Manual - Utilização de Produtos Fitofarmaceuticos
Manual - Utilização de Produtos Fitofarmaceuticos
Manual - Utilização de Produtos Fitofarmaceuticos
DE PRODUTOS
FITOFARMACÊUTICOS
NA AGRICULTURA
A G R I C U LT U R A E A M B I E N T E
FICHA TÉCNICA
ISBN 972-8589-48-4
A G R I C U LT U R A E A M B I E N T E
A gradecimento
Isto significa mais rendimento, mas tal só é possível através de uma melhor e
mais racional fertilização, irrigação, amanhos e cuidados fitossanitários, factores
capazes de garantir que as culturas expressem as suas potencialidades, com equi-
líbrio e de forma sustentável. E, é à Agricultura Sustentável que nos referimos,
entendida como um sistema que utilize meios e práticas que permitam e estimulem:
• produzir alimentos com eficiência e rentabilidade;
• viabilizar economicamente a Agricultura;
• preservar os recursos naturais, a paisagem rural e o ambiente no seu todo;
• capacitar as populações para, de forma sustentável e continuada preserva-
rem o seu próprio bem-estar, sem comprometer o das gerações vindouras.
Temos assim uma actividade atractiva, de riscos reduzidos, financeiramente
compensadora, isto é, uma actividade que não agride as pessoas, a paisagem e o
ambiente, economicamente viável e socialmente aceite. Convém aqui lembrar e
reter que há riscos inerentes e presentes em toda e qualquer actividade e que
qualquer profissional, de qualquer ramo, deve saber identificar não só os benefí-
cios, mas também os riscos que a sua actividade comporta, para assim melhor os
poder contornar ou evitar.
Claro está que isto é também válido para quem directa ou indirectamente utiliza
os Produtos fitofarmacêuticos, pelo que toda a análise relativa ao seu uso deve
incidir num balanço entre benefícios e riscos.
De facto, estes produtos, enquanto factores de produção, apresentam, clara-
mente, o grande benefício de contribuírem para o aumento das colheitas através da
redução de perdas, da melhoria de qualidade dos produtos agrícolas e da eficiência
em várias tarefas, mas como produtos químicos que na sua grande maioria também
são, têm inerente a si próprios uma certa carga negativa, consequência da maior ou
menor toxicidade e das características de cada um.
O risco que representam para os seres humanos e/ou para os organismos vivos,
plantas ou animais, está assim dependente da sua toxicidade e da exposição a que
as pessoas ou organismos ficam sujeitos, quando os manipulam ou usam.
Confirma-se pois que, para além dos benefícios associados ao seu uso, podem
existir também perigos para a saúde humana e animal e impacte inaceitável para o
ambiente, factos que importa conhecer e minimizar.
Poder-se-á dizer que estes são os pontos fracos, mas tais questões são suscep-
tíveis de serem geridas através de medidas apropriadas, de não difícil execução.
Eliminar os riscos pode ser tarefa difícil, senão impossível, mas mantê-los abaixo
de certos limites toleráveis está ao alcance de quem manuseia e aplica os Produtos
fitofarmacêuticos.
Esses limites toleráveis são exactamente os que fazem a separação entre a
perigosidade e a não perigosidade.
6
INTRODUÇÃO
7
UTILIZAÇÃO DE P R O D U TO S F I TO FA R M A C Ê U T I C O S NA A G R I C U LT U R A
8
C A P Í T U L O 1
O B J E C T I V O S
Produtos fitofarmacêuticos,
• Definem-se e caracterizam-se os Produ-
pesticidas ou agro-químicos, tos fitofarmacêuticos.
são três modos vulgarmente
• Faz-se a sua classificação com base em
usados para dizer o mesmo. diversos parâmetros.
O que são realmente
• Enumeram-se os benefícios que se lhes as-
estes produtos? sociam, assim como os possíveis riscos.
UTILIZAÇÃO DE P R O D U TO S F I TO FA R M A C Ê U T I C O S NA A G R I C U LT U R A
DEFINIÇÃO
Produtos fitofarmacêuticos (Pf) – são as substâncias activas e as pre-
parações contendo uma ou mais substâncias activas que sejam apresentadas
sob a forma em que são fornecidas ao utilizador e se destinem a:
a) proteger os vegetais ou os produtos vegetais de todos os organismos
prejudiciais ou a impedir a sua acção, desde que essas substâncias ou
preparações não estejam a seguir definidas de outro modo;
b) exercer uma acção sobre os processos vitais dos vegetais, com ex-
cepção das substâncias nutritivas (exemplo: os reguladores de cres-
cimento);
c) assegurar a conservação dos produtos vegetais, desde que tais subs-
tâncias ou preparações não sejam objecto de disposições comunitárias
especiais relativas a conservantes;
d) destruir os vegetais indesejáveis;
e) destruir partes de vegetais e reduzir ou impedir o crescimento indese-
jável dos vegetais;
f) serem utilizados como adjuvantes.
Esta definição, abrangente e rigorosa, é adoptada pela Directiva 91/414/
/CEE e assim foi transposta para a legislação nacional (13; 14).
Há, todavia, uma definição de Produto fitofarmacêutico mais práti-
ca e simples e com largo uso: são produtos destinados à defesa das
plantas e da produção agrícola, com excepção de adubos e correc-
tivos; na sua composição entra uma ou mais substâncias activas
responsáveis pela prevenção ou controlo dos inimigos ou organis-
mos nocivos; podem ter várias designações, consoante os inimi-
gos que combatem.
Durante anos foram, e ainda o são hoje, designados Pesticidas, termo
que engloba uma certa carga negativa não compatível com muitos dos produ-
tos da nova geração e até com alguns antigos.
10
CAPÍTULO 1 | O Q UE S ÃO P RODUTOS F ITOFARMACÊUTICOS
COMPOSIÇÃO
Cada Produto fitofarmacêutico tem na sua composição uma ou mais subs-
tâncias activas (sa) e um conjunto variável de outras substâncias generica-
mente designadas formulantes.
Analisemos cada um destes grupos:
A substância activa é a componente do Produto fitofarmacêutico respon-
sável pelo seu comportamento biológico.
Além da(s) substância(s) activa(s) o Produto fitofarmacêutico tem
ainda na sua composição um conjunto variável de outras substâncias de-
nominadas formulantes, as quais não interferem com a substância acti-
va, nem química nem biologicamente, mas imprimem determinadas
características e propriedades que são fundamentais ao conjunto, ou seja,
ao produto formulado (pf), tais como estabilidade e efeito aplicabilidade
(solubilidade, capacidade de suspensão, molhabilidade, poder absorvente,
viscosidade, etc.) (3; 30; 39; 51; 52).
11
UTILIZAÇÃO DE P R O D U TO S F I TO FA R M A C Ê U T I C O S NA A G R I C U LT U R A
Assim:
Pf = produto formulado = substância activa + formulantes
O QUE É A FORMULAÇÃO?
O termo formulação emprega-se não só para designar o processo
de fabrico de um Produto fitofarmacêutico mas também, mais vulgarmen-
te, para referir o modo como o Produto fitofarmacêutico fisicamente
se apresenta.
O desenvolvimento de uma formulação é um trabalho multidisciplinar, onde
entram conhecimentos de química, de física, de biologia, de toxicologia, de
ecologia, de tecnologia e de marketing, etc.
Especialistas destas múltiplas áreas têm por missão, em conjunto, criar
algo que possa ser fabricado industrialmente com sucesso e que possa inte-
ressar o mercado – o produto formulado.
Na formulação, há que ter em conta aspectos tão variados como a acção
biológica no duplo ponto de vista eficácia e tolerância, as propriedades físico-
químicas (solubilidade, estabilidade, etc.) e toxicológicas, os efeitos ambientais,
as características da aplicação (distribuição), o grau de aceitação por parte dos
utilizadores finais, a disponibilidade dos formulantes (matéria prima), o proces-
so de fabrico, o embalamento e a vertente económica do projecto.
Cada um dos parâmetros por si só e todos no geral terão de ser tão posi-
tivos quanto possível.
Para além das bases científicas inerentes a esta tarefa, ela está também
muito dependente da experiência, havendo quem a apelide de «arte».
12
CAPÍTULO 1 | O Q UE S ÃO P RODUTOS F ITOFARMACÊUTICOS
grânulos
concentrado
dispersíveis WG EC microgrânulos MG
para emulsão
em água
emulsão água
grânulos GR EO gel para emulsão GL
em óleo
emulsão óleo
pó molhável WP EW isco concentrado CB
em água
solução
pó polvilhável DP SL pasta PA
concentrada
suspensão
pó solúvel SP SC pastilhas TB
concentrada
Uma substância activa pode originar mais de uma formulação, esta é aliás
uma decisão ponderada pelos responsáveis em fase relativamente precoce
do processo de desenvolvimento de um Produto fitofarmacêutico. Nos casos
em que existem duas ou mais formulações duma mesma substância activa,
há entre elas certos parâmetros que são comuns e outros que o não são
conforme se mostra no quadro 1.3.
o método de aplicação
o processo de fabrico
a compatibilidade nas misturas
a segurança durante o fabrico
Parâmetros variáveis o manuseamento e a aplicação
a segurança face ao ambiente
a preferência do utilizador final
considerações de natureza comercial
o custo
13
UTILIZAÇÃO DE P R O D U TO S F I TO FA R M A C Ê U T I C O S NA A G R I C U LT U R A
VANTAGENS DESVANTAGENS
14
CAPÍTULO 1 | O Q UE S ÃO P RODUTOS F ITOFARMACÊUTICOS
De facto, cada tipo não passa de uma designação básica que clas-
sifica os Produtos fitofarmacêuticos consoante o objectivo biológico que
se propõem.
Porém, dentro de cada tipo, os produtos são susceptíveis de se agrupar de
diversos modos, tendo por base certos parâmetros comuns.
Analisemos, para cada um dos grandes grupos de Produtos fitofarmacêu-
ticos, algumas formas de se agruparem.
15
UTILIZAÇÃO DE P R O D U TO S F I TO FA R M A C Ê U T I C O S NA A G R I C U LT U R A
FUNGICIDAS
a) Com base na origem ou no grupo químico
Tendo por base a sua origem, os Fungicidas podem classificar-se em:
• Inorgânicos – onde se incluem os fungicidas com base em:
– arsénio de que é exemplo o arsenito de sódio;
– cobre de que são exemplos o oxicloreto e o sulfato de cobre;
– enxofre nas formulações pó molhável e pó polvilhável.
• Orgânicos (de síntese) – onde está a maioria dos fungicidas homo-
logada no país.
16
CAPÍTULO 1 | O Q UE S ÃO P RODUTOS F ITOFARMACÊUTICOS
17
UTILIZAÇÃO DE P R O D U TO S F I TO FA R M A C Ê U T I C O S NA A G R I C U LT U R A
INSECTICIDAS
a) Com base na origem ou no grupo químico
Tendo por base a sua origem os insecticidas podem classificar-se em:
• Inorgânicos – onde se incluem:
– o ácido cianídrico;
– o fosforeto de alumínio;
– o cianeto de cálcio;
– o fosforeto de magnésio.
• Orgânicos – provenientes:
– de óleo mineral (hidrocarboneto) – exemplo: óleo de verão;
– de vegetal – exemplos: piretrinas e óleo de soja;
– de síntese – onde cabe a maioria dos produtos homologados no
país. São exemplos de insecticidas orgânicos de síntese:
- os organofosforados;
- os carbamatos;
- os piretróides;
- os organoclorados;
- o brometo de metilo;
- os neonicotinóides (imidaclopride, tiaclopride, acetamiprida, tia-
metoxame).
18
CAPÍTULO 1 | O Q UE S ÃO P RODUTOS F ITOFARMACÊUTICOS
HERBICIDAS
a) Com base na origem ou no grupo químico
Tendo por base a sua origem os Herbicidas podem classificar-se em:
19
UTILIZAÇÃO DE P R O D U TO S F I TO FA R M A C Ê U T I C O S NA A G R I C U LT U R A
c) Em relação à cultura
• pré-sementeira (ou pré-plantação): aplicados no solo antes da se-
menteira (ou plantação).
• pós-sementeira (ou pós-plantação): aplicados no solo (pré-emergên-
cia) ou nas plantas (pós-emergência).
• pré-emergência: aplicados no solo antes da emergência das plantas.
• pós-emergência: aplicados nas plantas após a sua emergência.
20
CAPÍTULO 1 | O Q UE S ÃO P RODUTOS F ITOFARMACÊUTICOS
BENEFÍCIOS ASSOCIADOS
AO SEU USO
São muitas e variadas as fontes que, na sequência de ensaios experimentais,
de simulações, de simples evidências estatísticas ou de estudos de outra nature-
za, asseguram ou ajudam a perceber que os Produtos fitofarmacêuticos são, de
facto, ferramentas eficazes e eficientes no suporte da cada vez menor disponibi-
lidade de mão-de-obra e no controlo eficaz e eficiente dos inimigos das culturas,
e por isso mesmo geradores de mais valias quer directamente de forma visível e
mensurável, quer indirectamente. Eis algumas (15; 16; 23; 27; 33; 46; 48; 55).
Alguns dos estudos incidem sobre simulações relativas a uma restrição do
uso, por razões de desaparecimento futuro de elevado número de Produtos fito-
farmacêuticos, em 50% ou mais.
21
UTILIZAÇÃO DE P R O D U TO S F I TO FA R M A C Ê U T I C O S NA A G R I C U LT U R A
100%
75%
50%
25%
0%
Trigo Milho Cevada
Figura 1.1 • Europa: Perdas de produção devidas a ausência total de protecção fitossanitária (46)
22
CAPÍTULO 1 | O Q UE S ÃO P RODUTOS F ITOFARMACÊUTICOS
100%
75%
50%
25%
0%
Frutos e Óleo Cereais Carne Carne
vegetais vegetal porco aves
Figura 1.2 • EUA: Impacto teórico da ausência de Produtos fitofarmacêuticos e Fertilizantes
sobre o preço dos alimentos (15)
100%
80%
60%
Retalhista
40% Consumidor
20%
0%
Ausência Redução
Figura 1.3 • Evolução teórica dos preços dos alimentos, no retalhista e no consumidor, em
duas hipóteses simuladas – ausência de protecção fitossanitária e redução dos Produtos
fitofarmacêuticos em 50% (55)
23
UTILIZAÇÃO DE P R O D U TO S F I TO FA R M A C Ê U T I C O S NA A G R I C U LT U R A
100%
75%
50%
25%
0%
Tri Gr Ol Be Ar
go ão ea ter ro
for gin r. s z
rag os ac
eir as ./c
o an
aa
çu
.
Figura 1.4 • % de aumentos de áreas de cultura compensadores de 30% de perda de produção (48)
24
CAPÍTULO 1 | O Q UE S ÃO P RODUTOS F ITOFARMACÊUTICOS
EVENTUAIS RISCOS
Os Produtos fitofarmacêuticos são deliberadamente introduzidos no Ambien-
te no momento em que são aplicados. Na sua grande maioria trata-se de produtos
25
UTILIZAÇÃO DE P R O D U TO S F I TO FA R M A C Ê U T I C O S NA A G R I C U LT U R A
químicos que têm inerentes a si próprios uma certa toxicidade, sendo inegável que
a exposição mais ou menos prolongada a estes produtos ou seus derivados pode
gerar problemas toxicológicos no Homem, nos seres vivos e no Ambiente.
Ora, sucede que os eventuais riscos potenciais são cuidadosamente in-
vestigados, avaliados e divulgados usando tecnologia de ponta e de acordo
com exigências e normas técnicas e científicas requeridas pelas autoridades
reguladoras e expressas em Directivas comunitárias e Leis nacionais. E exis-
te informação e meios disponíveis, de fácil uso, capazes de os evitar ou limitar
até níveis toleráveis.
As recomendações de uso expressas no rótulo reflectem as consequên-
cias da investigação acima referida e, por isso mesmo, se cumpridas, assegu-
ram que o produto não apresenta riscos inaceitáveis para operadores,
consumidores, seres vivos e Ambiente.
O seguimento dessas recomendações de uso são parte integrante dos prin-
cípios da Boa Prática Fitossanitária ou da Protecção Integrada e o seu cumpri-
mento é um garante de que a aplicação não acarreta riscos inaceitáveis.
Está também a afirmar-se que, de facto, os riscos potenciais existem e
não devem ser menosprezados.
Conforme foi dito, eles dependem das propriedades físico-químicas de
cada Produto fitofarmacêutico, da sua natureza toxicológica e da exposição a
que os organismos ficam sujeitos.
Não existem Produtos fitofarmacêuticos inócuos. Existem, isso sim, Pro-
dutos que quando devidamente manuseados e utilizados poderão ter, e têm,
comportamento sem riscos.
Eis alguns dos potenciais riscos que se lhes associam:
• riscos para a saúde humana e animal (doenças agudas e crónicas, a
nível hormonal e reprodutivo);
• provocação de resíduos nos produtos e géneros agrícolas tratados;
• provocação de resíduos no solo e na água e causa de intoxicação nos
organismos do solo e nos organismos aquáticos;
• poluição do ar;
• persistência e acumulação na cadeia alimentar em resultado da sua
difícil degradação;
• riscos para a biodiversidade;
• provocação de resistências nalguns organismos.
O não seguimento das instruções contidas no rótulo pode acarretar consequên-
cias negativas, de maior ou menor gravidade, para operadores, trabalhadores, con-
sumidores que todos somos, para organismos não visados e para o Ambiente.
26
CAPÍTULO 1 | O Q UE S ÃO P RODUTOS F ITOFARMACÊUTICOS
C A P Í T U L O 2
A HOMOLOGAÇÃO
DOS PRODUTOS
FITOFARMACÊUTICOS
A colocação no mercado e a
utilização de Produtos
fitofarmacêuticos assentam em
princípios de que tais produtos,
se usados de acordo com as
condições aprovadas, não
apresentam efeitos prejudiciais
para pessoas, animais ou
ambiente. Nesta perspectiva O B J E C T I V O S
um Produto fitofarmacêutico
• Esclarece-se o rigor técnico-científico de
só é autorizado após a que se reveste a homologação de um Pro-
concessão de uma Autorização duto fitofarmacêutico.
27
UTILIZAÇÃO DE P R O D U TO S F I TO FA R M A C Ê U T I C O S NA A G R I C U LT U R A
28
CAPÍTULO 2 | A H OMOLOGAÇÃO DOS P RODUTOS F ITOFARMACÊUTICOS
O circuito atrás referido comporta, como se vê, três áreas distintas com
um esquema de relacionamento apresentado na figura 2.1.
• a homologação;
• a comercialização e
• a aplicação.
Importadores
e fabricantes
Empresas
Postos de
detentoras Distribuidores
venda
da AV
Utilizadores finais:
Agricultores
Aplicadores simples
Aplicadores profissionais
Empresas de aplicação
29
UTILIZAÇÃO DE P R O D U TO S F I TO FA R M A C Ê U T I C O S NA A G R I C U LT U R A
DEFINIÇÃO E OBJECTIVOS
A homologação de um Produto fitofarmacêutico é o processo pelo qual a
autoridade nacional responsável – a DGPC – aprova a sua colocação no
mercado, com base na avaliação prévia de um conjunto muito amplo de da-
dos científicos, que demonstram que os mesmos são eficazes para as finali-
dades a que se destinam e não apresentam riscos inaceitáveis para a saúde
humana, animal e para o ambiente (13; 53).
Esta aprovação materializa-se numa Autorização de Venda (AV).
Com este mecanismo pretende-se que a agricultura possa dispor de Pro-
dutos fitofarmacêuticos de qualidade em termos de eficácia para os fins a
que se destinam, em termos de formulação, em termos toxicológicos para o
homem enquanto aplicador, trabalhador ou consumidor e para os animais e
em termos ecotoxicológicos e ambientais para as espécies não visadas e para
os compartimentos do ambiente – solo, água e ar (26).
30
CAPÍTULO 2 | A H OMOLOGAÇÃO DOS P RODUTOS F ITOFARMACÊUTICOS
EXIGÊNCIAS LEGAIS
Uma vez que os Produtos fitofarmacêuticos são, geralmente, produtos
químicos com os quais se pretende resolver eficazmente um problema bio-
lógico e têm inerentes a si próprios uma certa toxicidade torna-se necessário
avaliar os riscos associados à sua utilização ao nível dos manuseadores,
aplicadores, consumidores, ambiente, espécies não visadas. Os utilizadores
devem ter acesso a informações de rigor através do rótulo.
A avaliação é um processo burocrático complexo e demorado que com-
preende três fases:
1.ª fase – aceitação de elementos administrativos e de dados técnico-cien-
tíficos relativos às características, propriedades e comportamento do
produto – substância activa e produto formulado – fornecidos pelo
requerente.
2.ª fase – estudo e avaliação dos elementos e dos dados apresentados
3.ª fase – decisão, que pode comportar uma de três atitudes:
– dossiers completos, todos os dados em conformidade com as exi-
gências – autorização;
– dossiers quase completos, algumas falhas (involuntárias) de sig-
nificado menor, o que pode conduzir a uma autorização condicio-
nada ou adiada, até as faltas serem supridas, podendo ser concedido
um prazo para tal;
– dossiers incompletos e/ou dados não conformes com as exigên-
cias – não autorização. Esta hipótese pode pressupor um esgrimir
de razões e de argumentos e levar à criação de novos dados que
permitam reverter a decisão.
Os dados apresentados no pedido de AV comportam assim estudos vá-
rios que, uma vez avaliados pelas Autoridades de Registo, poderão permitir a
concessão da AV para o conjunto
• Produto fitofarmacêutico
• Finalidade (cultura-inimigo)
• Condições de uso
• Precauções toxicológicas, ecotoxicológicas e ambientais
O processo de concessão da AV é longo e passa por diversas fases
administrativas, uma das últimas das quais é a aprovação do Rótulo.
O complexo trabalho inerente à homologação de um Produto fitofarma-
cêutico começa a partir da descoberta da substância activa que entra na sua
31
UTILIZAÇÃO DE P R O D U TO S F I TO FA R M A C Ê U T I C O S NA A G R I C U LT U R A
32
CAPÍTULO 2 | A H OMOLOGAÇÃO DOS P RODUTOS F ITOFARMACÊUTICOS
d) Processo de Fabrico;
e) Estudos económicos;
f) Patentes;
Uma vez descoberta, identificada e considerada de interesse, uma molé-
cula é patenteada e a Patente, no espaço UE, garante a propriedade por um
período de 20 anos, contados a partir da data do pedido. Porém a Patente não
é o único mecanismo de protecção de um produto. Ela é também conseguida
com a protecção dos estudos e dados técnicos, através de legislação com
origem na Directiva 91/414/CEE.
Os dados da substância activa têm uma protecção de 10 anos a partir da
data da sua inclusão na Lista Positiva. Nos produtos formulados a protecção
é também por 10 anos contados a partir da data de concessão da Autorização
de Venda. Em qualquer dos casos, em condições especiais, é ainda possível
haver um período complementar adicional nunca superior a 5 anos.
Vê-se assim que o horizonte temporal de uma empresa para obter o retor-
no do seu investimento tem limites.
g) Homologação incluindo:
– Ensaios biológicos,
– Ensaios de resíduos,
– Elaboração dos dossiers,
– Avaliação/Decisão e
– Autorização de Venda
Os estudos que acompanham o pedido de homologação, são os se-
guintes:
a) Avaliação Físico-Química, onde constam
– a identidade da substância activa, do produto formulado e de impu-
rezas de fabrico ou decorrentes do armazenamento;
– as propriedades Físico-Químicas da substância activa e do produto
formulado e relacionadas com a segurança (inflamabilidade, explo-
sividade, etc.), com o ambiente, ou com a eficácia da aplicação
(suspensabilidade e tamanho das partículas);
– os métodos de análise;
– as características de adequabilidade das embalagens no transporte,
armazenagem e eliminação após uso.
b) Avaliação biológica, onde se estabelece a eficácia em sentido global
baseada em ensaios de campo, que permitem
– definir a dose ou concentração eficazes;
– assegurar que não provocam fitotoxicidade;
33
UTILIZAÇÃO DE P R O D U TO S F I TO FA R M A C Ê U T I C O S NA A G R I C U LT U R A
EMPRESAS
CATPF DGPC
Parecer
Avaliação Parecer
EQUIPAS
ESPECIALIZADAS
(Avaliação)
34
CAPÍTULO 2 | A H OMOLOGAÇÃO DOS P RODUTOS F ITOFARMACÊUTICOS
ENQUADRAMENTO LEGAL
E PRINCIPAIS FIGURAS JURÍDICAS
Numa perspectiva histórica, a homologação dos Produtos fitofarmacêuti-
cos em Portugal pode ser lembrada através de datas, algumas nacionais, que
assinalam a criação de mecanismos importantes na sua vida (2; 3; 47).
Assim:
1959 – criação do Laboratório de Fitofarmacologia, embrião da
actual DGPC.
1962 – publicação da primeira Lista de Produtos fitofarmacêuti-
cos comercializados, a qual se mantém com carácter anual.
1963 – 1967 – início dos Processos de Homologação facultativos,
com os quais se visava sensibilizar as empresas e outras entidades e
consolidar os conhecimentos fundamentais para a redução dos ris-
cos dos Produtos fitofarmacêuticos.
1967 – publicação do primeiro suporte jurídico – o Decreto Lei n.º 47802,
de 19 de Julho de 1967 – que estabeleceu o regime de comercialização
dos Produtos fitofarmacêuticos destinados à defesa da produção ve-
getal, com exclusão dos adubos químicos e dos correctivos agrícolas.
1968 – criação da Comissão de Toxicologia dos Pesticidas com com-
petência na ária toxicológica, quando ainda não havia preocupações ambi-
entais ou ecotoxicológicas. Esta Comissão veio a originar a actual Comissão
de Avaliação Toxicológica de Produtos fitofarmacêuticos (CATPF).
Isto significa que se estabeleceu, a nível nacional, a obrigatoriedade de
estes produtos serem comercializados mediante uma autorização específica,
35
UTILIZAÇÃO DE P R O D U TO S F I TO FA R M A C Ê U T I C O S NA A G R I C U LT U R A
36
CAPÍTULO 2 | A H OMOLOGAÇÃO DOS P RODUTOS F ITOFARMACÊUTICOS
ÁREA COMENTÁRIOS
37
UTILIZAÇÃO DE P R O D U TO S F I TO FA R M A C Ê U T I C O S NA A G R I C U LT U R A
38
CAPÍTULO 2 | A H OMOLOGAÇÃO DOS P RODUTOS F ITOFARMACÊUTICOS
39
UTILIZAÇÃO DE P R O D U TO S F I TO FA R M A C Ê U T I C O S NA A G R I C U LT U R A
EM - APV
Publicação JO
Monografia Lista EM
(draft) Positiva Registo
dos Pf-AV
Meses 0 6 12 18 24 30 36 42 48
40
CAPÍTULO 2 | A H OMOLOGAÇÃO DOS P RODUTOS F ITOFARMACÊUTICOS
C A P Í T U L O 3
MÉTODOS DE PROTECÇÃO
OU MEIOS DE LUTA
Há várias maneiras de
interferir com a actividade dos
organismos nocivos.
O B J E C T I V O S
Apontam-se e caracterizam-se
neste Capítulo, de forma • Definem-se e caracterizam-se vários meios
sucinta, os principais Meios de de luta.
41
UTILIZAÇÃO DE P R O D U TO S F I TO FA R M A C Ê U T I C O S NA A G R I C U LT U R A
42
CAPÍTULO 3 | M ÉTODOS DE P ROTECÇÃO OU M EIOS DE L UTA
LUTA GENÉTICA
É também um meio de luta indirecta.
Há em Portugal instituições com larga experiência e provas dadas, na
área do melhoramento das plantas (3; 4). Alguns exemplos: Estação Nacio-
nal de Fruticultura Vieira Natividade – Alcobaça; Estação de Melhoramento
de Plantas – Elvas; Núcleo de Melhoramento do Milho – Braga; Estação
Agronómica Nacional – Oeiras; Centro de Investigação das Ferrugens do
Cafeeiro – Oeiras.
Os objectivos foram sempre a criação de linhas de bom potencial produti-
vo e nalguns casos a resistência a determinadas pragas ou patogénios. No
plano nacional, são êxitos conhecidos a criação de linhas de cereais resisten-
tes às ferrugens e variedades de meloeiro resistentes ao oídio. No plano in-
ternacional cita-se a criação de linhas de cafeeiro com elevado potencial
produtivo e resistente à ferrugem (Hemileia vastatrix), doença responsável
pela destruição de plantações de cafeeiro em todo o mundo. As técnicas de
melhoramento evoluíram muito nos últimos anos.
Os antigos métodos de selecção massal, de enxertia e de hibridação, de-
ram lugar a técnicas de biologia celular como a micropropagação ou multipli-
cação vegetativa in vitro, a haploidização, a cultura de embriões e fusão de
protoplastos. As tecnologias praticadas nas culturas in vitro e baseadas nos
conhecimentos da biologia celular não permitem criar entidades que não pos-
sam surgir na natureza (21).
Se exceptuarmos a cultura de protoplastos, a biologia celular faz, ao
nível da célula, aquilo que as técnicas ancestrais de reprodução faziam ao
nível da planta.
Mas hoje enfrenta-se uma nova técnica – a transgenética – que permite a
manipulação dos genes contidos no ADN e a alteração do genoma de um ser
vivo. Trata-se de um grande salto tecnológico e científico, que tem gerado
alguma polémica, uma vez que se apresenta como uma tecnologia de ruptura,
eticamente diferente das tecnologias atrás citadas. Por isso mesmo, merece
ser compreendida, discutida e legislada.
LUTA CULTURAL
Trata-se da adopção de medidas naturais com vista a controlar os inimi-
gos (1; 3; 4). A luta cultural é tão velha quanto a própria agricultura, existindo
desde que o homem começou a cultivar plantas para a sua subsistência. Está
43
UTILIZAÇÃO DE P R O D U TO S F I TO FA R M A C Ê U T I C O S NA A G R I C U LT U R A
para a saúde das plantas tal como a alimentação e a higiene estão para a
saúde do Homem. Assenta na tomada de medidas indirectas tendentes ao
bom desenvolvimento da cultura ou à fuga do inimigo.
São exemplos: selecção das espécies a cultivar; rotações; consociações;
adaptação do solo à cultura; preparação do solo; fertilizações; sementeira e
plantação (escolha das cultivares, uso de sementes certificadas, profundida-
de, densidade, compassos e épocas); amanhos e granjeios; regas e colheita.
A poda e a poda em verde podem também ser aqui integradas.
LUTA FÍSICA
A luta física contempla as acções que envolvem meios mecânicos, tér-
micos, electromagnéticos e sonoros, que têm por fim irradicar ou afastar
os inimigos (1; 3; 4).
• Os meios mecânicos contemplam mobilizações do solo, mondas ma-
nuais de infestantes e de frutos, destruição de restos de culturas infec-
tadas ou infestadas, eliminação de órgãos ou frutos infectados, apanha
de insectos à mão, alagamentos de solo e lavagem de árvores, a colo-
cação de armadilhas contra roedores, etc.
• Os meios térmicos envolvem a termoterapia (ar quente, água quente
e vapor de água) para destruição de vírus e tratamento de órgãos de
propagação vegetal, a solarização do solo contra fungos, nemátodos e
orobancas, a exposição directa de certos organismos à chama, até
níveis térmicos de sensibilidade e o controlo de algumas doenças por
refrigeração.
• Os meios electromagnéticos envolvem radiação electromagnética
– raios x, raios γ e luz UV – para o controlo de doenças.
• Ruídos sonoros incluem os ultra-sons usados para afugentar aves.
LUTA BIOLÓGICA
A luta biológica, simplisticamente falando, consiste no emprego de or-
ganismos vivos para controlar organismos nocivos. Baseia-se na acção de
organismos antagonistas naturais, indígenas ou introduzidos que, actuando
como predadores, parasitóides ou parasitas, reduzem as populações de ini-
44
CAPÍTULO 3 | M ÉTODOS DE P ROTECÇÃO OU M EIOS DE L UTA
migos das culturas. Esta definição contempla apenas certas classes de ar-
trópodes, que são, de facto, o grupo mais relevante, mas pode também ser
devida a patogénios.
Para uma boa compreensão convém definir alguns dos termos que são
aqui usados:
Auxiliar: organismo antagonista, com actividade parasitóide, predadora
ou patogénica, sobre inimigos das culturas.
• Parasitóide: organismo, normalmente da classe Insecta, que se desen-
volve total ou parcialmente à custa de um indivíduo de outra espécie,
acabando por provocar a sua morte e tendo vida livre na forma adulta.
Exemplos:
Encarsia formosa vs mosca branca
Trichograma maidis vs pirale do milho
Aphelinus mali vs afídeos
Cales noacki vs mosca branca dos citrinos
• Predador: organismo que necessita do consumo de mais de um indiví-
duo, normalmente capturado como presa, para completar o seu desen-
volvimento, tendo vida livre em todas as formas móveis.
Exemplos:
Chrysoperla carnea vs afídeos, mosca branca, trips
Coccinella spp. vs afídeos
Adalia bipunctata vs afídeos
Typhlodromus pyri vs aranhiço vermelho
• Patogénio: Fungos, bactérias e vírus responsáveis por provocar doen-
ças específicas em certas pragas
– Fungos: penetram na cutícula do insecto, produzem uma toxina
que o paralisa e acaba por matar.
Exemplos:
Beauveria spp. vs lepidópteros, coleópteros, dípteros
Enthomophtora spp. vs afídeos
– Bactérias e vírus: são ingeridos, provocam uma infecção, segue-
-se a paragem de alimentação e a morte por septicémia
Exemplos:
Bacillus thuringiensis vs vários lepidópteros
(nóctuas, processionária, pirale, traças, etc.)
Baculovírus vs bichado da macieira
Para além dos casos assinalados lembra-se a possibilidade de existência
na natureza de outras espécies que podem também ter uma actividade útil
neste processo. As aves insectívoras são um exemplo.
45
UTILIZAÇÃO DE P R O D U TO S F I TO FA R M A C Ê U T I C O S NA A G R I C U LT U R A
LUTA BIOTÉCNICA
É uma medida de luta directa que compreende todos os modos susceptí-
veis de alterar negativamente e de forma profunda certas funções vitais, quer
ligadas ao organismo nocivo, quer ao seu habitat e assim provocar a sua morte.
Abrange os Reguladores de Crescimento dos Insectos (RCI), os
semioquímicos e a luta autocida (3; 4; 25; 40).
a) Reguladores de Crescimento dos Insectos (RCI)
46
CAPÍTULO 3 | M ÉTODOS DE P ROTECÇÃO OU M EIOS DE L UTA
47
UTILIZAÇÃO DE P R O D U TO S F I TO FA R M A C Ê U T I C O S NA A G R I C U LT U R A
b) Semioquímicos
Os semioquímicos são substâncias ou mistura de substâncias que, emiti-
das por uma espécie, interferem no comportamento de organismos recepto-
res da mesma espécie ou de outra
Compreendem as feromonas e os aleloquímicos.
Feromonas – são produzidas em glândulas existentes em vários pontos
do corpo dos insectos, são específicas para várias espécies e podem exer-
cer efeitos de vária ordem sobre indivíduos da mesma espécie – efeito
de agregação, de dispersão, de pista, de alarme, de marcação e sexuais.
As de efeito sexual estão muito vulgarizadas entre nós, por exemplo no
bichado da fruta, na traça dos cachos, na traça da oliveira, etc., onde a
captura e contagem de cada uma destas espécies, relacionada com a sua
bioecologia, permite conhecer a sua evolução e decidir o melhor momen-
to dum tratamento.
Também as feromonas de efeito atractivo estão a demonstrar interes-
se ao permitirem não fazer aplicações na totalidade da área de uma
cultura, mas apenas em pequenas manchas, para as quais os insectos
são atraídos e onde foram aplicados insecticidas eficazes em mistura
com a substância atractiva (spot application). Ao contrário, o efeito
de dispersão leva a que os machos não encontrem as fêmeas.
Aleloquímicos – promovem a comunicação entre indivíduos de espé-
cies diferentes.
Compreende as alomonas, as cairomonas e as sinomonas, todas
com elevado interesse científico, mas com limitado interesse prático,
por agora.
Os fago-inibidores ou inibidores da alimentação incluem-se nas alo-
monas.
Exemplos: a substância activa pimetrozina é um exemplo a citar per-
mitindo o controlo de afídeos e moscas brancas em várias culturas e a
azaridactina (esta substância activa é também um RCI).
c) Luta autocida
Como o nome indica este método utiliza artrópodes contra artrópodes.
O uso prático mais conhecido é na mosca da fruta (Ceratitis capitata), e
consiste na largada de machos esterilizados, mas sexualmente competitivos,
48
CAPÍTULO 3 | M ÉTODOS DE P ROTECÇÃO OU M EIOS DE L UTA
LUTA QUÍMICA
Este método de luta consiste no uso de substâncias naturais ou de sín-
tese na protecção das plantas, no sentido de as proteger da influência de
factores bióticos. A base de suporte é fornecida pelos Produtos fitofarma-
cêuticos. Quando se fala de substâncias naturais, estão, normalmente, a
referir-se produtos de origem vegetal como o Pyretrum (Piretrina) proveni-
ente de uma planta Crysanthemum spp. (pampilho) ou a nicotina provenien-
te do Nicotiana tabacum (tabaco). Podem também ser considerados os
antibióticos, produzidos por fungos e usados contra bactérias. Todavia, o grande
grupo que aqui se inclui é o dos Produtos fitofarmacêuticos de síntese,
obtidos portanto por via química.
CRITÉRIOS DE ESCOLHA
Os métodos de luta atrás definidos permitem, em teoria, equacionar dois
tipos distintos de intervenção:
• A prevenção – corresponde a medidas indirectas, que se baseiam:
– no uso optimizado dos recursos naturais;
– nas práticas agrícolas sem impacte negativo nos ecossistemas;
– na protecção e aumento de organismos auxiliares.
• O controlo – corresponde a medidas directas, que assentam:
– no uso de medidas que agem exclusivamente sobre os organismos
nocivos a combater;
– na aplicação de medidas menos selectivas.
A decisão e o momento exacto para a intervenção, onde se inclui o uso
dos Produtos fitofarmacêuticos, provêm de dados obtidos em monitorização
e em sistemas e modelos de previsão com capacidade para caracterizar e
49
UTILIZAÇÃO DE P R O D U TO S F I TO FA R M A C Ê U T I C O S NA A G R I C U LT U R A
50
CAPÍTULO 3 | M ÉTODOS DE P ROTECÇÃO OU M EIOS DE L UTA
C A P Í T U L O 4
BOA PRÁTICA
FITOSSANITÁRIA
51
UTILIZAÇÃO DE P R O D U TO S F I TO FA R M A C Ê U T I C O S NA A G R I C U LT U R A
DEFINIÇÃO
O respeito pelo cumprimento da BPF traduz-se em:
• Segurança na utilização dos Produtos fitofarmacêuticos;
• LMR viáveis e possibilidade de comercialização da produção agrícola
tratada;
• Protecção fitossanitária das culturas.
O conceito de BPF foi desenvolvido pela Organização Europeia e Medi-
terrânica para a Protecção das Plantas (OEPP) na segunda metade da déca-
da de 1980, e veio somar-se a um outro conceito já existente – o da Boa
Prática Agrícola (BPA) para o uso de Produtos fitofarmacêuticos (45).
O conceito de BPA para os Produtos fitofarmacêuticos era e é adoptado
pelo Comité do Codex Alimentarius e seguido nos ensaios de resíduos.
Houve de início, na fase da criação da BPF, uma tentativa de enquadrar
esta na BPA, mas tal revelou-se impossível uma vez que a BPA:
• se baseava sobre os limites da prática aceitável, tal como definido nas
condições de homologação;
• abrangia apenas os Produtos fitofarmacêuticos individualmente e não
em associação ou num programa de luta;
• não adiantava qualquer critério de escolha para dizer se uma dada
prática é satisfatória fora das condições nacionais da homologação;
• referia-se fundamentalmente a problemas de resíduos.
52
CAPÍTULO 4 | B OA P RÁTICA F ITOSSANITÁRIA
53
UTILIZAÇÃO DE P R O D U TO S F I TO FA R M A C Ê U T I C O S NA A G R I C U LT U R A
54
CAPÍTULO 4 | B OA P RÁTICA F ITOSSANITÁRIA
55
UTILIZAÇÃO DE P R O D U TO S F I TO FA R M A C Ê U T I C O S NA A G R I C U LT U R A
O RÓTULO DO PRODUTO
FITOFARMACÊUTICO
SUA IMPORTÂNCIA
O rótulo de cada Produto fitofarmacêutico é, sem dúvida, o documento
mais importante para a sua caracterização.
Trata-se de um documento oficialmente aprovado pela Autoridade de
Registo – a DGPC – e sobre o qual inúmeros técnicos especializados em
diversos áreas se debruçaram.
É o «cartão de identidade» do Produto fitofarmacêutico. Sintetiza e
reflecte a generalidade dos estudos feitos, que se distribuem por áreas
como:
Biologia eficácia;
fitotoxicidade;
possíveis efeitos nas culturas seguintes;
eventuais problemas de resistência.
56
CAPÍTULO 4 | B OA P RÁTICA F ITOSSANITÁRIA
PRINCIPAIS COMPONENTES
No Rótulo de um produto há a considerar quatro «campos» com quatro
tipos de informação distinta:
a) Identificação do produto e da empresa
– nome comercial;
– designação da substância activa;
– tipo de formulação;
– composição quantitativa e qualitativa;
– conteúdo líquido;
– n.º de Autorização de Venda (AV);
– n.º de lote;
– nome, endereço e contacto do titular da AV;
– Frase: «Manter fora do alcance das crianças»;
– Frases derivadas da Directiva das Preparações Perigosas: «Este pro-
duto destina-se a ser utilizado por agricultores e outros aplicadores de
Produtos fitofarmacêuticos»; «Para evitar riscos para os seres hu-
manos e para o ambiente, respeitar as instruções de utilização».
b) Finalidades e usos
– que tipo de produto: fungicida, insecticida, herbicida, etc.;
– que patogénios, pragas e infestantes controla, sua identidade.
c) Condições de utilização
– modo de preparar a calda;
– doses ou concentrações preconizadas;
– número de aplicações;
– intervalo entre aplicações;
– estados fenológicos aconselhados;
– volume de calda.
d) Precauções toxicológicas, ecotoxicológicas e ambientais
– símbolos toxicológicos (homem e ambiente);
– frases de risco;
– frases de segurança;
– Intervalo de Segurança (IS);
– tratamento de emergência em caso de acidente.
Não haverá tratamentos bem executados caso o operador não tenha lido
e interpretado devidamente o conteúdo do rótulo. Por isso, antes de usar
um Produto fitofarmacêutico, aconselha-se ler o rótulo e cumprir in-
tegralmente o que nele se diz.
57
UTILIZAÇÃO DE P R O D U TO S F I TO FA R M A C Ê U T I C O S NA A G R I C U LT U R A
MÉTODOS DE APLICAÇÃO
Na aplicação dos Produtos fitofarmacêuticos as máquinas desempenham
um papel fundamental. Por melhor que seja um Produto fitofarmacêutico, a
sua aplicação, se irregularmente feita ou mal conduzida, leva certamente a
resultados piores que os esperados.
Os principais métodos de aplicação, por vezes dependentes do tipo de
formulação, podem classificar-se do seguinte modo (42):
Polvilhação – feita por polvilhadores
ou espalhamento
Pulverização – feita por pulverizadores:
· de jacto projectado;
· de jacto transportado;
· pneumáticos;
· centrífugos.
Nebulização – feita por nebulizadores:
· térmicos;
· a frio.
Distribuição – feita por distribuidores de grânulos.
de grânulos
Dos quatro métodos referidos, a pulverização é o de maior importância
prática. A grande excepção, em termos agrícolas, está ligada ao enxofre
58
CAPÍTULO 4 | B OA P RÁTICA F ITOSSANITÁRIA
59
UTILIZAÇÃO DE P R O D U TO S F I TO FA R M A C Ê U T I C O S NA A G R I C U LT U R A
MUITO ULTRA
ALTO MÉDIO BAIXO
CULTURAS BAIXO BAIXO
VOLUME VOLUME VOLUME
VOLUME VOLUME
Arbóreas e
Arbustivas
> 1000 500-1000 200-500 5-200 £5
Quadro 4.1 • Classificação dos volumes de calda por tipo de cultura (litros)
As aplicações que vão do alto volume ao baixo volume são ainda as mais
vulgarizadas e têm as características que se descrevem (42):
Alto Volume – a calda é distribuída sob efeito de pressão hidráulica dada
por um êmbolo, característico dos pulverizadores de jacto projectado.
Médio e Baixo Volume – a calda é distribuída por uma forte corrente
de ar fornecida por uma ventoinha, como nas turbinas (pulverizadores
de jacto transportado) e dos atomizadores (pulverizadores pneumáti-
cos). Porém, por razões de ordem económica, nas grandes culturas
extensivas, há uma forte tendência para usar o UBV, em especial com
insecticidas. Nestes casos, em contraponto com as razões económicas,
existe o maior drift e os riscos toxicológicos e ambientais inerentes ao
manuseamento e uso de formulações altamente concentradas.
No limite, a aplicação UBV é feita através de rotores, montados em
aviões.
Quando se trabalha com barras de pulverização ou turbinas com vários
pontos de saída de calda, o cálculo do débito faz-se para um bico e este valor
multiplica-se pelo número de saídas presentes. O débito de um bico define-
se como o fluxo de calda que este projecta por unidade de tempo e exprime-
se em litros por minuto (l/min.). O débito é função da abertura dos bicos e
da pressão de trabalho e está expresso em tabelas.
Para que o êxito da pulverização possa ser maximizado, há outros parâ-
metros a ter em conta e que se analisam de seguida.
60
CAPÍTULO 4 | B OA P RÁTICA F ITOSSANITÁRIA
61
UTILIZAÇÃO DE P R O D U TO S F I TO FA R M A C Ê U T I C O S NA A G R I C U LT U R A
TIPOS DE BICOS
Existem diversos tipos de bicos e em cada tipo há a considerar a abertura,
que a uma dada pressão origina um certo débito. Os tipos de bico mais co-
muns e aconselhados, são os indicados no quadro 4.5.
Quadro 4.5 • Relação entre tipo de bico, seu uso e faixa pulverizada
62
CAPÍTULO 4 | B OA P RÁTICA F ITOSSANITÁRIA
63
UTILIZAÇÃO DE P R O D U TO S F I TO FA R M A C Ê U T I C O S NA A G R I C U LT U R A
CALIBRAÇÃO DO APARELHO
Cenário prático:
Temos uma cultura com uma dada extensão e com um ou mais inimigos.
Temos um ou mais produtos seleccionados para os combater.
Escolhe-se o método de tratamento (pulverização) e o aparelho a usar
(implícita a escolha aproximada do volume de calda/ha, do tipo de bico e da
sua abertura).
Estamos a trabalhar com herbicidas e pretendemos aplicar um produto na
dose de 4 kg por hectare em pulverização a médio volume.
Tomadas estas decisões, segue-se a calibração, também designada por
ensaio em branco, operação que deve sempre preceder a aplicação real.
Para simplificar trabalhamos com um pulverizador de dorso:
1. Enche-se o depósito do pulverizador com água;
2. Pulveriza-se uniformemente e com um dado andamento (velocidade),
uma área de cultura ou solo previamente marcada (por exemplo
100 m2 = 20 m x 5 m);
3. Mede-se a água consumida voltando a encher o depósito (exemplo 5 litros)
4. Um simples cálculo conduz à calibração, isto é, ao volume/ha:
10000 x 5 : 100 = 500 litros/ha;
5. Repete-se a operação, mantendo o andamento constante, para confir-
mação;
6. Os 4 kg de produto (dose) têm de ser aplicados num volume de calda
de 500 litros, num hectare.
Este exemplo pode extrapolar-se para os casos de equipamento mais com-
plexo, com um ou mais pontos de saída de calda.
No caso de várias saídas (por exemplo: barra de bicos) o débito global é
igual à soma do débito de cada bico, devendo ser assegurado que todos fun-
cionam de idêntico modo.
Quando se trabalha com herbicidas estes são recomendados em doses,
o que significa a quantidade de Produto fitofarmacêutico a usar por
unidade de área (kg/ha ou l/ha).
Mas quando se trabalha com fungicidas e insecticidas a recomendação
de uso pode fazer-se em dose ou em concentração.
Qualquer que seja o Produto fitofarmacêutico, sempre que se recomende
usar em dose, o procedimento da calibração do aparelho de pulverização é
semelhante ao atrás descrito. Quando se trata de concentração o procedi-
mento é diferente.
64
CAPÍTULO 4 | B OA P RÁTICA F ITOSSANITÁRIA
MISTURA DE PRODUTOS
FITOFARMACÊUTICOS
A grande utilização dos Produtos fitofarmacêuticos é feita na protecção
das culturas e dos géneros agrícolas. Cada cultura tem os seus inimigos, que
podem ser específicos ou não, os mais comuns dos quais são as doenças, as
pragas e as infestantes.
65
UTILIZAÇÃO DE P R O D U TO S F I TO FA R M A C Ê U T I C O S NA A G R I C U LT U R A
CARACTERÍSTICAS INDIVIDUAIS
DOS PRODUTOS FITOFARMACÊUTICOS
66
CAPÍTULO 4 | B OA P RÁTICA F ITOSSANITÁRIA
COMPATIBILIDADES
As compatibilidades das misturas apontadas nas tabelas resultam de aná-
lises físico-químicas que determinam essencialmente a solubilidade e a capa-
cidade de suspensão e são feitas de acordo com métodos laboratoriais
internacionais, recomendados para esses fins e por norma só respondem por
grupos de produtos dois a dois.
Porém, numa mistura podem também ocorrer fenómenos de degrada-
ção e de reacção, entre os vários elementos químicos em presença, e se-
rem gerados fenómenos de sinergismo, potenciação ou antagonismo, de
difícil percepção.
Quando as misturas são aconselhadas no rótulo, elas traduzem, por regra,
além das análises laboratoriais, resultados de experimentação biológica e di-
zem normalmente respeito a Produtos fitofarmacêuticos com a mesma ori-
gem. Pelas razões apontadas, as misturas de Produtos fitofarmacêuticos devem
ser sempre bem fundamentadas e justificadas. Quando houver dúvidas, elas
poderão, em parte, ser resolvidas com uma experimentação elementar, a ní-
vel da exploração agrícola, por parte do agricultor.
Porém, para além das compatibilidades física, química e biológica a
que se fez referência, poderá ainda equacionar-se a compatibilidade agro-
nómica, definindo-se esta com uma simples interrogação, a fazer antes da
tomada de decisão – valerá a pena esta mistura?
É que são conhecidos casos práticos de misturas sem qualquer suporte
técnico que os valide.
67
C A P Í T U L O 5
RISCOS, PRECAUÇÕES
E SEGURANÇA
NA UTILIZAÇÃO
DOS PRODUTOS
FITOFARMACÊUTICOS
Ao serem aplicados, os
Produtos fitofarmacêuticos são
deliberadamente introduzidos
no ambiente e podem causar
contaminações. Face aos
estudos de risco, a Boa Prática
Fitossanitária (BPF) incorpora
as medidas mitigantes e as O B J E C T I V O S
precauções necessárias à sua
• Indicam-se os riscos inerentes ao Produ-
prevenção. Assim, ler e tos fitofarmacêuticos nos planos toxico-
cumprir as instruções do rótulo lógico, ecotoxicológico e ambiental.
AVALIAÇÃO TOXICOLÓGICA
Na avaliação toxicológica de cada Produto fitofarmacêutico estão em causa
o estudo e a análise das suas propriedades toxicológicas e os possíveis
efeitos na saúde do Homem.
Os principais estudos toxicológicos incidem sobre a substância activa
e são:
• Toxicidade aguda, em relação a cada via de exposição
– oral;
– dermal;
– inalação.
A toxicidade aguda expressa-se em:
– DL50 (ou LD50), Dose Letal que mata 50% de indivíduos de uma po-
pulação normal. Expressa-se em mg por kg de peso vivo (mg/kg pv);
– CL50 (ou LC50), Concentração Letal em gás, vapor ou água que
mata 50% de uma população normal em dado tempo. Expressa-se
em mg por litro, com indicação do tempo [(x tempo) (mg/l)];
– DAR, Dose Aguda de Referência, que equivale à dose que adminis-
trada uma única vez num dia ou, distribuída por várias tomas ao longo
de 24 horas, não provoca qualquer efeito adverso nos animais. Ex-
pressa-se em mg por kg de peso vivo, por dia (mg/kg pv/dia).
• Toxicidades crónica e subcrónica;
• Carcinogenia;
• Mutagenia;
70
CAPÍTULO 5 | R ISCOS , P RECAUÇÕES E S EGURANÇA NA U TILIZAÇÃO DOS P RODUTOS F ITOFARMACÊUTICOS
71
UTILIZAÇÃO DE P R O D U TO S F I TO FA R M A C Ê U T I C O S NA A G R I C U LT U R A
FRASES DE RISCO
(QUE APONTAM PARA O PERIGO)
• que derivam da toxicidade aguda
Exemplos:
– Irritante para os olhos/para a pele/por inalação;
– Pode causar sensibilização em contacto com a pele/por inala-
ção;
– Muito tóxico por ingestão/em contacto com a pele/por inalação;
– Nocivo por ingestão/em contacto com a pele/por inalação;
– Outras.
• que derivam de outros estudos de toxicidade
Exemplos:
– Perigo de efeitos cumulativos;
– Pode causar cancro por inalação;
– Pode comprometer a fertilidade;
– Outras.
72
CAPÍTULO 5 | R ISCOS , P RECAUÇÕES E S EGURANÇA NA U TILIZAÇÃO DOS P RODUTOS F ITOFARMACÊUTICOS
FRASES DE SEGURANÇA
(QUE DERIVAM DAS FRASES DE RISCO)
Exemplos:
– Ler o rótulo;
– Manter fora do alcance das crianças;
– Guardar fechado à chave;
– Evitar o contacto com os olhos;
– Evitar o contacto com a pele;
– Usar luvas adequadas durante a preparação da calda e aplicação
do produto;
– Usar vestuário de protecção adequado;
– Outras.
PERIGO E RISCO
Para quem utiliza um Produto fitofarmacêutico, o perigo reside na sua
toxicidade, quase sempre associada à substância activa e por vezes a al-
guns formulantes.
O risco define-se como a probabilidade dos efeitos ocorrerem face a
uma dada situação de exposição:
Risco = Toxicidade x Exposição
(do produto) (do utilizador)
Para cada produto, a toxicidade expressa-se pelo símbolo toxicológico
e é um valor fixo. Assim, a redução do risco passa pela redução da expo-
sição – via oral, dermal ou inalação – ou, no limite, através do uso de EPI.
73
UTILIZAÇÃO DE P R O D U TO S F I TO FA R M A C Ê U T I C O S NA A G R I C U LT U R A
AVALIAÇÃO DE RISCO
A avaliação do risco do operador faz-se pela comparação de dois
parâmetros (23):
• um é o Nível Aceitável de Exposição do Operador (NAEO): es-
tudos específicos de toxicidade em animais levam ao estabelecimento
do Nível Sem Efeito Observável (NSEO) e, através de factores
de segurança, ao estabelecimento do NAEO;
• o outro é o Nível de Exposição (NE): cálculos em modelo determi-
nam o pior caso de exposição do operador e se este caso evidenciar
potenciais riscos, segue-se a determinação do NE em experimentação
de campo apropriada, com cenários reais, cobrindo os vários tipos de
operadores. O Produto fitofarmacêutico é usado de acordo com a BPF
e utiliza-se material de aplicação e EPI variados. O quadro 5.2 esque-
matiza o processo. O NE não deve ser superior ao NAEO.
Estudos de exposição
do operador NSEO
Factores de segurança
NE NAEO
Cenários possíveis:
NE < NAEO => OK
NE = NAEO => OK
NE > NAEO => Risco !!!
GESTÃO DO RISCO
O risco torna-se patente sempre que o NE for superior a NAEO. A sua
gestão faz-se, na sua forma mais simplificada, através da adopção de medi-
das que passam pelo uso do EPI, a constar das precauções do rótulo. Mas
pode também passar por alterações nos modos e sistemas de aplicação, por
adaptação das formulações (substituindo formulantes) ou pelo melhoramento
das embalagens.
74
CAPÍTULO 5 | R ISCOS , P RECAUÇÕES E S EGURANÇA NA U TILIZAÇÃO DOS P RODUTOS F ITOFARMACÊUTICOS
75
UTILIZAÇÃO DE P R O D U TO S F I TO FA R M A C Ê U T I C O S NA A G R I C U LT U R A
AVALIAÇÃO DE RISCO
A avaliação do risco faz-se pela comparação dos valores provenientes
de estudos de toxicidade de longo prazo, com ingestão diária do produto,
que levam ao estabelecimento do Nível Sem Efeito Observável (NSEO)
e através de factores de segurança ao estabelecimento da Ingestão Diária
Aceitável (IDA), por outro lado, e dos valores resultantes da aplicação
76
CAPÍTULO 5 | R ISCOS , P RECAUÇÕES E S EGURANÇA NA U TILIZAÇÃO DOS P RODUTOS F ITOFARMACÊUTICOS
Estudos de resíduos
NSEO
LMR
DDMT IDA
DDME
Cenários possíveis:
DDMT < IDA => OK
DDMT = IDA => OK
DDMT > IDA => Risco !!! Fazem-se cálculos refinados com resíduos
reais, considerando o processamento caseiro ou industrial dos géneros agrí-
colas em causa e estabelece-se a Ingestão Diária Máxima Estimada –
DDME, que passa a substituir a DDMT.
A partir da segunda metade da dácada de 1990 o processo de avaliação
passou a incluir também a Dose Aguda de Referência (DAR) tendo este
parâmetro funções idênticas à IDA.
GESTÃO DO RISCO
O risco torna-se patente se a DDME for superior à IDA.
A sua gestão faz-se através da adopção de medidas mitigantes (uma ou
várias), a incidir sobre a limitação dos usos propostos.
As medidas que podem ser tomadas são as seguintes:
• n.º de culturas (redução);
• n.º de tratamentos (redução);
• intervalo entre tratamentos;
• época de tratamentos (timing);
• condições de aplicação (ex. estufa, ar livre);
• estabelecimento de IS (IS mais longo).
77
UTILIZAÇÃO DE P R O D U TO S F I TO FA R M A C Ê U T I C O S NA A G R I C U LT U R A
AVALIAÇÃO DO COMPORTAMENTO
E EXPOSIÇÃO NO AMBIENTE
E NAS ESPÉCIES NÃO VISADAS
Uma vez aplicados, os Produtos fitofarmacêuticos são deliberadamente
introduzidos no ambiente e distribuem-se pelo solo, água, ar, sedimento e biota.
Sendo-lhes inerente uma certa perigosidade, são susceptíveis de causar
impacte ambiental, quer ao nível de organismos vivos, quer de populações e
comunidades (2; 13; 47).
Daí que tenha de haver cuidados especiais a cumprir na decisão e na
prática da sua utilização.
O impacte ambiental de cada Produto fitofarmacêutico pressupõe:
• A identificação de perigo – baseada nas propriedades e caracterís-
ticas do Produto fitofarmacêutico e na sua toxicidade;
• A avaliação de perigo – tendo em conta os usos, a exposição e os
efeitos;
• A avaliação de risco – conducentes à aceitação ou não do uso pro-
posto;
• A gestão do risco – que comporta a tomada de medidas que levam à
diminuição do risco, o que passa pela diminuição da exposição da subs-
tância activa no ambiente.
A avaliação do impacte no solo, na água e no ar implica conhecer:
• A dinâmica de cada compartimento, através de estudos sobre:
– propriedades físicas, químicas e de partição;
– distribuição e comportamento em cada compartimento (solo,
água, ar);
O conhecimento da dinâmica baseia-se em estudos de:
– taxa de degradação (TD50, TD90; relevância dos produtos formados);
– taxa de dissipação (TD50, TD90; relevância dos produtos formados);
– persistência (persistente ou não persistente);
– acumulação (nível máximo de resíduos e plateau de acumulação);
– mobilidade-lixiviação (kom, koc, teor no lixiviado);
– volatilização.
• A estimativa das concentrações ambientais previstas (CAP),
através de estudos envolvendo:
– os usos previstos para o Produto fitofarmacêutico;
78
CAPÍTULO 5 | R ISCOS , P RECAUÇÕES E S EGURANÇA NA U TILIZAÇÃO DOS P RODUTOS F ITOFARMACÊUTICOS
volatilização
ÁGUA arrastamento
decomposição decomposição
biológica e decomposição biológica
química química
arrastamento
Figura 5.2 • Destino dos produtos fitofarmacêuticos no ambiente
site de aplicação
volatilidade
fotólise
evapotranspiração factores hidrólise
ambientais lavagem pela chuva
drift
adsorção
factores de penetração
fora distribuição
transporte
do alvo translocação
factores activação
bioquímicos detoxificação
adsorção
site de interacção do
acção receptor
Figura 5.3 • Factores que determinam a concentração da substância activa no local de acção
79
UTILIZAÇÃO DE P R O D U TO S F I TO FA R M A C Ê U T I C O S NA A G R I C U LT U R A
efeitos em
artrópodos
AR benéficos
efeitos em
bio-acumulação microorganismos
do lodo efeitos em
mamíferos
ÁGUA
efeitos em efeitos em
peixes aves efeitos em
abelhas
efeitos em
invertebrados efeitos em
algas e plantas
efeitos em
microorganismos
SOLO efeitos em
invertebrados do solo
SOLO
Visa-se manter os resíduos de Produtos fitofarmacêuticos ao nível mais
baixo possível, de modo a:
• os macro e microorganismos não serem afectados;
• não se verificar fitotoxicidade nas culturas presentes ou que se segui-
rem na rotação;
• não haver resíduos nas culturas;
• não haver contaminação dos lençóis freáticos.
Como proceder para evitar contaminações?
Tendo cuidado na utilização dos Produtos fitofarmacêuticos, nomeada-
mente:
• Escolher o material de aplicação adequado para o uso pretendido;
• Preparar os volumes de calda adequados às áreas a tratar;
80
CAPÍTULO 5 | R ISCOS , P RECAUÇÕES E S EGURANÇA NA U TILIZAÇÃO DOS P RODUTOS F ITOFARMACÊUTICOS
ÁGUA
Há a considerar as águas subterrâneas e as águas superficiais.
Qualquer delas não deve ser afectada por resíduos de Produtos fitofar-
macêuticos e a sua protecção pressupõe:
• proteger a qualidade das águas destinadas a consumo humano;
• proteger as espécies aquáticas (vertebrados e invertebrados aquá-
ticos e plantas aquáticas);
a) Águas subterrâneas
Em Portugal a maioria da água para consumo humano, cerca de 70%,
provém de águas subterrâneas (38). Assim, ao falar-se de águas subter-
râneas, subentende-se serem águas para consumo humano.
O arrastamento de resíduos de Produtos fitofarmacêuticos através
do perfil do solo é a principal via de contaminação.
81
UTILIZAÇÃO DE P R O D U TO S F I TO FA R M A C Ê U T I C O S NA A G R I C U LT U R A
b) Águas superficiais
Também podem servir para consumo humano, mas neste caso têm de
explicitar tal facto dizendo água superficial destinada a consumo huma-
no e então as exigências são as das águas subterrâneas (Decreto Lei n.º 74/
/90, de 7 de Março).
Como proceder para evitar contaminações na águas superficiais?
A principal via de contaminação está associada às práticas culturais,
devendo ser evitado o arrastamento e o escorrimento da calda, a erosão e o
arrastamento de solos tratados e também as operações de limpeza do equipa-
mento de pulverização, pelo que se deve:
• Preparar a calda afastado das linhas de água, poços, furos, nascentes,
(mais de 10 m);
82
CAPÍTULO 5 | R ISCOS , P RECAUÇÕES E S EGURANÇA NA U TILIZAÇÃO DOS P RODUTOS F ITOFARMACÊUTICOS
AR
No momento, é o compartimento sobre o qual incide menor regulamentação.
A principal via de contaminação do ar está ligada às técnicas de apli-
cação, particularmente quando se trabalha com gotas de pequena dimensão
(atomização, aplicações UBV, etc.).
Não é de aceitar na atmosfera uma concentração de substância acti-
va, resultante do uso proposto para um Produto fitofarmacêutico, que ultra-
passe o NAEO ou os valores limite de exposição para operadores, assistentes
ou trabalhadores.
83
UTILIZAÇÃO DE P R O D U TO S F I TO FA R M A C Ê U T I C O S NA A G R I C U LT U R A
Estudos de distribuição
e degradação no ambiente
CAP NSEO
Cenários possíveis:
CAP < NSEO => OK
CAP = NSEO => OK
CAP > NSEO => Risco !!!
84
CAPÍTULO 5 | R ISCOS , P RECAUÇÕES E S EGURANÇA NA U TILIZAÇÃO DOS P RODUTOS F ITOFARMACÊUTICOS
GESTÃO DO RISCO
É feita uma avaliação seguida de decisão que tem como consequência
definir se existe ou não risco e caso exista se ele pode ser aceite (tole-
rado) ou não. Um risco inaceitável, pode levar a uma proibição ou pode
tornar-se aceitável mediante a indicação de precauções ecotoxicológicas
a constar do rótulo (12; 13; 43; 44; 47). As precauções ecotoxicológicas
podem contemplar:
• A indicação de símbolo de toxicidade (é uma das mais recentes
medidas de precaução).
Perigoso
para o ambiente
85
UTILIZAÇÃO DE P R O D U TO S F I TO FA R M A C Ê U T I C O S NA A G R I C U LT U R A
EQUIPAMENTO DE PROTECÇÃO
INDIVIDUAL
Na utilização dos Produtos fitofarmacêuticos há riscos que importa con-
trolar ou diminuir, uma vez que a sua eliminação não é possível.
É sabido que os meios disponíveis não são os mais apropriados, nomea-
damente por falta de um quadro legislativo regulador, semelhante ao exis-
tente para a Homologação. A certificação de aplicadores e de empresas
aplicadoras cuja regulamentação se aguarda para breve, será uma forte
ajuda nesta área.
A estratégia de defesa da saúde e segurança dos utilizadores de Produtos
fitofarmacêuticos, passa pelo uso de Equipamento de Protecção Individual
(EPI), que se tornou obrigatório.
A exposição relaciona-se directamente com a actividade que se desenvol-
ve, no complexo circuito que vai do fabrico à aplicação e até para além dela,
conforme figura 5.5.
Por sua vez o tipo de EPI a usar varia com a fase e a natureza da exposi-
ção e as suas características devem ter em vista as tarefas e os prováveis
riscos inerentes, conforme os quadros 5.5 e 5.6 (20).
86
CAPÍTULO 5 | R ISCOS , P RECAUÇÕES E S EGURANÇA NA U TILIZAÇÃO DOS P RODUTOS F ITOFARMACÊUTICOS
Sem Classificação Os métodos de trabalho correctos exigem a utilização de fatos de protecção, luvas
(isentos) sem forro, máscaras e botas durante a manipulação dos Produtos fitofarmacêuticos
87
UTILIZAÇÃO DE P R O D U TO S F I TO FA R M A C Ê U T I C O S NA A G R I C U LT U R A
TRANSPORTE DE PRODUTOS
FITOFARMACÊUTICOS EM SEGURANÇA
O Decreto Lei n.º 267-A/2003, de 27 de Outubro, aprova a Lei-Quadro
do Transporte Rodoviário de Mercadorias Perigosas e o Regulamento Nacio-
nal do Transporte de Mercadorias Perigosas por Estrada (RPE), o que signifi-
ca a regulamentação do transporte por estrada das mercadorias classificadas
como perigosas. No Transporte Rodoviário Internacional aplica-se o Acordo
Europeu relativo ao Transporte de Mercadorias Perigosas por Estrada (ADR).
Das mercadorias classificadas como perigosas para efeito de transporte,
fazem parte inúmeras substâncias químicas, distribuídas por nove classes,
nas quais se inclui a maioria dos Produtos fitofarmacêuticos. A razão da pe-
rigosidade reside nas propriedades e características de tais mercadorias, sus-
ceptíveis de, em caso de acidente, poderem causar danos em pessoas, animais,
bens e meio Ambiente.
Esta classificação para efeitos de transporte é independente da classifica-
ção toxicológica atrás referida. Para prevenir ou evitar eventuais acidentes
com os produtos transportados, há que cumprir algumas regras básicas ( 8; 18).
Relativamente a viaturas
• Com cabina separada da caixa de carga e esta estar limpa seca e em
bom estado;
• Com caixa de carga fechada ou com cobertura;
• Que cumpram inspecções regulares;
• Equipamentos de sinalização, protecção e segurança;
88
CAPÍTULO 5 | R ISCOS , P RECAUÇÕES E S EGURANÇA NA U TILIZAÇÃO DOS P RODUTOS F ITOFARMACÊUTICOS
89
UTILIZAÇÃO DE P R O D U TO S F I TO FA R M A C Ê U T I C O S NA A G R I C U LT U R A
Fichas de segurança
Emitidas pelo expedidor e destinadas ao condutor, onde consta:
• A designação ADR/RPE das mercadorias;
• Disposições a tomar em caso de acidente (incêndio, derrame ou ou-
tro), ou em caso de ter havido contacto entre pessoas e as mercado-
rias transportadas.
90
CAPÍTULO 5 | R ISCOS , P RECAUÇÕES E S EGURANÇA NA U TILIZAÇÃO DOS P RODUTOS F ITOFARMACÊUTICOS
ARMAZENAMENTO DE PRODUTOS
FITOFARMACÊUTICOS EM SEGURANÇA
Porquê e como se armazenam os Produtos fitofarmacêuticos?
Os Produtos fitofarmacêuticos devem ser convenientemente armazena-
dos a fim de que:
• Os teores em substância activa e as propriedades físico-químicas de
cada um sejam mantidos;
• A contaminação entre si seja evitada.
Como pode ser feito?
• Através de uma arrumação adequada, que possibilite a sua identifica-
ção (leitura do rótulo);
• Em embalagens originais;
• Em quantidades facilmente controláveis;
• Com renovação de stocks.
O Decreto Lei n.º 370/99, de 18 de Setembro, determina que os esta-
belecimentos comerciais e de serviços cujo funcionamento envolva riscos
para a saúde e segurança das pessoas, sejam objecto de um processo de
licenciamento concedido por uma única entidade – a Câmara Municipal.
Uma vez concluída a obra, o interessado requer a concessão da licença
de utilização e este pedido deverá ser acompanhado por um plano de emer-
gência e segurança, que a Câmara Municipal, por sua vez, remete ao Servi-
ço Nacional de Bombeiros.
Assim, tendo em conta as propriedades e as características dos Produtos
fitofarmacêuticos e também a capacidade do armazém, há a considerar os
seguintes principais aspectos (7; 18; 57):
Localização do armazém
• Fora dos aglomerados populacionais e em edifícios próprios;
• Afastado de cursos ou linhas de água;
• Local de fácil acesso.
91
UTILIZAÇÃO DE P R O D U TO S F I TO FA R M A C Ê U T I C O S NA A G R I C U LT U R A
Construção
• Com materiais incombustíveis;
• Com pavimento estanque e com retenção de águas (bacia de retenção);
• Com cobertura e ventilação adequadas;
• Com instalação eléctrica adequada;
• Com paredes corta-fogo;
• Com portas corta-fogo e saídas de emergência;
• Com zonas diferenciadas de armazenagem;
• Com detecção, alarme e combate a incêndios;
• Com tubagens de águas pluviais protegidas;
• Com zonas administrativa e social separadas da zona de armazém;
• Com estação de carregamento de baterias separada do armazém;
• Com instalações sanitárias e chuveiro de emergência, etc.
Cuidados no armazenamento
• Arrumação por famílias de produtos e dentro destas segundo as clas-
ses de perigo;
• Não armazenar directamente sobre o pavimento;
• Armazenar afastado das paredes e lâmpadas;
• Manter a estabilidade do armazenamento em altura;
• Manter corredores e saídas funcionais;
• Não armazenar embalagens abertas ou danificadas;
• Observar a regra primeiro produto a entrar, será o primeiro a sair.
92
GLOSSÁRIO
A C
Acção translaminar • Os insecticidas e fungi- Cutícula • É uma estrutura complexa compos-
cidas penetrantes atravessam a cutícula ta em grande parte de uma associação
dos insectos e a epiderme dos vegetais entre proteínas e quitina. Estes materiais
mas não são transportados nos vasos, encontram-se nas camadas superiores
tendo apenas capacidade, nomeadamen- das moléculas epidérmicas em estratos
te na fase de vapor, de atravessar algumas sucessivos com o aspecto de contrapla-
camadas de células, evidenciando a activi- cado o que confere à cutícula proprieda-
dade translaminar ou alguma difusão late- des mecânicas. A componente quitina é
ral em torno do local de penetração (3; 4). um carbohidrato (polissacarido), tem uma
estrutura semelhante à celulose, mas
Adjuvantes • Produtos que se adicionam a um
possui átomos de azoto.
outro Produto fitofarmacêutico na altura da
aplicação, a fim de melhorar a sua activi-
dade específica. São também designados
por adjuvantes de uso extemporâneo (13).
D
Ambiente • O ar, a água, a terra, a fauna selva-
gem e a flora espontânea, bem como as Drift • Deriva.
inter-relações entre estes diversos ele-
mentos e as relações existentes entre eles
e qualquer organismo vivo (13).
Agricultura sustentável • A agricultura sus- E
tentável mantém indefinidamente a sua
Ecotoxicologia • Ciência que estuda os efei-
produtividade e utilidade para a socieda-
tos nocivos dos agentes químicos nos
de recorrendo a sistemas agrícolas que
elementos componentes do ambiente. É
conservem os recursos naturais, protejam
um ramo da Toxicologia.
o ambiente, produzam eficientemente,
compitam comercialmente e melhorem a
qualidade de vida dos agricultores e da
sociedade como um todo (3; 4).
Auxiliar • Organismo antagonista com activi- H
dade predadora, parasitóide, parasita ou Hormonas (insectos) • São substâncias for-
patogénica, de organismos inimigos das madas em glândulas especiais, regula-
culturas (3; 4). doras de fenómenos como as mudas e
as metamorfoses. São transportadas pela
Aviso Agrícola • Conselho de natureza bioló-
hemolinfa.
gica, fenológica, climática e/ou fitiátrica,
dado aos agricultores pelas estações de
avisos no sentido de permitir avaliar os
riscos devidos aos inimigos das suas cul-
turas e de dicidir sobre a necessidade, I
oportunidade e natureza das intervenções
fitiátricas, privilegiando, sempre que pos- Inimigo da cultura • Organismo prejudicial
sível, a protecção integrada (3; 4). para uma cultura.
UTILIZAÇÃO DE P R O D U TO S F I TO FA R M A C Ê U T I C O S NA A G R I C U LT U R A
M R
Medida de protecção • Métodos de combate Regulador de Crescimento das plantas •
contra os inimigos das culturas, envolven- Constituem, no conjunto dos principais
do medidas indirectas de luta ou meios Produto fitofarmacêuticos, o único grupo
directos de luta (3; 4). que não se destina a actuar sobre os ini-
migos das culturas. A maioria dos Regu-
Meio de luta • (ver Medida de protecção).
ladores de Crescimento produz os seus
Multisite (ou multi-site) • Produto fitofarma- efeitos interferindo com o balanço hormo-
cêutico que actua sobre mais de um pro- nal endógeno que controla o processo fi-
cesso fisiológico ou bioquímico do siológico das plantas (28).
organismo a combater.
Regulador de Crescimento (de insectos ou
ácaros) • Produto fitofarmacêutico que ac-
tua sobre o sistema endócrino dos artró-
podos, alterando a normal acção das
O hormonas por ele produzidas.
Organismo prejudicial ou nocivo • Os inimi- Risco • Probabilidade de ocorrência de efei-
gos dos vegetais e dos produtos vegetais tos adversos face a uma situação de ex-
pertencentes aos reinos animal ou vege- posição.
tal, bem como vírus, bactérias e micoplas-
mas ou outros agentes patogénicos (13).
S
Site • Local (de aplicação, de acção, etc.).
P
Substâncias activas • As substâncias ou mi-
Perigo • Características de toxicidade intrín-
croorganismos, incluindo vírus, que exer-
secas das substâncias activas.
çam uma acção geral ou específica sobre
Prejuízo • Redução, com importância econó- os organismos prejudiciais os vegetais,
mica, da produção de uma cultura, quer partes de vegetais ou produtos vegetais. A
em quantidade quer em qualidade, cau- maioria das substâncias activas são pro-
sada por inimigos da cultura (3; 4). dutos químicos de síntese, mas há algu-
mas (poucas) com origem diferente (13).
Preparações • Mistura ou soluções compos-
tas de duas ou mais substâncias, das Substâncias • Os elementos químicos e seus
quais pelo menos uma é substância acti- compostos tal como se apresentam no
va, destinadas a serem utilizadas como estado natural ou tal como são produzi-
Produto fitofarmacêutico (13). dos pela indústria, incluindo qualquer im-
pureza inevitavelmente resultante do
Processo vital • Órgão ou função (fisiológica,
processo de fabrico (13).
metabólica, etc.) essencial à vida de um
organismo.
Produtos vegetais • Os produtos de origem
vegetal não transformados ou que sofre-
ram uma transformação simples, como
T
moagem, secagem ou prensagem, des- Toxicologia • Ciência que estuda os efeitos
de que não se trate de vegetais tal como à nocivos dos agentes químicos em orga-
frente definido (13). nismos vivos.
94
GLOSSÁRIO
U V
Unisite (ou uni-site) • Produto fitofarmacêu- Vegetais • As plantas e as partes vivas de plan-
tico selectivo, que actua sobre um único tas, incluindo as frutas frescas e as se-
processo fisiológico ou bioquímico do or- mentes (13).
ganismo a combater.
Vegetal indesejável • Erva infestante.
95
A B R E V I AT U R A S
Bibliografia
01 Agrios, G. N. - Plant Pathology – 4th Ed. Academic Press, 634 p., 1997
02 Alfarroba, F. - Avaliação do comportamento e exposição no ambiente dos Pro-
dutos fitofarmacêuticos: 101-136. Simp. Protecção das Plantas, Agricultura e
Ambiente. Anipla - Lisboa, 1996
03 Amaro, P. - Protecção integrada. Ed. ISA/Press, 446 pp. Lisboa, 2003
04 Amaro, P. & Baggiolini, M. - Introdução à Protecção Integrada. 280 pp. Lisboa,
1982
05 Anipla - http://www.anipla.com
06 Anipla - Normas para a Utilização Segura e Eficaz dos Produtos fitofarmacêu-
ticos. Lisboa, 2000
07 Anipla - Normas para um Armazenamento Seguro de Produtos fitofarmacêuti-
cos. Lisboa, 1998
08 Anipla - Normas para um Transporte Seguro de Produtos fitofarmacêuticos.
Lisboa, 1998
09 Anónimo - Agricultura sustentável. Anipla - Lisboa, 2001
10 Anónimo - Cholinesterase inhibition – what’s blocking what ? Crop Protection
News, 7: 16. 1995
11 Anónimo - Crop Life International. Integrated Pest Management. Belgium, 2003
12 Anónimo - Decreto-Lei n.º 341/98: estabelece os Princípios Uniformes relati-
vos à avaliação e autorização dos Produtos fitofarmacêuticos para a sua colo-
cação no mercado. Diário da República n.º 255/98, I Série-A, 4. 11.1998
13 Anónimo - Decreto-Lei n.º 94/98: adopta as normas técnicas de execução
referentes à colocação dos Produtos fitifarmacêuticos no mercado. Diário da
República n.º 88/98, I Série-A, 15 .04. 1998
14 Anónimo - Directiva 91/414/CEE do Conselho, de 15 de Julho, relativa à colo-
cação de Produtos fitofarmacêuticos no mercado. Jornal Oficial das Comuni-
dades Europeias n.º L 230/1 de 19.08.1991
15 Anónimo - Food for Live. Southern Agricultural Chemicals Association, Dawson/
Georgia, USA, 1993. In: Ciba-Geigy: Science Based Registration. Basel, 1996
16 Anónimo - Nações Unidas, 1999 - Prospectivas da população mundial, revi-
são de 1998
17 Bates, J. A. R. - The role of ECCO teams in the implementation of European
Council Directive 91/414 during 1996-1997. Pesticide Outlook: 22-25. June, 1998
18 Bayer Crop Science - Protecção das culturas: Manual de utilização. Lisboa, 2004
19 Bougeard, M. - Des indications à savoir déchiffrer. Phytoma, Hors série n.º 1 :
24-25.1999
UTILIZAÇÃO DE P R O D U TO S F I TO FA R M A C Ê U T I C O S NA A G R I C U LT U R A
100
REFERÊNCIAS
Nota: As Referências Ciba e Ciba-Geigy são hoje propriedade de Syngenta Crop Protection
101
ÍNDICE
104