Curso Fotovotaico
Curso Fotovotaico
Curso Fotovotaico
I- Introdução
Um sistema de produção electro-solar é uma fonte de energia que, através da
utilização de células fotovoltaicas, converte directamente a energia luminosa em
electricidade.
Vantagens fundamentais:
Principais aplicações:
Componentes do sistema:
ESQUEMA (Fig.1)
Cada célula solar compõe-se de uma camada fina de material tipo N e outra com
maior espessura de material tipo P (ver Figura 2).
Figura 2
Cada electrão que abandona o módulo é substituído por outro que regressa do
acumulador ou da bateria. O cabo da interconexão entre módulo e bateria contem
o fluxo, de modo que quando um electrão abandona a última célula do módulo e
encaminha-se para a bateria outro electrão entra na primeira célula a partir da
bateria.
Deve-se esclarecer que uma célula fotovoltaica não pode armazenar energia
eléctrica.
Tipos de células:
Existem três tipos de células, conforme o método de fabricação.
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Montado em 06/Abr/01
Ter-se-á então:
A fonte de energia eléctrica entrega tensão aos A bomba de agua entrega pressão à mesma.
electrões, A pressão mede-se em kg/cm2 (ou em mm de coluna
ou seja, capacidade de realizar trabalho. de água).
A tensão mede-se em Volts.
Os electrões perdem sua energia ao passar por uma A água perde sua pressão ao passar por uma turbina.
carga. Aqui é que se realiza o trabalho.
Aqui é que se realiza o trabalho.
Ligação em série
Figura 5
Figura 6
Conclusão : Quando se ligam módulos em série, a tensão resultante é a soma
das tensões de cada um deles e a corrente resultante coincide com a menor das
correntes entregues pelos módulos.
Ligação em paralelo
Fig.7
Fig.8
Conclusão : Quando se ligam módulos em paralelo, a corrente resultante é a
soma das correntes de cada um deles e a tensão resultante coincide com a que é
entregue por cada módulo.
Potencia
P=V x I
Em que:
P é a potencia, medida em Watts
V é a tensão aplicada, medida em Volts
I é a corrente que circula, medida em Amperes
Uma mesma potencia eléctrica poderá estar na forma de alta tensão e baixa
corrente ou baixa tensão e alta corrente. Cada aplicação determinará a melhor
escolha.
Perdas de potencia
Ao circular água por uma tubagem produzem-se perdas de carga por fricção e
turbulencia. Ou seja, a tubagem oferece uma certa resistência à passagem do
fluxo deágua. Da mesma forma, os condutores eléctricos oferecem uma certa
resistência à passagem da corrente de electrões e isto traduz-se numa perda de
potência, o que deve ser levado em conta ao conceber um sistema. Estas perdas
de potência transformam-se em calor.
Assim, R = x ( l / s)
em que:
R = resistência, em Ohms ( );
= resistência específica ou resistividade, em mm 2 x metro
Exemplo do Cobre: =0,017 mm 2 m
s = secção do condutor, em mm 2 ;
l = comprimento, em m
Verifica-se que: V = R x I
em que:
"V" é a tensão do sistema, em Volts
"I" é a corrente que se transmite, em Amperes
"R" é a resistência do elemento condutor, em Ohms
Assim,
Nos sistemas fotovoltaicos que trabalham a tensões baixas interessa saber que
queda de tensão ocorrerá quando a corrente requerida percorrer um condutor de
comprimento e secção determinados.
Quantidade de energia
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Pg. revista em 03/Mai/01
A corrente e a tensão em que opera o dispositivo fotovoltaico são determinadas pela radiacão
solar incidente, pela temperatura ambiente, e pelas características da carga conectadas ao
mesmo.
Fig. 9
Corrente de curto-circuito (Icc): Máxima corrente que pode entregar um dispositivo sob
condicões determinadas de radiacão e temperatura correspondendo a tensão nula e
consequentemente a potencia nula.
Tensão de circuito aberto (Vca): Máxima tensão que pode entregar um dispositivo sob
condições determinadas de radiação e temperatura correspondendo a circulação de
corrente nula e consequentemente a potencia nula.
Potencia Pico (Pmp): É o valor máximo de potencia que pode entregar o dispositivo.
Corresponde ao ponto da curva no qual o produto V x I é máximo.
Corrente a máxima potencia (Imp): corrente que entrega o dispositivo a potencia máxima
sob condições determinadas de radiação e temperatura. É utilizada como corrente nominal
do mesmo.
Tensão a máxima potencia (Vmp): tensão que entrega o dispositivo a potencia máxima
sob condições determinadas de radiação e temperatura. É utilizada como tensão nominal
do mesmo.
Fig.10
Efeito da temperatura
O principal efeito provocado pelo aumento da temperatura do módulo é uma redução da tensão
de forma directamente proporcional. Existe um efeito secundário dado por um pequeno incremento
da corrente para valores baixos de tensão.
Tudo isto está indicado na Fig. 11
É por isso que para locais com temperaturas ambientes muito elevadas são adequados módulos
que possuam maior quantidade de células em série a fim de que as mesmas tenham suficiente
tensão de saída para carregar baterias.
Fig.11
Combinações de células e curvas resultantes
A tensão no ponto de máxima potencia de saída para uma célula é de aproximadamente 0,5
Volts em pleno sol.
A corrente que entrega una célula é proporcional à superficie da mesma e à intensidade da luz.
É por isso que para conseguir módulos com correntes de saída menores utilizam-se em sua
fabricação terços, quartos, meios, etc de células.
Um módulo fotovoltaico é um conjunto de células conectadas em série (somam-se suas tensões)
que formam uma unidade com suficiente tensão para poder carregar uma bateria de 12 volts de
tensão nominal (Esta bateria necessita entre 14 e 15 Volts para poder carregar-se plenamente).
Para conseguir esta tensão necessitam-se entre 30 e 36 células de silício Monocristalino
conectadas em série.
A curva I-V corrigida para as condições ambientais reinantes, é só uma parte da informação
necessária para saber qual será a característica de saída de um módulo. Outra informação
imprescindível é a característica operativa da carga a conectar. É a carga que determina o ponto
de funcionamento na curva I-V
A característica I-V do módulo varia com as condições ambientais (radiação, temperatura). Isto
quer dizer que haverá uma família de curvas I-V que nos mostrará as características de saída do
módulo durante o dia numa época do ano.
Fig. 12
A curva de potência máxima de um módulo em função da hora do dia tem a forma indicada neste
diagrama de carga:
Fig. 13
A quantidade de energia que o módulo é capaz de entregar durante o dia é representada pela
área compreendida sob a curva da Fig.13 e mede-se em Watts hora/dia.
Observa-se que não é possível falar de um valor constante de energia entregue pelo módulo em
Watts hora uma vez que varia conforme a hora do dia. Será necessário então trabalhar com os
valores da quantidade de energia diária entregue. (Watts hora/dia).
Interacção com uma carga resistiva
No exemplo mais simples, se se conectam os bornes de um módulo aos de uma lâmpada
incandescente (que se comporta como uma resistencia eléctrica) o ponto de operação do módulo
será o da intersecção da sua curva característica com uma recta que representa gráficamente a
expressão I= V / R , sendo R a resistencia da carga a conectar.
Fig.14
Uma bateria tem uma tensão que depende do seu estado de carga, antiguidade, temperatura,
regime de carga e descarga, etc. Esta tensão é imposta a todos os elementos que a ela estão
ligados, incluindo o módulo fotovoltaico.
Fig. 15
É incorrecto pensar que um módulo com uma tensão máxima de saída de 20 volts elevará uma
bateria de 12 volts para 20 volts e a danificará. É a bateria que determina o ponto de
funcionamento do módulo.
A bateria varia sua amplitude de tensão entre 12 e 14 volts.
Fig. 16
Interacção com um motor de corrente contínua
Fig. 17
Quando se liga um motor directamente ao sistema fotovoltaico, sem bateria nem controles
intermediários, diminuem os componentes envolvidos e portanto aumenta a fiabilidade.
Mas, como mostra a Fig. 18, não se aproveitará a energia gerada nas primeiras horas da manhã
e ao entardecer.
Fig. 18
V- Configuração de sistemas de produção
Bateria, inversor
Quando se necessitar energia em corrente alternada poderá ser incluído um inversor. A potência
gerada no sistema fotovoltaico poderá ser transformada integralmente em corrente alternada ou
poderão alimentar-se simultaneamente cargas de corrente contínua (C.C.) e de corrente alternada
(C.A.)
Baterias seladas
-Gelificadas
Estas baterias incorporam um electrólito do tipo gel com consistencia que pode variar desde um
estado muito denso ao de consistência similar a uma geleia. Não derramam, podem montar-se em
quase todas as posições e não admitem descargas profundas.
-Electrólito absorvido
O electrólito encontra-se absorvido numa fibra de vidro microporoso ou num entrançado de fibra
polimérica. Tal como as anteriores não derramam, montam-se em qualquer posição e admitem
descargas moderadas.
Tanto estas baterias como as Gelificadas não exigem manutenção com acrescentos de água e
não desenvolvem gases, evitando o risco de explosão, mas ambas requerem descargas pouco
profundas durante sua vida útil.
Níquel-Cádmio
As principais características são :
1. O eletrólito é alcalino
2. Admitem descargas profundas de até 90% da capacidade nominal
3. Baixo coeficiente de autodescarga
4. Alto rendimento sob variações extremas de temperatura
5. A tensão nominal por elemento é de 1,2 Volts
6. Alto rendimento de absorção de carga (superior a 80%)
7. Custo muito elevado em comparação com as baterias ácidas
Tal como as baterias de chumbo-ácido, estas podem ser obtidas nas duas versões: standard e
seladas. Utiliza-se a mais conveniente conforme a necessidade de manutenção admissível para a
aplicação prevista. Dado seu alto custo, não se justifica sua utilização em aplicações rurais.
Juntamente com a potência requerida pela carga deverão especificar-se as horas diárias de
utilização da referida potência.
Multiplicando potência por horas de utilização, obter-se-ão os watts hora requeridos pela carga ao
fim de um dia.
Estes dados são necessários para determinar o ângulo de inclinação adequado para o módulo
fotovoltaico e o nível de radiação (médio mensal) do lugar.
Autonomia prevista
Isto refere-se ao número de dias em que se prevê que diminuirá ou não haverá geração e que
deverão ser tidos em conta no dimensionamento das baterias de acumuladores. Para sistemas
rurais domésticos tomam-se de 3 a 5 dias e para sistemas de comunicações remotos de 7 a 10
dias de autonomia.
Mostra-se a seguir uma folha de calculo para determinar os Watts/hora diarios (Wh/dia) de todas
as cargas de corrente contínua e alternada que se pretendam alimentar.
Subtotal 1 93.5
231.5
Procura total de energia em Watts-hora/dia (1 + 2)
1) Identificar cada carga de corrente contínua, seu consumo em Watts e a quantidade de horas por
dia que deve operar. No exemplo consideraram-se lâmpadas de baixo consumo de 7 e 9 W que,
com os seus balastros, consomem respectivamente 8,5 e 10 W. Considerou-se também um
equipamento de transmissão tipo banda do cidadão onde se identificou seu consumo tanto em
transmissão como em escuta.
2) Multiplicar a coluna (A) pela (B) para obter os Watts hora / dia de consumo de cada aparelho
(coluna [A xB]).
3) Somar os Watts hora/dia de cada aparelho para obter os Watts hora/dia totais das cargas em
corrente contínua (Subtotal 1).
4) Proceder de igual forma com as cargas em corrente alternada com o acrescento de 15% de
energia adicional para ter em conta o rendimento do inversor (Subtotal 2 ).
Para poder escolher o inversor adequado, dever-se-á ter claro quais são os níveis de tensão que
se manejarão tanto em termos de corrente alternada como de continua. Por exemplo, se numa
habitação rural se instalar um gerador solar em 12 Vcc. e se deseja alimentar um televisor a cores
que funciona em 220 Vca e que consume 60W, o inversor será de 12 Vcc a 220 Vca e manejará no
mínimo 60 W. Se existirem outras cargas de corrente alternada dever-se-ão somar todas aquelas
que se desejarem alimentar de forma simultânea. O resultado da referida soma, mais uma margem
de segurança de aproximadamente 10%, determinará a potência do inversor.
Método Simplificado
Devem-se conhecer os níveis de radiação solar típicos da região (v. mapa). Como já se viu, a
capacidade de produção dos módulos varia com a radiação.
Para realizar um cálculo aproximado da quantidade de módulos necessários para uma instalação
pode-se proceder da seguinte forma:
Em que:
Para assegurar a operação apropriada das cargas deverá efectuar-se a selecção adequada dos
condutores e cabos de ligação, tanto daqueles que ligam o gerador solar às baterias como os dos
que as interligam com as cargas.
Os cabos cujo percurso está principalmente em zonas de intempérie deverão ser adequados a
essa condição. Nestes casos recomenda-se utilizar o cabo FVV (designação europeia AO5VV-F).
O cabo tipo H07RN-F (norma NP-2357) corresponde à figura seguinte. Trata-se de um cabo
flexível, impróprio para a intempérie, a ser instalado num tubo de PVC que lhe servirá de protecção
mecânica. O seu nível de isolamento é de 500 V.
Para instalar condutores no interior de uma habitação ou de um edifício utiliza-se cabo de cobre
com isolamento de PVC anti-chama conforme a norma NP-2356. Este cabo, inadequado para
instalações ao ar livre, deve ser montado dentro de tubos PVC com 16, 20 ou 25 mm de diâmetro.
O seu nível de isolamento é de 1000 V. O desenho abaixo mostra um corte do mesmo.
A fim de assegurar o funcionamento adequado das cargas (lâmpadas, televisão, equipamentos
de transmissão, etc) não deverá haver mais de 5% de queda de tensão tanto entre os módulos e
as baterias como entre as baterias e os centros de cargas.
O processo de selecção do cabo fica mais simplificado se se utilizar a tabela abaixo, que indica
a secção de cabo adequada a utilizar para uma queda de tensão de 5% em sistemas de 12 V.
Se a instalação for de 24, 36 ou 48 Vcc proceder-se-á da mesma forma, mas nesse caso dever-
se-á dividir a secção obtida por 2, 3 ou 4, respectivamente. Se o valor que resultar desta divisão
não coincidir com um valor normalizado de secção dever-se-á adoptar a secção imediatamente
superior.
Com base na latitude do lugar da instalação obtem-se da figura 8.1 o Factor de espaçamento.
Assim, a distância mínima a que poderá estar localizado o objecto será:
em que:
Fe = Factor de espaçamento obtido da Fig. 8.1
Ho = Altura do objecto
Hm = Altura em relação ao nível do solo em que se encontram instalados os módulos
Os módulos deverão ser orientados de modo a que a sua parte frontal olhe para o Sul geográfico
(ou Norte, quando no hemisfério Sul). Quando o Sol alcançar o ponto mais alto da sua trajectória
(meio dia) sua posição coincide com o Sul geográfico.
Para conseguir um melhor aproveitamento da radiação solar incidente, os módulos deverão
estar inclinados em relação ao plano horizontal num ângulo que variará com a latitude da
instalação. A BP Solar recomenda a adopção dos seguintes ângulos de inclinação:
Exemplo: como Lisboa está na latitude 39º, o ângulo de inclinação do painel poderá ser de 49º.
Pequenas variações de ângulo não afectam significativamente o rendimento da instalação.
No hemisfério Norte as placas ficarão voltadas para o Sul geográfico (que tem uma diferença de
17º em relação ao Sul magnético). No hemisfério Sul as placas ficarão voltadas para o Norte
geográfico.