Etica Direitos Humanos e Diversidade
Etica Direitos Humanos e Diversidade
Etica Direitos Humanos e Diversidade
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Texto elaborado para a pesquisa “Ética e direitos humanos: unidade e diversidade do Fórum
Social Mundial” que integra o Núcleo de Estudos e Pesquisa em Ética e Direitos Humanos
(NEPEDH) do Programa de Estudos Pós-Graduados em Serviço Social PUC-SP e o Grupo de
Estudos e Pesquisas sobre Ética do Programa de Pós-Graduação em Serviço Social (GEPE) da
UFPE.
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Professora de Ética e Coordenadora do NEPEDH/PUC-SP.
BARROCO, M. L. S. Ética, Direitos Humanos e Diversidade. In Cadernos Especiais n. 37, 2
edição: 28 de agosto a 25 de setembro de 2006. Disponível em www.assistentesocial.com.br
portanto, a relação social não é rompida, existe uma reciprocidade mediada pela
diferença, pela aceitação e pela alteridade.
Até aqui falamos da diversidade como valor positivo, donde sua relação
com a alteridade, a liberdade, a equidade e a tolerância como direito à diferença.
No entanto, a ética não trata apenas do “bem”, ou do que no campo dos valores
entendemos por valores positivos. A negação de todos esses valores, isto é, a
intolerância, o desrespeito ao outro, a defesa da desigualdade e não liberdade
também são temas de reflexão ética, uma vez que se trata de compreender que o
movimento real entre a afirmação e a negação dos valores é muito mais complexo
que parece ser.
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Trata-se de Amina, condenada à morte, com apedrejamento, na Nigéria, divulgado amplamente
pela Anistia Internacional.
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por vezes mortais, durante ou após a ‘operação’, realizada como auxílio de uma
lâmina de barba, de uma agulha ou linha, sem anestesia...” (idem).
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Em nossa sociedade, nem todas as escolhas deveriam ser julgadas moralmente; muitas se
referem a opções pessoais cujo resultado não está impedindo a manifestação das capacidades
humanas. São escolhas, como por exemplo, a orientação sexual, o modo de se vestir ou de se
comportar, ou seja, questões que só são tidas como morais pela presença do preconceito, típico
do moralismo.
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“Em todas as formas, ela [a riqueza representada pelo valor] se apresenta sob forma objetiva,
quer se trate de uma coisa ou de uma relação mediatizada por uma coisa, que se encontra fora do
indivíduo e casualmente a seu lado [...] Mas, in fact, uma vez superada a limitada forma burguesa,
o que é a riqueza se não a universalidade dos carecimentos, das capacidades, das fruições, das
forças produtivas, etc., dos indivíduos, criada no intercâmbio universal? O que é a riqueza se não
o pleno desenvolvimento do domínio do homem sobre as forças da natureza, tanto sobre as da
chamada natureza quanto sobre as da sua própria natureza? O que é a riqueza se não a
explicitação absoluta de suas faculdades criativas, sem outro pressuposto além do
desenvolvimento histórico anterior, que torna finalidade em si mesma essa totalidade do
desenvolvimento, ou seja, do desenvolvimento de todas as forças humanas enquanto tais, não
avaliadas segundo um metro já dado? (Marx, 1971,I,372)
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totalidade... Na qual não busca conservar-se como algo que deveio, mas que se
põe no movimento absoluto do devir...” (Marx, 1971,I: 372).
Vimos que para o relativismo ético não é possível, diante de vários códigos
morais em conflito, chegar a um acordo racional, o que significa deixar de atribuir
ao sujeito ético o uso da razão, a capacidade de escolha e a responsabilidade
pelas escolhas, que, na verdade, deixa de ser um sujeito com autonomia,
fundamento ontológico da capacidade ética do ser social. Ao mesmo tempo,
nega-se a possibilidade de consensos, princípio político democrático produzido
pelo confronto entre diferentes. No limite, caímos no niilismo ético-político, pois se
tudo é relativo nada tem valor e se não é possível consensos também deixa de ter
sentido o debate plural.
Referências bibliográficas