Meu Glorioso Pecado

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IMORS QUE MENTfRAM, QUE PASSARAM


GILKA MACHADO

MEU
GLRIOSO PECCADO

EDTORES :

ALMEIDA TORBES & C.


335, Rua Buenos Aires, 3 3 5
RIO DE JANEIRO

1928

UEM ES TU QUE ME VENS, TRAJANDO


PHANTASIA
DO MEU SONHO SONHADO EM VINTE ANNOS DE DOR?!
QUM ES TU CUJO OLHAR DE CHAMMA DESAFIA
TODO O MEU RACIOCINIO E TODO O MEU P U D O R ? ! . , .

DE TAL MODO T E U C O R P O AO MEU CORPO. SE ALLIA,


QUE CHEGAMOS AGORA A UM S TODO COMPR;
E EM VAO TE OLHO O ROSTO A MASCARA SOMBRIA
NA ANCIA DE TE SENTIR A VERDAD INTERIOR.

QUEM ES TU? NADA SEI! NESTA PAIXO DE UM DIA.,


AS ETHERISAES DO AMBIENTE EMBRIAGADOR,
PERCO-ME A T E BUSCAR, NUMA DOCE AGONIA...

-QUEM ME DERA, NESTA HORA, A TI MESMO TRANSPOR,


E VER, DE TI NO FUNDO, ESSE ALGUEM QUE ME ESPIA,
DENTRO DO CARNAVAL DESTA NOITE DE A M R l . . .


PI AL ASSOMOU A' MINHA ANCIOSA VISTA
O TEU PERFIL QUE INVOA O DOS RAJAHS,
SENTI-ME MAIS MULHER E MAIS ARTISTA,
COM REQUINTES DE SONHOS- ORIENTAES.

DO TEU AMOR A' ESPLENDIDA

CONQUISTA,

MINHA CARNE E MINHA ALMA SO RIVAES :

FAR-ME-HEI A SEMPRE INDIT A, A IMPREVISTA,


PARA QUE CADA VEZ ME QUEIRAS MAIS.

FEITAS DE SENSAOES EXTRAORDINARAS,


AGUARDAM-TE EM MEU SER MULHERES VARIAS,
PARA TEU GOSO, PARA TEU FESTIM.

SERAS COMO OS SULTES DO VELHO ORIENTE,


S MEU, POSSUINDO, SIMULTANEAMENTE,
AS MULRERES IDEAES QUE TENHO EM MM...
5V

M..CAUTELQSOS PASSOS, OS PASSANTES


PASSAM POR NOS, A RIR E A MALICIAR,
CRTAMENTE PENSANDO: "SAO AMANTES"...
ENGANOS NTURAES DO HUMANO OLHAR.

VEJO DUAS ESTRELLAS FULGURANTES,


MUITO UNIDAS E EGUAES, A TREMULAR...
QUE ELLAS SE AMEM TAMBEM, NESTES INSTANTES,
PENSO: TAO JUNTS NO DESERTO DO AR!..>

COMO SE ILLUDE A VISTA DOS PASSANTES


ENTRE AQUELLS ESTRELLAS

FULGURANTES

QUE DISTANCIA INFINITA E MLLENAR!...

E NOS, EMBORA COMO DOIS AMANTES,,


SOSINHOS, NA ILLUSO DESTS INSTANTES,
NUNCA NOS PODEREMOS NCONTRAR.

CD

..... .A

LA POR FORA

UM LUAR
QUE UM DIVINO PECCADO...
SI VIESSES, MEU AMADO,
SI SURGISSES AGORA
AO MEU OLHAR,

SI ME APERTASSES, TREMULA DE SUSTO,


AO TEU FORMOSO BUSTO...

PRA LA FORA O LUAR


A TENTAR A PAISGEM,
AS ALMAS A TENTAR;
S I V I E S S E S , MEU SELVAGEM,
COM TEU QUERER IMPERATIVO E RUDO,
COM T.EUS MODOS BRUTAES,
A ESTA LUA MACIA,
EU TUDO
TE DARIA

E MAIS
E MUITO M A I S ! . . .

QUE SERIA DE MIM, '


DESTE MEU POBRE AMOR AI QUK SERIA,
SI HOUVESS, NOITE A NOITE, UM LUAR ASSIM?

REPARA O ENCANTAMENTO
DA DR A QUE TE EXPONHO E A QUE ME IMPONHO,
NESTE MUTUO QUERER DE INTERMINO ADIAMENTQ.
GOSEMOS AMBOS O PRAZER TRISTONHO,

A VENTURA DOLORIDA
DE PROLONGAR O SONHO, QUE HA NO SONHO
A REALIDADE MAIS FELIZ DA VIDA.
A LUA DESCE NUMA POEIRA FINA/
QUE OS SRES TODOS. ALLUCINA,
QUE NAO SEI BEM SE E' COCAINA
OU LUAR...

FOSSE EU ;AGORA PARA A RUA,


ASSIM, TONTA DE L U A . . .

JA LA POR:FRA

UM LUAR
QUE UM DIVINO PECCADO...
SI VIES'SES, MEU AMADO,
SI SURGISSES AGORA
AO MEU OLHAR,
SI ME APERTASSES, TRMULA DE SUSTO,
AO TEU FORMOSO BUSTO...

PAIRA LA FORA O LUAR


A TENTAR A PAISGEM,
AS ALMAS A TENTAR;
SI...VIESSES, MEU SELVAGEM,
COM TEU QUERER IMPERATIVO E RUDO,
COM TEUS MODOSBRUTAES,
A ESTA LUA MACIA,
EU TUDO
T E DARIA

JA LA POR.FRA
UM LUAR
QUE UM DIVINO PECCADO...
SI VIESSES, MEU AMADO,
SI SURGISSES AGORA
AO MEU OLHAR,
SI ME ALERTASSES, TREMULA DE SUSTO,
AO TEU FORMOSO BUSTO...

PIRA LA FORA O LUAR


A TENTAR A PAISGEM,
AS ALMAS A TENTAR;
SI.VISSES, MEU SELVAGEM,
COM TEU QUERER IMPERATIVO E RUDO,
COM TEUS MODOS- BRUTAES,
A ESTA LUA MACIA,
EU TUDO
TE DARI :

E MAIS
E MUITO M A I S ! . . .

QUE SERIA DE MIM,


DESTE MEU POBRE AMOR AI QUE SERIA,
SI HOUVESS, NOITE A NOITE, UM LUAR,ASSlM?
REPARA O ENCANTAMENTO

'

DA DR A QUE TE EXPONHO E A QUE ME IMPONHO,


NESTE MUTUO QUERER DE INTERMINO; ADIAMNT^.
GOSEMOS AMBOS O PRAZER TRISTONHO,'

A VENTURA DOLORIDA
DE PROLONGAR O SONHO, QUE HA NO SONHO
A REALIDADE MAIS FELIZ DA VIDA.
A LUA DESCE NUMA POEIRA FINA,
QUE OS SRES T O D O S . ALLUCINA,
QUE NAO SET BEM SE E' COCAIN^A
OU LUAR...

FOSSE {EU; AGORA PARA A RUA,


S i M , TNTA DE L U A . . .

NAO-E' NOITE NEM DIA,


OBSERVO, COM SORPREZA,
EM TODA A NATUREZA
UMA TRISTE ALEGRIA.
REPARA BEM QUE PARADOXO NO AR,
QUE DOLOROSA ORGIA
EM QUE A ALMA PECCA COM VONTDE DE CHORAR!
O MEU AMR POR TI UMA NOITE DE LUA,
EM QUE HA QUANTO PRAZER, EM QUE HA TORTURA
QUANTA,

EM QUE A ALEGRIA CHORA, EM QUE A TRISTEZA CNTA,


EM QUE, SEM T E POSSUIR, SOU TODA T U A . . .
O MEU AMR POR TI UMA NOITE DE LUA,
MIXTO DE ODIO E PAIXAO COM QUE REPILLO E QUERO
TODO O TEU SER DO MODO MAIS SINCERO,
FUGINDO-TE E SONHANDO, A CADA INSTANTE,
PALPITANTE
; DE ,G0SO
M E U X O R P O AMADO E AMANTE

FOSSE EU AGORA PARA A R U A . . .


VAGBUNDEIA O LUAR TENTANDO AS COUSAS TODAS
PARA PROLONGAMENTOS, PARA BDAS...

SI j.CHEGASSES, NUM LYRICO TRANSPORTE,


% : , C H E G A S S E S , MEU SERVQ E MEU SENHOR,
TtfVIDA QUE VALERA E QUE VALERA A MORTE,
TJEANTE DO N O S S O AMR?

AO TEU ABRAO CALDO E NERVOSO.


0 ETHEREO TOXICO ENTORPECENTE,
PELA JANELLA,
CHEGA-ME A' BOCCA, MEUS LABIOS GELA...
QUE FRIO ARDENTE !
EMBRULHO-ME NUM MANTO, OLHO O . E S P E L H O :
ESTOU NA,
A ALMA FORA DE MIM, ZOMBANDO DOS REFOLHOS
EM QUE ME ABRIGO, A ALMA A FUGIR-ME PELOS OLHOS,
BRIA DE P DE LUA.

SANGRANDO LUZ, PENDIDA A TRANA FLAVA,


UMA ESTRELLA DO ALM SE DESPENHAVA...

SORRISTE

OLHANDO-A,

ENTRISTECI-ME EM
VEL-A.

COM A ALMA EM FOGO, PELA. NOITE FRIA,


EM VERTIGENS DE.AMR. EU ME SENTIA
ROLAR NO ABYSMO COMO AQUELLA ESTRELLA...

OB O GO, SOBRE O MAR, DENTRE UM PROFUNDO


V)

SILENCIO DE RMO, EM MEIO AS ROCHAS NUAS


ANINH'AMOS NA NOITE, COMO DUAS
AVES, BRIOS DE NOS, LONGE DO MUNDO.

EM TEUS OLHOS DE TREVA ARDIAM LUAS;


ERRA VA UM CHEIRO, NO SEI DE ONDE ORIUNDO-;
E MINHAS MAOS, DE TUAS MAOS NO FUNDO,
TINHAM DESEJOS DE MORRER NAS TUAS.

"CORRIAS LOUCAMENTE, PRAIA EM FORA


SEM QUE ME DESSES ESSE ADEUS DE O U T R O R A . . . "
" NAO VIAM, CGO, OS LINDOS OLHOS TEUS,

NO MEU NEGRO CABELLO SLTO AO VENTO,


O GESTO AFFLICTO DO MEU PENSAMENTO
.SAUDOSAMENTE A TE DIZER A D E S ! . . . "

EM UM ADEUS! O TEU AMR PARTIA


SEM QUE OS OLHOS VOLTASSES PARA T R A Z . . . "
" E FUGIA DE TI DE MIM VASIA
NESSAS MANHANS DE DUVIDAS MORTAES. "

"A CABELLIRA, SLTA A VENTANIA,


,DAVA-TE ASAS ESTRANHAS, F U N E R A E S . . . '
-

" E QUANTO MAIS, AMR, DE TI FUGIA,

A ALMA LEVAVA TE QUERENDO MAIS ! "

O' TU QUE TENS, COMO OS JARDINS FECHADOS,


;;UM PERFUME D E P T A L O S MAGUADOS
QUE JAMAIS MEU OLFACTO ESQUECERA!

A.S TUAS FLORES, TENHO-TE COMMIGO,


SONHO-TE, SONHO TODO UM REINO ANTIGO,
SONHANDO-ME A RAINHA DE SABA.

-$$

EUS LINDOS CRAVOS COMO VIERAM CHEIOS


DO AROMA QUE TRESCALAS SEM SABER!
MEUS VELHOS DESENGANOS EMBRIAGUEI-OS,
A ESPIRITUALIDADE DO TEU SER.

TEUS LINDOS CRAVOS... QUE MORTAES

RECEIOS

DE, NELLES TE POSSUINDO, TE PERDER!


PONHO-OS ENTRE OS CABELLOS, SOBRE OS SEIOS,
POR TODO O CORPO> EM MORBIDO PRAZER.

OLHOS DE OLHAR TO MYSTICO, TAO BRANDO,


QUE PENSO ESTEJAM SEMPRE AGONIZANDO,
NUM LARGO E LONGO E INDEFENIDO A D E U S . . .

OLHAS-ME: TEUS OLHARES SO DESFOLHOS...


FECHO OS OLHOS, TEMENDO QUE TEUS OLHOS
VAO ROLAR, VO MORRER DENTRO DOS MEUS.

LHOS QUE MEU OLHAR VIVE A SUPPR


SEJAM FEITOS DE MEL, FEITOS DE PLLOS ;
OLHOS QUE FORA MEU PRAZER MORDEL-OS,
GOSAR-LHES AS MACIEZAS E O DULR...

OLHOS QUE AMO COM ODIO, ARDENDO EM ZELOS,


NA ANCIA DE OS REAVIVAR, DE OS RECOMPR;
LINDOS OLHOS, QUE TM MUDOS APPELLOS,
NA SAUDADE IMMORT AL DE UM VELHO AMR!...

PORQUE NO SOU COMO AS DEMAIS MULHERES?


SINTO QUE, ASSIM ME TENDO, EM MIM PREFERES
AQUELLA QUE O MEU INTIMO AVANTESMA...

E, MEU AMR, QUE CIUME DESSA ESTRANHA,


DESSA RIVAL QUE OS DIAS ME ACOMPANHA,
PARA .RUINA GLORIOSA DE MIM MESMA!...

53

QUE BUSCAS EM MIM, QUE VIVE EM MEIO


DE NOS, E NOS UNINDO NOS SEPARA,
NAO SEI BEM AONDE VAE, DE ONDE ME VEIO,
TRAGO-A NO SANGUE ASSIM COMO UMA TARA.

DOU-TE A CARNE QUE S O U . . . MAS TEU ANCEIO


FORA POSSUIL-A A ESPIRITUAL, A RARA,
ESSA QUE TEM O OLHAR AO MUNDO ALHEIO,
ESSA QUE TO SOMENTE ASTROS ENCARA.

SEMPRE A REVOLTA VEM DE UMA AGONIA:


A INJURIA SER UM BEIJO PODERIA,
TEU BEIJO ENVENENOU-ME O PALADAR.

MEDITA ALMA VOLUVEL, ALMA FRIA:


QUANTA VEZ UMA OFFENSA ACARICIA !
COMO UM CARINHO SABE NOS M ATARI

JN-

I TE INJURIEI, POR UMA REBELDIA


DOS MEUS NERVOS EXHAUSTOS DE. PEZAR,
PENSA COM QUE PERVERSA HYPOCRISIA
TU ME AFAGASTE PARA ME MAGUAR!

PENSA QUE, S POR TEU SABOR DE UM DIA


GLORIA DE UMA CONQUISTA SINGULAR
MINHA VIDA PERDEU TODA A ALEGRIA,
UMA MORTE QUE VIVO DEVAGAR.,

NA VIGILANCIA DESTE SNTIMENTO,


OS OLHOS ROXOS DA SAUDADE ESTAO
ABERTOS SEMPRE, PARA MEU TORMENTO.

E'S MUITO MEU NA MINHA SOLIDAO;


TENHO-TE PRESO AO MEU QUERER VIOLENTO:
V SI T:EVADES DO M E U CORAO!...

i
^

OGES DE MIM, DO MEU OLHAR FEBRENTO,

NUMA APPARENCIA DE ODIO FALSO E VAO;


QUE IMPORTA? AFAGA-ME O TEU. PENSAMENTO,
OLHAM-ME OS OLHOS DO TEU CORAAO.

POR TE ESQUECER PROCURO O ISOLAMENTO


E MAIS PERTO DE MIM FICAS, ENTAO:
QUEM JA TE QUIZ DE MODO ASSIM VIOLENTO,.
QUEM J TE QUIZ COM TANT A EXALTAAO?!

ES Q AMR QUE PROCURA SER SENTIDO,


SO A ALMA FEITA, PARA T SENTIR...
ADORMECESTE NOS MEUS BRAOS,
TENTEI INVESTIGAR TEU MYSTERIO
(POBRE PSYCH!)...
DSFEZ-SE O ENCANTO,
FUGISTE.

PORQUE TE NO ACCEITI
COMO ME APPARECIAS,
COMO. TE HA VIA SONHADO,
SI ERA MELHOR QUE TODAS AS VERDADES,
TUA MENTIRA?!...

AO, NAO ES O HOMEM AMANTE,


ES O AMOR FEITO HOMEM,
AMANDO CEGAMENTE,
INDEFINIDAMENTE AMANDO.

ES COMO O SOL QUE, AO MESMO TEMPO,


DOURA AS MONTANHAS E AS VALLAS,
AS ALTURAS PERFUMADAS
E AS PROFUNDEZAS INFECTAS,
POR TODOS SE DISTRIBUINDO,
SEM QUE SE DETENHA
EM ALGUEM.

TROCAMOS O VOCABULO E (OH! TRISTEZA!)


QUANTAS INJURIAS, QUE CONTRADICAO
NESSAS PALESTRAS DE ALMA EM CIUME ACCESA!

AH ! SI MUDOS FICARAMOS ENTAO,


*fAO PROFANARA O RGULHO A SINGELESA
DAS PALAVRAS SEM VOZ DO CORAO!

UANTAS HORAS FELIZES, QUANTOS DIAS


NOS CONTEMPLMOS. SEM JAMAIS TROCAR
UMA PHRASE! EU T E M I A . . . TU T E M I A S . . .
MAS COMO ERA EXPRESSIVO NOSSO OLHAR!.

NEM UMA PHRASE! E TANTAS MELODIAS


NO MEU, NO TEU SILENCIO, NO DO MAR,
NO DO CO, NO DAS ARVORES SOMBRIAS,
COMO TUDO SE AMAVA SEM FALAR!

TENTEI FUGIR, MAS FUI POR TI VENCIDA,


E, M DIA, PRSA ENTRE OS BRAOS TEUS,
TIVE A IMPRESSAO DA EXTREMA DESPEDIDA...
PRIMEIRO BEIJO DERRADEIRO ADEUS !
VEIO-TE A SACIEDADE DO DESEJO ;
TECEU O FADO OS LABYRINTHOS SEUS...
TAO PERTO AINDA E JA QUAO LONGE VEJO
O TEU AMR A ME DIZER ADEUS !
PASSOU DEPRESSA... COMO QUE SE EVADE _
TEU LINDO VULTO, ENTRE OS SOLUOS MEUS.
VIESTE PARA DEIXAR ESTA SAUDADE
A ME ACENAR, NUM IMMORT AL ADEUS !,..

A vez primeira em que fitei Thereza.

VEZ PRIMEIRA EM QUE TE VI COMMIGO,


DE OLHOS VOLTADOS PARA OS OLHOS MEUS,
ANTE O IMPOSSIVEL DE SEGUIR-TE, AMIGO,
TIVE DESEJOS DE DIZER-TE ADEUS.

PASSARAM MEZES... NOSSOAMR CRESCIA


CE ASSIM O HOUVESSE CONSERVADO DEUSI)
NAQUELLA SERENISSIMA AGONIA:
TROCANDO OLHARES E DIZENDO ADEUS l

NUNCA DIGAS COM FIRMEZA


QUE A MAGUA APENAS CRUCIA:
A SAUDADE UMA TRISTEZA,
QUE NOS DA TANT A ALEGRIA !

PASSO HORAS CALADA E QUDA,


,A REVER, A RELMBRAR
AS DUAS ASAS DE SDA
DO TEU LANGUOROSO OLHAR.

ESTA AUSENCIA
TENHO-TE

A MINHA

QUE ME

VONTADE,

NU MA VONTADE

INFINITA...

BIST AN CIA SE!AS

BEMDITA!

BEMDITA

SEJAS

EXCITA,

SAUDADEl

TEU NOME L I N D O . . . AO DIZEL-0


QUEIMO OS LABIOS MEU AMR! O TEU NOME UM SETESTRELLO
NA NOITE DA MINHA DR.

DA AUSENCIA NO BEM TRISTONHO,


EU ME FICO A TE SUPPR
MUITO MAIOR QUE MEU SONHO
E DE MEU SONHO SENHOR.
RMO DE TI, CHEIO DE ANCIA,
MEU OLHAR NOS LONGES E R R A . . .
O H ! COMO'EU AMO A DISTANCIA,
QUANDO A DISTANCIA T E ENCERRA !..
DE-ME ESTE ANCIO
RETIDO;
MEU SER PARA O TEU SE EVADE,
DE ESOLHOS QUANTOS NO OLVIDO!
MAS, AO TEU LADO,
QUERIDO,
QUE SAUDAD DA
SAUDADEl...

SI A MAGUA NOS NAO CONFORTA,


PORQUE QUE A FELICIDADE
TEM MAIS SABOR QUANDO MORTA,
DEPOIS QUE SE FAZ SAUDADE?
DO AMR NAO GOSA A POESIA
QUEM A DISTANCIA MALDIZ:
NO TEMPO EM QUE TE NAO VIA
EU ERA BEM MAIS FELIZ...
FUJO A SAUDADE E, UM INSTANTE;
DE AMOR COMTIGO CONVERSO:
COMO TE SINTO DISTANTE
E DO MEU SONHO DIVERSO!...

. E' MEIA-NOITE, A HORA EM, QUE NOS AMAMOS,


A HORA DO SER E D O NAO SER,
DO ODIO E DO AMOR, DO IDYLLIO E D A CILADA,
A HORA EM QUE A EXISTENCIA ESTA PARADA
PARA A MORTE VIVER.
NOSSO PRIMEIRO BEIJO FOI TROCADO
NUM MOMENTO COMO AGORA;
E ! QUANTO INFLUIU DO NOSSO AMOR NO FADO
' O

SORTILEGIO

DA HORA !

Hl

MEIA-NOITE LA POR F O R A . . .

E AS DOZE BADALADAS
COMPASSADAS
DA HORA DA MEIA-NOITE, DE ASA ESPALMA,
DE VAMPIRICAS ASAS MOLLENTADAS,
CHEGAM E POUSAM NA MINHA ALMA.

HA UM LAMENTO NAS AGUAS E NOS RAMOS,


UM LAMENTO DE MAGUA DELICIOSA,
UM LYRICO LAMENTO DE QUEM GOSA...

MEIA-NOITE... AS DOZE BADALADAS


DA HORA DA MEIA-NOITE ESTO EM MIM,
FICARAM-ME NA VIDA MPOLEIRADAS,
NUM PRINCIPIO DE F I M . . .
QUEM ME DRA FUGIR A ESTE MOMENTO
QUE SE FEZ PARA MIM ETERNIDADE!
QUEM ME* DERA ARRANCAR O PENSAMENTO
AO VAMPIRISMO ATROZ DESTA HORA DE SAUDADE!.

BEIJASTE-ME, BEIJEI-TE, E, AO NOSSO INTENSO


BEIJO, TUDO FICOU, POR INSTANTES, SUSPENSO:
O DIA QUE CHEGAVA,
A NOITE QUE PARTIA,
A MORTE QUE MEDRAVA,
A VIDA QUE MORRIA...
LLIARAM-SE OS CONTRASTES, OS EXTREMOS,
E, DESDE ENTO, TRAZENDO PELOS SERES
A INFLUENCIA DE ANTAGONICOS PODERES,
DESESPERADAMENTE NOS QUEREMOS.

TEUS BEIJOS ABSORVI-OS, ,EXGOTTEI-OS>


GUARDO-OS NAS MAOS, NOS LABIOS E NOS'SEIOS,
NUMA VOLUPIA IMMORREDOURA E LOUCA.

EM TEUS MOMENTOS DE LUBRICIDADE,


BEJJARS OUTROS LABIOS, COM SAUDADE
DOS BEIJOS QUE ROUBEI I>E TUA^BOCCA.

^MBORA. DE TEUS LABIOS AFASTADA


(QUE IMPORTA? TUA BOCCA ESTA V A S I A . . . )
BEIJO ESSES BEIJOS COM QUE FUI BEIJADA,
BEIJO TEUS BEIJOS, NUMA NOVA ORGIA.

INDA CONSERVO A CARNE DELICIADA


PELA TUA CARICIA QUE MORDIA,
QUE ME ENFLORAVA A PELLE, POIS, EM CADA
BEIJO DOS TEUS UMA SAUDADE ABRI A.

MEIA-NOITE, A HORA DO NOSSO AMOR;


MEIA-NOITE E NAO VIESTE AINDA,
E NAO SEI SI O QUE SINTO UM PRAZER OU UMA DOR;
SEI QUE TE TENHO DE MANEIRA LINDA
E QUE T E ANCEIO MAIS,
A TE ESPERAR AINDA,
NA CERTZA DE QUE NAO HEGARS.

MEIA-NOITE, E QUE VOLUPIA, E QUE ANCIA !


INDA TE ESPERO, V COMO SOU LOUCA !
PENSO OUVIR TUA VOZ, PREGUIOSA, A DISTANCIA,
TUA LEMBRANA VEM BEIJAR-ME A BOCCA.
MEIA-NOITE, E QUE ANCIA,
E QUE VOLUPIA QUE SE NO ACALMA !
TENHO TUA ALMA E ASPIRO TU BOCCA,
ANTE O IMPOSSIVEL DE MORDER TUA ALMA!...

NAO CHEGARAS E TE TENHO COMMIGO


DE FORMA VAGA, DELICIOSA, ESTRANHA,
NO AROMA EMBRIAGADOR QUE ME ACOMPANHA,
NO CHEIRO MORNO DO TEU CORPO AMIGO.
CR, MEU AMR, NESTA VERDADE ESTRANHA:
OU TUA ALMA FICOU PARA SEMPRE COMMIGO,
OU MEU OLFACTO TE ACOMPANHA.

O BEM E O MAL SENSIVEIS A EMOAO


DO NOSSO BEIJO DELICIOSO,
PARANYMPHARAM NOSSA UNIO;
E NOSSO AMR SE FEZ MIXTO DE DR E GSO,
MATANDO E REAVIVANDO DIA A DIA,
COMO SI ACASO FOSSE
UM VENENO MUITO DCE,
UMA TRISTISSIM ALEGRIA.

DESCERRO EM VO DAS PALPEBRAS OS FOLHOS


PARA A ANTIGA BELLEZA,
PARA O ETERNO ESPLENDOR DA NATUREZA:
QUE SAUDADE INFINITA DOS MEUS O L H O S . . .
QUE IMPORTA A NOITE CONSTELLADA,
QUE IMPORTA A LUZ ASTRAL QUE ME SORRI,
SI NAO VEJO MAIS NADA,
SI NA TREVA DOS TEUS OS MEUS OLHOS PERDI?t

DESCRS DO MEU QUERER, DO TEU QUERER DESCREIO:


NAO SEI BEM DEFINIR SI ME ODEIAS OU ME AMAS,
NAO TE POSSO DIZER SE TE AMO SI TE ODEIO;
NOSSAS VIDAS SE CONSOMEM, AS CHAMMAS5
DE UM CIUME ABSURDO, DE VIOLENCIAS CHEIO,
SI TE REPILLO LOGO APS TE ANCEIO,
SI ME REPELLES LOGO APS ME CHAMAS. -,

G R A N D E

AMR

Dobro os jolhos lampada votiva


que exhala uni quente e mysterioso odr,
que te perfuma a imagem pensativa
de rei-poeta, de apollo-inspirador.

Por ti sou a Belleza em forma viva


de arte, em mil pomas a se decompr;
por ti, do inferno fao-me captiva,
fecundada de uni sonho redemptor.

Trazes do Oriente,
nos dois olhos de.treva mal abertos,
a ancia de mullido que se prsente
na ifacuidade dos desertos.
Trazes do Oriente
, .
o simoun a dormir, o Simoun a-sonhaf,
na cabelleirq elastecente
que em sens crspos anneis suggre o corpo doar
Trazes do Oriente
os vasios, os interminos espaos

Trago meu pobre espirito suspenso


entre cos e entre pelagos profwndos,
e, aos socs, que assomam dos peccados meus,

penso na culpa deste amr e penso


no amr que a Deus soube inspirar os mundos,
no grande amr que fez do nada um deus.

Tu passaste a sortir 'para minlia agonia.


escanearei ao teu sorriso o olhar,
como quern de uma casa rma e sombfia
aire as janellas para o Sol entrar.

De onde viera, aonde iria


esse alguem que, passando, me sorria,
de uni modo familiar?!
que importava saier? a aima sentia:
era esse Alguem que, um dia,
havia
de passar.

em que me fiz beduina, a errar


constuntemente...
quando te abrao, julgo o Sahara nos meus braos.
Trazes do Oriente
a aima lendaria do rei Schariar,
accesa pelo anceio
incontinente
du Belleza que attrar e encanta sem

canar...

Trazes do Oriente,
para., que eu seja a Scheharasada tua*
a volupia. do sonho...
0' meu
Omnipotente
Senhor! e'Era ama vez.,/' E o enlevo
continua...

mostrar-se toda pela minha bocca,


seduco da tua...
mas talvez teu ouvido presentisse
uma revelao
no meu labio, a sortir, em lyrica doidice.
por que no ha vocabulo no mundo
que traduza a emoo
des se estranho silencio de wm segwndo
em que as aimas se do.
Eras o homem que passa pela vida,
.coma os navegadores pelo mprj,
alheio la grima vertida

Eras Alguem inevitavel,


forte
(inutil fora resistencia
oppr),
tinhas de vir, como ha de vir a morte,
tinhas de vir, Amr!
Tu passaste a sortir e no viste a Tristeza
alongando-te a-s mos tracs do meu olhar
anciosa por conter nos pobres dedos presa
a esplendida riquesa
dessa alegria que esbanjavas ao passai-...
Mas talvez visses minha aima nua
sorrir, tambem} de uma maneira louca,

Por um motivo que se no\ explica,


o honiem que passa o que em saudade fica,
sempre o que a memoria ha de guardar.

na saudade que alguem soffra ao vel-o passar,


Eras o liomem que passa,
e, por desgraa,.
que dcscjo de cm meus braos te
guardar!...

Tu pwssaste a sortir por UM momento,


porm, nos longes do meu pciisamcuto,
siuto que uunca mais a cabas de passar.

0' linda bocea de alcgria riva,


de que mundo te rdo o'xorrixo

estrlho-.fi'

0 teu cabello afaga-te a belleza,


e, vezes quantas, busco tortural-o,
de uni ciume ai sur do preza!

Ah! pudesse eu pairar na tua vida,


como essa transbordante cabellevra,
tua formosura sempre unida;

a te sentir, mais que qualquer amante,


cm, q corpo ethereo das idas tuas
vibrando sob o meu, de instante a instante!.

Negra, desse negror iello e medonho,


coin sens anneis nervosos, serpentinos,
tua cabea uni ninib de spides supponho.

Teus cabellos embriagam-me o desejo


e so to humidos e dces
como f avo8 de mel para m eu beijo.

No silencio dos lyricos mmentos,


nelles absorvo, quando em quando,
Todo o perfume dos teus pensant en tos.

pois si no teu cabello as nios deponlio,


sinto nelle -palpitt', entre meus ddos,
a plumagem dus asas do-meu Sonho.

Cabellos de desanimos e brados,


que so todq a poesia do teu craneo,
feitos de treva mas de luz molhados;

feitos talvez de espirituaes desfolhos,


to crcspos e to finos que parecem
arma espiralado dos teus olhos.

D-me tua cabea e me persuade,


tendo-a, que tenho nos meus broo? prsa
a came flammea du Fclicidade!

A tudo quanta dizes,


com tuas inflexes varias e estranhas,
aprestam a adio astros, montanhas,
aiysmos e raizes.
Flas to pouco, nuis te exprimes tanto,
meu pensativo Amr,
falas to pouco e tua voz meu encanto, ~
no seu curso sensual de torrenie de odr!
y0*7que de sonhos minha mente touca,
a finir dos teus mais intimes refolhos,

Tua voz... Meus ouvidos


tm sempre fme de tua voz
que lembra a came dos recemnascidos.
Quando te quedas num silencio atroz,
unhas aguam, tm indefinidos
Mcteios, meus ouvidos,
anciando tua voz.

Parece vir de muito longe


e para muito aie m se encaminhar :
devera ser a voz de um monge,
.propria para sermes de la grima s, ao hiar.

sinto que as. gosas, umd d outra aps...


e, ao flamme ciume que em meu sangue lavra,
que ancia de ser palavra,
para desfallecer dentro de tua voz!.....
Tua fala...
aji! pudesse nas.^mos, um momento, apertal-a,
entre os ddos conter o seu corpo tremente,
seu corpo esguio
escorregadio
.de sonora serpente!...

no parecendo vir de tua bocca,


mas dos labios de sda dos teus olhos.
Falas e fico-me a sonhar,
com a vista alheia a tudo,
que tua voz me veste de velludo,
que estou ouvindo teu olhar
falar.
JBcijam-te a bocca rubida e fervente,
numa ternura de mulheres,
todas, todas as phrases que profres.
Atravs do meu sonho de dmente,
sinto que as gosas, demoradinninte.

Beijas-me $Wto, de uma ial maneira.


bocca do meu Amr, linda assassine,
que no sei dfinir, por mais que o queiraf
teu ieijo que entntene e que allucina!

Busc sentil-o, de aima e corpo, inteira,


e todo o senso aos labios meus se inclina :
"'~

fi

>

morre-me a bocca, presa, da tontei/ra


do teu carmho feito de morphina.

Tua fala...
mas teu labio cala
e no meu sonho uma certeza assma:
si mfergulhasse as mos na tua voz,
para sempre as teria encharcadas de arma,
incendiadas de soes.

Tuas mos'.sdo quentes, muito 'quentes


(mas que arrepios,
minha carne, sentes,
aos seus macios
ddos!...);
tuas mos so muito quentes,
mas teus afagos nie parecem frios,
como os esguios
corpos das serpentes.
Mos levs, mos fagueiras,
que por minha, pidmie vm e vo,
num afan de rendeiras,
travs de horas inteiras.

Beijas-me e de mim mesma von fugindo,


e de ti mesmo soffra a immensa falta,
no vasto vo de um deliquio

infindo...

Beijas-me e todo o corpo meu gorgeia,


' e toda me supponho uma arvore ait a,
cantando aos cos, de passarinhos

chcia..,

que dsespre de usas!


tua mo
me maguara o corao.

Meu corpo todo, no silendo lento,


em que me acaridas,
meu corpo todo, as tuas nulos macias,
-uwi barbaro instrument o
que se volatilisa, em
melodias...
e, ento, supponlvo,
orchestral harmonia de meu ser,
que teu- gra/ndioso sonho
diga, em mm,, o que dizes, sem- dizer. -

de sero.
Mos levs, mos fagueiras,
que tramam rendus verdadeiras
na, minha sensao.
Por essas mos que me dizes
todas as cou sas

que no misas
dizer com a fala,
as confidencias que teu labio cal<t
aos meus ouvidos inflises.
Com essas mos que de volupia, abrasas,
prendeste uni dia minha mo;

Dos teus olhos as boccas de velhido


falam mais que teus labios ao meu gosto.
Ah! pitdesses ouvil-os! dizeni tudo
os portas ngres do teu lindo rosto.

No sabers com que carinho estudo


esses bohemios cantores do sol-23osto,
que me fazem sentir, num suave e mudo
idioma as melopas do desgosto.

Tuas mos acordam ruidos


na minha carne, nota a nota, phras a phrase;
collada a ti, dentro em teu sangue quasi,
sinto a rxpresso dess.es indefinidos
silencios da aima tua,
a pocsia que teus nos labis presa,
teu inedito pomu de tristeza,
vibrar,
cantar,
na minha pelle nuu.

Lpidq e lev,
em teu labor que, de expresses
o verso no
descreve...
lpida e lev,
guardas, o lingua, em teu labr,
gostos de afago e afagos de sabr.
E's to mansa
que teu nome
que teu nome
como rythmica
e se faz menos
o vocabulo, ao

mingua,

e macia,
a ti mesma acaricia,
por ti roa, flex-uosamente,
serpente,
rudo,
teu contacto de velludo.

Vejo-os, tresuando luz_ na treva accsa,


como dois velhos brios da Belleza,
juntes vivendo iim agonia

calma...

Vejo-os, a camialear, pelos espagos,


e que arma de embalal-os nos meus braos,
de adormecel-os dcntro da minha

ahna!..

em que tlo recato,


t ho deiado o louvor, a

exaltao!

Tu que irradiar pudeste es mais formosos pomas!


Tu que orchestrai- souieste as carhias supremas!
Ds corpo ao beijo, ds anthera , bocca,
es o tateio do corao,
es o elasterio da aima... 0' minha louca
litigua, do meu Amr pntra a bocca,
passadhe em todo sens tua mo,
enche-o de mi m, deixa-ine
ca...
fi tenho certeza, minha louca,
de Ihe dar a morder emti meu
corao!...

Dominadora do desejo humano,


estatuaria da palavra,
odio, paixo, mentira, desengano,
por ti que incendia no Universo lavra!...
ffs o reptil que va,
o divino peccado
que as asas muswaes} as vezes, solta, ata,
e que a Terra pova e despo va,
quando de seu agrado.
Sol dos ouvidos, sabi do tacto,
6 lingua-ida, 6 lingua-sensao,
em que olvido insensato,

faz com que o bem e o mal rsumas,


Hngud-caustico, lingua-cocaina,
lingua d met, Imgua de plumas?..

Amo-te as suggestes gloriosas e funestas,


amo-te como todas as mulher.es
te amam, o' lingua-lama, o' lingua resplendor,
pela carne de som que ida emprestas
e pelas phrases mudas que profres
nos silencios de Amr!..

Lingua do meu Amr vellosa e doce,


que me convencrs de que sou phrase,
que me contornas, que me vestes quasi,
coma si o corpo meu de ti vindo me fosse.
Lingua que me ciptiras, que me enleias
os surtos de ave rstrunliu,
cm linhas longas de invisivris
trias,
de que es, ha tauto. habilidosa
aranha...

lAngua-lamina,
lingua-laiarda,
lingua-lymplia, collcando, cm deslizes
Fora inferia ou divina

de sda.

De ti todo meu ser esta to oheh


que me amo, que me afago, que me enleiq
nu m a, indizwel illuso sensoria.

E airo tua saudade braos de ancia,


desafiando os poderes da distanda,
com teus beijos inordendo-me a memoria.

A ausencia tua uma prexena estrunlut,


a a/usencia tua a solido me alind-a;
o silencio parece-me que , ainda,
a tua voz que, em somno, me acomimnha,

A amenda tua torna-se tamanha


que se me faz uma presena infmda,
pois na tiisteza que meus tierces ganha
sinto, de instante a instante, a tua vinda.

Tua bocca um ~vo... Que avidez de sangue!


nunca se soda, nunca se conforta,
deixa sempre exangue,
no seu rumo infindo,
quqlquer outra bocca em que, um momento, aporta,
essa malfazeja que um demonio lindo.
Tua iqea um vo... quanta vez de nmho
Ihe serviu a minha (lemiras? que trieza
passar o damninho
que inda me tresloucas!).,.
tua plumea bocca, nos meus labios preza,
msaiava os srtos para as outnas boccas.

Tua bocca um vo de andorinha mansa;


mesmo na quitude tua bocca va,
voa e nao se cansa,
tem vaidades loucas,
andorinha mira vive ao lo, ata,
voando no desejo de milhes de boccas.
Tua bocca um vo... scmpre, sempre esquiva,
^quem, aso, poude ter o orgulho norme
de a monter captiva?!
Si o tanguer te assume,
pelas noites, quando tua carne dorme,
bocca 4 um vo de ams de perfiime.

Adeus. No me ouvirds lamurias


saier&i saboteur esta tortura,

toucan;

que, si as haras de amr nos -forant ponas,


- na saudade que a affeio se apura.

Ho de te parecer de espirito
as expresses de outra qualquer

cas
creatura,

e em'vo procura ras nas outras bocca s


paladar para tua

frmosura.

Tua bocca um vo... Xeste ambirnte mudo,


que usas de palavras roam-me os sentidos,
que asas de velhido!
Tua bocca va...
lemiro-lhe as promessas, sinto-a nos ouvidos
a me repetir uma mentira boa.
Tua bocca um vo... To distante, agora,
vgosodhe&g -tacteio... no a tens, Amigo:
pela ebriez desta hora
de saudade calma,
longe, de to longe, veto ter commigo,
morcegou meus versos, absorveu minha aima. ...

Meu dserte,
es para mini
o que para as aves o espace :
murcham na tua ausencia
minha9 asas,
saudosas dos teus longes,
saudosas do infmito da tua aima,

Ah! a impssibilidad-e
dos meus surtos,
sent as distaucias illuminadas
dp te ser mysterioso!...

De mini distante vlvers a esmo,


dias e noites, numa inutil phase
de insano desperdich de ti m esmo.

E soffrers, dentre os silcncios lentes,


anda do teu louvor na minha phrase,
fme da carne dos meus pcnsamentos.

traze-me a, liberdade,
as distancias azues;
dc'txa que eu possa, bem no inferno dos teus braos,
roar o corpe pelas plumas do

ether!...

Por ti meu sonho desfallece,


aos poucos,
de inercia, eomo um passaro captive.

Vem com teu pdto vasto,


co-m feu espirito incommensuravcl,
dar-me a illuso,
dar-me a certeza
de que meu todo o co,
de que es meu todo;

Aguardei-te longos annos,


corn a mesma dvidez da gleba
pela semenie...
tive-te em minhas entranhas,
transfigurei-te :
es folJia, es flr, es fructo, es agasalho, es sombra.
mas vem do meu querer inviso e obscuro,
quanto prodigalisas do desejo
dos que te gosam pela rama.
A arvore bella quando a terra boa.
A arvore to da terra quanto o sonho
da carne que o gra.

Meu amr, como soffro a volupia da terra,


atravessada pelas raizes!.
E's minha arvore linda,
aos cos abrindo as a^as de esperana,
na gloriosa ascenso da mocidade.
Ninguem comprehender a drlicia scrta
das nossan nupeias profundas.
Quanto mais avultares,
mais subires,
mais mergulkars cm mim.

Si, um dia,
nu m arranco supremo,
nwma audaz tentativa do mais alto,
tentures voar
com as aves
e com os ventes,
farrapos do meu corpo subiro
mometitaneamente
comtigo...
voars,..
va ras apenas por segundos,
para tombar logo depois,
vencido pelo esforo inutil,

Meu lindo passaro

de vos

captivos,
sobe mais, sobe
es muito

sempre!

meu!

so meus os braos

rnleantes

dos teus airagos

interiores,

na minha aima

dilacerada

que o polvo de tuas


suga a seivu do
a energia do

arterias

orgulho,

surto.

Minha voz
leva lampejos de laminas
aos teus silencios:
Sou a suprema tentadora,
em minha-frma inat'mgivel
matrialiso o pensamento.
Passarei por tua vida
como a ida por uni cerebro:
dando-me toda sem que me possuas.
Guardo
os sentidos da tua formosura,
tenho-te em mim ern radiosidades,

de asas quebradas,
agonisante;
para tombar no tumulo absorvente
da cava chaga que em meu ser deixares.
Meu Amr, meu Amr, vivcrei tua morte,
sou a Arte a terra devo-radora,
que d tudo e que exige quanto d;
ensaia os vos, va, si puderes,
es mais meu do que teu, pois, quando mais no fores,
arvore, viars nos meus versos eternos!

o thesouro por tmm desvenddo,


o homem
que meu amr acordou
na immobilidade
da tu inconsdencia,.

Porque no vens.
meu estatuario da volupia,
ha em mim linhas imprecisas
de desejo
que teu caritiho deveria modelar,
tuas mos milagrosas,

amo-te porque me olhas,


das tuas sombras,
com a physionomia
dos meus sentiment os.
Talvez outros^braos enlacent teu busto,
talvez outros laiios murmurent
palavras lyricas
aos teus ouvidos,
talvez outros olhos se abysmem nos teus.
Agora e sempre,
seras, apenas,
o mundo por mini deseoberto,

Porque no vens ?!
tua vmda
fechar-se-ltiam meus laiios,
meus braos
e minhas asas;
ficarias em mim emtimesmado,
no aconchego de meu ser
que tua sombra;
ficarias ' em, mim
como a visualidade,
em minhas palpebras cerradas
para o sonho..

emprestariam ewpresses inditas


ao meu corpo malleavel...
por que no mis?!.
Longe de mim,
48 a Belleza sem a acte,
a, Poesia sem a palavra;
Longe de mim sei que te no encontras,
sel que procuras in util m ente
defrontar o teu eu
no crystal de outras aimas,
porque te falta o fiel espclhoii
da minha estranha sendbiUdade.

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