Contrato de Doação
Contrato de Doação
Contrato de Doação
39. Noção
São três os requisitos exigidos no art. 940º CC para que exista uma doação:
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Importa também, para que haja doação, que a atribuição patrimonial seja
feita à custa do património do doador, que envolva uma diminuição da
substância deste, que não haja um simples omissio adquirendi. Está, portanto,
excluída toda a prestação de serviços, o comodato, o mútuo sem juros, o não
exercício dum direito de preferência na intenção de beneficiar alguém – que
não envolvem nenhuma diminuição do património do atribuinte.
Consideram-se bens futuros, nos termos do art. 211º CC todos os que não
estão ainda no poder do disponente, ou a que este não tem direito, ao tempo
da declaração negocial. As coisas alheias são sempre, portanto, para este
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efeito, bens futuros, e, por isso, se consideram nulas as doações de tais bens
(art. 956º CC). Não deve, porém, confundir-se a doação de bens futuros com a
doação, não de bens, mas de um direito que tenha por objecto coisas ainda
não existente no património do doador. Como exemplos característicos de tais
negócios poder-se-á citar o da doação de um usufruto e o da doação do direito
de explorar uma pedreira ou uma mina. Os frutos, a pedra e o minério são
coisas futuras, mas o direito transmitido é actual.
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necessidade de nova escritura pública. Tratando-se de coisa móvel, a
aceitação tem de ser feita por escrito.
Não basta, para preencher o objectivo visado pela lei, a simples tradição da
coisa móvel, mediante constituto possessório, que aliás não é vulgar em
relação às coisas móveis. Quando, por qualquer razão, o doador pretenda
continuar na posse da coisa doada, haverá necessidade de recorrer a
documento escrito, para assegurar a validade do acto.
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destes as coisas se passem de outra maneira, dado que as doações têm de
ser aceitas em vida do doador (art. 945º/1 CC).
Quanto à capacidade das pessoas colectivas para fazer doações, importa ter
presente a regra da especialidade, através da qual deve ser filtrada, no que
toca às associações e fundações, a capacidade geral das pessoas singulares
(art. 160º CC).
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não é uma falta de capacidade dos menores ou interditos, que se trata, mas de
uma falta de legitimação dos tutores para a realização dos actos a título
gratuito.
Este artigo harmoniza-se com a noção de doação expressa no art. 940º CC.
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Como princípio geral, a doação de coisa alheia é nula, como nula é a
compra e venda, não podendo o doador opor a nulidade do contrato ao
donatário de boa fé, como o vendedor não apode opor ao comprador nas
mesmas condições (art. 892º CC). Esta última solução dará como resultado
que a doação se convalida, na hipótese de o doador, na hipótese de o doador
vir a adquirir, por qualquer título, a coisa doada, antes de a declaração de
nulidade ser requerida por algum interessado.
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b) Prazo e legitimidade para a acção
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Decretada a revogação pelo tribunal, os bens doados devem ser restituídos
ao doador, no estado em que se encontrem. Este direito não tem porém,
natureza real; é simplesmente um direito de crédito, pois se os bens tiverem
sido alienados ou não poderem ser restituídos em espécie, por causa imputável
ao donatário, serão restituídos apenas em valor – o valor que tinham ao tempo
em que forma alienados ou se verificou a impossibilidade da restituição.
Se os bens tiverem perecido por causa não imputável ao donatário, este não
é obrigado à restituição, nem em espécie nem em valor. O risco corre, portanto,
por conta do doador e não do donatário. O donatário goza, na verdade, até à
proposição da acção, do direito absoluto de utilizar a coisa em seu benefício. O
donatário responderá, no entanto, pelo prejuízo que cause intencional ou
culposamente, com base na responsabilidade por factos ilícitos, uma vez que o
direito do doador à revogação existe desde a verificação do facto que lhe serve
de fundamento.