Candomblé
Candomblé
Candomblé
UNIDADE BETIM
CURSO DE SISTEMAS DE INFORMAÇÃO
CULTURA RELIGIOSA I
FERNANDO DE PAULA
GABRIELLA FONSECA RIBEIRO
ÍTALO DIEGO TEOTÔNIO
BETIM
MAIO/2011
FERNANDO DE PAULA
GABRIELLA FONSECA RIBEIRO
ÍTALO DIEGO TEOTÔNIO
CANDOMBLÉ
Orientador Específico :
Prof. Aurino
BETIM
MAIO/2011
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SUMARIO
1 INTRODUÇÃO.........................................................................................................................6
1.1 VISITAS AO TERREIRO..................................................................................................6
1.2 OBJETIVOS.......................................................................................................................6
2 O CANDOMBLÉ......................................................................................................................8
2.1 A ORIGEM DO MUNDO SEGUNDO O CANDOMBLÉ................................................8
2.2 A ORGANIZAÇÃO DO TERREIRO..............................................................................10
2.3 HIERARQUIA EM UMA CASA DE SANTO.................................................................11
3 OS ORIXÁS............................................................................................................................14
4 AS CERIMÔNIAS – OS TOQUES.........................................................................................20
4.1 PREPARAÇÕES PARA O TOQUE.................................................................................21
4.2 DATAS COMEMORATIVAS..........................................................................................22
4.3 O TOQUE – COMO É CELEBRADO.............................................................................23
4.4 A MÚSICA.......................................................................................................................24
4.5 O SACRIFÍCIO................................................................................................................25
4.6 A OFERENDA..................................................................................................................25
4.7 O PADÊ DE EXU.............................................................................................................25
4.8 OS RITOS DE PASSAGEM.............................................................................................26
5 AS NAÇÕES............................................................................................................................28
5.1 CANDOMBLÉ KETU.....................................................................................................28
5.2 CANDOMBLÉ DE ANGOLA.........................................................................................28
5.3 CANDOMBLÉ JEJE.......................................................................................................29
5.4 CANDOMBLÉ BANTU.................................................................................................29
6 CANDOMLÉ BANTU............................................................................................................30
6.1 O POVO BANTU.............................................................................................................30
6.2 A HISTÓRIA DO POVO BANTU...................................................................................31
6.3 ACONTECIMENTOS COMUNS AO POVO BANTU..................................................32
6.4 CARGOS E FUNÇÕES EM UM TERREIRO DE CANDOMBLÉ BANTU.................32
6.5 OS NKISES E NKISIS.....................................................................................................33
6.6 MAKURIA – COMIDAS TÍPICAS.................................................................................37
7 VISITANDO OTERREIRO.....................................................................................................40
7.1 ENTREVISTA COM O PAI ARABOMI..........................................................................40
7.2 VIVÊNDO UMA NOVA EXPERIÊNCIA – O RELATO INDIVIDUAL.......................43
CONCLUSÃO............................................................................................................................49
REFERÊNCIAS..........................................................................................................................50
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1 INTRODUÇÃO
1.2 OBJETIVOS
Por ser uma religião familiar, a maioria das informações e a cultura do povo em
si é transmitida oralmente e através dos ritos. Encontrar documentos que relatem
todos os ritos, comemorações e festas do Candomblé é uma tarefa difícil, pois é uma
religião que se aprende com a vivência.
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2 O CANDOMBLÉ
2.1
A
Conta-se que no início não havia separação entre o Orum, o Céu dos orixás, e
o Aiê, a Terra dos humanos. Homens e divindades iam e vinham, coabitando e
dividindo vidas e aventuras. Quando o Orum fazia limite com o Aiê, um ser humano
tocou o Orum com as mãos sujas.
O céu imaculado do Orixá fora conspurcado. O branco imaculado de Obatalá
se perdera. Oxalá foi reclamar a Olorum.
Olorum, Senhor do Céu, Deus Supremo, irado com a sujeira, o desperdício e a
displicência dos mortais, soprou enfurecido seu sopro divino e separou para sempre o
Céu da Terra.
Assim, o Orum separou-se do mundo dos homens e nenhum homem poderia ir
ao Orum e retornar de lá com vida. E os orixás também não podiam vir à Terra com
seus corpos.
O mundo dos homens e o dos orixás haviam sido então separados.
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Abiã
Noviço, primeiro degrau da hierarquia. Após iniciado, será filho-de-santo.
Iaô
Filho-de-santo, segundo degrau na hierarquia. Podem ou não receber santo.
Ebômi
Terceiro degrau. Iaô que cumpriu as obrigações de sete anos. Recebe santo.
Iabassê
Quarto degrau. Não recebe. É a responsável pela cozinha do terreiro.
Agibonã
Mãe criadeira. Também quarto degrau. Cuida dos iaôs durante o ritual de
iniciação. Não recebe santo.
Ialaxé
Quinto degrau. Zela pelas oferendas e objetos de culto aos orixás. Não recebe
santo.
Baba-quequerê e Iaquequerê
Sexto degrau. Pai ou mãe-pequena. Recebe. Ajuda o pai ou mãe-de-santo no
comando do terreiro.
Baba-lorixá e Ialorixá
Pai ou mãe-de-santo, chefe do terreiro, último degrau da hierarquia. Recebe
santo e joga búzios.
Ajudantes sagrados
Pais e mães terrenos dos orixás ficam fora da hierarquia.
Ogã
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Filho-de-santo que não recebe. O Ogã pode ser Axogum ou Alabê, conforme
sua tarefa.
Axogum
Ogã responsável pelo sacrifício de animais a serem ofertados aos orixás. Não
recebe santo.
Alabê
Ogã tocador dos atabaques e instrumentos rituais. Não recebe santo.
Equede
Paralela ao Ogã. Não recebe santo. Cuida dos orixás incorporados e de seus
objetos.
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3 OS ORIXÁS
Exu
Orixá mensageiro entre os homens e os deuses, guardião da porta da rua e
das encruzilhadas. Só através dele é possível invocar os orixás. Elemento: fogo
Personalidade: atrevido e agressivo
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Ogum
Deus da guerra, do fogo e da tecnologia. No Brasil é
conhecido como deus guerreiro. Sabe trabalhar com metal e, sem
sua proteção, o trabalho não pode ser proveitoso.
Elemento: ferro
Símbolo: espada
Personalidade: impaciente e obstinado
Dia da semana: terça-feira
Colar: azul-marinho
Roupa: azul, verde escuro, vermelho ou amarelo
Sacrifício: galo e bode avermelhados
Oferendas: feijoada, xinxim, inhame
Oxóssi
Deus da caça. É o grande patrono do candomblé
brasileiro.
Elemento: florestas Personalidade: intuitivo e emotivo
Símbolo: rabo de cavalo e chifre de boi
Dia da semana: quinta-feira
Colar: azul claro
Roupa: azul ou verde claro
Sacrifício: galo e bode avermelhados e porco
Oferendas: milho branco e amarelo, peixe de
escamas, arroz, feijão e abóbora
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Obaluaiê
Deus da peste, das doenças da pele e,
atualmente, da AIDS. É o médico dos pobres.
Elemento: terra
Personalidade: tímido e vingativo
Símbolo: xaxará (feixe de palha e búzios)
Dia da semana: segunda-feira
Colar: preto e vermelho, ou vermelho, branco e
preto
Roupa: vermelha e preta, coberta por palha
Sacrifício: galo, pato,bode e porco
Oferendas: pipoca, feijão preto, farofa e milho, com muito dendê
Oxum
Deusa das águas doces (rios, fontes e lagos). É também
deusa do ouro, da fecundidade, do jogo de búzios e do amor.
Elemento: água
Personalidade: maternal e tranqüila
Símbolo: abebê (leque espelhado)
Dia da semana: sábado
Colar: amarelo ouro
Roupa: amarelo ouro
Sacrifício: cabra, galinha, pomba
Oferendas: milho branco, xinxim de galinha, ovos, peixes de água doce
Iansã
Deusa dos ventos e das tempestades.
É a senhora dos raios e dona da alma dos mortos.
Elemento: fogo
Personalidade: Impulsiva e imprevisível
Símbolo: espada e rabo de cavalo (representando a realeza)
Dia da semana: quarta-feira
Colar: vermelho ou marrom escuro
Roupa: vermelha
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Ossaim
Deus das folhas e ervas medicinais. Conhece seus
usos e as palavras mágicas (ofós) que despertam seus
poderes.
Elemento: matas
Personalidade: instável e emotivo
Símbolo: lança com pássaros na forma de leque e
feixe de folhas
Dia da semana: quinta-feira
Colar: branco rajado de verde
Roupa: branco e verde claro
Sacrifício: galo e carneiro
Oferendas: feijão, arroz, milho vermelho e farofa de dendê
Nanã
Deusa da lama e do fundo dos rios, associada à fertilidade, à doença e à
morte. É a orixá mais velha de todos e, por isso, muito respeitada.
Elemento: terra
Personalidade: vingativa e mascarada
Símbolo: ibiri (cetro de palha e búzios)
Dia da semana: sábado
Colar: branco, azul e vermelho
Roupa: branca e azul
Sacrifício: cabra e galinha
Oferendas: milho branco, arroz, feijão, mel e dendê
Oxumaré
Deus da chuva e do arco-íris. É, ao mesmo tempo, de natureza masculina e
feminina. Transporta a água entre o céu e a terra.
Elemento: água
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Iemanjá
Considerada deusa dos mares e oceanos. É a mãe de todos os orixás e
representada com seios volumosos, simbolizando a maternidade e a fecundidade.
Elemento: água
Personalidade: maternal e tranqüila
Símbolo: leque e espada
Dia da semana: sábado
Colar: transparente, verde ou azul claro
Roupa: branco e azul
Sacrifício: porco, cabra e galinha
Oferendas: peixes do mar, arroz, milho, camarão com
coco
Xangô
Deus do fogo e do trovão. Diz a tradição que foi rei de
Oyó, cidade da Nigéria. É viril, violento e justiceiro. Castiga os
mentirosos e protege advogados e juízes.
Elemento: fogo
Personalidade: atrevido e prepotente
Símbolo: machado duplo (oxé)
Dia da semana: quarta-feira
Colar: branco e vermelho
Roupa: branca e vermelha, com coroa de latão
Sacrifício: galo, pato, carneiro e cágado
Oferendas: amalá (quiabo com camarão seco e dendê)
Oxalá
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4 AS CERIMÔNIAS – OS TOQUES
Geralmente as festas não têm dia certo para acontecer. Normalmente estão
associadas aos dias santos do catolicismo. Isso se deu como resultado do
sincretismo que aconteceu durante o período da escravatura, aonde cada orixá foi
também associado a um santo católico devido à imposição do catolicismo aos negros.
Para manterem os seus deuses vivos, viram-se obrigados a disfarçá-los na roupagem
dos santos católicos, aos quais cultuavam apenas aparentemente.
As datas podem variar de terreiro para terreiro, de acordo com a
disponibilidade e as possibilidades da comunidade, mas de maneira geral, o que
importa é comemorar o orixá na sua época.
As principais festas, ao longo do ano, são as seguintes:
autorize, com um aceno, sua saída, para serem arrumados pelas camareiras,
chamadas de equedes. Logo depois, eles voltam ao barracão, vestindo roupas,
colares e enfeites típicos de seu santo. Ao ouvir seu cântico, cada um começa a
dançar, sozinho, uma coreografia que conta a origem do orixá incorporado.
Filhos de santo incorporados, dançando com as roupas de seus orixás – 14/05/2011 – Sítio
Arabomi
4.4 A MÚSICA
Os três atabaques que fazem soar o toque durante o ritual também são
responsáveis pela convocação dos deuses. O rum funciona como solista, marcando
os passos da dança. Os outros dois, o rumpi e o lé, reforçam a marcação,
reproduzindo as modulações da língua africana iorubá uma língua cantada, como o
sotaque baiano. Além dos atabaques, usam-se também o agogô e o xequerê.
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São, ao todo, mais de quinze ritmos diferentes. Cada casa-de-santo tem até
500 cânticos. Segundo a fé dos praticantes, os versos e as frases rítmicas repetidas
incansavelmente, têm o poder de captar o mundo sobrenatural. Essa música sagrada
só sai dos terreiros na época do carnaval, levada por grupos e blocos de rua,
principalmente em Salvador, como Olodum ou Filhos de Gandhi.
4.5 O SACRIFÍCIO
4.6 A OFERENDA
mel). As oferendas são levadas para fora do barracão e a porta de entrada é batizada
com a bebida, já que Exu é o guardião da entrada e das encruzilhadas (por isso é
comum ver oferendas em esquinas nas ruas e em encruzilhadas nas estradas).
Bolar no santo
É o mesmo que cair no santo. Este é o sinal que indica a necessidade de
iniciação de uma pessoa no candomblé. Acontece sem previsão, normalmente numa
festa: durante a dança e os cânticos o orixá se manifesta no futuro filho-de-santo, que
é agitado por tremores e sobressaltos violentos. Quem já bolou conta que sentiu
arrepios, calor, fraqueza e sensação de desmaio. Quando acorda no roncó (o quarto
do terreiro reservado à pessoa que bolou), o abiã não consegue se lembrar de nada
do que aconteceu.
O bori
É a cerimônia que reforça a ligação entre o orixá e o iniciado. O abiã se senta
numa esteira, rodeado de alimentos secos, aves, velas e objetos de seu orixá.
Ajudado pelos filhos já feitos, o pai ou a mãe-de-santo sacrifica aves. O sangue é
usado para marcar o corpo do noviço e para banhar as oferendas ao orixá.
A cerimônia só termina quando as aves são servidas aos membros da família-
de-santo. Depois do bori, o futuro filho-de-santo passa a assistir às cerimônias e a
preparar o enxoval (a roupa e os adereços de seu orixá) para terminar a iniciação,
com as saídas de iaô.
Orô
Confinado ao quarto de recolhimento (roncó) por 21 dias, o noviço conhece a
hierarquia da casa, os preceitos, as orações, os cânticos, a dança de seu orixá, os
mitos e suas obrigações. Durante esse tempo ele toma infusões de ervas, que o
deixam num estado de entorpecimento e abrem espaço na sua mente para o orixá. A
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cabeça é raspada e o crânio marcado com navalha: é por esses cortes que o orixá vai
entrar, quando for incorporado. No final, o iniciado é batizado com sangue de um
animal quadrúpede, sacrificado.
Os iaôs são apresentados à comunidade, como num baile de debutante. Na
primeira saída, os iaôs vestem branco em homenagem a Oxalá, pai de todos.
Saúdam o pai-de-santo, os atabaques e os pontos principais do barracão e vão-se
embora. Na segunda saída, os iaôs voltam com roupas coloridas e a cabeça pintada,
segundo seus orixás. Dançam e deixam o barracão, em seguida.
Na terceira saída, os orixás anunciam oficialmente seus nomes. Os iaôs
entram em transe e se retiram para vestir as roupas do santo incorporado.
Tivemos a oportunidade de presenciar esse acontecimento, no dia 14 de Maio.
O iniciado se mostrou filho de Dandalunda.
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5 AS NAÇÕES
6 CANDOMLÉ BANTU
O terreiro visitado pelo grupo faz parte da nação Bantu. A fim de entender
melhor essa nação, destacaremos alguns aspectos particulares de sua cultura.
A palavra Bantu compreende Angola e Congo, e é uma das maiores nações do
Candomblé. Desenvolveu-se entre escravos que falavam Quimbundo e Quicongo.
Os mais velhos trouxeram cantigas, rezas, tudo em Kimbundo e Kikongo
(algumas também em Umbundo e outros dialetos). Muita coisa se perdeu até mesmo
por haver a associação com as tradições Jeje Nagô.
O povo bantu tinha um culto primitivo comum, que em virtude do tempo e
distância geográfica foi se modificando e incorporando novos elementos. Acima de
tudo está Nzambi Mpungu (um dos seus títulos), Deus criador de todas as coisas.
Alguns povos bantu chamam Deus de Sukula, outros de Kalunga, mas existem ainda
outras forma de nomeá-lo.
O culto a Nzambi não tem forma nem altar próprio. Só em situações extremas
eles rezam e invocam Nzambi, geralmente fora das aldeias, em beira de rios,
embaixo de árvores, ao redor de fogueiras. Não tem representação física, pois os
Bantus o concebem como o incriado, e representa-lo seria um sacrilégio, uma vez
que o mesmo não tem forma. No final de todo ritual Nzambi é louvado, pois Nzambi é,
para esse povo, o princípio e fim de tudo.
• Masana – leite
• Mateca – banha de carneiro
• Mukolo – alho
• Zalata – alface e chicória
• Kindumba – salsa
• Mumata – tomate
• Lúmbua – cebola
• Kupiri – pimenta da costa
• Ndungu – pimenta
• Xutu – carne
• Mbiji – peixe
• Kavula – couve
• Ritanga – abóbora
• Kikua – batata
• Dihonjo – banana
• Kimbambule – goiaba
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7 VISITANDO OTERREIRO
Como foi dito, a primeira visita ao terreiro aconteceu no dia 06 de Maio de 2011
e a segunda no dia 14 de Maio de 2011. Entrevistamos o Pai Arabomi, ou tata
Arabomi, cujo nome de registro é Marcos e foi iniciado há 36 anos, na época com 16
anos de idade.
Fotos de todos os pais de santo que já passaram pelo terreiro – Pai Arabomi é da
última foto, na época com 16 anos. – 06/05/2011- Sítio Arabomi
Grupo:
Seus pais
praticam o
candomblé?
Pai Arabomi: Não, meus pais eram
católicos, inclusive fui batizado e frequentei a igreja católica
durante anos. Acredito em Jesus e nos demais Santos da igreja
católica como grandes pessoas, que realmente fizeram o bem,
mas que não os vejo como santidades.
Grupo: Como foi que saiu da igreja católica e veio para o candomblé? Como foi essa
iniciação?
Pai Arabomi: Algumas pessoas próximas a mim percebiam que desde novo eu
conversava com santos. Tinha uma vizinha que frequentava o candomblé, que um
dia, sem minha mãe saber, me levou a um terreiro. Já na minha primeira visita ao
terreiro, uma entidade se manifestou em mim.
Então passei a ir escondido a algumas cerimônias nesse terreiro. Às vezes chegava
lá inconscientemente. Estava brincando na rua, quando começava a ouvir o batuque,
saia da brincadeira e chegava ao terreiro, muitas vezes sem saber como.
Depois de certo tempo minha mãe descobriu que estava frequentando o terreiro, pois
durante a noite eu recebia essas entidades e ela via. Eu não me recordava de nada.
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Pai Arabomi: A cerimônia começa dias antes, consulta-se os búzios (oráculo), sabe-
se os procedimentos, depois há a oferenda de acordo com o Orixá e então
normalmente a noite ocorre o toque.
Grupo: O candomblé não possui nenhum livro sagrado, como são passados os
ensinamentos?
Pai Arabomi: Tudo oralmente. O candomblé é uma religião que se aprende com a
vivência, o tempo é o grande senhor de tudo, assim como a convivência.
Grupo: As pessoas tem muito preconceito quanto aos sacrifícios que são feitos.
Conte-nos mais sobre.
Pai Arabomi: O sacrifício de animais é sagrado e cultural, uma forma de compartilhar
e homenagear uma divindade. Temos a filosofia que tudo deve ser compartilhado.
Esses animais que são sacrificados são partilhados na cerimônia e as partes que não
são comestíveis (cabeça) são “oferecidas”, preparadas para o santo.
Grupo: Qual a função dos homens e das mulheres no candomblé? Há algum objeto
especial?
Pai Arabomi: Cada um tem uma função, os homens podem ser, por exemplo: Tatas
(Ogans) que são os Pais de Santo, Sacrificadores, Tocadores, dentre outros.
Mulheres: Chamadas de Macotas (Sacerdotizas auxiliares, cozinheiras). O tambor é
o símbolo máximo de toda religião africana
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CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS