Aves Marinhas - Aulas

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AVES MARINHAS

Esta apostila um complemento para as aulas de Nectologia do Curso de Oceanografia do CTTMar. Elaborado pelo Prof. Dr2. Joaquim Olinto Branco.
Sumrio Pg Introduo ................................................................................................... 1 1 - Ordem Procellariiformes ........................................................................ 1 B FAMLIA PROCELLARIIDAE: (21 sp) Pardelas, Bobos, Pomba-docabo e afins................................................................................................. 4 C FAMLIA HYDROBATIDAE (4 sp) Petris-das-tormentas ou andorinhas-do-mar...................................................................................... 5 D FAMLIA PELECANOIDIDAE (1 sp) Petris-mergulhadores ................ 5 2 ORDEM SPHENISCIFORMES (4 sp) pingins .................................... 6 3 ORDEM PELECANIFORMES (11 sp) pelicanos, atobs, fragatas, bigus e rabos-de-palha.............................................................................. 7 A Famlia Phaethontidae (2 sp) Rabos-de-palha ou grazinas .................. 7 B Famlia Sulidae (4 sp) Atobs............................................................... 7 C - Famlia Pelecanidae (1 sp) Pelicanos ................................................... 8 D Famlia Phalacrocoracidae: (1 sp) bigus............................................. 9 E Famlia Fregatidae (3 sp) Fragatas, tesoures ..................................... 9 4 ORDEM CHARADRIIFORMES ........................................................... 11 A Famlia Stercorariidae (4 sp) (Skuas, gaivotas-rapineiras) ................. 11 B Famlia Laridae (26 sp) gaivotas e trinta-ris...................................... 12 C - Famlia Rynchopidae (1sp) talha-mar.................................................. 14 4.1- Subordem CHARADII (maaricos, baturas, ostreiros, pernilongos).. 14 A Famlia Haematopodidae (1sp) ostreiro ou piru-piru........................... 14 B Famlia Charadriidae (vrias espcies) baturas e outros................... 14 C Famlia Scolopacidae (vrias espcies) maaricos e outros .............. 15 D Famlia Recurvirostridae (maarico e pernilongo) ............................ 15 E Famlia Chionididae (1 sp) pomba-antrtica ....................................... 15 5 - Bibliografia Consultada ........................................................................ 15

Introduo
As aves marinhas constituem um grupo muito diversificado de espcies que se adaptaram com grande eficincia ao meio marinho. Essas adaptaes permitiram aproveitar os recursos que at esse momento eram inacessveis para as aves. As aves marinhas representam apenas 3% de um total de

aproximadamente 9500 espcies conhecidas. O nmero preciso de espcies marinhas depende dos critrios de classificao. Existem vrias definies, mas em geral, nenhuma totalmente precisa. Em geral considera-se

aves marinhas as espcies que se alimentam desde a linha da baixa mar at o mar aberto. As marinhas esto representadas no mundo
por 310 espcies, distribudas em 4 ORDENS: PROCELLARIIFORMES, SPHENISCIFORMES, PELECANIFORMES, CHARADRIIFORMES (devem ser excludas as famlias no marinhas da ltima ordem).

1 - Ordem Procellariiformes
Representada por 4 famlias e 108 espcies no mundo. No Brasil pelas 4 famlias e 34 espcies. Rene a maior parte das aves marinhas. So ocenicas ou pelgicas, na sua maioria encontradas no Hemisfrio Sul. Os Procellariiformes so reconhecidos por 4 caractersticas; ranfotecas da maxila e mandbula composta por vrias placas distintas ponta da maxila em forma de gancho: capturar presas lisas e rpidas narinas em forma de tubo: excreo de sal patas usadas para natao, decolagem e pouso na gua

As aves dessa ordem apresentam adaptaes para utilizar alguns dos tipos de alimentos disponveis no mar. O zooplncton aproveitado por espcies de pequeno porte, como por ex. Alma-de-mestre: Oceanites oceanicus, com 40cm de envergadura e peso de 38 g. As espcies que comem lulas e peixes so maiores; o Albatroz-real: Diomedea epomophora, atinge 3m de envergadura e um peso de at 11kg.

Tab. I. Aves marinhas citadas para o mar territorial Brasileiro.

Ordem

No sp

Famlias

No sp (Sick, 1997)

No sp (Vooren & Fernandes, 1989)

Nome comum

Diomedeidae Procellariidae

8 21

7 18

Procellariiformes 34
Hydrobatidae Pelecanoididae 4 1 4 1

Albatrozes Pardelas, Bobos, Pomba do Cabo e afins Petris-dastormentas Petris mergulhadores Pingins Rabos-depalha Atobs Pelicanos Bigus Fragatas Ostreiro Maaricos e baturas Maaricos/out. Pernilongos Pomba- antr. Skuas Gaivotas e trinta-ris Talha-mar

Sphenisciformes 4

Spheniscidae Phaethontidae

4 2 4 1 1 3

Pellecaniformes

11

Sulidae Pelecanidae
Phalacrocoracidae

Fregatidae

Charadriformes
Subordem

Haematopodidae 1 Charadriidae 6 Scolopacidae Recurvirostridae Chionididae 40 Stercorariidae Laridae 2 1 1 4 24

Charadii

Charadriformes Subordem Lari

Rynchopidae 1 Total aproximado de espcies no Brasil 89 Obs. Essas famlias + Alcidae (Alcas) = 14 famlias descritas para o mundo.

A FAMLIA DIOMEDEIDAE: (8 sp) Albatrozes


So aves ocenicas de grande porte, na sua maioria do Hemisfrio Sul. Fsseis conhecidos desde o Oligoceno superior na Amrica do Norte (25 milhes de anos), aparentados com os pingins.

Morfologia: A famlia abrange as maiores aves voadoras do mundo;


Diomedea exulans (Albatroz-gigante) pode alcanar at 3,5m de envergadura. Corpo pesado, longas asas rgidas asas, muito estreitas, cujas pontas (penas) jamais se abrem. Bico muito forte, curvado em gancho e composto de mltiplas peas. Cauda muito curta.

Adaptaes especiais: para decolar tm de correr vrios metros na


superfcie da gua. Voam planando, esse tipo de vo se baseia no longo brao com um grande nmero de penas secundrias curtas. Aproveitam-se de correntes atmosfricas, deslocam-se em trajetria ondulante, serpenteando, subindo e descendo transversalmente ao vento. Ps providos de membranas interdigitais.

Alimentao: de pequenos e mdios animais, sobretudo de peixes, lulas e


crustceos, que se aproximam da superfcie; seguem navios para apanhar detritos. Como outros Procellariiformes a metade do contedo estomacal do Albatroz consiste de um lquido oleoso, derivado da comida.

Reproduo: nidificam em grupos de 100 ninhos por hectare, em ilhas


ocenicas afastadas do continente. Os ninhos so construdos no cho ao relento, utilizando uma mistura de barro, capim e musgo na construo dos ninhos. O casal monogmico.

Fases da reproduo -

Estgio pr-ovo: chegada ao ninhal, estabelecimento do territrio,


construo do ninho e cpula (3 semanas)

Perodo de npcias: as aves voltam ao mar para acumular reservas;


macho visita regularmente o ninho ( 20 dias)

Postura e incubao: apenas um ovo com 400 a 500g ou 5% do peso


da fmea. Incubao entre 68 a 79 dias. Revezamento entre sexos na incubao, turnos de 7 dias.

Cria do filhote: o jovem permanece entre 260 a 300 dias sobre os


cuidados dos pais na rea de reproduo.

Obs. Em geral nos albatrozes a durao do perodo reprodutivo 13 meses,


cada casal tm um perodo de repouso sexual de 11 meses. Os jovens atingem a maturidade sexual com 8 a 10 anos de idade.

B FAMLIA PROCELLARIIDAE: (21 sp) Pardelas, Bobos, Pomba-do-cabo e afins.


Aves ocenicas de aspectos e costumes semelhantes aos albatrozes, porm de porte menor. Narinas tubulosas colocadas uma outra junto base do clmen do bico (Tubinares). Por esses tubos corre a secreo de sal feita pela glndula de sal. Bico composto, longo e geralmente fino; patas com trs dedos palmados. Voam rapidamente rente superfcie do mar, planando e batendo as asas.

Alimentao: as pardelas (Pachyptila) vivem do plncton que filtram no


atravs de um sistema de lamelas; sendo o kril o principal alimento. Os furabuxo (Pterodroma) com bico forte de gavio tm o hbito de arrancar pedaos de grandes Cefalpodes ou lulas; tambm alimentam-se associados a outras pardelas. Outros Procellariidae alimentam-se de peixes, outros ainda, como o Pardelo (Macronectes) utiliza animais mortos, ovos e filhotes de aves costeiras como complemento alimentar.

Reproduo: os Procellariidae nidificam em colnias construindo ninhos no


solo ou em tocas. Colocam apenas um ovo, grande e com muita gema. Os Petris que nidificam em tocas so ativos no ninhal apenas durante a noite. A incubao varia entre 43 a 51 dias. Em Puffinus puffinus o ovo pesa 60g, que corresponde a 15% do peso da fmea. O leo estomacal misturado com alimento semidigerido faz com que o filhote de P. puffinus alcana peso de 600g aps 55 a 60 dias no ninho, enquanto o adulto pesa 420g. Aps atingir o peso mximo, o filhote e abandonado pelos pais e completa os ltimos dias de desenvolvimento em jejum no ninho. Durante a fase de abandono o filhote perde 1/3 do seu peso. Os jovens atingem a maturidade sexual com 5 a 6 anos de idade.

Migraes: h em guas brasileiras, representantes dos Procellariiformes


durante todo o ano, em sua maioria indivduos jovens (200 milhas). As migraes anuais, aproveitam os picos de produtividade dos oceanos e o bom tempo ao longo da rota migratria. Nas migraes de milhares de quilmetros sobre o mar, longe de terra firme, as aves sempre encontram o local de reproduo na poca correta.

C FAMLIA HYDROBATIDAE (4 sp) Petris-das-tormentas ou andorinhas-do-mar


A famlia inclu as menores aves da ordem Procellariidae. Tamanho entre 18 a 21cm e peso em torno de 20g. Narinas reunidas num nico tubo nasal. Plumagem preta, com marcas claras na base da cauda e asas. Voam rente ao mar que logo desaparecem atrs das ondas; manobram com os ps pendentes com se andassem sobre a superfcie do mar. Crepusculares e noturnos, como muitos Procellariiformes porm, tambm ativos durante o dia. Durante as tempestades refugiam-se nas baas e at nos portos. A espcie mais comum da famlia a alma-de-mestre (Oceanites oceanicus) com 18cm de comprimento, membranas interdigitais amarelas, o que chama muito a ateno em vo.

Alimentao: Apresentam o hbito de obter alimento no rastro dos navios


em guas turbulentas.

Reproduo: Nidificam ao redor da Terra do Fogo, Ilhas Malvinas e Gergia


do Sul.

D FAMLIA PELECANOIDIDAE (1 sp) Petris-mergulhadores


Aves pequenas 20cm, semelhantes as alcas e papagaios-do-mar. Vivem mais nadando e mergulhando que voando. Nos mergulhos utilizam as asas como remos. O Pelecanoides magellani a nica espcie que ocorre no Brasil. Reproduzem no Sul da Patagnia e no Chile.

2 ORDEM SPHENISCIFORMES (4 sp) pingins


So conhecidas atualmente 18 espcies de pingins agrupados na famlia Spheniscidae. Os registros fsseis estendem-se entre 45 a 55 milhes de anos atrs. Os pingins esto distribudos do Continente Antrtico at as Ilhas Galpagos (entre 35 S a 66 S), formando + de 90% da biomassa da avifauna dessa regio. So aves marinhas especializadas em mergulhar e nadar com membros anteriores modificados em nadadeiras; glndulas nasais bem desenvolvidas para excreo do cloreto de sdio. Vo terra somente durante a reproduo ou quando exaustos, formando grandes colnias conhecidas como pinguineiras. Possuem patas curtas com membrana interdigital entre os dedos, penas semelhantes a escamas. As patas so localizadas na extremidade posterior do corpo, o que facilita a natao e explica a postura tpica dos pingins em terra, com o corpo erguido verticalmente. No litoral Sul do Brasil possvel encontrar 4 espcies: Pingim-demagalhes: Spheniscus magellanicus; Pingim-rei: Aptenodytes patagonicos; Pingim-testa-amarela: Eudyptes chrysolophus e Pingim-de-penacho-

amarelo: Eudyptes chrysocome. Provavelmente esto relacionados com os Procellariiformes, visto que alguns Pingins fsseis apresentavam fossas nasais em forma de tubos. Pingim-de-magalhes: Spheniscus magellanicus a espcie mais comum. Os adultos atingem um comprimento de 71cm, asa entre 18 a 20cm e peso de aproximadamente 4kg.

Alimentao: Utiliza uma grande variedade de presas na sua dieta, sendo


mais comum pequenos peixes como as anchoitas e lulas.

Reproduo: nidifica durante o vero nas costas da Patagnia, das Ilhas


Malvinas e do Chile, em grande e densas colnias. O ninho uma toca em forma de tnel que a ave escava no solo, com uma cmara na extremidade posterior, onde so depositados 2 ovos. A incubao dos ovos, dura em mdia 40 dias. Os ovos e filhotes so predados por gaivotas e skuas, lees marinhos e petrel gigante predam os adultos no mar. Os juvenis migram para o norte e aparecem entre maio a agosto em grande nmero nas guas da plataforma continental sul-brasileira. Acredita-se

que, as guas sul-brasileiras e uruguaias desempenham o papel de escola maternal para os jovens, aps o primeiro ano, os sobrevivem voltam para a Patagnia. Um jovem anilhado em 1971 na localidade de Punta Tombo (Chubut, Argentina) foi encontrado na Barra de Tijucas, RJ (2500 km). Nesse ano foram registrados + 3 recuperaes (Florianpolis, Itapema e Pntano do Sul, SC, julho e agosto), em julho/98 foi encontrado um exemplar na Praia Brava, Itaja, SC, procedente dessa localidade.

3 ORDEM PELECANIFORMES (11 sp) fragatas, bigus e rabos-de-palha

pelicanos, atobs,

Aves marinhas que incluem 5 famlias com representantes no Brasil. Patas totipalmadas com 4 dedos, a maioria so piscvoras. Provavelmente relacionados com os Ciconiiformes.

A Famlia Phaethontidae (2 sp) Rabos-de-palha ou grazinas


Aves marinhas de distribuio restrita ao trpicos, lembram os trinta-ris, com os quais no so aparentados.

Morfologia: Cerca de 1m de comprimento, dos quais 40cm so de cauda.


Ave semelhante a um pombo com as retrizes medianas extremamente longas e finas. Bico forte de cor vermelha ou laranja, com as bordas serrilhadas.

Hbito: Deixam-se cair no mar de altura considervel (= atobs),


mergulhando de 3 a 4m para capturar peixes polvos. Descansam de cauda levantada, pousado sobre a gua.

Reproduo: nidificam em ilhas ocenicas, nas escarpas com fendas.


Incubao 28 dias e permanncia dos filhotes no ninho de 63 dias (Abrolhos, Fernando de Noronha).

B Famlia Sulidae (4 sp) Atobs


Aves marinhas de vasta distribuio. Do porte de gaivota ( 75cm) com asas mais compridas e estreitas. Cauda cuneiforme, grandes membranas natatrias. Bico pontudo e serrilhado; no apresenta narinas externas, exceto

nos embries. Sistema de lacunas pneumticas subcutneas, nas partes inferiores do corpo (Sacos areos na musculatura). Das ocorrem no Brasil, Sula leucogaster ocorre at SC. 4 espcies que

Sula leucogaster atob marrom

Distribuio: vive nos mares tropicais e subtropicais. Santa Catarina o


limite austral de colnias reprodutiva (Ilhas Moleques do Sul). Ao norte, pode ser encontrado at na Flrida.

Alimentao: atobs so excelentes mergulhadores atingindo at 20m de


profundidade. Sua dieta consiste de uma variedade de presas como peixes e lulas.

Reproduo: ao longo do ano so avistados atobs de diferentes idades e


fases do perodo reprodutivo. A maioria dos ninhos com ovos em SC, ocorrem a partir de agosto. Os ninhos so construdos sobre o cho ou vegetao rasteira. Os 2 ovos so incubados por fmea e macho que dura aproximadamente 42 dias. Apenas um filhote sobrevive (ovo de segurana). Os machos adultos diferem das fmeas pelos ps e o bico amarelo-plido (esverdeado) e ao redor dos olhos verde-escuro. As vozes so diferentes entre os sexos. Os jovens apresentam colorao amarrozada com bico acizentado, atingindo a maturidade sexual aos 3 anos de idade.

Predao dos ninhos: ocorre por Larus dominicanus e Coragyps atratus.


Quando perturbados por pessoas, os adultos abandonam o ninho, nessa ocasio ocorre grande predao dos ovos e filhotes.

C - Famlia Pelecanidae (1 sp) Pelicanos


Aves aquticas de grande porte, comprimento em torno de 126 cm e envergadura de 2m. Bico desproporcionalmente longo; bolsa gutural elstica. Os pelicanos como os outros representantes da Ordem apresentam extensas membranas interdigitais que unem os quatro dedos. O Pelicano-pardo (Pelecanus occidentalis) e visitante ocasional do norte do Brasil. Pescam em guas rasas com pequenos mergulhos ou na superfcie; pernoitam empoleirados em manguezais.

D Famlia Phalacrocoracidae: (1 sp) bigus


Aves aquticas do porte de um pato, de vasta distribuio por todo o mundo, inclusive em regies de clima frio. Melhor representado na costa do Pacifico da Amrica do Sul (corrente de Humboldt), so importantes produtores de guano nessas regies. No Brasil existem bigus martimos ou pelgicos.

Morfologia, hbitos: corpo pesado, bico estreito com ponta curva;


plumagem escura (corvos marinhos). Nadam meio submersos com o bico um pouco levantado; so bons mergulhadores utilizando os ps fortes com grandes nadadeiras na locomoo em gua; utilizam a cauda longa e rgida como leme.

Phalacrocorax brasilianus (bigu): nossa espcie com 75cm de


comprimento e peso de 1,3 kg. Preto saco gular amarelo, imaturos de fuligem (pardos). Descansa pousado na beira da gua, sobre rochas, rvores ou estacas. Esticam as asas para secar a plumagem que encharcam totalmente durante o mergulho.

Alimentao: pescam em rios, lagos, esturios e zonas de arrebentao,


so piscvoros, apanham presas variadas como tainhas, bagres e outros peixes, bem como crustceos (camares e siris). Pescam isolados, quando em grupos, bloqueiam passagens de cardumes. No mergulho, podem atingir + de 20m de profundidade com durao de 30 a 45 seg.

Reproduo: nidificam em colnias sobre rvores em matas alagadas, s


vezes conjuntamente com colnias de garas. As fezes cidas destroem rvores mas adubam a gua. Os ovos so incubados por 24 dias. Aps a nidificao ocorrem concentraes grandes em zonas de alimentao.

E Famlia Fregatidae (3 sp) Fragatas, tesoures


Aves marinhas habitantes das ilhas ocenicas tropicais.

Morfologia, hbitos: colorao geral preta, asas extremamente longas,


estreitas e angulosas. Cauda profundamente bifurcada, mostrando uma tesoura em vo; bico plmbeo, longo e curso na ponta. Ps pequenos com reduzidas membranas interdigitais. Macho adulto com plumagem preta-

lustrosa, pode apresentar bolsa gular (inflada), vermelha no perodo reprodutivo. A fmea preta-fosca, peito branco e ps rosados. So consideradas as aves de menor peso por unidade de superfcie de asa. Ossos muito pneumticos, leves e elsticos. Nunca pousam sobre o mar (encharcam-se rapidamente) ou sobre a praia; descansam planando ou pousadas em ilhas; pernoitam empoleiradas ou sobre rochas. No Brasil ocorrem trs espcies: Fragata minor (nidifica na Ilha da Trindade), Fregata ariel (menor sp do gnero, nidifica na Ilha da Trindade e Martim Vaz) e Fregata magnificens (distribui-se pelo Atlntico, nas Amrica do Sul e Central, no Pacfico, da Colmbia a Peru).

Fregata magnificens (tesouro, fragata): comprimento entre 98 a 106cm e


envergadura pode exceder 2m, o peso de apenas 1,5 kg. No Brasil, so encontradas colnias na Bahia, Rio de Janeiro, So Paulo, Paran, Santa Catarina e Fernando de Noronha.

Alimentao: pequenos peixes que sobem a superfcie so capturados com


o bico em vos rasantes, peixes voadores. freqente a pirataria area sobre Atobs, Gaivotas e Trinta-ris. So eficientes para localizar descartes dos arrasteiros, onde utilizam os peixes que flutuam como alimento.

Reproduo: o incio do perodo reprodutivo pode variar entre junho e


agosto. A presena de vrios machos com as bolsas gulares infladas, caracteriza o incio da corte. Os ninhos so construdos sobre arbustos e rvores, constituem-se duma plataforma rudimentar de gravetos que vai sedimentando com acmulo de fezes das aves. Machos e fmeas alternam-se na incubao do nico ovo, como tambm no cuidado do filhote. O tempo de incubao varia entre 45 a 56 dias. A maioria das ecloses ocorre em novembro e dezembro. Os filhotes so nidicolas. Os jovens, apesar estarem aptos ao vo com 4,5 meses de idade, ainda continua recebendo alimento; a fmea pode alimentar o filhote at 9 meses de idade.

Predao dos ovos e filhotes: ocorre pelo urubu-comum, gavies


carrapateiro e caracar. A presena humana causa perturbaes na colnia durante a incubao, fazendo com que as aves abandonem os ninhos para predadores ou outras fragatas.

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Acredita-se que a espcie s nidifique em ilhas elevadas com vegetao arbustiva e arbrea, at em moitas de capim mais elevada. Na Venezuela ocorrem colnias reprodutoras nos manguezais afastados da costa. Em geral, as fmeas nidificam em intervalos de 2 anos devido aos cuidados com o filhote; como se d com grande aves de rapina. OBS. O saco gular = prolongamento dos sacos areos cervicais.

4 ORDEM CHARADRIIFORMES
Aves marinhas agrupadas em 4 famlias com 121 espcies no mundo e duas subordens: Lari (gaivotas, trinta-ris, skuas e talha-mar) e Alcii (alcas). A Subordem Lari constitui o grupo com maior nmero de espcies entre as aves marinhas. Alm das 2 subordens acima citadas, existe a Subordem

Charadrii: maaricos, baturas, ostreiros, pernilongos, pomba-antrtica. A Famlia Stercorariidae (4 sp) (Skuas, gaivotas-rapineiras)
Aves ocenicas e polares aparentadas s gaivotas, tendo em comum, pernas curtas e membrana natatria. So aves cosmopolitas e costumam atacar outras espcies para alimentar-se.

Morfologia e hbitos: de costumes rapineiros, possui bico recurvado,


ranfoteca da maxila composta, unhas longas e pontiagudas; fmeas, geralmente de maior porte. De vo rpido e rente ao mar, apanham animais flutuantes, peixes mortos e detritos, ameaam outras aves marinhas como tritaris, gaivotas e at maaricos. Imaturos das diferentes espcies percorrem regies tropicais, chegando com frequncia s costas sul-americanas; parte deles regressam ptria aps 31 meses de ausncia. Na costa brasileira ocorrem 4 espcies: Catharacta skua (gaivotarapineira-grande), Stercorarius pomarinus (gaivota-rapineira-pomarina),

Stercorarius parasiticus (gaivota-rapineira-comum), Stercorarius longicadus (raba-de-junco-preto). O tamanho dessas espcies varia entre 60 a 41cm. No Brasil podem aparecer subespcies representantes austrais da espcie C. skua (C. s. antarctica, C. s. maccornicki, C. s. lonnbergi e principalmente C. s.

chilensis), quanto boreais (C. s. skua) o que foi comprovado atravs de espcimens anilhados na Antrtica, Tristo da Cunha, Esccia e Islndia. Em

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Santa Catarina So frequentes os avistamentos de exemplares solitrios entre maio a junho; provavelmente oriundos da Patagnia.

B Famlia Laridae (26 sp) gaivotas e trinta-ris


Aves aquticas cosmopolitas e gregrias

Morfologia, identificao: aves de asas longas, pernas curtas e dedos


unidos por membrana interdigital, sexos semelhantes, machos podem ser mais robustos. A plumagem do trinta-ris apresenta duas fases distintas: sexual (cor negra na fronte, de curta durao), invernal ou repouso sexual (mais brancos, bicos e ps descoram-se, semelhante dos imaturos). Os Laridae brasileiros podem ser divididos em 2 grupos: - gaivotas: de cauda arredondada e bico recurvado com trs espcies residentes: Larus dominicanus; L. maculipennis e L. cirrocephalus, trs visitantes setentrionais e um meridional. - trinta-ris: cauda bifurcada (exceto os Anous), asas mais estreitas e bico mais reto, pontiagudo, sendo dirigido para baixo em vo. 11 sp residentes e 8 visitantes.

Alimentao, adaptaes especiais: as gaivotas so onvoras,


alimentando-se de peixes mortos, animais atropelados e depsitos de lixos. Larus maculipennis periodicamente insetvora, L. dominicanus ataca ninhos e filhotes de aves marinhas. Os trinta-ris, em pequenos mergulhos para capturar peixes ou crustceos. Voam vagarosamente em busca de presa, podem pairar peneirando, observando a gua para mergulhar sobre a presa at 1m.

Larus dominicanus: (gaivoto)


Tamanho 58cm. Adulto: bico amarelo com mancha vermelha na ponta da mandbula, patas amarelas claras e lado superior das asas pretas, constituindo o manto negro, resto da plumagem branco. Juvenil: bico e ps cinza-escuro, plumagem bege acinzentado mosqueado de marrom, cauda preta.

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Distribuio: no Atlntico: Espirito Santo at Terra do Fogo; no Pacfico: da


Amrica do Sul. frica e Nova Zelndia.

Reproduo: nidifica no inverno (junho at setembro) em ilhas rochosas,


bem como prximo de desembocaduras de rios e lagoas salobras; nidifica quase que em toda sua rea de distribuio. Os ninhos so construdos no solo, sobre rochedos ou entre a vegetao, geralmente com gramneas. Maioria dos ninhos com 3 ovos. Os filhotes apesar de nidfugos so alimentados pelos pais at comearem a voar. Provavelmente alcanam a maturidade sexual com 4 anos de idade, quando adquirem a plumagem de adultos.

Alimentao: onvora, mas alimenta-se principalmente de peixes e


moluscos, bem com de resto de animais marinhos encontrados na praia; acompanham barcos de pesca para aproveitar os rejeitos da pesca.

Sterna hirundinacea (trinta-ris-de-bico-vermelho) Morfologia e distribuio: 41cm. Espcie marinha meridional e comum,
de bico e ps escarlates, fora da poca de reproduo com fronte branca, so comuns indivduos de testa mesclada; imaturos com partes superiores manchadas de pardo e bico negro. Ocorre da Terra do Fogo Bahia.

Alimentao: pescam em mar aberto, fora da zona de arrebentao, onde


capturam pequenos peixes que formam cardumes na superfcie da gua. Frequentam os descartes da pesca do camaro, utilizando uma variedade de pequenos peixes demersais como alimento.

Reproduo: nidificam no Uruguai e Argentina no vero e nas ilhas


brasileiras (Santa Catarina ao Esprito Santo) durante o inverno. Os ninhos so feitos em depresses na vegetao ou fendas de rochas e apresentam entre 2 a 4 ovos. Os filhotes so nidfugos, devido colorao de sua plumagem, tornam-se muito bem camuflados junto vegetao rasteira. A espcie apresenta o hbito de mudar de local de reproduo de um ano para outro. Em SC, nos anos de 78/79 nidificaram na Ilha Deserta (Arvoredo), Ilhas Moleques do Sul em 81 e 83/84 Ilha de Fora (Laguna). Essa

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alternncia dos stios reprodutivos pode ser decorrente da coleta dos ovos pelos pescadores ou atividade humana na rea de reproduo. Entre o Rio Grande do Sul e provavelmente So Paulo ocorre um mistura das populaes do sul e norte. Essa mistura faz com que ocorram em SC, por ex. exemplares em diferentes fazes do ciclo de vida.

C - Famlia Rynchopidae (1sp) talha-mar


Rynchops niger, 50cm. Lembre uma gaivota, porm com asas mais longas e estreitas; cauda bifurcada. Bico vermelho com a base amarela e ponta preta, comprimido lateralmente, com a mandbula alongada.

Distribuio e habitat: vive em grandes rios e lagos do Brasil; durante as


migraes ocorrem na costa em esturios at a Terra do Fogo e Amrica do Norte, onde ocorre somente no litoral. Aves consideradas cosmopolitas.

Alimentao, hbitos: para pescar voa rente gua mantendo o bico


constantemente aberto, mergulhando 2/3 da mandbula como se cortasse gua, batendo as asas com pouca amplitude para que as pontas no toquem a gua. Dessa forma, encontra pequenos peixes e camares, engolindo a presa em vo.

4.1- Subordem CHARADII (maaricos, baturas, ostreiros, pernilongos) A Famlia Haematopodidae (1sp) ostreiro ou piru-piru
Aves costeiras, bico comprido e forte, achatado lateralmente, utilizado para retirar partes moles dos moluscos de dentro das conchas. A famlia cosmopolita com 1 gnero e 11 espcies. Haematopus palliatus ( piru-piru) a nica espcie que ocorre no Brasil.

B Famlia Charadriidae (vrias espcies) baturas e outros


Aves cosmopolitas, ribeirinhas, freqentadoras de praias costeiras e lacustres. Apresentam bico grosso e mais curto do que a cabea. Dedo posterior (hlux) raramente presente; geralmente so migratrios. Existem descritos 9 gneros e 65 espcies. Algumas espcies que ocorrem no Brasil:

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Pluvialis squatarola, Pluvialis dominica, Charadrius semipalmatus - visitantes da Amrica do Norte; Charadrius collaris e Vanellus chilensis.

C Famlia Scolopacidae (vrias espcies) maaricos e outros


Aves cosmopolitas, ribeirinhas, frequentadoras de praias costeiras e lacustres e campos alagados. Bico de comprimento varivel, s vezes bastante longo. Maioria migrantes do hemisfrio norte. Existem 22 gneros e 88 espcies. Calidris canutus e Calidris fuscicollis so abundantes no Brasil.

D Famlia Recurvirostridae (maarico e pernilongo)


Aves ribeirinhas, freqentadoras de praias costeiras, lagoas e banhados. Com pescoo alongado e pernas muito compridas (16cm, contra 38 cm corpo), bico longo; hlux ausente ou rudimentar. Existem 3 gneros e 7sp. A espcie mais comum no Brasil o pernilongo Himantopus himantopus.

E Famlia Chionididae (1 sp) pomba-antrtica


Aves marinhas, com hbitos terrcolas. Dedos anteriores do ps unidos na base por membrana interdigitais muito curtas. Asas curtas, bico curto, grosso e com pequena carncula. com 1 gnero e 2 sp. A bomba-antrtica (Chionis alba) visitante ocasional da regio sul do Brasil.

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