Eletroquimica
Eletroquimica
Eletroquimica
Instituto de Química
Ár ea de Educação Química
ELETROQUÍMICA
PARA O ENSINO MÉDIO
Verno Krüger
Cesar Valmor Machado Lopes
Alexandre Rodrigues Soares
UNIVERSIDAE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL
INSTITUTO DE QUÍMICA
ÁREA DE EDUCAÇÃO QUÍMICA
ELETROQUÍMICA PARA O
ENSINO MÉDIO
VERNO KRÜGER
Licenciado em Química - UFRGS
Mestre em Educação - UFRGS
Assessor Técnico do Centro de Ciências do Rio Grande Do Sul - CECIRS/SE
CESAR VALMOR MACHADO LOPES
Licenciado em Química - UFRGS
Professor da Rede Privada do RS
ALEXANDRE RODRIGES SOARES
Licenciado em Química - UFRGS
Professor da Rede Pública do RS
PORTO ALEGRE
1997
1997 Área de Educação Química do Instituto de Química da UFRGS
Krüger, Verno
Eletroquímica para o ensino médio/ Verno Krüger, Cesar Valmor
Machado Lopes, Alexandre Rodriges Soartes. -- Porto Alegre:
Área de Educação Química do Instituto de Química da UFRGS, 1997. --
(série propostas para o ensino de química)
CDU - 541.13
SUMÁRIO:
1. AS REAÇÕES REDOX.............................................................................1
3. PILHAS...................................................................................................11
6.1. Introdução...............................................................................25
6.2.Principais Pilhas Secas e Baterias em Uso no Brasil..................25
6.3. Pilhas Primárias......................................................................29
6.4. Pilhas Secundárias ..................................................................28
6.5. Outras Baterias .......................................................................41
7. CORROSÃO...........................................................................................45
8. BIBLIOGRAFIA......................................................................................53
1. AS REAÇÕES REDOX
Analisando alguns elementos químicos presentes em nosso dia-a-dia,
podem surgir algumas perguntas: Por que utilizamos fios de cobre e não de
chumbo, por exemplo? Por que o ferro enferruja e o aço não? E o alumínio, não
enferruja? Por que fazemos panelas de alumínio e não de zinco?
Poderemos responder a estas e muitas outras questões sabendo algumas
característícas de cada uma das substâncias mencionadas.
Observando as perguntas do primeiro parágrafo, quais características
destes metais devem ser importantes para analisarmos?
Certamente entre estas características poderemos encontrar a facilidade
ou não de reagir com outras substâncias. Para verificarmos melhor estas
características, propomos o seguinte experimento:
MATERIAL:
- Fe (prego, esponja de aço)
- Zn (invólucro interno de pilhas)
- Mg
- Al (panelas velhas)
- Pb (chumbadas, coberturas de certas garrafas de vinho)
- Cu (fios elétricos)
- Soluções de : Fe3+, Zn2+, Al3+, Pb2+, Cu2+ e HCl (todas 1M)1
- 7 tubos de ensaio
- 7 pipetas
- 1 estante para tubos
PROCEDIMENTO:
1. Coloque um pequeno pedaço de ferro em cada um dos tubos de ensaio.
2. Adicione a cada tubo, respectivamente, 5ml de soluções de Fe3+,
Zn , Al3+, Pb2+, Cu2+ e HCl.
2+
1Alguns sais destes metais são insolúveis, por isso recomendamos a utilização de
nitratos.
5
3. Espere alguns minutos e observe o que acontece. Anote qualquer
evidência de mudança que tenha ocorrido dentro do tubo.
4. Anote na Tabela 1 a ocorrência ou não de reação química.
5. Limpe adequadamente os tubos de ensaio.
Onde você vai jogar o que restou do teste anterior? Se você jogar na pia,
para onde irão estes resíduos? Discuta alternativas para o descarte deste material
com seu professor.
6. Siga os mesmos procedimentos para os outros metais e faça suas
observações na Tabela 1.
Tabela 1: Resultados do experimento
SOLUÇÕES
METAIS Fe3+ Zn 2+ Al3+ Pb 2+ Cu 2+ H+
Ferro
Zinco
Magnésio
Alumínio
Chumbo
Cobre
M0 → M1+ + 1e-
6
Esta perda de dois elétrons pode ser representada assim:
M0 → M2+ + 2e-
Z1+ + 1e- → Z0
Cs - Li - Rb - K - Ba - Sr - Ca - Na - Mg - Be - Al - Mn - Zn - Cr - Fe - Cd
- Co - Ni - Sn - Pb - H - Sb - Bi - Cu - Hg - Ag - Pd - Pt - Au2
Atividades:
J 1) Quando temos dois elementos desta tabela em contato entre si,
como ela pode nos auxiliar a prever o que vai acontecer?
MATERIAL:
- 6 tubos de ensaio
- um béquer de 100ml
- estante para tubos de ensaio
- tripé e tela de amianto
- bico de Bunsen
- pinça de madeira
- pipetas de 5 ou 10ml
- tiras de papel de filtro
REAGENTES:
- água de cloro (Cl2/H2O)
- clorofórmio (CHCl3) ou tetracloreto de carbono (CCl4)
- MnO2 (enchimento de pilhas secas)
- álcool etílico (C2H5OH)
- água oxigenada (H2O2) 20 ou 30 volumes
- ácido clorídrico conc. (HCl)
- H2SO4 conc.
- H2SO4 3M
9
- KI 0,5M
- FeSO4 0,5M
- KMnO4 0,1M
- K2Cr2O7 0,1M
- NH4SCN 0,05M
- cobre metálico
PROCEDIMENTOS:
1) KI + Cl2
a. Colocar 2ml da solução de KI em um tubo de ensaio.
b. Adicionar 2ml de água de cloro. Observar.
c. Escrever a equação da reação.
d. Adicionar 2ml de CHCl3. Observar.
e. Qual o agente oxidante? Qual o agente redutor?
f. Equacione as semi-reações de oxidação e redução e a reação global.
2) MnO 2 + HCl
a. Colocar uma ponta de espátula de MnO2 em um tubo de ensaio.
b. Colocar na boca do tubo um pedaço de papel de filtro embebido em
KI. Adicionar com muito cuidado, preferencialmente em capela, cerca de 2ml de
HCl conc. Observar e anotar o que acontece no tubo e com o papel. (ATENÇÃO!
Não cheire o tubo). Qual gás está sendo liberado?
c. A equação desta reação é:
3) KMnO 4 + H 2SO 4 + H 2O 2
a. Colocar 2ml da solução de KMnO4 em um tubo de ensaio.
b. Adicionar 1ml de H2SO4 3M
c. Adicionar 2ml de H2O2. Observar.
10
d. Reação:
4) FeSO 4 + H 2SO 4 + H 2O 2
a. Adcionar 2ml da solução de FeSO4 em um tubo de ensaio.
b. Adicionar 1ml da solução de H2SO4 3M.
c. Adicionar 2ml de H2O2. Agitar. Observar.
d. Reação:
5) Cu + H 2SO 4
a. Colocar 2ml de H2SO4 conc. (CUIDADO!) em um tubo de ensaio.
b. Adicionar um pouco de cobre. Aquecer por alguns minutos. Observar a
coloração da solução. Colocar na boca do tubo, um pedaço de papel tornassol
azul, umedecido. Verifique o que ocorre.
c. Reação:
12
Atividades
J 1) O que você espera que aconteça quando se mergulha um prego
numa solução de cobre? Por quê?
13
2. O QUE É UM CIRCUITO ELÉTRICO?
Circuito elétrico é o caminho seguido por uma corrente elétrica.
Na Figura 1 temos um circuito fechado, ou seja, há passagem de corrente
elétrica pelo circuito, e sabemos disso porque a lâmpada está acesa.
15
Figur a 3: Condução de corrente elétrica em agregados iônicos
16
3. PILHAS
Quando mergulhamos uma placa de zinco em uma solução de cobre há
transferência de elétrons do zinco para o cátion cobre. Mas como aproveitar esta
transferência de elétrons para gerar eletricidade?
O problema é que os elétrons são transferidos diretamente dos átomos de
zinco para os cátions cobre. Para que houvesse aproveitamento de eletricidade, os
elétrons liberados pelo zinco deveriam passar por um circuito externo (uma
lâmpada, por exemplo) antes de chegar ao cátion cobre. Como poderíamos
solucionar este problema?
Em 1836, Daniell construiu um dispositivo (mais tarde chamado pilha),
que permitia aproveitar este fluxo de elétrons, interligando eletrodos que eram
sistemas constituídos por um metal imerso em uma solução de seus íons.
Vejamos, por exemplo, como seria um eletrodo feito de zinco:
O eletrodo de zinco é um
sistema constituído por uma
placa de zinco metálico,
mergulhada em uma solução
que contém cátions zinco
(Zn2+), obtida pela dissolução
de um de seus sais, por
exemplo, ZnSO4, em água.
17
Considere agora um eletrodo de
cobre, análogo ao de zinco, em
que se estabelece o equilíbrio ao
lado.
F
igur a 5: Eletrodo de cobre
a. Na placa de zinco:
Quando o circuito é fechado, começa o processo de OXIDAÇÃO (perda
de elétrons) dos átomos de zinco que constituem a placa. Cada átomo superficial
de zinco perde 2 elétrons e se transforma em Zn2+ (veja as Figuras 07 e 08). Os
elétrons sobem pela lâmina e passam para lâmina de cobre através do fio
condutor. Os cátions zinco (Zn2+) formados se dissolvem aumentando a
concentração desses íons na solução.
19
Figur a 7: Não há oxidação Figur a 8: Há oxidação
Após certo tempo de funcionamento, o eletrodo de zinco terá o aspecto
abaixo:
b. Na placa de cobr e:
No eletrodo de cobre ocorre o processo de redução (ganho de elétrons).
Na placa de cobre, imersa numa solução de Cu2+, estão chegando os elétrons
liberados na oxidação do zinco.
O que acontece com estes elétrons?
Quando estes elétrons chegam até a superfície da lâmina de cobre, cada
cátion Cu2+ que se aproxima dessa lâmina recebe dois elétrons se transformando
em cobre metálico:
21
Analogamente, no lado do cobre, a concentração de Cu2+ é igual à
concentração de SO42-. Veja a Figura 13.
22
Figur a 14: Circuito fechado
Vejamos agora a função da PONTE SALINA:
23
4. CONSTRUINDO UMA TABELA DE POTENCIAIS-
PADRÃO DE REDUÇÃO 4
É possível que você já tenha percebido que as reações que ocorrem em
pilhas envolvem a produção de corrente elétrica, cuja intensidade dependerá da
diferença de potencial (d.d.p.) entre os eletrodos da pilha, isto é, da facilidade
com que o metal mais reativo doa seus elétrons para o cátion do metal menos
reativo.
Para se ter uma referência numérica dessa força eletromotriz, podemos
medir a diferença de potencial (d.d.p.) entre os eletrodos de uma pilha. Isto você
fará na atividade a seguir.
4Adaptado de: TANIS, D.O. Galvanic Cells and the Standard Reduction Potential
Table. Journal of Chemical Education. Easton, 67(7):602-603, 1990.
24
EQUIPAMENTO:
-1 béquer de 100ml
- 5 micropipetas
-1 rolha adaptável ao béquer
- 2 jacarés metálicos
- 5 pedaços de metais
(Pb, Cu, Mg, Zn, Fe)5
- 1 multímetro
- esponja de aço (Bombril)
REAGENTES:
- Cu(NO3)2 0,1M
- Pb(NO3)2 0,1M
- Fe(NO3)3 0,1M
- Mg(NO3)2 0,1M
- Zn(NO3)2 0,1M
- Agar-agar6
- NH4NO3 ou KCl
Figur a 16: Montagem da
experiência
Par te I
PROCEDIMENTO:
1. Limpe as 5 micropipetas e o béquer com água e sabão, enxaguando
após com água.
2. Coloque as micropipetas no béquer, conforme a figura, fixando-as com
uma rolha.
3. Adicione cuidadosamente a solução quente de agar-agar ao béquer até
uma altura tal que ultrapasse levemente o bico da pipeta.
4. Deixe gelificar em repouso absoluto. É conveniente que isto seja feito
no dia anterior à experiência, ou pelo menos algumas horas antes.
a) Cu/Pb b) Fe/Pb
d.d.p.: d.d.p.:
(+) : (+) :
(-) : (-) :
c) Mg/Pb d) Zn/Pb
d.d.p. : d.d.p. :
(+) : (+) :
(-) : (-) :
Par te II
DESENVOLVIMENTO DA TABELA DE POTENCIAIS:
Se à reação Pb2+ + 2e- → Pb0 for dado, arbitrariamente, o valor 0,00V,
as d.d.p. medidas anteriormente podem ser usadas na construção de uma tabela de
potenciais de redução para os outros eletrodos utilizando a equação:
ddp =Eoxi - Ered.
Assim, utilizando os resultados da pilha Cu/Pb: verificou-se que o CU0 é
o polo (-) e o Pb0 é o polo (+). Desta forma o Cu2+ sofreu redução e o Pb0 se
oxidou. Arbitrariamente considerando o potencial do Pb como 0,0V, têm-se:
ddp =Eoxi Pb - Eoxi Cu.
ddp = 0 - Eoxi Cu ou -ddp = Eoxi Cu
o que significa também que a ddp medida será igual ao potencial de redução do
Cu2+
ddp = Ered Cu
Lembre-se que, se a reação mostrada nesta tabela ocorreu no sentido
oposto durante a parte I, o sinal da voltagem deve ser invertido.
Potencial-Padr ão x
Semi-r eações
Eletr odo Pb/Pb(II)
27
Os potenciais assim determinados podem ser usados para prever a d.d.p.
de pilhas.
Baseando-se nos valores da tabela acima, anote as d.d.p. que você espera
para as pilhas abaixo:
Cu/Mg : Zn/Mg
Fe/Mg : Fe/Zn :
Zn/Cu : Fe/Cu :
Cu/Mg : Zn/Mg :
Fe/Mg : Fe/Zn :
Zn/Cu : Fe/Cu :
28
TABELA 2: Tabela de potenciais padrão de eletrodo (H2)
E 0 ox (V) R E A Ç ÃO O X I D A Ç Ã O E 0 r ed (V)
+3,045 Li+ + e- ↔ Li -3,045
+2,925 Rb + + e- ↔ Rb -2,925
+2,924 K + + e- ↔K -2,924
+2,923 Cs+ + e- ↔ Cs -2,923
+2,900 Ba +2 + 2e- ↔ Ba -2,900
+2,890 Sr +2 + 2e- ↔Sr -2,890
+2,760 Ca +2 + 2e- ↔ Ca -2,760
+2,109 Na + + e- ↔ Na -2,109
+2,375 Mg+2 + 2e- ↔ Mg -2,375
+1,850 Be+2 + 2e- ↔ Be -1,850
+1,660 Al+3 + 3e- ↔ Al -1,660
+1,180 Mn +2 + 2e- ↔ Mn -1,180
+0,763 Zn +2 + 2e- ↔ Zn -0,763
+0,740 Cr +3 + 3e- ↔ Cr -0,740
+0,508 S + 2e- ↔ S-2 -0,508
+0,410 Cr +3 + e- ↔ Cr +2 -0,410
+0,409 Fe+2 + 2e- ↔ Fe -0,409
+0,402 Cd +2 + 2e- ↔ Cd -0,402
+0,280 Co+2 + 2e- ↔ Co -0,280
+0,136 Sn +2 + 2e- ↔ Sn -0,136
+0,126 Pb +2 + 2e- ↔ Pb -0,126
+0,036 Fe+3 + 3e- ↔ Fe 0,036
0,000 2H + + 2e- ↔ H 2 0,000
-0,150 Sn +4 + 2e- ↔ Sn +2 +0,150
-0,158 Cu +2 + e- ↔ Cu + +0,158
-0,340 Cu +2 + 2e- ↔ Cu +0,340
-0,522 Cu + + e- ↔ Cu +0,522
-0,535 I 2 + 2e- ↔ 2 I - +0,535
-0,770 Fe+3 + e- ↔ Fe+2 +0,770
-0,798 Hg2+2 + 2e- ↔ 2 Hg +0,798
-0,800 Ag+ + e- ↔ Ag +0,800
-0,830 Pd +2 + 2e- ↔ Pd +0,830
-0,851 Hg+2 + 2e- ↔ Hg +0,851
-1,065 Br 2 + 2e- ↔ 2 Br - +1,065
-1,358 Cl2 + 2e- ↔ 2 Cl- +1,358
-1,510 Mn +3 + e- ↔ Mn +2 +1,510
-1,679 Au + + e- ↔ Au +1,679
-1,820 Co+3 + e- ↔ Co+2 +1,820
-2,850 F 2 + 2e- ↔ 2 F +2,850
29
5. PILHAS SECAS: UMA ANÁLISE DE SUA
COMPOSIÇÃO
MATERIAL:
- 1 pilha tamanho grande, usada7
- ácido clorídrico dil.(HCl aq.)
- hidróxido de sódio dil.(NaOH aq.)
- béquer
- funil e papel filtro
- bastão de vidro
- alicate (para abrir a pilha)
PROCEDIMENTO:
1. Com auxílio de um alicate ou canivete, abra a pilha ao longo da costura
e desenrole a proteção de aço. Observe atentamente o "miolo" da pilha e descreva
seu conteúdo.
2. Note que logo depois da capa de aço deve haver um invólucro. No caso
de uma pilha usada é possível que esta parte tenha sido toda, ou em parte
consumida, pela reação química. Lave com água e guarde para posterior uso.
3. No centro da pilha você agora encontrará um bastão de carbono
(carvão). Retire-o, lave-o e guarde-o para possível uso posterior.
4. Feito isso, pegue agora o resto do conteúdo da pilha, uma mistura preta
heterogênea, e despeje num béquer.
Essa mistura agora será separada em seus componentes.
5. A massa preta no interior da pilha, como você já sabe, é uma mistura
heterogênea, embora às vezes pareça homogênea, constituída de dióxido de
manganês ou pirolusita (MnO2), cloreto de amônio (NH4Cl), cloreto de zinco
(ZnCl2) e, caso a pilha for muito usada, Mn2O3.
O MnO2 e o Mn2O3 são insolúveis em água, enquanto os outros dois são
solúveis. Este aspecto permitirá um primeiro fracionamento.
7A pilha usada não pode de forma alguma ser do tipo alcalina. Escolha uma de
Zn/C ou Zn/C(cloreto de zinco).
30
6. Acrescente à mistura aproximadamente 100ml de água e agite bastante
com bastão de vidro, colher ou outro objeto. Deve-se ter certeza que todo o sal se
dissolveu na água.
7. Filtre em seguida e deixe o óxido secar, guardando-o após seco.
8. O filtrado deverá conter NH4Cl e ZnCl2. Como estes dois sais são
solúveis, não é possível sua separação imediata. Deve-se realizar uma reação onde
apenas os sais reajam de forma diferente para permitir a sua separação. Uma
possibilidade é reagir a mistura com NaOH. Escreva a reação química destes dois
sais com NaOH e preveja o que vai acontecer, justificando a resposta.
9.Adicione então, ao filtrado, algumas gotas de NaOH, até a completa
precipitação. Anote os resultados observados.
Como você pode saber que a precipitação foi completa?
10. Filtre a mistura e deixe secar o precipitado.
11. Adicione ao filtrado mais NaOH e sinta o cheiro. Equacione e
justifique esta reação.
12. Relacione suas previsões com o que você verificou na prática.
13. Teste agora o invólucro posterior à capa de aço da pilha, mesmo que
esteja um pouco corroída. Adicione a um pedaço deste metal, um pouco de HCl
diluído. Anote suas observações e equacione a reação, justificando a resposta:
14. Depois de finda esta reação, adicione NaOH até observar uma
precipitação.
Compare este precipitado com o obtido no item 9. Qual era o metal
constituinte do material?
15. Faça um relatório do experimento realizado, que deverá conter: o
esquema da pilha seca utilizada na sua experiência, com a identificação e função
de seus constituintes; uma descrição do seu funcionamento, com todas as reações
(se necessário, consulte um livro de Química); uma descrição dos testes feitos com
os materiais constituintes da pilha; as observações realizadas, com as respectivas
reações químicas e conclusões.
31
6. PILHAS E BATERIAS COMERCIAIS.
"Cada vez mais importantes em nossa vida, devido à crescente
miniaturização dos circuitos eletrônicos, as pilhas e baterias secas existentes no
Brasil apresentam uma já significativa variedade de fabricantes, tipos e modelos.
E, mesmo assim, só nos lembramos delas quando um de nossos aparelhos
eletrônicos deixa de funcionar, com as pilhas 'arriadas' ." F ONTE: Pilhas em
destaque: Uma abordagem do mercado nacional. Nova Eletrônica, vol.6, nº 64,
jun. 1982.”
32
geralmente as de zinco-carbono são subdivididas conforme a sua capacidade8
interna.
Existem também as pilhas miniatura, muito utilizadas em relógios de
pulso e minicalculadoras, das quais há uma variedade muito grande.
As pilhas (também conhecidas por células) podem ser classificadas em
dois grandes grupos:
J Atividades:
34
TABELA 3-A - Características dos 6 tipos principais de pilhas secas
1
6.3 Pilhas Pr imár ias
Zn → Zn2+ + 2e-
♦pólo positivo (cátodo):
2MnO2 + 2NH4+ + 2e- → Mn2O3 + H2O + 2NH3↑
J Atividades:
10Tensão de corte - tensão limite da vida útil da pilha ou bateria. Tensão abaixo
da qual o equipamento conectado à bateria deixa de funcionar ou onde a
operação não é recomendada.
35
Figur a 19
Por último, analisemos a tensão de corte das pilhas, que influi
decisivamente em sua vida útil. Esta, ao contrário dos demais, não depende da
pilha ou das condições de uso, mas sim do circuito ou aparelho que a pilha vai
alimentar. É responsabilidade dos fabricantes dos aparelhos a maior ou menor
tensão de corte. Na prática variam entre 0,65 e 1,1 V, dependendo da aplicação.
Observando a Figura 20, podemos verificar a influência da tensão de
corte no rendimento da pilha.
36
Fonte: Pilhas em destaque. Nova Eletrônica. V.6.nº64
J Atividades:
1) Que pilha terá maior vida útil: a que tem uma tensão de corte de 1,1 V,
ou a que tem uma tensão de corte 0,8 V (nas mesmas condições e exigências)?
Justifique sua resposta a partir do que foi visto anteriormente.
2) Para analisar melhor as informações que colocamos até aqui, construa
um gráfico tensão x tempo de descarga com os dados fornecidos de uma
determinada pilha comum em 3 situações diferentes (Tabela 4). Em cada situação
foi exigida uma corrente diferente.
Tabela 4: Tempos de descarga de uma pilha comum
37
3) Qual a relação matemática entre estas duas variáveis (tempo e tensão)?
4) Se situarmos a tensão de corte em 0,9 V, em que casos teremos um
rendimento maior? Por quê?
5) E se a tensão de corte for 1,2 V, qual terá melhor rendimento? O que
se conclui comparando as questões 14 e 15?
6) Qual a relação existente entre a corrente exigida e o rendimento da
pilha?
Você já reparou nas embalagens das pilhas que elas possuem prazo de
validade? As pilhas quando são pouco utilizadas (ou mesmo não utilizadas),
também se descarregam. É o que chamamos de deterioração do repouso ou auto-
descarga, existente em todas as pilhas, com maior ou menor intensidade,
dependendo do tipo e das condições de armazenagem (à baixas temperaturas a
armazenagem é mais eficiente, pois isto reduz a velocidade das reações químicas
de descarga). Essa deterioração reduz gradativamente a energia disponível da
pilha.
7) O que deverá ocorrer com as variáveis citadas anteriormente
(capacidade, tipo de operação, tensão de corte) se trabalharmos intermitentemente
com a pilha?
8) Como devemos usar uma pilha para obter o seu melhor desempenho?
d) Pilhas Alcalinas
O esquema geral de uma pilha alcalina é praticamente o mesmo de uma
pilha Zn-C. A diferença mais importante é que o NH4Cl é substituído por KOH
(por isso, o nome de alcalinas), que é um eletrólito de grande condutividade (Veja
Tabela 3).
Estas demonstram excelentes resultados de rendimento em correntes
elevadas e drenagem contínua, com visível vantagem sobre as pilhas comuns.
Aliados ao eletrólito temos o dióxido de manganês de elevada densidade e a
extensa área de zinco do ânodo, conferindo a essas pilhas uma alta capacidade de
fornecimento de energia e uma baixa resistência interna (ao diminuir as perdas
internas, aumenta a ddp).
J Atividades:
38
2) Da mesma forma que as pilhas de Zn-C, as horas de serviço fornecidas
pelas alcalinas aumentam na medida em que a tensão de corte é reduzida. No
total, no entanto, uma pilha alcalina dispõe de 50 a 100% mais de energia que
uma pilha comum do mesmo tamanho. Por quê?
39
e) Pilhas Miniaturizadas
As pilhas de óxido de prata são uma das principais fontes de energia
miniaturizadas existentes no mercado, largamente utilizadas em aparelhos
auditivos ou calculadoras e relógios com "displays" (mostradores) de cristal
líquido. São formadas basicamente por ânodos de zinco com grande área, cátodos
que combinam óxido de prata, dióxido de manganês e hidróxido de potássio (para
aparelhos auditivos) ou hidróxido de sódio (para relógios), como eletrólito (Veja
Tabela 3).
J Atividades:
41
Figur a 25: Curvas de descarga
f) Pilhas de Lítio
As pilhas de lítio, entre as pilhas miniatura, constituim-se as mais
recentes competidoras com as de óxido de prata e mercúrio, na área de relógios e
calculadoras.
Elas utilizam eletrólitos não-aquosos e ânodos de lítio, e o cátodo pode
conter sulfeto de ferro (nas de 1,5V) ou dióxido de manganês (nas de 3,0V). Os
modelos de sulfeto de ferro são utilizados em relógios comuns de cristal líquido,
atingindo uma vida útil de 3 a 5 anos. Já as de dióxido de manganês são usadas
em calculadoras. Ambas apresentam uma grande resistência a vazamentos de
eletrólito (a blindagem deve ser muito boa para evitar contato com a água, devido
à alta reatividade do lítio) e uma excelente retenção de carga quando em repouso.
Podem ser encontradas também sob a forma cilíndrica, apresentando o mesmo
desempenho.
É importante saber que existem muitos tipos de pilhas de lítio, com
diferentes características. Vamos analisar alguns:
-Lítio-dióxido de manganês (Li-MnO2): tipo universal para correntes
reduzidas, cátodo sólido com d.d.p. de 3V.
-Lítio-monofluoreto de carbono (Li-(CF)n): tipo universal para correntes
pequenas e médias, até 150mA, cátodo sólido com d.d.p. de 3V;
42
-Lítio-óxido de cobre (Li-CuO): tipo universal para correntes de até 1A,
cátodo sólido com d.d.p. de 1,5V;
-Lítio-oxifosfato de cobre (Li-Cu4O(PO4)2): versão das Li-CuO, com
características semelhantes;
-Lítio-cloreto de tionila (Li-SOCl2): tipo universal para correntes até 2A, cátodo
líquido com d.d.p. de 3,5V.
Figur a 26: Esquema de uma pilha de lítio Figur a 27: Corte lateral
43
Uma grande vantagem destas pilhas é sua baixíssima taxa de
autodescarga, que permite adotar correntes de carga e descarga reduzidas (da
ordem de alguns microampéres), permitindo carregar essas pilhas e baterias a
partir de células solares.
a) Pilhas de Níquel-Cádmio
As pilhas de níquel-cádmio (Ni-Cd) estão entre as mais eficientes já
desenvolvidas até hoje. Podem ser recarregadas e apresentam uma tensão
relativamente constante durante a descarga.
Estas são bem mais caras que as alcalinas e as comuns, mas são bem
mais vantajosas em termos de custo por horas de uso. Além disso, trabalham bem
44
em altas e baixas temperaturas, e podem permanecer em repouso durante meses,
com ou sem carga.
As células de Ni-Cd são utilizadas até hoje em sua forma tradicional de
baterias de grande porte, competindo com as de chumbo ácidas (que veremos
posteriormente). Os avanços tecnológicos, porém, permitiram que fossem
construídas pequenas pilhas e baterias de Ni-Cd, que dispensam qualquer
manutenção.
Quando descarregadas11, as pilhas de Ni-Cd possuem hidróxido de
niquel (II) em seu ânodo e hidróxido de cádmio em seu cátodo; por outro lado,
quando carregada, o ânodo torna-se hidróxido de níquel (III) e o cátodo, cádmio
metálico:
ou, simplificadamente:
J Atividades:
45
Fonte: Elektor.V.3.nº24.p.20. 1988
Figur a 29: Curvas de descarga de diversas pilhas
b) Baterias Chumbo-Ácido
Onde são necessários grandes valores de corrente, as baterias chumbo-
ácidas são bastante utilizadas. Para a partida de um automóvel, por exemplo, são
necessários 200mA.
J Atividades:
47
formada por pilhas do tipo Zn-C, ligadas em série (se tiver oportunidade, abra
uma bateria de 9V).
Há também muitas baterias de Ni-Cd, que são empregadas em
equipamentos portáteis de teste e aparelhos comerciais, industriais, aeroespaciais
e de aviação.
J Atividades de Revisão:
a) que fatores influem para que uma pilha pequena dure mais?
48
b) que fatores influem para que pilhas maiores durem mais?
HgO + Zn → ZnO + Hg
49
9) Evite comprar conserva cuja lata esteja amassada, porque a lata de
folha-de-flandres ( uma liga Fe-C ) tem uma proteção de estanho que se pode
romper quando ela sofre um impacto. Neste caso formar-se-á uma pilha e haverá
contaminação da conserva. São dados os valores dos potenciais :
I Exper imento
Material:
- 4 latas (leite em pó, creme de leite, etc.);
- zinco metálico (5g por conjunto de latas);
- solução aquosa de cloreto de sódio (NaCl) a 3,5% (p/v).
Procedimento:
Use 4 latas semelhantes e limpas. Enumere-as de 1 a 4.
Faça um risco no fundo das latas 2,3 e 4 (utilize um objeto pontiagudo,
como um prego, saca-rolhas, etc). Arranhe duas ou três vezes para garantir que a
camada de estanho seja removida.
Prepare a solução aquosa de cloreto de sódio. 800ml são suficientes para
um conjunto de latas de nescau (latas pequenas de 200g).
As latas deverão ser usadas como indicado a seguir:
1) lata sem arranhão, com água até 2 ou 3 cm da boca.
51
2) lata com arranhão, com água até 2 ou 3 cm da boca.
3) lata com arranhão, com água salgada (solução aquosa de NaCl a
3,5%).
4) lata com arranhão, com água salgada e zinco.
J Atividades:
53
Se as explicações colocadas até aqui foram compreendidas, esta etapa é
uma conseqüência das anteriores.
Nesta lata temos o zinco, que é um metal menos nobre do que o ferro e o
estanho. Novamente, trabalha-se com a fila de reatividade dos metais ou com a
tabela de potenciais de redução para justificar que o zinco tem maior tendência a
ser oxidado em lugar dos outros dois metais. Então quem se corrói nesta lata é o
zinco, formando Zn(OH)2, um composto de cor branca.
54
Somando as duas equações temos:
A reação global é:
55
recebe elétrons segundo a equação (2). Este processo é esquematizado na Figura
31.
Como o estanho possui potencial de redução maior do que o ferro, este
cederá seus elétrons ao estanho passando à solução como cátion Fe3+. O Fe0
sofrerá as reações (3) e (4), formando a ferrugem.
Em resumo, o risco no fundo da lata faz com que se tenha um par
galvânico (estanho e ferro) que desencadeia a corrosão do metal menos nobre
(ferro). A lata n°1 não possuía risco, mas pode formar ferrugem também - apesar
de levar mais tempo do que as latas n°2 e 3. Este tipo de lata, revestida de estanho,
não possui uma cobertura perfeita. Podem ocorrer pontos em que o ferro esteja
exposto, formando então o par galvânico com o estanho. Também podem ocorrer
áreas tensionadas: uma área amassada na lata possui um nível de energia maior
que uma não-amassada, esta área tensionada deverá se comportar como ânodo
(sendo corroída, portanto).
Outros fatores podem aumentar a velocidade de corrosão de um material.
Por exemplo, por que carros em cidades do litoral corroem-se mais rapidamente
do que os carros afastados do litoral?
A água do mar possui concentração relativamente alta de sais (funciona
como eletrólito forte), entre eles destaca-se o NaCl, provocando um rápido
processo corrosivo. O produto de corrosão do ferro conterá também cloreto de
ferro III, que se hidrolisa formando ácido clorídrico:
56
Ânodos de sacrifício são muito utilizados no dia-a-dia; por exemplo, para
proteger cascos de navios, tubulações subterrâneas, tanques de água ou
combustíveis, utiliza-se placas de zinco ou magnésio.
J Atividades13:
58
a) rebites de ferro em esquadrias de alumínio causam corrosão do
aluminio.
b) pregos de ferro zincado são resistentes à ferrugem.
59
8. BIBLIOGRAFIA
1. FURTADO, P. Introdução à corrosão e proteção das superfícies
metálicas. Belo Horizonte: Imp. Univ. da UFMG, 1981. 357pág.
2. GENTIL, V. Corrosão. 2aEd. Rio de Janeiro: Guanabara Dois, 1982
453pág.
3. MELOAN, C.E. An Experiment to Ilustrate the Effects of Salt and
Zinc on the Rate of Corrosion. Journal of Chemical Education.
Easton, 63(5): 456,1986.
4. VAN VLACK, L.H. Princípios da ciência dos materiais. São Paulo:
Edgard Blücher, 1970. 427pág.
5. NOVA ELETRÔNICA. Pilhas em destaque. Vol. 6 no 64, junho
1992.
6. NOVA ELETRÔNICA. Pilhas em destaque. Vol. 6 no 65, julho 1992.
7. NOVA ELETRÔNICA. Tecnologia das baterias.
8. ELEKTOR PUBLITRON. Como lidar com suas pilhas Ni-Cd.
Publicações Técnicas, vol. 3 no 24, julho 1988.
9. TANIS, D. O. Galvanic Cells and the Standard Reduction Potential
Table. Easton: Journal of Chemical Education: 67(7): 602-603,
1990.
10. FELTRE, Ricardo. Química Vol 2. São Paulo. Moderna, 1988.
60
SUMÁRIO
1. AS REAÇÕES REDOX 5
3. PILHAS 18
7. CORROSÃO 51
8. BIBLIOGRAFIA 60
3
4