Declaração de Adelaide
Declaração de Adelaide
Declaração de Adelaide
O espírito de Alma-Ata
A Carta lançou um desafio dirigido a uma nova saúde pública, afirmando a justiça
social e a equidade, como pré-requisitos para a saúde, e a advocacia e a mediação, como
processos para a atingir.
As políticas públicas saudáveis são caracterizadas por uma preocupação explícita com a
saúde e a equidade, em todas as áreas, e por uma responsabilidade no que respeita ao
impacto na saúde. O seu principal objectivo é a criação de um ambiente favorável que
permita às pessoas viverem saudavelmente. Estas políticas possibilitam ou facilitam a
realização de escolhas saudáveis por parte dos cidadãos, ao mesmo tempo que tornam
os ambientes físicos e sociais mais favoráveis à saúde. Nesse sentido, os sectores
governamentais relacionados com a agricultura, o comércio, a educação, a indústria e as
comunicações precisam de encarar a Saúde como um factor essencial na formulação das
suas políticas. Estes sectores devem assumir a responsabilidade pelas decisões políticas
tomadas, tendo sempre como preocupação as consequências que daí advêm para a
saúde. Terão, assim, de dar tanta importância à saúde como aos aspectos económicos.
O Valor da Saúde
dos estudos de caso, apresentados nesta Conferência. Devem, assim, ser desenvolvidos
novos esforços para integrar na acção as políticas económicas, sociais e de saúde.
As desigua ldades em saúde têm as suas raízes nas injustiças sociais. Para reduzir as
desigualdades entre as pessoas de meios económicos e sociais desfavorecidos e as que
dispõem de mais recursos, é necessário aumentar o acesso a bens e serviços que
promovam a saúde e criem ambientes que a favoreçam.
Há assim que dar prioridade, nas políticas públicas, aos grupos vulneráveis e
desprotegidos.
Para além disso, uma política pública saudável deve reconhecer a cultura dos povos
indígenas, das minorias étnicas e dos imigrantes. Facultar o acesso, em geral, aos
serviços de saúde, particularmente a cuidados de saúde comunitários, é um aspecto vital
da equidade em saúde.
Até ao ano 2000 as diferenças reais do estado de saúde entre países e entre
grupos dentro dum mesmo país sejam reduzidas, pelo menos em 25%, através
da melhoria do nível de saúde das nações e dos grupos desfavorecidos.
Face aos enormes desníveis de saúde entre os países, bem demonstrados nesta
Conferência, impõe-se assegurar que as políticas dos países mais desenvolvidos tenham
um impacto positivo na saúde das nações em desenvolvimento.
As políticas públicas saudáveis respondem aos desafios colocados na área da saúde por
um mundo em processo dinâmico e constante de mudança tecnológica, com as suas
complexas interacções ecológicas e as crescentes interdependências internacionais.
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Muitas das consequências para a saúde, decorrentes destes desafios, não encontram
solução nos cuidados de saúde existentes, nem nos que venham a existir. Os contributos
da promoção da saúde são, pois, essenciais e requerem uma abordagem integrada dos
sectores económico e social, de modo a que possam restabelecer-se os vínculos entre a
saúde e o sector social, princípio básico defendido pela Organização Mundial da Saúde,
na última década.
O seu potencial para preservar e promover a saúde das populações deve ser encorajado.
Os sindicatos, os comerciantes e os empresários, as associações académicas e os líderes
religiosos têm ao seu alcance muitas formas de agir na defesa dos interesses da saúde de
toda a comunidade. Devem, assim, ser constituídas novas alianças que estimulem
acções que promovam a saúde.
Áreas de Acção
Alimentação e nutrição
Tabaco e álcool
O consumo de tabaco e o abuso de álcool são dois riscos "major" para a saúde, que
determinam a necessidade de uma acção imediata, através do desenvolvimento de
políticas públicas saudáveis.
Para além disso, a produção de tabaco, como meio de receita nas economias
empobrecidas, tem provocado sérias consequências ecológicas e contribuído para a crise
mundial no que respeita à produção e distribuição de alimentos.
Esta Conferência apela a todos os governos que considerem o preço que estão a pagar
pelo potencial humano perdido, enquanto favorecem a perda de vidas e o aparecimento
de doenças provocadas pelo abuso do álcool e do tabaco. Os governos deveriam
comprometer-se a desenvolver políticas públicas saudáveis, estabelecendo objectivos
nacionais para reduzir significativamente a produção, o consumo e a comercialização do
tabaco e do álcool, no ano 2000.
Muitas pessoas vivem e trabalham em condições que são prejudiciais à saúde, estando
expostas a produtos perigosos. Estes problemas ultrapassam, muitas vezes, as fronteiras
nacionais.
Os gestores dos ambientes devem proteger a saúde humana dos efeitos adversos quer
directos, quer indirectos, relacionados com os factores físicos, químicos e biológicos,
reconhecendo que as mulheres e os homens fazem parte de um ecossistema complexo.
Os recursos naturais, extremamente diversificados mas limitados, que enriquecem a
vida, são essenciais à espécie humana.
As políticas públicas saudáveis exigem uma forte advocacia, capaz de inscrever a saúde
como prioridade na agenda dos decisores políticos. Isto significa fomentar o trabalho de
grupos de advocacia e ajudar os meios de comunicação social a interpretar os assuntos
complexos destas políticas.
A concretização destas condições, que são essenciais a uma vida saudável, deverá ser o
grande objectivo das políticas públicas.
Desafios futuros
5- As políticas públicas saudáveis devem assegurar que os avanços nas tecnologias dos
cuidados de saúde ajudem, em vez de impedirem, o processo de concretização da
equidade.
Renovação do Compromisso