Tentativa e Desistencia
Tentativa e Desistencia
Tentativa e Desistencia
150. Introduo
O art. 22 CP define a tipicidade do facto tentado.
As regras da tentativa, semelhana das regras de comparticipao criminosa, so
regras de extenso da tipicidade.
facto penalmente relevante tanto o facto consumado como o facto tentado.
As regras da tentativa so regras acessrias, no h tentativa de nada, existem
sempre tentativas de factos tipificados na lei: tentativas, de furto, de homicdio, etc.
A tentativa sempre dolosa no existem no direito penal a situao do facto tentado
negligente.
151. Tentativa como forma de extenso da tipicidade do facto
Interessa em primeiro lugar, caracterizar aquilo que se chama inter criminisou o
caminho do crime.
No mais do que a progresso que na generalidade dos casos acontece e que vai
desde a deciso criminosa at prtica de actos preparatrios, passando pela execuo
do prprio crime at culminar na consumao.
perfeitamente concebvel:
- A pessoa adoptar ou afirmar uma deciso criminosa: a pessoa pensa em cometer
o crime;
Depois pratica actos preparatrios: que so actos que se destinam de alguma
forma a facilitar a execuo do crime decidido pelo agente;
- At que progride para a prpria execuo.
E consoante o agente leve a execuo at ao fim ou no, consoante se tenha uma
situao de execuo acabada ou de execuo inacabada, poder-se- verificar se o
resultado tpico desejado pelo agente se verifica ou no, isto , se desemboca essa
execuo numa consumao, pelo menos formal.1
Com que critrios e quando que a tentativa punvel?
A regra geral a da impunidade nuda cogitatio ou da deciso criminosa no
exteriorizada materialmente em actuaes.
Significa isto que o que objecto de responsabilizao jurdico-penal no so os
pensamentos, no so os sentimentos das pessoas no exteriorizados materialmente,
na prtica.
Em primeiro lugar, porque o nosso direito penal tendencialmente um direito penal do
facto e no um direito penal do agente, o direito penal responsabiliza sim os agentes,
mas precisamente porque eles praticaram factos ilcitos tipificados na lei.
Por outro lado, por uma razo de poltica criminal, no faria sentido punir-se a mera
deciso criminosa no exteriorizada na prtica material de actos, porque ento se a
pessoa que tivesse to s manifestado a sua inteno de cometimento do crime fosse
responsabilizada, ento ela nunca se auto-suspendia, levava mesmo o crime para a
frente.
1
Ao passo que, se de alguma forma ela sabendo que mesmo que tenha exteriorizado
essa inteno to s por palavras no punida, pode ainda auto-suspender-se,
precisamente porque essa nuda cogitatio no punida.
152. Actos preparatrios
O art. 21 CP diz que, regra geral os actos preparatrios no so punveis.
Esses actos preparatrios visam a facilitao da execuo do crime no so em
princpio punidos. Mas j os actos de execuo que em sede do art. 22 CP integram a
tipicidade da tentativa, do lugar a responsabilizao jurdico-penal.
H uma importncia prtica na distino entre o que so os actos preparatrios e o
que so j actos de execuo:
- Enquanto os actos de execuo preenchem o tipo da tentativa e podem levar
responsabilizao;
- A regra geral que de actos preparatrios no se responsabiliza o seu autor.
Portanto, a diferena se o acto preparatrio ou de execuo extraordinariamente
importante.
O art. 21 CP diz que os actos preparatrios no so punveis, salvo disposio em
contrrio.
A regra geral a impunidade dos actos preparatrios. As excepes podem revestir
duas formas:
1) Ou a lei penal incrimina autonomamente como um tipo de ilcito novo, actos que
normalmente so actos preparatrios mas tm uma incriminao autnoma;
2) Ou ento por uma remisso pura e simplesmente genrica: quem tentar matar o
chefe de Estado j e responsabilizado criminalmente, e a a preparao
punida.
A distino entre actos preparatrios e actos de execuo sempre feita em concreto,
so actos preparatrios ou de execuo por referncia a um crime concreto.
Os principais critrios de distino entre actos preparatrios e actos de execuo:
- Critrio formal objectivo;
- Critrio material objectivo;
- Critrios subjectivistas
O actos que no estiverem includos no art. 22/2 CP so actos preparatrios.
a) Critrio formal objectivo
So actos de execuo os que correspondem definio legal de um tipo de crime.
O critrio formal objectivo dizendo que so actos de execuo, aqueles que
correspondem definio legal de um tipo de crime, faz com que acto de execuo seja
desde logo o exerccio da subtraco: a pessoa tirar a coisa e lev-la consigo.
As dificuldades surgem no mbito da insuficincia do critrio formal objectivo,
quando os tipos legais de crime no pormenoriza, ou s muito genericamente fazem
referncia conduta tpica.
b) Critrio material objectivo
So actos de execuo adequados a causar o resultado tpico ou os que procedem
(ou antecedem) segundo a experincia comum, actos adequados a produzir o resultado
tpico, assim so actos de execuo:
- Os actos idneos a causarem o resultado tpico;
Porque se se verificar esse resultado tpico, no se estar em sede de tentativa, mas em sede de
consumao.