Prática de Processo Penal

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PRTICA DE PROCESSO PENAL PROF. GUSTAVO 4 ANO 1 SEM / 2008 Aula de 14.02.

02.2008 INQURITO POLICIAL Quando ocorre um crime, surge ao Estado o direito de punir - jus puniendi. Todavia esse direito no ilimitado. Ele tem que respeitar os princpios e as garantias fundamentais da pessoa. Exemplo disso que o Estado para punir tem que o fazer por meio do devido processo penal. Esse direito exercido em duas etapas: 1. Investigao preliminar o inqurito policial realizado na delegacia de polcia e presidido pelo delegado de polcia, podendo ser acompanhado pelo Ministrio Pblico. H excees, como, por exemplo, no caso das CPI ou dos processos administrativos. (CPP, art 4). Caractersticas do Inqurito Policial Investigativo no h direito ao contraditrio. Inquisitivo Escrito at mesmo os depoimentos testemunhais tm ser transcritos para o processo. Sigiloso Como regra, o investigado no sabe que est sendo investigado. O inqurito policial se inicia com a notcia do crime (CPP, art 5). O Boletim de Ocorrncia o registro expresso da notcia do crime. Abertura - O inqurito policial pode ser aberto: De ofcio, isto , por iniciativa do prprio delegado. Por requisio do juiz ou do MP, todavia o delegado no est obrigado a atender a essa requisio. Por requerimento do prprio ofendido ou de seu representante legal. O auto de priso em flagrante (CPP. 302) tambm possibilita a abertura. Trmino O inqurito policial termina com o relatrio, que contm tudo que aconteceu no inqurito. O relatrio deve ser encerrado dentro dos seguintes prazos legais: Em 10 dias no caso de ru preso Em 30 dias (que pode ser prorrogado pelo juiz) no caso de ru solto. Arquivamento O delegado no pode arquivar o inqurito policial. Quem pode fazlo o Ministrio Pblico, que solicita ao juiz o arquivamento. Valor probatrio O valor probatrio do inqurito policial relativo, pois algumas provas devem ser repetidas perante o juiz. Inclusive as declaraes colhidas no inqurito devem ser confirmadas ao Juiz. Possveis laudos tcnicos elaborados durante o inqurito estes sim valem tambm na fase da justia. 2. Fase processual

Exerccio: Requerimento do ofendido para abertura de inqurito policial Ilustrssimo Senhor Doutor Delegado de Polcia do .... Distrito Policial ....

Concessionria Renovias S.A., empresa concessionria de servios pblicos, inscrita no Cadastro Nacional de Pessoas Jurdicas sob o nmero CNPJ ........ , com sede na cidade de Mogi Mirim, na rua Padre Roque, n 78, representada pelo seu representante legal, senhor Joo Jos da Silva, brasileiro, casado, empresrio, residente e domiciliado em So Paulo, na Avenida So Joo, n 148, apartamento 413, neste ato representado por seu advogado que esta subscreve, vem ilustre presena de Vossa Senhoria para requerer a instalao de inqurito policial, com base no art 5, II, ltima parte, do Cdigo de Processo Penal, de Renata Barreiro, portadora do RG 123.456-7 e do CPF 001.002.005-18, residente e domiciliada na cidade de Mogi Mirim, na rua Aparecido Furtado, n 6543, pelos seguintes motivos. 1. No dia 28 de fevereiro de 2007, por volta das 20 horas, a indiciada era responsvel pela arrecadao do guich 3, sendo que sua funo, como funcionria da empresa vtima, era receber as tarifas devidas dos motoristas que trafegam pela rodovia e passam pela praa de pedgio, devendo entregar os valores arrecadados ao arrecadador, durante o seu turno de trabalho. 2. Acontece que, ao final de seu turno de trabalhos e, portanto tambm o final das arrecadaes mencionadas a conferncia entre o nmero de veculos que passaram pelo guich mencionado e o valor total arrecadado constatou-se a falta de R$ 2.000,00 (dois mil reais), conforme mostram os documentos anexos. 3. Tal conduta se enquadra perfeitamente no tipo penal descrito no art 312 do Cdigo Penal, qual seja o peculato. 4. Assim sendo, requer a Vossa Senhoria a instaurao do competente inqurito policial com a finalidade de apurar o comportamento da funcionria Renata, que se enquadra no disposto nos artigos 312 e 327, ambos do Cdigo Penal. 5. Arrolam-se, como testemunhas dos fatos apresentados, os senhores: I. Abel S, policial, residente e domiciliado em Mogi Guau, na rua Padre Roque, n 28. II. Benedito Custdio Stroff, policial, residente e domiciliado na rua Arapongas, n 13, em Sumar (SP). Nestes termos, Pede deferimento Local e data .................................

________________________________ Advogado, OAB .... 21.02.2008 Priso em Flagrante Art 301 a 310, do CPP. Quem pode prender em flagrante? Qualquer pessoa do povo poder prender em flagrante e as autoridades policiais e seus agentes devero quem quer que seja encontrado em flagrante delito. (art 301, do CPP). Espcies de flagrante em delito: Flagrante prprio Art 302, I e II, do CPP: Considera-se em flagrante delito quem est cometendo a infrao penal (302, I) ou quem acaba de comet-la (302,II).. Flagrante imprprio Art 302, III Considera-se em flagrante delito quem perseguido, logo aps, pela autoridade, pelo ofendido ou por qualquer pessoa, e, situao que faa presumir ser o autor da infrao. Quase flagrante ou presumido Art 302, IV: Considera-se em flagrante delito quem encontrado, logo depois, com instrumentos, armas, objetos ou papis que faam presumir ser ele autor da infrao. Sujeitos do flagrante (art 304, CPP): Condutor aquele que conduz o infrator. Testemunhas pessoas que acompanharem o condutor (nem sempre existem).. Vtima vtima (que no caso de homicdio no pode falar) Conduzido - o acusado, a quem se imputa a acusao. Observaes: 1. .Nas infraes cuja pena igual ou inferior a 2 anos, no haver priso em flagrante, fazendo-se somente o TCO (Termo circunstanciado da ocorrncia). 2. A priso de qualquer pessoa ser comunicada imediatamente ao juiz competente e famlia ou pessoa por ele indicada. (art 306, caput). 3. No prazo de 24 horas ser entre ao preso a nota de culpa. (Art 306, 2). 4. Tambm no prazo de 24 horas ser encaminhado ao juiz competente o respectivo auto de priso (Art 306, 1). 5. A comunicao ao juiz visa combater irregularidades formais e no de mrito. 6. Comunica-se, tambm, a defensoria pblica, onde existir (ou OAB). 7. A regra geral no prender. A priso exceo e s pode ocorrer com mandado judicial. A priso em flagrante exceo da exceo. 8. O auto de priso em flagrante uma pea formal. A importncia maior do auto de priso em flagrante o formalismo. Tanto assim, que qualquer falha nele permitem o relaxamento da priso. No se deve falar em

4 nulidade da pea. As irregularidades propiciam o relaxamento da priso. No relaxamento (pedido) no se discute o mrito da situao, mas o formalismo da pea. Os subsdios para o pedido de relaxamento da priso em flagrante esto na prpria CF, em seu art 5, LXV. Exerccio: Elaborao de pea pedindo o relaxamento de priso em flagrante. Caso: Joo segurana de uma fbrica de computadores. No dia 19 de fevereiro, foi preso em flagrante por ter supostamente praticado delito de furto qualificado pelo abuso de confiana. Consta do auto de priso em flagrante que outros dois funcionrios da empresa foram encontrados por policiais militares descarregando em um galpo inmeros computadores que haviam sido subtrados da empresa em que trabalhavam, sendo que, no momento da abordagem, afirmaram que Joo tambm teria participado da conduta delituosa. Os policiais imediatamente telefonaram para Joo pedindo para que o mesmo comparecesse ao local dos fatos com a finalidade de se apurar algumas informaes. Neste instante Joo abandona o seu posto de trabalho e atendendo ao chamado policial vai at o galpo, aonde vem a ser preso em flagrante pela prtica de crime de furto qualificado, sob o argumento de que teria ele participado tambm daquela subtrao. Como advogado, apresente a pea cabvel para defender os interesses de seu cliente Joo. ______________________________________________________________________

Excelentssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da ..... Vara criminal da Comarca de .....

Auto de priso em flagrante n ... Vara penal.

JOO, (qualificao completa), por seu advogado infra-assinado, vem presena de Vossa Excelncia, respeitosamente requerer o relaxamento de sua priso em flagrante, para o que junta o Pedido de Relaxamento de Priso em Flagrante, devidamente justificado abaixo: 1. O pedido est embasado na Constituio Federal, em seu art 5, inciso LXV. 2. Em 19 de fevereiro ltimo, o requerente foi preso em flagrante por ter supostamente praticado delito de furto qualificado. 3. Sua priso decorreu do fato de dois colegas seus de trabalho terem sido apanhados descarregando inmeros computadores subtrados da empresa na qual trabalham. No momento da priso, eles acusaram o requerente de ter participado da ao delituosa. 4. Como, na ocasio, o requerente se encontrava trabalhando como segurana da empresa, recebeu telefonema dos policiais pedindolhe que comparecesse ao local para prestar algumas informaes. 5. Joo, atendendo ao pedido, compareceu ao local, momento em que foi preso em flagrante sob acusao de ter participado do delito. 6. Acontece que o procedimento no encontra respaldo no art 302 do Cdigo de Processo Penal, que caracteriza o delito de que Joo fora acusado, tornando-se, portanto, um procedimento irregular. 7. Jurisprudncia 8. Doutrina 9. Tendo em vista o relatado, conclui-se que as formalidades necessrias para possibilitar a priso em flagrante no esto presentes no caso em questo.

10. Por isso, requer a Vossa Excelncia o relaxamento da priso de Joo, bem como a expedio do competente alvar de soltura.

Nestes termos, Pede deferimento Local e data, ___________________________ Advogado - OAB

28.02.2008 Liberdade Provisria A liberdade provisria visa colocar em liberdade quem foi preso em flagrante, por meio de forma perfeita. Afinal, a priso exceo, enquanto a liberdade a regra geral. o que contm o art 5, LXVII, da CF. A liberdade provisria est prevista nos art 310, pargrafo nico e art 321 a art 319, todos do CPP. Existem dois tipos de liberta provisria: a. Com fiana. Quando a infrao penal comportar pena 2 anos (art 323, do CPP). b. Sem fiana. Quando a infrao penal comportar pena > 2 anos. (art 323, do CPP). Portanto, o fundamento para se classificar uma liberdade provisria quanto ao seu tipo o tamanho da pena mnima prevista no tipo penal. Curiosamente, os crimes que implicam penas menores so os que admitem o pagamento de fiana, enquanto os mais graves que eles, portanto com penas maiores, no comportam pagamento de fiana. Mas, para a concesso de liberdade provisria so exigidos alguns (cinco) pressupostos. So eles: 1. Primariedade. Este pressuposto comprovado pela folha de antecedentes do agente. Ele ser considerado primrio desde que no tenha contra ele sentena condenatria transitada em julgado. 2. Bons antecedentes. No ter passagem policial ou processual, comprovado por atestado de antecedentes. Emprego lcito. Residncia fixa. Comprovado por uma conta telefnica, de energia eltrica etc. 5. No estarem presentes as condies que implicam em priso preventiva. As situaes em que pode ocorrer priso preventiva esto expressas do art 312, do CPP. Forma de pagamento de fiana (quando houver): Ela pode ser paga em dinheiro, jias, bens, tudo como permite o art 330, do CPP. Valor da fiana: O valor da fiana depende da pena mxima. O art 325, do CPP, detalha as condies desse valor. O art 350, do CPP, prev a possibilidade de o juiz dispensar a fiana, em se tratando, comprovadamente, da incapacidade financeira do agente do crime. A liberdade provisria ampla? Evidentemente, no. Existem algumas limitaes, algumas restries a ela, previstas nos artigos 327 e 328, impostas ao agente do crime:

7 a. Dever comparecer perante a autoridade toda vez que a isso for intimado. b. No mudar de residncia sem prvia autorizao da autoridade processante. c. No se ausentar de sua residncia por mais de 8 dias, sem comunicar autoridade processante o lugar onde ser encontrado. O no acatamento dessas restries provoca a quebra da fiana. O art 340, do CPP, trata do reforo da fiana em trs situaes: a. Quando, por engano, a fiana tomada for insuficiente. b. Quando ocorrer a depreciao material ou perecimento da fiana prestada. c. Quando houve inovao do delito cometido. O pargrafo nico do art 310 do CPP estabelece que no seja exigida fiana quando o juiz verificar que inexistem as hipteses de priso preventiva prevista nos artigos 311 e 312. Exerccio prtico: Caso: Paulo da Silva, empresrio, foi preso em flagrante por homicdio, j que no dia 27/02 ltimo disparou trs tiros contra sua esposa Maria, sendo que estes disparos foram a causa de sua morte. Recolhido cadeira pblica da cidade de So Joo da Boa Vista, verificou-se que o mesmo primrio, possuidor de bons antecedentes. O flagrante foi formalmente perfeito. Como advogado apresente a pea cabvel. Preliminares do estudo: no cabe pedido de relaxamento da priso, porque o flagrante foi formalmente perfeito. Ento, a pea dever ser um Pedido de Concesso de Liberdade Provisria. Mas liberdade provisria com ou sem fiana? Qual a pena do crime (homicdio)? De 6 a 20 anos. Como a pena prevista para o tipo penal em questo maior que 2 anos, a liberdade provisria ser requerida sem prestao de fiana. Logo, pedido de liberdade provisria sem fiana. A pea:

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Referncia: auto de priso em flagrante n ...

PAULO DA SILVA (qualificao completa), por seu advogado infra-assinado (doc.1), vem presena de Vossa Excelncia, respeitosamente, para requerer sua liberdade provisria sem fiana, com base no art 5, LXVI, da Constituio Federal e no art 310, pargrafo nico, do Cdigo de Processo Penal, pelos motivos a seguir descritos: 1. O requerente, em 27 de fevereiro ltimo, disparou trs tiros contra sua mulher Maria, causando-lhe a morte, tendo sido por isso preso em flagrante. 2. O mesmo encontra-se preso e recolhido cadeia pblica de So Joo da Boa Vista. 3. O senhor Paulo atende a todos os pressupostos para embasar a concesso da liberdade provisria ora requerida, como a seguir relaciona: a. b. c. d. Primariedade; (certido de antecedentes criminais; - Doc ...) Bons antecedentes. (apresenta certides Doc...) Emprego lcito; (contrato social Doc...) Residncia fixa; (contas de telefone - Doc)

4. Cumpre-lhe, ainda, ressaltar que no esto presentes no caso dos autos as hipteses para a decretao da priso preventiva do requerente, conforme disposto no art 312, do Cdigo de Processo Penal. 5. Neste sentido, entende a jurisprudncia: Dispe o pargrafo nico do art 310, do Cdigo do Processo Penal, que se o juiz, ao verificar o auto de priso em flagrante, no encontrar elementos que ensejam a decretao da priso preventiva, dever conceder a liberdade provisria, independentemente de fiana, pois se trata de um direito subjetivo do ru e no uma faculdade do juiz. (RT 77/696)

6. Corroborando o julgado acima, o Professor Paulo Lcio Nogueira, em seu livro Curso Completo de Processo Penal, editora Saraiva, So Paulo, pgina 217/218, afirma que: ultimamente a subsistncia do flagrante s ocorre quando

9 presentes os requisitos da priso preventiva, de acordo com a redao do pargrafo nico, do art 310, do Cdigo do Processo Penal, havendo uma tendncia de, em regra, relaxar os flagrantes de ru primrio, com bons antecedentes e emprego certo. Ainda que os crimes sejam inafianveis,. 7. Desta forma, conclui-se que direito um subjetivo do requerente a concesso do benefcio. 8. Diante do exposto, requer a Vossa Excelncia a liberdade provisria do requerente, sem o pagamento de fiana, uma vez que esto presentes todos os requisitos necessrios para o deferimento do pedido, com base no art 5, LXVII da Constituio Federal e do art 310, pargrafo nico, do Cdigo de Processo Penal. Requer ainda, uma vez deferido o presente pedido, a expedio do competente alvar de soltura. Nestes termos, Pede deferimento Local e da Advogado OAB

06.03.2008 Trabalho em sala, valendo dois pontos a serem atribudos na mdia. 1 caso. Marcos foi preso em flagrante pela prtica do delito de estelionato, pois teria vendido uma caixa de cartuchos de fabricao da HP, porm, aps a abertura verificou-se que o mesmo era falso. Preso em flagrante delito foi levado presena da autoridade policial. L chegando, pleiteou que fosse chamado o seu advogado, porm tal pedido foi indeferido uma vez que o advogado morava na cidade vizinha e demoraria 15 minutos para chegar Delegacia. Lavrado auto; encontra-se recolhido cadeia publica desta Comarca. Como advogado, apresente a pea cabvel, buscando a sua liberdade. Resoluo: Anlise da situao:

10 Pea cabvel: Relaxamento da Priso em Flagrante. A deciso da autoridade policial foi irregular, pois ele no deferiu o pedido para que o advogado do conduzido estivesse presente. Endereamento: Ela deve ser dirigida ao Juiz de Direito da Comarca, autoridade superior ao Delegado de Polcia. Fundamento legal: CF, art 5, LXIII e art 306, do CPP. Discusso: Os fatos, especialmente o indeferimento do pedido do senhor Marcos e em conseqncia, a ilegalidade da priso. Pedido: que o juiz conceda o relaxamento da priso de Marcos e expedio do respectivo alvar de soltura. A pea:

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EXCELENTSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ... VARA CRIMINAL DA COMARCA DE ...

Auto de Priso em Flagrante n ...

Marcos (qualificao completa), por meio de seu advogado infra assinado, (dpc.) vem presena de Vossa Excelncia, respeitosamente, requerer o relaxamento de sua priso em flagrante, com base no art 5, LXIII, da Constituio Federal e no art 306, do Cdigo de Processo Penal, pelos motivos a seguir relatados: 1. O requerente foi preso em flagrante por ter vendido mercadoria falsificada. 2. Em razo de sua priso, foi conduzido Delegacia de Polcia, quando pleiteou do Delegado que fosse chamado seu advogado, no que no foi atendido sob a alegao de que o mesmo morava em cidade vizinha e por isso demoraria quinze minutos para chegar Delegacia. 3. Com a negao de atendimento ao seu pedido, foi lavrado o auto de priso em flagrante, sendo o requerente recolhido cadeia pblica da Comarca, onde se acha preso at momento. 4. O art 5 da Constituio Federal, em seu inciso LXIII diz textualmente que o preso ser informado de seus direitos, entre os quais o de permanecer calado, sendo-lhe assegurada a assistncia da famlia e de advogado, direitos esses confirmados pelo art 306, do Cdigo do Processo Penal. 5. A doutrina.... 6. Como lhe foram negados esses direitos pela autoridade policial, fica configurada a irregularidade de sua priso em flagrante. Assim, face aos fatos relacionados, vem requer de Vossa Excelncia, com base no art 5, LXII da Constituio Federal e no art 306, do Cdigo de Processo Penal, o relaxamento de sua priso em flagrante, bem como a expedio do competente alvar de soltura. Nestes termos, Pede deferimento. Local e data Advogado, OAB n...

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2 caso Cyro Severiano, professor respeitado na regio, foi preso em flagrante por desferir dois socos no rosto de Paulo de Almeida, causando-lhe leso corporal de natureza grave. Levado presena da autoridade policial, esta lhe garantiu todos os direitos constitucionais, sendo que, em seu interrogatrio, afirmou que tal fato ocorreu por ter sido ofendido por este. Aps, foi recolhido cadeia pblica desta Comarca, recebendo a nota de culpa no prazo legal. Como advogado, apresente a pea cabvel, buscando a sua liberdade. Resposta: Anlise da situao: Pea cabvel: Como a priso em flagrante seguiu toda a tramitao prevista em lei para ela, no h que falar em relaxamento da priso. Portanto, a pea dever ser Liberdade Provisria, no caso, com fiana, em funo da pena prevista para o crime de leso corporal grave. Endereamento: A pea ser encaminhada ao Juiz de Direito da Comarca, autoridade que pode conceder o benefcio solicitado. Fundamento legal: CF, art 5, LXVI e CPP, art 322, pargrafo nico, combinado com o art 323, e art 325. Discusso: O direito subjetivo do senhor Cyro Severiano ao benefcio de Liberdade Provisria, com fiana. Pedido: Concesso da Liberdade Provisria, com fiana e expedio do respectivo alvar de soltura. A pea:

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EXCELENTSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ... VARA CRIMINAL DA COMARCA DE ...

Auto de Priso em flagrante n ...

Cyro Severiano, (qualificao completa), por seu advogado infra assinado, vem presena de Vossa Excelncia, com acatamento, apresentar requerimento de Liberdade Provisria, com o pagamento de fiana, com base no artigo 5, LXVI, da Constituio Federal e no artigo 322, pargrafo nico, combinado com o artigo 322, e no artigo 325, estes do Cdigo do Processo Penal, pelos motivos a seguir apresentados: 1. O requerente foi preso em flagrante por ter agredido com dois socos no rosto, Paulo de Almeida, causando-lhe leso corporal grave, que segundo declarou posteriormente, foi pelo fato de ter sido ofendido pelo mesmo. Em razo dessa agresso, foi preso em flagrante e conduzido presena da autoridade policial da Comarca, que, depois de garantir-lhe todos os direitos constitucionais lavrou o respectivo auto de priso e recolheu-o cadeia pblica da Comarca, tendo inclusive emitido a nota de culpa no prazo legal. 2. Trata-se de pessoa que atende aos pressupostos necessrios para a concesso de liberdade provisria, como sejam: a. Primariedade (conforme certido de antecedentes criminais anexa doc. n ..). b. Apresenta bons antecedentes. (conforme as quatro declaraes anexas Doc n .). c. Emprego lcito ( professor respeitado na regio, conforme declarao anexa, doc n..). d. Tem residncia fixa (conforme contas telefnicas anexas Doc. ) 3. Cumpre-lhe ressaltar, ainda, que no esto presentes no caso dos autos os requisitos para a decretao de sua priso preventiva, conforme dispe o artigo 312, do Cdigo do Processo Penal. 4. Entende a jurisprudncia....

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5. Os doutrinadores .... 6. Dessa forma, conclui-se que um direito subjetivo seu a concesso do benefcio que ora pleiteia. 7. Assim, diante do exposto, requer a Vossa Excelncia a liberdade provisria com pagamento da fiana que lhe for arbitrada, conforme art 325 do Cdigo de Processo Penal, pois esto presentes todos os requisitos necessrios para o deferimento do pedido com base no art 5 da Constituio Federal, inciso LXVI e art 322, pargrafo nico, combinado com o art 323, estes ltimos do Cdigo do Processo Penal. Requer, ainda, uma vez deferido o presente pedido, a expedio do competente alvar de soltura. Nestes termos, Pede deferimento Local e data Advogado - OAB

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16 13.03.2008 PROCEDIMENTOS Ordinrio ORDINRIO Notitia criminis IP Relatrio Denncia Citao Interrogatrio Defesa prvia Testemunhas de acusao Testemunhas de defesa Art 499 Alegaes finais Sentena Apelao. JRI Notitia criminis IP Relatrio Denncia citao Citao Interrogatrio Defesa prvia Testemunhas de acusao Testemunhas de defesa Alegaes finais Sentena (pronncia, impronncia, Desclassificao ou absolvio sumria).. Libelo Contrariedade do libelo Plenrio

Ordinrio: Aplicabilidade - Procedimento ordinrio aplicvel a todos os crimes passveis de recluso, exceto os que so regidos por leis especiais. Finalidade: buscar prova da autoria e da materialidade para municiar o MP. Relatrio: No h opinio do delegado. Ele se limite a expor os fatos apurados. Prazos: 10 dias para ru preso e 30 dias para ru solto. O que pode fazer o MP? 1. promover a denncia. 2. Solicitar diligncias que possam ter faltado. 3. Pedir o arquivamento que s pode ser autorizado pelo juiz. Denncia: a petio inicial da ao penal Citao: dar conhecimento ao ru de ao que existe contra ele e para que ele se defenda. Interrogatrio: ser feito com a presena do MP e do defensor. A primeira parte do interrogatrio feita pelo juiz, hhavendo a seguir perguntas das partes. Defesa prvia: basicamente para definir as testemunhas, requerer os tipos de provas e apontar irregularidades constatadas.

17 Testemunhas de acusao: em nmero mximo de oito. Testemunhas de defesa: Tambm, no mximo oito. As testemunhas podem ser ouvidas todas no mesmo dia. Mas no se pode inverter a ordem da oitiva, sob pena de nulidade processual. Art 499: Abre vistas. Ex: depoimento de pessoas no arroladas, mas citadas por testemunha. Alegaes finais: primeiro a acusao, depois a defesa. Neste momento do processo, ser analisado tudo que aconteceu no processo e se termina pedindo conduo ou absolvio. Depois, o processo segue concluso para a sentena do juiz, da qual cabe apelao. Jri Nas alegaes finais: se defesa ou se ataca a fim de que se decida se o caso vai ou no a jri. Da, a sentena, cuja maior probabilidade de pronncia (havendo indcios de autoria e materialidade). Mas tambm pode ocorrer a impronncia pelo que o processo arquivado. Se a sentena for de desclassificao, devolve-se o processo para o procedimento ordinrio. Ainda, a sentena pode ser pela absolvio sumria, quando houver excludente de culpabilidade. At aqui vigora o princpio in dubio pro societatis. Libelo quando o MP procurar demonstrar que caso de jri. Depois do libelo volta a vale o princpei in dubio pro reo. Contrariedade do libelo: defesa, que apresenta as testemunhas. Plenrio: Pode haver recusa de trs jurados cada partes, sem motivao, ou mais, devidamente justificada. A sentena intermedria pode ser defendida pelo recurso RESE, previsto no art 581, do CPP. PROCEDIMENTOS DA LEI 9099/95 JECRIM para infraes de pequeno potencial ofensivo, ou seja, para os crimes cuja pena mxima seja 2 anos, pena de multa ou infraes penais. Fase policial: Delegado elabora o TCO termo circunstanciado do ocorrncia, encaminhando-o ao juizado (TCO, com autor do fato e vtima) para intimao das partes. Na prtica, as partes saem da delegacia j intimados. Pode haver necessidade de diligncia, como, por exemplo, exame pericial. Fase judicial: Audincia preliminar, com a participao do juiz, MP, autor do fato, vtima e advogados. Finalidade da audincia: composio de danos (art 72, da Lei 9099/95). Se houver composio das partes ou transao penal, encerra-se a questo. Para a composio exige-se do ru preencher as as seguintes condies: Primariedade

18 No ter usado esse expediente nos ltimos cinco anos O fato comportar composio. Se no acontecer a composio nem for aceita a transao, inicia-se o processo, com os seguintes passos: Denncia ou queixa oral em audincia preliminar. Suspenso condicional do processo (art 89 da Lei em questo): Se o ilcito tem pena mnima menor < 1 ano, pode-se suspender o processo de 2 a 4 anos. Se o juiz receber a denncia, passa-se audincia de instruo, debates e julgamento (IDJ), que transcorrer assim: Testemunhas de acusao. Testemunhas de defesa. Interrogatrio. Debates orais (20 minutos cada parte). Sentena. 27.03.2008 QUEIXA CRIME 1. Queixa-crime a petio inicial da Ao Penal Privada. 2. A titularidade da queixa-crime do ofendido ou de seu representante legal (que nas peas da ao ser referido como querelante, enquanto o ofensor ser o querelado). 3. Requisitos da queixa-crime (Art. 41, do CPP): Exposio detalhada do fato criminoso. Qualificao do acusado (querelado). Classificao do crime. Rol de testemunhas, se necessrio. Obs: citao e condenao (no esto no art 41, do CPP). 4. Instruir a queixa-crime com os documentos necessrios (O IP no obrigatrio). 5. Procurao com poderes especiais. 6. Prazo para propositura: 6 meses (salvo legislao especial). 7. Recebimento da queixa-crime: cabe recurso, com o objetivo de trancar a ao penal. 8. Rejeio da queixa-crime: Cabe RESE (art. 581, I, do CPP RESE)

A ao penal no tempo: forma de facilitar o tipo de pea a ser utilizada:

19 1. 1 perodo: Da data do fato at o relatrio do IMP (fim do IP), cabem: Pedido de instaurao do IP Liberdade provisria se o IP foi instaurado. Relaxamento da priso em flagrante. Habeas Corpus 2. 2 perodo: No perodo entre a possvel ao penal e a respectiva sentena, cabem: Queixa-crime Defesa prvia Alegaes finais Habeas corpus 3. 3 perodo: Ps-sentena e pos trnsito em julgado: cabem: 4. 4} perodo: Ps-trnsito em julgado.

TRABALHO DE PRTICA JURDICA CRIMINAL 1 Caso: Cyro So Severino, professor universitrio em So Joo da Boa Vista, aps aplicar uma prova de Processo Penal para seus alunos, descobriu que Allan teria se utilizado de meios ilcitos (cola) para conseguir responder as questes propostas. No se conformando com tal comportamento do aluno, o professor o procura e, ao localiz-lo no intervalo e na presena de todos seus colegas. Diz que o mesmo pilantra, sem vergonha, desleal, safado e que sempre desconfiou de sua personalidade, sendo que o mesmo nunca o enganou com a imagem de bom moo. Ressaltou, ainda, para os demais que presenciavam a cena, que era todos saberem, que aquele aluno chamado era trara e que deveriam tomar cuidado com ele. Sem saber o motivo o aluno fica muito constrangido e ofendido, j que teria sido humilhado na presena de todos seus colegas de sala. Questo: Como advogado de Allan, redija a pea mais adequada para fazer valerem os direitos de seu cliente. Responda antes, os seguintes questionamentos: 1. Pea Profissional adequada: queixa-crime. 2. Competncia: o ofendido, que na pea ser o querelante. 3. Tipo penal: Injria com clusula especial de aumento de pena (Art 140 c/c art 141, III, ambos do CP). 4. Pedido: recebimento da pea, citao e condenao do querelado (ofensor). Pea: Excelentssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da ____ Vara Criminal da Comarca de _______________

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Allan, (qualificao completa), vem respeitosamente presena de Vossa Excelncia por meio de seu advogado infra-assinado, seu bastante procurador com poderes especiais, propor a seguinte QUEIXA-CRIME em face de Cyro So Severino (qualificao completa) pelos motivos a seguir relacionados: 1. Conforme demonstram as cinco declaraes anexas, no dia _____, s ___ horas, nos corredores do prdio da Faculdade ____________, em So Joo da Boa Vista, Estado de So Paulo, o querelante foi ofendido verbalmente pelo querelado, que fez uso de palavras de grande potencial ofensivo, proferidas na presena de todos seus colegas de classe, por ter supostamente o querelado se valido de meios ilcitos (cola) para responder as questes da prova de Direito Penal aplicada pelo querelado. 2. Para demonstrar a intensidade da ofensa, lista a seguir as palavras proferidas pelo querelado na ocasio: pilantra, sem vergonha, desleal, safado, trara, sendo que tal ofensa foi presenciada pelos colegas de classe do querelante, durante o intervalo das aulas. 3. Como se no bastasse o potencial ofensivo das palavras proferidas, o querelado ainda fez questo de prevenir os colegas de sala sobre a deplorvel e duvidosa conduta do querelante, mais uma vez ofendendo-lhe a moral. 4. A conduta do querelado enquadra-se muito bem no tipo penal descrito pelo tipo penal definido pelo artigo 140, combinado com o artigo 142, inciso III, ambos do Cdigo Penal: injria, com clusula especial de aumento de pena, por ter sido a agresso realizada em presena de diversas pessoas. 5. Em casos anlogos, nossos tribunais vm decidindo que: Mencionar duas jurisprudncias 6. Diante do que foi exposto, requer a Vossa Excelncia o recebimento da presente queixa-crime, determinando a citao do querelado para que, querendo, venha defender-se nos autos, nos termos do artigo 519 e

21 seguintes, bem como do artigo 394 e seguintes, ambos do Cdigo de Processo Penal e, ao final, conden-lo pelo crime de injria descrito no artigo 140, combinado com o artigo 141, inciso III, ambos do Cdigo de Processo Penal. 7. Arrolam-se como testemunhas as descritas abaixo: a. b. c. d. Nestes termos, Pede deferimento. Local e data _______________________ Advogado OAB

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2 Caso: Maria, alta funcionria da empresa ATR, no centro de So Paulo, Capital, recebe normalmente cantadas de seu superior hierquico. Joo. Temendo por seu emprego, Maria nunca efetuou nenhuma reclamao. Em 20,1,07, contudo, Joo, prevalencendo-se de sua condio na empresa. Chama Maria sua sala. Quando ela ingressa na sala, Joo tranca a porta, exigindo favores sexuais. Visivelmente alterado, Joo grita com Maria, dizendo que se ela no concordasse com o ato sexual, ele iria demiiti-la. Outros funcionrios, escutando os gritos de Maria, vo imediatamente em seu socorro. Abrindo a sala de Joo com a chave mestra, encontrando Maria aos prantos. Joo, nesse momento, sai rapidamente da sala. No dia seguinte, pede desculpas a Maria, dizendo haver bebido demais na vspera e que tudo no teria passado de um mal entendido. Maria, revoltada, diz que vai procurar os seus direitos. Questo: Como advogado de Maria, redija a pea mais adequada para fazer valerem os direitos de sua cliente. Responder os questionamentos abaixo: Pea profissional adequada: queixa-crime Tipo Penal: CP, art 216-A Assdio sexual Pedido: Recebimento da queixa-crime e condenao do querelado. Observaes: Enquadra-se na Lei 9099/95-Juizado Especiais Cveis e Criminais. (art 61).

PEA

23 Excelentssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da ____ Vara Criminal do Juizado Especial Criminal, da Comarca de So Paulo, Capital (SP).

Maria, (qualificao completa), vem respeitosamente presena de Vossa Excelncia, por meio de seu advogado infra-assinado, seu bastante procurador com poderes especiais, propor a seguinte QUEIXA-CRIME em face de Joo (qualificao completa) pelos motivos a seguir expostos, e com base no artigo 216-A, do Cdigo Penal. 1. Maria era alta funcionria da empresa ATR, localizada na regio central de So Paulo, Capital, sendo constantemente cantada pelo querelado, seu superior hierrquico. Como ela temesse por seu emprego, no reclamava das atitudes de seu chefe, tolerando o constante assdio sexual de que era vtima, sem jamais ter cedido s investidas do chefe. 2. Entretanto, no dia 20 de janeiro de 2007, o querelado excedeu os limites das atitudes de assdio at ento suportadas por Maria. Chamando-a sua sala, trancou a porta chave, gritando para a querelante que, se ela no concordasse em manter com ele o ato sexual, ele a demitiria. Nesta ocasio, Maria ps-se a gritar, atraindo a ateno dos colegas de trabalho, que acudiram em seu socorro, abrindo a sala com a chave mestra. Depararam com Maria aos prantos, enquanto o querelado saa correndo da sala. 3. Das ocorrncias do dia 20 mencionado, a atitude do querelado no ficara restrita aos dois, porque todos os colegas tomaram conhecimento do comportamento do chefe. Ainda mais que no outro dia ele disse a Maria que na vspera havia bebido demais e tudo no passara de mal entendido. 4. A conduta do querelado enquadra-se muito bem no tipo penal descrito pelo artigo 216-A, do Cdigo Penal, que define como assdio sexual constranger algum com o intuito de obter vantagem ou favorecimento sexual, prevalecendo-se o agente de sua condio de superior hierrquico ou da ascendncia inerentes ao exerccio de emprego, cargo ou funo.

24 5. A jurisprudncia tem apontado a grande dificuldade de fazer prova em casos de assdio sexual, uma vez que, comumente, o agente da prtica age em surdina, entre quatro paredes. Por isso, muitos casos no prosperam nos tribunais. Mas algumas consideraes mais especficas nessa linha comeam a criar condies para facilitar a considerao de cada situao. Nesse sentido, ... em regra, o assdio configura-se por uma conduta reiterada do assediante, que no pode encontrar espao para suas investidas indecorosas, sob pena de descaracterizao do ato ilcito. (TRT, 3 R, 4 Turma. 0067-2005-070-03-00-6 Recurso Ordinrio - Rel. Juiz Luiz Otvio Linhares Renault DJMG 26.11.2005). Algumas decises, mesmo antes da Lei n 10244, de 15 de maio de 2001, consideram que o indcio pode gerar a certeza; assim, diante do sistema da livre convico do juiz, abraado pelo Cdigo Penal, a prova indiciria ou circunstancial tem o mesmo valor que as demais (TJSP-AP 153.674-31 a, rel. Andrade Cavalcanti j. 10.07.95). Outro pronunciamento dos tribunais caminha no mesmo sentido: ... o assdio sexual grosseiro, rude e desrespeitoso, concretizado em palavras ou gestos agressivos, j fere a civilidade mnima que o homem deve mulher, principalmente em ambientes sociais de dinmica cotidiana e obrigatria, como no trabalho (TRT Des. Maurcio Jos Godinho Delgado). 6. Diante do que foi exposto, requer a Vossa Excelncia o recebimento da presente queixa-crime, determinando a citao do querelado para que, querendo, venha defender-se nos autos, nos termos do artigo 394 e seguintes, do Cdigo de Processo Penal e do artigo 61, da Lei n 9.099, de 26.09.1995 e, ao final, conden-lo pelo crime de assdio sexual descrito no artigo 216-A, do mesmo Cdigo. 7. Arrolam-se, como testemunhas, as descritas abaixo: a. b. c. Nestes termos, Pede deferimento. Local e data _______________________ Advogado OAB

03.04.2008

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CASO 117 EXAME DA ORDEM No dia 1 de janeiro de 2002, por volta das 12 horas, na confluncia das ruas Maria Pulo e Genebra, Maria da Luz teve seu relgio subtrado por Joo da Paz, que se utilizou de violncia e grave ameaa, exercido com uma faca. Descoberta a autoria e formalizado o inqurito policial com prova robusta da materialidade e autoria, os autos permanecem com o Ministrio Pblico h mais de trinta dias, sem qualquer manifestao. Questo: Como advogado de Maria da Luz, atue em prol da constituinte. Estudando a questo, responda os seguintes questionamentos antes de elabora a pea cabvel no caso: 1. Pea profissional adequada. Trata-se, no caso, de crime de roubo tipificado no artigo 157 do Cdigo. Pelo captulo que trata do assunto no Cdigo, cabe, no caso, ao penal pblica incondicionada, tendo o Ministrio Pblico que apresentar a denncia em 15 dias, conforme prev o art 46 do Cdigo de Processo Penal. Mas o promotor j est com os autos h mais de trinta dias sem ter tomado qualquer providencia. Pelo artigo 100 do Cdigo Penal, em seu 3, que a ao de iniciativa privada pode intentar-se nos crimes de ao publicam se o Ministrio Pblico no oferece a denncia no prazo legal. Portanto cabe neste caso, a ao penal privada subsidiria ao pblica. Ela ser exercida por meio de sua petio inicial, a queixacrime. 2. Competncia. O juzo de uma das varas da Comarca. 3. Tipo penal: Roubo, tipificado no artigo 157, 2, I, do Cdigo Penal. 4. Pedido: A condenao do agente do roubo.

PEA

26 Excelentssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da ___ Vara Criminal da Comarca de _____

Inqurito policial n ___

Maria da Luz, (qualificao completa), vem, respeitosamente, presena de Vossa Excelncia, por meio de seu advogado infra assinado, para propor , nos termos do artigo 41, do Cdigo do Processo Penal e do artigo 100, 3, do Cdigo Penal a seguinte

Queixa-crime
Em face de Joo da Paz (qualificao completa) pelos motivos a seguir expostos. 1. Do inqurito policial referido resulta robusta prova de materialidade e autoria de crime de roubo previsto no artigo 157, 2, I que comporta Ao Penal Pblica Incondicionada. Formalizado o inqurito, os autos foram remetidos ao Poder Judicirio e encontram-se com o Ministrio Pblico h mais de 30 dias, sem qualquer manifestao do mesmo quanto denncia, a despeito do prazo de quinze dias fixado pelo artigo 46 do Cdigo de Processo Penal para essa providncia. Diante de sua inrcia autoriza o artigo 100, 3, do Cdigo Penal a ao penal de iniciativa privada de forma subsidiria ao penal pblica, nos casos de ao pblica, como o do caso presente. 2. Em 1 de janeiro de 2002, por volta das 12 horas, na esquina das ruas Maria Paula e Genebra, a querelante teve seu relgio subtrado pelo querelado, que se valeu de violncia e grave ameaa, usando de uma faca. O inqurito policial constatou provas robustas de materialidade e autoria do crime, encaminhando os autos ao Judicirio. 3. A conduta do querelado enquadra-se perfeitamente no artigo 157, 2, I, do Cdigo Penal, que tipifica o crime de roubo, com clusula especial de aumento de pena. 4. Diante do que foi exposto, requer a Vossa Excelncia o recebimento da presente queixa-crime, subsidiria de ao penal pblica incondicionada cabvel, nos termos do artigo 100, 3, do Cdigo Penal, combinado com o artigo 46, do Cdigo de Processo Penal, com a competente citao do querelado, para que, querendo ele, defenda-se nos autos, com base no

27 artigo 394 e seguintes do Cdigo de Processo Penal e, ao final, conden-lo pelo crime de roubo tipificado no artigo 157, 2, I, do Cdigo Penal. 5. Arrolam-se as testemunhas abaixo, j ouvidas na fase do inqurito policial, ou seja: a. _________________, qualificada s folhas ____ do inqurito policial; b. _________________, qualificada s folhas ____ do inqurito policial. c. _________________, qualificada s folhas ____ do inqurito policial.

Nestes termos, Pede deferimento Local e data ____________________________________________ Advogado OAB n _____

28 10.04.2008 Caso 1 Armando Soares, brasileiro, casado, funcionrio pblico federal, residente na rua Aquiles Bastos, 43, em Montes Claros (MG), local onde tem sede o rgo pblico em que trabalha, foi agredido em sua honra por Mrio da Silva, brasileiro, solteiro, funcionrio pblico federal, residente na rua Viriato Gomes, 69, em Montes Claros (MG), No dia 11.05.2005, durante em reunio da repartio pblica onde ambos trabalham, na presena de Maria da Conceio, Nestor Alvarenga e Renato Antunes, Mrio teceu os seguintes comentrios: o Armando corrupto, vocs sabiam? Eu tenho documentos que comprovam. bom que todos saibam que ele corrupto, bandido, laranja, testa de ferro que no dono nem do patrimnio que tem, pois no tem caixa para tal. No possvel que um corrupto como ele seja diretor de rgo Pblico Federal. Constitudo como advogado de Armando Soares, elabora a petio apta a iniciar a ao penal. (2 etapa Prova prtico profissional) Consideraes iniciais: O caso fala em petio inicial. Portanto deve ser denncia ou queixa. O caso da alada da Justia Federal, por se tratar de funcionrio pblico federal. Deve ser um dos trs casos de crime contra a honra dos artigos 138/140, do CP. O caso fala em fato que constitui crime: peculato logo se refere calnia (art 138). Mas tambm h imputao de qualidade negativas Armando, o que configura crime de injria previsto no art 140. Portanto, temos caso de injria e de calnia, esta com clusula de aumento de pena prevista no art 141, II, III.

PEA

Excelentssimo Senhor Doutor Juiz Federal da ___ Vara Criminal da Justia Federal do Estado de Minas Gerais.

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Mrio Soares, brasileiro, casado, funcionrio pblico federal, residente na rua Aquiles Bastos, 43, em Montes Claros (MG), portador da Cdula de Identidade RG n ........ e inscrito no Cadastro Geral dos Contribuintes sob o CPF n ............ . vem presena de Vossa Excelncia, respeitosamente, por meio de seu advogado infra-assinado, para propor, com base no art 41 do Cdigo de Processo Penal e conforme autoriza a Smula n 714, do Supremo Tribunal Federal, a seguinte Queixa Crime Em face de Mrio da Silva, brasileiro, solteiro, funcionrio pblico federal, portador da Cdula de Identidade RG n........... , inscrito no Cadastro Geral dos Contribuintes sob o CPF n........., residente na rua Viriato Gomes, 69, em Montes Claros (MG), pelos motivos a seguir descritos: 1. Em 11,05,2005, durante reunio na repartio pblica onde ambos trabalham e em presena de Maria da Conceio, Nestor Alvarenga e Renato Antunes, o querelado fez vrios comentrios sobre o querelante, tachando-o de corrupto, bandido, laranja, testa de ferro e que no o verdadeiro dono do patrimnio que tem, por no ter caixa para tanto. Disse mais ser inadmissvel que ele seja diretor de um rgo pblico federal. 2. Desses comentrios concluem-se o enquadramento de parte deles no art 138 do Cdigo Penal, ou seja, constitui rime de calnia, quando diz que ele no dono de seu patrimnio por falta de recursos para tanto, o que coloca o querelante como tendo supostamente cometido o crime de peculato tipificado no art 312 do Cdigo Penal Peculato. 3. O restante dos comentrios feitos pelo querelado se refere a qualidades negativas ao querelante, enquadrando-se, portanto, tais comentrios no art 140 do Cdigo Penal, ou seja, constituem tais comentrios crime de injria.

4. Como se no bastassem atitudes do querelado acima mencionados, os comentrios foram proferidos em presena dos colegas de trabalho de ambos, mencionados no item 1, com o intuito claro de ofender a honra do querelante,

30 5. Depreende-se facilmente de tudo o que foi relatado, que as atitudes do querelado se enquadram perfeitamente nos artigos 138 e 140 do Cdigo Penal, combinados com o artigo 141, incisos II e III injria e calnia -, do mesmo cdigo, por ter sido tais crimes cometidos contra funcionrio pblico em razo de suas funes e na presena de vrias pessoas. 6. Diante do que foi exposto, requer a Vossa Excelncia o recebimento da presente queixa-crime, determinando a citao do querelado para que, querendo, venha defender-se nos autos, tudo com base nos artigos 519 e seguintes e 394 e seguintes, ambos do Cdigo de Processo Penal, para, ao final, conden-lo pelos crimes de calnia e injria descritos nos artigos 138 e 140, combinados com o com o artigo 141, II, III, todos do Cdigo Penal. 7. Arrolam-se, como testemunhas, as descritas a seguir: a. Maria da Conceio (qualificao completa) b. Nestor Alvarenga (qualificao completa). c. Renato Antunes (qualificao completa). Nestes termos, Pede deferimento. Montes Claros, (data) ______________________ Advogado OAB n ...

Caso 2 Antonio Srgio, brasileiro, casado, economista, residente na rua das Accias, n 847, Bairro Pampulha, Belo Horizonte, administrador da empresa Euro-Dolar S/A, instituio

31 financeira sediada na rua Baro de Cocais, n 26, Betim, Minas Gerais, foi autuado em flagrante como incurso nas sanes do art 4, da Lei n 7492/86. o respectivo auto de priso est corrente lavrado, com observncia de todas as formalidades legais. Antonio primrio, de bons antecedentes, casado, pai de 2 filhos menores. Considerando que voc foi constitudo, tendo inclusive acompanhado a autuao na delegacia competente, elabore a petio visando obter a liberdade de seu constituinte, com o devido e completo encaminhamento e os dispositivos legais aplicveis espcie. Observaes do professor: Art 4 - Gerir fraudulentamente instituio financeira. Pena: recluso de 3 a 12 anos e multa. Pargrafo nico Se a gesto temerria: Pena: recluso de 2 a 8 anos e multa Comentrios preliminares A liberdade, no geral, pode ser pleiteado de 3 maneiras: Relaxamento da priso, Liberdade Provisria e Habeas Corpus. Relaxamento da priso no cabe porque o auto de priso em flagrante estava correto. Habeas Corpus s caberia se o pedido de liberdade provisria houvesse sido negado. Resta, pois pedir a Pedido de Liberdade Provisria, que a pea que se vai elaborar. Juiz competente: o do local do crime.

PEA

Excelentssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da ___ Vara Criminal da Comarca de Betim (MG)

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Referncia: Auto de Priso em Flagrante n ___

Antonio Srgio, brasileiro, casado, economista, residente e domiciliado na rua das Accias, n 847, Bairro Pampulha, Belo Horizonte, portador da cdula de identidade RG n _________ , inscrito no Cadastro Geral dos Contribuintes, sob CPF n ______, vem, respeitosamente presena de Vossa Excelncia, por meio de seu advogado abaixo assinado para, com base no art 310, pargrafo nico, do Cdigo do Processo Penal, pedir a LIBERDADE PROVISRIA sem fiana, com base no art 323, inciso I, do Cdigo de Processo Penal, pelos motivos a seguir descritos: 1. O requerente foi autuado em flagrante como incurso nas sanes do art 4 da Lei n 7492/98, ou seja, acusado de gerir fraudulentamente a instituio financeira Euro Dlar S/A, sediada na rua Baro de Cocais, 26, em Betim (MG). 2. I respectivo auto de priso em flagrante est corretamente lavrado, quanto s formalidades legais. 3. O requerente atende os pressupostos necessrios concesso do benefcio solicitado, quais sejam: a. b. c. d. Primariedade (certido de antecedentes criminais, Doc 1); Bons antecedentes (Declaraes, Doc 2/6); Emprego lcito (cpia d CTPS Doc 7); Residncia fixa (contas telefnicas - Doc 8/9).

4. Cumpre-lhe ressaltar, ainda, que no esto presentes no caso os requisitos para a decretao da priso preventiva do requerente, conforme disposto no art 312 do Cdigo de Processo Penal. 5. (Jurisprudncia) 6. (doutrina)

33 7. Assim, conclui-se que a concesso da liberdade provisria solicitada constitui direito subjetivo do requerente. 8. Diante do exposto, requer a Vossa Excelncia a sua liberdade provisria, sem pagamento de fiana com base no art 323, I, do Cdigo do Processo Penal, uma vez que esto presentes todos os requisitos necessrios para o deferimento do pedido, com base no art 5, LXVI, da Constituio Federal e art 310, pargrafo nico, do Cdigo de Processo Penal. Requer, ainda, uma vez deferido o presente pedido, a expedio do competente alvar de soltura.

Nestes termos, Pede deferimento Betim, ____________ ___________________________ Advogado OAB

17.04.2008 Procedimento Ordinrio (CPP, artigos 394/405 e 498/502) Esse procedimento comea e termina no juiz singular.

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O procedimento ordinrio sucede ao Inqurito Policial e se desenvolve em fases sucessivas: 1 fase: Oferecimento da denncia / queixa em 5 dias (indiciado preso) ou em 15 dias (indiciado solto). Feita pelo Ministrio Pblico (ou advogado do ofendido). 2 fase: Recebimento da denncia / queixa (rejeio da pea). (pelo juiz) Como se dar a aceitao? No processo civil, o juiz determinaria a citao do ru para a contestao. Como no direito penal no h contestao, o ru citado para o seu interrogatrio. 3 fase: citao do ru quando j se marca dia, local e hora para a citao. 4 fase: Interrogatrio: (art 185, do CPP). O interrogatrio se inicia sempre perguntando o juiz se o ru tem defensor. O ru pode, ento, mencionar o nome de seu advogado que equivale procurao (procurao apud acta). Pergunta a seguir se o ru j se entrevistou com o seu defensor. Se a resposta for negativa, disponibilizar tempo para essa entrevista. Depois ocorre a qualificao, geralmente feita pelo escrivo. A seguir, o interrogatrio propriamente dito, disciplinado no art 186, do CPP. 5 fase: Alegaes escritas (Defesa Prvia) prazo de 3 dias do interrogatrio. Art 395, CPP. A orientao de ordem prtica que a defesa no exponha nesta fase as teses que pretende usar, deixando isso para as alegaes finais. O importante nesta fase o arrolamento das testemunhas, sob pena de precluso desse direito. 6 fase: Audincia para oitiva das testemunhas de acusao. 7 fase: Audincia para oitiva das testemunhas de defesa. Cada parte do processo penal tem direito a que sejam ouvidas at 8 testemunhas. O juiz no pode, de oficio, deixar de ouvir qualquer das testemunhas arrolado, sem o consentimento da partem sob risco de nulidade do processo. 8 fase: Novas Diligncias. (CPP, art 499) em 24 horas. Nesta fase, podem ser ouvidas testemunhas que apareceram no processo depois do momento prprio para cada partes arrolar testemunhas, ou seja, depois da denncia, para o Ministrio Pblico, ou depois da fase da Defesa Prvia, para a defesa. 9 parte: Alegaes finais: (art 501, CPP) prazo de 3 dias, que correro em cartrio. Esta fase obrigatria para validade do processo. Para a defesa e para a acusao as alegaes finais representam parte importantssima. Nela so tratados os problemas de nulidade relativa (em preliminar).

35 Como a prova documental pode ser produzida a qualquer tempo, no aconselhvel defesa faz-lo nesta fase, porque isso tiraria dela a primazia de falar por ltimo no processo. 10 parte: Sentena sentena de mrito (ou definitiva) que encerra o processo e a lide e recorrvel. 15.05.2008 Reviso Procedimento ordinrio (CPP, artigos 394/405 e 498/502) Esse procedimento comea e termina no juiz singular. Ele se aplica nos casos dos crimes punidos com de recluso, salvo quando houver procedimento especial, como o caso do jri ou dos crimes cuja pena mxima seja inferior ou igual a dois anos (Lei 9099/95) So as seguintes as fases do procedimento ordinrio: 1. Notitia criminis, que gera o Inqurito Policial 2. Relatrio, que encerra o IP, sendo remetido ao Judicirio. 3. Denncia feita pelo MP. 4. Recebimento da Denncia. 5. Citao e intimao para interrogatrio. 6. Interrogatrio 7. Defesa prvia (a defesa faz o arrolamento de testemunhas). 8. Testemunhas de acusao 9. Testemunhas de defesa 10. CPP, art 499. 11. Alegaes finais, art 500, do CPP (prazo de 3 dias para MP e 3 para defesa). 12. Sentena 13. Apelao Obs: com a oitiva das testemunhas, termina a fase da instruo do processo. Procedimento do jri 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. Notitia criminis, que gera o Inqurito Policial. Relatrio, que encerra o IP, sendo remetido ao Judicirio. Denncia feita pelo MP. Recebimento da Denncia. Citao e intimao para interrogatrio Interrogatrio Defesa prvia

Neste ponto, o processo pode prosseguir de duas maneiras: 1 fase: primeira forma de seqncia do processo: 8. Testemunhas de acusao

36 9. Testemunhas de defesa 10. Alegaes finais prazo de 5 dias (art 406, do CPP). Ante o recebimento da denncia, o juiz pode resolver pela: a) Pronncia quando o juiz v indcios de autoria e de materialidade do crime. b) Impronuncia quando faltar uma dessas duas condies. c) Desclassificao O juiz no v o crime enquadrado como foi, desclassificando e o reclassifica, remetendo-o ao juiz competente (que pode ser ele mesmo, conforme o caso, via cartrio). d) Absolvio sumria quando o juiz encontra uma excludente da criminalidade. 2 fase segunda maneira de seqncia do processo: 8 Pronuncia 9 Libelo acusatrio 10 Contrariedade ao libelo-crime acusatrio (pea equivalente defesa prvia). 11 Julgamento em plenrio Obs: Neste caso, o juiz no entra no mrito do caso, deixando-o para os jurados. Exerccio Elaborar uma pea. Caso: JOO foi preso em flagrante e denunciado por ter supostamente praticado o delito de roubo, descrito no art 157, do Cdigo Penal. Consta dos autos que o ru teria se valido de uma trombada leve para desviar a ateno da vtima, Maria, subtraindo sua pulseira, avaliada em R$ 1.000,00. O ru confessou a subtrao e as testemunhas confirmaram que o ru teria esbarrado na vtima e retirado de seu pulso o objeto, saindo correndo na seqncia. Encerrado a instruo do processo, o MP pleiteou a condenao nos termos da denncia. Como advogado do ru apresente a pea cabvel. Estudo preliminar: A expresso encerrado a instruo do processo sugere a fase das alegaes finais. Quando ao mrito, a defesa pode solicitar, em sua pea, o seguinte: a) Absolvio do ru. b) Desclassificao do crime (classificando o caso em crime de menor pena). c) Benefcios ao ru, como: 1) Fixao da pena mnima 2) Substituio da pena (art 44, do CP) 3) Regime menos gravoso. In casu, a absolvio impossvel, porque o ru confessou o delito e h testemunhas confirmando o mesmo e a autoria. Fica a opo pela desclassificao do crime para furto ou pedir regime menos gravoso. Existem elementos para pedir o enquadramento em furto simples, o que melhor que o regime menos gravoso. Ento, vamos pea alegaes finais, com a deciso de pedir a desclassificao do delito para furto, pedindo tambm o benefcio da substituio da pena, conforme permite o art 44, do CP.

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Roteiro para a pea: 1) 2) 3) 4) 5) 6) 7) 8) 9) Endereamento N do processo Nome da parte Nome da pea Fundamentao legal Fatos Fundamentos jurdicos (jurisprudncia). Concluso Pedido.

PEA

38 Excelentssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da ___ Vara Criminal do Comarca de _______, Estado de _________.

Ref: Processo n _____

JOO, j qualificado nos autos da ao penal que lhe move a Justia Pblica, por seu advogado que esta subscreve, vem elevada presena de Vossa Excelncia, nos termos do artigo 500 do Cdigo de Processo Penal, apresentar as ALEGAES FINAIS Pelos motivos relacionados a seguir: 1. Consta dos autos que o ru teria subtrado da vtima uma pulseira do valor de R$ 1.000,00 (hum mil reais) e, por isso, vem sendo acusado do crime de roubo, descrito no artigo 157, do Cdigo Penal. 2. Acontece que para a ocorrncia do delito que vem sendo apurado nos autos, necessrio se faz que o agente se utilize grave ameaa ou de violncia pessoa da vtima, o que no ocorreu no caso em questo, visto que a trombada no caracterizada como violncia no crime de roubo. 3. Cabe, ainda, ressaltar que a confisso do ru se limitou subtrao, porm no existe nenhuma prova capaz de ensejar a utilizao de violncia na conduta do ag ente, o que conduz a situao ao delito de furto, descrito no artigo 155, do Cdigo Penal. 4. Nesse sentido manifesta-se a jurisprudncia que a violncia foi s contra a coisa e a vtima foi atingida sem inteno sem inteno, apenas por repercusso, h s furto (RT, 608/352); se s atrapalha a vtima, sem violncia, furto (RT 574/376), a melhor interpretao, luz do CP, considerar a trombada, quando ela s serviu para desviar a ateno da vtima, como furto (RT 83/414). 5. Assim sendo, conclui-se que o ru no praticou o delito de roubo, mas sim o crime de furto, descrito no artigo 155, do Cdigo Penal.

39 6. Em face de tudo que se exps, requer a desclassificao da conduta do ru de crime de roubo para crime de furto, uma vez que ele no utilizou violncia ou de grave ameaa na conduta delituosa. 7. Em sendo desclassificado o delito apontado o ru requer, tambm, a fixao da pena mnima legal (uma vez que ocorreu a confisso e os demais elementos no conduzem a outra punio, seno a mnima) e, aps, sua substituio por uma restritiva de direito, tudo nos termos do artigo 44, do Cdigo Penal. Nestes termos, Pede deferimento. Local e data, Advogado OAB ____ 29.05.2008 CASO: Joo da Silva foi preso em flagrante delito, pois no dia 10 de janeiro do corrente ano, por volta das 10:00 horas, fazendo uso de uma arma de fogo, tentou efetuar disparos contra seu vizinho, Antonio Miranda. Foi denunciado pelo representante do Ministrio Pblico como incurso nas sanes do art 121, caput, c.c. o artigo 14, inciso II, ambos do Cdigo Penal, porque teria agido com animus necandi. Segundo o apurado na instruo criminal, uma semana antes dos fatos, o acusado, planejando matar Antonio, pediu emprestada a um colega de trabalho uma arma de fogo e quantidade de balas suficiente para abastec-la completamente, guardando-a eficazmente municiada. Seu filho, a quem confidenciara seu plano, sem que o acusado percebesse, retirou todas as balas do tambor do revlver. No dia seguinte, conforme esperava, Joo encontrou Antonio em um ponto de nibus e, sacando da arma, acionou o gatilho diversas vezes, no atingindo a vtima, em face de ter sido a arma desmuniciada anteriormente. Dos autos consta o laudo pericial da arma apreendida, a confisso do acusado e as declaraes da vtima e do filho do acusado. Por ser primrio, o Juiz de primeiro grau concedeu ao acusado o direito de defender-se solto. As alegaes finais da acusao foram oferecidas pelo representante do Ministrio Pblico, requerendo a condenao do acusado nos exatos termos da denncia. Questo: Como advogado de Joo da Silva, elabore a pea profissional pertinente. Estudo da questo: O art 17, do CP, trata do crime impossvel quando existe ineficcia absoluta do meio ou impropriedade do objeto. Nesta fase o juiz pode adotar quatro tipos de deciso, que orientam as alegaes finais da defesa, previstas nos artigos 408 a 411, do Cdigo Penal,: Absolvio sumria. Desclassificao do crime Impronncia do ru.

40 Pronncia do ru. Tese: a tese a ser adotada a de crime impossvel pela absoluta ineficcia do meio. Assim, no cabe pedir a absolvio sumria, pois isto pressuporia a existncia de crime, o que contrariaria a tese. Muito menos cabe a desclassificao do crime para outro. Ento vai pedir a impronncia do ru, ou seja, a improcedncia da denncia feita pelo MP. A pea ser, portanto, Alegaes Finais com pedido de impronncia do ru.

PEA
Excelentssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da Egrgia Vara do Jri da Comarca de ____________

Ref. Processo n _____ Joo da Silva, j qualificado nos autos da Ao Penal que lhe move a Justia Pblica, por seu advogado que esta subscreve, vem presena de Vossa Excelncia apresentar as Alegaes Finais com base no art 406, do Cdigo de Processo Penal, pelos motivos abaixo: 1. Conforme consta dos autos, o ru vem sendo acusado da prtica de tentativa de homicdio por ter disparado na suposta vtima. 2. Acontece que a arma utilizada pelo ru para a suposta infrao penal estava desmuniciada, descarregada que fora pelo seu filho, na noite anterior conduta apurada nos autos, uma vez que o seu filho retirara todas as balas do tambor do revlver. 3. Assim sendo, pela ineficcia absoluta do meio utilizado pelo ru (revlver demuniciado), o mesmo era absolutamente ineficaz para a consumao do delito de homicdio, fazendo com que estejamos diante de crime impossvel, conforme descrito no artigo 17, do Cdigo Penal, in verbis: no se pune tentativa quando, por ineficcia absoluta do meio ou por absoluta impropriedade do objeto, impossvel consumar-se o crime. 4. Nos ensina o doutrinador Celso Delmanto, em sua obra Cdigo Penal Comentado este artigo 17 trata do crime impossvel, tambm chamado quase crime ou tentativa impossvel. Inidnea ou inadequada. Diz o

41 dispositivo ser impossvel a tentativa nas duas hipteses que aponta: 1ineficcia absoluta do meio; ou 2- impropriedade absoluta do objeto, que torna impossvel a consumao do crime. (pg. 28, 5 edio, ano 2000, edita Renovar). 5. No mesmo sentido segue a jurisprudncia abaixo: A tentativa de homicdio com revlver descarregado. ou cujas cpsulas j estavam deflagradas, crime impossvel (RT, 57/239). 6. Sepultando o assunto, o meio absolutamente incapaz quando totalmente inadequado ou idneo para alcanar o resultado criminoso. Exemplo: o revlver sem munio absolutamente inidneo para matar algum a tiro (Obra cit. pg 28). 7. Diante do exposto requer a Vossa Excelncia a impronncia do ru, conforme dispe o art 409, do Cdigo de Processo Penal, porque j sobejamente demonstrada a absoluta ineficcia do meio utilizado para a prtica do delito que vem sendo apurado nos autos, levando-nos ao reconhecimento da atipicidade da conduta do ru. Nestes termos, Pede deferimento Local e data Advogado OAB_________

42 PRTICA DE PROCESSO PENAL 5ano Professor Marcelo PRTICA DE PENAL Professor Marcelo. 02.02.2009 Critrios para avaliao do examinador da OAB: 1. Adequao da pea ao problema apresentado. (Consiste na determinao da pea apropriada questo). 2. Raciocnio jurdico. (deve transparecer na pea do candidato que ele tem, de fato, raciocnio jurdico). 3. Fundamentao e sua consistncia. 4. Capacidade de interpretao e exposio. 5. Correo gramatical. 6. Tcnica profissional (esttica da pea). Roteiro para interpretao de um problema 1. Momento (da situao problema). Nesse sentido, existem trs fases a considerar. 1 fase: a fase do inqurito policial, que vai at a apresentao da denncia ou da petio inicial. Esta fase presidida pelo Delegado de Polcia. 2 fase: a fase judicial. Comea com a denncia (pelo MP) ou pela petio inicial (pelo advogado da parte, no caso de ao privada incondicionada) e termina com o trnsito em julgado da sentena. Esta fase presidida pelo juiz singular ou pelo desembargador do Tribunal. 3 fase: a fase da execuo da sentena, quando condenatria. Fase presidida pelo juiz da execuo. Assim, conforme a situao do processo em relao a essas fases, haver endereamento e pea adequada a cada uma. A conjuno das trs fases recebe o nome de persecuo penal. Tese a determinao da linha de defesa do cliente. Como exemplo, tem-se a falta de justa causa para o processo. Pea Endereamento Depende do momento do processo. Pedido o pedido sempre relacionado com a tese.

2. 3. 4. 5.

Exerccio em classe: Caso: O cidado A, em So Paulo, Capital, comprou do comerciante B um sof no valor de R$ 3.000,00. A compra foi efetuada no dia 10 de maro de 2008, sendo que o comprador pediu ao comerciante que apenas apresentasse o cheque no dia 30 do mesmo ms. O pedido foi aceito e ficou consignado no verso da crtula. Porm o acordo no foi cumprido e o referido cheque voltou sem fundos, tanto na primeira vez em que foi apresentado quanto na posterior. Por causa desses fatos, o cidado A foi denunciado e processado, pelo art 171,

43 2, inciso VI, do Cdigo Penal e restou condenado pena de 1 ano e 8 meses de recluso, com sursis. O ru recusou a suspenso do processo, prevista no art 89, da Lei 9099/95, no momento procedimental oportuno. A respeitvel sentena foi prolatada hoje. Questo: produzir a pea adequada espcie, em favor de A, perante o rgo Judicirio competente. Resoluo: 1. O processo acha-se na fase judicial, exatamente na da sentena condenatria. 2. A tese a ser defendida a da falta de justa causa para o ajuizamento da ao. Tratase de cheque pr-datado, o que conforme Smula 246, do STF, no configura cheque. Alm do mais o procedimento de A no foi doloso, pois havia um acordo com o vendedor quanto apresentao do cheque. E o crime previsto no art 171, do CP tem que ser doloso, pois o artigo no prev crime culposo para o caso. A conduta de A no se enquadra no artigo mencionado. INEXISTE TIPICIDADE. Portanto, no h crime. 3. A pea deve ser apelao. 4. Ser endereada ao juiz da causa quanto inteno do ru de recorrer e justificada ao Tribunal. 5. Como no h crime, ser pedida a absolvio do ru. 09.02.2009 PRINCIPAIS PEAS Vamos fazer este estudo segundo o roteiro estabelecido acima. I - MOMENTO DO PROCESSO A Antes da Ao Penal Peas para a defesa: 1. Relaxamento da priso em flagrante prevista no art 5, LXV, da CF e art 307/310,CPP. Esta pea dever ser endereada ao juiz. Ela s poder ser utilizada ocorrendo qualquer irregularidade no auto de priso. Importante considerar que no de diz anulao do auto de priso em flagrante. Diz-se relaxamento do auto de priso em flagrante. 2. Liberdade provisria previso: art LXVI da CR e art 321/350, do CPP. Quando o auto de priso em flagrante estiver correto pode ser pedida a liberdade provisria ao juiz em caso de crime que implique em recluso ou ao delegado de polcia quando o crime implicar em deteno. 3. Pedido de instaurao de incidente de insanidade mental - previso legal: art 149 do CPP. Endereamento: ao delegado de polcia. 4. Pedido de restituio de coisas apreendidas previso legal: art 118/120, do CPP. Pea a ser endereada ao delegado de polcia.

44 5. Requerimento ao Delegado previso legal: art 5, XXXIV, a, da CF e art 14, do CPP. o direito de petio da pessoa. Peas para a acusao 1. Requerimento de Instaurao de Inqurito Policial previso legal: art 5, 5, do CPP. Pea endereada ao delegado de polcia. 2. Representao (da vtima) previso legal: art 5, 4, do CPP. Pea endereada ao delegado de polcia. 3. Queixa-crime previso legal: art 30, do CPP e art 29, do CPP, no caso de ao privada subsidiria da pblica, Esta pea ser endereada ao juiz. 4. Pedido de Restituio de Coisas Apreendidas previso legal: art 118/120, do CPP. Endereada ao delegado de polcia. 5. Requerimentos ao Delegado. previso legal: art 5, XXXIV, a, da CF e art 14, do CPP. o direito de petio da pessoa. 6. Pedido e Explicaes em Juzo previso legal: art 144 do CP. Pea endereada ao juiz de direito. 7. Pedido de Sequestro de bens Previso legal: art 125, do CPP. Tem por objetivo solicitar ao juiz que coloque em indisponibilidade um bem imvel, para garantia futura. Endereada, portanto, ao juiz. B Durante a Ao Penal Para mais fcil acompanhamento da sequncia do assunto, conveniente vermos antes a dinmica do procedimento ordinrio atual em comparao com a dinmica anterior s recentes modificaes. Assim: ANTES HOJE Oferecimento da denncia O MP Oferecimento da denncia (testemunhas apresenta o rol de testemunhas (8) 8) Recebimento da denncia, quando o juiz ao Recebimento da denncia deferir o recebimento manda citar o ru para o interrogatrio Citao Citao Interrogatrio Apresentao da defesa em 10 dias, de forma expressa (CPP, art 396-A), quando podem ser apresentadas as preliminares Defesa prvia em 3 dias o momento de O juiz verifica se caso de absolvio oferecer as testemunhas, sob o risco de sumria. Se for, encerra-se o processo. Se precluso (8) no for marca audincia. A absolvio pode ocorrer mas seguintes situaes (art 397): Havendo causa de excluso da ilicitude Havendo causa de excluso da culpabilidade, exceto a inimputabilidade, quando haver

45 sentena absolutria imprpria. Fato atpico A punibilidade est extinta; Audincia para oitiva das testemunhas de Audincia de instruo, debates e acusao julgamento. O juiz ouve as testemunhas de acusao e de Audincia para oitiva das testemunhas de defesa, ocorre o interrogatrio do ru, defesa. debates orais (20 min. para cada parte com Providncias previstas no art 499 prorrogao de 10min). Ou memorial Alegaes finais 3 dias para cada parte. Sentena.* Sentena * O juiz pode acolher pedido para que o debate seja substitudo por memoriais. Peas para a defesa 1. Defesa do art 396-A, do CPP Pea endereada ao juiz e relativa a modificao havida no CPP. Nessa pea poderr ser pedida ao juiz a absolvio sumria do acusado. 2. Memoriais Previso legal: CPP, art 403, 3. Pea que deve ser enderea ao juiz no prazo de 5 dias. 3. Pedido de Restituio de Coisas Apreendidas. previso legal: art 118/120, do CPP. Endereada ao juiz 4. Pedido de Instalao de incidente de insanidade mental. previso legal: art 149 do CPP. Endereamento: ao juiz. 5. Pedido de Desaforamento Previso legal: art 427, CPP. Este pedido dever ser endereado ao Tribunal de Justia. 6. Defesa Preliminar Previso legal: art 514, CPP e Lei 11.343/06 Lei dos Entorpecentes. Pea endereada ao juiz. Pea para a acusao 1. Pedido de Habilitao como Assistente de Acusao Previso legal: CPP, art 268. Pea a ser endereada ao juiz. Esse assistente funciona com vistas a garantir possvel futura indenizao vtima. 2. Pedido de sequesto Previso legal: art 125/134 do CPP. Pea endereada tambm ao juiz. 3. Pedido de Restituio de Coisas Apreendidas Previso legal art 118/120, CPP. Endereada ao juiz. 4. Pedido de Instalao de incidente de insanidade mental. previso legal: art 149 do CPP. Endereamento: ao juiz. 5. Pedido de Instaurao de Incidente de Falsidade Previso: art 145/148. Endereada ao juiz. 6. Pedido de Desaforamento Previso: CPP, art 424 Pea enderea ao Tribunal de Justia.

46 Observao: Todas as peas desta fase sero endereadas ao juiz, exceto os pedidos de desaforamento, que sero endereados ao Tribunal de Justia. C Decises Recorrveis antes do Trnsito em Julgado da Sentena. 1. 2. 3. 4. 5. 6. Apelao. Previso: art 593, do CPP. Recurso de Sentido Estrito RESE. Previso: ar 581, CPP Embargos de Declarao Previso: 382 e 619, do CPP. Embargos Infringentes e de Nulidade. Previso: pargrafo nico do art 609, CPP. Carta Testemunhvel. Previso: CPP, art 639. Correio Parcial ou Reclamao. Previso: Regimento Interno do Tribunal e Lei de Organizao Interno do Estado. 7. R. O. C (Recurso Ordinrio Constitucional). Previso: CF, art 102,II e 103, II. 8. Recurso Especial Previso: CF, art 105, III, 9. Recurso Extraordinrio Previso: CF, art 102, III. 10. Agravo de Instrumento. Previso: art 28, da Lei 8038/90. 11. Agravo Regimental. Previso: Regimento Interno do Tribunal. Observao: das peas listadas neste item, com exceo dos Embargos Infringentes e de Nulidade, que pea exclusiva da defesa, as demais servem tanto defesa como acusao. D Decises Recorrveis Depois do Trnsito em Julgado da Sentena e na Fase de Execuo da Pena. 1. 2. 3. 4. Agravo em Execuo Previso: Lei das Execues Penas LEP, art 197. Ao de Reviso Criminal Previso: CPP, art 621. Pedidos Avulsos Previso: LEP. R. O. C. Por exemplo, recurso contra indeferimento de Habeas Corpus.

Observao: Com exceo da Ao de Reviso Criminal, que uma pea exclusiva da defesa, as demais podem ser da defesa e da acusao. E Qualquer Momento 1. HC Habeas Corpus Previso: art 5, LXVIII, da CF e art 647, do CPP. 2. MS Mandado de Segurana Previso: art 5, LXIX, CF. II - TESE 1) Falta de Justa Causa para a Ao Penal O uso desta tese pode ser alegada quando ocorrer: Fato atpico. A atipicidade do fato pode ocorrer quando faltar um dos elementos do fato tpico. Assim, quando no houver conduta, no houver resultado, no houver nexo causal ou quando no houver tipicidade. Faltando um desses quatro elementos o fato ser atpico e, portanto, no constitui crime.

47 Excludentes de antijuridicidade Ocorrendo uma das causas que exclui a antijuridicidade do fato, ele deixa de ser antijurdico e, como tal, ser atpico. So quatro causas que excluem a condio de antijuridicidade, previstas no art 23 do CP 1. Agir em estado de necessidade. 2. Agir em legtima defesa. 3. Agir em estrito cumprimento do dever legal. 4. Agir no exerccio regular de direito. Excludente de culpabilidade. Em no sendo possvel haver culpa do autor, no h porque haver ao penal. Ento, se estiver presente uma das causas excludentes de culpabilidade, no pode haver a ao penal. So as seguintes essas causas: I - Inimputabilidade II - Inexistncia de potencial de conhecimento da ilicitude III - Inexigibilidade de conduta diversa. Todavia, para usar-se a tese em questo, a inimputabilidade no pode ser considerada, pois ainda que seja inimputvel o autor, o crime ocorre. Apenas ele estar sujeito no a uma pena, mas a uma medida de segurana. Portanto para alicerar a tese em questo s valem as duas ltimas causas excludentes de culpabilidade mencionadas. Falta de provas. Embora o autor no pode ser inocentado, no h provas suficientes para conden-lo. 2) Falta de Justa Causa na Imposio de Pena ou Punio Excessiva. Para esta tese, no se discute a condenao ou absolvio do ru, mas a pena a que ele esteja sujeito. 3) Extino da Punibilidade. Previso legal: CP, art 107, que lista as causas de extino da punibilidade. H, tambm, a possibilidade de suspenso condicional da pena, prevista no art 77 e seguintes, do CP, pelo perodo de 2 a 4 anos, nos casos de execuo de pena privativa de liberdade no superior a 2 anos. Durante o perodo de suspenso perodo de prova (sursis), o condenado fica sujeito a uma srie de obrigaes. Cumprindo todas elas, ao final do perodo de prova o processo ser encerrado, no ensejando qualquer consequncia para o seu autor. Todavia, se ele no cumprir alguma coisa, o benefcio ser suspenso e ele ter que iniciar o cumprimento de sua pena. No perodo de prova no corre prazo prescricional. 4) Nulidade. matria processual, ou seja, relativa ao andamento do processo. A nulidade pode ser absoluta ou relativa. A nulidade absoluta poder ser alegada em qualquer momento do processo, enquanto a nulidade relativa dever ser alegada na primeira oportunidade sob risco de precluso. Na alegao de nulidade deve-se alegar violao de um dos princpios constitucionais. 5) Arbitrariedade ou Abuso de Poder. Situao prpria para emprego do Habeas Corpus. No HC no se cuida de fazer prova, pois esse instrumento j pressupe que tudo j esteja provado. 16.02.2009

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III ENDEREAMENTO O endereamento da pea depender de cada caso. Ser melhor visto quando se entrar na confeco das peas. IV PEDIDO a) O pedido de cada pea ser uma concluso lgica da tese e da pea respectiva. Assim, se a tese for de Falta de Justa Causa para a Ao Penal, logicamente o pedido ser pela absolvio do ru. O assunto se fundamenta no art 386, do CPP. Cada item do artigo traz os casos em que o pedido poder se assentar. O pedido dever trazer especificado o seu motivo. Assim a justificativa poder ser: 386, I Estar provada a inexistncia do fato. 386, II No haver prova da existncia do fato. 386, III No constituir o fato infrao penal. 386, IV Estar provado que o ru no concorreu para a infrao penal. 386, V No existir prova de ter o ru concorrido para a ao penal. 386, VI Existirem circunstncias que excluam o crime ou isentem o ru de pena (artigos 20,21,22,23,26 e 1 do art 28, todos do CP), ou mesmo se houver fundada dvida sobre sua existncia. 386, VII No existir prova suficiente para a condenao. b) Se a tese for de Falta de Justa Causa na Imposio da Pena ou Punio Excessiva, o pedido depender da argumentao para a situao, podendo ser a no imposio de pena, a reduo da pena ou quanto ao regime de cumprimento dela. c) Se a tese for a Extino da Punibilidade, vai se buscar a justificativa do pedido que declarao da extino da punibilidade no art 107, do CP, que apresenta as causas de extino da punibilidade. Evidentemente, neste caso no se trata da questo da materialidade da infrao penal, mas cuida do aspecto da pena relativa mesma. A natureza jurdica da sentena que extingue a punibilidade uma sentena declaratria conforme (art 120, do CP), pede-se na pea a declarao da extino da punibilidade do ru. d) Se a tese for de Nulidade, que diz respeito a falhas processuais, o pedido ser no sentido de anulao do processo a partir do momento em que o vcio ocorreu. A fundamentao para a nulidade est no art 564, do CPP. Existem vrios fundamentos especficos mencionados nos incisos do artigo, atentandose para o inciso IV, que tem sentido genrico. e) Se a tese for de arbitrariedade, a pea mais comum o HC. Sempre que o ru estiver preso se pedir a expedio do respectivo alvar de soltura do mesmo, de concesso de sua liberdade condicional, se as condies o permitirem. A arbitrariedade ocorre sempre que o direito da pessoa desrespeitado. H necessidade de se mostrar, de modo fundamentado, o direito ofendido. A pea especfica, a ser apresentada no prazo de 5 dias o agravo em execuo. Se esse prazo estourar, usa-se o HC.

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EXERCCIOS 1) Exame 106, n 3: A foi processado criminalmente pelo crime de roubo qualificado, na cidade de So Paulo. Seu defensor arrolou na defesa prvia duas testemunhas domiciliadas na cidade e comarca de Jacare (SP). Nem A nem seu defensor foram intimados da expedio de carta precatria para oitiva das testemunhas. Viu-se A, condenado, embora a sentena no tivesse transitado em julgado. Questo: Apresentar o recurso cabvel em favor de A. Vamos analisar o problema segundo o esquema anterior. Assim: Momento A ao est na fase judicial, exatamente no momento de recurso sentena. Tese- nulidade, com fundamento no art 222, do CPP, que determina que as testemunhas residentes fora da comarca sero inquiridas pelo juiz da comarca de sua residncia, cumprindo carta precatria, e as partes sero intimadas. Anulao absoluta com base na CF, art 5, LV, por contrariar o direito de ampla defesa do ru. Pea apelao, conforme art 593, do CPP. Pedido Anulao do processo a partir da data da ocorrncia do vcio, fundamentado no CPP, art 564, IV. Endereamento: em duas peties, sendo a de interposio do recurso ao juiz da causa e a de justificativas do recurso ao TJ. 2) Exame 108, n 1: Aurlio, em sede de inqurito policial, reservou-se o direito de ficar calado. Na fase judicial, foi condenado como incurso no art 157, , incisos I e II, c.c. o art 14, inciso II, do CP, s penas de um ano, 9 meses e 10 dias de recluso e quatro dias-multa. Embora frgeis as provas produzidas, o MM Juzo da 15 Vara Criminal Central da Comarca da Capital fundamentou a deciso na presuno de culpa, pelo silncio de Aurlio na fase policial. A sentena foi publicada h cinco dias. Questo: Como advogado de Aurlio, adote a medida judicial cabvel, justificando-a. Momento: fase judicial prazo para recurso sentena. Tese Arbitrariedade, com fundamento no CPP, art 186, pargrafo nico e CF, art 5, LXIII, ou Falta de Justa causa para a ao penal, com fundamento no art. 386, V. (falta de prova de ter o ru concorrido para a infrao penal). Pea : Apelao Endereamento: como no exerccio anterior. Nota: Como se viu, so possveis duas teses, ambas levando absolvio do ru. A melhor a falta de justa causa para a ao penal. A de arbitrariedade pode ser usada no curso da justificativa, corroborando a tese de falta de justa causa. Pedido: absolvio do ru, com base no art 386,V, ou VII. 3) Exame 109, n 3: Policiais Militares, em razo de denncia de trfico de entorpecentes, efetuaram diligncia na residncia de A, encontrando em determinado armrio apenas uma cdula de identidade falsa, com a foto de A. Em razo desse fato, A foi denunciado por uso de documento falso. A sempre negou a prtica delituosa. Responde o processo em liberdade, sendo certo que a instruo j foi concluda e, em alegaes finais, o MP postulou a procedncia da ao e a condenao de A como incurso nas penas do art 304, do CP. A ao penal tem

50 curso perante a 12 Vara Criminal da Capital. Questo: Como advogado de A, elabora a pela processual pertinente. Momento: fase judicial (audincia de instruo, debates e julgamento). Tese: Falta de justa causa para a ao penal. Fato atpico, Art 304, CP. Endereamento: Juiz da 12 Vara Criminal da Capital. Pea: fase de apresentao de memorais, em substituio ao debate oral. Fundamento, CPP, art 403, 3. Pedido: Absolvio do ru. Fundamento do pedido: CPP, art 386, III (atipicidade), uma vez que a conduta do agente no se encaixa no tipo penal do art 304. 4) Exame 111, n 2: Em festiva reunio realizada por empresrios na Comarca de Bauru, Ulpiano, engenheiro civil com residncia e domiclio em So Paulo, Capital, teria ofendido a dignidade e a honra de Modestino eis que, jocosamente, relatava aos presentes, as relaes homossexuais por este praticadas. Por tais fatos, Modestino, por advogado, ajuizou no Foro Central de So Paulo, queixa-crime contra Ulpiano, por infrao aos artigos 139, 140 e 141, inciso III, todos do CP. A ao foi distribuda 1 Vara Criminal, porm o Magistrado rejeitou a inicial, deduzindo na deciso, ser incompetente para processar e julgar o feito ocorrido na Comarca de Bauru, fundamentando-se nos artigos 6 do CP e 70, caput, do CP. O desidum judicial foi publicado h dois dias. Questo: Como advogado de Modestino, acione a providncia judicial pertinente. Momento: Fase judicial (incio da ao). Tese: Arbitrariedade. Fundamento, art 73, do CP. O Magistrado desrespeitou direito do autor. Pea: RESE (Recurso de Sentido Estrito), art 581, II, do CPP. Pedido: Pedir ao Tribunal que determine que a petio inicial seja recebida para que a ao tenha prosseguimento. Endereamento: Petio ao juiz da causa em 5 dias e ao Tribunal expondo as razes em 2 dias. 02.03.2009 DEFESA 1. Fundamento: CPP. Art 396-A o acusado ser intimado para apresentar sua defesa em 10 dias. 2. Cabimento: a defesa cabvel se o acusado foi citado (em 10 dias). Se estourar esse prazo no cabe mais a defesa. 3. Composio: a defesa pode abranger os seguintes aspectos: a) Preliminares excees e nulidade. b) Documentos o acusado pode fazer a juntada de documentos, se for necessrio. c) Especificar as provas que pretende apresentar. d) Arrolar testemunhas. Se ele no o fizer neste momento no poder faz-lo em outro, pois ocorre a precluso desse seu direito. 4. Prazo: 10 dias da citao. Diferentemente da rea cvel, esse prazo contado no da juntada da citao nos autos, mas da data em que o acusado efetivamente citado.

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Observao: Princpio da eventualidade: quando se alega algo condicionado no aceitao de outra alegao. Pea: Exame 113, n 3, com adaptaes: Caso: O cidado A, em So Paulo, Capital, comprou do comerciante B um sof no valor de R$ 3.000,00. A compra foi efetuada no dia 10 de maro de 2008, sendo que o comprador pediu ao comerciante que apenas apresentasse o cheque no dia 30 do mesmo ms, o que foi presenciado por Antonio de Souza, brasileiro, casado, professor, residente e domiciliado na rua das Flores, 100, em So Paulo, Capital e por Mrio da Silva, brasileiro, casado, comerciante, residente e domiciliado na rua XV de Novembro, 81, em So Paulo, Capital. O pedido foi aceito e ficou consignado no verso da crtula. Porm o acordo no foi cumprido e o referido cheque voltou sem fundos, tanto na primeira vez em que foi apresentado quanto na posterior. Por causa desses fatos, o cidado A foi denunciado e processado, pelo art 171, 2, inciso VI, do Cdigo Penal. Questo: produzir a pea adequada espcie, em favor de A, perante o rgo Judicirio competente. Anlise da situao: 1. Momento: O processo est na fase judicial, pois o ru foi citado h dois dias. 2. Tese: Falta de Justa Causa para a Ao Penal a) Falta do elemento subjetivo dolo direto b) Falta de elemento objetivo - tipicidade, porque o documento em questo no cheque, pois como cheque pr-datado deixa de ser uma ordem de pagamento vista. 3. Pea: Defesa, com fundamento no art 396-A, do CPP e tendo em vista que o ru foi citado h dois dias, ou seja, o processo est na fase de defesa de 10 dias, previsto no artigo mencionado. 4. Endereamento: A pea ser endereada ao juiz da causa (Vara ____); 5. Pedidos: deve ser pedida a absolvio sumria do ru, com base no art 397, III, do CPP. Obs: a questo pressupe trs fundamentaes: 1. Para a pea definida, 2. Para a tese adotada, 3. Para o pedido. Praticamente, a DEFESA ser desenvolvida seguindo-se a seguinte ordem: I. II. III. IV. Fatos Exposio da Tese Argumentao Doutrina e Jurisprudncia.

Vejamos a pea: EXCELENTISSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ____ VARA CRIMINAL DA COMARCA DE ____

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Processo n _____

A, j qualificado nos autos do processo epigrafado, cujo feito tem seus trmites legais por esse Egrgio Juzo, por meio de seu advogado que esta subscreve, conforme mandato anexo (doc 1), vem, respeitosamente Ilustre presena de Vossa Excelncia, nos termos do artigo 396-A, do Cdigo de Processo Penal, apresentar sua DEFESA, pelos fatos e fundamentos a seguir aduzidos: I DA DEFESA Consta dos autos que o acusado comprou do comerciante B um sof de couro no valor de R$ 3.000,00 (trs mil reais), no dia 10 de maro de 2008. Foi pedido por A que o cheque dado em pagamento fosse apresentado somente no dia 30 do mesmo ms e tal pedido foi aceito expressamente pelo comerciante, sendo o acordo, que foi presenciado por duas testemunhas, anotado no verso da crtula. Ocorre que o acordado no foi cumprido pelo comerciante e o cheque voltou sem fundos, motivo pelo qual o acusado est sendo processado pela suposta prtica do delito descrito no artigo 171, 2, VI, do Cdigo Penal. Dos fatos narrados evidencia-se a falta de justa causa para a ao penal, haja vista que o fato atpico. Essa tese se justifica tendo em vista que a prtica do delito em questo exige para sua configurao dolo direto, consistente na vontade livre e consciente de induzir a erro para obteno de vantagem econmica. Todavia, no caso em tela, em momento algum existiu tal animus por parte do acusado, considerando o pacto efetuado com o comerciante. Neste sentido, ensina Mirabete, sobre o dolo: Para a teoria da vontade, age dolosamente quem pratica a ao consciente e voluntariamente. necessrio para sua existncia, portanto, a conscincia da conduta e do resultado e que o agente a pratique voluntariamente [...] o Cdigo Penal Brasileiro adotou a teoria da vontade quanto ao dolo direto (Manual de Direito Penal, 2007. p. 129). Nesse mesmo sentido, a manifestao sumulada do Supremo Tribunal Federal: Comprovado no ter havido fraude, no se configura o crime de emisso de cheque sem fundos. (Smula 246). No bastasse a constatao da inexistncia de dolo do acusado, de se destacar, ainda, a ausncia de um elemento objetivo exigido pelo tipo penal, qual seja a tipicidade, pois o ttulo em questo no constitui cheque para fins penais, pois o item VI, do 2, do artigo 171, do Cdigo Penal, em que o acusado supostamente se enquadra, diz

53 textualmente, que incorre em fraude por meio de cheque aquele que emite cheque sem suficiente proviso de fundos em poder do sacado, ou lhe frustra o pagamento. Ora, o cheque em questo foi dado para pagamento futuro, em decorrncia de acordo entre comprador e vendedor da mercadoria, inclusive anotado no verso do prprio cheque. E nos ensina Nucci, sobre o cheque: o ttulo de crdito tem por caracterstica principal ser uma ordem de pagamento vista. Por isso, quando algum aceita o cheque para ser apresentado futuramente, em data posterior da emisso, est recebendo o ttulo como mera promessa de pagamento (Cdigo Penal Comentado, 2009, p. 794). A propsito, a jurisprudncia tambm tem entendido o cheque pr-datado diferentemente do cheque comum, Assim: A emisso antecipada para apresentao futura, transforma o cheque em mera garantia da dvida. (STF, RTJ 101/124). Como emitido como garantia, no configura o crime do 2, VI, nem do caput do art 171 do CP. (STF, RTJ 110/79). II DAS PROVAS Primeiramente, faz-se necessria a produo de prova documental consistente na apresentao da microfilmagem do cheque em questo. Ainda, faz-se imprescindvel a oitiva das testemunhas cujo rol segue anexo. III DO PEDIDO Por todo exposto, requer a Vossa Excelncia se digne: a) b) c) absolver sumariamente o acusado, diante da atipicidade do fato, nos termos do artigo 397, III, do Cdigo de Processo Penal; caso no seja esse o entendimento de Vossa Excelncia, que seja determinada a expedio de ofcio ao banco sacado para apresentao da microfilmagem do cheque; determinar, em carter de imprescindibilidade, a notificao das testemunhas abaixo arroladas para comparecer em juzo.

Termos em que P. deferimento _____________, _____, de ___________, de ______. Advogado OAB n _______ Rol de Testemunhas: 1. Antonio de Souza, brasileiro, casado, professor, residente e domiciliado na Rua das Flores, n 100, em So Paulo, Capital.

54 2. Mrio da Silva, brasileiro, casado, comerciante, residente e domiciliado na Rua XV de Novembro, n 81, em So Paulo, Capital. EXERCCIO Exame 109, n 3. (adaptado) Caso: Policiais militares, em razo de denuncia sobre trfico de entorpecentes, efetuaram diligncia na residncia de A, encontrando em determinado armrio apenas uma cdula de identidade falsa, com a foto de A, o que foi presenciado por Antonio de Souza, brasileiro, casado, professor, residente e domiciliado na rua das Flores, n 100, em So Paulo, Capital e por Mrio da Silva, brasileiro, casado, comerciante, residente e domiciliado na rua XV de Novembro, n 81, em So Paulo, Capital. Em razo desse fato, A foi denunciado por uso de documento falso. A sempre negou a prtica delituosa. Responde o processo em liberdade, sendo que A foi citado h 5 dias. Questo: Como advogado de A, elabora a pea processual pertinente. Anlise da situao: Momento: fase judicial processo no prazo para apresentao da defesa do acusado. Tese: Falta de justa causa para a ao penal. Justificativa: atipicidade do fato. Endereamento: Ao juiz da causa. Pea: DEFESA. Fundamento, art 396-A, do CPP. Pedido: Absolvio sumria do acusado. Fundamento: art 397, III. Pea:

55 Excelentssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da ____ Vara Criminal da Comarca da Capital.

Processo n ____

A, j qualificado nos autos do processo epgrafe, cujo feito tramita por esse Egrgio Juzo, por intermdio de seu advogado que esta subscreve, mandato incluso (doc 1), vem, respeitosamente, Ilustre presena de Vossa Excelncia, nos termos do artigo 396-A, do Cdigo de Processo Penal, apresentar sua DEFESA, pelos fatos e fundamentos a seguir aduzidos: Consta dos autos que policiais militares, em diligncia na sua residncia para apurar denncia de trfico de entorpecentes, encontraram, em um armrio, uma cdula de identidade falsa, com a fotografia de A, fato esse presenciado por duas testemunhas. Em razo desse fato, A foi denunciado por uso de documento falso, respondendo o processo em liberdade. Pelos fatos narrados, evidencia-se a falta de justa causa para a ao penal, haja vista que o fato atpico. Essa atipicidade ressalta patente quando se verifica que o tipo penal faz meno a fazer uso de qualquer dos papis falsificados ou alterados..., ou seja, prev uma conduta comissiva. Mas o acusado no estava fazendo uso da mencionada cdula de identidade falsa, que foi encontrada em um armrio, na sua residncia. Alis, o tipo penal do artigo 304, do Cdigo Penal, diz, textualmente fazer uso de documento falso ou alterado. A propsito, nos ensina Capez: tipicidade a subsuno, justaposio, enquadramento, amoldamento ou integral correspondncia de uma conduta praticada no mundo real ao modelo descritivo constante da lei (tipo penal). Para que a conduta humana seja considerada crime, necessrio que se ajuste a um tipo legal. (Curso de Direito Penal, parte geral, vol 1, 2007, p. 188). A falta de tipicidade, um dos elementos indispensveis configurao de um crime, desconfigura o fato como antijurdico. Na mesma linha o entendimento dos Tribunais sobre o uso de documento falso: Para caracterizar o crime de uso de documento falso, necessrio que o documento saia da esfera pessoal do agente, iniciando-se uma relao com outra pessoa, de modo a determinar efeitos jurdicos. (TRF, Ap. 5.636. DJU 23.2.84) Enquanto no empregado para o fim til, no praticada a conduta tpica. (STJ, RT 729/505). Por todo exposto, requer a Vossa Excelncia se digne: a. absolver sumariamente o acusado, diante da atipicidade do fato, nos termos do artigo 397, III, do Cdigo de Processo Penal;

56 b. caso no seja esse o entendimento de Vossa Excelncia, que seja determinada, com carter de imprescindibilidade, a notificao das testemunhas abaixo arroladas, para comparecer em juzo. Termos em que P. deferimento _________________. ___, de ______________, de ________ Advogado OAB ______ Rol de Testemunhas: 1. Antonio de Souza, brasileiro, casado, professor, residente e domiciliado na rua das Flores, n 100, em So Paulo, Capital. 2. Mrio da Silva, brasileiro, casado, comerciante, residente e domiciliado na rua XV de Novembro, n 81, em So Paulo, Capital.

09.03.2009 MEMORIAIS Fundamento: art 403, 3 do CPP. Cabimento: conforme estabelece o artigo acima, os memoriais so cabveis em duas situaes: caso de complexidade da causa ou quando existir mais de um acusado. Como regra geral a apresentao das alegaes da defesa e do MP feita oralmente. Os memoriais constituem exceo a essa regra. Ele segue o rito ordinrio. Prazo: 5 dias para as duas partes. O juiz deve sentenciar em 10 dias, Observaes: se a defesa no apresentar seus memoriais no prazo, o juiz intimar pessoalmente a parte para que a defesa seja apresentada. Ainda assim, se ela no for apresentada, o juiz nomear um advogado ad hoc para o fazer. Mas, o juiz no pode sentenciar se no for apresentada a manifestao da defesa pelos memoriais. Se o fizer, o processo poder ser anulado. O pedido de absolvio deve ser feito com base no art 386, e no no 397. Suspenso do processo: Estabelece o art 366, do CPP, que se o ru, citado por edital, no comparecer nem constituir advogado, o processo ser suspenso. Por que prazo ele pode permanecer suspenso? Segundo entendimento doutrinrio, pelo mesmo prazo da prescrio do respectivo crime. Decorrido esse prazo, ele ser reaberto, comeando a correr o prazo prescricional. Assim, o prazo para extino do processo acaba sendo o dobro do prazo de prescrio. Mas, se o acusado foi citado pessoalmente, no pode haver suspenso do processo. Lembrarse que novas modificaes no processo penal permitem a citao com hora certa. (Art 362, do CPP). EXERCCIO:

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Caso: Aurlio, em sede de inqurito policial, reservou-se o direito de permanecer calado e tambm na judicial. Por isso o MP pleiteou sua condenao como incurso no art 157, 2, I e II cc com o art 14, inciso II, do Cdigo Penal. Embora frgeis as provas produzidas, o MM Juzo da 15 Vara Criminal Central da Comarca da Capital, abriu prazo para as partes apresentarem alegaes finais, por escrito. O MP reiterou os termos da denncia e a defesa foi intimada na data de ontem. Questo: Como advogado de Aurlio, adote a cabvel medida judicial, justificando-a. Anlise: Momento: Fase judicial, fase dos memorais escritos autorizados na audincia de instruo, debates de julgamento. Tese: Falta de justa causa para a ao penal. fundamento, art 186, CPP e art 5. LXIII Pea: Memoriais com base no art 403, 2, CPP Endereamento: Juiz da causa: 15 Vara Criminal Central da Comarca da Capital. Pedido: absolvio do ru. Com base no art 386, VIII CPP. Pea: Excelentssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da 15 Vara Criminal Central da Comarca da Capital.

Processo n ______

Aurlio, j qualificado nos autos do processo epgrafe, cujo feito tramita por esse Egrgio Juzo, vem, respeitosamente, presena de Vossa Excelncia por meio de seu advogado que esta subscreve, com base no artigo 403, 3, do Cdigo de Processo Penal, apresentar MEMORIAIS pelos fatos e fundamentos a seguir mencionados. Consta dos autos que o acusado permaneceu calado na fase do inqurito policial e tambm no interrogatrio na audincia de instruo, debates e julgamento. Por esse motivo, foi denunciado como incurso no artigo 157, 2. I e II, do Cdigo Penal. O juiz, recebendo a denncia do Ministrio Pblico e com base no art 403, 2, do Cdigo de Processo Penal, fixou prazo de cinco dias para as partes apresentarem suas alegaes. O Ministrio Pblico confirmou os termos de sua denncia.

58 Ocorre que a legislao brasileira faculta ao acusado o direito de permanecer calado, sem qualquer nus, com base no art 5, LXIII da Constituio Federal, do que, alis, o juiz deve prevenir o acusado antes do interrogatrio (artigo 186, do Cdigo de Processo Penal). Sobre o silncio do acusado nos ensina Mirabete: O direito de permanecer calado decorre, alis, dos princpios de presuno de inocncia, do contraditrio e da ampla defesa. (Cdigo de Processo Penal Comentado, 2008, p.515). Da mesma forma, tem entendido o Supremo Tribunal Federal: Qualquer indivduo que figure como objeto de procedimentos investigatrios policiais ou que ostente, em juzo penal, a condio jurdica de imputado, tem, dentre as vrias prerrogativas que lhe so constitucionalmente asseguradas o direito de permanecer calado. [...] E nesse direito ao silncio inclui-se, at mesmo por implicitude, a prerrogativa processual de o acusado negar, ainda que falsamente, perante a autoridade policial ou judiciria, a prtica de infrao penal. (HC 68.929-9, DJU de 28.2.92, p. 13.453). Por esse motivo, o acusado apresenta sua defesa baseada na tese de falta de justa causa para a ao penal, justificando-a com o contido no artigo 386, VII, do Cdigo do Processo Penal, ou seja, absolvio por insuficincia de provas. Diante de todo o exposto requer se digne Vossa Excelncia conceder absolvio total, considerando prejudicado o pedido formulado na pea inicial, com base no mencionado artigo 386 e seu inciso VII, como medida de inteira justia. Nestes Termos Pede Deferimento. ___________________________, ___, de _____________, de ______. Advogado. OAB _______

Tarefa: (Exame n 118, questo n 2) Caso: Agostinho registra grande nmero de condenaes por crimes contra o patrimnio e j cumpriu parte em regime fechado. Estava em gozo de livramento condicional, veio a ser autuado em flagrante e foi denunciado por roubo simples. Encerrada a instruo probatria, em fase oportuna, o Ministrio Pblico pleiteia a condenao de Agostinho, sustentando que a prova suficiente para tanto, especialmente pelos maus antecedentes. Permanece preso. Consta dos autos, que tem trmite na 1 Vara Criminal da Capital, que Agostinho ingressou na farmcia de Thomas, que desconfiou daquele mal encarado e avanou contra este o imobilizando at a chegada da polcia. Agostinho sempre alegou que fora comprar remdio. A defesa foi intimada a manifestar-se h trs dias. Questo: Como advogado de Agostinho, desenvolva a medida judicial pertinente.

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Anlise do caso: Momento: momento dos debates na audincia de instruo, debates e julgamento. Os debates foram substitudos por memoriais, conforme permite o art 403, 3, do Cdigo de Processo Penal Tese: falta de justa causa para a ao penal, com base na insuficincia de provas. Endereamento: juzo da 1 Vara Criminal da Capital. Pea: Memoriais - art 403, 3, do Cdigo de Processo Penal. Pedido: absolvio do acusado com base no art 386, VII, do Cdigo de Processo Penal e pedido de expedio de alvar de soltura.

60 Excelentssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da 1 Vara Criminal da Comarca da Capital.

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Agostinho, j qualificado nos autos do processo epgrafe, cujo feito tramita por esse Egrgio Juzo, vem, com acatamento e respeito, por meio de seu advogado que esta subscreve, presena de Vossa Excelncia, para apresentar, com base no artigo 403, 3, do Cdigo de Processo Penal, MEMORIAIS pelos fatos e fundamentos a seguir apresentados. Consta dos autos que o acusado registra grande nmero de condenaes por crimes contra o patrimnio e j cumpriu parte em regime fechado, estando em gozo de liberdade condicional. Ao entrar em determinada farmcia, foi subitamente imobilizado pelo proprietrio, que desconfiou dele pelo aspecto de pessoa mal encarada que apresentava, permanecendo imobilizado at a chegada da polcia que fora acionada. Autuado em flagrante, foi denunciado por crime de roubo simples e encontra-se preso. Todavia, o acusado sempre alegou que fora farmcia com a inteno de comprar remdio. Encerrada a instruo probatria, o Ministrio Pblico pleiteia a condenao do acusado, alegando que a prova suficiente para isso, sobretudo pelos maus antecedentes do acusado. Ora, conden-lo pelos antecedentes que certamente j foram levados em conta em julgamento anterior significa punir duas vezes pelo mesmo fato. E o Direito Penal no acolhe o bis in idem. O juiz mandou intimar a defesa para apresentar suas alegaes finais, o que ela est cumprindo agora, alegando a tese de falta de justa causa para a ao penal, por insuficincia de prova e atipicidade do fato, uma vez que o acusado no praticou a conduta descrita no tipo penal em que foi enquadrado, artigo 157, do Cdigo Penal, ou seja, no subtraiu, para si ou para outrem, coisa mvel alheia, mediante violncia ou grave ameaa. Ensina-nos Mirabete: Est consumado o crime quando o tipo est inteiramente realizado, ou seja, quando o fato concreto se subsume no tipo abstrato descrito na lei penal. Preenchidos todos os elementos do tipo objetivo pelo fato natural, ocorreu a consumao. E continua Mirabete: A tentativa a realizao incompleta do tipo penal, do modelo descrito na lei. Na tentativa h prtica de ato de execuo, mas no chega o sujeito consumao por

61 circunstncias independentes de sua vontade. (Manual de Direito Penal Parte Geral,2007, p. 147). Na mesma linha de entendimento, ensina Delmanto: Consumao do roubo prprio: semelhante do furto, ou seja, o roubo prprio (caput) consuma-se quando a coisa retirada da esfera de disponibilidade do ofendido e fica em poder tranquilo, ainda que passageiro, do agente. (Cdigo Penal Comentado, 2007, p. 467). Entendimentos dos Tribunais so no mesmo sentido: TJRS: aplicao do princpio in dbio pro reo. Autoria do apelante sinalizada como mera possibilidade. Tal no bastante para a condenao criminal, exigente de certeza plena. Como afirmou Carrara, a prova, para condenar, deve ser certa, como a lgica e exata como a matemtica. (RJTJERGS 177/136), Considera-se consumado o roubo quando o agente, mediante violncia ou grave ameaa, retira a coisa da esfera da disponibilidade da vtima,.ainda que no venha a ter tranquila a posse. (Resp 162.090 SP, 5 T, Informativo 425). Alm da falta de prova sobejamente demonstrada, alega tambm a defesa a atipicidade do fato. Restou provado pelos termos dos autos, pela doutrina e pela jurisprudncia acima mencionadas que o acusado no praticou nenhum dos elementos do fato tpico do tipo penal do artigo 157 do Cdigo Penal, especialmente a conduta. Nem sequer fica caracterizada a tentativa de roubo, pois para tanto o acusado deveria ter iniciado os atos executrios do iter criminis. E isso no aconteceu, pois ele apenas entrou na farmcia. Por todo exposto, requer a Vossa Excelncia se digne: a) Conceder a total absolvio do acusado, medida de inteira Justia, com base no artigo 386, III e VII, do Cdigo de Processo Penal. b) A expedio do competente alvar de soltura, com base no item I, do pargrafo nico do artigo 386, acima mencionado. Termos em que Pede Deferimento ________________________, ___ de ____________ de _______ Advogado OAB n_______

16.3.2009

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TEORIA GERAL DOS RECURSOS 1. Conceito: recurso um pedido de reexame de determinada deciso. Existem duas categorias de recursos: a) Os interpostos instncia superior, quando se observa o princpio do duplo grau de jurisdio. Ex: apelao. b) Os interpostos mesma instncia, ao mesmo rgo que emitiu a deciso. Ex: embargos declaratrios, que pretendem esclarecer o teor da deciso, que pode ser contraditria, omissa, ambgua ou obscura. Observao: Usa-se sempre o verbo INTERPOR, na apresentao da pea. 2. Razo da existncia dos recursos: visa obter exatamente a materializao do princpio mencionado acima. o porqu da existncia dos recursos, que se assenta em trs razes: a) A experincia dos julgadores. b) Falibilidade humana, a que est mais sujeito o juiz singular. c) Inconformismo natural daquele que tem prejuzo com a deciso. 3. Classificao: quanto a sua origem, os recursos podem ser: a) Constitucionais so os previstos na prpria Constituio. b) Legais, aqueles previstos em lei infraconstitucional. c) Regimentares, os previstos no regimento interno de cada Tribunal Quanto iniciativa, os recursos podem ser: voluntrios e necessrios. 4. Pressupostos: objetivos e subjetivos. Pressupostos objetivos: 1. Previso legal Todo recursos deve estar previsto em lei. 2. Formalidades legais - Os recursos pode ser orais (apresentados oralmente nas audincias), por petio (apresentados por memoriais) ou por termos nos autos (quando o advogado ape seu recurso escrevendo-o nos prprios autos, como, por exemplo, o MP que fala no processo por cotas). Sobre a formalidade: todo recurso passa por trs fases: o conhecimento ou recebimento, o processamento e o julgamento (provido ou improvido, desprovido). Assim, quem interpe um recurso pretende que ele seja, conhecido, processado e provido. A apelao, como regra, apresentada por petio ou por termo nos autos, enquanto que os recursos extraordinrio e especial so sempre por petio. No caso da apelao, existe uma exceo em que ela apresentada oralmente: quando da sentena no Tribunal do Jri, o perdedor declara sua inteno de recorrer da sentena, o que constar da ata da sesso. 3. Tempestividade os recursos deve ser observado o prazo processual previsto. Pressupostos subjetivos: so dois pressupostos: a) Legitimidade: qualidade para recorrer. A parte deve ter o direito ao recurso. Por exemplo, na ao privada exclusiva, s o ofendido tem legitimidade para interpor recurso. b) Interesse recursal: a parte que tem prejuzo com a deciso.

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Os pressupostos objetivos e subjetivos, so considerados quando do juzo de admissibilidade do recurso, que feito em duas ocasies: no juzo a quo e no juzo ad quem. Esse juzo de admissibilidade, no Tribunal, feito na fase de conhecimento do recurso. No percurso do recurso, conhecido, ele passa ao processamento, fase em que, pelo princpio do contraditrio e da ampla defesa, deve haver o pronunciamento da parte contrria, salvo no caso de recurso inaudita altera pars e nos embargos de declarao. Passa-se, a seguir, fase do julgamento do recurso. 5. Efeitos do recurso: podem ser considerados os seguintes efeitos: a) Efeito devolutivo quer dizer, o recurso transfere a titularidade do julgamento outra instncia, instncia superior. Exceo: Embargos de declarao. b) Efeito suspensivo Suspende a eficcia da sentena recorrida. No se aplica a todo tipo de recurso. c) Efeito regressivo permite ao prprio prolator da sentena reconsider-la, modificando-a. o que se diz juzo de retratao. Cabe no RESE e no embargos de execuo. d) Efeito extensivo Ocorre quando o efeito do recurso se estende quele que no recorreu da deciso, desde que as razes do provimento sejam comuns aos corrus. Ex: existem dois devedores solidrios, mas apenas um deles recorre. Os efeitos do recurso deste podem se estender ao outro devedor, desde que o motivo do provimento do recurso seja comum aos dois. Reformatio in pejus Esse instituto no permitido no Direito Penal. Ex: A condenado a 5 anos de priso. A defesa recorre, e somente ela, ou seja a acusao no recorre. O Tribunal no pode elevar a pena fixada pelo juiz singular. A majorao da pena consiste em reformatio in pejus, que no existe no penal. Mas e se o Ministrio Pblico (ou o advogado da parte, no caso de ao privada exclusiva) recorrer? Nesse caso pode haver majorao da pena, porque estar sendo acolhida a tese da acusao; Caso particular - reformatio in pejus indireta: condenao a 5 anos de recluso e a defesa apela alegando nulidade do processo, por falha na citao. O Tribunal d provimento ao recurso, anula a sentena e o causa deve receber nova sentena. Neste caso, a pena anterior no pode ser majorada. A majorao da pena nesta segunda sentena configura a reformatio in pejus indireta, o que no permitido. A lgica a seguinte: quando a defesa recorre sozinha, a sentena no pode ser piorada para o condenado. Exceo: Tribunal do jri. Veja-se o caso de homicdio simples, com condenao de 6 anos de recluso. S a defesa recorre da deciso, alegando nulidade. O Tribunal d provimento ao recurso e determina novo julgamento, que dever ser feito com outros jurados. Neste segundo julgamento podem os julgados reconhecer a existncia de uma qualificadora no reconhecida no primeiro e, por isso, o ru ser condenado a 12 anos de recluso. No haver ocorrncia de reformatio in pejus indireta porque o crime caracterizado foi diferente. Todavia, se fosse o mesmo crime da situao anterior, o juiz no poderia fixar pena maior que 5 anos, ou seja, maior que a pena anterior. Ento, se o crime for o mesmo, haver reformatio in pejus indireta. E no caso de reformatio in mellius? O Tribunal pode, julgando o recurso do Ministrio Pblico, reduzir a pena? Pode.

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APELAO 1. Fundamento: art 593, do CPP. 2. Cabimento: a apelao cabe, conforme estabelece o prprio artigo 593, cabe: Na sentena definitiva (art 593, I). Nas decises definitivas ou com fora de definitivas (art 593, II). Ex: Indeferimento de pedido de devoluo de coisa perdida; indeferimento de pedido de reabilitao criminal. Nas decises do Tribunal do Jri. 3. Prazo: 5 dias para interposio do recurso, ou seja, quando a parte apenas expressa ao prolator sua inteno de recorrer. As razes do recurso ou a sua fundamentao vem com a petio de razes da apelao, em 8 dias, contados da intimao da parte para apresentar as razes (art 600, do CPP). 4. Endereamento: So duas as aes: uma demonstrando a inteno de recorrer e a outra, a petio das razes, contendo as justificativas. A primeira ser endereada ao juiz que julgou a causa, interpondo a apelao A segunda ao Tribunal, contendo a fundamentao (razes) da apelao. Mais precisamente endereada assim:

Observao :Se o problema dizer que a apelao j foi interposta, a primeira pea, no lugar de interposoo de apelao ser to semente uma petio de juntada das raes de apelao.

65 Excelentssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da ___ Vara Criminal da Comarca de _____

Processo n _____

Fulano, j qualificado nos autos do processo epgrafe, cujo feito tramita por esse Egrgio Juzo, por meio de seu advogado que esta subscreve, vem, com acatamento e respeito, ilustre presena de Vossa Excelncia, nos termos do artigo 593 __, do Cdigo de Processo Penal, interpor APELAO contra a r. sentena de fls ___, conforme razes anexas. Aps o devido processamento, requer a remessa da presente com as inclusas razes superior instncia. Termos em que Pede deferimento _________________________, ___ de _____________ de _______. Advogado OAB n ____ A petio das razes dever ser apresentada em folha nova, at porque, na prtica as duas peas sero apresentadas em datas diferentes, tendo em vista os prazos previstos para cada uma das peas. Todavia, no exame da Ordem, sero apresentadas juntas. Assim, vejamos esta segunda pea da apelao:

66 Razes de Apelao
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Processo n __ Vara Criminal da de __________ (Pular 2 linhas)

Comarca

Egrgio Tribunal de Justia do Estado de So Paulo. (pular 1 linha) Colenda Cmara (pular 1 linha) Nobres Julgadores (pular 1 linha) Em que pese a r. sentena de fls ___ ser da lavra de um Ilustre Magistrado, salvo melhor entendimento, ela no foi prolatada de forma correta. Consta dos fatos ...... segue como nas peas anteriores, doutrina e jurisprudncia. . . . . Por todo exposto, requer a Vossas Excelncias se dignem receber, processar, para, no final, dar provimento ao presente recurso, reformando a r. sentena de fls ____, para o fim de __________ (absolvio, extino da punibilidade, anulao) como medida de inteira Justia! __________________, de ______________, de _________. Advogado OAB n 30.03.2009 Exame n 126, Ponto 1. Joo, casado com Semprnia, foi denunciado como incurso nas penas dos arts 213, caput e 217, do Cdigo Penal, cada um deles combinado com o art 226, inciso III, do mesmo diploma legal, em concurso material. Segundo a denncia, Joo namorou Caia, virgem, de 15 anos de idade, por vrios meses durante o primeiro semestre de 2004 e, aproveitando-se de sua inexperincia e iludindo-a com promessa de casamento, seduziu-a, conseguindo manter relaes sexuais com ela. Ainda, aproveitando-se do fato de frequentar a casa de Caia, em dia no esclarecido do ms de junho de 2004, mediante violncia, Joo constrangeu a irm de sua namorada, de nome Tcia, de 21 anos de idade, a manter com ele conjuno carnal, vindo a vtima a sofrer leses corporais de natureza leve. Na delegacia Tcia, em relao ao fato de

67 que foi vtima e seus pais, quanto ao fato em que Caia foi vtima, apresentaram representao e comprovaram ser pessoas pobres. Foram ouvidos o acusado, que negou os fatos e Caia, que confirmou ter sido vtima de seduo e afirmou ter sua irm sido vtima de estupro. Tcia no foi localizada. Joo foi condenado pelo crime do art 217 pena de dois anos de recluso, aumentado de em face da incidncia do art 226, III, do Cdigo Penal, totalizando dois anos e 6 meses de recluso. Foi tambm condenado pelo crime do art 213, caput, do Cdigo Penal pena de seis anos aumentada da quarta parte, totalizando sete anos e 6 meses de recluso. Foi fixado como regime de pena o integralmente fechado, em razo de ser hediondo o crime de estupro, O acusado foi intimado da sentena no dia 04.05.05 e o advogado foi intimado no dia 19.5.05. Questo: Como advogado de Joo, redija a pea processual mais adequada sua defesa. Anlise da questo: Joo foi condenado por dois crimes: art 213 (estupro) e 217 (seduo). Como se trata de recorrer de uma sentena definitiva, a pea adequada a apelao (art 593, I). Essa pea se desenvolve em duas partes: a manifestao da inteno de apelar, no prazo de 5 dias do conhecimento da sentena condenatria e a que contm as razes da apelao, no prazo de 8 dias, da intimao do advogado. Teses: Para o crime do art 217, extino da punibilidade, em face de o art em questo estar revogado antes da prolao da sentena. Para o crime do art 213, falta de justa causa para imposio de pena, por falta de provas.

1 pea:

Excelentssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da ___ Vara Criminal da Comarca de _____

Processo n _____

Joo, j qualificado nos autos do processo epgrafe, cujo feito tramita por esse Egrgio Juzo, por meio de seu advogado que esta subscreve, vem, com acatamento e respeito, ilustre presena de Vossa Excelncia, nos termos do artigo 593, I, do Cdigo de Processo Penal, interpor APELAO

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contra a r. sentena de fls ___, conforme razes anexas. Aps o devido processamento, requer a remessa da presente com as inclusas razes superior instncia. Termos em que Pede deferimento _________________________, ___ de maio de 2005. Advogado OAB n ____

2 pea

Razes de Apelao

Processo n ___ Vara Criminal da Comarca de ______ Egrgio Tribunal de Justia do Estado de So Paulo. Colenda Cmara. Nobres Julgadores. Em que pese a r. sentena de fls ____, ser da lavra de um Ilustre Magistrado, salvo melhor entendimento, ela no foi prolatada corretamente. Consta dos autos que o ru cometera dois crimes: um contra Caia, de 15 anos, crime de seduo de menor enquadrvel no artigo 217, do Cdigo Penal e outro contra Tcia, irm de Caia, de 21 anos de idade, crime de estupro previsto no artigo 213 do mesmo Cdigo. Os crimes foram combinados com o artigo 226, III, relativo a aumento de pena. Quanto ao crime de seduo, do artigo 217 mencionado, o ru defende-se com base na tese de excluso da punibilidade, pelo fato de referido artigo ter sido revogado em 28.3.05, ou seja, em data anterior prolao da sentena.

69 Como lei nova que beneficia o ru retroage data do fato, o juiz deveria ter extinguido sua a punibilidade. H que se considerar, ainda, que o juiz aumentou a pena cominada ao ru com base do artigo 226, III, do Cdigo Penal, tambm extinto pela mesma lei de 28.3.05. Equivocou-se, portanto, o Magistrado. Quanto extino da punibilidade, temos de Mirabete: [...] ocorre a chamada abolitio criminis quando a lei nova j no incrimina fato que anteriormente era considerado ilcito penal. Dispe o art 2, caput, do CP: ningum pode ser punido por fato que lei posterior deixa de considerar crime, cessando em virtude dela a execuo e os efeitos penais da sentena condenatria (Manual de Direito Penal, 2007, p. 42), Da mesma forma entendem os Tribunais. Assim, quanto ao momento da decretao da extino da punibilidade: Verificando o juiz, seja qual for a fase em que se encontra o processo, que ocorreu a extino da punibilidade, em qualquer de suas modalidades, seu poder-dever decret-la liminarmente, com prejuzo at de uma possvel absolvio (TJPB. RT 817/638). Quanto ao crime de estupro, do art 213 do Cdigo Penal, o ru se defende com base na tese de falta de justa causa na imposio da pena, por falta de provas para a condenao, pois a suposta vtima, Tcia, encontra-se desaparecida. Para Mirabete, provar produzir um estado de certeza na conscincia e na mente do juiz, para sua convico, a respeito da existncia ou inexistncia de um fato, ou verdade ou falsidade de uma afirmao sobre uma situao de fato, que se considera de interesse para uma deciso judicial ou soluo de um processo. (Processo Penal, 2007, p. 249). Os Tribunais entendem a questo da mesma forma; A palavra da vtima representa a viga mestra da estrutura probatria, e a sua acusao firme e segura, em consonncia com as demais provas, autoriza a condenao (TJDF, Ap. 10.389, DJU 15.5.90, p. 9859; Ap. 13.087. DJU 22.993, pp. 39109-10; RBCCr 4/176; TJMG, JM 128/367). O mesmo engano cometeu o Magistrado ao combinar o crime do artigo 213 com as condies previstas no art 226, III, ambos do Cdigo Penal, por ter sido o inciso III do artigo mencionado revogado antes da prolao da sentena. Por todo o exposto, REQUER a Vossas Excelncias se dignem receber, processar e, ao final, dar provimento ao presente recurso, reformando a sentena de fls ____, para o fim de, como pedido de justia, declarar: a extino da punibilidade quanto ao crime de

a)

70 seduo, que o juiz, erroneamente, enquadrou no extinto artigo 217, do Cdigo Penal, nos termos do artigo 107, III, do Cdigo Penal. b) a sua absolvio quanto ao crime de estupro, previsto no artigo 213, do Cdigo Penal, por falta de provas, nos termos do art 386, III _________________________. ___de maio de 2005. Advogado OAB n ________

Tarefa: Exame 136, Ponto 3: No dia 30 de agosto de 2007, Vnia Pereira, brasileira, casada, residente na Rua Jos Portela, n 67, em Franco da Rocha SP, foi presa, em flagrante, na posse de 11,5 g da substncia entorpecente causadora de dependncia qumica e fsica, conhecida como cocana, na forma de uma nica poro, trazida consigo, no interior de estabelecimento prisional. Vnia foi denunciada por trfico de drogas, de acordo com o art 33, c/c art 40, III, ambos da Lei n 11.343/2006. As testemunhas de acusao, agentes penitencirios, confirmam que, na data dos fatos, a r fora surpreendida, dentro da penitenciria III, de Franco da Rocha, na posse da substncia entorpecente escondida no solado de um tnis -, destinada entrega, para consumo, ao preso Jos Pereira da Silva, seu marido. Relataram, tambm, que somente aps a perfurao da sola do tnis, com um faco, puderam verificar a existncia da droga. Informaram, por fim, que a abordagem da r ocorrera de modo aleatrio, tendo ela passado calmamente pela guarita policial, sem demonstrar nervosismo ou medo. As testemunhas de defesa disseram que a r fora instigada por um tal de Joo a levar o par de tnis, de modo que ela no tinha como saber que estava levando drogas para o seu marido. Ademais, Vnia levava-lhe, semanalmente, mantimentos e roupas. Em seu interrogatrio em juzo, Vnia refutou a imputao, contando a mesma verso dos fatos que narrara na delegacia. Afirmou que, na noite anterior aos fatos, um indivduo de prenome Joo fora at sua residncia e pedira-lhe que entregasse um par de tnis a seu marido, preso na Penitenciria III de Franco da Rocha, o que foi aceito. Declarou, ainda, que no sabia que havia droga dentro da sola do tnis e que, por isso, decidira levar o calado para seu marido, ocasio em que foi detida. H, nos autos, os laudos de constatao prvia e de exame qumico-toxiclgico, que confirmam no apenas a qualidade da droga apreendida, mas tambm a forma de acondicionamento apresentada, tpica de atividade de trfico. Constam, ainda, nos autos, documentos que comprovam que Vnia primria, tem bons antecedentes, no se dedica a atividades criminosas nem integra organizao criminosa. Ao final, Vnia foi condenada pelo juiz da 1 vara criminal da comarca de Franco da Rocha, nas penas de seis anos de recluso, em regime inicial fechado, e pagamento de sessenta e seis dias-multa, no valor unitrio mnimo, como incursa no art 33, c/c art 40, III, ambos da Lei n 11.343/2006. A defesa tomou cincia da deciso. Considerando a situao hipottica apresentada, redija, em favor de Vnia Pereira, a pea jurdica diversa de habeas corpus, cabvel espcie.

71 Anlise da situao: Fundamento: art 593, I, do CPP Cabimento: art 593, I, do CPP Prazo: 5 dias do conhecimento da sentena, para apresentar disposio de apelar, ao juiz que proferiu a sentena e 8 dias a partir da intimao, para apresentar Instncia Superior da Justia, as razes e apelao. Pea: apelao. Tese: Falta de justa causa para a ao penal, por atipicidade do fato. Base para a tese: erro de tipo, previsto no art. 20, do CP. Pedidos: absolvio, com base na atipicidade do fato. (art 386, III, CPP). Pedido alternativo: se no provida a absolvio, pedir reduo da pena com base no 4, do art 33, da Lei 11.343/2006. 1 pea: Excelentssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da 1 Vara Criminal da Comarca de Franco da Rocha-SP.

Processo n ______

Vnia Pereira, brasileira, casada, _______, residente e domiciliada na Rua Jos Portela, n 67, nesta cidade, portadora da Cdula de Identidade RG n ________ e do CPF ___________, vem, com acatamento e respeito, Ilustre presena de Vossa Excelncia, por intermdio de seu advogado que esta subscreve, interpor, nos termos do artigo 593, I, do Cdigo de Processo Penal, APELAO contra a r. sentena de fls ____, relativa ao processo em referncia, conforme razes anexas. Aps o devido processamento, requer a remessa da presente, com as inclusas, razes superior instncia. Termos em que Pede deferimento.

72 Franco da Rocha, ___, de _________, de ______ Advogado OAB n _______

2 pea Razes de Apelao

Processo n ____, Primeira Vara Criminal da Comarca de Franco da Rocha - SP Egrgio Tribunal de Justia do Estado de So Paulo. Colenda Cmara. Nobres Julgadores. Em que pese a r. sentena de fls ___, ser da lavra de um Ilustre Magistrado, salvo melhor entendimento, ela no foi prolatada corretamente. Consta dos autos que a r foi presa em flagrante, ao entrar na Penitenciria III, de Franco da Rocha SP, portando um par de tnis que levava para entregar ao seu marido, preso naquela penitenciria. Depois de passar pela guarita policial calmamente, sem demonstrar medo ou nervosismo, foi abordada aleatoriamente para vistoria. A sola do tnis foi, ento, perfurada pelos policiais, com um faco, o que permitiu fossem encontradas no seu interior 11,5 gramas de cocana. o que alegraram as testemunhas de acusao, agentes penitencirios. Consta ainda dos autos, que as testemunhas de defesa disseram que a r fora instada por um tal de Joo a levar e entregar o par de calados ao seu marido, ignorando a existncia da droga. Interrogada em juzo, Vnia refutou a imputao que lhe fora feita, contando os fatos da mesma maneira que fizera no inqurito policial. Contou, assim, que na noite anterior havia recebido visita de um indivduo de prenome Joo, que lhe pedira para entregar o mencionado par de tnis ao seu marido, com o que ela concordara.

73 H, tambm, nos autos, laudos da constatao prvia e de exame qumico-toxicolgico que confirmam no apenas a quantidade da droga encontrada, mas tambm a forma de seu acondicionamento, tpica da atividade de trfico, o que exigiu dos agentes o uso de um faco, com o qual a sola do calado fora furada, para ser descoberta a droga. Os autos trazem, ainda, documentos que comprovam que a r primria, tem bons antecedentes, no se dedicando a atividades criminosas e nem integrando organizao criminosa. Por esses fatos, fora condenada a seis anos de recluso, em regime fechado, alm de sessenta e seis dias-multa. Tudo com base no artigo 33, combinado com o artigo 40, III, ambos da Lei 11.343/2006. Em sua defesa, alega a tese da falta de justa causa para a ao penal, eis que houve da parte da r um erro de tipo, previsto no artigo 20 do Cdigo Penal, pois julgava estar levando um simples par de tnis ao seu marido, desconhecendo que eles continham a droga. Indicam tambm o erro da r, alm das alegaes das testemunhas, o fato de que ela entrara tranquilamente na penitenciria, alm do que o modo como estava acondicionada a droga no lhe permitia sequer desconfiar de sua existncia. Tal acondicionamento tinha, como est nos autos, forma tpica da usada no trfico, o que certamente a r no conseguiria fazer. Trata-se, portanto, de erro inevitvel. Sobre o erro, nos ensina Capez, quanto s suas caractersticas: Caracterstica do erro essencial: impede o agente de compreender o carter criminoso do fato ou de conhecer a circunstncia. [...] erro essencial invencvel, inevitvel, desculpvel ou escusvel, no podia ter sido evitado, nem mesmo com o emprego de uma diligncia mediana. [...] o erro invencvel que recai sobre elementar exclui, alm do dolo, tambm a culpa. Se o erro no podia ser vencido, nem mesmo com emprego de cautela, no se pode dizer que o agente procedeu de forma culposa. (Curso de Direito Penal, vol 1, 2007, p. 224). A propsito, o artigo 20, do Cdigo Penal: O erro sobre elemento constitutivo do tipo legal de crime exclui o dolo, mas permite a punio por crime culposo, se previsto em lei. Ainda que houvesse culpa da r, a lei no prev para esse tipo penal a forma culposa. Importante mencionar tambm o entendimento de Mirabete sobre a questo: Se o agente atuou com erro apesar dos cuidados objetivos, o erro invencvel e exclui o dolo e a culpa. (Manual de Direito Penal, 2007, p. 164). E, no havendo dolo e nem culpa, pela teoria finalista, no haver conduta e, sem esta, no ocorre o fato tpico e, em consequncia, no h crime.

74 Alm do mais, erro essencial inevitvel recaindo sobre uma condio elementar do tipo penal, implica na atipicidade do fato e, em consequncia, na excluso do crime. Por todo o exposto, requer a Vossas Excelncias se dignem a receber, processar e, ao final, dar provimento ao presente recurso, reformando, por medida de plena justia, a r. sentena de fls ___, declarando: a) a sua absolvio por atipicidade do fato em questo, com base no artigo 386, III, do Cdigo de Processo Penal. b) como pedido alternativo, caso Vossas Excelncias no acolham o de absolvio da r, que a pena seja diminuda de dois teros, de acordo com o 4, do artigo 33 da Lei 11.343/2006, uma vez que, conforme consta dos autos, a r preenche todas as condies para esse benefcio, ou seja, primria, tem bons antecedentes, no se dedica a atividades criminosas e nem participa de organizao criminosa. c) que a r possa recorrer em liberdade, com base no 3, do artigo 2, da Lei 8072/1990 (Lei dos crimes hediondos), devendo ser expedido o respectivo alvar de soltura. Franco da Rocha, ___, de _____________ de ______. Advogado OAB n _____

_________________________________________________________________________ 5.4.2009 - Exerccio resolvido em classe. Caso: Joo da Silva foi condenado a um ano de recluso e dez dias multa pelo juzo da 1 Vara Criminal da Capital, que o considerou incurso no art 333, do CP. Joo da Silva no aceitou os benefcios trazidos pela Lei 9.099/95. Consta da sentena condenatria que .... embora o ru apenas tenha aquiescido ao insistente pedido do funcionrio pblico e lhe dado R$ 100,00 (cem reais) para retardar ato de ofcio, a condenao seria, a rigor em razo da crescente onda de corrupo que no tolerada pela sociedade. Mesmo que o ru tenha se sentido coagido, o que ficou bem demonstrado nos autos, o fato que se viu favorecido, o que tambm justificava a condenao. A sentena foi publicada hoje. Como advogado de Joo da Silva, elabore a pea cabvel. Analisando: Fundamento: art 593, I, do CPP

75 Cabimento: art 593, I, do CPP Prazo: 5 dias do conhecimento da sentena, para apresentar disposio de apelar, ao juiz que proferiu a sentena e 8 dias a partir da intimao, para apresentar Instncia Superior da Justia, as razes e apelao. Pea: apelao. Tese: Falta de justa causa para a ao penal, por atipicidade do fato. Base para a tese: fato atpico (art 333, CP). Pedidos: absolvio, com base na atipicidade do fato. 386, III, CPP 1 pea Excelentssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da 1 Vara Criminal da Capital

Processo n ____

Joo da Silva, j qualificado nos autos do processo em referencia, cujo feito tramita nesse Egrgio Juzo, por intermdio de seu advogado que esta subscreve, vem, com acatamento e respeito, presena de Vossa Excelncia, para nos termos do artigo 593, I, do Cdigo de Processo Penal, interpor APELAO contra a r. sentena de folhas ___, pelas razes anexas. Aps o devido processamento requer a remessa da presente com as razes inclusas, Superior Instncia. Termos em que P. Deferimento. So Paulo, ___, de _____________, de ______ Advogado OAB n ____

76 2. pea Razes de Apelao

Processo n ____, Primeira Vara Criminal da Capital - SP Egrgio Tribunal de Justia do Estado de So Paulo. Colenda Cmara. Nobres Julgadores. Em que pese a sentena de folhas ___, ser de autoria de um Ilustre Magistrado, salvo melhor entendimento, ela no foi prolatada de forma correta. Consta dos autos que o ru concordou em dar a funcionrio pblico a quantia de R$ 100,00 (cem reais), que lhe havia sido solicitada com insistncia, para que ele retardasse um ato de ofcio. Isso porque o ru sentiu-se coagido a faz-lo, conforme ficou demonstrado nos autos. Por isso, o ru foi condenado a um ano de recluso e dez dias-multa, como incurso no artigo 333, do Cdigo Penal, tendo inclusive rejeitado os benefcios da Lei 9.099/95. Em sua defesa, alega o ru a tese de falta de justa causa para a ao penal. Em virtude da atipicidade do fato. Diz o artigo 333 mencionado que comete corrupo ativa quem oferecer ou prometer vantagem indevida a funcionrio pblico, para determin-lo a praticar, omitir ou retardar ato de ofcio. Ora, o ru no praticou nenhuma dessas condutas, no se enquadrando, portanto a conduta por ele praticada, de aquiescer ao pedido do funcionrio, no tipo penal em que fora enquadrado. Alm do mais, o juiz deixou-se levar por fatos extraprocesso, ou seja, ou seja, foi influenciado pela onda de corrupo que no tolerada pela sociedade. Nos ensina Mirabete sobre a tipicidade do fato: Como ltimo elemento do fato tpico, tem-se a tipicidade, que a correspondncia exata, a adequao perfeita entre o fato natural, concreto, e a descrio contida na lei. (Manual de Direito Penal, 2007, p. 102). No mesmo sentido o entendimentos dos Tribunais: No h corrupo ativa se o oferecimento tem por objetivo contornar exigncia feita por este (funcionrio). (TJMG. JM 125/309).

77 A rigor, o crime deveria ter sido tipificado no artigo 316, do Cdigo Penal concusso, praticado pelo funcionrio pblico, o que isenta o ru de responsabilidade. Neste particular, vejamos o entendimento do Supremo Tribunal Federal: Pelas mesmas razes so incompossveis os crimes de corrupo ativa praticado pelo particular e de concusso cometidos pela autoridade pblica (STF, 93/1023). Por todo o exposto requer a Vossas Excelncias se dignem a receber, processar e, ao final, dar provimento ao presente recurso, reformando a r. sentena de folhas ___, para o fim de declarar, como medida da mais plena justia, a absolvio do ru, quanto ao crime de corrupo ativa previsto no artigo 333, do Cdigo de Processo Penal, por atipicidade do fato, conforme artigo 386, III, do mesmo diploma legal. So Paulo, ___, de __________, de ______ Advogado OAB n ______ 13.04.2009
AVALIAO PARCIAL PRTICA JURDICA CRIMINAL (Trs tipos de prova) 1 TIPO

Joo da Silva foi denunciado como incurso nas penas do art. 155, 4, I e III, do Cdigo Penal porque teria subtrado o veculo Toyota/Corola, placas XXX 0001, estacionado defronte ao Cine Pipoca, utilizando-se de uma barra de ferro que veio a quebrar o vidro lateral direito do veculo quando ningum se encontrava dentro do mesmo. Aps adentrar ao veculo, realizou a denominada ligao direta e evadiu-se do local. O fato foi presenciado pelo porteiro do cinema e por um vigia do prdio ao lado que narraram detalhadamente a conduta de Joo e o identificaram com total convico na fase de inqurito e ratificaram seus depoimentos em juzo. Considerando que uma das testemunhas de defesa foi ouvida por intermdio de carta precatria, o MM. Juiz que preside o feito determinou que as partes apresentassem suas alegaes por escrito. A acusao apresentou as suas e a defesa foi intimada h quatro dias. Elabore a pea cabvel em favor de Joo da Silva. Anlise da situao: Momento: Fase jurdica, apresentao das alegaes finais das partes, por memoriais. Tese: Falta de Justa causa para imposio de pena / pena excessiva. Pea: memoriais - art 403, 3. Do CPP. Endereamento: Ao juiz da causa Pedido: Desqualificao do crime para furto simples, com suspenso do processo. Pea: Excelentssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da ___ Vara Criminal da Comarca de _______

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Processo n___

Joo da Silva, j qualificado nos autos do processo em referncia que tramita por esse Egrgio Juzo, vem, com acatamento e respeito, presena de Vossa Excelncia, por meio de seu advogado que subscreve a presente, com base no artigo 403, 3, do Cdigo de Processo Penal, apresentar MEMORIAIS pelos fatos e fundamentos a seguir apresentados: Consta dos autos que o requerente foi denunciado como incurso nas penas do artigo 155, 4, incisos I e III, do Cdigo Penal, por ter subtrado um veculo, depois de quebrar um de seus vidros com uma barra de ferro e, fazendo uma ligao direta, evadir-se do local. No havia pessoas no interior do veculo. O fato foi presenciado por duas testemunhas que narraram a ocorrncia durante o inqurito policial e confirmaram seus depoimentos em Juzo. Identificaram com total convico o autor do fato. A defesa baseia na tese de falta de justa causa para imposio de pena, ou pelo menos de penas em relao a crime qualificado. Quanto ao enquadramento feito na denncia, h que se questionar a correo do mesmo. Vejamos: o delito foi qualificado com base em dois incisos do pargrafo quarto: o inciso I destruio ou rompimento de obstculo subtrao da coisa e III emprego de chave falsa. O vidro quebrado pelo denunciado no constitui obstculo subtrao da coisa, pois parte da prpria coisa. E, como nos ensina Delmanto: A violncia deve ser contra obstculo que dificulta a subtrao e no contra a prpria coisa. No qualifica o crime a violncia o obstculo que inerente prpria coisa.(Cdigo Civil Comentado, 2007, p.462). Na mesma linha de entendimento nos ensina Capez: [...] importante notar que a qualificadora no se configura quando h a destruio da prpria res furtiva, como no caso do agente que, para subtrair um veculo, fora o quebra-vento deste ou rompe os fios eltricos do sistema de ignio, pois estes constituem obstculos inerentes res. (Curso de Direito Penal, Volume 2, 2007, p. 404). Da mesma forma entendem os Tribunais: O rompimento de obstculo que no exterior coisa, como o quebra-vento ou o sistema de segurana da porta em relao ao automvel no qualifica (TACrSP, RJDTACr 24/246, 15/93, julgados 91/252, mv 96/181; TJRO, RT 774/673).

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Quanto ao uso de chave falsa, no constitui agravante a ligao direta enquadrada no 4, III, do artigo 155, do Cdigo Penal o procedimento adotado pelo denunciado. A doutrina define chave falsa como a imitao da verdadeira ou outro instrumento utilizado para essa finalidade, incluindo-se a cpia da chave verdadeira obtida de forma clandestina. Capez tem o seguinte entendimento da questo: [...] para Nelson Hungria, considera-se chave falsa: a) a chave imitada da verdadeira; b) a chave diversa da verdadeira, mas alterada de modo a pode abrir a fechadura; c) a gazua, isto qualquer dispositivo (gancho, grampo, chave de feitio especial) usualmente empregado pelos gatunos, para abertura de tal ou qual espcie de fechadura ou de fechaduras em geral (Curso de Direito Penal, Voluma 2, 2007, p. 4407). No caso em tela, o denunciado sequer usou de qualquer instrumento que pudesse caracterizar chave falta. Apenas, com as prprias mos, fez ligao direta no veculo, o que no se coaduna com os entendimentos de chave falsa apresentados pela doutrina. E o dispositivo penal diz textualmente emprego de chave falsa, o que denota que o fato em questo no est subsumido ao tipo penal. Por todo o exposto, requer a Vossa Excelncia desqualificar o crime denunciado furto qualificado para furto simples, por representar essa medida a aplicao do legtimo sentido da justia, bem como conceder ao denunciado, se condenado, os benefcios legais. Nestes termos, Pede deferimento _____________________,___ de __________ de ______. Advogado OAB n ____ __________________________________________________________ QUESTES: (OBS: Quando das respostas, no se esquea de usar todos os fundamentos (citar artigos) e justificativas cabveis resposta como se exige no prprio Exame da OAB. Se quiser fundamentar ainda mais, pode at citar doutrina e jurisprudncia. Tome cuidado com o nmero de linhas! No Exame da OAB voc ter cerca de 15 linhas para cada resposta.) 1. (OAB) O que se entende por escusas absolutrias? Resposta: Escusas absolutrias so situaes em que, ainda que ocorra ilcito penal com todos os seus elementos, no haver aplicao de pena (art 181 e 348. 2, ambos do CP). Numa comparao com a inimputabilidade, nesta no h crime e portanto nem pena, enquanto nas situaes em que se aplicam as escusas absolutria, o crime ocorre, mas no haver pena para o agente. Assim, so situaes em que, em virtude de poltica criminal, afastada a punibilidade do agente, ou seja, as consequncias jurdicas so as mesmas da inimputabilidade.

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2. (OAB) Alan imputou ao funcionrio pblico Francisco fato desonroso relativo sua vida privada, concernente ao fato de ele sair, frequentemente, com mulheres de programa. Nessa situao hipottica, admite-se a exceo da verdade? Fundamente sua resposta de acordo com o Cdigo Penal. Resposta: No crime de difamao, irrelevante se o fato imputado verdadeiro ou falso. Assim, como regra, no cabe exceo da verdade. Contudo o pargrafo nico do artigo 139 apresenta uma exceo a esta regra: se o ofendido funcionrio pblico e a ofensa relativa s suas funes, ou seja, que a imputao se refira vida funcional do ofendido. Por exemplo, falar-se que determinado funcionrio se embriaga com freqncia durante o dia, no horrio de seu expediente funcional diferente de falar que ele tem o hbito de se embriagar noite. No caso em questo, o fato imputado nada tem a ver com as funes do funcionrio em questo, portanto no cabe a exceo da verdade.
_______________________________________________________________________________ 2 TIPO Joo da Silva foi denunciado como incurso nas penas do art. 155 caput, do Cdigo Penal porque teria subtrado de um supermercado um saca-rolha avaliado em R$ 10,00. Recusou todos os benefcios previstos na Lei n 9.099/95. O fato foi filmado pelas cmeras de vigilncia e presenciado por dois vigias do supermercado que a tudo presenciaram, sendo que, no exato instante em que Joo da Silva passou pela porta de sada do estabelecimento, os vigias o prenderam em flagrante delito. Joo da Silva foi citado na data de ontem. Enquanto advogado (a) de Joo da Silva, elabore a pea cabvel. Anlise da situao: Momento: fase judicial momento da resposta do ru citado. Tese: falta de justa causa para a ao penal.: (princpio da insignificncia / da bagaeta ou crime impossvel. Pea: Defesa do ru, com fundamento no art 396-A, do Cdigo de Processo Penal, tendo em vista que se encontra dentro dos 10 dias em que ele dever apresentar sua defesa. Endereamento: Ao juiz da causa. Pedido: absolvio sumria do ru. Art 397, II, do CPP. Pea: Excelentssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da ___ Vara Criminal da Comarca de _____.

Processo n _____

Joo da Silva, j qualificado nos autos do processo em referncia, cujo feito tramita por esse Egrgio Juzo, por meio de seu advogado que esta subscreve, vem, com respeito e

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acatamento, presena de Vossa Excelncia, nos termos do artigo 396-A, do Cdigo de Processo Penal, para apresentar DEFESA pelos fatos e fundamentos a seguir relacionados: Consta dos autos que o requerente foi denunciado como incurso nas penas do artigo 155, caput, do Cdigo Penal por ter subtrado, em um supermercado, um saca-rolha avaliado em R$ 10,00. Recusou ele todos os benefcios da Lei 9099/95. O fato foi filmado pelas cmaras de vigilncia e presenciado por dois vigilantes que a tudo assistiram.. Quando o denunciado passou pela porta de sada do estabelecimento, foi preso em flagrante delito pelos dois vigilantes. Citado que fora posteriormente e estando no prazo de apresentar sua defesa, ele o faz com base na tese de falta de justa causa para a ao penal, por atipicidade do fato, conforme pretende demonstrar a seguir. Primeiramente, alega fazer jus aos benefcios do princpio da insignificncia, tendo em vista o pequeno valor do bem cuja subtrao tentara. A propsito, o entendimento de Delmanto: Princpio da insignificncia um instrumento de interpretao restritiva, por intermdio do qual se alcana a proposio poltico-criminal da necessidade da descriminalizao de condutas que, embora formalmente tpicas, no atingem de forma relevante os bens jurdicos protegidos pelo Direito Penal (Cdigo Penal Comentado, 2007, p. 58, citando Calos Vico Maas O princpio da Insignificncia como excludente da tipicidade no Direito Penal). Esse entendimento fundamenta-se nos postulados constitucionais da interveno mnima do Direito Penal e da proporcionalidade da pena em relao gravidade do crime. Delmanto na obra e pgina mencionadas cita o seguinte exemplo: a pessoa que furta uma fivela de uma loja de departamentos, implica na atipicidade do fato. Alm do mais, Subsidiariamente, caso Vossa Excelncia no aceita a a aplicabilidade do princpio da insignificncia, o crime de furto previsto no art 155 mencionado, comporta algumas situaes particulares, entre as quais a do crime impossvel previsto no artigo 17 do Cdigo Penal. Pode, por exemplo, o agente valer-se de meio absolutamente imprprio ao cometimento do furto. Sobre este aspecto, o entendimento de Nucci: se um indivduo vigiado num supermercado o tempo todo por seguranas e cmaras internas, de modo a tornar, naquela situao concreta, impossvel a consumao do delito de furto, trata-se da hiptese do artigo 17. (Cdigo Penal Comentado, 2008, p. 722). Por todo o exposto, requer a Vossa Excelncia se digne: absolver sumariamente o acusado diante da atipicidade do fato, nos termos do artigo 397, III, do Cdigo de Processo Penal, com base nas duas situaes apresentadas de atipicidade do fato ou de crime impossvel. Termos em que Pede Deferimento _____________________, ___ de ____________, de _____ Advogado OAB n _____

QUESTES: (OBS: Quando das respostas, no se esquea de usar todos os fundamentos (citar artigos) e justificativas cabveis resposta como se exige no prprio Exame da OAB. Se quiser fundamentar ainda mais, pode at citar doutrina e jurisprudncia. Tome cuidado com o nmero de linhas! No Exame da OAB voc ter cerca de 15 linhas para cada resposta.)

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1. (OAB) Humberto subtraiu, para si, mediante grave ameaa, um computador pertencente a Roberto. Andr, mesmo sabendo que o bem era produto de crime, comprou-o, para uso pessoal, pagando a Humberto a quantia de R$ 400,00. Humberto foi denunciado, mas ainda no h deciso condenatria. Em face dessa situao hipottica, responda se a condenao de Humberto essencial futura responsabilizao criminal de Andr. Fundamente sua resposta de acordo com o Cdigo Penal. Resposta: Conforme estabelece o art 180, do Cdigo Penal, a condio para ocorrer o crime de receptao est em praticar-se o verbo do tipo penal sabendo ser o objeto em questo produto de crime anterior, como acontece no caso. Mas trata o artigo 180 de crime autnomo em relao ao crime anterior, sem necessidade, portanto, de conhecer-se mesmo a autoria deste ( 4 do artigo). Logo, no h qualquer relao para as responsabilizaes dos autores dos dois delitos, com o que no essencial a condenao de Humberto para a futura condenao de Andr. B.Cite duas diferenas entre calnia e difamao. Resposta: dos prprios artigos 138 e 139 do Cdigo Penal: no crime de calnia, o fato imputado deve ser falso e definido como crime e, portanto, este crime admite a exceo da verdade, enquanto que no crime de difamao o fato imputado pode ser verdadeiro ou falso e no precisa ser crime e, como regra, este crime no admite a exceo da verdade. _______________________________________________________________________________ 3 TIPO Joo foi acusado de ter subtrado, no dia 5 de janeiro de 2008, vinte mil dlares de seu pai, Fbio, com cinqenta e oito anos de idade. Houve proposta de suspenso condicional do processo, no aceita pelo acusado. Ouvidas duas testemunhas de acusao, disseram que, realmente, houve a subtrao, por elas presenciada. O pai, vtima, confirmou o fato e a propriedade dos dlares. No foi juntada prova documental a respeito da propriedade do dinheiro. O juiz, na data de ontem, condenou Joo pelo crime de furto simples s penas de 1 (um) ano de recluso e 10 dias-multa, no valor mnimo, substituindo a pena de recluso pela restritiva de direitos consistente em prestao de servios comunidade. Enquanto advogado (a) de Joo da Silva, elabore a pea cabvel. QUESTES: (OBS: Quando das respostas, no se esquea de usar todos os fundamentos (citar artigos) e justificativas cabveis resposta como se exige no prprio Exame da OAB. Se quiser fundamentar ainda mais, pode at citar doutrina e/ou jurisprudncia. Tome cuidado com o nmero de linhas! No Exame da OAB voc ter cerca de 15 linhas para cada resposta.) A. (OAB) O que reformatio in pejus indireta? B. (OAB) possvel crime continuado entre estupro e atentado violento ao pudor? Explique Analisando este terceiro caso? Momento? Fase jurdica, precisamente no momento de recorrer da sentena condenatria. Tese: falta de justa causa para a ao penal, por no implicar em pena (art 181, do CPP). E, na sentena condenatria, sem pena, no h interesse de agir; Falta, portanto, uma das condies da ao. Pea: apelao CPP, 593, I. Pedido: absolvio do ru (art 386, VI) Peas: 1. Pea: Excelentssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da ___ Vara Criminal da Comarca de _______

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Processo n ___

Joo, j qualificado nos autos do processo em referncia, relativo Ao de Furto Simples, cujo feito tem seu trmite por esse Egrgio Juzo, por seu advogado que subscreve a presente, vem, com acatamento e respeito, presena de Vossa Excelncia, interpor, com base no artigo 593, inciso I, APELAO Contra a. sentena de folhas ___ pelas razes anexas. Aps o devido processamento deste recurso, requer seja ele encaminhado instncia superior, com as inclusas razes. Termos em que Pede deferimento. ______________________, ____ de _____________ de _________. Advogado OAB n ____

2 pea

Razes de Apelao

84 Processo n ____, Primeira Vara Criminal da Comarca de ______ Egrgio Tribunal de Justia do Estado de So Paulo. Colenda Cmara. Nobres Julgadores. Em que pese a sentena de folhas ___, de autoria de um Ilustre Magistrado, salvo melhor entendimento, ela no foi prolatada de forma correta, quanto pena imposta ao ru. Consta dos autos que Joo teria subtrado de seu pai, Fabio, de 58 anos de idade, vinte mil dlares. Joo rejeitou proposta de suspenso condicional do processo. As testemunhas de acusao afirmaram ter presenciado a subtrao e o pai confirmou a subtrao e a propriedade dos dlares, mas no foi juntada prova dessa propriedade. O juiz condenou Joo por furto simples, previsto no art 155 do Cdigo Penal impondo-lhe a pena de um ano de recluso e dez dias-multa no valor mnimo. Substituiu a pena de recluso pela restritiva de liberdade consistente em prestao de servios comunidade. Embora as evidncias so de que o condenado tenha, de fato, subtrado a importncia de seu pai, h que se ter em conta o prescrito no art 181, inciso II, do Cdigo Penal, quanto pena: isento de pena quem comete qualquer dos crimes previsto neste ttulo, em prejuzo: [...] II de ascendente ou descendente, sendo o parentesco legtimo ou ilegtimo, seja civil ou natural. Sobre esse tipo de crime nos ensina Nucci: O crime fato tpico, antijurdico e culpvel est presente, embora no seja punvel. Cuida-se de imunidade absoluta, porque no admite prova em contrrio, nem possibilidade de renunciar-se sua incidncia. (Cdigo Penal Comentado, 2008, p. 829).

85 Na mesma linha entende Delmanto: [...] por vrias razes de poltica criminal, notadamente pela menor repercusso do fato e pelo intuito de preservar as relaes familiares, prevista esta imunidade. Cuida-se de escusa absolutria de carter pessoal, que exclui a possibilidade de punir, mas no afasta, porm, a ilicitude objetiva do fato. (Cdigo Penal Comentado, 2007, p. 559). O entendimento dos tribunais caminha na mesma direo: H imunidade penal absoluta na hiptese de filho que furta pai ou me e vice-versa. (TAMG, RT 620/352; TACrSP, RT 697/310.Julgados 72/248). Por todo o exposto, requer a Vossas Excelncias se dignem receber, processar e, ao final, dar provimento ao presente recurso, reformando a r sentena de folhas ___ e, com base no art 386, VI, do Cdigo de Processo Penal, absolver o ru como medida da mais legtima justia. _____________________, Advogado OAN n_____ Questes: 1. (OAB): O que reformatio in pejus indireta? Resposta: Trata-se, o reformatio in pejus, de instituto no aplicvel no Direito Penal, ou seja, o Tribunal no poder impor ao ru, em funo de recurso apresentado apenas por ele, pena maior que a cominada pelo juiz singular. Em uma situao em que o ru recorra, e apenas ele, alegando falha no processo que o invalida e o Tribunal d provimento ao seu recurso, anulando a sentena e determinando a volta do processo para que o processo continue do ponto em que ocorrera a falha, e o juiz, por ter de prolatar nova sentena aumente a pena em relao ao julgamento anterior, fica configurada a reformatio in pejus indireta, que no permitida. 2. (OAB) possvel crime continuado entre estupro e atentado violento ao pudor? Explique. de __________ de _______.

86 Resposta: Pode, dependendo da situao. Assim, se o atentado violento ao pudor for praticado antes e como preparao ao crime de estupro (principio da subsidiariedade), o crime de estupro (art 213, do CP) absorve o crime do art 214, do CP atentado violento ao pudor. Todavia, podero existir dois crimes (concurso de crimes) quando o crime do art 214 for bem destacado do crime de estupro, no consistindo em precedente a este. Assim, s poder haver crime continuado se houver a prtica de diversos estupros, de forma simples ou qualificada, tentados ou consumados. 27.04.2009 PROCEDIMENTO DO JRI Ordem a ser seguida: 1. Recebimento da denncia ou queixa; 2. Citao do acusado para responder em 10 dias. Diferentemente do procedimento anterior, a fundamentao dessa citao est no art 406, 3, do CPP (e no no 403, 3). O prazo de 10 dias contado a partir do efetivo cumprimento do mandado ( 1, do art 406). Nessa resposta, (tambm chamada resposta do ru) pode ser alegada tudo que interessar defesa do ru, juntar documentos justificar provas que se pretende utilizar, e arrolar at 8 testemunhas, sendo este o momento adequado para apresentar as testemunhas, sob risco de precluso do direito. Se o ru no oferecer resposta no prazo, o juiz nomear defensor para apresent-la no prazo de 10 dias, concedendo-lhe vistas dos autos (art 408, CPP). 3. Apresentada a defesa, o juiz ouvir o MP ou o querelante sobre as preliminares arguidas e sobre documentos apresentados, em 5 dias. 4. Passa-se audincia de instruo, debates e julgamento, que o juiz marcar. Ordem da audincia: 1. oitiva da vtima 2. oitiva das testemunhas de acusao. 3. oitiva das testemunhas de defesa. 4. esclarecimentos dos peritos, se houver, acareaes, reconhecimento de pessoas ou coisas. 5. interrogatrio do ru 6. Deciso do juiz: O juiz poder adotar uma das seguintes decises: a) Pronncia, quando houver indcios de materialidade e autoria do crime, conforme art 413, do CPP. Em caso de dvida do juiz, ele encaminha o processo para a fase seguinte (in dubio pro societatis). b) Impronncia: quando o juiz no se convencer da materialidade do fato ou da existncia de indcios suficientes da autoria ou da participao (deciso fundamentada).

87 c) Absolvio sumria: o juiz, de modo fundamentado absolver o ru sumariamente nas seguintes situao (art 415, do CPP). Fato comprovadamente inexistente. Prova de no ser ele o autor ou partcipe do fato. O fato no constituir infrao penal. Houver causa de iseno de pena ou excluso do crime. d) Desclassificao do crime: o juiz pode dar ao fato definio diversa da feita a pronncia (ou queixa), mesmo que a pena seja mais grave. Desses quatro tipos de deciso do juiz, apenas a de pronuncia do ru leva o processo para a fase seguinte, ou seja para o julgamento pelo Tribunal do Jri. Isso porque o procedimento do jri prev duas fases: 1 fase: juzo de prelibao. (fase preparatria) judiciu accusationes. 2 fase: juzo de delibao. (fase de julgamento) judicium causae. Quanto aos debates, na audincia de instruo debates e julgamento, o juiz pode, por analogia, determinar que os debates sejam feitos por memoriais. Fala-se em analogia, porque no h previso legal para isso no rito sumrio ou no jri. Das decises do juiz cabe recursos: a) Nos casos de impronncia ou absolvio sumria, cabe apelao. b) Na pronncia e na desclassificao do crime cabe RESE. (581, IV e II, do CPP). Questo: Havendo pronncia, correto dizer-se que se tem que aguardar o trnsito em julgado da deciso para haver recurso? No, como no se trata de sentena, mas de deciso interlocutria, no h que se falar em trnsito em julgado. Cabe falar em precluso da deciso de pronncia, para se recorrer. Com a pronncia, passa-se segunda fase do procedimento: Como estabelece o art 422, do CPP, quando o Presidente do Tribunal do Jri recebe os autos com a denncia do ru, ele tomar as seguintes providncias: 1) Intimao do MP e da defesa para apresentao do rol de testemunhas. 2) toma as providncias para instalao do corpo de jurados. 3) Ocorre o julgamento em plenrio. Da deciso dos jurados: Seja a deciso de condenao ou de absolvio do ru, cabe apelao, conforme art 593, III, do CPP. As causas mais comuns de apelao esto no art 593, III, d, do CPP (deciso contrria s provas), ou no caso de inverso da ordem de oitiva das testemunhas, ou caso de comunicao entre os jurados ou ainda, erro na formulao dos quesitos. O 4 do art esclarece que quando for cabvel apelao e RESE, tem que ser usada a apelao.

88 Endereamento das peas: Na 1 fase: EXCELENTSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA VARA AUXILIAR DO TRIBUNAL DO JRI DA COMARCA DE _______. Na 2 fase: EXCELENTSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO PRESIDENTE DO TRIBUNAL DO JRI DA COMARCA DE _________

Exerccio Exame Ponto 3: Caso: Gaio foi denunciado como incurso no art 121, 2, inciso II, c.c. art 29. todos do Cdigo Penal. Em plenrio, sustentou a Defesa, dentre outras, a tese da ausncia do animus necandi. Os jurados, por significativa maioria de votos, rejeitaram todas, sendo certo que no foi formulado quesito acerca da referida tese defensiva, fato que no foi objeto de reclamao na oportunidade. A sentena, proferida no julgamento realizado h trs dias, condenou Gaio a cumprir pena de 12 anos de recluso, em regime fechado. Questo: Como advogado de Gaio, ajuze a providncia judicial adequada, justificando-a. Momento: fase judicial (2 fase do procedimento do jri). Prazo para oferecimento de recurso 5 dias para a inteno de recorrer e 8 dias para apresentao das razes da apelao. Tese: Nulidade do julgamento erro na elaborao dos quesitos pelo juiz, pois no foi feita qualquer pergunta aos jurados sobre a o dolo do ru, tese apresentada pela defesa. Pea: Apelao (art 593, III, d) Endereamento: A primeira pea, ao Juiz Presidente do Tribunal do Jri e a segunda ao Tribunal de Justia. Pedido: Novo julgamento (art 593, 3, do CPP).

1 pea Excelentssimo Senhor Doutor Juiz Presidente do Tribunal do Jri da Comarca de _______

Processo n _____

89 GAIO, j qualificado nos autos do processo em referncia, cujo feito tramita por esse Egrgio Juzo, condenado que foi por crime de homicdio qualificado previsto no artigo 121, 2, inciso II, combinado com o artigo 29, ambos do Cdigo Penal, por seu advogado que subscreve a presente, vem, com respeito e acatamento, presena de Vossa Excelncia, para, com base no artigo 593, inciso III, a e d do Cdigo de Processo Penal, interpor APELAO contra a sentena de folhas ___, pelas razes anexas. Processado devidamente o presente recurso, requer seja ele encaminhado superior instncia, com as anexas razes. Termos em que Pede deferimento. ____________________, ____ de __________ de _________ Advogado OAB n ____

2 pea Razes de Apelao

Processo n ____, Primeira Vara Criminal da Comarca de ______ Egrgio Tribunal de Justia do Estado de So Paulo. Colenda Cmara. Nobres Julgadores. Em que pese ser da lavra de um Ilustre Magistrado, a r. sentena de folhas ______ , salvo melhor juzo, no foi prolatada corretamente. Consta dos autos que o ru fora denunciado e condenado com base no artigo 121, 2, inciso II, combinado com o artigo 29, todos do Cdigo Penal, a doze anos de recluso em regime fechado.

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Acontece que esta Defesa apresentou, entre as suas teses, a de total ausncia do animus necandi do ru. E demonstrou durante sua exposio, que ele no tinha, de fato, vontade de cometer o crime previsto nos artigos mencionados. O prprio enquadramento da denncia, ao combinar o crime de homicdio com as condies do artigo 29, do Cdigo Penal, admitiu a sua posio de partcipe. E os dois pargrafos deste artigo trazem situaes mais benficas ao ru, mas que no foram levadas em considerao quando da prolao da sentena. Ademais, a base da Defesa foi a de total ausncia de dolo do ru, que permitiria at a desclassificao do tipo penal em que fora enquadrado para, no mximo, crime culposo apenas. E esse aspecto do processo no foi considerado em momento algum pelos jurados, uma vez que sequer constou dos quesitos elaborados pelo Juiz Presidente. A propsito, ao formular os quesitos da defesa, eles devem se referir, obrigatoriamente, s causas excludentes de ilicitude, da culpabilidade, da punibilidade. Tais quesitos devem ser apresentados antes dos quesitos relativos s circunstncias agravantes, sob risco de nulidade absoluta do julgamento pelo jri (Smula 162, do STF). O prprio Cdigo de Processo Penal, em seu artigo 483, estabelece a ordem para formulao e apresentao dos quesitos e o inciso IV do artigo impe a obrigatoriedade de quesitos sobre causa de diminuio de pena quando alegada pela defesa. A doutrina tem o seguinte posicionamento quanto questo dos quesitos, segundo Mirabete: Como juzes de fato, os jurados no so questionados sobre a questo jurdica, mas apenas sobre cada um dos elementos fticos correspondentes s causas legais excludentes [...]. A correta formulao dos quesitos nesta fase est ligada e fundida com o princpio constitucional da ampla defesa. Por essa razo, fundada a defesa em duas teses distintas, de carter alternativo, no chamado princpio da eventualidade, ainda que inconciliveis ou discutveis, deve o conselho de sentena ser questionado sobre ambas e, se repelida a primeira, indagar-se sobre a segunda. (Cdigo de Processo Penal Comentado, 2008, pp. 1230/1231). Os Tribunais, entendem assim a questo: STF: Havendo a defesa apresentado mais de uma tese que consubstancie excludente de criminalidade ou dirimente, o juiz dever formular tantas sries de quesitos quantas forem as teses invocadas, sendo nulo o julgamento quando se englobam em um s quesito questes complexas, como, no caso, legtima defesa de pessoas diversas. (RTJ 80/450). TJPR: Baseando-se a defesa em duas teses distintas, de carter alternativo, deve o Conselho de Sentena ser questionado sobre ambas, se repelida a primeira. Inteligncia do artigo 484, III, do CPP, conjugado com o art 153, 15, da CF (RT 581/384). STF: se a Defesa sustenta a negativa de dolo, com o objetivo explicito de desclassificar o crime de homicdio para a sua modalidade meramente culposa, torna-se legtimo - logo aps os quesitos concernentes autoria, materialidade e letalidade do evento delituoso -, e tendo em conta o prprio contedo da tese defensiva, indagar do Conselho de Sentena se o ru quis , efetivamente, a morte da vtima. [...] O quesito sobre o dolo direto torna-se

91 indispensvel, quando a ausncia do elemento intencional invocada como elemento essencial da defesa. O Supremo Tribunal Federal, por isso mesmo, j decidiu que incorre nulidade na circunstncia de se indagar se o ru agiu dolosamente, em vez de lhes perguntar se o acusado agiu culposamente. Precedentes: RHC n 60.950-RJ, Rel. Moreira Alves (JSTF 217/306-7). H, ainda, a considerar, a Smula n 162, do STF: absoluta a nulidade do julgamento pelo jri, por falta de quesito obrigatrio. Por todo o exposto, requer a Vossas Excelncias se dignem a receber, processar e, ao final, dar provimento ao presente recurso, declarando nulo o julgamento em questo, com base no artigo 564, inciso III, letra k e determinando a realizao de novo julgamento, com base, no 3 do artigo 593 do Cdigo de Processo Penal. ___________________, ___ de ____________ de ______. Advogado OAB n ____. 04.05.2009 RECURSO EM SENTIDO ESTRITO RESE o recurso cabvel nas decises interlocutrias no Processo Penal. Corresponde ao agravo de instrumento do processo civil. Mas, em quais decises interlocutrias ele cabe? As listadas no art 581, do CPP, que um rol apenas explicativo. Mas no se pode aplic-lo em sentido contrrio ao que est listado no artigo. Alguns dos incisos do artigo foram revogados tcita ou expressamente. Assim, quando a sentena: 581-I O juiz no recebe a denncia ou a queixa por falta de condies da ao. Se ele no receber, no cabe recurso algum previsto no CPP, cabendo, todavia, o Habeas Corpus. Entretanto, como a denncia ou queixa admitem aditamento, o juiz pode no receber o aditamento e, neste caso, cabe contra o no recebimento do aditamento o RESE. 581-II Quando o juiz, de ofcio, decide pela sua incompetncia, cabe RESE.(CPP,581, II) 581-III Quando o juiz julgar procedentes as excees, salvo a de suspeio, cabe RESE. 581-IV Quando o juiz pronunciar o ru (sentena de pronncia, que, rigor, no sentena (CPP, 581. IV). 581-V Em todas estas hipteses, aplica-se o RESE. 581-VI Revogado expressamente. 581-VII Quando houver quebra de fiana ou for perdido o seu valor, cabe o RESE. 581-VIII Quando houver prescrio ou ocorrer, por outro modo, a extino da punibilidade, cabe o RESE. 581-IX - Quando o juiz indeferir pedido de reconhecimento de prescrio ou de extino da punibilidade, cabe tambm o RESE. 581-X Quando a reconhecer ou negar ordem de habeas corpus. Neste caso, cabe tanto RESE como ROC. Cabe RESE quando a ordem negada ou deferida na 1 instncia o

92 recurso vai ao Tribunal e cabe o ROC quando essa ordem negada pelo Tribunal o recurso vai ao STF. Todavia, no o caso de recurso em 3 instncia, pois ambos cabem no 1 recurso. 581-XI caso de sursis (suspenso condicional da pena). Como ele concedido na prpria sentena condenatria, cabe tanto RESE como apelao. Mas o 4, do art 593, do CPP, diz nesses casos deve fazer da apelao e no do RESE. Quanto a revogar a suspenso condicional da pena, ato do Juiz da Execuo situao regulada pela LEP- Lei das Execues Penais (Lei 7.210/84) que, no seu art 197 diz que das decises do juiz da Execuo cabe recurso de agravo, sem efeito suspensivo (Agravo na Execuo Penal). Tambm, no cave RESE. Ento este item est tacitamente revogado. 581-XII Revogado pelo art 197, da LEP. Ato do juiz da Execuo. 581-XIII Neste caso, aplica-se o RESE. 581-XIV Tambm cabe o RESE. 581-XV Existem trs situaes a considerar: 1) no recebimento da apelao (falta das condies), 2) julgar a apelao deserta e 3) art 595: se o condenado fugir depois de ter apelado, ser declarada deserta a apelao (sentena transita em julgado). Este 3 caso, o STF decidiu que no pode ser aplicado, pois fere o princpio constitucional da ampla defesa. 581-XVI Aplica-se o RESE. 581- XVII - Como a unificao das penas feita pelo Juiz da Execuo, no cabe o RESE, mas o Agravo de Execuo Penal (LEP, art 66, III a). Revogado. 581-XVIII Aplica-se o RESE. 581- XIX Ato do juiz da execuo. No cabe o RESE revogado pela LEP. 581 XX - Revogado pela LEP, pois ato do Juiz da Execuo (LEP, art 184). 581 XXI Ato do juiz da execuo revogado. 581 XXII - Ato do juiz da execuo revogado. 581 XXIII - Ato do juiz da execuo revogado. 581 XXIV No h possibilidade de ocorrer a converso da pena de multa em deteno ou priso simples. Portanto, revogado. S poder ocorrer a converso se a pena anterior for de restrio de direitos. O no pagamento da multa implica em dvida ativa da Fazenda Pblica (CP, art 51). RESE: Fundamento: Decises interlocutrias, no processo penal. Cabimento: Situaes previstas no art 581, do CPP. Prazo: 5 dias para interposio do recurso e 2 dias para as razes do recurso. (Lembrar que na apelao esses prazos so de 5 e 8 dias, respectivamente). Petio: Como na apelao, duas peas. A diferena da apelao est na particularidade que no RESE, na interposio do recurso, deve aparecer mais a meno a possibilidade do juzo de retratao, como, por exemplo, co V, Exa. Mantenha a deciso recorrida, requer se digne encaminhar os autos superior instncia. 04.05.2009 Exame 111, n 2: Em festiva reunio realizada por empresrios na Comarca de Bauru, Ulpiano, engenheiro civil com residncia e domiclio em So Paulo, Capital, teria ofendido a dignidade e a honra de Modestino eis que, jocosamente, relatava aos presentes, as relaes

93 homossexuais por este praticadas. Por tais fatos, Modestino, por advogado, ajuizou no Foro Central de So Paulo, queixa-crime contra Ulpiano, por infrao aos artigos 139, 140 e 141, inciso III, todos do CP. A ao foi distribuda 1 Vara Criminal, porm o Magistrado rejeitou a inicial, deduzindo na deciso, ser incompetente para processar e julgar o feito ocorrido na Comarca de Bauru, fundamentando-se nos artigos 6 do CP e 70, caput, do CP. O desidum judicial foi publicado h dois dias. Questo: Como advogado de Modestino, acione a providncia judicial pertinente. Momento: Fase judicial (incio da ao). Tese: Arbitrariedade. Fundamento, art 73, do CPP. O Magistrado desrespeitou direito do autor. Pea: RESE (Recurso de Sentido Estrito), art 581, II, do CPP. Pedido: Pedir ao Tribunal que determine que a petio inicial seja recebida para que a ao tenha prosseguimento. Endereamento: Petio ao juiz da causa em 5 dias e ao Tribunal expondo as razes em 2 dias.

1 Pea EXCELENTSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 1 VARA CRIMINAL DA COMARCA DE SO PAULO

Processo n _____

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MODESTINO, j qualificado nos autos do processo em referncia, cujo feito tramita por esse Egrgio Juzo, vem por meio de seu advogado que esta subscreve, com respeito e acatamento, presena de Vossa Excelncia para, com base no artigo 581, II, do Cdigo de Processo Penal, interpor RECURSO EM SENTIDO ESTRITO r. deciso de folhas ___, pelas razes abaixo: Processado devidamente o presente recurso e, caso Vossa Excelncia mantenha a deciso mencionada, requer seja o mesmo encaminhado superior instncia, com as razes inclusas. Termos em que, Pede deferimento. ___________________, ___ de _________________ de ______ Advogado OAB n

2 Pea Razes de Recurso

Processo n ____, Primeira 1 Vara Criminal da Comarca de So Paulo (SP).

95 Egrgio Tribunal de Justia do Estado de So Paulo. Colenda Cmara. Nobres Julgadores. Em que pese ser da lavra de um Ilustre Magistrado, a r deciso de folhas ___, salvo melhor juzo, foi prolatada incorretamente. Consta dos autos que o recorrente teria sido ofendido pelo recorrido em sua honra, em reunio festiva de empresrios realizada na Comarca de Bauru, quando relatou aos presentes, jocosamente, relaes homossexuais do recorrente. Em razo dessas ofensas, o recorrente ajuizou queixacrime contra o recorrido, com base nos artigos 139, 140 e 141, inciso III, do Cdigo Penal, no Foro Central de So Paulo. O juiz da primeira Vara Criminal de So Paulo rejeitou a inicial, alegando ser incompetente para processar e julgar o feito que ocorrera na Comarca de Bauru, fundamentando-se no artigo 6, do Cdigo Penal e 70, caput, do Cdigo de Processo Penal. Acontece que o artigo 73, do Cdigo de Processo Penal autoriza a competncia da residncia do ru, ainda que outro seja o lugar da infrao, nos casos de ao privada. A propsito, nos ensina Mirabete: Permite a lei que o querelante da ao privada exclusiva afaste a competncia do lugar da infrao, podendo ele propor a queixa no foro do domiclio ou residncia do querelado. Este critrio, que pode trazer ao querelante mais vantagem, firma uma competncia relativa, em que a vontade das partes pode derrogar o princpio da competncia estabelecido no artigo 70. (Cdigo de Processo Penal Interpretado, 2008, p.301). Da mesma forma consideram os Tribunais: TJSP: Nas aes penais privadas o querelante pode oferecer a queixa-crime no foro do domiclio ou residncia do querelado. Essa preferncia assegurada pelo artigo 73, do CPP, ainda que conhecido o local em que perpetrada a infrao (RT 664/254). Por todo o exposto, requer a Vossas Excelncias se dignem receber, processar e, ao final, dar provimento ao presente recurso, determinando ao juzo de origem receber a pea inicial, dando andamento ao processo e julgando o feito. So Paulo, __ de ___________ de ______. Advogado OAB n_____

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Exame 115 Ponto 3. A e B eram amigos de infncia. Resolveram excursionar por lugar extremamente perigoso, hostil, deserto e com algumas cavernas, localizado no municpio de So Paulo. Ficaram perdidos durante 2 meses. Finalmente, os bombeiros alcanaram o lugar onde eles estavam. A havia tirada a vida de B e os homens viram A sentado ao lado de uma fogueira, tranqilamente assando a coxa da perna esquerda de B. Os bombeiros ficaram horrorizados e A foi preso em flagrante. Processado no juzo competente, por homicdio doloso simples, alcanou liberdade provisria. Acabou pronunciado pelo magistrado, por sentena de pronncia prolatada h 2 dias. Questo: Elabora a pea processual conveniente em favor de A, destinando-a autoridade judiciria competente. Anlise da situao: Momento: Judicial. Exatamente aquele em que o juiz pode pronunciar, impronunciar, absolver sumariamente o acusado ou desclassificar o crime. Ele pronunciou o acusado por homicdio doloso simples. Em 5 dias, mantida a deciso (sentena de pronncia) o acusado ir a jri. Da sentena cabe RESE, ao juiz da Vara Auxiliar do Tribunal do Jri. Tese: O acusado agiu em estado de necessidade. Pea: RESE art 581, IV. Pedido: absolvio sumaria do ru Endereamento: Juiz Auxiliar do Tribunal do Jri. _________________________________________________________________________ 1 pea: EXCELENTSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ___ VARA AUXILIAR DO JRI DA COMARCA DE SO PAULO (SP).

Processo n ______

A, j qualificado nos autos do processo em referncia, cujo feito tramita por esse Egrgio Juzo, vem, por intermdio de seu advogado que esta subscreve, presena de Vossa Excelncia, com acatamento e respeito, com base no artigo 581, inciso IV, do Cdigo de Processo Penal, interpor RECURSO EM SENTIDO ESTRITO

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sentena de pronncia de folhas ____, pelas razes seguintes: Processado devidamente o presente recurso e. caso Vossa Excelncia mantenha a deciso recorrida. Requer seja o mesmo encaminhado superior instncia, com as respectivas razes. Termos em que Pede deferimento. So Paulo, ___ de _____________ de ______. Advogado OAB n_____ 2. Pea Razes de Recurso

Processo n ____, Primeira 1 Vara Criminal da Comarca de So Paulo (SP). Egrgio Tribunal de Justia do Estado de So Paulo. Colenda Cmara. Nobres Julgadores. Em que pese ser da lavra de um Ilustre Magistrado, a r deciso de folhas ___, salvo melhor juzo, foi prolatada incorretamente. Consta dos autos que A e B, amigos de infncia, resolveram excursionar por lugar extremamente perigoso, hostil, deserto e com algumas cavernas, no municpio de So Paulo. Perderam e perdidos ficaram durante dois meses. Finalmente, os bombeiros alcanaram o lugar onde eles se encontravam. A havia tirado a vida de B e os bombeiros o encontraram assando a coxa esquerda de B, tranqilamente. A foi preso em flagrante, processado no juzo competente por homicdio doloso simples, mas alcanou a liberdade provisria. O fato de A ter matado B presumido, pois nos autos no h qualquer prova disso.

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Mas, ainda que se aceite essa presuno, h a considerar-se a situao peculiar em que se encontravam os dois amigos. Afinal, estavam perdidos h dois meses, certamente enfrentando toda espcie de privaes, especialmente em termos de alimentao. Logicamente passavam fome, o que pode configurar para o recorrente um estado de necessidade, uma vez que sua vida corria riscos permanentemente, em decorrncia da situao que ele, voluntariamente, no criara. o que permitem os artigos 23 e 24 do Cdigo Penal. A propsito, o posicionamento da doutrina: O estado de necessidade pressupe um conflito entre titulares de interesses lcitos, em que um pode perecer licitamente para que o outro sobreviva. Exemplos clssicos de estado de necessidade so o furto famlico, a antropofagia no caso de pessoas perdidas [...]. (Mirabete. Manual de Direito Penal, 2007, pp. 171/172). Teoria Unitria: adotada pelo Cdigo Penal. O estado de necessidade sempre causa de excluso de ilicitude. (Capez, Curso de Direito Penal, v.1, 2007, p.234). Nosso Cdigo adotou a chamada Teoria Unitria, aceitando a justificativa mesmo quando se trate de coliso de bens jurdicos de igual valor. (Paulo Jos da Costa Jr, Comentrio ao Cdigo Penal, Saraiva, 1989, p. 205, mencionado por Delmanto em Cdigo Penal Comentado, 2007, p.95), Os Tribunais tm o seguinte entendimento: O estado de necessidade circunstncia capaz de forar o homem mdio ao anti-social quando for irrazovel exigir-lhe procedimento diverso. (RJTAMG, 22/376). Por todo o exposto, requer a Vossas Excelncias se dignem receber, processar e, ao final, dar provimento ao presente recurso, absolvendo desde logo o acusado, com base no artigo 415, inciso IV, do Cdigo de Processo Penal. So Paulo,___, de ________________de, ______ Advogado OAB n ______ ================================================================ QUESTO: O que se entende por quebramento da fiana? Resposta: So causas de quebramento de fiana: a) no comparecer perante a autoridade todas as vezes que o ru for regularmente intimado para atos do inqurito e da instruo criminal e para julgamento, sem provar incontinenti motivo justo (art 327 e 341, do CPP); b) mudar de residncia, sem prvia autorizao da autoridade processante ou ausentar-se por mais de 8 dias de sua residncia sem comunicar quela autoridade o lugar onde ser encontrado (art 328, CPP). c) na vigncia fiana, praticar outra infrao penal- crime ou contraveno (art 341, CPP). Esta ltima causa no se refere condenao, mas to-somente

100 prtica de outra infrao. O quebramento da fiana s pode ser decretado pelo juiz, nunca pelo delegado. 11/05/2009 AGRAVO EM EXECUO Fundamento: LEP, art 197. Cabimento: Todas as decises do juiz da execuo (aps trnsito em julgado). Prazo: como no previsto na LEP, por analogia, aplica-se o mesmo prazo do RESE, ou seja, cinco dias para interposio e 2 dias para as razoes. Petio: idntica ao RESE, diferente apenas no endereamento, porque, neste caso : Excelentssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da Vara das Execues Penais da Comarca de ______. Considera-se tambm o juzo de retratao. Aplicao: Caso: Exame 112, Ponto 3. Quilon, por ter furtado um toca-fitas de um veculo que estava aberto e estacionado na via pblica, fato ocorrido em 17 de janeiro de 2006. no bairro da Penha, tendo agido sozinho, foi condenado pelo Meritssimo Juiz de Direito da 1 Vara Criminal da Capital, pena de 1 ano de recluso e multa de 10 dias-multa, em regime fechado, j transitado em julgado. Tambm por furto de um toca-fitas, por delito perpetrado no dia 18 de janeiro de 2006, no mesmo bairro e nas mesmas condies que o delito anterior, foi condenado, de modo irrecorrvel, pelo Meritssimo Juiz da 2 Vara Criminal pena de 1 ano de recluso e multa de 10 diasmulta, em regime fechado Quilon encontra-se recolhido na Penitenciria do Estado de So Paulo, em virtude de ostentar outras condenaes por diversos delitos. Em fase de execuo de sentena, por intermdio de advogado, Quilon requereu a unificao de penas relativa aos delitos de furto ocorridos nos dias 17 e 18 de janeiro de 1989, indeferida pelo Meritssimo Juiz sob argumento de que os crimes so graves. Questo: Como advogado de Quilon, hoje intimado, adote a medida judicial cabvel. Anlise da situao Fundamento: Art 197, da LEP Cabimento: indeferimento pelo Juiz do pedido de unificao das penas. Prazo: 5 dias para interposio do recurso e 2 dias para as razes. Pedido: pedir alterao da deciso, a fim de unificar as penas. 1 pea:

EXCELENTSSIMO SENHOR DOUOR JUIZ DE DIREITO DA VARA DAS EXECUES PENAIS DA COMARCA DA CAPITAL

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Processo n ___

Quilon, j qualificado nos autos do processo em referncia, cujo feito tramita por esse Egrgio Juzo, vem, por intermdio de seu advogado que esta subscreve, presena de Vossa Excelncia, com acatamento e respeito, para, com base no artigo 197, da Lei das Execues Penais interpor AGRAVO EM EXECUO Contra deciso de folhas ____, pelos motivos seguintes: Recebido e processado devidamente o presente recurso, requer, caso Vossa Excelncia mantenha a deciso recorrida, seja este recurso encaminhado superior instncia, com as respectivas razes. Termos em que Pede deferimento So Paulo, ___ de ____________ de _______. Advogado OAB n ____ ___________________________________________________________________

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Processo n ____, Primeira 1 Vara Criminal da Comarca de So Paulo (SP). Egrgio Tribunal de Justia do Estado de So Paulo. Colenda Cmara. Nobres Julgadores. Em que pese ser da lavra de um Ilustre Magistrado, a r deciso de folhas ___, salvo melhor juzo, foi tomada incorretamente.

Consta dos autos que o ru, em 17 de janeiro de 2006, praticou o furto de um toca-fitas de um veculo estacionado, aberto, em via pblica, tendo sido, por esse fato, condenado pena de 1 (um) ano de recluso e multa de 10 (dez) dias-multa, em regime fechado. No dia seguinte, 18 de janeiro, cometera outro furto de toca-fitas, no mesmo bairro e nas mesmas condies do delito anterior, pelo qual fora tambm condenado, por juzo de outra vara da Capital, pena idntica primeira. Conta ainda que ele encontra-se cumprindo pena na penitenciria do Estado de So Paulo, em virtude de condenaes que recebera por diversos delitos. Requerera a unificao das penas dos mencionados delitos cometidos nos dias 17 e 18 de janeiro, mas teve seu pedido indeferido pelo juiz da vara das execues penais sob o argumento de que os crimes foram graves. Todavia, o artigo 71 do Cdigo Pena bastante claro estabelecendo que, quando o agente, mediante uma ou mais ao ou omisso, pratica dois ou mais crimes da mesma espcie e, pelas condies de tempo, lugar, maneira de execuo e outras, semelhantes, devem os subsequentes ser havidos como continuao do primeiro, aplica-se-lhe a pena de um s dos crimes, se idnticas, ou a mais grave, se diversas, aumentada, em qualquer caso, de um sexto a dois teros. Por seu lado, a Lei das Execues Penais, em seu artigo 66, inciso III, alnea a, estabelece que compete ao Juiz (das Execues) decidir sobre a soma ou unificao das penas. A propsito, o entendimento de Capez:

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Crime continuado aquele no qual o agente, mediante mais de uma ao ou omisso, pratica dois ou mais crimes da mesma espcie, os quais, pelas semelhantes condies de tempo, lugar, modo de execuo e outras podem ser tidos uns como continuao dos outros. Lembra Bettiol que suas origens polticas se encontram indubitavelmente um favor rei, que levou os juristas medievais a considerar como furto nico uma pluralidade de furtos, para assim evitar as consequncias draconianas que de outra forma adviriam, uma vez que se aplicava a pena de morte a quem cometesse trs furtos, ainda que de pequeno valor. (Curso de Direito Penal, vol 1,2007, p.510). Os Tribunais entendem a questo assim: O reconhecimento de crime continuado no se subordina a indagaes de carter subjetivo nem a exame de antecedentes e da personalidade do condenado. (TACrSP, RT 542/361). Por todo o exposto, requer a Vossas Excelncias se dignem a receber, processar e, ao final, dar provimento ao presente Agravo em Execuo, reformando a deciso de folhas ___, a fim de que as penas dos crimes em questo sejam unificadas, com base no art 71, do Cdigo Penal. So Paulo, ___ de _______________ de _____. Advogado OAB n ____

Exerccio: Exame 135, ponto 3: Mrcio, brasileiro, solteiro, pedreiro, atualmente recluso no Centro de Readaptao penitenciria de Presidente Bernardes-SP, foi condenado pelo juiz da 2 Vara Criminal de So Paulo SP, a 8 anos de recluso, em regime fechado, pela prtica do crime previsto no art 157, 2, incisos I e II. Recentemente, progrediu ao regime semiaberto, razo pela qual ainda no faz jus progresso ao regime aberto. Mrcio, que j cumpriu 5 anos do total da pena, tem profisso certa e definida e est trabalhando, com carteira assinada, como pedreiro, demonstra inteno de fixar residncia na Colnia Agrcola guas Lindas, lote 1, Guar-DF, em companhia de seus pais, bem como de constituir uma famlia to logo seja colocado em liberdade. Em razo disso, por meio da defensoria pblica, pleiteou ao juzo competente a concesso do livramento condicional. O juiz indeferiu o pedido de livramento condicional, visto que, no relatrio carcerrio expedido pelo diretor daquele estabelecimento prisional, consta uma tentativa de fuga em 22.04.2006, na qual Mrcio estivera envolvido. Entretanto, no mesmo relatrio, a autoridade carcerria informa que, atualmente, o

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detento, no reincidente em crime doloso, ostenta bom comportamento e exerce trabalho externo. Considerando a situao hipottica descrita, formule, na condio de advogado contratado por Mrcio, a pea diversa de habeas corpus que deve ser apresentada no processo. Anlise da situao: Momento: Fase da execuo da sentena transitada em julgado. Trata-se de deciso do juzo da execuo de sentena: cabe agravo em execuo. Fundamento: Art 197, da LEP. Cabimento: Recurso negativa em pedido de livramento condicional. Prazo: 5 dias para interposio de recurso e 2 dias para apresentao das razes. Pea: Agravo em execuo. Pedido: mudana da deciso proferida para concesso de liberdade provisria, com base no art 83, do CP e 66 e 131 da LEP. 1 pea EXCELENTSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA VARA DAS EXECUES PENAIS DA COMARCA DA CAPITAL

Processo n ____

MARCIO, j qualificado nos autos do processo em referncia, cujo feito tramita por esse Egrgio Juzo, vem, por intermdio de seu advogado que esta subscreve, presena de Vossa Excelncia, com respeito e acatamento, para, nos termos do artigo 197 da Lei das Execues Penais, interpor AGRAVO EM EXECUO Contra r. deciso de folhas _____ pelas razes anexas. Recebido e processado regularmente o presente recurso, requer a Vossa Excelncia o encaminhamento do mesmo superior instncia, com as respectivas razes, caso seja mantida a deciso recorrida. Termos em que

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Pede deferimento. _________________, ___ de _____________ de ________. Advogado OAB n_____ 2 pea
Razes de Recurso

Processo n ____, Primeira 1 Vara Criminal da Comarca de So Paulo (SP). Egrgio Tribunal de Justia do Estado de So Paulo. Colenda Cmara. Nobres Julgadores. Em que pese ser da lavra de um Ilustre Magistrado, a r deciso de folhas ___, salvo melhor juzo, foi prolatada incorretamente.

Consta dos autos que o recorrente foi condenado pelo juiz da 2 Vara Criminal da Comarca de So Paulo (SP) a 8 (oito) anos de recluso, em regime fechado, como incurso no artigo 157, 2, incisos I e II, do Cdigo Penal. Recentemente progrediu para o regime semi-aberto, no fazendo, portanto, jus progresso para o regime aberto. J cumpriu 5 (cinco) anos da pena, tem profisso certa e definida, trabalha com carteira assinada, como pedreiro. Tem demonstrado inteno de fixar residncia na Colnia Agrcola guas Limpas, lote 1, em Guar (DF), para viver em companhia dos pais, bem como constituir famlia, quando for libertado. Pleiteou, por isso, por meio da defensoria pblica, a concesso de liberdade condicional. O juiz, entretanto, indeferiu este pedido visto constar do relatrio carcerrio um tentativa de fuga em 22/04/2006, no qual o recorrente estivera envolvido, muito embora constasse tambm do relatrio que atualmente o detento, no reincidente em crime doloso, ostenta bom comportamento e exerce trabalho externo.

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O benefcio pleiteado pelo recorrente disciplinado pelo artigo 83, do Cdigo Penal e 131 da Leia das Execues Penais, estando a concesso sujeita a algumas condies, alguns requisitos. O artigo 66, da Lei das Execues Penais, estabelece que a competncia para concesso do benefcio do juiz das Execues Penais (art 66, II, e). Ora, o recorrente, conforme consta do relatrio carcerrio, preenche todas as condies, inclusive quanto a no ter reparado o dano causado pela infrao por falta de condies financeiras, demonstradas pelo fato de ter recorrido defensoria pblica para solicitar o benefcio. A propsito, o entendimento de Delmanto: Como o sursis, o livramento condicional no um favor, mas direito subjetivo do sentenciado, desde que preenchidos os requisitos que a lei fixa para a concesso (Cdigo Penal Comentado, 2007, p.204). O entendimento dos Tribunais no mesmo sentido: Em crime doloso, praticado com violncia ou grave ameaa, o livramento deve ficar subordinado constatao de condies pessoais que faam presumir que no mais voltar a delinquir (TJSE, RT 701/692). Ora, a presuno de no mais delinquir do recorrente perfeitamente justificada pelas informaes dos prprios autos, como exemplo, a inteno de fixar residncia, de constituir famlia e pelo seu comportamento, ainda que em regime semi-aberto. Por outro lado, a justificativa do juiz para indeferir o pedido de livramento condicional no foi correta, pois a fuga do preso somente punida se houver violncia contra a pessoa, visto ser direito natural do ser humano buscar a liberdade. Do mesmo modo que se permite ao ru, exercitando a autodefesa, mentir (Nucci, Cdigo Penal Comentado, 2009, p.1174). Sobre a fuga, os Tribunais entendem: Sem violncia no constitui delito. considerada conduta normal (anseio de liberdade do indivduo). (RT 491: 332 e 389-95). Por todo o exposto, requer a Vossas Excelncias se dignem receber, processar e, ao final, dar provimento ao presente recurso, a fim de que a deciso recorrida seja reformada, com base no artigo 83 do Cdigo Penal e artigo 131 da Lei das Execues Penais, concedendo-se ao recorrente livramento condicional. __________________, ___ de _____________ de ________

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Advogado OAB n ____ 18.05.2009 Exame 132, exerccio 3 Carlos foi processo e condenado com trnsito em julgado pela prtica de homicdio simples (art 121, caput) praticado na cidade de Avar, no ano de 2001, tendo sido condenado pelo juiz de Avar pena de 6 anos de recluso a ser cumprida em regime fechado, em face de sua condio de reincidente. Iniciado a execuo de sua pena na Penitenciria de Avar, passaram-se exatos 2 anos desde o incio do cumprimento da sua pena no regime fechado, ainda no pleiteando Carlos qualquer benefcio no mbito da execuo penal, no obstante o bom comportamento na priso e a existncia da Vara de Execuo na cidade de Avar. Questo: Como advogado de Carlos, faa a pea adequada. Anlise: Momento: fase de execuo da pena. Cabimento: Pedido de progresso da pena (art 33, 2, CP e art 112, da LEP). Pea: Requerimento pedindo o benefcio. Endereamento: Juzo das execues penais. Pedido: concesso do benefcio acima. Pea: Excelentssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da Vara das Execuo Penais da Comarca de Avar (SP).

Processo n ___

Carlos, j qualificado nos autos do processo em referncia, pelo seu advogado que esta subscreve, vem Ilustre presena de Vossa Excelncia, com acatamento e respeito, pleitear, com base no artigo 33 do Cdigo Penal, em seu pargrafo segundo, parte inicial e artigo 112, da Lei das Execues, apresentar pedido de

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PROGRESSO DE SUA PENA Para o regime semi-aberto, pelas seguintes razes: 1. Os dois dispositivos mencionados estabelecem que as penas privativas de liberdade sero executadas de forma progressiva, 2. Exige-se que o detento tenha bom comportamento carcerrio, o que o caso do requerente, conforme consta do caso. 3. O detendo deve, tambm, j ter cumprido ao menos um sexto de sua pena, o que tambm j ocorreu, pois ele j cumpriu dois anos, de seis. 4. Inexistem normas que vedem a progresso. Segundo Mirabete: [...] possibilita ao sentenciado, de acordo com o sistema progressivo, a transferncia para regime menos rigoroso, desde que tenha cumprido ao menos um sexto da pe na no regime anterior e o mrito co condenado recomendar a progresso [...]. A Lei n 10.792. de 1-12-2003,que alterou diversos dispositivos da Lei da Execuo Penal, passou a prever, com a relao dada ao art 112, que a progresso, alm do requisito temporal, exige bom comportamento carcerrio, comprovado pelo diretor do estabelecimento ( Manual de /direito Penal Parte Geral, 2007, pp 260/261). Como se v pela alterao feita pela Lei 10.792, excluiu-se como exigncia para a progresso a condio de no reincidncia. O entendimento dos Tribunais segue a mesma linha: O condenado pena de recluso em regime fechado s pode ser transferido para o regime menos rigoroso, aps cumprimento de um sexto da pena e provada sua readaptao vida comum, sem os riscos da periculosidade que revelou na prtica do crime (STF, RT 605/411). No basta que o condenado preencha o requisito temporal de um sexto, pois deve tambm demonstrar mrito para a progresso; (TARCrSP, julgado 85/83; HC 141.482, j. 25.4.85). Por todo o exposto, requer a Vossa Excelncia, com base nos mencionados artigos 33, do Cdigo Penal e 112 da Lei das Execues Penais a progresso de seu regime penal de fechado para semi-aberto.

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Termos em que, por ser questo de inteira justia, espera deferimento. Avar, ___ de _______________ de ______. Advogado OAB n ____ Exame 112 Ponto 2 Clebulo, soldado da Polcia Militar, aps cumprir seu turno de trabalho, dirigindo-se para o ponto de nibus, deparou-se cm um estranho grupo de pessoas em volta de um veculo, percebendo que ali ocorria um roubo e que um dos elementos mantinha uma senhora sob a mira de um revlver. Aproximando-se por trs do meliante, sem ser notado, desferiu-lhe quatro tiros com sua arma particular, vindo este a falecer no local. Os outros dois meliantes evadiram-se, Clebulo foi processado e, ao final, absolvido sumariamente em primeiro grau, pois a r deciso judicial reconheceu que o policial agira no cumprimento do dever de polcia (artigo 23, inciso III, 1 parte, Cdigo Penal). Inconformado, o Ministrio Pblico recorreu pleiteando a reforma da r deciso. Para tanto, alega, em sntese, que o policial estava fora de servio e que houve excesso no revide, eis que Clebulo, disparando quatro tiros do seu revlver, praticamente descarregou-o, pois a arma possua, ao todo, seis balas. Questo: Na condio de advogado de Clebulo, apresente a pea pertinente. Anlise da situao Fundamento: artigo 600, do CPP. Cabimento: Contra -razes apelao Prazo: Endereamento: So duas peas. A primeira para o Juiz Auxiliar do Tribunal do Jri e a segunda ao Tribunal de Justia, com as contra-razes de apelao. Pea: requerimento pedindo o benefcio. Pedido: Pedi a confirmao da sentena de 1 grau. 1 Pea EXCELENTSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA VARA AUXILIAR DO TIBUNAL DO JRI DA COMARCA DE _____________

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Processo n _____

Clebolo, j qualificado nos autos do processo referido, cujos feitos correm por esse Egrgio Juzo, por intermdio de seu advogado que esta assina, vem, com respeito e acatamento, apresentar a Vossa Excelncia, com base no artigo 600, do Cdigo de Processo Penal CONTRARRAZES DE APELAO s alegaes de apelao apresentadas pelo representante do Ministrio Pblico r. sentena de folhas _. Recebida e processada a presente pea, requer o seu encaminhamento superior instncia, com as respectivas contra-razes. Termos em que, Pede deferimento. ________________, ___, de _____________, de ______. Advogado OAB n

2.pea:

Contra-razes de Apelao

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Processo n ____ Vara Criminal da Comarca de ________. Egrgio Tribunal de Justia do Estado de So Paulo. Colenda Cmara. Nobres Julgadores. Em que pese o esforo do ilustre representante do Ministrio Pblico em sua apelao de folhas ___ , as razes apresentadas, salvo melhor juzo, carecem de melhores fundamentos e, portanto, sua apelao no deve ser acolhida pelas razes seguintes. Consta dos autos que Clebolo, soldado da Polcia Militar, ao terminar o seu turno de trabalho e dirigindo-se para o ponto de nibus, deparou com um grupo de trs pessoas, ao redor de um veculo, percebendo que praticavam um roubo, havendo, inclusive, uma senhora sob a mira do revlver de um deles. Aproximando-se por trs do meliante, sem ser percebido, desferiu-lhe quatro tiros de sua arma particular, matando-o no local. Os outros dois fugiram. Clebolo foi processado e acabou absolvido sumariamente, em primeiro grau, pois o juiz entendera que ele agira no cumprimento de seu dever de polcia (artigo 23, III, 1 parte, do Cdigo Penal). O representante do Ministrio Pblico, indignado, recorreu da sentena do juiz baseando sua defesa no fato de o policial estar fora de seu horrio de servio e de ter revidado excessivamente, eis que quase descarregara sua arma no meliante. Est Cleobaldo, por esta pea, apresentando sua argumentao sobre as alegaes do Ministrio Pblico. Primeiramente, o Ministrio Pblico, por seu representante, alega que, por no estar em servio, o militar no tinha o dever legal de agir na situao em questo. Mas no correto seccionar a vida do militar pela circunstncia de estar ou no em servio. Ele militar as vinte e quatro horas do dia. E, para exercer as funes de polcia militar, foi treinado e preparado para proteger e defender a sociedade, no em determinadas horas, mas defend-la sempre, a todo o momento. A propsito, o pargrafo segundo do artigo 13 do Cdigo Penal: a omisso penalmente relevante quando o omitente devia e podia agir para evitar o resultado. O dever de agir incumbe a quem: a) tenha por lei obrigao de cuidado, proteo ou vigilncia; [...]. Como policial ele estava, pois, no dever de agir, para no ser considerado omisso. Mas admitamos, apenas a ttulo de argumentao, que ele no estivesse no dever de agir. A propsito, considera Nucci:

112 [...] qualquer do povo que acompanhe a ocorrncia de um furto pode agir para impedir o resultado, mas no obrigado. Da por que, mesmo que aja dolosamente, no pode ser punido, pois no tinha o dever jurdico de impedir o resultado. A situao diferente se a pessoa que acompanha o furto sem propositadamente agir o vigilante contratado para zelar pela coisa subtrada: responde por furto. (Cdigo Penal Comentado, 2009, pp. 155/156). Ora, o militar estava presenciando um roubo na iminncia de acontecer e com violncia que ameaava resultar em homicdio. Por isso agiu. E teve que o fazer com rapidez, pois se fosse percebido pelo meliante, este poderia reagir, o que aumentava o risco da vida da vtima que estava sob a mira de seu revlver e de sua prpria vida, dependendo do tipo de reao do meliante. Alm do mais, os outros dois comparsas poderiam tambm estar armados, aumentando o risco daquelas consequncias. Agiu, portanto, com rapidez e com a fora que impossibilitasse qualquer reao do meliante. Desferiu, assim, os quatro tiros sucessiva e rapidamente. A necessidade de ter que agido daquela forma na situao elimina o excesso de reao, de revide, alegado pelo apelante. Afinal, quem pratica roubo fazendo uso de arma tem inteno de desta fazer uso diante de qualquer reao da vtima ou de outrem. Sobre a questo, temos tambm o entendimento expressado por Capez: Dever legal compreende toda e qualquer obrigao direta ou indireta derivada de lei. Pode constar de decreto, regulamento ou qualquer ato administrativo ou infralegal, desde que originrio de lei. [...] Exemplo:o policial que priva o fugitivo de sua liberdade, ao prend-lo em cumprimento de ordem judicial. (Curso de Direito Penal, vol 1, 2007, p. 291). Ainda mais, o policial, ainda que fora de seu turno de servio, tem sempre presente em sua cabea o dever de defender a sociedade como uma obrigao, um dever, intrnseco sua profisso, o que afasta, na situao, qualquer outro tipo de propsito ou motivao do contra-apelante. Veja-se, tambm, o entendimento dos Tribunais: Agem no estrito cumprimento do dever legal os policiais que eliminam homicida que faz uso de arma ao receber voz de priso. (TJMT, RT 519/409). Est assim sobejamente demonstrada a correo da deciso do juiz singular, ao entender que o policial agira no cumprimento de seu dever legal e por isso o absolvera sumariamente. Por todo o exposto, requer a Vossas Excelncias se dignem receber, processar e, ao final, dar provimento s presentes contra-razes para, rejeitando a apelao da ilustre promotoria, confirmar a deciso do julgamento em primeira instncia, ou seja, declarando absolvido o policial militar. ____________________, ____ de _________de ____

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Advogado OAB n ___ 01.06.2009 EMBARGOS DE DECLARAO (Ou Embargos Declaratrios). Fundamento: art. 619, CPP. O artigo se refere aos acrdos proferidos pelos Tribunais de Apelao, pelas Cmaras ou Turmas., no prazo de 2 dias contados da publicao. E em se tratando de sentenas, cabero embargos infringentes? P assunto regulado pelo art 382, do CPP. Assim, tanto para acrdos como para sentenas, cabem estes embargos. A doutrina se refere aos embargos de declarao contra sentenas como embarguinhos, terminologia que no deve ser usada nas peas. Cabimento: Mas necessrio que tais acrdos ou sentenas apresentam um dos vcios abaixo, que configuram as condies de cabimento para a medida: Ambigidade, Obscuridade, Contradio ou Omisso. Prazo: 2 dois, contados da publicao da deciso. Petio: uma nica pea. Pedido: Pela sua natureza, nos embargos declaratrios no tm efeitos infringentes, pretendendo to-somente obter da autoridade que os emitiu um declarao. Por isso, eles devem ser declarados. Deve-se pretender que o juiz declare, esclarecendo o vcio apontado. Endereamento: Se ao Tribunal, ao desembargador relator do acrdo. Assim, Exmo. Sr. Dr Desembargador Relator da ___ Cmara Criminal do Tribunal de Justia do Estado de So Paulo Observaes: a) Os embargos sero opostos, ou seja, deve usar o verbo opor na apresentao dos mesmos. Assim, eles no devem ser simplesmente apresentados ou interpostos. Eles devem ser opostos. b) Os Embargos de Declarao interrompem o prazo para oposio. Interromper significa zerar o prazo, comear de novo, diferentemente de suspender o prazo, quando ele ser retomado do ponto onde foi suspenso e completado pelo que falta transcorrer. c) Nas decises do JECRIM, entretanto, embora existam tambm esses embargos, mas ao invs de interromper o prazo eles apenas o suspendem. Isso requer mais ateno do advogado.

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Abrindo parnteses: Prequestionamento: a condio para interposio de recursos junto ao STF (recursos extraordinrios, em relao a questes constitucionais) e ao STJ (recursos especiais relativos a legislao infraconstitucional). Significa que antes de antes de submeter tais assuntos queles tribunais superiores, eles devem ser considerados nas duas instncias inferiores (1 e 2 instncias). Existem outros requisitos para tais recursos. Assim, dever haver, nestas instncias inferiores, deliberao expressa sobre a matria objeto dos recursos extraordinrios e especiais. Abriram-se os parnteses, para considerar que os Embargos Declaratrios podem tambm ser opostos para fins de prequestionamento (trata-se de criao jurisprudencial). Fechando parnteses. Modelo de aplicao - UMA S PEA Endereamento, conforme o caso. Acrdo (ou Sentena) n ___ Fulano, j qualificado ................................................ nos termos do art. 619 (ou art 382, conforme o caso) ......... OPOR EMBARGOS DE DECLARAO relativamente ao mencionado acrdo (ou sentena), pelas razes seguintes: Consta dos autos ........... ....................................... Doutrina e Jurisprudncia. Pelo exposto, requer a Vossa Excelncia se digne receber, processar, para, ao final, julgar totalmente PROCEDENTES os presentes embargos, DECLARANDO o v. acrdo, para o fim de sanar a omisso (ou outro vcio) como medida de justia. Nestes Termos P. Deferimento. __________________. __ de _________ de ________ Advogado OAB n Observao: a deciso sobre os embargos de declarao feita inaudita altera pars. EMBARGOS INFRINGENTES E DE NULIDADE. Embargos Infringentes quando for questo de matria, de mrito e Embargos de Nulidade quando for matria processual.

115 Fundamento: Art 609, pargrafo nico do CPP. Cabimento: O prprio pargrafo nico estabelece as condies de cabimento: Cabvel contra acrdos. Deciso no unnime, Desfavorvel ao ru (recurso privativo da defesa) e matria objeto da divergncia. Este recurso cabvel contra RESE, APELAO E AGRAVO EM EXECUO. Prazo: 10 dias. Petio: em duas peas: uma de interposio (ao desembargador relator) e ou de razes (ao tribunal, como nas apelaes). Exerccio - Exame 130, ponto n 03 Joo interps apelao contra condenao por estupro com violncia presumida, pleiteando absolvio por insuficincia de prova e, subsidiariamente, alterao do regime integralmente fechado para inicialmente fechado. No julgamento da apelao, a Cmara do Tribunal de Justia de So Paulo confirmou a condenao por unanimidade, e, por maioria manteve o regime integralmente fechado. O voto divergente assentou-se em dois motivos: inconstitucional a imposio de regime integralmente fechado e o estupro com violncia presumida no crime hediondo. Questo: Como advogado de Joo, sendo intimado do julgamento em 15.09.2006, utilize os meios necessrios a sua defesa. Anlise da questo: Fundamento e Cabimento: Em se tratando de acrdo sobre apelao, com parte da deciso decidida por maioria de votos, cabe Embargos Infringentes, com base no pargrafo nico do art 609, do CPP. Esto presentes os dois argumentos para isso: parte da deciso no foi unnime e a deciso foi desfavorvel ao ru. Prazo: Estamos, ainda, dentro dos 10 dias para o recurso. Petio: duas peas: uma de interposio e outra de contra-razes. Pedido: Pedir a prevalncia do voto vencido: regime inicialmente fechado. Peas: Primeira Excelentssimo Senhor Doutor Desembargador Relator da ___ Cmara Criminal do Tribunal de Justia do Estado de So Paulo.

Acrdo n ____

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JOO, j qualificado nos autos do processo a que se refere o acrdo mencionado, cuja apelao tramita por esse Egrgio Tribunal, vem, por meio de seu advogado que esta subscreve, com acatamento e respeito, presena Vossa Excelncia, para, com base no pargrafo nico do artigo 609, do Cdigo de Processo Penal, opor EMBARGOS INFRINGENTES contra v. acrdo de folhas ___ pelas razes inclusas. Recebido o presente recurso, protesta pelo provimento do mesmo. Termos em que Pede e espera deferimento. __________________, ___ de _________ de ______. Advogado OAB n ___

Segunda pea:

117 Razes de Embargos Infringentes.

Acrdo n ____ Vara Criminal da Comarca do Tribunal de Justia do Estado de So Paulo. Egrgio Tribunal de Justia do Estado de So Paulo. Colenda Cmara. Nobres Julgadores. Em que pese ser de Ilustres Julgadores, o Venerando acrdo de folhas ___ , o mesmo dever ser alterado, prevalecendo na deciso o voto vencido, salvo melhor juzo, pelas razes apresentadas a seguir apresentadas: Tendo sido o embargante condenado em primeiro grau de jurisdio por crime de estupro, com violncia presumida, pena de recluso a ser cumprida em regime integralmente fechado, apelou dessa deciso. Na apelao pleiteou absolvio por falta de provas e, subsidiariamente, a transformao do cumprimento integralmente fechado da pena, para cumprimento inicialmente fechado. No julgamento da apelao, os Nobres Desembargadores chegaram a seguinte deciso: confirmaram a condenao por unanimidade e, por maioria de votos, manteve o regime integralmente fechado. O voto divergente, neste caso, assentou-se sobre dois motivos: a) a inconstitucionalidade da imposio do regime integralmente fechado e b) o estupro, com violncia presumida, no constitui crime hediondo. Certamente a violncia presumida considerada pesou, tanto na deciso do juiz singular, como nos dois votos dos Desembargadores. At porque a Lei n 8072/90 Lei dos Crimes Hediondos anteriormente dizia, no pargrafo primeiro de seu artigo 2: a pena por crime previsto neste artigo ser cumprida integralmente em regime fechado. Acontece que a Lei n 11.464, de 28/03/2007 alterou radicalmente o mencionado pargrafo, que passou a ter a seguinte redao: a pena por crime previsto neste artigo ser cumprida inicialmente em regime fechado. A propsito, o entendimento dos Tribunais: se a violncia presumida, o crime no hediondo (STJ, Resp 369.073/SC, j. 7.2.2002, DJU 1.4.2002, in Bol IBCCr 123/677; HC 13.120/SP, DJU 19.2.2001, in Bol 34/322-3; HC 12.163?RJ, DJU 19.2.2001, p. 246).

118 A doutrina tem entendimentos na mesma linha, inclusive quanto inconstitucionalidade do regime integralmente fechado. De Capez, sobre essa inconstitucionalidade, O STF, no entanto, que vinha mantendo posicionamento pacfico na mesma linha, em julgamento indito, por 6 votos a 5, na sesso de 23.2.2006, ao apreciar o HC 82.959, mudou a orientao e reconheceu, incedenter tantum, a inconstitucionalidade do 1 do art 2 da Lei n 8072/90, por entender o Plenrio que o mencionado dispositivo legal fere o princpio da individualizao da pena, da dignidade humana e da proibio de penas cruis. (Curso de Direito Penal, vol. 1, 2007, p. 369). De Nucci, sobre a presuno de violncia (artigo 224 do Cdigo Penal): H entendimentos doutrinrios sustentando a inconstitucionalidade desta norma penal, uma vez que nada pode ser presumido em matria penal, a ponto de ofender a responsabilidade subjetiva ou o princpio da presuno da inocncia. Em tese, para quem assim opina, no se poderia falar em presuno de violncia: ou a violncia demonstrada no caso concreto ou no se trataria de figura tpica. (Cdigo Penal Comentado, 2009, p. 897). Por tudo o que se exps, requer o embargante a Vossas Excelncias, se dignem reexaminar a deciso a que se refere o acrdo embargado, para, ao final, e por questo de inteira justia, fazer prevalecer o voto vencido, alterando a mencionada deciso, para que o ru possa cumprir a pena a que foi condenado, em regime inicialmente fechado. _____________________, ___ de _________ de ______; Advogado OAB n _______ 15.06.2009 PROVA FINAL DO SEMESTRE. 1 tipo de prova. A - Caso: Joo da Silva, denunciado pela prtica do delito descrito no art 163, caput, do CP, porque no dia 10 de dezembro de 2008 trafegava com seu veculo pela Av. Tiradentes quando veio a atingir a traseira do veculo de Jos de Souza que trafegava a sua frente, ao distrair-se diante da presena de uma pedestre cuja beleza fsica lhe chamara a ateno, o que fez com que Joo no percebesse que os demais veculos haviam parado. A sentena foi publicada no dia 04 de junho de 2009. Elabora a pea cabvel em favor de Joo da Silva. Anlise da situao: Momento: fase judicial prazo para recorrer da sentena. Tese: Falta de justa causa para ao penal, por: Nulidade processual: o problema fala em denncia (do MP), quando se trata de crime de ao privada, que iniciada com a queixa (querelante). (Art 167, do CP). Fato atpico: no h dolo do agente. Pea: apelao: CPP, art 593, inciso I. Endereamento: Primeira pea (disposio de recorrer) ao juiz da causa e segunda (razes de apelao) ao Tribunal de Justia.

119 Pedido: Absolvio do apelante, com base no art 386, III, do CPP, e, subsidiariamente, nulidade do processo por ilegitimidade da parte, com base no art 564, II, do CPP. 1 Pea;

Excelentssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da __ Vara Criminal da Comarca de ______

Processo n _____

Joo da Silva, j qualificado nos autos do processo em referncia, cujo feito tramita por esse Egrgio Juzo, vem, por intermdio de seu advogado que esta subscreve, ilustre presena de Vossa Excelncia para, como base no art 593, inciso I, do Cdigo de Processo Penal, interpor APELAO a r. sentena de folhas ___ pelas razes constantes das anexas razes de apelao. Recebido e devidamente processada a presente apelao requer seja a mesma encaminhada superior instncia com as razes anexas. Termos em que, Pede e espera deferimento. __________________, ___ de ____________ de _____. Advogado OAB n ____

2 Pea

120 Razes de Apelao

Processo n ____, Primeira Vara Criminal da Comarca de ______ Egrgio Tribunal de Justia do Estado de So Paulo. Colenda Cmara. Nobres Julgadores. Em que pese a r. sentena de folhas ___ser da lavra de um Ilustre Magistrado, salvo melhor juzo, ela no foi prolatada corretamente, pelas razes a seguir apresentadas. 1. Consta dos autos que o apelante foi denunciado pela prtica do delito descrito no art 163, caput, do Cdigo Penal, porque no dia 10 de dezembro de 2008 trafegava com seu veculo pela Avenida Tiradentes, quando veio a atingir a traseira do veculo de Jos de Souza, que ia a sua frente, porque se distraiu diante da presena de uma pedestre cuja beleza fsica lhe chamara a ateno, fazendo com que ele no percebesse que os demais veculos haviam parado. A sentena foi publicada no dia 04 de junho de 2009. 2. Inconformado com a sentena, vem dela recorrer a esse Egrgio Tribunal, fundando as razes de sua apelao na tese de falta de justa causa para a ao penal, porquanto o incidente ocorrido configura fato atpico, em termos penais, for falta de conduta dolosa. A atipicidade do fato o que pretende demonstrar a seguir. 3. Relativamente aos tipos penais previstos no Cdigo Penal, como regra, implicam na existncia de dolo do agente, sendo que excepcionalmente, alguns tipos penais preveem a forma culposa, situao em que o cdigo estabelece explicitamente. O delito penal previsto no artigo 163, mencionado, no prev a forma culposa. Portanto, ele s ocorrer havendo dolo do agente. No caso, no houve dolo do apelante. A propsito, o artigo 18 do Cdigo Penal, em seu pargrafo unido diz textualmente: salvo nos casos expressos em lei, ningum poder ser punido por fato previsto como crime, seno quando o pratica dolosamente. E o mesmo artigo define o crime doloso, que ocorre quando o agente quis o resultado ou assumiu o risco de produzi-lo e o crime culposo, quando o agente deu causa ao resultado por imprudncia, negligncia ou impercia. 4. Assim, se o Cdigo previsse crime culposo para o artigo 163, nele estaria incurso o apelante. Mas, no existe essa previso e portanto, como o agente agiu por imprudncia (deu causa ao resultado), no houve conduta para o tipo penal, o que permite concluir que o incidente constitui fato atpico penalmente considerando. Agiu o apelante apenas com culpa

121 5. A doutrina tem a mesma linha de entendimento. Assim, para Delmanto: A punio por dolo a regra, enquanto a sano por culpa excepcional. Ela s admissvel quando a lei textualmente a prev. [...} Como consigna o pargrafo nico, ningum pode ser punido por culpa, a no ser naqueles crimes para os quais a lei, expressamente, prev a punibilidade a ttulo de culpa. Assim, em face da garantia da reserva legal (CR, art 5, XXXIX, art 1) ningum pode ser punido por conduta culposa. (Cdigo Penal Comentado, 2007, pp 80/81). 6. A jurisprudncia tambm tem entendido a questo de forma idntica: Se no assumiu o risco de produzir o resultado, mas to-s agiu com negligncia, houve culpa e no dolo eventual (TFR, RCr 990. DJU 28;8;86, p.15005). No basta assuno do risco, sendo necessrio o elemento volitivo representado pelo consentimento do agente, quanto ao resultado que se produziu conforme sua representao (RT 784/709). 7. Subsidiariamente tese apresentada, h ainda falha processual que implica na nulidade do processo. O crime previsto no artigo 163 em que foi enquadrado o apelante contem um crime de ao privada. A parte legtima para propor ao penal em questo o prprio ofendido, que deve apresentar a queixa como petio inicial da ao que pretenda propor. No caso, a ao foi proposta pelo Ministrio Pblico, porque os autos falam em denncia e no em queixa. A partir da, existe nulidade do processo conforme prev o artigo 564, inciso II, do Cdigo de Processo Penal. Por todo o exposto, que demonstram sobejamente a impropriedade da sentena prolatada, o apelante requer a Vossas Excelncias se dignem receber, processar e, ao final, dar provimento ao presente recurso, reformando a r. sentena de folhas ___ , para o fim de, como prtica da verdadeira justia, declarar o apelante inocente, com fundamento no artigo 386, III, ou, caso Vossas Excelncia no entenderem assim, declarar nulo o processo com base no art 564, I, do Cdigo de Processo Penal. _________________________, ___ de _______________de ______. Advogado OAB n ___.

B - Questes: 1. O que se entende por despronncia? Resposta: a reforma da prolatada sentena pronncia. Assim, da sentena de pronncia, que uma deciso interlocutria, cabe, com base no art 581, IV, do CPP, RESE. Desse recurso pode haver do prprio juiz que prolatou a sentena ou pode ser ela reformada pelo Tribunal. No caso de reforma da sentena de pronncia, ou pelo juiz singular (juzo de

122 retratao) ou pelo Tribunal, dando provimento ao recurso interposto, tem-se a despronncia do acusado, ou seja desfaz-se a pronncia dele. uma denominao dada pela doutrina. 2. O que entende por autoria colateral? Resposta: Trata-se da situao em que mais de um agente realiza a conduta, sem que exista entre eles liame subjetivo, ou seja, um ignora a conduta do outro. Capez apresenta o seguinte exemplo de autoria colateral: A e B disparam simultaneamente contra a mesma vtima, sem que um saiba da conduta do outro. Nesse caso, cada um responder pelo crime que cometer. Se for identificado que o disparo de um deles causou a morte da vtima, este responder por homicdio e o outro por tentativa de homicdio. No se aplica a teoria monista. A autoria colateral pode provocar a autoria incerta, ou seja, se no for possvel determinar qual dos dois tiros causou a morte da vtima, nenhum deles responder por homicdio consumado, mas ambos respondero por homicdio tentado, mediante a aplicao do princpio in dubio pro reo. ____________________________________ 2 tipo de prova A - Caso: Joo e Mrio, juntos, ingressaram., no dia 20 de janeiro de 2009, na residncia de Pedro, com a inteno de subtrair coisas que nela se encontrassem. Os dois eram empregados de Pedro e este no estava efetuando o pagamento de seus salrios. Pretendiam, assim, com o que subtrassem, receber o que lhes era devido. Quando estavam no interior da casa, antes que tivessem comeado a subtrair qualquer coisa, Pedro, com um revolver, desferiu disparos contra os dois, vindo a atingi-los e causar-lhes a morte. Os dois no traziam consigo nenhuma arma. Ele prprio chamou a polcia e solicitou uma ambulncia. Chegou a ser preso, mas foi liberado; Foi acusado por denncia do MP, de duplo homicdio qualificado pela surpresa, recurso que impossibilitou a defesa das vtimas, e, por motivo torpe, vingana, porque as vtimas queriam subtrair bens como forma de receberam seus salrios e, ainda, por guardar em sua residncia arma no registrada e sem autorizao regular. Ouvido, confessou o crime, mas disse que no sabia que as vtimas eram seus empregados, pois se soubesse, no os teria atingido. Quanto arma, disse que, como havia sido vtima de trs roubos anteriormente, a havia adquirido recentemente e ainda no tivera tempo de registr-la. As testemunhas de acusao ouvidas foram os policiais que atenderam a ocorrncia. As testemunhas de defesa afirmaram que as vtimas eram boas pessoas e nunca haviam cometido qualquer crime. O PM pediu a pronncia do acusado nos termos da denncia. O advogado apresentou as alegaes. O juiz, afirmando que nesse momento, prevalece o princpio in dbio pro societate, pronunciou o acusado, acolhendo integralmente a denncia. O acusado foi intimado no dia 4 de junho de 2009. Como advogado, apresente a pea mais adequada defesa do acusado, com os fundamentos e os pedidos. Anlise da situao: Momento: fase judicial, na 1 parte do jri, tendo o juiz pronunciado o acusado. Momento para apresentao do competente recurso. Pea: RESE Recurso em Sentido Estrito, com fundamento n o art 581, IV, do CPP Tese: Legtima Defesa (da pessoa ou da propriedade). Endereamento: Ao Juiz da Vara das Execues Penais. Pedido: Pedido de absolvio sumria do acusado ou o afastamento das qualificadoras.

123

1 pea Excelentssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da Vara das Execues Penais da da Comarca de _____.

Processo n

Pedro, j qualificado nos autos do processo em referncia, cujo feito tramita por esse Egrgio Juzo, vem, por meio de seu advogado que esta subscreve, com respeito e acatamento, presena de Vossa Excelncia, para, como base no art 197 da Lei das Execues Penais interpor RECURSO EM SENTIDO ESTRITO contra a sentena de pronncia de folhas ___, pelas razes constantes do anexo. Recebido e devidamente processado o presente recurso, caso Vossa Excelncia mantenha sua deciso, requer seja o mesmo encaminhado superior instncia, com as anexas razes de recurso. Nestes termos, Pede deferimento. ___________________, __ de __________ de ______. Advogado OAB n ____ 2 pea Razes de Recurso

Processo n ____, Primeira Vara Criminal da Comarca de ______

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Egrgio Tribunal de Justia do Estado de So Paulo. Colenda Cmara. Nobres Julgadores. Em que pese ser da lavra de um Ilustre Magistrado, a r. deciso de folhas ____, saldo melhor juzo, foi tomada equivocadamente. Como ser demonstrado a seguir. 1. Consta dos autos que Joo e Mrio, juntos, invadiram, no dia 20 de janeiro de 2009, a residncia do recorrente, para subtrair coisas que encontrassem. Eram empregados do recorrente, e estavam com o pagamento de seus salrios abrasado. Procuravam, assim, com o que conseguissem, receber o que lhes era devido. No interior da residncia, sem que tivessem comeado a subtrair coisas, foram surpreendidos repentinamente por Pedro, que desferiu disparos contra os dois, ferindo-os e causando-lhes a morte. Os invasores no traziam arma alguma. O prprio recorrente acionou a polcia e chamou uma ambulncia. checou a ser preso, mas foi liberado. 2. Foi denunciado pelo Ministrio Pblico por duplo homicdio qualificado pela surpresa, recurso que impossibilitou a defesa das vtimas e por motivo torpe, por vingana, porque as vtimas queriam subtrair bens como forma de receberem seus salrios e ainda por ter em sua casa arma no registrada e sem autorizao regular. 3. Ouvido, o recorrente confessou o crime mas disse que no sabia que as vtimas eram seus empregados, pois se soubesse no os teria atingido. Quanto arma disse a havia adquirido recentemente porque j havia sido vtima de trs roubos e que no tivera ainda tempo de registr-la. 4. As testemunhas de acusao ouvidas foram os policiais que atenderam ocorrncia e as de defesa afirmaram que as vtimas eram pessoas boas e que nunca haviam cometido crimes. O Promotor pediu a pronncia do recorrente nos termos da denncia. O advogado de Pedro apresentou suas alegaes. O juiz, baseando-se no princpio in dubio pro societate pronunciou o acusado nos termos integrais da denncia. Intimado, o acusado est atravs do presente, apresentando o seu recurso, que fundamentado na tese de legtima defesa da propriedade. 5. O artigo 23, do Cdigo Penal diz textualmente que, no h crime quando o agente pratica o fato: em estado de necessidade (art 23, I), em legtima defesa (art 23, II) ou em estrito cumprimento de dever legal ou no exerccio regular de direito (art 23, III). O artigo 25, do mesmo diploma legal complementa dizendo que entende-se em legtima defesa quem, usando moderadamente dos meios necessrios, repele injusta agresso, atual ou iminente a direito seu ou de outrem. Ora, o recorrente, que j acumulava traumas

125 de roubos anteriores de que fora vtima, providenciou uma arma para defender-se em futuros acontecimentos da espcie. Na noite de 20 de dezembro mencionada, viu, de repente, sua casa novamente invadida. Pensou imediatamente em defender sua propriedade e sua prpria vida, pois quem se dispe a invadir uma casa para roubar certamente est disposto a matar, se preciso for. Por isso, atirou contra os invasores, at ento desconhecidos para ele. 6. As condies que configuram o instituto da legtima defesa previstos no Cdigo Penal estavam presentes na situao, pois estava ocorrendo uma injusta agresso aos seus bens jurdicos, agresso atual, usando dos meios de que dispunha para repelir a agresso. Alis, o entendimento doutrinrio nesse sentido. Segundo Damsio de Jesus, Qualquer bem jurdico pode ser protegido atravs da ofensa legtima, no se fazendo distino entre bens pessoais e impessoais (vida, incolumidade pessoal, honra, pudor, liberdade, tranquilidade domstica, patrimnio, poder familiar etc). (Cdigo Penal Comentado, 2009, p. 118). Para Capez, [...] ao contrrio, ocorre um efetivo ataque ilcito contra o agente ou terceiro, legitimando a repulsa. (Curso de Direito Penal, parte geral, vol. 1, 2007, p.281). 7. A jurisprudncia, por seu lado, farta sobre situaes de legtima defesa: Considera-se, pois, legal a reao daquele que, surpreendendo o ladro dentro de sua propriedade dispara contra ele, mesmo que este demonstra estar em fuga, porquanto no pode o proprietrio ter certeza de que tal atitude no se constitua num ardil (TJPR - EI- Rel Ossion Frana RT 580/375). a reao imediata ameaa iminente ou agresso atual a direito prprio ou de outrem. (TJSP. RT 518/349). Ela alcana quaisquer bens ou interesses juridicamente protegidos, como a vida, sade, honra, pudor, liberdade pessoal, patrimnio, tranquilidade do domiclio, ptrio poder, segredo epistolar etc. (TACrSP, julgados 76/270, STJ, RHC 2.367-7, DJU 14..6.93, p. 11.791). 8. Alm de no considerar o estado de legtima defesa em que agiu o recorrente, o Ilustre magistrado ainda agravou seu crime pela surpresa e por motivo torpe. A surpresa alegada pela douta promotoria como agravante inovou em termos de legislao penal, por no consta das causas agravantes a surpresa. Alm do mais a surpresa exatamente uma das justificadoras da legtima defesa do recorrente. Que fora colhido de surpresa pela agresso das vtimas. Quanto ao motivo torpe que alegado na conduta do agente, de pressupor que ela no tivesse motivo para reagir agresso. Ou que ele pretendesse vingar-se das vtimas. Alis, ele s ficou sabendo quem eram os agressores depois do fato consumado. Logo no poderia ter agido impulsionado por um motivo torpe. Sobre a vingana, como fundamento do motivo torpe alegado pela promotoria, assim tem se pronunciado os Tribunais: vingana no motivo torpe, pois no exprime a ignomnia e abjeo que a lei especialmente incrimina (TJSP, RT 777/6607). 9. Sobre a torpeza, assim a entende Nucci: torpe o motivo repugnante, abjeto, vil, que causa repulsa excessiva sociedade. [...] evidente que

126 todo delito causa repulsa social, mas o praticado por motivo torpe faz com que a sociedade fique particularmente indignada, tal como ocorre com o delito mercenrio mata-se por dinheiro ou outra recompensa. (Cdigo Penal Comentado, 9 edio, 2009, p. 595). 10. Por todo o exposto, requer o recorrente se dignem Vossas Excelncia receber, processar e, ao final dar provimento ao presente recurso, reformando a sentena de pronncia de folhas ___, para, em consequncia: a) Absolver o acusado sumariamente, com base no artigo 415, do Cdigo de Processo Penal, inciso III, uma vez que a conduta dele est acobertada pela excludente de ilicitude prevista no art 23, inciso II, do Cdigo Penal. b) No sendo esse o entendimento de Vossas Excelncias, que no sejam consideradas as agravantes imputadas ao acusado, pelos motivos acima mencionados. __________________, ___ de __________ de _____. Advogado OAB n ____

B. Questes: 1. Quais so os requisitos de admissibilidade da priso temporria? Eles so alternativos ou cumulativos? Resposta: Instituto regido pela Lei 7.960/89, a priso temporria trata-se de medida acautelatria, de restrio da liberdade de locomoo, por tempo determinado, destinada a possibilitar as investigaes a respeito de crimes graves, durante o inqurito policial. Como medida cautelar, pressupe as condies do fumus boni juris e do periculum in mora, para ser decretada. Para tanto, deve existir a imprescindibilidade para a tranqilidade das investigaes prprias do inqurito policial, as quais podem estar sendo atrapalhadas pelo investigado. Pode tambm ocorrer quando o investigado no tiver residncia fixa ou no fornecer os elementos necessrios sua identificao. Como medida acautelatria temporria, deve ser decretada com prazo certo de durao, como regra, de 5 dias, prorrogveis por mais 5, e, no caso dos crimes hediondas e outros delitos graves para ser decretada por prazo maior. Como se viu, os dois requisitos para decretao da priso temporria so: a) entraves s investigaes representados pelo investigado solto e b) falta de residncia fixa e de no identificao do investigado. Esses dois requisitos devem ser observados cumulativamente ou alternativamente. Quanto a isso, a doutrina apresenta as duas correntes, uma achando que para decretao da priso temporria devem os dois requisitos estar presentes conjuntamente, enquanto a outra entende que a ocorrncia de apenas um deles seja suficiente para a decretao da medida. 2. Quando cabvel a priso preventiva?

127 Resposta: Condies de admissibilidade previstas no art 313, do CPP. a) Crimes dolosos punveis com recluso. b) Crimes dolosos punveis com deteno, sendo o ru vadio. c) Crimes dolosos punveis com deteno quando houver dvida sobre a identidade do ru. d) Crimes dolosos punveis com deteno quando o ru reincidente em crime doloso. e) Crimes cometidos com violncia contra mulher (Lei Maria da Penha) para garantir a execuo das medidas protetivas de urgncia. _________________________________ 3 tipo: Caso: J visto em classe. Exame 135 da OAB, ponto 3. Pea anteriormente confeccionadae agora reproduzida:

Mrcio, brasileiro, solteiro, pedreiro, atualmente recluso no Centro de Readaptao penitenciria de Presidente Bernardes-SP, foi condenado pelo juiz da 2 Vara Criminal de So Paulo SP, a 8 anos de recluso, em regime fechado, pela prtica do crime previsto no art 157, 2, incisos I e II. Recentemente, progrediu ao regime semiaberto, razo pela qual ainda no faz jus progresso ao regime aberto. Mrcio, que j cumpriu 5 anos do total da pena, tem profisso certa e definida e est trabalhando, com carteira assinada, como pedreiro, demonstra inteno de fixar residncia na Colnia Agrcola guas Lindas, lote 1, Guar-DF, em companhia de seus pais, bem como de constituir uma famlia to logo seja colocado em liberdade. Em razo disso, por meio da defensoria pblica, pleiteou ao juzo competente a concesso do livramento condicional. O juiz indeferiu o pedido de livramento condicional, visto que, no relatrio carcerrio expedido pelo diretor daquele estabelecimento prisional, consta uma tentativa de fuga em 22.04.2006, na qual Mrcio estivera envolvido. Entretanto, no mesmo relatrio, a autoridade carcerria informa que, atualmente, o detento, no reincidente em crime doloso, ostenta bom comportamento e exerce trabalho externo. Considerando a situao hipottica descrita, formule, na condio de advogado contratado por Mrcio, a pea diversa de habeas corpus que deve ser apresentada no processo. Anlise da situao: Momento: Fase da execuo da sentena transitada em julgado. Trata-se de deciso do juzo da execuo de sentena: cabe agravo em execuo. Fundamento: Art 197, da LEP. Cabimento: Recurso negativa em pedido de livramento condicional. Prazo: 5 dias para interposio de recurso e 2 dias para apresentao das razes.

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Pea: Agravo em execuo. Pedido: mudana da deciso proferida para concesso de liberdade provisria, com base no art 83, do CP e 66 e 131 da LEP. 1 pea EXCELENTSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA VARA DAS EXECUES PENAIS DA COMARCA DA CAPITAL

Processo n ____

MARCIO, j qualificado nos autos do processo em referncia, cujo feito tramita por esse Egrgio Juzo, vem, por intermdio de seu advogado que esta subscreve, presena de Vossa Excelncia, com respeito e acatamento, para, nos termos do artigo 197 da Lei das Execues Penais, interpor AGRAVO EM EXECUO Contra r. deciso de folhas _____ pelas razes anexas. Recebido e processado regularmente o presente recurso, requer a Vossa Excelncia o encaminhamento do mesmo superior instncia, com as respectivas razes, caso seja mantida a deciso recorrida. Termos em que Pede deferimento. _________________, ___ de _____________ de ________. Advogado OAB n_____ 2 pea
Razes de Recurso

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Processo n ____, Primeira 1 Vara Criminal da Comarca de So Paulo (SP). Egrgio Tribunal de Justia do Estado de So Paulo. Colenda Cmara. Nobres Julgadores. Em que pese ser da lavra de um Ilustre Magistrado, a r deciso de folhas ___, salvo melhor juzo, foi prolatada incorretamente.

Consta dos autos que o recorrente foi condenado pelo juiz da 2 Vara Criminal da Comarca de So Paulo (SP) a 8 (oito) anos de recluso, em regime fechado, como incurso no artigo 157, 2, incisos I e II, do Cdigo Penal. Recentemente progrediu para o regime semi-aberto, no fazendo, portanto, jus progresso para o regime aberto. J cumpriu 5 (cinco) anos da pena, tem profisso certa e definida, trabalha com carteira assinada, como pedreiro. Tem demonstrado inteno de fixar residncia na Colnia Agrcola guas Limpas, lote 1, em Guar (DF), para viver em companhia dos pais, bem como constituir famlia, quando for libertado. Pleiteou, por isso, por meio da defensoria pblica, a concesso de liberdade condicional. O juiz, entretanto, indeferiu este pedido visto constar do relatrio carcerrio um tentativa de fuga em 22/04/2006, no qual o recorrente estivera envolvido, muito embora constasse tambm do relatrio que atualmente o detento, no reincidente em crime doloso, ostenta bom comportamento e exerce trabalho externo. O benefcio pleiteado pelo recorrente disciplinado pelo artigo 83, do Cdigo Penal e 131 da Leia das Execues Penais, estando a concesso sujeita a algumas condies, alguns requisitos. O artigo 66, da Lei das Execues Penais, estabelece que a competncia para concesso do benefcio do juiz das Execues Penais (art 66, II, e). Ora, o recorrente, conforme consta do relatrio carcerrio, preenche todas as condies, inclusive quanto a no ter reparado o dano causado pela infrao por falta de condies financeiras, demonstradas pelo fato de ter recorrido defensoria pblica para solicitar o benefcio. A propsito, o entendimento de Delmanto:

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Como o sursis, o livramento condicional no um favor, mas direito subjetivo do sentenciado, desde que preenchidos os requisitos que a lei fixa para a concesso (Cdigo Penal Comentado, 2007, p.204). O entendimento dos Tribunais no mesmo sentido: Em crime doloso, praticado com violncia ou grave ameaa, o livramento deve ficar subordinado constatao de condies pessoais que faam presumir que no mais voltar a delinquir (TJSE, RT 701/692). Ora, a presuno de no mais delinquir do recorrente perfeitamente justificada pelas informaes dos prprios autos, como exemplo, a inteno de fixar residncia, de constituir famlia e pelo seu comportamento, ainda que em regime semi-aberto. Por outro lado, a justificativa do juiz para indeferir o pedido de livramento condicional no foi correta, pois a fuga do preso somente punida se houver violncia contra a pessoa, visto ser direito natural do ser humano buscar a liberdade. Do mesmo modo que se permite ao ru, exercitando a autodefesa, mentir (Nucci, Cdigo Penal Comentado, 2009, p.1174). Sobre a fuga, os Tribunais entendem: Sem violncia no constitui delito. considerada conduta normal (anseio de liberdade do indivduo). (RT 491: 332 e 389-95). Por todo o exposto, requer a Vossas Excelncias se dignem receber, processar e, ao final, dar provimento ao presente recurso, a fim de que a deciso recorrida seja reformada, com base no artigo 83 do Cdigo Penal e artigo 131 da Lei das Execues Penais, concedendo-se ao recorrente livramento condicional. __________________, ___ de _____________ de ________ Advogado OAB n ____
Questes: 1. Cabe escusa absolutria no caso de crime de roubo? Resposta: As escusas absolutrias esto previstas no art 181, do Cdigo Penal., que determina que so isentos de penas quem comete qualquer dos crimes previstos no ttulo do artigo, sem prejuzo de: a) Do cnjuge, na constncia da sociedade conjugal. b) De ascendentes ou descendente, seja o parentesco legtimo ou ilegtimo, seja civil ou natural.

131 Mas o inciso I, do art 183, do CP, diz que no se aplica essa iseno em se tratando de crime de roubo ou extorso, ou, em geral, quando haja emprego de grave ameaa ou de violncia pessoa. 2. O que se entende por ofendculos? H crime na sua utilizao? Resposta: So aparatos instalados para proteger a propriedade e outros bens jurdicos. So, pois, empecilhos ao de quem pretenda invadir a propriedade, que visam dificultar a ao de tais pessoas. So exemplos de ofendculos, cacos de vidro sobre os muros, grandes com pontas de lana, cercas eltricas, ces bravios etc. Todavia, devem ser colocados de forma a possibilitar facilmente a percepo de sua existncia. Como regra, os ofendculos so excludentes de ilicitude, a doutrina os tem entendido sob duas ticas: 1) como legitima defesa pr-ordenada, uma vez que s funcionam quando agredidos, muito embora os contrrios a esse entendimento alegam que para ser legtima defesa a agresso deveria ser atual, o que no ocorre. O outro entendimento os considera como uma forma de exerccio regular do direito de defesa da propriedade, j que a lei permite desforo imediato para a preservao da posse. (Cdigo Civil, art 1210, 1). H crime na sua utilizao? Da forma como previsto no Cdigo Penal no. Mas os ofendculos devem ser dispostos de forma que sua existncia seja facilmente detectada. Excepcionalmente, pode ocorrer excesso, caso em que o agente poder por ele responder.

SEGUNDO SEMESTRE 03.08.2009

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Caso transmitido por e-mail? (aula no presencial) Maria, parteira, j condenada por crime anterior, foi processada pelo delito capitulado no art 126, do CP, por ter praticado aborto em uma mulher que a procurou, tendo confessado a maneira abortiva tanto da fase policial como na judicial. A vtima no foi submetida a exame de corpo de delito. Finda a instruo preliminar, o Magistrado, com fundamento nas suas confisses, pronunciou-a. Intimada na data de hoje, a parteira o procurou. Anlise da questo: Momento: fase processual, precisamente na fase em que o acusado foi pronunciado. Pea: RESE, com fundamento no art 581. IV, do CPP. Endereamento: duas peas: para o juiz auxiliar do tribunal do jri e para o tribunal de justia. Tese: Nulidade do processo, com base no art 563, II, b, do CPP (justificada pela falta do exame do corpo de delito previsto no art 158, CPP). Pedido: extino do processo, pela sua nulidade absoluta. CPP, art 504, III-b. Peas: 1)

EXCELENTSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ___ VARA AUXILIAR DO TRIBUNAL DO JRI, DA COMARCA DE _____.

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Processo n _____

MARIA, j qualificada nos autos da ao penal a que se refere o processo em referencia, cujo feito tramita por esse Ilustre juzo, vem, com respeito e acatamento, por intermdio de seu advogado que esta subscreve, presena de Vossa Excelncia para interpor, com base no artigo 581, IV, do Cdigo de Processo PenaL RECURSO ESPECIAL EM SENTIDO ESTRITO r. sentena de pronncia de folhas ___, pelas razes que seguem em anexo. Caso Vossa Excelncia mantenha a sentena prolatada, solicita o encaminhamento do presente recurso ao Tribunal de Justia, com as devidas razes apresentadas Nestes termos, P. deferimento. __________________, ___ de ________________ de ______ . Advogado OAB n ____

Razes de Recurso

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Processo n ____, da __ Vara Criminal da Comarca ______. Egrgio Tribunal de Justia do Estado de So Paulo. Colenda Cmara. Nobres Julgadores. Em que pese ser da lavra de um Ilustre Magistrado, a r deciso de folhas ___, salvo melhor juzo, foi prolatada incorretamente. Consta dos autos que a requerente foi processada por delito capitulado no artigo 126, do Cdigo Penal, por ter praticado aborto em uma mulher que a procurou. Consta, tambm, que ela confessou tal crime tanto na fase policial como na fase judicial e que no foi procedido o exame de corpo de delito na vtima. Mas o juiz a pronunciou com base em suas confisses. O exame do corpo de delito est previsto no art 158 do Cdigo Penal, que estabelece: quando a infrao deixar vestgios, ser indispensvel o exame do corpo de delito, direto ou indireto, no podendo supri-lo a confisso do acusado. Assim, tal exame constitui requisito indispensvel ao penal, sempre que esta se prender a crimes transeuntes, ou seja, a crimes que deixam vestgios, que o caso do crime em questo. O artigo 564, do Cdigo de Processo Penal, que trata das nulidades, diz que a nulidade ocorrer quando faltar o exame do corpo de delito nos crimes que deixam vestgios (inciso III do artigo). A propsito, vejamos o entendimento doutrinrio do assunto. De Mirabete: Causa nulidade absoluta a inexistncia de exame de corpo de delito nos crimes que deixam vestgios. Na hiptese de delicta factis permanentis por ele que se comprova a existncia do crime, quando este deixa vestgios, sob pena de nulidade, para evitar-se acusaes infundadas. (Cdigo de Processo Penal Interpretado, 2008, p. 1392) Os entendimentos dos Tribunais so no mesmo sentido: TJSP: A inexistncia do exame de corpo de delito nos crimes que deixam vestgios, como o falso, no leva somente a reconhecer a nulidade processual, mas implica ter-se no provada a materialidade da infrao (RT 580/16). Por todo o exposto, requer a Vossas Excelncias se dignem receber, processar e, ao final, dar provimento ao presente recurso, declarando nulo o processo em questo, com base no artigo 564, III, b. ______________________, de ________________de, ______ Advogado OAB n ______

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_________________________________________________________________________ 10.08.2009 Segundo caso passado pelo prof. Marcelo por e-mail (aula no presencial) Sandra, advogada,foi denunciado e condenada pela prtica de crime de falso testemunho, em co-autoria com Jos, testemunha que falseou a verdade em processo criminal no qual Joo, seu amigo, restou condenado pela prtica de crime de furto. Consta da r sentena prolatada no processo para apurao de crime de falso testemunho: A r Sandra, advogada que exercia a defesa de Joo em processo instaurado contra este por suposta prtica de crime de furto, instruiu o testemunho de Pedro, que falseou a verdade visando absolvio de Joo. Considerando que a r. sentena ainda no transitou em julgado, elabore a pea cabvel em favor da advogada. Momento: fase judicial. Precisamente o momento de recurso sentena. Tese: falta de justa causa para a ao penal. No houve crime: Fato atpico.(no se encaixa no art 342, do CP). Pea: apelao (art 593, I, do CPP). Pedido: Absolvio do ru (art 386, III). Endereamento: duas peas. Juiz da causa (1) e Tribunal (2) 1 pea:

136 EXCELENTSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA __ VARA CRIMINAL DA COMARCA DE ________

Processo n ____

Sandra, j qualificadA nos autos do processo em referncia, cujos feito tramita por esse Egrgio juzo, vem, por meio de seu advogado que esta subscreve, presena de Vossa Excelncia, com acatamento e respeito, para, nos termos do artigo 593, inciso I, do Cdigo de Processo Penal, interpor APELAO a r. sentena de folhas ___ pelas razes anexas.

Recebida e processada regularmente a presente apelao, requer a Vossa Excelncia o seu encaminhamento superior instncia, com as respectivas razes.
Nestes termos. Pede deferimento _________________, ___, de ___________ de _____ Advogado OAB n

2 pea

Razes de Apelao

Processo n ____ da ____ Vara Criminal da Comarca ______.

137 Egrgio Tribunal de Justia do Estado de So Paulo. Colenda Cmara. Nobres Julgadores. Em que pese ser da lavra de um Ilustre Magistrado, a r deciso de folhas ___, salvo melhor juzo, foi prolatada incorretamente. Consta dos autos que a apelante foi denunciada e condenada como co-autora, pela prtica de crime de falso testemunho capitulado no artigo 342, do Cdigo de Processo Penal, por ter instrudo o depoimento de testemunha em processo criminal em ela que funcionou como advogada de uma das partes. O mencionado artigo 342 est assim redigido: Fazer afirmao falsa, ou negar ou calar a verdade, como testemunha, perito, contador, tradutor ou intrprete em processo judicial, ou administrativo, inqurito policial ou em juzo arbitral. O crime em questo um crime classificado como crime de mo prpria, ou seja, um crime que exige condies personalssimas do sujeito ativo. Essas condies esto estabelecidas no prprio artigo mencionado: o autor s pode ser aquele que tenha a qualidade de testemunha, perito, contador, tradutor ou intrprete. Segundo Delmanto: Os crimes de mo prpria, por sua vez, so aqueles em que o tipo penal exige determinada circunstncia personalssima do sujeito ativo, sendo impossvel outra pessoa executar a conduta incriminada. Como exemplo de crime de mo prpria lembramos o delito de falso testemunho ou de falsa percia, tipificado no art 342, do CP, como tambm o crime de patrocnio infiel ou tergiversao, que s pode ser cometido por advogado ou procurador, previsto no art 355, do CP.A doutrina, por sua vez, pacfica em admitir que a circunstancia de determinado crime ser delito de mo prpria impe limites aos arts. 29 e 30 do CP, sendo impossvel haver co-autoria. (Cdigo Penal Comentado, 2007, 7 ed, p.115). E continua Delmanto: [...} o advogado que eventualmente solicita a testemunha que, caso queira, por sua livre e espontnea vontade omita determinado fato caso no seja perguntada, ou mesmo o negue, faltando com a verdade para ajudar o acusado comete, a nosso ver, falta tica a ser apurada pela Ordem dos Advogados do Brasil, mas no comete o crime deste art 342, como partcipe (Cdigo Penal Comentado, 2007, 7 ed, p.874). Damsio tem entendimento anlogo: Nossa posio: em face do Cdigo brasileiro, o falso testemunho no admite participao. Assim, embora parea estranho e injusto, no h crime no fato de algum induzir ou instigar a testemunha a cometer falso. S a testemunha responde pelo delito do art 342, do Cdigo Penal; o terceiro fica impune. (Cdigo Penal Anotado, 2009, 19 ed, p.1083).

138 Entendem os Tribunais: Crime prprio s pode ser cometido pelas pessoas taxativamente indicadas no tipo: testemunha, perito, contador, tradutor e intrprete. (RT 376/18, 484/292, 598/320 e 641/331). O advogado que se limita a instruir a testemunha, a dizer isto ou aquilo em juzo criminal, sem, no entanto, dar, oferecer ou prometer qualquer vantagem, no comete crime de falso testemunho, tratando-se de fato atpico (STJ, RT 755/591). Por todo o exposto, requer a Vossas Excelncias se dignem receber, processar e, ao final, dar provimento presente apelao, reformando a sentena recorrida, no sentido de declarar inocente a apelante, no termos do artigo 386, III, do Cdigo de Processo Penal, ou seja pela atipicidade do fato, configurando-se falta de justa causa para a ao penal. _________________. ___ de _________de ________ Advogado OAB n ____

17.08.2009 HABEAS CORPUS I - Fundamentos: 1. CF: Art. 5, LXVIII Este instituto est ligado Ilegalidade ou ao abuso de poder, podendo este apresentar sob duas formas: desvio de poder e a prtica sem que o praticante tenha poder para isso. O abuso de poder induz ilegalidade, que nada mais do que ir contra o direito de locomoo da pessoa, isto desrespeitar o seu direito de ir, ficar e vir. Assim, no direito administrativo contrariar um dos dois princpios bsicos desse direito e sobre os quais se assentam os demais direitos: a) supremacia do interesse pblico sobre o privado e b) ... Os requisitos ou elementos do ato administrativo perfeita so: competncia, a finalidade, a forma o motivo e o objeto. O ato administrativo que contm todos esses elementos dito ato vinculado. Ao lado do ato vinculado h o ato discricionrio, ou seja, aquele em que faltar os dois ltimos elementos (motivo e objeto). Este o ato em que existe um espao de deciso da autoridade. 2. CPP, art. 647. que repete o art. 5 mencionado com outras palavras, ou seja, usa os termos violncia e coao ilegal. As situaes concretas que implicam em violncia ou coao ilegal, termos que equivalem ao termo ilegalidade e ao termo abuso de poder, so mais bem especificados no art. 648 do CPP, que apresenta um rol explicativo deles: Temos assim: I. Quando no houver justa causa para o ato.

139 II. Quando algum estiver preso por mais tempo do que a lei determina. Ex: o caso de ru preso em flagrante por mais de 10 dias enquanto aguarda o inqurito policial. III. Quando aquele que ordena a coao no tem competncia para isso. Ex: o delegado decretar a priso preventiva (atribuio do juiz). IV. Quando houver terminado o motivo que determinou a coao. Ex: quando determinada a priso preventiva sob determinada justificativa. Se desaparecer o motivo justificante, o agente no pode permanecer preso. V. Quando no for admitida a prestao de fiana, sendo que a lei o permita. Ex: so os casos de liberdade provisria. VI. Quando o processo for manifestamente nulo. (A coao reside na possibilidade de o agente perder a sua liberdade). VII. Quando estiver extinta a punibilidade: Ex: caso de prescrio. Deve-se, ter em conta, que a coao pode ser atual (real) ou potencial (risco futuro). Embora a possibilidade de punibilidade seja futura, a coao j se dir consumada. II Cabimento: O HC cabvel quando se verificar uma das condies elencadas no art. 648, do CPP. Mas no pode haver pea especfica para pleitear a medida que se pretende. Se houver pea especfica, ela tem preferncia sobre o HC. Assim, se for cabvel o RESE e o HC, tem-se que usar o RESE para os exames da Ordem. Na prtica, todavia, usa-se sempre o HC. Observao: Natureza jurdica do HC: No se trata de recurso, porque o HC no tem prazo, podendo ser impetrado sempre, implica-se em impetrar o HC via petio inicial e ainda, no se limita a pedir a reforma de uma deciso. Por isso, na petio inicial no se faz meno a nmero do processo anterior e preciso qualificar as partes. III Tipos de HC: H dois tipos de HC: a) HC Repressivo coao presente, real. Por exemplo, pleitear a emisso de alvar de soltura. A coao (priso) j ocorreu, sendo, portanto real. No caso de j haver mandado de priso ainda no executado, pede o contra-mandado de priso, que equivale ao alvar de soltura quando o agente ainda no estiver preso. A expedio do mandado de priso, entretanto, j representa a consumao da coao. No caso de ameaa de coao b) HC Preventivo coao iminente. No caso de ameaa de coao (HC preventivo) a medida pleiteada no HC o fornecimento de salvo conduto. Documento assinado pelo juiz para ser apresentado autoridade em caso de coao, tendo, todavia, finalidade especfica. Pelo motivo nele declarado fica proibida a priso do agente, que poder, entretanto, ocorrer por outro motivo que no o do salvo-conduto. Questes:

140 a) A responde por processo administrativo instalado arbitrariamente. Cabe HC? No cabe, pois no ocorreu sequer a potencialidade de privao da liberdade de locomoo. Caber Mandado de Segurana ou Ao Ordinria de Anulao de Ato Administrativo. b) Processo crime pela prtica de contraveno penal que prev apenas multa. Cabe HC? No, pelo mesmo motivo. Observao: O HC aplicvel tanto na rea penal como na rea civil. Por exceo constitucional, entretanto, no aplicvel no processo militar, ainda que ocorra coao ao direito de locomoo. Porque a atividade militar caracterizada pela hierarquia e disciplina. IV Prazo: No existe prazo para interposio do HC. V Petio: Na petio inicial devem aparecer 4 pessoas: o impetrante, o paciente, a autoridade coatora e o destinatrio do pedido. No existe frmula especfica para o HC e ele no exige capacidade postulatria. At analfabeto pode pleite-lo, com assinatura a rogo. Quem pode ser a autoridade coatora? O Delegado, na fase do inqurito. O juiz ou MP, na fase judicial. O Desembargador Presidente do TJ, na fase recursal. (1 instncia) O Ministro presidente do STJ (fase recursal, 2 instncia). O endereamento ser sempre autoridade imediatamente superior autoridade coatora. Questo: O MP pode ser a autoridade coatora? Pode. Ele est no mesmo nvel do juiz e a autoridade a quem se dirige, neste caso, o Desembargador Presidente do TJ. Note-se que a partir da propositura do HC ao TJ, sempre haver a participao do MP. Observao: Excepcionalmente, o HC pode ser impetrado contra particular. EX: Reteno em um quarto do cliente do hotel por falta de pagamento. Ou no caso de Hospital. VI Prembulo (novidade em relao s outras peas): Qualificao das partes: ___(nome)___, __ nacionalidade, __ estado civil___, advogado devidamente inscrito na OAB, com escritrio na rua ______, vem, com acatamento e respeito, ilustre presena de V. Excia, nos termos do do art. 5?, LXVIII da CF, combinado com os artigos 647 e 648 do CPP, impetrar Habeas Corpus (facultativamente: com pedido de liminar) em favor de _ paciente __ nome___, __nacion____, __esta civil __., residente e domiciliado na rua ________, pelos fatos e fundamentos a seguir apresentados. Fatos Fundamentao (doutrina e jurisprudncia) No se discute prova no HC. Pedido:

141 Por todo o exposto, requer a Vossa Excelncia: I. Solicitar informaes autoridade coatora. II. (facultativa) Se digne, liminarmente, fazer cessar o constrangimento ilegal apontado, vez que presente o fumus boni iuris e o periculum in mora. III. Que, no mrito, torne definitiva a liminar concedendo a ordem para o fim de ____, por questo de inteira justia. A justificao do pedido de liminar feita no corpo da pea, imediatamente antes do pedido e assim: Embora a lei no estabelea o cabimento de pedido de liminar em HC, a jurisprudncia consolidou-se no sentido de que ele possvel. Diante da fundamentao jurdica e ftica apresentada, evidencia-se a presena do fumus boni iuris, sendo que diante da evidente coao sofrida pelo paciente, a demora no julgamento do feito lhe acarretar prejuzos ainda maiores, o que caracteriza o periculum in mora. Observao: A liminar cabe nas seguintes situaes: a) Quando o paciente estiver preso. b) Quando j tiver ato processual j designado, cabe pedido de liminar para suspenso do processo.

Exerccio de aplicao Exame 112, n 1: Protgoras encontra-se preso h 18 dias em virtude de auto de priso em flagrante, lavrado por infrao ao artigo 250, 1, inciso I. do Cdigo Penal. O laudo do instituto de criminalstica ainda no foi elaborado, estando o inqurio policial aguardando a sua feitura. O juzo competente, que se encontra na posse da cpia do auto de priso em flagrante, indeferiu o pedido de relaxamento desta, por excesso de prazo, sob o fundamento de que a gravidade do fato impe a segregao de Protgoras. Questo: Com o objetivo de conseguir a liberdade de Protgoras, elabore a pea profissional condizente. Anlise da situao. Momento: fase policial Fundamento (cabimento): CF, art. 5, LXVIII, CPC: artigos 647 e 648, II. Pea: Habeas Corpus, porque o pedido de relaxamento da priso foi indeferido pelo juiz e ele est peso h mais tempo que o previsto na lei Tese: 648-2 arbitrariedade (abuso de poder por coao ilegal). Pedido: a) solicitar informaes ao delegado. c) Pedir em liminar o alvar de soltura. d) Pedir seja, ao final, confirmada a concesso dada em liminar. Endereamento: Desembargador Presidente do TJSP Pea:

142 EXCELENTSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO TRIBUNAL DE JUSTIA DO ESTADO DE SO PAULO

Impetrante, ______, ______, advogado devidamente inscrito na Ordem dos Advogados do Brasil, sob o n ____, com escritrio rua _____________ n ___, na cidade de _____________, vem, com acatamento e respeito, Ilustre presena de Vossa Excelncia, nos termos do artigo 5, LXVIII, da Constituio Federal, combinado com os artigos 647 e 648, ii, do Cdigo de Processo Penal, impetrar HABEAS CORPUS, com pedido de liminar, em favor de Protgoras, ______, ______, ______, residente e domiciliado na rua _________, n ____, na cidade de ________, contra ato do Juiz de Direito da Comarca de ____, pelos fatos a seguir apresentados. 1. O paciente foi preso em flagrante por suposta infrao ao artigo 250, 1, inciso I, do Cdigo Penal, Sua priso j dura 18 dias. Acontece que o inqurito policial est ainda em fase de elaborao, dependente de laudo pericial do Instituto de Criminalstica. 2. O inqurito deveria ter sido concludo no prazo de 10 dias, conforme determinado no artigo 10 do Cdigo do Processo Penal. O excesso de prazo em questo configura coao ilegal ao paciente. O pedido de relaxamento da priso por excesso de prazo j apresentado ao juiz competente, que est de posse da cpia do auto de priso em flagrante, foi indeferiu sob a justificativa de que a gravidade do fato impe a necessidade de segregao do paciente.

143 3. A doutrina tem o seguinte entendimento sobre a questo: Estando o ru preso, o prazo para encerramento do inqurito de 10 dias, contados da data da priso em flagrante [...]. Esse prazo no pode ser prorrogado e, excedido, haver constrangimento ilegal liberdade de locomoo do indiciado, sanvel pela via habeas corpus, sem prejuzo do prosseguimento do inqurito policial (Mirabete, Julio Fabbrini, Cdigo de Processo Penal Interpretado, 2008, p.113). 4. A jurisprudncia tem entendimento consolidado no mesmo sentido: ilegal a priso do paciente preso em flagrante delito cujo inqurito no tenha sido concludo no prazo de 10 dias da instaurao (RT 593/411): Obrigatria a concesso de Habeas Corpos se houver excesso de prazo: Deve ser concedida a ordem de Habeas Corpos se o prazo previsto no art. 10 do CPP foi ultrapassado, caracterizando-se, assim, constrangimento ilegal (RT 592/393); Restando caracterizado o evidente excesso de prazo, desprovido de justificativa razovel, o ru deve ser posto em liberdade. (Habeas Corpus concedido STJ. HC 41538/PI, Ministro Felix Fischer, Quinta turma, DJ 23.05.2005, p.322). 5. Embora a lei no estabelea o cabimento de pedido de liminar em Habeas Corpus, a jurisprudncia consolidou-se no sentido de que ele possvel. Diante da fundamentao jurdica e ftica apresentada, evidencia-se a presena do fumus boni iuris, sendo que, diante da evidente coao sofrida pelo paciente, a demora no julgamento do feito lhe acarretar prejuzos ainda maiores, o que caracteriza o periculum in mora. 6. Diante de todo o exposto, requer a Vossa Excelncia, se digne: a) solicitar informaes autoridade coatora. b) a, liminarmente, fazer cessar o constrangimento ilegal apontado, vez que presentes o fumus boni iuris e o periculum in mora, expedindo o devido alvar de soltura do paciente. c) que, no mrito, torne definitiva a liminar em questo, concedendo a ordem para o fim de que a concluso do inqurito policial continue com o paciente em liberdade, por questo de inteira justia. Nestes termos, P. Deferimento

144 ________________________, __, de ___________ de ____.

31.08.2009 Caso: O cidado A viajava de avio de carreira do Rio para So Paulo no ms e agosto de 2002 quando, na aproximao da Capital, passou a importunar a passageira B, chegando a praticar vias de fato. Em virtude disso, ao desembarcar, foi indiciado em inqurito, como incurso no artigo 21 da Lei das Contravenes Penais vias de fato. Os fatos ocorreram a bordo da aeronave, e assim entendeu-se de processar A perante a Justia Federal, tendo sido condenado pela 1 Vara Criminal da Seo Judiciria da Capital, pena de 15 dias de priso simples, com concesso de sursis. O acusado no aceitou nenhum benefcio legal durante o processo. A r sentena condenatria j transitou em julgado. Elabore a pea cabvel em favor de A. Momento: fase de cumprimento da pena. Fundamento (cabimento): CF, art. 5, LXVIII; CPP art.647 e art. 648, III. Pea: Habeas Corpus, porque a sentena j transitou em julgado. Tese: 648-III incompetncia do juzo Pedido: a) Solicitar informaes ao delegado. b) Pedir em liminar salvo conduto. c) Pedir seja, ao final, confirmada a concesso dada em liminar. Endereamento: Desembargador Presidente do TRF. Pea:

EXCELENTSSIMO SENHOR DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO TRIBUNAL FEDERAL DO ESTADO DE SO PAULO

145

_____________, _____, ______, advogado devidamente inscrito na Ordem dos Advogados do Brasil, sob n ____, com escritrio na rua ______, n ___, na cidade de _____, vem, com acatamente e respeito, Ilustre presena de Vossa Excelncia, nos termos do artigo 5, LXVIII, da Constituio Federal, combinado com os artigos 647 e 648, III, do Cdigode Processo Penal, impetrar HABEAS CORPUS, com pedido de liminar, em favor de A,____, _____, _____, residente e domiciliado na rua _____, n?___, na cidade de _____, contra o juiz da 1 Vara Federal da Seo Judiciria da Capital, pelos fatos a seguir apresentados. 1. Consta dos autos que A viajava, em voo regular, do Rio de Janeiro para So Paulo, quando, ao aproximar-se a aeronave de So Paulo, passou a molestar a passageira B, chegando prtica de vias de fato. 2. Consta, ainda, que ao desembarcar em So Paulo, B foi indiciado como incurso no artigo 21, da Lei das Contravenes Penais vias de fato. Como os fatos ocorreram a bordo de aeronave, entendeu-se de processar A, perante a Justia Federal. 3. Por isso, A foi condenado pela 1 Vara Criminal Federal da Seo Judiciria da Capital pena de 15 dias de priso simples, com concesso de sursis. O acusado no aceitou qualquer benefcio legal durante o processo e a sentena j transitou em julgado. 4. Acontece que a Justia que julgou o fato a Justia Federal, no era competente para isso.. Parece-nos, salvo melhor juzo, que a deciso de encaminhar o caso para ela incidiu na confuso entre crime e contraveno penal. Isso porque, tanto o artigo 109, IX da Constituio Federal, como o artigo 90 do Cdigo Penal, falam em crime

146 cometido a bordo de aeronave e, no caso em questo, o que ocorreu foi contraveno penal e no crime. 5. Nesse sentido, a smula 38, do Superior Tribunal de Justia incisiva: compete Justia Estadual Comum, na vigncia da Constituio Federal de 1988, o processo da contraveno penal [...]. 6. Veja-se o entendimento dos Tribunais quanto incompetncia e nulidade: A incompetncia do juiz anula os atos decisrios. [...]. Tratando-se de caso de competncia da Justia Estadual, a declarao de casos que tais, de incompetncia da Justia Federal provoca a nulidade radical nulidade ex radice do processo. Precedentes do STJ e do STF. (REsp 719421/RJ Rel. Quaglia Barbosa j. 28/06/2005). 7. O entendimento doutrinrio caminha na mesma linha: Para que o juiz possa presidir e julgar o processo, necessrio que seja competente, ou seja, todos tm direito a serem julgados pelo juiz natural, ou juiz constitucional (art. 5, LIII, da CF). Essa competncia est distribuda de acordo com os vrios critrios estabelecidos pelo Cdigo nos arts 69 a 91; desobedecidos tais critrios legais, est ao juiz vedado conhec-lo no todo ou em parte (itens 69.1 a 69.6), ocorrendo nulidade se o fizer!. (Cdigo de Processo Penal Interpretado, 2008, p. 1389 Mirabete). 8. Embora a lei no estabelea o cabimento de medida liminar em Habeas Corpus, a jurisprudncia consolidou-se no sentido de que ele possvel. Diante da fundamentao jurdica e ftica apresentada, evidencia-se a presena do fumus boni juris, sendo que pela evidente coao sofrida pelo paciente, a demora no julgamento do fato lhe acarretar prejuzos ainda maiores, o que caracteriza o do periculum in mora. 9. Por todo o exposto, requer a Vossa Excelncia se digne: a) Solicitar informaes autoridade coatora.

147 b) Fazer cessar liminarmente o constrangimento ilegal apontado, uma vez que esto presentes o fumus boni juris e o periculum in mora, expedindo o competente salvo conduto para que o paciente se proteja do iminente risco de priso. c) Que no julgamento do mrito seja confirmada a deciso liminar e seja anulado o processo em questo, com base no artigo 564, I do Cdigo de Processo Penal, tudo por absoluta questo de verdadeira justia!!! Nestes termos Pede e espera deferimento. ______________________, ___ de _______ de _____. Advogado impetrante OABn ___

14.09.2009 Caso: Antonio presidente de um grande clube local, com mais de 3.000 scios, onde existem piscinas, salo de festas, campo de futebol, etc. O clube frequentado por muitos jovens da localidade. No ms de dezembro de 2001, o garoto Cipriano, sem perceber que o nvel da gua de uma das piscinas estava baixo, l jogou-se para brincar. Ao mergulhar, Cipriano bateu a cabea no funda da piscina e veio a falecer. O presidente do clube, Antonio, agora est sendo processado criminalmente perante a 1 Vara Criminal da Capital, em razo da aceitao da denncia formulada pelo Ministrio Pblico, acusando-o da prtica da figura prevista no artigo 121, pargrafo 3. Do Cdigo Penal. Antonio no aceitou a suspenso processual que lhe foi proposta pelo rgo Ministerial. A ao penal est tramitando. Questo: Na condio de advogado de Antonio, atue em favor do constituinte. Anlise da situao: Momento: fase judicial. Exatamente no momento de resposta do acusado. Cabimento: Art. 396 - A, CPP. Tese: O fato no constitui crime.

148 Pea: Defesa ou Resposta do ru. Cabe, tambm HC Pedido: Absolvio sumria do acusado: art. 397, III Endereamento: Juiz da 1 Vara Criminal da Capital.

149 EXCELENTSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA PRIMEIRA VARA CRIMINAL DA CAPITAL (SP) Proc. n ___ Antonio, j qualificado nos autos do processo em referncia, cujo feito tramita por esse Egrgio Juzo, vem, com acatamento e respeito, presena de Vossa Excelncia, por meio de seu advogado infra-assinado para, nos termos do artigo 396-A, do Cdigo de Processo Penal, apresentar DEFESA pelos motivos de fatos e de direito seguintes. 1. Consta dos autos que o acusado presidente de um clube scio-esportivo que mantm mais de trs mil scios, clube esse frequentado habitualmente pelos jovens da comunidade. Em dezembro de 2001, um garoto, no se apercebendo que uma das piscinas do clube estava com nvel da gua baixo, jogou-se na gua para brincar. Com essa atitude sua, acabou batendo a cabea no fundo da piscina, vindo em consequncia disso a morrer. 2. Em virtude da morte do garoto, Antonio est sendo acusado e processado criminalmente, uma vez que o juiz acolheu a denncia do Ministrio Pblicoenquadrando-o no pargrafo terceiro do artigo 121, do Cdigo Penal. Consta tambm dos autos, que o acusado rejeitou a proposta de suspenso do processo ofertada pelo Ministrio Pblico. 3. Evidentemente, a denncia se baseou em suposta omisso do acusado quanto a providncias que evitassem que algum, inadvertidamente, fosse nadar naquela piscina que estava em manuteno, considerando ser da responsabilidade do presidente do clube o dever de providncias sobre o assunto. Fez uso, ento, do previsto no artigo 13, inciso II, letra a, julgando negligente ou imprudente a atitude do presidente em no tomar providncias. 4. Em tendo sido esse o raciocnio da acusao, certamente incorreu em erro o representante do Ministrio Pblico, uma vez que houve

150 presuno de culpa do mesmo, isto , do acusado. E a jurisprudncia pacfica quanto no aceitao daeculpa presumida: A culpa presumida proibida em matria penal (TJMG, JM. 28.132; STJ. RHC 794, RT 665:349; RT 717:443. Infrao regulamentar por si s no conduz responsabilidade penal por culpa, uma vez que no se admite a imputao meramente objetiva. TACrimSP, 192.209, RT, 546:377. Jurisprudncias mencionadas por Damsio de Jesus, s fls. 81, do Cdigo Penal Anotado, 2009. Acrescenta-se, tambm, o entendimento do STF: omitir no non fare nulla (no fazer nada), mas, Sim, no desenvolver uma determinada atividade, contrariando uma norma jurdica em que se contm um comando de agir (STF, RHC 67.286, DJU 5.5.89, p. 7162) 5. O entendimento da doutrina segue essa mesma linha: A omisso penalmente relevante a constituda de dois elementos: o non facere (no fazer) e o quod debeatur (aquilo que tinha o dever jurdico de fazer). No basta, portanto, o no fazer; preciso que, no caso concreto, haja uma norma determinando o que devia ser feito. Essa a chamada teoria normativa, adotada pelo Cdigo Penal. (Fernando Capez, Curso de Direito Penal, parte geral, vol. 2, 7 edio, p.7). 6. Assim, pelo relatado, v-se que a morte ocorrida no configura crime de homicdio culposo como quis fazer crer o representante do Ministrio Pblico. Ex positis, requer a Vossa Excelncia se digne absolver sumariamente o acusado, diante da atipicidade do fato, nos termos do artigo 397, inciso III, do Cdigo de Processo Penal. Nestes termos pede deferimento. Local e data. Advogado OAB n ___ Rol de Testemunhas I. (nome e qualificao completa) II. (nome e qualificao completa) III. (nome e qualificao completa) IV. (nome e qualificao completa) V. (nome e qualificao completa)

151 EXCELENTSSIMO SENHOR DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO TRIBUNAL REGIONAL DO ESTADO DE SO PAULO.

Proc. n ___

Antonio, j qualificado nos autos do processo em referncia vem, com acatamento e respeito, presena de Vossa Excelncia, por meio de seu advogado infra-assinado para, nos termos do artigo 5, LXVIII, da Constituio Federal, combinado com os artigos 647 e 648, III, do Cdigo de Processo Penal, impetrar Habeas Corpus contra o juiz da Juiz da Primeira Vara da Capital, pelas razes de fato e de direito a seguir apresentados. 1. Consta dos autos que o acusado presidente de um clube scio-esportivo que mantm mais de trs mil scios, clube esse frequentado habitualmente pelos jovens da comunidade. Em dezembro de 2001, um garoto, no se apercebendo que uma das piscinas do clube estava com nvel da gua baixo, jogou-se na gua para brincar. Com essa atitude sua, acabou batendo a cabea no fundo da piscina, vindo em consequncia disso a morrer. 2. Em virtude da morte do garoto, Antonio est sendo acusado e processado criminalmente, uma vez que o juiz acolheu a denncia do Ministrio Pblicoenquadrando-o no pargrafo terceiro do artigo 121, do Cdigo Penal. Consta tambm dos autos, que o acusado rejeitou a proposta de suspenso do processo ofertada pelo Ministrio Pblico. 3. Evidentemente, a denncia se baseou em suposta omisso do acusado quanto a providncias que evitassem que algum, inadvertidamente, fosse nadar naquela piscina que estava em manuteno, considerando ser da responsabilidade

152 do presidente do clube o dever de providncias sobre o assunto. Fez uso, ento, do previsto no artigo 13, inciso II, letra a, julgando negligente ou imprudente a atitude do presidente em no tomar providncias. 4. Em tendo sido esse o raciocnio da acusao, certamente incorreu em erro o representante do Ministrio Pblico, uma vez que houve presuno de culpa do mesmo, isto , do acusado. E a jurisprudncia pacfica quanto no aceitao daeculpa presumida: A culpa presumida proibida em matria penal (TJMG, JM. 28.132; STJ. RHC 794, RT 665:349; RT 717:443. Infrao regulamentar por si s no conduz responsabilidade penal por culpa, uma vez que no se admite a imputao meramente objetiva. TACrimSP, 192.209, RT, 546:377. Jurisprudncias mencionadas por Damsio de Jesus, s fls. 81, do Cdigo Penal Anotado, 2009. Acrescenta-se, tambm, o entendimento do STF: omitir no non fare nulla (no fazer nada), mas, Sim, no desenvolver uma determinada atividade, contrariando uma norma jurdica em que se contm um comando de agir (STF, RHC 67.286, DJU 5.5.89, p. 7162) 5. O entendimento da doutrina segue essa mesma linha: A omisso penalmente relevante a constituda de dois elementos: o non facere (no fazer) e o quod debeatur (aquilo que tinha o dever jurdico de fazer). No basta, portanto, o no fazer; preciso que, no caso concreto, haja uma norma determinando o que devia ser feito. Essa a chamada teoria normativa, adotada pelo Cdigo Penal. (Fernando Capez, Curso de Direito Penal, parte geral, vol. 2, 7 edio, p.7). 6. Assim, pelo relatado, v-se que a morte ocorrida no configura crime de homicdio culposo como quis fazer crer o representante do Ministrio Pblico. Ex positis, requer a Vossa Excelncia se digne : I. II. Solicitar informaes autoridade coatora. Reformar a deciso do juiz que recebeu a denncia, absolvendo sumariamente o requerente, com base no artigo 397, inciso III, por questo de inteira justia. Nestes termos

153 pede deferimento. ___________________,__ de __________ de _____. Advogado OAB n ___ 21.09.2009 RECURSO ORDINRIO CONSTITUCIONAL (ROC) Fundamento: art 105, II, a, CF e art. 30 a art 32 da Lei 8038/90 O ROC cabe em ao denegatria de HC em nica ou ltima instncia pelos Tribunais Estaduais ou pelo TRF. Cabimento: S cabvel em nas decises dos tribunais estaduais ou de TRFs. Se a deciso denegatria for de juiz singular, o recurso cabvel i RESE (art 581, X). Prazo: 5 dias Petio: em duas peas: interposio e razes. Interposio junto ao TJ (Presidente), sempre interposto ao rgo recorrido. Verbo caracterstico: interpor.

Exerccio: Exame 114 Ponto 1 Caso: Joo, investigador de polcia, est preso no Presdio Especial da Polcia Civil de So Paulo, por fora de auto de priso em flagrante delito, e denunciado por violao do artigo 316, do Cdigo Penal, sendo certo que teve concedida a fase do artigo 514, do Cdigo de Processo Penal. E os prazos legais esto sendo observados. primrio, tem residncia fixa e exerce atividade lcita. O meritssimo juiz da primeira instncia negou a liberdade provisria com fiana, alegando apenas e to somente ser o crime muito grave, enquanto a Egrgia 1 Cmara do Tribunal de Justia de So Paulo, por maioria de votos, denengou ordem de habeas corpus que fora impetrada, usando do mesmo argumento, conforme consta do Venerando Acrdo hoje publicado. Questo: Como advogado de Joo, adotar a medida judicial cabvel. Anlise do caso. Momento: fase recursal de deciso do TJ

154 Cabimento: Art 105, II, a, da CF e art. 30 a 32 da Lei 8038/90 Tese: autoridade arbitrria (arbitrariedade) Pea: Pedido: procedncia no recurso com concesso da liberdade provisria do acusado e alvar de soltura. Endereamento: 1 pea: Desembargador Presidente do Tribunal de Justia de So Paulo 2 pea (razes) ao Ministro Presidente do STJ. 1. Pea EXCELENTSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO TRIBUNAL DE JUSTIA DO ESTADO DE SO PAULO

Processo n ___

JOO j qualificdo nos autos do processo em referencia, suja feita transita por esse Egrgio Tribunal vem, por meio de seu advogado que esta subscreve, presena de Vossa Excelncia, com acatamento e respeito, para interpor, com base no artigo 105, II, a da Constituio Federal e artigos 30 a 32, da Lei 8038/90

RECURSO ORDINRIO CONSTITUCIONAL contra V. acrdo de folhas___, pela razes apresentadas em anexo. Recebido e analisado o presente recurso, requer o encaminhamento do mesmo ao Superior Tribunal de Justia, com as mencionadas razes; Nestes termos pede deferimento _____________________, __ de _______ de ______ Advogado OAB/SP n___

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Razes de recurso Acrdo n ____ do Tribunal de Justia do Estado de So Paulo. Egrgio Superior Tribunal de Justia. Colenda Turma Nobres Ministros. Em que pese ser da lavra de uma ilustre cmara do Tribunal de Justia do Estado de So Paulo, o V. acrdo de folhas ___, salvo melhor juzo, foi proferido incorretamente. Consta dos autos que o requerente, tendo sido denunciado como incurso no artigo 316 do Cdigo Penal e por fora de auto de priso em flagrante, encontra-se preso no Presdio Especial da Polcia Civil de So Paulo. O Meritssimo Juiz de primeira instncia negou pedido de liberdade provisria sob a alegao de que o crime cometido fora muito grave. O recurso da deciso junto ao Tribunal de Justia do Estado de So Paulo, teve, tambm, denegado o pedido, por maioria de votos, confirmando a deciso de primeira instncia. Ora, o crime que fora imputado ao requerente admite liberdade provisria mediante o pagamento de fiana. E a fiana um direito subjetivo constitucional do requerente, conforme prev a Constituo Federal no inciso LXVI do seu artigo 5, que diz texztualmente que ningum ser levado priso ou nela mantido, quando a lei admitir a liberdade provisria com ou sem fiana. Esse direito constitucional foi negado tanto pelo juiz singular como pelo Tribunal do Estado. verdade que o juiz poderia transformar a priso em priso preventida. Mas as condies para tanto, previstas no artigo 312 do Cdigo de Processo Penal, inexistem no caso. o que diz o pargrafo nico do artigo 310 do mesmo diploma legal. Alis, importante mencionar que o requerente, como tambm consta dos autos, primrio, tem residncia fixa e exerce atividade lcita.. A propsito, o entendimento doutrinrio: A fiana um direito subjetivo constitucional do acusado, que lhe permite, mediante a causo e o cumprimento de certas obrigaes, conservar sua liberdade at a sentena condenatria irrecorrvel. um meio para obter a liberdade provisria: se o acusado est preso, solto; se est em liberdade, mas ameaado de custdia, a priso no se efetua. (Mirabete, Processo Penal, 18 edio, p. 415). Sobre a liberdade provisria, a jurisprudncia pacfica, como se pode ver pelos exemplos seguintes:

156 Embora preso em flagrante por crime inafianvel, pode o ru ser libertado provisoriamente, desde que inocorram razes para sua priso preventiva (RT 523/376). A concesso de liberdade provisria prevista no art.310, pargrafo nico, do CPP, com a nova redao dada pela Lei n 6.416/77, est condicionada inocorrncia de qualquer das hipteses que autorizam a preventiva. (RT 531/363). A manuteno da priso em flagrante s se justifica quando presentes os requisitos ensejadores da priso preventiva, nos moldes do art. 310, pargrafo nico, do CPP. O fundamento invocado da garantia da ordem pblica, sem qualquer outra demonstrao da real necessidade, nem tampouco da presena dos requisitos autorizadores da priso preventiva, no se justifica a manuteno do flagrante. Ordem concedida. (HC 12.250/RJ, 6 T. Rel. Min. Fernando Gonalves j.16.05.2000-v.u. DJU 12.06.2000 p.138). Por todo o exposto, requer a Vossas Excelncias se dignem depois de receber, processar e, ao final, recurso dar provimento ao presente recurso, reformando, em consequncia, a deciso do Tribunal de Justia do Estado de So Paulo, e expedindo o competente alvar de soltura do requerente, fazendo, assim, imperar a verdadeira justia. _____________, __ de __________, de _____. Advogado OAB/SP n ____

Exame 139 Agnaldo, que reside com sua esposa, ngela, e seus dois filhos na cidade de Porto Alegre RS, pretendendo fazer uma reforma na casa onde mora com a familia, dirigiu-se a uma loja de material de constuo para verificar as condies de crdito existentes. Entre as opes que o vendedor da loja apresentou, a mais adequada ao seu oramento era a emisso de cheques pr-datados como garantia da dvida. Como no possui conta corrente em agncia bancria, Agnaldo pediu a seu cunhado e vizinho, Firmino, que lhe emprestasse seis cheques para a aquisio do referido material, pedido prontamente atendido. Com o emprstimo, retornou ao estabelecimento comercial e realizou a compra, deixando como garantia da dvida os seis cheques assinados pelo cunhado. Dias depois, Firmino, que tivera seu talonrio de cheques furtado, sustou todos os cheques que havia emitido, entre eles, os emprestados a Agnaldo. Diante da sustao, o empresrio, na delegacia de polcia mais prxima, alegou que havia sido fraudado em uma transao comercial, uma vez que Firmino frustara o pagamento dos cheques prdatados.

157 Diante das alegaes, o delegado de polcia instaurou inqurito policial para apurar o caso, indiciando Firmino, por entender que havia indcios de ele ter cometido o crime previsto no inciso VI, 2 do art. 171 do Cdigo Penal. Inconformado, Firmino impetrou habeas corpus perante a 1 Vara Criminal da Comarca de Porto Alegre, tendo o juiz denegado a ordem, Considerando essa situao hipottica, na condio de advogado contatado por Firmino, impeonha a pea judicial cabvel, privativa de advogado, em favor de seu cliente. Anlise da situao Momento: fase policial. Indicimento do acusado no art, 171, 2, inciso VI. Tese: Falta de justa causa. Pea: RESE art. 581, X Endereamento: Desembargador Presidente do Tribunal de Justia do RS. Pedido: Extino do processo por falta de justa causa. Fato atpico.

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1 pea EXCELENTSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 1 VARA CRIMINAL DE PORTO ALEGRE RS

Processo n___

FIRMINO, j qualificado nos autos do processo em referncia, cujo feito tramita por esse ilustre juzo, vem, por meio de seu advogado que esta subscreve, com acatamento e respeito, presena de Vossa Excelncia para, com base no artigo 581, inciso X, interpor RECURSO EM SENTIDO ESTRITO contra r, sentena de folhas __, pelos motivos a seguir apresentados. Requer, uma vez recebido e processado o presente recurso, seja o mesmo encaminhado instncia superior, com as inclusas razes de recurso, caso Vossa Excelncia mantenha a deciso inicial. Nestes termos, pede e espera deferimento. ________________, __ de _________ de _____ Advogado OAB/RS n 2. pea Razes de recurso Processo n ___, da 1 Vara Criminal da Comarca de Porto Alegre Egrgio Tribunal de Justia do Estado do Rio Grande do Sul Colenda Cmara Nobres Julgadores

159 Em que pese ser da lavra de um ilustre magistrado, a respeitvel sentena de folhas __, salvo melhor juzo, foi prolatada incorretamente. Consta dos autos que o requerente emprestou para seu cunhado seis folhas de cheques de seu talonrio, devidamente assinadas, para serem oferecidas como garantia na aquisio de material de construo em determinada loja. Acontece que posteriormente, o requerente teve seutalonrio de cheques furtado e, por isso, sustou junto ao banco sacado todos os cheques de referido talonrio, inclusive os relativos s folhas emprestadas. Com a sustao dos cheques, o lojista, na delegacia mais prxima, alegou ao delegado que fora fraudado em transao comercial, uma vez que o requerente frustrara o pagamento dos cheques recebidos em garantia pela venda de mercadorias. O delegado instaurou inqurito policial para apurar o ocorrido e indiciou o requerente por entender haver indcios de ter ele cometido o crime de fraude no pagamento por meio de cheque, capitulado no artigo 171, 2, inciso VI do Cdigo Penal. O requerente impetrou habeas corpus junto 1 Vara Criminal de Porto Alegre, tendo sido a ordem denegada pelo juiz. Certamente a deciso do juiz foi equivocada. Vejamos: diz o artigo no qual fora enquadrado o requerente: emite cheque sem suficiente proviso de fundos em poder do sacado ou lhe frustra o pagamento. Ora, os cheques em questo foram dados em garantia de uma compra de mercadorias e no como ordem de pagamento vista, que caracterstica essencial do cheque. Por isso, foram cheques pr-datados. Estavam tais ttulos totalmente desvirtuados da condio de cheques. A doutrina entende assim o assunto: o ttulo de crdito tem por caracterstica principal ser uma ordem de pagamento vista. Por isso, quando algum aceita o cheque para ser apresentando futuramente, est recebendo o ttulo como mera promessa de pagamento. posio atualmente tranquila na doutrina e na jurisprudncia. (Nucci, Cdigo Penal Comentado, 9 edio, p. 794). Ainda mais: o cheque emitido para pagamento a vista. No se trata de pagamento como a nota promissria em que o pagamento no de pronto, mas a prazo. Em face disso, no h crime quando o cheque dado como garantia de dvida. Neste caso, na verdade no funciona como cheque, mas como ttulo de efeitos idnticos nota proimissria, para garantia de pagamento futuro. (Damsio de Jesus, Cdigo Penal Anotado, 19 edio, p.63.) A jurisprudncia tambn pacfica, tanto assim que o assunto se acha sumulado pelo Supremo Tribunal Federal, pela smula n 216: comprovado no ter havido fraude, no se configura o crime de emisso de cheques sem fundos, Alguns julgados:

160 Cheque sem fundos emitido em garantia de dvida. Inexistncia de crime. Se o cheque dado em garantia de dvida, embora sem a necessria proviso de fundos, no configura o crime de estelionato previsto no art. 171, 2, VI, do CP, nos termos da Smula 246, porque excluda estaria a possibilidade de fraude. (TAPR Rev. Rel. Oswaldo Espndola RT 553/420). Cheque com data posterior do negcio. Descaracterizao do estelionato. A emisso do cheque com data posterior ao negcio representa garantia de dvida assumida, perdendo-se a sua funo de ordem de pagamento vista, pelo que a inexistncia de proviso de fundos na conta do emitente no serve para caracterizar o delito do art 171, 2, VI, do CP. (STJ RHC - Rel. Dias Trintdade RT 659/322). Diante de tudo o que foi exposto, requer a Vossas Excelncias se dignem receber, processar e, ao final, dar provimento ao presente recurso, determinando a extino do processo por falta de justa causa para a ao penal, por atipicidade do fato e por questo de absoluta justia. ______________, ___ de ___________ de ______. Advogado OAB/RS n ___ Exame 136 Ponto n 1 1 pea EXCELENTSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 1 VARA CRIMINAL DE PORTO ALEGRE RS

Processo n___

RODRIGO MALTA, j qualificado nos autos do processo em referncia, cujo feito tramita por esse ilustre juzo, vem, por meio de seu advogado que esta subscreve, com acatamento e respeito, presena de Vossa Excelncia, com base no artigo 105, II, a, da Cpnstituio Federal e artigos 30 a 32 da Lei 8038/90, interpor RECURSO ORDINRIO CONSTITUCIONAL contra V acordo de folhas __, pelos motivos a seguir apresentados. Recebido e processado o presente recurso, requer o encaminhamento do mesmo superior instancia, com as mencionadas razes.

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Nestes termos, pede e espera deferimento. ________________, __ de _________ de _____ Advogado OAB/RS n 2. pea Razes de recurso Acrdo n ___, da __ Cmara do Tribunal de Justia do Estado de So Paulo. Egrgio Superior Tribunal de Justia Colenda Turma Nobres Ministros Em que pese ser de ilustre Cmara do Tribunal de Justia do Estado de So Paulo V. acrdo de folhas __, salvo melhor juzo, foi proferido incorretamente. Consta dos autos que o requerente foi preso em flagrante e posteriormente denunciado como incurso nas sanes previstas no artigo 14 e no artigo 16, pargrafo nico, inciso IV, ambos da Lei n 10.826/2002 (porte de arma de fogo de uso permitido e posse de arma de fogo de uso restrito, com a numerao raspada). Pleiteada que foi a liberdade provisria, o pedido foi indeferido, tendo p juiz justificado a sua deciso alegando serem graves os crimes cometidos, indicando a prova indiciria, at o momento, que o acusado provavelmente soldado do trfico e que a primariedade e os bons antecedentes no so pressupostos a impor a liberdade de forma incontinente. Impetrada habeas corpus junto ao Tribunal de Justia do Estado de So Paulo pedindo a concesso da liberdade provisria do acusado, alegando que o decreto da priso cautelar no explicitara a necessidade da medida, nem indicara os motivos que o tornariam indispensvel entre os elencados no artigo 312, do Cdigo de Processo Penal. A ordem, todavia, restou denegada, confirmando a deciso do juiz singular, em razo do artigo 21 da mencionada lei.

162 Registre-se que o acusado primrio, possui bons antecedentes, tendo comparecido delegacia todas as vezes em que foi intimado. Jamais demonstrou a inteno de fuga. Pelo relatado, percebe-se claramente a arbitrariedade da priso, pois que o prprio artigo 21 da Lei 10.826/2003 foi declarado inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal, em 2007. A propsito, o entendimento da doutrina: sabido que um mal a priso do acusado antes do trnsito em julgado da sentena condenatria, o direito objetivo tem procurado estabelecer institutos e medidas que assegurem o desenvolvimento regular do processo com a presena do imputado sem o sacrifcio da custdia. Tenta-se assim conciliar os interesses sociais, que exigem a aplicao e a execuo da pena ao autor do crime, e os do acusado de no ser preso seno quando considerado culpado por sentena condenatria transitada em julgado. [...] Perante o direito ptrio vigente, esse instituto a liberdade provisria, que substitui a custria provisria, atual ou iminente, com ou sem fiana [...]. (Mirabete, Processo Penal, 18 edio, Editora Atlas, 2007. p.408). Por todo o exposto, requer a Vossas Excelncias se dignem receber, processar e, ao final, dar provimento ao presente recurso, reformando o V. acrdo para determinar a extino do processo, como medida de inteira justia. ______________, ___ de ___________ de ______. Advogado OAB/RS n ___ 28.09.2009 REVISO CRIMINAL Requisito bsico, que dever sempre estar presente que a deciso que se pretende revisar tenha transitado em julgado. Fundamento: art. 621, do CPP. Cabimento: o prprio art 621 apresenta os requsitos que autorizam o cabimento da reviso: a) Sentena (ouacrdo) contrtia lei (no aspecto formal). art 621-I b) Sentena (ou acrdo) contrria evidncia dos autos (matria probatria) 621-I c) Documento falso (ou exames falsos) art 621, II d) Provas novas (fato superveniente). art. 621-III A reviso criminal, assim como os embargos infringentes e embargos de nulidade, tambm peas privativas da defesa, isto , so sempre pro reo e nunca pro societate. e) Certido do trnsito em julgado, que indispensvel.

163 Prazo: No h prazo, podendo ser proposta a qalquer tempo, por questes de dignidade, ou seja, visando desconstituir ou rescindir o trnsito em julgado. cabvel at no caso de ru morto, quando a legitimidade para a ao do CADI. Pedido: O pedido estar sempre vinculado tese utilizada. Neste caso, ver art. 626, CPP. Particularidades: a. Natureza Jurdica: a reviso criminal , segundo entendimento majoritrio da doutrina, ao.. proposta pela petio inicial. Verbo prprio: propor ou requerer. b. Pedidos: pedir para julgar procedente o pedido revisional descontituindo a deciso transitada em julgado para o fim de ..... (anular, absolver...). No h valor da causa. c. Existe situao em que cabvel tanto a reviso criminal quanto o habeas corpus (no caso de nulidade do processo) d. A reviso criminal permite a indenizao por erro judicirio, quando no pedido se deve incluir: ... se dignem, por fim, fixar justa indenizao diante do erro judiciria cometido. (art. 630, CPP). e. Justificao criminal uma audincia avulsa procedida junto ao juiz singular e que formaliza a prova que se precisa para instruir o pedido de reviso (prova nova), respitando-se, assim, o princpio do contraditrio. Isso porque na reviso criminal, a prova deve ser pr-constituda. Endereamento: existem duas regras bsicas: 1) Sempre endereada ao rgo onde a deciso transitou em julgado. 2) Nunca ser endereada ao juiz da 1 instncia, ou seja, cuja deciso seja de rgo colelgiado. Se a deciso transitou em julgado na 1 instncia, a ao proposta junto ao tribunal de justia do estado, ou ao tribunal regional federal. Aplicao: Exame 109 Exerccio 1.

EXCELENTSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO TRIBUNAL DE JUSTIA DO ESTADO DE _______

JOO DA SILVA, ____, ____, ____, recluso na penitenciria ____, vem, por meio de seu advogado que esta subscreve (mandato anexo

164 doc 1), ilustre presena de Vossa Excelncia, com acatamento e respeito, para, com base no artigo 521, III, do Cdigo de Processo Penal, propor (ou apresentar) AO DE REVISO CRIMINAL contra deciso que condenou o revisionando a cumprir pena de recluso em regime preional fechado, pelas razes seguintes; Consta dos autos do processo a que se vincula mencionada deciso que o revisionando foi condenado como incurso no artigo 213, caput, a seis anos de reclauso por ter constrangido Maria Soares conjuno carnal, mediante grave ameaa. Encontra-se, por isso, preso j h um ano. Agora, ocorreum um fato novo que muda totalmente a verso dos fatos da poca do crime e, portanto, das condies em que transcorreu o julgamento do revisionando: a vtima, Maria Soares, confidenciou a uma amiga que antes dos fatos j namorava o revisionando e que com ele manteve relacionamento sexual por sua prpria vontade. Confidenciara amiga que o acusara do crime porque ele rompera o namoro comela definitivamente. A amiga, imdiatamente procurou os familiares do revisionando narrando-lhes os fatos, que constam da justificao criminal j realizada (doc. 2). Como se depreende dessa novidade na situao ftica do suposto crime praticado pelo revisionando, ele, embora inocente, foi condenado e est cumprindo pena, o que configura clara injustia, que clama por correo. A tipoficao do fatono artigo 213 mencionado exigeviolncia ou grave ameaa, o que pressupe atitude contrria vontade da vtima. Mas, com a nova prova apresentada, restou evidente que a conjuno carrnal sedeu com o consentimento dela, portanto, de acordo com sua vontade. No ocorreu, portanto, o estupro inicialmente considerado. Via de regra, a palavra da vtima em valor probatrio relativo, sendoconsiderada com reservas. Contudo, para certos crimes para os quais dificilmente javeria testemunhas, como ocorre nos delitos conta os cosltumes, a palavra da vtima, desde que harmnica com outros elementos probatrios, muito importante, podendo at constituir-se em forte elemento na convico do juiz. Nesse sentido, a jurisprudncia unnime. Vejamos: Nos deleitos contra os costumes, a palavra da vtima avulta de importncia, principalmente quando se trata de pessoa recatada, de bons costumes, de vida anterior honesta e ilibada, recatda e acima de suspeitas. Nessas condies, muito evidente que suas declaraes, apontando o autor do crime, que lhe vitimou, assume carter estraordinrio, frente s demais provas. (Capez, Curso de Direito Penal, vol. 3, p. 11, citando Francisco de Assis do Rgo Monteiro Rocha).

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A jurisprudncia confirma essa importncia da palavra da vtima. Vejamos algumas decises: A palavra da vtima representa a viga mestra da estrutura probatria e a sua acusao firme e segura, em consonncia com as demais provas. Autoriza a condenao (TJDF, Ap. 10.389, DJU 15.5.90. p. 9859); Ap.13.087 DJU 22.993. PP. 39109-10 in RBCCr 4/76); TJMG, JM128/367; RJRS, RT 810/695. A contraiu sensu, quando a palavra da vtima se desqualifica pela mentira, desfaz toda a estrutura probatria de condenao do susposto crime. Assim, vem do TJRS, AP. 13.870, DJU 23.11.94, p. 14.630 e do TJAP, RT 807/651 o entendimento de que a sua palavra tambm no autoriza a condenao, no caso de incoerncia e inverossimillhana da narrativa da ofendida, com possibilidade de prtica sexual sem oposio efetiva da vitima. No caso em questp, essa falta de oposio da vtima fpo provada com as confidncias feitas amiga, e que constam da justificao criminal anexa, Portanto, o revisionando inocente do crime a ele imputado. Por todo o exposto, requer aos doutos Desenbargadores julgadores sedignem receber, processar e, ao final, dar provimento presente pretenso revisional, reformando a deciso proferida, ou seja, absolvendo o revisionando com base no artigo 386, I, do Cdigode Processo Penal e expedindo o competente alvar de soltura, tudo dentro da mais ldima justia. Anexa a certido de trnsito em julgado da deciso recorrida (doc, 3). Termos em que, pede deferimento. _______________, __ de _______de _____. Advogado OAB n___ ______________________________________________________________ Problema 121 Exerccio 2 Caso: Jos, funcionrio pblico, com 38 anos de idade, casado, pai de trs filhos, estava trabalhando em presdio da Capital, quando inesperadamente ocorreu uma rebelio. Alguns detentos estavam muito agitados, e por ordem de um superior, Jos imobilizou dois deles, com ataduras de pano, fazendo-o com o devido cuidado para no os machucar. Aps hora e meia, Jos soltou os detentos, pois estes se mostravam calmos, e foram levados para a realizao de exame de cor de delito, que apurou leses bem leves, causadas pela prpria movimentao dos presos. Mesmo assim, ambos os detentos disseram que foram torturados por Jos. Diante desses fatos, Jos foi processado e acabou sendo condenado pelo crime de tortura, previsto na Lei 9.455, de 7 de abril de 1997, artigo 1, inciso II, 4, inciso I, pena

166 de trs anos de recluso, mais perda de funo pblica. Jos est preso a r. sentena j transitou em julgado. Agora, um dos condenados foi colocado em liberdade e procurou a famlia de Jose, dizendo que foi obrigado pelo outro preso a dizer que tinha sido torturado, mas a verdade que Jos, inclusive, fez tudo para no os ferir. Como o,outro detento no postava de Jos, havia inventado toda a histria, obrigando-o a mentir. Esta declarao foi colhida numa justificao judicial. Questo: Como novo advogado de Jos, produzir a pea cabvel que atenda seu interesse. EXCELENTSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO TRIBUNAL DE JUSTIA DO ESTADO DE ___

JOS, _____, casado, funcionrio pblico, recluso em ____, vem, por meio de seu advogado que esta subscreve (mandato anexo Doc1), ilustre presena de Vossa Excelncia, com acatamento e respeito, para, com fulcro no art 621 do Cdigo de Processo Penal, inciso III, propor AAO DE REVISO CRIMINAL contra decisao que o condenou pelo crime de tortura, previsto pela Lei 9.455, de 7 de abril de 1997, artigo 1, inciso II, 4, inciso I, pena de trs anos de recluso, mais perda de funo pblica, pelas seguintes razes. Consta dos autos que o revisionando trabalhava em presdio da Capital, onde irrompeu, inesperadamente, uma rebelio. Como alguns detentos estavam muito agitados, Jos, por ordem de um superior hierrquico, imobilizou dois dos presos. Mas, o fez com ataduras de panos e de modo bastante cuidadoso para no machc-los. Aps uma hora e meia, ele soltou os detentos, que j se mostravam mais calmos, e eles foram levados para a realizao de exame pericial. A percia apurou leses bem leves, causadas pela prpria movimentao dos presos Mesmo assim, ambos acusaram Jos de t-los torturado. Por isso, ele foi processado e acabou condenado pelo crime de tortura previsto pela Lei 9.455, de 7 de abril de 1997, artigo 1, inciso II, 4, inciso I. Recebeu pena de 3 anos de recluso mais perda da funo pblica, A sentena j transitou em julgado. (certido anexa, doc 2). Agora, um dos presos foi librtado e procurou a fanilia de Jos, dizendo ter sido obrigado pelo outro a mentir na ocasio, dizendo que havia sido

167 torturado. Como o outro detento no gostava de Jos, inventou toda a aquela estria e o obrigara a mentir. Disse, ainda, que, de fato, Jos fizera tudo para no os ferir. As declaraes do detento libertado foram colhidas em justificao crimial, conforme comprova o documento anexo (Doc 3). Antes mesmo destas novas ocorrncias, o revisionando j estava incorformado com o desfecho de seu processo. Afinal, havia sido condenado por um crime que, alm de no ter sido cometido, pressupunha, conforme diz o artigl mencionado, o emprego de violncia ou grave ameaa, alm de intenso sofrimento fsico ou moral ao torturado. Nada disso havia acontecido e inclusive o prprio laudo pericial consignara apenas leses bem leves, causadas pela prpria movimentao dos presos. E ele havia usado ataduras de pano, habitualmente empregadas em feridos, exatamente para no os machucar. Importante mostrar o entendimento de diversos autores, em obra cordenada por Luiz Flvio Gomes e Rogrio Sanches Cunha (Legislao Especial Criminal, Coleo Cincias Criminais, V. 6, da Editora RT, 2009, pp. 957/958: o crime em comento se consuma com o constrangimento da vtima, desde que ocorra o sofrimento fsico ou mental, conhecida a vontade do agente, sem que seja necessrio que o torturado pratique ao ou omisso criminosa. V-se, assim, que a conduta do torturador deve ser dolosa. Alis, no existe a forma culposa neste crime. A forma prpria do crime previsto na Lei 9.455 prev que deve ser impingido ao torturado ntenso sofrimento fsico ou mental, o que no aconteceu, como concluiu o examedo corpo de delito. Em razo do zelo com que o revisionando cuidou dos dois detentos, fica patente a inexistncia do animus laedendi, ou seja, a ausncia total de dolo do agente em querer torturar, o que, alis, restou provado pela nova prova recm surgida. Por isso ele est cada vez mais inconformado com a deciso que o condenou. A jurisprudncia tem, sobre a questo, o seguinte entendimento: TACRSP: A finalidade da reviso corrigir erros de fato ou de direito ocorridos em processos findos, quando se encontrem provas de inocncia ou de circunstncia que devesse ter infludo no andamento da reprimenda (JTACRESP 57/36). Assim, a correo da injustia praticada contra o revisionando h de ser feita por esta correo revisional. Por todo o exposto, requer aos nobres Desembargadores se dignem receber, processar e ao final dar provimento presente pretenso de reviso criminal, descontituindo o trnsito em julgado da deciso recorrida para absolver o revisionando com base no art 386, do Cdigo de Processo Penal, inciso I expedindo o competente alvar de soltura, assim fazendo voltar a imperar a verdadeira justia para a revisionando. Nestes termos,

168 pede e espera deferimento _____________, ___ de _________ de ____. Advogado OAB n ___

05.10.2009 MANDADO DE SEGURANA Fundamento: Art 5, LXIX, da CF e Lei 12.016/09 Cabimento: cabe quando houver violao e direito lquido e certo da pessoa. Mas, o que direito liquido certo? Segundo Helly Lopes Meireles, o direito que se apresenta manifesto em sua existncia, delimitado na sua extenso e apto a ser exercido no momento da impetrao. O mandado de seguran no atimite atividade probatria, uma vez que o direito lquido e certo implica em prova pr-constituda. Trata-se de um instituto subsidirio, pois de couber habeas corpus ou habeas data, no cabe o mandado de segurana. A possibilidade de aplicao de um desses dois outros institutos exclui a possibilidade de aplicao do mandado de swegurana; Natureza jurdica: trata-se de uma ao e, como tal, deve ser impetrado por meio de petio inicial. No direito penal, no h necessidade de valor da causa para o mandado de seguna. Endereamento: o mandado de segurana deve ser endereado autoridade imediatamente superior autoridade coatora. Verbo prprio: IMPETRAR. (o autor o impetrante, enquanto no HC o paciente). Como no HC,o nabdado de seguraa admite pedido de concesso liminar, como previsto no art 7, III, da Lei 12.016/09. O pedido de liminar feito no prembulo e justificado antes dopedido. Prazo: 120 dias, a partir do conhecimento da deciso. Pedido: Deve-se pedir: a) Concesso de liminar inaudita altera pars, com base do art 7, III, da Lei 12.016/09, MP sentido de ____ (conforme o caso). b) Notificao da autoridade coatora para que preste as informaes que ela entenda necessrio, dentro do prazo pegal. c) Intimao da autoridade que representa o MP para que oferea seu parecer.

169 d) Que seja julgado procedente o pedido, confirmando-se a liminar, concedendo-se definitivamente a ordem pleiteada, a fim de que _______. e) Seja deferida a juntada de documentos que instruam a inicial. Aplicao: Exame 123, ointo 3. Caso: Jia Alves dos Santos, por estar indiciado pela prtica de crime de roubo, procurou advogado para atuar em sua defesa. Este. No dia 20.09.2009, dirigiu-se Delegacia de Polcia e solicitou os autos de inqurito para exame. O Delegato de Polcia, todavia, no lhe permitiu o acesso aos autos porque a investigao era sigilosa. Questo: Como advogado de Joo, verifique a medida cabvel e de forma fundamentada postuoe o que for adequado ao caso. Momento: fase policial Tese: arbitrariedade. Cabimento: art. 5, LXIX, da CF e Lei 12.016,09 Pea: Mandado de segurana Pedido: autorizar a consulta aos autos do inqurito Endereamento: Juiz de Direito da Comarca.

170 EXCELENTSSO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ___ VARA CRIMINAL DA COMARCA DE ___

Joo Alves dos Santos, ____. ____, ____, residente e domiciliado na rua ___ n__, na cidade de _____, por intermdio de seu advogado que esta subscreve (mandato anexo Dco 1) vem, com acatamento e respeito, ilustre presena de Vossa Excelncia, nos termos do artigo 5, LXIX, da Constituio Federal c.c Lei 12.016/09, artigo 1 e seguintes, impetrar Mandado de Segurana com pedido de Liminar contra ato ilegal do ilustrssimo Delegado de Polcia da cidade de ____, pelos fatos e fundamentos a seguir aduzidos. Consta que o impetrante, indiciado pela prtica de crime de roubo, procurou advogado para sua defesa. O advogado por ele contratado dirigiu-se Delegacia de Polcia para consultar os autos do processo a fim de interirar-se dos detalhes do caso, para poder desenvolver sua defesa. Todavia, o Delegado de Polcia negou-lhe o acesso aos autos, sob a justificativa de que o inqurito era sigiloso. Por isso, o impetrante est ingressando com a presente ao, a fim de resguardar os seus direitos, consistentes naquele de o advogado contratado consultar os autos do inqurito policial. Na verdade, a atitude do Delegado est eivada de arbitrariedade, na medida em que ela se contrape ao direito de ampla defesa previsto constitucionalmente. Alis, negou ao advogado do impetrante um direito que lhe garantido pela prpria constituio, previsto no seu artigo 5, incisos LV e reproduzido no artigo 7, inciso XIV, do Estado do Advogado (Lei 8.906/94). A doutrina, alis, unnime quanto a esse direito.Vem de Mirabete: Especificamente, em matria penal, tem-se admitido o mandado de segurana a respeito de ato judicial: para obter efeito suspensivo de recurso, para ser admitido como assistente, contra apreenso em excesso para fundamentar ao penal por crime contra a propriedade industrial, [...] para obter o advogado vistas dos autos inclusive de inqurito

171 policial, para o advogado poder acompanhar diligncia em inqurito policial, ainda que sigiloso[...] (Processo Penal, 18 edio, Ed. Atlas, 2007, p.766). Por seu lado, a jurisprudncia pacfica sobre a questo. Tanto assim que ela se acha sumulada, de maneira vinculante, pelo Supremo Tribunal Federal, por meio da smula vinculante n 14: direito do defensor, no interesse do representado, ter acesso amplo aos elementos de prova que, j documentados em procedimento investogatrio realizado por rgo com competencia de polcia judicial, digam respeito ao exerccio do direito de defesa. O mandado de segurana um rendio constitucional que pode ser solicitado com pedido de liminar, conforme prev a prpria Lei 12.016/2009, pois que, no caso, presente o fumus boni iuros (prprio direito lquido e certo do impetrante) e o periculum in mora (consubstanciado na atitude do Delegado em dificultar o exerccio de tal direito), desafiando, assim, o seu direito de ampla defesa garantido na Constituio. Por todo o que se exps, requer a Vossa Excelncia: a. A concesso de liminar inaudita altera pars, com base no artigo 7, III, da Lei 12.016/09, para o fim de permitir ao adovogado do impetrante a consulta aos autos do inqurito policial. b. A intimao da autoridade coatora, para que preste as informaes que entender necessrio, no prazo legal. c. A intimao da autoridade que representa o Ministrio Pblico, para oferecer seu parecer. d. Seja julgado procedente o presente pedido, cionfirmando-se a medida liminar. e. Seja deferida a juntada de documentos que instruem a pea inicial. Nestes termos, por ser de justia, pede e espera deferimento. _______________, __ de _________ de _____. Advogado OAB n ___

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