048 SE-11 Vik Muniz SITE
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de Vik Muniz / Instituto Arte na Escola ; autoria de Tarcsio Tatit Sapienza ; coordenao de Mirian Celeste Martins e Gisa Picosque. So Paulo : Instituto Arte na Escola, 2006. (DVDteca Arte na Escola Material educativo para professor-propositor ; 48) Foco: SE-11/2006 Saberes Estticos e Culturais Contm: 1 DVD ; Glossrio ; Bibliografia ISBN 85-98009-55-5 1. Artes - Estudo e ensino 2. Fotografia 3. Arte contempornea 4. Muniz, Vik I. Sapienza, Tarcsio Tatit II. Martins, Mirian Celeste III. Picosque, Gisa IV. Ttulo V. Srie CDD-700.7
Crditos
MATERIAIS EDUCATIVOS DVDTECA ARTE NA ESCOLA
Organizao: Instituto Arte na Escola Coordenao: Mirian Celeste Martins Gisa Picosque Projeto grfico e direo de arte: Oliva Teles Comunicao
MAPA RIZOMTICO
Copyright: Instituto Arte na Escola Concepo: Mirian Celeste Martins Gisa Picosque Concepo grfica: Bia Fioretti
DVD
ILUSES FOTOGRFICAS DE VIK MUNIZ
Ficha tcnica
Gnero: Documentrio. Palavras-chave: Arte contempornea; arte pblica; cdigos de representao; fotografia; educao do olhar; potica pessoal; procedimentos tcnicos inventivos. Foco: Saberes Estticos e Culturais. Tema: O trabalho de Vik Muniz. Artistas abordados: Vik Muniz, Srgio Camargo. Indicao: 7a e 8a sries do Ensino Fundamental e Ensino Mdio. Direo: Cac Vilcalvi. Realizao/Produo: Rede SescSenac de Televiso, So Paulo. Ano de produo: 2002. Durao: 23. Coleo/Srie: O mundo da arte.
Sinopse
O artista contemporneo Vik Muniz, neste documentrio, fala de sua carreira e de seu processo de trabalho. Brasileiro, nascido na cidade de So Paulo, no bairro de Pirituba, seu trabalho adquire visibilidade aps passar a residir e expor nos Estados Unidos. Ele se utiliza de diferentes linguagens artsticas em seu trabalho. A fotografia tem um papel fundamental, pois por meio dela registra as imagens de aparncia realista que cria desenhando/pintando com materiais inusitados como chocolate, acar, macarro, fios de arame, p, etc. Destacamos registros da produo do artista e as etapas da criao de um grande painel em mosaico para o Centro Empresarial Ita/SP, a partir da fotografia de uma de suas obras.
Trama inventiva
H saberes em arte que so como estrelas para aclarar o caminho de um territrio que se quer conhecer. Na cartografia, para pensar-sentir sobre uma obra ou artista, as ferramentas so como lentes: lente microscpica, para chegar pertinho da visualidade, dos signos e cdigos da linguagem da arte, ou lente telescpica para o olhar ampliado sobre as prticas culturais, ou, ainda, lente com zoom que vai se abrindo na histria da arte, passando pela esttica e filosofia em associaes com outros campos de saberes. Por assim dizer, neste documentrio, tudo parece se deixar ver pela luz intermitente de um vaga-lume a brilhar no territrio dos Saberes Estticos e Culturais.
O passeio da cmera
Um prato de macarro. Uma figura nasce pelo gesto criador de Vik Muniz. Assim, vamos nos aproximando deste artista e de suas obras, tendo como cenrio a Barra da Tijuca/RJ, em 2002. O documentrio dividido em trs partes, com a durao seqencial aproximada de 7, 8 e 8. Nele encontramos intercalados: depoimentos do prprio artista, imagens de suas obras como as nuvens que criou nos cus de Nova York, registros de Vik Muniz trabalhando, alm dos depoimentos do arquiteto Javier Judas y Manubens, que encomendou ao artista um painel em mosaico e do arquiteto Rogrio Cordeiro, que coordenou a transposio da imagem criada pelo artista para um mosaico em pastilhas. Os registros da montagem do painel na fbrica de vidrotil e as imagens das pessoas passando pelo painel aps sua instalao permitem perceber os passos de produo dessa grande obra. No primeiro bloco do documentrio, o artista nos conta do incio de sua carreira, de seu interesse pela percepo. Conhecemos suas nuvens e as obras que escavou na terra. No segundo, vemos rapidamente imagens de obras feitas em chocolate, acar, etc. O destaque o painel em mosaico para o Centro
... este artista plstico, desenhista, pintor que se utiliza da linha, ou de tcnicas mistas, mas que opta pela fotografia, com tiragem limitada para cada trabalho. Est, assim, dentro de seu tempo e, simultnea e contraditoriamente, fora dele, ao fazer do estritamente artesanal, manual, seu processo de trabalho. Que por esta mesma razo, surpreende-nos e intriga-nos pelo latente paradoxo entre o processo e o instigante resultado final. Aracy Amaral1
Surpresa. Talvez este seja o modo como Vik Muniz convoca nosso olhar nas iluses que cria. Nem sempre estamos atentos para ver como desenha um Rembrandt com pregos, ou florestas com linhas. Integra, em suas obras, linguagens artsticas diversas como o desenho, a pintura, a escultura e a gravura, mas a fotografia que marca seu trabalho.
So as fotografias, geralmente apresentadas ao pblico como sries, que registram as imagens de aparncia realista produzidas com materiais inusitados como macarro, fios de arame, p, chocolate, acar, etc. Costuma dar s sries um nome com referncia ao material utilizado: Imagens de Arame, de Terra, de Chocolate, Crianas de Acar, etc. Suas imagens so pacientemente compostas pelo desenho, pintura ou escultura com esses materiais perecveis sobre uma superfcie. Aps serem fotografadas, so destrudas. As edies limitadas dessas fotografias so expostas como produto final. Nascido na cidade de So Paulo, cursa Publicidade, mas seu interesse inicial na rea das artes o dirige para o teatro. Em 1983, muda-se para Nova York. Em entrevista a Charles Stainbak2 , o artista comenta o momento em que percebeu o potencial que a imagem fotogrfica poderia ter em seu trabalho:
Aps desistir da carreira em publicidade decidi parar de produzir imagens e me concentrar em fazer coisas reais. Tornei-me um escultor para trabalhar com o aspecto mais material das coisas. Estes objetos conseguiram algum sucesso e uma galeria os exps em Nova York. A galeria tambm documentou o trabalho com slides e reprodues preto e branco. Logo que as vi, gostei tanto destas fotos que no me importaria se os prprios objetos fossem atirados no fogo. A fotografia carregava o cdigo da tridimensionalidade dos objetos sem a bagagem do peso e do volume. A foto tambm comunica informao sobre o material (uma foto de uma lixa, por exemplo, parece spera), mas est de algum modo mais firmemente vinculada com a forma do objeto retratado. Por fim, as fotografias capturaram mais de como os objetos eram quando apareceram pela primeira vez em minha cabea, como uma idia. Eu queria estar envolvido com o fazer at o ponto em que ele se tornasse invisvel. Desta forma o processo criativo completa o seu crculo: voc comea com uma idia e termina com algo que se assemelha a uma.
Encantado e encantando pela fotografia, seu trabalho conquista respeito, sendo exposto em diversos museus, galerias e mostras internacionais. Neles, inserido na esttica contempornea, recria imagens do mundo das artes, dos meios de comunicao e do cotidiano, investigando temas relativos memria, percepo e representao de imagens. Ele declara no incio do documentrio, as imagens esto dentro de imagens que esto dentro de memrias. E explica:
Iluses fotogrficas, como as Earth work, nas quais no se pode descobrir se a foto foi tirada de um helicptero ou a imagem de uma miniatura. Iluses que capturam o nosso olhar e, no desejo confesso do artista, podem trazer mais pessoas para dentro do museu.
Os olhos da arte
Quando uma imagem tem a capacidade de no apenas te fornecer o contedo dela prpria, mas tambm de te fazer indagar sobre a origem, sobre a essncia do que ela est fazendo contigo, ento voc tem um objeto que funciona como arte. Quando das minhas imagens, eu procuro engrossar as imagens, fazer delas o mais complicado possvel para que as pessoas que esto olhando se perderem na trama de possveis representaes, no significados daquela imagem. Vik Muniz
No incio da primeira parte do documentrio, ao assistir Vik Muniz desenhando um rosto num prato, com macarro e molho, talvez voc tenha tido a impresso de j ter visto este rosto em algum lugar. Essa impresso justificada. Para essa obra, o artista apropriou-se de uma conhecida representao da cabea da medusa: a imagem original, intitulada Medusa, foi criada pelo pintor Caravaggio4 em 1598. A Medusa uma personagem da mitologia grega dotada de cabelos de cobra capazes de transformar em pedra quem a fitasse. Na obra de Caravaggio vemos o rosto dela em seus ltimos momentos: sua face refletida no escudo de Perseu, heri grego que a decapitou sem olhar para ela, olhando apenas para sua imagem refletida no escudo. Com essas referncias, fica mais fcil entender o que o artista quer dizer quando fala em seus depoimentos no documentrio de engrossar a imagem, de criar condies para que o espectador possa se perder na trama de possveis significados e
interpretaes daquela imagem. Como obra aberta, a linguagem da arte permite mltiplas interpretaes, pois, como nos diz Manguel5 :
A imagem de uma obra de arte existe em algum local entre percepes: entre aquela que o pintor imaginou e aquela que o pintor ps na tela; entre aquela que podemos nomear e aquela que os contemporneos do pintor podiam nomear; entre aquilo que lembramos e aquilo que aprendemos; entre o vocabulrio comum, adquirido, de um mundo social, e um vocabulrio mais profundo, de smbolos ancestrais e secretos.
Consciente das percepes diversas dos leitores de sua obra, Vik Muniz considera que a sobreposio de camadas de representao provoca uma observao mais lenta. Quando ele/ela (o observador) gasta seu tempo para examinar uma pea, ocorre uma permanncia maior do trabalho na mente e nas emoes do indivduo.6 isto que ele deseja, querendo ir de encontro ao pblico, surpreendendo no meio da vida cotidiana, como no projeto das nuvens, ou trazendo o pblico para dentro do museu. Se as imagens esto cheias de memria, as imagens de Vik Muniz nos colocam em confronto com elas, j que se apropria das obras-cone da histria da arte e de objetos simples da esttica do cotidiano. Mas, como diz no documentrio:
Nada acidental. No existe nenhuma diferena entre o representacional e o abstrato. Voc est cansado de ver representaes em formas abstratas e abstraes em coisas que so extremamente representacionais. s uma questo de voc controlar a maneira como est olhando aquilo. Desta maneira, o espectador tem poder sobre estas coisas.
O artista Wassily Kandinsky7 , considerado o primeiro a criar uma obra de arte abstrata, fala da possibilidade de convivncia entre estas polaridades no trabalho de um artista: ... h lugar, num qua-
representao teatral
formao de pblico
educao do olhar, relao pblico e obra, relao transeunte/obra
teatro
artes visuais
agentes
artista, crtico de arte, arquiteto
temticas
contempornea
Mediao Cultural
Linguagens Artsticas
elementos da visualidade
Patrimnio Cultural
Forma - Contedo
bens simblicos
preservao e memria
memria coletiva
arte contempornea, arte pblica, arte cintica esttica do cotidiano artista e sociedade, globalizao
Processo de Criao
sociologia da arte
procedimentos tcnicos
Zarpan ndo
poticas da materialidade
potencialidade, qualidade e singularidade da matria, o bi e o tridimensional, potica da transformao
ao criadora
potncias criadoras
percepo, observao sensvel, pensamento visual, repertrio pessoal e cultural, imaginao criadora, leitura de mundo
ambincia do trabalho
estdio, laboratrio
gota de sangue, um pedao de cortia, etc. Pode-se observar tambm uma imagem na tela da tv ou uma imagem impressa, usando uma lupa. Os alunos podem fazer desenhos rpidos anotando o que observaram. A ampliao gera novos padres formais, distintos dos que nos acostumamos a associar com o que observamos antes desta experincia. Essas questes podem ser revistas depois da exibio do primeiro bloco do documentrio, quando Vik Muniz comenta sobre os limites entre abstrao e representao, sobre como a nossa percepo das coisas muda ao nos aproximarmos ou distanciarmos delas. O contato com suas idias provocar curiosidade para ver o restante do documentrio e conhecer mais o trabalho desse artista? Seus alunos sabem o que escala? Como possvel ampliar desenhos? A partir dessas questes, pea para que ampliem um desenho qualquer, de preferncia que tenham feito anteriormente, numa dimenso trs vezes maior. Depois, exiba os momentos do documentrio que tratam da ampliao da imagem de Vik Muniz para compor o painel em mosaico no Centro Empresarial Ita/SP, no segundo e terceiro blocos do documentrio. Volte depois s ampliaes para que os alunos percebam quais os desafios enfrentados pelos executores do imenso painel. A fotografia uma linguagem, mas muitos a vem apenas como o retrato da realidade, como se ela no fosse uma criao, como se ela no revelasse um olhar singular, histrico e cultural do sujeito atrs da mquina. Problematiz-la, pedindo para que os alunos tragam fotos feitas por eles, pode revelar as composies comuns entre os jovens, que podem ser lidas dentro de uma perspectiva cultural. Um fragmento do documentrio, selecionado para evidenciar o modo como Vik Muniz utiliza a linguagem da fotografia, pode se tornar o estopim para um projeto maior para aprender arte e seus sistemas de representao.
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Ampliando o olhar
Uma pesquisa sobre a histria do mosaico e os diferentes procedimentos pode levar os alunos a perceberem que os mosaicos podem ser realizados com pedras, pastilhas ou pequenas peas de cermica. H mosaicos feitos com outros materiais como sucata, por exemplo. De um modo menos convencional, podemos considerar o mosaico como uma composio feita com elementos menores, como flores ou serragem, como as utilizadas nas ruas de diversas cidades brasileiras para decorar o caminho das procisses religiosas. Se houver suporte para isso, os alunos podem experimentar tambm imagens feitas com diferentes tamanhos de pixels em programas de computador. A criao de mosaicos, em um muro da escola ou de um local disponibilizado pela comunidade, pode ser iniciada a partir das pesquisas e produes dos alunos. A visita a arteses que fazem mosaicos pode ajudar na compreenso de todo o processo. Materiais de baixo custo, como cacos de azulejo ou cermica, podem ser utilizados com bons resultados, mas para isso, a informao sobre os procedimentos adequados para fixar o material fundamental. Por exemplo, importante saber que fazer furos e ranhuras no muro com um formo facilitar a fixao dos pedaos de cermica ou azulejo no muro. O patrocnio de empresas de sua cidade, interessadas em ver muros com algo alm de pichaes, pode ser uma forma de conseguir o material necessrio. No bairro da Vila Madalena, em So Paulo, uma ONG8 tem realizado um trabalho interessante nesse sentido. Vik Muniz comenta, no documentrio, situaes nas quais algumas obras de arte figurativas que vemos em museus adquirem um carter abstrato ao se aproximar ou se afastar demais. Quando muito perto, nos perdemos nos detalhes dos elementos visuais selecionados pelos artistas, e, de longe, por vezes no chegamos a reconhecer as figuras. Se possvel, pode-se planejar uma visita a uma exposio
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Aracy Amaral10 relaciona os procedimentos de apropriao de imagens adotados por Vik Muniz ao movimento da pop art, nos anos 60 do sculo 20, comentando que estes artistas:
copiaram ad infinitum pginas de jornais, fotografias de pessoas clebres, repintaram latas de cerveja ou representaram latas de sopa, reconstituram anncios e ambientes tpicos da cultura visual norteamericana do tempo, com leveza e senso de humor que tambm se aproxima daquele implcito no fazer artstico de Vik Muniz.
A pesquisa sobre a pop art, tendo como foco a busca de atitudes e procedimentos semelhantes em algum aspecto aos adotados por Vik Muniz, pode abordar artistas como: Jasper Johns, Andy Warhol e Robert Rauschenberg; e os brasileiros Claudio Tozzi, Wesley Duke Lee11 e Rubens Gerchman. Vik Muniz criou obras que interagem com o espao pblico de modo efmero ou permanente, como suas nuvens sobre os cus de Nova York, que o artista pretende que atinjam de surpresa um pblico desavisado, e o painel em mosaico para o Centro Empresarial Ita, instalado num local por onde passam cerca de mil pessoas diariamente. Existem obras no espao pblico de sua cidade? Como interagem com as pessoas? Como as pessoas interagem com elas? Interessado em imagens em movimento, Vik Muniz conta no documentrio sobre seu interesse pela arte cintica. O que os alunos podem descobrir sobre isso? Na cartografia da DVDteca, voc encontrar mais dados para apoiar a pesquisa de seus alunos.
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Valorizando a processualidade
Na apresentao e discusso do portflio, destacamos as questes: Onde houve transformaes? O que os alunos percebem que aprenderam? Como estes indcios podem no ser aparentes, cabe a voc retomar nos portflios o percurso de cada aluno e da classe. Concluindo essa etapa de sua viagem e iniciando o planejamento de novas exploraes com seus alunos, voc poder voltar ao seu dirio de bordo e refletir sobre algumas questes, alm de outras possveis: Como professor-propositor, o que voc percebe que aprendeu com esse projeto? Descobriu novos caminhos para sua ao pedaggica nessa experincia? Seu dirio de bordo aponta para rumos inexplorados? O projeto germinou novas idias em voc? A DVDteca Arte na Escola oferece mais materiais para voc continuar cruzando novos territrios ou aprofundando aspectos levantados no territrio de Saberes Estticos e Culturais.
Glossrio
Arte pblica termo que se refere s obras expostas em espaos pblicos abertos ou fechados, que buscam integrar o pblico obra de arte. A idia geral de que se trata de arte fisicamente acessvel, que modifica a paisagem circundante, de modo permanente ou temporrio. O termo entra para o vocabulrio da crtica de arte nos anos 70, acompanhando de perto as polticas de financiamento criadas para a arte em espaos pblicos. Fonte: Enciclopdia Ita Cultural de Artes Visuais <www.itaucultural.org.br>. (...) no aquela exclusivamente decorativa mas a que se mostra como um enigma, uma provocao ou, ela mesma, uma reflexo sobre a vida em geral ou sobre a vida na cidade em particular. Fonte: COELHO, Teixeira. Dicionrio crtico de poltica cultural. So Paulo: Iluminuras: Fapesp, 1999, p.49.
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Esttica contempornea A esttica contempornea operante, possui um faro especulativo, buscando descries estruturais da obra. A arte contempornea cada vez mais a reflexo de seu prprio fazer, exprimindo, de maneira mais evidente, o seu projeto formativo e potico. O que distingue completamente a esttica contempornea das tradicionais justamente a nossa conscincia da histria: imagem do tempo finito e irreversvel que o tempo da histria teima em demonstrar. Fonte: DERDYK, Edith. O desenho da figura humana. So Paulo: Scipione, 1989, p.62. Representao Um conceito importante para o pensamento e a arte. O conceito de representao, utilizado pela filosofia nos ramos da teoria do conhecimento e da esttica, provm da escolstica. Inicialmente, deriva de uma relao que seria estreita entre a semelhana de um objeto e o conhecimento que dele se tenha. Tal a definio dada por So Toms de Aquino no sculo XIII. Guilherme de Ockham, por sua vez, distinguiu trs sentidos para a representao: um meio ou veculo pelo qual apreendemos algo, sendo, portanto, o conhecimento ou a idia uma representao; pode ser a imagem de algo j conhecido e, da, uma forma de memria; por fim, a representao aparece tambm como estmulo ou causa de um conhecimento. Para o que aqui nos interessa mais de perto, todo processo, obra ou ao artstica requer uma representao, seja por necessidade de se exteriorizar, de se fazer ver seja pela de ser percebido. (...) Inicialmente, o ato de representar (ou re-apresentar) consiste na substituio de um fenmeno primrio (fsico ou mental), tido como verdadeiro ou existente na realidade, por um outro, criado e constitudo por meio de signos (palavras, imagens, gestos, traos, cores, efeitos pticos) e portadores de um significado ao mesmo tempo subjetivo e histrico. Ou seja, entre o ser, a realidade (ou aquilo que se representa) e o representado (obra, objeto criado, imagem) permeia uma certa experincia, um determinado conhecimento, uma intuio, uma tcnica mais ou menos elaborada. Fonte: <www.videotexto.info/representacao_imagem_simulacro_1.html>. Fotografia O advento da fotografia na primeira metade do sculo XIX revolucionou no apenas a possibilidade tcnica de registrar ou de documentar visual e objetivamente a realidade, afirmando-se como testemunho histrico, social, poltico e dos fatos prosaicos e cotidianos. Incentivou tambm o memorialismo privado ou familiar (a voga dos retratos e das recordaes, que se tornou um rito social) e ainda influenciou, poderosa e definitivamente, o desenvolvimento do jornalismo, da publicidade, das cincias aplicadas (do infinitamente pequeno ao infinitamente grande) e das artes plsticas tradicionais. Sob esse ltimo aspecto, a fotografia causou uma verdadeira crise de representao no mbito da pintura, pois muitos artistas plsticos sentiramse incapazes de concorrer com a exatido ou a verossimilhana fotogrfica, encaminhando-se ento para pesquisas ou experimentos formalistas que viriam desembocar nas correntes modernistas da pintura e da escultura. (...) ao
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Bibliografia
AMARAL, Aracy. Vik Muniz: o ilusionismo alm da aparncia especular. In: MUNIZ, Vik. Ver para crer. So Paulo: MAM, 2001. p. 20-24. DUBOIS, Philippe. O ato fotogrfico. Campinas: Papirus, 1994. FLUSSER, Vilm. Filosofia da caixa preta: ensaios para uma futura filosofia da fotografia. Rio de Janeiro: Relume Dumar, 2002. KELLNER, Douglas. Lendo imagens criticamente: em direo a uma pedagogia ps-moderna. In: SILVA, Tomaz Tadeu da (org.) Aliengenas na sala de aula: uma introduo aos estudos culturais em educao. Petrpolis: Vozes, 1995, p.106-129. KOSSOY, Boris. Realidades e fices na trama fotogrfica. Cotia: Ateli Editorial, 2000. MACHADO, Arlindo. A iluso especular: introduo fotografia. So Paulo: Brasiliense, 1984. MANGUEL, Alberto. Lendo imagens. So Paulo: Companhia das Letras, 2001. MONFORTE, Luiz Guimares. Fotografia pensante. So Paulo: Senac, 1997. SAMAIN, Etienne (org.). O fotogrfico. So Paulo: Hucitec, 1998. Seleo de endereos de artistas e sobre arte na rede Internet Os sites abaixo foram acessados em 12 ago. 2005. ARTE CONTEMPORNEA. Disponvel em: <www.canalcontemporaneo.art.br/>. ARTE PBLICA. Disponvel em: <http://p.php.uol.com.br/tropico/html/ textos/956,1.shl>.
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CARAVAGGIO. Disponvel em: <www.ibiblio.org/wm/paint/auth/caravaggio/>. FOTOGRAFIA. Disponvel em: <www.cotianet.com.br/photo/>. ___. Disponvel em: <www.clicio.com.br/>. MUNIZ, Vik. Disponvel em: <www.vikmuniz.net>. ___<www1.uol.com.br/bienal/24bienal/bra/ebraentmuni01.htm > ___<www.arcoweb.com.br/empresas/vidrotil/boletim6.asp> MOSAICOS. Disponvel em: <www.mosaicosdobrasil.tripod.com/ index.html> ___<www.casaecia.arq.br/MOSAICOS.HTM> RENN, Rosngela. Disponvel em: <www.comartevirtual.com.br/ jl_sinopse_02.htm>. SILVEIRA, Regina. Disponvel em: <www2.uol.com.br/reginasilveira>.
Notas
1
Aracy AMARAL, Vik Muniz: o ilusionismo alm da aparncia especular. In: MUNIZ, Vik. Ver para crer, p. 20-24. Entrevista do artista disponvel em: < www.vikmuniz.net>. Idem.
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Michelangelo Merisi da Caravaggin (1573-1610) pintou Medusa em 1598. Esse leo sobre tela tem o dimetro de 55 cm e atualmente pertence coleo da Galleria degli Uffizi (Florena, Itlia). Veja a imagem no site que consta da seleo recomendada.
5 6
Aracy AMARAL, Vik Muniz: o ilusionismo alm da aparncia especular. In: MUNIZ, Vik. Ver para crer, p. 20-24. KANDINSKY Wassily. Sobre a questo da forma (1913). In: ___.Do espiri, tual na arte e na pintura em particular. So Paulo: Martins Fontes, 1996, p. 159.
Aracy AMARAL, Vik Muniz: o ilusionismo alm da aparncia especular. In: MUNIZ, Vik. Ver para crer, p. 20-24.
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Voc pode encontrar um documentrio sobre esse artista na DVDteca Arte na Escola. Veja tambm na cartografia outras conexes possveis.
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