Controlo Químico Infest
Controlo Químico Infest
Controlo Químico Infest
Texto de apoio para as disciplinas de Sistemas e Tecnologias Agro-Pecurios, Tecnologia do Solo e das Culturas e Noes Bsicas de Agricultura
vora 2011
ndice 1. Introduo.3 2. Controlo de infestantes.3 2. 1. Caractersticas dos herbicidas...3 2. 1. 1. Controlo qumico de infestantes em pr-sementeira.5 2. 2. Controlo qumico de infestantes em pr-emergncia8 2. 3. Controlo qumico de infestantes em ps-emergncia...9 3. Bibliografia Relacionada.12
1. Introduo
Uma planta considerada infestante quando nasce espontaneamente num local e momento indesejados, podendo interferir negativamente com a cultura instalada. As infestantes competem com as culturas para o espao, a luz, gua e nutrientes, podendo atrasar e prejudicar as operaes de colheita, depreciar o produto final e assegurarem a reinfestao nas culturas seguintes. Dado o modo de propagao diferenciado das diversas espcies de infestantes, com as anuais a propagarem-se por semente e as perenes ou vivazes a assegurarem a sua propagao atravs de rgos vegetativos (rizomas, bolbos, tubrculos, etc.), assim, tambm o seu controlo quer qumico, quer mecnico ter que ser diferenciado, ou seja, para controlar infestantes anuais ser suficiente destruir a sua parte area, enquanto para controlar infestantes perenes teremos que destruir os seus rgos reprodutivos. O controlo de infestantes poder ser qumico, atravs da utilizao de herbicidas, ou mecnico pela utilizao de alfaias agrcolas, tais como a charrua de aivecas, a charrua de discos, a grade de discos, o escarificador e a fresa. Quando a tcnica utilizada na instalao das culturas a sementeira directa, o controlo das infestantes ter que ser obrigatoriamente qumico, enquanto se o recurso mobilizao do solo for a tcnica mais utilizada (sistema de mobilizao tradicional ou sistema de mobilizao reduzida), o controlo das infestantes tanto poder ser qumico como mecnico. Neste trabalho iremos abordar apenas, o controlo qumico de infestantes.
2. Controlo de infestantes
O controlo de infestantes poder ser qumico ou mecnico. O controlo qumico implicar a utilizao de herbicidas, enquanto o controlo mecnico ser efectuado atravs da utilizao de alfaias agrcolas, tais como a charrua de aivecas, o escarificador de braos rgidos, o escarificador de braos flexveis (vibrocultor), a grade de discos e a fresa. Quando a tcnica utilizada na instalao das culturas for a sementeira directa, o controlo de infestantes ter que ser obrigatoriamente qumico. Quando a tcnica 3
utilizada na instalao das culturas for outra que no a sementeira directa (sistema de mobilizao tradicional ou sistema de mobilizao reduzida), o controlo de infestantes poder ser qumico ou mecnico. Em relao poca, o controlo de infestantes poder ser realizado em prsementeira, pr-emergncia e ps-emergncia.
Pr-sementeira quando o controlo de infestantes efectuado antes da instalao da cultura e sempre que existam infestantes emergidas.
Pr-emergncia quando o controlo de infestantes se realiza depois da instalao da cultura e antes de esta emergir.
Ps-emergncia quando o controlo de infestantes efectuado depois da emergncia da cultura e em diferentes fases do desenvolvimento desta.
Em relao ao modo de aco, os herbicidas podem ser classificados como de contacto e sistmicos. Contacto quando destroem apenas os tecidos com os quais contactam. Devem ser aplicados quando as infestantes so anuais, ou seja, se reproduzam atravs de semente. Sistmicos quando aplicados na parte area das plantas sendo posteriormente translocados no sistema vascular juntamente com a seiva, indo atingir os rgos reprodutivos (rizomas, estolhos, bolbos, tubrculos, etc.). Quando o objectivo for controlar infestantes perenes ou vivazes, so estes os herbicidas que devem ser aplicados. Quanto selectividade e relativamente s espcies que controlam, os herbicidas podem ser totais quando controlam todas as espcies vegetais presentes ou selectivos, quando controlam apenas algumas espcies vegetais. Dentro dos selectivos eles podem ser especficos para controlar apenas alguma ou algumas espcies. So exemplo, os herbicidas aplicados de ps-emergncia em cereais de Outono/Inverno para controlar o balanco, a erva-febra, a erva-cabecinha, etc. So residuais quando aplicados ao solo e se mantm activos durante algum tempo (3-4 meses, ou at mais). Quando so residuais 4
tm obrigatoriamente que ser selectivos, podendo actuar por contacto ou serem sistmicos e normalmente tm um amplo espectro de aco em infestantes monocotiledneas (folha estreita) e dicotiledneas (folha larga).
A aplicao de herbicidas em pr-sementeira (Figura 1) tem como objectivo o controlo de todas as infestantes presentes na parcela de cultura. a melhor poca para controlar infestantes, porque a cultura ainda no est instalada. Como todos os herbicidas de pr-sementeira so de aplicao foliar, s faz sentido a sua utilizao quando as infestantes j estejam emergidas. Assim, dadas as nossas condies climticas, na maioria dos anos, a aplicao de herbicidas de pr-sementeira no ter qualquer efeito no controlo de infestantes aquando da instalao de culturas no final do Vero/incio do Outono (Setembro), porque dada a reduzida precipitao ocorrida at ento, a grande maioria ou mesmo a totalidade das infestantes ainda no emergiram e nem sequer germinaram. Em Outubro, na maioria dos casos, depois da precipitao ocorrida j ter sido suficiente para provocar a germinao e a emergncia de muitas infestantes, o seu controlo j se poder justificar com eficcia em pr-sementeira.
A Agricultura de Conservao com a sementeira directa implica a existncia de resduos das culturas na superfcie do solo (Figura 2) e neste caso no ser suficiente a emergncia das infestantes para aplicar o herbicida, mas teremos que esperar que a parte area dessas infestantes ultrapasse a camada de resduos para que haja uma boa cobertura do herbicida nas suas folhas (Figura 3).
O herbicida de pr-sementeira deve ser total para controlar todas as espcies de infestantes presentes, sistmico para controlar no s as infestantes anuais, mas tambm as perenes e no residual, porque sendo total no poder ser residual, caso contrrio destruiria tambm a cultura a instalar, medida que esta germinasse e/ou emergisse. O herbicida de pr-sementeira que rene todas estas caractersticas e cuja eficcia maior o glifosato (substncia activa) cujo nome comercial poder ser diverso e de que so exemplos o Roundup Ultra o Roundup Supra, etc. Estes herbicidas variam na concentrao de glifosato. O Roundup Ultra contm 360 g/L de glifosato, enquanto Roundup Supra contm 450 g L-1 de glifosato. O glifosato tem uma elevada eficcia no controlo de infestantes anuais e perenes e a sua eficcia aumenta com o acrscimo da sua concentrao na calda (herbicida + gua) e por isso dever ser aplicado com baixos volumes de gua (<100 L ha-1), estratgia que para alm das vantagens agronmicas ambiental e economicamente mais favorvel. Outra substncia activa que poder ser utilizada no controlo de infestantes em aplicaes de pr-sementeira o glufosinato de amnio, conhecido comercialmente por Basta S. um herbicida no selectivo que actua por contacto, sendo por esse facto pouco eficaz no controlo da maioria das infestantes perenes. Como na maior parte dos casos as infestantes presentes so no s anuais, mas tambm perenes, este herbicida no o mais eficaz. Por vezes, em cereais e quando a quantidade de infestantes de folha larga (dicotiledneas) presentes elevada e j apresenta maior desenvolvimento, poder haver necessidade de misturar na calda, o glifosato juntamente com um herbicida hormonal como por exemplo o MCPA (sais de dimetilamina), ou o MCPA mais o 2,4 D (cido diclorofenxiactico), cujo nome comercial poder ser o Bi-Hedonal 650, o qual um herbicida sistmico.
Tal como foi referido anteriormente, o controlo de infestantes em premergncia realiza-se depois da sementeira da cultura e antes de esta emergir. Os herbicidas de pr-emergncia devem ser residuais e selectivos, podendo ser sistmicos ou de contacto, controlando as infestantes por absoro radicular e tambm pelo contacto com as folhas. Existem diversas substncias activas, como por exemplo o diflufenico + isoproturo, cuja designao comercial o Panther para aplicao em pr emergncia do trigo duro e trigo mole, o Trigonil cujas substncias activas so o clortoluro + diflufenico aplicado em pr-emergncia tambm do trigo mole e trigo duro, o Aspect constitudo pelas substncias activas flufenacete + terbutilazina, utilizado em pr-emergncia do milho e muitos outros existem actualmente no mercado.
A eficcia da maioria dos herbicidas de pr-emergncia aumenta em solos mobilizados (Figura 5). Em sementeira directa a aplicao destes herbicidas na maior parte das vezes pouco eficaz, no s pelo facto do solo no ser mobilizado, mas principalmente pelo facto de em Agricultura de Conservao e com sementeira directa, a existncia de resduos das culturas na superfcie do mesmo tornar difcil que estes herbicidas atinjam o solo, ficando retidos nos resduos. Embora em regadio este problema possa ser atenuado fazendo-se uma rega simultnea ou imediatamente a seguir aplicao do herbicida, de modo que ele possa atingir o solo, a sua distribuio s muito dificilmente ser homognea em toda a superfcie. Por outro lado, os herbicidas de pr-emergncia, sendo residuais e mantendo-se activos no solo durante um longo perodo de tempo, podem ser facilmente arrastados pelas guas da chuva ou da rega e ir poluir barragens, rios e outras linhas de gua, tornando-os assim, ambientalmente indesejveis.
Os herbicidas aplicados em ps-emergncia das culturas devem ser selectivos, podendo ser sistmicos ou de contacto. Alm de serem selectivos alguns destes herbicidas so especficos para controlar apenas algumas espcies de infestantes. A maioria dos herbicidas de ps-emergncia no tm ou tm um fraco efeito residual, havendo no entanto, algumas excepes que adiante referiremos.
(a)
(b)
Pelo facto de muitas das infestantes poderem estar parcialmente cobertas pela cultura, os herbicidas de ps-emergncia necessitam ter um efeito sistmico, porque se fossem apenas de contacto muitas infestantes iriam sobreviver, como consequncia de somente parte delas ser destruda, pois os herbicidas de contacto apenas provocam a necrose (destruio) das estruturas da planta com as quais contactam. Os herbicidas de ps-emergncia podem ser aplicados em diversas fases do desenvolvimento da cultura e das infestantes. No entanto, o controlo de infestantes em ps-emergncia de culturas como os cereais de Outono/Inverno realizado numa fase mais precoce do desenvolvimento das mesmas permitir a reduo das doses de herbicidas e dos volumes de calda aplicados, com consequncias na diminuio dos custos de produo e tambm no menor impacto ambiental. No entanto, o controlo de infestantes em fases mais precoces do desenvolvimento das infestantes s possvel se a tcnica usada na instalao das culturas for a sementeira directa, porque neste sistema pelo facto do solo no ser perturbado, a reinfestao ser muito menos escalonada ao longo do ciclo da cultura comparativamente com o que acontece com outros sistemas, tais como a mobilizao tradicional ou a mobilizao reduzida. Existem herbicidas de ps-emergncia que podem controlar apenas infestantes de folha estreita (monocotiledneas) ou de folha larga (dicotiledneas), mas existem tambm outros que podem controlar simultaneamente as duas classes de plantas. Existem muitos herbicidas de ps-emergncia disponveis no mercado, como por exemplo o Dopler Super que um herbicida de contacto e translocao indicado para o combate em ps-emergncia de infestantes monocotiledneas em trigo e cevada e cujas substncias activas so o diclofope-metilo + fenoxaprope p etilo e ainda o mefenepir 10
dietilo, que transmite a selectividade ao herbicida. Outro herbicida actualmente muito utilizado o Atlantis, herbicida baseado em sulfonilureias (mesosulfuro metilo + iodosulfuro metilo sdio) para o controlo de infestantes gramneas e algumas dicotiledneas em ps emergncia dos cereais (trigo mole e trigo duro). Outro exemplo poder ser o Laudis, herbicida de absoro, essencialmente foliar e com aco residual para aplicao em ps-emergncia de infestantes anuais dicotiledneas e gramneas na cultura do milho.
Em culturas instaladas e conduzidas com entrelinha larga, como por exemplo o milho, a beterraba, o sorgo, o girassol, etc., o controlo de infestantes em psemergncia, alm da utilizao do pulverizador de presso de jacto projectado com barra de pulverizao horizontal, poder tambm ser levado a cabo atravs dum pulverizador de campnulas, no obstante este mtodo no ser muito utilizado pelos agricultores.
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Uma das vantagens do pulverizador de campnulas possibilitar a aplicao simultnea de dois produtos (um na linha da cultura e outro na entrelinha), podendo por exemplo ser um herbicida na linha e um herbicida, um fungicida, um insecticida, etc., na entrelinha. Outra vantagem deste pulverizador o facto de se poder aplicar um herbicida total na linha da cultura, como seja o glifosato, que controlar a maioria ou mesmo a totalidade das infestantes presentes com vantagens agronmicas na eficcia do controlo, ambientais por uma menor quantidade de substncias activas utilizadas e econmicas atravs da reduo dos custos.
3. Bibliografia Relacionada
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Barros, J. F. C., Carvalho, M. & Basch, G. (2006). Efeito de doses inferiores s recomendadas de Diclofope metilo no controlo em ps emergncia da Avena sterilis L. (balanco) e do Lolium rigidum G. (erva febra) em trigo sob sementeira directa. Revista de Cincias Agrrias, 29 (1): 151-162.
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Barros, J. F. C., Basch, G. & Carvalho, M. (2007). Efeito de doses reduzidas de um herbicida de ps-emergncia no controlo de infestantes e na produo de trigo em sementeira directa. Revista de Cincias Agrrias, 30 (1): 121-134.
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Barros, J. C., Basch, G. & Carvalho, M. (2007). Ensaios com herbicida Atlantis em sementeira directa de trigo (1 parte). Vida Rural, Ensaio, 1732: 30-31.
http://hdl.handle.net/10174/2221
Barros, J. F. C., Basch, G. & Carvalho, M. (2007). Effect of reduced doses of a postemergence herbicide to control grass and broad-leaved weeds in no till wheat under Mediterranean conditions. Crop Protection, 26 (10): 1538-1545.
http://hdl.handle.net/10174/2137
doi: 10.1016/j.cropro.2006.12.017
Barros, J. C., Basch, G. & Carvalho, M. (2008). Ensaios com herbicida Atlantis em sementeira directa de trigo (2 parte). Vida Rural, Ensaio, 1733: 30-32.
http://hdl.handle.net/10174/2229
Barros, J. F. C., Carvalho, M. & Basch, G. (2008). Controlo de infestantes em trigo de sementeira directa utilizando doses de herbicida e volumes de calda reduzidos. Revista de Cincias Agrrias, 31 (1): 194-200.
http://hdl.handle.net/10174/1944
http://www.scielo.oces.mctes.pt/scielo.php?
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Barros, J. F. C. (2008). Controlo de infestantes em ps-emergncia em trigo de sementeira directa. Texto de apoio para as Unidades Curriculares de Sistemas e Tecnologias Agro-Pecurios, Tecnologia do Solo e das Plantas, Fundamentos de Agricultura Geral e Agricultura de Conservao. Universidade de vora, Departamento de Fitotecnia.
http://hdl.handle.net/10174/2356
Barros, J. F. C., Basch, G., Freixial, R. & Carvalho, M. (2009). Effect of reduced doses of mesosulfuron + iodosulfuron to control weeds in no-till wheat under Mediterranean conditions. Spanish Journal of Agricultural Research, 7 (4): 905-912.
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Barros, J. F. C., Amante, R. P. & Basch, G. (2010). Tratamentos fitossanitrios em Olival. Texto de apoio para as Unidades Curriculares de Sistemas e Tecnologias AgroPecurios, Tecnologia do Solo e das Culturas, Fundamentos de Agricultura Geral e Mestrado/Ps-graduao em Olivicultura e Azeite. Universidade de vora, Escola de Cincias e Tecnologia, Departamento de Fitotecnia.
http://hdl.handle.net/10174/2362
Barros, J. B., Freixial, R. & Amante, R. (2010). El control de malezas en agricultura de conservacin y siembra directa. In: Proceedings of the European Congress on Conservation Agriculture. October 4-7, 2010 in Madrid, pp. 233-239.
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Freixial, R.; Carvalho, Mrio (2010) - Aspectos Prcticos Fundamentales En La Implantacin De La Agricultura De Conservacin/Siembra Directa En El Sur De Portugal. Congreso Europeo de Agricultura de Conservacin, Madrid, Octubre de 2010, pp. 361-369.
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