Todas As Poesias de FAGUNDES VARELA
Todas As Poesias de FAGUNDES VARELA
Todas As Poesias de FAGUNDES VARELA
[Vozes da Amrica] No te rias assim, oh! no te rias, Basta de sonhos, de iluses fatais! Minh'alma nua, e do porvir s luzes Meus roxos lbios sorriro jamais!
E as rosas de Bagd. Desprende a voz adorada, Namorada, Poeta da solido, Ah! vem lanar com encanto Mais um canto, No livro da criao! Oh! meu sabi formoso, Sonoroso, J desponta a madrugada... Deixa teu ninho altaneiro, Vem ligeiro Saudar a luz da alvorada. [Estncias] Quando tardinha rumorejam brisas Roubando o aroma das agrestes flores, E doce e grave, nas viosas matas, Mais triste canto o sabi desata, Eu lembro-me de ti! Eu lembro-me de ti, por que tu'alma o sol de minh'alma e de meu gnio; E neste exlio que infernal me cerca, Msera planta, desfaleo e morro Ao frio toque de hibernal geada! Quando das franjas do Ocidente rseo Um raio ainda me clareia o crcere, E um tom suave de tristeza e luzes Mistura o dia palidez da noite, Eu lembro-me de ti!
Mas uma plaga como esta Nunca enxergaste qui, Viajante que deixaste As ondas do Panam! Que pesar me consome? ah! no procures Erguer a lousa de um pesar profundo, Contempla os ndios valentes Nem apalpares a matria lvida, Das florestas do Par, E a lama impura que pernoita ao fundo! Escuta os sons das cascatas E os cantos do sabi. No so as flores da ambio pisadas, No a estrela de um porvir perdida... Curva-te ao guarda soberbo Que esta cabea coroou de sombras Que junto da barra est, E a tumba inclina ao despontar da vida! Mede as vagas do Amazonas E os campos do Paran. este enojo perenal, contnuo, Que em toda a parte me acompanha os Colhe passos, do rio nas margens E ao dia incende-me as artrias quentes, As brancas flores do ing, Me aperta noite nos mirrados braos! Dorme sombra majestosa Do excelso jequitib. So estas larvas de martrio e dores Scias constantes do judeu maldito! Volta depois a teus lares, Em cuja testa, dos tufes crestada, Conta o que viste por c, Labu de fogo cintilava escrito! Viajante que deixaste A onda do Panam! Quem de si mesmo desterrar-se pode? Quem pode a idia aniquilar que o mata? Mas olha que junto ao porto Quem pode altivo esmigalhar o espelho Soberbo gigante est, Que a torva imagem de Sat retrata? Ele dorme, dorme, dorme, Mas nem sempre dormir! Quantos encontram inefveis gozos Nesses prazeres, para mim tormentos![O Sabi] Quantos nos mares onde a morte enxergo Oh! meu sabi formoso, Abrem as velas do baixel aos ventos! Sonoroso, J desponta a madrugada, O meu destino vaguear e sempre! Desabrocha a linda rosa Sempre fugindo funeral lembrana... Donairosa, Frreo estilete que me rasga os msculos, Sobre a campina orvalhada. Voz dos abismos que me brada: - Avana! Manso o regato murmura Que pesar me consome? ai! no mais Na tentes, verdura Erguer a lousa de um pesar profundo, Descrevendo giros mil, Somente a morte encontrars nas bordas, Some-se a estrela brilhante, E o inferno inteiro a praguejar no fundo! Vacilante, No horizonte cor de anil. [Cantiga] Viajante que deixaste Ergue-te, oh! meu passarinho, As ondas do Panam, De teu ninho, Vela ao entrares no porto Vem gozar da madrugada... Aonde o gigante est. Modula teu terno canto, Doce encanto Ele dorme, dorme, dorme, De minh'alma amargurada. Mas nem sempre dormir, Basta um bafejo, um sussurro Vem junto minha janela, Que o gigante acordar! Sobre a bela Verdejante laranjeira, Viste as montanhas e os vales Beber o eflvio das flores, Daquelas terras de l, Teus amores, Talvez as veigas da Itlia Nas asas de aura fagueira.
Eu lembro-me de ti, porque teu seio Guarda um tesouro de piedade santa, E nesse instante que o pesar duplica Faltam-me as vozes de teus lbios meigo E o doce orvalho de amorosos olhos! Quando nas bordas de meu leito escuro Fatais espectros de pavor se cruzam, E exausto, e lvido, eu procuro embalde O grato sono que meus olhos deixa, Eu lembro-me de ti!
Eu lembro-me de ti, porque saudosa Sonho-te a imagem soluando ao longe, E a fronte curva, e umedecidas plpebras Meu nome dizes ao tufo que passa, brisa doida que te morde as tranas! Quando meu corpo se debate em febre, E a lava ardente nas artrias corre... Quando cruenta, de funreos risos, Pressinto a morte levantar-se perto, Eu lembro-me de ti! Eu lembro-me de ti que s minha vida, ltimo alvio neste mundo insano,
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Anjo da guarda que minh'alma aflita Se tu soubesses que chama Pudera as trevas espancar com as asas, O teu olhar me derrama Lavar-lhe as manchas num Jordo de lgrimas! Nas fibras do corao! Que belos mundos diviso, Ai! tudo os homens entre ns quebraram: Que gozos do paraso A paz, o riso, as esperanas ureas; Eu sinto ao cerrar-te a mo! Mas de teu peito me arrancar no podem, Nem a minh'alma desprender da tua!...Se tu soubesses que dores, Eu lembro-me de ti!... Que medonhos dissabores Eu sinto dentro do peito, [Oriental] Ai! tu virias comigo Virgem! minh'alma te adora Sonhar das veigas no abrigo, Como a abelha de Misora Das folhas verdes no leito! As flores prenhes de mel, Como a sultana formosa Tu verias que tesouro, A nota triste e amorosa Que mistrio imorredouro Da lira do menestrel. Eu te mostrara, querida!... Oh! por um instante, virgem, Anjo! minh'alma te busca Por uma doce vertigem Como o inseto que se ofusca Te daria minha vida! Dos crios escurido, Como a clcia desmaiada [A Serenata] A carcia enamorada Oh minha me, que harmonias Das asas da virao! Vm meu sono interromper! No ouvis?... ai! so to belas Ai! vem, divina criana, Que me sinto reviver! Vem, minha douda esperana, Que eu aqui te espero em pranto; - Dorme, filhinha, o delrio Vamos errar nessas plagas, Que te causa a febre ardente; Aonde na praia as vagas Quem tocar serenatas Soluam sentidos cantos! Na porta de um doente? Oh!... l, minha doce amada, Plcida a lua encantada, No cu de azulada cor, O grato aroma das rosas Nas velas deliciosas Tudo, tudo inspira amor!... O Ganges dorme sonhando, Meu batel se embala arfando Sobre as ondas de cristal; O rouxinol inspirado Modula o treno adorado Nas sombras do laranjal! Oh! ao plido luar Como celeste pousar A fronte num seio amado! Tremer de amores um'hora Como a bela de Misora Nas maravilhas do prado! Ai! vem, divina criana, Vem, minha douda esperana, Que eu aqui te espero em prantos; A noite aos poucos declina E sobre o rio a neblina Desdobra seus tnues mantos. - No msica terrestre Que ao sono rasgou-me o vu; Oh me! o coro dos anjos Que me chamam para o cu!
Fazem destacar as cruzes De seu fundo de mistrios. Amo as tmidas aranhas Que, lacerando as entranhas, Fabricam dourados fios, E com seus leves tecidos Dos tugrios esquecidos Cobrem os muros sombrios. Amo a lagarta que dorme, Nojenta, lnguida, informe, Por entre as ervas rasteiras, E as rs que os pauis habitam, E os moluscos que palpitam Sob as vagas altaneiras! Amo-os, porque todo o mundo Lhes vota um dio profundo, Despreza-os sem compaixo! Porque todos desconhecem As dores que eles padecem No meio da criao! [Horas Malditas] H umas horas na noite, Horas sem nome e sem luz, Horas de febre e agonia Como as horas de Maria Debruada aos ps da cruz. Tredos abortos do tempo, Cadeias de maldio, Vertem gelo nas artrias, E sufocam, deletrias, Do poeta a inspirao.
[A.....] Nessas horas tumulares Pensava em ti nas horas de tristeza Tudo frio e desolado; Quando estes versos plidos compus; O pensador vacilante Cercavam-me plancies sem beleza, Julga ver a cada instante Pesava-me na fronte um cu sem luz. Lvido espectro a seu lado. Ergue este ramo solto em teu caminho; Quer falar, porm seus lbios Sei que em teu seio asilo encontrar!... Recusam-lhe obedecer, S tu conheces o secreto espinho Medrosos de ouvir nos ares Que dentro d'alma me pungindo est!... Uma voz de outros lugares Que venha interromper. [Sextilhas] Amo o cantor solitrio Se abre a janela, as plancies Que chora no campanrio V de aspecto aterrador; Do mosteiro abandonado, As plantas frias, torcidas, E a trepadeira espinhosa Parece que esmorecidas Que se abraa caprichosa Pedem socorro ao Senhor. forca do condenado. As charnecas lamacentas Amo os noturnos lamprios Exalam podres miasmas; Que giram, errantes crios, E os fogos fosforescentes Sobre o cho dos cemitrios, Passam rpidos, frementes E ao claro de tredas luzes Como um bando de fantasmas.
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E a razo vacila e treme, Coalha-se o sangue nas veias, Mas as horas sonolentas Vo-se arrastando cruentas Ao som das brnzeas cadeias. Oh! essas horas tremendas Tenho-as sentido de mais! E os males que me causaram, Os traos que me deixaram No se apagaro jamais! [Madrugada Beira-Mar] O firmamento inteiro Transborda de fulgores, Do sol aos esplendores, De Deus ao vasto olhar; Esparsas no infinito As nuvens cambiantes Se espelham triunfantes Na face azul do mar. A tribo das gaivotas, Abrindo as asas leves, Descreve giros breves Das rochas ao redor; E alm, na praia extensa, Ao cntico das aves Misturam-se as suaves Canes do pescador. Nas ondas transparentes, D'aurora os brandos lumes Prateiam os cardumes Dos vvidos peixinhos; E os botes descuidosos, Em prolongadas voltas, Correm de velas soltas Nos pramos marinhos. Contudo entre as belezas Deste festim sublime Eu sinto que me oprime Um ntimo pesar! Porque no sou a concha Que volve-se na praia? E a espuma que desmaia? A onda azul do mar? Porque no tenho eu asas Assim como a andorinha, Que se levanta asinha E voa n'amplido? Se a inspirao procura Erguer-me pelo espao, Um rijo, estreito lao Me prende os ps no cho! O sol que hoje fulgura
E as vagas ilumina, De novo a luz divina Derramar nos cus; A madrugada esplndida, No dia de amanh, Vir bela e lou Quebrar da noite os vus. Mas eu, ente maldito, Da criao no meio, Tenho no frgil seio Martrios infernais! Hoje reflito, sinto, Mas amanh, cado, Do lodo apodrecido No surgirei jamais!
Embalam-se avezinhas de penas multico Pejando a mata virgem de cnticos de am Mas presa de uma dor tantlica e secreta De dia em dia murcha o louro do poeta!... [Sombras] No me detestes, no! Se tu padeces, Tambm minh'alma teu sofrer partilha, E sigo em prantos do suplcio a trilha, Curvado ao peso de tremenda cruz!
Para ns ambos apagou-se a luz, Tudo tristeza no deserto vrio, Inda est longe o cimo do Calvrio... [Queixas do Poeta] No para ti... mas para mim, precito! Ao cedro majestoso que o firmamento espana Ligou a mo de Deus a mida liana, Tenho na face o desespero escrito. s amplas soledades arroios amorosos, Todos me odeiam! - Quanto todo p! s selvas passarinhos de cantos sonorosos, Ai! neste mundo tu me amaste, s, E em paga desse amor tiveste o inferno! Neblinas s montanhas, aos mares viraes, Ao cu mundos e mundos de flgidos clares, Plida rosa do alcaar eterno! Mas presa de uma dor tantlica e secreta Cndida pomba que a inocncia nutre! Sozinho fez brotar o gnio do poeta!... Melhor te fora a sanha de um abutre Que estas profundas mos que te roara A aurora tem cantigas e a mocidade rosas, O sono do opulento vises deliciosas, Aos cus os anjos teu chorar levaram, Nas ondas cristalinas espelham-se as estrelas, Irmos preparam-te amoroso abrigo, E as noites desta terra tm sedues to belas, E eu inda fico!... E tenho por castigo Sentir-me vivo quando tu expira! Que as plantas, os rochedos e os homens eletrizam, E os mais dourados sonhos na vida realizam. Oh! quando noite o vendaval se atira, Mas triste, do martrio ferido pela seta, Quebrando as vagas turbulentas, frias, Solua no silncio o msero poeta!... E lasca o raio as broncas penedias Onde a chuva despenha-se escumando; As auras do vero, nas regies formosas Do mundo americano, as viraes cheirosas Penso que Deus se abranda e vem chega Parecem confundidas rolar por sobre as A flores ltima cena de meu torvo drama; Que exalam da corola balsmicos odores; Mas do fuzil que passa rubra chama Vejo ainda longe o pouso derradeiro! As leves borboletas em bandos esvoaam, Os rpteis na sombra s rvores se enlaam; Andar e sempre andar! O globo inteiro Mas s, sem o consolo de uma alma predileta, Pendido atravessar como Caim! Descora no desterro a fronte do poeta!... No achar um repouso, um termo, um fim dor que ri, lacera e no descansa! O viajor que tarde sobre os outeiros passa Divisa junto s selvas um fio de fumaa E jamais antever uma esperana! Erguer-se preguioso da choa hospitaleira Uma rstia de luz na escurido! Pousada alegremente de um ribeiro Uma beira; voz que me fale de perdo E parta o brnzeo seio de agonia! Ali junto dos seus descansa o lavrador, Dos homens afastado e longe do rumor; Ah! cruento! Mas talvez um dia Mas no recinto escuro que o desalentoCompreendas infecta to funda expiao, Sucumbe lentamente o gnio do poeta!... E o pobre nome que detestas hoje Murmures entre lgrimas ento! No rio caudaloso que a solido retalha, Da funda correnteza na lmpida toalha,[A Vrzea]
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s luzes matutinas, Sorrindo entre neblinas, A vrzea como linda! Parece uma criana Rosada, loura e mansa, No mole bero ainda. O arroio sonolento Desliza tardo e lento Por entre os nenufares, E cada vez mais brando Se vai perder chorando No seio dos palmares. As lnguidas ninfias, De fresco orvalho cheias, Nas hsteas se balanam; E, como doudas willis, Por sobre as amarlis As borboletas danam. Na teia de mil cores, Brilhante entre vapores, A aranha se equilibra, Fugindo de um argueiro O toque o mais ligeiro Que abala a sbia fibra. Depois leve, indolente, A nvoa docemente Desdobra-se passando, E alm, nos horizontes, Por entre os altos montes, O sol vem despontando. A grama, o rio, as flores, Os tmidos cantores, Palpitam de alegria, E o pobre em seu albergue Humildes cantos ergue Ao filho de Maria. Meu Deus! a luz divina Que os orbes ilumina Rebenta de teus olhos, Santelmos de alm-mundo Que vm no mar profundo Mostrar-nos os escolhos! Ah! que seria a vida, To ttrica e dorida, Sem teu saber sem termos? Que quando o triste cansa, Povoa de esperana Os mais medonhos ermos? Senhor! a podre argila Abafa e aniquila Meu gnio solitrio!... Oh! nem mais foras tenho
Para arrastar meu lenho Ao combro do Calvrio! No meio da jornada Vergou-me a mo pesada Da infmia negra e rude! As serpes que passaram, A rosa envenenaram De minha juventude! Mas ah! quando contemplo Teu majestoso templo, A vasta criao, Sinto brotar de novo De crena inda um renovo No exausto corao! [Resignao] Sozinho no descampado, Sozinho sem companheiro, Sou como o cedro altaneiro Pela tormenta aoitado. Rugi, tufo desabrido! Passai, temporais de p! Deixai o cedro esquecido, Deixai o cedro estar s! Em meu orgulho embuado, Do tempo zombo da lei... Oh! venha o raio abrasado, Sem me vergar... tombarei! Gigante da soledade, Tenho na vida um consolo: Se enterro as plantas no solo, Chego a fronte imensidade! Nada a meu fado se prende, Nada enxergo junto a mim; S o deserto se estende A meus ps, fiel mastim. dor o orgulho sagrado Deus ligou num grande n... Quero viver isolado, Quero viver sempre s! E quando o raio incendido Roar-me, ento cairei Em meu orgulho envolvido, Como em um manto de rei. [Desengano] Oh! no me fales da glria, No me fales da esperana! Eu bem sei que so mentiras Que se dissipam, criana! Assim como a luz profliga
As sombras da imensidade, O tempo desfaz em cinzas Os sonhos da mocidade. Tudo descora e se apaga: esta do mundo a lei, Desde a choa do mendigo At aos paos do rei! A poesia um sopro, A cincia uma iluso, Ambas tateiam nas trevas A luz procurando em vo. Caminham doidas, sem rumo, Na senda que dor conduz, E vo cair soluando Aos ps de sangrenta cruz. Oh! No me fales da glria, No me fales da esperana! Eu bem sei que so mentiras Que se dissipam, criana! Que me importa um nome impresso No templo da humanidade, E as coroas de poeta, E o selo da eternidade, Se para escrever os cantos Que a multido admira mister quebrar as penas De minh'alma que suspira? Se nos desertos da vida, Romeiro da maldio, Tenho de andar sem descanso Como o Hebreu da tradio?... Buscar das selvas o abrigo, A sombra que a paz aninha, E ouvir a selva bradar-me: Ergue-te, doido, e caminha! Caminha! dizer-me o monte! Caminha! dizer-me o prado. Oh! Mais no posso! - Caminha! Responder-me o descampado?... Ah! no me fales da glria, No me fales da esperana! Eu bem sei que so mentiras Que se dissipam, criana! Reflexes da Meia-Noite Traduo de uma poesia de M. Aubertin,
No cu da meia-noite a lua se equilibra, As praas esto mudas e os homens rep Mas ai! sob este encanto da abbada cer
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Que multido de seres no vela soluando! Que nunca desfalece, nem de brilhar se cansa. No diz o mpio, no diz o avaro, No diz o ingrato: - Ave! Maria! calma semelhante, a dor queda e funda. s vezes, por mais belo que o dia resplandea, Seus ntimos gemidos quem poder contar?... L surge um ponto negro que avulta n'amplido, Ave! Maria! - No cu, na terra! A tempestade foge, mais infeliz, da nuvem Assim tambm no meio dos gozos e venturas Luz da aliana! Doce harmonia! Que a lgrima secreta desprende em seu O dissabor passar! se mostra e pede seu quinho. Hora divina! Sublime estncia! Bendita sejas! - Ave! Maria! To dolorida e triste que espera as horas Ao mortas dia segue a noite, mas esta se esvaece, Para afogar seu brilho no plio tenebroso, E o globo aviventando desponta um novo dia, [Nvoas] To surda que ao rolar nas faces desbotadas E os coraes, que h pouco pulsavam tristemente, Nas horas tardias que a noite desmaia, Talvez nem a pressinta o msero inditoso. Dilatam-se inundados de amor e de alegria. Que rolam na praia mil vagas azuis, E a lua cerrada de plida chama H um pesar ainda mais brbaro e cruento! Erguei acima os olhos, que linda vai a noite! Nos mares derrama seu pranto de luz, esse que enregela as lgrimas nos olhos! Quo doce seu aspecto e seu respiro ameno! E queima a gota flgida que a madre natureza E vs pensais achar, sombrio e taciturno, Eu vi entre os flocos de nvoas imensas Verteu como um consolo, da vida entre Seu os abrolhos! manto conspurcado da morte no veneno! Que grutas extensas se elevam no ar, - Um corpo de fada, - serena dormindo, quando tudo dorme que este pesar desperta! Assim ao desditoso pudera, no silncioTranqila sorrindo num brando sonhar. Oh! quanto desgraado no curva-se Celeste, pressooculta voz baixinho murmurar: Do rbido tirano do seio que padece So estas as verdades que a s filosofia Na forma de neve - purssima e nua E a vida amaldioa, e a morte chama em s vo! lgrimas inteis devera aconselhar.Um raio da lua de manso batia, E assim reclinada no trbido leito Meu Deus! se isto assim, bendita a voz Mas amiga ai! a cada passo a vida nos demonstra, Seu plido peito de amores tremia. Que a seu exausto ouvido dissesse brandamente: Embora da esperana cintile a chama pura Misrrimo! se a dor magoa-vos a essncia, Que h dores to profundas, pesares to Oh!rebeldes, filha das nvoas! das veigas viosas, Mirai o cu da noite to plcido e fulgente! Assim como h molstias mortferas, sem Dascura! verdes, - cheirosas roseiras do cu, Acaso rolaste to bela dormindo, Porm se obstinado, com glido desprezo, [Ave! Maria!] E dormes sorrindo, das nuvens no vu? Tenaz em refazer-se da desventura infinda, A noite desce - lentas e tristes Olhasse com sarcasmo o divinal aviso,Cobrem as sombras a serrania, O orvalho da noite congela-te a fronte, oh! mais suave e meiga dissesse a voz Calam-se ainda: as aves, choram os ventos, As orlas do monte se escondem nas brum Dizem os gnios: - Ave! Maria! E queda repousas num mar de neblina, Podeis pensar acaso que a lua peregrine Qual prola fina no leito de espumas! Nos pramos sidreos to cheia de fulgor, Na torre estreita de pobre templo Se aqui sobre este mundo, ao lado da Ressoa tristeza, o sino da freguesia, Nas nuas espduas, dos astros dormente No restasse um viso de tanta paz e amor? Abrem-se as flores, Vsper desponta, To frio no sentes o pranto filtrar? Cantam os anjos: - Ave! Maria! E as asas de prata do gnio das noites, Enquanto ao firmamento a cor azul for prpria Em tbios aoites a trana agitar? As trevas passaro e a chuva h de cessar, No tosco alvergue de seus maiores, E junto do infeliz a mgica esperana Onde s reinam paz e alegria, Ai! vem que nas nuvens te mata o desejo Os sonhos que morreram vir ressuscitar. Entre os filhinhos o bom colono De um frvido beijo gozares em vo!... Repete as vozes: - Ave! Maria! Os - astros sem alma - se cansam de olh Contudo o cu mais puro parece opaco e negro No podem amar-te, nem dizem paixo! A quem foge da luz obstinado e cego; E, longe, longe, na velha estrada, A vista firme e clara esvaem-se os negrumes Pra e saudades ptria envia E as auras passavam, e as nvoas tremia Que turbam da existncia a calma e o sossego. Romeiro exausto que o cu contempla, E os gnios corriam no espao a cantar, E fala aos ermos: - Ave! Maria! Mas ela dormia to pura e divina Trar consolo a lua, o sol calor e vida, Qual plida ondina nas guas do mar! E a humana criatura, ligada a seu penar, Incerto nauta por feios mares, Se quedar tristonha quando a esperana Onde vela se estende nvoa sombria, Imagem formosa das nuvens Ilria, Nas sombras deste mundo, arcanjo tutelar? Se encosta ao mastro, descobre a fronte, Brilhante Valquria das brumas do norte, Reza baixinho: - Ave! Maria! No ouves ao menos do bardo clamores, Vossa alma livre agora, despedaai os ferros Envolta em vapores, mais fria que a mort Que os entes escravizam num padecer Nas insano; soledades, sem po nem gua, Mirai o cu azul, sede robusto e forte, Sem pouso e tenda, sem luz nem guia,Oh! vem! vem, minh'alma! teu rosto gelad Alm do desespero no h pior tirano! Triste mendigo, que as praas busca, Teu seio molhado de orvalho brilhante, Curva-se e clama: - Ave! Maria! Eu quero aquec-los no peito incendido, O desespero o que ? - Palavra estulta e louca! Contar-te ao ouvido paixo delirante!... O corao s vive s luzes da esperana, S nas alcovas, nas salas dbias, Centelha ora indecisa, ora formosa e viva, Nas longas mesas de longa orgia Assim eu clamava tristonho e pendido,
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Ouvindo o gemido da onda na praia, Brotam plantas bravias no cho, Na hora em que fogem as nvoas sombrias, Nas paredes limosas - o cardo Nas horas tardias que a noite desmaia. Ergue a fronte silente ao tufo.
Quero ao longo perder-me das selvas Onde passa rugindo o tufo! Cantareira - 1861
E as brisas d'aurora ligeiras corriam, Minha casa deserta. O que feito [A Mulher] No leito batiam da fada divina; Desses templos benditos d'outrora, (A C.....) Sumiram-se as brumas do vento bafagem Quando em torno cresciam roseiras, A mulher sem amor como o inverno, E a plida imagem desfez-se em neblina! Onde as auras brincavam n'aurora? Como a luz das antlias no deserto, Santos - 1861 Como o espinheiro de isoladas fragas, Hoje a tribo das aves errantes Como das ondas o caminho incerto. [Vida de Flor] Dos telhados se acampa no vo, Porque vergas-me a fronte sobre a terra? A lagarta percorre as muralhas, A mulher sem amor mancenilha - Diz a flor da colina ao manso vento - Canta o grilo pousado ao fogo. Das ermas plagas sobre o cho crescida, Se apenas das manhs o doce orvalho Basta-lhe sombra repousar um'hora, Hei gozado um momento! Das janelas no canto, as aranhas Que seu veneno nos corrompe a vida. Leves tremem nos fios dourados, Tmida ainda, nas folhagens verdes As avencas pululam viosas De eivado seio no profundo abismo, Abro a corola quietao das noites, Na umidade dos muros retados. Paixes repousam num sudrio eterno; Ergo-me bela, me rebaixas triste No h canto nem flor, - no h perfumes Com teus feros aoites! Tudo tredo, meu Deus! o que feito A mulher sem amor como o inverno. Dessas eras de paz que l vo, Oh! deixa-me crescer, lanar perfumes, Quando junto do fogo eu ouvia Su'alma um alade desmontado Vicejar das estrelas magia, As legendas sem fim do sero? Onde embalde o cantor procura um hino; Que minha vida plida se encerra Flor sem aromas, sensitiva morta, No espao de um s dia! No curral esbanjado, entre espinhos, Batel nas ondas a vagar sem tino. J no bala ansioso o cordeiro, Mas o vento agitava sem piedade Nem desperta-se ao toque do sino Mas se um raio do sol tremendo deixa A fronte virgem da cheirosa flor, Nem ao canto do galo ao poleiro. Do cu nublado a condensada treva, Que pouco a pouco se tingia, triste, A mulher amorosa mais que um anjo, De mrbido palor. Junto cruz que se eleva na estrada um sopro de Deus que tudo eleva! Seco e triste se embala o choro, No vs, oh brisa? lacerada, - murcha No h mais o esfumar das accias, Como o rabe ardente e sequioso To cedo ainda vou pendendo ao cho, Nem do crente a - sentida orao. Que a tenda deixa pela noite escura, E em breve tempo esfolharei j morta No h mais uma voz nestes ermos E vai no seio de orvalhado lrio - Sem chegar ao vero? Um gorjeio das aves no val, Lamber a medo a divinal frescura: S a fria do vento retroa Oh tem pena de mim! deixa-me ao menos Alta noite agitando o ervaal! O poeta a venera no silncio, Desfrutar um momento de prazer, Bebe o pranto celeste que ela chora, Pois que meu fado despontar n'aurora Ruge, oh vento gelado do norte, Ouve-lhe os cantos, lhe perfuma a vida,.. E ao crepsculo morrer!... Torce as plantas que brotam no cho, A mulher amorosa como a aurora! Nunca mais eu terei venturas So Paulo - 1861 Brutal amante no lhe ouviu as queixas, Desses tempos de paz que l vo! Nem s suas dores ateno prestou, [Sobre um Tmulo] E a flor mimosa retraindo ptalas Nunca mais desses dias passados Torce-te a na sepultura fria Na tige se inclinou. Uma luz surgir dentre brumas! Onde passa rugindo o furaco, As montanhas se embuam nas trevas, Seja-te o orvalho das manhs negado, Surgiu n'aurora, no chegou tarde, As torrrentes se vendam de espumas! Soe em teu leito a voz da maldio! Teve um momento de existncia s; A noite veio, - procurou por ela, Corre pois vendaval das tormentas, Teu castigo ser gemer debalde Mas a encontrou no p. Hoje tua esta morna solido! Buscando o sono que o sudrio deixa, Nada tenho, que um cu lutulento Ouvir nas trevas de uma noite horrenda Ouviste, oh virgem, a legenda triste E uma cama de espinhos no cho! De errantes larvas a funrea queixa! Da flor do outeiro e seu funesto fim, - Irm das flores, mulher s vezes - Ruge, voa, que importa! sacode Pose-te a terra qual um fardo imenso, Tambm sucede assim. Em lufadas as crinas da serra, Infecta podrido cubra teus olhos, S. Paulo - 1861 Alma nua de crena e esperanas Seque o salgueiro que sombreia a lousa Nada tenho a perder sobre a terra! E em seu lugar estendam-se os abrolhos [O Foragido] (Cano) Vem, meu pobre e fiel companheiro, Roam-te o dio, - a maldio, - o olvido, Minha casa deserta; na frente Vamos, vamos depressa, meu co, E quando as turbas levantar-se um dia,
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- Aparncias de Deus, - para afundar-se O fardo que me comprime No seio d'Ele, ardentes de alegria, Dos ombros lanar ao cho, Eis dentre as vagas de caligem densa Do p desprender-me rindo Vem macilenta se mostrando a lua, Surdo sejas aos ecos da trombeta E as asas brancas abrindo Como luz dela a natureza morta, Em teu leito de pedra enregelada; Lanar-me pela amplido! Como a plancie devastada e nua! Findem-se os mundos, e a existncia tua Fria se apague na solido do nada! Oh! quantas loiras crianas Perto, to perto se levanta a margem So Paulo - 1861 Coroadas de esperana Onde fagueira a salvao sorri, Descem da campa friez!... E ns rolamos, e rolamos sempre [Tristeza] Os vivos vo repousando E no podemos aportar ali! Minh'alma como o deserto Mas eu pergunto chorando: De dbia areia coberto, - Quando vir minha vez? Como ao rijo soprar das ventanias Batido pelo tufo; Os mortos biam sobre as guas frias! como a rocha isolada Minh'alma triste, pendida, Pela espumas banhadas, Como a palmeira batida Duro, insofrido o vendaval soergue Dos mares na solido. Pela fria do tufo; Da onda a face em convulso febril; como a praia que alveja; Barqueiro, alento! e chegando em terra, Nem uma luz de esperana, Como a planta que viceja Hei de cobrir-te de riquezas mil. Nem um sopro de bonana Nos muros de uma priso! Na fronte sinto passar! So Paulo - 1861 Porm no dorso do drago das guas Os invernos me desoiram, Lutava o barco - mas lutava em vo, E as iluses que fugiram [A Enchente] E a pobre moa desvairada em prantos Nunca mais ho de voltar! Era alta noite. Caudaloso e tredo Pedia Virgem que lhe desse a mo! Entre barrancos espumava o rio, Roem-me atrozes idias, Densos negrumes pelo cu rolavam, Como ao rijo soprar das ventanias A febre me queima as veias, Rugia o vento no palmar sombrio. Os mortos biam sobre as guas frias! A vertigem me tortura!... Oh! por Deus! quero dormir, Triste, batido pelas guas torvas Ouve, barqueiro, que rugido esse Deixem-me os braos abrir Girava o barco na caudal corrente, Profundo e surdo que l em baixo soa? Ao sono da sepultura! Lutava o remador - e ao lado dele Parece o ronco de um trovo medonho Um virgem dizia tristemente: Que dos abismos pelo ecoa! Despem-se as matas frondosas, Caem as flores mimosas Como ao rijo soprar das ventanias Oh!. 'stou perdido!... abandonado os rem Da morte na palidez: Os mortos biam sobre as guas frias!Clama o infeliz a delirar de medo, Tudo, tudo vai passando, Oh a morte que nos chama, horrvel, Mas eu pergunto chorando E so jovens, bem jovens! na cabana No fundo escuro de feral rochedo! - Quando vir minha vez? Dormiam calmos sem pesar na sorte; A enchente veio, e no agitar infrene Como ao rijo soprar das ventanias Vem, oh virgem descorada, de um sono meigo os conduziu morte! Os mortos biam sobre as guas frias! Com a fronte plida ornada De cipreste funerrio, A f'elicidade um sonho nebuloso,... Ia o batel. Ao sorvedouro imenso Vem! oh quero nos meus braos A vida neste mundo sempre assim, Era impossvel se esquivar ento, Cerrar-te em meigos abraos Do gozo em meio a veladora eterna Dentro sentado - o remador chorava, Sobre o leito morturio! Nos arranca da mesa do festim E a donzela dizia uma orao. Vem oh morte! a turba imunda, Em sua misria profunda, Te odeia, te calunia, -- Pobre noiva to formosa Que nos espera amorosa No termo da romaria. Quero morrer, que este mundo Com seu sarcasmo profundo Manchou-me de lodo e fel; Porque meu seio gastou-se, Meu talento evaporou-se Dos martrios ao tropel! Quero morrer: no crime Como ao rijo soprar das ventanias J diante deles entre vus de espuma Os mortos biam sobre as guas frias!Treda - a voragem com furor rugia, E uma coluna de ligeiro fumo Rema, rema, barqueiro; olha - l embaixo Do centro escuro para o cu subia. luz vermelha do fuzil que passa, No vs o vulto de um rochedo escuro Como ao rijo soprar das ventanias Que a correnteza estrepitando abraa? Os mortos biam sobre as guas frias!
Oh se o vejo, senhora; eu bem o vejo! Sbito o barco volteou rangendo Diz o barqueiro com sinistra voz; Tremeu em nsia - se estorceu, recuou, Pedi Virgem que os perigos vela Deu a virgem um grito - outro o barqueiro Que tenha ao menos compaixo de ns! E o lenho na voragem se afundou! Como ao rijo soprar das ventanias Tudo findou-se. O vendaval sibila Os mortos biam sobre as guas frias!Correndo infrene na plancie nua,
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O rio espuma e nas revoltas ondas No posso calmo ver pisar-se as turbas, O povo de Santa Cruz! Descem dois corpos ao claro da lua. Como o corcel de levantada esttua O cho do pedestal! Sofrestes ontem, criana Como ao rijo soprar das ventanias S. Paulo - Outubro - 1861 Contra a fora o que fazer?... Os mortos biam sobre as guas frias! Se nada podeis, agora Setembro - 1861 [Ao Brasil] Podeis ao menos morrer!... Bela estrela de luz, diamante flgido [ Esttua Eqestre] Da coroa de Deus, prola fina Oh! morrei! a morte bela Ergue-te ousado sobre o cho da praa, Dos mares do ocidente, Quando junto ao pavilho Homem de bronze, - imagem de monarca, Oh! como altiva sobre nuvens de ouro Se morre pisando escravos Simulacro fatal! A fronte elevas afogando em chamas Que insultam brava nao! Pisa inda as turbas humilhadas, como O velho continente! As duras patas do corcel que montas Quando nos templos da fama O cho do pedestal. A Itlia meiga que ressona lnguida Nas ureas folhas da histria Nos coxins de veludo adormecida Gravado revive o nome Cansadas nunca de opressores ferros,Como a escrava indolente; Por entre os hinos da glria! Livres de um jugo, - de outro jugo escravas, A Frana altiva que sacode as vestes As massas enervadas Entre o brilho das armas e as legendas Quando a turba que se agita Do p resgatam seus tiranos mortos, De um passado fulgente. Sada a campa adorada: E luz do sol inundam de louvores, - Foi um heri que esvaiu-se Por terra debruadas! A Rssia fria - Mastodonte eterno! Nos braos da ptria amada! Cuja cabea sobre os gelos dorme, Raa de Ilotas, que fizeste pois E os ps ardem nas frguas; [A D. Pedro II] Da frvida centelha que no seio A Bretanha insolente que expelida Tu s a estrela mais fulgente e bela Vos ps a Divindade? De seus planos estreis se arremessa Que o solo aclara da Colmbia terra, Porque reledes o passado escuro, Mordendo-se nas guas; A urna santa que de um povo inteiro Quando deveras derribar os tronos Arcanos fundos no sacrrio encerra! Cantando a liberdade? A Espanha trbida; a Germnia em brumas; A Grcia desolada; a Holanda expostaTu s nos ermos a coluna ardente Vota-se treva o busto dos Andradas, Das ondas ao furor... Que os passos guia de uma tribo errante, Some-se a glria de ferventes mrtiresUma inveja teu cu, outra teu gnio, E ao longe mostras atravs das nvoas Na lama do ervaal! Esta a riqueza, a robustez aquela, A plaga santa que sorriu distante!... Mas a fria esttua pisa a turba, como E todas o valor! As duras patas do corcel de bronze Tu s o gnio benfazejo e grato O cho do pedestal! Oh! terra de meu bero, oh ptria amada, Poupando as vidas no calor das frguas, Ergue a fronte gentil ungida em glriasE, voz das turbas, do rochedo em cham Oh terra do Brasil; - diamante vvido De uma grande nao! Desprende um jorro de benditas guas! Da coroa soberba de Colombo, Quando sofre o Brasil, os brasileiros - Bela estrela do sul, Lavam as manchas, ou debaixo morrem Tu s o nauta que atravs dos mares Porque to cedo declinais a fronte Do santo pavilho!... O lenho imenso do porvir conduz, E a fmbria do vestido enegreceis E ao porto chega sossegado e calmo No limo do paul? [Ao Povo] De um astro santo acompanhando a luz! No ouvis?... Alm dos mares Porque to cedo enregelais o seio Braveja ousado Breto! Oh! no consintas que teu povo siga Nessas frias geadas que predizem Vingai a ptria, ou valentes Louco, sem rumo, desonroso trilho! A morte das naes, Da ptria tombai no cho! Se s grande, ingente, se dominas tudo, E os pulsos presos, e a vontade escrava, Tambm das terras do Brasil s filho! Do mrtir a memria e a voz dos bardos Erguei-vos, povo de bravos, Cobris de maldies? Erguei-vos, brasleo povo, Abre-lhe os olhos, o caminho ensina No consintais que piratas Aonde a glria em seu altar sorri Erguei-vos desse lvido marasmo, Na face cuspam de novo! Dize que vive, e viver tranqilo, Afrontai o negrume das tormentas, Dize que morra, morrer por ti! O horror da tirania! O que vos falta? Guerreiros? Se agora em bronze eternizais - senhores, Oh! que eles no faltam no, [Hino] Gravai nos bronzes o braso dos livres, Aos prantos de nossa terra Soldados valentes, - soldados briosos, Saudai um novo dia! Guerreiros brotam do cho! Soldados da terra bendita da Cruz, s armas! erguei-vos, a aurora desponta Embora o mundo me proclame louco, Mostrai que as frontes sublimes Vertendo nos prados torrentes de luz! Embora fronte com furor me gravem Os anjos cercam de luz, Estigma infernal! E no h povo que vena A guerra no tarda! - j brilham nos camp
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Espadas lustrosas do sol ao fulgor, Eia! caminha, o Partenon da glria Misturam-se os brados ao som das cornetas Te guarda o louro que premia os bravos! Neste profundo deserto E ao rufo ruidoso de rouco tambor! Voa ao combate repetindo a lenda: De negros antros coberto Morrer mil vezes que viver escravos! Sentado de Deus to perto No vedes? - ao longe na praia sem termos Quem que teme o Breto? Os lenhos aportam de horrendo pirata![Canto do Sertanejo] s armas!... s armas! torrentes de sangue Salve, oh! florestas sombrias, [Cano] Misturem-se s ondas raivosas do Prata! Salve, oh! broncas penedias, Nunca viste madrugada, Onde as rijas ventanias De nveo manto atravs, O dia dos grandes, - o dia dos bravos Murmuram fera cano, Um linfa branca e pura Que a ptria defendem ou tombam no cho! Saltando da serra escura Lavai as campinas da ptria querida Nas sombras deste deserto Qual um cabrito monts? Das fundas pisadas de ousado Breto!Do norte ao rude concerto, Sentado de Deus to perto Em torno, tudo Quem h que vos vena? quem h que Quem atrevido que teme o Breto? So negras penhas vos roube a bandeira que ardente reluz, Nvoas ligeiras, Soldados valentes, soldados briosos, Cobre-se a selva de flores, Grutas e brenhas. Soldados da terra bendita da cruz! Brincam volteis cantores Bebendo os langues odores E o sol despeja, Avante, guerreiros! o gnio das lutas Que passam na virao, Rasgando as brumas, Seus cantos tremendos nos ares espalha, Torrentes de oiro Resvalam as balas, - relincham os cavalos, Rugem cavernas frementes, No vu de espumas! Retumbam, - ribombam bombardas e metralha! Silvam medonhas serpentes, Bradam raivosas torrentes, Eis uma graa alvejante O dia dos grandes, o dia dos bravos, Quem que teme o Breto? Que abandona as cordilheiras, Que a ptria defendem ou morrem no cho!... E vai molhada de orvalhos Soldados briosos, - soldados valentes, Ah! correi filhos das matas, Perder-se nos moles galhos Lavai as ofensas de ousado Breto! Atravs das cataratas, De uma selva de palmeiras! Entre suaves cantatas [A So Paulo] Ao gnio da solido, Assim murmura Terra da liberdade! De manhzinha Ptria de heris e bero de guerreiros, Cuspi nos dias escassos, O viajante Tu s o louro mais brilhante e puro, Rompei os imigos laos... Que alm caminha O mais belo floro dos brasileiros! No tendes dois fortes braos? Cravando os olhos Quem que teme o Breto? Na linfa pura Foi no teu solo, em borbotes de sangue Que despenha Que a fronte ergueram destemidos bravos, Loucos! nas fundas clareiras, Da selva escura. Gritando altivos ao quebrar dos ferros: Aos urros das cachoeiras - Antes a morte que um viver de escravos! Nas brenhas das cordilheiras, Nunca viste-a?... No importa, Feia morte encontraro! Deixa os tristonhos palmares... Foi nos teus campos de mimosas flores, Vs agora esse gigante voz das aves, ao soprar do norte, Quem tem do ermo as grandezas, Que se espreguia arrogante Que um rei potente s multides curvada As serras por fortalezas No leito imenso dos mares? Bradou soberbo: - Independncia ou morte! No teme as loucas bravezas Do temerrio Breto! Em torno, tudo Foi no teu seio que surgiu, sublime, So vozes, cantos, Trindade eterna de herosmo e glria, Daqui decide-se a sorte, Virgens florestas Cujas esttuas cada vez mais belas, Daqui troveja-se a morte, De eternos mantos. Dormem nos templos da braslia histria! Daqui se extingue a coorte Plagas, - savanas, Que insulta a brava nao!... Montes sombrios, Eu te sado, oh! majestosa plaga, Curvam-se humildes Filha dileta, e estrela da nao, Gritos das selvas, dos montes, Ao rei dos rios! Que em brios santos carregaste os clios Dos matagais e das fontes voz cruenta de feroz Breto! Retumbam nos horizontes... Salve! Amazonas soberbo! Quem que teme o Breto? Salve! da guas Tito! Pejaste os ares de sagrados cantos, Teu povo brada arrogante: Ergueste os braos e sorriste guerra,Salve, oh! florestas sombrias, Quem vive aos ps de um gigante Mostrando ousada ao murmurar das turbas, Salve, oh! broncas penedias, No tem receio ao Breto!. Bandeira imensa da cabrlia terra! Onde as rijas ventanias Perpassam varrendo o cho, [No te esqueas de mim!]
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No te esqueas de mim, quando erradia A noite negra; raivosos Ns ramos jovens - e as balsas floridas Perde-se a lua no sidreo manto; Os ventos correm do sul; O espao inundavam de quentes perfume Quando a brisa estival roar-te a fronte, No temes que eles te apaguem E o vento chorava nas tlias do parque, No te esqueas de mim, que te amo tanto. A tua lanterna azul? E a lua soltava seus tpidos lumes!... Quando tu passas o lago No te esqueas de mim, quando escutares De estranhos fogos esplende, Ah! msero aquele que as sendas do mun Gemer a rola na floresta escura, Dobra-se a clcia amorosa, Trilhou sem o aroma de plida flor, E a saudosa viola do tropeiro E a fronte mimosa pende. E tumba declina, na aurora dos sonhos Desfazer-se em gemido de tristura. O lbio inda virgem dos beijos de amor! As folhas brilham, lustrosas Quando a flor do serto, aberta a medo, Como espelhos de esmeraldas; No so dos invernos as frias geadas, Pejar os ermos de suave encanto, Fulge o ris nas torrentes Nem as longas jornadas que os anos apo Lembre-te os dias que passei contigo, Da serrania na falda. O tempo descora nos risos e prantos, No te esqueas de mim, que te amo tanto. E os dias do homem por gozos se contam O grilo salta das saras; No te esqueas de mim, quando tardinha Piam aves nos palmares; Assim nessa noite de mudas venturas, Se cobrirem de nvoa as serranias, Comea o baile dos silfos De louros eternos minh'alma enastrei; E na torre alvejante o sacro bronze No seio dos nenufares. Que importa-me agora martrios e dores, Docemente soar nas freguesias! Se outrora dos sonhos a taa esgotei? A tribo das mariposas, Quando de noite, nos seres de inverno, Das mariposas azuis, Ah! lembra-me ainda! - nem um candelab A voz soltares modulando um canto, Segue teus giros no espao, Lanava ao recinto seu brando claro, Lembre-te os versos que inspiraste ao Mimosa bardo, gota de luz! Apenas os raios da plida lua No te esqueas de mim, que te amo tanto. Transpondo as janelas batiam no cho. So elas flores sem hstea; No te esqueas de mim, quando meus Tu olhos s estrela sem cu; Vestida de branco - nas cismas perdida, Do sudrio no gelo se apagarem, Procuram elas chamas; Seu mrbido rosto pousava em meu seio Quando as roxas perptuas do finado Tu amas da sombra o vu! E o aroma celeste das negras madeixas Junto cruz de meu leito se embalarem. Minh'alma inundava de frvido anseio. Quem s tu, pobre vivente Quando os anos de dor passado houverem, Que vagueias to sozinho, Nem uma palavra seus lbios queridos E o frio tempo consumir-te o pranto, Que tens os raios da estrela, Nos doces espasmos diziam-me ento: Guarda ainda uma idia a teu poeta, E as asas do passarinho? Que valem palavras, quando ouve-se o p No te esqueas de mim, que te amo tanto. E as vidas se fundem no ardor da paixo [Elegia] [Soneto] A noite era bela - dormente no espao Oh! cus! eram mundos... ai! mais do que Eu passava na vida errante e vago A lua soltava seus plidos lumes; Que a mente invadiam de etreo fulgor! Como o nauta perdido em noite escura, Das flores fugindo, corria lasciva Poemas divinos - por Deus inspirados, Mas tu te ergueste peregrina e pura A brisa embebida de moles perfumes. E a furto contados em beijos de amor! Como o cisne inspirado em manso lago. Do ermo os insetos zumbiam na relva, No fim do seu giro, da noite a princesa Beijava a onda num soluo mago As plantas tremiam de orvalho banhadas, Deixou-nos unidos em brando sonhar; Das moles plumas a brilhante alvura, E aos bandos voavam ligeiras falenas Correram as horas - e a luz da alvorada E a voz ungida de eternal doura Nas folhas batendo com as asas douradas. Em juras infindas nos veio encontrar! Roava as nuvens em divino afago. O trbido manto das nvoas errantes No so dos invernos as frias geadas, Vi-te; e nas chamas de fervor profundoPairava indolente no topo da serra; Nem longas jornadas que os anos aponta A teus ps afoguei a mocidade E aos astros e s nuvens, perfumes, sussurros, O tempo descora nos risos e prantos, Esquecido de mim, de Deus, do mundo! Suspiros e cantos partiam da terra. E os dias do homem por dores se contam
Mas ai! cedo fugiste!... da soidade, Ns ramos jovens - ardentes e ss, Ligeira... essa noite de infindas venturas Hoje te imploro desse amor to fundo Ao lado um do outro no vasto salo; Somente em minh'alma lembranas deixo Uma idia, uma queixa, uma saudade! E as brisas e a noite nos vinham no ouvido Trs meses passaram, e o sino do templo Cantar os mistrios de infinda paixo! reza dos mortos os homens chamou! [O Vagalume] Quem s tu, pobre vivente Ns ramos jovens - e a luz de seus olhos Trs meses passaram - e um lvido corpo Que vagas triste e sozinho, Brilhava incendida de eternos desejos,Jazia dos crios luz funeral, Que tens os raios da estrela, E a sombra indiscreta do nveo corpinho E, sombra dos mirtos, o rude coveiro E as asas do passarinho? Sulcava-lhe os seios em brandos arquejos! Abria cantando seu leito afinal!...
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Ns ramos jovens, e a senda terrestre De corvo as tribos em sangrento lago. Vier cobrar-te seu pesado imposto, Trilhvamos juntos, de amor a sorrir, E ao toque impuro de nojentos lbios E as flores e os ventos nos vinham no Amo ouvido do nauta o doloroso grito Sem d manchar-te a cetinez do rosto; Contar os arcanos de um longo porvir! Em frgil prancha sobre mar de horrores, Porque meu seio se tornou de pedra, Quando essa fronte, cristalino lago Ns ramos jovens, e as vidas e os seios, Porque minha'alma descorou de dores. Que de tualma reverbera o cu, O afeto prendera num cndido n! Crestar-se aos poucos, se cobrir de rugas Foi ela a primeira que o lao quebrando O cu de anil, a virao fagueira, E dos invernos se enlutar no vu; Caiu soluando das campas no p! O lago azul que os passarinhos beijam, A pobre choa do pastor no vale, Quando as madeixas se fizerem brancas No so dos invernos as frias geadas, Chorosas flores que ao serto vicejam,Secas, despidas de sutis perfumes, Nem longas jornadas que os anos apontam, E os olhos negros se tornarem tristes, O tempo descora nos risos e prantos, A paz, o amor, a quietao e o riso Em mortas brasas de passados lumes; E os dias do homem por dores se contam! A meus olhares no tm mais encanto, ... 1861. Porque minh'alma se despiu de crenas, Que dor pungente sentirs no seio! E do sarcasmo se embuou no manto. Que filtro amargo tragars, mulher! [Tristeza] ... 1861 Tu, que da vida enlameaste a senda Eu amo a noite com seu manto escuro Sem te lembrares do porvir sequer! De tristes goivos coroada a fronte (Ritinha Sorocabana) Amo a neblina que pairando ondeia Porque te afogas, irm dos anjos, Rainha, em terra v partido o cetro, Sobre o fastgio de elevado monte. Nas ondas negras de um viver impuro,O trono de ouro reduzido a p! E as santas formas do cinzel de Deus E aps uma era de opulncia e mando Amo nas plantas, que na tumba crescem, Manchas do vcio no recinto escuro? Ver-se na vida desprezada e s!... De errante brisa o funeral cicio: Porque minh'alma, como a sombra, triste, Emprea flor, ao perpassar dos ventos,Vem!... uma aurora surgir de novo; Porque meu seio de iluses vazio. Porque te banhas em pauis medonhos, Inda tem raios o teu sol futuro... Quando existncias de teus lbios brotam, No mais te afogues, irm dos anjos, Amo a desoras sob um cu de chumbo, Quando teus olhos realizam sonhos? Nas ondas negras de um viver impuro! No cemitrio de sombria serra, O fogo-ftuo que a tremer doudeja tempo ainda; nos sales da vida Vem! que me importa o murmurar das tur Das sepulturas na revolta terra. Rasga essas sedas que predizem prantos, O dbio riso, o escanecer das gentes... E nova aurora, que te aguarda, eleva Se as guas santas de um batismo pedes Amo ao silncio do ervaal partido Como a florinha os divinais encantos. Eu de meus olhos verterei torrentes. De ave noturna o funerrio pio, Porque minh'alma, como a noite, triste, tempo ainda; a virao sussurra, tempo ainda; a virao sussura, Porque meu seio de iluses vazio. Ergue-se a terra em maravilhas mil... Ergue-se a terra transbordando em flores Vem, minha fada, abandonemos juntos Vem, minha vida, na soido ergamos Amo do templo, nas soberbas naves, Nosso barquinho pelo mar de anil. Nossa cabana sob um cu de amores. De tristes salmos o troar profundo; ... 1861 Amo a torrente que na rocha espuma Oh! vem! minhalma de teu riso escrava E vai do abismo repousar no fundo. Sobre o passado correr um vu, [As Selvas] Ento vers de teu viver, mulher, Selvas do Novo Mundo, amplos zimbrios Amo a tormenta, o perpassar dos ventos, As nuvens negras se afastar do cu. Mares de sombra e ondas de verdura, A voz da morte no fatal parcel, Povo de Atlantes soberano e mudo Porque minh'alma s traduz tristeza, Vem! que me importa o murmurar das Em turbas, cujos mantos o tufo murmura. Porque meu seio se abrevou de fel. Dos homens todos o desdm profundo, Quando no ermo a teus sorrisos, fada, Salve! minh'alma vos procura embalde, Amo o corisco que deixando a nuvem Verei de novo rebentar um mundo? Embalde triste vos estendo os braos... O cedro parte da montanha, erguido, Cercam-me o corpo rebatidos muros, Amo do sino, que por morto soa, Vem! tu sers minha Atal formosa, Prendem-me as plantas enredados laos O triste dobre na amplido perdido. Por quem na terra viverei amores; Teu meigo sono velarei cantando, Ptria da liberdade! antros profundos! Amo na vida de misria e lodo, Teu brando leito juncarei de flores. Vastos palcios! eternais castelos! Das desventuras o maldito selo, Mandai-me os gnios das sombrias gruta Porque minh'alma se manchou de escrnios, Triste o drama deste mundo ingrato, De meus grilhes espedaar os elos!... Porque meu seio se cobriu de gelo. Gelado e tredo o bafejar da morte, Mas h na vida uma estao mais negra, Ah! que eu no possa me esquivar dos h Amo o furor do vendaval que ruge, Mais rija e fria que o soprar do norte. Matar a febre que meu ser consome, Das asas negras sacudindo o estrago; E entre alegrias me arrojar cantando Amo as metralhas, o bulco de fumo, Quando a velhice que apressada marcha Nas secas folhas do serto sem nome!
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Deitar-te sombra de amoroso abrigo!De fnebres angstias e dores que passa Ah! que eu no possa desprender aos ermos O fogo ardente que meu crnio encerra, Tenho um dilvio de iluses na fronte, H perto de dous anos que o caador mo Gastar os dias entre o espao e Deus Um mundo inteiro de esperanas n'alma, Traidores inimigos, em hora erma e sem Nas matas virgens da colmbia terra! Ergue-te acima de azulado monte, Cortaram-lhe da vida a teia delicada. Ters dos gnios do infinito a palma!...Seu corpo hoje repousa l junto encruz Eu no detesto nem maldigo a vida, Onde ergue-se entre pedras o vulto de um Nem do despeito me remorde a chaga,[Recitativo] Mas ah! sou pobre, pequenino e dbil Se eu te dissesse, Madalena plida, A noite vai em meio; a plida viva E sobre a estrada o viajor me esmaga!Fundo mistrio que meu peito oculta, Escuta as ventanias que no deserto ruge Se eu dissesse que amargura estlida O filho recostado num canto, junto ao mu Que fao triste no rumor das praas? Em mar de prantos meu viver sepulta; De uma arma gigantesca areia o cano es Que busco pasmo nos sales dourados? Manchado h muito tempo de sangue e f Verme do lodo me desprezam todos, Se eu te contasse que tristezas fnebres O pobre e os grandes de esplendor cercados! Meio seio rasgam por febrentas horas, Um velho co, j cego, dormita junto ao f Que chamas vivas, que delrios lgubres Mexendo-se na cinza, roncando surdame Fere-me os olhos o claro do mundo, Cercam-me o leito de infantis auroras; Antigo companheiro do caador, no sono Rasgam-me o seio prematuras dores, Talvez sonhe seguir os passos de seu do E mgoa insana que me enluta as noites, Ah! tu que aos males desconheces, prfida, Da funda mata virgem no ddalo florente Declino campa na estao das flores. O saibro impuro, o lacerante anseio, Erguendo os olhos sobre o vu da dvida Mirando o torvo filho, da velha nos olhare E h tanto encanto nas florestas virgens, Talvez disseras a sorrir: - No creio! Sinistro raio passa de lgubre esperana Tanta beleza do serto na sombra, O rstico mancebo sorri-se, e lhe respond Tanta harmonia no correr do rio, E no entanto quantas horas pvido Sombrio, carregando as sobrancelhas, on Tanta delcia na campestre alfombra... Passei fitando teu divino rosto! Se cruzam, se alvoroam as sombras da Que longas noites ao deixar-te, trmulo, Que inda pudera reviver de novo, Torci-me em crises de infernal desgosto! De sbito um rudo estranho e prolongado E entre venturas flutuar minh'alma, Ressoa junto porta, se perde na campin Fanada planta que mendiga apenas Ah! tbia esttua, na friez do mrmor E l de bem distante, do seio dos deserto A noite, o orvalho, a virao e a calma!Sequer um broto de paixo se oculta! Nas asas se aproxima dos furaces incer A vida esvai-se de meu peito dbil Agudo e retumbante o som de uma buzin [ Luclia] E junto campa mais a dor se avulta. Se eu pudesse ao luar, Luclia bela, O velho co se eleva nas patas dianteiras Queimar-te a fronte de insensatos beijos, Dize, impiedosa, que rigor satnico O moo deixa em terra cair a arma funest Dobrar-te ao colo, minha flor singela, Fez de minhalma o pedestal da tua, - Silncio! diz a velha, medonha a noite v Ao fogo insano de eternais desejos; E a teus olhares me encandeia ftuo E o espectro ensangentado de teu defun Bem como o lago refletindo a lua!... Acorda os longos ecos do meio da florest Ai! se eu pudesse de minh'alma aos elos ................................................ Prender tu'alma enfebrecida e clida, Se, o peito opresso, a teus joelhos, lvido, - Quem bate a? Erguer na vida os festivais castelos Gemesse - eu te amo! em derradeiro anseio, - No temas, abre-me a porta, me, Que tantas noites planejaste, plida; Sei que mostravas-me um sorriso irnico, Sei que disseras a sorrir: - No creio. - A chuva me congela, o frio faz tremer! Ai! se eu pudesse nos teus olhos turvos - Louvado Deus! a velha se eleva sonolen Beber a vida da volpia ao vu, [Vingana] E volta sobre a porta a chave ferrugenta Bem como os juncos sobre as ondas curvos O mato virgem dorme. As ondas de verdura Que ao brao fraco e dbil retarda por ce A chuva bebem que derrama o cu, Embebem-se de orvalho, desprendem dbios cantos. No h no cu um astro, tudo frieza e sombras, - Entra depressa, filho! Talvez que as mgoas que meu peito ralam Apenas l bem longe, da relva nas alfombras, Um turbilho de vento Em cinzas frias se perdessem logo, Solua uma luzinha das nvoas entre os mantos. Como as violas que ao vero trescalam Engolfa-se pejado de chuva na cabana; Somem-se aos raios de celeste fogo! Ali junto do brejo, aonde os nenufares Depois salta o mancebo tremendo, goteja E os juncos rebentaram ao sopro de cem noites, Sacode as grossas roupas, e senta-se at Oh! vem Luclia! to formosa a aurora Do antigo caador levanta-se a morada O fogo vacilante do meio da choupana. Quando uma fada lhe batiza o alvor, Exgua, denegrida, sozinha e abandonada E a madressilva, que ao frescor vapora Do vendaval sanhudo aos rbidos aoites. - De muito longe vens? Os ares peja de lascivo amor... - Oh! sim! de muito longe, O limo verde-escuro se estende nas paredes, Andei o dia inteiro vagando no serto. Sou moo ainda; de meu seio aos ermos As aves no telhado seu ninho fabricaram, - Caaste? Posso-te louco arrebatar comigo... E os cardos solitrios que crescem no terreiro Sim. De um mundo novo na solido sem termos Parecem repetir o drama todo inteiro - E a caa puseste pois aonde?
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Desde onde o crescente brilha O moo se levanta sombrio, no responde, At onde o Sena trilha, E um fnebre objeto atira sobre o cho. Tive o mundo por partilha A velha se aproxima, contempla, e horrorizada Tive imensa adorao; Recua dando um grito e doutro lado cai. E de um trono de fulgores - No fujas, me! no temas! vinguei nossa Fiz dos desgraa, grandes - servidores, Fiz hoje a mais brilhante, a mais soberba Fiz caa, dos pequenos - senhores, Trazendo a mo traidora que assassinou - E meu sempre pai!fui Napoleo. [Napoleo] Sobre uma ilha isolada, Por negros mares banhada, Vive uma sombra exilada, De prantos lavando o cho; E esta sombra dolorida, No frio manto envolvida, Repete com voz sumida: - Eu inda sou Napoleo. Tremem convulsas as plagas Bravias lutam as vagas, Solta o vento horrveis pragas Nos cendais da escurido; Mas nas torvas penedias Entre fundas agonias, Ela diz s ventanias: - Eu inda sou Napoleo. - E serei! do cu da glria, Nem dos bronzes da memria, Nem das pginas da histria Meus feitos se apagaro; Passe a noite e as tempestades, Venham remotas idades, Caiam povos e cidades, - Sempre serei Napoleo. Da coluna de Vendme, O bronze, o tempo consome, Porm no apaga o nome Que tem por bronze a amplido. Apesar de infausto dia, Da infmia que tripudia, Dos bretes a cobardia, - Sempre serei Napoleo. Nos vastos plainos do Egito, Sobre Tites de granito, Eu tenho um poema escrito Que deslumbra a solido. Das sis rasguei os vus, Entre os altares fui deus, Fiz povos escravos meus, - Ah! inda sou Napoleo. Quando eu cortava os desertos, Vinham-me os ventos incertos De incenso e mirra cobertos Lamber-me as plantas no cho; As caravanas paravam, E os romeiros que passavam s solides perguntavam: - este o deus Napoleo? E l nas plagas fagueiras, Onde as brisas forasteiras, Entre selvas de palmeiras Corre o sagrado Jordo, O lago dizia ao prado, O prado ao monte elevado, O monte ao cu estrelado: - Vistes passar Napoleo! Dizei, auras do Ocidente, Dizei, tufo inda quente Do bafejo incandescente Do no vencido esquadro, Como ele? belo, ousado? Tem o rosto iluminado? Tem o brao denodado? - Sempre grande Napoleo? E as guias no cu corriam, E os areais se volviam, E horrendas feras bramiam No imenso da solido; Mas as vozes do deserto Se erguiam como um concerto E vinham saudar-me perto: - Tu s, senhor, Napoleo! - Se sou! que Marengo o conte, De Austerlitz o horizonte, E aquela soberba ponte Que transpus como o tufo! E a minha vida de Ajcio, E o meu sublime palcio, E os pescadores do Lcio Que s dizem - Napoleo!
Se o sou! que digam as plagas, Onde do sangue nas vagas, Coberta de enormes chagas Dorme vil populao; Digam da sia as bandeiras, Digam longas cordilheiras, Que se abatiam, rasteiras, Ao corcel de Napoleo! Se o sou! diga Santa Helena Onde a mais sublime cena Fechou tranqila e serena Minha histria de Tito, Digam as ondas bravias, Digam torvas penedias, Onde as rijas ventanias Vm murmurar: - Napoleo. E serei! do cu, da glria, Nem dos bronzes da memria Nem das pginas da histria Meus feitos se apagaro! Assim na rocha isolada Pelas espumas banhada, Disse a sombra desterrada, De prantos lavando o cho. As nvoas rolam nos cus, Da noite escura nos vus Soltam negros escarcus Rugidos de imprecao; Mas das sombras a espessura A face da onda escura, O salgueiro que murmura Tudo fala - Napoleo!
[Infncia e Velhice] O lrio menos cndido, a neve menos Que uma criana loura no bero adormec Seus lbios entreabertos parece que resp Os lnguidos aromas e as auras de outra
O anjo tutelar que o sono lhe protege No v um ponto negro naquela alma div Nunca sacode as asas para voltar ao cu E nem afasta ao v-la a face peregrina.
No seio da criana no h serpes ocultas Nem prfido veneno, nem ferventes lume Tudo candura, oh! Deus! sualma inda como um vaso de ouro repleto de perfu
Cedo ela cresce e os vcios os passos lhe Seu anjo tutelar pranteia ou volta ao cu; O clice dourado transborda de absinto, E a vida corre envolta num lutulento vu.
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Sobre os degraus lustrosos. Nem essas fundas, perenais angstias, Depois ela envelhece, as iluses se esvaem, Dias sem crenas e seres sem luz? A calma vem, e a chama do seu viver escoa; No seu vasto salo iluminado, A fronte pende em terra coberta de geadas, Suavemente repousando o seio No basta o quadro de meus verdes anos E a mo rugosa e trmula levanta-se eEntre abenoa. sedas e flores, Manchado e roto, abandonado ao p? Toda de branco, engrinaldada a fronte,Nem este exlio, do rumor no centro, O infante e o ancio so dous sagrados Ela seres; me espera, a linda soberana Onde pranteio desprezado e s? Um deixa h pouco o cu, o outro ao cu De se meus volta; santos amores. Um cerra as asas dbeis e a Divindade adora, Ah! no me lembres do passado as cena O outro adora a Deus e as asas nveas Corro solta.a seus braos trmulo, incendido Nem essa jura desprendida a esmo! De febre e de paixo... A noite negra, Guardaste a tua? a quantos outros, dize, Do louro querubim na face rsea e bela Ruge o vento no mato; A quantos outros no fizeste o mesmo? Ainda existe o trao do beijo dos anjinhos; Os pinheiros se inclinam, murmurando: Na fronte alta e severa do ancio, cintila - Onde vai este pobre cavaleiro A quantos outros, inda os lbios quentes A chama que do Empreo aponta-lhe os Com caminhos. seu sonho insensato?... De ardentes beijos que eu te dera ento, No apertaste no vazio seio Nos tempos de desgraa, quando o existir [Ideal] trevas, Entre promessas de eternal paixo? E a dvida se eleva do fnebre atade, No s tu quem eu amo, no s! Nos olhos da criana creiamos na inocncia, Nem Teresa tambm, nem Ciprina; Oh! fui um doudo que segui teus passos, E nos cabelos brancos saudemos a virtude! Nem Mercedes a loura, nem mesmo Que dei-te em versos de beleza a palma; A travessa e gentil Valentina. Mas tudo foi-se, e esse passado negro [Soneto] Por que sem pena me despertas n'alma? Desponta a estrela d'alva, a noite morre. Quem eu amo, te digo, est longe; Pulam no mato algeros cantores, L nas terras do imprio chins, Deixa-me agora repousar tranqilo, E doce a brisa no arraial das flores Num palcio de loua vermelha Deixa-me agora dormitar em paz, Lnguidas queixas murmurando, corre. Sobre um trono de azul japons. E com teus risos de infernal encanto Em meu retiro no me tentes mais! Volvel tribo a solido percorre Tem a ctis mais fina e brilhante Das borboletas de brilhantes cores; Que as bandejas de cobre luzido; [Protestos] Solua o arroio; diz a rola amores Uns olhinhos de amndoas, voltados, Esquecer-me de ti? Pobre insensata! Nas verdes balsas donde o orvalho escorre. Um nariz pequenino e torcido. Posso acaso o fazer quando em minh'alm A cada instante a tua se retrata? Tudo luz e esplendor; tudo se esfuma Tem uns ps... oh! que ps, Santo Deus! s carcias d'aurora, ao cu risonho, Mais mimosos que uns ps de criana,Quando s de minha vida o louro e a palm Ao flreo bafo que o serto perfuma! Uma trana de seda e to longa O faro amigo que anuncia o porto, Que a barriga das pernas alcana. A luz bendita que a tormenta acalma? Porm minh'alma triste e sem um sonho Repete olhando o prado, o rio, a espuma: No s tu quem eu amo, nem Laura, Quando na angstia fnebre do horto - Oh! mundo encantador, tu s medonho! Nem Mercedes, nem Lcia, j vs; s a scia fiel que asinha instila A mulher que minhalma idolatra Na taa da amargura algum conforto? [Iluso] princesa do imprio chins. Sinistro como um fnebre segredo Esquecer-me de ti, pomba tranqila, Passa o vento do Norte murmurando [Deixa-me!] Em cujo peito, errio de esperana, Nos densos pinheirais; Quando cansada da viglia insana Entre promessa meu porvir se asila! A noite fria e triste; solitrio Declino a fronte num dormir profundo, Atravesso a cavalo a selva escura Por que teu nome vem ferir-me o ouvido, Esquecer-me de ti, frgil criana, Entre sombras fatais. Lembrar-me o tempo que passei no mundo? Ave medrosa que esvoaa e chora Temendo o raio em dias de bonana! medida que avano, os pensamentos Por que teu vulto se levanta airoso, Borbulham-me no crebro, ferventes, Tremente em nsias de volpia infinda? Bane o pesar que a fronte te descora, Como as ondas do mar, E as formas nuas, e ofegante o seio, Seca as inteis lgrimas no rosto... E me arrastam consigo, alucinado, No meu retiro vens tentar-me ainda? Que, pois, receias se inda brilha a aurora casa da formosa criatura De meu doido cismar. Por que me falas de venturas longas, Ermo arvoredo aos temporais exposto, Por que me apontas um porvir de amores? Tudo pode aluir, tudo apagar Latem os ces; as portas se franqueiam E o lume pedes fogueira extinta, Em minha vida a sombra do desgosto; Rangendo sobre os qucios; os criadosDoces perfumes a polutas flores? Acordem pressurosos; Ah! mas nunca teu nome h de riscar Subo ligeiro a longa escadaria, No basta ainda essa existncia escura, De um corao que te idolatra, enquanto Fazendo retinir minhas esporas Pgina treda que a teus ps compus? Uma gota de sangue lhe restar!
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Da morte fria ao bafejar gelado [Cano Lgica] teu, e sempre teu, meu triste canto, Eu te sentisse junto a mim dizendo: Eu amo, tu amas, ele ama... De ti rebenta a inspirao que tenho, So horas de marchar, eis-me a teu lado. Teus olhos so duas slabas Sem ti me afogo num contnuo pranto; Que me custam soletrar, Como eu me erguera resoluto e firme! Teus lbios so dous vocbulos Teu riso alenta meu cansado engenho, Como eu seguira teu voar bendito! Que no posso, E ao meigo auxlio de teus doces braos Como espancara co'as possantes asas Que no posso interpretar. Carrego aos ombros o funesto lenho. O Torvo espao em busca do infinito! Teus seios so alvos smbolos De mais a mais se apertam nossos laos, [Invocao] Que vejo sem traduzir; A ausncia... oh! Que me importa! ests Eupresente te vejo sentada entre os palmares So os teus braos captulos Em toda a parte onde dirijo os passos. Robusta e bela, pensativa e airosa, Que podem, Cheias de sangue as fortes jugulares, Que podem me confundir. Na brisa da manh que molemente Beijando a naiadia e no a rosa. Junca de flores do deserto as trilhas Teus cabelos so gramticas Ouo-te a fala trmula e plangente. Amrica gentil! Filha dos mares! Das lnguas todas de amor, Tu, que a manh bafeja carinhosa, Teu corao - tabernculo Do cu carmneo nas douradas ilhas D gnio a teu cantor, lhe estende a mo, Muito prprio, Vejo-te, ao pr-do-sol, a grata imagem, Infunde-lhe na fronte a inspirao! Prprio de ilustre cantor. Cercada de esplendor e maravilhas. Pura em tua nudez, sempre singela, O teu caprichoso esprito, Da luz, do mar, da nvoa e da folhagem Da Glia mentirosa o luxo deixas, Inimigo do dever, Uma outra tu mesma eu hei formado, s da Escritura a tmida gazela! um terrvel enigma Outra que s tu, no plida miragem. Teus vesturios so tuas madeixas! Ai! que nunca, Que nunca posso entender. E coloquei-te num altar sagrado Do mundo conhecido s a donzela! Do templo imenso que elevou talvez Sempre perdoas e jamais te queixas! Teus pezinhos microscpios, Meu gnio pelos anjos inspirado! D gnio a teu cantor, lhe estende a mo, Que nem rastejam no cho, Infunde-lhe na fronte a inspirao! So leves traos estticos No posso te esquecer, tu bem o vs! Que transtornam, Abre-me d'alma o livro to vendado, Hei de em minhas canes sempre invocar-te, Que transtornam a razo! V se te adoro ou no: por que descrs? Pois creio que me atendes, que tens almas! De teu cocar farei um estandarte Os preceitos de Aristteles [Desejo] A cuja sombra tenha asilo e calma! Neste momento quebrei! Quando eu morrer adornem-me de flores, Tendo tratado dos pncaros, Descubram-me das vendas do mistrio, "Se a tanto me ajudar engenho e arte" Oh! nas bases, E ao som dos versos que compus carreguem Nada na terra meu talento espalma!... Nas bases me demorei! Meu dourado caixo ao cemitrio. D gnio a teu cantor, lhe estende a mo, Infunde-lhe na fronte a inspirao! [Canto] Abram-me um fosso no lugar mais fresco, I Cantem ainda, e deixem-me cantando;Simbolizas os filhos do futuro, Jesus! Filho de Deus! Quero adorar-te Talvez assim a terra se converta Os homens da esperana e da verdade, No cu, na terra, no universo inteiro! De suave dormir num leito brando. No tens de antigos o pensar escuro, Vejo teu nome escrito em toda a parte s s luz, pensamento e liberdade! Onde vai meu olhar de forasteiro! Em poucos meses far-me-ei poeira, Milagres de saber, prodgios de arte, Porm que importa, se mais pura e bela No te manchou o rosto o bafo impuro Senhor e servo, artista e pegureiro, Minh'alma livre dormir sorrindo Das seitas infernais da mdia-idade! Todos repetem neste mundo vrio, Talvez nos raios de encantada estrela.D gnio a teu cantor, lhe estende a mo, O poema sublime do Calvrio! Infunde-lhe na fronte a inspirao! II E l de cima velarei teu sono. Os astros de mais luz, orbes imensos, E l de cima esperarei por ti, Quero-te sempre assim entre os palmares Hiprboles lanadas sobre os ares, Plida imagem que do exlio escuro Robusta e bela, pensativa e airosa, Brilhantes a rolar em mares densos, Nas tristes horas de pesar sorri! Cheias de sangue as fortes jugulares, Escarpados de anglicos colares; Beijando a naiadia e no a rosa. Gnios supernos, querubins infensos, Ah! e contudo se deixando o globo Tudo, tudo, Senhor, em teus altares Ave ditosa eu no partisse s, Amrica gentil! Filha dos mares! So mseras ofertas que a desgraa Se ao mesmo sopro conduzisse unidas Tu, que a manh bafeja carinhosa, Logo transforma em p, cinza e fumaa! Nossas essncias num estreito n!... D gnio a teu cantor, lhe estende a mo, III Infunde-lhe na fronte a inspirao! A faixa branco-azul dos hemisfrios, Se junto ao leito das finais angstias, Onde palpitam borboletas de ouro,
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Estrada excelsa dos sales sidreos, Pior que a durindana, Mostra a meus olhos imortal tesouro! Atendei, meus bons amigos: Ali vagueiam meus irmos etreos! Se apelida: - A lngua humana! Ali repousa meu sonhar vindouro! Ali da glria resplandece a origem! [Juvenlia] Ali domina a sempiterna Virgem! Lembras-te, In, dessas noites IV Cheias de doce harmonia, O' Cristo! Se de um sangue sacrossanto Quando a floresta gemia Banhaste a gleba vil onde pisaste, Do vento aos brandos aoites? Se jogaram soldados em teu manto Quando da cruz as dores suportaste, Quando as estrelas sorriam, Tudo mudou-se! Do divino pranto Quando as campinas tremiam Constelaes sem nmero formaste! Nas dobras de mido vu? Da tnica manchada por imundos E nossas almas unidas Fizeste o pavilho que abriga os mundos. Estreitavam-se, sentidas V Ao langor daquele cu? Nos belos tempos da saudosa infncia Quadra de louros sonhos, de esperanas Lembras-te, In? Belo e mago, Ouvia-te das balsas na fragrncia: Da nvoa por entre o manto, - "Vinde, vinde at mim, pobres crianas!" Erguia-se ao longe o canto Tu me deste a misria e a abundncia,Dos pescadores do lago. Quando chorei, me consolaste, Deus! Ao claro imortal dos olhos teus! Os regatos soluavam, VI Os pinheiros murmuravam Rujam embora as vagas do oceano No viso das cordilheiras, Mandando aos alcantis navio incerto, E a brisa lenta e tardia Corra o gldio de brbaro tirano O cho revolto cobria Transformando as cidades num deserto! De flores das trepadeiras. Passe da peste e morte o sopro insano, Medonho, horrendo em boqueiro aberto! Lembras-te, In? Eras bela, Flagele a humanidade a sede, a fome... Ainda no albor da vida, O' Cristo! Creio em ti, creio em teu nome! Tinhas a fronte cingida VII De uma inocente capela. Jesus! Hoje porm se os livros abro E o fruto colho da fatal cincia, Teu seio era como a lira Tudo vejo em terrvel descalabro! Que chora, canta e suspira Nem crenas, nem razo, nem conscincia Ao roar de leve aragem; De velha planta tronco feio e glabro Teus sonhos eram suaves, Volve este pobre mundo em decadncia! Como o gorjeio das aves S tu podes verter aos homens luz, Por entre a escura folhagem. rvore santa onde sofreu Jesus! Do mundo os negros horrores [Armas] Nem pressentias sequer; - Qual a mais forte das armas, Teus almos dias, mulher, A mais firme, a mais certeira? Passavam num cho de flores. A lana, a espada, a clavina, Ou a funda aventureira? Oh! primavera sem termos! Brancos luares dos ermos! A pistola? O bacamarte? Auroras de amor sem fim! A espingarda, ou a flecha? Fugistes, deixando apenas O canho que em praa forte Por terra esparsas as penas Faz em dez minutos brecha? Das asas de um serafim! - Qual a mais firme das armas? O terado, a fisga, o chuo, O dardo, a maa, o virote? A faca, o florete, o lao, O punhal, ou o chifarote?... A mais tremenda das armas, Ah! In! Quanta esperana Eu no vi brilhar nos cus Ao luzir dos olhos teus, A teu sorrir de criana! Quanto te amei! Que futuros! Que sonhos gratos e puros!
Que crenas na eternidade! Quando a furto me falavas, E meu ser embriagavas Na febre da mocidade! Como nas noites de estio, Ao sopro do vento brando, Rola o selvagem cantando Na correnteza do rio; Assim passava eu no mundo, Nesse descuido profundo Que etrea dita produz! Tu eras, In, minh'alma, De meu estro a glria e a palma, De meus caminhos a luz! Que feito agora de tudo? De tanta iluso querida? A selva no tem mais vida, O lar deserto e mudo! Onde foste, oh! pomba errante? Bela estrela cintilante Que apontavas o porvir? Dormes acaso no fundo Do abismo tredo e profundo, Minha prola de Ofir? Ah! In! por toda parte Que teu esprito esteja, Minh'alma que te deseja No cessar de buscar-te! Irei s nuvens serenas, Vestindo as ligeiras penas Do mais ligeiro condor; Irei ao pego espumante, Como da sia o possante, Soberto mergulhador! Irei ptria das fadas E dos silfos errabundos, Irei aos antros profundos Das montanhas encantadas; Se depois de imensas dores, No seio ardente de amores Eu no puder apertar-te, Quebrando a dura barreira Deste mundo de poeira, Talvez, In, hei de achar-te! II Era tardinha. Cismando, Por uma senda arenosa Eu caminhava. To brando, Como a voz melodiosa Da menina enamorada, Sobre a grama aveludada, Corria o vento a chorar.
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Gemia a pomba... no ar Passava grato e sentido O aroma das maravilhas Que cresciam junto s trilhas Do deserto umedecido. Mais bela que ao meio-dia, Mais carinhosa batia A luz nos canaviais; E o manso mover das matas, O barulho das cascatas Tinham notas divinais. Tudo era to calmo e lindo, To fresco e plcido ali, Que minh'alma se expandindo Voou, foi junto de ti, Nas asas do pensamento, Gozar do contentamento Que noutro tempo fru. Oh! Como atravs dos mantos Das saudades e dos prantos To meigamente sorrias! Tinhas o olhar to profundo Que de minh'alma no fundo Fizeste brotar um mundo De sagradas alegrias. Uma grinalda de rosas Brancas, virgens, odorosas, Te cingia a fronte triste... Cismavas queda, silente, Mas, ao chegar-me, tremente Te ergueste, e alegre, contente, Sobre meus braos caste. Pouco a pouco, entre os palmares Da longnqua serrania, Sumia-se a luz do dia Que aclarava esses lugares; As campnulas pendidas Sobre as fontes adormidas De sereno gotejavam, E no fundo azul dos cus, Dos vapores entre os vus, As estrelas despontavam. ramos ss, mais ningum Nossas palavras ouvia; Como tremias, meu bem! Como teu peito batia!... Pelas janelas abertas Entravam moles, incertas, Daquelas plagas desertas As viraes suspirosas, E cheias de mil desvelos, Cheias de amor e de anelos,
Lanavam por teus cabelos O eflvio das tuberosas!... Ai! tu no sabes que dores, Que tremendos dissabores Longe de ti eu padeo! Em teu retiro sozinha, Pobre criana mesquinha, Cuidas talvez que te esqueo! A turba dos insensatos Entre fteis aparatos Canta e folga pelas ruas, Mas triste, sem um amigo, Em meu solitrio abrigo Pranteio saudades tuas! Nem um minuto se passa, Nem um inseto esvoaa, Nem uma brisa perpassa Sem uma lembrana aqui; O cu da aurora risonho, A luz de um astro tristonho, Os sonhos que noite sonho, Tudo me fala de ti. III Tu s a aragem perdida Na espessura do pomar, Eu sou a folha cada Que levas sobre as asas ao passar. Ah! voa, voa, a sina cumprirei: Te seguirei.
Me desfarei. Tu s a luz da alvorada Que rebenta na amplido; Eu a gota pendurada Na trepadeira curva do serto. Ah! brilha, brilha, a sorte cumprirei: Cintilarei. Tu s o ris eterno Sobre os desertos pendido; Eu o ribeiro do inverno Entre broncos fraguedos escondido. Ah! fulge, fulge, a sorte cumprirei: Deslizarei. Tu s a esplndida imagem De um romntico sonhar; Eu cisne de alva plumagem Que falece de amor a te mirar. Ah! surge, surge, o fado cumprirei: Desmaiarei. Tu s a luz crepitante Que em noite trevosa ondeia; Eu mariposa ofegante Que em torno chama trmula volteia. Ah! basta, basta, a sina cumprirei: Me abrasarei. IV Teus olhos so negros, negros Como a noite nas florestas... Infeliz do viajante Se de sombras to funestas Tanta luz no rebentasse!
Tu s a lenda brilhante Junto do bero cantada; Eu sou o pvido infante Que o sono esquece ouvindo-te a toada. A aurora desponta e nasce Ah! canta, canta, a sina cumprirei: Da noite escura e tardia: Te escutarei. Tambm da noite sombria De teus olhos amorosos Tu s a onda de prata Partem raios mais formosos Do regato transparente; Que os raios da luz do dia. Eu a flor que se retrata No cristal encantado da corrente. Teu cabelo mais cheiroso Ah! chora, chora, o fado cumprirei: Que o perfume dos vergis, Te beijarei. Na brancura imaculada Da ctis acetinada Tu s o lao enganoso Rola em profusos anis: Entre rosas estendido; Eu o pssaro descuidoso Eu quisera ter mil almas, Por funesto prestgio seduzido. Todas ardentes de anelos, Ah! no temas, a sina cumprirei: Para prend-la, meu anjo, Me entregarei. luz de teus olhos belos, Nos grilhes de teus olhares, Tu s o barquinho errante Nos anis de teus cabelos! No espelho azul da lagoa; Eu sou a espuma alvejante V Que agita ngua a cortadora proa. No vs quantos passarinhos Ah! voga, voga, o fado cumprirei: Se cruzam no azul do cu?
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Pois olha, pomba querida, Mais vezes, Mais vezes te adoro eu.
Que um santo amor as bases alimenta; Talvez nesse outro mundo um lao estreito Oh! minha infncia querida! A teu peito prendesse o triste peito Oh! doce quartel da vida! Que hoje sem ti nas trevas se lamenta!Como passaste depressa! No vs quantas rosas belas Se tinhas de abandonar-me, O sereno umedeceu? s a princesa das braslias terras, Por que, falsria, enganar-me Pois olha, flor de minh'alma, A rosa mais balsmica das serras, Com tanta meiga promessa? Mais vezes, Do cu azul a estrela mais dileta... Mais vezes te adoro eu. Vem, no te afastes, teu sorrir divino Ingrata, por que te foste? belo como a aurora, e a voz um hinoPor que te foste, infiel? No vs quantos gros de areia Que o gnio inspira do infeliz poeta. E a taa de etreas ditas, Na praia o rio estendeu? As iluses to bonitas Pois olha, cndida prola, VII Cobriste de lama e fel? Mais vezes, Ah! quando face a face te contemplo, Mais vezes te adoro eu. E me queimo na luz de teu olhar, Eu era vivo e travesso, E no mar de tu'alma afogo a minha, Tinha seis anos ento, Ave, flor, perfume, canto, E escuto-te falar; Amava os contos de fadas Rainha do gnio meu, Contados junto ao fogo; Alm da glria e dos anjos, Quando bebo teu hlito mais puro E as cantigas compassadas, Mil vezes, Que o bafejo inefvel das esferas. E as legendas encantadas Mil vezes te adoro eu. E miro os rseos lbios que aviventamDas eras que l se vo. Imortais primaveras, VI De minha me era o mimo, s a sultana das braslias terras, Tenho medo de ti!... Sim, tenho medo De meu pai era a esperana; A rosa mais balsmica das serras, Porque pressinto as garras da loucura,Um tinha o cu, outro a glria A mais bela palmeira dos desertos; E me arrefeo aos gelos do atesmo, Em meu sorrir de criana, Tens nos olhares do infinito as festas Soberba criatura! Ambos das luzes viviam E a mocidade eterna das florestas Que de meus olhos partiam. Na frescura dos lbios entreabertos. Oh! Eu te adoro como adoro a noite Por alto-mar, sem luz, sem claridade, Junto do alpendre sentado Por que Deus fez-te assim? Que brilhoEntre esse as refregas do tufo bravio Brincava com minha irm, Que ora incendeia-se, ora desfalece Vingando a imensidade! Chamando o grupo de anjinhos Nessas pupilas doidas de paixo?... Que tiritavam sozinhos Quando as enxergo julgo nos silvados Como adoro as florestas primitivas Na cerrao da manh; Ver palpitar nos lrios debruados Que aos cus levantam perenais folhagens, As borboletas negras do serto. Onde se embalam nos coqueiros presas Depois, por nvios caminhos, As redes dos selvagens! Por campinas orvalhadas, O rochedo luzido, onde a torrente Ao som de ledas risadas Bate alta noite rpida e fremente, Como adoro os desertos e as tormentas, Nos lanvamos correndo... De teu preto cabelo inveja a cor... O mistrio do abismo e a paz dos ermos, O viandante parava E que aroma, meu Deus! o estio inteiro E a poeira de mundos que prateia To descuidosos nos vendo, Parece que levanta-se fagueiro, A abbada sem termos!... O campons nos saudava, Cheio de sombra e cnticos de amor! A serrana nos beijava Como tudo o que vasto, eterno e belo, Ternas palavras dizendo. Quando tu falas lembro-me da infncia, Tudo o que traz de Deus o nome escrito! Dos vergis de dulcssima fragrncia Como a vida sem fim que alm me espera tarde eram brincos, festas, Onde cantava tarde o sabi!... No seio do infinito! Carreiras entre as giestas, Ai! deixa-me chorar e fala ainda, Folguedos sobre a verdura; No, no dissipes a saudade infinda VIII Nossos pais nos contemplavam, Que nesta fronte bafejando est! Saudades! tenho saudades E seus seios palpitavam Daqueles serros azuis, De uma indizvel ventura. Eu tenho n'alma um pensamento escuro, Que tarde o sol inundava To tredo e fundo que o farol mais puro De louros toques de luz! Mas ai! os anos passaram, Que Deus h feito espancar jamais E com eles se apagaram Debalde alvio hei procurado aflito, Tenho saudades dos prados, To lindos sonhos sonhados! Mas quando falas, teu falar bendito Dos coqueiros debruados E a primavera tardia, Abranda-lhe os martrios infernais! margem do ribeiro, Que tanta flor prometia, E o dobre de Ave-Maria S trouxe acerbos cuidados! Dizem que a essncia dos mortais h vindo Que o sino da freguesia De um outro mundo mais formoso e lindo Lanava pela amplido! Inda revejo esse dia,
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Cheio de dores e prantos, Em que to puros encantos Oh! sem saber os perdia! Lembra-me ainda: era tarde. Morria o sol entre os montes, Casava-se a voz das rolas Ao burburinho das fontes; O espao era todo aromas, Da mata virgem nas comas Pairava um grato frescor; As criancinhas brincavam, E as violas ressoavam Na cabana do pastor. Parti, parti, mas minh'alma Partida ficou tambm, Metade ali, outra em penas Que mais consolo no tem! Oh! como diverso o mundo Daquelas serras azuis, Daqueles vales que riem Do sol dourada luz! Como diferem os homens Daqueles rudes pastores Que o rebanho apascentavam, Cantando idlios de amores! Subi aos paos dos nobres, Fui aos casebres dos pobres, Riqueza e misria vi; Mas tudo morno e cansado, Tem um gesto refalsado, Nestes lugares daqui! Oh! Ento chorei por ti, Minha adorada manso; Chamei-te de meu desterro, Os braos alcei-te em vo!
No mais! Os anos passaram, E com eles desbotaram! Tantas rosas de esperana! Do tempo nas cinzas frias Tu s, quem sabe? a gemedora endecha Fala-me ainda desses tempos idos, Repousam pra sempre os dias De um ente amigo que afastado chora,Rasga-me a tela da sazo que vem, De meu sonhar de criana! E ao som das fibras do saltrio ebrneo Foge depois, e mais sutil, mais tnue, IX Conta-me as dores que padece agora!Vai meus suspiros repetir alm. Um dia o sol poente dourava a serrania, As ondas suspiravam na praia mansamente, Ai! no te arredes, virao tardia, [Eu Amo a Noite] E alm nas solides morria o som plangente Zfiro pleno da estival fragrncia! Eu amo a noite quando deixa os montes, Dos sinos da cidade dobrando Ave-Maria. Sinto a teus beijos ressurgir-me nalmaBela, mas bela de um horror sublime, O drama inteiro da rosada infncia! E sobre a face dos desertos quedos Estvamos sozinhos sentados no terrao Seu rgio selo de mistrio imprime. Que a trepadeira em flor cobria de perfumes: Bem com a aurora faz brotar as clcias, Tu escutavas muda das auras os queixumes, Chama das selvas os festivais cantores, Amo o sinistro ramalhar dos cedros Eu tinha os olhos fitos na vastido do espao. Assim dos tempos na penumbra elevas Ao rijo sopro da tormenta infrene, Todos os quadros da estao das flores. Quando antevendo a inevitvel queda
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Ento me perguntaste com essa voz divina Que a teu suave mando trazia-me cativo: Sim, vejo ao longe os matagais extensos - Por que todo o poeta triste e pensativo? O lago azul, os palmeirais airosos, Por que dos outros homens no segueA agrei mesma sem sina? conta de ovelhinhas brancas Balindo alegre nos sarais viosos; Era to lindo o cu, a tarde era to calma... E teu olhar brilhava to cheio de candura, Diviso a choa paternal no outeiro, Criana! que no viste a tempestade escura Alva, gentil, dos laranjais no seio, Que estas palavras tuas me despertaram n'alma! Como a gaivota descuidosa e calma Das verdes ondas a boiar no meio; Pois bem, hoje que o tempo partiu de um golpe s Sonhos da mocidade e crenas do futuro, Sinto o perfume das roadas frescas, Na fronte do poeta no vs o selo escuro Ouo a cano do lenhador sombrio, Que faz amar as tumbas e afeioar-se Sigo ao p? o barqueiro que tranqilo fende X A lisa face do profundo rio... luz da aurora, nos jardins da Itlia Floresce a dlia de sentida cor, Oh! minhas noites de iluses celestes! Conta-lhe o vento divinais desejos Vises brilhantes da primeira idade! E geme aos beijos da mimosa flor. Como de novo reviveis to lindas Por entre as balsas da nativa herdade! O cu lindo, a fulgurante estrela Ergue-se bela na amplido do sul, Como no espao derramais, suaves, Plidas nuvens do arrebol se coram, To langue aroma, vibrao to grata! As auras choram na lagoa azul. Como das sombras do passado, mesmo, Tantas promessas o porvir desata! Tu s a dlia dos jardins da vida, A estrela erguida no cerleo vu, Exalte embora o insensato as trevas, Tens nalma um mundo de virtudes santas, Chame o descrido a solido e a morte, E a terra encantas num sonhar do cu.No quero ainda fenecer, cedo! Creio na sina, tenho f na sorte! Basta um bafejo na inspirada fibra Que o seio vibra divinais encantos, Creio que as dores que suporto alcancem Como no templo do senhor vendado Um prmio ainda da justia eterna! O rgo sagrado se desfaz em cantos.Oh! Basta um sonho!... o respirar de um s O amor duma alma compassiva e terna! Pomba inocente, nem sequer o indcio Do escuro vcio pressentiste apenas! Basta uma noite de luar nos campos, Nunca manchaste na charneca impuraO brando eflvio dos vergis do sul, A doce alvura das formosas penas. Dois olhos belos, como a crena belos, Fitos do espao no fulgente azul! Cismas Noite Doce brisa da noite, aura mais frouxa Ah! no te afastes, virao amiga! Que o dbil sopro de adormido infante,Alm no passes com teu mole adejo! Tu s, quem sabe? a perfumada aragem Tens nas delcias que as torrentes vertes Das asas de ouro algum gnio errante.Toda a doura de um materno beijo!
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Mandam aos ermos um adeus solene. Da insana fria dos tufes bravios. E dentro d sinta que se agite Amo os penedos escarpados onde Tenho um deserto de amarguras n, Quanto tenho de teu impresso nela, Desprende o abutre o prolongado pio, Mas nunca a fronte curvarei por terra!... Risos ingnuos, prantos de criana, E a voz medonha do caimo disforme Ah! tremo s vezes ao tocar nas chagas, E esses to lindos planos de esperana Por entre os juncos de lodoso rio. Nas vivas chagas que meu peito encerra! Que a ss na solido traamos juntos.
Amo os lampejos verde-azuis, funreos, [A Volta] Sedentos de emoes, brios de amores Que s horas mortas erguem-se da terra A casa era pequenina... Idlatras da luz e dos fulgores E enchem de susto o viajante incauto No era? Mas to bonita De nossa me sublime, a natureza, No cemitrio de sombria serra. Que teu seio inda palpita Que nossas almas numa s fundira, Lembrando dela, no ? E a inspirao soprara-me na lira Amo o silncio, os areais extensos, Queres voltar? Eu te sigo; Os vastos brejos e os sertes sem dia,Eu amo o ermo profundo... Muda, arruinada nos mundanos cantos, Porque meu seio como a sombra triste, A paz que foge do mundo Mas hoje bela e rica de harmonias, Porque minh'alma de iluses vazia. Preza os tetos de sap. Banhada ao sol de teus formosos dias, -Santificada luz de teus encantos! Amo o furor do vendaval que ruge, Bem vejo que tens saudades, II Das asas densas sacudindo o estrago,No tens? Pobre passarinho! Adeus! Adeus! A estrela matutina Silvos de balas, turbilhes de fumo, De teu venturoso ninho Pelos clares da aurora deslumbrada Tribos de corvos em sangrento lago. Passaste dura priso! Apaga-se no espao, Vamos, as matas e os campos A nvoa desce sobre os campos midos, Amo as torrentes que da chuva tmidas Esto cobertos de flores, Erguem-se as flores trmulas de orvalho Lanam aos ares um rumor profundo, Tecem mimosos cantores Dos vales no regao. Depois raivosas, carcomendo as margens, Hinos bela estao. Vo dos abismos pernoitar no fundo. -Adeus! Adeus! Sorvendo a aragem fresca E tu mais bela que as flores... Meu ginete relincha impaciente Amo o pavor das soledades, quando No cores... aos almos cantos E parece chamar-me... Rolam as rochas da montanha erguida, Ajuntars os encantos Transpondo em breve o cimo deste mont E o fulvo raio que flameja e tomba De teu gorjeio infantil. Um gesto ainda, e tudo findo! O mundo Lascando a cruz da solitria ermida. Escuta, filha, a estas horas, Depois pode esmagar-me. Que a sombra deixa as alturas, Amo as perptuas que os sepulcros ornam, L cantam as saracuras No te queixes de mim, no me crimines, As rosas brancas desbrochando lua, Junto aos lagos cor de anil... Eu depus a teus ps meus sonhos todos, Porque na vida no terei mais sonhos, -Tudo o que era sentir! Porque minh'alma de esperanas nua. Os vaga-lumes em bando Os algozes da crena e dos afetos Correm sobre a relva fria, Em torno de um cadver de ora em diant Tenho um desejo de descanso, infindo, Enquanto o vento cicia Ho de embalde rugir. Negam-me os homens; onde irei ach-lo? Na sombra dos taquarais... A nica fibra que ao prazer ligava-me E os gnios que ali vagueiam, Tu no mais ouvirs os doces versos Senti partir-se ao derradeiro abalo!... Mirando a casa deserta, Que nas vrzeas viosas eu compunha, Repetem de boca aberta: Ou junto das torrentes; Como a criana, do viver nas veigas, Acaso no viro mais? Nem teus cabelos mais vers ornados, Gastei meus dias namorando as flores, -Como a pag formosa, de grinaldas Finos espinhos os meus ps rasgaram, Mas, ns iremos, tu queres, De flores recendentes. Pisei-os brio de iluses e amores. No assim? Ns iremos; Mais belos reviveremos Vers to cedo ainda esvaecida, Cendal espesso me vendava os olhos,Os belos sonhos de ento. A mais linda viso de teus desejos, Doce veneno lhe molhava o n... E, noite, fechada a porta, Aos ltegos da sorte! Ai! minha estrela de passadas eras, Tecendo planos de glrias, Mas eu terei de Tntalo o suplcio! Por que to cedo me deixaste s? Contaremos mil histrias, Eu pedirei repouso de mos postas, Sentados junto ao fogo. E ser surda a morte! Sem ti, procuro a solido e as sombras De um cu toldado de feral caligem, [A Despedida] Adeus! Adeus! No chores, que essas lg E gasto as horas traduzindo as queixas I Coam-me ao corao incandescentes, Que noite partem da floresta virgem. Filha dos cerros onde o sol se esconde, Qual fundido metal! Onde brame o jaguar e a pomba chora, Duas vezes na vida no se as vertem! Amo a tristeza dos profundos mares, So horas de partir, desponta a aurora, Enxuga-as, pois; se a dor necessria, As guas torvas de ignotos rios, Deixa-me que te abrace e que te beije.Cumpra-se a lei fatal! E as negras rochas que nos plainos zombam Que sobre o teu meu corao palpite,
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[Conforto] Mas ah! delrio insensato! Deixo aos mais homens a tarefa ingrata Todas sem mais amor! sem mais paixes! No s tu, sombra adorada! De maldizer teu nome desditoso; Mais uma fibra trmula e sentida! No so cnticos de anjinhos, Por mim nunca o farei: Mais um leve calor nos coraes! Nem de falange encantada, Como a estrela no cu vejo tu'alma, Passando sobre as campinas E como a estrela que o vulco no tolda, Plidas sombras de iluso perdida, Nas harpas a dedilhar! Pura sempre a encontrei. Minh'alma est deserta de emoes, Passai, passai, no me poupeis a vida! So os sabis que cantam Dos juzos mortais toda a misria Nas mangueiras do pomar! Nos curtos passos de uma curta vida [O Canto dos Sabis] Tambm, tambm sofri, Sero de mortos anjinhos [O Resplendor do Trono] Mas contente no mundo de mim mesmo, O cantar de errantes almas, Que vale a pompa e o resplendor do tron Menos grande que tu, porm mais forte, Dos coqueirais florescentes Triste vaidade! O alvergue de um colono Das calnias me ri. A brincar nas verdes palmas, Mais encantos encerra e mais douras! Estas notas maviosas De calma conscincia sombra amiga A turba vil de escndalos faminta, Que me fazem suspirar? Floresce o riso e o jbilo se abriga, Que das dores alheias se alimenta Livre de enganos e vises escuras. E folga sobre o p, So os sabis que cantam H de soltar um grito de triunfo, Nas mangueiras do pomar. Quem no aspira da grandeza aos combr Se vir de leve te brilhar nos olhos Tem segura a cabea sobre os ombros, Uma lgrima s. Sero os gnios da tarde E a vereda conhece onde caminha; Que passam sobre as campinas, Dorme sem medo, acorda sem pesares, Oh! No chores jamais! A sede imunda, Cingido o colo de opalas E v, feliz, a prole junto aos lares Prantos divinos, prantos de martrio, E a cabea de neblinas, Vigorosa estender-se como a vinha. No devem saciar... E fogem, nas harpas de ouro Sob os dossis dos slios a mentira O orgulho nobre quando a dor o ampara, Mansamente a dedilhar? Boceja e o corpo sensual estira E se lgrima verte funda e vasta, No tapete macio dos degraus... To vasta como o mar. So os sabis que cantam... So sempre incertos do reinante os pass No vs o sol declinar? Ame embora a verdade, ocultos laos duro de sofrer, eu sei, o escrnio Prendem-no cego aos clculos dos maus Dos seres mais nojentos que se arrastam Ou sero talvez as preces Ganindo sobre o cho, De algum sonhador proscrito, Oh! Ditoso mil vezes o operrio! Mas a dor majestosa que incendeia Que vagueia nos desertos, Ama o trabalho, e o mdico salrio Dos eleitos a fronte os vis deslumbra Alma cheia do infinito, De prantos nem de sangue est manchad Com seu vivo claro. Pedindo a Deus um consolo Combates no planeja em vasta lia! Que o mundo no pode dar? Nem das vtimas ouve da injustia Curve-se o ente imbele que, despido A queixa amarga e o clamoroso brado! De crenas e firmeza, implora humilde So os sabis que cantam... O arrimo de um senhor, Como est sereno o mar! No desperta alta noite em sobressalto! O esprito que h visto a claridade Nem dos cuidados ao cruento assalto Rejeita todo o auxlio, rasga as sombras, Ou, quem sabe? As tristes sombras Sobre o ouro e o cetim geme e delira! Sublime em seu valor. De quanto amei neste mundo, Qual manso arroio sobre a terra corre, Que se elevam lacrimosas E no meio dos seus tranqilo morre Deixa passar a doida caravana, De seu tmulo profundo, Como a nota de um canto em branda lira Fica no teu retiro, dorme sem medo, E vm os salmos da morte Da conscincia luz; No meu desterro entoar? No invejeis as pompas das alturas! Livres do mundo um dia nos veremos, O raio deixa os vales e as planuras, Tem confiana em mim, conheo a senda So os sabis que cantam... A tempestade preza as serranias!... Que ao repouso conduz. No gostas de os escutar? Quereis saber da majestade a glria? Lede nos rgios tmulos a histria [Vises da Noite] Sers tu, minha saudade? Dos soberanos de passados dias! Passai, tristes fantasmas! O que feito Tu, meu tesouro de amor? Das mulheres que amei, gentis e puras? Tu que s tormentas murchaste [Em Viagem] Umas devoram negras amarguras, Da mocidade na flor? A vida na cidades me enfastia, Repousam outras em marmreo leito! Sers tu? Vem, s bem-vinda Enoja-me o tropel das multides, Quero-te ainda escutar! O sopro do egosmo e do interesse Outras no encalo de fatal proveito Mata-me nalma a flor das iluses. Buscam noite as saturnais escuras, So os sabis que cantam Onde, empenhando as murchas formosuras, Antes da noite baixar. Mata-me nalma a flor das iluses Ao demnio do ouro rendem preito! Tanta mentira, to fingido rir,
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Da velha habitao s muros restam, O que eu adoro em ti no so teus lbios E s j despidas, murchas laranjeiras Onde perptua juventude mora, Espinheiros entestam. E encerram mais perfumes do que os val Rejeito as glrias de falaz porvir, Por entre as pompas festivais da aurora. Galas e festas, o prazer talvez, Sobre montes de pedra as lagartixas E busco altivo as solides profundas Leves se arrastam sobre o musgo vil. O que eu adoro em ti no teu rosto Que dormem quedas do Senhor aos ps. Traidoras vespas nos esteios podres Perante o qual o mrmor descorara, Formaram seu covil. E ao contemplar a esplndida harmonia Que dormem quedas do Senhor aos ps, Fdias, o mestre, seu cinzel quebrara. Ao doce brilho dos clares astrais, O sol, que outrora derramava em torno Ricas de gozos que no tem o mundo,Raios de luz, torrentes de alegria, O que eu adoro em ti no teu colo, Prdigas sempre de beleza e paz! Hoje atira do espao ao lar deserto Mais belo que o da esposa israelita, Um riso de ironia. Torre de graas, encantado asilo, [A Sombra] Aonde o gnio das paixes habita. Longe, longe das guas-marinhas, No mais perfumes pelos ares giram, Sobre vastas campinas pousada, No mais os ventos suspirando passam, O que eu adoro em ti no so teus seios, Sempre aos raios de um sol resplendente, Somente impuro odor, silvo de serpes Alvas pombinhas que dormindo gemem, Se ostentava risonha morada. No ambiente perpassam. E do indiscreto vo duma abelha Cheias de medo em seu abrigo tremem. Nas plancies que a vista no vence Parece que ao pairar nesses lugares Espalhadas pastavam cem reses, Todo o seu dio o estrago sacudira, O que eu adoro em ti, ouve, tu'alma, Ora junto das fontes tranqilas, E o esprito do mal no cho gretado Pura como o sorrir de uma criana, Escondidas no mato outras vezes... A saliva cuspira. Alheia ao mundo, alheia aos preconceitos Rica de crenas, rica de esperana. Ao porto, de manh, reunidas, Viajor, viajor, no te aproximes Meio ocultas no vu da neblina, Do ermo stio que o terror marcou, So as palavras de bondade infinda O senhor esperar pareciam A mo de Deus talvez ardendo em irasQue sabes murmurar aos que padecem, Sempre amigo da luz matutina. Pesada ali tocou. Os carinhos ingnuos de teus olhos Onde celestes gozos transparecem!... E, depois que seu vulto bondoso Porm quando no ocidente Da janela sorrindo as olhava, Vai baixando o orbe imortal, Um no sei qu de grande, imaculado, Se afastavam contentes, pulando As reses sempre constantes Que faz-me estremecer quando tu falas, Sobre a grama que o orvalho banhava. Se ajuntam todas no val. E eleva-me o pensar alm dos mundos Quando, abaixando as plpebras, te cala Quando alm das montanhas o dia E nessa mesma paragem, Apagava seu raio final, Onde as chamava o senhor, E por isso em meus sonhos sempre vi-te Acudindo do amo aos clamores Talvez do defunto sombra Entre nuvens de incenso em aras santas, Todo o gado se achava no val. Renem-se ao derredor. E das turbas solcitas no meio Tambm contrito hei-te beijado as plantas E em torno dele um crculo formando E mugem, mugem debalde, Humildes e silentes, Tristonhas cavando o cho, E como s linda assim! Chamas divinas Cada qual por sua vez se adiantando, Fitando doridos olhos Cercam-te as faces plcidas e belas, Vinham lamber o sal que apresentavam No astro rei da amplido. Um longo manto pende-te dos ombros As mos benevolentes, Salpicado de ntidas estrelas! Mas o sol no as escuta, As mos benevolentes que adoravam. Mas o sol caindo vai, Na doida pira de um amor terrestre E o manso gado as falas lhe entendia Imagem de um deus cruento, Pensei sagrar-te o corao demente... E os tenros bezerrinhos Cruenta imagem de pai. Mas ao mirar-te deslumbrou-me o raio... Saltitavam trementes de alegria Tinhas nos olhos o perdo somente! A seus meigos carinhos... E o caminheiro, que ao longe Das serras descendo vem, [O Arrependimento] Talvez sondasse nesses pobres brutos, No passa perto das runas, Tens razo: j, soberana, Sob esses plos rspidos, hirsutos, Procura outra senda alm. Viste-me curvo a teus ps! Um oculto claro, Alma que do mal se ufana, Raio de encarcerada inteligncia, [Estncias] Tarde conheo quem s! Que a doida, pobre e msera cincia, O que eu adoro em ti no so teus olhos, Trucidando sem pena a criao, Teus lindos olhos cheios de mistrio, Mas a imagem que eu buscava, Por cujo brilho os homens deixariam Por quem meu ser suspirava... Procura sempre, mas procura em vo. Da terra inteira o mais soberbo imprio. Nem pressentiste sequer, Passaram tempos, e o vaqueiro morto... Quando uma fada invocando
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Nas verdes balsas onde o orvalho escorre. E pouco a pouco se esvaece a bruma, Pobre turba! Nscia e ftua, Tudo se alegra luz do cu risonho Na sua soberania, Tens razo, por grata estrela Beija os ps fria esttua Tomei teu brilho falaz, E ao flreo bafo que o serto perfuma.Que h de esmag-la algum dia! Sinistra luz da procela, Porm minh'alma triste e sem um sonho Crio das horas fatais! Murmura, olhando o prado, o rio, a espuma: [Aspiraes] - Como isto pobre, inspido, enfadonho! Meu Deus! j que no posso no meio das Segui-te atravs de enganos, Ouvir da natureza as mais soberbas festa Cheio de sonhos insanos, [O Mesmo] J que no posso errante no esplndido Cheio de amor e de af! Desde a quadra mais antiga Sorver a longos tragos teu bafo soberano Sombra de arcanjo cado! De que rezam pergaminhos, Busto inda quente, incendido Cantam a mesma cantiga Quero escutar nas praas, ao vento das p Pelos beijos de Sat! Na floresta os passarinhos. Erguer-se retumbante a voz das multide Quero sentir, Senhor, que o fogo de teu g Na fronte cor de aucena Tm o mesmo aroma as flores, Abrasa-lhes as fibras do mundo no prosc Tinhas brilho sedutor, Mesma verdura as campinas, Mas eras qual essa flor, A brisa os mesmos rumores, E sabem responder do dspota vontade Cujo perfume envenena! Mesma leveza as neblinas. - Aqui finda teu mando e surge a liberdad Aos mares e aos desertos, aos povos e Tinhas nos olhos brilhantes Tem o sol as mesmas luzes, Deste uma lei somente nas primitivas era Os reflexos cambiantes Tem o mar as mesmas vagas, De uma aurora de vero, O deserto as mesmas urzes, O Gnesis dos orbes teve por letra prima Mas como a charneca escura A mesma dureza as fragas. O emblema da igualdade que a independ S podrido, lama impura, A luz sacode as sombras e abraa a imen Guardavas no corao! Os mesmos tolos o mundo, Os escarcus resistem ao horror da temp A mulher o mesmo riso, Na negra esteira dos vcios O sepulcro o mesmo fundo, Mas ai! Senhor, os homens, na mais form Que os decados formaram, Os homens o mesmo siso. Parece que afeioam-se ao jugo que os e Teus funestos artifcios Quando ouvirei nas praas ao vento das Iludido me arrojaram! E neste inspido giro, Erguer-se retumbante a voz das multide Neste vo sempre a esmo, Amei-te: amar foi perder-me! Vale a pena, em seu retiro, Espanta-me a tormenta que as rvores d Foi beijar da terra o verme, Cantar o poeta, mesmo? Mas o tufo que passa a cerrao fustiga Crendo-o Deus da vastido... til e propcio, porque descobre os mon Em vez do sol que buscava, [A um Monumento] E deixa que eu contemple os vastos horiz Louco afoguei-me na lava Triste negra vassalagem De medonho, atroz vulco! Do mais baixo servilismo, Onde o claro suave de um sol brilhante Negreja no espao a imagem Ostenta-se formosa a imagem do futuro!. Da vida estraguei por ti Consagrada ao despotismo. A raa entorpecida sombra se acostum Das quadras a mais risonha; E nada enxerga alm da condensada bru Mas hoje sinto a peonha E em torno dela agrupados, Que nos teus lbios bebi! Vergonha de nossa idade! Venha o tufo bendito, e ao vento das pa Esto os vultos sentados Quero escutar nas praas a voz das mult Em meio de minha idade Dos filhos da liberdade! A escravido no cinge-se unicamente do Tenho nalma a soledade, H uma inda mais negra, a escravido do Na fronte o gelo eternal; O povo curva-se e passa, Sinto a morte nas artrias, Porque no v a ironia Para privar-se ao pobre que seu caminho E ao medir minhas misrias Que encerra essa brnzea massa Oh! no, no preciso que ele atulhado Me orgulho de ser mortal! Indigna da luz do dia. Basta roubar-lhe a luz, e o msero nas so Se atirar da margem nas midas alfomb [Enojo] Porque nunca leu a histria Vem despontando a aurora, a noite morre, Das turvas eras passadas, Oh! mo pior mil vezes!... trazei-lhe a clar Desperta a mata virgem seus cantores, Folhas brilhantes de glria, Se o trilho est coberto, abre outro a liber Medroso o vento no arraial das flores Mas de sangue borrifadas. Quando ouvirei nas praas ao vento das Mil beijos furta e suspirando corre. Erguer-se retumbante a voz das multide Estende a nvoa o manto e o val percorre, Porque no conhece o drama Do mrtir que ali morrera, [Em Toda Parte] Cruzam-se as borboletas de mil cores, Por zelar a sacra chama Quando alta noite as florestas, E as mansas rolas choram seus amores Que a liberdade acendera. Ao soprar das ventanias,
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Tenebrosas agonias Traem nas vozes funestas, Quando as torrentes bravejam, Quando os coriscos rastejam Na espuma dos escarcus... Ento a passos incertos Procuro os amplos desertos Para escutar-te, meu Deus! Quando na face dos mares Espelha-se o rei dos astros, Cobrindo de ardentes rastros Os cerleos alcaares; E a luz domina os espaos Partindo da nvoa os laos, Rasgando da sombra os vus... Ento resoluto, ufano, Corro s praias do oceano Para mirar-te, meu Deus! Quando s bafagens do estio Tremem os pomos dourados, Sobre os galhos pendurados Do pomar fresco e sombrio; Quando flor d'gua os peixinhos Saltitam, e os passarinhos Se cruzam no azul dos cus, Ento procuro as savanas, Me atiro entre as verdes canas Para sentir-te, meu Deus! Quando a tristeza desdobra Seu manto escuro em minh'alma, E vejo que nem a calma Desfruto que aos outros sobra, E do passado no templo Letra por letra contemplo A nnia dos sonhos meus... Ento me afundo na essncia De minha prpria existncia Para entender-te, meu Deus! [No Ermo] Salve! erguidas cordilheiras, Brenhas, rochas altaneiras, Donde as alvas cachoeiras Se arrojam troando os ares! Folhas que rangem caindo, Feras que passam rugindo, Gnios que dormem sorrindo No fresco cho dos palmares!
Salve! florestas sombrias, Onde as rijas ventanias Acordam mil harmonias Na doce quadra estival! Rolas gentis que suspiram, Louras abelhas que giram Sobre as flores que transpiram No seio do taquaral! Salve! esplndida espessura, Mares de sombra e verdura Donde a brisa etrea e pura Faz brotar a inspirao, Quando luz dos vaga-lumes, Da mariposa aos cardumes Se casam moles queixumes Dos filhos da solido!
E a fronte elevar ungida De santas crenas luz! Glria, futuro... o que valem Futuro e glrias de p... Sem gratos sonhos que embalem O triste descrido e s? De que serve o ouro, a fama, Um nome - plida chama! Quando noite junto cama S h martrios e dores? Quando a aurora sem belezas, Cheias de espinhos as devesas, E a tarde s tem tristezas Em vez de cantos e flores!
[Sete de Setembro] Quando o gnio de Deus em santo arrojo Batendo as sombras atirou no espao Ah! que eu no possa me afastar das turbas, A hiprbole da luz, Curar a febre que meu ser consome, E a matria disforme que boiava E entre alegrias me atirar cantando Sem destino e sem rumo, abriu a senda Nas secas folhas do serto sem nome... Que perfeio conduz;
Ah! que eu no possa desprender aos Os ermos querubins calaram-se escutando O fogo ardente que meu crnio encerra, A ode universal que retumbava Gastar os dias entre Deus e os gnios Aos ps do Criador; Nas matas virgens da cabrlia terra! E a natureza virgem dilatou-se, E os mundos abalaram-se rugindo: Eu no detesto nem maldigo a vida, - Somos livres, Senhor! Nem do despeito me remorde a chaga; Mas ai! sou pobre, pequenino e dbil, As geraes ergueram-se no tempo: E sobre a estrada o viajor me esmaga!De cada idia levantou-se um povo, De cada povo a lei!... Fere-me os olhos o claro do mundo, As eras sucederam-se confusas; Rasgam-me o seio prematuras dores, Mas o canto divino orientava E mgoa insana que me enluta as noites Das multides a grei. Declino campa na estao das flores! E ora entre nvoas, ora entre fulgores, E h tanto encanto nos desertos vastos, Como a lua formosa em cu nublado, Tanta beleza do serto na sombra, A liberdade andava, Tanta harmonia no correr do rio, E a cada passo a trnsfuga celeste Tanta doura na campestre alfombra, Um rasto imenso de grilhes partidos Como o raio deixava!... Que inda pudera se alentar de novo E entre delcias flutuar minh'alma, Mas tu, risonha plaga americana, Fanada planta que mendiga apenas Ilha de amor nos mares do mistrio, O orvalho, a noite, a virao e a calma! Dormias a sorrir, To linda como o cisne de alvas penas, Abre-me os braos, fada, To pura como a virgem balouada Fada do ermo profundo, Nos sonhos do porvir! Onde o bulcio do mundo No ousa sequer bater! Do vulto horrendo do voraz abutre A sombra intensa no toldou-te as faces, Oh! quero tudo esquecer, Nem manchou-te, mentira! Anjo de asas de luz! no foste escrava! Tudo o que aos homens seduz, Criana! inda era cedo, o canto eterno Beber uma nova vida Dormia-te na lira!
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Dormia! mas o hbito de Deus Rugia-te nas fibras, inflamado Como o vulco no mar! As naes esperavam-te ansiosas, E no frum dos povos avultava Vazio o teu lugar!
Saudoso do Jordo, Pesado achaste o ferro da revolta, No o quiseste, no! Lanaste-o sobre a terra inconsciente De teu prprio poder! Contra o direito, contra a natureza, Preferiste morrer!
Tua essncia imortal onde que estava? Onde as leis do Senhor? Digam-no o tronco, o ltego, as algemas E as ordens do feitor!
Apareceste enfim, mas no liberta, Que nunca foste escrava, apenas dbil, Do augusto condenado as leis so santas, Digam-no as ambies desenfreadas, Sem foras, vacilante; So leis porm de amor: A cobia fatal, Se assim no , onde estaro teus ferros? Por amor de ti mesmo e dos mais homens Que a eternidade arvoram nos limites Onde o p das prises que derribaste?Preciso era o valor... De um crculo mortal! Onde o jugo infamante? No o tiveste! Os ferros e os aoites Digam-no o luxo, as pompas e grandezas neste altar de esplndido futuro, Mataram-te a razo! Lacaios e brases, Bero de outrora, trono do presente, Dobrado cativeiro! A teus algozes Tesouros sobre o sangue amontoados, Que beijamos-te as plantas, Dobrada punio! Paos sobre vulces! E ao perfume do incenso, ao som dos hinos, Adoramos em ti, da liberdade Por que nos teus momentos de suplcio, Digam-no as almas vis das prostitutas, As glrias sacrossantas. De agonia e de dor, O lodo e o cetim, No chamaste das terras africanas O demnio do jogo, a febre acesa Filha augusta de Deus! Rosa banhada O vento assolador? Em ondas de rubim!... Da Redeno nas lgrimas ardentes! Me das raas opressas! Ele traria a fora e a persistncia E no entanto tinhas um destino, Pomba sagrada que rompendo as nuvens tu'alma sem f, Uma vida, um porvir, Trazes ao lenho errante o verde ramo Nos rugidos dos tigres de Benguela, Um quinho de prazeres e venturas Ungido de promessas; Dos lees de Guin!... Sobre a terra a fruir! Liberdade gentil, mil vezes salve! Ele traria o fogo dos desertos, Eras o mesmo ser, a mesma essncia Salve! sem peias devassando os ares,O sol dos areais, Que teu brbaro algoz; Espancando os bulces! A voz de teus irmos viril e forte, Foram seus dias de rosada seda, Salve! nos paos de opulentos strapas! O brado de teus pais! Os teus de atro retroz!... Salve! na choa humilde do operrio! Salve at nas prises! Ele te sopraria s moles fibras Ptria, famlia, idias, esperanas, A raiva do suo Crenas, religio, [O Escravo] Quando agitando as crinas inflamadas Tudo matou-te, em flor no ntimo d'alma, [Ao Sr. Tomaz de Aquino Borges] Fustiga a solido! O dedo da opresso! Dorme! Bendito o arcanjo tenebroso Cujo dedo imortal Gravou-te sobre a testa bronzeada O sigilo fatal! Dorme! Se a terra devorou sedenta De teu rosto o suor, Me compassiva agora te agasalha Com zelo e com amor. Ento ergueras resoluto a fronte, Tudo, tudo abateu sem d, nem pena! E, grande em teu valor, Tudo, tudo, meu Deus! Mostraras que em teu seio inda vibrava E teu olhar lama condenado A voz do Criador! Esqueceu-se dos cus!... Mostraras que das sombras do martrio Dorme! Bendito o arcanjo tenebroso Tambm rebenta a luz! Cuja cifra imortal, Oh! teus grilhes seriam to sublimes, Selando-te o sepulcro, abriu-te os olhos To santos como a cruz! luz universal!
Ningum te disse o adeus da despedida, Mas morreste sem lutas, sem protestos, [A Cidade] Ningum por ti chorou! Sem um grito sequer! [A meu predileto amigo o Sr. Dr. Betoldi] Embora! A humanidade em teu sudrio Como a ovelha no altar, como a criana Os olhos enxugou! No ventre da mulher! A cidade ali est com seus enganos, Seu cortejo de vcios e traies, A verdade luziu por um momento Morreste sem mostrar que tinhas n'alma Seus vastos templos, seus bazares amplo De teus irmos grei: Uma chispa do cu! Seus ricos paos, seus bordis - sales. Se vivo foste escravo, s morto... livre Como se um crime sobre ti pesasse! Pela suprema lei! Como se foras ru! A cidade ali est: sobre seus tetos Paira dos arsenais o fumo espesso, Tu suspiraste como o hebreu cativo Sem defesa, sem preces, sem lamentos, Rolam nas ruas da vaidade os coches
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E ri-se o crime sombra do progresso.Hinos de amor, canes melodiosas. Como esses flocos de neblina errante Que os cerros vendam quando morre o d A cidade ali est: sob os alpendres Ali a honra e o mrito esquecidos, Dorme o mendigo ao sol do meio-dia, Mortas as crenas, mortos os afetos, Amanh, que verei? Talvez o porto, Chora a viva em mido tugrio, Os lares sem legenda, a musa expostaTalvez o sol... no sei! Canta na catedral a hipocrisia. Aos dentes vis de perros objetos! Brinco do fado, a dor minha essncia, O acaso minha lei!... A cidade ali est: com ela o erro, Presa a virtude ao cofre dos banqueiros, A perfdia, a mentira, a desventura... A lei de Deus entregue aos histries! Que importa! A ptria do poeta o segue Como suave o aroma das florestas! Em cada rosto o selo do egosmo, Por toda a parte onde o conduz a sorte, Como doce das serras a frescura! Em cada peito um mundo de traies! No mar, nos ermos, do ideal nos braos, Respeita o selo imperial da morte! A cidade ali est: cada passante Depois o jogo, a embriaguez, o roubo, Que se envolve das turbas no bulcio A febre nos ladrilhos do prostbulo, Oceano profundo! Augusto emblema Tem a maldade sobre a fronte escrita, O hospital, a priso... Por desenredo Da vida universal! Tem na lngua o veneno e nalma o vcio. A imagem pavorosa do patbulo! Leva um adeus ainda s alvas praias De meu torro natal. No, no na cidade que se formam Eis a cidade!... Aqui a paz constante, Os fortes coraes, as crenas grandes, Serena a conscincia, alegre a vida, [Nvoas] Como tambm nos charcos das plancies Formoso o dia, a noite sem remorsos, Na hora em que as nvoas se estendem No que gera-se o condor dos Andes! Prdiga a terra, nossa me querida! Que choram nos mares as ondas azuis, E a lua cercada de plida chama No, no na cidade que as virtudes, Salve, florestas virgens! Rudes serras!Nas selvas derrama seu pranto de luz; As vocaes eleitas resplandecem, Templos da imorredoura liberdade! Flores de ar livre, sombra das muralhas Salve! Trs vezes salve! Em teus asilos Eu vi... maravilha! Prodgio inefvel! Pendem cedo a cabea e amarelecem. Sinto-me grande, vejo a divindade! Um vulto adorvel, primor dos primores, Sorrindo s estrelas, no cu resvalando, Quanta cena infernal sob essas telhas![Ao Rio de Janeiro] Nas vagas boiando de tnues vapores! Quanto infantil vagido de agonia! Adeus! Adeus! Nas cerraes perdida Quanto adultrio! Quanto escuro incesto! Vejo-te apenas, Guanabara altiva, Nos membros divinos, mais alvos que a n Quanta infmia escondida luz do dia!Mole, indolente, beira-mar sentada, Que os astros, de leve, clareiam formoso Sorrindo s ondas em nudez lasciva. Nas tranas douradas, nos lbios risonho Quanta atroz injustia e quantos prantos! Os gnios e os sonhos brincavam medros Quanto drama fatal! Quantos pesares! Mimo das guas, flor do Novo Mundo, Quanta fronte celeste profanada! Terra dos sonhos meus, Princesa das nvoas! Milagre das sombra Quanta virgem vendida aos lupanares!Recebe asinha no passar dos ventos Das rseas alfombras, dos paos sidreo Meu derradeiro adeus! Acaso rolaste, dos anjos nos braos, Quanto talento desbotado e morto! Dos vastos espaos aos mantos etreos? Quanto gnio atirado a quem mais der! A noite desce, os boqueires de espuma Quanta afeio cortada! Quanta dvida! Rugem pejados de ferventes lumes, Os prantos do inverno congelam-te a fron Num carinho de me ou de mulher! E os loiros filhos do marinho imprio Os combros do monte se cobrem de brum Brotam do abismo em festivais cardumes. E queda repousas num mar de neblina Eis a cidade! Ali a guerra, as trevas, Qual prola fina num leito de espumas! A lama, a podrido, a iniqidade; Sinistra voz envia-me aos ouvidos Aqui o cu azul, as selvas virgens, Um cntico fatal! Nas nuas espduas, dos astros algentes, O ar, a luz, a vida, a liberdade! Permita o fado que a teu seio eu volte,O sopro no sentes raivoso passar? Oh! meu torro natal! No vs que se esvaem miragens to be Ali medonhos, srdidos alcouces, A luz das estrelas no vs se apagar? Antros de perdio, covis escuros, J no horizonte as plagas se confundem, Onde ao claro de baos candeeiros O cu e a terra abraam-se discretos, Ai! vem que nas nuvens te mata o desejo Passam da noite os lmures impuros; Leves os vultos das palmeiras tremem De um frvido beijo gozares em vo! Como as antenas de sutis insetos. Os astros sem alma se cansam de olharE abalroam-se as mmias coroadas, Nem podem amar-te, celeste viso! Corpos de lepra e de infeco cobertos, Agora o espao, as sombras, a saudade, Em cujos membros mordem-se raivosos O pranto e a reflexo... E as auras passavam e as nvoas tremia Os vermes pelas sedas encobertos! A alma entregue a si, Deus nas alturas... E os gnios corriam no espao a cantar, Nos lbios a orao! Mas ela dormia, gentil, peregrina Aqui verdes campinas, altos montes, Qual plida ondina nas guas do mar! Regatos de cristal, matas viosas, Tristes idias, pensamentos fundos Borboletas azuis, loiras abelhas, Nublam-me a fronte descada e fria, Esttua sublime, mas triste, sem vida,
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Sem voz, envolvida no hibrneo sudrio, Da flor do maracuj! Vers, se me ouvires, trocado por flores, Por palmas de amores teu vu morturio! No se enojem teus ouvidos De tantas rimas em Ah! vem, minh'alma! Teus loiros cabelos! Mas ouve meus juramentos, Teus braos to belos, teus seios to lindos, Meus cantos, ouve, sinh! Eu quero aquec-los no peito incendido... Te peo pelos mistrios Contar-te ao ouvido meus sonhos infindos! Da flor do maracuj!
Voto horror s grandezas do mundo, Mar coberto de horrveis parcis, Vejo as pompas e galas da vida De um cendal de poeira atravs. Ah! nem creio na humana cincia, Triste acervo de enganos fatais, O claro do saber verdadeiro No fulgura aos olhares mortais!
Assim eu falava, nos amplos desertos, [A Roa] Seguindo os incertos lampejos da luz, O balano da rede, o bom fogo Mas um gnio impiedoso me arrasta, Na hora em que as nvoas se estendem Sob nos um ares teto de humilde sap; Me arremessa do vulgo ao vaivm, E choram nos mares as ondas azuis. A palestra, os lundus, a viola, E eu soluo nas sombras olhando O cigarro, a modinha, o caf; Minhas serras queridas alm! As brisas d'aurora ligeiras corriam, As flores sorriam nas verdes campinas, Um robusto alazo, mais ligeiro [A Criana] Ergueram-se as aves do vento bafagem, Do que o vento que vem do serto, menos bela a aurora, E a plida imagem desfez-se em - neblinas! Negras crinas, olhar de tormenta, A neve menos pura Ps que apenas rastejam no cho; Que uma criana loura [A Flor do Maracuj] No bero adormecida! Pelas rosas, pelos lrios, E depois um sorrir de roceira, Seus lbios inocentes, Pelas abelhas, sinh, Meigos gestos, requebros de amor, Meu Deus, inda respiram Pelas notas mais chorosas Seios nus, braos nus, tranas soltas, Os lnguidos aromas Do canto do sabi, Moles falas, idade de flor; Das flores de outra vida! Pelo clice de angstias Da flor do maracuj! Beijos dados sem medo ao ar livre, O anjo de asas brancas Risos francos, alegres seres, Que lhe protege o sono Pelo jasmim, pelo goivo, Mil brinquedos no campo ao sol posto, Nem uma ndoa enxerga Pelo agreste manac, Ao surgir da manh mil canes: Naquela alma divina! Pelas gotas de sereno Nunca sacode as plumas Nas folhas do gravat, Eis a vida nas vastas plancies Para voltar s nuvens, Pela coroa de espinhos Ou nos montes da terra da Cruz: Nem triste afasta ao v-la Da flor do maracuj! Sobre o solo s flores e glrias, A face peregrina! Sob o cu s magia e s luz. Pelas tranas de me-dgua No seio da criana Que junto da fonte est, Belos ermos, risonhos desertos, No h serpes ocultas, Pelos colibris que brincam Livres serras, extensos marnis, Nem prfido veneno, Nas alvas plumas do ub, Onde muge o novilho anafado, Nem devorantes lumes. Pelos cravos desenhados Onde nitrem fogosos corcis... Tudo candura e festas! Na flor do maracuj! Sua sublime essncia Onde a infncia passei descuidoso. Parece um vaso de ouro Pelas azuis borboletas Onde tantos idlios sonhei, Repleto de perfumes! Que descem do Panam, Onde ao som dos pandeiros ruidosos Pelos tesouros ocultos Tantas danas da roa dancei... E ela cresce, os vcios Nas minas do Sincor, Os passos lhe acompanham, Pelas chagas roxeadas Onde a viva e gentil mocidade Seu anjo de asas brancas Da flor do maracuj! Num contnuo folgar consumi, Pranteia ou torna ao cu. Como longe avultais no passado! O clice brilhante Pelo mar, pelo deserto, Como longe vos vejo daqui! Transborda de absinto, Pelas montanhas, sinh! E a vida corre envolta Pelas florestas imensas, Se eu tivesse por livro as florestas, Num tenebroso vu! Que falam de Jeov! Se eu tivesse por mestre a amplido, Pela lana ensangentada Por amigos as plantas e as aves, Depois ela envelhece. Da flor do maracuj! Uma flecha e um cocar por braso; Fogem os rseos sonhos, O astro da esperana Por tudo o que o cu revela, No manchara minh'alma inspirada, Do espao azul se escoa... Por tudo o que a terra d No gastara meu prprio vigor, Pende-lhe ao seio a fronte Eu te juro que minh'alma No cobrira de lama e de escrnios Coberta de geadas, De tua alma escrava est!... Meus lauris de poeta e cantor! E a mo rugosa e trmula Guarda contigo este emblema Levanta-se e abenoa!
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Homens! O infante e o velho So dois sagrados seres, Um deixa o cu apenas, O outro ao cu se volta, Um cerra as asas dbeis E adora a divindade... O outro a Deus adora E as asas nveas solta! Do querubim que dorme Na face alva e rosada O trao existe ainda Dos beijos dos anjinhos, Assim como na fronte Do velho brilha e fulge A luz que do infinito Aponta-lhe os caminhos! Nestas infaustas eras, Quando a famlia humana Quebra sem d, sem crenas, O altar e o atade, Nos olhos da criana Creiamos na inocncia, E nos cabelos brancos Saudemos a virtude! [Noturno] Minh'alma como um deserto Por onde romeiro incerto Procura uma sombra em vo; como a ilha maldita Que sobre as vagas palpita Queimada por um vulco! Minh'alma como a serpente Que se torce bria e demente De vivas chamas no meio; como a doida que dana Sem mesmo guardar lembrana Do cancro que ri-lhe o seio! Minh'alma como o rochedo Donde o abutre e o corvo tredo Motejam dos vendavais; Coberto de atros matizes, Lavrado das cicatrizes Do raio, nos temporais! Nem uma luz de esperana, Nem um sopro de bonana Na fronte sinto passar! Os invernos me despiram, E as iluses que fugiram Nunca mais ho de voltar! Tombam as selvas frondosas, Cantam as aves mimosas As nnias da viuvez;
Tudo, tudo, vai finando, Mas eu pergunto chorando: Quando ser minha vez? No vu etreo os planetas, No casulo as borboletas Gozam da calma final; Porm meus olhos cansados So, a mirar, condenados Dos seres o funeral! Quero morrer! Este mundo Com seu sarcasmo profundo Manchou-me de lodo e fel! Minha esperana esvaiu-se, Meu talento consumiu-se Dos martrios ao tropel! Quero morrer! No crime O fardo que me comprime Dos ombros lan-lo ao cho; Do p desprender-me rindo E, as asas brancas abrindo, Perder-me pela amplido! Vem, oh! morte! A turba imunda Em sua iluso profunda Te odeia, te calunia, Pobre noiva to formosa Que nos espera amorosa No termo da romaria! Virgens, anjos e crianas, Coroadas de esperanas, Dobram a fronte a teus ps! Os vivos vo repousando! E tu me deixas chorando! Quando vir minha vez? Minh'alma como um deserto Por onde o romeiro incerto Procura uma sombra em vo; como a ilha maldita Que sobre as vagas palpita Queimada por um vulco!
Quando voltam do exlio as garas branca Quando as manhs so ledas e sem brum Quando sobre a corrente dos ribeiros Pende o canavial as alvas plumas; Quando palram no mato os periquitos, Quando corre o tatu pelas roadas, Quando chilra a cigarra nos fraguedos E geme a juriti nas assomadas;
Quando os lagartos dormem no caminho, Quando os macacos pulam nas palmeira Quando se casa o grito da araponga triste e surda voz das cachoeiras;
Ento que de poemas nas florestas! Que de sonhos de amor pelas choupanas Que de selvagens, msticos rumores Dos lagos pelas verdes espadanas!
Um brando vu da languidez divina Paira sobre a cabea dos viventes, Vergam-se as maravilhas sobre as hastes Refrescam-se os cips sobre as torrentes Quedam-se as borboletas nos pomares, Gemem os sabis pelos outeiros, Chamam-se enamorados os canrios, E os fulvos bem-te-vis nos ingazeiros. O lavrador recolhe-se palhoa, Reclina-se na esteira e se espreguia, E entre os folguedos da bendita prole Se entrega ao doce vcio da preguia. O viandante pra nas estradas, Abre os alforjes, e do mato sombra, Depois de cheio e farto, fuma e sonha Da mole grama da macia alfombra.
A natureza inteira ama e solua, bria de afrodisacos perfumes, E a mente solitria do poeta Se abrasa em chamas de insensatos lum
[Narrao] Gastei meu gnio, desfolhei sem pena Foi quando vi Mimosa a vez primeira, A flor da mocidade entre os enganos, Beija-flor do deserto, agreste rosa, E, cansado das lidas deste mundo, Gentil como a Dalila da Escritura, Procurei o deserto aos vinte anos. Mais ingnua, porm, mais amorosa... A cavalo, sem rumo, o olhar tristonho, Punha-se o sol; as sombras sonolentas Na boca o saibo de fatal veneno, Mansamente nos vales se alongavam, Percorria as campinas e as montanhasBebiam na taberna os arrieiros Da bela terra de Amador Bueno. E as bestas na poeira se espojavam. Era no ms de agosto, o ms dos risos, O fogo ardia vvido e brilhante Das doces queixas, das canes sentidas, No vasto rancho ao lado do jirau, Quando no cu azul, ermo de nuvens, Onde os tropeiros sobre fulvos couros
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Do pssego e do jambo os tons lascivos. Creio nos lbios que meus lbios beijam Creio no seio em que repouso a fronte A cachaa alegrava os olhos todos, Olhos brios de fogo, vida e gozo, Mas nego a eternidade! As cuias de caf se repetiam, Sombrias palpitantes mariposas, E as ftuas baforadas dos cachimbos Cabelos negros, bastos, enastrados Enquanto brilha a mocidade ardente Nos caibros fumarentos se perdiam. De roxos manacs e rubras rosas. Enquanto a vida seus prazeres mostra Quero gozar, e muito, antes que venha A viola soava alegremente... Eis Mimosa! Seu corpo trescalava A velhice medonha - atroz inverno Que meigas notas! Que tanger dorido! O quente e vivo aroma da alfazema, Que com o sopro gelado esfria tudo Vida de sonhos, drama de aventuras, Perfume de cabocla e de roceira, Tudo lana por terra! No, vs no morrereis no mar do olvido! Porm que para mim vale um poema! Quero amar e gozar! pouco me importa Mimosa estava em p sobre a soleira Desvarios de um Poeta O que depois me suceda, quando a mort Da exgua entrada da mesquinha venda, Ver para crer Me arrebatar da mesa do banquete Saudosa, como sombra do passado (So Tom) Lancem meu corpo numa cova imunda, Um tipo de balada ou de legenda. A vida uma estrada perigosa Deixem na sombra repousar meus restos Do bero sepultura; pobres desses Sem sequer um letreiro. Saudosa, sim, cercada do prestgio Que abandonam as flores perfumadas Dessa beleza vaga, indefinvel, Das orlas do caminho, na esperana II Cuja expresso completa em vo procura Da eternidade que se perde ao longo Por que o mundo te nodoa a fronte O pobre pensador sobre o visvel! Entre as sombras da dvida. Messalina formosa! por que pesa Sobre teu nome a maldio dos grandes? Que faz lembrar o que existiu, certo, Miserveis filsofos. - Dizei-me Pria sedutora que perfumas Porm aonde e quando? Que tortura Por que sempre clamais que a felicidade Minhas noites de insnia! A memria impotente e em vez de um S fatoexiste na alma? O que a alma Mostra ao poeta o abismo da loucura! Seno a seiva que alimenta o corpo? Ergue-te, pois, da com os olhos mortos Seno a chama que um momento brilha De luxria e de amor, coas tranas loiras Indeciso claro de uma outra vida! Para em breve apagar-se? Desprendidas no seio de alabastro, Fugitivo ondular, dobra ligeira Vem amar-me, mulher, quero em teus be Do manto do ideal estremecendo Creio na taa que meus lbios tocam Matar a sede que me queima o seio Entre bulces de fumo e de poeira! Creio nos lbios que meus lbios beijam Que me ri a existncia! Creio no seio em que repouso a fronte! Raio de Deus na face da matria! O mais um sonho de escaldados crnios A virgindade o que ? Quimera estpida, Frouxo luzir do sol da poesia! Fatal quimera que nos leva, cegos Estulta conveno da humanidade. Eu vos contemplarei a pura essncia? Ao abismo do nada! Mais pura s tu que teus desejos matas, Eu poderei gozar-vos algum dia? Do que as virgens que em sonhos se des Quem mais feliz, o sensual D. Joo Do que as mulheres que sofrendo a custo Nada de digresses. Minha herona Sobre seios macios repousando Seus desejos de fogo. Fumava um cigarrinho branco, leve, De epicurista a fronte, - ou um pobre frade Delgado como um brinco de criana, Que em desejos ardendo a noite gemeArdente chora, amaldioa o mundo! Como um torro de acar ou de neve. Na cela rigorosa e o cho lhe banha Bem sei que o mundo maldir meu nome De lgrimas de fogo? Sei que a meus versos chamaro veneno E o vapor azulado lhe vendava Creio na taa que meus lbios beijam De quando em quando as faces peregrinas... Este espera a ventura, espera embalde E no seio em que repouso! Parecia uma fada do Oriente, Porque ela passou! Aps a vida Uma viso do pio entre neblinas. Lousa gelada encobrir seus ossos A vida sem gozo como o dia E a eternidade que esperava ardente Que desponta nublado e assim se escond A saia de ramagens caprichosas Ser a podrido - a snie - os vermes Venha um raio de sol, quero goz-lo! Caa-lhe em prodgios da cintura, O esquecimento e o nada! guia, seus fogos contemplar de perto Entre os bordados da infiel camisa E quando ele fugir soltar meu vo, Tremiam dois delrios de escultura. Longe de mim os preconceitos loucos Esconder-me no abismo! Que o vulgo segue de cerrados olhos; Sobre a direita a perna esquerda curva, Longe de mim funestas utopias Iluso Capaz de enlouquecer Fdias - o mestre, Que aos cantos de sereia semelhantes Sinistro como um fnebre segredo Dava um encanto singular ao vulto Vo conduzindo os nautas fascinados Passa o vento do Norte murmurando Daquela altiva perfeio campestre. A um orco maldito! Nos densos pinheirais; A noite fria e triste; solitrio Depois em tamanquinhos amarelos Talvez me engane o universo inteiro Atravesso a cavalo a selva escura Ps de princesa, ps diminutivos, um engano sublime! Mas, ardente, Entre sombras fatais. Ctis morena revelando vista, Creio na taa que meus lbios tocam
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medida que avano, os pensamentos Da vida os esplendores e prazeres?... Borbulham-me no crebro, ferventes, O canto prosseguia ousado e forte, Como as ondas do mar, Mas a tarde expirava; luz tranqila Pleno das pompas festivais do estio; E me arrastam consigo, alucinado, Da sombra o espectro sucedia aos poucos Era depois da tempestade, a aurora casa da formosa criatura Estendendo terror co'as asas largas. Cobrindo o globo de fulgor e glrias; De meu doido cismar. Da nvoa aos mantos o traidor disfara-se... O rouxinol curvado e entristecido Negro combate entre o demnio e o homem Ergueu-se vivo e, sacudindo as plumas Latem os ces; as portas se franqueiam Trava-se horrendo... o pensamento escalda! Molhadas pela chuva, a voz desprende Rangendo sobre os qucios; os criadosAvante, Iago! Cssio tomba e morre! E a terra inunda de sonoros quebros! Acordem pressurosos; Que sons so estes? do vento a queixa, Subo ligeiro a longa escadaria, Ou a cantiga do pastor no vales?... Minh'alma debatia-se, arrastada Fazendo retinir minhas esporas No h martrio que ao martrio iguale Entre a morte e a vida, a dor e o gozo! Sobre os degraus lustrosos. De uma lembrana perfumada e pura Todos os sonhos e iluses da infncia Nos dias lutulentos da desgraa! Passaram-me na mente!... e eu via o mun No seu vasto salo iluminado, Erguer-se como outrora, os campos verde Suavemente repousando o seio Quando porm a devorante chama As serras azuladas, o barqueiro Entre sedas e flores, Pela terceira vez passou queimando Cantando beira d'gua, e a folha prima Toda de branco, engrinaldada a fronte,A fibra delicada, e j sem foras De minha histria se ostentar brilhante Ela me espera, a linda soberana Ela cerrou no peito a harpa dorida, No prtico da vida! Aps no espao De meus santos amores. A pobre moa pressentiu que o gnio Vi passar uma nuvem pardacenta Pedia notas que no h na terra! E o sol escurecer no treno excelso: Corro a seus braos trmulo, incendido Num turbilho de frvida harmonia Depois surgiu mais resplandecente e belo De febre e de paixo... A noite negra, Perdida, arrebatada, o olhar febrento E sobre um prado de eternal frescura, Ruge o vento no mato; Anos de vida arremessava ao nada! margem de um ribeiro circulado Os pinheiros se inclinam, murmurando:Oh Deus! findar-se assim to bela e jovem! De tnues miostis, levantou-se - Onde vai este pobre cavaleiro Porm tudo cessou, terror, encantos, Uma linda mulher que me sorria! Com seu sonho insensato?... Tudo fundiu-se em lgrimas de fogo! Chora, oh filha de Deus! chora, criana! Tudo passou-se num minuto. O canto [Harmonia] Deixa em teus olhos de doura anglica Tinha cessado. No salo deserto Como o barqueiro que ao luar do outono Rolar as gotas trmulas de pranto Ardia um crio apenas, e formosa, merc da corrente o lenho entrega Como as estrelas que brilhando fogem! Coroada de amor e de promessas, Todo embebido a contemplar o cu; Quanto infeliz que torce-se de angstias, Ela fitava-me um olhar sem fundo! Como a criana que nas veigas prvidas Ou entre os ferros da priso delira, Doudo, abrasado o corao e a mente, Esquece a choa paternal correndo Pediria por prmio de seus males Arrojei-me a seus ps! A amendoeira Ao giro incerto da falena douda, Uma lgrima s desses teus olhos! Pejava o ar de eflvios odorantes, Ela seguia o pensamento mstico O vinho da volpia fermentava Que agitava-lhe o esprito, e perdia-se Quem uma vez no decorrer da vida Nas entranhas do globo! Sobre as ondas de um rio harmonioso No sentiu esse encanto irresistvel Deixando a praia e namorando astros! Que impele o corao, prende-o nos laos [O Mar] Que esplendor a cercava! Que perfumes De um mistrio indizvel e celeste, Sacode as vagas de teu dorso imenso, Ondeavam no tpido recinto E o faz curvar-se num enleio etreo Oh! profundo oceano! Ergue-as altivas Onde o cantar plangente se estendia Como ao fresco da noite as rosas midas?... Com seus frgios barretes! Em vo tentam Deixando um rastro de abrasadas notas! Filha do gnio, da paixo sem peias, Lutar contigo temerrias frotas, Que sentimentos rebentavam notas! Amplo caminho entre Sat e Deus! Traar-te raias a vaidade humana! Que sentimentos rebentavam n'alma Ah! quem pode saber a histria eterna Tu s eterno e vasto como o espao, A vibrao dorida desses trenos! Que um'alma ardente em teus suspiros ouve? Livre como a vontade onipotente. Ah! cada nota tem no seio humano Percebe-se um olhar, um movimento, Rgio manto do globo! povo infindo Uma nota que dorme, irm chorosa, Uma lgrima rpida e sentida, De soberbos Tites! gnio da fora, Que acorda e vibra ao fraternal suspiro. fundo arcano o resto, e to vendado Salve trs vezes!... Das espduas amplas Seja nas noites de tormenta e sombras Como o da morte, d'amplido do tempo! Derribas todo o jugo que te oprime, A nnia da avezinha abandonada Tragas gigantes de carvalho e cedro, No fundo das florestas; seja o grito Ah! se eu pudesse levantar o vu E a fronte erguendo majestosa e bela De convulsa alegria que resvala Que de teu seio escurecia o fundo, Diademas de prolas atiras De um arco enfebrecido; seja a dulia E atravs desses vvidos diamantes s estrelas do cu, e ao mundo cospes Da criana que morre, inda sorrindo Que molhavam-te o rosto como aurora A frvida saliva em desafio! Aos rosados fantasmas da existncia, Na plida camlia o orvalho frio, Quantos imprios celebrados, fortes Quem que d'alma no sacrrio imenso Descobrir esses pramos sublimes, No floresceram de teu trono s bases No tem um pranto que ofertar-lhe, umMundos ramo de maravilhas, onde a harmonia Sublime potestade! e onde esto eles? Das saudosas lembranas do passado, Arrojou-a sorrindo, como as vagas O que feito de Roma, Assria e Grcia, Uma queixa tambm, embora cerquem-lhe O nauta exausto num imprio esplndido! Cartago, a valorosa? As vagas tuas
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Lambiam-lhes os muros, quer nos tempos Suspirando de amor aos verdes olhos, Na margem da floresta, em choa amiga, De paz e de bonana, quer na quadra Aos moles braos que do salso leito Um ms passaram de inefveis gozos. Em que chuvas de setas se cruzavam Erguiam-se to meigos e adorados!... No leito mole de sombria relva face torva das hostis falanges! Amo-te ainda, oh! mar! amo-te muito, Dormiam juntos ao calor da sesta Tudo esboroou-se, se desfez em cinzas, Mas no tranqilo umedecendo a proa Entre o sussurro de indolente arroio Sumiu-se como os traos que o romeiro Da gndola lasciva, nem chorando E o perpassar de forasteiras brisas; Deixa de Nbia na revolta areia! s carcias da lua! Amo-te horrvel, Cantavam junto porta luz da tarde, S tu, oh! mar, sem termos, imutvel Arrogante e soberbo, repelindo N'aurora erravam pelos campos midos Como o quadrante lgubre do tempo, Os furaces que roam-te nas crinas, Relendo a histria de um amor nascente. Ruges, palpitas sem grilhes nem peias! Quebrando a asa de fogo que das nuvens E no entanto no ebriar do gozo, Nunca na face desse azul sombrio, Procura te domar, batendo a terra De dia em dia ela pendia a fronte Onde tranqilas, ao chorar das brisas, Com teus flancos robustos, levantandoComo o salgueiro margem das lagoas! Poesias do cu, flores do ter, Triunfante e feroz no tredo espao Amaram-se e viveram como os anjos. As estrelas se miram namoradas... A cabea estrelada de ardentias! Das harpas da ventura as cordas todas Nunca o fogo e a lava, a guerra e a morte, Amo-te assim, oh! mar, porque minh'alma Em doces cantos desferiram rindo, A armada dos tiranos h deixado V-te imenso e potente, desdenhoso At que um dia ao despontar d'aurora Um vestgio sequer de seus destroos!Rindo s quimeras da cobia humana! Ele nos braos a sentiu gelada! Tal como tarde do primeiro dia Amo-te assim! ditoso no teu seio Ento ergueu-se lvido, sem prantos, Que ao orbe clareou, hoje te ostentas Zombo do mundo que meu ser esmaga, Sem uma queixa ao menos e um suspiro, Na tua majestade horrenda e bela! Sou livre como as vagas que me cercam E do sumo de plantas venenosas Espelho glorioso onde entre fogos E s a tempestade e a Deus respeito. Encheu a taa e a devorou de um trago. Se mostra onipotente, nas tormentas Salve, oceano onipotente e eterno! Depois beijando-a sobre os lbios roxos A face do Senhor! Monstro sublime Santo espelho de Deus, trs vezes salve! E unindo-se ao seio num enlevo fnebre, Cujas garras de ferro o globo abraam... Como um noivo deitou-se ao lado dela. At que um dia, quem o sabe? exausto [Poema] Vi-os partir ardentes de esperana; Lance o ltimo alento! ah! no teu seio Na suave estao do grato estio Tinham sonhos sem fim na mente ocultos Talvez tremendo esprito se agite, Quando as campinas vestem-se de flores, E um mundo inteiro de esperanas n'alma Misto sombrio de paixes sem freios, E os passarinhos sacudindo as plumasE no entanto os esperei debalde! Cuja expresso vislumbra-te no rosto, A natureza pejam de cantigas; O outono, a primavera, o estio, o inverno Ora hediondo de compressos msculos, Quando os pomares vergam-se rangendo Passaram sonolentos sobre a terra Ora suave como o louro infante Ao doce peso de dourados frutos, Mas eles no voltaram!... Na romagem, Sobre o seio materno, ora cruento Vi-os deixar o turbilho das turbas Pude apenas, buscando-os, com meu pra Gotejando suor, escuma e raiva! Para perder-se alm das serranias Regar a lousa fria de seus tmulos! Nobe eterna! de teu ventre tmido Como um casal de cndidas rolinhas. Os monstros dos abismos rebentaram,Ele jovem romntico, deixava [Cntico do Calvrio] Em cujo dorso de argentadas conchas Correr a vida como o ndio noite memria de meu filho Os raios das estrelas resvalavam: O lenho errante ao deslizar do rio; Morto a 11 de dezembro de 1863 De teu lodo fecundo, inextinguvel, Ela meiga e amorosa, ao brao dele, Brotaram continentes cujas grimpas Como a andorinha que da torre emigra, Eras na vida a pomba predileta Iam bater na abbada cerlea; Ia pedir aos ares do deserto Que sobre um mar de angstias conduzia Teus paos de coral e de esmeraldas Sopro de vida a seus pulmes enfermos. O ramo da esperana!... eras a estrela Encerravam princesas vaporosas, Ele era louro e belo como a imagem Que entre as nvoas do inverno cintilava Louras ondinas, encantados gnios, De um deus erguido nos altares gregos; Apontando o caminho ao pegureiro!... Soberbas divindades! Entretanto Ela era como a rosa linda e plida Eras a messe de um dourado estio!... Viste tudo cair! riscada a Atlntida Que em noites de luar a fronte encostaEras o idlio de um amor sublime!... Da face do universo, os brnzeos deuses Na haste umedecida pelo orvalho. Eras a glria, a inspirao, a ptria, Desterrados pra sempre, e s restou-te Ele tinha no rosto o vio e a vida, O porvir de teu pai! - Ah! no entanto, Uma voz gemedora que chorava: Ela na face lnguida e saudosa Pomba - varou-te a flecha do destino! - J no vive o Deus P! oh! P morto! De mrbido palor o vu sentido. Astro - engoliu-te o temporal do norte! Oceano sem fundo! vagas tmidas Foram; e a brisa de esperanas doces,Teto, caste! Crena, j no vives! Abismo de mistrio, ah! desde a infncia De seu batel arredondava as velas Correi, correi, oh! lgrimas saudosas, Preso na teia da atrao divina Como de Esmirna a virao cheirosa Legado acerbo da ventura extinta, Eu vos busquei sedento! sobre as praias, Toca o navio do malts pirata Dbios archotes que a tremer clareiam Curvas como os alfanjes dos eunucos,Carregado de cnfora e de incenso. A lousa fria de um sonhar que morto! Eu me perdia nos dourados dias Foram; s Deus, a noite, o cu e os astros Correi! Um dia vos verei mais belas Da santa primavera, ouvindo os brados Poderiam contar os rseos planos Que os diamantes de Ofir e de Golconda Dos marinhos corcis, molhando as plantas Que eles tinham na mente, e os sonhos de ouro Fulgurar na coroa de martrios Na gaze salitrosa que envolvia Que lhes passavam pelas frontes puras. Que me circunda a fronte cismadora! A areia cintilante! aps mais tarde s brilhantes canes das aves meigas, So mortos para mim da noite os fachos, Sentava-me no cimo dos rochedos, Aos eflvios das flores campesinas Mas Deus vos faz brilhar, lgrimas santas
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E vossa luz caminharei nos ermos! Abismos de inocncia e de candura, Como o pssaro-rei do Novo Mundo! Estrelas do sofrer, gotas de mgoa, E baixo e a medo murmurei: meu filho!Ai! doido sonho!... Uma estao passou-s Brando orvalho do cu! sede benditas!Meu filho! frase imensa, inexplicvel, E tantas glrias, to risonhos planos Oh! filho de minh'alma! ltima rosa Grata como o chorar de Madalena Desfizeram-se em p! O gnio escuro Que neste solo ingrato vicejava! Aos ps do Redentor... ah! pelas fibras Abrasou com seu facho ensangentado Minha esperana amargamente doce! Senti rugir o vento incendiado Meus soberbos castelos. A desgraa Quando as garas vierem do ocidente,Desse amor infinito que eterniza Sentou-se em meu solar, e a soberana Buscando um novo clima onde pousarem, O consrcio dos orbes que se enredam Dos sinistros imprios de alm-mundo No mais te embalarei sobre os joelhos, Dos mistrios do ser na teia augusta Com seus dedos reais selou-te a fronte! Nem de teus olhos no cerleo brilho Que prende o cu terra e a terra aos Inda anjos! te vejo pelas noites minhas, Acharei um consolo a meus tormentos!Que se expande em torrentes inefveis Em meus dias sem luz vejo-te ainda, No mais invocarei a musa errante Do seio imaculado de Maria! Creio-te vivo, e morto te pranteio!... Nesses retiros onde cada folha Cegou-me tanta luz! Errei, fui homem! Ouo o tanger montono dos sinos, Era um polido espelho de esmeralda E de meu erro a punio cruenta E cada vibrao contar parece Que refletia os fugitivos quadros Na mesma glria que elevou-me aos astros, As iluses que murcham-se contigo! Dos suspirados tempos que se foram! Chorando aos ps da cruz, hoje padeo! Escuto em meio de confusas vozes, No mais perdido em vaporosas cismas O som da orquestra, o retumbar dos bronzes, Cheias de frases pueris, estultas, Escutarei ao pr-do-sol, nas serras, A voz mentida de rafeiros bardos, O linho morturio que retalham Vibrar a trompa sonorosa e leda Torpe alegria que circunda os beros Para envolver teu corpo! Vejo esparsas Do caador que aos lares se recolhe! Quando a opulncia doura-lhes as bordas, Saudades e perptuas, sinto o aroma No mais! A areia tem corrido, e o livroNo te saudaram ao sorrir primeiro, Do incenso das igrejas, ouo os cantos De minha infanda histria est completo. Clcia mimosa rebentada sombra! Dos ministros de Deus que me repetem Pouco tenho de andar! Um passo ainda, Mas ah! se pompas, esplendor faltaram-te, Que no s mais da terra!... E choro emb E o fruto de meus dias, negro, podre, Tiveste mais que os prncipes da terra... Mas no! Tu dormes no infinito seio Do galho eivado rolar por terra! Templos, altares de afeio sem termos! Do criador dos seres! Tu me falas Ainda um treno! e o vendaval sem freio Mundos de sentimento e de magia! Na voz dos ventos, no chorar das aves, Ao soprar quebrar a ltima fibra Cantos ditados pelo prprio Deus! Talvez das ondas no respiro flbil! Da lira infausta que nas mos sustenho! Oh! Quantos reis que a humanidade aviltam Tu me contemplas l do cu, quem sabe? Tornei-me o eco das tristezas todas E o gnio esmagam dos soberbos tronos, No vulto solitrio de uma estrela... Que entre os homens achei! o lago escuro Trocariam a prpura romana E so teus raios que meu estro aquecem Onde ao claro dos fogos da tormenta Por um verso, uma nota, um som apenas Pois bem! Mostra-me as voltas do caminh Miram-se as larvas fnebres do estrago! Dos fecundos poemas que inspiraste! Brilha e fulgura no azulado manto! Por toda a parte em que arrastei meu manto Que belos sonhos! Que iluses benditas! Mas no te arrojes, lgrima da noite, Deixei um trao fundo de agonias!... Do cantor infeliz lanaste vida, Nas ondas nebulosas do ocidente! Oh! Quantas horas no gastei, sentado Arco-ris de amor! luz da aliana, Brilha e fulgura! Quando a morte fria, Sobre as costas bravias do Oceano, Calma e fulgente em meio da tormenta! Sobre mim sacudir o p das asas, Esperando que a vida se esvasse De exlio escuro a ctara chorosa Escada de Jac sero teus raios Como um floco de espuma, ou como oSurgiu friso de novo e s viraes errantes Por onde asinha subir minh'alma. Que deixa n'gua o lenho do barqueiro! Lanou dilvios de harmonia! O gozo Quantos momentos de loucura e febre Ao pranto sucedeu, as frreas horas [Voz do Poeta] No consumi perdido nos desertos, Em desejos alados se mudaram... Perdo, Senhor meu Deus! Busco-te emb Escutando os rumores das florestas, Noites fulgiam, madrugadas vinham, Na natureza inteira! O dia, a noite, E procurando nessas vozes torvas Mas sepultados num prazer profundo O tempo, as estaes mudos sucedem-s Distinguir o meu cntico de morte! No te deixava o bero descuidoso, Mas eu sinto-te o sopro dentro d'alma! Quantas noites de angstias e delrios Nem de teu rosto meu olhar tirava, Da conscincia ao fundo te contemplo! No velei, entre as sombras espreitando Nem de outros sonhos que dos teus vivia! E movo-me por ti, por ti respiro, A passagem veloz do gnio horrendo Como eras lindo! Nas rosadas faces Ouo-te a voz que o crebro me anima, Que o mundo abate ao galopar infreneTinhas ainda o tpido vestgio E em ti me alegro, e canto, e penso! Do selvagem corcel?... E tudo embalde! Dos beijos divinais! nos olhos langues Da natureza inteira que aviventas A vida parecia ardente e doida Brilhava o brando raio que acendera Todos os elos a teu ser se prendem, Agarrar-se a meu ser!... E tu to jovem, A bno do Senhor quando o deixaste! Tudo parte de ti e a ti se volta; To puro ainda, ainda na alvorada, Sobre o teu corpo a chusma dos anjinhos, Presente em toda a parte, e em parte alg Ave banhada em mares de esperana,Filhos do ter e da luz, voavam, ntima fibra, esprito infinito, Rosa em boto, crislida entre luzes, Riam-se alegres, das caoilas nveas, Moves potente a criao inteira! Foste o escolhido na tremenda ceifa! Celeste aroma te vertendo ao corpo! Ds a vida e a morte, o olvido e a glria! Ah! quando a vez primeira em meus cabelos E eu dizia comigo: - teu destino Se no posso adorar-te face a face, Senti bater teu hlito suave; Ser mais belo que o cantar das fadasOh! basta-me sentir-te sempre, e sempre Quando em meus braos te cerrei, ouvindo Que danam no arrebol, mais triunfante Eu creio em ti! eu sofro, e o sofrimento Pulsar-te o corao divino ainda; Que o sol nascente derribando ao nada Como ligeira nuvem se esvaece Quando fitei teus olhos sossegados, Muralhas de negrume!... Irs to alto Quando murmuro teu sagrado nome!
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Eu creio em ti! e vejo alm dos mundos, Em nada acreditava; h muito tempo Mas era embalde!... nem o cu brilhante, Minha essncia imortal brilhante e livre, Que a idia de Deus soprara d'alma Nem o meigo sorriso, - o olhar de fogo Longe dos erros, perto da verdade, Como das botas a poeira incmoda. Da bela Italiana, nem os cantos, Branca dessa brancura imaculada O Evangelho era um livro de anedotas,Nem os festins ruidosos de Veneza, Que os gnios inspirados nesta vida Beethoven torturava-lhe os ouvidos, Sanar puderam de meu seio a mgoa, Em vo tentaram descobrir no mrmore! A Poesia provocava o sono. E a dor pungente que ia fundo n'alma! Muita donzela suspirou por ele, loira Grcia dirigi meus passos, [Salmo I] Muita beleza lhe dormiu nos braos, Adormeci sombra dessas runas Ditoso o justo que afastado vive Mas frio como o gnio da descrena, Onde envolto em seu manto de descren Do conclio dos maus e do caminho Aps um'hora de gozar maldito, Lorde Byron vagou. Abri meu peito Trilhado por perversos pecadores! Saciado as deixou, como o conviva s vozes divinais de antigas eras, E que nunca ensinou, bem como o mpio, A mesa do festim, - farto e cansado. - E no sopro das brisas que passavam Do negro vcio as mximas corruptas! Era mais caprichoso, - mais bizarro Ouvi o coro de - milhes de deuses Ditoso o homem que fiel concentra Do que um filho de lbion, mais volvel Que das balsas floridas levantavam-se De seu Deus criador na lei divina Que um profundo poltico; uma tarde minha invocao; de Tempe ao vale Todo o seu pensamento e seu afeto, Aps haver jantado, recordou-se Fui aos ecos pedir - os doces cantos E nela s medita noite e dia! Que ainda era solteiro; pelo Papa! Que ali ditosa repetira Safo Ele ser qual rvore frondosa, - preciso tentar, disse consigo. Nos braos de Faon; e no entanto Banhada por arroios cristalinos, Quatro dias depois tinha cansado. Em vo minh'alma se engolfar buscava Que bons frutos produz na quadra prpria, Escolhera uma noiva descuidoso, No livro do passado, - em vo meus lbio E nunca perde o vio e a louania. Como um brinco chins - um livro in-flio, Murmuravam canes de seus poetas! Quanto a sorte do mpio diferente! Ao altar conduziu-a, distrado, O pesar me seguia - mudo, - frio Brinco do acaso, das paixes joguete, E as juras divinais do casamento Horrvel como um plmbeo pesadelo! Assemelha-se ao p que o vento agita Repetiu, bocejando ao sacerdote. Deixei a Grcia. s regies ardentes E sobre a terra desdenhoso espalha. Como tudo na vida, o matrimnio Onde nuvens de areia o ar percorrem No dia, pois, do santo julgamento Bem cedo o aborreceu; aps trs meses - No slio do znite - o sol nublando, Perante o Deus severo, confundido, Disse Adeus mulher que pranteava, Onde lenta caminha a caravana Fulminado ser, deixando ao justo, E acendendo um cigarro, a passos lentos Abrasada de sede e cansao, O prmio prometido: a glria eterna! Dirigiu-se ao teatro onde assistiu - Fugindo o tdio de uma vida eivada, Que h dores to profundas, pesares to Umrebeldes, drama de Feuillet, - quase dormindo. - - Harold Ren - lancei-me triste Como Assim como h molstias mortferas, sem Por cura! fim de contas, uma noite bela, Cercada a fronte de trevosas nuvens. Depois de ter ceado entre dous padres, Descansei sob as tendas do deserto, [ Minha Me] Em casa de morena Cidalisa. Matei a sede de meu peito em fogo Nas frteis regies da sia a rvore daPegou mirra e numa do incenso pistola e inundam entre as de fumaas perfume a gleba onde vicejam; o cisternas, - Nas guas lamacentas das cisne do Eurotas desfaz-se em harmonias De saboroso ante a natureza - Havana que - o eternidade cerca; o Jordo desenrola cadente suas E aps deixando os areais sem termos lminas de cristal sobre as areias de oiro Foida ver terra si divertia-se abenoada. umEu momento. no tenho porm cantos, nem Embrenhei-me nas perfumes, selvas seculares nem harmonias para vos dar, oferto-vos So apenas Paulo este 1861 ramalhete das fanadas flores de minha mocidade; L onde sombra de soberbos cedros aceitai-o porque so saudades que vos envio atravs dos mares e das montanhas, so lgrimas Dormia a solido seu sono imenso! cristalizadas na febre das insnias, so [Fragmentos] os primeiros lampejos de minh'alma doentia que se volveu - Mas as canes dospara rabes errantes, vs. Aceitai-o. Por ela me despi dos ureos sonhos Os urros do simoun, - o murmrio Que a flor da mocidade abrilhantavam;Da folhagem da selva, - o mundo todo [Arqutipo] Por ela reneguei meu Deus e crenas, Desse vasto poema do deserto Ele era belo; na sua espaosa fronte Por ela abandonei meus ptrios lares, Falavam-me de dor e de amarguras, O dedo do Senhor gravado havia E nas frguas do amor e da saudade Negra saudade me acordavam n'alma! O sigilo do gnio; em seu caminho Vi minha vida desfazer-se em fumo! Vaguei nos mares tormenta exposto, O hino da manh soava ainda, Como o perfume que transpira noite Vi diante de meus ps - o oceano e a mo E os pssaros da selva gorjeando Da margem da lagoa - a flor mimosa - E meu frgil baixel arrebatado Saudavam-lhe a passagem neste mundo. Vai deleitar o viajor que a nvoa - Ora no dorso de espumosas vagas Sim, era uma criana, e no entanto Desorienta da campina extensa, Ir doudejando topetar nas nuvens, Friez de morte lhe coava n'alma! Vinham amenizar - lembranas dela - Ora no abismo se afundar gemendo! O seu riso era triste como o inverno, A sombria tristeza de minh'alma! Abrindo as asas negras sobre os mares E dos olhos cansados, nem um raio De plaga em plaga como o hebreu maldito Corria o furaco rugindo em frias Nem um claro, nem plido lampejo Refugiei-me em vo, buscando d'alma Como o anjo da morte! No infinito Da mocidade o fogo revelavam! Expulsar o pesar que me roa! - A orquestra da tormenta - ribombava Era-lhe a vida uma comdia inspida, Mendiguei um alvio ao cu da Itlia; Horrvel e sublime! O cu rugia, Estpida e sem graa, - ele a passava Aos cantos do barqueiro errei noite As serpentes de fogo se enroscavam Com a fria indiferena do marujo - Nas ondas perfumadas de Sorrento; No espao abraseado, - as ardentias Que fuma o seu cachimbo reclinado Adormeci na encosta do Vesvio, Referviam no abismo escancarado Na proa do navio olhando as vagas, E visitei as lcidas paragens Como os lumes que em breve me espera - Vivia por viver.... porque vivia. Onde Laura e Petrarca suspiraram. Na tumba imensa de revoltas guas!
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E enquanto os mastros a estalar caam Na penosa jornada deste mundo! Nas lagoas impuras da Bretanha? Ao roar da tormenta, enquanto os nautas Anjo de meu amor! - filha de Deus! Que cu dourado, - que estaes bendita Prostados no convs - a Deus clamavam Porque me infliges o cruel suplcio Que meigas flores, - que harmonias santa Ante a agonia - a tempestade - e a morte, De ver-te sempre, - de abraar-te nunca! Alentaram-te o crebro? - Que sonhos Pedindo s vagas, olvidando tudo, Ligeiras nebulosas que habitais Te passaram na mente? - Que riquezas, O nome dela eu murmurava em prantos. Sobre os mares de ter, - rseas nuvens, - bero natal mostrou-te aos olhos? O teu Dos abismos flor, como Manfredo, Flgida estrela que manh nascendo, Que doce inspirao roou-te n'alma Os gnios invoquei - vertiginoso Astros gigantes, - espantosos mundos E deu-te crenas que revela o mrito? P'ra que lanassem de minh'alma aos ermos Que girais no infinito!... oh em vs todos Pisaste uma nao, - nao to grande - De mim mesmo, um profundo esquecimento. Eu parecia v-la! - ora divina Que a loucura perdoa-te! - Cuspiste Pedi a Deus - um existir de bruto, Num oceano de nvoas flutuando, Na face dessa que afogara em vagas, Matria impura sem pensar nem dores. - Ora adejando na regio das luzes, - Em rios de ouro teu pas ingrato! Mas nem um gozo iluminou-me a vida, Ora no espao que a razo apenas Procuraste lanar um vu de sombras Nem uma fonte lmpida e serena S pode conceber!... em meu caminhoSobre essa terra que fascina o globo Rebentou - pelo Saara - de minh'alma!Ela se erguia sempre; nos meus sonhos Ao claro dos diamantes, e piedosa Errei nessas paragens encantadas Ela passava pensativa, - meiga Teus irmos agasalha junto ao peito! Onde sombra de um bosque de palmeiras Como um gnio de ssiam; nos meus Basta versosde humilhaes!... dize a teus amo Regatos correm de serenas guas: Seu doce nome ressoava sempre! Que a terra de Cabral est cansada Ouvi ave sonora se embalando, Debalde procurei riscar da mente De ultrajes suportar! - Que a seus clamor A morredoura luz de amenas tardes Essa imagem divina, - parecia No seio das floresta ressuscita Lanar gorjeios de saudade infinda; Que o destino a ligava minha vida! Um mundo de guerreiros que no teme O cu de azul me iluminava a fronte Todas a taas de um viver sem gozo O troar dos canhes, - que um povo arde Com torrentes de luz, as flores todas Traguei descrido. De minh'alma as flores Se levanta inspirado voz dos bardos Me incensavam de aromas suavssimos. No lodo mergulhei, e inda to cedo Do pendo auriverde sombra amiga! Mas - o riso da flor - o som das brisas -Me perdi em profundos desvarios! Quereis ouro e riqueza?... Ah! ns vos da A criao pejada de perfumes Fui no recinto em que circula o vcio, em nome da Irlanda miservel Contando aos astros em linguagem doce Ao claro da candeia fumarenta, Que sucumbe de fome! - por piedade Suas legendas de amores e sorrisos, Pender negra mesa - empalecido - Dos filhos do Levante que se estorcem No podiam sequer matar-me n'alma Gastando as noites no fervor do jogo! Entre sangue e veneno! - pelos tristes O negro viso de uma dor sem termos! Tonto de vinho, - desvairado em febre,Que soluam nos ferros, - pelos gnios De deserto em deserto se acampando Elevei blasfmias e obscenos cantos! Que morrem na misria e no abandono, Os pastores da Arbia a vida passam; E nos gritos da orgia, - e no delrio - Pela virtude sem defesa e amparo!... Como eles vagabundo, - eivado o seio, Uma voz sonorosa me acordava Vai, - teu pas poderoso e ousado, De dor em dor com vagarosos passos Do longo pesadelo de minh'alma, Teus vasos cobrem a amplido dos mare Atravesso os desertos da existncia! - E eu soluava me lembrando dela! Teus soldados so clebres e fortes, Cansado de lutar sobre esta vida, Coberto de tristeza e de saudades, Teus canhes so medonhos, - ferem ce Senti um dia esmorecer no crnio Quebrei a ausncia, atravessei os mares, A ns isto no importa? - se atrevidos A centelha da crena e da esperana. Vim a vida buscar ante seus olhos. A nossas praias aportam loucos, Por altas noites, na manso dos mortos Aps to longo exlio, ardendo em gozo, Cada provncia um povo de guerreiros, Quando a terra dormia, mergulhado O corao pulsando de alegria, Cada guerreiro um destemido Anteu! Em negro pesadelo, errei sombrio Aos lares dela dirigi meus passos. Os mistrios da campa interrogando. Mas silncio!... um vu negro, impenetrvel, [A...] Haver outra vida?... Aps a morte Cubra esse quadro que meus olhos viram; (IMITAO DE ESPRONCEDA) Irei eu habitar um novo mundo Durma na sombra de um olvido eterno Foste naurora cristalino arroio Onde no sinta os desprazeres deste?Esse mistrio fnebre, banhado Por entre flores deslizando a medo; Eu filho da matria e escravo dela De lgrimas de sangue! E tu, minh'alma, Depois torrentes de fervente espuma Serei em breve reduzido a lodo, E tu, pobre infeliz, manchada - fria - Rompendo os flancos de feral rochedo, Aps haver tragado em brnzea taa Abafa no teu seio essas lembranas, Por fim noite lodaal profundo Tanto fel e absinto?... assim clamava Nem um sonho sequer desse passado Cheio de lama e podrido no fundo! Calando sobre a terra dos sepulcros Venha turbar teu pesadelo imenso! Minha fronte incendida pela febre. Rio Claro - 1861 O Vizir Mas l de longe, - l do cu quem sabe, - No derribes meus cedros! murmurava Vinha uma voz ungida de saudades, [A Willliam Christie] O gnio da floresta aparecendo A harmonia da f lanar-me n'alma, Diplomata insolente! - ave maldita Adiante de um vizir, seno eu juro E a flor das esperanas - moribunda - Entre as brumas do norte aviventada Punir-te rijamente! E no entanto Alimentar com tmidas promessas! A quem a ptria recusou bafejos O vizir derribou a santa selva! Era ela! ela sempre! noite, - ao dia - E o sol um raio que aquecesse o rosto! Alguns anos depois foi condenado No sono - ou na viglia!... amiga sombra, Dize, filho da sombra, - onde aprendeste Ao cutelo do algoz. Quando encostava Incessante viso da felicidade, A voar como as guias?... Em que terras A cabea febril no duro cepo, Presente sempre a meus cansados olhos Te cresceram as penas borrifadas Recuou aterrado: - "Eternos deuses!
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Este cepo de cedro!" E sobre a terra Que de minhalma retumbou fundo? - Vai ter lugar uma justia infinda! A cabea rolou banhada em sangue! Ser de uma harpa divinal a nota, No sentistes roar por vossas fibras Ou das asas de um gnio a tnue aragem?... O hlito de Deus?... Enquanto a selva, o monte, o rio e as plagas Formosa e cndida [Ecos do Crcere] Povoam-se de sonhos, que palpitam A aurora despontava no horizonte Era uma noite plcida de estio; De um mole sono aos sensuais abraos, Coroada de luz; a voz calou-se, O vento brando perpassava apenas Voltam-me mente idias de outras eras, Depois bradou de novo altiva e forte: Sobre a face dos mares que dormiam Gratas lembranas de passados tempos. - Cobriram de grilhes meu pobre corpo, Aos olhares da lua enamorada. Como era belo o sol e a terra lcida! Porm, minhalma de seus ferros zomba, Mas do seio das ondas sonolentas, Como era santo e puro o doce jbilo Minhalma livre como o cu e os mares!.. Do pego escuro no mais fundo ponto Da criana vivaz correndo os prados, Uma voz levantou-se imensa e vaga Ora nas veigas se perdendo em risos, [O Exilado] Semelhante ao suspiro entristecido Ora saudando o bando de andorinhas O exilado est s por toda a parte! Do gnio dos abismos, e de longe Que voavam num cu azul sem manchas, Passei tristonho dos sales no meio, Uma outra voz ergueu-se atroadora Como flor d um turbilho de sonhos! Atravessei as turbulentas praas At perder-se no horizonte infindo. Nem um desgosto no passado havia, Curvado ao peso de uma sina escura; E esta falava assim, lenta e solene: Nem uma sombra no futuro ao menos! As turbas contemplaram-me sorrindo, - Cobriam de grilhes meu pobre corpo, Sempre noites de mel, dias de rosas, Mas ningum divisou a dor sem termos Porm, minhalma de seus ferros zomba, Sendas juncadas de dourada areia! Que as fibras de meu peito espedaava. Minhalma livre como o cu e os mares!... Oh! minha pobre irm! lembra-te aindaO exilado est s por toda a parte! Ah! porque te adorei, oh minha ptria, Desses passeios ao romper daurora Quando, tardinha, dos floridos vales Porque sonhei-te grande, amei-te bela, Pelas campinas midas de orvalho? Eu via o fumo se elevar tardio E votei-te o porvir, o sangue e a vida, De nossos brincos nos pomares prvidos, Por entre o colmo de tranqilo albergue, Teus tiranos pisaram-me cruentos E desses ninhos de inocentes aves Murmurava a chorar: - Feliz aquele E me lanaram nos recintos midos Que me pedias a tremer, deixasse Que luz amiga do fogo domstico, Dos calabouos onde o sol no entra! Sob as asas maternas? No te lembras Rodeado dos seus, noite, senta-se. Cobriram de grilhes meu pobre corpo, Desse regato transparente e belo O exilado est s por toda a parte! Porm, minhalma de seus ferros zomba, Onde afundavas teus pezinhos nveos? Onde vo estes flocos de neblina Minhalma livre como o cu e os mares!... E a choa, o lar tranqilo, os jasmineiros Que o euro arrasta nas geladas asas? Sim, ela livre, ela mais livre ainda Pendidos janela, o co porta, Onde vo essas tribos forasteiras No seio das prises, onde desdenha As pombas arrulhando no telhado? Que tempestade se esquivar procuram? Servos infames de ambio nojenta, Ai! os anos passaram como as nuvens, Ah! que me importa?... tambm eu doidej Tristes escravos de um terror infame! E o esprito agitado entre os prazeres E onde irei, Deus o sabe, Deus somente. Onde est seu poder? - em parte alguma; E o triste nncio de ignotas dores, O exilado est s por toda a parte! Hoje um pouco de carne e de misria, Se erguia pouco a pouco a um mundo Desta novo, campina as rvores so belas, Um punhado de cinza madrugada! E via aquele desfazer-se em cinzas! So belas estas flores que se vergam Oh! meu amor! a escravido e as dores Depois dos cantos festivais daurora, Das auras estivais ao dbil sopro; Podem prender meu pensamento eterno? Da juventude as esperanas ureas, Mas nem a sombra que no cho se along Podem vedar-me que transpondo os muros Os deveres do homem sucederam, Nem o perfume que o ambiente inunda O esprito imortal paire sorrindo E o combate gigante onde se vence So dessa gleba divinal que adoro. Entre vs, meus irmos? Minha existncia Tombando sobre o solo, e se revive O exilado est s por toda a parte! No vossa existncia e vosso fado? Expirando no sangue dos guerreiros!...Mole e lascivo no tapiz da selva Quando sofreis, o dissabor partilho; Oh! sim, caram, mas caram santos Serpeia o arroio, e o deslizar queixoso Quando lutais, eu surjo a vosso lado. Aqueles que mil balas receberam, Peja de amor as solides dormentes; Um sopro etreo, divinal, sagrado, Ou torceram-se em terra atravessados Mas nunca o rosto refletiu-me um dia, Um hlito de Deus entre ns passa, Pela espada traidora dos cobardes! Nem foi seu burburinho enlanguescido E nossas almas numa s confunde. Caram! mas venceram tambm esses Que embalou minha infncia a descuidos Oh! cortem-lhe a passagem se puderem! Que exaustos, frios, murmuravam indaO exilado est s por toda a parte! Cativem-na, insensatos!... Da ptria o doce nome, ou sucumbiram - Por que chorais? me perguntou o mund Cobriram de grilhes meu pobre corpo, dor insana de infernais suplcios Contai-nos vossa dor, talvez possamos Porm, minhalma de seus ferros zomba, Sobre a msera palha dos ergstulos! San-la s gotas de elixir suave; Minhalma livre como o cu e os mares!... Falange herica e brava, ah! eu a vejo Mas, quando eu suspendi a lousa escura Houve um momento de silncio. A noite Sempre junto de mim, ou co' seus cantos Que o tmulo cobria-me da vida, Prosseguia em seu giro, pensativa, Lanando aos orbes que no espao rolam Riram-se pasmos sem sondar-lhe o fundo Molhando no sereno as plantas nuas. A epopia soberba do futuro! O exilado est s por toda a parte! A voz continuou pausada e doce: Um raio ardente parte-lhe a essncia, Vi o ancio da prole rodeado - Como tudo repousa! mudo o vale, E inunda o seio das naes e povos; Sorrir-se calmo e bendizer a Deus, A natureza calma adormecida Palpitam coraes mais apressados, Vi junto porta da nativa choa No seu leito de prolas e flores. Brotam idias, as esferas tremem, As crianas beijarem-se abraadas; Mas que sussurro sobre-humano este E um brado imenso faz-se ouvir ao longe: Mas de filho ou de irmo o santo nome
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Ningum me deu, e eu fui passando triste. Num turbilho de p! Entre horrendas monodias; O exilado est s por toda a parte! Vis, abatidos, o fidalgo e o rico Silfos correm nas campinas, Quando verei essas montanhas altas Sairo de seus paos vacilantes Brincam no mar as ondinas, Que o sol dourava nas manhs de agosto? Nos podres alicerces... Danam fadas peregrinas Quando, junto lareira, as folhas lvidas E errantes sobre a terra iro chorando,No topo das serranias. Deslembrarei de meu sombrio drama? Mendigar um farrapo ao vagabundo, Doida esperana! as estaes sucedem-se E um pedao de po! Nas quedas vagas E sem um gozo vou descendo campa. Estranho povo surgir da sombra Miram-se as plagas O exilado est s por toda a parte! Terrvel e feroz cobrindo os campos E o monte e as fragas Brandas aragens, que roais fagueirasDe cruentos horrores! A luz astral; Das maravilhas nas cheirosas frontes, O palcio e a priso iro por terra, Abrem-se as flores Aves sem ptria, que cortais os ares, E um segundo dilvio, ento de sangue, Vertendo odores, Irms na sorte do infeliz romeiro, O mundo lavar! Entre os frescores Ah! levai um suspiro ptria amada, O sbio em seu retiro, estupefato, Do laranjal. ltimo alento de cansado peito. Ver tombar a imagem da cincia, O exilado est s por toda a parte! Fria esttua de argila, A brisa errante, Quando nas folhas de lustrosos pltanos E um plido claro dir que perto Dbia, inconstante Novos luares descansarem gratos, O astro divinal que s turbas mseras Bebe ofegante J sobre a estrada de meus ps os traos Conduz a redeno! Quentes perfumes, O pegureiro no ver, que passa! Como aos dias primeiros do universo, Depois se irrita, Msero! ao leito de final descanso O globo se erguer banhado em luzes,Volteia e grita, Ningum meu sono velar chorando. Reflexos de Deus; Na onda agita O exilado est s por toda a parte! E a raa humana sob um cu mais puro Frvidos lumes. Um hino insigne enviar, prostrada [Aurora] Aos ps do Onipotente! Nos bosques Antes de erguer-se de seu leito de ouro, Irmos todos sero; todos felizes; Tristonhos, O rei dos astros o Oriente inunda Iguais e belos, sem senhor nem peias, Em sonhos, De sublime claro; Nem tiranos e ferros! Pendidas, Antes de as asas desprender no espao, O amor os unir num lao estreito, Sentidas, A tempestade agita-se e fustiga E o trnsito da vida uma romagem Gorjeiam O turbilho dos euros. Se tornar celeste! As aves; As torrentes de idias que se cruzam, A hora se aproxima pouco a pouco; Falenas O pensamento eterno que se move O dedo do Senhor j volve a folha Se abraam, No levante da vida, Do livro do destino!... Se enlaam, So auras santas, arrebis esplndidos, Ergue-se a tela do teatro imenso, Perpassam Que precedem vinda triunfante E o mistrio infinito se desvenda Em giros De um sol imorredouro. Do drama do Calvrio! Suaves. O murmurar profundo, enrouquecido, Que do seio dos povos se levanta, [Predestinao] Vagas, Anuncia a tormenta; (Recitada na sesso magna do Culto Plagas, Cincia) Essa tormenta salutar e grande Fragas, Que o manto roar, prenhe de fogo, A noite expira; as estrelas Soltam Na face das naes. Mais sedutoras e belas Cantos; Preparai-vos, turbas! Preparai-vos, Desmaiam no cu azul; Rebatei vossos ferros e cadeias, Cobre-se a relva de prantos, Cobrem Algozes e tiranos! A nvoa desdobra os mantos Montes, A hora se aproxima pouco a pouco, Nas montanhas do Friul. Fontes, E o dedo do Senhor j volve a folha Tbios Do livro do destino! Tudo tristonho e silente, Mantos. Grande h de ser o drama, a ao gigante, Mas nas raias do Ocidente Majestosa a lio! luzes e trevas Um arco-ris fulgente Alva, Lutaro sobre os orbes! Se debrua namplido, Nua, O abismo soltar seus tredos roncos, Enquanto que vacilante A lua E o frmito dos mares agitados Nas campinas do Levante Cai; Se unir aos das turbas. A lua caminha errante E triste, Os reis convulsaro nos tronos frgeis,Com seu plido claro. Eivada, Buscando embalde sustentar nas frontes Ao nada As midas coroas... a hora dos mistrios; Vai. Debalde!... o vendaval na fria insana Ao longe nos cemitrios Os levar com elas, envolvidos Giram fantasmas funreos Desponta
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.......................... No topo Ento das trevas no meio De um monte Rebenta imenso claro, Que entesta E entre o rumor de cem harpas O horizonte, Se levanta uma viso. Um templo arruinado se eleva nas sombr E em torno Branca Virgem do cu! Divina Imagem Cadas, Entre lrios de luz sorrindo ao mundo, Esttuas Ao pobre sonhador que novas trazes Partidas No retiro profundo? Repousam da relva nas moles alfombras. Os pltanos crescem, Descansa, pensador! j o oriente O teu rosto mais puro do que a neve As rosas florescem Os corcis da manh pulam raivosos lua oriental sobre o Himalaia; E ao sopro dos ventos em queixas se em Entre as nuvens azuis, Teus seios como as vagas preguiosas E as guas E o rei das estaes vir bem cedo Que suspiram na praia. Dormentes Brilhar soberbo nas cerleas plagas De tbias torrentes Em seu carro de luz. Teus olhos so mais doces que as estrelas Nas pedras lustrosas chorando resvalam. Que se espelham nas ondas de Tarento; O Arcanjo Descansa, pensador! tudo o que a noite Mais perfumadas a tez que as magnlias Divino No plio tenebroso adormeceu, Da lnguida Sorrento. Que arrasta Vai de novo se erguer; Sem tino No brando sono aviventou-se a terra, Teus lbios so granadas; teus cabelos Consigo o mancebo, no topo do monte E como a fnix surgir mais bela Rolam em vagas de cendrado louro, Detm-se, Ao grato amanhecer. Como a princesa de encantado reino e tremendo O longo manto de ouro. Seus braos Porm, que fazes tu? pendido aos livros Erguendo, Tentas, quem sabe, derribar as sombras Eras tu, eras tu que em minhas noites Sublime e inspirando lhe aponta o horizon De ignoto horizonte; Entre sonhos febris ardente eu via! ............................ Na insnia suarenta ardem-te os olhosPlida e bela como agora, - erguida um quadro celeste! Alm das flores E um turbilho de msticas idias Em mundos de harmonia! Que a aurora espace do Oriente em fogo Te paira sobre a fronte. No esplndido arrebol, Eras tu, eras tu! - no cu, na terra, Aos olhares do moo um mundo imenso, s moo ainda... que velhice essa Na brisa da manh, - no val, na flor!... Palpitante de vida se levanta Fria e sem gelos que te nubla a vida, Mas se o cu te reclama, ao cu nos braos luz de um outro sol. Enruga-te o semblante? Ai! leva-me contigo!... E fugindo do tempo a longos passos, ................................ No zimbrio infinito do dia ardente Cerra-te, ainda no verdor dos anos, - Temerrio mortal, cabea louca As estrelas misturam-se entornando No seio agonizante? Entre sombras e luzes desvairada. Um divino claro, Tu que s filho do p, no p nascido, A terra pula nas carcias gneas, Poeta ou louco, sonhador ou sbio, Porque tentas erguer-te luz das luzes, E as florestas adornam-se das pompas Mineiro do passado, ou nauta ousado E amores mendigar a etreos seres De um eterno vero. Dos mares do porvir, Que, aos ps do Criador, eternos tecem Basta de cismas! abandona o vo A harmonia incessante das esferas? As torrentes despenham-se cantando De tualma arrogante entre as esferas,Cala-te, doudo! meu Senhor, meu Deus Em leitos de esmeralda, e aos cus envia So horas de dormir! Enviou-me a teu mundo, necessrio Borrifos de diamantes; ............................ Que no livro sem fim mais uma folha Levanta-se a cano melodiosa A luz da almpada frgil Se aumente no universo. De um povo de gigantes. Luta coas trevas em vo, Ergue-te e segue-me. Depois se estorce, solua, ............................. As mulheres so anjos que vagueiam Lana um ltimo claro. Por arcano ignoto a madrugada Entre risos de amor fresca sombra Parece retardar-se. De eternos palmeirais, O pensador se levanta, A luz suave que enrubesce as nuvens,E dormem nuas sobre um cho de flores, Busca o leito, estende a mo, E vai sempre a aumentar-se, E resvalam cantando as formas puras Mas um encanto sem termos Nos lquidos cristais. Lhe prende os passos no cho! Fica na tela azul paralisada, A estrela do pastor Um mundo inteiro de prazer e festas, Tremem-lhe os nervos convulsos Prossegue sempre no seu langue giro;Hinos, perfumes, saudaes e beijos Sob estranha sensao; Passam as horas, mais compridas voltam, Rola e bate no cu; Frio suor banha o rosto, E a alvorada no sai de seu retiro. E o rio, a serra, as solides e o homem
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Se espreguiam ao sol divino Aleluia! Aleluia, ergue-se o dia, O mole bero onde o inocente dorme Da volpia no vu. Trinam as aves, desabrocham flores, Lembrando-se do Empreo e seus deleite ................... E a lmpada dos sculos balana - O que vs, sonhador? Entre jorros de luz no azul das nuvens;Ah! no, meu pobre filho, o teu destino - Oh! no perguntes! Mas o moo sombrio e desolado lindo como a aurora e como as flores o imprio da luz, o den dos anjos, Cobria a relva de amargoso pranto Banhadas de luar; sublime e grande A ptria dos eleitos! Buscando embalde no cerleos pramos Como o sol que levanta-se das ondas, - Ela tua, A virgem de seus sonhos, e na terra Ondas de chamas derramando aos orbes Pisa os martrios, atravessa os mares, A plaga divinal que h pouco vira. Tu te erguers robusto como o cedro Ergue-se da sombra e tu sers um deus. -------A cuja copa se debrua a nuvem Minha misso findou-se; agora eu parto, Sabeis quem era esse mancebo plido? Palpitante de amor; irs to alto S ditoso e feliz. Era Colombo o Genovs, e a plaga Como o pssaro-rei do Novo-Mundo! - Oh! no me deixes!... Que ele avistara ao longe - o Novo Mundo. .................................. Ento se ouvires murmurar meu nome Sonhei contigo quando a flor da vida [O Proscrito] Talvez envolto num cruel desprezo, Se abria aos poucos em meu frgil peito, (FRAGMENTO) Ningum maldigas, pois; vai no silncio, Quando em quimeras me perdia errante, Se a luz daurora que enrubesce as nuvens Quando a noite for calma e os ventos mu Quando de prantos orvalhava o leito! Trouxer-te um dia festival e belo, Orar em meu jazigo e com teu pranto Se o tnue arbusto de teus verdes anos O leito serenar. - Pobre dormente, Criana ainda, de meu bero borda Ergue-se altivo e se cobrir de flores, No entendeu-me o mundo e inexorvel Via-te a imagem debruar-se rindo; Se a mgoa, o dio, a maldio, o oprbrio Lavrou minha sentena, sobre a campa Depois mais tarde no rumor das cortesO mundo e os homens, que mancharam mpios No epitfio do olvido ela se grava! Passar nas luzes de um fulgor infindo! As vestes alvas de meus puros sonhos, No te embargarem na jornada os passos, Oh! filho de minhalma, ltimo lume Amei-te sempre! procurei debalde, Vota, meu filho, um canto de tualma, Que neste cu nublado aparecia! Viso etrea, te apertar no seio! Uma pgina branca e perfumada Minha esperana amargamente doce, Transpus as plagas, visitei mil povos, De teu dourado livro pobre sombra Quando as aves passarem do ocidente Banhada a fronte de celeste enleio. De teu msero pai; d-lhe um lamento, Buscando um novo clima onde pousarem Lembra-te dele que adorou-te e muito. No mais te embalarei sobre os joelhos, Nunca encontrei-te! mas agora, agora Nem de teus olhos no cerleo brilho Que tens-me preso nos teus doces laos, Tu s to tenro ainda, ainda to dbil, Acharei um consolo a meus tormentos! Mostra-me o mundo que sonhei contigo, Inda sagrado dos divinos beijos Jamais! a areia tem corrido, e a folha Depois procura me fugir dos braos! Dos Arcanjos do cu, e a fronte ungidaDe minha treda histria est completa! Da beno do Senhor na despedida, Oh! no me deixes! divina a plaga No teu sono infantil teus irmozinhos No proves nunca do existir na taa Que me apontaste damplido no vu, Filhos do ter e da luz se cruzam, O fel que eu hei tragado, e a dor intensa; No partas! fica, viveremos juntos Roam e brincam sacudindo os sonhos, s angstias mais ntimas do esprito luz etrea desse infindo cu! Os sonhos dessa plaga que deixaste Nunca recebas o sarcasmo acerbo .................................. To bela, to esplndida, to santa! Que ao leito da desgraa o mundo cospe - Cala-te, louco! tu no vs que a fronte Eu os vejo, meu filho, eu os escuto, Nunca vejas a lenda de teus dias Cinge-me o louro de imortais venturas? Eu sinto refrescar-me a fronte clida Salpicada de lama e de veneno No vs que ardente a eternidade em chamas O sussurrar das asas, quando triste Como poluta vi passar-se a minha! Gravou-me o selo de infinitas glrias? Nas longas noites me debruo ouvindo Como posso te amar se aos ps do Altssimo Teu brando respirar, quando doudejo Cresce, meu filho amado, inda te vejo, Minha harpa solitria se enrouquece Entre o gozo e a esperana, o riso e a Inda mgoa, me dado te apertar no seio, Esperando por mim? - Cala-te, louco, Alongando ao porvir fundos olhares. Beijar-te a rsea face! este momento Segue teu rumo neste mundo estreito, mais que a eternidade! Cresce, vive, Consuma teu destino at que a morte Ah! que eu no possa divisar no espao E se algum dia no meu livro escuro Para junto de Deus te leve a essncia.Tua estrela fatal... e a veja flgida... Esta folha encontrares, vota ao menos Tu sers imortal, - as turbas doudas E no te leve como a minha ao orco fronte que a pensou um triste pranto, Te adoraro na terra, e alm no Empreo De um contnuo chorar!... Ah! que eu no possa V que teu pai sofreu e no mentiu. O exrcito de Deus te espera ansioso, Romper o muro dos vindouros tempos Ento... talvez... quem sabe? E contemplar as cenas de teu drama, [Mauro, o Escravo] O Santo Arcanjo Que eu no possa as traar! Mas no, A Sentena cedo! Bate trs vezes cristalinas asas Muito cedo, meu Deus! que lei sinistra I E trs vezes se agita, aps ligeiro Me impele a povoar de treva e luto Na sala espaosa, cercado de escravos Se arroja namplido. Tudo o que h de mais belo e mais formoso Nascidos nas selvas, robustos e bravos, -Oh! no me deixes! No teu vasto poema? encher de espinhos Mas presos agora de infindo terror; Murmura em prantos o infeliz mancebo. As mais suaves sendas da existncia Lotrio pensava, Lotrio o potente, .................................. E rodear de lvidos espectros Lotrio o opulento, soberbo e valente,
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De um povo de humildes tirano e senhor. Que traos distintos! que nobre composto! Num pego de idias, talvez despertado II Que lume inspirado saltava do rosto, Ao sbito choque de viva lembrana. Nas rugas da fronte fatdica e rude Dos olhos doridos do escravo infeliz! XIX No tinham-lhe as rosas de longa virtude XI Mas logo de novo raivoso, incendido, Do tempo os vestgios lavado em perfumes; Oh! Mauro era belo! Da raa africana Voltou-se ao cativo: - Cativo atrevido, Nublava-lhe o rosto, mais negros fazia Herdara a coragem sem par, sobre-humana, Porque ultrajaste teu amo e senhor? Dos olhos ardentes os frvidos lumes. Que aos sopros do gnio se torna um vulco. - Porque? - disse Mauro; porque? vou diz III Apenas das faces um leve crestado, Porque? eu repito que assim mister: No inverno da vida, dos tempos passados Um fino cabelo, contudo anelado, Teu filho um cobarde, teu filho um tra Ningum lhe sabia. Boatos ousados Traam do sangue longnqua fuso. XX Erguiam-se s vezes; mas ah! que diziam? XII - Segurem-no!... branco, de clera arfand Lotrio era grande; seus bosques passavam Trinta anos contava; trinta anos de dores Rugiu o tirano, convulso, apontando Das serras alm; seus campos brotavam Do estio da vida secaram-lhe as flores O escravo rebelde que os ferros brandia. Riquezas imensas, que a tudo cobriam. Que a aurora banhara de orvalhos e luz, Segurem-no! e aos golpes de rbido aoi IV Deixando-lhe apenas um dio sem termos, Lacerem-lhe as carnes de dia e de noite, Depois, to fcil na sombra noturna E d'alma indomvel, nos clidos ermos, At que lhe chegue final agonia! O inseto esmagar-se, de voz importuna, A chama vivaz que a fora traduz. XXI Que o ouvido nos enche de tdio e do XIII nojo! O bando de servos lanou-se, ao mandad Um gesto... uma espera... na estrada uma Mascruz... isto que importa? dos mares no fundo, - Ningum se aproxime! - bradou exaltado S sabem-no as selvas, os fossos semNo luzlodo viscoso do pntano imundo, O moo cativo sustendo a corrente. E as serpes que a plaga percorrem de Tem rojo. brilhos o ouro, cintila o diamante?A turba afastou-se medrosa e tremendo V E a testa cingida de etreo laurel E Mauro sublime, seu dio contendo, Na sala espaosa Lotrio pensava. Tem vida se o mundo nodoa-se de fel Falou destemido do dspota frente: Roberto seu filho de um lado esperavaE curva aos martrios de um jugo aviltante? XXII Tremente, ansioso, que o pai lhe falasse. XIV - No creias que eu tema! no creias que A turba de servos imveis, silentes - Conheces teu crime? - gritou o senhor. Suplcios me curvem, ai! no, que sou bra Os braos cruzados, as frontes pendentes, - No! - Mauro responde com frio amargor, Porque me condenas? que culpa me opri A voz aguardava que as ordens ditasse. O tigre encarando que em raiva o media. De fogos impuros, lascivos, sedento, VI - Pois que, desgraado! - fremente exclamou, Lanasse a inocncia nas lamas do crime - Conduzam-me o escravo! - Lotrio bradou; E erguendo-se rubro, Lotrio avanou XXIII O bando de humildes a sala deixou Ao servo impassvel que ao raio sorria.Oh! sim, sim, teu filho, no lbrico af, s torvas palavras do torvo senhor. XV Tentou desonra levar minha irm! Lotrio sombrio voltou-se a seu filho, - Pois que, desgraado! tu zombas de Ai! mim! ela no tinha que um msero irmo!... De quem, dos olhares, corria, no brilho, E ousado, insolente contemplas-me assim! Ergui-me em defesa, teus ferros esmagam A chama sinistra de um gnio traidor. A mo levantando Lotrio bramiu. Humilham, rebaixam, porm no apagam VII Mas frio, tranqilo, sereno o semblante, Virtudes e crenas, dever e afeio! - Sossega, Roberto; - lhe disse - foroso Sem dar nem um passo, mover-se um XXIV instante, Que eu puna o africano feroz, revoltoso, O escravo arrogante de novo sorriu. Fiz bem! Deus me julga! Tu sabes meu c Que ousou levantar-se da lama a teus XVI ps. O fero delito que a fronte me oprime, Roberto curvou-se. O pai se afastandoConteve-se o brbaro. - Msero co! As faltas nefandas, os negros horrores; Sentou-se, e, os sobrolhos fatais carregando, Humilha-te, abaixa-te, tempo, seno Agora prossegue, prossegue, estou mudo Em cisma profunda perdeu-se outra vez. Com frreos aoutes arranco-te a vida!Condena-me agora que sabes de tudo, VIII - Conheces teu crime? Abafa-me ao peso de estlidas dores! Momentos passados, um surdo rudo - Ignoro, senhor; XXV Ergueu-se da escada, por entre o tinido Minh'alma tranqila, s tenho uma dor, E Mauro calou-se. Mais frio que a morte, De frreas cadeias batendo no cho, E essa de funda, secreta ferida. Mais trmulo que os juncos ao sopro do n E os servos de volta, trazendo o culpado XVII viva ironia Lotrio abalou-se. Tristonho, olhos baixos, o dorso arqueado, - Tu'alma tranqila! Tu nada fizeste? - Afastem-no!... Afastem-no! ergueu-se ru No centro pararam do antigo salo. Tu contra meu filho brutal no te ergueste, E a turba dos servos, o escravo impelindo IX Nem duros insultos lanaste-lhe s faces? Em poucos instantes da sala afastou-se. Silncio profundo! nem um movimento - No nego, verdade. XXVI Se via no grupo, que trmulo e atento - Confessas? Ah! msero Mauro! passados momentos, A voz esperava que alasse o senhor; - Confesso! Terrvel sentena dos lbios sedentos Lotrio media severo o cativo, E o escravo agitou-se, do dio no excesso, Baixou o tirano, que em fria ardia: E as faces do filho tirnico e altivo Lanando dos olhos centelhas fugazes. - Amarrem-no, e aos golpes de rbido ao Cobriam-se aos poucos de vivo rubor. XVIII Lacerem-lhe as carnes de dia e de noite, X Lotrio tremeu. Nas luzes febrentas At que lhe chegue final agonia. - Escravo, aproxima-te. Ao mando potente, Daquelas fascas, passaram sedentas XXVII Moveu-se o inditoso brandindo a corrente, As frias medonhas de eterna vingana. Mas quando a alvorada no espao raiava E erguendo a cabea fitou seu juiz; Calou-se um momento, sombrio, engolfado E os bosques, e os campos, risonha inun
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Das longas delcias do etreo claro, Deixai-a agora descansar um pouco, XI O escravo rebelde debalde buscaram, Repousemos tambm; meu brao fraco, Chegando ao topo da montanha, os vulto Cadeias rompidas somente encontraram, Inunda-me o suor! logo... mais tarde Pararam, descansando sobre a terra E a porta arrombada da dura priso. Logo? estais doudo? a criatura h muito O peso morturio. A natureza Que sacudiu as asas. Que provida lanara o encanto e a vida [O Suplcio] - Sim!... pena. Ao redor deste stio, parecia I - Apalpai-a e vereis. Ter-lhe Tudo negado. o solo ingrato Na hora em que o horizonte empalidece, - Com mil diabos! Revolto, seco nem sequer mostrava Em que a brisa do cu vem suspirosa Ide ao amo falar, - responde o outro, Uma gota de orvalho; desde a relva De midos beijos afagar as flores, Limpando na parede a mo molhada. Macia e vigorosa at a urtiga E um vu ligeiro de sutis vapores VII Nada crescia ali! Triste, solene, Baixa indolente da montanha umbrosa; Os que este ofcio lgubre cumpriam Sobre um monte de pedras, levantava-se II Era um branco robusto, olhar sinistro, Apenas uma cruz em cujos braos Na hora em que as estrelas estremecem Cabea de pantera; o outro um negro Dous pssaros beijavam-se gemendo. Lgrimas de ouro no sidrio manto, Possante e gigantesco; as costas nuas XII E o grilo canta, e o ribeiro suspira, Deixavam ver os msculos de bronze - Pega na enxada e cava; disse o homem E a flor mimosa que ao frescor transpira Onde o suor corria gota a gota. Que presidia ao brbaro suplcio Peja os desertos de suave encanto; VII Da pobre irm de Mauro - abre uma cova III - Meu senhor... Aqui neste lugar, e bem depressa, Na hora em que o riacho, a veiga, o inseto, - O que queres? fala e deixa-me. Oito palmos de fundo e trs de largo, A serra, o taquaral, o brejo e a mata Lotrio respondeu voltando o rosto Atira dentro o corpo da mulata, Falam baixinho, a cochichar na sombra, Ao servo hercleo que da porta, humilde, Cobre de terra e calca. Estas palavras E as moles felpas da campestre alfombra Lhe vinha interromper nas tredas cismas. Foram ditas ao negro gigantesco Molham-se em fios de fundida prata; - A mulata morreu. Que vspera sorria-se, rasgando IV - Pois bem, que a deixem As carnes da infeliz. Depois voltando-se Na hora em que se abala o santo bronze E enterrem-na manh. Aos outros desgraados: - venham todos Da igrejinha gentil no campanrio, A esta resposta So horas dos trabalhos! e partiram. Uma voz lacerada, enfraquecida, Decisiva e lacnica, o africano XII Levantava-se amarga e dolorida Retirou-se a buscar seu companheiro, Em breve tempo os golpes compassados Da sombria morada de Lotrio. Deixando o potentado, que de novo De uma enxada pesada, comearam II Mergulhou-se nas fundas reflexes. A cair sobre a terra, lentamente Eu vou morrer, meu Deus! j sinto as trevas, IX Abrindo o ltimo leito da inditosa. As trevas de outro mundo que me cercam! Ao vivo encanto de uma aurora esplndida O feroz africano prosseguia J sinto o gelo correr nas veias, Voltando o rosto a noite despeitada No seu lgubre ofcio sem ao menos E o corao calar-se pouco a pouco! Cedeu-lhe a criao, e foi ciosa Levantar a cabea. Alguns minutos II Esconder-se em seus antros. As florestas J tinham decorrido quando em frente Eu vou morrer, meu Deus! minhalma luta, Sacudiam a coma embalsamada, Uma voz retumbante levantou-se E em breve tempo deixar meu corpo... Onde ao lado da flor o passarinho Fazendo ouvir-lhe o nome, o brnzeo mo Tudo em torno de mim foge... se afasta... Se desfazia em queixas amorosas. Parou, volveu em torno o olhar selvagem J estas dores no me pungem tanto! Tudo era belo, radiante e puro, E murmurou estremecendo: - Mauro!... III Palpitante de vida; a natureza XIV No... meus sentidos se entorpecem. Belo Como noiva feliz, tinha trajado Sim, era Mauro, e quo mudado estava! O meu anjo da guarda me contempla; As mais soberbas galas, e estendia Dias sem luzes, noites sem descanso, Meu seio bebe viraes mais puras, Os seus lbios de rosa ao rei dos astros, Tinham dez anos lhe roubado a vida! Creio que vou dormir... sim, tenho sono. Que ansioso tremia no oriente Naquela fronte cismadora e doce, IV Para libar-lhe seu primeiro beijo. Onde luziu resignao outrora, Minha me!... meu irmo!... eu no os X vejo! Passavam nuvens de fatal vingana, Vinde abraar-me, que padeo muito! Mas atravs do manto vaporoso, De planos infernais! Naqueles olhos Mas debalde vos chamo... Adeus... adeus Que leve e tnue para o cu se eleva Donde incessante vislumbrava o gnio, Eu vou morrer... eu morro... tudo findo... Nas madrugadas festivais do estio, O gnio que o Senhor prefere s vezes V Um grupo silencioso caminhava Sobre a choa lanar do que nos paos, E a voz debilitava-se, fugia, Pela encosta do monte, conduzindo O gnio que alimenta-se de dores Como o gemido febril de um rola Um fardo estranho e dbio; era uma rede E vive de amargor, naqueles olhos Nos complicados ddalos da selva, Nodoada de sangue! um corpo longo, Raios de sangue se cruzavam, rpidos! At que em breve se escutava apenas Rijo, estendido, desenhava as formas A face descarnara-se, os cabelos, O estalo do azorrague amolecido, Sobre o srdido estofo. A madrugada Os cabelos, oh! Deus, negros, luzentes, Sobre as feridas do coalhado sangue Que to linda ostentava-se no espao,Em poucos dias alvejaram! Mauro Da pobre irm do desditoso Mauro. Tristonha e temerosa, parecia Era uma sombra apenas e uma idia: VI Das vestes alvas afastar a fmbria Sombra de dor, idia de vingana! - Basta! - bradou um dos algozes - basta! Desta cena sinistra e ensangentada! XV
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No era o seu trajar o de um escravo, Tu passaste na terra como as flores De abrasadas idias, afastou-se Nem tambm de um senhor. Sombria capa, Que a geada hibernal derriba e mata; Do meio dos convivas, e furtivo Grosseira, embora, lhe cobria os ombros Foram teus dias elos de teus ferros, Desceu ao campo a respirar as brisas E deixava entrever pendente cinta E teus prazeres lgrimas! Embebidas dos lnguidos perfumes Uma faca ou punhal; largo chapu II Das noites do vero. Tudo era calmo, De retorcidas abas inclinava-se Negou-te a primavera um riso ao menos; Sereno e sossegado; a natureza, Mostrando a vasta fronte; uma espingarda Dos sonhos na estao, nenhum tiveste; Num leito de volpias adormida, Trazia mo direita. Onde encontrara A aurora que de luz inunda os orbes Parecia sorrir-se desdenhosa O escravo estes recursos? No se sabe. Te abandonou nas trevas! Ao jbilo ruidoso que partia Dera-lhe algum, ou os roubara? Mauro III Da casa de Lotrio. Pensativo Era nobre de mais: desde criana Alma suave a transpirar virtudes, Roberto se sentou sobre uma pedra Bebera as leis de Deus dos santos lbios Gnio maldito arremessou-te ao lodo! margem de um regato, abrindo o seio Do velho missionrio, e aprendera Buscaste as sendas lcidas do Empreo, Ao transpirar balsmico das flores. A decifr-las nos sagrados livros, E apontaram-te o caos! III Embora a furto, a medo, que ao cativo IV Nas noites de noivado, quem se atreve crime levantar-se alm dos brutos. A providncia que os coqueiros une A deixar o festim, antes que a aurora XVI Quando a tormenta pelo espao ruge, No surja no horizonte? Assim o moo, - Mauro!... de novo estupefato, trmulo, At o brao de um irmo vedou-te, Vendo inda longe a hora desejada, Ao aspecto do trnsfuga sinistro Oh! planta solitria! Maldizia essa festa, esses convivas, O negro murmurou: V Essa ardente alegria, que adversa - Oh! sim, Mauro! A morte agora te escutou, criana! Levantava-se entre ele e a noiva amada. Bradou aquele adiantando-se; abre Trouxe a alvorada que esperaste embalde, IV Esta rede depressa, quero v-la, E adormecida nos seus moles braos Longo tempo assim steve, mergulhado V-la ainda uma vez, depois... ving-la! Pousou-te junto a Deus!... Nas suas reflexes; quando se erguia - tua irm... XVII Para voltar casa, um vulto escuro - Bem sei. Abre essa rede, Assim Mauro falou. Pesada e surda A passagem cortou-lhe. O moo, rpido, Abre essa rede, digo-te! A enxada do coveiro retumbava, Volveu um passo atrs, e sossegado - O africano Como o bater funreo e compassado Deu seu primeiro susto, perguntou-lhe: Deixou a enxada e foi abri-la. Oh! Deus! Do quadrante do tempo. O foragido - Quem s tu? o que queres? No era um corpo humano, era um composto Lanou um olhar piedoso e triste Impassvel, De carnes laceradas, roxas, ftidas, Sobre os restos da irm, depois ligeiro O estrangeiro afastou as largas abas Inundadas de sangue! Massa informe Afundou-se no ddalo das selvas. De seu vasto chapu. De msculos polutos, negro emblema - Oh! Deus! Mauro! De quanto h de feroz, brbaro e ttrico, [A Vingana] Mauro, o que queres? fala! Cruentamente horrvel! O cativo I - Eis o que quero! Exalou da garganta um som pungente,Trs vezes percorrido as doze casas O escravo respondeu vergando o moo Tigrino, e to selvagem, que o africanoTem o rei das esferas. um dia Com seus braos de ferro: - eis o que que Sentiu um calafrio; ergueu os olhos Brilhante e festival, cheio de jbilo - Bradou cruento, amiudando os golpes Abrasados ao cu, depois sem foras Nos imensos domnios de Lotrio. Terrveis e certeiros sobre o peito De joelhos caiu junto ao cadver A habitao transborda de convivas, Do mancebo infeliz; - Eis o que quero! E se desfez em lgrimas ardentes, Retroa a orquestra, tudo ri-se e folga, Repetiu arrastando-o sobre um fosso imu Em soluos doridos. Impassvel, E os prprios servos no terreiro juntos Cheio de lama e apodrecidas plantas: Frio como as esttuas indianas, Danam contentes, sem lembrar-se ao-menos Eis teu leito de bodas, boa noite! O negro contemplava este espetculo Da escravido pesada. O que h de novo? V Que abalaria de piedade as pedras, Que fato estranho h transformado a face A orquestra prosseguia, ardente, forte, E susteria as rbidas torrentes Desta sinistra e trbida morada? Seus ruidosos acordes; dos danantes Nas rochas encarpadas! No o sabeis? Roberto hoje casou-se, Poucos se achavam do salo no meio, - Bem; tempo, Roberto, o filho amado de Lotrio A maior parte conversava aos cantos Basta de intil pranto! disse Mauro Cujos domnios no abrange a vista: Cansada sonolenta. De repente Erguendo-se do cho; - e tu agora, Feliz trs vezes a formosa noiva! Uma escrava lanou-se alucinada - Falou fitando o trbido coveiro II Entre os grupos esparsos dos convivas!.. Cumpre teu dever!... De novo os olhosA dana, o riso, os brindes e as cantigas - Venham! bradava, meu senhor st mor Encheram-se de lgrimas. - Adeus! At noite vo; quando j dbeis Meu senhor j morreu!... venham, acudam Adeus! msera irm, tu s ditosa! As luzes vacilam nos seus lustres, Um raio que tombasse no edifcio Deus te deu a coroa do martrio E o cansao abatia os seios todos; No produziria tanto horror; um calefrio Para entrares no cu; a corte anglica Quando convulso o arco estremecia Correu nas veias todas, e nos rostos Espera-te sorrindo... e eu inda fico, Nas cordas da rebeca, e os olhos lnguidos A palidez do tmulo estendeu-se. E tenho de esgotar at s fezes Percorriam os grupos fatigados, Levantaram-se trmulos, medrosos, A taa envenenada da existncia! Roberto palpitante de ventura, Acompanhando a escrava, que apressad III Louco de amor, a fronte incandescente Ao quarto de Lotrio os conduziu.
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VI Nas cavernas tenebrosas. Ele estava deitado no assoalho II Inundado de sangue; um surdo ronco Ruge no espao o trovo; Partia-lhe do seio, e os olhos baos Do raio o fulvo claro Uma janela aberta contemplavam, Rasga o vu da escurido Como querendo descobrir nas trevas Com fria descomunal, Um profundo mistrio. O quarto cheio, E das frias sepulturas Repleto de convivas e de escravos, Erguem-se as larvas impuras, Retumbou de questes: - onde foi ele?Cantando nnias escuras Como foi? conheceram-no? seu nome? Ao sopro do vendaval. VII III Lotrio apenas, j levado ao leito, Por esta noite de horrores, Para a janela olhava, abria os lbios, De tempestade aos furores, Uma palavra ia partir, depois Quem se atreve sem temores Vendo baldados os esforos todos, Pelos ermos se embrenhar? Soltava um som pungente e cavernoso, Quem s tu, vulto descrido, Entre espuma sangrenta, da garganta.Tredo espectro foragido, VIII Que em teu corcel destemido Duas horas de angstias se passaram.Cortas o plaino a voar? A morte caminhava passo a passo, IV E no tardava a vir sentar-se, lvida, Tens os olhos encovados, Do leito do senhor cabeceira. De fundos visos cercados, IX Sinistros sulcos deixados Tudo era em vo; cuidados e socorros Por atros vcios talvez; Gastaram-se debalde. Um dos cativos,A fronte escura e abatida, Montado sobre rpido cavalo, Roxa a boca comprimida, Correra a ver o mdico; era longe A face magra tingida A morada do filho da cincia; Da morte na palidez. E a sina de Lotrio estava escrita! V X Do fuzil luz fremente Quando a sombra funrea de alm mundo Brilha-te cinta, na frente, Comeou a turbar-lhe o olhar e o rosto, Lmina fria e luzente Supremo esforo ele tentou; ergueu-se De retorcido punhal... Por uma estranha fora, abriu os lbios Que dizes de quando em quando, E murmurou com voz lgubre e funda, Que teu corcel se alentando, Com essa voz to prxima dos tmulos, Rasteja apenas, passando, Que parece partir de negro abismo: As folhas do matagal! - Tambm era meu filho!... e extenuado VI Caiu sobre os lenis, rgido, frio, No te amedronta a tormenta J domnio da campa Que pelas nuvens rebenta, Em vo tentaram E sobre as asas sustenta O sentido buscar dessas palavras Dos raios a legio? Que Lotrio dissera ao p da morte, Nem te horrorizam gemidos Em vo tentaram descobrir aquele Dos espritos, que unidos, Que era tambm seu filho! densas trevas, Nos ares correm pendidos Impenetrvel manto de mistrio Do sudrio do tufo? Cobria esse segredo, e o nico lume VII Que pudera surgir, o gelo frio Quem sabe si a Divindade, Tinha apagado para sempre! A campa, Em sua santa eqidade, Discreta confidente, esconde tudo! Te envia da eternidade Para o mundo vagar? [Viso] Quem sabe se teu castigo I Transpor perigo e perigo, noite; da serrania Sempre exposto ao desabrigo Na selva negra e sombria, Pelo deserto a penar! Bate rija a ventania VII Com lufadas horrorosas; Vai!... e se acaso s culpado, Cai a chuva estrepitando, Corre, corre, desgraado, E pelas brenhas rolando, Cumprindo teu negro fado Tomba a torrente espumando Por vales e serranias!...
O trovo ronca tremendo, Os cedros pendem rangendo, Os gnios pulam gemendo No embate das ventanias! - Este poema foi composto em uma viag provncia de So Paulo. Tendo porm perdido uma grande parte conclusse, viu-se na necessidade de aju restavam, e continu-lo da maneira em qu O que apenas escapara so as estrofes comeo da segunda e eplogo.
[A Lenda do Amazonas] Quando vestido de brilhante prpura Surgia o sol no cu, Deixei a medo os majestosos pncaros Onde habita o condor, E guardando do frio os seios trmulos Nas dobras do brial, Como errante cegonha ou pomba tmida, s plancies voei. Em meus cabelos ciciavam, lnguidos, Os sopros da manh, Clares e nvoas, iriantes crculos, Giravam-me ao redor... Mas sobre o leito de tecidos flcidos, Inclinada a sorrir, Deixava-me rolar aos doces cnticos Dos gnios do arrebol. J perdendo de vista os Andes trbidos Sobre rochas pousei... Sobre rochas pousei... as virgens cndida Louras filhas do ar, Trocaram-me do corpo a etrea tnica Por manto de cristal, Cantaram-me ao ouvido um hino mgico Que falava de amor, To meigo e triste como a voz da Amrica Em seu bero de luz. Cingiram-me a cabea dos mais lmpidos Diamantes e rubins; Das borboletas leves e translcidas Do verde Panam Formaram-me sutil, brilhante squito; Aspergeram-me os ps Do perfume das flores mais balsmicas Das savanas sem fim, E, me apontando da floresta os ddalos Pejados de frescor Deram-me abraos mil, ardentes sculos, E deixaram-me s... E deixaram-me s; nos vastos mbitos Sem rumo, me perdi, Meus olhos inundaram-se de lgrimas, Quis aos montes voltar... Mas o treno saudoso dos espritos minh'alma falou, E ao grato acento dessas queixas mstica De novo me alentei. Desci das brenhas pensativa, atnita,
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Olhos fitos alm, Os urros do jaguar, V-me a aurora nascer, Meu manto sobre a rocha um surdo estrpito A volta da caada, os hinos frvidos Mas ouve a noite meus cantares fnebres Desprendia ao roar... Nos festins anuais! A alvorada outra vez E meus cabelos borrifados, midos Tudo findou-se! A mo cruel, mortfera, Das cinzas de meus restos inda tpidas De sereno estival, De uma idade feroz Rediviva me v!... Salpicavam, ao sol, de infindas prolas Tantas glrias varreu, e nem um dstico Eu murmurava assim triste e perplexa O desnudado cho. Deixou no cho sequer! Cortando a solido... Os velhos cedros com seus ramos speros, Apenas no deserto ermos sarcfagos As estrelas surgiam belas, ntidas Saudaram-me ao passar, Sem mais cinzas, nem p, No cu de puro anil, Os cantores das matas, em mirades, Negras imagens de figuras hbridas, O bando vagabundo das lucolas, Os coqueirais senis Soltas aqui e ali, Rastejando os pauis Bradaram numa voz: - oh! filha esplndida Resistem do destino ao rijo ltego!... Derramavam clares dbeis e ftuos Da eterna criao, Mas das eras de ento Nas plantas ao redor, Corre, que ao lado do soberbo tlamo Nada revelam no silncio glido!... Lnguas de fogo verde-azul fosfrico Por ti suspira o mar!... Meu Deus e meu Senhor! Cruzavam-se no ar... Ao meio-dia, extenuada, mrbida Eu que vi construir-se o imenso prticoA terra e os astros num sorrir recproco Pelo intenso calor, Do edifcio imortal, Pareciam se unir, De um mundo ignoto sob a imensa cpula Donde ao vivo luzir dos astros flgidos Uma para beijar o azul sidreo, Solitria me achei. Todo o ser rebentou, Outros para verter Argnteas fontes, sonorosos zfiros, Eu que pelas plancies inda clidas No seio que sofre um doce blsamo. Rumores divinais, De vosso bafejar, A branca lua Grutas de sombra e de frescura prvidas, Vi deslizar o Tigre, o Eufrates clebre, Pura se erguia na celeste abbada, Multicores dossis, O sagrado Jordo... Tudo era paz e amor, A cujo abrigo um turbilho de pssarosEu sem nome, sem glrias e sem ptria, Vozes e saudaes, hinos anglicos! Cruzava a trinar Entre os densos cocais, Um tnue, langue vu Um no sei qu de vago e melanclico, Ia, bem como as geraes sem nmero, Senti passar-me pelos olhos vidos; De infinito talvez, Absorta escutar Um perfume feliz Acenderam-me ao seio a chama inslita Dos santos querubins a voz meldica!... Ungiu-me a fronte de venturas bria, De estranha sensao! Eu que pobre e sem guia, Pensei adormecer! Sentei-me ao lado de um rochedo cncavo Pobre e sem guia nos desertos ridos, Mas ah! Quando de novo abri as plpebra E procurei dormir... Teu poder, grande Deus, Reclinado a meus ps, E procurei dormir; - as plagas tmidas, Pressentia no ar, no cu, nos tomos... Coroado de espumas e chamas vvidas, O indizvel amor Vi tambm sob o sol Prostrado estava o Mar. Que transudava dos sussurros picos Afogarem-se os orbes no crepsculo Como a noite era bela e a terra lcida! Dos sombrios pinhais, De uma noite fatal, Em cujas grimpas ramalhavam sculos, E lareira da vida erguer-se impvido (A Antonio Manoel dos Reis) Dormia a tradio; O nada aterrador! A vida uma jornada perigosa Da rola do deserto as flbeis splicas, Vi num combate pavoroso e ttrico, Do bero sepultura. Pobres desses A tnue, frouxa luz Torva, escura epopia, Que abandonam as flores perfumadas Coando entre os rasgados espirculos O fantasma do estrago, a morte esqulida Da margem do caminho, na esperana Desse zimbrio audaz Vencer a criao, Da eternidade que se perde ao longe Por mil colunas desmarcadas, rspidas, Devorar-lhe sem penas as quentes vsceras, Entre as sombras da dvida! Sustentado ante o cu, Dilacerar sem d Pobres desses que os sonhos deleitosos Vedaram-me o repouso, e a mente esttica. Da madre natureza as fibras ntimas! Os dias de prazer, - as ureas noites Em santa reflexo Vi luz dos fuzis, Deixam por gozos de existncia dbia, Senti volver-se as cenas de outras pocas. Do abutre da tormenta a insana clera E na terra correndo atrs das nuvens, Ah! que tudo passou! A floresta cair; Vo bem depressa tropear na campa Como o sol era belo e a terra lcida! Vi negras feras e serpentes prfidas, Sem um riso sequer! Como era doce a paz! Demnios de furor, Argonautas sem nau que em noite imens Da famlia indiana em noite plcida Alastrarem a terra de cadveres No mar da vida a tiritar vagueiam Junto ao fogo a danar! De pobres animais; Do velo de ouro da cincia em busca, Como era calmo e belo e vivo o jbilo E deste solo de imundcias lbrico, Despidas frontes que a vaidade humana Das filhas de Tup Tambm vi se elevar Cercou de louros, - coroou de glrias Depondo junto ao fogo os anchos cntaros A prpria vida de destroos ptridos!... E adora de joelhos! E atrs dos colibris Meu Deus e meu Senhor, Desvairados filsofos, - telogos, Correndo alegres nos relvosos pramos! O que diz esta lei crua e fatdica?... At quando quereis turba estulta E a voz do pescador Sobre o vale da dor, Encobrir as verdades? - At quando Sobre as guas plangentes e difanas Sobre o vale da dor mirando as nuvens, Nas plagas nebulosas da quimera, De ameno ribeiro! Cismando no porvir, No ddalo confuso dos fantasmas E o rpido silvar das setas rpidas Eu tambm moa sinto-me decrpita! A levareis de rasto?
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As tormentas do cu no duram sempre! Mas o meu corpo gotejante e frio, Apenas foge a bruma, - radiante Meus nervos tremem como as cordas soltas Olhai: l embaixo, na arenosa praia A estrela ressuscita! - No deserto De uma harpa abandonada, - meus pulmes Onde a vaga indolente se espreguia O ltus, desmaiado ao sol ardente, Sorvem convulsos um vapor de morte, Bocejando na areia, s lgrimas da noite abre tremendo Ah! deixai-me dormir que j no posso... E os manacs transbordam de perfumes, A lcida corola! No! caminha! caminha! E a virao nas pitangueiras midas Numa vida de luz, - de amor e cantos Que esperar mais do mundo? - Onde tranqilo AS folhagens meneia; Palpita a criao. Enquanto dado Um altar encontrar de amor e crenas, Abrir as asas, - transpirar perfumes, Onde achar a virtude? Assim as rosas Junto cabana, com a rede aos ombros, So felizes a flor e o passarinho, Uma por uma sobre o cho caram, O moo pescador contempla o cu At que aos ventos se desfolhe aquela, E a fronte jovem se cobriu bem cedo E se apresta a partir; E este morra nas selvas! De pavorosas rugas! De um lado a esposa busca em vo retMas o homem doudeja entre martrios, Como Fausto e Manfredo eu tive amigos, E o louro anjinho que sustm no colo Fecha os olhos s glrias do presente Fiz bem a muitos homens, - de joelhos Brinca e pe-se a sorrir. E caminha, - e caminha! - Uma esperana No silncio da noite ergui meus cantos Douda e sem termos lhe alumia a estrada, As Senhor das esferas, e no entanto - No partas hoje - diz a moa plida, Mas no fim da jornada acha um abismo, De tudo o que tirei? - enojo - tdio, Em cujos olhos divinais se espelha Entretanto bem tarde!... Angstias e martrios! A candura do cu; Depois que o sangue se gelou nas veias, Na enxerga da misria acaba o gnio, - Porque, minh'alma? depois que o corao calou seus estos, Gasta-se o fogo que do cu descera, - Deus! no sei, mas sinto Com o sangue e corao, a alma esvaiu-se! Mas a infmia coroa-se de louro, Meu corao que anseia entristecido E alm da lousa fria de um sepulcro A intriga dorme em perfumados leitos, Dos pressgios no vu! S existe o silncio - a treva - os vermes, Repousa o vcio ao fumegar do incenso, O esquecimento e o nada! E o sussurro das harpas. - Que loucura! - No vs? - o mar calmo Quem mais feliz? - O Lovelace plido No quero em nada crer! - a mim que importa Como nossa filhinha que em teus braos Sobre seios macios repousando Que o homem desa regio das sombras Se baloua contente; De epicurista a fronte, ou pobre monge Ou l no Empreo se inebrie em luzes?E flor das guas os peixinhos pulam, Que em desejos ardendo noite gemeTudo dbio, trevoso, - tudo falso, Reluzindo as escamas prateadas Na cela rigorosa, e o cho inunda Uma coisa h real, - ningum o nega luz do sol nascente. De lgrimas de fogo? a morte somente! Este espera a ventura, - aquele a goza, ............................................................ - Ah! Gualter!... Gualter, eu no sei que te Exausto de prazer tumba desce; O mancebo calou-se. A madrugada Mas voz sinistra me murmura n'alma Este morre crivado de cilcios, Veio rompendo encantadora e bela, Que no deves partir! E a eternidade que esperava ardente Cobrindo o vu de flores. Os convivas - No te aflijas, querida, - diz o moo Foge ao dobre do sino dos finados Curvavam-se cansados sobre a mesa, Afagando-lhe a fronte - e os outros dias E os rasgar da mortalha! Mas deste estranho canto uma palavra No se faz ela ouvir? Por mim que o mundo bafejou de escrnios, Sequer ningum perdeu. Por mim que a sorte circundou de angstias, - Sim, - toda a vez que nesse lenho estre Creio na taa que meus lbios tocam, [Gualter, o Pescador] Vejo-te ousado abandonar a ptria, Creio nos raios que meu rosto crestam, I Tenho sempre terror! Creio nas sombras que meu ser envolvem, Sobre as ondas de anil do mar profundo Mas hoje mais que nunca!... oh! fica... fic E creio nos sepulcros! Surge a esfera de luz banhando as plagas Eu te imploro por mim, por nossa filha, Nas asas frias de irritados ventos De esplndido claro; Por todo o nosso amor! Doudeja a folha. O manac cheiroso O mundo acorda, e a natureza escreve Cai sobre o rio, - a correnteza o leva, Um canto ainda sobre o livro eterno O mancebo concentra-se. Uma sombra O bote errante na solido dos mares Da imensa criao. Parece a testa lhe enrugar de leve Pula, - se estorce, - beija a onda e os cus E os olhos enturvar. E quebra-se nas rochas! dia. Agora nos sertes remotos Porm cedo sorri, ergue a criana E como a folha, - o manac cheiroso O caador embrenha-se cantando Do regao materno, e entre carinhos E o bote errante, divaguei na vida! Da serra nos desvios, A comea a beijar. Por toda a parte s topei martrios, O lenhador abala o mato virgem Espinhos sempre em miserveis leitos,E a patativa se desfaz em trenos - Ento no partes?... - diz a esposa aleg Fel e absinto pelas taas todas Junto beira dos rios. A rede lhe tomando. Onde a boca encostei! -Oh! no, - no posso, Se meia-noite, - suarento, - frouxo, dia! - dia! - E haver quem durma preciso ir ao mar. Pedi um canto onde dormir pudesse, Quando a terra palpita de volpia - Meu Deus! - Que queres? amanh, resp Como ao leproso me apontaram rspidos Aos afagos da luz? O que havemos comer? - A moa cala-se O campo imenso de pauis cobertos! Quando a abelha desmaia sobre as flores, E se pe a chorar. Caminha, me disseram, e outro Ashaverus, As flores sobre o vento, e o vento errante O que havia eu fazer?... Sobre as ondas azuis? Ah! msero daquele a quem no bero
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O arcanjo da opulncia abrindo as asas ............................................................ Sobre os mseros que a sorte A fronte no roou! Pesadas massas de profundas trevas Por entre horrendos escolhos Pomos vedados so da vida os gozos,Vo pouco a pouco se ajuntando, e rolam Leva aos abismos da morte! E a taa de hidromel torna-se em lpulo Entre surdos rugidos! Apenas a tocou! Os relmpagos surgem, - passa o vento Um momento o oceano, a terra, as nuven Da selva escura arrebatando aos cedros Parece que emudecem, os tufes Sonhar no ermo, - no palmar - quem sabe, Funerrios gemidos! Abafam seu rugir, Ou sobre as relvas esquecidas horas O horizonte clareia, as brisas passam, Em delcias de amor, De mais a mais o espao se escurece,E uma rstia de luz rasgando o espao E ter por scia uma tristeza eterna, Repetem-se os troves, o mar inquieto Faz a onda sorrir! E em vez de afagos que sonhara ardente Fustiga as penedias, Suarento labor! Um dilvio de queixas e bramidos Santa Virgem do cu! eu te bendigo, Percorre os ervaais e vai perder-se Eu te bendigo, oh Deus, Mais doce agora rumoreja a brisa, Nas longas serranias! Que ouviste minhas preces e lamentos, Das nveas flores dos ings viosos Que ouviste meus... Juncando o branco cho; Ai! o moo no vem; trmula a esposa II O moo se prepara: - belo o vento, Corre praia assustada e os olhos crava O temporal rebenta! escuras vagas Rico e frtil o mar. - Ester, sossega, Ansiosos no mar! Pulam sem freios nas marinhas plagas No me detenhas, no! Mas apenas divisa em fria insana Como nos ermos os corcis bravios; Vagas e vagas que, encurvando o dorso, Tombam torrentes d'amplido do cu, Chorosa e triste a meiga esposa o segue Vo aos cus topetar! Os ventos berram do bulco no vu longa praia, onde o batel esguio Em longos tresvarios! Vai e vem sobre a vaga, Ento busca a choupana. Junto ao leito, Beija-lhe a fronte; diz-lhe adeus, e clama Uma imagem da Virgem se levanta tarde, - h muito no ferais negrumes At que a vela abandonando a terra, Em doce compuno. O sol sangrento mergulhou seus lumes. No horizonte se apaga! Ester acende um crio e de joelhos, Bem como um brigue devorado em cham ............................................................ Apertando a filhinha ao seio opresso, A terra anseia, - os pinheirais se abalam, Pe-se o sol. Merencrio o cu se tolda Murmura esta orao: E das florestas os Tites estalam Em vus de brumas, que deixando os montes Lacerados, sem ramas!... Desenvolvem-se aos poucos - Oh branca rosa do cu Ligeiras viraes o mar encrespam, Oh bela estrela de amor, Ah! mancebo, onde ests? - com que per E um cardume de pssaros se arroja Que no teu cndido vu Nas altas vagas sem governo e abrigo No espao em pios roucos. Sorris aos ps do Senhor; Lutas ardente, mas talvez em vo... ............................................................ E os gnios surdem com tremendos laos Vs que vindes do sul, oh! nveas garas, Tu que dos anjos cercada, E a morte fria te sacode os braos Beijando as ondas que o calor amorna, L no imprio da luz, Nas asas do tufo! Dizei, - dizei o que anuncia o vento, Beijas a fronte adorada Que mais velozes vossas plumas torna? Do condenado da cruz; Tremente, - em prantos, abatido o rosto, No olhar a chama de cruel desgosto, Dizei que sombra funerria essa Volve, - volve brandos olhos Corre a esposa infeliz longa praia; Que as cores mancha da cerlea tela, Sobre os mseros que a sorte Mas ai! - negro o cu, raivoso o mar, E as fundas rugas que a tremer se cavam Por entre horrendos escolhos E nesse caos que volve-se a preamar Do salso imprio sobre a face bela? Leva aos abismos da morte! Debalde a vista espraia!... Oh! no mintais! - se a tempestade perto Curva-se o mato gemendo, E o mar luta os vagalhes prepara, Cobre a terra escuro vu, Quero contrita me prostrar chorando O mar arroja tremendo Aos ps da Virgem que os mortais ampara! A fria saliva ao cu. Dizei, dizei o que anuncia o vento Mas a! que talvez, Senhora, Que mais velozes vossas plumas torna, Quando o raio estronda e cai, Ligeiras garas que do sul partistes, A esposa viva chora, Beijando as ondas que o calor amorna! Chora a filhinha seu pai! ............................................................ E a tribo errante que atravessa o espao - Oh branca rosa do cu Vai sobre as asas de irritados ventos Oh bela estrela de amor, Perder-se n'amplido; Que no teu cndido vu Sentada porta contemplando as nuvens, Sorris aos ps do Senhor; Ester mostra no rosto descorado As sombras d'aflio! Volve, - volve brandos olhos
- Meu Deus! Senhor meu Deus! tudo pe Murmura a triste em trbido gemido E se arroja chorando sobre o cho. O vento chora se a enxergar talvez E a onda imensa vem beijar-lhe os ps Rasteira como um co! Mas silncio! das vagas no conflito Sbito se ouve um pavoroso grito! Ergue-se a moa qual ferida cora, Sacode as tranas, o vestido agita, E o louco impulso de su'alma aflita Por comprimir se esfora. ele!... Gualter... - levantando proa Move aturdido a trmula canoa
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Que anseia, e salta na fervente espuma Poupando a vida, que amargor prepara< O raio passa e vai morrer na onda, Que as ondas cospem sobre o lenho ousado, O negro gnio que desdobra a teia Tenaz, imensa, devorada em chamas E o vento envolve o pescador cansadoE a vida tece dos humanos seres! Que referve na espuma que a circula. Na mortalha da bruma. Sim, o moo est salvo! - nos abismos, Uma idia sinistra e lutulenta, Roto, - em pedaos o batel repousa, Como essa frgua que queimara a nuvem Eia!... no temas! - reza a Deus e aos santos, Mas na luta infernal, - no doudo giro Roa n'alma do moo que se esfora; - Brada a consorte desvairada em prantos, Em torno penedia, - o acaso - a sorte Vence a fraqueza que lhe vai no corpo Medindo em nsias a distncia imensaAo - duro embate o pescador lanara E corre - e voa, e vai chegar sem flego Mas o mancebo desespera e clama, Sobre um tecido de marinhas plantas porta da cabana. E nos seus olhos relampeja a chama Que as frias bases do rochedo enlaa, - Ester! - exclama De lvida descrena! Foi quando aos lbios lhe escapou tremendo Porm nada responde; a ventania Aquele adeus final, e o frgil lenho Braveja no ervaal, sacode as plantas Oh! se h um Deus que o valha! - as penedias Para nunca se erguer baixou em lascas E da msera choa invade as frestas Erguem-se perto rspidas - sombrias, No seio imenso da cruel voragem. Em longos assobios! - O mancebo Do mar sanhudo ao desabrido aoite, Longo tempo sem foras - desmaiado Faz um supremo esforo, impele a porta Bulco medonho sobre o abismo desce, O moo fica nessa mvel cama E se arroja de um salto no aposento! E o batalho da morte aumenta e cresce Circulado de espuma e de ardentias. Mas oh! quadro de horror!... oh! negro qu Na caligem da noite. Mas pouco a pouco a vida vem tornando Ester no est. - Entorpecida - fria, E com ela a razo, a calma, o nimo: Cansada de chorar o pobre anjinho O batel vai e vem; - Retalha a espuma, foroso pensar, - buscar a praia, Estremece no cho - molhada e nua! Some-se s vezes no lenol da bruma Ver a filhinha, sossegar a esposa Uma vela de cera - amarelenta E vai girando topetar no cu; Que h poucas horas no terror da morte Sob denso morro crepita e chia E o moo exausto na vertigem louca Longe - perdidas para sempre cria! Junto imagem da Virgem que tranqila, Lana praia uma queixa insana e rouca Louca esperana!... iluminado sonho, Olhos postos no cu, sorrir parece! Atravs do escarcu. Miragem de ventura em cu de sangue, Santa esposa de Deus!... mulher divina Poucos instantes duraro teus brilhos! Que do abismo da morte ergueste o hom Oh! piedade!... piedade! - exangue, fria, Como as lavas ferventes do Vesvio, Consolo dos mortais, - doce refgio Grita a infeliz nas sombras d'agonia - Como os fogos do raio que rebenta, Das almas tristes, que o pesar lacera, Mas nesse instante ruge o furaco, Surges - clareias, e depois s deixas Como agora s medonha!... oh! como ag Ergue-se um grito - horripilante - extenso, Um rastilho de cinzas e betuma!... Desse plido crio luz mortia Um clamor dolorido, eterno, imenso, Gualter est na praia, as vestes rotas, Enches quanto te cerca e te contempla! Dos mares n'mplido! O corpo gotejante, os nervos trmulos,Hirtos cabelos, - convulsivos lbios, Sacode-se ofegante, como a lontra O mancebo se arroja de joelhos Ester!... Adeus p'ra sempre - o raio passa Na borda da torrente, lana um grito E nos braos levanta a pobre infante. E luz vermelha que o oceano abraaDe jbilo e triunfo, e acelerado Oh! fala! fala!... desditoso anjinho, Entre vozes de horror some o batel, Se arroja habitao! Triste filha do amor e desventura, E os ventos berram nas espumas frias,Mas um triste chorar chega-lhe ao ouvido! Onde est tua me? oh! fala!... fala! E as vagas brigam funerais, - bravias, Um chorar de criana, - dbil - fraco, Mas ao brado calor do peito amigo, Nos ombros do parcel! Repassado de angstia! Ao doce bafo que lhe aquece o rosto - Oh! minha filha! E a vida incute nas geladas veias, Tudo findou-se!... sem calor, sem vida,Oh! filha de minh'alma! - grita o moo -Abre os olhos azuis a inocentinha Ei-la mrtir de amor no cho cada. Mas nesse instante, do plamar no cimo, E ri-se, - e brinca nos paternos braos! Na solta areia que a tormenta orvalha Ave de morte desprendeu seu canto, - Grande Deus do universo! tem piedade, A onda chega, - depois foge em prantos, E as asas negras sacudiu na sombra! - Exclama o pescador - e em frias nsias Depois a leva com funreos cantos O pescador se benze, e o calefrio Sai da cabana e se arremessa praia Na mida mortalha!... Uma por uma lhe percorre as fibras; Em altos gritos acordando os ecos! III Apressa o passo mais, a cada instante............................................................ O Arcanjo de Deus que l no Empreo Tropea e pra, respirando em nsias Vai serenando o mar, - do cu as sombra O livro guarda do fatal destino, O quente bafo que a tormenta exala. Fogem aos poucos, as estrelas surgem E a morte de Ester decretado havia - Ester! vem, que aqui 'stou! - grita o mancebo E brilham vivas como abelhas de ouro Com letras gneas na sangrenta folha, Arquejante - cansado... - Ai!... tudo surdo! Nas fundas dobras do cerleo manto. Ia gravando vagaroso e lento As folhagens se agitam suspirando, A floresta se cala e o vento brando O nome do mancebo, mas de sbito Soltam as aves desabridas queixas, Suspira a medo nas folhagens midas, Uma idia lhe surge, a mo vacila, E nesse mundo que delira e clama, Como um povo de silfos que ressona! Volta ao comeo da funrea pgina De quando em quando ao perpassar do A vento tormenta cessou, mais ai! na terra E com trmulo dedo apaga as letras Mais fraca e triste, - mais pungente ainda As tormentas do cu so as menores! Que tinha comeado!.............. Vem dolorida a voz da inocentinha!... Uma rstia de luz as doma e pisa Inda era cedo! no trevoso drama Onde est tua me que no te escuta?Como ao bravo corcel que o freio abafe; Inda uma cena de terror faltava! Onde est tua me?... Porm, oh! cus! Mas as que surgem nos humanos peitos O mancebo est salvo! ai! quem dissera, Um medonho trovo brame no espao,E a vida cavam nos medonhos choques,
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Essas so longas - eternais - sem luzes, Uma onda indolente que se estende Junto ao fogo Nem brisas, nem manh, que a fria apague! Arroja aos ps do moo transviado Em noites hibernais unida ao colo Mas silncio!... silncio! a noite calma, Alguma cousa de medonho - informe, A fazia dormir entre cantigas! O oceano cansado, e a natureza Pavoroso - infernal, que o faz de um salto Vi-a crescer - crescer como a palmeira Em seu leito de paz adormecida... Levantar-se convulso - o olhar em brasa Sempre junto de mim, at que a idade, Porm que vozes doloridas - tristes, Como impelido por um frreo brao! A feio... o amor m'arrebatassem! Erguem-se agora l na praia extensa - Ester!... Ester!... Conduzi-os igreja - abenoei-os... E os ecos pejam de agonia e morte? O oriente aclara-se, Mas ai!... eles no vivem, - nem tampouc Oh!... sim, que ele... o pescador, noUma vedes, rstia de luz inunda o cu, O pobre anjinho que eu levei pia, Qual sombra foragida que alta noite As guas brincam, - balanceia o vento,E embalava em meus braos! hoje mesm De um ermo cemitrio lousa foge Mas uma queixa imensa - uma blasfmia Desci a serrania, - vim busc-los, E vem de horrores espantar as plagas? Embebida de fel, - de sangue e lodo, V-los ainda, que meus longos anos Escutai - escutai ao som pungente Um grito de Sat se ergue da terra H muito tempo mos roubava aos olhos. Dessa voz funeral - enrouquecida, Entre dbil chorar!... Porm tudo findou-se... oh! tudo... tudo! No ouvis outra voz mais triste ainda, Tudo findou-se! Amaram-se e viveram como as flores, Bem que mais fraca, levantar-se ao ares As estrelas desmaiam de agonia, Como as aves do cu e as plantas meiga Dbil como o chorar da rola exangue, Entoa o vento fnebres sussurros, Que o serto embalsamam de perfumes, Treda como o tufo em cho de campas E nas rochas escuras que se elevam, Amaram-se e viveram puros, belos, Os chores desfolhando, ou como a queixa Uma linha de sangue inda espumosa Mas tiveram por leito derradeiro Que o sopro de alm-tmulo desprende Goteja e corre, e vai sumir no abismo. O fundo escuro de medonho abismo! Dentre a infncia e a morte?... oh! medonho! Mais bela ainda a natureza acorda, - Viajor que chegais, orai por eles! Agora, ao cimo do rochedo erguido, Tudo silncio e paz sobre o universo. ............................................................ Ei-lo de p, convulso - desvairado, O mistrio da morte, esse findou-se; O tempo corre e com seu manto imenso Medindo o abismo e apostrofando as ondas: O oceano discreto, e o que ele encerra Varre o dia e a noite, o ms e o ano, - Onde est minha esposa?... onde est Dorme ela, no sono de profundo olvido. Mas das ondas azuis o navegante Vagas profundas que dormis no abismo?... Dentre as grimpas azuis, entre neblinas Sada a imagem de um virgem santa D-lhe voz, oh meu Deus! porque minh'alma A lua vem se erguendo branca e pura Que em seu nicho de pedra alveja ao lon Se torce em nsias de infernal martrio! Como a odalisca que se eleva plida Na crista do rochedo. Trs vezes santa! Mas o mar no responde, em pranto apenas Das banheiras de mrmor do serralho! Donde esse emblema de humildade veio, Lana um manto de espumas no rochedo - Boa noite, belo astro! - ergue-te asinha! Oh! quem no sabe remontando lenda E borrifa-lhe os ps, e no seu peito IV Do pobre pescador?... Mais triste e fria a criancinha chora, - Onde vais, ancio?... que pranto esse E os bracinhos de neve estende ao pego! Que dos olhos te corre e as cs te orvalha? [O Oceano] O cu puro e belo, - uma s nuvem Que amargura te oprime? Tu s a idia soberba e vasta No turbe o esmalte do zimbrio etreo, - Ai! no indagues! Que do gnio de Deus h rebentado, Tremem os astros, e a nevada estradaDeixa que eu chore, que o chorar que verto Oh! mar nunca vencido! A Eternidade Nas campinas de azul se estende belaSai das chagas da alma! Revela-se em teus brados furibundos Como facha brilhante, - ou como a senda - Fala, velho; Quando alta noite as vagas se abalroam Que os anjos leva ao venturoso Empreo. Teu corpo treme; - teu falar rouco, Coroadas de eltricas centelhas; O pescador se cala e nos seus olhos Cortado de soluos, no entanto A Inteligncia soberana e excelsa Chama sinistra transparece e brilha; Os invernos gelaram-te os cabelos, Ostenta-se em teu rosto madrugada Contempla os astros e as tranqilas ondas E as tormentas de um sculo, quem sabe, Quando a essncia da luz profliga as som E um sorriso satnico lhe passa Envergaram-te terra, a fim que busques E o globo inunda de esplendor e glrias.. Pelos glidos lbios, - cerra ao peito O frio leito do final descanso! Guarda o mistrio de teu seio augusto! A criana que cala-se inanida Fala, ancio, - que mgoa te espedaa No serei eu - misrrimo! - quem busque E senta-se na rocha... E remorde-te assim? Solevantar-lhe o vu! - Dentro em minh'a Mas, oh! cus! - Ai! no indagues! Na dor que me consome te concebo, De sbito no espao - palejantes Lana os olhos praia e a Deus pergunta Basta-me ver-te das espduas amplas As estrelas se apagam, - dir-se-ia Porque se apaga a estrela, a flor definha, Sacudir as armadas dos tiranos, Que um dilvio de sombras as devora, O arvoredo emurchece e a humana vida Basta-me noite pressentir-te ao longe O oceano se abafa e em negros urros Entre sangue e loucura erra e desmaia. Atirando garboso s nebulosas Meteoro de sangue abrasa o espao - Grande Deus do universo!... so dous corpos! de prolas nevadas, Diademas E se afunda fervendo no oceano. Um corpo de criana!... oh! como o sangue Basta-me apenas contemplar-te, altivo, Um mundo inteiro de rugidos - gritos, Os cobre e desfigura!... fala, velho... Cuspindo aos homens que a teus ps ras Levanta-se do abismo, as vagas crescem Fala... conta... A frvida saliva do desprezo! E em longas serranias vem correndo Ah! tem piedade, ............................................. Da voragem fatal que o fogo abriu. A dor me despedaa, e em breves dias Quantos imprios celebrados, fortes, Depois tudo se cala. No infinito Talvez minh'alma os seguir bem cedo! No floresceram de teu trono s bases, As estrelas despertam-se mais vivas, Amei-os mais que a mim! - desde criana Sublime potestade! E onde esto eles? O oceano se acalma, e junto s rochas Acalentei-a nos joelhos. O que feito da Grcia, Tiro e Roma,
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Cartago a valorosa? As vagas tuas Na santa primavera, ouvindo os rinchos Da tormenta sers o sopro ardente! Lambiam-lhes os muros, quer nos tempos Dos marinhos corcis, molhando as plantas Mas a tormenta passar de novo Da paz e de bonana - quer na quadraNa gaza salitrosa que envolvia E o golfo mexicano iluminado Em que chuvas de setas se cruzavam A areia cintilante! Horas e horas Refletir teu vulto gigantesco. face torva das hostis falanges! Passava no fastgio dos rochedos O'guia do porvir! Tudo aluiu-se, transformou-se em cinzas, Fitos os olhos na plancie imensa, Teu nome est gravado nos desertos Sumiu-se como os traos que o romeiro Como tentando compreender a histriaOnde ps de mortal jamais pisaram! Deixa da Nbia na revolta areia! Desse elemento indmito e terrvel!... Quando pudessem deslembr-lo os home S tu, oh! mar sem termos, imutvel Amo-te ainda, oh! mar! amo-te muito! As selvas despir-se-iam de folhas, Como o quadrante lgubre do tempo, Mas no tranqilo umedecendo a proa Para arroj-las do tufo nas asas Ruges, palpitas sem grilhes nem peias! Da gndola lasciva, nem chorando As multides ingratas! Nunca na face desse azul sombrio, Aos olhares da lua! Amo-te ousado, Como as de um livro imenso elas compe Onde tranqilas, ao soprar das brisas, Violento, estrondoso, repelindo Teu poema sublime, a pluma eterna Poesias do cu, flores do ter, Os vendavais que roam-te nas crinas;Do invisvel destino, e no rasteira, As estrelas se miram namoradas, Quebrando a asa de fogo que das nuvens Msera pena de mundano bardo, Nunca o fogo e a lava, a guerra e a morte, Procura te domar; batendo a terra Nelas traou as indelveis cifras Um vestgio sequer de seus ultrajes! Com teus flancos robustos; levantandoDe teu nome imortal! Tal como tarde do primeiro dia Triunfante e feroz no tredo espao Os pastores de Puebla e de Xalisco, Que o espao desflorou, hoje te ostentas A cabea vendada de ardentias! As morenas donzelas de Bergara Na tua majestade horrenda e bela! Amo-te assim, oh! mar! porque minh'alma Cantam teus feitos junto ao lar tranqilo ............................................. V-te imenso e potente, desdenhoso Nas noites perfumadas e risonhas Espelho glorioso onde entre fogos As humanas cobias derribando! Da terra americana. Os viajantes, Se mira onipotente, nas tormentas, Amo-te assim; ditoso no teu seio, Que os desertos percorrem, pensativos A face do Senhor! Monstro atrevido Zombo do mundo que meu ser esmaga, Param no cimo das erguidas serras, Cujas garras de bronze o globo abraam, Sou livre como as ondas que me cercam, Medem com a vista o descampado imens At que um dia - quem o sabe! - exausto E s a tempestade e a Deus me curvo!E murmuram fitando os horizontes Lance o alento final!... ai! no teu seio Vastos, perdidos num lenol de nvoas: Talvez tremendo esprito se agite, [Versos Soltos] Juarez! Juarez! em toda a parte Misto ignoto de paixes sem freios, Ao General Juarez Teu esprito vaga!... Cuja expresso deslumbra-te nas faces, Juarez! Juarez! Quando as idades, Falam de ti as fontes e as montanhas, Ora hediondas de compressos msculos, Fachos de luz que a tirania espancam,As ervinhas do campo e os passarinhos Ora doridas como a virgem morta Passarem desvendando sobre a terra Que, abrindo as asas no azulado cu, Na flor da juventude, ora risonhas As verdades que a sombra escurecia; Como um bando de sonhos esvoaam. Como a loura criana que repousa Quando soar no firmamento esplndido Mas esse nome que ameniza o canto Sobre o colo materno adormecida! O julgamento eterno; Do torvo montanhs, e mais suave ............................................. Ento banhado do prestgio santo Que um suspiro de amor, parte dos lbios Nobe eterna! de teu ventre tmido Das tradies que as epopias criam, Da virgem sonhadora das campinas, Os gigantes do abismo apareceram, Grande como um mistrio do passado,Faz tremer o tirano que repousa Em cujo dorso de argentadas conchas Ser teu nome a mgica palavra Nos macios coxins do leito de ouro, Os raios das estrelas resvalaram. Que o mundo falar lembrando as glrias Como o brado do arcanjo no infinito De teu lodo fecundo, inextinguvel, Da raa mexicana! Ao fenecer dos mundos! Brotaram continentes, cujas grimpas Quem se atreve a medir-te face a face? Deixa que as turbas de terror escravas Iam bater na abbada cerlea; Quem teu vo acompanha nas alturas,Junto de falso trono se ajoelhem! Teus paos de coral e de esmeraldas Condor soberbo que da luz nas ondas Os brindes e os folguedos continuam... Encerravam princesas vaporosas, Sacode o orvalho das possantes asas,Mas a mo invisvel do destino Louras ondinas, encantados gnios, E lana um grito de desprezo infindo Na sala do banquete austera escreve Soberbas divindades! Entretanto Aos milhafres rasteiros? O aresto irrevogvel! Viste tudo passar! Perdeu-se a Atlntida, Que destemido caador dos ermos Sumiram-se na sombra os brnzeos deuses, Ir te cativar, ave sublime, E nem restou-te aquelas nascida Nessas costas bravias e tremendas De teus flocos de espuma deslumbrara Onde o Grande Oceano atira as vagas O Olimpo e a terra com seus olhos langues! E os vendavais sem peias atordoam ............................................. O espao de rugidos? Oceano sem fundo! Antro sem nome! Que sicrio real, nas matas virgens, Moradas da poesia e da tristeza! Amplas, sem marcos, sem batismo e data, Emblema do infinito... ai! desde a infncia Te apanhar, jaguar das soledades?... Preso na teia de atrao divina, Ah! tu espreitas os vulces que dormem! Eu vos busquei sedento! Sobre as praias Quando a cratera encher-se, luz vermelha Curvas como alfanges dos Mouriscos Rebentars nas praas! Eu me perdia nos dourados dias, Trars contigo os raios da tormenta!
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