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APRESENTAO Caro (a) aluno (a), Voc est iniciando seu curso de Portugus no Ensino Mdio, seja bem-vindo

! Queremos caminhar ao seu lado para auxili-lo e juntos fazer descobertas e vencer novos desafios. Sabemos que a Lngua Portuguesa est presente em nosso dia-a-dia, em nossa comunicao, portanto importante que saibamos us-la e interpret-la corretamente para compreendermos melhor o mundo em que vivemos. Pensando nisso que elaboramos 13 mdulos contendo: Literatura Brasileira Leitura e Produo de Texto Estudo da Norma Padro (gramtica) Lembre-se: o seu esforo e a sua dedicao so os fatores mais importantes para o seu desenvolvimento e crescimento pessoal. Desejamos que voc consiga vencer ainda mais facilmente o desafio desse mundo em constante evoluo. Estamos aqui para colaborar com esse desafio. Ento vamos comear ! Boa sorte ! Equipe de Portugus : Cristiane, Ilza, Ivnia, Maura e Sandra.
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INSTRUES

Como estudar Portugus

1. Leia atentamente todos os assuntos dos mdulos; 2. Se houver necessidade, para assimilar melhor o assunto, faa as atividades em seu caderno. NO ESCREVA E NEM RASURE A APOSTILA, pois voc a trocar e outro aluno ir us-la; 3. Depois que voc terminar as atividades, consulte o gabarito de respostas que est no final da apostila. Voc que ir corrigir os exerccios; 4. Consulte o dicionrio quando encontrar desconhecida; uma palavra

5. As redaes devem ser feitas com capricho ! No se esquea de fazer um rascunho antes da redao final. 6. Para se submeter s avaliaes, voc dever apresentar tudo o que foi solicitado, em seu caderno. 7. Sempre que houver dvidas, procure esclarec-las com o professor; 8. Freqente a biblioteca da escola e utilize os recursos que nela esto disponveis.

Bom estudo ! Bom aproveitamento !

MDULOS 01 E 02

NDICE

LITERATURA BRASILEIRA
Linguagem literria (conotao e denotao)......md. 01 Texto literrio e texto no literrio...........................md. 01 Formas literrias (prosa e verso).................................md. 01 Gneros literrios.........................................................md. 02 Movimentos literrios...................................................md. 02

LEITURA E PRODUO DE TEXTO


Prosa e Verso..............................................................md. 01 O Jornal........................................................................md. 02

ESTUDANDO A NORMA PADRO


Figuras de Linguagem ( parte I ).............................md. 01 Figuras de Linguagem ( parte II )...........................md. 02

LINGUAGEM

LITERRIA

I - DENOTAO E CONOTAO
amor. O texto que voc vai ler uma composio musical que tem como tema o

Leia-o e observe como o seu autor, Djavan, elabora seus versos, usando as palavras de um jeito prprio, pessoal, atribuindo-lhes novas significaes.

Texto 1 Faltando um pedao


O amor um grande lao Um passo p'ruma armadilha Um lobo correndo em crculo Pra alimentar a matilha Comparo sua chegada Com a fuga de uma ilha Tanto engorda quanto mata Feito desgosto de filha De filha O amor como um raio Galopando em desafio Abre fendas, cobre vales Revolta as guas dos rios Quem tentar seguir seu rastro Se perder no caminho Na pureza de um limo Ou na solido do espinho O amor e a agonia Cerraram fogo no espao Brigando horas a fio O cio vence o cansao E o corao de quem ama Fica faltando um pedao Que nem a lua minguando Que nem o meu nos teus braos ( Djavan)

Voc observou que, para dar mais expressividade s emoes que quer transmitir, o autor usa algumas palavras com sentido diferente do uso que delas fazemos no cotidiano. Observe: O amor um grande lao. O amor como um raio. Vejamos abaixo no quadro 1, raio, no dicionrio. os significados que podem ter as palavras lao e

Quadro 1

Significado 1 (no dicionrio) Lao - S.m. N que se desata facilmente. Raio - S.m. Descarga eltrica atmosfrica; fasca; corisco.

O significado encontrado no quadro 1, tal qual aparece nos dicionrios, o sentido prprio da palavra que no permite outra interpretao. o caso das frases abaixo. Observe:

A garota usava lao azul prendendo os cabelos louros. O pai de Slvia foi morto por um raio.

Nas frases acima, as palavras lao e raio no possibilitam outra interpretao , outro significado que no seja o do dicionrio. Dizemos que esto sendo empregadas no sentido denotativo. Observe agora, no quadro 2, o significado dessas mesmas palavras, nos versos do compositor.

Quadro 2

Significado 2 (na msica) Lao - Fig. Estratgia para atrair ou enganar. Raio - Fig. Calamidade; algo que destri, causa desgraa, deixa marca, traz aborrecimentos.
Como voc observou, as palavras lao e raio nos versos do Djavan, extrapolam o significado do dicionrio e adquirem, de acordo com o contexto, outras significaes. Portanto no verso: "O amor um grande lao", significa que o amor pode atrair ou enganar; No verso: "O amor como um raio", quer dizer que o amor deixa marcas, traz aborrecimentos. Ento dizemos que as palavras esto sendo empregadas no sentido conotativo. Observe o quadro a seguir:

Denotao Emprego da palavra no seu sentido real, prprio, encontrado no dicionrio; No possibilita dupla interpretao;

Conotao Emprego da palavra com sentido figurado, subjetivo, potico, produzido pelo contexto; Possibilita dupla interpretao; Linguagem utilizada em textos publicitrios, poemas, msicas, etc.

Linguagem mais utilizada em textos cientficos e tcnicos.

Esse modo especial (conotativo) de usar as palavras o que possibilita a multiplicidade de interpretaes e o encantamento dos textos literrios com os quais voc vai estar em contato freqente, ao estudar a literatura brasileira. Para verificar se voc entendeu o que denotao e conotao, faa as atividades a seguir em seu caderno.

ATIVIDADE 1
1. Observe as frases abaixo e assinale as que esto no sentido conotativo. a- ( b- ( c- ( d- ( e- ( f- ( g- ( h- ( i- ( ) ) ) ) ) ) ) ) ) "Sem aviso, o vento vira uma pgina da vida! " "No faa tempestade em copo d' gua" Durante o vero, a tempestade comum. A justia cega. Chapeuzinho Vermelho percorria os bosques at a casa da vovozinha. Nos meus pensamentos, ando perdido nos bosques da minha infncia. "A alma se aquece na chama das cores." "Foi um rio que passou em minha vida e meu corao se deixou levar." Desejo ver a imensido do rio Paran.

Observe atentamente a histria em quadrinhos a seguir:

2. Como voc pde notar, o uso conotativo das palavras pode provocar duplo sentido, como nesta histria em quadrinhos.

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Agora, responda em seu caderno: a) Que palavra da histria em quadrinhos, por ter duplo sentido, provocou o malentendido entre os personagens? b) A palavra "fogo", para o marido, tinha qual significado? c) A palavra "fogo" ouvida pelo personagem pintor teve o mesmo significado que para o marido? Qual foi, para o pintor, o significado dessa palavra? d) Qual dos dois personagens usou a palavra no sentido conotativo?

II - TEXTO LITERRIO X TEXTO NO-LITERRIO

Existem muitas formas de manifestaes artsticas: a msica, a pintura, a dana, a literatura... Cada uma delas tem o seu meio de expresso. A msica se manifesta atravs dos sons; a pintura, atravs das cores; a dana, atravs dos movimentos corporais. A literatura se manifesta atravs da palavra. Todos esses meios de expresso so considerados arte, porque so recriaes que o artista, com sua experincia, transforma em uma outra realidade, a realidade artstica. o caso da literatura. Poemas, contos, novelas, romances so formas especiais de o artista expressar e recriar a vida atravs da palavra.

Literatura, portanto, fico, imaginao, a criao do mundo ficcional, ou seja, um mundo que no existe e que faz parte da fantasia de algum.

Para voc entender bem como ocorre a representao da realidade na literatura, vamos considerar dois textos que tratam do mesmo assunto.

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Texto 1
Executado a tiros Um rapaz conhecido pelo apelido de "Tiquinho", de aproximadamente 20 anos, foi morto a tiros, na noite de ontem, na Vila Osternack, em Curitiba. Ele recebeu um tiro na cabea e dois no peito, dos seis que teriam sido disparados contra ele, segundo testemunhas. O rapaz tem uma guia tatuada nas costas e no portava nenhum documento. Suspeita-se que o motivo do crime tinha sido drogas. Gazeta do Povo, Tera-feira 27 de maro de 2001. "Executado a tiros" uma notcia de jornal. Trata-se portanto, de um texto no-literrio, pois so veiculadas informaes reais sobre um fato ocorrido. H compromissos com a verdade. A linguagem que predomina nesse tipo de texto denotativa (objetiva), pois pela leitura podemos concluir onde, com quem e quando ocorreu o fato, o que permite a comprovao dos acontecimentos.

Texto 2
Quando, seu moo, nasceu meu rebento No era o momento dele rebentar J foi nascendo com cara de fome E eu no tinha nem nome pra lhe dar Como fui levando, no sei lhe explicar Fui assim levando ele a me levar E na sua meninice ele um dia me disse Que chegava l Olha a Olha a Olha a, ai o meu guri, olha a Olha a o meu guri E ele chega Chega suado e veloz do batente E traz sempre um presente pra me encabular Tanta corrente de ouro, seu moo Que haja pescoo pra enfiar Me trouxe uma bolsa j com tudo dentro Chave, caderneta, tero e patu Um leno e uma penca de documentos Pra finalmente eu me identificar, olha a Olha a, a o meu guri, olha a Olha a, o meu guri

MEU GURI

E ele chega Chega no morro com o carregamento Pulseira, cimento, relgio, pneu, gravador Rezo at chegar c no alto Essa onda de assaltos t um horror Eu consolo ele, ele me consola Boto ele no colo pra ele me ninar De repente acordo, olho pro lado E o danado j foi trabalhar, olha a Olha a, ai o meu guri, olha a Olha a, o meu guri E ele chega Chega estampado, manchete, retrato Com venda nos olhos, legenda e as iniciais Eu no entendo essa gente, seu moo Fazendo alvoroo demais O guri no mato, acho que t rindo Acho que t lindo de papo pro ar Desde o comeo, eu no disse, seu moo Ele disse que chegava l Olha a, olha a Olha a, ai o meu guri, olha a Olha a, o meu guri

( Chico Buarque de Hollanda)

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Voc observou, pela leitura do texto 2 "O meu guri" que os fatos narrados partem de um acontecimento da vida real, porm, nesse texto, no h compromisso com a veracidade desses fatos, pois estes so recriados pelo autor atravs de sua imaginao e sensibilidade. Trata-se, portanto, de um texto literrio, pois apresenta uma realidade inventada (mundo imaginrio) em que predomina a subjetividade do autor e o emprego constante da linguagem conotativa (figurada).
Para verificar se voc entendeu o que TEXTO LITERRIO e NO-LITERRIO, resolva as atividades a seguir em seu caderno:

ATIVIDADE

Releia o texto 1 e 2 para responder as seguintes questes: 1. Qual a finalidade do texto "Executado a tiros" ? a- ( ) narrar fatos imaginrios baseados na emoo e subjetividade. b- ( ) transmitir informaes da vida real de modo objetivo e impessoal. 2. No poema "O meu guri" o que predomina : a- ( ) subjetividade, emoo. b-( ) objetividade, informao.

Leia o conto a seguir para responder a questo n 03.

Conto de todas as cores Eu j escrevi um conto azul, vrios at. Mas este um conto de todas as cores. Porque era uma vez um menino azul, uma menina verde, um negrinho dourado e um cachorro com todos os tons e entretons do arco-ris. At que apareceu uma Comisso de Doutores os quais, por mais que esfregassem os nossos quatro amigos, viram que no adiantava. E perguntaram se aquilo era de nascena ou se... Mas ns no nascemos - interrompeu o cachorro. Ns fomos inventados!
Mrio Quintana

3. No conto do escritor Mrio Quintana, predomina a linguagem literria ou a noliterria. Explique sua resposta.

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AS FORMAS LITERRIAS
Como vimos, a obra literria a recriao de uma realidade atravs do trabalho criativo do artista, portanto, criao e representao e pode se apresentar em prosa e verso. Molire, escritor francs, no trecho abaixo, extrado de uma de suas peas teatrais, retrata com humor, o assunto que vamos estudar neste mdulo. Leia-o.

Prosa e Verso
Jourdain Por favor. Alis, eu vou lhe fazer uma confidncia: eu estaria apaixonado por uma pessoa de alto gabarito e desejaria que o senhor me ajudasse a escrever algo num bilhetinho que eu pretenderia deixar cair aos ps dela. Filsofo Est bem. Jourdain Vai ser o mximo da galanteria, no? Filsofo em verso que lhe quer escrever Vossa Excelncia? Jourdain No, no! Nada de versos! Filsofo S em prosa? Jourdain No! No quero nem em verso nem em prosa. Filsofo Temo que s possa ser de uma maneira ou de outra. Jourdain Por qu? Filsofo Pela simples razo de que s podemos nos exprimir em prosa ou em verso. Jourdain S tem prosa e verso? Filsofo Exato. Tudo que no prosa, verso; e tudo que no verso, prosa. Jourdain E quando a gente fala, o que que ? Filsofo prosa. Jourdain O qu? Quando eu digo: "Nicole, traga meus chinelos e me d minha touca", isto prosa? Filsofo Sim, Excelncia. Jourdain Puxa vida! H mais de quarenta anos que eu falo em prosa e no sabia. Fico agradecidssimo por ter me ensinado isto. Molire

Pela leitura do dilogo acima , voc percebeu que o personagem Jourdain precisou de ajuda para saber que havia sempre falado em prosa. E j que estamos falando sobre prosa e verso, vamos entender o que isso significa.

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I PROSA
Mas, como reconhecer um texto em prosa? fcil! Sempre que escrevemos um bilhete, uma carta, contamos histrias, damos nossa opinio sobre algum assunto, estamos usando como forma de linguagem a prosa. O que identifica o texto em prosa a sua diviso em pargrafos e o aproveitamento contnuo da linha at o seu final. Voc sabe o que pargrafo?

Pargrafo uma frase, ou uma reunio de frases, que contm uma informao principal (idia mais importante) combinada, em geral, com outras informaes secundrias (idias menos importantes). Cada pargrafo inicia-se com um pequeno afastamento da margem esquerda.
Para exemplificar essa forma de linguagem vamos ler o texto abaixo.

Texto 1 Para que ningum a quisesse


Porque os homens olhavam demais para a sua mulher, mandou que descesse a bainha dos vestidos e parasse de se pintar. Apesar disso, sua beleza chamava a ateno, e ele foi obrigado a exigir que eliminasse os decotes, jogasse fora os sapatos de salto altos. Dos armrios tirou as roupas de seda, da gaveta tirou todas as jias. E vendo que, ainda assim um ou outro olhar viril se acendia passagem dela, pegou a tesoura e tosquiou-lhe os longos cabelos. Agora podia viver descansado. Ningum a olhava duas vezes, homem nenhum se interessava por ela. Esquiva como um gato, no mais atravessava praas. E evitava sair. To esquiva se fez, que ele foi deixando de ocupar-se dela, permitindo que flusse em silncio pelos cmodos, mimetizada com os mveis e as sombras. Uma fina saudade, porm, comeou a alinhar-se em seus dias. No saudade da mulher. Mas do desejo inflamado que tivera por ela. Ento lhe trouxe um batom. No outro dia um corte de seda. noite, tirou do bolso uma rosa de cetim para enfeitar-lhe o que restava dos cabelos. Mas ela tinha desaprendido a gostar dessas coisas, nem pensava mais em lhe agradar. Largou o tecido numa gaveta, esqueceu o batom. E continuou andando pela casa de vestido de chita, enquanto a rosa desbotava sobre a cmoda.
COLASANTI, Marina

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Observe que o texto foi escrito em seis pargrafos e, em cada um deles a autora apresentou um idia nova. No primeiro pargrafo, o marido, temendo que sua mulher fosse desejada por outros homens, retirou dela tudo o que a tornava bonita e desejada. No segundo pargrafo, a mulher j ficava satisfeito. no saa rua e assim, o marido

No terceiro pargrafo, o marido no a percebia mais. Ela tornou-se, para ele, parte dos mveis da casa. No quarto pargrafo, o marido passou a ter saudade da mulher de outrora: bonita e desejada. No quinto pargrafo, ele quis recuperar a relao anterior, devolvendo a ela o que lhe havia tirado. No sexto pargrafo, j no adiantava mais mud-la, pois se adaptava vida sem luxo, sem prazeres, enfim, sem vaidade.

II - VERSO

Como so os textos em verso? Reconhecemos um texto em verso pela sua apresentao. O eu-potico (voz que fala no poema) nos passa suas emoes em versos que podero estar organizados em estrofes ou no.

Verso cada linha do poema. Estrofe cada bloco de versos.

As linhas dos textos em versos no ocupam toda a extenso da pgina. Encontramos belos poemas que foram compostos para serem cantados. Entre muitos, vamos destacar uma cano dos compositores: Garoto, Vincius de Moraes e Chico Buarque - "Gente Humilde".

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Gente Humilde
Tem certos dias Em que eu penso em minha gente E sinto assim Todo o meu peito se apertar Porque parece Que acontece de repente Como um desejo de eu viver Sem me notar Igual a como Quando eu passo no subrbio Eu muito bem Vindo de trem de algum lugar E a me d Como uma inveja dessa gente Que vai em frente Sem nem ter com quem contar

So casas simples Com cadeiras na calada E na fachada Escrito em cima que um lar Pela varanda Flores tristes e baldias Como a alegria Que no tem onde encostar E a me d uma tristeza No meu peito Feito um despeito De eu no ter como lutar E eu que no creio Peo a Deus por minha gente gente humilde Que vontade de chorar.

Rimas so palavras com combinaes sonoras (que tm o mesmo som), palavras idnticas ou semelhantes que normalmente esto no final dos versos.

Voc percebe que se trata de um texto em verso, devido disposio das palavras. Nesse poema (cano) h 32 versos, os quais esto agrupados, formando 8 estrofes. Num texto em versos tambm aparecem rimas. Voc sabe o que rima ?

Observe a rima nos versos abaixo: Todo meu peito se apertar Sem se notar Vindo de trem de algum lugar Sem nem ter com quem contar 17

Para verificar se voc entendeu o que PROSA e VERSO, resolva as questes a seguir em seu caderno.

ATIVIDADE 3

Rua dos Cataventos II


Dorme, ruazinha... tudo escuro... E os meus passos, quem que pode ouvi-los? Dorme o teu sono sossegado e puro, Com teus lampies, com teus jardins tranqilos Dorme... No h ladres, eu te asseguro... Nem guardas para acaso persegui-los... Na noite alta, como sobre um muro, As estrelinhas cantam como grilos... O vento est dormindo na calada, O vento enovelou-se como um co... Dorme, ruazinha... No h nada... S os meus passos... Mas to leves so Que at parecem, pela madrugada, Os da minha futura assombrao...
QUINTANA, Mrio.

Antes de responder s questes propostas vamos estudar sobre soneto. Voc sabe o que um Soneto?

SONETO: uma composio potica de forma fixa, composta por dois quartetos (duas estrofes de quatro versos) e dois tercetos (duas estrofes de trs versos). Geralmente, os versos dos sonetos possuem rima e o mesmo nmero de slabas. Por isso, esse tipo de composio potica apresenta muita musicalidade, ritmo.

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1. O poema de Mrio Quintana um soneto porque: a- ( b- ( c- ( ) constitudo por 4 tercetos. ) constitudo por 1 quarteto e 3 tercetos. ) constitudo por 2 quartetos e 2 tercetos.

2. O poema apresenta: a- ( b- ( c- ( ) 4 versos e 4 estrofes. ) 14 versos e 4 estrofes. ) 14 estrofes e 4 versos.

3. Encontre e transcreva do poema trs pares de rima.

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VERSO E PROSA (PARTE I)


Como j vimos, a obra literria pode se apresentar em prosa e verso. Para esta atividade, se necessrio, relembre as leituras feitas no incio deste mdulo e seguindo as propostas abaixo, produza o seu prprio texto.

ATIVIDADE 4

1. Escreva em seu caderno, em prosa ou verso, um texto que fale de suas lembranas ou de um acontecimento que tenha despertado em voc alguma emoo. PROPOSTA 1 Escreva de 15 a 25 linhas, se optar por um texto em prosa. PROPOSTA 2 Escreva at 4 estrofes, se optar por um texto em verso.

ATENO: Esse trabalho valer ponto e dever ser entregue em folha avulsa s professoras.

Dica importante:

Antes de comear seu texto, j tenha em mente toda a histria, sabendo inclusive como finaliz-la. No se esquea de fazer um rascunho antes de passar a redao

final.

Boa Sorte !

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FIGURAS DE LINGUAGEM (PARTE I)

No incio deste mdulo, voc aprendeu a diferena entre conotao e denotao. Agora, vamos aprofundar esse conhecimento e estudar o uso da conotao (linguagem figurada) como recurso expressivo da linguagem. Antes de comearmos este assunto, leia atentamente o poema a seguir:

INUTILIDADES
Ningum coa as costas da cadeira. Ningum chupa a manga da camisa. O piano jamais abana a cauda. Tem asa, porm no voa, a xcara. De que serve o p da mesa se no anda? E a boca da cala se no fala nunca? Nem sempre o boto est na sua casa. O dente de alho no morde coisa alguma. Ah! se trotassem os cavalos do motor... Ah! se fosse de circo o macaco do carro... Ento a menina dos olhos comeria at bolo esportivo e bala de revlver. Jos Paulo Paes O autor Jos Paulo Paes, ao escrever esse poema usou uma figura de linguagem.

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Figuras de linguagem so recursos especiais utilizados por quem fala ou escreve, para dar maior expressividade, fora, intensidade ou beleza comunicao. O que se pretende, quando se usa a linguagem figurada, fazer com que as pessoas se surpreendam, sensibilizem-se e, assim, fiquem mais atentas ao que est sendo falado ou escrito. A utilizao da linguagem figurada no um privilgio dos grandes escritores. Todos ns fazemos uso desse tipo de linguagem. Estudaremos, agora, algumas dessas figuras de linguagem. METFORA
Observe a msica a seguir:

Seus olhos (Zez di Camargo)


Seus olhos so dois faris na noite Rasgando a escurido da neblina So duas luas no horizonte Da minha vida, da minha vida Seus olhos so dois raios de luz Mostrando a direo, a sada So duas velas iluminando minha vida A minha vida, a minha vida Seu olhar uma chuva de estrelas Caindo sobre mim um rio desaguando em correntezas Paixo que no tem fim. Nos versos da msica, Zez di Camargo, faz comparaes indiretas ao dizer que seus olhos so dois faris na noite, seus olhos so dois raios de luz, seu olhar uma chuva de estrelas. Ao fazer essas comparaes ele usa a metfora.

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Portanto, METFORA uma comparao indireta (subentendida) que se estabelece entre duas coisas que julgamos semelhantes.
Agora que voc aprendeu o que metfora, veja outros exemplos: noite, as ruas da vila so um deserto. Amor fogo que arde sem se ver. Amar um deserto. E seus temores, Vida que vai da sela Dessas dores.

METONMIA

Os compositores Chico Buarque e Francis Hime fizeram uma msica chamada Trocando em Midos, cujo tema o fim de um relacionamento amoroso e separao do casal. Nela h o seguinte trecho: Devolva o Neruda que voc me tomou e nunca leu. O verso se refere a um livro que um dos amantes pegou do outro e nem chegou a ler. Mas Neruda (Pablo Neruda, escritor chileno) no o nome do livro e sim do autor do livro. Observamos, portanto, que os compositores substituram livro de Neruda pelo prprio nome do autor. Essa troca foi possvel porque entre as palavras existe uma relao que possibilita a substituio. Chico Buarque e Francis Hime fizeram uso de uma figura chamada metonmia.

Portanto, METONMIA a substituio de uma palavra por outra, devido proximidade de idias que elas expressam.

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Veja outros exemplos de metonmia: O estdio aplaudiu o jogador. Estdio est substituindo torcedor (a troca foi possvel porque o estdio contm os torcedores). Tudo que ele tem foi conquistado com seu prprio suor. Suor est substituindo trabalho (a troca foi possvel porque o suor a conseqncia do trabalho). No alto da torre, o bronze soava melancolicamente. Bronze est substituindo sino (a troca foi possvel porque bronze o material de que feito o sino).

ALITERAO

Observe o seguinte trecho: Ele, assim como veio, partiu no se sabe pra onde E deixou minha me com o olhar cada dia mais longe Esperando, parada pregada na pedra do porto Com seu nico velho vestido cada dia mais curto...

(Verso de Chico Buarque de Hollanda)


Voc percebeu que algumas das palavras que o poeta usou para compor o 3 verso apresenta a mesma consoante (a letra P). Leia novamente o trecho e procure observar como a repetio do som da letra P reala a musicalidade do verso. A essa figura d-se o nome de aliterao.

Ento, ALITERAO a repetio de sons consonantais.


Veja outros exemplos de aliterao: Rara, rubra, risonha, rgua rosa. A fria, fluente, frouxa claridade flutua.

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CATACRESE

Leia o trecho a seguir: De que serve o p da mesa se no anda? E a boca da cala se no fala? Como voc pode notar, usou-se a palavra p para indicar uma parte da mesa. Na verdade, mesa no tem p, que parte do corpo dos seres humanos. No entanto, atravs de uma semelhana, e por no haver uma palavra mais adequada, d-se o nome de p parte da mesa que a apoia no cho. A esse tipo de uso figurado da linguagem d-se o nome de catacrese.

Portanto, CATACRESE o emprego de um termo figurado por falta de palavra mais apropriada.
Agora veja mais alguns exemplos de catacrese: Bico da chaleira Orelha de livro Brao de mar Batata da perna

PLEONASMO
Leia o seguinte trecho: Quando hoje acordei, ainda fazia escuro (Embora a manh j estivesse avanada) Chovia Chovia uma triste chuva de resignao Como contraste e consolo ao calor tempestuoso da noite.
(Manuel Bandeira)

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Vamos voltar ao 4 verso: Chovia uma triste chuva de resignao. Voc reparou que o autor, ao usar a palavra chuva, repete a idia j contida no verbo chover (chovia chuva). A essa repetio de idia d-se o nome de pleonasmo.

Ento, PLEONASMO a repetio da mesma idia, para reforar o pensamento.


Outros exemplos de pleonasmo: Escrevi com estas mos a carta que nos separou. Vi com os prprios olhos, aquele terrvel acontecimento.

ATENO: O pleonasmo torna-se ERRO quando a repetio da idia desnecessria, como nos casos a seguir: Cair um tombo. Entrar para dentro. Subir para cima. Descer para baixo. Colherinha pequena. Menino homem. Portanto, nesses casos, evite o uso dessas repeties. Agora que voc j sabe sobre figuras de linguagem, resolva os exerccios a seguir em seu caderno:

ATIVIDADE

1. a) b) c) d) e) 2.

Classifique as figuras em metfora, metonmia, aliterao, catacrese e pleonasmo: Ele sempre viveu uma vida folgada. Seus olhos eram uma brasa. Os braos da poltrona precisam ser reformados. Na messe, que enlouquece, estremesse a quermesse. O Brasil gosta de samba. Marque a opo em que h metfora:

a) Minha vida uma colcha de retalhos, todas da mesma cor. b) Trata-se de uma pessoa que falta sempre com a verdade. c) Cada qual procura cuidar de si mesmo. 28

3 - Assinale a figura de linguagem existente no perodo: Quando com os olhos eu quis ver o incndio, desmaiei. a) b) c) d) metfora metonmia pleonasmo

catacrese

4 - Observe o verso: A gente almoa e se coa e se roa e s se vicia. (Chico Buarque) Que figura usada nesse verso? 5 - Assinale as frases onde so usadas metonmias: a) b) c) d) Quando pequena, lia Monteiro Lobato. Morreu de morte muito lenta. A terra inteira lamentou a catstrofe. Meu corao um balde despejado.

Parabns voc terminou o 1 mdulo !!! Agora, prepareprepare-se para a prova e boa sorte !!!

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MDULO 2 - GNEROS LITERRIOS


Vimos anteriormente que, quanto forma, um texto literrio pode ser escrito em verso ou em prosa. Alm dessa diviso, veremos outra classificao: gneros literrios. A expresso gnero literrio refere-se ao conjunto de caractersticas que possibilita classificar uma obra literria, considerando a maneira como os assuntos so abordados no texto, independentemente de serem escritos em prosa ou verso. Atualmente, os gneros literrios dividem-se em : gnero lrico, gnero narrativo e gnero dramtico. Vejamos as caractersticas de cada um deles lendo atentamente os textos a seguir.

TEXTO 1

"A

ADEUS, MEUS SONHOS !


deus, meus sonhos, eu pranteio e morro ! No levo da existncia uma saudade ! E a tanta vida que meu peito enchia Morreu na minha mocidade ! (...) Que me resta, meu Deus? Morra comigo A estrela de meus cndidos amores J que no levo no meu peito morto Um punhado sequer de murchas flores ! "

AZEVEDO, ''Alvares de. Lira dos Vinte anos. So Paulo: FTD, 1994.

O poema " Adeus , meus sonhos! " pertence ao gnero lrico, pois trata-se de uma composio em versos, em que predomina a subjetividade, os sentimentos, as emoes do poeta. O "eu" que fala no poema no pode ser confundido com a pessoa fsica do poeta. Ele a voz do poema e chamado de eu-lrico ou eu-potico. Os temas abordados na poesia lrica so: o amor, a morte, a saudade, o amor ptria, os desenganos, a esperana. Temas que retratam os sentimentos ntimos e as emoes do estado de alma do homem.

Observao: A poesia lrica recebe esse nome porque na Grcia antiga, de onde se originou, era cantada com acompanhamento de uma lira, instrumento musical de cordas.

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TEXTO 2
A INCAPACIDADE DE SER VERDADEIRO
Paulo tinha fama de mentiroso. Um dia chegou em casa dizendo que vira no campo dois drages-da-independncia cuspindo fogo e lendo fotonovelas. A me botou-o de castigo, mas na semana seguinte ele veio contando que cara no ptio da escola um pedao de lua, todo cheio de buraquinhos, feito de queijo, e ele provou que tinha gosto de queijo. Desta vez Paulo no s ficou sem sobremesa como foi proibido de jogar futebol durante 15 dias. Quando o menino voltou falando que todas as borboletas da Terra passaram pela chcara de Sinh Epdia e queriam formar um tapete voador para transport-lo ao stimo cu, a me decidiu lev-lo ao mdico. Aps o exame, o doutor Epaminondas abanou a cabea : __ No h nada a fazer, dona Col. Este menino mesmo um caso de poesia.
ANDRADE, Carlos Drummond

O texto "A incapacidade de ser verdadeiro ", pertence ao gnero narrativo, pois est escrito em prosa, forma mais comum de apresentao desse tipo de texto. H tambm a presena de um narrador (pessoa que conta a histria) e personagens que agem num determinado tempo e espao.

TEXTO 3 No
Fregus Garom Fregus Garom Fregus Garom Fregus Garom Fregus Garom Fregus Garom

botequim

Garom, por favor. Eu queria um caf com leite e uma rosquinha. O senhor vai me desculpar mas no tem mais rosquinha. Ah! No tem rosquinha? No senhor. No faz mal. Ento me d s um cafezinho simples. Isso. S um cafezinho. (pausa) Com uma rosquinha. - Eu acho que no me expliquei direito. Eu falei pro senhor que no tem mais rosquinha. Acabou toda rosquinha. - Ah! bom. Se assim, muda tudo. Acabou a rosquinha? - Acabou, sim senhor. - Ento me traz um copinho de leite. Leite tem? - Tem, sim senhor. - Beleza. Me traz um copo de leite. Com uma rosquinha. - Eu disse que no tem mais rosquinha! Torrada tem, rosquinha no tem ! H trs anos que no tem rosquinha! (...)
J Soares, Veja, 8 abr. 1992.

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O texto "No botequim", pertence ao gnero dramtico, pois est organizado para ser encenado. Nele, h uma histria, mas no h um narrador para cont-la. As aes dos personagens so interpretadas pelos atores e o espao representado pelo cenrio. Neste gnero esto presentes a linguagem verbal (fala do personagem) e a linguagem no verbal (gestos, expresses faciais e corporais).

Revisamdo

Gnero lrico: poemas, poesias lricas, cantos ... Gnero narrativo: contos, romances, histrias, narrativas, novelas... Gnero dramtico: teatros, tragdias, comdias, peras...

Para verificar se voc entendeu sobre Gneros Literrios resolva os exerccios a seguir em seu caderno :

ATIVIDADE 1

Leia os textos a seguir, identifique o gnero literrio a que eles pertencem e justifique sua resposta. a) Chiquinha - Ser possvel ? Faustino - Mais que possvel, possibilssimo ! Chiquinha - Oh! Est me enganando ... E o seu amor por Maricota? Faustino - Maricota trouxe o inferno para minha alma, se que no levou a minha alma para o inferno ! O meu amor por ela foi-se , voou, extinguiu-se como um foguete de lgrimas ! (...) (Martins Pena) 33

b) Luar do serto No h, gente , no Luar como este do serto que saudades do luar da minha terra L na serra prateando folhas secas pelo cho Esse luar c da cidade, to escuro No tem aquela saudade do luar do meu serto (...) c) A mudana O homem voltou terra natal e achou tudo mudado. At a igreja mudara de lugar. Os moradores pareciam ter trocado de nacionalidade, falavam uma lngua incompreensvel. O clima tambm era diferente (...) (Carlos Drummond de Andrade)

MOVIMENTOS LITERRIOS

I - ESTILO INDIVIDUAL E ESTILO DE POCA


Para comearmos esse assunto, leia com ateno os textos a seguir:

Texto 1 Poema do nadador


Jorge de Lima A gua falsa, a gua boa. Nada, nadador ! A gua mansa, a gua doida, aqui fria , ali morna, a gua fmea. Nada, nadador ! A gua sobe, a gua desce, A gua mansa, a gua doida. Nada, nadador! A gua te lambe, a gua te abraa, A gua te leva, gua te mata. Nada, nadador. Seno, que restar de ti, nadador?

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Texto 2 Nadador

Fernando Paixo No semicrculo do ar A mo clareia Asa extenuada Projeta-se ao fim. Msculos tocam o arco do dia Sugam a derradeira fora De penetrar no meio Escuro Dentro da gua Cncavo da noite: O crculo puro.

Como voc deve ter notado, apesar de apresentarem um assunto semelhante e de terem sido escritos na mesma lngua, os dois textos acima, so muito diferentes. Primeiro porque cada autor tem uma viso especfica de mundo; segundo, porque cada um emprega a lngua portuguesa de modo particular, individual, o que determina que uma obra apresente caractersticas diferentes da obra de outro autor. A essas diferenas d-se o nome de estilo.

Estilo individual o conjunto de caractersticas que permitem identificar a maneira prpria de cada indivduo se expressar.
Todo estilo individual sofre influncia do momento histrico em que o indivduo vive ou viveu. possvel por isso identificar caractersticas semelhantes em obras produzidas em uma mesma poca por diferentes indivduos. o que se chama estilo de poca.

Estilo de poca o estilo que predomina nas manifestaes culturais de determinada poca.
As caractersticas que definem esse estilo podem ser observadas no comportamento, na moda, nos costumes e na arte de uma poca.

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II - PERODOS LITERRIOS

Como vimos anteriormente, estilo de poca o estilo que predomina nas manifestaes culturais de uma determinada poca. Com base nesses estilos, os estudiosos fizeram uma diviso histrico-esttica da literatura brasileira, estabelecendo os chamados PERODOS LITERRIOS.

Perodo literrio cada segmento determinado de uma poca em que predominou um estilo literrio.

Cada um desses perodos recebe um nome: Barroco, Arcadismo, Romantismo, etc. Veja a diviso desses perodos literrios no quadro a seguir:

1601 - 1768 1768 - 1836 1836 - 1881 1881 - 1893

Barroco Arcadismo Romantismo Realismo Naturalismo Parnasianismo

1893 - 1902 Simbolismo 1902 - 1922 Pr-Modernismo 1922 at nossos dias Modernismo

ATIVIDADE

1. Quais so os gneros literrios ? 2. Explique a diferena entre estilo individual e estilo de poca. 3. A literatura brasileira comea no perodo Barroco. Que outros perodos temos depois deste?

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JORNAL

APRESENTAO
O mundo atual muda a cada instante. Para entend-lo melhor, necessrio estar bem-informado. O jornal, o rdio e a televiso constituem as fontes mais importantes de veiculao de informao. Alm das notcias, esses veculos trazem comentrios e anlises sobre os acontecimentos responsveis pela feio do nosso mundo, sem contar os servios que prestam: roteiros, chamadas para espetculos, anncios de emprego, previso do tempo, etc. A leitura do jornal e o acompanhamento crtico do rdio e da televiso ajudam voc a pensar e a entender o que se passa a sua volta. Esperamos que, bem informado, voc possa participar mais ativamente das decises que cabem aos cidados de um pas democrtico. A seguir, estudaremos um importante veculo de informao: o jornal.

primeira pgina do jornal

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Voc observou que na primeira pgina de cada um desses jornais h uma notcia com o ttulo escrito em letras bem grandes? a manchete, ttulo da notcia considerada mais importante do dia. A manchete ocupa sempre um espao considervel na primeira pgina de um jornal. Veja no exemplo abaixo as outras partes que costumam aparecer nos jornais de grande circulao, quer dizer, jornais lidos por um grande nmero de pessoas em todo pas.

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ATIVIDADE 3
Agora, responda em seu caderno os exerccios a seguir: 1. Publica-se algum jornal em sua cidade ? Ele um jornal dirio, semanal ou mensal ? Que partes aparecem na primeira pgina desse jornal ? 2. Recorte de um jornal e cole em seu caderno duas manchetes que voc considera interessante.

notcia

Notcia a narrativa de um acontecimento atual. Para que um acontecimento se transforme em notcia, necessrio que ele seja interessante e tenha importncia para o pblico. Isso quer dizer que nem tudo o que acontece pode virar notcia. Vamos imaginar a seguinte situao: um avio pequeno faz uma viagem entre duas cidades brasileiras. A viagem transcorre absolutamente tranqila, sem qualquer problema. Ora, isso acontece centena de vezes por dia. Essas viagens no se transformam em notcia. Agora, se logo no incio de uma dessas viagens um avio apresenta qualquer problema e cai, eis um fato que certamente se transformar em notcia.

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As notcias dos jornais podem ser classificadas em: a) internacionais - so aquelas que envolvem o exterior, ou outros pases e o Brasil. b) nacionais - so aquelas que envolvem s o Brasil e que tm interesse para um grande nmero de pessoas, independentemente da regio em que elas residem. c) regionais ou locais - so aquelas que envolvem uma regio, um estado ou uma cidade, apresentando maior interesse para as pessoas que moram nessa regio , estado ou cidade. Observe os exemplos:

ATIVIDADE

Agora, responda em seu caderno os exerccios a seguir: 1. Quais dos fatos seguintes voc acha que dariam notcia ? a. b. c. d. e. ( ( ( ( ( ) ) ) ) ) Cachorro mordeu um homem. Homem mordeu um cachorro. Joaquim foi aprovado da 6 srie. Joaquim ganhou medalha de ouro na Olimpada. Dinheiro pblico paga presente da esposa do prefeito.

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2. Leia o texto seguinte. O fato relatado no suficientemente interessante para se transformar em notcia:

Cinco crianas, com idade variando de 8 a 13 anos, formaram um grupo que saiu ontem de manh para um piquenique na mata de So Mateus, regio de floresta na serra de Cantagalo. As crianas levaram lanches e bebidas. Ficaram o dia todo no mato e tarde retornaram s suas casas. Foi um belo passeio.

Seu trabalho reescrever o texto, acrescentando a ele um fato que possa transform-lo em notcia.

3. Recorte de um jornal e cole em seu caderno uma notcia REGIONAL, NACIONAL E INTERNACIONAL.

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FIGURAS

DE

LINGUAGEM

( PARTE II )

No mdulo 1, voc estudou sobre figuras de linguagem e ficou conhecendo algumas delas, tais como: metfora, metonmia, aliterao, catacrese e pleonasmo. Nesta unidade, daremos continuao a esse assunto e estudaremos, agora, outras figuras de linguagem. Veja as figuras a seguir:

Como voc pde notar, nessas figuras aparecem palavras que representam sons. Veja que no 1 quadrinho a palavra "ATCHIM" representa o som do espirro do personagem Casco, no 2 quadrinho a palavra "BU" usada para representar o choro do homem, e no 3 quadrinho a palavra "PAF" representa o som de um tapa; portanto nesses trs exemplos foi utilizada uma figura de linguagem chamada onomatopia.

ONOMATOPIA a representao de sons, rudos ou da voz natural dos seres, atravs de palavras escritas.
Veja outro exemplo de onomatopia: " Em cima do telhado, Pirulin lulin lulin, Um anjo todo molhado Solua no seu flautim." (Mrio Quintana)

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ANTTESE
Observe com ateno o texto a seguir:

Orao de So Francisco
Fazei de mim um instrumento De vossa paz ! Onde houver dio, que eu leve o amor, Onde houver ofensa, Que eu leve o perdo; Onde houver discrdia, Que eu leve a unio; Onde houver dvida, que eu leve a f; Onde houver desespero, Que eu leve a esperana; Onde houver tristeza, que eu leve a alegria; Onde houver trevas que eu leve a luz ! Voc observou que a orao de So Francisco foi construda com palavras ou idias que so extremamentes opostas: dio / amor; ofensa/perdo; discrdia / unio; dvida / f; tristeza / alegria; trevas / luz. A esse recurso de oposio d-se o nome de anttese.

Senhor,

Portanto, ANTTESE consiste no uso de palavras (ou expresses) de sentidos opostos com a inteno de realar a fora expressiva de cada uma delas.

Veja outro exemplo de anttese: " Quem morre vai descansar na paz de Deus Quem vive arrastado pela guerra de Deus. "
(Carlos Drummond de Andrade)

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EUFEMISMO

Leia com ateno: " Estavas bem mudado Como se tivesses posto aquelas barbas brancas Para entrar com maior decoro a Eternidade. (...) Levamos-te cansado ao teu ltimo endereo Vi com prazer Que um dia afinal seremos vizinhos Conversaremos longamente De sepultura a sepultura No silncio das madrugadas. "
(Manuel Bandeira)

No poema o trecho, "ltimo endereo" tem o significado de sepultura, tmulo, cemitrio (que , sem dvida, o ltimo endereo de todos ns). Observe que a idia de morte aparece logo no 3 verso: " entrar a Eternidade" e se refora nos versos: " um dia afinal seremos vizinhos / Conversaremos longamente / De sepultura a sepultura ". Fica claro, ento, que o poeta est falando da morte de um amigo, porm, de uma forma suave, menos chocante e dolorosa. A essa figura de linguagem d-se o nome de eufemismo.

EUFEMISMO menos chocante transmitir.

usado quando queremos suavizar, tornar as mensagens desagradveis que devemos

Veja outros exemplos de eufemismo: Foi numa tarde de inverno que meu melhor amigo foi visitar os campos santos. (O amigo morreu) Voc no est falando a verdade. (Voc mentiroso)

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HIPRBOLE
Leia o seguinte trecho: " Nos tempos de meu Pai, sob estes galhos, Como uma vela fnebre de cera, Chorei bilhes de vezes com a canseira De inexorabilssimos trabalhos ! "
(Augusto dos Anjos)

Note que, no 3 verso, o poeta exagera intencionalmente o nmero de vezes que chorou : "bilhes de vezes". Se considerado sob o ponto de vista racional esse nmero absurdo. No entanto, ao exagerar, o escritor pretendeu reforar o verso e, assim, sensibilizar o leitor para o sofrimento pelo qual passou. A essa figura de linguagem d-se o nome de hiprbole.

HIPRBOLE um exagero intencional com a finalidade de impressionar o leitor ou o ouvinte.


Veja outros exemplos de hiprbole: Lavei uma montanha de roupas. Morro de cime de voc.

PROSOPOPIA OU PERSONIFICAO
Leia com ateno: " rvores encalhadas pedem socorro Mata-paus vou bem-de-sade se abraam O cu tapa o rosto Chove... chove... chove...
(Raul Bopp)

Nesse trecho, Raul Bopp, ao descrever uma enchente, atribui a seres irracionais caractersticas prprias de seres humanos: 47

Observe: " rvores" pedem socorro. "mata-paus " (um tipo de parasita) se abraam. "o cu " tapa o rosto. Atravs desse recurso , o poeta transforma as plantas, os bichos e o cu em pessoas. A essa figura d-se o nome de prosopopia ou personificao.

PROSOPOPIA OU PERSONIFICAO consiste em atribuir caractersticas ou sentimentos prprios do ser humano, a seres inanimados (sem vida) ou irracionais.
Veja outro exemplo de prosopopia: " Dona Cmoda tem trs gavetas. E um ar de senhora rica. Nas gavetas guarda coisas de outros tempos, s para si. Foi sempre assim, dona Cmoda: gorda, fechada e egosta. " (Mrio Quintana) Para verificar seu aprendizado exerccios a seguir em seu caderno: sobre figuras de linguagem, resolva os

ATIVIDADE 5

1. Em "Para ele, por exemplo, o socialismo bom e o capitalismo mau ", qual foi a figura de linguagem usada pelo autor: a) metfora b) hiprbato c) anttese d) prosopopia

2. Que figura de linguagem usada nesta frase: "Naquela terrvel luta, adormeceram para sempre. " 3."Quando o tempo est seco, os sapatos ficam to contentes que se pem a cantar ". A figura utilizada neste trecho : a) metonmia b) prosopopia c) anttese d) eufemismo 48

4. Observe o quadrinho a seguir:

Agora responda: Que figura de linguagem usada ? Explique sua resposta. 5. Observe as frases: a) " Chorei um mar de lgrimas quando voc partiu ". b) " Oua o tic-tac do relgio ". c) " Calor e frio me invadiram o corpo naquele instante." As figuras de linguagem encontradas nas frases acima, classificam-se em (assinale a alternativa correta) : a) hiprbole, eufemismo e anttese b) prosopopia, onomatopia e eufemismo c) anttese, hiprbole e onomatopia d) hiprbole, onomatopia e anttese

Parabns ! Voc terminou mais um mdulo. Reflita sobre a mensagem que deixamos no final da apostila para voc e prepareprepare-se para a prova . Boa Sorte!!! Equipe de Portugus

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GABARITO - MDULO 01

ATIVIDADE 1
1. a b d f g h 2. a) b) c) d) A palavra FOGO Encrenqueira , briguenta No. O significado de fogo para o pintor foi de incndio . O marido

ATIVIDADE 2
1. b 2. a 3. Predomina a linguagem literria, pois apresenta uma realidade inventada em que predomina a subjetividade do autor e o uso da linguagem conotativa.

ATIVIDADE 3
1. c 2. b 3. 1 estrofe: escuro / puro ouvi-los / tranqilos 2 estrofe: asseguro / muro persegui-los / grilos 3 e 4 estrofes: calada / nada / madrugada co / so / assombrao

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ATIVIDADE 4
Resposta livre.

ATIVIDADE 5 1. a) pleonasmo

b) metfora c) catacrese d) aliterao e) metonmia 2. a 3. c 4. aliterao 5. a / c

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GABARITO - MDULO 2
ATIVIDADE 1
a) Gnero dramtico, pois o texto est organizado para ser encenado. Nesse texto h uma histria, mas no h um narrador para cont-la. b) Gnero lrico, pois est escrito em versos em que predomina a subjetividade, os sentimentos e as emoes do poeta. c) Gnero narrativo, pois est escrito em prosa e tambm h presena de um narrador e personagens.

ATIVIDADE 2
1. Gnero lrico, gnero narrativo e gnero dramtico. 2. Estilo individual a maneira prpria de cada indivduo se expressar, j estilo de poca o estilo que predomina nas manifestaes culturais de cada poca. 3. Arcadismo, romantismo, realismo, naturalismo, parnasianismo, simbolismo, pr-modernismo e modernismo.

ATIVIDADE 3
1. Resposta livre 2. Resposta livre

ATIVIDADE 4
1. b / d / e 2. Resposta livre 3. Resposta livre

ATIVIDADE 5
1. c 2. Eufemismo 3. b 4. Onomatopia, pois blosh representa o som da menina caindo na lama. 5. d

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Para voc pensar ...

" O

Sucesso

significa nunca parar, ou seja, sempre ir em busca de algo mais ."

EQUIPE DE PORTUGUS / CEESVO CRISTIANE ILZA - IVNIA - SANDRA MAURA

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BIBLIOGRAFIA

Proposta Curricular para o Ensino de Portugus - Ensino Mdio Secretaria de Estado da Educao - Coordenadoria de Estudos e Normas Pedaggicas - So Paulo - 2. Ed. - 1992. Parmetros Curriculares Nacionais - Portugus e Apresentao dos Temas Transversais - Ministrio da Educao e do Desporto Secretaria da Educao - Braslia - 1997.

ABDALA JNIOR, Benjamim; CAPEDELLI, Samira Youssef. Tempos da literatura brasileira. So Paulo, tica, 1985. ALMANAQUE ABRIL. CD ROM, 8. ed. 2000. Apostila de Lngua Portuguesa e Literatura Brasileira. Educao de Jovens e Adultos. Maring, CEEBJA, 2001. CINTRA, Lindley; CUNHA, Celso Ferreira da. Nova Gramtica do portugus contemporneo. 3. ed. Rio de Janeiro, Nova Fronteira, 1985. FERREIRA, Aurlio Buarque de Holanda. Novo dicionrio lngua portuguesa. Rio de Janeiro. JORNAIS: Folha de So Paulo, Estado de So Paulo, Cruzeiro do KURY, Adriano da Gama. Lies de anlise sinttica. 3. ed. de Janeiro, Fundo de Cultura, 1984. LEITE, Lgia 1989. Moraes. O foco narrativo. 4. ed. So Paulo. da Sul. Rio tica,

MACEDO, Jos Armando. A redao do vestibular. So Paulo, Moderna, 1977.


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MAIA, Joo Domingues. Lngua, literatura e redao. 2. ed. So Paulo, tica, 2002. NICOLA, Jos de; INFANTE, Ulisses. Gramtica contempornea da lngua portuguesa. 11. ed. So Paulo, Scipione, 1993. ROCCO, Maria Thereza Fraga. A redao no Paulo, Mestre Jou, 1981. vestibular. So de 2 ed.

SOARES, Magda; CAMPOS, Edson Nascimento. Tcnica redao. Rio de Janeiro, ao Livro Tcnico, 1979. TELECURSO 2000, Lngua Portuguesa, So Paulo, Editora Globo. Ensino Mdio.

TERRA, Ermani. Curso Prtico de Gramtica. 2. Ed. So Paulo, Scipione, 1991. _________. & NICOLA, Jos de. Guia prtico de ortografia. Paulo, Scipione, 1995. So

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esta apostila foi elaborada pela equipe de portugus do CEESVO centro estadual de educao supletiva de votorantim professoras - 2007: 2007 cristiane albiero ilza ribeiro da silva ivnia valente miranda sandra mara romano maura Bertaco TEOBALDO
DIREO: DIREO: ELISABETE MARINONI GOMES MARIA ISABEL R. DE C. KUPPER

coordenao : neiva aparecida ferraz nunes

votorantim, JUNHO/ 2007. Observao Observao material elaborado para uso exclusivo de cees, sendo proibida a sua comercializao.

APOIO: PREFEITURA MUNICIPAL DE VOTORANTIM


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