Equações de Maxwell
Equações de Maxwell
Equações de Maxwell
Volume I
Equações de Maxwell
Prefácio
Esta apostila foi preparada para facilitar o aluno no acompanhamento da aula, evitando
o esforço feito para anotar os desenvolvimentos e discussões em sala de aula e, assim, permi-
tir uma maior participação. Como ocorre em todo texto erros e omissões ocorrem e desde já
agradeço as sugestões construtivas que cheguem dos alunos com a finalidade de melhorar o
texto e a sua compreensão.
No final de cada volume são propostos exercícios para que o estudante possa fixar conceitos
e aplica-los na solução de problemas de interesse da engenharia elétrica e de telecomunicações.
Referências são dadas no final de cada volume para que o estudante possa complementar o
seu estudo com a leitura de textos que apresentam o conteúdo da apostila com outra abordagem
e/ou exemplos.
Conteúdo
1 Equações de Maxwell 5
1.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5
1.2 Equações de Maxwell na forma integral . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5
1.2.1 Lei de Faraday . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6
1.2.2 Lei de Ampère . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8
1.2.3 Lei de Gauss para campos elétricos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
1.2.4 Lei de Gauss para campos magnéticos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
1.2.5 Lei da conservação da carga elétrica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18
1.3 Equações de Maxwell na forma diferencial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20
1.3.1 Teorema da Divergência . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
1.3.2 Teorema de Stokes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
1.3.3 Lei de Faraday . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
1.3.4 Lei de Ampère . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26
1.3.5 Lei de Gauss . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27
1.3.6 Lei da conservação da carga . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27
1.4 Relações e parâmetros constitutivos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28
1.5 Condições de Fronteira . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31
1.5.1 Condição de fronteira para o campo E ~ tangencial . . . . . . . . . . . . . 31
1.5.2 Condição de fronteira para o campo H ~ tangencial . . . . . . . . . . . . . 32
~
1.5.3 Condição de fronteira para o campo D normal . . . . . . . . . . . . . . . 33
1.5.4 Condição de fronteira para o campo B ~ normal . . . . . . . . . . . . . . . 35
1.6 Potência e Energia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38
1.7 Campos Harmônicos no Tempo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43
1.7.1 Equações integrais para campos harmônicos . . . . . . . . . . . . . . . . 46
1.7.2 Equações diferenciais para campos harmônicos . . . . . . . . . . . . . . . 46
1.7.3 Condições de Fronteiras para campos harmônicos . . . . . . . . . . . . . 47
1.7.4 Vetor de Poynting complexo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47
1.8 Exercícios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 50
1.9 Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 52
2
Lista de Figuras
3
Lista de Tabelas
4
Capítulo 1
Equações de Maxwell
1.1 Introdução
Em geral campos elétricos e magnéticos são quantidades vetoriais que possuem magnitude e
direção. As relações e variações dos campos elétrico e magnético, cargas e correntes associadas
com ondas eletromagnéticas são governadas por leis físicas, as quais são conhecidas como as
Equações de Maxwell . Essas equações podem ser escritas na forma integral ou na forma
diferencial. Qual forma utilizar para modelar e solucionar um problema dependerá da geometria
do problema e do comportamento dos campos e fontes.
5
Equações de Maxwell na forma integral 6
"A força eletromotriz ( fem) total induzida num circuito fechado é igual a taxa de decréscimo,
em relação ao tempo, do fluxo magnético total que enlaça o circuito."
~ = 0, o que implica
~ · dl
H
No caso de campos estáticos , isto é, invariantes no tempo, temos c E
que o campo E ~ é um campo conservativo , isto é, o trabalho realizado para deslocar uma carga
elétrica num percurso fechado é nulo.
Exemplo 1.1 Um alternador básico consiste em um único laço girando em um campo mag-
nético estático. Na figura 1.2 temos um laço condutor girando em torno do eixo y na velocidade
de ω rad/s e sob um campo magnético constante na direção +z. Como mostrado na figura o
vetor unitário normal ~n ao plano do laço faz um ângulo ω t em relação a direção do campo B. ~
Se o fluxo magnético positivo é quando B ~ · ~n é positivo e se fem positiva é como indicada na
figura, a fem está aumentando quando o laço começa o seu giro. Aplicando a lei de Faraday,
equação (1.1) temos
Z
d ~
~ · dS,
f em = − B
dt s
como o campo B ~ é uniforme temos
d ~ d h ~ i
f em = − B · ~n s = − |B| s cos ω t
dt dt
= ω B s sen ω t = V0 sen ω t V,
sendo s é a área total do laço e V0 é a amplitude da fem. Na figura 1.2 também temos a variação
da fem com o giro do laço condutor.
Equações de Maxwell na forma integral 7
Figura 1.2: Geração de uma fem pela rotação de um laço sob um campo magnético constante
Exemplo 1.2 Determine a fem induzida no circuito da figura 1.3 sabendo que está sob a ação
~ estático e que a barra condutora que fecha o circuito desliza numa velocidade
de um campo B
~v .
Solução 1.2 O fluxo que atravessa a superfície dentro do circuito fechado pela barra condutora,
em qualquer tempo t, é
Φ = B y d,
a partir da equação (1.1) obtemos
dΦ dy
fem = − = −B d = −B v d V.
dt dt
Figura 1.3: Geração de uma fem por uma barra condutora sob um campo magnético constante
Equações de Maxwell na forma integral 8
~ é a corrente de
~ · dS
os elementos desta equação estão ilustrados na figura 1.4. O termo dtd s D
R
deslocamento, termo proposto por Maxwell para satisfazer a equação da conservação de carga,
este termo implica na existência de uma onda eletromagnética.
Solução 1.3 Na figura 1.5 temos o capacitor genérico. A superfície gaussiana tracejada em
torno do condutor com cargas positivas fornece
Z Z Z ~ Z
~ ~ ~ ~ J ε ~ = εi ,
q = D · dS = ε E · dS = ε = J~ · dS
σ σ σ
~ = ε E,
onde usamos as relações constitutivas D ~ J~ = σ E~ que serão discutidas na seção 1.4. J~
é o vetor densidade de corrente.
A corrente de deslocamento id e a corrente de condução i são obtidas fazendo-se
dq
Z ~
∂D
Z
= ~ =
· dS ~ = id = ε di ,
J~d · dS
dt ∂t σ dt
dq ε di
i = − = −id = − .
dt σ dt
Equações de Maxwell na forma integral 9
Nas figuras 1.6 e 1.7 temos a variação da tensão com o tempo para quatro valores de σ
( = 20 ε0 ) e para quatro valores de ε (σ = 10−6 S/m), respectivamente, observamos que
quando a condutividade aumenta o capacitor descarrega mais rapidamente e quando a constante
dielétrica aumenta a descarga é mais lenta.
Exemplo 1.4 Uma linha de transmissão coaxial infinitamente longa é formada por dois cilin-
dros concêntricos cujos eixos estão ao longo do eixo z. Na figura 1.8 temos a linha e a sua
seção reta. O condutor interno tem raio a e é percorrido por uma corrente I A e o condutor
externo tem raio b e é percorrido por uma corrente −I A. Considerando que as correntes são
uniformes determine o campo magnético H ~ em todas as regiões.
Solução 1.4 Assumimos que a distribuição de corrente está uniformemente distribuída nos
condutores. Aplicaremos a lei de Ampère ao longo de um caminho amperiano, que é uma
circunferência em torno do eixo z, nas quatro regiões: interna ao condutor de raio a, 0 ≤ ρ ≤ a;
entre os condutores, a ≤ ρ ≤ b; interna ao condutor de raio b, b ≤ ρ ≤ b + t e externa a linha,
ρ ≥ b. Na região 0 ≤ ρ ≤ a aplicamos a lei de Ampère na circunferência de raio ρ, temos então
I
~ = Ienv ,
~ · dl
H
c
Equações de Maxwell na forma integral 11
Ienv é a corrente envolvida pelo caminho. Como a corrente está uniformemente distribuída
sobre a seção reta temos que a densidade de corrente J~ é igual a
I
J~ = ~az A/m2 ,
π a2
os elementos diferenciais de comprimento e área são dados, respectivamente, por
~ = ρ dφ ~aφ e ds
dl ~ = ρ dφ dρ ~az ,
foi obedecida a regra da mâo direita na orientação de ds~ em relação a dl. ~ O campo magnético
só possui a componente Hφ e é função da coordenada ρ. Com estas considerações e substituindo
os elementos definidos anteriormente na equação da lei de Ampère, obtemos
Z 2π Z ρ Z 2π
I
Hφ ~aφ · ρ dφ ~aφ = ~az · ρ dφ dρ ~az ,
0 0 0 π a2
Iρ
Hφ = .
2 π a2
Na região a ≤ ρ ≤ b o caminho amperiano envolve toda a corrente I, assim
Hφ 2 π ρ = I,
I
Hφ = .
2πρ
Na região b ≤ ρ ≤ b + t a corrente envolvida Ienv é dada por
Z
~
Ienv = I + J~b · ds,
~ sobre
"A integral de superfície da componente normal da densidade de fluxo elétrico D,
qualquer superfície fechada, é igual à carga englobada por esta superfície."
Exemplo 1.5 Uma nuvem esférica de raio a possui uma distribuição de carga dada por ρv =
ρ0 (r/a)3/2 C/m3 , ρ0 é uma constante. Calcular a distribuição de campo elétrico em todo o
espaço, justificando o comportamento do campo elétrico.
Solução 1.5 Podemos aplicar a lei de Gauss para resolver este problema porque a distribuição
de cargas possui simetria esférica, assim, a superfície gaussiana é uma superfície esférica de
raio r e o campo só possui componente ~ar . Como a fonte (distribuição de cargas) é uma função
da coordenada r o campo elétrico também só será função desta coordenada. Do exposto temos
~ = Dr ~ar , Dr = f (r)
D
~ = r2 sen θ d θ d φ ~ar
dS
I Z π Z 2π
~ ~
D · dS = Dr r2 sen θd θd φ = Dr 4 π r2
s 0 0
para r ≤ a (região interna)
Z rZ π 2π
8 π r9/2
Z Z
ρv dv = ρ0 (r/a)3/2 r2 sen θ d θ d φ d r = ρ0
v 0 0 0 9 a3/2
r
2 r5
Dr = ρ0
9 a3
r
~ = 2 r5
E ρ0 ~ar V /m,
9 ε0 a3
Equações de Maxwell na forma integral 14
~ = 2 a3
E ρ0 2 ~ar V /m.
9 ε0 r
Exemplo 1.6 Na região definida por 0 < ρ < 3 m, 0 < φ < π/2 e 0 < z < 4 m temos o campo
~ = 3 ρ (z + 2) cos φ ~aρ − ρ (z + 2) sen φ ~aφ + ρ3 cos φ ~az µ C/m2 . Determine a carga elétrica
D
dentro desta região.
Solução 1.6 Calculando o lado esquerdo da equação 1.3, que representa o fluxo elétrico pela
superfície fechada, obteremos a carga elétrica líqüida na região. Na figura 1.12 temos a região
e a superfície que a limita, com os fluxos elétricos assinalados. Expandindo o lado esquerdo da
equação 1.3 obtemos I
Ψ= D ~ = Ψ1 + Ψ2 + Ψ3 + Ψ4 + Ψ5 ,
~ · dS
s
os fluxos elétricos por cada parte da superfície são dados por:
~ 1 = ρ dφ dz ~aρ
• região 1 - ds
Z z=4 Z φ=π/2 Z z=4 Z φ=π/2
Ψ1 = D ~1=
~ · ds 3 (ρ = 3)2 (z + 2) cos φ dφ dz = 432 µ C;
0 0 0 0
Equações de Maxwell na forma integral 15
~ 2 = dρ dz (−~ax )
• região 2 - ds
~ 3 = ρ dρ dφ ~az
• região 3 - ds
~ 4 = dρ dz (−~ay )
• região 4 - ds
Z ρ=3 Z z=4
Ψ4 = D ~2
~ · ds
Z0 ρ=3 Z0 z=4
= [−3 ρ (z + 2) cos φ sen φ + ρ (z + 2) sen φ cos φ]|φ=0 dρ dz = 0;
0 0
~ 5 = ρ dρ dφ (−~az )
• região 5 - ds
~ = 3 ρ (z+1) cos φ ~aρ −ρ (z+2) sen φ ~aφ +ρ3 cos φ ~az µ C/m2
Figura 1.12: Região no espaço onde D
Equações de Maxwell na forma integral 16
Exemplo 1.7 Para o campo magnético H ~ = 103 ~aφ A/m gerado por uma linha infinita de
corrente posicionada no eixo z, encontre o fluxo magnético que passa através da superfície
plana definida por s : (2 ≤ y ≤ 4 m), (−2 ≤ z ≤ 2 ).
Solução 1.7 Na figura 1.14 temos a linha infinita e a superfície plana. O fluxo magnético é
obtido pela integração do vetor densidade de fluxo magnético B ~ na área assinalada, usando a
~ = µ0 H,
relação constitutiva B ~ que será discutida na seção 1.4, encontramos
Z
Φs = B ~ ds
~ · dS, ~ = dy dz (−~ax) e B
~ = 103 µ0 (−~ax )
s
Z 2Z 4
= µ0 103 dy dz = 8 × 103 µ0 W b.
−2 2
Exemplo 1.8 Dois condutores infinitos, de seção transversal circular com 2 mm de raio tem
seus eixos localizados no plano x = 0 nas coordenadas y = −2 cm e y = 2 cm, nestes condutores
flui uma corrente uniformemente distribuída de 5 ~az A e −5 ~az A, respectivamente. Determine
o fluxo magnético total por unidade de comprimento passando entre os condutores.
Solução 1.8 Na figura 1.15 temos os dois condutores infinitos. O fluxo magnético total é
obtido pela integração do vetor densidade de fluxo magnético B ~ na região entre os condutores.
~
Uma linha infinita no eixo z gera um campo magnético H = 2 πI ρ ~aφ A/m, com a corrente na
direção ~az , assim cada condutor gera, na região entre eles, os seguintes campos magnéticos
~1 = −5 ~2 = −5
H ~ax , H ~ax ,
2 π (0, 02 + y) 2 π (0, 02 − y)
Equações de Maxwell na forma integral 17
"A corrente líquida devida ao fluxo de cargas emanando de uma superfície fechada s, é igual
a taxa de decréscimo, em relação ao tempo, da carga dentro do volume v limitado por s."
ou
"A carga elétrica total num sistema isolado, isto é, a soma algébrica das cargas positivas e
negativas, em qualquer instante, é constante."
Vamos deduzir a sua forma matemática, a partir das equações de Maxwell, com a ressalva
que ela foi estabelecida independentemente e que foi para satisfaze-la que Maxwell introduziu
o termo da corrente de deslocamento.
Consideremos dois caminhos fechados, c1 e c2 , tocando-se e limitando as superfícies s1 e s2 ,
que juntas formam uma superfície fechada s, como mostrado na figura 1.16.
Exemplo 1.9 Uma certa quantidade de carga q0 C é colocada dentro de uma região condutora,
figura 1.17. Determine a expressão de variação da carga no ponto em que foi posicionada. A
região possui condutividade σ e permissividade dielétrica ε.
a razão ε/σ é denominada de constante de tempo de relaxação, neste tempo a carga cai a 1/e
do seu valor inicial, aproximadamente 36, 78%.
Quando existem interfaces, isto é, transição entre meios, figura 1.18, as equações de Maxwell
diferenciais não são válidas porque os campos serão descontínuos e distribuições descontínuas
de cargas e corrente podem ocorrer. Neste caso há necessidade das condições de fronteira
para relacionar os campos (E ~ 1, H
~ 1, D
~ 1, B
~ 1 ) ↔ (E
~ 2, H
~ 2, D
~ 2, B
~ 2 ), estas condições são deduzidas
aplicando-se as equações de Maxwell na forma integral, serão discutidas na seção 1.5.
Para se obter as equações diferenciais de Maxwell, a partir das equações integrais de Maxwell
que são mais gerais, dois teoremas são necessários:
• teorema da divergência
• teorema de Stokes
Equações de Maxwell na forma diferencial 21
"A integral da componente normal de qualquer campo vetorial, sobre uma superfície fechada,
é igual à integral da divergência desse campo através do volume envolvido pela superfície
fechada."
Exemplo 1.10 Na região definida por 0 < ρ < 2 m, 0 < φ < π/2 e 0 < z < 4 m,
~ = 2 ρ (z + 1) cos φ ~aρ − ρ (z + 1) sen φ ~aφ + ρ2 cos φ ~az µ C/m2 . Calcule ambos os lados do
D
teorema da divergência nesta região.
Solução 1.10 Na figura 1.20 temos a região de interesse. Começamos calculando o divergente
do vetor densidade de fluxo elétrico, obtemos
~ = 1 ∂ 1 ∂ Dφ ∂ Dz
∇·D (ρ Dρ ) + +
ρ ∂ρ ρ ∂φ ∂z
= 4 (z + 1) cos φ − (z + 1) cos φ + 0 = 3 (z + 1) cos φ µ C/m3 ,
substituindo no lado direito da equação 1.10 obtemos
Z 2 Z 4 Z π/2 4
ρ2 4 z 2
Z π/2
~
∇ · Ddv = −6
3 (z + 1) cos φ 10 ρ dφ dρ dz = 3 +z senφ 10−6
v 0 0 0 2 0 2 0 0
−6
= 6 (8 + 4) (1 − 0) 10 = 72 µ C.
Para avaliar o lado esquerdo da equação 1.10 assinalamos todas a superfícies que limitam a
região, figura 1.20, obtemos então
I Z Z Z Z Z
~ ~
D · ds = ~ ~
D1 · ds1 + ~ ~
D2 · ds2 + ~ ~
D3 · ds3 + ~ ~
D4 · ds4 + ~ 5,
~ 5 · ds
D
s s1 s2 s3 s4 s5
~ 1 = ρ dφ dz ~aρ
• região 1 - ds
Z z=4 Z φ=π/2 2 4
2 z π/2
R1 = 2 (ρ = 2) (z + 1) cos φ dφ dz = 8 +z senφ = 96 µ C;
0 0 2 0 0
~ 2 = ρ dφ dρ (−~az )
• região 2 - ds
Z ρ=2 Z φ=π/2 4 2
3 ρ π/2
R2 = − ρ cosφ dφ dρ = − senφ = −4 µ C;
0 0 4 0 0
~ 3 = ρ dφ dρ ~az
• região 3 - ds
ρ=3 φ=π/2 2
ρ4
Z Z π/2
3
R3 = ρ cosφ dφ dρ = senφ = 4 µ C;
0 0 4 0 0
~ 4 = dρ dz (−~ax )
• região 4 - ds
ρ=2 z=4 4
−ρ2 2 z2
Z Z
2 −6
R4 = − ρ (z + 1) sen (π/2) 10 dρ dz = +z = −24 µ C;
2 0 2
0 0 0
~ 5 = dρ dz (−~ay )
• região 5 - ds
Z ρ=2 Z z=4
R5 = ρ (z + 1) sen(φ = 0o ) dρ dz = 0,
0 0
somando a contribuição de cada região obtemos
I
~ = 96 µ − 4 µ + 4 µ − 24 µ + 0 = 72 µ C,
~ · ds
D
s
~ = 2 ρ (z+1) cos φ ~aρ −ρ (z+2) sen φ ~aφ +ρ2 cos φ ~az µ C/m2
Figura 1.20: Região no espaço onde D
Equações de Maxwell na forma diferencial 23
"A integral da componente tangente de qualquer campo vetorial, sobre uma linha fechada, é
igual à integral da componente normal do rotacional do campo vetorial sobre a superfície."
na forma matemática temos
→
−
I Z
~ ~
V · dl = (∇ × V~ ) · ds. (1.11)
c s
−2
Exemplo 1.11 Um condutor com 10 m de raio possui um campo magnético interno
cilíndrico
2
dado por H~ = 4, 77 × 104 ρ − ρ −2 ~aφ A/m. Calcule ambos os lados do teorema da Stokes
2 3×10
nesta região.
Solução 1.11 Na figura 1.22 temos a região de interesse. Começamos calculando o rotacional
do campo magnético, obtemos
2
~ 1 ∂(ρH φ ) 1 4
ρ 4
h ρ i
∇×H = ~az = 4, 77 × 10 ρ − −2 ~az = 4, 77 × 10 1 − −2 ~az ,
ρ ∂ρ ρ 10 10
usando este resultado para avaliar o lado direito da equação 1.11, na seção transversa do con-
dutor (0 < ρ < 10−2 , 0 < π < 2 π), encontramos
10−2 2π 2 10−2
ρ3
Z Z
4
h ρ i 4 ρ
4, 77 × 10 1 − −2 ~az · ρ dφ dρ ~az = 4, 77 × 10 (2 π) − ≈ 5 A.
0 0 10 2 3 × 10−2 0
Para avaliar o lado esquerdo da equação 1.11 escolhemos o percurso que envolve todo o condutor
(ρ = 10−2 , 0 < π < 2 π), figura 1.22, obtemos então
Z 2π −2
ρ2 10−4
4 ρ 4 −2 10
4, 77 × 10 − ~aφ · ρdφ~aφ = 4, 77 × 10 (2 π)10 − ≈ 5 A.
0 2 3 × 10−2 2 3 × 10−2
Equações de Maxwell na forma diferencial 24
~ = 4, 77 × 104 ρ ρ2
Figura 1.22: Condutor cilíndrico onde H 2
− 3×10−2
~aφ A/m
Equações de Maxwell na forma diferencial 25
Solução 1.12 O campo B ~ é obtido usando-se a equação 1.12, observando que o campo elétrico
só tem a componente ~ax , o lado esquerdo da equação 1.12 torna-se
~ = ∂E z ∂E y ∂E x ∂E z ∂E y ∂E x
∇×E − ~ax + − ~ay + − ~az
∂y ∂z ∂z ∂x ∂x ∂y
∂Ex ∂Ex ∂Ex
= ~ay − ~az = ~ay ,
∂z ∂y ∂z
|{z}
0
~
~ = J~ + ∂ D .
∇×H (1.13)
∂t
Exemplo 1.13 No espaço livre temos um campo magnético variante no tempo por H ~ = 10 cos(ω t−
100 z) ~ay A/m, determine o campo elétrico associado com este campo magnético.
Solução 1.13 No espaço livre não temos elétrons livres, assim a condutividade σ = 0 de forma
que J~ = 0. Neste espaço a relação entre D ~ e E,
~ que será discutida na seção 1.4, é dada por
~ ~
D = ε0 E. Com estas considerações partimos calculando o lado direito da equação 1.13, obtemos
~ = ∂H z ∂H y ∂H x ∂H z ∂H y ∂H x
∇×H − ~ax + − ~ay + − ~az
∂y ∂z ∂z ∂x ∂x ∂y
∂Hy ∂Hy ∂Hy
= − ~ax + ~az = − ~ax ,
∂z ∂x
|{z} ∂z
0
∂Ex 1000
−1000 sen(ω t − 100 z) = ε0 → Ex = cos(ω t − 100 z),
∂t ω ε0
~ associado com o campo magnético H
assim o campo E ~ = 10 cos(ω t − 100 z) ~ay A/m é
~ = ρ,
∇·D (1.14)
~ =0
∇·B (1.15)
J~ = σ E,
~ (1.21)
σ é a condutividade do meio, indica que o campo elétrico aplicado irá movimentar os elétrons
livres do material, isto é, formar a corrente de condução. Para o espaço livre, que não possui
cargas elétricas, o seu valor é
σ = σ0 = 0 S/m (siemens/metro). (1.22)
As equações (1.17), (1.19) e (1.21) são denominadas de relações constitutivas e, , µ e σ
são denominados de parâmetros constitutivos. Estes parâmetros são, em geral, funções da
intensidade do campo aplicado, a posição dentro do material, a direção do campo aplicado, e a
freqüência de operação.
Os materiais são classificados como linear × não linear , homogêneos × não homogê-
neos, isotrópicos × não isotrópicos (anisotrópicos), e dispersivo × não dispersivo
de acordo com a sua estrutura e comportamento. Se os parâmetros constitutivos de um dado
material (meio) não são funções da intensidade do campo aplicado, o material é conhecido como
linear. Meios em que os parâmetros constitutivos não são funções da posição são denominados
homogêneos. Materiais isotrópicos são aqueles cujos parâmetros constitutivos não são funções
da direção do campo aplicado. Quando os parâmetros constitutivos são funções da freqüência
o meio é denominado de dispersivo, todos os materiais usados em nosso dia a dia exibem algum
grau de dispersão, embora as variações para alguns possam ser desprezadas e, para outros, é
significativa. Um exemplo de aplicação de um meio dispersivo e não linear e a fibra óptica, neste
meio, sob certas condições, os efeitos da dispersão são compensados pelos efeitos da não lineari-
dade, e uma onda de luz, denominada sóliton, pode propagar sobre distâncias extremamente
longas (centenas de quilómetros) sem qualquer distorsão. Na tabela 1.2 temos esta classificação.
polarização
densidade de corrente dielétrico
de deslocamento elétrico
magnetização
densidade de corrente magnético
de deslocamento magnético
condução
densidade de corrente condutor
de condução
não linear
funções da intensidade do campo
sim não linear
não homogêneo
funções da posição
sim não homogêneo
não isotrópico
funções da direção do campo
sim não isotrópico
1.5.1 ~ tangencial
Condição de fronteira para o campo E
Aplicando a lei de Faraday, equação (2.1) ao caminho abcda, mostrado na figura 1.24 obtemos
I →
− −
→
Z Z
~ d ~
lim E · dl = − B · dS , (1.23)
ad → 0 dt
abcda área abcda
bc → 0
~ ·−
→
I
lim E ~1 − E
dl = (E ~ 2 ) · ∆x ~ax , (1.24)
ad → 0 abcda
bc → 0
1.5.2 ~ tangencial
Condição de fronteira para o campo H
~ tangencial,
Da mesma forma que a feita para obter a condição de fronteira para o campo E
usamos a geometria definida na figura 1.24. Aplicando a lei de Ampère, equação (1.2), ao
caminho abcda mostrado na figura 1.24 obtemos
~ ·−→ −
→ ~ ·−→
I Z Z
d
Z Z
lim H dl = J~ · dS − D dS , (1.29)
ad → 0 dt
abcda área abcda área abcda
bc → 0
Como a densidade de corrente elétrica J~ está confinada sobre uma camada muito fina ao longo
da interface, o primeiro termo do lado direito da equação (1.29) pode ser escrito como
−
→
Z Z h i h i
lim J~ · dS = lim J~ · ~az ∆x ∆y = lim ~
(J∆y) · ~az ∆x
ad → 0 área abcda ∆y → 0 ∆y → 0
bc → 0
= J~s · ~az ∆x, (1.31)
Condições de Fronteira 33
como ~ax = ~ay × ~az , a equação anterior pode ser escrita como
~1 − H
H ~ 2 · (~ay × ~az ) − J~s · ~az = 0,
h i
~ay × H ~ 1 − J~s · ~az = 0,
~2 − H
As equações (1.34) e (1.35) estabelecem que em qualquer ponto da fronteira entre os meios
1 e 2, as componentes tangenciais do campo magnético são descontínuas por uma quantidade
igual a densidade de corrente elétrica de superfície.
1.5.3 ~ normal
Condição de fronteira para o campo D
Consideremos um paralelepípedo abcdef gh de volume infinitesimal, com as super-fícies
fechadas abcda e ef ghe paralelas a fronteira entre dois meios, como mostrado na figura 1.25.
Aplicando-se a lei de Gauss, equação (1.3) a este paralelelípedo, no caso limite em que as suas
superfícies laterais Sl tendem a zero, mas com os lados abcda e ef ghe permanecendo em ambos
os lados da fronteira, nós temos
I
→
−
Z
lim ~
D · ds = ρ dv . (1.36)
Sl →0 Sl v
Condições de Fronteira 34
No limite as contribuições das superfícies laterais do paralelepípedo (abef a, adgf a, bcheb, dchgd)
para a integral de superfície são nulas. Para a soma das contribuições das superfícies abcda, ef ghe
temos
~ ·−→
I
lim D ds = D~ 2 · ~ay A0 − D
~ 1 · ~ay A0 = (D
~2 − D
~ 1 ) · ~ay A0 , (1.37)
Sl →0 Sl
1.5.4 ~ normal
Condição de fronteira para o campo B
Aplicando a lei de Gauss para campo magnético na mesma geometria mostrada na figura
~ tangencial, obtemos
1.25 e com o mesmo procedimento feito para o caso D
~n · B~2 − B
~1 = 0 (1.42)
Exemplo 1.14 Considere que o meio 1 da figura 1.23 é um condutor perfeito, isto é, possua
uma condutividade elétrica infinita σ = ∞ assim temos
~1 = 0 → D
σ1 = ∞ → E ~1 = 0
~
∇×E~ 1 = 0 = − ∂ B1 → B~1 = 0 → H
~1 = 0
∂t
As condições de fronteira tornam-se
~n × E ~2 = 0
~n × H ~2 = J~s
~n · D~2 = ρs
~2
~n · B = 0
estas equações fornecem a densidade de carga na fronteira ρs e a corrente superficial J~s , induzi-
das pela presença dos campos eletromagnéticos e estabelecem que na frontei-ra o campo elétrico
é normal. Num problema de campos variantes no tempo a condição ~n × E ~ 2 = 0 é a única
~
exigida num condutor perfeito, a condição ~n · B2 = 0 serve como verificação.
Exemplo 1.15 Na figura 1.26, a região x < 0 é um condutor perfeito, a região 0 < x < d é
um dielétrico perfeito com = 20 e µ = µ0 , e a região x > d é o espaço livre. Os campos
elétrico e magnéticos na região 0 < x < d são dados em um instante de tempo particular por
~ = E2 cosπx sen2πz ~ax + E1 senπx cos2πz ~az V /m
E
~ = H2 cosπx sen2πz ~ay A/m.
H
Solução 1.15
a) denominando o meio dielétrico perfeito de meio 2 e o condutor perfeito de meio 1, nós temos
que ~n = ~ax e todos os campos no meio 1 são nulos, assim temos
~ 2 ]x=0 = ~ax · 2 0 E2 sen2πz ~ax
[ρs ]x=0 = ~n · [D
= 2 0 E2 sen2πz
h i
J~s ~ 2 ]x=0 = ~ax × H2 sen2πz~ay
= ~n × [H
x=0
= H2 sen2πz~az
então
[H]x=d+ = H2 cosπd sen2πz ~ay .
Figura 1.27: Campos elétrico e magnético dentro de uma região com fonte
~
~ · (∇ × E)
H ~ · ∂B ,
~ = −H (1.46)
∂t
~
~ · (∇ × H)
E ~ = J~ · E ~ · ∂D .
~ +E (1.47)
∂t
Subtraindo a equação (1.46) da (1.47) encontramos
~ ~
~ · (∇ × E)
H ~ −E
~ · (∇ × H) ~ · ∂ B − J~ · E
~ = −H ~ · ∂D ,
~ −E (1.48)
∂t ∂t
~ × B)
usando a identidade vetorial ∇ · (A ~ = B ~ · (∇ × A) ~ −A~ · (∇ × B)
~ podemos escrever a
equação (1.48) como
~ ~
~ × H)
∇ · (E ~ = −H ~ · ∂ B − J~ · E ~ · ∂D .
~ −E (1.49)
∂t ∂t
Potência e Energia 39
~
∂H ~
~ × H)
∇ · (E ~ = −µ H
~ · − J~ · E ~ · ∂E ,
~ − E (1.50)
∂t ∂t
integrando esta equação no volume V, figura 1.13, obtemos
Z Z ( "
~
# "
~
#)
~ × H)
∇ · (E ~ dv = − ~ · µ ∂H + E
H ~ · J~ + ∂ E dv. (1.51)
V V ∂t ∂t
As equações (1.50) e (1.52) podem ser interpretadas como as formas diferencial e integral,
respectivamente, para a conservação da energia. Para entender isto, vamos considerar cada
termo da equação (1.52).
O integrando do lado direito da equação (1.52) é um vetor da forma
P~ = E
~ × H,
~ (1.53)
~ /m) e H(A/m).
o qual tem unidades de densidade de potência (watts/m2 ), desde que E(V ~ O
vetor P~ é denominado de vetor de Poynting e define o fluxo instantâneo de energia, a direção
do fluxo é perpendicular a E ~ e a H.
~ A sua integração representa a potência total deixando a
região definida pela superfície, S, potência evadida, Pe , assim
I I
Pe = (E ~ × H) ~ =
~ · ds ~
P~ · ds. (1.54)
S S
A primeira integral do lado direito da equação (1.52) pode ser escrita como
Z h i Z h i
− ~ · J~ dv = −
E ~ · (J~i + J~c ) dv = Pf + Pd ,
E (1.55)
V V
sendo Z h i
Pf = − ~ ~
E · Ji dv, (1.56)
V
a potência gerada pela fonte, que impõe um vetor densidade de corrente J~i no meio, e
Z h i
Pd = ~ · J~c dv,
E (1.57)
V
a potência dissipada dentro da região devido a existência de cargas livres, que sob a ação do
campo elétrico geram o vetor densidade de corrente de condução J~c no meio. A segunda integral
do lado direito da equação (1.52) é escrita como
Z h
∂ µ ~ 2 ~ 2i ∂We ∂Wm
H + E dv = + ,
∂t V 2 2 ∂t ∂t
Potência e Energia 40
sendo Z
~2
We = E dv, (1.58)
V 2
a energia armazenada no campo elétrico, e
Z
µ ~2
Wm = H dv, (1.59)
V 2
∂(We + Wm )
Pe = P f − Pd − , (1.60)
∂t
ou
∂(We + Wm )
Pf = P e + Pd + , (1.61)
∂t
a qual é a lei de conservação da potência, estabelece que dentro de uma região V limitada por
uma superfície S, a potência fornecida pela fonte Pf é igual a potência evadida da região Pe ,
mas a potência dissipada dentro da região Pd , mais a taxa de variação (positiva se aumenta)
das energias elétrica We e magnética Wm armazenadas dentro desta região. Na figura 1.28
temos a interpretação dos termos que aparecem no teorema de Poynting, ressaltamos que esta
interpretação é arbitrária, mas, baseada em casos estudados na teoria eletromagnética.
E02 a
Z Z Z b Z c
µ
(we + wm )dv = dx dy dz + 2 cos2 (ωt − kz)
V 2 0 η
2 Z c0 0
E0
= ab [1 + cos2(ωt − kz)] dz
2 0
c
E02
∂ ∂ sen2(ωt − kz)
(We + Wm )dv = ab
∂t 2 ∂t 2(−k)
0
−E02
= a b ω [cos2(ωt − kc) − cos2ωt]
2k
E02
= a b [cos2ωt − cos2(ωt − kc)] W
2η
Exemplo 1.17 Uma onda eletromagnética propagando na água do mar ( = 800 , σ = 4 S/meµ =
µ0 ) possui os seguintes campos
Solução 1.17 O fluxo de potência instantânea por unidade de área normal a direção z é dado
pela componente z do vetor de Poynting. O vetor de Poynting é dado por
P~ = E
~ ×H ~
= 4, 502 e−1,256z cos(5 × 104 πt − 0, 628z) cos(5 × 104 πt − 0, 628z − π/4) ~az W/m2 ,
assim
Pz = 2, 251 e−1,256z cos(π/4) + cos(105 πt − 1, 256z − π/4) W/m2 ,
observe que este fluxo decresce na medida que a onda propaga, por que?
Campos Harmônicos no Tempo 43
J~1 → E ~ 1, H
~1
~ ~ ~ ~ ~ ~ ~
J~2 → E ~ 2 ⇒ J = J1 + J2 → E1 + E2 , H1 + H2
~ 2, H
Considerando que o campo eletromagnético possa ser transformado para o domínio da fre-
qüência, usaremos os seguintes pares de transformadas de Fourier
Z ∞ Z ∞
1 ~ r, t) e −jωt 1 ~ r, t) e−jωt dt,
E(~r, ω) = E(~ dt H(~r, t) = H(~ (1.62)
2π −∞ 2π −∞
Z ∞ Z ∞
~
E(~r, t) = jωt
E(~r, ω) e dω ~
H(~r, t) = H(~r, ω) ejωt dω. (1.63)
−∞ −∞
Passando a equação (1.12) para o domínio da freqüência, usando o par dado na equação (1.63),
encontramos
Z ∞ Z ∞
jωt ∂ jωt
∇× E(~r, ω)e dω = − µ H(~r, ω)e ,
−∞ ∂t −∞
Z ∞ Z ∞
jωt
∇ × E(~r, ω)e dω = −j ω µ H(~r, ω)ejωt ,
−∞ −∞
então, temos que a primeira equação de Maxwell está operando sobre os campos complexos
E(~r, ω) e H(~r, ω), e torna-se
∇ × E = −j ωµH = −j ωB. (1.64)
Usar a transformada de Fourier para estabelecer as equações de Maxwell sobre campos e
fontes complexos é maneira mais geral, já que obtemos equações para
Campos Harmônicos no Tempo 44
qualquer campo e fonte em que seja possível definir os seus espectros de Fourier. Uma maneira
mais particular é estabelecer que os campos e fontes possuem variação temporal da forma cosωt,
dessa forma definimos que os campos instantâneos são dados por
Solução 1.18
(a) para usar a convenção adotada temos que escrever o campo como
assim,
~ r, t) = <e E(~r) ejωt = 2 cos(ωt − π/2) ~ay = <e 2 e−jπ/2 ejωt~ay
E(~
E(~r) = 2 e−jπ/2 ~ay = −2 j ~ay ,
observe que o termo ejωt fica implícito na resposta e que a defasagem inicial de −π/2 é repre-
sentada pelo termo −j na notação fasorial
(b) da mesma forma que no caso (a) escrevemos o campo na seguinte forma
assim,
~ r, t) = <e e−jkz ~ax + 2 e−jπ/2 e−jkz ~ay ejωt
E(~
E(~r) = (~ax − 2 j ~ay ) e−jkz .
observe que o termo ejωt fica implícito na resposta e que a defasagem de −π/2 da componente
~ay em relação a componente ~ax é representada pelo termo −j na componente ~ay , o que dá
origem a um vetor complexo.
Exemplo 1.19 Determine as formas instantâneas dos seguintes campos fasoriais: (a) E(~r, ω) =
(~ax + 2 ejπ/4 ~ay )e−j k z ; (b) E(~r, ω) = (1 − j)~ay e−j k x .
~ r, t) =
Solução 1.19 O processo de recuperar a forma instantânea é aplicar a operação A(~
jωt
<e {A(~r, ω) e }.
(a)
~ r, t) = <e (~ax + 2 ejπ/4 ~ay )e−j k z ejωt
E(~
= cos(ωt − k z) ~ax + 2cos(ωt − k z + π/4) ~ay ;
(b)
~ r, t) = <e (1 − j)~ay e−j k x ejωt = [cos(ωt − k x) + cos(ωt − k x − π/2)] ~ay
E(~
√
= 2 cos(ωt − k x − π/4) ~ay ou
nh√ i o √
= <e 2 e−jπ/4~ay e−j k x ejωt = 2 cos(ωt − k x − π/4) ~ay ,
observe que o segundo procedimento é mais direto que o primeiro. Um vetor complexo significa
uma fase inicial diferente de zero na forma instantânea.
~n × (E2 − E1 ) = 0, (1.79)
~n × (H2 − H1 ) = Js , (1.80)
~n · (D2 − D1 ) = qe , (1.81)
~n · (B2 − B1 ) = 0. (1.82)
~ 1 jωt
+ E e−j ω t ,
E(x, y, z; t) = Ee (1.83)
2
~ 1 jωt
+ H e−j ω t ,
H(x, y, z; t) = He (1.84)
2
assim o vetor de Poynting é dado por
1 jωt 1
P~ = + E e−j ω t × H ej ω t + H e−j ω t ,
Ee (1.85)
2 2
desenvolvendo a equação (1.85) chegamos a
h i
1 1 i 1h
P~ = E × H + (E × H) + E × Hej 2 ω t
+ (E × H) e−j 2 ω t
,
2 2 2
que pode ser escrita como
1
P~ = <e(E × H) + <e(E × H ej 2 ω t ) .
(1.86)
2
Analisando a equação (1.86) vemos que a primeira parcela não é função do tempo, e a
segunda varia com o dobro da freqüência dos campos, isto significa que a primeira parcela
representa a densidade de potência real, potência média, associada com os campos eletro-
magnéticos e a segunda parcela representa a potência armazenada, potência reativa. Usando
a definição de valor médio de uma função
1 T
Z
< f (t) > = f (t) dt, (1.87)
T 0
na equação (1.86), reconhecemos que o seu primeiro termo é o vetor de Poynting médio, isto é,
o vetor densidade cuja integração fornece a densidade de potência média, é dado por
1
P~m = <e(E × H). (1.88)
2
~ 2 com E
Exemplo 1.20 Obter o valor médio no tempo de |E| ~ = E1 cos ω t ~ax + E2 cos ω t ~ay +
E3 cos ω t ~az .
Campos Harmônicos no Tempo 48
Z T
~ > =
2 1
(E1 cos ω t)2 + (E2 cos ω t)2 + (E3 cos ω t)2 dt
< |E|
T 0
1 2
= (E + E22 + E32 )
2 1
Exemplo 1.21 Os campos eletromagnéticos de uma onda eletromagnética são dados por E ~ =
~
100 sen(ω t − 2z) ~ax e H = 0, 265 sen(ω t − 2z) ~ay . Calcule a densidade de potência média.
Solução 1.21 Usando campos fasoriais poderemos aplicar a equação (1.88), eles são dados por
E = 100 e−j 2 z ~ax e H = 0, 265 e−j 2 z ~ay , assim obtemos
1 100 −j 2 z
P~m = <e(E × H) = e ~ax × 0, 265 ej 2 z ~ay = 13, 25 ~az (W/m2 ).
2 2
Exemplo 1.22 Os campos eletromagnéticos distantes emitidos por uma antena dipolo são da-
dos, em coordenadas esféricas, por
Solução 1.22 A potência média emitida pela antena é a integração do vetor de Poynting médio
numa esfera de raio r que envolve a antena, figura 1.32. Novamente usamos campos fasoriais
(caminho mais fácil), eles são dados por
e−jkr e−jkr
E = j I0 ω µ senθ ~aθ e H = j I0 k senθ ~aφ ,
4πr 4πr
assim obtemos
1 1 ωµk
P~m = <e (E × H) = I02 sen2 θ ~ar (W/m2 ),
2 2 16π 2 r2
integrando o vetor de Poynting obtemos
1 π 2π 2 ω µ k
Z Z
2 2 ωµk 2
Pm = I0 sen θ ~ar · r senθ dθ dφ ~ar = I (W )
2 0 0 2
16π r 2 12π 0
Campos Harmônicos no Tempo 49
1.8 Exercícios
Equações de Maxwell
1. Leia a seção 2.5 da referência [1] e escreva um resumo das experiências que fundamentam
a teoria eletromagnética, associando com as equações de Maxwell.
2. Para cada equação de Maxwell, nas formas integral e diferencial, escolha e resolva dois
problemas. Sugestão: escolha problemas propostos nas referências.
3. Obter a lei de Ampère e a lei de Gauss, nas suas formas diferenciais, a partir das equações
integrais de Maxwell.
4. Obter a lei de conservação da carga na sua forma diferencial, a partir das equações
diferenciais de Maxwell.
Condições de Fronteira
9. O plano x = 0 forma a fronteira entre o espaço livre (x > 0) e um outro meio. Determine:
(a) J~s se x < 0 é um condutor perfeito e H(0 ~ + , 0, 0) se
~ + , 0, 0) = H0 (3~ay − 4~az ); (b) H(0
x < 0 é um material magnético com µ = 10µ0 e H(0 ~ − , 0, 0) = H0 (~ax + 10~ay ); (c) a razão
B(0− , 0, 0)/B(0+ , 0, 0) se x < 0 é um material magnético com µ = 10µ0 e H(0 ~ − , 0, 0) =
H0 (~ax + 10~ay ). Resp. (a) H0 (4~ay + 3~az ); (b) 10H0 (~ax + ~ay ); (c) 7,1063.
10. Uma película plana de corrente, K ~ = 6, 5 ~az A/m, flui no plano x = 0 que separa as
regiões 1, x > 0, onde H ~ 1 = 10 ~ay A/m, e a região 2, x < 0. Determine H~ 2 em x = 0+ .
Resp. H~ 2 = 16, 5 ~ay A/m.
14. Encontre os valores médios no tempo das seguintes funções: (a) Acos3 ω t; (b) A(cos2 ω t+
5
cos2 2ω t); e (c) Acos6 ω t. Resp. (a) 0; (b) A; (c) 16 A.
16. O campo eletromagnético distante de uma antena dipolo que está no espaço livre e colo-
cada na origem do sistema de coordenadas é dado por
~ ~
E = 100/r senθ cos(ωt − kr)~aθ V /m e H = 0, 265/r senθ cos(ωt − kr)~aφ A/m. Calcule a
potência média que atravessa uma casca hemisférica definida por r = 1Km, 0 ≤ θ ≤ π/2.
Compare com a potência total emitida pela antena. Resp. Pm ≈ 55, 5W , Pm /Pmt = 1/2.
17. Supondo que uma lâmpada de 100W emita toda a sua energia em forma de luz (de-
sprezamos as outras perdas), uniformemente em todas as direções, estime os valores
~ e |H|
médios quadráticos dos campos |E| ~ a uma distância de 1m da lâmpada. Resp.
~ ≈ 54, 4V /m e |H|
|E|2 ~ ≈ 0, 15A/m.
2
19. O campo eletromagnético de uma onda plana na forma fasorial é definido por E =
50 ej(ω t−β z) ~ax V /m e H = (5/12 π) ej(ω t−β z) ~ay A/m. Determine a potência média que
atravessa uma área circular de 2, 5 m de raio pertencente a um plano z = constante.
Resp. Pm = 65, 1 W .
~ t) = 150 sen(ω t − β z) ~ax V /m. Calcule a potência média que
20. No espaço livre temos E(z,
atravessa uma área retangular de lados 30 mm e 15 mm. situada no plano z = 0. Resp.
Pm = 13, 4 mW .
Referências 52
1.9 Referências
1. Paris Paris, D. T. e Hurd, F. K., "Teoria Eletromagnética Básica", Guanabara Dois, 1984.