Philosophorum Ed 1
Philosophorum Ed 1
Philosophorum Ed 1
PHILOSOPHORUM
GRA NDE 28 D E REV IS ORI TA DO ENT EA LQU DIS
1 Trimestre - 2013
MIC O
N 1
philosophorum.net
MA 201 RO 3
Capa: A Montanha dos Filsofos. Geheime Figuren der Rosenkreuzer, Altona, 1785
APRESENTAO
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PENSANDO EM SMBOLOS
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A TURBA PHILOSOPHORUM
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SOBRE A ALQUIMIA
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www.grandeorientealquimico.org.br
PE R M IT ID Im pr es s o AA
PHILOSOPHORUM
28 de Maro 2013 Edio N 1 - A Montanha dos Filsofos
e di st ri bu i o de st a R ev is ta
PHILOSOPHORUM N 1:
Ttulo: A Montanha dos Filsofos Colaborao: Membros e no membros do G::O::A:: Formato: PDF
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Apresentao
A audcia a marca do Adepto. O adeptado implica no rompimento com as estruturas atuais de pensamento, no modo de encarar e reagir aos estmulos (internos e externos). Neste embate, entre o que a sociedade tenta nos impor e os princpios que tomamos como desejveis de vivenciar, a audcia um ingrediente imprescindvel. Atravs dela, seguimos em frente. Mesmo quando tudo e todos, conscientes ou no, conspiram contra ns. Mas no me rero audcia das atitudes levianas, inconsequentes. Mas quela que sobrepuja os obstculos, ousadia de enfrentar as foras contrrias. com este impulso que oferecemos esta primeira edio da revista philosophorum. De carter ecltico e aberta a todos que desejam colaborar, oferecemos este trabalho aos interessados pelo Conhecimento, aos amantes da Sabedoria. E que estejam com um corao e uma mente aberta para novas possibilidades de entendimento e realizao. DFN
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PENSANDO EM SMBOLOS
O ser humano tem a habilidade inata de pensar em smbolos, que deriva, fundamentalmente, da tendncia representao. Por exemplo, ao ver uma fotograa, a imagem nos remete a uma paisagem ou a um rosto; quando lemos palavras, entendemos conceitos. Sem essa aptido, no teramos criado a linguagem nem a matemtica. Os nmeros expressam quantidade, um conceito losocamente sosticado (pois uma abstrao, como a idia de covardia, ou a cor vermelha), mas na prtica so usados sem diculdade pelo carter exato das contas. No entanto, essa relao mais complexa quando se trata de palavras. Os vocbulos se propagam com o som da voz e se xam no papel ou na tela do computador, mas aludem a objetos, acontecimentos, emoes, etc, que no esto necessariamente presentes quando falamos ou escrevemos. Por exemplo, uma simples palavra como casa pode despertar em algum uma innidade de conceitos relacionados a edifcios, a interiores, a apartamentos, a segurana e, quem sabe, at a hipotecas e a outros problemas. Dito de outra forma, uma palavra pode gerar
associaes inmeras e complexas, mesmo que seu signicado bsico seja claro. Essa a essncia do simbolismo. Os seres humanos so nicos na habilidade de simbolizar o mundo. A ausncia dessa capacidade em outros primatas parece ser a razo pela qual no desenvolveram aptides lingusticas comparveis s humanas. Em geral, no damos muita importncia linguagem, mas, se pararmos um momento p a r a p e n s a r, r e c o n h e c e r e m o s o extraordinrio feito que ela signica. A mente permite que palavras especcas suscitem uma gama enorme de signicados. A construo dos smbolos tem algo de misterioso, e at mgico. Sem essa aura quase fantstica em torno da representao simblica, a paisagem interior da mente se simplica. As associaes ligadas aos smbolos mais corriqueiros como casa, cachorro, cabelo, mar ou Lua so as fontes geradoras de valores em nossa vida. Ou seja, essas palavras produzem densidade semntica e emocional pelo simbolismo que carregam. Sem precisar de muita leitura ou experincia, sabemos, por exemplo, que a Lua no apenas um disco brilhante no cu. Continua na pgina 4
A construo dos smbolos tem algo de misterioso, e at mgico. Sem essa aura quase fantstica em torno da representao simblica, a paisagem interior da mente se simplica
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Podemos lembrar a caracterstica romntica h muito associada Lua (o cinema reforou muito essa idia, embora ela seja muito mais antiga que a cmera de lmar); ou pensar num diferente tipo de emoo mais especicamente, na aventura maravilhosa do homem na Lua, e, 1969. Quando a olhamos, lemos sobre ela ou simplesmente a mencionamos vez por outra, diferentes associaes podem estar presentes em nossa mente ao mesmo tempo, ainda que no se manifestem no plano da conscincia. Existe uma diferena importante entre, de um lado, os smbolos que com o tempo acumularam signicados organicamente, numa complexa interao de respostas conscientes e inconscientes e, de outro, a q u e l e s e s c o l h i d o s o u i nve n t a d o s deliberadamente. Os smbolos desta ltima categoria so chamados de signos e possuem funo simblica unicamente porque decidimos us-los de determinada maneira. Por contraste, um crculo, por exemplo, carrega um signicado intrnseco prpria gura: uma linha que no possui incio nem m, sugerindo a idia de completude, totalidade e talvez at de eternidade. No precisamos de algum saber especial sobre o crculo para pens-lo desta forma: o signicado est contido na prpria gura e captado por intuio. Entre a nossa mente e o crculo, se estabelece uma comunicao imediata, espontnea como se fosse uma anidade intelectual. Haveria mais a dizer sobre o crculo, mas por agora esse exemplo nos ajuda a compreender a idia de que alguns smbolos possuem o poder universal e intrnseco de comunicar algo para alm de si mesmos algo, porm, contido na prpria gura. At agora, falamos da construo dos smbolos de uma perspectiva moderna e ocidental, partindo do princpio de sua universalidade. Contudo, nossos horizontes intelectuais so culturalmente determinados. Diferentes crenas e prticas sociais, assim como ambientes distintos (entre eles o clima, a paisagem, a ora e a fauna) podem levar construo de conscientes e subconscientes prprios a cada lugar e cultura. Para complicar mais o cenrio, sistemas de crenas e culturas esto relacionados o tempo todo. Assim, quando ampliamos o foco para outros sculos e outras culturas, o estudo dos smbolos torna-se ainda mais fascinante. A Linguagem dos Smbolos
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Existe uma diferena importante entre, de um lado, os smbolos que com o tempo acumularam signicados organicamente, numa complexa interao de respostas conscientes e inconscientes e, de outro, aqueles escolhidos ou inventados deliberadamente
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A Turba Philosophorum
ALQUIMIA
Pode-se ler num dos livros de Jabir que muitos dos antigos lsofos, incluindo Hermes, Pitgoras, Scrates, Aristteles e Demcrito, se reuniram em assemblia para discutir assuntos de alquimia. Esta , possivelmente, a primeira referncia a um clebre trabalho alqumico denominado Turba Philosophorum (onde colhemos o nome de nossa Revista Philosophorum), ou Conveno de Filsofos, cuja origem intrigou os sbios durante muitos sculos. A Turba aparece primeiro em manuscritos latinos do sculo XIII, tendo sido a primeira edio impressa publicada em Basel em 1572. Apresenta o aspecto de um debate entre grande nmero de lsofos e foi tida em grande respeito por geraes e geraes de alquimistas. A verso latina mostra sinais iniludveis de ter sido traduzida do rabe e o contedo dos discursos revela tambm de forma clara que pelo menos parte daqueles elementos provm do grego. Os problemas apresentados pela Turba atraram a ateno de muitos historiadores de alquimia e, em 1931, Ruska publicou uma monograa na qual provava denitivamente a origem islmica da obra e tentava xar a sua data por comparao com outros trabalhos rabes. Neste ponto, contudo, no foi absolutamente concreto, hesitando entre os sculos IX, X e XI. Sugeriu que a Turba era um ataque aos alquimistas gregos e pretendeu libertar a arte da praga de pseudnimos que a infesta, baseando-a, alm disso, numa losoa natural universalmente reconhecida. A origem rabe da Turba foi conrmada por completo em 1933, quando Stapleton pde mostrar que um trabalho de um alquimista do sculo X, Ibn Umail, continha passagens extradas daquela obra. Assim cou o problema at 1954, data em que uma luz inteiramente nova aclarou o problema, por parte de Martin Plessner, cujo trabalho pode considerar-se o mais brilhante contributo dado histria da alquimia nos ltimos cinquenta anos. Plessner, em primeiro lugar, conrmou que a anlise da Turba prova, fora de dvida, a
unidade da obra; portanto, um trabalho que contenha extratos ou referncias suas deve ser considerado mais recente. Ibn Umail morreu por volta de 960 e da a Turba no pode ter sido escrita depois de 900. Mas a Turba contm uma referncia a um veneno mortal existente no corpo de uma mulher, e embora a expresso aqui oculte um signicado alqumico, Plessner v nela uma liao no mito hindu da virgem-venenosa, que matava os homens com os seus beijos. Este mito foi introduzido na literatura islmica atravs da traduo rabe do Livro dos Venenos, atribudo ao autor indiano Kautilya, traduo esta que se sabe ter sido feita na primeira metade do sculo IX. Por esta altura viveu em Akhmim (Panpolis), no Egito, um autor alqumico chamado Uthman ibn Suwaid, a quem foi atribuda a autoria de muitos livros, entre os quais O Livro das Controvrsias e Conferncias de Filsofos. Plessner sugere que este ttulo pode signicar que o livro era, de fato, a Turba - sugesto esta que conduz novamente a uma data de composio por volta de 900. Akhmim era uma cidade crist com uma notvel tradio cientca, onde muita gente sabia grego revelada pelo autor da Turba com a cosmologia grega e a forma como se criaram os fundamentos da alquimia, de modo a aparecer sob uma feio cosmolgica. Segundo o texto em latim, nove lsofos tomaram parte na discusso preliminar, com os nomes de Iximidrus, Exumdrus, Anaxgoras, Pandulfos, Arisleu, Lucas, Locustor, Pitgoras e Eximenus. Anaxgoras e Pitgoras parece indicarem que os sete restantes nomes so ms tradues de nomes gregos, e, pela sua transcrio de novo em caracteres rabes, Plessner mostrou que a lista deveria ler-se: Anaximander, Anaxmenes, Pitgoras e Xenfanes resolvendo assim um mistrio de longa data. Estes nove lsofos so todos pr-socrticos e Plessner demonstra que, nos seus discursos na Turba, eles expem teorias de que tomaram conhecimento a partir de fontes clssicas. Continua na pgina 6
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Anaximander discute o No-Limitado (Apreiron); Anaxmenes trata do ar; Anaxgoras apresenta as concepes de Pietas e Ratio como entidades primrias; Empdocles expe a dupla funo do ar, separando a gua e a terra e como medianeiro entre a gua e o fogo; Arquelau trata da terra, o mais compacto, e do fogo, o elemento mais sutil, como reguladores do Universo; Lucipo fala dos elementos, sem dar pormenores, mas referindo-se, aparentemente, ao completo e ao vazio, j esboados por Digenes Larcio; Ecphantus comenta a diferena entre o mundo superior e inferior, descrevendo o primeiro como contendo seres compostos apenas por dois elementos raros; Pitgoras fala da simultaneidade de todos os quatro elementos que, segundo a sua opinio, so todos originais e a partir dos quais se compem os seres existentes; no prev, contudo, a presena simultnea dos quatro em cada ser, mas arma que os anjos se compem de um s elemento, o Sol, a Lua e as estrelas de dois, as plantas e os animais de trs, e apenas o ser humano de todos os quatro elementos. Xenfanes, nalmente, defende a coexistncia de todos os quatro elementos, em propores variveis, em todos os seres do universo. Plessner diz que, mesmo quando estas opinies parece contradizerem as doutrinas pr-socrticas, como so geralmente conhecidas, sempre possvel mostrar pontos na tradio grega a partir dos quais os dogmas acima referidos foram desenvolvidos. O autor no interpretou mal as suas fontes de consulta, mas, em vista da sua nalidade de relacionar os conhecimentos cosmolgicos com as matrias alqumicas, ele prprio se confessa um pouco tendencioso. As matrias alqumicas assim interligadas com os ensinamentos cosmolgicos so como seguem: Anaximander faz preces ao ar como protetor contra a combusto; Anaxmenes exalta a diluio e a condensao do ar, de acordo com os vrios graus de calor; Anaxgoras trata da densidade da matria, que aumenta de cima para baixo; Empdocles fala do signicado qumico do ovo; Arquelau refere a correlao entre o fogo e a terra; Lucipo apresenta a metfora do nascimento e morte, vulgarmente usada em alquimia; Ecphantus esboa a doutrina alqumica dos dois pares de elementos; Pitgoras comenta as relaes entre nmeros e o smbolo alqumico do homem; Xenfanes fala do en to pan (Um Tudo), da putrefao e da necessidade de os quatro elementos estarem juntos.
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no discurso nal de Xenfanes que se torna evidente a nalidade do autor. Este objetivo estabelecer trs teses: e de que o criador do mundo Al, o deus do Islo; de que o mundo de natureza uniforme e de que todas as criaturas do mundo superior e inferior so compostas dos quatro elementos. A discusso preliminar termina neste ponto e os sessenta e trs discursos seguintes da Turba so puramente alqumicos. Outros pontos de interesse relevante descobertos por Plessner foram, primeiro, que os nove pr-Scrates mencionados apareciam tambm num livro de Hiplito (cerca de 222 a.D.), um dos primeiros Pais da Igreja, chamado Refutao de Todas as Heresias, observandose uma ntima ligao textual entre este livro e a Turba. Em segundo lugar, o fato de, num livro do alquimista grego Olympiodorus se compararem as doutrinas dos grandes alquimistas e as dos lsofos, com precisamente o mesmo m de relacionar as teorias cosmolgica e alqumica. Em resumo, Plessner diz: o triplo resultado da discusso cosmolgica - o DeusCriador do Alcoro, o Mundo Unicado e a Doutrina dos Quatro Elementos - que a orienta, claramente, para o principal assunto da Turba, a alquimia. Ao mesmo tempo a alquimia colocada no mundo do pensamento islmico. Para a consecuo deste m o autor dispe de um domnio soberbo da literatura doxogrca e, alm disso, de uma invulgar veia literria. Consegue produzir um texto que junta alguns novos conhecimentos, absolutamente genunos, doxograa pr-socrtica e representa a mais antiga prova at a conhecida da penetrao da tradio doxogrca na literatura islmica. Plessner avanou assim extraordinariamente na resoluo do mais difcil enigma da alquimia, e o seu prximo trabalho sobre o assunto esperado com grande curiosidade. Seria particularmente interessante saber se a Turba foi originalmente escrita em rabe ou se foi obra de um autor grego, devido a uma tendenciosa confuso muulmana existente num perodo mais tardio. Esta ltima hiptese parece a mais vivel. KHN
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O Yoga aponta o caminho para o bem estar, a sade fsica e mental. Como isso acontece?
Quando o assunto Yoga e bem estar, saiba que as duas coisas andam juntas. Uma leva outra. Para esclarecermos esta questo, vamos aprofundar um pouco sobre o estudo do Yoga. Aqui, especicamente, trataremos de uma das vertentes ou sistemas denominados Hatha Yoga. Para iniciar nossa conversa, deniremos o signicado da palavra Yoga. Yoga signica unio da mente e do corpo, eu inferior, com o Ser, objetivando alcanar o nvel elevado de conscincia, a Csmica. O sbio Pantajali, que viveu por volta de 200 a.C descreveu o Yoga como um conjunto de tcnicas e condutas, que deveriam ser seguidas pelo estudante, com o objetivo de alcanar a meta de iluminao. As tcnicas utilizadas iniciavam com posturas psicofsicas denominadas Asanas, exerccios de controle respiratrio Pranayma, Controle dos sentidos Pratyahara, exerccio de concentrao Dharana , meditao Dhyana. Os sanas (posturas) tem por objetivo tratar profundamente os corpos inferiores e seus respectivos Chacras (vrtices de energia) que tm ligao com as glndulas do corpo, limpando-as, estimulando-as, desbloqueando meridianos (canais de energias sutis que percorrem o corpo fsico). Liberando o corpo de toxinas provenientes de resduos metablicos e emoes negativas. Alm disso, estimula a liberao de hormnios responsveis pela sensao de prazer como, por exemplo, serotonina, naturalmente produzidas pelo corpo. Isso aumenta a sensao de bem estar, alvio de dores fsicas, tenses, sensao de conforto, leveza, melhora distrbios do sono, funcionamento da capacidade cardiorespiratria, aumenta a imunidade, melhorando sensivelmente a qualidade de vida do praticante, equilibrando a mente e o corpo, preparando-o para as prticas inter nas como, por exemplo, a concentrao e a meditao. Durante as prticas do Yoga, o processo do Auto-conhecimento acontece, medida que o praticante avana, e se desvencilha de todos os condicionamentos que lhe foram impostos em sua vida, enraizados em seu corpo e mente. Durante o processo, o contato consigo mesmo nas prticas vai se intensicando at que o praticante reconhea e alcance o contato com a sua essncia, o Ser. Nessa fase o praticante comea a desfrutar de todas as maravilhas que o Yoga proporciona, pois a Conscincia Csmica ser alcanada. O chamado Shamadi, estado de iluminao. importante salientar que essa conscincia do Ser acontece naturalmente quando as prticas so iniciadas. Devido a isso muitos Mdicos e Terapeutas prescrevem o Yoga nos casos de doenas crnicas e psicossomticas como uma Terapia Complementar, tendo em vista que, a doena se desenvolve a partir de desequilbrios emocionais. Por isso, a prtica do Yoga vem alcanando inmeros adeptos, sejam aqueles que a buscam como um estilo de vida para se manter saudveis, aqueles que chegam em busca de sua sade fsica e mental, ou aqueles que visam s i m p l e s m e n t e a bu s c a p e l o a u t o conhecimento. Seja l qual for a sua meta, tenha em mente que os resultados iro muito alm, pois no Yoga voc encontrar meios de melhorar e aumentar sua autoestima e qualidade vida, isso inevitavelmente ser o encontro denitivo com o Bem Estar fsico.
Yoga signica unio da mente e do corpo, eu inferior, com o Ser, objetivando alcanar o nvel elevado de conscincia, a Csmica.
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Washington
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Weishaupt tambm conhecia bastante o sistema que consiste para melhor vigiar a base de uma organizao ou partido - em nela inltrar um ou dois personagens, que passaro por subalternos apagados
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Os grupamentos so pouco numerosos, bem divididos, mas s vezes, segundo os imperativos do momento, selam entre si alianas momentneas. No mais das vezes entregam-se a combates subterrneos, encarniados, onde todos os golpes baixos so no somente permitidos, mas recomendados, excluindo-se, no entanto, indiscries mtuas que alertam os meios profanos ou os poderes pblicos. Tambm l o silncio a lei do meio. Pierre Mariel. Os governos, os diversos regimes, e a maioria das Sociedades Iniciticas tm todos seus "Sistemas de Informao". Se, acima dos sistemas visveis, existe aquilo que chamamos uma hierarquia de Governantes invisveis, no est absolutamente excludo que exista acima dos servios de informao clssicos (dos quais eles se serviriam ocasionalmente) o que seria uma espcie de super-espionagem. Alm da ao dos Iluminados da Baviera pouco antes da Revoluo Francesa e em seu decorrer, seria necessrio proceder ao estudo aprofundado (muitas coisas esto ainda por serem descobertas) de outras misteriosas sociedades secretas. Especialmente a dos Irmos Iluminados da sia. Vale a pena assinalar um de seus rituais: sobre o piso do templo, vinte e nove ir mos e ir ms se colocam, como sobre uma espcie de tabuleiro de xadrez vivo, de maneira a reproduzir o traado de uma gura bem conhecida: a sustica (cruz gamada). O estudo da histria secreta da Revoluo Francesa nos levaria, alm disto, a um trabalho em profundidade que nos reteria longamente. Parece que se confrontaram duas tendncias entre os membros das sociedades secretas superiores: a da Montanha Vermelha e a da Montanha Branca que queria, ao contrrio, salvaguardar ao mximo o antigo estado de coisas. Encontraramos a tambm o eterno problema, ao mesmo tempo fascinante e irritante, das sobrevivncias templrias Poder-se-ia supor, justamente, que ainda hoje e em caso de necessidade pela intervenso das polcias (as ociais e as paralelas) foras superiores buscam impedir certas divulgaes. A propsito da obstinao com a qual se procedeu ao sufocamento sistemtico das prodigiosas descobertas de Roger Lhomoy sob a torre principal de Gisors, seria necessrio meditar-se sobre esta armao de Grard de Sde (em seu livro Les Templiers sont parmi
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nous Os Templrios esto entre ns) a respeito da misteriosa sala subterrnea: () at uma poca indeterminada, talvez bastante prxima de ns, essa capela pde servir de sala de iniciao aos altos graus de certas sociedades secretas e suportar arrumaes simblicas em funo deste uso. Acreditamos inclusive que Grard de Sde falou alm da conta a esse respeito, e que a sala em questo encontra-se ainda hoje em uso. Havamos encontrado a cruz gamada no simbolismo em uso no seio da sociedade secreta dos Irmos Iluminados da sia. Mas isto nos levaria a voltar a abordar o imenso tema que mereceria por si s toda uma sequncia de exposies dos aspectos mgicos do Nazismo, principalmente de seus vnculos com a Sociedade Thul. A primeira obra a abrir o dossi foi O despertar dos mgicos de Pauwels e Bergier. Houve, a partir de ento, importantes obras de Ren Alleau, Andr Brissaud e Pierre Mariel. Sempre houve ferrenho debate sobre qual o grau de envolvimento direto de Adolf Hitler no ocultismo. No h dvida, entretanto, de que Heinrich Himmler, um de seus representantes, estava profundamente envolvido com magia, tanto quanto era possvel estar. De certa forma, ele hoje seria visto como uma gura New Age: gostava de herbalismo, astrologia, ergonomia, tcnicas naturais de agricultura, energia sustentvel, etc. Mesmo assim, ele criou uma das organizaes mais brutais de todos os tempos e buscou o extermnio de toda uma raa. Em 1929, Himmler assumiu o comando do pequeno grupo hitleriano de guarda-costas especiais, conhecido como Schutzstaffel, ou SS, e expandiu-o enormemente nos anos seguintes, estabelecendo seu quartel-general em um castelo medieval em Wewlsburg, onde sua ordem secreta interna se reunia uma vez por ano.
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Essa ordem pois era o que ele considerava havia emprestado certas caractersticas da lenda do Rei Artur e da Tvola Redonda. O grande salo de jantar era adornado com os brases dos 12 Gruppenfuhers snior, que se reuniam em torno de uma mesa de carvalho redonda, cada um em sua prrpia cadeira com nome gravado em placas de prata e seguindo uma srie de exerccios espirituais. Abaixo desse salo estava o reino dos mortos, um poo em que os brases eram queimados e as cinzas veneradas aps a morte do cavaleiro. Histrias contam que Himmler utilizava as cabeas cortadas de ociais da SS para se c o mu n i c a r c o m s e u s m e s t r e s ascensos, e dizia-se que ele conversava com o esprito do rei saxo Henry, o Caador. E cada um desses cavaleiros nazistas, d e v e - s e e n f a t i z a r, a c r e d i t av a sinceramente que estava trabalhando para a Luz, lutando contra os Magos das Trevas que vinham de todos os cantos da terra para tentar derrublos. Seria fascinante nos perguntarmos se acima dos governos visveis e dos servios que deles dependem, no haveria supervisionando todo o conjunto do vasto jogo dos atores no palco do mundo (mesmo e principalmente se eles tm a conscincia ilusria de serem livres) toda uma hierarquia superior. Recolocamos, em uma palavra, o
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problema dos Governos invisveis. E recordaremos as enigmticas ltimas palavras pronunciadas por Walter Rethenau, imediatamente antes de expirar: a aluso aos setenta e dois que dirigem o mundo: Quem eram eles naquele momento (alguns anos aps a primeira guerra mundial)? Quem so eles atualmente? Gostaramos muito de sab-lo!
KHN
Schutzstaffel
Sociedade Thul
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Nossa liberdade no nada alm de nossa capacidade de adquirir inuncia, status e poder
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Sobre a Alquimia
UM BREVE ENSAIO
A propsito do oleiro demiurgo e do alquimista, a funo soteriolgica dos mitos nasce sempre de uma prtica. Mircea Eliade, na sua obra capital sobre a Alquimia - Ferreiros e Alquimistas - fundamenta exaustivamente esta tese, trazendonos uma viso clara - na senda de Ren Alleau, nos Aspects de LAlchimie Traditionelle - daquilo que a experincia alqumica: a sacralidade da matria e das suas t r a n s fo r m a e s, b e m c o m o a experincia que delas tem o operador. A natureza profunda da Arte de Hermes a vibrao, em unssono, da matria, do operador e do Cosmos; esta uma viso tradicional - melhor, primordial - que apenas parecer estranha nossa mentalidade analtica e separadora, oposta das correspondncias, das analogias e das snteses. Analogamente, quer o discurso alqumico se situe ao nvel simblico, quer a nvel operativo ou especulativo, permanecer sempre como o reexo da unidade intrnseca da alquimia. Portanto, a alquimia , desde logo, a experincia da unidade. Mas essa experincia feita, dramaticamente, atravs da manifestao dual da realidade no nosso mundo sublunar. O caminho alqumico aquele que vai do 1 ao 2 e do 2 ao 3; no se trata, pois, de um dualismo (maniquesta, cartesiano ou estruturalista), mas de uma dualidade que se supera a si prpria por meio de um mediador: o 3. A mediao alqumica - o sal que permite a conjuno das duas naturezas contrrias, o enxofre e o mercrio - dupla: horizontal, unindo o masculino e o feminino a m de obter o andrgino, e vertical, unindo o que est em cima (o Logos, o esprito Universal) com o que est embaixo, para espiritualizar a matria e, concomitantemente, corporicar o esprito. Forma-se assim, em consequncia desta dupla hierogamia, uma cruz (o 4), no centro da qual se encontra o corao - o 5 do microcosmos ou a quinta essncia - que constitui o retorno unidade (5 + 1 = 6, o 6 do macrocosmos). Esta concepo operativa de carter ternrio parece comear a ter eco nas cincias humanas dos nossos dias, com as contribuies de Leach (A diversidade da Antropologia) e mesmo, em alguma medida, de Levi-Strauss (em Le cru et le cuit); mas a de Edgar Morin e, sobretudo, a de Gilbert Durand, em cuja obra o regime sinttico do imaginrio realiza a coincidncia oppositorum (Jung) dos regimes diurnos e noturnos, presente na maior parte dos mitos. O processo inicitico alqumico desenrola-se tambm em termos daquilo que Jung denominou da individuao - processo de crescimento e har monizao psquicos - mas Henry Corbin, no decorrer da sua extensa obra sobre o esoterismo islmico, que desenvolve um conceito que tem muitssimo a ver com a iniciao alqumica: o imaginal (o qual transcende a mera imaginao psquica). O correlativo mundus imaginalis o mundo inter medirio entre o sensvel (physys) e o inteligvel (noos, pneuma), entre o imaginrio e o simblico, mundo intermedirio das imagens arquetpicas - da imaginao creadora - mundo da Alma (individual ou do Mundo, Anima Mundi), ao mesmo tempo Ter ra celeste e Cor po de Ressurreio. Mas, como se desenvolver o processo alqumico, de modo a per mitir a dupla operao de transformar em idias as coisas exteriores e as coisas exteriores em idias, de acordo com o axioma expresso por R. Alleau: tudo o que observvel simblico e tudo o que simblico observvel? Desde logo, como em todo o processo inicitico, preciso passar pela fase da morte, da abertura - o caos alqumico, em que se d a separatio dos elementos, o solve, ou nigredo - qual se sucede a, agora possvel, infor mao (conscinciaconhecimento) da matria pelo Logos - a puricao, a sublimao, o albedo - e que permitir uma nova estruturao (conscinciaorganizao) - o rubedo, conjuntio, ou coagula, a qual conduzir Pedra Filosofal.
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Curiosamente, segundo a cincia atual - por intermdio dos trabalhos de um dos seus maiores expoentes, Ilia Prigoggine - a criao fsico-qumica de estruturas d-se atravs das seguintes etapas, cuja analogia com as do processo alqumico notvel: a) O sistema deve estar aberto (o solve); b) Deve vericar-se uma utuao de algum parmetro (o que corresponde etapa da informao pelo Logos ou pelo Esprito Universal); c) necessrio que a utuao se amplique para dar origem criao (poiesis) de uma nova forma de organizao ou de estrutura (o coagula). Esta analogia no deixa de surpreender pela constatao do acordo entre a
Tradio e os dados da cincia moderna, mas o escndalo atenuado se nos lembrarmos de que a alquimia , no fundo, uma qumica potica (creadora). Ora as reaes estudadas por Prigogine - e que seguem o percurso atrs descrito so criadoras (poticas), no s no sentido em que geram estruturas espao-temporais - de grande beleza! - mas tambm porque servem de modelo para as reaes prbiticas; o que tem muito a ver com o nosso tema, uma vez que o objetivo da alquimia uma qumica sagrada que pretende transformar, transmutar, o operador, a matria e o cosmos - (re)despertar a Vida na matria e, ao mesmo tempo, (re)criar a Vida dentro do operador... Pesquisa: KHN
O objetivo da alquimia transformar, transmutar, o operador, a matria e o cosmos - (re) despertar a Vida na matria e, ao mesmo tempo, (re)criar a Vida dentro do operador