Plugin-Pentesileia Kleist
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Tradução e adaptação de
Jean Robert Weisshaupt e Roberto Machado
ATO I: PRÓLOGO
cena 1.
Antíloco. Salve, rei! Como está indo a guerra desde que nos
separamos nas muralhas de Tróia?
Antíloco. É evidente!
Antíloco. Inacreditável !
Ulisses. O que é?
Ulisses. E Aquiles?
Antíloco. Olhem para ela! Vejam com que fúria ela prende, entre
as coxas, seu cavalo ruço. Como se deita sobre ele, o rosto colado em
sua crina, bebendo avidamente o ar que retarda o seu galope. Ela voa
como uma flecha.
Diomedes. E outra...
Antíloco. Outra...
Diomedes. Outra...
Ulisses. Mas, agora, leão da Grécia, se você não tiver uma idéia
melhor, acharia bom voltarmos, todos juntos, para nosso
acampamento. Agamemnon nos chama. Fingindo uma retirada,
tentaremos atrair as amazonas para o vale do Escamandro, onde
Agamemnon está emboscado para a batalha final. Pode acreditar, é aí,
e apenas aí, que você poderá apaziguar o ardor que lhe consome.
Pois eu também execro e odeio mortalmente essa Fúria, errante no
campo de batalha, atravessada em nossos projetos. Confesso que
gostaria de ver a marca de seu pé naquelas fuças cor de rosa.
Antíloco. Insensato!
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Antíloco. Só à força...
cena 2.
Astéria. Senhora...
Protoé. Falsa! A rainha viu aos seus pés heróis que por sua
nobreza, coragem e beleza...
cena 3.
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Sacerdotisa. Infeliz.
Sacerdotisa. Esqueceu?
Pentesiléia. Quem?
Protoé. Ainda?
Pentesiléia. E daí?
Protoé. Quem?
cena 1.
Protoé. Atirem dez mil flechas, mas cuidado para não feri-lo
mortalmente.
Protoé. Deixe-me beijar seus pés, divino Aquiles. Veja, ela está
abrindo os olhos. Rápido! Afastem-se, e, você, filho de Tétis, esconda-
se atrás desta árvore! (Os guerreiros se afastam e Aquiles se esconde)
Pentesiléia, sua sonhadora, por onde anda sua alma inquieta, como se
o corpo onde ela reside não mais lhe interessasse? Enquanto isso, a
felicidade entrou no seu peito como um jovem príncipe que, surpreso
de encontrar a casa vazia, se afasta e volta para o céu! Insensata,
você não sabe segurar esse hóspede?
Protoé. Infeliz!
Pentesiléia. Afaste-se!
Pentesiléia. O quê?
Protoé. Filho de Tétis, ela não quer acreditar em mim. Fale você!
Pentesiléia. O hino.
Ares se afasta.
Aquiles. (à parte para Protoé) Quero saber onde isso vai dar.
Aquiles. Por Zeus, é claro que uma mulher como essa não
precisava de seios. Foi feita para governar um povo de homens e
minha alma se inclina diante dela... Mas termine sua história. Como
esse orgulhoso Estado das amazonas, nascido sem a ajuda dos
homens, pode se perpetuar?
Aquiles. E então...
cena 2.
cena 1.
cena 2.
Aquiles. Mas ela não me fará mal nenhum; ela voltaria a mão
contra seu próprio peito gritando “Vitória!”, antes de levantá-la contra
mim. Estou decidido a fazer todas as sua vontades, durante um mês
ou dois. Meu velho trono não vai desmoronar por isso. Depois, ela
mesmo o disse, voltarei a ser livre como cabrito no prado. Se ela me
seguir, minha maior alegria será fazê-la sentar no trono de meus pais.
(Entra Ulisses)
Ulisses. O quê?
Aquiles. Por favor Ulisses, não faça essa cara de desdém. Isso
me irrita.
Aquiles. Eu?
cena 3.
Astéria. (ainda fora do palco) Vitória! Vitória! Aquiles caiu, ele foi
derrotado. Vencedora, ela vai coroá-lo de rosas.
Astéria. Aquela que não tem mais nome para nós marchava ao
encontro do tão amado jovem guerreiro, brandindo o arco e tendo
seus cães em volta. Deixando para trás seus amigos, Aquiles, que,
como todo o exército assegura, a tinha desafiado apenas para render-
se voluntariamente a ela, pois também a amava, se aproxima com o
coração cheio de ternos presságios. Mas, quando ele - que, inocente,
só leva uma lança, e assim mesmo apenas para dar a impressão que
está armado -, quando ele vê que ela avança com esse sinistro
cortejo, vacila, vira a cabeça, escuta, foge apavorado, pára e foge
mais uma vez como um pequeno gamo que ouve ao longe o rugido do
leão. Com a força que lhe dá a loucura, a rainha retesa o arco, aponta,
atira e sua flecha traspassa o pescoço do filho de Tétis. Ele
desmorona, mas, ainda vivo, se levanta arquejante, cai, se levanta de
novo e tenta fugir. “Peguem!”, grita ela, “Cães, peguem-no!”
Precipitando-se sobre ele com toda a matilha, ela não passa de uma
cadela no meio de cães que aferram seu peito, seu pescoço...
Arrastando-se no sangue, ele ainda lhe acaricia o rosto, dizendo:
“Pentesiléia, minha noiva, era esta a Festa das Rosas que você me
prometia?” Mas ela arranca a couraça que ainda o cobre e crava seus
dentes em seu alvo peito, competindo em ferocidade com os cães.
Quando cheguei, o sangue pingava de sua boca e de suas mãos. (Um
silêncio de pavor).
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Pentesiléia. Não faz mal. Estou feliz. Ainda estou viva, isso me
basta para ser feliz. Deixe-me descansar! (Um silêncio; em êxtase)
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Estou tão feliz, ó Ártemis, que posso morrer. Se eu morresse
agora, teria a certeza de ter vencido Aquiles.
Protoé. Por que você não seguiu meu conselho, infeliz? Melhor
teria sido perder-se para sempre na noite da razão do que ter visto
essa luz cruel.
Pentesiléia. Quero saber quem foi minha ímpia rival. Não quero
saber quem matou esse corpo cheio de vida, mas quem, pela segunda
vez, matou o morto. Perdôo quem lhe roubou a centelha da vida. Mas
quem desfigurou esse jovem, semelhante aos deuses, a tal ponto que
a vida e a podridão nem mais o disputam, deste, eu me vingarei.
fim.