Beira Rio Beira Vida

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BEIRA RIO BEIRA VIDA Assis Brasil

Resumo da obra indicada pela UESPI - Vestibular 2003 www.procampus.com.br

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BEIRA RIO BEIRA VIDA


(Assis Brasil) Prof. Jorge Alberto* (Professor de Literatura do Ensino Mdio) I - VIDA: Francisco de Assis de Almeida Brasil natural de Parnaba (1932). Juntamente Com O.G.Rego, Assis Brasil um dos romancistas piauienses mais importantes na atualidade. Os gneros explorados por este autor so os mais variados, desde o romance, passando pelo conto, a novela e a crtica literria. Vive atualmente do ofcio de escritor.

II-OBRA: Romances Tetralogia Piauiense Beira Rio Beira Vida (1965, Prmio Walmap) A Filha do Meio Quilo (1966) Salto do Cavalo Cobridor (O Caboclo e a Cigana) (1966) Pacamo (1969) Ciclo do Terror Os que Bebem como os Ces (1975, Prmio Walmap) Aprendizado da Morte (1976) Deus, Sol, Shakespeare (1978) Os Crocodilos (1980) Quarteto de Copacabana Destino da Carne (1982) Sodoma Est Velha (1985) Prestgio do Diabo (1988) Romances Histricos Nassau: Sangue e Amor nos Trpicos (1990) Villegagnon, Paixo e Guerra na Guanabara (1991)
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Tiradentes, Poder Oculto o Livrou da Forca (1993) Jovita: Misso Trgica no Paraguai (1994)

Novelas Livro de Judas (1970) Ulisses, o Sacrifcio dos Mortos (1970) A Volta do Heri (1974) A Rebelio dos rfos (1975) Tibe, a Mestia (1975)

Contos Contos do Cotidiano Triste (1955) A Vida No Real (1975)

a primeira obra da Tetralogia Piauiense, ganhando o prmio Walmap (1965). Toda a tetralogia ambientalizada no Piau. O espao do romance a cidade de Parnaba (o cais, os marinheiros, as prostitutas). Para o entendimento da obra, comearemos com uma rpida reflexo sobre o ttulo: Beira Rio (o porto, o contnuo movimento do rio que traz e leva esperanas, marinheiros, desiluses); Beira Vida (a marginalizao social). Essa marginalizao o tema predominante. A pobreza, o preconceito e a falta de oportunidades acabam por balizar o destino das personagens. Isto fica bem evidenciado em: "(...) Nunca conheci outra vida, tudo foi se ajeitando normalmente, acontecendo, acontecendo. Tudo parecia natural para mim, no era de pensar muito.(...)" III- PERSONAGENS A personagem principal Luza. Filha de Cremilda (prostituta), era constantemente humilhada pela me. No tendo pudor para com a sua filha, desde cedo deixa claro para Luza que o nico caminho a seguir a prostituio. A me da personagem mostra-se amargurada, oportunista (em alguns momenwww.procampus.com.br
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tos) e, acima de tudo, sem perspectivas. Quando esta herda do "velho Santana" um armazm, v a chance de sair daquela vida. Acaba perdendo-o. A sociedade se fecha para Cremilda ao tentar comprar uma casa, discriminada socialmente: "- Eles disseram que meu dinheiro no d. - Pra qu? -Pra comprar uma casa aqui na cidade. Sei que mentira, eles no querem me vender. Um ainda disse: 'Mesmo a senhora no pode se mudar pra cidade.'Foi o que um deles disse, Luza, e os outros acharam graa." Esse mundo sem possibilidades pode ainda ser evidenciado na forma de organizao da obra: o final repete o comeo, no acenando para possveis alteraes na vida daquelas personagens. Isso ainda mais reforado pela repetio dos ambientes e das situaes no transcorrer da narrativa, mostrando um mundo montono e fechado para as prostitutas do porto. Essa idia reforada por Herculano Moraes ao ressaltar: "Os elementos do instrumental ficcionista utilizado por Assis Brasil em 'Beira Rio Beira Vida' so quase sempre o rio, o cais, as embarcaes subindo e descendo o rio, os marinheiros, a vida nos armazns do cais." Luiza, antes de sua degenerao, entrega-se para seu grande amor (Nuno - marinheiro). Deste relacionamento surge Mundoca. Luiza deposita suas esperanas na filha, para que esta no tenha o mesmo destino da me e da av. O crtico Fausto Cunha, ao retratar Luiza, ressalta que ela " uma espcie de barro original, a partir do qual so formados os outros personagens. Seu sonho, sua luta, a evaso pelo amor, num meio em que o amor tem cmbio especfico. Realiza-se vicariamente atravs da boneca Ceci ('personagem' s vezes demasiado literria em seu simbolismo ostensivo) e no percebe que de certa maneira venceu ao no conseguir passar a tocha da degradao sua filha. Mundoca no sai do limbo criador - como se estivesse fora do foco do romancista. apenas o elo quebrado de uma cadeia. Nela se conclui o processo atravs do qual uma sociedade petrificada elimina as sementes inteis.". Na obra h uma grande distino entre a cidade e o cais: "(...) a vida era aquela, (...). Eles nasceram na cidade para dar esmolas, elas nasceram no cais para receber.". Enquanto a cidade tende ao desenvolvimento, buscando inclusive a construo de um novo porto, o desnvel social vem aumentando vertiginosamente. O conservadorismo se faz presente na sociedade (revelada em sua hipocrisia, tentando abafar seus escndalos) e no clero (representado por pe. Gonalo), que ignora os menos favorecidos em detrimento da elite. Isto acaba provocando um desamparo e insatisfao nos primeiros, como pode ser constatado abaixo: "(...) O padre velho Gonalo, esse nunca apareceu no cais que eu saiba. Fica l nos batizados dos ricos, nos banquetes, nos casamentos."
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ou no enterro de Cremilda: "(...) enterro sem padre, deve ser uma das mulheres, ser a Cremilda?" Mundoca mostra-se triste e introspectiva. Fala pouco, humilhada e assediada no trabalho. O sentimento de repulsa e asco acabam por determinar seu mundo interior: "(...) Sua vida era plana, passava pelo cais de manh e noite, no como etapas de cada dia, mas como etapas de um caminho repetido, sem comeo nem fim. No ia nem vinha. Ia sempre para o mesmo lugar, ou vinha sempre da mesma porta. (...) Mundoca nunca amou. (...) Tinha raiva de tudo, nada era importante, nada tinha alguma significao."". Jess representa o inconformismo com a sua condio. Criado por Cremilda desde pequeno, tem anseio de ascender economicamente. reprimido pela me de Luiza quando mostra seu desejo de estudar. Chega a capturar borboletas e criar bichos (porcos e marrecos). Transforma-se em marinheiro, morrendo em um incndio no navio-gaiola. Toda essa dimenso enfocada em um plano psicolgico (narrado em 3a pessoa). A interiorizao das personagens, revelando seus desejos simples, suas amarguras e frustraes, d obra uma forte dimenso dramtica. A intratextualidade outro recurso utilizado pelo autor (A Filha do Meio Quilo, Pacamo). Predomina o discurso indireto e indireto livre. Quando o discurso direto se faz presente, so falas curtas, incisivas, secas, rspidas ou nostlgicas, ampliando a carga de comoo do texto.

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