Newsletter at 5 Anexo Advogados

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AT EM CONTACTO-PROFISSIONAIS LIBERAIS

APOIO JUDICIRIO
OBRIGAES FISCAIS EM SEDE DE IVA

NEWSLETTER # 5 JULHO / SETEMBRO 2014

FAQ
1. Em que que consiste o apoio judicirio?
2. Como que os advogados so pagos?
3. Como se determina, nestes casos, o facto gerador e a exigibilidade do imposto?
4. Quando deve ser emitida a fatura?
5. Como devem ser emitidas as faturas?
6. Pode-se emitir faturas-recibo?
7. Pode-se emitir faturas simplificadas?
8. O que deve ser feito quando o advogado no emita a fatura no prazo legal?
9. Os advogados abrangidos pelo regime especial de iseno, previsto no
Art. 53. e ss. do Cdigo do Imposto sobre o Valor Acrescentado (CIVA) tm
de emitir fatura?
10. O imposto liquidado por engano por um advogado abrangido pelo regime
especial de iseno tem de ser pago ao Estado?
11. Como deve ser pago o imposto?
12. O que acontece se o tribunal no aceitar o pedido de honorrios solicitado pelo advogado?
13. Em que que consistem estes documentos retificativos?
14. O que fazer, aps a emisso de um documento retificativo?
15. Qual o procedimento que se deve seguir?
16. Regime de contabilidade de caixa

NEWSLETTER # 5 JULHO / SETEMBRO 2014

1. Em que que consiste o apoio judicirio?


Nos termos do regime legal do Sistema de Acesso ao Direito e aos Tribunais (SADT)
os advogados prestam servios de advocacia a pessoas economicamente carenciadas recebendo, do INSTITUTO DE GESTO FINANCEIRA E EQUIPAMENTOS DE
JUSTIA, I.P. (IGFEJ), uma compensao financeira.
2. Como que os advogados so pagos?
Para receo da compensao financeira, os advogados requerem diretamente, e
de forma eletrnica, os honorrios ao IGFEJ, atravs da rea Reservada do site da
Ordem dos Advogados (SINOA), incumbindo aos advogados a indicao do respetivo enquadramento fiscal, para efeitos de IVA.
O processo para se requerer o pagamento destes honorrios assenta nos seguintes atos:
Os advogados introduzem no SINOA os dados sobre o processo judicial ou extrajudicial em que participaram, gerando-se, assim, o valor dos correspondentes
honorrios, com base na Tabela Anexa Portaria n. 1386/2004, de 10 de novembro;
Atravs do Sistema de Pagamento do Apoio Judicirio (SPAJ), o IGFEJ receciona: (i) o valor bruto do pedido de honorrios; (ii) a indicao da taxa de IVA aplicvel, na eventualidade de o advogado se encontrar enquadrado no regime normal
de tributao; (iii) a reteno na fonte, devida para efeitos do imposto sobre o
rendimento; e (iv) o correspondente valor lquido a pagar;
Aps a receo do pedido no SPAJ, o mesmo remetido para o Sistema de Confirmao do Apoio Judicirio (SICAJ), de acesso exclusivo aos tribunais, para que
seja efetuada a confirmao dos dados introduzidos pelo advogado;
Caso o pedido seja confirmado pelo tribunal, dispe o n. 1 do Art. 28. da Portaria n. 10/2008, de 3 de janeiro (com a redao dada pela Portaria n. 319/2011,
de 30 de dezembro) que o IGFEJ tem de proceder ao pagamento dos honorrios
at ao final do ms seguinte data daquela confirmao.

NEWSLETTER # 5 JULHO / SETEMBRO 2014

3. Como se determina, nestes casos, o facto gerador e a exigibilidade do


imposto?
O facto gerador e a exigibilidade do imposto, no que diz respeito s prestaes de
servios, so determinados com base na alnea b) do n. 1 do Art. 7. do Cdigo do
Imposto sobre o Valor Acrescentado (CIVA), nos termos da qual se esclarece que o
imposto devido e se torna exigvel no momento da sua realizao/concluso.
Constata-se, portanto, que o momento de realizao/concluso das prestaes de
servios efetuadas no mbito do SADT precede o momento em que os advogados
solicitam o pagamento dos correspondentes honorrios.
Assim sendo, e no que diz respeito determinao, nestes casos, do facto gerador
e exigibilidade do imposto, cabe ao advogado apurar o momento da concluso das
operaes (nos mesmos moldes, alis, em que o faz quando presta servios de
advocacia fora do mbito do regime legal do apoio judicirio). Esse momento pode
coincidir:
Com a data da realizao da diligncia processual, concreta, em relao qual
ocorreu a nomeao (como sucede no caso das nomeaes para o ato, previstas
no Art. 3. da Portaria n. 10/2008);
Com a ltima diligncia processual, no mbito de um processo judicial, para o
qual o advogado tenha sido nomeado oficiosamente (como sucede no caso das
nomeaes isoladas, previstas no Art. 24. da Portaria n. 10/2008), ou
Com a data em que ocorreu a consulta jurdica gratuita (prevista no Art. 1. da
Portaria n. 10/2008).
4. Quando deve ser emitida a fatura?
A fatura deve ser emitida o mais tardar no 5. dia til seguinte ao da concluso das
prestaes de servios de advocacia, efetuadas no mbito do SADT.
5. Como devem ser emitidas as faturas?
As faturas devem ser processadas por sistemas informticos, ou pr-impressas em
tipografias autorizadas pelo Ministro das Finanas.

NEWSLETTER # 5 JULHO / SETEMBRO 2014

Quando sejam processadas por sistemas informticos, todas as menes obrigatrias devem ser inseridas pelo respetivo programa informtico de faturao (n. 14
do Art. 36. do CIVA; Ofcio Circulado n. 30136/2012, de 19 de novembro e OfcioCirculado n. 30156/2013, de 18 de dezembro).
As faturas devem conter todos os elementos constantes do n. 5 do Art. 36. do C IVA.
6. Pode-se emitir faturas-recibo?
A fatura-recibo, incluindo a prevista na Portaria n. 426-B/2012 de 28 de dezembro,
apenas pode ser emitida quando haja coincidncia entre a data de concluso do
servio e a data do recebimento da respetiva contraprestao.

No deve ser, portanto, usada no mbito dos servios de advocacia, prestados no
mbito do SADT.
7. Pode-se emitir faturas simplificadas?
A fatura simplificada (prevista no Art. 40. do CIVA) no contempla a possibilidade
de indicao:
Do nome e morada do destinatrio dos bens ou servios;
Da data em que os servios foram realizados, quando essa data no coincide
com a da respetiva emisso.
Assim sendo, no podem ser emitidas faturas simplificadas, no mbito do SADT.
8. O que deve ser feito quando o advogado no emita a fatura no prazo legal?
Na eventualidade de o sujeito passivo no ter emitido a fatura no prazo legal, ter:
De emitir uma fatura-recibo no momento do recebimento da contraprestao,
com a indicao da data de concluso das prestaes de servios, quer estivesse
nesta data abrangido, ou no, pelo regime especial de iseno, previsto no Art.
53. e ss. do CIVA e, se sujeito ao regime normal, ter, nesta fatura-recibo, de
liquidar o correspondente IVA;

NEWSLETTER # 5 JULHO / SETEMBRO 2014

De entregar uma declarao peridica de substituio daquela referente ao perodo de tributao em que ocorreu a exigibilidade do imposto (termo do prazo
para emisso da fatura), relevando, nesta declarao peridica, o IVA liquidado
(apenas se sujeito ao regime normal).
Para melhor percecionarmos esta questo, atentemos aos seguintes exemplos:
Exemplo prtico 1
Sujeito passivo, enquadrado no regime especial de iseno, constante do Art. 53.
e ss. do CIVA, em 2013:
Conclui prestao de servios em 15 de setembro de 2013 (deveria ter emitido a
fatura no prazo de 5 dias teis aps a concluso do servio);
Em fevereiro de 2014 passa ao regime normal trimestral;
Recebe a contraprestao do IGFEJ em maio de 2014.
Neste caso, o advogado ter de emitir fatura-recibo com:
Data de concluso de servios 15 de setembro de 2013; e
Mencionar IVA regime de iseno.
Exemplo prtico 2
Sujeito passivo enquadrado no regime normal trimestral em 2013:
Conclui prestao de servios em 15 de setembro de 2013 (deveria ter emitido a
fatura no prazo de 5 dias teis aps a concluso do servio)
Em janeiro de 2014 passa para o regime especial de iseno, previsto no Art.
53. e ss. do CIVA.
Recebe a contraprestao do IGFEJ em maio de 2014.
Neste caso, o advogado ter de emitir fatura-recibo com:
Data de concluso de servios 15 de setembro de 2013; e
Liquidar imposto taxa em vigor na citada data (6%); bem como
Entregar declarao de substituio (referente ao 3. trimestre de 2013).

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9. Os advogados abrangidos pelo regime especial de iseno, previsto no


Art. 53. e ss. do CIVA tm de emitir fatura?
Sim. O Art. 5. da Lei n. 51/2013, de 24 de julho alterou a redao do n. 1 do Art.
58. do CIVA, no sentido de passar a ser sempre obrigatria, para os sujeitos passivos abrangidos pelo regime especial de iseno, a emisso de fatura (apesar de
no terem de liquidar imposto).
Por sua vez o Art. 57. do CIVA prescreve que as faturas assim emitidas devem
sempre conter a meno: IVA Regime de iseno.
10. O imposto liquidado por engano por um advogado abrangido pelo regime
especial de iseno tem de ser pago ao Estado?
Sim. Os advogados abrangidos pelo regime especial de iseno, previsto nos Arts.
53. e ss. do CIVA e que mencionem indevidamente IVA nas respetivas faturas so
obrigados a efetuar o pagamento do imposto, assim liquidado, no prazo de 15 dias
a contar da data de emisso da fatura. O pagamento efetua-se por intermdio da
apresentao da denominada declarao modelo P2, por via eletrnica, ou em suporte papel (alnea c) do n. 1 do Art. 2. e n. 2 do Art. 27., ambos do CIVA).
11. Como deve ser pago o imposto?
Emitidas as faturas, devem os advogados (no abrangidos pelo regime especial de
iseno, previsto no Art. 53. e ss. do CIVA) proceder ao pagamento do imposto
liquidado, at ao termo do prazo para a submisso da correspondente declarao
peridica de imposto (vide n. 1 do Art. 27, e alneas a) e b) do n. 1 do Art. 41.,
ambos do CIVA):
At ao dia 10 do 2. ms seguinte quele a que respeitam as operaes, no caso
de sujeitos passivos com um volume de negcios igual ou superior a 650.000,00,
no ano civil anterior;
At ao dia 15 do 2. ms seguinte ao trimestre do ano civil a que respeitam as
operaes, nos restantes casos.

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12. O que acontece se o tribunal no aceitar o pedido de honorrios solicitado


pelo advogado?
Se o tribunal no reconhecer os dados introduzidos pelo advogado, atravs do
SINOA, verificar-se- uma alterao do valor tributvel da operao ou, inclusivamente, a respetiva anulao.
A assim suceder, o advogado deve proceder emisso de um documento retificativo da fatura previamente emitida.
13. Em que que consistem os documentos retificativos?
Os documentos retificativos de faturas podem consistir em:
Notas de dbito - A usar, no mbito do SADT, quando o valor tributvel ou o imposto constantes da fatura sejam, por qualquer motivo, inferiores ao montante
reconhecido pelo tribunal;
Notas de crdito - A usar, no mbito do SADT, quando o valor tributvel ou o imposto constantes da fatura sejam superiores ao montante reconhecido pelo tribunal.
Devem conter: (i) a data; (ii) serem numerados sequencialmente, (iii) a referncia
fatura previamente emitida e as menes desta que so objeto de alterao (ex: valor da contraprestao); e (iv) os nomes, denominaes sociais e sede ou domiclio
do prestador e do destinatrio ou adquirente, bem como os respetivos NIF (vide n.
6 do Art. 36. do CIVA).
Realce-se que no deve ser emitida nova fatura para retificao do valor tributvel
ou do imposto constante de uma fatura anteriormente emitida (vide Ofcio-Circulado
n. 30141/2013, de 4 de janeiro).
14. O que fazer, aps a emisso de um documento retificativo?
Aps a emisso de um documento retificativo, o advogado deve proceder, nos termos do Art. 78. do CIVA, regularizao do correspondente imposto:
A seu favor, no caso de emisso de uma nota de crdito, sem qualquer tipo de
penalidade, at ao final do perodo de imposto seguinte quele em que se verifi-

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caram as circunstncias que determinaram a anulao (total ou parcial) do valor


tributvel ou do imposto (n. 2 do Art. 78. do CIVA), devendo ter na sua posse
prova de que o IGFEJ tomou conhecimento da mesma, nos termos do n. 5 do
Art. 78. do CIVA (realce-se que, no que concerne prestao de servios de
advocacia, no mbito do SADT, esta prova de fcil concretizao, visto que, na
maior parte dos casos, o prprio IGFEJ quem determina a anulao, total ou
parcial, da contraprestao);
A favor do Estado, no caso de emisso de uma nota de dbito, podendo, igualmente, ser efetuada, sem qualquer tipo de penalidade, at ao final do perodo de tributao seguinte quele a que respeita a fatura a retificar (n. 3 do Art. 78. do CIVA).
15. Qual o procedimento que se deve seguir?
As regularizaes devem ser feitas no:
Campo 40 da Declarao Peridica de Imposto Se houver imposto a favor do
sujeito passivo;
Campo 41 da Declarao Peridica de Imposto Se houver imposto a favor do
Estado.
Realce-se que os valores inscritos nos campos 40 e 41 da DP devem ser discriminados nos novos Anexos das regularizaes (vide Portaria n. 255/2013, de 12 de
agosto e Ofcio Circulado n. 30155/2013, de 14 de novembro).
Para melhor perceo destes procedimentos, atentemos aos seguintes exemplos
prticos:
Exemplo prtico 1 (anulao parcial)
Um advogado (enquadrado no regime trimestral) indica no SINOA a concluso de um
servio de advocacia, em janeiro do ano N, pelo valor de 1.000,00 e releva o IVA
na declarao peridica a entregar at ao dia 15 de maio (1.000,00 x 0,06 = 60,00
IVA) Campos 1 (Base tributvel) e 2 (IVA liquidado) da declarao peridica de
imposto.

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Contudo, o tribunal no aceita o montante total e retifica, em junho do ano N, o valor


para 500.
Neste caso:
O advogado emite uma Nota de Crdito por 500 + IVA para regularizao do
valor tributvel e do IVA liquidado na fatura.
Indica, na declarao peridica a entregar at dia 15 de agosto, no respetivo
Campo 40, a quantia de 30 (500 x 0,06 = 30).
Devendo, igualmente, discriminar no Subquadro 1-A do Quadro 1 do Anexo de Regularizaes do Campo 40 (Art. 78. n. 2 do CIVA): (i) o NIF do IGFEJ; (ii) a base
de incidncia da regularizao; e (iii) o IVA regularizado.
Exemplo prtico 2 (anulao total)
Um advogado (enquadrado no regime trimestral) indica no SINOA a concluso de
um servio de advocacia, em janeiro do ano N, pelo valor de 1.000,00.
Releva o IVA na declarao peridica a entregar at ao dia 15 de maio (1.000,00 x
0,06 = 60,00 IVA) Campos 1 (Base tributvel) e 2 (IVA liquidado) da declarao peridica de imposto.
Contudo, o tribunal, em junho do ano N, no aceita (na totalidade) o montante declarado pelo advogado: Neste caso:
Advogado emite Nota de Crdito por 1.000,00 + 60,00 para regularizao do
valor tributvel e do IVA liquidado na fatura;
Indica, na declarao peridica a entregar at dia 15 de agosto, no Campo 40, a
quantia de 60,00;
Devendo discriminar no Subquadro 1-A do Quadro 1 do Anexo de Regularizaes
do Campo 40 (Art. 78. n. 2 do CIVA): (i) o NIF do IGFEJ; (ii) a base de incidncia
da regularizao; e (iii) o IVA regularizado.

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16. Regime de contabilidade de caixa


Salientamos, por ltimo, que os sujeitos passivos supra descritos podem, se reunirem as condies legalmente institudas, beneficiar do regime de contabilidade
de caixa, aprovado pelo Decreto-Lei n. 71/2013, de 30 de maio (vide, nesse sentido, as orientaes administrativas emanadas por intermdio do Ofcio-Circulado n.
30150/2013, datado de 30 de agosto).
LEGISLAO APLICVEL
Cdigo do Imposto sobre o Valor Acrescentado (CIVA);
Lei n. 34/2004, de 29 de julho (na redao dada pela Lei n. 47/2007, de 28 de
agosto);
Portaria n. 10/2008, de 3 de janeiro (com as alteraes introduzidas pela Portaria
n. 319/2011, de 30 de dezembro);
Portaria n. 1386/2004, de 10 de novembro.

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