Obi
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a. Para que a obrigao, ou outro rito prossiga com aceitao dos rss necessrio uma resposta positiva a ser dada atravs do Obi. Ele deve ser jogado antes da obrigao para saber se o ritual pode ser realizado e depois de feito para saber se foi aceito pelos Deuses . O fruto utilizado deve ser o que possui quatro gomos, chamado de Obi Abat, sua diviso deve ser natural, ou seja proibido o uso de faca ou qualquer material cortante, para dividi-lo em quatro partes, se naturalmente ele s contiver duas partes. As duas metades correspondem a dois casais, caso o Obi contenha mais de quatro partes, o excedente deve ser retirado, para que somente as quatro permaneam. O local onde o Obi ser lanado deve ser plano, no cho ou sobre um prato branco, onde fundamentalmente contenha gua. As partes so lanadas simultaneamente, sem manipulao ou lanamento individual. Uma exceo deve ser feita no uso do Obi como jogo, para o rs Sng deve ser utilizado Orogb em substituio ao Obi. O fruto dessa rvore tem uma dimenso to importante no Candombl que sua utilizao vai desde os rituais de iniciao at a consulta, por meio das suas sementes, para saber se determinada oferenda agrada s Divindades. Em tempos de urbanizao acelerada, em que os terreiros tm sua reas verdes reduzidas ou sob constante ameaa de perda, ter Obi nessa quantidade uma grande vantagem. O Obi muito usado nos boris, que so rituais ligados iniciao no culto. A planta usada na oferenda e no ritual de cabea para o feitio de orix. tambm um timo remdio, explica me Odete, destacando uma caracterstica marcante do uso das ervas no Candombl: a funo das plantas no apenas ritualstica, mas tambm medicinal. A importncia delas por unir o tratamento espiritual ao cuidado do corpo, pois, no entendimento das religies de matrizes africanas, so aes que caminham lado a lado. Fruto do corpo e do esprito O Obi uma planta africana que, como muitas outras, veio para o Brasil por necessidades do culto. consagrado a sl. Saber a quem ele dedicado j uma pista para conhecer sua funo, no s ritualstica iniciao e adivinhao mas tambm medicinal. Na indicao popular ele tido como estimulante fsico e de fertilidade. sl o grande Pai de todas as outras divindades. Ele filho de Olorun, o Deus Supremo. a ligao entre ele, os outros Deuses e a humanidade, explica o antroplogo, chefe do Departamento da Ufba e og da Casa Branca, Ordep Serra. Dentre as espcies catalogadas, encontra-se o obi, cujo nome cientfico Cola acuminata. O obi tem como princpio ativo a cafena. O teor dessa substncia varia muito. Da por que ele usado em processo de iniciao, quando se d uma importncia grande aos conhecimentos traduzidos de forma oral ao qual necessrio manter-se atento, em viglia, explica Eudes Velozo, doutor em qumica orgnica, professor de qumica farmacutica na Faculdade de Farmcia da Ufba e um dos coordenadores do Projeto Ossain.
A massinha branca que reveste a semente do obi rica em acares. Esse tipo de experincia nos mostrou o quanto h de sabedoria nesse conhecimento dos terreiros. Exercer o conhecimento das ervas um cargo no Candombl em que no necessria apenas a habilidade mstica, mas tambm o estudo, acrescenta Velozo. Um outro aspecto notado pelos pesquisadores a individualizao dos tratamentos, coisa que Velozo diz que a medicina tradicional, a partir da gentica, passou a utilizar. A medicina j reconhece que um remdio no tem necessariamente a mesma eficcia em todas as populaes. E isso o povo-de-santo j sabe h muito tempo. A planta que serve para uma pessoa numa determinada situao, no vai necessariamente ser utilizada por outra do mesmo jeito, diz. Esses cuidados, inclusive, fazem parte de um preceito caro ao povo-de-santo: "a mesma erva que pode salvar, se usada indevidamente, pode matar." Obi, obi dgua ou simplesmente obi. Todos estes nomes referem-se mesma obrigao, voltada exclusivamente a confortar uma pessoa em um caso de doena, desemprego, distrbios nervosos, ou at mesmo para um iniciado dentro dos preceitos do "As rs", quando por um motivo ou outro, o mesmo no pode passar por um bori. Esta obrigao tem seu nome em referncia a uma fruta africana, o obi, sem a qual nada podemos realizar para os rss, no tangente a sacrifcios, uma vez que com ela que conversamos com nossos antepassados para sabermos se aquele santo est satisfeito com a obrigao, etc. Esta obrigao a mais simples realizada dentro do as, no tangente a dar de comer a uma cabea. Muito embora algumas pessoas achem que ela no tem maiores fundamentos junto com o rs, mas j presenciamos muitos casos que foram resolvidos com esta. Trata-se neste ato, de confortar o anjo da guarda da pessoa, seja consulente ou filho de santo, ocasio onde alimentamos sl, no intuito de pedir a misericrdia para aquele filho que se encontra em tal sofrimento. Claro que esta obrigao no cria uma obrigatoriedade do cliente com o santo, ela apenas serve como um modo de resolver de imediato uma questo. Existem aqueles que aps o obi, sentem-se to felizes que optam por penetrar de forma mais profunda dentro de nossa religio. Antigamente quando uma pessoa desejava entrar para os preceitos de uma casa, ou seja, ser filho ou filha de santo naquele templo, ou mesmo quando seu rs exigia feitura, os zeladores tinham por hbito realizar esta como uma primeira obrigao, para da ento estudar a pessoa, ver se ela realmente tinha amor e dedicao para com os rss, e at mesmo para se certificarem de que era realmente sua casa e sua mo que aquele santo desejava, e no apenas uma empolgao material ou espiritual. Agiam assim, pois que, nesta poca no existia o fato de uma pessoa fazer santo com um e tomar obrigaes com outro, provocando um rodzio ridculo nas roas de santo como as que se v hoje em dia. Para uma pessoa se iniciar, existia todo um processo de identificao dele com a casa e viceversa. Era uma poca em que a fidelidade de um iniciado era realmente levada a srio, assim como a do sacerdote com relao a seus iniciados. E o obi, era justamente a obrigao que funcionava como uma espcie de flerte, vulgarmente comparando, evitando constrangimentos futuros. Hoje em dia, parece que esta fidelidade simplesmente evaporou-se com a fumaa dos defumadores, pois que uma pessoa se inicia em uma casa e quando desencarna, traz uma longa passagem de terreiro em terreiro. Claro que ainda existem aqueles que prezam a
fidelidade, mas so bem poucos nos tempos atuais. Ser um iniciado antes de tudo sermos fiis a mo que alimenta nosso rs, nosso anjo da guarda, assim como "Ele" fiel a nosso zelador. Pertencermos ao as rs antes de tudo sermos humildes, desprovidos de arrogncia e soberba, seguirmos nosso destino na certeza de que um ser to puro e iluminado se dedica a zelar por ns e nossa vida. OBI ABATA - TERMINOLOGIA Na Dispora a palavra obi pode significar muitas coisas diferentes para muitas pessoas diferentes. A NOZ DE COLA OB FRUTO DE UMA PALMEIRA AFRICANA (COLA ACUMINATA, SCHOTT. & ENDL. STERCULIACEAE) ACLIMATADA NO BRASIL. INDISPENSVEL NO CULTO DOS ORIS, ONDE SERVE DE OFERENDA PARA OS RS E USADO NAS PRTICAS DIVINATRIAS SIMPLES, SEPARADO PELAS MOS EM PEDAOS. O BROTO DO OB: TIRA-SE PARA IMOBILIZAR A GERMINAO. PARA UM OB GERMINAR PRECISO DE TODAS AS SUAS PARTES. SE ISTO OBSTRUDO, NECESSRIO NO DEIXAR OS GOMOS EM INCUBAO. UM GOMO EST SEPARADO DO CONJUNTO. SERIA MAIS OU MENOS UM PADECIMENTO. POR ISTO QUE DIZEMOS: PA OB, (MATAR O OBI). A palavra obi, se refere noz de cola fresca nativo da frica, especificamente o OBI ABATA. Varia de branco, a escurido vermelho, em cor. Embora possam ser usadas outras configuraes do Obi de vrios modos, so os quatro lbulos de Obi, tambm conhecido como Iya Obi (A Me Obi).
DIFERENTES TIPOS DE NOZES DE COLA 1. Ob Noz de cola Acuminata. Ob e gua (ob omi ttu) so oferendas primordiais nos cultos afro-descendentes. 2. Ob bt ifin Obi 4 partes branco - Oferenda exclusiva de Obatal. 3. Ob abat pupa Obi vermelho. Serve de oferenda para qualquer ebora que no seja funfun, inclusive para Or e Egun. 4. Ob edun = ob y (Cola Caricofolia Sterculiceae) Cola de macaco Possui o fruto vermelho e brilhante. comestvel. - Desconhecido o uso ritualstico. 5. Ob bt = ob gidi (Cola Acuminata Sterculiceae) Este um tipo de nz de cola vermelha que pode possuir de quatro a seis cotilenides (aw). Tpico para oferenda para qualquer Ebora. 6. jopa uma nz de cola doce e vermelha, grande e de qualidade superior. 7. Ob ifin = O mesmo jopa, s que de cor branca. - Oferendado a Obatal - Muitas vezes dado como um presente ou como parte de um presente a uma pessoa importante. 8. Gbnj = gr = aw mji. (Cola Nitida Sterculiceae) vermelho e possui apenas dois segmentos como indica um de seus nomes (aw mji). Contm muita cafena e por este motivo, se comido noite, provoca insnia. A cafena age como estimulante e excitante muscular. Combate a depresso e a hipertenso e sua ao rpida tambm de curto efeito. No serve de oferenda rs.
LENDA DO OBI (NOZ DE COLA) "Era uma vez um belo rapaz, forte e saudvel, cujo nome era Obi, seu trabalho era levar os recados dos homens, para os rss. Toda vez que um homem precisava fazer uma oferenda a uma divindade, ele deveria falar no ouvido de Obi todas as suas oraes, pedidos e lamentaes, e este, por sua vez, transmitiria os recados e traria uma resposta daquela divindade. Com o tempo, Obi passou a ser mais requisitado pelos seus trabalhos, pois com sua ajuda tudo se tornara mais fcil, a resposta era imediata. Isso foi fazendo com que Obi ficasse muito orgulhoso e envaidecido, passando a cobrar preos cada vez mais altos pelos seus servios, acumulando assim, muitas riquezas. Obi sentia-se livre para agir desta forma, andava pelas ruas sem falsa modstia, dizendo o quanto as pessoas precisavam de seus favores. O tempo foi passando e a situao chegou a tal ponto, que Exu ficou incomodado com as atitudes de Obi. Es, que caminha entre o cu e a terra com muita facilidade, foi falar com Olodmr (o Deus Supremo), relatando tudo o que estava acontecendo na terra, especialmente o comportamento de Obi. Olodmr ficou muito triste com o que Obi estava fazendo e tomou uma deciso, ir pessoalmente a casa de Obi, falar com ele, e ver quais seriam seus argumentos. O Deus Supremo, que nunca havia sado do cu anteriormente, seguiu em direo a casa de Obi, l chegando, bateu na porta, e Obi foi atender, sem imaginar quem poderia estar do lado de fora, ao abrir a porta, to grande foi seu susto, que caiu de costas no cho imobilizado, foi quando Olodmr disse a ele: "Tanto foi o teu orgulho e vaidade que vim pessoalmente a sua casa para falar de minha tristeza, como reparao de seus erros, a partir de hoje nunca mais falar de p, toda vez algum precisar de teu trabalho no cho que dever te invocar, esse ser o teu castigo para sempre". E at hoje assim que consultamos Obi, no cho. Sabemos toda lenda serve para nos transmitir uma mensagem filosfica. Outro tn: "Olodmr chama os homens para retornarem ao seu lar, porm nem mesmo a morte capaz de apagar as lembranas os feitos de grandes homens. Obi um elemento muito importante no culto de Vodun, rs e Nkise. A noz de cola, Obi, o smbolo da orao no cu. um alimento bsico, e toda vez que oferecido, o seu consumo sempre precedido por preces. Foi Orunmila quem revelou como a noz de cola foi criada. Quando Olodmr descobriu que as divindades estavam lutando umas contra as outras, antes de ficar claro que Es era o responsvel por isso, Ele decidiu convidar as quatro mais moderadas divindades (Paz, a Prosperidade, a Concrdia e Aiye, a nica divindade feminina presente), para entrarem em acordo sobre a situao. Eles deliberaram longamente sobre o motivo de os mais jovens no mais respeitarem os mais velhos, como ordenado pelo Deus Supremo. Todos comearam ento a rezar pelo retorno da unanimidade e equilbrio. Enquanto estavam rezando pela restaurao da harmonia, Olodunmare abriu e fechou sua mo direita apanhando o ar. Em seguida abriu e fechou sua mo esquerda, de novo apanhando o ar. Aps isso, Ele foi para fora, mantendo suas mos fechadas e plantou o contedo das duas mos no cho. Suas mos haviam apanhado no ar as oraes e Ele as plantou. No dia seguinte, uma rvore havia crescido no lugar onde Deus havia plantado as oraes que Ele apanhara no ar.
Ela rapidamente cresceu, floresceu e deu frutos. Quando as frutas amadureceram para colheita, comearam a cair no solo. Aiye pegou-as e as levou para Olodmr, e Ele disse a ela para que fosse e preparasse as frutas do jeito que mais lhe agradasse. Primeiro, ela tostou as frutas, e elas mudaram sua textura, o que as deixou com gosto ruim. No outro dia, Ela pegou mais frutas e as cozinhou, e elas mudaram de cor e no podiam ser comidas. Enquanto isso, outros foram fazendo tentativas, no entanto todas foram mal sucedidas. Foram ento at Olodmr para dizer que a misso de descobrir como preparar as nozes era impossvel. Quando ningum sabia o que fazer, Elenini, a divindade do Obstculo, se apresentou como voluntria para guardar as frutas. Todas as frutas colhidas foram ento dadas a ela. Elenini ento partiu a cpsula, limpou e lavou as nozes e as guardou com as folhas para que ficassem frescas por quatorze dias. Depois, ela comeou a comer as nozes cruas. Ela esperou mais quatorze dias e depois disso percebeu que as nozes estavam vigorosas e frescas. Aps isso, ela levou as frutas para Olodmr e disse a todos que o produto das preces, Obi, podia ser ingerido cr sem nenhum perigo. Deus ento decretou que, j que tinha sido Elenini, a mais velha divindade em sua casa quem conseguiu descodificar o segredo do produto das oraes, as nozes deveriam ser dali por diante, no somente um alimento do cu, mas tambm, onde fossem apresentadas, deveriam ser sempre oferecidas primeiro ao mais velho sentado no meio do grupo, e seu consumo deveria ser sempre precedido por preces. Olodmr tambm proclamou que, como um smbolo da prece, a rvore somente cresceria em lugares onde as pessoas respeitassem os mais velhos. Naquela reunio do Conselho Divino, a primeira noz de cola foi partida pelo Prprio Olodmr e tinha duas peas. Ele pegou uma e deu a outra para Elenini, a mais antiga divindade presente. A prxima noz de cola tinha trs peas, as quais representavam as trs divindades masculinas que disseram as oraes que fizeram nascer a rvore da noz de cola. A prxima tinha quatro peas e inclua assim Aiye, a nica mulher que estava presente na cerimnia. A prxima tinha cinco peas e incluiu rs-Nl. A prxima tinha seis peas representando a harmonia, o desejo das oraes divinas. A noz de cola com seis peas foi ento dividida e distribuda entre todos no Conselho. Aiye ento levou a noz de cola para a Terra, onde sua presena marcada por preces e onde ela s germina e floresce em comunidades humanas onde existe respeito pelos mais velhos, pelos ancestrais e onde a tradio glorificada." Em terra yorubs, costume oferecer OBI a algum em sinal de cortesia, de amizade, de cordialidade... Repartido, constitui um pacto de lealdade e de comunho entre as partes.