrao plasmtica) passa a uma cintica de ordem zero (saturao enzimtica). Eliminao A eliminao essencialmente renal principalmente como cido saliclico livre e metabolitos conjugados. Os salicilatos so excretados na forma de cido salicilrico (75%), cido saliclico livre (10%), salicilfenil-glucurnicos (10%), salicilacilglucurnicos (5%), e cido gentsico (< 1%). Quando so ingeridas doses pequenas (< 250 mg no adulto), todas as vias prosseguem pela cintica de primeira ordem, com um tempo de semi-vida de eliminao de aproximadamente 2-3 h. Quando so ingeridas doses mais elevadas de salicilatos (> 4 g), o tempo de semi-vida prolonga-se (15-30 h) porque as vias de biotransformao relativas ao cido salicilrico e salicilacil-glucurnicos encontram-se saturadas. A excreo renal do cido saliclico torna-se mais importante medida que as vias metablicas ficam saturadas, porque esta extremamente sensvel s mudanas de pH urinrio acima de 6. Assim, a excreo total do cido saliclico no aumenta proporcionalmente com a dose, mas a excreo de cido saliclico no metabolizado aumentada perante doses mais elevadas. H tambm grandes diferenas interindividuais na cintica de eliminao. Alm disso, a taxa de excreo de cido saliclico total e a quantidade do cido saliclico livre eliminado aumentam na urina alcalina e diminuem na urina cida. Na urina alcalina, mais de 30% do frmaco ingerido pode ser eliminado como salicilato livre, enquanto que na urina cida essa percentagem pode ser de apenas 2%. Na aula prtica ir-se- proceder analise quantitativa de salicilatos na urina e/ou no plasma, assim como anlise qualitativa na urina.
Mtodos analticos
Uma grande variedade de mtodos analticos tem sido desenvolvida para a determinao de concentraes de salicilatos nos fluidos e tecidos biolgicos. Devido
sua elevada especificidade e sensibilidade a cromatografia lquida de alta eficincia (HPLC) e a cromatografia gasosa (GC), so geralmente os mtodos escolhidos em farmacocintica e em estudos metablicos. A nvel clnico, os ensaios cromatogrficos so menos utilizados que os colorimtricos, fluorimtricos e imunoensaios, devido ao elevado tempo requerido para os procedimentos cromatogrficos.