DANIELA - Antologia Poética
DANIELA - Antologia Poética
DANIELA - Antologia Poética
Arroio
Disciplina de Português 10º Ano
Profª Eli
Março de 2008
Vinte Poemas
Possíveis
Antologia Poética
Daniela Moço
Antologia Poética
Introdução
Antologia Poética
Lembra-te
Lembra-te
que todos os momentos
que nos coroaram
todas as estradas
radiosas que abrimos
irão achando sem fim
seu ansioso lugar
seu botão de florir
o horizonte
e que dessa procura
extenuante e precisa
não teremos sinal
se não o de saber
que irá por onde fomos
um para o outro
vividos
Mário Cesariny
Antologia Poética
E por vezes as noites duram
meses
E por vezes as noites duram meses
E por vezes os meses oceanos
E por vezes os braços que apertamos
nunca mais são os mesmos E por vezes
Antologia Poética
URGENTEMENTE
É urgente o amor.
É urgente um barco no mar.
Antologia Poética
O SONHO
Pelo sonho é que vamos,
Comovidos e mudos.
Chegamos? Não chegamos?
Haja ou não frutos,
Pelo Sonho é que vamos.
Sebastião da Gama
Antologia Poética
Música, levai-me:
Antologia Poética
Adiantament
o
Olhar-te bem nos olho: que coragem!
Ouvir-te a voz na alma: que estridência
É tao difícil termos a coragem
De nos vermos enfimque complanência.
É tão difícil regressar de viagem
E descobrir no rastro da tua ausência...
Mas os meus olhos, súbito, reagem.
À tua voz chega o silêncio e vence-a.
Nos pulsos vibra ainda a memória
Que no delta dos dedos se extasia
E moroso reflui o coração
O gesto de acusar-te? Suspendio-o
Mas foi só aguardando melhor dia
Em que tenha lugar a execução.
David Mourão Ferreira
Antologia Poética
Consagraçã
o
Chega a meta
Estafado
Pra ser
Condecorado
Laureado
Nacionalizado
Poeta.
Mendes de Carvalho
Antologia Poética
Chamo-Te porque tudo está ainda no
princípio
Antologia Poética
Sono limpo
Antologia Poética
As palavras
São como um cristal,
as palavras.
Algumas, um punhal,
um incêndio.
Outras,
orvalho apenas.
Desamparadas, inocentes,
leves.
Tecidas são de luz
e são a noite.
E mesmo pálidas
verdes paraísos lembram ainda.
Eugénio de Andrade
Antologia Poética
QUANDO EU
SONHAVA
Quando eu sonhava, era assim
Que nos meus sonhos a via;
E era assim que me fugia,
Apenas eu despertava,
Essa imagem fugidia
Que nunca pude alcançar.
Agora que estou desperto,
Agora que a vejo fixar...
Para quê? – Quando era vaga,
Uma ideia, um pensamento,
Um raio de estrela incerto
No imenso firmamento,
Uma quimera, um vão sonho,
Eu sonhava – mas vivia:
Prazer não sabia o que era,
Mas a dor não na conhecia...
Almeida Garrett
Antologia Poética
Um gosto de amora
comida com sol. A vida
chamava-se "Agora".
Guilherme de Almeida
Antologia Poética
Arte Plástica
Antologia Poética
Sofro, assim, pelo que sou,
Sim, foi por mim que gritei. Sofro por este chão que aos pés se me pegou,
Declamei, Sofro por não poder fugir.
Atirei frases em volta. Sofro por ter prazer em me acusar e me exibir!
Cego de angústia e de revolta.
Senhor meu Deus em que não creio, porque és minha criação!
Foi em meu nome que fiz, (Deus, para mim, sou eu chegado à perfeição...)
A carvão, a sangue, a giz, Senhor dá-me o poder de estar calado,
Sátiras e epigramas nas paredes Quieto, maniatado, iluminado.
Que não vi serem necessárias e vós vedes.
Se os gestos e as palavras que sonhei,
Foi quando compreendi Nunca os usei nem usarei,
Que nada me dariam do infinito que pedi, Se nada do que levo a efeito vale,
-Que ergui mais alto o meu grito Que eu me não mova! que eu não fale!
E pedi mais infinito!
Ah! também sei que, trabalhando só por mim,
Eu, o meu eu rico de baixas e grandezas, Era por um de nós. E assim,
Eis a razão das épi trági-cómicas empresas Neste meu vão assalto a nem sei que felicidade,
Que, sem rumo, Lutava um homem pela humanidade.
Levantei com sarcasmo, sonho, fumo...
Mas o meu sonho megalómano é maior
O que buscava Do que a própria imensa dor
Era, como qualquer, ter o que desejava. De compreender como é egoísta
Febres de Mais. ânsias de Altura e Abismo, A minha máxima conquista...
Tinham raízes banalíssimas de egoísmo.
Senhor! que nunca mais meus versos ávidos e impuros
Que só por me ser vedado Me rasguem! e meus lábios cerrarão como dois muros,
Sair deste meu ser formal e condenado, E o meu Silêncio, como incenso, atingir-te-á,
Erigi contra os céus o meu imenso Engano E sobre mim de novo descerá...
De tentar o ultra-humano, eu que sou tão
humano! Sim, descerá da tua mão compadecida,
Meu Deus em que não creio! e porá fim à minha vida.
Senhor meu Deus em que não creio! E uma terra sem flor e uma pedra sem nome
Nu a teus pés, abro o meu seio Saciarão a minha fome.
Procurei fugir de mim, Jose Régio
Mas sei que sou meu exclusivo fim.
Soneto do amor total
Amo-te tanto meu amor... não cante
O humano coração com mais verdade...
Amo-te como amigo e como amante
Numa sempre diversa realidade.
Vinicios de Moraes
Antologia Poética
Lugar de Criação
Antologia Poética
Há palavras que nos beijam
Antologia Poética
Desejo
Florbela Espanca
Antologia Poética
Caçador de sois
Pelo céu às cavalitas,
Escondi nos teus caracóis, Já deixei de ser criança e tu dormes à
A estrela mais bonita, que eu já vi lareira
Ainda sinto a minha estrela nos teus
Eu cresci com um encanto, caracóis
De ser caçador de sóis,
Eu já corri tanto, tanto para ti Os teus olhos foram esperança
Os meus olhos girassois
Fui um príncipe encantado Fomos onde a vista alcança da nossa
Montado nos teus joelhos, janela
Um eterno enamorado, a valer
Já deixei de ser criança e tu dormes à
Lancelot de algibeira, lareira
Mas segui os teus conselhos Ainda sinto a minha estrela nos teus
Para voltar à tua beira caracóis
E ser o que eu quiser
Os teus olhos foram esperança
Os teus olhos foram esperança Os meus olhos girassois
Os meus olhos girassóis Fomos onde a vista alcança da nossa
Fomos onde a vista alcança da nossa janela
janela
Já deixei de ser criança e tu dormes à
lareira
Ainda sinto a minha estrela nos teus
caracóis
Antologia Poética
Versos Proibidos
Antologia Poética
Desejo
Florbela Espanca
Antologia Poética
A maioria dos poemas que decidi colocar na minha antologia
eram-me desconhecidos antes deste trabalho, pelo que tive de
realizar pesquisas em várias fontes. Outros, porém,como,
“Versos Proíbidos” e “Arte Plástica” têm um significado mais
simbólico, tendo surgindo na minha vida de modo diferente,
apesar disto, não significa que tenha uma maior preferência em
relação aos restantes. Todos os poemas constantes desta
“Antologia” têm um caractér importante pois todos me “dizem”
algo, quer através do seu significado geral, quer através duma
expressão mais vincada, como “Música, levai-me”.
Considero que com este trabalho talvez tenha encontrado o
meu autor de eleição, “do coração”, Eugénio de Andrade”. Ao
ler uma vasta variedade de poemas deste poeta, senti que
poderia colocar muitos mais, e, embora tenha dificuldade em
escolher, talvez o meu preferido seja “Urgentemente”. Um outro
poema que me impressionou muito foi “Desejo”, de Florbela
Espanca, e sobre ele me deti mais pormenorizadamente.
Em síntese, os poemas aqui constantes têm um motivo e razão
comuns: a minha prefência sobre todos os outros - que já
conhecia antes ou os que passei a conhecer graças a este
trabalho que, embora tendo carácter obrigatório, me deu muito
prazer efectuar. Antologia Poética
Fim
Antologia Poética